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Pesquisa Qualitativa

usando Grounded
Theory
Cleidson de Souza, Ph.D.
UFPA
cleidson.desouza@acm.org
Dr. Igor Steinmacher
UTFPR e NAU
igorsteinmacher@gmail.com
Dr. Rafael Prikladnicki
FACIN – PUCRS
rafaelp@pucrs.br
n  Cleidson R. B. de Souza. É professor associado da Faculdade de
Computação da Universidade Federal do Pará. Ele obteve seu mestrado
na Unicamp em 1998. Em 2003 ele obteve o grau de mestre e em 2005 o
grau de Doutor pelo Department of Informatics da University of California,
Irvine. Ele foi pesquisador visitante da N.A.S.A. Ames Research Center em
2002 e pesquisador visitante do IBM T. J. Watson Research Center em 2003
e em 2004. Entre setembro e outubro 2006 e em Julho de 2007, ele foi
pesquisador visitante da University of California, Irvine. Ele também foi
pesquisador da IBM Research Brazil nos anos de 2010 e 2011. De Janeiro
de 2012 a Fevereiro de 2018 foi pesquisador do Instituto Tecnológico
Vale. Ele é membro da Sociedade Brasileira de Computação (SBC) e da
Association for Computer Machinery (ACM). Ele foi eleito membro
afiliado da Academia Brasileira de Ciências para o período de 2014-2018.

2
n  Igor Steinmacher. É professor adjunto do Departamento de
Computação da Universidade Tecnológica Federal do Paraná,
atualmente em período de estagio pós-doutorado na Northern
Arizona University. Ele obteve seu mestrado em Ciência da
Computação na UFRGS em 2005, e seu título de Doutor em Ciência
da Computação pelo Instituto de Matemática e Estatística da
Universidade de São Paulo, em 2015. Ele participa ativamente de
conferências da área de Sistemas Colaborativos e Engenharia de
Software e de Comissões Especiais da SBC. Possui diversos artigos
publicados em periódicos e eventos nacionais e internacionais
relacionados a aspectos sociais e humanos da engenharia de software,
sistemas colaborativos, mineração de repositórios de software e
educação em engenharia de software.

3
n  Rafael Prikladnicki. Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência
da Computação da Faculdade de Informática da PUCRS e coordenador
adjunto do grupo de pesquisa em Desenvolvimento Distribuído de Software
(MuNDDoS) na mesma Universidade. Mestre e Doutor em Ciência da
Computação pela PUCRS, com estágio de doutorado no Departamento de
Ciência da Computação da Universidade de Victoria, em British Columbia,
Canadá. Seus interesses em pesquisa incluem desenvolvimento distribuído de
software, gerência de projetos de software com ênfase em gerência de risco,
qualidade de software, metodologias ágeis para desenvolvimento de software,
e engenharia de software experimental. Tem participado ativamente de
grupos de interesse sobre pesquisas qualitativas em Engenharia de Software,
além de ter publicado artigos sobre o tema em eventos nacionais e
internacionais. Membro da Sociedade Brasileira de Computação (SBC) e
entidades internacionais da área (AIS, ACM, IEEE e PMI). Possui diversos
artigos publicados em periódicos e eventos nacionais e internacionais
relacionados com as suas áreas de interesse.
4
Contexto dos Autores

Engenharia de Cleidson, Igor e IHC / Sistemas


Software Rafael Colaborativos

5
Agenda
n  Parte I – Uma Breve Introdução aos Métodos de Pesquisa
n  Passos de uma Pesquisa Científica
n  Tipos de Dados: Quantitativos vs. Qualitativos

n  Parte II – Grounded Theory


n  Histórico
n  Considerações Iniciais
n  Coleta de Dados
n  Análise de Dados
n  Princípios

n  Parte III –Considerações Finais e Referências


n  GT em 1 slide
n  Utilização da GT em ES, IHC e CSCW

n  Referências
6
O Que é Grounded Theory?
n  GT é um método prático para a condução de pesquisa
qualitativa criada por Glaser e Strauss [1967] que enfoca
em um processo interpretativo através da análise de
significados e conceitos usados por atores em contextos
reais;
n  Prático
n  Qualitativo e Interpretativo
n  Análise de significados e conceitos
n  Contextos reais

7
Considerações Iniciais
n  A grounded theory:
n  Não requer uma teoria ou hipótese sobre os dados. Seu objetivo é
justamente gerar uma teoria que explica o que se observou nos
dados, ou seja, gerar uma “teoria fundamentada nos
dados” (grounded theory);
n  Sugere processos intercalados de coleta e análise de dados
n  Comparação constante (constant comparison); e

n  Amostragem teórica (theoretical sampling);

n  Tem como um dos seus conceitos básicos a idéia de codificação


(coding);

8
Considerações Iniciais (2)
n  A grounded theory:
n  ‘É utilizada em diversas áreas do conhecimento: ciências sociais
(sociologia, antropologia), ciências biológicas (medicina,
enfermagem), direito, educação, ciência da computação;
n  Na computação em IHC / Sistemas Colaborativos, Sistemas de
Informação, Engenharia de Software, etc.
n  Em particular, na área de IHC e Sistemas Colaborativos a GT têm
sido utilizada, pelo menos, desde 1992 ... Muller (2014) sugere
alguns trabalhos iniciais a partir de 1985 (em um livro da Susan
Leigh Star).

9
Utilização de GT

CC
(periódicos)

IHC/CSCW
(conferencias)

10
Parte I – Uma
Breve Introdução
aos Métodos de
Pesquisa.

11
Tipos de Dados
n  Dados quantitativos
n  Quantidade: Os dados coletados se encontram na
forma de números;
n  Quantas vezes isto ocorre?
n  Com que freqüência?

n  Dados qualitativos
n  Os dados coletados encontram-se na forma de palavras
e / ou figuras;
n  Que tipo de coisas ocorrem?

12
Tipos de Dados (2)
n  Dados quantitativos
n  Visam responder perguntas sobre a distribuição dos dados;
n  Geralmente com análise estatística
n  Desvio padrão, média, mediana, quartis

n  Testes estatísticos visando comparar as médias, correlacionar dados,


etc.

n  Em qual dia da semana os desenvolvedores são mais


produtivos?

n  Qual a precisão do método ABC para predizer bugs?

n  Quão acurada é a estratégia X para localizar código repetido?


13
Tipos de Dados (3)
n  Dados qualitativos:
n  Busca-se entender a essência de um evento ou fenômeno;
n  Análise dos dados é tão rigorosa quanto nos métodos quantitativos,
mas feita de maneira diferente;
n  Geralmente requer um período mais longo de coleta e análise de dados
n  Exemplo de abordagem: teoria fundamentada em dados (Grounded
Theory - GT)

n  Porque os desenvolvedores produzem mais na quarta-feira pela


manhã?

n  Como a comunicação influencia na redução do número de


bugs?
14
Tipos de Dados (4)
n  Adistinção entre dados quantitativos e
qualitativos deve ser encarada com flexibilidade
n  Dados qualitativos podem ser quantificados – exemplo:
n  Contar a ocorrência de uma palavra em uma
entrevista;
n  Dados quantitativos podem servir de subsídios para os
dados qualitativos;
n  Quem deve ser entrevistado?

15
Métodos de Pesquisa
n  Quantitativos
n  Experimentos

n  “Surveys”

n  Qualitativos
n  Estudos de Caso
n  Etnografia

n  Grounded Theory

16
Experimentos
n  Qual a interface com usuário mais apropriada para
pessoas aprendendo a utilizar a internet? Internet
Explorer ou Mozilla;

n  Qual a técnica mais efetiva para inspeção de software:


leitura baseada em checklist ou leitura baseada em
perspectivas?

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Experimentos (2)
n  A produtividade dos programadores aumenta com a
utilização de dois monitores?
n  Projeto:
n  10 programadores usando 1 monitor
n  10 programadores usando 2 monitores
n  Programar um problema de dificuldade média em 1 hora
n  Análise dos programas ao final do prazo

n  Controle: habilidade de programação, IDE, tarefa a ser


executada, produtividade (qualidade do código / número
de erros, etc.)

18
Surveys
n  O
papel de mecanismos formais e informais de
coordenação no sucesso de projetos de
desenvolvimento de software;

n  Aspectos culturais que influenciam autores de


blogs;

19
Surveys (2)
n  Utilização de mensagens instantâneas no celular
n  Questionário:
n  Quantas mensagens você manda por dia?
n  Quantas mensagens você recebe por dia?
n  Quantas pessoas você telefona por dia?
n  Quantas pessoas te telefonam por dia?
n  Quantas pessoas você tem cadastradas na agenda do seu celular?

n  Análise:
n  Pessoas que fazem mais ligações mandam mais mensagens?
n  Pessoas com uma agenda maior mandam mais mensagens?

20
Estudo de Caso
n  “ Um método que investiga um fenômeno
contemporâneo dentro do seu contexto real,
especialmente quando as fronteiras e/ou contexto do
fenômeno não são bem definidos” [Yin, 2002]
n  Tipos
n  Confirmatórios: para testar uma teoria
n  Exploratórios: investigações iniciais para derivar novas hipóteses e
construir teorias;

n  Frequentemente, o termo é usados de maneira errônea na


literatura.
21
Estudo de Caso (2)
n  A escolha do caso é importante!
n  Crítico: para testar uma teoria;
n  Típico: para entender em mais detalhes uma situação
comum;
n  Extremo: para entender o fenômeno em situações
críticas.
n  Geralmente usado quando o controle dos experimentos
não é possível porque o contexto é importante, ou os
efeitos esperados são diversos ou demorados.

22
Etnografia
n  “A etnografia é uma linha da antropologia. A antropologia estuda as
pessoas e suas culturas em um alto nível de abstração. Etnografia
implica em tentar entender as pessoas, não suas personalidades,
aspectos psicológicos ou movimentos sociais, mas as pessoas como
seres embutidos em ‘redes de significado’. É pensar nas pessoas da
mesma maneira como elas se identificam. Um dos principais
aspectos da etnografia é a participação: você entende os aspectos de
outra cultura vivenciando-a: indo lá , estando lá, fazendo as coisas
que eles fazem e como eles fazem…” (Genevieve Bell, maio de 2004).
n  Grego:
n  ethnos = nação, pessoas; graphein = escrita
n  à A escrita de uma cultura

n  Não somente o que as pessoas fazem, mas o que elas experimentam,


o ponto de vista delas, a motivação, as razões;

23
Etnografia (2)
n  Etnografias nos permitem obter um entendimento mais
rico sobre:
n  Como as pessoas trabalham, aprendem, se comunicam, usam
ferramentas, se movem, etc;
n  Organização sócio-cultural e realizações do dia a dia;

n  E porquê nós (da computação) deveríamos nos importar?


n  Para projetar, desenvolver (e vender) soluções que são úteis (de
valor) para as pessoas que vão utilizá-las
n  Etnografia industrial: IBM, Microsoft, Intel, (Xerox) PARC, etc.

24
Grounded Theory
n  GT é um método prático para a condução de pesquisa
qualitativa que não requer uma teoria ou hipótese sobre
os dados;
n  O objetivo da GT é gerar uma teoria que explica o que se
observou nos dados;
n  Ela sugere processos intercalados de coleta e análise de
dados;

25
Abordagens Mistas
Qual método usar?
n  Quando usar cada abordagem?
n  Métodos quantitativos, quando você sabe exatamente o
que perguntar, o fenômeno que você quer estudar
n  Número de mensagens de texto através do celular
enviadas entre jovens entre 12 e 18 anos;
n  Métodos qualitativos, quando você quer saber o que
perguntar Não existe método mais correto ou mais
apropriado,
n  Qual o objetivo tudo mensagens
de enviar depende dopelo
problema a ser
celular?
resolvido e do contexto !!

27
Qual método usar? (2)
n  Todos os métodos possuem limitações, portanto, uma
abordagem é combinar diversos métodos. A utilização de
um método não exclui a utilização de outro.
n  Existem três abordagens principais...

28
Abordagens Mistas
n  Estratégia seqüencial descritiva:
n  Coleta e análise de dados quantitativos seguida de coleta e análise de
dados qualitativos. Os dados qualitativos são usados para auxiliar na
interpretação e explicação dos resultados quantitativos;

n  Estratégia seqüencial exploratória:


n  Coleta e análise de dados qualitativos seguida de coleta e análise de
dados quantitativos. Usar dados quantitativos para auxiliar no
entendimento (generalização) dos dados qualitativos;

n  Triangulação concorrente
n  Usar várias abordagens em paralelo para tentar confirmar os
resultados.
n  Abordagem mais comum.

29
DE SOUZA, CLEIDSON R.B.; FIGUEIRA FILHO, FERNANDO ; MIRANDA, MÜLLER ;
FERREIRA, RENATO PINA ; TREUDE, CHRISTOPH ; SINGER, LEIF . The Social Side
of Software Platform Ecosystems. In: the 2016 CHI Conference, 2016, Santa Clara.
Proceedings of the 2016 CHI Conference on Human Factors in Computing Systems -
CHI '16, 2016. p. 3204-3214.
30
Parte II – Grounded
Theory
[A Teoria Fundamentada em
Dados]

31
Histórico
n  Criada por Glaser e Strauss [1967] como uma resposta ao
paradigma positivista dominante na época na área de
ciências sociais;
n  Simplificadamente, positivismo é uma abordagem filosófica usada
nas ciências (principalmente) naturais, cuja idéia é medir
precisamente aspectos (físicos, químicos, biológicos, sociais) e testar
hipóteses através da análise cuidadosa dos números obtidos a partir
da coleta de dados.
n  O objetivo é encontrar modelos ou padrões gerais que descrevem um
determinado fenômeno: a lei da gravidade, leis da físico-química, leis
da manutenção de software, etc.
n  O positivismo é amplamente usado nas ciências naturais e é
geralmente associado à métodos quantitativos (experimentos).
32
Histórico (2)
n  Nas, Ciências Sociais, existem seres humanos envolvidos
no processo, logo ao invés do positivismo, geralmente os
métodos são interpretivistas;
n  Glaser e Strauss questionavam a idéia de “grandes
teorias” [grand theory], a noção de que as ciências sociais
tinham por objetivo identificar explicações universais e
pré-existentes do comportamento social;

33
Histórico (3)
n  Strauss – sociólogo formado em Chicago (famosa!)
n  Enfâse em coleta de dados “no campo” para entender o que
realmente acontece;
n  Importância da teoria para entender o que acontece “no campo”;

n  Glaser – sociólogo formado pela Columbia;


n  Necessidade de fazer comparações constantes entre tipos de dados
para evoluir uma teoria;

n  Ambos
n  Foco em resultados que podem ser usados tanto por leigos quanto
por acadêmicos;
34
Histórico (4)
n  A “briga”:
n  Livro Original: Glaser B., Strauss A. Discovery of Grounded
Theory. Strategies for Qualitative Research. Sociology Press, 1967.
n  Continuando: Glaser B.: Theoretical Sensitivity: Advances in the
methodology of Grounded Theory. Sociology Press, 1978.
n  Mudanças:
n  Strauss, A.: Qualitative Analysis for Social Scientists, 1987.

n  Strauss A, Corbin J. Basics of Qualitative Research: Grounded


Theory Procedures and Techniques. Sage, 1990.
n  A crítica:
n  Glaser BG. Basics of Grounded Theory Analysis. Emergence vs
Forcing. Sociology Press, 1992.
35
Histórico (5)
n  Em resumo, existem 2 “versões” mais tradicionais de GT:
n  A versão de Glaser (Glauserian); e
n  A versão de Strauss (Straussian).

n  Novas versões surgiram a partir dos alunos de Glaser e


Strauss
n  Charmaz, K., Constructing grounded theory: A practical guide
through qualitative analysis. Thousand Oaks, CA, USA: Sage,
2006.
n  Clarke, A. E. (2005). Situational analysis: Grounded theory after the
postmodern turn. Thousand Oaks, CA, USA: Sage.

36
Histórico (6)
n  A diferença entre estes tipos não é relevante para os
propósitos deste tutorial ...
n  Mas vocês devem saber que ela existe e garantir que não estão
misturando as coisas!

n  Especificamente, este tutorial é baseado na versão de


Strauss e Corbin, de 1990 e em edições posteriores do
mesmo.
O livro é conhecido como “The Cookbook” pois descreve vários
n 
passos a serem seguidos;
É importante enfatizar que uma pesquisa com Grounded
n  Alguns autores consideram esta uma versão quasi-positivista , o que
NÃO consiste apenas em seguir um conjunto de passos! Ela
faz sentido devido ao contexto da
requer uma “sensibilidade teórica” do pesquisador!
37
O Que é Grounded Theory?
n  GT é um método prático para a condução de pesquisa
qualitativa criada por Glaser e Strauss [1967] que enfoca
em um processo interpretativo através da análise de
significados e conceitos usados por atores em contextos
reais.
n  “GTM [Grounded Theory Method] offers a rigorous way
to explore a domain, with an emphasis on discovering
new insights, testing those insights, and building partial
understandings into a broader theory of the domain”.
[Muller, 2014]

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Considerações Iniciais
n  A grounded theory não requer uma teoria ou hipótese sobre
os dados. Seu objetivo é justamente gerar uma teoria que
explica o que se observou nos dados, ou seja, gerar uma
“teoria fundamentada nos dados” (grounded theory);
n  Ela sugere processos intercalados de coleta e análise de
dados
n  Comparação constante (constant comparison); e
n  Amostragem teórica (theoretical sampling)

n  Ela tem como um dos seus conceitos básicos a idéia de


codificação (coding);
39
Considerações Iniciais (2)

40
Análise e Coleta Intercalados

FIGUEIREDO, M. C. ; DE SOUZA, C. R.
B. ; PEREIRA, M. Z. ; PRIKLADNICKI,
R. ; AUDY, J. L. N. . Knowledge Transfer,
Translation and Transformation in the work
of Information Technology Architects.
Information and Software Technology, v.
56, p. 1233-1252, 2014.

41
GT é Pesquisa Qualitativa!
n  Dados qualitativos
n  Os dados coletados encontram-se na forma de palavras e / ou
figuras;

n  Em contraste com dados quantitativos, isto é, números;

Como coletar e analisar dados qualitativos?

42
Coleta de Dados
n  Em GT, tudo pode ser considerado dados, logo existem
diferentes formas de coletá-los:
n  Observação participativa e não participativa;
n  Entrevistas semi-estruturadas e não-estruturadas;
n  Gravação de vídeos;
n  Coleta de documentos;
n  Utilização de diários (diary studies);
n  Etc.

43
Coleta de Dados
n  Segundo Corbin e Strauss, até mesmo estudos
anteriores, i.e., revisão bibliográfica podem ser
considerados dados a serem examinados
n  Entretanto, isto deve ser feito com cuidado! Se você quer gerar
uma teoria nova, é importante você não se deixar influenciar
por estudos anteriores.
n  Em particular este é um ponto de divergência entre as diferentes
versões de GT. Por exemplo, Glaser discorda disto!

“If GTM is to serve as a way of knowing, then the knowledge that it


produces should be placed in relation to other knowledge. For these
reasons, I believe that GTM in HCI and CSCW will probably be closer to
the position of Corbin and Strauss (2008); and (Bryant & Charmaz, 2007;
Dey, 1999; Funder, 2005; Kelle, 2005)” [Muller, 2014].
44
Observação
n  A observação é uma das principais ferramentas usadas em
pesquisa qualitativa;
n  É usada em conjunto com as entrevistas e serve para
facilitar a triangulação:
n  O que foi respondido na entrevista é a mesma coisa que é
observada no dia a dia e vice versa?
n  Frequentemente, as pessoas dizem que agem de uma
determinada forma, mas agem de maneira diferente;

45
Tipos de Observação
n  Dependem do grau de envolvimento do pesquisador:
n  Observação participativa: o pesquisador passa a agir
como os informantes;
n  Observação não-participativa: o pesquisador somente
observa os informantes;
n  Em ambos os casos, deve-se documentar tudo o que
acontece através nas notas de campo (field notes);

46
Notas de Campo
n  Descrição de atividades, eventos, pessoas, interações
(quem falou com quem), utilização de ferramentas, coisas
ouvidas, sentidas, e outros fenômenos relevantes para a
pesquisa;
n  Importante
n  Seja concreto – documente as coisas com o maior nível de detalhe
possível;
n  Separe observações, “transcrição das falas” das impressões /
comentários /observações;

n  É um documento privado. Somente pode ser


compartilhado com outros pesquisadores da sua equipe.
47
Notas de Campo (2)

48
Observação Não-Participativa
n  Agir como “uma mosca na parede” e simplesmente
observar o que se passa no ambiente de trabalho;
n  Deve-se sentar longe o bastante do informante para não
distraí-lo, mas próximo o suficiente para observar o
conteúdo dos objetos físicos e digitais que ele manipula;
n  Sempre que possível, acompanha-se o informante para
reuniões ou outros eventos fora da sala ou cubículo do
informante.

49
Observação Não-Participativa (2)
n  Durante a observação, pode-ser fazer perguntas que
clarifiquem aspectos notados durante a observação, mas
sempre garantindo que estas questões não irão distrair ou
atrapalhar os informantes.
n  Se estas perguntas não podem ser feitas durante a
observação, elas podem ser feitas ao final do dia, ou
podem ser guardadas para serem feitas durante as
entrevistas.

50
Observações sobre a Observação J
n  O pesquisador precisa decidir o nível de detalhe que ele
quer descrever as observações [Randall and Rouncefield
2004, p. 64].
n  Pode-se observar gestos, olhares, e movimentos [Heath and Luff,
1992];
n  Pode-se anotar o tempo que os informantes gastam em cada
atividade que eles desempenham [Gonzales and Mark, 2004];

n  Isto é depende do objetivo da pesquisa. Cabe a cada


pesquisador decidir o nível de detalhe que ele precisa.

51
Observações sobre a Observação (2)
n  Inicialmente, tudo deve ser anotado nas notas de campo
(e.g. quantas reuniões o gerente de projetos participa por
dia) , visto que não se sabe a priori que aspectos serão
importantes na pesquisa (ex: o gerente não tem tempo pra
usar a ferramenta de processo adotada pela empresa?);
n  Posteriormente, quando se tem um maior entendimento
sobre o problema, pode-se refinar as anotações;
n  Em observação participativa, as notas de campo são feitas
no decorrer, ou ao final do dia de trabalho;

52
Entrevistas
n  Abordagem para coleta de dados que requer um
entrevistador e um entrevistado, também conhecido como
informante;
n  Pode ser utilizada em diversas ocasiões:
n  Coleta de requisitos;
n  Verificação & Validação;
n  Etc.

53
Tipos de Entrevistas
n  Podem ser classificadas de acordo com dois aspectos:
controle do informante e a uniformidade de estímulos
apresentados [DeWalt e DeWalt, 2002]
n  Não estruturadas;
n  Semi-estruturadas;
n  Estruturadas; e
n  Questionários.

54
Tipos de Entrevistas (2)
n  Nas entrevistas não-estruturadas, o entrevistador deixa o
informante “livre”, mas faz perguntas ocasionais para
ajustar o foco ou para clarificar aspectos importantes. O
pesquisador tem geralmente um guia com os tópicos a
serem cobertos na entrevista, mas não tem uma ordem
estabelecida para perguntar sobre estes tópicos;
n  Nas entrevistas semi-estruturadas, este guia contém
sugestões de perguntas e dicas (prompts) a serem usadas
pelo pesquisador para garantir que todos os tópicos de
interesse serão abordados;

55
Tipos de Entrevistas (3)
n  Nas entrevistas estruturadas, o entrevistador quer ter
certeza que ele faz as mesmas perguntas para cada
informante. As perguntas estão claramente definidas no
guia; e
n  No questionário, as perguntas e as respostas já estão
definidas. Um questionário pode ser respondido face a
face ou remotamente.

56
Tipos de Questões
n  A distinção entre os tipos de entrevistas está relacionada
com os tipos de perguntas que o entrevistador pode fazer:
n  Questões Fechadas
n  Possuem um número pré-determinado de respostas,
a partir das quais que o informante tem de fazer sua
escolha;
n  Questões Abertas
n  Geralmente requerem uma explicação para uma
opinião, para uma alternativa, etc;

57
Tipos de Questões (2)
n  Questões Fechadas
n  Ex: Considere os outros desenvolvedores que trabalham no mesmo
projeto que você mas que se encontram em uma cidade diferente
da sua. Com que freqüência você conversa com eles?
n  No máximo uma vez por mês; Mais de uma vez por mês; Um
vez por semana; Mais de uma vez por semana; Uma vez por
dia; Várias vezes por dia; Não sei;

n  Questões Abertas
n  O que você faz como engenheiro de software?
n  Você poderia me contar em detalhes como é um dia de trabalho na
sua empresa?
58
Qual abordagem escolher?
n  Estudos qualitativos geralmente usam entrevistas semi-
estruturadas ou não-estruturadas e questões abertas;
n  Pesquisa exploratória;

n  Estudos quantitativos geralmente usam entrevistas


estruturadas ou questionários e questões fechadas.
n  Pesquisa descritiva ou correlacional onde você já sabe
[ou acha que sabe!] o que quer perguntar;

59
Observações sobre as Entrevistas
n  Conduzir boas entrevistas não é uma tarefa fácil !!
n  Existem técnicas para a condução de boas entrevistas...
... Mas isto foge ao escopo deste curso.
n  Duas dicas
n  É importante construir um guia da entrevista, que serve como
planejamento contendo perguntas a serem feitas, questões
demográficas, etc.

n  O principal erro é: “Falar demais e ouvir de menos!”

60
Debriefing Questions
n  Location, Date, Informant:

n  What were the key points observed about the focus?

n   What did you find to be most surprising about this observation?

n   What did you see or hear that was pretty much what you expected (or like other sites that
you have seen)?

n   What did you learn about the problem and “fixes” that you didn’t know before? That you
did?

n   What would you ask if we could go back? Would you ask the next participant this as well?

n   What worked really well?

n   What didn’t work so well or what should be changed?

n   Other comments?
61
Análise de Dados Qualitativos
n  Você já está há 1 mês
coletando documentos,
fazendo observações,
conduzindo entrevistas
(de todos os tipos),
transcrevendo as
entrevistas (!), etc, …

... como analisar esta enorme


quantidade de dados?

62
Codificação
n  A grounded theory se baseia na idéia de codificação
(“coding”), que é o processo de analisar os dados;
n  A análise é feita sobre os dados qualitativos coletados:
n  As notas de campo;
n  As entrevistas transcritas;
n  Os documentos coletados; e
n  Outros artefatos coletados
n  Check-ins/commits, código fonte, comentários no
código, visualizações, etc.
63
Codificação (2)
n  É atribuir um conceito ou categoria a uma parte dos
dados. Um conceito dá nome a um fenômeno de interesse
para o pesquisador; abstrai um evento, objeto, ação, ou
interação que tem um significado para o pesquisador
[Strauss and Corbin, 1998; pg. 103].

n  Categorias são agrupamentos de conceitos que são


unidos em um grau de abstração mais alto [Strauss
and Corbin, 1998; pg. 113].

64
Codificação (4)

65
id descrição exemplo # ocorr
66
Codificação (5)
n  Micro-análise dos dados
n  Análise “linha a linha” do que existe nos dados;
n  Requer a leitura de um contexto mais amplo para a efetiva
codificação;
n  Ex: Ler parágrafos inteiros para codificar uma única frase;

n  Algumas categorias são pequenas, enquanto que outras


são enormes;
n  Alguns trechos são difíceis de classificar;
n  Um conceito dá nome a um fenômeno de interesse para o
pesquisador
67
Codificação (6)
n  Existe intersecção de categorias;
n  É um processo iterativo, isto é, novas categorias são
criadas no decorrer do processo;

Neste ponto, a utilização de ferramentas


computacionais é importante!

68
69 69
Fases da “Grounded Theory”
1.  Codificação Aberta (open coding)
n  Criação de categorias para os fenômenos de interesse;

2.  Codificação Axial (axial coding)


n  Identificação de relacionamentos entre estas categorias;

3.  Codificação Seletiva (selective coding)


n  Escolha de uma ou poucas categoria(s) principal(is), e
relacionamento das outras categorias com esta(s);

n  Não é necessariamente linear.


70
Codificação Aberta
n  Atribuição de conceitos para os fenômenos de interesse;
n  Conceitos são idéias analíticas que emergem do texto;

n  Criação de categorias que agregam estes conceitos para


reduzir o número de unidades que o pesquisador irá
trabalhar;
n  Ex: integração de sistemas;

71
Codificação Aberta (2)
n  Códigos “in vivo”, são códigos criados pelo pesquisador
que são baseados na terminologia usada pelos
informantes;
n  Ex: ‘back merges’, fazer um merge de uma nova versão
na versão em check-out;

72
Codificação Aberta (3)
n  Categorias podem e devem ser detalhadas em
subcategorias e dimensões
n  Porque, como, quando, onde, com que freqüência, quem, etc…
n  APIs
n  Quem define?

n  Quem decide sobre modificações nas APIs?

n  Quando isto é decidido?

n  Frequência de mudanças?

n  Cliente e provedor da API?

n  Etc…

73
Codificação Axial
n  Neste momento, os relacionamentos entre as categorias
são avaliados;
n  A idéia é re-construir o texto que foi fraturado, que foi
tratado isoladamente na fase anterior;
n  Como as categorias se relacionam a nível conceitual ou
de idéias;
n  Mas, também no nível dos dados;

74
Codificação Axial (2)
n  Três “conceitos” são identificados
n  Condições
n  Ações / Interações
n  Conseqüências

n  para permitir a identificação de relacionamentos entre as


categorias;
n  Ex: “alta freqüência de mudança nas APIs”, leva os engenheiros
de software a adotarem “estratégias para minimizar o impacto
destas modificações”

75
Codificação Axial (3)
n  Conectores (relações entre os códigos) podem ser
definidos pelo próprio pesquisador

Rótulo Descrição das Relações

O código-origem é um tipo, ou forma, do código-destino. É


Is a definido por um padrão de variação dimensional ao longo das
propriedades da categoria (código-destino)

Is property of O código-origem é propriedade da categoria (código-destino)

O código-origem (condição causal) causa a ocorrência do código-


Is cause of
destino
O código-origem é uma parte que compõe juntamente com outras
Is part of
partes o código-destino
76
Codificação Axial (4)

77
Codificação Seletiva
n  Uma categoria principal é escolhida e a teoria é escrita
“ao redor” desta;
n  Pode ser uma categoria existente, ou ainda uma nova
categoria pode ser criada;
n  No exemplo mencionado, “tudo” girava ao redor de
APIs. Mais especificamente, os papéis desempenhados
por APIs na coordenação das atividades de
desenvolvimento

78
Memos
n  Juntamente com os códigos, é importante escrever “memos”,
ou seja, pequenos textos com observações, teorias, anotações,
etc.
n  Eles são usados para definir, documentar, agregar , agrupar, conectar
códigos e categorias. Também usados para documentar as “hypothesis in
probation”, bem como as teorias definitivas.

n  De acordo com Charmaz: “Memo-writing constitutes a crucial


method in grounded theory because it prompts you to analyze your
data and codes early in the research process…. [N]ote where you are on
firm ground, and where you are making conjectures. Then go back to
the field to check your conjectures.”

79
Memos (2)
n  Memos permitem:
n  Comparar dados
n  Analisar dados
n  Documentar idéias, insights
n  Descobrir relacionamentos

n  Os memos precisam evoluir


com a análise dos dados.
n  A escrita dos memos inicia
assim que você tiver seus
primeiros dados coletados.
80
[Muller, 2014]
81
Sobre a atividade de análise ...
n  Basicamente, as fases de análise de dados da grounded
theory, “quebram” os dados coletados em partes pequenas
[os códigos] para permitir a “manipulação” dos mesmos
n  Posteriormente, estas partes pequenas são “integradas”
permitindo a “reconstrução” dos dados originais, mas
agora de uma maneira integrada e que responde a uma
determinada pergunta de pesquisa;
n  A resposta sobre a pergunta de pesquisa é uma teoria
fundamentada [grounded] nos dados que você coletou.

82
Coleta e Análise de Dados
n  A divisão anterior entre os tipos de codificação de dados é
apenas ilustrativa. Na prática, existe uma intersecção
entre os passos;
n  Além disso, existe uma intersecção entre coleta e análise
de dados:
n  Coleta;
n  Análise, grounded
Napropõe umatheory
teoria; existe uma intersecção
n  Coleta, paraentre
validarcoleta
a teoria;
e análise de dados.
n  Análise, para refinar a teoria;

83
Como fazer pesquisa qualitativa?
n  Segundo Strauss e Corbin, a análise qualitativa é tanto
ciência quanto arte.
n  A ciência está na aplicação do método, mas a arte está na
sensibilidade do pesquisador sobre o que está sendo investigado.
n  Sensibilidade para atentar para aspectos interessantes.
Curiosidade, Criatividade e Surpresa!

n  Difícil de ensinar, aprende-se “fazendo”. ..


n  ... Uma boa idéia é ler outros estudos usando GT.

84
A ciência ...
n  A Grounded Theory tem dois princípios gerais que guiam a
realização da mesma
1.  Comparação constante e teórica (constant comparison
and theoretical comparison); e
2.  Amostragem teórica (theoretical comparison).
n  Saturação teórica (theoretical saturation)

85
Fazendo Comparações
n  Comparar dados de dois “incidentes” [casos, situações,
entrevistas] diferentes visando
n  Identificar as dimensões das categorias
n  Observa-se algum “aspecto interessante” [um problema, uma forma de
trabalhar, uma reação a uma ferramenta, etc] que ocorre em uma
empresa, mas não em outra empresa;
n  Ex: grau de maturidade do processo da empresa, tamanho da empresa,
papel desempenhado pelo funcionário na empresa, etc;
n  Entender a variabilidade das dimensões
n  Ex: grau de maturidade de empresas: CMMI, MPS.BR, etc; tamanho de
empresas: micro, pequenas, médias, grandes;

86
Fazendo Comparações (2)
n  Comparar conceitos de domínios diferentes [comparações
teóricas] visando estender a teoria, pensar analiticamente
sobre as categorias:
n  Exemplo [Strauss e Corbin, 1998]:
1.  Em uma entrevista, uma enfermeira comenta sobre o trabalho
com enfermeiras inexperientes;
2.  Comparação com motoristas inexperientes: inseguros, propensos
a erros, seguem as regras rigidamente, etc.
3.  Os domínios (direção vs. enfermagem) não são relevantes. O que
é relevante é que se começa a pensar de maneira analítica e
abstrata sobre as categorias e suas dimensões.
87
Fazendo Comparações (3)
n  Em uma das entrevistas, um informante disse que uma
API era um “contrato” entre duas partes à Contratos
não são facilmente modificáveis, é necessário um aditivo
à Logo APIs não deveriam ser facilmente modificáveis
à As APIs mudavam? Em caso afirmativo, com que
frequência?

A habilidade do pesquisador de explorar estas idéias


“em tempo real” é importante e pode salvar bastante
tempo da pesquisa [a arte!!]

88
Fazendo Comparações (4)
n  “O objetivo das comparações é gerar uma teoria. Os
dados são quebrados em incidentes e estes são
comparados visando identificar similaridades e
diferenças. Enquanto isto é feito, pergunta-se que
categoria ou conceito está sendo investigado. Desta
forma, obtém-se várias instâncias de um conceito.
Quando os conceitos emergem dos dados, eles são
comparados com outros incidentes levando a
identificação das dimensões das categorias.” [Matavire &
Brown, 2008]

89
Amostragem Teórica
(theoretical sampling)
n  Decisões sobre os próximos dados a serem coletados são
determinados pela teoria que está sendo construída. A
amostragem muda no decorrer do processo de pesquisa.
1.  Observa-se algum “aspecto interessante” [um problema, uma
forma de trabalhar, uma reação a uma ferramenta, etc] em um
engenheiro de software com pouca experiência;
2.  Próxima coleta de dados envolve a verificação se este mesmo
aspecto ocorre com profissionais experientes e com outros
profissionais sem experiência;
3.  A amostragem é de funcionários, mas baseado em uma
propriedade ou dimensão do aspecto que parece relevante: a
experiência do funcionário;

90
Amostragem Teórica (2)
n  Novamente, a “arte” está na habilidade do pesquisador de
explorar este princípio durante a coleta de dados;

n  A amostragem teórica permite explorar as dimensões e os


relacionamentos entre as categorias / conceitos sendo
identificados;

n  As teorias sendo geradas estão sendo constantemente


validadas, questionadas, estendidas, ...

91
Amostragem Teórica (3)
n  Implicações
n  Diferentes “cenários” são válidos:
n  Longa coleta de dados, seguida de análise, seguida de nova
longa coleta de dados, seguida de nova análise, etc; ou
n  Curta coleta de dados, seguida de análise, seguida de curta
coleta de dados, seguida de análise, etc;
n  A coleta de dados tem de ocorrer em diferentes “momentos”
n  A utilização de ferramentas antes de uma release nova pode ser
diferente de períodos de inícios de projeto (“calmaria”) ...
n  O planejamento da pesquisa deve considerar estes aspectos.

92
Saturação Teórica
n  A pergunta que surge então é “Quando parar a
amostragem?”
n  Do ponto de vista acadêmico, quando cada categoria está
saturada, isto é:
n  Quando categorias novas ou relevantes não surgem mais;
n  As dimensões das categorias estão bem definidas;
n  As categorias tem seus relacionamentos bem definidos e
validados.

n  De maneira pragmática (industrial), até o seu tempo


acabar!
93
Stern: “I realized that I had reached the point of satura?on when the
[informant] was telling me how when he was a small child he stood
witness as his mother shot his father dead, and I was bored. I made all the
right noises… but I knew that my data collec?on for that study had come
to an end.” (italics in the original)
94
Parte III –
Considerações
Finais e Referências
Grounded Theory em 1 slide
n  Método de pesquisa qualitativo
n  Dados qualitativos:
n  Entrevistas, observações e coleta de documentos
n  Análise de dados
n  Utiliza a idéia de codificação: aberta, axial e seletiva;
n  Comparação constante; e
n  Amostragem teórica.
n  Dados quantitativos também podem ser usados!

n  Coletae análise de dados são dois processos


interligados, que ocorrem continuamente; 96
Utilização de Grounded Theory
Simplificadamente:
I.  GT enquanto método de pesquisa
ü  Utilização dos princípios descritos neste material

II.  GT enquanto método de análise de dados qualitativos


ü  Utilização das técnicas de codificação descritas neste material

n  É importante separar as duas “abordagens” e reconhecer o


que está sendo feito:
n  “used grounded theory” vs. “used grounded theory
techniques”
97
Utilização de Grounded Theory
(2)
n  Em Engenharia de Software, uma análise da utilização foi
feita por Stol et. al. (2016)
n  Klaas-Jan Stol, Paul Ralph, and Brian Fitzgerald. 2016. Grounded theory in
software engineering research: a critical review and guidelines. In
Proceedings of the 38th International Conference on Software Engineering
(ICSE '16). ACM, New York, NY, USA, 120-131. DOI: https://doi.org/
10.1145/2884781.2884833

n  Em IHC / CSCW, uma análise da utilização foi feita por


Muller (2014)
n  Michael Muller. Curiosity, Creativity, and Surprise as Analytic Tools:
Grounded Theory Method. In, J.S. Olson and W.A. Kellogg (eds.), Ways of
Knowing in HCI, 25 DOI 10.1007/978-1-4939-0378-8_2, © Springer
Science+Business Media New York 2014.
98
Utilização de Grounded Theory (3)
n  Diferentes áreas tem adotado “critérios” de qualidade
diferentes para avaliar estudos com GT.
n  Exemplo, na experiência dos autores, CHI e CSCW geralmente não
se preocupam muito com os “detalhes” do processo de GT;
n  Por outro lado, a comunidade de E.S. quer os detalhes, inclusive
quantos códigos gerados inicialmente, códigos finais, processo de
integração dos dados, “cobertura”, etc;

n  Mas, qual o nível de detalhe adequado? Depende do


público, da conferência, etc;
n  Existem poucos artigos com descrições detalhadas da
metodologia tanto do ponto de vista de codificação quanto
das iterações teóricas. 99
Recomendação em IHC/
CSCW
n  “Charmaz (2006), Hall and Callery (2001), and Locke
(2001) (…) recommend making the research process
transparent to the reader, so that the reader can make her
or his own assessment of the quality of methods followed
and their results (Locke, 2001)”. [Muller, 2014]
n  Um bom exemplo:
n  Wyche, S.P., & Grinter, R.E. (2009). Extraordinary
computing: Religion as a lens for reconsidering the
home. Proceedings of the CHI 2009, pp. 749–758

100
Recomendação – em ES

101
Recomendação – em ES (2)
n  “(…) a variety of potentially relevant issues for consideration when
conducting or evaluating a GT study. The items in Fig. 5 may be
especially useful for novices writing their first GT study, experts who need
to jog their memories for methodological dimensions to address, or
anyone who struggles to explain how they collected and analyzed
predominately qualitative data. No single article can or should include
all of these items.” [Stol et. al, 2016]

n  Um bom exemplo:
n  Hoda, R., Noble, J. and Marshall, S. 2012. Developing a
grounded theory to explain the practices of self-organizing
Agile teams. Empir Software Eng, 17, 6, 609-639.
102
Referências Bibliográficas
n  Métodos de Pesquisa
n  Sampieri, R. H.; Collado, C. F.; Lucio, P. B. Metodología de la
investigación. México: McGraw-Hill, 1991.
n  McGrath, J. E. (1994). Methodology Matters: Doing Research
in the Behavioral and Social Sciences
n  Wainer, J. (2007). Métodos de Pesquisa Quantitativa e
Qualitativa para a Ciência da Computação. Jornadas de
Atualização em Informática, SBC.
n  Yin, R. K. Case Study Research, Design and Methods, 3rd ed.
Newbury Park, Sage Publications, 2002.
n  DeWalt, K. M., DeWalt, B. R. Participant observation: A Guide
for FieldWorkers, AltaMira Press, 2002.

103
Referências Bibliográficas (2)
n  Grounded Theory
n  Glaser BG, Strauss A. Discovery of Grounded Theory. Strategies for
Qualitative Research. Sociology Press, 1967.
n  Strauss, A. and J. Corbin, Basics of Qualitative Research: Techniques
and Procedures for Developing Grounded Theory. 2nd. ed. 1998,
Thousand Oaks, CA: SAGE publications.
n  Matavire, R. and I. Brown, Investigating the use of "Grounded Theory" in
information systems research, in Proc. of the 2008 Annual Research
conference of the South African Institute of Computer Scientists and
Information Technologists on IT research in developing countries: riding
the wave of technology. 2008, ACM, p. 139-147.
n  Charmaz, K., Constructing grounded theory: A practical guide through
qualitative analysis. Thousand Oaks, CA, USA: Sage, 2006.
n  Bryant and Charrmaz, K.(eds.), The Sage handbook of grounded theory.
Thousand Oaks, CA, USA: Sage, 2007.
104
Referências Bibliográficas (3)
n  Grounded Theory
n  Suddaby, R., 2006. “From the Editors: What Grounded Theory
is Not,” Academy of Management Journal, 49 (4), 633- 642.
n  Stern, P.N., ‘Properties for growing grounded theory,’ in Bryant,
A., & Charmaz (2007).
n  Michael Muller. Curiosity, Creativity, and Surprise as Analytic
Tools: Grounded Theory Method. In, J.S. Olson and W.A.
Kellogg (eds.), Ways of Knowing in HCI, 25, Springer
Science+Business Media New York 2014.
n  Klaas-Jan Stol, Paul Ralph, and Brian Fitzgerald. 2016.
Grounded theory in software engineering research: a critical
review and guidelines. In Proc. Of ICSE. ACM, New York, NY,
USA, 120-131.
105
106
Referências Bibliográficas(4)
n  Exemplos de Grounded Theory
n  Banks, S. P., Louie, E., Einerson, M. Constructing personal
identities in holiday letters, Journal of Social and Personal
Relationships, Vol. 17, No. 3, 299-327 (2000)
n  Hoda, R., Noble, J. and Marshall, S. 2012. Developing a grounded
theory to explain the practices of self-organizing Agile teams. Empir
Software Eng, 17, 6, 609-639.
n  Hoda, R., Noble, J. and Marshall, S. 2013. Self-organizing roles on
agile software development teams. IEEE Trans Softw Eng, 39, 3,
422-444.
n  Smolander, K. Four Metaphors of Architecture in Software
Organizations: Finding Out the Meaning of Architecture in Practice,
Proceedings of the Empirical Symposium in Software engineering,
pages: 211- 221, 2002.
107
Referências Bibliográficas (5)
n  Exemplo de Técnicas de Grounded Theory
n  Conte, T., et al., 2009b. "Improving a Web Usability Inspection
Technique using Qualitative and Quantitative Data from an
Observational Study". SBES 2009, pp. 227 – 235.
n  de Souza, C.R.B. and D. Redmiles, On the Roles of APIs in the
Coordination of Collaborative Software Development. JCSCW, 2009.
18(5-6): p. 445-475.
n  Dagenais, B., Ossher, H., Bellamy, R.K.E., Robillard, M.P., Vries, J.P.
de 2010. Moving into a new software project landscape. ICSE 2010.
pp. 275–284.
n  Steinmacher, I., Chaves, A.P., Conte, T., Gerosa, M.A. 2014.
Preliminary empirical identification of barriers faced by newcomers to
Open Source Software projects. SBES (2014), 1–10.
108
Referências Bibliográficas (5)
n  Outras Referências citadas ao longo do texto
n  Heath, C. and P. Luff, Collaboration and Control: Crisis
Management and Multimedia Technology in London
Underground Control Rooms. Journal of Computer Supported
Cooperative Work, 1992. 1(1-2): p. 69-94.
n  Gonzalez, V. M., Mark, G.: "Constant, constant, multi-tasking
craziness": managing multiple working spheres. CHI 2004:
113-120
n  Randal, D., Rouncefield, M. Fielwork for Design, Tutorial Notes,
CSCW 2004.

109
Obrigado!
cleidson.desouza@acm.org

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