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Elton Bauer
University of Brasília
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RESUMO
ABSTRACT
The identification of pathological manifestations is a fundamental element not
only in the assessment of the degree of deterioration, but also in the study of the
intervening mechanisms. Both the terminology used in that identification and the
erroneous identification of the typologies of the manifestations can lead to significant
mistakes in the diagnosis of the problems of the facade coverings. The aim of this
study is to systemize the identification of the main pathological manifestations in
ceramic coverings of facades, as well as to discuss the results observed based on
field research carried out in Brasília.
Key-words: pathology, ceramic coverings, mortar renders, fault rate.
1. INTRODUÇÃO
Brasília, capital do Brasil, é o primeiro núcleo urbano no século XX considerado
Patrimônio Histórico da Humanidade pela UNESCO. Aos 50 anos, apresenta seus
edifícios com vários sintomas de deterioração. Se observa intensa deterioração em
edifícios jovens, com grandes manifestações de patologias graves. O presente
estudo se foca na abordagem das fachadas dos edifícios. As fachadas são
constituídas de alvenarias de blocos cerâmicos e de concreto, revestidas em sua
grande maioria por placas cerâmicas e também, em menor freqüência, em
argamassa e em revestimentos de pedra.
A investigação de patologias pode ter vários objetivos, dentre os quais
enumera-se: investigação local das falhas e danos, estudos da deterioração dos
elementos, definição de mecanismos de desenvolvimento das patologias, retro-
avaliação das causas e efeitos para correção de falhas futuras (apreender com os
erros) . O presente estudo faz uso de metodologia desenvolvida no Laboratório de
(1)
Ensaio de Materiais (LEM) da UnB , focada basicamente no estudo da incidência
das diferentes patologias, na avaliação da gravidade dos casos e na definição dos
diagnósticos mais prováveis. Basicamente a mesma subdivide o estudo em 4
etapas principais, a saber :
- Obtenção de informações preliminares: onde se busca identificar a história
de intervenções, a disposição arquitetônica do edifício, a exposição a intempéries,
bem como documentar as principais regiões deterioradas. É comum nessa etapa um
registro fotográfico amplo de todas as fachadas do edifício.
- Inspeção: nessa etapa já se faz uma avaliação detalhada das regiões críticas
ou de todas as fachadas. Busca-se tanto documentar a composição e detalhes
construtivos (espessura) dos materiais de revestimento (argamassas, cerâmicas,
alvenaria), como também identificar proximamente as patologias e sua extensão de
ocorrência. Para a execução da inspeção é necessário o emprego de rapel, ou
acesso por guindastes. O resultado final é um mapeamento de patologias nas
diferentes fachadas do edifício.
- Ensaios: A execução de ensaios in loco, como o de aderência à tração (pull-
out) é um dos elementos necessários na identificação da estabilidade mecânica da
fachada. Ensaios de características dos materiais, como a absorção e gretamento
das peças cerâmicas auxiliam no entendimento do mecanismo de ocorrência de
patologias. Muitas vezes são desenvolvidos experimentos específicos para
investigar determinado mecanismo de ocorrência. Nesse sentido, por exemplo, já se
desenvolveu em algumas situações o emprego de painéis térmicos para estudo do
descolamento por retração da argamassa de revestimento efetuado em inspeção
pelo LEM-UnB (3) .
- Diagnóstico: A etapa de diagnóstico emprega todas as informações obtidas
nas etapas anteriores na formulação dos mecanismos específicos do
desenvolvimento das patologias. Identificam-se as causas, a intensidade dos
fenômenos de deterioração, bem como define-se a estabilidade mecânica e
segurança das fachadas.
O foco básico a sempre se manter em um levantamento de patologias de
fachada consiste na análise de todos os casos observados no contexto geral de
interação do edifício com o meio ambiente, particularmente associando fatores a
deterioração e degradação dos elementos observados. Toda a abordagem necessita
obrigatoriamente de grande sistematização. Para tal é necessário identificar as
patologias, quantificá-las e posicioná-las na região da fachada. A determinação de
regiões mais suscetíveis à deterioração é um enfoque importante tanto no
entendimento dos mecanismos de deterioração, como também como retro-
alimentação às atividades de especificação e projeto de novos edifícios (5) .
O emprego de índices de capazes de quantificar os danos observados é de
grande auxílio no diagnóstico e no estudo da degradação dos elementos. A mera
distribuição percentual entre os danos observados é ferramenta útil, mas limitada
quando se busca, por exemplo, comparar edifícios diferentes arquitetonicamente(2)(1).
Assim busca-se sempre determinar índices que identifiquem:
• grau de incidência das patologias – é necessário quantificar e observar a
intensidade dos casos observados.
• localização - associar as regiões ou elementos de fachada em que se
manifestam casos específicos.
• gravidade das patologias – a classificação de riscos, por exemplo: quanto a
segurança, permite, a partir das patologias observadas, separar as situações
mais graves.
• associação a fatos ou aspectos que sejam decisivos para o diagnóstico –
levantamentos associados, por exemplo a exposição solar das fachadas.
• possibilidade de comparação da deterioração de fachadas em diferentes
edifícios e diferentes arquiteturas – permite estudar quantitativamente a
degradação da fachada e de seus materiais em condições diferenciadas (por
exemplo: idade)
2. MATERIAIS E MÉTODOS
O presente estudo ateve-se a análise de 4 edifícios, optando-se por analisar 2
situações de idade, saber 10 anos e 40 anos (2 edifícios de cada). A tipologia
construtiva na amostra de estudo é relativamente similar, obviamente mudando os
materiais básicos de revestimento principalmente em função da idade (tipo de
cerâmica, argamassas, rejuntes). Nos edifícios de maior idade (40 anos), o
assentamento do revestimento cerâmico foi feito com pasta de cimento, e o
rejuntamento com cimento branco. Nos edifícios mais novos (10 anos) empregou-se
argamassa colante para o assentamento das placas cerâmicas, e para o
rejuntamento utilizou-se um rejunte industrializado comercial. A tabela 1 apresenta
os detalhes da amostra de estudo.
Tabela 1 - Características gerais dos edifícios estudados.
Edifício Andares Idade (anos) Área de fachada
2
(m )
A 6 11 3350
B 6 40 1200
C 6 40 3400
D 12 10 3840
Onde:
FI – índice de defeitos
NF – número de defeitos (quantidade)
FA – área da fachada (m2)
2,56
1,28
Fachada 1
0,64
Fachada 2
Fachada 3
(log)
0,32
Fachada 4
Edifício
Índice de defeitos/m²
0,16
0,08
0,04
0,02
Edifícios
0,01
A B C D
Edifícios A B C D
Descolamento de cerâmica 169 (82%) 926 (55%) 514 (83%) 183 (91%)
Desplacamento de cerâmica 6 (3%) 113 (7%) 0 (0%) 18 (9%)
Falha de rejunte 23 (11%) 410 (24%) 39 (6%) 0 (0%)
Fissuração 6 (3%) 201 (12%) 54 (9%) 0 (0%)
Eflorescência 2 (1%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)
Falha de vedação 0 (0%) 25 (1%) 11 (2%) 0 (0%)
Total de casos 206 1675 618 201
10 anos
Descolamento de cerâmica
Desplacamento de cerâmica
86%
0% Falha de rejunte
1% Fissuração
1%
Eflorescência
6%
6% Falha de vedação
(a)
40 anos
63%
0%
1%
11% 20%
5%
(b)
4. CONCLUSÕES
Do estudo efetuado, pode-se, enumerar as seguintes conclusões principais:
• A utilização de índices para quantificar os danos ou defeitos é extremamente
importante para a identificação da gravidade e extensão das patologias
observadas. Nos estudos comparativos, o índice de danos permite uma
avaliação significativa inclusive para estudo de vida útil das fachadas.
• O levantamento de informações, envolvendo a vistoria preliminar, a inspeção
e os ensaios, é o ponto crucial para a tomada de situação sobre as fachadas
do edifício. Deve-se sempre um grau de profundidade de análise que permita
conclusões abrangentes capazes de orientar o diagnóstico.
• A sistematização das informações coletadas é fundamental para uma análise
conclusiva. Assim, a classificação em grupos das patologias observadas
auxilia na determinação da incidência de ocorrência, gravidade e extensão
das mesmas.
• O diagnóstico é sempre elaborado com vistas a identificar e propor os
mecanismos de desenvolvimento das patologias. O mesmo deve sempre ser
precedido pelos estudos preliminares (levantamento de informações), e deve
claramente identificar as condições atuais de serviço da fachada.
• A ausência de planejamento de manutenção preventiva é um dos elementos
que eleva os índices de deterioração observados. Somente se atua quando a
vida útil dos elementos de fachada já foi ultrapassada.
5. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Laboratório de Ensaio de Materiais (LEM/UnB), ao
Centro de Apoio ao Desenvolvimento tecnológico (CDT/UnB) o apoio para o
desenvolvimento dos estudos objeto deste trabalho. Agradecem também ao CNPq e
a CAPES o apoio na forma de bolsas de estudo e pesquisa.
6. REFERÊNCIAS
1. Antunes, G.R. Estudo de manifestações patológicas em revestimento de
fachada em Brasília – Sistematização da incidência de casos. 2010. Dissertação
(Mestrado em Estruturas e Construção Civil) – Departamento de Engenharia Civil e
Ambiental, Universidade de Brasília, Brasília, Brasil.
2. Bauer, E., Kraus, E., Antunes, G.R, Patologias mais correntes nas fachadas
de edifícios em Brasília. 2010.Proc. 3º. Congresso Português de Argamassas de
Construção - APFAC, Lisboa, Portugal.
3. Pereira, C.H. Contribuição ao estudo da fissuração, da retração e do
mecanismo de descolamento de revestimentos à base de argamassa. 2007.Tese
(Doutorado em Estruturas e Construção Civil) – Departamento de Engenharia Civil e
Ambiental, Universidade de Brasília, Brasília, Brasil.
4. Póvoas, I. Avaliação de formação de película na argamassa colante e sua
influência na adesão. 2005. Tese (Doutorado em Engenharia) – Escola Politécnica,
Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.
5. Gaspar, P. Brito, J. Mapping defect sensitivity in external mortar renders.
Journal of Construction and Building Materials, 19{8}, 571-578.2005.
6. Bauer, E. Bezerra, L.M. Uchoa, J.C.B. Das Chagas, S.V.M. Estudo do
comportamento em relação à fadiga aplicado as argamassas de revestimento. 2010.
Proc. 3º. Congresso Português de Argamassas de Construção - APFAC, Lisboa,
Portugal.