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Natureza Jurídica
DO CASAMENTO: é o vínculo jurídico estabelecido entre um homem e uma
mulher, estabelecendo uma comunhão plena de vida, com o fim de formação
de família, sendo defeso a qualquer pessoa de direito público ou privado
nela interferir.
O casamento é civil e gratuita a sua celebração. Para aqueles que
comprovarem a pobreza, o processo de habilitação para o casamento,
registro, e primeira certidão será gratuito.
Somente os maiores de 16 (dezesseis) anos poderão contrair matrimônio,
sob pena de anulabilidade. Entretanto, até atingir a maioridade (18 anos –
art. 5º CC), os menores precisarão de uma autorização dos pais ou do
representante legal. Havendo negativa de concordância, deverá haver o
suprimento judicial para tanto. Esta autorização é revogável até a celebração
do casamento.
O casamento religioso terá efeitos civis, desde que registrado no registro
próprio e produzirá efeitos ex tunc, desde a data da sua celebração.
Modalidades:
Habilitação anterior à cerimônia §1º do art. 1516
(habilitação prévia à cerimônia – dentro do prazo)
§ 1º O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventa
dias de sua realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, ou
por iniciativa de qualquer interessado, desde que haja sido homologada previamente
a habilitação regulada neste Código. Após o referido prazo, o registro dependerá de
nova habilitação.
()
De acordo com os artigos 71 a 75 da Lei de Registros Públicos (Lei n.6.015/73), os
nubentes devem fazer o processo de habilitação perante o Registro Civil, onde é
expedido o certificado de habilitação, com o prazo de noventa dias para marcar a
cerimônia religiosa.
Da data da cerimônia abre-se um novo prazo de 90 dias para que a autoridade
celebrante, os próprios nubentes ou qualquer outra pessoa, com a ata ou um
comprovante da cerimônia religiosa, faça o registro civil do casamento junto ao
Registro que produzirá efeitos ex tunc, ou seja, com data retroativa à cerimônia
religiosa.
É preciso entender que esses prazos (90 dias da habilitação e 90 dias do registro)
não são somados. O prazo de 90 dias do registro começa a contar a partir
do dia da celebração religiosa.
Habilitação posterior à cerimônia § 2º do art. 1516
(habilitação prévia ao registro, porém posterior à
cerimônia)
§ 2º O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste Código, terá
efeitos civis se, a requerimento do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro
civil, mediante prévia habilitação perante a autoridade competente e observado o
prazo do art. 1.532.
()
Se os nubentes perderem o prazo, não fizeram o registro em 90 dias, porque não se
interessaram pelo procedimento civil ou simplesmente não fizeram a habilitação,
isso não os impedirá de fazer o registro do casamento para obter efeitos civis a
qualquer tempo, desde que seja mediante prévia habilitação. Neste caso, o registro
no civil também terá efeitos extunc (retroage à data da celebração do casamento
religioso).
OBS:
Art. 1.532. A eficácia da habilitação será de noventa dias, a contar da data em que
foi extraído o certificado.
Da Invalidade do Casamento:
Casamento Inexistente, Nulo e
Anulável
O casamento não é válido quando: inexistente, nulo ou anulável.
1. Casamento Inexistente – ausência de pressupostos de existência:
diversidade de sexos, consentimento ou celebração.
Pergunta: o que é um casamento inexistente?
Resposta: é aquele que não observa nenhum dos elementos, ou
pressupostos de existência:
Diversidade de sexos;
Consentimento;
Da Invalidade do Casamento:
Casamento Putativo
Casamento putativo é o casamento celebrado indevidamente de boa-fé, ou seja, um
"casamento imaginário", no qual, se imaginava ser verdadeiro, por ter preenchido
todos os requisitos de existência, validade e produzido seus efeitos, no entanto,
posteriormente, verificou se um vício, suscetível à anulação. Trata-se do casamento
que embora nulo ou anulável gera efeitos em relação ao cônjuge que esteja de boa-
fé subjetiva
mútua assistência;
ART. 1.640.
Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos
bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial.
Dissolução do Casamento:
sociedade conjugal e vínculo
matrimonial. Separação e
Divórcio
I) DA DISSOLUÇÃO DO CASAMENTO: são causas de dissolução do
casamento (art. 1.571 CC):
separação judicial;
divórcio.
I. adultério;
Parágrafo único. O juiz poderá considerar outros fatos que tornem evidente
a impossibilidade da vida em comum.
Parágrafo único. A partilha de bens poderá ser feita mediante proposta dos
cônjuges e homologada pelo juiz ou por este decidida.
Art. 1.577. Seja qual for a causa da separação judicial e o modo como esta
se faça, é lícito aos cônjuges restabelecer, a todo tempo, a sociedade
conjugal, por ato regular em juízo.
Parágrafo único. A reconciliação em nada prejudicará o direito de terceiros,
adquirido antes e durante o estado de separado, seja qual for o regime de
bens.
II. manifesta distinção entre o seu nome de família e o dos filhos havidos
da união dissolvida;
Art. 1.581. O divórcio pode ser concedido sem que haja prévia partilha de
bens.
Art. 1.582. O pedido de divórcio somente competirá aos cônjuges.
EFEITOS DA SEPARAÇÃO
a. Efeitos pessoais: em relação às pessoas dos cônjuges, temos os
seguintes efeitos:
Entidades Familiares
1.1. As Formas de Constituição das Famílias
As espécies mais conhecidas e difundidas de constituição das famílias na
doutrina e na legislação são:
a) Família Matrimonial: é a formada pelo casamento (art. 226 da CF)
b) Família Monoparental: é aquela dirigida por uma só pessoa, o homem
ou a mulher, e ocorre nos casos de separação, divórcio, viuvez ou mesmo
nos casos de pais e mães solteiros com seus filhos. Também prevista na
CF.
c) Família Homoafetiva: formada por pessoas do mesmo sexo. A
expressão “união homoafetiva” foi cunhada por Maria Berenice Dias.
d) Família Mosaico: Família formada por pessoas que já foram casadas por
mais de uma vez e que trazem para essa nova família os filhos dos vários
relacionamentos. É uma espécie de família reconstituída.
e) Família Anaparental: É uma espécie controvertida de família, uma vez
que não há unanimidade na doutrina sobre essa formação. É composta pela
união de pessoas que podem ou não ter vínculos familiares biológicos.
Pessoas agregadas também podem compor um vínculo de família através
do afeto. Admite-se que a família possa ser integrada por outras pessoas,
sem vínculos familiares tradicionais.
1.2. Casamento
O casamento é a união solene entre pessoas de sexos diferentes entre si,
para a constituição de uma família e a satisfação de interesses próprios e de
eventual prole. Esse é o conceito básico do Código Civil , porém, atualmente
já é não apenas reconhecido mas também admitido o casamento entre
pessoas do mesmo sexo. Desde maio de 2013, a resolução 175 do CNJ
proíbe a discriminação no reconhecimento de uniões homoafetivas e na
celebração do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Assim, apesar da disposição do art. 1514 do Código Civil que prevê a
realização do casamento entre homem e mulher, já se admite o casamento
homoafetivo, apesar da grande controvérsia a respeito da forma como se
deu essa previsão.
O casamento exige para sua existência, do consentimento dos nubentes e
de celebração solene, feita por celebrante competente. Para ser válido, o
casamento não pode conter vícios nem impedimentos.
O casamento é civil, apesar de se admitir p casamento religioso (art.1515)
na forma prevista no Código Civil. Também se admite o casamento por
procuração ( art.1542 CC), o casamento consular ( Art. 1544 CC) , e o
casamento nuncupativo (art. 1540 CC) .
A idade núbil (idade para casar) ocorre aos dezesseis anos. Mas aos
dezesseis anos será necessário a autorização dos pais para o casamento.
Neste caso, tal lei 13.146 de 2015 que institui o Estatuto da Pessoa com
Deficiência (publicada no dia 7 de julho e entrou em vigor 180 dias após sua
publicação). Assim, entre vários comandos que representam notável avanço
para a proteção da dignidade da pessoa com deficiência, a nova legislação
altera e revoga alguns artigos do Código Civil (arts. 114 a 116), trazendo
grandes mudanças estruturais e funcionais na antiga teoria das
incapacidades, o que repercute diretamente para institutos do Direito de
Família, como o casamento, a interdição e a curatela.
Destaca-se o art. 6º da Lei 13.146/2015, segundo o qual a deficiência não
afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para: a) casar-se e
constituir união estável; b) exercer direitos sexuais e
reprodutivos; c) exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter
acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento
familiar; d) conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização
compulsória; e) exercer o direito à família e à convivência familiar e
comunitária; e f) exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção,
como adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais
pessoas. Em suma, no plano familiar há uma expressa inclusão plena das
pessoas com deficiência.
Em matéria de casamento também podem ser notadas alterações
importantes engendradas pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência. De
início, o art. 1.518 do Código Civil teve sua redação modificada, passando a
prever que, até a celebração do casamento, podem os pais ou tutores
revogar a autorização para o matrimônio. Não há mais menção aos
curadores, pois não se decreta mais a nulidade do casamento das pessoas
que estavam mencionadas no antigo art. 1.548, inciso I, ora revogado.
Enunciava o último diploma que seria nulo o casamento do enfermo menta l,
sem o necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil, o que
equivalia ao antigo art. 3º, inciso II, do Código Civil, que também foi
revogado, como visto. Desse modo, perdeu sustentáculo legal a
possibilidade de se decretar a nulidade do casamento em situação tal. Em
resumo, o casamento do enfermo mental, sem discernimento, passa a ser
válido. Filia-se totalmente à alteração, pois o sistema anterior presumia que
o casamento seria ruim para o então incapaz, vedando-o com a mais dura
das invalidades. Em verdade, muito ao contrário, o casamento é via de regra
salutar à pessoa que apresente alguma deficiência, visando a sua plena
inclusão social.
Seguindo no estudo das modificações do sistema de incapacidades, o art.
1.550 do Código Civil, que trata da nulidade relativa do casamento, ganhou
um novo parágrafo, preceituando que a pessoa com deficiência mental ou
intelectual em idade núbil poderá contrair matrimônio, expressando sua
vontade diretamente ou por meio de seu responsável ou curador (§ 2º).
Trata-se de um complemento ao inciso IV da norma, que prevê a anulação
do casamento do incapaz de consentir e de manifestar de forma inequívoca
a sua vontade. Advirta-se, contudo, que este último diploma somente gerará
a anulação do casamento dos ébrios habituais, dos viciados em tóxicos e
das pessoas que, por causa transitória ou definitiva, não puderem exprimir
sua vontade, na linha das novas redações dos incisos II e III do art. 4º da
codificação material.
Como decorrência natural da possibilidade de a pessoa com deficiência
mental ou intelectual se casar, foram alterados dois incisos do art. 1.557,
dispositivo que consagra as hipóteses de anulação do casamento por erro
essencial quanto à pessoa. O seu inciso III passou a ter uma ressalva, eis
que é anulável o casamento por erro no caso de ignorância, anterior ao
casamento, de defeito físico irremediável que não caracterize deficiência ou
de moléstia grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de
pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência (destacamos
a inovação).
Em continuidade, foi revogado o antigo inciso IV do art. 1.557 do CC/2002
que possibilitava a anulação do casamento em caso de desconhecimento de
doença mental grave, o que era tido como ato distante da solidariedade “a
ignorância, anterior ao casamento, de doença mental grave que, por sua
natureza, torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado”.
(TARTUCE, 2016).
Por fim, ressalta-se que o casamento será anulável nos casos previstos no
artigo 1550 CC, por defeito de idade, por vício da vontade, revogação de
mandato ou incompetência relativa da autoridade celebrante. Apenas os
próprios cônjuges ou seus representantes legais em casos excepcionais
podem arguir a nulidade relativa ou anulabilidade do casamento, nos prazos
decadenciais previstos no Código Civil. Os efeitos da sentença anulatória
também retroagirão à data da celebração do casamento.
1. Regime de bens
Não havendo estipulação em contrário por parte dos companheiros, será
aplicado à união estável, por analogia, o regime da comunhão parcial de
bens. Mas nada impede que os companheiros ajustem outro tipo de regime
patrimonial, sempre por escrito. A forma não precisa ser a mesma do
casamento, ou seja, por escritura pública e pacto antenupcial, em função da
informalidade que reveste a união estável. Porém o instrumento público dá
mais segurança aos companheiros. O acordo, uma vez concretizado,
também pode ser usado como meio de prova da existência da união estável.
Dessa forma, os companheiros também podem escolher entre o regime da
comunhão universal, comunhão parcial, separação de bens ou participação
final nos aqüestos, desde que o façam por escrito (artigo 1725 do Código
Civil).
Diante da disposição legal aplicável à união estável com relação ao regime
de bens, pode-se afirmar que fica excluída da união estável, ou seja, de
eventual partilha de bens entre os companheiros:
I - os bens que cada companheiro possuir ao estabelecer a união
estável;
II - os bens havidos por doação ou sucessão, mesmo que a doação ou
a herança ocorra na constância da união estável;
III - bens adquiridos na constância da união estável com recursos
exclusivamente pertencentes a um dos companheiros, provenientes da
venda de bens doados ou herdados durante a união estável;
IV - as obrigações (dívidas) anteriores à união estável;
V- as obrigações provenientes de ato ilícito, salvo se reverterão em
proveito de ambos os companheiros;
VI - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão;
VII - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
VIII - pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes;
IX - os bens cuja aquisição tiver por título uma causa anterior à união.
Família Homoafetiva:
Generalidades
2 - Reconhecimento da União Homoafetiva pelo STF
O Supremo Tribunal Federal reconheceu, em 2011, a união homoafetiva
como entidade familiar, ao julgar a Ação Direta de Inconstitucionalidade
(ADIn) n. 4277 e a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental
(ADPF) n. 132, estabelecendo a isonomia de direitos entre casais hetero e
homossexuais.
A base da decisão foi a igualdade assegurada na Constituição Federal. A
decisão do STF tem efeito vinculante, e tem por objetivo garantir todos os
direitos advindos das uniões estáveis reconhecidas.
Para ser considerada uma união estável, assim como para os casais
heterossexuais, serão necessários alguns requisitos. Não há um prazo
mínimo de convivência, mas deve haver uma convivência pública,
duradoura, contínua, e com a intenção de se constituir uma família, nos
termos do atual Código Civil.
Filiação
DA IGUALDADE ENTRE OS FILHOS
De acordo com o princípio da igualdade de tratamento entre os filhos, não é
permitido nenhum tipo de discriminação em função da origem da filiação. A
Constituição Federal de 1988, em seu artigo 227 estabeleceu a igualdade
plena de tratamento entre filhos havidos ou não do casamento. Em função
disso, aos filhos devem ser assegurados os meios para preservação e
desenvolvimento de seus direitos fundamentais e todos os demais direitos
da personalidade.
É proibida a prática de qualquer ato que possa prejudicar os interesses da
criança e do adolescente. Além da consagração do princípio da não
discriminação e da igualdade entre os filhos havidos ou não do casamento,
adotou-se o princípio do melhor interesse do menor, integrado ao
ordenamento jurídico pátrio desde 1.990, quando entrou em vigor o Estatuto
da criança e do adolescente.
Por fim, o art. 1596 dispôs expressamente sobre a igualdade entre os filhos:
“Os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção, terão
os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações
discriminatórias relativas à filiação.”
Verifica-se que a previsão de igualdade é aplicada tanto aos filhos naturais
ou biológicos , quanto aos adotivos.
Filiação: Presunção de
Paternidade
DA PRESUNÇÃO LEGAL DE PATERNIDADE
O art. 1597 do CC, incisos I a V, tratam da presunção legal de paternidade.
É uma presunção juris tantum (relativa) com relação ao pai, baseada em
probabilidades. Com relação a terceiros, trata-se de presunção juris et de
jure (absoluta), porque ninguém pode por em dúvida a paternidade atribuída
a outro indivíduo, por falta de legitimidade para a ação.
Nosso Código Civil adotou a teoria romana pela qual “pater is est quem
justae nuptiae demonstrant” (pai é aquele que o casamento indica como
tal)” . Dessa forma, o marido é o pai dos filhos nascidos de sua mulher após
o casamento, até que em ação movida exclusivamente pelo marido, se prove
o contrário.
É importante frisar que a presunção de paternidade não se aplica às uniões
estáveis, por força do texto do artigo 1597 caput, que faz menção expressa
apenas aos filhos advindos do casamento. Ao fazer referência expressa da
presunção de filiação durante a constância do casamento, o legislador
não garantiu idêntica proteção aos filhos nascidos durante a constância de
uma união estável. Assim, companheiro em união estável pode se negar a
reconhecer o filho nascido de sua companheira, devendo ser proposta a
competente ação de investigação de paternidade para garantir o
reconhecimento da paternidade á criança.
A lei presume a filiação havida na constância do casamento, do nascido:
a) em no mínimo 180 dias após o início da convivência conjugal;
Nesse caso, a paternidade não pode ser contestada se o marido, ao casar,
tinha conhecimento da gravidez de sua mulher. Também não poderá
contestar a paternidade se o suposto pai assistiu por si ou por procurador
habilitado, à lavratura do registro de nascimento sem contestar.
O prazo mínimo de gestação é de cerca de seis meses, de acordo com a
Medicina, havendo viabilidade para o nascimento da criança. Por isso foi
adotado esse parâmetro para a presunção.
b) em 300 dias, subsequentes à dissolução da sociedade conjugal;
Se a mulher contrair novo casamento e der a luz a um filho seu, este será
presumivelmente do primeiro marido se nascer nos 300 dias contados de
sua morte, do divórcio ou outra forma de extinção do casamento.
Esse prazo de 300 dias foi adotado porque uma gestação humana não
ultrapassa esse período, de acordo com a Medicina.
O art. 1600 dispõe que o adultério da mulher, mesmo que confessado, não
é suficiente para afastar a presunção legal de paternidade. O legislador
assim resolveu para que ficassem protegidos o estado de filiação e os
interesses do menor, considerados mais relevantes.
c) havido a partir de inseminação artificial feita com prévia autorização do
marido.
O legislador estabeleceu as seguintes presunções de paternidade a partir
das técnicas de reprodução humana assistida: a da fecundação artificial
homóloga, a dos embriões excedentários e a da inseminação artificial
heteróloga expressamente consentida previamente pelo marido. As
questões envolvendo essa forma de reprodução, e consequentemente, da
presunção de paternidade, são polêmicas, e por isso, serão tratadas em
tópico próprio.
2 - DA REPRODUÇÃO ASSISTIDA
A reprodução assistida, ou inseminação não-natural, ainda tem muitos
opositores, sobretudo entre os religiosos e determinados grupos sociais, que
entendem como verdadeira e legítima apenas a reprodução natural.
3 - Inseminação artificial homóloga
A inseminação artificial homóloga é a que contém material genético
proveniente dos próprios cônjuges interessados em ter filhos. Ou seja, o
marido é quem fornece o material genético, isto é, o esperma, enquanto é
utilizado o óvulo da própria mulher. Nessas condições , presume -se que o
filho assim concebido é filho havido na constância do casamento.
O Código Civil atribui efeitos jurídicos à inseminação homóloga,
determinando a presunção de paternidade do doador do material genético,
ou seja, o marido. O uso desse material genético depende da anuência
prévia do doador, já que trata-se de propriedade destacada de seu corpo. A
disposição sobre a fecundação homóloga está diretamente relacionada com
o previsto no artigo 1.799, I, do CC. O marido, ao elaborar seu testamento,
pode contemplar os filhos que serão concebidos com material genético
congelado.
Se o marido estiver falecido, mas já tiver dado sua autorização, a
inseminação poderá ser feita, e a paternidade atribuída ao falecido.
Entretanto, o Código Civil não dispõe sobre inseminação post
mortem realizada sem autorização do marido falecido. Esses casos deverão
ser analisados individualmente, pois afetam não apenas a questão da
paternidade, como também os direitos sucessórios dos eventuais herdeiros
do falecido. A questão é bastante polêmica.
Do Reconhecimento Voluntário
O reconhecimento voluntário decorre da livre manifestação do suposto pai
em assumir a paternidade de um filho, fruto de uma relação sexual por ele
mantida com uma mulher , ou ainda de uma inseminação artificial não
consentida.
O reconhecimento voluntário da paternidade pode ser feito:
a) no registro de nascimento;
b) por meio de escritura pública ou de instrumento particular arquivado no
cartório;
c) por meio de disposição testamentária, sendo esta uma hipótese de
reconhecimento post mortem;
d) perante o juiz de direito.
Assim, caso seja investigação de paternidade post mortem, tal medida será
ajuizada em face do espólio do de cujus.
Entre os meios de prova admitidos nessa ação, a prova fundamental é a
pericial , pois a rigor, a paternidade não possui sinais exteriores.
Evidentemente podem haver sinais de semelhança física entre o suposto pai
e o autor da ação, mas esse fato por si só não é conclusivo.
Outras provas poderão ser admitidas, mas seu valor deverá ser analisado
cuidadosamente pelo juiz, de acordo com o caso concreto. É o caso das
provas testemunhais e documentais.
A recusa do suposto pai em realizar o exame pericial, com base no princípio
de que ninguém é obrigado a produzir prova contra si, é possível. Mas se
ocorrer a recusa, esta gerará a presunção relativa de paternidade,
admitindo-se prova em sentido contrário. A questão está prevista na súmula
301 do STJ:
“Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se não exame
de DNA induz presunção juris tantum de paternidade”
Filiação : Paternidade
Socioafetiva e Negatória de
Paternidade
Paternidade Socioafetiva
O que se vive hoje é o reconhecimento da importância da paternidade ou
maternidade biológica, porém, sem a prevalência da verdade genética sobre
a afetiva. Ou seja, existem situações em que a filiação é construída com
base na socioafetividade, independentemente do vínculo genético, esse
afeto prevalece sobre a própria verdade biológica.
A Negatória de Paternidade
A paternidade pode ser impugnada por aquele cujo nome veio declarado no
registro de nascimento da criança. Esse é o que chamamos de pai registral.
A ação adequada para desconstituir a declaração do registro é a negatória
de paternidade, prevista no artigo 1601 do CC. A ação é imprescritível e
personalíssima, pois somente o pai registral pode ajuizá-la.
Uma vez iniciada a ação negatória de paternidade, seus herdeiros podem
prosseguir no processo em caso de falecimento do autor, mas não têm
legitimidade para a propositura da ação, uma vez que a ação é
personalíssima, como já mencionamos.
A intenção do legislador ao determinar a imprescritibilidade da ação
negatória de paternidade foi equipara os direitos do filho aos direitos do pai,
pois a ação de investigação de paternidade sempre foi imprescritível. No
Código Civil anterior, a negatória de paternidade prescrevia em dois anos.
Apesar das boas intenções, a imprescritibilidade da negatória pode gerar
grandes problemas para os filhos e sua identidade. Se imaginarmos que um
pai pode promover a ação até contra seu filho adulto de qualquer idade,
perceberemos que a ação pode até destruir famílias, pois toda a relação de
afeto poderá ruir por conta da propositura da ação.
A ação negatória de paternidade pode ser ajuizada pelo pai biológico que
pretende desconstituir o vínculo estabelecido mediante registro civil.
Entretanto, caso o vínculo tenha se estabelecido entre o pai registral e o
filho, transformando-se em filiação socioafetiva, o vínculo registral deve ser
mantido, a fim de se proteger a família e preservar o afeto que se
estabeleceu. É nesse sentido que muitos tribunais têm decidido.
Nos casos de caracterização de filiação socioafetiva, não cabe à
procedência da ação negatória de paternidade nem mesmo quando os
interessados se sujeitaram à realização do exame de DNA o resultado foi
negativo. Essa é a tendência da jurisprudência.
Poder Familiar
Conceito e Características do Poder Familiar
Poder familiar é o conjunto de direitos e deveres atribuídos aos pais, no que
se refere à pessoa e aos bens dos filhos menores.
O poder familiar atribui muitos deveres aos pais e alguns direitos. Aos pais
cabe zelar pelos bens dos filhos, por sua educação e segurança. Também
cabe aos pais, por força do poder familiar, representar os filhos menores em
juízo ou fora dele.
Percebemos que o poder familiar é instituído no interesse dos filhos e da
família, e não em proveito dos pais, sobretudo em respeito ao princípio
constitucional da paternidade responsável, estabelecido no artigo 226, § 7º,
da Constituição Federal.
“Art. 1.634. Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores:
I - dirigir-lhes a criação e educação;
II - tê-los em sua companhia e guarda;
III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem;
IV - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro
dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder
familiar;
V - representá-los, até aos dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-
los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o
consentimento;
VI - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;
VII - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de
sua idade e condição."
Quanto aos bens dos filhos, o artigo 1.689 do CC regula a questão dispondo
sobre os direitos e deveres dos pais, nos seguintes termos:
Dispõe o artigo 1.693, do Código Civil sobre os bens que são excluídos do
usufruto e da administração dos pais, determinando que:
O inciso I faz referência à extinção que ocorre com a morte dos pais, pois
com a morte desaparecem os titulares dos direitos. Ainda quanto ao inciso
I, no que se refere à morte do filho; a emancipação, tratada no inciso II; e a
maioridade do inciso III, ocorre a extinção porque desaparece a f igura do
menor, objeto da proteção no poder familiar.
A adoção extingue o poder familiar dos pais naturais, transferindo -o ao
adotante(s). Assim, é causa simultânea de extinção e de aquisição do poder
familiar.
O último inciso do artigo em comento trata das decisões judiciais,
fundamentadas no artigo 1.638 do mesmo diploma legal. Dispõe o art. 1.638:
Guarda de Filhos
Espécies de guarda
São espécies de guarda:
a. Guarda unilateral: de acordo com o parágrafo 1º do artigo 1.583 do CC,
essa guarda é atribuída a apenas um dos genitores, ou a alguém que o
substitua. A guarda unilateral será concedida ao genitor que tenha melhores
condições para exercê-la, e assim, proporcionar aos filhos o afeto nas
relações familiares, saúde, segurança, educação etc. A guarda unilateral
obriga o genitor que não detenha a guarda, a supervisionar o interesse dos
filhos.
b. Guarda compartilhada: o mesmo art. 1583, parágrafo 1º dispõe sobre a
guarda compartilhada como sendo a responsabilização conjunta e o
exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo
teto, referentes ao poder familiar dos filhos comuns. Não deve ser
confundida com guarda alternada. É uma opção interessante para preservar
o melhor interesse dos filhos, porém, é muito importante que o casal tenha
uma convivência harmônica para que seja possível o deferimento desta
modalidade de guarda. É a forma eleita pelo Código como a mais adequada,
embora na prática não esteja sendo aplicada com tanta frequência,
justamente pelos problemas encontrados no relacionamento entre os pais
dos filhos menores.
c. Guarda alternada: nesse formato, tanto a guarda jurídica quanto a
material são atribuídas a um e ao outro genitor, o que significa uma
alternância no período em que o menor mora com cada um dos pais. Assim,
cada um dos genitores, no período de tempo previamente estabelecido a
eles, exerce de maneira exclusiva a totalidade dos direitos e deveres que
integram o poder parental. Essa forma é desprezada pela doutrina e pela
jurisprudência, porque a criança perde seus referenciais, uma vez que não
terá um lar fixo.
d. Guarda do ninho: Nesse formato, os pais de revezam, mudando-se para
a casa onde vivem os menores, em períodos alternados de tempo. É uma
forma inviável, pois tem alto custo de manutenção, além do desgaste dos
pais com as constantes mudanças.
e. Guarda provisória ou temporária: é atribuída provisoriamente a um dos
genitores, ou até a um terceiro, enquanto a guarda definitiva é discutida em
ação judicial.
f. Guarda definitiva: guarda fixada em sentença. É importante lembrar que
a guarda nunca é perpétua, podendo ser modificada a qualquer tempo, em
respeito ao princípio do melhor interesse do menor previsto no ECA.
Dentre as espécies de guarda, as mais relevantes são mesmo a guarda
unilateral e a compartilhada, previstas expressamente no atual Código Civil.
Características da guarda
Nosso Código Civil, como já dissemos, deu preferência à guarda
compartilhada quando esta for fixada pelo juiz (art. 1.584, par. 2º).
Entretanto, antes de ser fixada, é preciso que o juiz verifique a condição do
relacionamento entre os pais, essencial para que os filhos menores tenham
um bom ambiente para se desenvolver.
Em termos de procedimento, em audiência de conciliação, o juiz informará
ao pai e à mãe as consequências e as responsabilidades da guarda, seja
ela unilateral ou compartilhada.
Especificamente nos casos de guarda compartilhada, para estabelecer as
atribuições do pai e da mãe, e ainda, para fixar os períodos de convivência
sob guarda compartilhada, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento do
Ministério Público, poderá basear suas decisões em orientações técnico -
profissionais ou de equipe interdisciplinar. Essa é uma regra importante, já
que o juiz poderá contar com a colaboração de profissionais com formação
técnica para ajuda-lo a perceber quem terá melhores condições de exercer
a guarda, tais como psicólogos e assistentes sociais.
Se houver alteração não autorizada ou o descumprimento sem motivação de
cláusula de guarda, unilateral ou compartilhada, o juiz poderá reduzir as
prerrogativas atribuídas ao guardião, inclusive quanto ao número de horas
de convivência com os filhos.
Caso o juiz entenda que o filho não deva ficar sob a guarda de um dos
genitores, a guarda poderá ser deferida a pessoa que mostre
compatibilidade com a natureza da medida, devendo ser considerados nesse
caso, o grau de parentesco, o afeto e a afinidade entre o terceiro e os
menores.
Como é possível a flexibilização da guarda, em função do princípio do melhor
interesse do menor, o juiz poderá, havendo motivos graves, regular a guarda
de maneira distinta das estabelecidas expressamente na lei.
A mãe ou o pai que contrair novo casamento não perderá o direito à guarda
dos filhos, que só lhe poderão ser retirados mediante mandado judicial, se
ficar provado que não são tratados adequadamente.
O pai ou a mãe em cuja guarda não estejam os filhos, poderá visitá-los e tê-
los em sua companhia, de acordo com o que ficar decidido com o outro
genitor, ou for fixado pelo juiz, assim como fiscalizar sua manutenção e
educação.
Todas as disposições referentes à guarda e prestação de alimentos aos
filhos menores estendem-se aos maiores incapazes.
Direito de visitas
O Artigo 1.589 do CC dispões sobre o direito de visitas:
O pai ou a mãe, em cuja guarda não estejam os filhos, poderá visitá-los e
tê-los em sua companhia, segundo o que acordar com o outro cônjuge, ou
for fixado pelo juiz.
O que deve prevalecer na fixação das visitas é o interesse da criança. É uma
situação difícil para os filhos, pois têm que se habituar à separação de seus
pais. Os genitores não dever perder esse interesse de vista. Quanto mais
discussões e divergências existirem entre os pais, mais difícil será a
adaptação da nova situação para a criança.
Se um dos pais tem o direito de guarda dos filhos menores, o outro genitor
tem o direito de visitas assegurado por lei. Em alguns casos, os pais querem
estar com os filhos, e outro pode tentar impedir a visita. Essa situação pode
ser gerada por vários fatores: brigas do casal, atraso no pagamento da
pensão alimentícia, mágoas e outros. Essa conduta pode acarretar um grave
problema: a alienação parental, que estudaremos no próximo tópico.
O atraso no pagamento de alimentos aos menores não tem relação alguma
com o direito de visitas. Se o pagamento da pensão estiver em atraso, quem
tiver a guarda do filho deve ingressar com uma ação judicial de execução de
alimentos. O impedimento da visita prejudica não só o devedor, mas também
os filhos.
As visitas dos filhos devem ser estabelecidas pelo Juiz na própria ação de
divórcio, separação ou na ação de regulamentação de guarda cumulada com
regulamentação de visitas. Deverão ser fixados os dias e horários de visitas,
bem como a definição de quem estará com os menores nos períodos de
férias e feriados.
Direito de visitas dos avós: Mesmo a guarda sendo deferida a um ou
ambos os pais, os avós têm o direito de visitar os netos. Essa convivência
familiar é fundamental para o bom desenvolvimento e bem-estar dos
menores e também dos avós.
A lei 12.938/2011 regulamentou a matéria, acrescentando o parágrafo único
ao artigo 1.589 do CC, para determinar que o direito de visitas estende -se a
qualquer dos avós. Essas visitas deverão ser fixadas pelo juiz, caso não haja
acordo com os genitores.
Também foi modificado o art. 888 do CPC, nos seguintes termos:
Art. 888 (...)
VII - A guarda e a educação dos filhos, regulado o direito de visita que, no
interesse da criança ou do adolescente pode, a critério do juiz, ser extensivo
a cada um dos avós”
Dessa forma, os avós terão direito de buscar judicialmente a regulamentação
de visitas aos netos.
Alienação parental e a SAP
A alienação parental é uma conduta promovida por um dos genitores junto
aos filhos menores, a fim de apagar, prejudicar ou denegrir a imagem e a
reputação do outro genitor. Pode até ser promovida por outras pessoas
ligadas aos menores. Essa conduta pode acarretar um grande mal ao menor,
principalmente a Síndrome da alienação parental – SAP, que é um distúrbio
da infância que aparece quase exclusivamente no contexto de disputas de
custódia de crianças. Sua manifestação preliminar é a campanha
denegritória contra um dos genitores, uma campanha feita pela própria
criança e que não tenha nenhuma justificação. Resulta da combinação das
instruções de um genitor (o que faz a "lavagem cerebral, programação,
doutrinação") e contribuições da própria criança para caluniar o genitor-alvo.
Quando o abuso e/ou negligencia parentais verdadeiros estão presentes, a
animosidade da criança pode ser justificada, e assim a explicação de
Síndrome de Alienação Parental para a hostilidade da criança não
é aplicável2 .
Em nosso ordenamento jurídico, a questão ganhou relevância em função da
promulgação da lei 12.318, de 26 de agosto de 2010 - A lei da alienação
parental.
O art. 2º da referida lei estabelece que:
Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação
psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos
genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou o adolescente sob
a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause
prejuízo ou estabelecimento ou à manutenção de vínculo com este.
A lei da alienação parental nasceu da necessidade de se atribuir mais
poderes, aos juízes para que fossem preservados os direitos fundamentais
da criança e do adolescente, vítimas de abusos realizados por seus pais ou
responsáveis, punindo ou inibindo condutas que violem os deveres inerentes
à autoridade parental ou decorrentes da tutela ou da guarda dos menores.
O parágrafo único da referida lei prevê algumas formas exemplificativas de
alienação parental:
I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício
da paternidade ou maternidade;
II - dificultar o exercício da autoridade parental;
III - dificultar o contato da criança ou adolescente com genitor;
IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar;
V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre
a criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de
endereço;
VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou
contra avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou
o adolescente;
VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a
dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com
familiares deste ou com avós.
É bom lembrar que o rol previsto no dispositivo não é taxativo, sendo
possível ainda, o reconhecimento de outros atos praticados, declarados pelo
Juiz ou constatados por perícia.
As consequências da Síndrome da alienação parental para a criança e o
adolescente são muito graves Podem ser citadas as seguintes:
apresentação de distúrbios psicológicos como depressão, ansiedade e
pânico; desenvolvimento de vício em drogas e álcool como forma de aliviar
a dor e o sentimento de culpa; suicídio; não conseguir uma relação estável
na idade adulta ;possuir problemas de gênero, diante da desqualificação do
genitor atacado; e até a repetição do mesmo comportamento quando tiver
filhos.
Constatada a alienação, caberá ao Juiz, nos termos da lei:
Advertir o alienador;
Aumentar a convivência da vítima com o genitor prejudicado, sendo
possível até uma alteração da guarda para compartilhada ou
mesmo inverter a guarda inicialmente fixada;
Alimentos: Espécies
A classificação das espécies de alimentos é doutrinária, embora algumas
dessas denominações estejam presentes do Código Civil e no Código de
Processo Civil. Porém todas têm base legal, sendo algumas espécies mais
populares que outras. É importante dizer que a classificação do instituto,
sendo teórica e doutrinária, pode divergir de um doutrinador a outro, pois
dependerá da metodologia adotada por cada um. A classificação adotada
aqui é baseada no trabalho dos professores Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo
Pamplona Filho.
Alimentos: Legitimidade e
Renúncia aos Alimentos
Legitimidades ativa no direito aos alimentos
Os alimentos podem ser pleiteados reciprocamente entre os cônjuges,
companheiros e parentes consanguíneos ou civis. Se o parentesco for
apenas por afinidade, não há obrigação alimentar.
O parentesco na linha reta pode ser ascendente ou descendente, e nessas
situações, a obrigação alimentar atinge infinitas possibilidades. O
parentesco na linha colateral extingue-se no 4º grau, mas com relação à
obrigação alimentar, está se restringe aos irmãos (parentes em 2º grau).
Tios e sobrinhos, a princípio, não devem alimentos uns aos outros.
Entretanto, existe entendimento na doutrina que, uma vez que os direitos
sucessórios atingem os colaterais até o quarto grau, haveria em
contrapartida o ônus da obrigação alimentar, caso não haja outra
possibilidade de subsistência.
A regra para a prestação de alimentos com relação ao parentesco é a de
que o grau mais próximo exclui o mais remoto, ou seja, entre o pai e o avô,
a obrigação recairá sobre o pai, e assim sucessivamente.
Com relação ao idoso, existe ainda legitimidade prevista em lei. O art. 14 do
Estatuto do Idoso estabelece que:
“Se o idoso ou seus familiares não possuírem condições econômicas de
prover o seu sustento, impõe-se ao Poder Público esse provimento, no
âmbito da assistência social”
Nesses casos, a ação é ajuizada na Justiça Federal, contra o INSS, e
geralmente a pensão é fixada em um salário mínimo.
Alimentos: Os Alimentos
Gravídicos
Os alimentos gravídicos foram introduzidos em nosso ordenamento pela Lei
11.804 de 05 de novembro de 2.008.
Os Alimentos gravídicos se constituem em verba de caráter alimentar, e
destinam-se às despesas adicionais do período de gravidez e as decorrentes
dessa condição, do momento da concepção ao parto, incluindo as referentes
à alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames
complementares, internações, parto, medicamentos e demais necessidades
prescritivas e terapêuticas indispensáveis à gestante, de acordo com o que
o médico julgar necessário e o juiz julgar adequado.
A Constituição Federal de 1.988 assegura ao menor os direitos fundamentais
à vida, saúde, alimentação, encargos estes que deverão ser providos pelos
pais. Esses deveres devem ser supridos para que ocorra o pleno
desenvolvimento da criança ainda no ventre materno. Daí a intenção de
legislador ao conceder a lei de alimentos gravídicos.
A norma visa proteger a mãe e o nascituro. A lei garante o direito aos
alimentos desde o momento da concepção, bastando para isso que
tenha indícios da paternidade para o requerimento da obrigação, que
permanecerá após o nascimento com vida da criança, convertendo-se então,
em pensão de alimentos a favor do filho. Essa conversão dependerá do
reconhecimento da paternidade.
Tem legitimidade para propor a ação de alimentos gravídicos a mulher
gestante. Os alimentos serão devidos durante toda a gravidez.
É importante lembrar que a gestante, ao propor Ação de Alimentos em face
do futuro pai, deve aduzir provas contundentes, que convençam o Juiz da
paternidade alegada. Denunciadas as provas, e convencido dos indícios da
paternidade, o juiz deverá fixar os alimentos gravídicos.
Esse é o teor do artigo 6º da mencionada Lei:
Art. 6º Convencido da existência de indícios da paternidade, o juiz fixará
alimentos gravídicos que perdurarão até o nascimento da criança,
sopesando as necessidades da parte autora e as possibilidades da parte ré.
Percebe-se que a segunda parte do artigo 6º acima mencionado deixa bem
claro que os alimentos concedidos devem observar as necessidades da
gestante e os recursos financeiros do suposto pai.
Não há dúvida que se trata de importante inovação em nosso Direito De
Família, pois até então, o nascituro não tinha essa ampla proteção e garantia
de subsistência
Tutela
Embora a tutela e curatela sejam institutos independentes entre si, possuem
um ponto em comum: ambos têm por objetivo a proteção de pessoas
incapazes, de fato e de direito, que necessitam da presença de outrem que
possam agir em nome delas. A tutela é múnus público, e tem caráter
personalíssimo.
A tutela é o poder conferido por lei ou pela vontade de terceiros, no caso, os
pais de um menor, à uma pessoa capaz, para que esta proteja e administre
bens de menor que esteja fora do poder familiar de seus pais.
Nos termos do artigo 932, II do Código Civil, o tutor é responsável pela
reparação civil pelos atos cometidos pelo tutelado que estiver sob sua
autoridade, e em sua companhia.
É permitido aos pais, com exclusividade e em conjunto, o direito de nomear
tutor, conforme dispõe o artigo 1.719 do Código Civil:
Para o tutor, cessa a tutela nos casos previstos no artigo 1.764 do CC:
Algumas pessoas não podem exercer a tutela, seja por questões morais,
pessoais ou mesmo para evitar a suspeição sobre os atos a serem
praticados no exercício da tutela. O art. 1.735 do CC elenca esses grupo de
pessoas:
“Art. 1.735. Não podem ser tutores e serão exonerados da tutela, caso a
exerçam:
I - aqueles que não tiverem a livre administração de seus bens;
II - aqueles que, no momento de lhes ser deferida a tutela, se acharem
constituídos em obrigação para com o menor, ou tiverem que fazer valer
direitos contra este, e aqueles cujos pais, filhos ou cônjuges tiverem
demanda contra o menor;
III - os inimigos do menor, ou de seus pais, ou que tiverem sido por estes
expressamente excluídos da tutela;
IV - os condenados por crime de furto, roubo, estelionato, falsidade, contra
a família ou os costumes, tenham ou não cumprido pena;
V - as pessoas de mau procedimento, ou falhas em probidade, e as culpadas
de abuso em tutorias anteriores;
VI - aqueles que exercerem função pública incompatível com a boa
administração da tutela.”
CURATELA
PESSOAS SUJEITAS À CURATELA
A curatela recai sobre os maiores incapazes. O artigo 1.767 do CC dispõe
sobre às pessoas sujeitas a curatela: