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Introdução

Neste trabalho apresentarei alguns aspectos do Egito Antigo que são


trabalhados no livro didático*, e a sua forma como é abordado. Com este intuito, não é
intenção deste trabalho fazer uma análise minuciosa desta civilização, e sim uma análise
se os fatos apresentados no livro didático apresentam alguma divergência, incoerência
ou distorção a partir da comparação com a leitura base**.

O EGITO ANTIGO NO LIVRO DIDÁTICO

No texto em análise não se levanta discussões acerca da origem dos egípcios, e


nem de sua “raça1”. Essas discussões poderiam suscitar reflexões da teoria
monogenética e também da origem da humanidade. Segundo Cheikh Anta Diop, o povo
egípcio era negro, sendo identificado esse aspecto, em suas pinturas, no relato de outros
povos contemporâneos dos antigos egípcios, e até na designação de termos que
evoquem essa característica para denominar aos deuses e a si mesmo como povo. Essa
discussão em um livro didático seria rica e construtiva do ponto de vista que
desmitificaria alguns aspectos de tal civilização.

A descrição do Rio Nilo é enfatizada pela sua importância numa terra cercada
por deserto, mas muito próspera no curso do rio, ora como fonte de sobrevivência, ora
como meio de locomoção e de grandes obras. Não obstante, estas obras – diques, canais
de irrigação, etc. – tão essenciais à vida no Egito, apenas tomaram força com o Estado
unificado na figura do faraó. Entretanto, o faraó parece ter sido um pouco ignorado no
trabalho dos autores, que não faz menção nem ao fundador da primeira dinastia egípcia
e unificador Menés. Tampouco é descrito personagens importantes e sendo suprimidas
trinta dinastias reais e além de omitir dois períodos importantes: o Primeiro e Segundo

1 Raça é um termo genérico, pois “dizem-nos que a biologia molecular e a genética


reconhecem apenas a existência de populações, e que o conceito de raça já não tem qualquer
significado” (DIOP, C.A. História Geral da África, vol. II, cáp. 1 pág.35)
Período Intermediário. Com relação às dinastias, seria importante em tal livro que
expusessem informações tais como: na primeira e segunda dinastia, os reis
concentraram seus esforços na consolidação única de poder e no dogma da divindade
faraônica. Isto pode explicar, por exemplo, como a partir da III dinastia o rei era
considerado um deus. Em contrapartida, a sociedade egípcia descrita está bem
estruturada, assim como a sua economia. Mesmo que não haja um aprofundamento de
tais áreas, é possível ter um bom entendimento.

Talvez um dos aspectos mais marcantes dos egípcios seja a religião. Este povo
acreditava veementemente na vida após a morte e dependendo da posição social do
indivíduo, o seu túmulo era diferente – no caso dos reis, as pirâmides - sendo a sua vida
no além túmulo, ao lado de Osíris. Fica evidente no texto em análise, essa relação com
os deuses e as características que os circundam e na maneira como eles se comportavam
diante destes, através da escrita, pintura e mesmo a mumificação. Contudo, não fica
claro outra característica desse povo, que seria a harmonia. A ética egípcia se baseia na
busca pela harmonia, sendo que o rei existe para mantê-la e Maât é o equilíbrio.

Apesar de ter muitos fatos resumidos e outros omitidos, as informações contidas


no livro didático estão de acordo com a leitura base para comparação. É possível ter um
razoável entendimento da cultura egípcia e dos aspectos que a caracterizam. Contudo,
não é possível ter um aprofundamento – uma civilização tão rica e vasta como o Egito e
de uma história tão grande não caberia em poucas páginas, como é o caso deste livro
didático, e talvez este seja o problema de omitir e resumir os fatos – mas acredito que o
texto cumpre o seu propósito: transmitir conhecimento e suscitar a curiosidade para um
eventual aprofundamento do tema.

BIBLIOGRAFIA

*PILETTI,Nelson, PILETTI,Claudino. História & Vida Integrada. São Paulo:


Ática, 2002.

**História Geral da África Vol.II, cáp.1-3.

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