A criança nasceu perfeita, com boa saúde, o pai está feliz, os avós também. Nada
aconteceu de errado, elas voltam com o bebezinho para casa, onde tudo foi preparado
para recebê-lo, mas são invadidas por uma espécie de melancolia que não sabem
explicar. Se esse sentimento for passageiro e desaparecer em alguns dias, não há
motivo para preocupação. Seu organismo passou por verdadeiras revoluções
hormonais nos últimos tempos que podem ter mexido com o sistema nervoso central.
Uma mulher, uma semana depois de ter dado à luz, com os sinais clássicos de tristeza
puerperal, que pode ter sido desencadeada até por privação do sono – às vezes, o
bebê acorda muito à noite – e por mudanças hormonais, recomendo que espere um
pouquinho, pois essa sensação desagradável poderá desaparecer em alguns dias sem
deixar vestígios. Ao contrário, se os sintomas foram se instalando gradativamente ao
longo de várias semanas e ficando piores a cada dia, ela pode estar desenvolvendo um
quadro de depressão pós-parto.
Infelizmente, a maior parte dessas mulheres não fica sabendo que está deprimida e
atribui os sintomas ao estresse, ou não tem suas queixas valorizadas pelo
companheiro, nem pelo pediatra que atende a criança, nem pelo obstetra que
acompanha o pós-natal.
O primeiro é que a tristeza não está relacionada só com o nascimento da criança. Não
está restrita ao fato de não se considerar boa mãe nem suficientemente capaz para
cuidar do bebê. A tristeza permeia outros contextos de sua vida. A mulher deprimida
perde o interesse pelo programa de televisão que gostava de ver, pelas leituras que
lhe davam prazer, pela profissão. Às vezes, a licença-maternidade está chegando ao
fim e ela pouco se importa com a perda do emprego se não reassumir o cargo.
Como, muitas vezes, ela interrompe o tratamento temendo que a medicação possa
prejudicar a criança, o risco de a doença agravar-se depois do parto aumenta muito.
Uma das sugestões é desprezar o leite colhido algumas horas depois de tomada a
medicação, aquele em que os componentes da droga estão mais concentrados, e
oferecer o colhido mais tarde. Isso diminui a exposição da criança ao antidepressivo e
permite utilizá-lo durante o aleitamento.
Muita gente confunde depressão pós-parto com os casos de psicose em que a mãe
agride e eventualmente mata o filho. Existe alguma relação entre essas duas
doenças?
Em relação ao filho, o que a mãe pode fazer quando está com depressão pós-parto?
Isso não significa que a depressão materna não possa prejudicar a criança. Mulher
deprimida cuida menos de si própria e, por tabela, cuida menos do bebê, estimula-o
emocionalmente menos e tem menos interesse em amamentá-lo ou em brincar com
ele. Por isso, essas crianças acabam tendo um desenvolvimento neuropsicomotor mais
lento, começam a falar e a andar mais tarde, o que não quer dizer que esse retardo no
crescimento não possa ser compensado depois.
O QUE É PUERPÉRIO?
É uma fase de muitas transformações, o corpo muda demais, o útero que estava 150
vezes maior que seu tamanho natural, começa a diminuir, cada dia que passa diminui
cerca de 1cm, as cólicas são comuns nos primeiros momentos, sobretudo ao
amamentar, é muito comum acontecerem sangramentos e incontinência urinária.
A dilatação e inchaço na região vaginal também é comum nessa fase, as mamas mais
do que dobram de tamanho com a chegada do leite e ficam bem doloridas.
Mas não é só o corpo que muda, a cabeça, a o trabalho, a vida sexual, vida social. E
principalmente o que a esmagadora quantidade de mulheres sente nesse período é a
sensação de se sentir muito só.
Existe um período específico no qual parece que as coisas se tornam ainda mais
complicadas, entre 16h e 20h, é a famosa hora da bruxa
Apesar do nome um pouco diferente, a hora da bruxa se trata, entre outros fatores
relacionados ao organismo de cada indivíduo, do acúmulo de irritação no final do dia,
quando o bebê chora sem parar – e sem motivo aparente – para extravasar e aliviar
o estresse e o cansaço do dia todo. Neste momento, é normal que os adultos se
sintam inseguros e sem saber o que fazer. Será cólica? Fome? Pode ser que algum dia
ou outro, o bebê realmente esteja com algum desconforto ou dor, mas é importante
também saber diferenciar os motivos do choro do seu pequeno. O choro da hora da
bruxa, por exemplo, é um choro inconsolável, cansado e contínuo, que não cessa tão
facilmente.