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Política de Comércio Exterior Brasileiro – a agenda de acordos internacionais dos

países do Mercosul.
Acadêmicos: Ana Paula Ehlers, Augusto Kepler Rehn, Leonardo Prado.

Introdução:
O Brasil nos últimos anos vem passando por um declínio em seus mercados e na
sua competividade das exportações e importações internacionais, apesar de sua balança
comercial brasileira apresentar saldos positivos, justificado pela alta do preço dos
commodities. O Brasil é um dos países mais fechados do mundo acarretando na baixa de
novos acordos internacionais, e essa falta de novos acordos desestimula a inovação e a
competividade internacional das empresas domésticas. A falta de novos acordos
comerciais aumenta uma estagnação no país, cujo é extremamente dependente do
mercado interno.

Brasil e o Nascimento do Comércio Internacional Integrado


Nosso país, rico em sua geografia e história, apresenta situação um tanto
controvérsia no que diz a respeito à formação do Mercosul. Para PINTO (2000), tal
divergência histórica dada nos últimos 200 anos, ainda na formação do Brasil como
nação, bem como dos nossos vizinhos, Argentina, Paraguai e Uruguai, os conflitos entre
esses países na época, faz com que uma visão de criação de um bloco econômico estável
e, que seus integrantes possam inclusive compartilhar de estratégias comuns para se
consolidar no cenário internacional.
No intuito de promover o desenvolvimento e o crescimento econômico para
obterem maior destaque de seus produtos no mercado mundial, nasce em 26 de julho de
1991, através do tratado de Assunção, o Mercado Comum do Sul - Mercosul, tendo como
signatários Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. O tratado, tem por objetivo conforme
afirma BRASIL (2013), citado por MARCELINO (2013):
A integração dos Estados partes por meio da livre circulação de bens,
serviços e fatores produtivos, do estabelecimento de uma Tarifa Externa
Comum – TEC, e da adoção de uma política comercial comum, bem
como a coordenação das políticas macroeconômicas e setoriais, e a
harmonização de legislações nas áreas envolvidas ao bloco.
Em 2012, houve a inclusão Venezuela como membro do bloco, porém a mesma
excluída em 2017 por ruptura da ordem democrática (Bazzo e Franco, 2017), há ainda,
os países associados, no caso a Bolívia (1996), o Chile (1996), o Peru (2003), a Colômbia
e o Equador (2004). O Mercosul permite a associação de outros países, o seu regionalismo
aberto, autoriza que países associados participem das reuniões, mas estes não possuem
direito a voto (MARCELINO, 2013).

Exportações e a Comercialização do Brasil no Intrabloco


Brasil sendo o maior e mais influente membro do bloco, desde início, obteve
evolução constante nas exportações, bem como no aumento dos investimentos
estrangeiros por parte dos demais membros do Mercosul. (PINTO, 2000).

Gráfico 1

Fonte: Gráfico transcrito de PINTO (2000).

Segundo PINTO (2000), somente na primeira década de existência do Mercosul,


houve uma explosão nas exportações do Brasil, sobretudo, quem mais lucrou com o
tratado foi o estado do Rio Grande do Sul. As taxas médias anuais ficaram em torno dos
20,2% a 22,9%, respectivamente, mas em contraponto, as importações tiveram
crescimento entre 3,6% e 2,3%.

Tabela 1
Fonte: Tabela transcrita de PINTO (2000)

Através de PINTO (2000), se tem a seguinte conclusão acerca da comercialização


brasileira, fomentada pelo Rio Grande do Sul:
Com o podemos verificar, o déficit comercial acumulado, da ordem de
US$ 2,9 bilhões, incorrido pelo Rio Grande do Sul em relação ao
Mercosul, no período considerado, deveu-se, fundamentalmente, aos
produtos básicos, cujo saldo negativo atingiu US$ 4,9 bilhões. Em
contrapartida, o Estado foi superavitário no âmbito dos produtos
industrializados, especialmente no que se refere ao complexo
petroquímico e à metal-mecânica. Esse padrão de comércio,
obviamente, contribuiu para o aumento de especialização da economia
gaúcha na atividade industrial. E, o que é mais importante, essa
especialização ocorreu nos segmentos mais modernos da estrutura
industrial em detrimento dos setores tradicionais (PINTO, 2000, p. 11)

A partir do segundo decênio desde a fundação do bloco, as exportações e


importações do Mercosul cresceram em volumes consideráveis, conforme as tabelas
abaixo:

Tabela 2 - Exportações Mercosul + Associados, Por País 2002-2013 (Em Bilhões de US$)
Fonte: MRE/DPR/DIC

Tabela 3 - Importações Mercosul + Associados, Por País 2002-2013 (Em Bilhões de US$)

Fonte: MRE/DPR/DIC

A baixa do comércio exterior


Acordos de comércio exterior em primeiro lugar são apenas necessários por não
haver um mercado livre e aberto. Em países de economia aberta as pessoas podem focar-
se mais no que são boas a medida que os bens e serviços em que as mesmas pessoas
desses países não são tão boas, podem ser adquiridos por estrangeiros por importação.

A autossuficiência irrestrita não é uma realidade, as nações não são exclusas disso.
Para tanto o comércio existe, proporcionando mais sentido para a especialização. Dessa
forma o comércio livre sempre irá proporcionar maiores probabilidades de que regiões
produzam mais eficientemente seus melhores bens e serviços e importem os que também
outras regiões produzam de maneira mais eficiente.

No entanto tal arranjo não agrada governos, pois estes são deixados de fora.
Dentre protecionismo - que nada mais faz que desviar investimentos de uma área de
negócios para outra - até o comércio global, governos tentam se introduzir no comércio
da maneira que os mesmos julgam ser justificáveis. No final do século XX tivemos o
surgimento da Organização Mundial do Comércio no comércio global, assim como outras
estruturas burocráticas para gerenciar o comércio regional, como na América do Sul, o
Mercosul.

Existem dois Acordos de Livre Comércio (ALC), e dois Acordos de Comércio


Preferencial (ACP) extrarregionais vigentes do Mercosul, são eles: ALC Mercosul-Israel;
ALC Mercosul-Egito; ACP Mercosul-Índia; ACP Mercosul-SACU. Esses acordos foram
firmados a alguns anos, também sempre demonstrando uma demora de alguns outros anos
de sua firmação até entrarem em vigor, exemplo disso é o mais recente acordo
extrarregional a entrar em vigor, o Acordo de Livre Comércio Mercosul-Egito que apesar
de ter sido firmado em 2010 apenas entrou em vigor em setembro de 2017. Atualmente
existe o Acordo de Livre Comércio Mercosul-Palestina que se encontra em processo de
ratificação. O Mercosul se encontra negociando um Acordo de Livre Comércio com a
União Europeia há quase 20 anos a demora deste acordo deve-se a países resistentes a
termos em ambos os lados das organizações, como a Argentina no Mercosul, e a França
na União Europeia, apesar disso há uma especulação de que o acordo está próximo.

Conclusão:

Em ocasião de não existência de barreiras comerciais e os mercados fossem livres


da pesada mão do governo, o comércio internacional seria natural, assim como a elevação
do padrão de vida das pessoas. No entanto a inocorrência desse fato ocasiona essas
organizações a fazerem acordos de “livre comércio” com o intuito de garantir que não
percam o controle entre trocas voluntárias entre indivíduos pelo mundo.

Tais acordos de “livre comércio” também são a opção atual ao real livre comércio.
As organizações burocráticas do governo no qual são viabilizadas importações e
exportações se dificultam se nem mesmo esses acordos o governo é capaz de
proporcionar. Em 2017 o secretário de Acompanhamento Econômico, Mansueto
Almeida, admite que depois de 1990 pouco caíram as tarifas de importação, carga
tributária que muitos setores da indústria apontam como justificativa da fragilidade
comercial atual. O governo assume que essa abertura de mercado está atrasada, a criação
do Portal Único foi um fator que facilitou o comércio no país.

Referências:

DOUGLAS GAVRAS E LU AIKO OTTA (São Paulo e Brasília). Estadão. Sem acordos
internacionais, Brasil perde espaço no comércio global. 2017. Disponível em:
<http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,sem-acordos-internacionais-brasil-
perde-espaco-no-comercio-global,70002089464>. Acesso em: 26 mar. 2018.

JOHN TAMNY. Instituto Mises Brasil. Acordos de livre comércio envolvem muito
mais “acordos” do que “livre comércio”. 2015. Disponível em:
<https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2198>. Acesso em: 26 mar. 2018.

MARCELINO, Emília Paranhos Santos. Mercado Comum do Sul - Mercosul e


Princípios. Boletim Jurídico. Ano XVII, Nº 1517, 2013. Disponível em: <
https://www.boletimjuridico.com.br/DOUTRINA/texto.asp?id=2891> Acesso em:
22/03/2018

BRASIL. Comércio Exterior do Mercosul + Associados. Disponível em: <


http://www.investexportbrasil.gov.br/sites/default/files/publicacoes/indicadoresEconomi
cos/ComExtMercosulAssociados.pdf > Acesso em: 22/03/2018.

PINTO, Nuno de Figueiredo. O Mercosul e Suas Consequências: Um Guia Elementar


Sobre a Integração no Cone Sul. IN Das Proposições Teóricas Para a Confirmação
Prática. Revista FEE. Rio Grande do Sul, pgs. 84-92, 2000. Disponível em: <
https://revistas.fee.tche.br/index.php/indicadores/article/viewFile/1289/1656 > Acesso
em: 22/03/2018.

BERCITO, Diogo. Acordo Mercosul-União Europeia está próximo, diz deputado


europeu. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/03/acordo-
mercosul-uniao-eruopeia-esta-proximo-diz-deputado-europeu.shtml>. Acesso em: 26
mar. 2018.

Ministério das Relações Exteriores (Org.). Acordos extrarregionais do Mercosul.


Disponível em: <http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/diplomacia-
economica-comercial-e-financeira/695-acordos-extrarregionais-do-mercosul>. Acesso
em: 26 mar. 2018.

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