Você está na página 1de 29

IV – II Dinastia – Joanina ou de

Avis

NOME DOS REIS COGNOME


D. João I (1385-1433) O de Boa Memória
D. Duarte (1433-1438) O Eloquente
D. Afonso V (1438-1481) O Africano
D. João II (1481-1495) O Príncipe-Perfeito
D. Manuel I (1495-1521) O Venturoso
D. João III (1521-1557) O Piedoso
D. Sebastião (1557-1578) O Desejado
D. Henrique (1578-1580) O Casto

1
IV – II Dinastia – Joanina ou de Avis

Crise de 1383-1385

A monarquia portuguesa era hereditária. Quando morria o rei, subia ao


trono o filho mais velho. Quanto às filhas, só reinavam se não tivessem irmãos
rapazes. Se o rei não deixasse descendentes, sucedia-lhe o parente mais
próximo do sexo masculino. Mas nem sempre a sucessão era pacífica.
Quando morreu D. Fernando, em 1383, gerou-se uma situação
complicada porque a sua única filha, D. Beatriz, estava casada com o rei de
Castela. Nessa altura as opiniões dividiram-se. Havia quem achasse que em
todo o caso a coroa pertencia a Beatriz. Mas muita gente reagiu mal; o povo
recusou-se a aclamar como sua, a rainha de Castela, preferia um dos irmãos
do falecido rei. A escolha acabou por recair no mais novo, D. João, que era
Mestre da Ordem Militar de Avis.
Formaram-se então dois partidos; houve lutas, batalhas, e os partidários
do Mestre de Avis venceram sempre. Em 1385 puderam finalmente aclamá-lo
rei de Portugal – D. João I, fundador da dinastia de Avis.

D. João I – o de Boa Memória


1385 - 1433

Filho natural de D. Pedro I e da dama galega Teresa Lourenço, foi


aclamado rei depois das cortes se terem reunido em Coimbra, em Abril de
1385.
Ficou conhecido pela batalha deAljubarrota e em comemoração
dessa vitória, ficou também conhecido por ter mandado construir o Mosteiro
da Batalha (Mosteiro de Santa Maria da Vitória) em 1388.
Em 1410-11, D. João chama o seu filho D. Duarte com quem prepara um
plano expansionista com o objectivo de conquistar as principais cidades do
Norte de África.

2
IV – II Dinastia – Joanina ou de Avis

Batalha de Aljubarrota
O rei de Castela sentia-se com direito ao trono português, e mais uma
vez decidiu invadir o país. Juntou um exército com mais de trinta mil homens
e dirigiu-se para Lisboa.
O rei D. João I e o homem que escolhera para chefe militar – D. Nuno
Álvares Pereira, Condestável do reino – sabiam muito bem que iam ser
atacados. O melhor era impedi-los de chegarem à cidade, que já antes
sofrera um cerco terrível. Mas o problema era que os portugueses não
passavam dos dez mil homens.
D. Nuno Álvares Pereira percebeu que só pela força não iam conseguir
vencer; precisava de uma táctica. Então, decidiu encaminhar a sua gente
para Aljubarrota, mandou formar numa colina, entre dois rios, e ordenou que
se dispusessem numa espécie de quadrado. Ele próprio comandaria a linha
da frente, onde combateriam a pé.
Os castelhanos não se podiam desviar, porque nessa altura, desviar
caminho era uma desonra, era sinal de fraqueza. Assim, os castelhanos,
marcharam para o local escolhido por Nuno Álvares Pereira, convencidos de
que a superioridade da força lhes daria uma vitória rápida.
Mal começaram o ataque perceberam que Nuno Álvares Pereira lhes
tinha preparado várias armadilhas: mandara escavar buracos no campo por
onde os inimigos iriam cavalgar, disfarçou-os com ramos, e os cavalos
castelhanos sentiram o chão a falhar debaixo das patas. O Condestável
mandou todos lutarem a pé e despejaram nuvens de setas sobre os inimigos,
mas mesmo assim os castelhanos conseguiram romper a linha da frente.
Nuno Álvares Pereira tinha previsto que tal ia acontecer ; para os
receber formara um quadrado que se fechou sobre os inimigos, cercando-os
a toda volta. A luta durou até ao pôr-do-sol. O campo ficou cheio de corpos
e os castelhanos acabaram por fugir. Os portugueses tinham ganho.
Tal como prometido, D. João I mandou construir o Mosteiro da Batalha,
que ficou conhecido, não só pela batalha a que estava associado, mas
também pela história associada, contada por Alexandre Herculano, um
grande escritor, muitos séculos depois – A Abóbada.

3
IV – II Dinastia – Joanina ou de Avis

Os filhos de D. João I
D. João I teve filhos muito célebres:
• D. Duarte – rei durante cinco anos, e foi escritor.
• D. Pedro – chegou a ser regente do reino depois da morte do seu
irmão D. Duarte, fez grandes viagens e também escreveu livros.
• D. Fernando – Tentou conquistar Tânger, cidade do norte de
África, e ficou lá prisioneiro. Acabou por morrer em Tânger, o que
fez com que o povo o considerasse um santo – o Infante Santo.
• Infante D. Henrique – Nasceu no Porto, mas
viveu em vários locais. O infante era chefe da
Ordem de Cristo e dedicou a sua vida e
fortuna ao sonho de descobrir o que havia
para lá da linha do horizonte. Organizou várias
viagens, as primeiras explorações comerciais,
a colonização e o povoamento das ilhas do
Atlântico.O infante D. Henrique tinha ao seu serviço muitos
navegadores. Hoje podes encontrar no País, estátuas e nomes de
ruas a lembrar esses navegadores.

A primeira etapa da Expansão portuguesa começou no reinado de D.


João I, acompanhado pelos seus filhos.

1415 - Conquista de Ceuta

O Infante D. Henrique deu tão boas provas em combate que o seu pai
logo ali o armou cavaleiro e concedeu-lhe o título de Duque de Viseu.
A partir daí, o Infante começou a organizar os Descobrimentos
portugueses.
Os Descobrimentos, impulsionados pelo Infante D. Henrique,
começaram com a descoberta de ilhas que ainda hoje são portuguesas.

4
IV – II Dinastia – Joanina ou de Avis

1417-1420 → Arquipélago da Madeira

João Gonçalves Zarco, Tristão Vaz Teixeira e Bartolomeu Perestrelo

1427 → 7 ilhas do Arquipélago dos Açores

Diogo de Silves

D. Duarte – o Eloquente
1433 - 1438

Primogénito de D. Duarte e de D. Filipa de Lencastre, morreu de peste.


Quando subiu ao trono já tinha muita experiência de governação, pois
há cerca de 20 anos que partilhava com o pai a direcção dos destinos do
reino.
Foi um administrador meticuloso e um governante de gabinete, culto e
dado à filosofia, pouco habitual para o seu tempo. Deixou duas obras muito
importantes O Leal Conselheiro e A Arte de Bem Cavalgar.
Também participou na conquista de Ceuta e durante o seu reinado
houve um acontecimento muito importante, comandado pelo seu irmão, que
abriu caminho para as regiões do Sul de África, ricas em ouro, prata e marfim:

1434 → Passagem do Cabo Bojador

Gil Eanes

Os Descobrimentos

Os Descobrimentos continuaram com o trabalho e empenho do Infante D.


Henrique.

5
IV – II Dinastia – Joanina ou de Avis

D. Afonso V – o Africano
1438 - 1481

D. Afonso V, filho do rei D. Duarte e de D. Leonor de Aragão, governou


durante 43 anos, e ficou conhecido como o Africano pois conquistou vários
territórios no Norte de África e no seu reinado foram várias as descobertas:

1444 → descoberta das ilhas de Cabo Verde

1446 → descoberta da Guiné

Em 1460, morre o infante D. Henrique, mas perante o desaparecimento


do impulsionador, dos Descobrimentos, estes não terminaram. Pelo contrário,
continuaram em força.

1460 → descoberta da Serra Leoa

1471 → descoberta de S. Tomé e Príncipe

D. João II – o Príncipe Perfeito


1481 - 1495

D. João II, primogénito de D. Afonso V e de D. Isabel, desde muito cedo


substituiu o pai quando ele estava ausente nas conquistas do norte de África.
Depois de se tornar rei, trabalhou incansavelmente. Não se contentou com as
viagens marítimas e organizou também viagens por terra ao interior de África
para tentar descobrir ouro. As descobertas feitas no seu reinado tinham como
objectivo final a descoberta do caminho marítimo para a Índia.

1482 → chegada à foz do rio Zaire

Diogo Cão

6
IV – II Dinastia – Joanina ou de Avis

1487 → passagem do cabo das Tormentas

Bartolomeu Dias

Bartolomeu Dias foi o primeiro navegador a conseguir passar do oceano


Atlântico para o oceano Índico, uma viagem cheia de tormentas mas que
era decisiva para chegar à Índia por mar. D. João II mudou então o nome do
cabo para cabo da Boa Esperança.

Nessa altura, o rei mandava colocar padrões de pedra com as armas


reais, nas terras descobertas.

Assim como os Portugueses, também os reis de Castela queriam dominar


os mares, o que gerava rivalidades. A certa altura tiveram de definir com o
Papa quais as terras já descobertas ou por descobrir que eram dos
Portugueses e quais eram dos Castelhanos.

Os Descobrimentos em África

7
IV – II Dinastia – Joanina ou de Avis

Dividir o mundo ao meio

Enquanto os portugueses faziam viagens para encontrar o caminho


marítimo para a Índia, contornando a África, um navegador genovês –
Cristóvão Colombo – concebeu o plano de lá chegar: navegando para
Ocidente. Apresentou a proposta a D. João II, que recusou porque tinha ideias
correctas a respeito da dimensão da Terra e sabiaque seria mais fácil e rápido
ir pela rota do cabo. Cristóvão Colombo tentou a sorte em Espanha e
conseguiu que os reis lhe financiassem a viagem. Assim descobriu as ilhas da
América Central, em 1492.
Logo que D. João II soube, declarou que, segundo um acordo que
tinham assinado, aquelas ilhas pertenciam a Portugal. Houve discussões,
negociações e no fim assinaram outro acordo: o Tratado de Tordesilhas, em
1494.
O tratado de Tordesilhas dividia o mundo ao meiocom uma linha
(meridiano) Norte-Sul, em que todas as terras que se viessem a descobrir na
metade leste ficavam para Portugal; e as da metade oeste ficavam para
Castela.
Parece extraordinário… mas o Papa concordou.

8
IV – II Dinastia – Joanina ou de Avis

D. Manuel I – o Venturoso
1495 - 1521

Apesar de D. Manuel ser neto de rei, sobrinho de rei, primo de rei,


ninguém pensou que ele viria a subir ao trono. Mas subiu. Como o filho de D.
João II, seu primo e cunhado, morreu acidentalmente, coube a D. Manuel I
ser rei.
Era jovem, riquíssimo, casou três vezes, teve treze filhos e encontrou tudo
preparado por D. João II para realizar a viagem à Índia.

Descoberta do caminho marítimo para a Índia


Durante anos os reis
sonharam com a descoberta
do caminho marítimo para a
Índia, uma terra de riquezas
sem fim. O entusiasmo
redobrou com a passagem
do cabo das Tormentas, mas
ainda faltava percorrer a
última etapa, e ninguém
sabia o que esperava os
navegadores. A viagem era
uma incógnita, e por isso foi
preparada com mil cuidados.
O rei D. Manuel I escolheu Vasco da Gama para capitão-mor, e isso
indica claramente que o tinha em alta consideração e lhe reconhcia grandes
qualidades.

1498 → caminho marítimo para a Índia

Vasco da Gama

9
IV – II Dinastia – Joanina ou de Avis

Descoberta do Brasil

No ano de 1500 partiu de Lisboa uma armada com 13 navios,


comandada por Pedro Álvares Cabral. Iam para a Índia levando a bordo
homens e mercadorias para darem início ao comércio regular com os
indianos e armas para se imporem aos inimigos. Tomaram a rota indicada por
Vasco da Gama, que passava por Cabo Verde.
Depois, não se sabe se por acaso ou se de propósito, desviaram-se para
Ocidente (Oeste) e avistaram uma terra lindíssima a 22 de Abril.
Pensaram tratar-se de uma ilha, a que deram o nome de Terra de Vera
Cruz. Conhcem-se muitos pormenores a respeito deste primeiro desembarque
porque entre a tripulação viajava um homem chamado Pêro Vaz de
Caminha, cuja missão consistia, em registar os acontecimentos mais
importantes.

1500 → descoberta do Brasil

Pedro Álvares Cabral

Os portugueses no Oceano Índico

Depois das viagens de Vasco da Gama e de Pedro Álvares Cabral,


passaram a partir para a Índia uma ou duas armadas por ano.
O comércio com os Indianos era rendoso, mas como os Árabes tudo
faziam para afastar os portugueses, D. Manuel I decidiu enviar soldados bem
armados para conquistarem terras e protegerem os comerciantes. Depois
mandou alguém para representar Portugal, um vice-rei.
O primeiro nomeado foi D. Francisco de Almeida, mas o grande
conquistador de terras do Oriente foi Afonso de Albuquerque, que substitui D.
Francisco de Almeida no governo da Índia, embora nunca tenha sido vice-rei.
Foi no seu tempo que os navios portugueses navegaram por todo o
golfo de Bengala, atingiram a China e chegaram a Timor.

10
IV – II Dinastia – Joanina ou de Avis

O estilo Manuelino

Portugal era, na época, um dos países europeus mais prestigiados e


Lisboa não parava de crescer. Tornou-se uma importante cidade e um grande
centro de comércio entre a Europa e o Oriente.
D. Manuel I, muito rico, vivia luxuosamente e rodeado de imensos
nobres. Investiu parte da sua riqueza em monumentos de grande valor e fez
nascer um novo estilo de arte que só existe em Portugal – o estilo manuelino.
Neste estilo, os edifícios construídos ou remodelados foram decorados
de uma forma original e única no mundo. Os motivos escolhidos pelos artistas
lembram os Descobrimentos. Incluem a representação de plantas e animais
de terras longínquas, cordas de navios, instrumentos de navegação e, por
todo o lado, o emblema do rei.Alguns dos monumentos mais famosos do estilo
manuelino são:

Mosteiro dos Jerónimos Torre de Belém Convento de Jesus

Instrumentos de navegação

Pouco a pouco os portugueses foram aprendendo a orientar-se no alto


mar servindo-se da bússola e de outros instrumentos, como o quadrante e o
astrolábio, que permitiam calcular distâncias através da medição dos astros.

Bússola Astrolábio Quadrante

11
IV – II Dinastia – Joanina ou de Avis

D. João III – o Piedoso


1521 - 1557

O nascimento de D. João III, filho de D. Manuel e de sua segunda mulher,


D. Maria de Castela, foi saudado por Gil Vicente, através da representação
do “Auto da Visitação” ou “Monólogo do Vaqueiro”, uma das obras mais
significativas do teatro português.Quando chegou ao trono, herdou um
grande império e continuou a seguir a política do seu pai em relação ao
Oriente.

Foram três aventureiros portugueses os primeiros europeus a chegar ao


Japão. Navegavam a bordo de um junco chinês que uma tempestade de
Verão arrastou para a ilha japonesa de Tanegashima. Os contactos foram
particularmente amistosos, e poucos anos depois havia uma carreira
comercial portuguesa com destino ao Japão.

1543 → chegada ao Japão

António Mota, António Peixoto e Francisco Zeimoto

Macau é uma península chinesa que fica na foz do rio das Pérolas. Os
aventureiros portugueses que navegavam por sua conta nessa região foram-
se instalando por lá, embora não tivessem autorização. A pouco e pouco os
Chineses verificaram que tinham a ganhar com a presença daqueles
estrangeiros porque faziam bons negócios.
Em 1557, o imperador da China autorizou os Portugueses a fixarem-se
em Macau. A cidade cresceu e tornou-se um porto essencial para a carreira
do Japão.

Até ao ano 2000, Macau foi uma península portuguesa.

12
IV – II Dinastia – Joanina ou de Avis

Trocas comerciais

Os Descobrimentos trouxeram produtos para Portugal, que não


tinhamos em abundância ou que nem sequer sabiamos que existiam. Mas
também fizeram com que Portugal vendesse muitos dos seus produtos nas
terras descobertas ou ocupadas.

• Marfim
• Madeira
África • Ouro
• Escravos

• Especiarias (pimenta,
canela, gengibre)
Índia • Tecidos
• Pedras preciosas
• Outras riquezas

• Ouro
• Café
Brasil • Madeira
• Pedras preciosas

Portugal levava para estas terras produtos como:


• Prata
• Cobre
• Tecidos de luxo
• Armas de fogo
• Entre outros.

13
IV – II Dinastia – Joanina ou de Avis

D. Sebastião – o Desejado
1557 - 1578

Com a morte de D. João III, foi o seu neto Sebastião, ainda criança, o
herdeiro do trono.
D. Sebastião tornou-se rei aos três anos de idade, mas foi o seu tio, o
cardeal D. Henrique que governou até que ele atingisse a idade para poder
ser rei.
Educado com excesso de mimo, cresceu convencido de que Deus o
fizera um ser excepcional, destinado a realizar façanhas especialíssimas. Na
realidade era apenas um rapaz doente, com ideias confusas, que vivia num
ambiente austero. Não teve oportunidade de brincar e divertir-se, e as suas
únicas distracções eram a equitação e a caça.
Todos estes aspectos contribuiram para que, apesar dos muitos esforços
para lhe arranjar noiva, nenhum casamento se tivesse concretizado.

Batalha de Alcácer Quibir

D. Sebastião governou dos catorze aos vinte e quatro anos e a sua


principal ambição era combater os Mouros no Norte de África.
Quando surgiram conflitos entre dois chefes mouros, no Norte de África,
D. Sebastião considerou que chegara a altura de agir e oferecer-se a um deles
para o ajudar. Aliou-se a um dos chefes e pediu ajuda a Filipe II de Espanha.
Mas na verdade, nem os espanhóis nem os portugueses concordavam com
este projecto, e muitos foram os que o tentaram fazer desistir.
O encontro entre as tropas foi a noroeste de Alcácer Quibir, as tropas
mouras eram superiores e os portugueses desnorteados, afogaram-se num
mar de sangue.
Muitos morreram, outros ficaram prisioneiros e D. Sebastião desapareceu
na areia do deserto entre os mortos. O seu cadáver nunca foi encontrado, o
que explica a crença popular que se instalou em Portugal: D. Sebastião há-de
voltar numa manhã de nevoeiro.

14
IV – II Dinastia – Joanina ou de Avis

Portugal chorou em desespero o desfecho da maldita batalha de


Alcácer Quibir. A morte de D. Sebastião deixava o trono vago.

Quem lhe sucederia?

Cardeal D. Henrique I – o Casto


1578 - 1580
Quem lhe sucedeu foi o parente mais próximo do sexo masculino, o seu
tio que já tinha governado quando D. Sebastião era pequeno, o cardeal D.
Henrique. Mas o problema não ficou solucionado porque o cardeal pertencia
ao clero e portanto não podia casar nem ter filhos.
Dois anos depois o cardeal morreu.

D. António prior de Crato


julho e agosto de1580 no Continente
1580 – 1583 em algumas ilhas dos Açores

D. António não consta, geralmente, na lista dos reis de Portugal,


contudo, é historicamente correcto inclui-lo, pois não só foi aclamado rei,
como reinou de facto, durante um curto período de tempo.
Com a morte de D. Henrique e a ameaça da invasão de Portugal por
tropas espanholas, os partidários de D. António aclamam-no rei.
No entanto, a falta de apoio não permitiu que D. António impedisse a
entrada do exército espanhol de D. Filipe II, tendo assim sofrido uma pesada
derrota na Batalha de Alcântara, em Agosto de 1580.
Obrigado a fugir, faz várias tentativas para arranjar apoiantes noutros
países europeus, mas acaba por morrer em Paris em 1595.

15
IV – II Dinastia – Joanina ou de Avis

Luís Vaz de Camões

Pouco ou nada ficou escrito sobre o extraordinário poeta Luís Vaz de


Camões.
Os historiadores e os especialistas de literatura tentam tirar conclusões a
partir dos elementos ou temas que Camões aborda nos seus versos e que
julgam ser autobiográficos. No entanto, cada historiador constrói histórias
diferentes a respeito do poeta e ninguém sabe se com alguma razão. Os
únicos pontos que parecem certos e seguros são:
Conviveu com a nobreza, passou uma temporada em Coimbra e outra
em Lisboa, foi preso por se ter envolvido em brigas de rua. Terá estado em
Ceuta, onde perdeu o olho direito a lutar contra os Mouros. Viajou pelo
Oriente, desempenhando cargos públicos na Índia, no golfo Pérsico, em
Macau.
Naufragou no oceano Pacífico, quando já tinha escrito os Lusíadas, mas
conseguiu salvar-se a si próprio e ao seu precioso manuscrito.
Os Lusíadas contam a História de Portugal em verso. É um poema
heróico, ou seja, uma epopeia. O tema central é a viagem em que Vasco da
Gama descobriu o caminho marítimo para a Índia.
Além de Os Lusíadas escreveu peças de teatro, poesia sobre as
injustiças do mundo e poemas de amor incomparáveis.
Luís de Camóes morreu a 10 de junho de 1580 pobre e sozinho.

16
V – III Dinastia – Filipina ou
Castelhana

NOME DOS REIS COGNOME


Filipe I (1581-1598) O Prudente
Filipe II (1598-1621) O Pio
Filipe III (1621-1640) O Grande

17
V – III Dinastia – Filipina ou Castelhana

Crise de 1580

Quando morreu D. Sebastião, na batalha de Alcácer-Quibir, em 1578,


gerou-se uma nova situação complicada porque o rei não era casado nem
tinha filhos. Sucedeu-lhe o seu tio, o Cardeal D. Henrique, que morreu também,
em 1580, não deixando, também, descendentes.
Nessa altura, as opiniões voltaram a dividir-se. As classes privilegiadas e
a burguesia viram a sua vontade a ser realizada: o rei D. Filipe II de Espanha é
aclamado rei de Portugal (D. Filipe I), nas Cortes de Tomar, em 1581,
comprometendo-se a respeitar a autonomia do país. Tal não vem a
acontecer, durante a governação de reis espahóis, durante 60 anos,
perdendo, a Pátria, a sua independência.

D. Filipe I de Portugal – o Prudente


1580 – 1598

Filho de Carlos I de Espanha e de D. Isabel de Portugal.


A morte sem sucessão do rei D. Sebastião, a 4 de agosto de 1578, deu o
trono de Portugal a seu tio o cardeal D. Henrique.
Quando o cardeal D. Henrique morre em 1580, existia um forte
sentimento nacionalista que se opunha à fusão com Castela. O povo apoiava
D. António, prior do Crato, mas não havia a força militar suficiente para se opor
ao poderosíssimo exército do monarca espanhol. Filipe II conquista Portugal
ao vencer D. António, na Batalha de Alcântara, a 25 de agosto de 1580.
É aclamado rei pelas Cortes reunidas em Tomar, por ele convocadas,
que declaram Filipe II rei de Portugal, sob o nome de Filipe I de Portugal. O
monarca jurou então, guardar e conservar todos os foros, privilégios, usos e
liberdades que no seu novo reino tinham por concessão dos seus
antecessores.

18
V – III Dinastia – Filipina ou Castelhana

Mas tal não aconteceu, pelos menos na política ultramarina. As terras


descobertas no Oriente, na África e no Brasil foram-se perdendo. Umas ainda
voltariam à coroa portuguesa, outras ficaram irremediavelmente perdidas. Os
barcos portugueses eram sistematicamente atacados por ingleses, franceses
e holandeses, já que Portugal tinha no trono o seu principal inimigo.
D. Filipe I casou quatro vezes, tendo teve oito filhos. Destes oito filhos, a
coroa portuguesa foi reconhecida a Filipe (D. Filipe II), em 1583, nas Cortes
reunidas em Lisboa.

D. Filipe II de Portugal – o Pio


1598 – 1621

Filho de Filipe I e de D. Ana de Áustria (quarta mulher).


Sucedeu a seu pai no trono português, a 13 de setembro de 1598.
Como tinha uma saúde débil e era muito inteligente, optou por entregar
os assuntos de Estado aos seus ministros que começaram a ser chamados de
validos. Como eram ambiciosos, tentaram apagar, em Portugal, a restante
autonomia que restava, reduzindo o País a uma província de Espanha.
D. Filipe II foi para Espanha e os portugueses ficaram desanimados e
inseguros, confiando num vice-rei, em 1600, a governação de Portugal.
Durante o seu reinado, a situação de Portugal piorou. Os conflitos com
os franceses, os ingleses e os holandeses continuaram e os portugueses, sem
a ajuda de Espanha, tiveram de defender o Brasil, a África e o Oriente,. Estas
terras foram perdendo a importância ao nível do comércio.
D. Filipe II, que estava em Espanha, regressa a Lisboa, com a queda do
seu principal valido, em 1619. Nesse regressou, convocou as Cortes e as
mesmas, juraram o príncipe herdeiro como sucessor e D. Filipe II regressa a
Espanha.
O rei adoece gravemente assim que regressa a Espanha, acabando por
morrer em 1621.

19
V – III Dinastia – Filipina ou Castelhana

Casa com D. Margarida de Áustria pouco depois de subir ao trono


português, com quem teve 8 filhos, entre os quais Filipe (D. Filipe III de Portugal).

D. Filipe III de Portugal – o Grande


1621 – 1640

Filho de D. Filipe II de Portugal e de Margarida de Áustria.


Subiu ao trono apenas com 16 anos e sem qualquer experiência de
governação.
D. Filipe III entrega também a direção dos assuntos de Estado aos validos
de sua confiança, mais concretamente Gaspar de Gusmán, que tenta manter
Portugal como uma região espanhola perante a Europa. Este conde-duque,
para vencer a guerra que a França declarou a Espanha, em 1635, forçou
Portugal e os reinos de Aragão a contribuir para as despesas de Espanha. Era
caracterizado como um homem bastante ambicioso e que, durante 25 anos,
comandou os destinos de Portugal e Espanha sem o consentimento do rei.
Com isto, o povo português foi ficando cada vez mais descontente e a
viver em condições de miséria que originiram tumultos em vários locais de
modo a lutar pela indepedência do país. Estes tumultos espalharam-se pelo
país, com o objetivo de colocar em prática os planos para a revolução a
acontecer no dia 1 de Dezembro de 1640.
No final do ano de 1639, a Catalunha declarou guerra a D. Filipe III (D.
Filipe IV de Espanha) e a Portugal. Assim, o rei lutou contra Portugal,
Catalunha, Inglaterra, Holanda e França.
No dia 1 de dezembro de 1640, tal como tinha sido planeado, todos se
juntaram no Terreiro do Paço e, à hora marcada, invadiram o Paço da
duquesa de Mântua, para prender a representante do rei D. Filipe III, tendo a
mesma concedido o trono português a João, o duque de Bragança. Este
duque torna-se o rei de Portugal (D. João IV), nas Cortes de Lisboa e, depois
de lutar contra Espanha, nas Guerras da Restauração, garantiu a
indepedência do país, ao fim de 60 anos.

20
VI – IV Dinastia – Brigantina ou
de Bragança

NOME DOS REIS COGNOME


D. João IV (1640-1656) O Restaurador
D. Afonso VI (1656-1683) O Vitorioso
D. Pedro II (1683-1706) O Pacífico
D. João V (1706-1750) O Magnânimo
D. José (1750-1777) O Reformador
D. Maria I (1777-1816) A Piedosa
D. João VI (1816-1826) O Clemente
D. Pedro IV (1826-1828) O Rei Soldado
D. Miguel (1828-1834) O Rei Absoluto
D. Maria II (1834-1853) A Educadora
D. Pedro V (1853-1861) O Esperançoso
D. Luís (1861-1889) O Popular
D. Carlos (1889-1908) O Diplomata
D. Manuel II (1908-1910) O Patriota
21
1 de dezembro de 1640

No dia 1 Dezembro de 1640 um grupo de nobres portugueses prendeu


a duquesa de Mântua, que representava o rei espanhol D. Filipe III no nosso
país. Aclamaram D. João Duque de Bragança como rei de Portugal.

D. João IV – o Restaurador
1640 – 1656

Com D. João IV inicia-se a quarta e última dinastia, a de Bragança. Era


o filho do 7º duque de Bragança, D. Teodósio e de D. Ana de Velasco. Era um
rei letrado e artista, foi um notável cultor da música, e era descrito como sendo
um homem amante de música, que foi um exímio mestre. Casou em 1633 com
D. Luísa Francisca de Gusmão e tiveram 7 filhos: o Pedro, o Afonso, o Manuel,
a Catarina, a Joana, a Ana e o Teodósio.

Foi o descontentamento crescente dos portugueses em relação ao


governo filipino que levou a que a partir de 1636, D. João, surja cada vez mais,
como o legitimo candidato à coroa, mantendo, contudo, uma reserva
cautelosa, que lhe permitiria observar atentamente os vários movimentos, mas
também para iludir as naturais suspeitas da corte de Madrid e da duquesa de
Mântua. Contudo, o processo estava em marcha e não havia recuo, era já
impossível suster o desejo nacional de voltar a ter um país independente. De
12 a 21 de novembro de 1640, última os preparativos secretos com João Pinto
Ribeiro, que representa os conjurados envolvidos no golpe do 1º de dezembro.
Escolhido para ocupar o trono, chega a Lisboa a 6 de dezembro de
1640 onde é entusiasticamente recebido pelo clero, nobreza e povo; a 15 do
mesmo mês, no Terreiro do Paço, é solenemente aclamado rei. Tomou
imediatamente medidas decisivas para garantir a Restauração, batendo-se
com bravura para assegurar o seu triunfo.

22
Dotou o país de novas fortalezas e foi grande impulsionador da
adaptação das existentes aos novos métodos de guerra, tornando o país
capaz de defrontar as forças espanholas na Batalha do Montijo, em Espanha.
Proporcionou verdadeiras embaixadas às cortes europeias de modo a
assegurar o apoio das restantes casas reais à causa da Restauração. Nem
sempre esta tarefa se revelou fácil, visto que durante a ocupação filipina,
muitas das nossas colónias tinham sido ocupadas por esses reinos, como foi o
caso dos holandeses no Brasil, que, por isso, se mostravam renitentes em
reconhecer um novo rei em Portugal.

Em política interna desenvolveu uma larga atividade legislativa,


consolidando a Restauração, através de um persistente esforço político,
administrativo e militar. A defesa do Brasil também não foi esquecida e os
holandeses são expulsos. Morre em 1656, deixando à sua descendência,
trabalho feito na organização de um sólido aparelho militar, na reparação dos
castelos da raia, no fortalecimento das guarnições, na defesa do Alentejo e
das Beiras.
Sucede-lhe o seu segundo filho D. Afonso VI.

D. Afonso VI – o Vitorioso
1656 – 1683

D. Afonso, segundo filho de D. João IV e de D. Luísa de Gusmão, nasceu


em 1643, tendo sido o segundo rei da quarta dinastia. Atacado ainda em
criança por uma doença desconhecida, ficou marcado para sempre por
uma hemiplegia que também lhe afetou o raciocínio. Com esta doença, D.
Afonso VI não parecia capaz de governar o País. Esta situação já de si
delicada, veio a complicar-se ainda mais com a morte de D. João IV. Resta a
D. Luísa de Gusmão assumir a regência. D. Afonso é rei aos 13 anos,
continuando, no entanto, a revelar completa incapacidade para governar o
país.

23
A rainha defrontava-se então com a arrastada Guerra da Restauração
que continuava a consumir vidas, dinheiro e preocupações. D. Luísa de
Gusmão preocupada, vendo a impossibilidade de demover o filho da sua
vida boémia e desregrada, fez jurar herdeiro do trono o seu filho, o infante D.
Pedro.

Entretanto as forças portuguesas iam consolidando a independência,


ameaçada por Espanha, com as vitórias do Ameixial, Castelo Rodrigo e
Montes Claros, sendo a paz definitivamente assinada em 1668.
D. Afonso VI fica detido em Sintra, sendo depois enviado para Angra do
Heroísmo, na ilha Terceira, a fim de evitar perturbações políticas. A
conspiração de 1673 aconselhou a sua transferência para o Continente,
tendo sido encerrado no Paço de Sintra, onde faleceu em 1683.

D. Pedro II – o Pacífico
1683 – 1706

Vigésimo quarto rei de Portugal, último filho de D. João IV e de Luísa de


Gusmão.
Perante as manifestas deficiências de seu irmão, foi desde cedo
considerado como uma solução nacional para qualquer dificuldade
insuperável à sobrevivência do País. Numa primeira fase, essa dificuldade foi
superada pela regência de D. Luísa de Gusmão e, numa segunda fase,
quando este assume o lugar do irmão e se casa com a rainha, a sua cunhada,
Maria Francisca Isabel. A rainha Maria Francisca Isabel morre e deixa apenas
uma filha de fraca saúde (Isabel Luísa Josefa). Preocupado com a sua
descendência à qual faltava um filho varão, D. Pedro volta a casar em 1687,
desta vez com a princesa Maria Sofia de Baviera-Neuburgo, com a qual teve
7 filhos: João de Bragança, João, Francisco Xavier Urbano (duque de Beja),
António Francisco Henrique, Teresa Maria, Manuel José Bartolomeu e
Francisca Josefa.

24
No início da regência, D. Pedro assina a paz com Espanha, pondo assim
termo à longa Guerra da Restauração, facto que lhe granjeou o cognome de
o Pacifico.
Vendo toda a Europa Ocidental envolvida na Guerra de Sucessão de
Espanha, o monarca instigado pela Inglaterra, também se envolve no conflito,
não tendo podido assistir ao seu epílogo, pois de permeio a morte veio ao seu
encontro. Foi graças ao conde da Ericeira que, durante este pobre reinado,
se estabeleceram as bases, ainda que incipientes, da indústria portuguesa.
Uma das medidas económicas foi a celebração do Tratado de Methuen,
entre o nosso reino e o de Inglaterra onde ficou acordado que Portugal
receberia lanifícios ingleses e, em troca, exportaria vinho português para
Inglaterra.
No seu conturbado reinado D. Pedro teve de enfrentar o avanço da
influência inglesa na Índia. Como medida acertada, fez progredir para o
interior a ocupação portuguesa no Brasil.

D. Pedro II morre em 1706, deixando a descendência a João (D. João


V).

D. João V – o Magnânimo
1706 – 1750

Filho de D. Pedro II e de D. Maria Sofia de Neuburgo, D. João V. Durante


o tempo que reinou, foi considerado um dos reinados mais longos da História
portuguesa.
D. João V era descrito como sendo um homem de admirável
compreensão, com uma memória prodigiosa.
Casa em 1708 com D. Mariana de Áustria, que lhe deu 6 filhos: Maria
Bárbara, Pedro, José, Carlos, Pedro Clemente e Alexandre.

25
Iniciou o seu reinado, numa época em que a Europa sentia o peso do
domínio do rei de França. Portugal estava envolvido na Guerra de Sucessão
de Espanha e o Brasil descobria o seu grande potencial em ouro e diamantes.
A participação de Portugal na Guerra de Sucessão espanhola deveu-
se, sobretudo, ao perigo que constituía uma possível ligação entre Espanha e
França. Portugal, para esta guerra, disponibilizou o seu território como base de
ação, e fornecia, embora à escala do pequeno país que era, forças militares
para lutarem num conflito que envolvia as maiores potências europeias.
Em política externa, D. João V, seguiu uma orientação de neutralidade
face à Europa, sem deixar de acudir ao apelo do Papa na guerra contra os
turcos, tendo, os portugueses, tido, uma participação decisiva na Batalha de
Matapão. Da Santa Sé obteve a paridade diplomática relativamente a outros
Estados europeus, além de honras singulares, em especial para a Sé de Lisboa,
passando o rei de Portugal a ter o título de Fidelíssimo.
D. João V preocupa-se, igualmente, com a defesa do Brasil e das suas
rotas marítimas. As minas de ouro e de pedras preciosas descobertas durante
o reinado do seu antecessor levaram à renovação do seu povoamento com
famílias portuguesas e levou a efeito uma mais rigorosa demarcação das
fronteiras. Com o ouro e os diamantes do Brasil, realizou uma vasta tarefa de
enriquecimento cultural do País.

Também a D. João V se ficou a dever o incentivo para um primeiro surto


manufatureiro, a remodelação do exército, a construção do Convento de
Mafra, da Capela de S. João Batista e do Aqueduto das Águas Livres. Para
além disso, ainda sobre as instituições de cultura, fundou a Real Academia
Portuguesa de História.
Renovou os estudos de cirurgia e o ensino das matemáticas, fundou o
observatório astronómico do Colégio de Santo Antão, criou em Roma a
Academia de Portugal, organizou a Aula do Risco, protegeu a atividade
artística e musical e estimulou o cultivo de numerosas artes menores. O brilho
da sua corte projetou-o não só na Europa mas também no Oriente, tendo
recebido significativas embaixadas da China e do Grão-Mongol.

26
A morte encontrou-o em 1750, sucedendo-lhe no trono o seu filho, D.
José.

D. José I – o Reformador
1750 – 1777

Vigésimo sexto rei de Portugal, tinha apenas 14 anos de idade quando


foi contratado o seu casamento com a princesa espanhola D. Mariana Vitória
de Bourbon, que tinha 8 anos na altura. Deste casamento nasceram 4 filhas:
Maria Francisca, Maria Ana, Maria Francisca Doroteia e Maria Francisca
Benedita.
A educação do príncipe foi orientada por sua mãe que lhe destinou
como professores membros da Companhia de Jesus. Desde cedo demonstrou
especial interesse por línguas estrangeiras, falando francês, italiano e
espanhol.

Mal subiu ao trono colocou nas secretarias de Estado elementos


defensores do reforço de Estado.
Ainda hoje não se sabe bem se no reinado de D. José, a política era
delineada pelo rei ou pelo seu primeiro-ministro, Sebastião José de Carvalho
e Melo, a quem concedeu o título de conde de Oeiras e o de Marquês de
Pombal.
Com a morte de D. João V, em 1750, Sebastião José de Carvalho e Melo
entrou no grupo dos novos governantes escolhidos por D. José. Para esta
escolha muito contribuiu a rainha-mãe, austríaca de nascimento como o era
a esposa de Sebastião José. Secretário de Estado e perante a ineficácia dos
seus colegas na governação tornou-se chefe da fação dominante, partidária
do reforço do absolutismo, avançando por isso com propostas nesse sentido.
Assegurou o seu poder quando, em 1755, se deu o terramoto (de Lisboa) que
destruiu parcialmente a cidade de Lisboa e outras zonas do país, e o mesmo
tomou medidas com vista à reconstrução do seu país.

27
Em 1758, aproveitou-se de um atentado contra D. José, para anular as
resistências mais poderosas que se opunham aos seus planos absolutistas.
Através da prisão de membros importantes da nobreza e da expulsão, em
1759, de jesuítas, estas ações implicaram consequências sobretudo no sector
da evangelização, da presença de Portugal no ultramar e no sector
educativo do País, uma vez que se teve de encerrar universidades, institutos
universitários e colégios que compunham quase a totalidade da rede de
ensino universitário e médio existentes. Com esta situação, foi necessário
construir bases do ensino secundário e do ensino profissional oficiais, criar o
ensino primário e criar a reforma da Universidade de Coimbra.
Para além disso, enquanto eram presas as forças sociais mais influentes,
Sebastião José de Carvalho e Melo procurou reforçar o funcionalismo judicial.
O insucesso de todas as campanhas monopolistas trouxe-lhe crescentes
problemas financeiros, fiscais e administrativos. Certo é que o rei ficou
conhecido pelo cognome de o Reformador, o título assentaria realmente bem
ao Marquês, que teve na mão, até à morte do soberano, todos os poderes.

Relativamente à ação governativa no reinado de D. José, esta poder-


se-á dividir em 4 fases:
• A primeira começa em 1750 e termina em 1755, o terramoto de
Lisboa, define-se em termos de consolidação política do poder
central;
• A segunda, entre 1756 e 1764, é caracterizada pelo envolvimento
português na Guerra dos Sete Anos, pelas reformas fiscais, pelo
início da perseguição aos jesuítas, pelo esmagamento da
oposição interna, e pelo atentado ao rei;
• A terceira, entre 1764 a 1770 e é caracterizada por uma crise
económica e pela continuação de uma ofensiva diplomática
anti-jesuíta.
• A quarta, de 1770 até 1777, caracteriza-se pelo fomento
ultramarino e industrial, bem como pela derrocada económica
das companhias monopolistas brasileiras.

28
No entanto a ação governativa de D. José também teve alguns aspetos
positivos para o País. As primeiras reformas do monarca prendem-se com a
criação do Real Colégio dos Nobres, destinado à preparação dos filhos da
nova aristocracia; a Aula de Risco, onde se estudava engenharia; a reforma
da Universidade de Coimbra, com a criação das faculdades de Filosofia e de
Matemática, e a criação de escolas primárias.
Foi ainda desenvolvida intensa atividade impulsionadora da indústria e
do comércio. Foi crida a Real Companhia das Vinhas do Alto Douro e tomadas
medidas para proteger as indústrias dos lanifícios, da seda e do vidro. Foram
construídas fábricas no Fundão, Covilhã e Portalegre. Indispensáveis ao
incremento industrial e comercial, foram construídas, também, novas estradas,
que eram fundamentais para melhorar as vias de comunicação.
No domínio da defesa nacional, reorganizou-se o exército, fortificaram-
se algumas praças e foi aumentado, consideravelmente, o número de navios
da marinha de guerra e da marinha mercante.
Outra medida considerada de grande interesse para a estabilidade da
sociedade portuguesa, prende-se com a extinção da velha distinção entre
cristãos-velhos e cristãos-novos.

Ao nível da política externa, Portugal assumiu sempre uma postura de


neutralidade. A França, em guerra com a Inglaterra, tenta obter auxílio de
Portugal. Porém, a resposta portuguesa foi negativa, já que não interessava
comprometer as relações privilegiadas que mantinha com a Inglaterra, nossa
poderosa aliada. Como represália, as tropas francesas invadiram Trás-os-
Montes, em 1762. As tropas portuguesas conseguiram expulsar os invasores e
no ano seguinte foi assinada a paz com os franceses através do Tratado de
Paris.
No reinado de D. José foi abolida a escravatura em Portugal e os Índios
do Brasil foram declarados livres. Foram decretadas muitas medidas para
combater o tráfico de escravos, uma das quais concedia a liberdade a todos
os escravos que entrassem no país.
D. José morre em 1777

29

Você também pode gostar