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Contudo, o Réu não se conforma com a decisão e interpõe recurso, pugnado pela
respetiva revogação da sentença proferida e a substituição da mesma por outra que
sentencie a ação como improcedente.
A principal problemática que se impõe neste recurso será não só o regime legal
relativo ao pagamento das tornas no âmbito do processo de inventário, mas também a
origem desse mesmo crédito que não poderá ser desconectado da partilha da herança que
constitui a finalidade do processo de inventário.
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Práticas de processo de inventário
Desta venda resultou uma importância total de €34.099,00 este valor não foi suficiente
para restituir o valor total das tornas.
Outro problema que aqui se coloca é que, que os réus propuseram, por mútuo
consentimento, um processo judicial de pessoas e bens que por sua vez celebram a
escritura de partilha, na última constituía todo o património comum de que os Réus
dispunham, sendo estes adjudicados ao Réu marido, que a seu favor registou a aquisição.
Foi nesta escritura declarada que o réu recebia tornas no valor de €16.609,50 para além
de que na mesma foi atribuído ao imóvel o valor patrimonial de €142.870,00. Após a
venda das referidas verbas adjudicadas à Ré no inventário e perante a insuficiência da
quantia dessas vendas, os Autores intentaram para obter informações sobre os outros
bens pertencentes à Ré que dariam para responder pelo pagamento das tornas,
descobriram um embuste engenhada pelos Réus para que fosse evitado o pagamento das
tornas, com pelo menos a sua meação nos bens comuns do casal. Ficando a referida ré,
sem nenhum bem móvel e imóvel após a referida escritura de partilha. Acontece aqui que,
o valor patrimonial atribuído ao imóvel era menor do que o verdadeiro. O imóvel
partilhado não valeria menos de €200.000,000, o que levou também a um valor declarado
da torna, supostamente paga, menor.
Portanto, outro dos problemas que aqui se colocam é que a separação judicial de
pessoas e bens foi fingida e é, sem dúvida, um meio que os Réus arranjaram para que
fosse difundido todo o património da Ré para que este não pudesse responder pela divida
aos Autores.
Concluímos, então, que de acordo com o objeto do recurso que é delimitado pelas
conclusões das alegações de recurso, as questões relevantes a decidir são:
1. O valor das tornas não é suficiente para restituir o valor em falta;
2. O valor do imóvel não é ao correspondente;
3. A separação judicial de pessoas e bens foi dissimulada.
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Práticas de processo de inventário
Impõe isto que se tenha em conta a legalidade do pagamento das tornas no âmbito
do processo de inventário, mas também a origem do crédito pois não pode ser separado
da partilha da herança que constitui o fim do processo de inventário. O processo de
inventário aqui em questão, que originou o direito ao pagamento das tornas, está sujeito
à regulamentação prevista nos arts. 1326º e seguintes do anterior Código de Processo
Civil, refere-se a anterior pois no que respeita ao pagamento das tornas, o novo regime
jurídico que consta agora na Lei 123/2013 de 5 de março, não institui qualquer inovação
relativamente a esta matéria.
De acordo com Lopes Cardoso, in, Partilhas Judiciais, Vol.II, pág. 413: “… tornas
haverá sempre que alguém licite em mais bens do que tem direito, ou quando, por virtude
da composição dos lotes haja excesso da aludida quota.” Conforme o presente no art.
1375º e 1376º do Código Processo Civil após a secretária organizar o mapa da partilha,
vai comunicar no processo a circunstância de que os bens licitados excedem a quota do
respetivo interessado. Aqueles a quem couber receber o valor das tornas serão notificados
para requererem a composição do seu quinhão ou se assim o entenderem, reclamar o
pagamento das tornas, podendo de acordo com o art. 1377º, nº1 do Código de Processo
Civil, optar por duas situações para melhor preencher o seu quinhão: receber as tornas ou
adjudicação das verbas licitadas em excesso pelo devedor de tornas.
1. Poderá requerer que lhes sejam adjudicadas, para preenchimento da sua quota,
o que foi excessivamente adjudicado ao devedor, procedendo de imediato ao
depósito das tornas ou;
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Práticas de processo de inventário
Contudo, o valor das tornas recebidos pelos Autores foi inferior ao valor a que a
secretaria chegou no mapa da partilha, que resultou da licitação feita em conferência de
interessados, mas isto resultou apenas do motivo destes mesmos bens serem licitados por
um valor superior aquele pelo qual foram vendidos. Na realidade, foram todos os bens
adjudicados à R. devedora de tornas, como admite o a cima referido art. 1378º, nº3 do
CPC, posto isto passou a ver o seu quinhão na herança sem qualquer bem.
O resultante dos arts. 2068º e 2097º do Código Civil, pelas dividas da herança
apenas respondem o património que a integra e já não o património de cada herdeiro. “No
art.º 2071.º do C.Civil vem contemplada a regra da responsabilidade limitada do
herdeiro pelos encargos da herança, na sequência da consideração da mesma como um
património autónomo, na consagração do princípio de que só os bens da herança
respondem pelos encargos hereditários.”.
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Práticas de processo de inventário