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Ficha Técnica

Título:
Empresários seniores em Portugal: conhecer e valorizar
Relatório síntese do Estudo “O envelhecimento ativo e os empresários seniores”

Equipa responsável pelo Estudo:


AEP -­ Associação Empresarial de Portugal
Manuel Biltes, Paula Silvestre e Raquel Araújo
Quaternaire Portugal -­ Consultoria para o Desenvolvimento S.A.
António Figueiredo, Maria de Lurdes Cunha, Paulo Feliciano e Sónia Trindade

Design e paginação:
MSG Pro

1ª. Edição:
novembro de 2013

Tiragem:
250 exemplares

&RÀQDQFLDPHQWR

(VWHWH[WRIRLHVFULWRDRDEULJRGRQRYR$FRUGR2UWRJUiÀFR
ÍNDICE

NOTA DE APRESENTAÇÃO..................................................................................................9
SUMÁRIO EXECUTIVO........................................................................................................10
EXECUTIVE SUMMARY........................................................................................................14
INTRODUÇÃO....................................................................................................................18
Conceito de empresário sénior..................................................................................22
ELEMENTOS DE ENQUADRAMENTO.................................................................................23
Portugal no grupo dos países mais envelhecidos da Europa................................23
O envelhecimento da população, ameaças e oportunidades...........................24
A participação dos mais velhos no mundo do trabalho........................................26
REPRESENTATIVIDADE E PERFIS DOS EMPRESÁRIOS SENIORES.......................................29
O aumento da representatividade dos empresários seniores...............................29
2SHUÀOJHUDOGRVHPSUHViULRVVHQLRUHV
Ser empresário pela primeira vez depois dos 50 anos............................................31
PERSPETIVAS QUANTO À LONGEVIDADE DA VIDA ATIVA DOS EMPRESÁRIOS
SENIORES............................................................................................................................35
Retirada dos negócios, sucessão e transferência intergeracional.......................35
Perceções face ao envelhecimento e às diferentes gerações de empresários ...
.......................................................................................................................................38
PISTAS PARA A INTERVENÇÃO......................................................................................42
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1. Perspetiva geral do roteiro analítico do Estudo............................................21


Figura 2. Sistema de formação: teorias do “funil” e da “ampulheta”.......................27
Figura 3. Patrões/empregadores, total e grupo com 50 e + anos (1991, 2001 e 2011)
............................................................................................................................................29
Figura 4. Patrões/empregadores com 50 e + anos por faixa etária, 2011 (%)..........30
Figura 5. Patrões/empregadores com 50 e + anos por género, 2011 (%).................30
)LJXUD3DWU}HVHPSUHJDGRUHVFRPHDQRVSRUTXDOLÀFDomRHVFRODUH
2012 (%)..............................................................................................................................31
Figura 7. Empresas dos empresários com 50 e + anos segundo os setores mais
representados, 2011 (%)...................................................................................................31
Figura 8. Empresas dos empresários com 50 e + anos segundo a dimensão, 2002 e
2012 (%)..............................................................................................................................32
)LJXUD%HQHÀFLiULRVGR3$(&3(SRUJUXSRGHLGDGHV  
Figura 10. Condições para a retirada da empresa (%)...............................................36
Figura 11. Forma de retirada da empresa (%)..............................................................36
Figura 12. Situação face à sucessão e transmissão da empresa (%)........................37
Figura 13. Transferência de conhecimentos e competências (%).............................38
Figura 14. Formas de transferência dos conhecimentos e competências (%)........38
Figura 15. Atividades associadas à qualidade de vida e bem-­estar (%)..................39
Figura 16. Situações de discriminação enquanto empresário senior (%)..................40

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1. Fontes de informação....................................................................................21


4XDGUR3URMHo}HVGHPRJUiÀFDVSDUD3RUWXJDO
Quadro 3. Patrões/empregadores, total e grupo com 50 e + anos (1991, 2001 e
2011) ..................................................................................................................................29
Quadro 4. Eurobarómetro do Empreendedorismo......................................................33
Quadro 5. Disponibilidade para apoio/aconselhamento a empresários mais
jovens ou com menor experiência (%)..........................................................................40
NOTA DE APRESENTAÇÃO

A presente publicação reúne o essencial de um estudo sobre “O Envelhecimento


Ativo e os Empresários Seniores”, promovido pela AEP -­ Associação Empresarial
GH3RUWXJDOFRÀQDQFLDGRSHOR32$7)6(3URJUDPD2SHUDFLRQDOGD$VVLVWrQFLD
Técnica Fundo Social Europeu e pelo Estado Português e realizado tecnicamente,
em parceria, pela Quaternaire Portugal, Consultoria para o Desenvolvimento S.A..
A promoção de um estudo desta natureza explica-­se, por um lado, pela cons-­
tatação de algumas interrogações sem respostas do terreno: Quantos são? Como
são? Como perspetivam o prolongamento da atividade e a sua relação com o
envelhecimento? Qual a relevância das iniciativas depois dos 50 anos? Que moti-­
vações, que condições, que limitações? Como ajustar as práticas empresariais e
as políticas ao envelhecimento da classe empresarial e à necessidade de fomen-­
tar o crescimento económico?… por outro lado, que referenciais, que ações po-­
demos encetar para promover, para capacitar a atividade empresarial e o em-­
preendedorismo das gerações mais velhas em prol do crescimento e da coesão.
Pelo grande contributo e colaboração, agradecemos a todas as organizações
e personalidades que participaram, quer através das entrevistas quer dos focus
group, realizados ao longo do estudo.
Aos empresários seniores, o nosso agradecimento e reconhecimento especial,
SRUWHUHPSDUWLOKDGRFRPFRQÀDQoDHRWLPLVPRDVXD´YLGDµHPSUHVDULDO

AEP -­ Associação Empresarial de Portugal

9
SUMÁRIO EXECUTIVO

O envelhecimento da população é uma das tendências que marca de forma


incisiva a evolução da sociedade e da economia na Europa. Em Portugal esta ten-­
dência é particularmente forte, colocando o país no grupo dos mais envelhecidos.
O aumento das taxas de dependência dos idosos, a inatividade dos grupos
de pessoas mais velhas e os impactos no mercado de trabalho têm atraído a
atenção para os trabalhadores mais velhos e para a necessidade de prolongar
o tempo de presença no mercado de trabalho.
O envelhecimento da mão-­de-­obra e a extensão da vida ativa incidem quer
nos trabalhadores, quer na classe empresarial. Contudo, os efeitos destas altera-­
ções na dinâmica empresarial dos mais velhos e na sua função empresarial estão
ainda pouco estudados, bem como a vertente do empreendedorismo sénior,
uma das linhas de política no âmbito do desígnio do envelhecimento ativo.
É neste enquadramento que a AEP -­ Associação Empresarial de Portugal,
promove o Estudo “O Envelhecimento Ativo e os Empresários Seniores”, com o
objetivo central de contribuir para o aprofundamento do conhecimento da rea-­
lidade dos empresários seniores em Portugal e das vantagens da promoção da
atividade empresarial e do empreendedorismo das gerações mais velhas.
Tratando-­se de um tema pouco estudado optou-­se por uma abordagem que
DEUDQJHXGLYHUVRVHL[RVDQDOtWLFRVWHQGrQFLDVGHPRJUiÀFDVHVXDVLPSOLFDo}HV
QRPXQGRGRWUDEDOKRUHSUHVHQWDWLYLGDGHHSHUÀOGRVHPSUHViULRVVHQLRUHVORQ-­
gevidade na gestão das empresas, perceções face ao envelhecimento e às re-­
lações intergeracionais e ativação dos seniores para a atividade empresarial. A
estratégia metodológica assentou no cruzamento das análises qualitativa e quan-­
titativa e na utilização de fontes diversas – documentos, estatísticas, inquirição,
estudos de caso, entrevistas e painéis de discussão.
O conceito adotado de empresário sénior abrange todos os empresários com
50 e mais anos, independentemente da idade de início da atividade empresarial.
2(VWXGRSHUPLWLXYHULÀFDUTXHHPRVHPSUHViULRVFRPHPDLVDQRV
eram 163.503, aproximadamente o dobro do valor em 1991, correspondendo a
36% do total de empresários (apenas empregadores).
Estes empresários são, sobretudo, “idosos jovens” – 66% até aos 59 anos –, mas

10
a taxa de empresários com 65 e mais anos não é negligenciável, bem como o seu
FRQWULEXWRSDUDRHPSUHJRGRVLGRVRV$OpPGLVVRRSHUÀOpSUHGRPLQDQWHPHQWH
masculino, apesar do aumento da presença feminina, e prevalecem as baixas
TXDOLÀFDo}HVHPERUDQXPTXDGURGHPHOKRULDJUDGXDOGRVQtYHLVGHHQVLQR
As empresas detidas pelos empresários seniores não se distanciam das carac-­
terísticas do universo das empresas – a maioria tem 10 ou menos trabalhadores e
o setor mais relevante é o comércio (34%), seguido da indústria transformadora,
da construção e do alojamento e restauração.
Quanto à atividade empresarial iniciada após os 50 anos, as fontes disponíveis
não permitiram contabilizar a sua incidência na dinâmica geral da criação de
HPSUHVDV0DVQRTXHUHVSHLWDHVSHFLÀFDPHQWHjVLQLFLDWLYDVGRVGHVHPSUHJD-­
dos (Programa de apoio ao empreendedorismo e à criação do próprio emprego)
foi apurado que os empreendedores com 50 e mais anos representam 13% das
LQLFLDWLYDVFULDGDV2VHXSHUÀOGLVWDQFLDVHGRXQLYHUVRGRVHPSUHViULRVVHQLRUHV
²VmRPDLVQRYRVHPDLVTXDOLÀFDGRVDVPXOKHUHVHVWmRPDLVUHSUHVHQWDGDVHDV
LQLFLDWLYDVVmRVHWRULDOPHQWHPDLVGLYHUVLÀFDGDV
Entendido como instrumento para reforçar a atividade económica dos mais
velhos, por opção ou necessidade, o empreendedorismo sénior não se esgota
na criação de empresas ou no auto-­emprego e inclui outras dimensões impor-­
tantes, como o empreendedorismo social e o apoio a outros empresários mais
novos ou menos experientes.
Em qualquer caso, os contactos estabelecidos permitiram concluir da sua fraca
representatividade nas estratégias das organizações, o que leva a questionar se
o potencial dos mais velhos, que querem e estão em condições de assumir uma
atitude mais empreendedora, está a ser efetivamente rentabilizado.
Relativamente à longevidade da atividade empresarial, a informação reco-­
lhida através de inquérito (154 respondentes) revela um forte vínculo ao trabalho
e uma tendência de permanência na empresa para além da idade da reforma.
Para a maioria dos inquiridos, três aspectos principais condicionam a saída da
empresa: atingir um certo patamar etário, entendido de forma variável, assegurar
a estabilidade da empresa e encontrar um sucessor.
A questão da sucessão mantém-­se como um problema difícil de resolver. À
TXHVWmRHPRFLRQDOGDOLJDomRDRQHJyFLRDFUHVFHDGLÀFXOGDGHHPHQFRQWUDU
VXFHVVRUHVHVREUHWXGRQRVQHJyFLRVPDLVIUiJHLVVXUJHPGLÀFXOGDGHVHFRQy-­

11
micas que impedem uma saída digna dos empresários. Neste contexto, a longe-­
YLGDGH SURÀVVLRQDO QmR SRGH VHU HQFDUDGD DSHQDV FRPR IRQWH GH UHDOL]DomR
SHVVRDOHSURÀVVLRQDOPDVHPIXQomRGDVLWXDomRHVSHFtÀFDGDVHPSUHVDVHGD
SRVVLELOLGDGH GH DVVHJXUDU UHFXUVRV VXÀFLHQWHV SDUD D YHOKLFH DVVXPHVH WDP-­
bém como uma obrigação por falta de alternativas.
2SURFHVVRGHLQTXLULomRSHUPLWLXWDPEpPFRQÀUPDUTXHRHQYHOKHFLPHQWRp
um processo muito individual e a idade, encarada a partir de vivências distintas,
QmRVHDÀJXUDFRPRXPIDWRUGHGLVFULPLQDomRGDVXDIXQomRGHHPSUHViULR
A perceção do seu estatuto de empresário sénior baseia-­se fundamentalmente
nos valores acumulados de experiência e sabedoria, que os distinguem positiva-­
mente dos empresários jovens, mas também são referidas desvantagens, nomea-­
damente a desatualização dos conhecimentos face às mudanças da sociedade,
da economia e do mundo do trabalho.
A apreciação relativa aos empresários jovens é, em geral, muito positiva e ra-­
dica, sobretudo, na formação académica e na facilidade de utilização das TIC,
e com menor incidência no dinamismo e na capacidade física.
O potencial de relação e aprendizagem intergeracional é evidente na po-­
sição da maioria dos empresários inquiridos, quando considera a hipótese de
apoiar e aconselhar outros empresários, disponibilidade que pode ser aproveita-­
da em favor de programas de mentoring/coaching.
Da análise das perspetivas de adesão dos empresários inquiridos às atividades
que ajudam a cumprir a qualidade de vida e o bem-­estar, após a retirada das
empresas, conclui-­se que o exercício físico e a utilização das TIC são as atividades
com maior relevância. Em contraponto, a participação na vida política e asso-­
ciativa e o voluntariado integram-­se no grupo das práticas menos referidas para
esta fase da vida.
Em função dos resultados do Estudo são elencados os seguintes domínios prio-­
ritários de intervenção:
‡ Sensibilização e informação: orientado para alertar para as alterações demo-­
JUiÀFDVHSDUDRVLPSDFWRVTXHVHSRGHPSHUVSHWLYDUQDVHPSUHVDVHQDIXQomR
empresarial, sem descurar a necessidade de aprofundamento do estudo sobre o
tema, nomeadamente em termos setoriais.
‡ Serviços de apoio: supõe novas necessidades em termos de apoio aos em-­
presários, nomeadamente a gestão da idade e da saúde, e o reforço da ação no

12
apoio à transição e à sucessão dos negócios.
‡Capitalização das vantagens do envelhecimento ativo dos empresários:
respeita ao contributo dos mais velhos para a dinamização da actividade em-­
presarial, através das funções de apoio e aconselhamento, constituição de equi-­
pas mistas, transferência da sua experiência e conhecimento e aprendizagem
intergeracional.
‡ Fomento do empreendedorismo sénior: integra-­se na necessidade de capita-­
lizar o contributo dos mais velhos (que querem e estão em condições de de con-­
tribuir para a economia e para a sociedade), e aferir se estão a ser impulsionados
para tal e se estão a ser trabalhadas as barreiras que impedem a sua iniciativa.
‡Desenvolvimento de competências: orientado para a necessidade de inves-­
tir neste grupo, porque num cenário de prolongamento da atividade empresarial
DFHQWXDPVHRVULVFRVGHLQVXÀFLrQFLDHREVROHVFrQFLDGDVFRPSHWrQFLDVHDV
GLÀFXOGDGHVUHODFLRQDGDVFRPDVEDL[DVTXDOLÀFDo}HV6XS}HWDPEpPDSRQGH-­
ração das modalidades e metodologias de formação face às características e
particularidades destes grupos etários.

13
EXECUTIVE SUMMARY

The population ageing is one of the trends that marks the development of the
European society and economy in an incisive manner. In Portugal, this trend
is particularly strong, placing the country among the group of the most aging
countries.
The increased old-­age dependency ratio, the inactivity of the groups of
elderly people and the impacts on the labour market have been attracting
the attention to the older workers and to the need to extend the time of their
presence in the labour market.
The ageing workforce and the extension of the working life affect not only
the workers, but also the business class. However, the effects of these changes
in the business dynamic of the elderly and in their business activity are yet poorly
explored; similarly, little do we know about senior entrepreneurship, one of the
policy lines within the active ageing purpose.
Under this framework, AEP -­ Portuguese Entrepreneurial Association, promotes
the Study “The Active Ageing and the Senior Business Owners”, with the main
purpose of contributing to a deeper understanding of the reality of senior business
owners in Portugal and of the advantages obtained with the promotion of the
business activity and entrepreneurship of the elder generations.
Given the fact that this topic is understudied, an approach including diverse
analytical axis was chosen: demographic trends and their implications in the
ZRUOGRIZRUNUHSUHVHQWDWLYHQHVVDQGSURÀOHRIWKHVHQLRUEXVLQHVVRZQHUV
longevity in the enterprises’ management, perceptions regarding ageing and the
intergenerational relationships and motivation of the seniors towards the business
activity. The methodological strategy was based on the intersection of both
the qualitative and the quantitative analyses and in the use of diverse sources –
documents, statistics, inquiry, case studies, interviews and panel discussions.
For the purpose of this study, the concept of senior business owner
encompasses all business owners 50 or more years old, regardless of their age
when the business activity began.
The Study has shown that, in 2011, the business owners 50 or more years old
ZHUHURXJKO\WKHGRXEOHRIWKHÀJXUHLQDQGWKH\UHSUHVHQWHG

14
of the total number of business owners (employers only).
7KHVHEXVLQHVVRZQHUVDUHPRVWO\´\RXQJHOGHUO\µ²XSWR\HDUVROG
– but the ratio of business owners aged 65 and older is not negligible, neither
LVWKHLUFRQWULEXWLRQIRUWKHHPSOR\PHQWRIHOGHUSHRSOH0RUHRYHUWKHSURÀOH
is predominantly male, despite the increase in the female presence, and the
ORZTXDOLÀFDWLRQVSUHYDLODOWKRXJKLQDFRQWH[WRIJUDGXDOLPSURYHPHQWLQWKH
schooling levels.
The enterprises owned by senior business owners are not distant from the
characteristics of the universe of enterprises – the majority has 10 employees or
OHVVDQGWKHPRVWUHOHYDQWLVWKHWUDGHVHFWRU  IROORZHGE\PDQXIDFWXULQJ
building and hotels and restaurants.
Regarding the beginning of the business activity after the age of 50, the
available sources did not allow its incidence to be calculated in the overall
dynamic of business creation. But, as far as the initiatives for unemployed
people are concerned (Entrepreneurship and Creation of Self-­Employment
Support Programme), it was established that entrepreneurs who are 50 or more
\HDUVROGUHSUHVHQWRIWKHLQLWLDWLYHVFUHDWHG7KHLUSURÀOHLVTXLWHGLVWDQW
from the universe of senior business owners -­ they are younger and have higher
TXDOLÀFDWLRQVWKHZRPHQDUHPRUHUHSUHVHQWHGDQGWKHLQLWLDWLYHVDUHPRUH
diverse, from a sectorial point of view.
Considered as an instrument to reinforce the economic activity of the elderly,
either by choice or need, senior entrepreneurship goes beyond the creation of
new business or self-­employment, and it includes other important dimensions,
such as social entrepreneurship and the support to younger or less experienced
business owners.
Anyhow, the contacts established made it possible to conclude its weak
representativeness in the strategies of the organisations, which raises the
question of whether one is actually taking full advantage of the potential
of the elderly, who are willing and have the conditions to assume a more
entrepreneurial attitude.
As far as the longevity of the business activity is concerned, the information
gathered through the survey (154 respondents) reveals a strong attachment to
the occupation and a tendency to stay at the enterprise beyond retirement age.
For the majority of the respondents, three main aspects determine the decision

15
to leave the enterprise: reaching a certain age level, which is understood
GLIIHUHQWO\DVVXUHWKHVWDELOLW\RIWKHHQWHUSULVHDQGÀQGDVXFFHVVRU
7KHVXFFHVVLRQLVVXHUHPDLQVDGLIÀFXOWSUREOHPWRVROYH,QDGGLWLRQWRWKH
HPRWLRQDODWWDFKPHQWWRWKHEXVLQHVVWKHUHLVWKHGLIÀFXOW\WRÀQGVXFFHVVRUV
DQGSDUWLFXODUO\LQWKHPRVWIUDJLOHEXVLQHVVHVVRPHHFRQRPLFGLIÀFXOWLHV
emerge and prevent the business owners from leaving with dignity. In this
context, the professional longevity cannot be simply considered as a source of
personal and professional accomplishment, but, depending on the enterprises’
VSHFLÀFVLWXDWLRQDQGRQWKHSRVVLELOLW\WRJXDUDQWHHHQRXJKUHVRXUFHVWRPDNHLW
through old age, it may be an obligation imposed by the lack of alternatives.
7KHLQTXLU\SURFHVVDOVRPDGHLWSRVVLEOHWRFRQÀUPWKDWDJHLQJLVDYHU\
individual process and age, which is faced according to distinct experiences,
does not seem to be a discriminating factor for the occupation of business owner.
The perception of their status of senior business owners is based mainly upon
the experience and wisdom, values accumulated over time and that positively
set them apart from young business owners; some disadvantages are also
mentioned, namely the outdated knowledge given the changes in the society,
the economy and the world of work.
Their appreciation of young business owners is, generally, very positive and
relies on, especially, the academic training and the friendly use of ICT, but also
on dynamism and physic capacity.
The position assumed in the survey by most business owners clearly reveals the
potential in the intergenerational relationship and learning, as they consider the
possibility to support and advise other business owners, an availability that may
EHQHÀWPHQWRULQJFRDFKLQJSURJUDPPHV
An analysis to the business owners’ prospects to join activities that contribute
to quality of life and well-­being, after leaving the enterprises, leads to the
conclusion that work out and use of ICT are the most relevant activities. On the
other hand, the participation in the political and associative lives and voluntary
work are within the least referred practices for this life stage.
$VDFRQVHTXHQFHRIWKH6WXG\·VÀQGLQJVKHUHLVDOLVWRISULRULW\LQWHUYHQWLRQ
areas:
‡Awareness and information: directed to draw attention to the demographic
changes and the impacts that may occur in the enterprises and in the business

16
occupation, without neglecting the need to study the topic further, namely from
a sectorial perspective.
‡Support services: presumes new needs in terms of support to the business
owners, namely age and health management, and the reinforcement of an
active support to the business transition and succession.
‡Put the active ageing of the business owners to good use: it is related to
the contributions from the elderly to streamline the business activity, through the
support and advice functions, constitute mixed teams, transfer their experience
and knowledge and intergenerational learning.
‡Promotion of senior entrepreneurship: it is part of the need to make the most
out of the contribution from the elderly who want and have the conditions to
create a new business and check whether these seniors are being encouraged
to do so and whether the barriers that stop their initiative are being worked on.
‡Development of competencies: directed to the need to invest in this group,
because in a scenario of extension of the business activity there is an increase in
WKHULVNVRILQVXIÀFLHQF\DQGREVROHVFHQFHLQWKHEXVLQHVVRZQHUV·FRPSHWHQFLHV
DQGRIVWUXJJOLQJUHODWHGWRORZTXDOLÀFDWLRQV,WDOVRDVVXPHVDQDVVHVVPHQWRI
WKHWUDLQLQJW\SHVDQGPHWKRGVWKDWEHVWÀWWKHFKDUDFWHULVWLFVDQGSDUWLFXODULWLHV
of age brackets.

17
INTRODUÇÃO

O envelhecimento da população é uma das tendências que marca de forma


LQFLVLYDDHYROXomRGDVRFLHGDGHHGDHFRQRPLDFRPLPSDFWRVVLJQLÀFDWLYRV
nos recursos públicos, nos sistemas de proteção social, no mercado de trabalho
e na organização da vida em sociedade.
Tratando-­se de uma tendência de âmbito mundial, embora com incidên-­
FLDGHVLJXDOHQWUHUHJL}HVHSDtVHVDVDOWHUDo}HVGHPRJUiÀFDVHGRVratios de
dependência entre jovens e idosos, afetam Portugal de modo particularmente
forte – Portugal está no grupo dos países mais envelhecidos da Europa.
Devido à atualidade do tema e à relevância dos seus impactos, o envelheci-­
mento tem recebido a atenção dos políticos e dos investigadores, focando-­se
em questões como os sistemas de pensões, a saúde, o apoio social e os cuidados
aos idosos. Mas o aumento das taxas de dependência dos idosos, a inatividade
dos grupos de pessoas mais velhas e os impactos no mercado de trabalho, no-­
meadamente a rarefação e o envelhecimento da mão de obra, têm também
atraído a atenção para os trabalhadores mais velhos.
Assumindo-­se como indispensável aumentar o tempo de presença no mer-­
cado de trabalho, a promoção do “envelhecimento ativo”, nomeadamente na
sua componente económica é, assim, uma das orientações da política pública.
(PFRQWH[WRGHGHVHPSUHJRHVWUXWXUDOPXLWRHOHYDGRHVWHpXPGHVDÀRPXLWR
complexo.
O envelhecimento da mão de obra é uma das consequências mais evidentes
GDVPXGDQoDVGHPRJUiÀFDVTXHLQFLGHTXHUQRVWUDEDOKDGRUHVTXHUQDFODVVH
empresarial.
Em Portugal, em 2011, 36% dos empresários tinham 50 ou mais anos, em 1991
eram 32%1. Além disso, a iniciativa empresarial dos mais velhos é também sinalizada
como uma das saídas para a crise a para a criação de emprego, e este grupo co-­
meça a ser encarado como um público para as políticas do empreendedorismo.
Todavia, apesar da representatividade destes empresários e do aumento previ-­
sível do seu espaço de intervenção na dinamização da economia e na liderança
dos negócios, sabe-­se pouco sobre este grupo e sobre os efeitos das mudanças

1 Refere-­se apenas a empresários/empregadores, não inclui trabalhadores por conta própria sem empregados.

18
GHPRJUiÀFDVHGDWHQGrQFLDSDUDDH[WHQVmRGDYLGDDWLYDQDGLQkPLFDHPSUH-­
sarial e na função de empresários:
Quantos são? Como são? Como perspetivam o prolongamento da ativida-­
de e a sua relação com o envelhecimento? Qual a relevância das iniciati-­
vas depois dos 50 anos? Que motivações, que condições, que limitações?
Como ajustar as práticas empresariais e as políticas ao envelhecimento da
classe empresarial e à necessidade de fomentar o crescimento económico?
Os estudos, nacionais e internacionais, e a informação sobre o tema são escas-­
sos, mas os preconceitos em relação ao envelhecimento e as questões urgentes
GDFULVHHFRQyPLFDHÀQDQFHLUDQmRDMXGDPDFRORFDUHVWHDVVXQWRQDDJHQGD
Na atualidade, são as elevadas taxas de desemprego dos jovens que ganham
centralidade, mas não se pode ignorar o importante papel dos empresários mais
velhos na criação de oportunidades para os jovens, por via do emprego ou atra-­
vés da regeneração da liderança das empresas.
Relativamente à perceção da sociedade em relação aos mais velhos, impor-­
ta considerar que devido à melhoria das condições de vida, cuidados de saúde
HQtYHOGHTXDOLÀFDo}HVRHQYHOKHFLPHQWRMiQmRpQHFHVVDULDPHQWHXPWHPSR
de declínio. Os idosos vivem mais tempo e de forma mais saudável e este é tam-­
bém um período de oportunidades e de realizações, apesar dos estereótipos
dominantes:
´$JORULÀFDomRGDMXYHQWXGHRGHVLQWHUHVVHSHODH[SHULrQFLDHVDEHGRULD
dos idosos e a saliência do LQVWDQWJUDWLÀFDWLRQ de muitos e, sobretudo, da
comunicação social, constituem forças poderosas conservadoras, bloque-­
ando as mudanças ao nível cultural e político, necessárias para o reforço
duma sociedade coesa, justa e solidária. Recusar os contributos dos muitos
idosos, a todos os níveis, constitui um erro extravagante e de custo social,
HFRQyPLFR H ÀQDQFHLUR HOHYDGR QXP SHUtRGR GH FULVH H QXP FRQWH[WR
europeu muito difícil, senão imprevisível”2.
Se a sociedade ainda não consciencializou, em termos gerais, o novo paradig-­
PDGRHQYHOKHFLPHQWRDLQGDpPDLVQRWyULDDGLÀFXOGDGHHPLQFRUSRUDUFRPR
matriz de pensamento o reforço da intervenção dos mais velhos na atividade
empresarial e no mundo dos negócios.

2 CARNEIRO, R.; CHAU, F.; SOARES, C.; FIALHO, J. & SACADURA, M. (2012) O Envelhecimento da População:
Dependência, Ativação e Qualidade. CES -­ Conselho Económico e Social, p. 18.O

19
Atente-­se como em termos da cultura empreendedora, o foco dos estudos e
das intervenções se centra nos empresários jovens, subvalorizando o potencial dos
mais velhos. Aliás, o trabalho de terreno realizado permitiu perceber que mesmo
alguns empresários, sobretudo os mais próximos do escalão dos 50 anos, mani-­
festavam surpresa quando confrontados com o conceito de empresário sénior e
com a ideia de se integrarem nesta categoria.
É neste enquadramento que a AEP -­ Associação Empresarial de Portugal
promoveu o Estudo “O Envelhecimento Ativo e os Empresários Seniores”, cujo
objetivo central é contribuir para o aprofundamento do conhecimento sobre a
realidade dos empresários seniores em Portugal e as vantagens da promoção da
atividade empresarial e do empreendedorismo das gerações mais velhas.
2FXPSULPHQWRGHVWHREMHWLYRWHPDVVRFLDGRRVVHJXLQWHVREMHWLYRVHVSHFtÀFRV
‡Realizar um diagnóstico da situação dos empresários seniores em Portugal,
TXHDERUGDDVXDHYROXomRHSHUÀORHQYHOKHFLPHQWRHDORQJHYLGDGHQDJHV-­
tão das empresas, as relações intergeracionais e a componente do empreende-­
dorismo sénior.
‡Apresentar um referencial de pistas de ação que favoreça a adoção de
iniciativas orientadas para a promoção das vantagens da atividade empresarial
das gerações mais velhas.
Tratando-­se de um tema pouco estudado, nacional e internacionalmente, op-­
tou-­se por uma abordagem extensiva, numa lógica exploratória e de investiga-­
ção de diversos eixos analíticos, considerados relevantes para o enquadramento
e caracterização da realidade dos empresários seniores, nomeadamente:
‡ &RQWH[WXDOL]DomRGDWHPiWLFDQDVWHQGrQFLDVGHPRJUiÀFDVHQDVVXDVLPSOL-­
cações no mundo do trabalho;
‡Evolução da representatividade face ao universo de empresários;
‡3HUÀOGRVHPSUHViULRVHGDVHPSUHVDV
‡Tendências quanto à longevidade na gestão das empresas (retirada dos
negócios e sucessão);
‡Perceções e atitudes face ao envelhecimento e à relação com a atividade
empresarial;
‡Relações intergeracionais, ao nível das práticas de transferência de compe-­
tências e perceções face às diferentes gerações de empresários;
‡Ativação dos seniores para a atividade empresarial.

20
A vantagem desta opção reside na estruturação de um quadro amplo de aná-­
lise, que procura não perder de vista a complexidade do tema. A desvantagem
revelou-­se na incapacidade em aprofundar todas as dimensões consideradas,
mas o propósito do Estudo também é lançar pistas para exercícios de aprofunda-­
mento subsequentes, que darão seguimento aos resultados alcançados.
$HVWUDWpJLDPHWRGROyJLFDGHÀQHFRPROLQKDIXQGDPHQWDORFUX]DPHQWRGDV Envelhecimento Atividade
da população empresarial
análises qualitativa e quantitativa, através da utilização de fontes diversas, que
Envelhecimento Empresários
incluem documentos, estatísticas, inquérito, estudos de caso, entrevistas e painéis ativo seniores
de discussão.
Representatividade e perfil

Quadro 1. Fontes de informação Perceções face ao


envelhecimento e
$QiOLVHELEOLRJUiÀFDH[SORUDomRGHGRFXPHQWRVHHVWXGRVGHUHIHUrQFLDUHODWLYRVjV à relação com a atividade
diferentes componentes analíticas do Estudo empresarial
Tendências quanto à
Análise estatística: informação do sistema estatístico nacional de caracterização dos
longevidade na
empresários e das empresas gestão das empresas
Inquérito aos empresários: aplicado a uma amostra de empresários envolvida em Relações intergeracionais
atividades de formação promovidas pela AEP (n=154), através de contacto telefónico Ativação dos seniores para
e mail (julho, agosto e setembro de 2013) a atividade empresarial
Estudos de caso a empresários seniores (n=3), através de entrevistas aprofundadas
Entrevistas com peritos e serviços públicos Figura 1. Perspetiva geral do roteiro analítico
do Estudo
Focus-­group (n=2) e Workshops (n=2), os primeiros de caráter exploratório, os segundos
dedicados à discussão e aprofundamento dos resultados preliminares do Estudo,
envolveram cerca de duas dezenas de entidades e personalidades de diversas áreas,
incluindo empresários

2 (VWXGR LQLFLRXVH HP MDQHLUR GH  H FXOPLQRX QR ÀQDO GHVVH DQR FRP
XPD VHVVmR GH DSUHVHQWDomR GRV UHVXOWDGRV H GD UHÁH[mR SURGX]LGD GLULJLGD
aos agentes políticos e empresariais, organizações com intervenção na área do
envelhecimento, peritos e aos próprios empresários.
A presente publicação corresponde ao relatório síntese do Relatório Final do
Estudo e inclui, para além deste, os seguintes capítulos:
‡ Um primeiro capítulo de apresentação de elementos de contextualização
GR WHPD GR (VWXGR DVVRFLDGRV jV DOWHUDo}HV GHPRJUiÀFDV DRV LPSDFWRV QR
mundo do trabalho e ao desígnio do envelhecimento ativo.
‡Um segundo capítulo dedicado à apresentação das características dos em-­
presários seniores e da sua representatividade no espaço nacional, bem como a
abordagem do segmento dos empresários que iniciam a atividade empresarial
depois dos 50 anos.

21
‡Um terceiro capítulo que explora dimensões associadas à longevidade da
YLGDSURÀVVLRQDOGRVHPSUHViULRVQRPHDGDPHQWHDVSHUVSHWLYDVTXDQWRjUHWLUD-­
da dos negócios e à sucessão, e as perceções relativas ao envelhecimento e às
diferentes gerações de empresários.
‡Finalmente, o quarto capítulo é dedicado à apresentação das pistas de
ação para o apoio às condições e vantagens da atividade empresarial e do
empreendedorismo das gerações mais velhas.

CONCEITO DE EMPRESÁRIO SÉNIOR

2UHGX]LGRHVWXGRHLQYHVWLJDomRGHVWDWHPiWLFDUHÁHWHPVHQDSODVWLFLGDGHGD
WHUPLQRORJLDHGRVFRQFHLWRVXVDGRVSDUDLGHQWLÀFDUHVWHJUXSRFRPRVHSRGH
comprovar pela diversidade de designações recenseada em estudos e docu-­
mentos de referência, regra geral, em língua inglesa:
“... grey, senior, third age, eldery, second career entrepreneurs, seniorpre-­
neurs ...” (Empresários “... grisalhos, seniores, da terceira idade, mais velhos,
de segunda carreira…”)
Conceito de empresário sénior Os conceitos incluem também diferentes aceções deste grupo, podendo inte-­
adotado no Estudo: grar, ou não, os empresários que criaram empresas antes desta fase da sua vida,
Indivíduo com idade igual ou mas as designações referidas são aplicadas, sobretudo, aos empresários mais
superior a 50 anos, que gere o velhos sem iniciativa empreendedora anterior.
seu próprio negócio, criado de A questão do marco etário também é entendida de forma diversa e não existe
raiz ou adquirido a outros, por um consenso relativamente à idade a partir da qual se considera que um empre-­
conta própria ou como em-­ sário se integra na categoria de sénior. Regra geral, o conceito envolve indivíduos
pregador, independentemen-­ dentro de uma faixa etária ampla – 45 a 65 anos de idade.
te da idade que tinha quando Tendo em consideração estas referências e os objetivos do Estudo, o conceito
iniciou o negócio. de empresário sénior adotado elege como marco etário de partida os 50 anos,
QmR GHÀQH XPD LGDGH OLPLWH H DEUDQJH WRGRV RV HPSUHViULRV LQGHSHQGHQWH-­
mente da idade com que iniciaram a atividade empresarial.
Deste modo, alinha-­se o objeto com os objetivos do Estudo, na medida em
que o que está em causa é compreender a atividade empresarial dos grupos
etários mais velhos, e a idade em que iniciou só é relevante quando é indica-­
dor dessa mesma atividade. Por isso, é que o empreendedorismo sénior constitui
XPDGDVFRPSRQHQWHVHVSHFtÀFDVDERUGDGDVQR(VWXGR

22
ELEMENTOS DE ENQUADRAMENTO

PORTUGAL NO GRUPO DOS PAÍSES MAIS ENVELHECIDOS DA EUROPA

O envelhecimento populacional é um dos principais problemas socioeconómicos


TXHD(XURSDHQIUHQWDQDDWXDOLGDGH$VSURMHo}HVGHPRJUiÀFDVLQGLFDPTXH
em 2060, quase um 1/3 da população europeia terá pelo menos 65 anos e a pro-­
porção entre o número de pessoas em idade ativa e os reformados passará das
atuais quatro para apenas duas pessoas3.
O fenómeno do envelhecimento da população não é uniforme nos diversos
países da União Europeia.
Em alguns países, as projeções apontam para um crescimento do grupo etá-­
rio entre 15 e 64 anos, mas Portugal não se encontra entre esses países. Pelo
FRQWUiULR QDV ~OWLPDV GpFDGDV D HYROXomR GHPRJUiÀFD FRQGLFLRQDGD SHOD
diminuição das taxas de mortalidade e, sobretudo, de natalidade, apresenta
como característica dominante um envelhecimento da população mais signi-­
ÀFDWLYRGRTXHDPpGLDGD8QLmR(XURSHLDHGD2&'(2UJDQL]DomRSDUDD
Cooperação e Desenvolvimento Económico.
“Neste continente ‘grisalho’, Portugal ocupa hoje o lugar de um dos países
mais envelhecidos. Trata-­se de um caso peculiar entre as nações europeias,
não por estar a envelhecer (porque todas as populações o estão!), mas
pela rapidez com que este processo aqui se manifestou”4.
Como consequência desta dinâmica, em 2011, o índice de envelhecimento
era de 130 (130 idosos por cada 100 jovens), o que coloca Portugal como o 6º.
SDtVPDLVYHOKRGD(XURSD$VSURMHo}HVGHPRJUiÀFDVSDUDDVSUy[LPDVGpFD-­
das sinalizam a agudização destas tendências, por via do aumento da popula-­
ção com 65 ou mais anos e dos mais de 80 anos – na década de 40, este grupo
deverá ultrapassar o valor de 1 milhão (em 2010, eram cerca de 484.200).

3 União Europeia (2011) The 2012 Ageing Report: Underlying Assumptions and Projection Methodologies.
4 ROSA, M. J. V.; CHITAS, P. (2013) Portugal e a Europa: Os Números. Fundação Francisco Manuel dos Santos, p. 20

23
Quadro 2. 3URMHo}HVGHPRJUiÀFDVSDUD3RUWXJDO

INDICADOR 2011 2030 2050


População (milhões) 10.5 10.8 10.6
Peso dos jovens (0-­14 anos) na população total 14,9% 12,4% 12,2%
Peso da população 25-­54 anos na população total 42,7% 38,9% 34,9%
Peso da população ativa na população total 53,6% 63,4% 56,4%
Peso dos idosos (65 ou + anos) na população total 19,0% 24,2% 31,4%

Fonte: PORDATA e Projeções de População residente em Portugal: 2008-­2060

O ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO, AMEAÇAS E OPORTUNIDADES

O envelhecimento da população e o aumento da longevidade individual são, em


si mesmos, importantes conquistas que resultam do progresso e da melhoria das
condições de bem-­estar, mas os seus impactos são multifacetados e acarretam
LPSRUWDQWHVGHVDÀRVSDUDDRUJDQL]DomRGDVRFLHGDGHHSDUDR(VWDGR6RFLDO
(QWUHRVDVSHWRVQHJDWLYRVVmRXVXDOPHQWHUHIHULGRVRFRQÁLWRHQWUHJHUDo}HV
RVHIHLWRVQRPHUFDGRGHWUDEDOKRHDSUHVVmRVREUHDVÀQDQoDVS~EOLFDV(VWH
último, ganha no atual contexto de crise económica ainda maior centralidade,
devido ao aumento da procura dos serviços e à redução do contributo para os
sistemas.
Numa perspetiva positiva, é recorrente a referência ao potencial de criação de
novos bens e respetiva promoção de emprego, em particular na área de serviços
sociais e pessoais, e ao modo como as empresas ainda não consciencializaram as
possibilidades associadas a este novo mercado.
Simultaneamente, são valorizadas as oportunidades que decorrem de vidas
mais longas, mais saudáveis e autónomas, associadas ao aumento da esperan-­
oDPpGLDGHYLGDHjPHOKRULDGDVFRQGLo}HVGHVD~GHHGDVTXDOLÀFDo}HVR
que permite perspetivar que os idosos podem participar durante mais tempo e
de forma mais ativa nas esferas pessoal, familiar, económica e social.
“O incremento exponencial da população idosa em Portugal (…) represen-­
ta, indiscutivelmente, um problema social. Mas, acima de tudo, o aumento
do peso da população idosa pode ser encarado como uma grande oportu-­
nidade social, cultural e económica”5.

5 CARNEIRO, R.; CHAU, F.; SOARES, C.; FIALHO, J. & SACADURA, M. (2012) O Envelhecimento da População:
Dependência, Ativação e Qualidade. CES -­ Conselho Económico e Social, p. 23.

24
Esta perspetiva ganha expressão com a iniciativa “Ano Europeu para o En-­
velhecimento Ativo e Solidariedade Entre Gerações – 2012” e com a visibilidade
conferida ao conceito “envelhecimento ativo”, referência de ação para comba-­
ter a perceção negativa em relação aos mais velhos e potenciar a sua qualidade
de vida e contributo para a sociedade.
Entendido inicialmente numa lógica de qualidade de vida integral, este concei-­
WRLQWHJUDKRMHIUXWRGDLGHLDGHTXHSDUDHQIUHQWDUDVPXGDQoDVGHPRJUiÀFDVp
imperioso aumentar o contributo dos mais velhos para a sociedade e economia,
XPDFODUDYHUWHQWHSURÀVVLRQDOHRFXSDFLRQDO$OJXPDVHVFRODVGHSHQVDPHQWR
não deixam de questionar a relevância crescente do paradigma mais economi-­
cista em detrimento de uma perspetiva mais holística do idoso e das suas necessi-­
dades, que estará plasmada nos documentos de política, mas que não encontra
HFRVXÀFLHQWHQDVFRQGLo}HVHIHWLYDPHQWHSURSRUFLRQDGDVDRVLGRVRV
3RURXWURODGRQHVWHHQTXDGUDPHQWRDLGDGHFRPRHOHPHQWRGHÀQLGRUGR
nível de atividade, muito ligado ao marco etário estabelecido pela reforma, é
um conceito em revisão. Embora a idade traga mudanças inevitáveis nas ca-­
pacidades e motivações, o tempo em que ocorrem estas mudanças é variável
HQmRpSRVVtYHOGHÀQLUXPPRPHQWRHVSHFtÀFRGDYLGDHPTXHDVSHVVRDVVH
tornem “velhos”. Esta perspetiva acentua também a necessidade de rever pres-­
supostos ainda muito presentes na organização atual da sociedade:
“…a idade deve ou não continuar a ser um critério decisivo na avaliação
do valor de alguém no mercado de trabalho? A passagem à reforma numa
idade predeterminada administrativamente deve continuar a ser defendi-­
da? Ou, pelo contrário, as fases da vida de aprendizagem, de atividade e de
lazer devem conviver ao longo da vida e perder o seu determinismo etário?”6
$DSUHFLDomRGDFODVVLÀFDomRGH3RUWXJDOQR´4XDGURGH,QGLFDGRUHVGR(Q-­
velhecimento Ativo 2012”, uma ferramenta que permite posicionar os países eu-­
ropeus quanto às práticas e condições associadas ao “envelhecimento ativo”,
revela uma posição intermédia – a 13ª. melhor pontuação dos 27 países da União
Europeia73RUpPHVWDFODVVLÀFDomRGHYHVHHVVHQFLDOPHQWHjVXSUHPDFLDHP
termos da participação dos mais velhos no mercado de trabalho. Relativamente
aos restantes indicadores (participação na sociedade, vida independente, sau-­
6 ROSA, M. J. V.; CHITAS, P. (2013) Portugal e a Europa: Os Números. Fundação Francisco Manuel dos Santos, p. 23.
7 Projeto desenvolvido no âmbito do Ano Europeu para o Envelhecimento Ativo pelo European Centre for Social
Welfare Policy and Research in Vienna (ECV).

25
dável e segura e capacidade e condições ambientais/contexto ambiente), os
resultados são claramente desfavoráveis para a situação dos idosos.
A posição cimeira de Portugal, no contexto europeu, no que concerne à parti-­
cipação dos mais velhos no mundo do trabalho, tem vindo a perder força desde
2007. A redução da idade da reforma e o movimento de reformas antecipadas,
em particular na administração pública e nas grandes empresas, em contraciclo
com a Europa e com o aumento da longevidade e da qualidade de vida dos
idosos, ajudam a explicar esta alteração. Porém, as previsões mais recentes apon-­
tam para o aumento do emprego dos seniores nas próximas décadas, que não
pode ser desligado do aumento da idade da reforma.

A PARTICIPAÇÃO DOS MAIS VELHOS NO MUNDO DO TRABALHO

A redução dos jovens e das pessoas em idade de trabalhar acarreta importantes


implicações no mundo do trabalho, nomeadamente a contração da mão de obra
disponível e o empobrecimento do capital de competências das organizações.
Estas mudanças na dimensão e estrutura da força de trabalho constituem um
GHVDÀRSDUDD(XURSDTXHHPDOJXQVSDtVHVVHIDUiVHQWLUDPpGLRSUD]RQRXWURV
DFXUWRSUD]RHSDUDRXWURVMiFRQÀJXUDXPDTXHVWmRSUHPHQWHQDDWXDOLGDGH
De facto, estudos recentes demonstram que algumas das economias euro-­
peias mais bem sucedidas estão a ter problemas em suprir as necessidades de
WUDEDOKDGRUHVSUREOHPDTXHVHLQWHQVLÀFDFRPRFRQWH[WRGHFULVHRGHVHPSUH-­
go (adultos e jovens) e as mudanças no mundo do trabalho8.
Neste enquadramento, promover a participação dos mais velhos no mundo
do trabalho, enquanto estratégia alicerçada no conceito do “envelhecimento
ativo”, constitui um desígnio das políticas europeias que visam a redução da
pobreza, a sustentabilidade dos sistemas de pensões, a diminuição das despesas
de saúde e a participação e bem-­estar dos mais velhos.
0DVRWUDEDOKRGRVPDLVYHOKRVFRORFDTXHVW}HVHVSHFtÀFDV
Os estudos revelam que a capacidade de trabalho tende a diminuir com o en-­
velhecimento, diminuição que é compensada com a melhoria no desempenho
de outras funções (pensamento estratégico, sagacidade, sabedoria, capacidade
decisória e consideração pelos outros).
8 PESCHNER, J.; FOTAKIS, C. (2013) Growth potential of EU human resources and policy implications for future
economic growth. União Europeia.

26
Estas mudanças estão correlacionadas com o tipo de emprego, o setor de
DWLYLGDGH H D TXDOLGDGH GH YLGD SURÀVVLRQDO H DIHWDP RV LQGLYtGXRV GH IRUPD
diferenciada, porque o envelhecimento biológico não se faz sentir da mesma
maneira nos indivíduos e mais importante do que a idade cronológica são as
fases, as motivações e as condições de vida dos mais velhos”9.
$SHVDU GH D TXDOLGDGH GD YLGD SURÀVVLRQDO FRQVWLWXLU XP UHTXLVLWR LPSRUWDQ-­
te para os mais velhos permanecerem mais tempo no mercado de trabalho,
as práticas de gestão de idade nos locais de trabalho revelam um baixo nível
de consciencialização das questões do envelhecimento, no que respeita, por
exemplo, à saúde no trabalho e à introdução de medidas “amigas” da idade
UHGX]LUDFDUJDItVLFDLQWURGX]LUSHTXHQDVSDXVDVÁH[LELOL]DUKRUiULRV« 
No que se refere ao desenvolvimento de competências, os sistemas vigentes
não respondem à necessidade de atuar numa fase mais adiantada da vida, por-­
que ainda predomina a educação e formação nas fases iniciais do ciclo de vida
H GD HQWUDGD QR PHUFDGR GH WUDEDOKR SRGHQGRVH DÀUPDU FRP SURSULHGDGH
que “a esperança de formação diminui com a idade”10.
Educação pré-­primária,
3 a 16/18
primária e secundária
Contudo, para responder à intensidade do envelhecimento da mão de obra,
Formação pós-­secundária /
DRDXPHQWRGDORQJHYLGDGHSURÀVVLRQDOHDRSDUDGLJPDGDDSUHQGL]DJHPDR 16/18 a 24 Ensino superior
Aprendizagem profissional

longo da vida, é fundamental que o sistema de formação se torne mais inclusivo 24 a 45


Desenvolvimento
profissional

FULDQGRRSRUWXQLGDGHVHSHUFXUVRVGLYHUVLÀFDGRVGHHGXFDomRHIRUPDomRSDUD
os mais velhos (teoria da “ampulheta”), sem descurar a atenção aos ambientes 45+ até à idade
legal de reforma ?
e metodologias favoráveis à aprendizagem.
A presença dos mais velhos no mercado de trabalho, não corresponde neces-­ 3 a 16/18
Educação pré-­primária,
primária e secundária

sariamente a perdas de produtividade, se a organização integrar ajustamentos Formação pós-­secundária /


16/18 a 24 Ensino superior
Aprendizagem profissional
que permitam contornar as limitações físicas que inevitavelmente ocorrem com
Desenvolvimento
24 a 45
a idade e se as oportunidades de aprendizagem responderem às necessidades profissional

e motivações dos mais velhos. Aprendizagem ao longo da vida


45+ até à idade Reformulação da carreira
legal de reforma Reflexão
As orientações das políticas públicas, nomeadamente a nível europeu, acom-­ Auto-­análise

panham estas ideias e no seu discurso é evidente a valorização dos mais velhos
Figura 2. Sistema de formação: teorias do “funil”
e a necessidade de agir face ao envelhecimento rápido da sociedade, por via e da “ampulheta”
Fonte: CEDEFOP (2011) Working and ageing,
da facilitação da sua permanência no mundo do trabalho, da partilha de expe-­
guidance and consulling for mature learners.
9 ILMARINEN, J. (s/d) Promover o envelhecimento ativo no local de trabalho. Agência Europeia para a Segurança
e Saúde no Trabalho.
10 LE BOTERF, G. (2002) La gestion des compétences rattrapée par les âges. Actualité de la Formation
Permanente, nº 181, p. 125.

27
riências e saberes, das relações intergeracionais e da promoção de uma vida
saudável, segura e inclusiva.
Porém, a perceção da sociedade em relação aos mais velhos é ainda desva-­
ORUL]DGRUDGRVHXSDSHOHHVSHFLÀFLGDGHVHHPSDUWLFXODUpDLQGDGHÀFLWiULRR
modo como as organizações encaram e integram esta dimensão do seu capital
KXPDQRRTXHDIHWDRSRWHQFLDOGHFXPSULPHQWRGRVGHVDÀRVGRHQYHOKHFL-­
mento ativo.

28
REPRESENTATIVIDADE E PERFIS DOS EMPRESÁRIOS SENIORES

O AUMENTO DA REPRESENTATIVIDADE DOS EMPRESÁRIOS SENIORES

Em 2011, os empresários com 50 e mais anos eram 163.503, aproximadamente o


dobro do valor recenseado em 1991, e representavam 36% do total de empresá-­
rios recenseados através dos Censos11.
&RPSDUDWLYDPHQWHjSRSXODomRDWLYDRVHPSUHViULRVDSUHVHQWDPXPSHUÀO
bem mais envelhecido – no mesmo ano, a população ativa com 50 e mais anos
não ultrapassava os 25%12.

Quadro 3. Patrões/empregadores, total e grupo com 50 e + anos (1991, 2001 e 2011)

ANO (035(6É5,26&20•$126 % TOTAL DE EMPRESÁRIOS


1991 84.076 31,7% 265.197
2001 149.304 31,2% 478.804
2011 163.503 35,6% 459.123

Fonte: INE | Censos 1991, 2001 e 2011

500.000
O crescimento da representatividade dos empresários seniores está associado
à forte dinâmica de criação de empresas nas últimas décadas do século passa-­
400.000
GRPDVUHÁHWHWDPEpPDTXHEUDQDVIDL[DVHWiULDVPDLVMRYHQV1DYHUGDGHQR
período em análise, 1991/2011, o volume total de empresários seniores apresentou 300.000

uma taxa de crescimento de 95%, valor superior ao crescimento dos empresários


200.000
com menos de 50 anos de idade.
Atendendo aos dados disponíveis espera-­se que, ao longo da próxima déca-­
100.000
da, o volume de empresários seniores continue a aumentar, bem como a sua re-­
presentatividade. Dado o crescimento dos patrões/empresários na faixa etária 45 0

a 49 anos de idade e como o volume deste grupo é superior a qualquer um respei-­


tante às faixas etárias subsequentes, em particular aquela cujos indivíduos terão
maior probabilidade de passar à inatividade (75 ou mais anos), é de esperar que o
Figura 3. Patrões/empregadores, total e grupo
volume de empresários seniores continue a crescer ao longo da próxima década. com 50 e + anos (1991, 2001 e 2011)
11 Os Censos são a fonte de informação que melhor retrata o número de empresários. Tem, contudo, a limitação Fonte: INE | Censos 1991, 2001 e 2011
de usar o conceito de “patrões/empregadores” e não incluir os empresários por conta própria sem empregados.
Por isso, o número efetivo de empresários com 50 e mais anos será certamente superior ao recenseado através
desta fonte de informação.
12 População ativa: conjunto de indivíduos com idade mínima de 15 anos que, no período de referência,
constituíam a mão-­de-­obra disponível para a produção de bens e serviços que entram no circuito económico
(empregados e desempregados).

29
O PERFIL GERAL DOS EMPRESÁRIOS SENIORES

40% A estrutura etária dos empresários seniores revela que são sobretudo “idosos jo-­
vens” – 66% até aos 59 anos, 86% até aos 64 anos. Mas a taxa de empresários

30% com idade acima do marco etário da reforma (65 e +) não é negligenciável
(13%), bem como o número de indivíduos incluídos – 21.699.
Esta estrutura etária mantém-­se estável ao longo das últimas três décadas,
20%
revelando que o prolongamento da vida ativa para além da idade da reforma
MiID]LDSDUWHGRH[HUFtFLRSURÀVVLRQDODQWHVGRVXUJLPHQWRGRFRQFHLWRGRHQ-­
10%
velhecimento ativo e da dinamização da atividade económica dos mais velhos.
Aliás, é evidente a importância deste grupo no emprego dos mais velhos, na
0 medida em que os empresários com mais de 65 anos representam 31% do total
da população ativa no grupo etário 65 e mais anos (70.172 indivíduos).
Figura 4. Patrões/empregadores com 50 e +
anos por faixa etária, 2011 (%) Mas se para alguns esse prolongamento corresponderá a uma forma de rea-­
Fonte: INE | Censos 1991, 2001 e 2011
OL]DomRSHVVRDOHSURÀVVLRQDOSDUDRXWURVVHUiXPDREULJDWRULHGDGHSRUIDOWDGH
RSomRHUHFXUVRVLQVXÀFLHQWHVQRPHDGDPHQWHGHYLGRjVEDL[DVSHQV}HVGHUH-­
IRUPDRXHQWmRUHÁHWHDGLÀFXOGDGHGRVSURFHVVRVGHWUDQVLomRHVXFHVVmRGRV
negócios.
1RTXHVHUHIHUHjGLVWULEXLomRSRUJpQHURpDFHQWXDGRXPSHUÀOSUHGRPL-­
100% nantemente masculino (70%), mas a presença feminina tem vindo a crescer,
90% ainda que com menor força na última década e em menor escala comparati-­
80% vamente ao grupo de empresários jovens.
70%
-iQRTXHUHVSHLWDjTXDOLÀFDomRHVFRODUDVVLVWHVHQDV~OWLPDVGpFDGDVD
60%
uma melhoria gradual dos níveis de ensino que acompanha a tendência na-­
50%
cional. Todavia, mantém-­se uma forte incidência do 1.º ciclo do ensino básico
40%
(48%), enquanto que o ensino superior é um traço característico de apenas 15%
30%

20%
dos empresários.
10% 2SHUÀOGDVHPSUHVDVGHWLGDVSHORVHPSUHViULRVVHQLRUHVLQGLFDWUDWDUHPVHGH
0 empresas que pertencem maioritariamente ao setor do comércio por grosso e a
retalho (34%). O setor secundário (indústria transformadora e construção), o aloja-­
mento e restauração e a consultoria também apresentam expressão estatística,
Figura 5. Patrões/empregadores com 50 e + embora com menor representatividade. A comparação com os dados referentes
anos por género, 2011 (%)
Fonte: INE | Censos 1991, 2001 e 2011
DRWRWDOQDFLRQDOSHUPLWHFRPSUHHQGHUTXHHVWHSHUÀOVHWRULDOQmRVHGLVWDQFLD
da realidade nacional.

30
70%
A maioria das empresas tem 10 ou menos trabalhadores (82%), mas a represen-­
tatividade desta categoria de pequenas e muito pequenas empresas tem vindo 60%

a diminuir desde 2002. Os dados referentes a todas as faixas etárias demonstram


50%
que a proporção de micro empresas é, no universo geral, ainda mais acentuada.
40%

SER EMPRESÁRIO PELA PRIMEIRA VEZ DEPOIS DOS 50 ANOS 30%

Apesar de o tema do empreendedorismo estar normalmente associado aos jo-­ 20%

vens e as políticas e instrumentos servirem essencialmente este grupo, a atividade 10%


empreendedora dos mais velhos tem vindo a ganhar protagonismo e é referida
0
como um modo de cumprir o desígnio do envelhecimento ativo e do prolonga-­
PHQWRGDYLGDSURÀVVLRQDO
$OpPGLVVRDWHQGHQGRjVPXGDQoDVGHPRJUiÀFDVRVJUXSRVHWiULRVPDLVDWL-­
vos em termos de empreendedorismo tenderão a diminuir nas próximas décadas,
Figura 6. Patrões/empregadores com 50 e +
por isso para manter e elevar os níveis da atividade empreendedora é necessário DQRVSRUTXDOLÀFDomRHVFRODUH 
Fonte: INE | Inquérito ao Emprego 2002 a 2012
reforçar a relevância dos mais velhos.
Deste modo, o empreendedorismo sénior está relacionado com dimensões 40%
tão distintas como combater o “buraco negro” da reforma, prolongar a vida
ativa, reforçar o rendimento, manter determinados estilos de vida, combater
30%
a pobreza e encontrar uma alternativa ao desemprego, dimensão particular-­
mente relevante no contexto nacional, tendo em consideração a incidência do
desemprego neste grupo. 20%

$FULDomRGHQHJyFLRVSRUSDUWHGDSRSXODomRPDLVYHOKDUHÁHWHXPDHVFR-­
lha deliberada por uma carreira tardia (fator oportunidade), ou a única opção 10%
para se manterem ativos economicamente devido à sua exclusão do mercado
de trabalho tradicional (fator necessidade), na modalidade de empregadores
0
ou do auto-­emprego.
Mas o empreendedorismo sénior integra outras vertentes relevantes, nomea-­
damente o empreendedorismo social e o apoio a outros empresários mais jovens
ou menos experientes, através da função de mentores voluntários, do apoio às
start-­ups e às empresas em transição e da participação em negócios, de equi-­
pas mistas. Deste modo, procura-­se rentabilizar o saber-­fazer, a experiência e os
Figura 7. Empresas dos empresários com 50 e +
recursos dos empresários mais velhos e maximizar a transferência de conheci-­ anos segundo os setores mais representados,
2011 (%)
mento e a aprendizagem intergeracional, aspetos enfatizados no que respeita à
Fonte: INE | Inquérito ao Emprego 2011

31
100% relação dos idosos com o empreendedorismo no Plano de Ação «Empreendedo-­
90% rismo 2020» Relançar o espírito empresarial na Europa (Comissão Europeia, 2013).
80%
Às barreiras ao empreendedorismo associadas à idade (declínio da saúde,
70%
GLVFULPLQDomRIDOWDGHDSRLRÀQDQFHLURHGHLQIRUPDomRFRPSOH[LGDGHGHSUR-­
60%
cedimentos administrativos, baixos níveis de educação…), contrapõem-­se recur-­
50%
sos valiosos que a idade potencia (redes de relações e contactos, competências
40%

30%
WpFQLFDVHGHJHVWmRFRQGLo}HVÀQDQFHLUDVHIDPLOLDUHVH[SHULrQFLDGHWUDEDOKR
20% HPDPELHQWHHPSUHVDULDOVHQWLPHQWRGHPDWXULGDGHSURÀVVLRQDO« 
10% $OpPGLVVRDVQRYDVSRVVLELOLGDGHVSDUDDFULDomRGHQHJyFLRVTXHVLPSOLÀ-­
0 FDPHGLYHUVLÀFDPDVXDHVWUXWXUDSRGHPIXQFLRQDUFRPRHOHPHQWRVPRWLYD-­
cionais e facilitadores da iniciativa dos mais velhos. Por exemplo, a utilização das
TIC e os negócios a partir de casa.
Apesar destes fatores, a investigação revela que as intenções de criação de
Figura 8. Empresas dos empresários com 50 e +
anos segundo a dimensão, 2002 e 2012 (%) negócios diminuem com a idade.
Fonte: INE | Inquérito ao Emprego 2002 a 2012
Não obstante, alguns países apresentam dinâmicas de criação de empresas
GHSRLV GRV  DQRV TXH VmR VLJQLÀFDWLYDV 3RU H[HPSOR QRV (VWDGRV 8QLGRV GD
América, no período de 1996 a 2007, os americanos entre os 55 e os 64 anos
de idade registaram uma taxa de atividade empreendedora superior ao grupo
com idade entre os 20 e os 34 anos13. No Reino Unido, em 2011, 1/4 dos novos
negócios foram promovidos por empresários com mais de 50 anos e 48% dos ne-­
gócios iniciados por pessoas neste grupo etário ainda estavam ativos passados
cinco anos, enquanto que no grupo dos 18 aos 49 anos esse valor era de 29%14.
Além disso, estudos recentes indicam que nas situações de autoemprego, sem
intenção de contratação de outros, a aversão ao risco é menor e a propensão
para este tipo de iniciativa tende a aumentar com a idade15.
No caso de Portugal, os dados estatísticos disponíveis relativos à criação de
empresas não permitem traçar um quadro claro da iniciativa dos indivíduos com
50 e mais anos, remetendo para a necessidade de aprofundar a investigação
neste domínio.
Contudo, os estudos de caracterização da atividade empreendedora, nomea-­
damente o Eurobarómetro do Empreendedorismo e o GEM Portugal 2012 (Global

13 STANGLE, D.; MARION, E. (2009) The Coming Entrepreneurship Boom. Kansas City: Kauffman Foundation.
14 PRIME (2012) Small Business All Party Group Inquiry into the Role of Entrepreneurs in Driving Economic Growth.
Prince’s Initiative for Mature Enterprise.
15 KAUTONEN, T. (2013) Senior Entrepreneurship. LEED, Local Economic and Employment Development.

32
Entrepreneurship Monitor), sinalizam níveis de atividade inferiores aos das gerações
mais jovens e da tendência dos países europeus.

Quadro 4. Eurobarómetro do Empreendedorismo

GRUPO 20-­49 ANOS GRUPO 50-­64 ANOS


Nunca pensou iniciar um negócio 75,9% 92,2%
Está a pensar iniciar um negócio 8,6% 1,7%
Está envolvido em atividades
15,5% 6,2%
preparatórias para iniciar um negócio

Fonte: Eurobarómetro “Inquérito ao Empreeendedorismo, 2009”

A dinâmica empresarial dos mais velhos também não pode ser desligada da
crise económica que atravessa o país e das condições de funcionamento das
HPSUHVDV QRPHDGDPHQWH D FDUJD ÀVFDO 0DV SDUD DOJXQV JUXSRV FRPR p R
FDVRGRVGHVHPSUHJDGRVDFULDomRGHXPQHJyFLRSUHÀJXUDVHIDFHjUDUH-­
fação das oportunidades de trabalho, como a única saída para o retorno ao
mundo do trabalho.
Neste âmbito, o PAECPE -­ Programa de Apoio ao Empreendedorismo e à Cria-­
ção do Próprio Emprego, o programa nacional que apoia a criação de negócios
por desempregados, ganha relevo como instrumento de fomento do seu empre-­
endedorismo. Os dados da execução (setembro 2009/maio 2013) revelam que
13% dos utilizadores (201) tinham 50 ou mais anos16.
$VFDUDFWHUtVWLFDVVRFLRGHPRJUiÀFDVGHVWHJUXSRPRVWUDPGLIHUHQoDVIDFHDR
universo de empresários seniores recenseado através dos Censos. São mais novos
(88% integram-­se no escalão 50/59 anos de idade e apenas 2% tem idade supe-­
rior aos 65 anos), a representatividade feminina é superior (38% são iniciativas lide-­
UDGDVSRUPXOKHUHV DTXDOLÀFDomRHVFRODUpPDLVHOHYDGDHRVQHJyFLRVFULDGRV
DSUHVHQWDPXPSHUÀOVHWRULDOPDLVGLYHUVLÀFDGR
A apreciação da implementação deste programa por parte do serviço público
UHVSRQViYHOFRQÀUPDDVFRQGLo}HVDVVLQDODGDVDQWHULRUPHQWHTXDQWRjDWLYLGDGH
empresarial como via para o prolongamento da vida ativa. Figura 9. %HQHÀFLiULRVGR3$(&3(SRUJUXSRGH
idades (%)
Os promotores apresentam, em geral, características facilitadoras do lança-­ Fonte: IEFP, Departamento de Emprego
PHQWR GH XPD DWLYLGDGH SRU FRQWD SUySULD H[SHULrQFLD SURÀVVLRQDO FRQKH-­
FLPHQWR VHWRULDO UHGH GH FRQWDFWRV H SRU YH]HV PHLRV ÀQDQFHLURV  6mR PDLV

 'DGRVGLVSRQLELOL]DGRVSHOR,()3,QVWLWXWRGH(PSUHJRH)RUPDomR3URÀVVLRQDO

33
escassos os recursos em matéria de criação e gestão de empresas. Em muitos
casos, estamos perante indivíduos que se podem catalogar de “empreende-­
dores relutantes”, ou seja, a iniciativa é a última oportunidade para voltar ao
mundo do trabalho, noutros casos o programa permite concretizar o sonho de
exercer uma atividade por conta própria.
Apesar de se tratar de uma tendência recente e ainda escassamente estu-­
dada, a iniciativa empresarial e a criação do próprio emprego por parte das ge-­
rações mais velhas colocam novas questões às políticas do empreendedorismo.
Há um novo público para os programas de fomento do empreendedorismo, que
é diferente dos seus clientes habituais, os jovens, e por isso importa questionar se
os programas em vigor respondem às suas características e necessidades e se
estão a funcionar como efetivos impulsionadores da iniciativa dos seniores que
querem e estão em condições de criar um negócio.

34
PERSPETIVAS QUANTO À LONGEVIDADE DA VIDA ATIVA DOS
EMPRESÁRIOS SENIORES

RETIRADA DOS NEGÓCIOS, SUCESSÃO E TRANSFERÊNCIA INTERGERACIONAL

A longevidade da vida ativa dos empresários é, para os que o desejam e estão


em condições de proporcionar valor acrescentado, uma vantagem para as em-­
presas e uma condição para o desenvolvimento económico e social.
A informação recolhida junto dos empresários auscultados revela um forte vín-­
culo ao trabalho e uma tendência de permanência na empresa para além da
idade da reforma17. Para a esmagadora maioria dos inquiridos respondentes ao
inquérito (90%), a saída da empresa num horizonte temporal de 3 a 5 anos não
é opção. O que é surpreendente nesta escolha é que nesse mesmo horizonte
temporal 34% dos inquiridos respondentes terão 65 e mais anos de idade.

“Se as coisas estivessem fáceis já me tinha afastado, mas a situação está


LQVWiYHOHDFRQMXQWXUDpGHLQFHUWH]D0DVGHÀQLXPPDUFRYRXHVWDUFi
até aos 70 anos.”
Empresário de média empresa do setor industrial, 66 anos

“Ainda tenho projetos e vontade de fazer evoluir a empresa. Quando tinha


50 anos pensava que aos 60/65 fechava este capítulo, mas ainda estou
entusiasmado com o negócio e apesar das preocupações ainda estou cá
com prazer.”
Empresário de pequena empresa do setor do comércio, 65 anos

“Não perspetiva uma saída a curto prazo, nem pensa na reforma a mais
longo prazo, é algo que considera distante e que nem equaciona. Vê-­se
como uma empresária de grande longevidade.”
Empresária de pequena empresa do setor dos serviços, 58 anos

17 Os empresários foram auscultados através de inquérito, estudos de caso e focus group. O inquérito (telefónico
e por e-­mail) abrangeu uma amostra de 154 empresários, com as seguintes características: Grandes grupos etários:
50/ 64 anos: 78%; 65 ou +: 22%. Escolaridade: 9.º ano: 44%; Secundário: 26%; Superior: 30%. Todos os empresários
têm experiência de formação, na medida em que foram escolhidos aleatoriamente a partir de uma base de
EHQHÀFLiULRVGHDo}HVGHIRUPDomRSURPRYLGDVSHOD$(3

35
Se se concretizarem os planos de permanência na empresa referidos pelos
LQTXLULGRVDVVLVWLUVHiDRDXPHQWRVLJQLÀFDWLYRGRVHPSUHViULRVFRPPDLVGH
anos, que praticamente duplicam. O número dos empresários mais idosos (75 e
mais anos) também será muito reforçado.
Mesmo considerando os imponderáveis associados à idade, este tipo de posi-­
omRHVWiDOLQKDGRFRPDVSHUVSHWLYDVHPWHUPRVGDDOWHUDomRGRSHUÀOHWiULRGRV
empresários e do aumento da representatividade dos mais idosos.
Contudo, importa também perspetivar esta tendência face ao contexto de
FULVHDWXDOHFRORFDUDTXHVWmRVHDORQJHYLGDGHSURÀVVLRQDOpIRQWHGHUHDOL]D-­
ção pessoal ou é uma obrigação por falta de alternativas de rendimento. Esta
será certamente uma hipótese muito credível, atendendo aos efeitos da crise na
VD~GHHFRQyPLFDHÀQDQFHLUDGDVHPSUHVDVHjVEDL[DVUHIRUPDV
Relativamente às condições que podem induzir a saída das empresas, cerca
GHGRVLQTXLULGRVDÀUPDTXHQXQFDSHQVRXRXQmRWHPRSLQLmRVREUHRDV-­
sunto. Os restantes fazem depender a saída de três condições: atingir um certo
patamar etário, encontrar um sucessor e assegurar a estabilidade da empresa.
Figura 10. Condições para a retirada da
empresa (%) Mas a questão da idade como condição para a saída da empresa é assumida
Fonte: Inquérito, Quaternaire Portugal
de diversas formas. A maioria faz referência aos 65 anos (idade da reforma), al-­
guns referem idades superiores ou inferiores a este marco etário e outros remetem
para uma perceção mais subjetiva – “quando me sentir incapaz”, “quando não
tiver condições de saúde”, “quando sentir que chegou a hora” –, dando voz à
ideia da individualidade das perceções face à idade e ao envelhecimento.
A atender pelos resultados do inquérito, a longevidade da função empresarial
também pode ser perspetivada a partir de um cenário em que, apesar da retira-­
da, se mantém uma relação de proximidade com o negócio – esta é a perspetiva
da maioria dos empresários respondentes.
5HÀUDVHTXHGDVHPSUHVDVGRXQLYHUVRGHLQTXLULGRVWrPXPDPDWUL]IDPL-­
liar e em 69% dos casos o empresário foi o fundador e estes fatores marcam uma
UHODomRHPRFLRQDOFRPDHPSUHVDTXHGLÀFXOWDRVHXDIDVWDPHQWR
Uma percentagem residual de respondentes (9%) assume que a sua retirada
corresponderá ao corte da ligação com a empresa , situação que aparece asso-­
ciada à forma de sucessão:
Figura 11. Forma de retirada da empresa (%) “Se a empresa não continuar na família, desligar-­me-­ei dela”; “Se alguém
Fonte: Inquérito, Quaternaire Portugal
comprar a empresa desligo completamente”.

36
$ TXHVWmR GD VXFHVVmR DÀJXUDVH FRPR XP DVVXQWR GLVWDQWH SDUD XPD SHU-­
FHQWDJHPVLJQLÀFDWLYDGRVHPSUHViULRVUHVSRQGHQWHV²DÀUPDTXHDLQGDQmR
pensou no assunto e esta opção de resposta incide particularmente nos empre-­
sários dos escalões etários mais baixos, mas cerca de 1/3 dos empresários respon-­
dentes mais velhos demonstra também um afastamento em relação ao tema.
O processo de sucessão é, por natureza, complexo e envolve mais do que
TXHVW}HVÀQDQFHLUDVHOHJDLV$TXHVWmRHPRFLRQDODOLJDomRDIHWLYDDRQHJyFLR
TXH p PXLWDV YH]HV D ´UHDOL]DomR GH XPD YLGDµ H D GLÀFXOGDGH HP HQFRQWUDU
sucessores complica e cria resistências à transição da empresa – “o afastamento
vai ser muito difícil; foi uma vida construída com muito carinho e seria pior se não
tivesse sucessor”.
3RU RXWUR ODGR D VXFHVVmR WDPEpP QmR VH UHDOL]D SRU GLÀFXOGDGHV HFRQy-­
micas e porque os mais velhos não conseguem sair da empresa e manter um
rendimento que assegure um determinado estilo de vida ou uma saída digna.
Nestes casos, muitas vezes, a opção é carregar o negócio até ao limite da sua Figura 12. Situação face à sucessão e
transmissão da empresa (%)
funcionalidade, o que impede a renovação setorial e geracional. Fonte: Inquérito, Quaternaire Portugal
Contudo, os processos de sucessão e transição são uma ótima oportunidade e
pretexto para o emprego dos mais jovens e para o fomento das relações interge-­
racionais e, se é certo que a sucessão familiar continua a ser a preferência, outros
tipos de sucessão são também boas oportunidades para a transição da empresa.
$UHFROKDGHLQIRUPDomRFRQÀUPDDVSUREOHPDVDVVRFLDGDVDHVWHSURFHVVR
2LQTXpULWRUHYHORXTXHRVFDVRVHPTXHRVUHVSRQGHQWHVMiUHÁHWLUDPVREUHD
VXFHVVmRPDVDLQGDQmRWRPDUDPXPDGHFLVmRDVVXPHPYDORUVLJQLÀFDWLYRHP
todos os grupos etários, indicando problemas na concretização da passagem
da empresa, que o seguinte testemunho permite elucidar:
“Pensamos no assunto, mas não encontramos solução. Nenhum sócio tem
seguidores capazes, nem capacidade de adquirir quotas.”
Apoiar os empresários a organizar a continuidade empresarial e o prolonga-­
mento do ciclo de vida das empresas familiares é crucial para garantir riqueza e
emprego e contribuir para o desenvolvimento sustentado da economia nacional,
contudo há ainda muito trabalho a realizar no domínio do apoio aos processos
de sucessão e transição das empresas18. E esse apoio ao processo é essencial,

18 NUNES DE ALMEIDA, P. et al (2011) Livro Branco da Sucessão Empresarial. Porto: AEP -­ Associação Empresarial
de Portugal.

37
VREUHWXGR DRV SHTXHQRV HPSUHViULRV TXH WrP PDLV GLÀFXOGDGH HP DFHGHU D
conselho especializado.
A transferência de saberes dos mais velhos para as gerações mais novas é
uma componente que pode ser potenciada nos processos de sucessão, mas
que sobretudo se assume como um elemento estruturante da vida das empresas.
No caso dos empresários inquiridos, as competências técnicas dos produtos e
serviços das empresas são o foco mais importante dos processos de transferência
de saberes, seguindo se as competências em matéria de gestão e a dimensão
mais comportamental associada à ética e valores nos negócios.
A transmissão de saberes baseia-­se fundamentalmente em modalidades de
caráter informal e tácito. As formas mais estruturadas de transmissão de saberes,
DWUDYpV GH UHXQL}HV RX IRUPDomR VmR PHQRV VLJQLÀFDWLYDV H D GHOHJDomR GH
poderes também não é muito expressiva, o que denota estilos de liderança de
caráter mais centralizado.
Figura 13. Transferência de conhecimentos e Ainda assim, atente-­se que a mistura de idades não é estranha a este grupo
competências (%)
Fonte: Inquérito, Quaternaire Portugal
de empresários, se consideramos a estrutura societária das empresas. Em 12%
dos casos o empresário é o único sócio, mas quando a sociedade é constituída
por mais sócios, em 27% das empresas os sócios têm todos menos de 50 anos e
na mesma percentagem a sociedade é um misto de empresários com mais e
menos de 50 anos.
Estes valores demonstram a abertura às gerações mais novas e o reconheci-­
mento do seu valor para cada empresa, incluindo na vertente de parcerias de
investimento.

PERCEÇÕES FACE AO ENVELHECIMENTO E ÀS DIFERENTES


GERAÇÕES DE EMPRESÁRIOS

No contacto com os empresários procurou-­se apreender como encaravam o


envelhecimento a partir das experiências pessoais e da realização de atividades,
que se associam ao conceito do envelhecimento ativo.
$LQIRUPDomRUHFROKLGDSHUPLWHFRQÀUPDUSHUFHo}HVHYLYrQFLDVPXLWRGLVWLQWDV

Figura 14. Formas de transferência dos Não está preocupado com a sua vida depois de se retirar da empresa,
conhecimentos e competências (%)
Fonte: Inquérito, Quaternaire Portugal
tem hobbies e outras atividades cívicas, “Não tem receio do vazio”, embo-­
UDDGPLWDDGLÀFXOGDGHHPRFLRQDOGHDEDQGRQDUDHPSUHVD&RQWLQXDD

38
pensar na evolução da empresa e tem ideia que os empresários seniores
que conhece continuam a investir. Mas os “anos desgastam, não tenho a
mesma vitalidade física e o meu ciclo está acabar”.
Empresário de média empresa do setor industrial, 66 anos

Considera que ainda tem muito para dar e não perspetiva desligar-­se dos
negócios. “Eu quero manter-­me jovem. Às vezes penso que tenho 40 anos.”
Empresário de pequena empresa do setor do comércio, 65 anos

Constata-­se um claro distanciamento da empresária em relação à idade e


ao envelhecimento. A situação é de atividade plena e projetos de desen-­
volvimento da situação atual.
Empresária de pequena empresa do setor dos serviços, 58 anos

Da análise das perspetivas de adesão dos empresários inquiridos, após retira-­ 120
rem-­se da empresa, a atividades que ajudam a cumprir a qualidade de vida e o
bem-­estar, pode concluir-­se o seguinte: 100

‡O exercício físico e a utilização das TIC surgem como as atividades com
80
maior relevância, mas no primeiro caso a retirada da empresa favorece o seu in-­
cremento, enquanto no segundo se trata de dar continuidade às práticas atuais. 60

No que se refere às TIC, importa realçar que a sua utilização regular não abran-­
40
JHRXQLYHUVRGHHPSUHViULRVLQTXLULGRVUHÁHWLQGRDGLYLVmRJHUDFLRQDOQRTXH
respeita às tecnologias, que aliás os inquiridos não deixam de expressar, nomea-­ 20

damente quando em termos de necessidades de apoio lhe dão protagonismo.


0
‡A participação na vida política e associativa integra-­se no grupo das práti-­
cas menos representadas como intenções para a sua vida após a retirada das
empresas, bem como o voluntariado e o cuidado de crianças ou de outros adul-­
tos. Neste último caso, uma representatividade inferior ao expectável, que se jus-­
WLÀFDUiSHORSHUÀOSUHGRPLQDQWHPHQWHPDVFXOLQRGDDPRVWUDGHUHVSRQGHQWHV
‡Finalmente, no caso da educação e formação, a retirada das empresas
não parece favorecer o aumento da ação neste domínio.
Relativamente à participação na vida económica, a maioria dos inquiridos res-­ Figura 15. Atividades associadas à qualidade
de vida e bem-­estar (%)
SRQGHQWHV  DÀUPDTXHDUHWLUDGDGDHPSUHVDFRUUHVSRQGHUiDRHQFHUUD-­ Fonte: Inquérito, Quaternaire Portugal
PHQWRGDVXDYLGDSURÀVVLRQDOSHORFRQWUiULRFRQVLGHUDDKLSyWHVHGHYROWDUD

39
trabalhar e os restantes não sabem/não pensaram no assunto/não responderam.
Mas as respostas ao inquérito permitem perspetivar outras formas de continui-­
dade na relação com o mundo dos negócios. De facto, quando confrontados
com a hipótese de, após a retirada da vida empresarial, apoiar e aconselhar
RXWURVHPSUHViULRVDPDLRULDUHVSRQGHXDÀUPDWLYDPHQWHDHVWDVLWXDomR

Quadro 5. Disponibilidade para apoio/aconselhamento a empresários mais jovens ou com menor


experiência (%)

RESPOSTA %
Sim 66%
Não 8%
Não sei/Nunca pensou nisso 18%

Não respondeu 8%
Fonte: Inquérito, Quaternaire Portugal (nº de respostas à questão110)

$DGHVmRSRWHQFLDODHVWHWLSRGHLQLFLDWLYDVFRQÀJXUDXPDLQWHUHVVDQWHUH-­
serva de disponibilidade que pode ser aproveitada em favor de programas de
mentoring/coaching.

´6HULDPXLWRJUDWLÀFDQWHDSRLDUHPSUHViULRVMRYHQV(XSUySULRJRVWDULDGH
ter tido algum apoio quando comecei; no início foi muito difícil, uma coisa
é fazer o produto, outra coisa é gerir uma empresa.”
Empresário de média empresa do setor industrial, 66 anos

$FRQVLGHUDomRSHODDomRHHVWDWXWRGRVHPSUHViULRVVHQLRUHVQmRVHDÀJXUD
como um problema para os empresários auscultados. As respostas dos inquiridos
relativas a eventuais situações de discriminação com base na idade permitem
UHMHLWDUGHIRUPDFRQFOXGHQWHHVVDKLSyWHVH²DSHQDVGRVLQTXLULGRVDÀUPDP
ter sido discriminados.
A perceção dos empresários relativamente ao seu estatuto de senioridade
baseia-­se fundamentalmente na ideia de uma experiência acumulada, que os
distingue dos empresários jovens e os dota de importantes e distintivos recursos:
“Sabedoria, não praticar o mesmo erro, prever os riscos, capacidade intelec-­
Figura 16. Situações de discriminação enquanto tual de análise e tomada de decisão, bom senso, prudência, maturidade na
empresário senior (%)
Fonte: Inquérito, Quaternaire Portugal
decisão, capacidade estratégica e resiliência aos problemas, estabilidade
emocional, rede de contactos, maior conhecimento do mercado.”

40
Relativamente aos empresários jovens são mais realçados os aspetos diferen-­
ciadores positivos do que os negativos, em particular a formação académica e
a relação com as TIC, mas também o dinamismo e a capacidade física:
“Jovens com mais capacidade e conhecimentos; preparação diferente e
com um nível de escolaridade superior; conseguem aplicar melhor esses co-­
nhecimentos; mais ferramentas; melhor formação de base; maior facilidade
com as tecnologias; apetência para a informática; mais disponibilidade físi-­
ca, mental e vontade de vencer; mais vontade de trabalhar; genericamente
são mais criativos, arrojados; arriscam mais e não pensam num futuro.”
O seguinte testemunho permite ilustrar a relevância que os empresários confe-­
rem aos mais jovens: “qualquer hipótese de criação de novo negócio seria sempre
FRPXPHPSUHViULRPDLVQRYRXPDÀJXUDUHMXYHQHVFLGDPDLVPRGHUQDµ
Mas alguns empresários optam por um discurso que acentua uma perspetiva
PDLV GLFRWyPLFD H DOJXP FRQÁLWR JHUDFLRQDO “seniores têm valores, ética nos
negócios e valor social das empresas; jovens têm pouca responsabilidade; não
têm experiência e são muito impulsivos”. Em contraponto, outros consideram
TXHQmRKiGLIHUHQoDVHQWUHRVSHUÀVGHHPSUHViULRVRXHQWmRSURFXUDPID]HUD
síntese: ´QmRH[LVWHPGLIHUHQoDVHVmRGRLVERQVDOLDGRVDPERVRVSHUÀVSRVVXHP
vantagens e desvantagens diferentes”.
As referências às desvantagens dos empresários seniores relativamente aos
jovens são também abordadas por alguns dos inquiridos, sobretudo no que res-­
peita à desatualização de conhecimentos face às mudanças da sociedade, da
economia e do mundo do trabalho, que o seguinte testemunho permite ilustrar:
“ … um empresário de 50 anos ou mais que não tenha tido o cuidado de
atualizar continuamente os seus conhecimentos, corre o risco de estar
muito desfasado da realidade dos atuais processos de gestão, de comuni-­
cação e de direção de pessoas (…), uma simples licenciatura tirada há 25
ou 30 anos atrás pode valer muito pouco se a pessoa não teve pelo cami-­
nho oportunidades de atualização.”

41
PISTAS PARA A INTERVENÇÃO

DOMÍNIO DE INTERVENÇÃO: SENSIBILIZAÇÃO E INFORMAÇÃO

Tal como noutras dimensões da dinâmica de envelhecimento da população, as


organizações associadas à dinamização e apoio à atividade empresarial ainda
QmRHVWmRVXÀFLHQWHPHQWHVHQVLELOL]DGDVSDUDDVDOWHUDo}HVGHPRJUiÀFDVHSDUD
os impactos que se podem perspetivar nas empresas e na função empresarial.
O contexto de crise nacional e o centramento da atualidade nas oportunidades
para os jovens não ajudam a colocar este assunto na agenda, ainda que os em-­
presários mais velhos possam ter um importante papel a desempenhar no empre-­
go dos jovens, incluindo neste âmbito a regeneração da liderança das empresas.
$OpPGLVVRR(VWXGRSHUPLWLXWDPEpPLGHQWLÀFDUHVSHFLÀFLGDGHVHSUREOHPi-­
ticas particulares, nomeadamente de âmbito setorial, que é relevante explorar
e concretizar.

Como operacionalizar?
‡Promoção de discussões sobre o tema, que envolvam investigadores, políti-­
cos, associações empresariais e setoriais e empresários.
‡Introdução do tema nos contactos institucionais e nas agendas das organi-­
zações, nomeadamente associações empresariais.
‡ Abordagens setoriais que permitam aprofundar o conhecimento da realida-­
de dos empresários seniores, direcionadas para setores representativos, como é o
caso do comércio.
‡ Seguimento dos empresários seniores auscultados no presente Estudo, através
da replicação do inquérito.

Que agentes envolver?


‡Decisores políticos; serviços públicos de apoio à atividade empresarial; as-­
sociações empresariais, setoriais e regionais; organizações responsáveis pelo fo-­
PHQWRGRHPSUHHQGHGRULVPRÀQDQFLDGRUHVGDVLQLFLDWLYDVHPSUHVDULDLVRUJDQL-­
zações que trabalham na promoção do envelhecimento ativo; investigadores,
universidades e consultoras; empresários seniores.

42
DOMÍNIO DE INTERVENÇÃO: SERVIÇOS DE APOIO

$VPXGDQoDVSHUVSHWLYDGDVHPWHUPRVGRSHUÀOGRVHPSUHViULRVFRORFDPDRVVHU-­
YLoRVGHDSRLRGHVDÀRVGHDGDSWDomRDQRYDVQHFHVVLGDGHVQRPHDGDPHQWHQR
que se refere à gestão da idade e à saúde no trabalho, bem como à introdução
das designadas “medidas amigas da idade”.
Por outro lado, o apoio à transição e à sucessão dos negócios é um domínio
com necessidades particulares, que ganham relevo acrescido num cenário de
prolongamento da função de empresário, nomeadamente em situação de impo-­
sição por falta de alternativas ou má gestão do processo de retirada dos negócios.

Como operacionalizar?
‡Integração no trabalho de apoio e aconselhamento aos empresários mais
velhos, quadros de referência associados ao envelhecimento ativo, ao bem-­estar
e à saúde.
‡ Reforço dos serviços de apoio empresarial direcionados para as problemáticas
da sucessão e transição dos negócios, em particular para as pequenas empresas.

Que agentes envolver?


‡Associações empresariais, setoriais e regionais; serviços públicos de apoio à
atividade empresarial.

DOMÍNIO DE INTERVENÇÃO: CAPITALIZAR AS VANTAGENS DO ENVELHECIMENTO


ATIVO DOS EMPRESÁRIOS

O contributo dos empresários seniores para a atividade empresarial e o empreen-­


dedorismo não se restringe apenas à sua função de dinamizadores diretos da ativi-­
dade económica, por via da criação e fomento de negócios ou do autoemprego.
O aumento da esperança média de vida, a melhoria das condições de saúde
HGDVTXDOLÀFDo}HVSHUPLWHPSHUVSHWLYDUTXHPHVPRDSyVDUHWLUDGDGRVQHJy-­
cios os empresários podem contribuir para a dinamização do empreendedorismo,
através das funções de apoio e aconselhamento, maximizando a transferência
da sua experiência e conhecimento e a aprendizagem intergeracional.

Como operacionalizar?
‡Fomento de programas de mentoring e coaching.

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‡Consideração da perspetiva intergeracional e da constituição de equipas
mistas.

Que agentes envolver?


‡Serviços públicos de apoio à atividade empresarial; associações empresa-­
riais, setoriais e regionais; organizações responsáveis pelo fomento do empreen-­
GHGRULVPR ÀQDQFLDGRUHV GDV LQLFLDWLYDV HPSUHVDULDLV RUJDQL]Do}HV TXH WUDED-­
lham na promoção do envelhecimento ativo.

DOMÍNIO DE INTERVENÇÃO: FOMENTO DO EMPREENDEDORISMO SÉNIOR

A iniciativa empreendedora dos mais velhos (empregador ou autoemprego)


não é uma panaceia para o desemprego, o reforço de rendimentos ou a pro-­
FXUDGHHVSDoRVGHGHVHQYROYLPHQWRSHVVRDOHSURÀVVLRQDOGRVPDLVYHOKRVHp
importante não perder de vista o realismo dos objetivos nesta matéria.
Mas há certamente um contributo para o empreendedorismo nacional que
importa explorar e potenciar e isso implica saber se os seniores que querem e
estão em condições de criar um negócio estão a ser impulsionados, se estão a
ser trabalhadas as barreiras que impedem a sua iniciativa e se os programas e
medidas são os mais adequados.

Como operacionalizar?
‡Levantamento das iniciativas, negócios e indivíduos envolvidos no empreen-­
dedorismo sénior, nomeadamente por tipo de motivação e idade.
‡ ,GHQWLÀFDomRGDVEDUUHLUDVHQHFHVVLGDGHVGHDSRLRGRVHPSUHViULRVTXHFULD-­
ram negócios após os 50 anos, designadamente no que respeita ao aconselhamen-­
to e à formação, tendo em conta a diversidade de públicos e suas necessidades.
‡ Benchmarking com projetos e iniciativas internacionais orientadas para o
apoio aos empresários 50 e mais anos; organizações que trabalham na promoção
do envelhecimento ativo.

Que agentes envolver?


‡Serviços públicos de apoio à atividade empresarial; serviços públicos de
apoio ao (auto)emprego; associações empresariais, setoriais e regionais; orga-­
QL]Do}HV UHVSRQViYHLV SHOR IRPHQWR GR HPSUHHQGHGRULVPR ÀQDQFLDGRUHV GDV
iniciativas empresariais.

44
DOMÍNIO DE INTERVENÇÃO: DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS

1XP FHQiULR GH SURORQJDPHQWR GD YLGD SURÀVVLRQDO DFHQWXDPVH RV ULVFRV GH
LQVXÀFLrQFLDHREVROHVFrQFLDGDVFRPSHWrQFLDVTXHDVEDL[DVTXDOLÀFDo}HVHV-­
colares reforçam e que os próprios reconhecem como fator desfavorável compa-­
rativamente às gerações mais jovens. Por isso, é relevante assegurar que as com-­
SHWrQFLDVVmRGHVHQYROYLGDVDRORQJRGDYLGDSURÀVVLRQDOHSUHYHUPHFDQLVPRV
de atualização e desenvolvimento nas faixas etárias que normalmente não são
abrangidas pela oferta de formação.

Como operacionalizar?
‡Consideração do grupo de empresários seniores como público relevante
GDVHVWUDWpJLDVGH$/9HGDVRIHUWDVGHIRUPDomRSURÀVVLRQDO
‡Integração de uma perspetiva alargada das questões de desenvolvimento
SHVVRDOHSURÀVVLRQDOGRVPDLVYHOKRV
‡Ponderação das modalidades e metodologias face às características e
particularidades do grupo etários.

Que agentes envolver?


‡Serviços públicos de apoio à atividade empresarial; serviços públicos res-­
SRQViYHLVSHODSROtWLFDHÀQDQFLDPHQWRGDIRUPDomRDVVRFLDo}HVHPSUHVDULDLV
setoriais e regionais; organizações responsáveis pelo fomento do empreende-­
dorismo; organizações que trabalham na promoção do envelhecimento ativo.

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NOTAS
NOTAS

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