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Eduardo Kirchhof1
RESUMO
ABSTRACT
The 16th cenctury shows itself as a period of great transformations for the, by that time, most
powerfull institution in Europe: the Catholic Apostolic Roman Church. Dating from the last
centuries of the so called Low Medieval Period, after long and numerous processes of
christianization, the Catholic Church became a strong and influent, like it’s clerical body within
the european “proto-Estates”. However, with the ascencion of monarchical power throughout
Europe and the rising absolutism wave, the Church finds itself in need of reavaluation.
1
Graduando do Curso de História (Noturno) – Universidade Federal de Santa Catarina –
Florianópolis/SC – edukirchhof@hotmail.com
2
However, changing movements within this eclesial body may be noticed even before this
movements, allowing for reformatory propositions to grow even before the so called
“protestants”. My proposition is to analise the transformations within this period, aiming to
revise the concept of Counter Reformation; no longer as a simple answer tothis movements, but
something that was already on the run for some time then.
AGRADECIMENTOS
INTRODUÇÃO
Essa tomada, porém, movimentou a Europa de forma a virar a jogo a favor das
monarquias recém estruturadas. A união de feudos pelo poder do absolutismo real, construiu as
poderosas nações europeias do período moderno, baseadas na Legibus Solutus do direito
romano, implicando que a vontade do rei é a lei. Esse fortalecimento do poder real contou,
sobretudo, com o apoio da classe burguesa, emergente comercial das cidades europeias. Esse
processo de nacionalização europeia, contudo, buscava também a libertação das nações em
relação à Igreja, aproveitando-se da procura sempre ascendente pelo controle, exercida por
estes. Sobre este processo, Martin N. Dreher explica em sua obra Crise e Renovação da Igreja
no Período da Reforma, que “Após o cisma (1378-1417; 1449) e depois do Concílio de Basiléia,
os papas tiveram que buscar reconhecimento junto aos príncipes, imperadores e reis,
concedendo ao Estado grandes poderes sobre a Igreja. ”2.
2
DREHER, Martin N. “A crise e a renovação da Igreja no Período da Reforma”. São Leopoldo : Simodal, 1996.
Página 15.
4
3
“Soma da Igreja”, em tradução livre do autor.
4
Martin N. Dreher, 1996, 21.
5
“Concílio Vaticano Primeiro”, em tradução livre do autor.
6
“A Constituição Dogmática sobre a Igreja”, ou “Luz dos Povos” em tradução livre do autor, desenvolvida durante
o Concílio Vaticano II, promulgada por Paulo VI em 1964, propunha uma revisão dos dogmas da Igreja como
instituição política e de fé.
7
“Concílio Vaticano Segundo”, em tradução livre do autor.
5
Com este cenário montado, começa-se a entender o que levou ao início da Reforma
protestante. A Reforma (ou Reforma protestante, como utilizado neste trabalho), tem seu início
marcado com os trabalhos de Martim Lutero em seus debates na universidade de Wittenberg,
onde lecionava neste ponto de sua vida. Lutero, batizado Martim Luder, antecedendo sua troca
quando “(...) da descoberta da justificação por graça e fé. ”8, nasceu na cidade de Eisleben9 em
1483. Os primeiros anos de sua formação foram passados na escola de Mansfeld, a partir do
ano de 1490, seguida, em 1497, por Magdeburg e, por fim, em Eisenach, em 1498. Seguindo
para a Universidade de Erfurt, na Turíngia, estudou na faculdade dos artistas10 entre os anos de
1501 e 1505, tornando-se Magister Artium11. Dreher discorre sobre à formação de Lutero,
indicando que “Os professores da faculdade dos artistas eram todos pertencentes à ‘via
moderna’. Isso significa que Lutero recebeu uma exposição do pensamento de Aristóteles a
partir da perspectiva de Guilherme de Ockham. ”12, sustentando o rompimento do jovem Lutero
com as “artes liberais”13 e apresentando-o a um pensamento filosófico mais ampliado, focado
na filosofia natural, moral e metafísica, por fim, enaltecendo a atuação do Doctor Invincibilis14
na interpretação de Aristóteles.
Conseguinte a sua formação nas artes, Lutero seguiu para a faculdade do Direito, como
programado por seu pai, relutante à ideia de seu filho seguir como magister de Filosofia, visto
seu completo planejamento para o herdeiro, longe do celibato da Teologia. Um mês depois do
início de suas aulas, porém, ao voltar de uma viajem à Mansfeld, em julho de 1505, o jovem
estudante é surpreendido por uma tempestade em seu caminho; assustado, pede por Santa Ana,
que, caso lhe intercedesse, viraria monge. Consequentemente, no dia 17 de julho de 1505,
8
Martin N. Dreher, 1996, 23.
9
Atual Lutherstadt Eisleben, (Eisleben Cidade de Lutero, em tradução livre do autor), cidade do estado de Saxônia-
Anhalt, Alemanha.
10
A “Faculdade dos Artistas” era necessária para a matrícula às três faculdades superiores disponíveis: Direito,
Teologia e Medicina, como explicado por Dreher em sua obra.
11
“Mestre das Artes”, em tradução livre do autor.
12
Martin N. Dreher, 1996, 24.
13
As sete artes liberais: gramática, retórica e lógica (Trivium); aritmética, música, astronomia e geometria
(Quadrivium).
14
O “Doutor Invencível” (em tradução livre do autor), Guilherme de Ockham, foi um frade franciscano, teólogo,
filosofo e lógico, representante do modelo Nominalista de ensino, extremamente importante para a Reforma de
Lutero.
6
Lutero entrava, sem o consentimento do pai, no convento agostiniano dos irmãos eremitas
observantes, em Erfurt.
Sua entrada no convento dos agostinianos não fora realizada de forma aleatória. Esta
permitiria a Lutero continuar seus estudos em Filosofia, após o ano de noviciado. Em 1507,
conseguinte a conclusão previa do noviço, Lutero é designado pela ordem para se tornar
professor de Teologia em Erfurt; um ano depois em 1508, foi mandado a Wittenberg, onde
concluiu sua formação e atuou como professor de filosofia moral (no primeiro ano de sua
atuação na universidade), de interpretação bíblica (entre 1509 e 1510, quando foi enviado, à
pedido da ordem, a Roma) e, por fim, assumiu a cátedra bíblica, anteriormente ocupada por seu
confessor Johann von Staupitz15, a qual Lutero lecionou até o fim de sua vida, em 1546,
graduado Doutor em Teologia.
A partir desse momento, os trabalhos de Lutero tomam proporções por ele não
imaginadas. Além de suas interpretações de livros canônicos (Salmos, Romanos, Gálatas e
Hebreus, respectivamente), Lutero transcreve as famosas 95 teses, desenvolvida em conjunto
com teóricos da universidade após uma série de debates acima da verdadeira valia das
indulgências. Muitos historiadores relacionam a escrita das teses somente a Lutero, no entanto,
é importante ressaltar que estas são decorrência de debates na universidade que lecionava,
preferindo-se chama-las de 95 teses de Wittenberg. As teses foram enviadas por Lutero aos
bispos de sua ordem, Jerônimo Schultz e Alberto, conjunto com colegas, o que ocasionou a
disseminação destas, fora do controle de Lutero. “Elas nada contêm de herético, mas são críticas
justificadas a abusos na prática das indulgências e uma contribuição para sua superação. ”16.
Yet Luther has gone down in history as the first protestant reformer
because of the conflict with the Roman curia that was ignited by those
theses. It was a quarrel that Luther did not seek but also one that he did
not shun once it has begun. During the three years prior to his
excommunication (1521) Luther forged the identity and self-awarness
of a reformer and gained the collegial and political suport that would
make him a leader of the evangelical moviment in Germany. Even then,
however, Luther was not a reformer in the sense of implementing a
preconceived plan to reshape the church. Once Luther and his followers
were excommunicated, a process of restructuring Christianity in Europe
did ensue, but neither Luther nor his colleagues were able to envision
15
Johann von Staupitz foi o “(...) Geral da ordem e decano da Faculdade de Teologia (...)”, segundo Dreher em
sua obra, p.25.
16
Martin N. Dreher, 1996, 26.
7
17
“No entanto Lutero ficou marcado na história como o primeiro reformador Protestante por causa do conflito
com a cúria Romana, gerado por aquelas teses. Foi uma briga que Lutero não procurou, mas também não fugiu,
assim que começou. Durante os três anos anteriores a sua excomunhão (1521), Lutero forjou a identidade e o
autoconhecimento de um reformador, ganhando o apoio colegial e político que o tornaria o líder do movimento
evangélico na Alemanha. Ainda assim, Lutero não era um reformador no sentido de implementar planos
preconcebidos para reformar a Igreja. Quando Lutero e seus colegas foram excomungados, um processo de
reestruturação do Cristianismo na Europa foi iniciado, mas nem Lutero, nem seus colegas conseguiram ver o
resultado deste processo. Os planos de reforma de Lutero possuíam outra intenção. ”. HENDRIX, Scott. “Martin
Luther, reformer”. In The Cambridge History of Christianity, Reform and Expansion, United Kingdom, 2012, 3.
Tradução livre do autor.
18
Scott H. Hendrix, professor emérito de História da Reforma, na Princeton Theological Seminary (Seminário
Teológico de Princeton).
8
(produzidos com base nos trabalhos de Lutero para o Concilio) crescendo em grande escala, se
tornando impossível manter a unidade da Igreja, sacramentando, por fim, a separação da Igreja,
o Cisma da Igreja Ocidental.
19
“Lugar Comum”, em tradução livre do autor.
20
Francisco Ximenez de Cisneros era monge franciscano, conselheiro da rainha Isabel Católica.
9
21
VARAZZE, Jacopo de. “Legenda Aurea: vida dos santos”. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, 836.
22
“Ao casar com a Senhora Pobreza, ele insistiu que a imitação de Cristo significa o abandono literal de todos os
bens materiais. ”. MCGUIRE, Brian Patrick. “Monastic and religious orders, c. 1100-C. 1350”. In Cambridge
History of Christianity, Christianity in Western Europe c. 1100-c. 1500, United Kingdom, 2012, 68, em tradução
livre do autor.
23
“Francisco é uma pessoa atraente, mas difícil, e seu legado é de debate e divisão”, em tradução livre do autor.
McGuire, 2012, 69.
24
Direito papal concedido a reinos específicos da Europa, dando-lhes mais autonomia e poder sobre a Igreja.
25
Trecho retirado de entrevista realizada no dia 13/07/2016 com a professora Luciana Lopes dos Santos, da
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Brasil.
10
Cisneros aponta para pontos que Lutero mais tarde escreveria sobre, como a educação
e repressão às indulgências. Enquanto Lutero evidencia o descaso social com a educação,
Cisneros foca-se na falta de formação do clero, iniciando um processo de fundação e reforma
de universidades na Espanha. O cardeal trouxera o humanismo da Itália, assim como a
evidenciou importância de Tomás de Aquino. “Assim, um tomismo com características
humanistas determinou o catolicismo espanhol da época. ”26.
Quanto às indulgências, Will Durant afirma que: “Em 1513 o cardeal Ximenes proibiu
a promulgação na Espanha da indulgência oferecida por Júlio II para a reconstrução da igreja
de São Pedro. ”27. Este é também o processo analisado por Lutero, contra as indulgências. É
notável, a independência política do estado espanhol perante Roma. Lutero fora excomungado
pelos mesmos motivos que Cisneros questionava o papado; a esse, porém, nada aconteceu. Isso
se deve ao supracitado Patronato Régio, pela qual “Realmente o rei era aceito como cabeça da
Igreja espanhola (...) não foi necessária Reforma alguma na Espanha para tornarem unos o
Estado e a Igreja, o nacionalismo e a religião. ”28, completa Durant.
Neste contesto encontramos, então, o plano de fundo para algumas das maiores mentes
reformadoras na Europa, criados neste contesto de mudança da visão clerical, entusiastas da
Devotia Moderna29: Teresa d’Ávila, João da Cruz e Inácio de Loyola. Convencionou-se, devido
interpretações historiográficas, relacionar a proposta inaciana diretamente ao movimento da
Reforma, deixando de lado a Formulação Teresiana30; contudo, deve-se compreender a
diferença entre cada um dos movimentos, para compreender o porquê desta distinção
metodológica.
A fundação da Ordem do Carmelo Descalço por Santa Teresa d’Ávila e São João da
Cruz, juntamente com outros apoiadores de suas propostas, está inserida no momento da
Reforma Católica, sim, porém difere das índoles de outras ordens criadas na época, pois
procurava uma renovação da vida espiritual da Igreja, além de mudanças terrenas31.
26
Martin N. Dreher, 1996, 116.
27
DURANT, Will. “A História da Civilização VI: A reforma”. Rio de Janeiro, 170.
28
Will Durant, 170.
29
“Moderna Devoção”, em tradução livre do autor.
30
Termo preferido pela Ordem em relação à Reforma Teresiana.
31
John Patrick Donnelly, professor emérito da Marquete Universty, Milwaukee, Estados Unidos, descreve em
New Religious Orders for Men (Novas Ordens para Homens) que, “Except possibly for the Spanish Discalced
Carmelites, all new orders stressed active ministry more than prayer, although none saw work and prayer as either/
or alternatives. ” (“Com a exceção dos Carmelitas Descalços espanhóis, todas as novas ordens ressaltaram um
11
A Companhia de Jesus, porém, buscava a salvação das almas através da doação aos
outros, divergindo da vida de oração carmelitana. Inácio de Loyola, nascido em 1491 na
Espanha sob o nome de Iñigo de Onaz y Loyola, foi o fundador da ordem jesuíta, estabelecida
em 1539 sob a designação Societas Jesu34. Anterior a sua formação clerical, Iñigo representava
o clássico cavaleiro espanhol do século XVI. Opiniões divergem sobre sua procedência militar
(alguns autores o afirmam como soldado, outros negam esta afirmação), o importante, contudo,
é entender o acidente que levou sua conversão. Em 1521, Iñigo foi atingido em batalha contra
a invasão francesa em Pamplona, deixando-o terrivelmente machucado, forçando um período
de recuperação no castelo de sua família. Durante este período, leu muitos livros de santos
(outro ponto nebuloso entre historiadores, que não sabem precisar quais aqueles eram,
especificamente), proporcionando sua final conversão. “Inácio de Loyola sublinhou, a partir de
sua experiência, a doutrina da cooperativo hominis cum Deo35 em questões da justificação, com
ministério ativo antes de oração, ainda que nenhum tenha encarado trabalho e oração como partes de um mesmo/
uma alternativa”, em tradução livre do autor); The Cambridge History of Christianity, p.162.
32
Trecho de entrevista realizada no dia 13/07/2016 com frei Anderson Fontes Dias, frade da Ordem do Carmelo
Descalço, província Sul, Brasil.
33
Felipe II de Espanha, o rei Prudente, governou a Espanha e, mais posteriormente, Portugal, até seu falecimento
em 1581. A professora Luciana Lopes dos Santos afirma a existência de uma corrente de pensamento
historiográfico que defende este processo de Felipe II como “impaciência” com a lentidão do processo de Roma,
provocando a Reforma em seu próprio reino através do patrono régio.
34
“Companhia de Jesus”, em tradução livre do autor.
35
“Cooperação entre os homens e Deus”, em tradução livre do autor.
12
a mesma veemência que Lutero usou para rejeitá-la. ”36, sustentando suas práticas de devoção
aos santos, ao lado de sua consagração à Maria.
Viajou para a terra santa de Jerusalém, fator decisivo para atitudes tomadas
posteriormente para com a ordem jesuíta. Quando voltou de sua peregrinação, estudou em
Barcelona e, em 1528, transferiu-se para Paris, onde conheceu seus companheiros de fundação
da ordem. Estes juraram peregrinar para Jerusalém e agir para a salvação daqueles, porém, a
guerra com os turcos impediu sua viagem à terra santa, levando-os a buscar orientação de papa
Paulo III37. Este permitiu a criação da Ordem e indicou-os para cidades ao norte da Itália, onde
seguiram para evangelizar.
Eleito o primeiro Geral da ordem, Loyola utilizou das características militares para
organizar o grupo, sendo reconhecidamente normalista, mas extremamente flexível com as suas
regras. Esta organização, entretanto, os distinguia das demais ordens da Igreja na época,
permitindo-os alcançar grandes obras posteriormente. Diferentemente do Carmelo dantes
analisado, os jesuítas não buscaram o voto de pobreza, embora presem pela simplicidade até
hoje, sob a justificativa de Inácio que a obediência e a organização hierárquica os manteria
unidos. Percebe-se que a democracia visível em outras ordens não se encontrava entre jesuítas.
Loyola convergia com as ideias de Lutero no quesito educação, ambos sendo grandes
críticos da escassa formação clerical. O plano jesuítico não era, todavia, tornarem a educação
seu principal ministério. A atuação de seus colégios, somada com a importância dada ao
trabalho missionário alavancou a estrutura e a influência destes para a Europa, explicando o
porquê de ser uma das ordens com maior adesão, apesar dos rigorosos processos de iniciação e
formação. Estas eram realizadas nos colégios da ordem, sendo, com o passar do tempo,
procuradas para a educação dos filhos de burgueses e nobres, dispostos a pagar pela formação
de seus filhos38. Com o crescimento destas, sua fama se espalhou pelas cidades europeias, sendo
novas localidades designadas para o trabalho. “The real pioneer Jesuit college for lay students,
36
Martin N. Dreher, 1996, 119.
37
Papa Paulo III “governou” entre 1534 e 1549. Abio político, foi responsável pela convocação do Concílio de
Mântua, sendo transferido após revoltas para Trento, em 1542.
38
Percebemos, portanto, uma divergência com a Alemanha dos relatos de Lutero, onde a educação era
extremamente negligenciada pelos pais, independentes da posição social, descrito em seu texto Aos Conselhos de
Todas as Cidades Alemãs para que Criem e Mantenham Escolas Cristãs, 1524.
13
not young Jesuits was opened at Messina in 1548. ”39, explica John Patrick Donnelly sobre a
abertura destas para jovens não jesuítas.
Estes colégios foram se suma importância para o processo reformatório da Igreja, pois
firmava a fé católica nos territórios não tocados pela Reforma Protestante, assim como
“reconquistava” outros dominados pelas teorias desta. A designação de um grupo para a criação
do Collegium Germanicum40, fundado em 1552 para a formação de jovens clérigos afim de
atuarem na Alemanha luterana, era de grande interesse para Roma; esta viu na missão de
Francisco Xavier41 também um enorme potencial de dominação política de áreas não tocadas
pelo protestantismo. Outro exemplo destas jornadas jesuítas é sua atuação no Brasil, ainda no
século XVI, parte destes planos conciliares, fazendo dos jesuítas os principais responsáveis
(práticos) pela universalização da Igreja.
39
“A verdadeira primeira escola jesuíta para alunos de fora da ordem, não jesuítas, foi aberta em Messina em
1548”, em tradução livre do autor. John Patrick Donelly, 2012, 173.
40
“Colégio Germânico”, em tradução livre do autor.
41
Francisco Xavier foi um jovem jesuíta que partiu, no ano de 1542, em missão para a índia, iniciando os processos
missionários tão estimados pela Societa Jesu.
42
Os Cappuccinos foram institucionalizados oficialmente em 1619, porém, sua idealização remonta as ideias do
papa Leo X, em 1517, de separar os franciscanos em diferentes ordens.
43
Os Teatinos formaram-se em 1524, em Roma, liderados por Gaetano Thiene e Giampietro Carafa, futuro Paulo
IV.
44
Os Barnabitas realizaram com sucesso seus votos em 1533, em Milão, sendo oficialmente reconhecidos como
uma comunidade de fé.
45
Os Oratorianos basearam-se nos ensinamentos de Filippino Neri, que fundou a ordem (porém esta só fora
reconhecida em 1575, por Gregório XIII), santo da Reforma como Loyola mais tarde também seria canonizado e
reconhecido.
46
Trecho de entrevista realizada no dia 13/07/2016 com frei Anderson Fontes Dias, frade da Ordem do Carmelo
Descalço, província Sul, Brasil.
47
“(...) a maior mística do século XVI e, sem dúvidas, sua maior escritora. ”, em tradução livre do autor. John
Patrick Donelly, 2012, 176.
14
Durante o primeiro período do Concílio (de 1545 a 1547), tratou-se sobre o dogma da
Igreja, dando caro, anteriormente, do direito a voto dos leigos, sendo este retirado. Esta ação
incluía reis, que exigiam, juntamente com o imperador, a reforma imediata da Igreja. Entre a
canonização de novos textos, a primeira medida tomada foi quanto a Sagrada Escritura,
importantíssima para a Reforma protestante, que foi aceita como meio de cristianização, sendo
equiparada a tradição oral. A tradição, no entanto, não foi tocada, pois dizia respeito a toda a
doutrina papal.
48
“Profissão de Fé de Trento”, em tradução livre do autor.
15
Todavia, a maior e mais importante mudança proposta por essa primeira parte do
concílio foi, inegavelmente, a instituição de cátedras para o ensino nos conventos europeus,
contornando as críticas sobre a educação da época. O decreto contra a acumulação fora, da
mesma forma, importantíssimo para a comprovação da proposta conciliarista de mudanças. Em
1555, Gianpietro Caraffa, fundador da ordem dos teatinos, foi consagrado papa, com o nome
de Paulo IV, tentando realizar a reforma sem a convenção do concílio, em hiato desde 1552.
Contudo, Pio V50, sucessor de Paulo IV, propôs o retorno do concílio para 1561, que se estender
até 1563, solidificando a segunda parte do Concílio de Trento.
Esta segunda parte encarou maus momentos, com a hesitação de Pio V em perder seu
poder e, analogamente, a união dos bispos franceses com o Imperador alemão contra o concílio.
Entre as medidas tomadas neste segundo momento temos, notavelmente, o mantimento das
indulgências, com sua troca por dinheiro sendo finalmente proibida. Ressaltada necessidade de
formação aos clérigos, disfunção de cargos (como o administrador de prebenda) estão entre as
novas medidas do concílio.
A grande importância do Concílio de Trento para a afirmação de uma nova era cristã
não está em suas propostas, mas no cumprimento destas. O poder papal, constantemente
49
Dreher em citação de Jedin, p.123 e 124.
50
Papa Pio V exerceu seu cargo de 1559 a 1565.
16
É impossível separar tais momentos de seu caráter político, mesmo quando ressalta-se
tal observação, a exemplo de Francisco. Cada episódio aqui analisado deve-se ao seu momento
único na história; não é dizer que, em outros tempos, não aconteceriam, mas assinalar a
importância do entendimento de sua conjuntura é compreender a ligação que se podia
estabelecer.
51
“Colégio Húngaro”, em tradução livre do autor.
52
“Colégio Inglês”, em tradução livre do autor.
53
“Colégio Grego”, em tradução livre do autor.
54
“Colégio Romano”, em tradução livre do autor.
55
“Índice de Livros Proibidos”, em tradução livre do autor.
17
Contudo, chamar somente os trabalhos de Loyola como Reforma, será ignorar todos os
processos de Francisco e Ximénez aqui levantados; não somente eles, mas todos os outros
reformistas que aqui não citamos. Seria desconsiderar todos processos levantados nos
Concílios. Seria desconsiderar o peso dos poderes monárquicos europeus. Segundo o professor
Dreher, já muito citado neste trabalho,
REFERÊNCIAS
DONNELLY, John Patrick. New religious orders for men. In HSIA, R.Po-Chia (Org.). The
Cambridge History of Christianity: Reform and Expansion. United Kingdom: Cambridge
University Press. 2012.
56
Grifo do autor.
57
Martin N. Dreher, 1996, 15.
18
DURANT, Will. A História da Civilização VI: A reforma. Rio de Janeiro: Record, 1977
HENDRIX, Scott. Martin Luther, reformer. In HSIA, R.Po-Chia (Org.). The Cambridge
History of Christianity: Reform and Expansion. United Kingdom: Cambridge University
Press. 2012.
MCGUIRE, Brian Patrick. Monastic and religious orders, c. 1100-C. 1350. In RUBIB, Miri
e SIMONS, Walter (Org.). Cambridge History of Christianity: Christianity in Western
Europe c. 1100-c. 1500.United Kingdom: Cambridge University Press. 2012
VARAZZE, Jacopo de. Legenda Aurea: vida dos santos. São Paulo: Companhia das Letras,
2011