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Posso sentir seu ar de reprovação diante da afirmativa do título, afinal, "O que
pode haver de positivo em uma demissão?". Mas sim, reafirmo, ser demitido
pode ser o "up" que você precisa para alavancar a sua carreira.
Como de hábito, você vai para a empresa, faz o que tem que fazer, empreende
seus melhores esforços e quando menos espera, recebe a fatídica notícia: "Você
está demitido!"
O golpe é duro, quase fatal. Você se sente injustiçado, se revolta, chega a chorar
escondido no banheiro e sente que foi traído "Eu entreguei meus melhores anos
aqui, como puderam fazer isso comigo? "E agora, o que farei?".
Após o baque, você se recompõe, aceita a realidade que você está fora, olha
para o futuro, passa a focar em seu próximo trabalho com forças renovadas e de
cabeça erguida diz para si mesmo: "Que bom que isso aconteceu! Finalmente
vou poder focar em minhas prioridades, essa demissão foi a melhor coisa que
poderia ter me acontecido".
Essa forma de encarar a demissão não é ficção e nem sempre (quase nunca)
teremos a disposição um qualificado representante da empresa (tipo o George
Clooney no filme Up in the Air), para nos lembrar de como esse episódio pode
ser fundamental para reavaliarmos nosso momento e reorientarmos nosso foco.
Estudos mostram que a demissão pode ser algo realmente significativo para seu
crescimento, desde que você a coloque na perspectiva correta. Definir-se pelo
seu emprego atual pode representar o maior dano que um profissional pode
fazer à própria carreira.
A EXPERIÊNCIA DE EMPREGADO
Trabalhar para uma empresa pode ser uma das experiências mais significativas
para seu desenvolvimento pessoal e profissional, muitas das melhores mentes
da história saíram de alguma companhia, seria um contrassenso pensar o
oposto.
"Walt Disney, você está demitido! Você tem falta de imaginação e de boas
ideias, nosso jornal precisa de alguém mais criativo".
"Srta. Lady Gaga, você está demitida! Tem algo errado com suas músicas,
nossa gravadora precisa de algo mais acabado e você não está dando
certo".
LIDANDO COM A DEMISSÃO
Estes dois exemplos e muitos outros casos de nomes que se tornaram icônicos e
até mesmo bilionários, de atores de cinema a empresários (Mozart, Leonardo da
Vinci, Harrison Ford, Michael Jordan, Dwayne Johnson, Oprah Winfrey...), todos
foram demitidos em algum ou vários momentos de suas vidas.
Olhando para trás muitos dirão que essas demissões foram erros absurdos, que
faltou visão por parte das empresas em não reconhecer o potencial que tinham
nas mãos, ainda que posteriormente tenham admitido isso, também
reconheceram que na ocasião pareceu a coisa certa a ser feita.
Mas todos sabemos que eles se recuperaram e quem se tornaram após o baque
da demissão.
"Para eles foi fácil, são fora da curva!”. Quem disse? Nunca é fácil! A demissão é
um processo traumático para qualquer um. A ideia romântica de que existem
super-humanos resilientes a todas as dores é um mito, esqueça isso.
Contudo, passado o período de "luto", foram suas atitudes após suas demissões
as grandes responsáveis pelas grandes viradas que deram em suas carreiras.
Se as demissões foram injustas não está em questão aqui, aliás as razões pouco
importam, o que importa é como lidaram com isso e as escolhas que fizeram a
partir desse episódio, o que aprenderam, como usaram seus revezes e traumas e
seguiram em frente.
Responsabilizar os outros pelo que nos acontece pode até funcionar por um
tempo, mas tem um problema, reduz as possibilidades de aprendermos com
nossos erros.
"Não importa o que fizeram com você, mas o que você faz com o que fizeram de
você." —J.P. Sartre
"O primeiro dia foi o mais difícil... Aconteceu e de repente e parecia que tudo
estava perdido. Eu sabia naquele momento que tudo tinha acabado muito
rápido. Eu fui demitido. Achei que minha carreira tinha acabado."
Gunn ficou mal por algum tempo, escolheu o silêncio e abandonou as redes
sociais, mas ao invés de supervalorizar o que lhe aconteceu culpando a si mesmo
ou ficar ressentido com a empresa jogando para os quatro cantos tudo o que fez
por ela, reavaliou seu comportamento, pediu desculpas e reorientou seu foco.
Assumindo a responsabilidade
"A Disney tinha todo o direito de me demitir. Esse não foi um caso de liberdade
de expressão". "Sei que as pessoas se magoaram com as coisas que eu disse, e
isso ainda é minha responsabilidade, por não ter sido tão compassivo como
deveria ser no que foi dito. Me sinto mal por isso e assumo total
responsabilidade. A todos dentro e fora da indústria, e outros, eu peço profundas
desculpas".
Apreendendo com os erros
Os tuítes escritos 10 anos antes, ainda que abjetos, não refletiam quem James
Gunn é, mas sim quem ele tinha sido, desconsiderando seu amadurecimento ao
longo dos anos.
"Estou sempre aprendendo e tudo que eu posso fazer agora, além de oferecer o
meu arrependimento sincero, é ser o melhor ser humano que posso ser;
compreensivo, comprometido com a igualdade, e mais ponderado sobre minhas
declarações e obrigações no discurso público".
A grande virada
Assumindo seu compromisso ético com sua nova identidade pública, Gunn irá
dirigir os dois projetos e cumprirá suas obrigações com as duas companhias
rivais.
"Parte daquele dia (a demissão), foi o pior da minha vida, parte foi o melhor dia
da minha vida. Foi difícil, mas valeu a pena ter esse tempo para ver as coisas em
outra perspectiva". — James Gunn
A experiência de uma demissão pode ser o "choque" que irá despertá-lo para a
descoberta de um potencial que você nem sabia que estava lá. Um novo
profissional pode surgir a partir desse episódio, muito mais impactante, mais
agregador, mais produtivo e muito mais disposto a fazer a diferença, alguém que
os outros queiram seguir — um líder.