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Ano III

Número 8
Julho/Agosto/Setembro/2010

Revista feita por e para aquaristas amantes da natureza


Distribuição
Gratuita

Expedição à bacia do Rio


Verde

Peixes comedores de algas

A Aplicação do Ponto Focal


no Aquapaisagismo

Vivendo no extremo
Dieta alemã para peixes
de todas as nacionalidades.

Seus peixes podem ter uma alimentação de primeiro mundo. Divididas entre as linhas especial e premium, as rações oferecem alto valor nutricional para diferentes
espécies. Além da melhor nutrição, diferenciais tornarão o aquarismo cada vez mais interessante e prático: grânulos que afundam a diferentes velocidades, eficiência na
alimentação de todos os peixes e o exclusivo sistema click. Com ele, você disponibiliza a quantidade exata de alimento a ser oferecida aos peixes. JBL. Alemã por natureza.
Sumário
Editorial 4 - Expedição à Bacia do Rio Verde
Ricardo Britzke

Há dois anos lançamos a primeira edição os mais conhecidos peixes comedores de al-
desta revista que sonha ir muito mais longe, gas. Já que falamos da ciência no aquarismo,
tanto na longevidade quanto na abrangência. veremos como uma sequência de números
Esperamos ter cumprido nosso objetivo de pode nos ajudar a montar aquários plantados
mostrar as diversas faces do aquarismo como mais harmônicos, como explica o artigo de 9 - Peixes comedores de algas
um hobby fascinante que passa pelos cami- Americo Guazzelli. Com certeza, aqueles que Edson Rechi
nhos da física, química e biologia, entre outras acham que vivem no limite enfrentando to-
áreas do co- dos os tipos de
nhecimento problemas para
humano e, sobreviver no
principalmen- dia a dia, sendo 14 - Galeria de Peixes
te, despertar o o trânsito o me- Chantal Wagner Kornin & Cinthia C. Emerich
espírito ecoló- lhor exemplo,
gico. E é por se identificarão
não ser o aqua- com algumas
rismo apenas espécies que
uma diversão conseguem so- 15 - Galeria de Plantas Aquáticas
para crianças breviver nas Rony Suzuki
que continua- condições mais
remos manten- extremas que
do este espaço podem se apre-
para que os sentar. Confi-
amigos possam ram no artigo de 18 - A Aplicação do Ponto Focal no Aquapaisagismo
divulgar seus Oscar Shibatta! Americo Guazzelli
conhecimentos Esperamos
e experiências, que acabam incentivando e que todos tenham uma boa leitura em meio a
formando novos adeptos, além de oferecer a estes artigos selecionados pela nossa equipe
todos uma leitura prazerosa. para esta edição e que venham muito mais in-
E é seguindo essa linha que trazemos nesta formações pela frente.
22 - Vivendo no Extremo
edição fotos e informações da Bacia do Rio Oscar Akio Shibatta
Verde, uma forma de chegar mais perto da
natureza, graças ao Ricardo Britzke. Mostra- Um abraço da Equipe Aqualon.
mos, também, uma forma natural de combater
as algas, segundo artigo de Edson Rechi sobre
Revista Aqualon 3
A região de Campo Novo do Parecis
Campo Novo do Parecis localiza-se na região
sudoeste de Mato Grosso, a 385 km da capital
Cuiabá. Sua altitude média é de 570 metros acima
do nível do mar. A cidade se encontra na Chapada
dos Parecis, possuindo, como mata nativa, grande
áreas de cerrado e mata fechada nos vales dos rios.
Sua extensão territorial é de 10.796,10 km², sendo
2.826 km² ocupados por terras indígenas. Seu as-
pecto histórico tem relações diretas com a história
do Marechal Cândido Rondon. Em 1907, Cândido
Rondon passou pela região em busca do Rio Ju-
ruena, atingiu o Rio Verde e seguiu para o norte
em busca do Salto Utiariti, fronteando o sítio onde
nasceria o futuro município. O território de Campo
Novo do Parecis foi trabalhado em duas direções
pelos serviços de linha telegráfica: uma para oeste,
rumando para Utiariti e Juruena e outra para leste,
em busca de Capanema e Ponte de Pedra. Em fins

Expedição à bacia do de janeiro de 1914, o ex-presidente dos Estados


Unidos da América, Theodore Roosevelt, passou
defronte ao sítio de Campo Novo do Parecis, em

Rio Verde viagem pela Amazônia, juntamente com Rondon.


A ocupação efetiva da região deu-se na década de
setenta, com abertura de fazendas e a instalação de
famílias de migrantes vindos de estados sulistas.

Texto: Bacia do Rio Juruena


Ricardo Britzke
Depto. de Morfologia O Rio Juruena é um dos grandes formadores do
Universidade Estadual Paulista
Botucatu - SP - Brasil rio Tapajós. Possui suas nascentes na Chapada dos
Parecis e seus principais afluentes são os rios Sa-
Fotos: cre, Verde, Buriti, Juína, Mutum, Sucaruína, Cra-
Ricardo Britzke e José Carlos Pansonato Alves
4 Revista Aqualon
margem possuindo cerca de 3 metros de
profundidade, praticamente em toda sua ex-
tensão, uma característica muito comum na
maioria dos rios da bacia Amazônica dessa
região. Nesse local, o rio possui uma ca-
choeira, a qual forma piscinas naturais logo
abaixo, o que caracteriza o nome do local
como balneário.
Durante a coleta para estudos em ambos

vari, Papagiao, Arinos e rio do Sangue. Um desses


afluentes do Juruena visitado foi o Rio Verde, um
rio de águas muito claras e rápidas, sendo possível
enxergar profundidades de até 3 metros nitidamen-
te. Foram amostradas duas regiões desse rio, uma
na região da BR-364 e outra na região do balneário
Rio Verde.
Hoplias aymara
Na região da BR-364, a área amostrada possui
profundidades bem variadas entre 90 cm a 3 m.
Apresenta águas transparentes e com correnteza
forte, principalmente nas regiões mais profundas.
Em algumas áreas mais rasas do rio, foi possível
observar grandes tapetes de Eleocharis sp. e Echi-
nodorus sp., o que concedia refúgios para diversas
espécies de peixes menores. Próximos a estes re-
fúgios, sempre se encontravam peixes carnívoros,
como pequenos exemplares de Trairão (Hoplias
aymara) e o Jejuno (Hoplerythrinus unitaeniatus).
Na região do balneário Rio Verde, cerca de 30
km a oeste da BR-364, encontramos um rio bem
mais profundo e escavado em seu leito, com sua
Hoplerythrinus unitaeniatus
Revista Aqualon 5
os pontos foram possíveis encontrar as seguintes Além da ictiofauna, nas margens do rio, sempre nas centrais elétricas), as quais são consideradas
espécies: Characiformes: Hyphessobrycon me- à espreita estava o Martim-pescador esperando o todas usinas hidrelétricas de pequeno porte, cuja
lanostichos, Hyphessobrycon vilmae, Hyphesso- momento certo para capturar sua principal presa capacidade instalada seja superior a 1 MW e in-
brycon hexastichos, Hyphessobrycon notidanos, nos rios, os peixes desatentos. A Arara-canindé é
Hemigrammus skolioplatus, Jupiaba poranga, Ju- outra ave muito comum de se encontrar, além de Characiformes:
piaba yarina, Moenkhausia cosmops, Moenkhau- tucanos, gaviões e outros.
sia nigromarginata., Astyanax utiariti , Bryconops Esta região tão bela e de riqueza inigualável
sp., Leporinus octofasciatus, Hoplias aymara, Ho- possui diversos problemas causados pelo homem,
plerythrinus unitaeniatus, Siluriformes: Rhamdia que vem aumentando cada vez mais. Um dos prin-
sp., Eigenmannia aff. limbata, Hisonotus chromo- cipais é a transformação da região de cerrado em
dontus, Hisonotus luteofrenatus, Ancistrus parecis, monocultura de soja, seguida de pastagens para o
Ancistrus tombador, Perciformes: Crenicichla sp., gado. Quanto à água, além da poluição por esgoto
Aequidens aff. epae, Aequidens sp., Cyprinodonti- doméstico e insumos agrícolas, o problema mais
formes: Rivulus modestus atual enfrentado no momento são as PCH (peque-
Hyphessobrycon melanostichos

Hyphessobrycon vilmae

Jupiaba yarina
6 Revista Aqualon
Siluriformes:

Moenkhausia cosmops Rhamdia sp.

Arara-canindé

Eigenmannia aff. limbata


ferior a 30MW, possuindo um reservatório de no
Moenkhausia sp. máximo 3 km². No curso do Rio Juruena, estão
previstas 77 PCHs para serem construídas, além do
Perciformes: projeto de construção de uma hidrovia para escoar
a soja. Além da destruição que tais PCHs podem
causar ao meio ambiente, elas também mudarão o
modo de vida das etnias indígenas da região, pois Borboletas sugando
algumas dessas dependem exclusivamente da pes- sais minerais
ca, além da importância ritualística que o rio repre-
senta para essas etnias.
Apesar de toda a destruição que o homem já
causou ou ainda pretende, a natureza tenta contor-
nar a situação, sempre nos mostrando toda sua ri-
queza para que possamos nos conscientizar e man-
ter preservados estes locais, pois um dia tudo isso
s
poderá desaparecer e nesse dia será tarde demais nerai
o sais mi
Aequidens sp. para voltar atrás. sugand
posa
Revista Aqualon Mari 7
4 Revista Aqualon
mente em aquários recém montados, desestabili-
zados ou que apresentem água de má qualidade.
Alguns tipos de algas são bem fáceis de con-
trolar através da remoção manual durante a roti-
na de manutenção ou através de peixes comedo-
res de algas, foco principal deste artigo.
Aplicam-se a peixes comedores de algas ver-
dadeiros milagres na eliminação e manutenção
em aquários afetados por algas. Esta aplicação
de certa forma é equivocada, uma vez que cer-
tamente ajudarão no controle de algas, alimen-
tando-se desta, mas não fazendo milagres. Algu-
mas espécies ajudam eficazmente e outras nem
tanto.
Otto (Parotocinclus maculicauda) Deve-se salientar que a alimentação destas es-
foto: Ricardo Britzke pécies de peixes primariamente é herbívora (daí
a expressão “comedores de algas”), mas requer
secundariamente alimentos complementares de

Peixes Comedores de Algas


origem animal. Por este motivo é bastante co-
mum após sua introdução no aquário, perderem
o interesse por algas e optarem por consumir
apenas rações, deixando em segundo plano a
função à qual foram destinados.
Quando em seu ambiente natural, há uma di-
versa gama de alimentos disponíveis para seu
Autor: Edson Rechi consumo e, embora sua principal função no
aquário seja a eliminação de algas, devemos
Compreende-se por algas, vários seres vivos dade temporária nos parâmetros da água ou por igualmente fornecer uma gama alimentar exce-
aquáticos e autotróficos, que produzem energia apresentar condições para seu desenvolvimento lente através de alimentos alternativos que com-
necessária ao seu metabolismo através da fotos- através do excesso de nutrientes disponíveis ou plementem sua dieta, como verduras, legumes e
síntese, assim como as plantas. Grande parte das luminosidade excedente, além da ausência de rações (pastilhas) próprias e não somente deixá-
algas são unicelulares, embora algumas possuam competidores naturais como as macrófitas aquá- los a “base de algas”.
tecidos diferenciados e sejam mais complexas. ticas. Embora pouco atrativo para a estética do Por vezes o aquarista poderá romper tempo-
Em aquário, muitas vezes o surgimento de aquário, é absolutamente comum o surgimento rariamente a alimentação alternativa para “for-
algas é inevitável, seja por alguma desestabili- desta forma primitiva de vida vegetal, principal- çar” o peixe a procurar por algas, mas sempre
Revista Aqualon 9
observando e se precavendo de que realmente
está se alimentando desta, uma vez que poderá
desprezá-la e ficar severamente desnutrido, po-
dendo levá-lo à falência por inanição.
Partindo deste princípio, peixes comedores de
algas podem ser ótimos aliados na erradicação
ou controle de determinadas algas. Abaixo estão
indicadas algumas espécies encontradas com re-
gularidade nas lojas de aquarismo. Por se tratar
de peixes tropicais, a temperatura ideal para to- Cascudo (Baryancistrus sp. L047)
das espécies poderá variar de 24 ºC a 28 ºC. foto: Gustavo Grandjean CAC (Gyrinocheilos aymonieri)
foto: Helena Villar
Cascudo
Nome Científico: Ancistrus sp. / Hypostomus sp. Comedor de algas chinês (CAE)
Família: Loricariidae Nome Científico: Gyrinocheilus aymonieri
Origem: América do Sul Família: Gyrinocheilidae
pH: 6.0 a 7.0 (pode variar de acordo com a espé- Origem: Sudeste Asiático
cie) pH: 6.6 a 7.4
Tamanho Adulto: Variável de acordo com a es- Tamanho Adulto: 25 cm
Definição: Ótimo comedor de algas em geral, po-
pécie
dendo ser menos inclinado a comer algas depois de
Definição: Em geral come algas marrons e verdes;
Cascudo (Peckoltia sp. L134) adulto. Pode-se tornar agressivo quando atinge a
dependendo da espécie, poderá crescer bastante e
foto: Ricardo Britzke maturidade sexual e costuma não tolerar a presen-
desenraizar plantas. ça de outro CAE no mesmo espaço. Peixe muito
ativo.

Comedor de algas siamês (SAE)


Nome Científico: Crossocheilus siamensis
Família: Cyprinidae
Origem: Sudeste Asiático
pH: 6.6 a 7.4
Tamanho Adulto: 15 cm
Definição: Considerado um dos melhores comedo-
res de algas, entre elas as temíveis filamentosas;
Cascudo (Ancistrus sp.) Cascudo (Liposarcus pardalis)
foto: Ricardo Britzke
confundido freqüentemente com o Flying Fox
foto: Caio Sampaio
(Epalzeorhynchos kalopterus).
10 Revista Aqualon
CAS (Crossocheilus siamensis) Labeo bicolor
foto: Ricardo Britzke Nome Científico: Epalzeorhynchus bicolor
Família: Cyprinidae
Origem: Tailândia
pH: 6,4 a 7,2
Tamanho Adulto: 15 cm
Definição: Peixe de forte personalidade, pode ser
bastante territorialista com outros peixes e não to-
lerar outro exemplar no mesmo tanque; é um re- Otto (Parotocinclus maculicauda)
gular comedor de algas que normalmente ficam foto: Ricardo Britzke
espalhadas pelas plantas, troncos e vidros.

Flying Fox / Raposa Voadora Molinésia (Poecilia latipinna)


Nome Científico: Epalzeorhynchus kallopterus foto: Rony Suzuki
Família: Cyprinidae
Origem: Sudeste Asiático
pH: 6.6 a 7.2
Tamanho Adulto: 13 cm
Definição: Bom comedor de algas em geral, é um
peixe bastante ativo. Ao contrário dos CAE e SAE,
costuma ser mais tolerante com a presença de ou-
Labeo Bicolor (Epalzeorhynchus bicolor) tros exemplares da mesma espécie, podendo ser
foto: Rony Suzuki mantidos em pequeno cardume.

Limpa-vidro / Otto
Nome Científico: Otocinclus sp.
Família: Loricariidae
Origem: Sudeste do Brasil
pH: 6.0 – 7.0
Tamanho Adulto: 4 cm
Definição: Regular comedor de algas, principal-
mente marrons e verdes. São peixes ideais para di-
versos tipos de tanques, principalmente plantados,
Flying Fox (Epalzeorhynchus kallopterus) Borboleta mexicana (Ameca splendens)
devido ao seu tamanho reduzido. Sua adaptação foto: Rony Suzuki
foto: Rony Suzuki inicial no aquário poderá ser difícil, opte por um
Revista Aqualon 11
pequeno cardume e insira-os de uma só vez, usan- Tamanho Adulto: 5 cm
do a base de 1 exemplar para cada 20L. Muitos Definição: Apesar de poucos o definir como peixe
acham que são peixes frágeis, isto se deve a abusos algueiro, dá uma bela ajuda no combate de algas
na captura, entre outros fatores, uma dica é esperar em geral. Pode, eventualmente, beliscar algumas
pelos últimos exemplares que ficam expostos ao plantas. Apesar de se adaptar facilmente em pH
menos duas semanas nas baterias das lojas, estes ácido, não irá mostrar todas suas cores neste pH.
certamente serão mais resistentes e terão melhor
adaptação em seu aquário.

Molinésia
Nome Científico: Poecilia latipinna
Família: Poeciliidae
Origem: América do Norte e México
pH: 7,2 a 7,8
Tamanho Adulto: 10 cm
Definição: É boa comedora de algas devido sua die- Jordanela (Jordanella floridae)
ta essencialmente herbívora, apesar de nem sempre foto: Rony Suzuki
ser mencionada. Comumente fica “beliscando” as
plantas à procura de algas, mas sem danificá-las.
Existem outras inúmeras espécies de peixes
Borboleta mexicana ornamentais que ajudam no controle e erradica-
Nome Científico: Ameca splendens ção de algas, mas, em sua maior parte, são ape-
Família: Goodeidae nas coadjuvantes no combate a algas, portanto,
Origem: México não vá adquirir determinado peixe algívoro
pH: 6.5 a 7.5 pensando que será a solução definitiva para este
Tamanho Adulto: 8 cm problema.
Definição: Regular comedor de algas em geral. O melhor remédio para não ter seu tanque
Peixe muito robusto, se adapta facilmente a diver- infestado por algas é se precaver no sentido de
sas variações de água. evitar excessos na alimentação, quantidade de
peixes, manipulação de oligoelementos para
Jordanela plantas e manter manutenções regulares através
Nome Científico: Jordanella floridae de trocas parciais de água e limpeza de filtros.
Família: Cyprinodontidae Deste modo, aliado a peixes comedores de al-
Origem: América Central gas, dificilmente as algas irão prosperar em seu
pH: 6.8 a 7.6 aquário.
12 Revista Aqualon
®

Aquários e Lagos
Peixes
Por: Chantal Wagner Kornin
&
fotos: Chantal Wagner Kornin

Cinthia C. Emerich

foto: Cinthia Emerich


Carnegiella marthae
Pseudomugil signifer Myers, 1927
Kner, 1966 Nome Popular: Borboleta de Asas Ne- fêmea, que tende a ser ligeiramente maior
Nome Popular: “Pacific Blue Eye” gras que o macho.
Família: Pseudomugilidae Família: Gasteropelecidae Reprodução: Ovíparo, o aquário deve
Origem: Ásia e Oceania / Norte da Austrália, Origem: América do Sul / Bacias do Rio possuir uma boa quantidade de plantas flu-
Sul de Nova Guiné e Ilhas Aru. Negro, Rio Orinoco, Rio Madeira e Ama- tuantes, pois é nas raízes das mesmas que
Tamanho: Aproximadamente 7 cm. Dimorfismo Sexual: Machos são maiores e zônia Peruana. a fêmea irá liberar os ovos, eles eclodem
Comportamento: É bastante ativo, nadando tem as nadadeiras dorsais e anais extendidas e Tamanho: Aproximadamente 3 a 4 cm. em cerca de 30 a 36 horas quando man-
na parte superior e média do aquário e gosta coloração mais intensa que as fêmeas. Fêmeas Comportamento: Cardumeiro, pacífico, tidos em temperatura mais elevada. Após
de se abrigar entre plantas flutuantes. O ideal maduras tem o ventre mais volumoso. deve ser mantido com companheiros cal- cerca de 5 dias da eclosão os alevinos já
é manter em uma proporção de mais fêmeas Reprodução: Em grupo com predominân- mos e de tamanhos compatíveis, gosta de consumiram o conteúdo do saco vitelino e
para machos, pois os mesmos assediam as cia de fêmeas. Os machos podem se tornar nadar entre raízes de plantas flutuantes e é começam a nadar livremente, não ocorre
fêmeas e gostam de disputar com outros ma- agressivos, por causa disso é bom adicionar ótimo saltador. o cuidado parental nesta espécie e os pais
chos, e até outros peixes do aquário, abrindo abrigos e monitorar a saúde das fêmeas. Um Agressividade: Leve entre os machos da devem ser retirados do aquário de repro-
suas belas nadadeiras. pequeno aquário com um filtro de espuma mesma espécie e semelhantes, pacíficos dução assim que a desova for concluída.
Agressividade: Peixe pacífico. pode ser utilizado. Deve-se manter o pH 7.5 e com os demais. A partir do momento em que os filhotes
Manutenção: Tamanho mínimo do aquário: a dureza elevada. O local de desova pode ser Manutenção: Aquário com abundância de apresentarem nado livre pode-se dar ração
40 litros. O aquário deve ter água cristalina um maciço de plantas como o musgo de java
plantas flutuantes e bem tampado para evi- específica para alevinos de ovíparos e ali-
e muita vegetação, em especial plantas altas ou uma “bruxinha” (mop) de lã usada na re-
e flutuantes. Apreciam leve salinidade, mas produção de killis e devem ficar próximos ao tar saltos fatais. mentos vivos, conforme forem crescendo,
jamais adicionar sal ao aquário se estiver fundo do aquário. Para evitar a predação dos Temperatura: 24 a 30 ºC alimentos maiores podem ser oferecidos.
mantendo também peixes de couro ou outros ovos, pode-se separar os adultos ou o subs- pH: 5,5 a 6,5 Os filhotes começam a apresentar o for-
sensíveis ao sal. trato de postura. A fêmea desova cerca de 10 Alimentação: Onívoro, aceita de tudo, mato dos adultos a partir dos 20 dias de
Temperatura: 23 a 28 °C. ovos a cada 24 horas, não sendo uma espécie oferecer alimentos vivos ao menos uma idade.
pH: 6,5 a 7,5 muito prolífica. Os ovos demoram cerca de vez por semana. Outras informações: Esta espécie pode
Alimentação: Onívoro / Predador de plâncton 16 dias para eclodirem, na temperatura mais Dimorfismo sexual: Difícil diferenciar ser encontrada nas lojas sendo mantida
/ Aceita bem qualquer tipo de ração. Alimen- alta. Os alevinos nascem relativamente gran- machos e fêmeas fora da época de reprodu- junto com exemplares de Carnegiella stri-
tos vivos devem ser oferecidos sempre para des e devem ser alimentados com náuplios de ção, durante esta época pode-se observar gata.
manter a saúde e incentivar a reprodução. artêmia. diminutos ovos brancos dentro do corpo da
14 Revista Aqualon
Plantas aquáticas
Por: Rony Suzuki

flor

Proserpinaca palustris
Linnaeus
Família: Haloragaceae
Origem: América do Norte
Hábito: Aquática emergente
Tamanho: 10 a 40 cm de altura
Temperatura: 10 a 28 °C
Iluminação: Moderada a intensa.
pH: 5 a 8 Folhas emersas
Manutenção: Difícil
Crescimento: Lento
Propagação: Ela se reproduz através de corte e replantio do caule.
Plantio: Deve ser plantada na área intermediária e posterior do aquário. Melhor se plantadas
em ramos individuais com espaçamento de uns 2 cm.

Planta de rara beleza, suas folhas avermelhadas e finamente recortadas dão um toque todo
especial para essa planta principalmente contrastando com plantas de coloração esverdea-
da. Ela deve ser plantada em grupos na parte intermediária a posterior do aquário.
• Aquários de água doce e salgada
• Peixes e produtos nacionais e importados
• Equipamentos e Projetos personalizados
Rua Heitor Dias, 113, Boca do Rio, Salvador-BA
Tel.: 71 3231-2631 / 8819-1226 | baiaquarios@gmail.com
>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>
>> A Aplicação do Ponto Focal >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>
Por Americo Guazzelli
no Aquapaisagismo >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>
>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>

As pessoas envolvidas com o aquarismo, mais precisamente o


aquapaisagismo, já estão familiarizadas com o tema deste arti-
go. Seja Ponto de Ouro, Proporção Áurea ou até mesmo Regra
do “Um Terço”, a técnica vem sendo aplicada na arquitetura e
seguimentos artísticos, como a pintura e a música. O aquapaisa-
gismo, arte de criar jardins submersos, também se serve desta
técnica para a criação de layouts com o objetivo de que estes
sejam harmônicos e agradáveis aos nossos olhos. Ainda que
alguns aquapaisagistas possuam o dom
desta arte e consigam atingir o objetivo
naturalmente, a técnica da proporção
áurea é grande aliada e não há como ser
dispensada pela maioria.

Leonardo Pisano, 1170-1250, conhecido


como Fibonacci, foi o matemático italia-
no criador de uma seqüência de números
que acabou sendo a base para se chegar
a uma conta muito simples, que pode au-
xiliar os projetos neste hobby.

Resumindo, basta que se divida o com-


primento do display pelo valor 1,618, já
arredondado a apenas 3 casas decimais,
que se encontrará um dos pontos focais,
18 Revista Aqualon
onde devem ser concentrados os elementos planta que se destaque pela forma ou cor uma seqüência. Iniciando com o nú-
de destaque da montagem. e até mesmo a parte mais leve e baixa de mero 1, não há anterior, portanto, 1
um layout em forma de U. + 0 = 1. Teremos 1,1, onde o próximo
Também é a partir dos cálculos seguintes será o 2. Dessa forma, 1, 1, 2, 3, 5 e
que serão descobertos os outros locais 8 seriam parte dessa seqüência infi-
onde serão dispostos os demais elemen- nita.
tos que terão a função de coadjuvantes na
montagem. Ao se utilizar a operação e encontrar
Pode-se optar pelo ponto existente no lado o ponto focal com mais algumas divi-
esquerdo ou no direito, sendo que o primeiro Mas, como se chegou a essa operação? sões dentro das áreas menores que
é o mais agradável para o cérebro humano. Com a seqüência de números de Fibonacci! vão se formando, pode-se visualizar
Neste local ficarão os destaques, seja a rocha os números da seqüência em ques-
principal de um Iwagumi, o centro ou a par- Trata-se da soma dos dois primeiros núme- tão dispostos, como no desenho
te mais interessante de um tronco, alguma ros para a formação do próximo, gerando abaixo.

2
3
1 1

Na montagem acima, de Rony Suzuki, >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>


podemos comprovar a beleza da arte >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>
através da sequência de Fibonacci. >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>
>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>
Revista Aqualon 19
Algumas imagens para
>> A espiral que se forma nas folhas de exemplificar a aplicação
1. Aquário com
os principais
uma bromélia também confirma essa da proporção áurea no pontos focais
demarcados.
seqüência de números, passando por aquapaisagismo...
cada divisão que estes proporcionam,
sendo possível aproveitá-la, também,
na disposição de elementos, desní-
veis do substrato ou formato das moi- 3. Início da
composição
tas das plantas utilizadas. das pedras
com a pedra
2. Pode-se optar por colocar as principal no
ponto focal.
Tudo isso pode ser confirmado na pedras principais ao lado do ponto
focal para que nele seja colocada
natureza, como no corpo humano ou alguma planta de destaque.
em conchas de animais.
5. A terceira pedra
posicionada no se-
São inúmeros exemplos que podem gundo ponto focal
da direita para criar
ser encontrados e, à medida que mais um vazio entre ela
se aproximam da seqüência, mais be- e a principal favo-
recendo a inserção
los parecem aos nossos olhos. 4. Pedra lateral esquerda posi- de plantas no local
cionada em função da principal. para destaque.

7. Pedra adiciona-
da no ponto focal
direito em função
da principal e rebai-
xada para deixar o
espaço reservado às
plantas.
6. Pedra de suporte adicionada para
auxiliar uma das pedras laterais.

9. Duas pequenas
pedras adicionadas
no lado esquerdo
ao fundo para
darem suporte às
5 demais.
8

1
1
8. Sexta pedra adicionada em fun-
2
3
ção da pedra lateral esquerda.
Revista Aqualon
20
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Visite:
http://jardinssubmersos.wordpress.com
Vivendo no Extremo
Peixes de habitats ou hábitos extremos:
novos paradigmas para a aquariofilia

Oscar Akio Shibatta


Universidade Estadual de Londrina
Aprendemos já no ensino fundamental, numa
das primeiras aulas de ciências, que a água é inco-
lor, inodora e insípida. Essas características são as
que gostaríamos em uma água de aquário domésti-
co, para que não nos incomodasse com cheiros de-
sagradáveis e turbidez que dificultasse apreciar os
peixes e as plantas. O interessante é que nem todo
peixe se importa com uma água com essas carac-
terísticas, pois a molinésia Poecilia mexicana (co-
nhecida anteriormente como Poecilia sphenops),
consegue viver em água com alta concentração de
enxofre, na caverna chamada Cueva de Villa Luz,
em Tabasco. O ar da caverna é letal ao homem por-
que contém altas concentrações de gás sulfídrico
(H2S) e gás carbônico (CO2), e baixa concentração
de oxigênio (O2). O H2S sai das fendas da terra e
é metabolizado pelas bactérias que o transforma
em ácido sulfúrico (H2SO4). É interessante que esse
ácido reage com o calcário da caverna, de tal modo
que o pH da água permanece próximo ao neutro.
Apesar do enxofre em suspensão, o que dá à água
uma cor esbranquiçada, além de odor de ovo po-
dre, os peixes vivem normalmente. Era de se es-

22 Revista Aqualon
perar que nenhum peixe pudesse sobreviver nesse vivem abaixo de nossos pés, no lençol freático.
ambiente, mas mesmo assim a população da moli- Nesses locais pode haver a formação de uma ca-
nésia é grande, servindo como alimento às pessoas. mada subterrânea de rocha porosa chamada canga
Ao contrário da maioria dos ecossistemas terres- que permite o seu deslocamento. A primeira espé-
tres que dependem da luz solar para a produção cie descrita foi Phreatobius cisternarum, coletada
Figura 2. É difícil imaginar que uma espécie de peixe pudesse
de alimentos pela fotossíntese das plantas, nessa em poços, também conhecidos como cisternas, na
caverna os peixes se alimentam das bactérias que Ilha de Marajó. É um bagre pequeno com cerca de viver no lençol freático abaixo de nossos pés. Mas, na Ama-
utilizam o enxofre e que formam filamentos sobre 4 cm de comprimento, alongado, cor de rosa e com zônia ocorre, e Phreatobius dracunculus é apenas uma
o substrato. Mesmo vivendo em cavernas escuras, olhos muito reduzidos. Até recentemente, era a delas. foto: Reginaldo A. Machado
acredita-se que, devido à grande quantidade desse única espécie conhecida, mas em 2007 descrevi, da distribuição do gênero pode significar que ele
recurso alimentar, a população da molinésia não junto com colegas do Museu de Zoologia da USP, esteja mais vastamente distribuído na bacia ama-
sofreu a pressão ambiental necessária à seleção de uma segunda espécie, Phreatobius dracunculus zônica. Nada se conhece sobre a biologia dessas
características tipicamente troglóbias (= de quem (fig. 2), também coletada em poço, porém no es- espécies em ambiente natural, mas em aquário foi
vive em cavernas), tais como a perda da visão e tado de Rondônia. As características dessa espécie observado que se alimentam de minhoca, artêmia
da pigmentação da pele. Estas características são são muito similares às de P. cisternarum, mas dife- adulta congelada e tubifex desidratado. A conside-
apresentadas por outro peixe mexicano hipógeo (= rem pelas proporções corporais, número de raios rar o tipo de ambiente em que vivem, sem contato
que vive sob a superfície da terra), o lambari-cego das nadadeiras e ausência de olhos. Essa ampliação com o ar, devem sobreviver em baixas concentra-
ou tetra-cego-das-cavernas Astyanax jordani (fig. ções de oxigênio e este ainda pode ser obtido com
1). Quando nascem, as larvas não têm olhos, mas o auxílio da respiração cutânea. A coloração rósea
em poucos dias eles se desenvolvem e se asseme- do tegumento provavelmente é conseqüência da ir-
lham a um pequeno ponto escuro; esses olhos não rigação sanguínea superficial, que auxilia a captura
crescem na mesma proporção da cabeça e parecem do oxigênio com maior eficiência.
se retrair na cavidade ocular à medida que o peixe Ao contrário do que algumas pessoas possam
se desenvolve; gradativamente os olhos são cober- pensar, o oxigênio utilizado na respiração dos pei-
tos pelo tegumento até que desaparecem comple- xes não é aquele que constitui a molécula da água
tamente. No primeiro número da Aqualon, pode-se (H2O), mas sim o gás O2 que está dissolvido nela.
conferir como se dá a redução dos olhos ao longo Também ocorre que, quando a temperatura se ele-
do desenvolvimento ontogenético, numa série de va, as moléculas desse gás se agitam mais,
belíssimas fotos. Observar esse peixe em aquário é podendo se desprender da água com faci-
sempre surpreendente, pois é impressionante como lidade. Por isso, recomenda-se a utiliza-
eles se deslocam naturalmente pelo ambiente, sem ção de um aparelho aerador, cuja tur-
se chocar com obstáculos. Para isso, utilizam ou- bulência contribui para o aumento da
tros sentidos, tais como a audição, a linha lateral, concentração de oxigênio dissolvido
a olfação e a gustação. Ao contrário da molinésia P. Figura 1. Astyanax jordani, na água dos aquários. É interessante
mexicana, esse lambari-cego vive em caverna onde notar que os aeradores dos ambien-
uma espécie tipicamente trogló-
as águas são muito transparentes, com qualidades tes naturais são o vento e as corre-
químicas mais próximas da sua pureza. bia, sem olhos e pigmentos na
deiras, mas nos trópicos a concentra-
Espécies hipógeas geralmente ocorrem em ca- pele. Não se importa se o aquário ção de oxigênio nem sempre é alta e
vernas de regiões cársticas (= calcárias), mas no estiver sem iluminação, mas aprecia algumas características morfológicas,
Brasil existem algumas que vivem em outro tipo uma água com qualidades químicas fisiológicas ou comportamentais, que
de ambiente e são ainda mais radicais. Provavel- próximas da sua pureza. possibilitaram a sobrevivência dos peixes,
mente, poucos sabem da existência de peixes que fotos: Rony Suzuki foram selecionadas. É compreensível que os

Revista Aqualon 23
peixes de cavernas ou de lençol freático apresen- o auxílio do tegumento do lábio. Já ob- pletamente. Para isso, constrói um
tassem mecanismos que possibilitassem a sobrevi- servei sardinhas-papudas Triportheus casulo com uma estreita passagem
vência em ambientes pouco oxigenados. Mas, esse angulatus fazendo exatamente isso de ar, onde se mantém até que
problema também é enfrentado por peixes que no Pantanal. o local inunde novamente. É
vivem na superfície, principalmente os de regiões Mas, o pirarucu Arapaima gi- uma espécie muito resistente
tropicais. Nestas, a baixa concentração de oxigênio gas, que é o maior peixe ósseo às variações na qualidade da
se tornou uma pressão ambiental que selecionou da América do Sul, não utiliza água e, provavelmente devido
espécies com estratégias respiratórias alternativas esse mecanismo. Mesmo tendo à essa capacidade, ela sobre-
à respiração branquial. brânquias, ele precisa aboca- viveu até hoje.
Um dos mais famosos peixes ornamentais a de- nhar o ar atmosférico para rea- Outros peixes que constro-
senvolver algo nesse sentido é o peixe-de-briga-sia- lizar as trocas gasosas na bexiga em um abrigo e sobrevivem
mês Betta splendens (fig. 3) Ele e os seus parentes natatória extremamente vascu-
Trichogaster spp., Colisa spp. e Macropodus spp. larizada. Por isso, morre asfixiado
são originários de rios e lagos de águas quentes se mantido em um tanque tampado
e pouco oxigenadas da Malásia e países vizinhos. e sem a possibilidade de capturar o ar.
Apresentam um aparelho respiratório acessório co- Como necessita ir à superfície com freqü-
nhecido como labirinto. Esse órgão está localizado ência, no ambiente natural se torna uma presa fá-
logo acima dos arcos branquiais e é formado por cil ao homem, que o captura com o auxílio de um
dobras de tecido altamente vascularizado com ca- arpão. É um peixe que possui cuidado parental e é
pilares. Não é à toa que esses peixes sobrevivem muito interessante observar o cardume de filhotes
em águas estagnadas de subindo simultane-
minúsculos aquários. amente à superfície
Peixes que não pos- para respirar.
suem o labirinto, como Outra espécie que
os tetras, podem se obtém o oxigênio do Figura 4. Talvez, a respiração pulmonar e a grande resistên-
beneficiar do pequeno ar é a pirambóia Le- cia da pirambóia Lepidosiren paradoxa às variações dos
tamanho, que facilita pidosiren paradoxa parâmetros físicos e químicos da água tenham possibilitado
as trocas gasosas pelo (fig. 4), mas as trocas a sua sobrevivência ao longo de milhões de anos, enquanto
tegumento do corpo gasosas ocorrem num
seus parentes foram extintos. fotos: Rony Suzuki
todo, além das brân- pulmão. Quando em
quias. Mas, em Chara- ambiente aquático,
ciformes maiores, como ela vai até a superfí- fora da água são os saltadores-do-mangue Perio-
o tambaqui Colossoma cie da água e inspira phthalmus spp. (fig. 5), da Oceania e Ásia. Quando
macropomum, há uma pelas narinas que se a maré abaixa, eles saem das tocas e são muito ati-
hipertrofia do lábio infe- localizam na abertura vos fora da água, coletando seu alimento e até de-
rior que também permi- da boca. Ainda, devido fendendo o seu território de outros saltadores. Isso
te realizar essas trocas. Figura 3. Devido às suas belíssimas cores e exuberância das a essa capacidade res- é possível porque a cavidade branquial tem uma
Eles abocanham a água nadadeiras, o Betta splendens tornou-se um dos peixes piratória, a pirambóia reserva de água que mantém os filamentos bran-
mais oxigenada próximo mais populares na aquariofilia. Um órgão respiratório aces- consegue sobreviver quiais livres e capazes de realizar as trocas gasosas
à superfície, respiram sório, chamado labirinto, o possibilita a sobreviver em peque- enterrada na lama, normalmente. Em outros peixes que não possuem
pelas brânquias, mas ob- nos aquários de águas estagnadas. foto: Americo Guazzelli mesmo que o nível da esse reservatório branquial, quando fora da água,
tém mais oxigênio com água se reduza com- não conseguem realizar as trocas gasosas devido

24 Revista Aqualon
ao colabamento dos filamentos branquiais e mor- vivem em ambientes estacionais que secam em
rem sufocados. Devido à capacidade de sobreviver determinadas épocas do ano, mas não conseguem
fora da água, algumas pessoas são impulsionadas sobreviver sem água, ao passo que seus ovos sim,
a supor que os saltadores são um tipo de elo en- pois são enterrados no substrato e permanecem em
tre os peixes e os anfíbios. Mas, numa análise mais estado de latência até a próxima estação chuvosa.
cuidadosa, é possível demonstrar que esse pensa- As larvas eclodem e dão sequência a uma nova ge-
mento está incorreto. Os saltadores são Gobiidae, ração. São espécies de pequeno porte, cujos ma-
uma família da ordem Perciformes, que por sua chos são muito coloridos, equiparando-se aos mais
vez pertencem ao grupo dos peixes de nadadeiras belos peixes marinhos. Esse colorido, aliado a um
raiadas, ou Actinopterygii. Já os anfíbios são Tetra- comportamento elaborado de corte, é importante
poda, e tem como parentes mais próximos os Sar- para atração das fêmeas ao acasalamento. Os ma-
copterygii pulmonados da ordem Dipnoi (o grupo chos podem ser agressivos e territoriais, mas as fê-
da pirambóia). Ou seja, o ancestral comum meas são as que escolhem com quem se
mais recente é compartilhado entre os acasalar. Em estudo sobre a dieta de
Tetrapoda e os Dipnoi, e não entre os Simpsonichthys boitonei em poça
Tetrapoda e os Perciformes. Assim, natural foi observado que eles Figura 6. Simpsonichthys picturatus vivem em brejos
os saltadores possuem um paren- comem muitas espécies de ar- estacionais, mas os adultos não sobrevivem quando a água
tesco muito distante dos anfíbios trópodes, com predominância acaba. Para driblar a extinção da espécie, os pais desovam no
para que possam ser o elo entre de cladóceros. Devido ao fato substrato e os ovos permanecem em estado de latência até que
os peixes e os batráquios. da fêmea não ser territorial, as águas retornem. foto: Rony Suzuki
Os Rivulidae anuais, como percorrendo mais amplamen-
Simpsonichthys spp. (fig. 6), te o ambiente, a quantidade
ingerida desse item alimentar um cateter e muito lisos. Como possuem pequenos
foi maior. espinhos na região opercular, são difíceis de extrair
Falando em alimentação, as apenas puxando-os com as mãos, sendo necessária
diversas espécies de peixes podem a intervenção cirúrgica.
ser enquadradas nos grupos tróficos Exceto o Betta e seus parentes, os peixes apre-
clássicos, tais como onívoros, carnívo- sentados nessa matéria não são comuns nos aquá-
ros, herbívoros e detritívoros. Mas existem rios domésticos, provavelmente pela raridade ou
também as espécies parasitas, que são verdadeiros por fugirem dos requerimentos usualmente reco-
vampiros que se alimentam do sangue retirado dos mendados aos aquários domésticos. Mas, ao con-
filamentos branquiais de outros peixes. Na bacia trário do que se poderia imaginar, pela necessidade
do rio Paraná ocorre uma espécie chamada Para- de se adaptar a ambientes rigorosos, muitos deles
vandelia oxyptera e na bacia amazônica a Vandelia suportam uma grande variação nos parâmetros
cirrhosa. Esta é conhecida como candiru e é muito físicos e químicos da água, tornando-se fáceis de
temida e famosa entre os índios e ribeirinhos por manter em cativeiro. Isso abre uma grande possi-
penetrar na uretra de banhistas que urinam den- bilidade aos aquaristas mais avançados e curiosos,
tro da água. A explicação corrente é que o peixe que podem fazer observações inéditas do com-
é conduzido pela uréia, um composto nitrogenado portamento e da reprodução em cativeiro dessas
Figura 5. Os saltadores-do-mangue Periophthalmus spp. que deve ter o mesmo poder de atração da amônia espécies. O prazer está em desvendar um mundo
possuem atividade fora da água, mas não devem ser conside- liberada pelas brânquias. A penetração é possível ainda desconhecido e trazer novos paradigmas à
porque são peixes alongados, com o diâmetro de aquariofilia.
rados o elo entre os peixes e os anfíbios. fotos: Felipe Aoki

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animais pode causar impactos ambientais muito podendo adquirir doenças e contaminar todo o res-
sérios, prejudicando fauna e flora nativa! tante. Projeto gráfico e diagramação: Evandro Romero e Rony
Suzuki

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