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Número 8
Julho/Agosto/Setembro/2010
Vivendo no extremo
Dieta alemã para peixes
de todas as nacionalidades.
Seus peixes podem ter uma alimentação de primeiro mundo. Divididas entre as linhas especial e premium, as rações oferecem alto valor nutricional para diferentes
espécies. Além da melhor nutrição, diferenciais tornarão o aquarismo cada vez mais interessante e prático: grânulos que afundam a diferentes velocidades, eficiência na
alimentação de todos os peixes e o exclusivo sistema click. Com ele, você disponibiliza a quantidade exata de alimento a ser oferecida aos peixes. JBL. Alemã por natureza.
Sumário
Editorial 4 - Expedição à Bacia do Rio Verde
Ricardo Britzke
Há dois anos lançamos a primeira edição os mais conhecidos peixes comedores de al-
desta revista que sonha ir muito mais longe, gas. Já que falamos da ciência no aquarismo,
tanto na longevidade quanto na abrangência. veremos como uma sequência de números
Esperamos ter cumprido nosso objetivo de pode nos ajudar a montar aquários plantados
mostrar as diversas faces do aquarismo como mais harmônicos, como explica o artigo de 9 - Peixes comedores de algas
um hobby fascinante que passa pelos cami- Americo Guazzelli. Com certeza, aqueles que Edson Rechi
nhos da física, química e biologia, entre outras acham que vivem no limite enfrentando to-
áreas do co- dos os tipos de
nhecimento problemas para
humano e, sobreviver no
principalmen- dia a dia, sendo 14 - Galeria de Peixes
te, despertar o o trânsito o me- Chantal Wagner Kornin & Cinthia C. Emerich
espírito ecoló- lhor exemplo,
gico. E é por se identificarão
não ser o aqua- com algumas
rismo apenas espécies que
uma diversão conseguem so- 15 - Galeria de Plantas Aquáticas
para crianças breviver nas Rony Suzuki
que continua- condições mais
remos manten- extremas que
do este espaço podem se apre-
para que os sentar. Confi-
amigos possam ram no artigo de 18 - A Aplicação do Ponto Focal no Aquapaisagismo
divulgar seus Oscar Shibatta! Americo Guazzelli
conhecimentos Esperamos
e experiências, que acabam incentivando e que todos tenham uma boa leitura em meio a
formando novos adeptos, além de oferecer a estes artigos selecionados pela nossa equipe
todos uma leitura prazerosa. para esta edição e que venham muito mais in-
E é seguindo essa linha que trazemos nesta formações pela frente.
22 - Vivendo no Extremo
edição fotos e informações da Bacia do Rio Oscar Akio Shibatta
Verde, uma forma de chegar mais perto da
natureza, graças ao Ricardo Britzke. Mostra- Um abraço da Equipe Aqualon.
mos, também, uma forma natural de combater
as algas, segundo artigo de Edson Rechi sobre
Revista Aqualon 3
A região de Campo Novo do Parecis
Campo Novo do Parecis localiza-se na região
sudoeste de Mato Grosso, a 385 km da capital
Cuiabá. Sua altitude média é de 570 metros acima
do nível do mar. A cidade se encontra na Chapada
dos Parecis, possuindo, como mata nativa, grande
áreas de cerrado e mata fechada nos vales dos rios.
Sua extensão territorial é de 10.796,10 km², sendo
2.826 km² ocupados por terras indígenas. Seu as-
pecto histórico tem relações diretas com a história
do Marechal Cândido Rondon. Em 1907, Cândido
Rondon passou pela região em busca do Rio Ju-
ruena, atingiu o Rio Verde e seguiu para o norte
em busca do Salto Utiariti, fronteando o sítio onde
nasceria o futuro município. O território de Campo
Novo do Parecis foi trabalhado em duas direções
pelos serviços de linha telegráfica: uma para oeste,
rumando para Utiariti e Juruena e outra para leste,
em busca de Capanema e Ponte de Pedra. Em fins
Hyphessobrycon vilmae
Jupiaba yarina
6 Revista Aqualon
Siluriformes:
Arara-canindé
Limpa-vidro / Otto
Nome Científico: Otocinclus sp.
Família: Loricariidae
Origem: Sudeste do Brasil
pH: 6.0 – 7.0
Tamanho Adulto: 4 cm
Definição: Regular comedor de algas, principal-
mente marrons e verdes. São peixes ideais para di-
versos tipos de tanques, principalmente plantados,
Flying Fox (Epalzeorhynchus kallopterus) Borboleta mexicana (Ameca splendens)
devido ao seu tamanho reduzido. Sua adaptação foto: Rony Suzuki
foto: Rony Suzuki inicial no aquário poderá ser difícil, opte por um
Revista Aqualon 11
pequeno cardume e insira-os de uma só vez, usan- Tamanho Adulto: 5 cm
do a base de 1 exemplar para cada 20L. Muitos Definição: Apesar de poucos o definir como peixe
acham que são peixes frágeis, isto se deve a abusos algueiro, dá uma bela ajuda no combate de algas
na captura, entre outros fatores, uma dica é esperar em geral. Pode, eventualmente, beliscar algumas
pelos últimos exemplares que ficam expostos ao plantas. Apesar de se adaptar facilmente em pH
menos duas semanas nas baterias das lojas, estes ácido, não irá mostrar todas suas cores neste pH.
certamente serão mais resistentes e terão melhor
adaptação em seu aquário.
Molinésia
Nome Científico: Poecilia latipinna
Família: Poeciliidae
Origem: América do Norte e México
pH: 7,2 a 7,8
Tamanho Adulto: 10 cm
Definição: É boa comedora de algas devido sua die- Jordanela (Jordanella floridae)
ta essencialmente herbívora, apesar de nem sempre foto: Rony Suzuki
ser mencionada. Comumente fica “beliscando” as
plantas à procura de algas, mas sem danificá-las.
Existem outras inúmeras espécies de peixes
Borboleta mexicana ornamentais que ajudam no controle e erradica-
Nome Científico: Ameca splendens ção de algas, mas, em sua maior parte, são ape-
Família: Goodeidae nas coadjuvantes no combate a algas, portanto,
Origem: México não vá adquirir determinado peixe algívoro
pH: 6.5 a 7.5 pensando que será a solução definitiva para este
Tamanho Adulto: 8 cm problema.
Definição: Regular comedor de algas em geral. O melhor remédio para não ter seu tanque
Peixe muito robusto, se adapta facilmente a diver- infestado por algas é se precaver no sentido de
sas variações de água. evitar excessos na alimentação, quantidade de
peixes, manipulação de oligoelementos para
Jordanela plantas e manter manutenções regulares através
Nome Científico: Jordanella floridae de trocas parciais de água e limpeza de filtros.
Família: Cyprinodontidae Deste modo, aliado a peixes comedores de al-
Origem: América Central gas, dificilmente as algas irão prosperar em seu
pH: 6.8 a 7.6 aquário.
12 Revista Aqualon
®
Aquários e Lagos
Peixes
Por: Chantal Wagner Kornin
&
fotos: Chantal Wagner Kornin
Cinthia C. Emerich
flor
Proserpinaca palustris
Linnaeus
Família: Haloragaceae
Origem: América do Norte
Hábito: Aquática emergente
Tamanho: 10 a 40 cm de altura
Temperatura: 10 a 28 °C
Iluminação: Moderada a intensa.
pH: 5 a 8 Folhas emersas
Manutenção: Difícil
Crescimento: Lento
Propagação: Ela se reproduz através de corte e replantio do caule.
Plantio: Deve ser plantada na área intermediária e posterior do aquário. Melhor se plantadas
em ramos individuais com espaçamento de uns 2 cm.
Planta de rara beleza, suas folhas avermelhadas e finamente recortadas dão um toque todo
especial para essa planta principalmente contrastando com plantas de coloração esverdea-
da. Ela deve ser plantada em grupos na parte intermediária a posterior do aquário.
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>> A Aplicação do Ponto Focal >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>
Por Americo Guazzelli
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2
3
1 1
7. Pedra adiciona-
da no ponto focal
direito em função
da principal e rebai-
xada para deixar o
espaço reservado às
plantas.
6. Pedra de suporte adicionada para
auxiliar uma das pedras laterais.
9. Duas pequenas
pedras adicionadas
no lado esquerdo
ao fundo para
darem suporte às
5 demais.
8
1
1
8. Sexta pedra adicionada em fun-
2
3
ção da pedra lateral esquerda.
Revista Aqualon
20
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Vivendo no Extremo
Peixes de habitats ou hábitos extremos:
novos paradigmas para a aquariofilia
22 Revista Aqualon
perar que nenhum peixe pudesse sobreviver nesse vivem abaixo de nossos pés, no lençol freático.
ambiente, mas mesmo assim a população da moli- Nesses locais pode haver a formação de uma ca-
nésia é grande, servindo como alimento às pessoas. mada subterrânea de rocha porosa chamada canga
Ao contrário da maioria dos ecossistemas terres- que permite o seu deslocamento. A primeira espé-
tres que dependem da luz solar para a produção cie descrita foi Phreatobius cisternarum, coletada
Figura 2. É difícil imaginar que uma espécie de peixe pudesse
de alimentos pela fotossíntese das plantas, nessa em poços, também conhecidos como cisternas, na
caverna os peixes se alimentam das bactérias que Ilha de Marajó. É um bagre pequeno com cerca de viver no lençol freático abaixo de nossos pés. Mas, na Ama-
utilizam o enxofre e que formam filamentos sobre 4 cm de comprimento, alongado, cor de rosa e com zônia ocorre, e Phreatobius dracunculus é apenas uma
o substrato. Mesmo vivendo em cavernas escuras, olhos muito reduzidos. Até recentemente, era a delas. foto: Reginaldo A. Machado
acredita-se que, devido à grande quantidade desse única espécie conhecida, mas em 2007 descrevi, da distribuição do gênero pode significar que ele
recurso alimentar, a população da molinésia não junto com colegas do Museu de Zoologia da USP, esteja mais vastamente distribuído na bacia ama-
sofreu a pressão ambiental necessária à seleção de uma segunda espécie, Phreatobius dracunculus zônica. Nada se conhece sobre a biologia dessas
características tipicamente troglóbias (= de quem (fig. 2), também coletada em poço, porém no es- espécies em ambiente natural, mas em aquário foi
vive em cavernas), tais como a perda da visão e tado de Rondônia. As características dessa espécie observado que se alimentam de minhoca, artêmia
da pigmentação da pele. Estas características são são muito similares às de P. cisternarum, mas dife- adulta congelada e tubifex desidratado. A conside-
apresentadas por outro peixe mexicano hipógeo (= rem pelas proporções corporais, número de raios rar o tipo de ambiente em que vivem, sem contato
que vive sob a superfície da terra), o lambari-cego das nadadeiras e ausência de olhos. Essa ampliação com o ar, devem sobreviver em baixas concentra-
ou tetra-cego-das-cavernas Astyanax jordani (fig. ções de oxigênio e este ainda pode ser obtido com
1). Quando nascem, as larvas não têm olhos, mas o auxílio da respiração cutânea. A coloração rósea
em poucos dias eles se desenvolvem e se asseme- do tegumento provavelmente é conseqüência da ir-
lham a um pequeno ponto escuro; esses olhos não rigação sanguínea superficial, que auxilia a captura
crescem na mesma proporção da cabeça e parecem do oxigênio com maior eficiência.
se retrair na cavidade ocular à medida que o peixe Ao contrário do que algumas pessoas possam
se desenvolve; gradativamente os olhos são cober- pensar, o oxigênio utilizado na respiração dos pei-
tos pelo tegumento até que desaparecem comple- xes não é aquele que constitui a molécula da água
tamente. No primeiro número da Aqualon, pode-se (H2O), mas sim o gás O2 que está dissolvido nela.
conferir como se dá a redução dos olhos ao longo Também ocorre que, quando a temperatura se ele-
do desenvolvimento ontogenético, numa série de va, as moléculas desse gás se agitam mais,
belíssimas fotos. Observar esse peixe em aquário é podendo se desprender da água com faci-
sempre surpreendente, pois é impressionante como lidade. Por isso, recomenda-se a utiliza-
eles se deslocam naturalmente pelo ambiente, sem ção de um aparelho aerador, cuja tur-
se chocar com obstáculos. Para isso, utilizam ou- bulência contribui para o aumento da
tros sentidos, tais como a audição, a linha lateral, concentração de oxigênio dissolvido
a olfação e a gustação. Ao contrário da molinésia P. Figura 1. Astyanax jordani, na água dos aquários. É interessante
mexicana, esse lambari-cego vive em caverna onde notar que os aeradores dos ambien-
uma espécie tipicamente trogló-
as águas são muito transparentes, com qualidades tes naturais são o vento e as corre-
químicas mais próximas da sua pureza. bia, sem olhos e pigmentos na
deiras, mas nos trópicos a concentra-
Espécies hipógeas geralmente ocorrem em ca- pele. Não se importa se o aquário ção de oxigênio nem sempre é alta e
vernas de regiões cársticas (= calcárias), mas no estiver sem iluminação, mas aprecia algumas características morfológicas,
Brasil existem algumas que vivem em outro tipo uma água com qualidades químicas fisiológicas ou comportamentais, que
de ambiente e são ainda mais radicais. Provavel- próximas da sua pureza. possibilitaram a sobrevivência dos peixes,
mente, poucos sabem da existência de peixes que fotos: Rony Suzuki foram selecionadas. É compreensível que os
Revista Aqualon 23
peixes de cavernas ou de lençol freático apresen- o auxílio do tegumento do lábio. Já ob- pletamente. Para isso, constrói um
tassem mecanismos que possibilitassem a sobrevi- servei sardinhas-papudas Triportheus casulo com uma estreita passagem
vência em ambientes pouco oxigenados. Mas, esse angulatus fazendo exatamente isso de ar, onde se mantém até que
problema também é enfrentado por peixes que no Pantanal. o local inunde novamente. É
vivem na superfície, principalmente os de regiões Mas, o pirarucu Arapaima gi- uma espécie muito resistente
tropicais. Nestas, a baixa concentração de oxigênio gas, que é o maior peixe ósseo às variações na qualidade da
se tornou uma pressão ambiental que selecionou da América do Sul, não utiliza água e, provavelmente devido
espécies com estratégias respiratórias alternativas esse mecanismo. Mesmo tendo à essa capacidade, ela sobre-
à respiração branquial. brânquias, ele precisa aboca- viveu até hoje.
Um dos mais famosos peixes ornamentais a de- nhar o ar atmosférico para rea- Outros peixes que constro-
senvolver algo nesse sentido é o peixe-de-briga-sia- lizar as trocas gasosas na bexiga em um abrigo e sobrevivem
mês Betta splendens (fig. 3) Ele e os seus parentes natatória extremamente vascu-
Trichogaster spp., Colisa spp. e Macropodus spp. larizada. Por isso, morre asfixiado
são originários de rios e lagos de águas quentes se mantido em um tanque tampado
e pouco oxigenadas da Malásia e países vizinhos. e sem a possibilidade de capturar o ar.
Apresentam um aparelho respiratório acessório co- Como necessita ir à superfície com freqü-
nhecido como labirinto. Esse órgão está localizado ência, no ambiente natural se torna uma presa fá-
logo acima dos arcos branquiais e é formado por cil ao homem, que o captura com o auxílio de um
dobras de tecido altamente vascularizado com ca- arpão. É um peixe que possui cuidado parental e é
pilares. Não é à toa que esses peixes sobrevivem muito interessante observar o cardume de filhotes
em águas estagnadas de subindo simultane-
minúsculos aquários. amente à superfície
Peixes que não pos- para respirar.
suem o labirinto, como Outra espécie que
os tetras, podem se obtém o oxigênio do Figura 4. Talvez, a respiração pulmonar e a grande resistên-
beneficiar do pequeno ar é a pirambóia Le- cia da pirambóia Lepidosiren paradoxa às variações dos
tamanho, que facilita pidosiren paradoxa parâmetros físicos e químicos da água tenham possibilitado
as trocas gasosas pelo (fig. 4), mas as trocas a sua sobrevivência ao longo de milhões de anos, enquanto
tegumento do corpo gasosas ocorrem num
seus parentes foram extintos. fotos: Rony Suzuki
todo, além das brân- pulmão. Quando em
quias. Mas, em Chara- ambiente aquático,
ciformes maiores, como ela vai até a superfí- fora da água são os saltadores-do-mangue Perio-
o tambaqui Colossoma cie da água e inspira phthalmus spp. (fig. 5), da Oceania e Ásia. Quando
macropomum, há uma pelas narinas que se a maré abaixa, eles saem das tocas e são muito ati-
hipertrofia do lábio infe- localizam na abertura vos fora da água, coletando seu alimento e até de-
rior que também permi- da boca. Ainda, devido fendendo o seu território de outros saltadores. Isso
te realizar essas trocas. Figura 3. Devido às suas belíssimas cores e exuberância das a essa capacidade res- é possível porque a cavidade branquial tem uma
Eles abocanham a água nadadeiras, o Betta splendens tornou-se um dos peixes piratória, a pirambóia reserva de água que mantém os filamentos bran-
mais oxigenada próximo mais populares na aquariofilia. Um órgão respiratório aces- consegue sobreviver quiais livres e capazes de realizar as trocas gasosas
à superfície, respiram sório, chamado labirinto, o possibilita a sobreviver em peque- enterrada na lama, normalmente. Em outros peixes que não possuem
pelas brânquias, mas ob- nos aquários de águas estagnadas. foto: Americo Guazzelli mesmo que o nível da esse reservatório branquial, quando fora da água,
tém mais oxigênio com água se reduza com- não conseguem realizar as trocas gasosas devido
24 Revista Aqualon
ao colabamento dos filamentos branquiais e mor- vivem em ambientes estacionais que secam em
rem sufocados. Devido à capacidade de sobreviver determinadas épocas do ano, mas não conseguem
fora da água, algumas pessoas são impulsionadas sobreviver sem água, ao passo que seus ovos sim,
a supor que os saltadores são um tipo de elo en- pois são enterrados no substrato e permanecem em
tre os peixes e os anfíbios. Mas, numa análise mais estado de latência até a próxima estação chuvosa.
cuidadosa, é possível demonstrar que esse pensa- As larvas eclodem e dão sequência a uma nova ge-
mento está incorreto. Os saltadores são Gobiidae, ração. São espécies de pequeno porte, cujos ma-
uma família da ordem Perciformes, que por sua chos são muito coloridos, equiparando-se aos mais
vez pertencem ao grupo dos peixes de nadadeiras belos peixes marinhos. Esse colorido, aliado a um
raiadas, ou Actinopterygii. Já os anfíbios são Tetra- comportamento elaborado de corte, é importante
poda, e tem como parentes mais próximos os Sar- para atração das fêmeas ao acasalamento. Os ma-
copterygii pulmonados da ordem Dipnoi (o grupo chos podem ser agressivos e territoriais, mas as fê-
da pirambóia). Ou seja, o ancestral comum meas são as que escolhem com quem se
mais recente é compartilhado entre os acasalar. Em estudo sobre a dieta de
Tetrapoda e os Dipnoi, e não entre os Simpsonichthys boitonei em poça
Tetrapoda e os Perciformes. Assim, natural foi observado que eles Figura 6. Simpsonichthys picturatus vivem em brejos
os saltadores possuem um paren- comem muitas espécies de ar- estacionais, mas os adultos não sobrevivem quando a água
tesco muito distante dos anfíbios trópodes, com predominância acaba. Para driblar a extinção da espécie, os pais desovam no
para que possam ser o elo entre de cladóceros. Devido ao fato substrato e os ovos permanecem em estado de latência até que
os peixes e os batráquios. da fêmea não ser territorial, as águas retornem. foto: Rony Suzuki
Os Rivulidae anuais, como percorrendo mais amplamen-
Simpsonichthys spp. (fig. 6), te o ambiente, a quantidade
ingerida desse item alimentar um cateter e muito lisos. Como possuem pequenos
foi maior. espinhos na região opercular, são difíceis de extrair
Falando em alimentação, as apenas puxando-os com as mãos, sendo necessária
diversas espécies de peixes podem a intervenção cirúrgica.
ser enquadradas nos grupos tróficos Exceto o Betta e seus parentes, os peixes apre-
clássicos, tais como onívoros, carnívo- sentados nessa matéria não são comuns nos aquá-
ros, herbívoros e detritívoros. Mas existem rios domésticos, provavelmente pela raridade ou
também as espécies parasitas, que são verdadeiros por fugirem dos requerimentos usualmente reco-
vampiros que se alimentam do sangue retirado dos mendados aos aquários domésticos. Mas, ao con-
filamentos branquiais de outros peixes. Na bacia trário do que se poderia imaginar, pela necessidade
do rio Paraná ocorre uma espécie chamada Para- de se adaptar a ambientes rigorosos, muitos deles
vandelia oxyptera e na bacia amazônica a Vandelia suportam uma grande variação nos parâmetros
cirrhosa. Esta é conhecida como candiru e é muito físicos e químicos da água, tornando-se fáceis de
temida e famosa entre os índios e ribeirinhos por manter em cativeiro. Isso abre uma grande possi-
penetrar na uretra de banhistas que urinam den- bilidade aos aquaristas mais avançados e curiosos,
tro da água. A explicação corrente é que o peixe que podem fazer observações inéditas do com-
é conduzido pela uréia, um composto nitrogenado portamento e da reprodução em cativeiro dessas
Figura 5. Os saltadores-do-mangue Periophthalmus spp. que deve ter o mesmo poder de atração da amônia espécies. O prazer está em desvendar um mundo
possuem atividade fora da água, mas não devem ser conside- liberada pelas brânquias. A penetração é possível ainda desconhecido e trazer novos paradigmas à
porque são peixes alongados, com o diâmetro de aquariofilia.
rados o elo entre os peixes e os anfíbios. fotos: Felipe Aoki
Revista Aqualon 25
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mal aquático nos rios ou lagos. A soltura desses ferentes. Certamente uma delas será prejudicada,
Coordenação: Americo Guazzelli e Rony Suzuki
animais pode causar impactos ambientais muito podendo adquirir doenças e contaminar todo o res-
sérios, prejudicando fauna e flora nativa! tante. Projeto gráfico e diagramação: Evandro Romero e Rony
Suzuki
* Não superalimente os seus peixes, pois o excesso * Não inicie o hobby se não estiver disposto a dis- Periodicidade: Trimestral
de alimento pode poluir a água do seu aquário. pensar os cuidados básicos que os peixes exigem.
Com pouco tempo de dedicação obterá sucesso e Tiragem: 2000 exemplares
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ticos transparentes. A luz retira todas as vitaminas
e proteínas da ração. Estas também não possuem * Seja observador. É preciso conhecer o comporta- Fotografia: Caio Sampaio, Chantal Wagner Kornin, Cinthia
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prazo de validade. Procure comprar rações de boa mento dos habitantes de seu aquário para se anteci- José Carlos Pansonato Alves, Reginaldo A. Machado, Rony
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* Não compre peixes que estejam em aquários usar a internet como uma forte aliada para alcançar Colaborações e sugestões: Somente através do e-mail:
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transmitir doenças para todos os peixes que você já sites/fóruns que pregam a prática correta do aqua- As matérias aqui publicadas são de inteira responsabilida-
possui em seu aquário. rismo. Citaremos apenas alguns dos mais confiá- de dos autores, não refletindo necessariamente a opinião da
veis, em ordem alfabética: Revista Aqualon. Não publicamos artigos pagos, apenas os
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* Não compre peixes por impulso. Pesquise antes
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