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Cat Cullenn
Sinopse: Isabella Swan tinha uma vida normal, sem luxos ou ambições.
Seus pais haviam morrido há alguns anos, e desde que seu irmão Chase,
desiludido e revoltado com a vida, a deixara sozinha em Forks, sua cidade
natal, Bella vivia um dia de cada vez, cursando sem pressa a faculdade de
psicologia e trabalhando em uma lanchonete de dia, para pagar seus estudos
a noite. Até que um telefonema inesperado tira sua rotina dos trilhos. Chase
está com a voz embargada e desesperada; está preso num presídio da
Califórnia, acusado de estupro e homicídio. Bella fica perdida. Apesar de há
muito desconhecer o antigo irmão dócil e carinhoso, nunca imaginara que
ele seria capaz de tremenda brutalidade. Então segue para Califórnia, a fim
de tirar a limpo essa história, com sede de provar que o que Chase alega é a
mais pura verdade: ele é inocente. Para isso, Bella precisa encontrar o
verdadeiro culpado. O que fazer quando a verdade que procuramos está
bem diante de nossos olhos? O que fazer quando o coração nos trai, e nos
apaixonamos por quem deveríamos odiar? A vida não possui um roteiro. O
destino sempre pode nos pregar uma peça.
PRÓLOGO
POV DE BELLA
O sol entrou pela janela e bateu diretamente nos meus olhos, fazendo minha
cabeça explodir.
Como eu havia chegado em casa? Merda, há muito tempo não bebia dessa
forma.
Eu, Chase, Jacob e Alice crescemos juntos. Uma infância perfeita, digna
daqueles filmes da sessão da tarde.
Mas a vida é uma caixinha de surpresas, e nem sempre elas são agradáveis.
Pelo contrário.
Foi uma barra difícil, e posso dizer que nós nunca superamos.
Nós ficamos com Billy Black, pai de Jacob, melhor amigo de Charlie, meu
pai.
Por esse motivo, não sei dizer em que ponto desses anos Chase começou a
se tornar uma pessoa completamente diferente daquela que conheci em
minha infância... Que brincava comigo de boneca quando me sentia
sozinha; que me defendia de qualquer pessoa que implicasse comigo; que
dizia que eu era a irmã caçula mais linda que ele poderia desejar.
FLASHBACK ON
- Você não sabe o que está dizendo, Chase. - Jacob falou baixo, sério. Ele
estava exausto dessas discussões, dessa situação toda. Estava explícito nele,
eu o conhecia muito bem. - Você tem que encarar o seu problema, a sua dor,
de frente, brother. Fugir, se esconder... Não vai adiantar, não vai te levar a
lugar nenhum, cara.
- O que você sabe disso, Jacob? - Chase sorria, sarcástico. - Agora virou
doutor em problemas emocionais?
- Eu fui pegar um livro dentro da sua mochila, sabe? - Jacob falou, com
cara de quem se desculpava, mas no fundo não se arrependia.
- Você o quê? - Chase gritou, e suas bochechas ficaram vermelhas no
mesmo instante. - Agora deu para vasculhar minhas coisas, Jacob?
- Desde quando você está usando aquilo, Chase? Você sempre foi um cara
limpo, careta demais até.
- Primeiro, Alice não sabe. Aliás, você também não saberia se eu tivesse o
mínimo de privacidade nessa merda de casa. Em segundo lugar, isso não
interessa a ninguém, muito menos a ela. Nós terminamos.
- Chase, respeito! - Levantei gritando. Ele não podia falar assim da casa de
Jacob, que tão gentilmente nos abrigou. - Respeito com Jacob, com Billy...
Temos que agradecer todos os dias por eles estarem nos ajudando!
- Hey, heeey, Chase! - Jacob se colocou no meio de nós. - Calma aí, cara.
Você está indo longe demais.
Chase olhou com raiva para Jacob e com mais raiva ainda para mim.
Eu não o reconhecia mais. Não existia nenhum vestígio do antigo Chase ali.
Mas ele devia estar escondido em algum lugar, não é mesmo???
- Pra mim deu. Chega. Estou indo embora.
Chase virou e foi em direção ao quarto que dividíamos e eu fui atrás dele.
- Você sempre foge das conversas Chase! - Ele não se virou para mim,
estava tirando umas roupas do armário e jogando numa mochila. - Aonde
você vai???
- Embora, Bella. - Ele falou, ainda de costas. - Não dá mais pra ficar aqui.
- Bom, é isso. Se cuida, eu ligo assim que souber aonde vou parar, ok?
FLASHBACK OFF
Esse mês fazia três anos que eu não via Chase. Nos falamos
esporadicamente. A última vez em que eu tivera notícias, ele estava em São
Francisco, trabalhando como bartander.
Minha cabeça rodava de uma forma tão horripilante, que eu jurei que ia
colocar todos os meus órgãos para fora.
O quarto era muito bom (na medida do possível, claro) e tinha um banheiro
privativo, o que era essencial.
Eu havia deixado de morar com Jacob algumas semanas depois que Chase
fora embora.
No início, chorava por tudo. Depois, me fechei ainda mais, fiquei distante,
nada me interessava.
Com isso, o inevitável aconteceu. Jacob e eu nos afastamos cada dia mais e
uma espécie de abismo invisível criou-se entre nós.
Não que ele não tentasse. Ele continuou sendo o amigo amoroso e gentil
que sempre esteve presente em minha vida.
Mas cada um de nós foi guiando sua vida... Eu via Jacob sair para estudar,
depois estudar e trabalhar, e via os amigos indo até a casa para reuniões
descontraídas.
E então, um dia, Jacob chegou em casa com dois amigos novos. Seth e
Leah.
A mulher era bonita. Uma beleza exótica, com a pele morena, os cabelos
negros e lisos.
FLASHBACK ON
Deixei minha bolsa em cima da mesa da sala e fui para meu quarto, que
desde que Chase partira era só meu.
Ele havia me ligado naquele dia. Eu atendi o celular meio desconfiada, sem
reconhecer aquele código, e quando ele falou eu quase enfartei.
Precisava contar a Jacob.
Desviei do meu quarto e fui até o quarto dele. A porta estava encostada, e
eu entrei, como sempre fazia, desde que me entendia por gente.
Jacob estava na cama, meio recostado, aos beijos, no maior amasso, com a
tal de Leah.
Fiquei ali, parada, olhando. Nem sei por quanto tempo. Só sei que quando
Leah precisou parar por um segundo, para tomar um pouco de fôlego, ela
abriu os olhos e me viu.
- Bella!
Que ótimo.
Eu ainda gostava demais dele, mas não podia afirmar que era nada mais do
que uma forte amizade, um amor de irmãos mesmo.
Mas como mulher é um bicho estranho... Foi só eu vê-lo lá, todo entregue
para uma outra mulher, que o sentimento de posse gritou alto em minha
cabeça e eu tive que me segurar para não fazer uma cena.
- Tudo bem, Jacob. – Me concentrei, para falar o que era racional. – Não
tem problema... Na verdade, tenho até que pedir desculpas, não posso ficar
invadindo seu quarto dessa forma e...
- Hey, heeey... Você pode entrar em meu quarto SEMPRE que quiser, Bella.
Sempre foi assim e sempre será, ouviu bem?
Aham. Quem sabe da próxima vez eu não encontro vocês pelados. Era só o
que faltava para eu não conseguir dormir nunca mais.
Ele me abraçou.
- Eu te amo, Bella. Te amei desde que te vi pela primeira vez e roubei sua
boneca, pra chamar sua atenção, e Chase me meteu a porrada. E vou te
amar para sempre, sabe? Você pode contar comigo sempre que quiser.
- Eu sei. Obrigada.
FLASHBACK OFF
De ressaca, mais para bêbada do que para sóbria, tendo que me arrumar
para trabalhar, mas sem ânimo algum.
- Ai, minha cabeça dóoooi, Ali! – tentei melhorar, mas ainda gemia. – Fala.
- Quero saber se você quer uma carona! To indo comprar mais umas
coisinhas para o meu enxoval e...
- Ali? Aliii???
A ligação caiu.
- Bella?
Ele estava sério, como eu NUNCA havia visto antes. E estava afoito.
Eu fiquei ali parada, meio despida, o celular de flip ainda aberto na mão,
encarando o nada.
Quando o celular tocou de novo, eu levei um susto tão grande que deixei-o
cair no chão.
A última frase quase não saiu, tão embargada estava a minha voz pelas
lágrimas que fechavam minha garganta.
CAPÍTULO II – A Visita
POV DE BELLA
Desliguei com Alice, que ficou tão atônita quanto eu. Tentei processar tudo
o que Chase havia me dito. Que estava preso, em São Francisco, mas que
era inocente. E, principalmente, que PRECISAVA DE AJUDA. Da MINHA
ajuda.
Mas como eu poderia ajudar?
Ainda com o celular na mão, disquei o primeiro número que veio à minha
cabeça. Jacob. O celular dele estava fora de área, então desliguei e disquei
para sua casa.
- Alô?
- Bom dia, Leah. Posso falar com Jacob por favor?
Leah não gostava de mim. Apesar de se esforçar para me aturar, era visível
o quanto se incomodava com a minha presença.
- Ele ainda está dormindo, Bella.
- Leah... Por favor... Será que você poderia acordá-lo? É realmente urgente.
A linha ficou em silêncio por alguns segundos, e eu pude ouvir Leah
bufando.
- Ok. Vou ver se ele pode atender.
Pude perceber que Leah caminhava com o telefone sem fio nas mãos.
- Jake...? Amor, você tá acordado?
"- Hummm, Lê... Deixa eu dormir mais um pouquinho, vai?”
- Ouviu, Bella? Ele não pode atender, liga mais tard...
“- É a Bella? Me dá aqui!"
- Mas Jacob, você está dormindo e...
"- Me dá o telefone, Leah!”
Senti o telefone passando de mãos.
- Bella? Bom dia! Tá tudo bem, aconteceu alguma coisa?
Ouvi uma porta batendo forte ao fundo. Provavelmente Leah, revoltada.
- Jacob... – Mal comecei a falar, senti meus olhos se encherem de lágrimas.
– Ah, Jake...
- Bella? – Pude perceber que ele se levantou, e que ficou tenso por me ver
naquele estado. – Fala logo Bella, o que aconteceu?
Respirei fundo. Precisava me recompor.
- Chase ligou, Jacob. Ele está preso, em São Francisco.
- PRESO? Por quê, o que ele fez???
- Como o quê ele fez? NADA. Ele disse que é inocente.
- Ele está preso por que razão? Acusado de quê?
- Eu não sei... Ele só tinha dois minutos, não deu tempo de me contar...
Jake... Eu preciso ir lá, preciso ver Chase.
- Claro, Bella. – Ele respirou fundo. – Olha, é só o tempo de arrumar
umas coisas e nós vamos para lá, ok? Eu vou com você.
Eu não podia aceitar essa proposta, por mais tentadora que fosse. Não
podia prejudicar ainda mais a vida de Jacob.
- Não Jake, você tem muitas coisas aqui, tem a faculdade, Leah e...
- Bella. Eu JAMAIS deixaria você ir a um presídio, visitar seu irmão, meu
melhor amigo, sozinha. Eu vou com você. Está decidido.
Eu não tinha forças para discutir, ainda mais quando eu era exatamente isso
que eu queria.
- Ok. Muito obrigada Jacob eu... Eu nem sei como te agradecer.
- Você não precisa me agradecer. Daqui a pouco estou aí.
Ele desligou e eu enviei um recado para Alice.
“Ali...
Acabei de falar com Jake, contei o que aconteceu. Eu preciso ver Chase,
entender o que está havendo, ver que ele está BEM.
Jacob vai comigo, estará aqui em pouco tempo. Mando notícias assim que
tiver alguma novidade, ok?
Amo você. Reze por mim, por favor.
Bella.”
Joguei o celular em qualquer lugar e comecei a arrumar algumas peças de
roupa desajeitadamente em uma bolsa de mão. Tomei uma ducha e, quando
estava saindo do chuveiro, bateram na porta.
- Entra, tá aberta! - Gritei ainda de dentro do banheiro, enquanto me
enxugava.
- Bella?
Abri a porta e coloquei a cabeça para fora. Alice estava ali.
- Alice, você não recebeu minha mensagem? Desculpa, mas não vou poder
conversar com você agora, estou correndo e...
- Eu recebi sua mensagem, Bella. É por isso que estou aqui. Vou com você.
Ou melhor, vamos.
Fiquei algum tempo olhando para ela, processando a informação que havia
acabado de receber.
- Vamos? – Finalmente falei.
- Sim. Jasper está no carro, esperando por nós. Jacob já chegou?
- Acabei de chegar. – Jacob estava parado na porta do meu quarto, uma
mochila nas costas. Fiquei sem ar ao olhar para ele. Fazia décadas que não
nos víamos, muito mal nos falávamos pelo telefone.
- Ótimo. – Alice disse. – Acaba rápido aí, Bella. Quanto mais cedo
partirmos, mais cedo chegamos em São Francisco.
Assenti com a cabeça e voltei para dentro do banheiro, fechando a porta
atrás de mim. Me olhei no espelho, e mais uma vez naquela manhã meus
olhos estavam repletos de lágrimas. Eu podia ter muitos problemas, minha
vida podia ser uma bagunça total, mas uma coisa eu tinha que agradecer: eu
tinha amigos verdadeiros. Amigos que me amavam, e que estavam ali para
mim nas horas mais difíceis, em que eu mais precisava deles.
Sacudi a cabeça, desanuveando os pensamentos, não tinha tempo pra isso.
Me arrumei em tempo recorde e minutos depois estávamos entrando no
carro de Jasper.
- Bom dia Jasper... – Falei, meio sem jeito. – Muito obrigada por fazer isso,
de verdade.
Ele se virou para trás e abaixou os óculos escuros, os olhos verdes
encarando os meus.
- Bella... Você é a melhor amiga de minha futura esposa, e minha futura
madrinha de casamento. Pode ter certeza... Estou fazendo isso de coração,
por livre e espontânea vontade. Não precisa agradecer.
Forcei um sorriso e assenti com a cabeça. Jacob apertou a minha mão, em
solidariedade, e Jasper voltou a olhar para frente, ligando o carro.
Eu não sei se foi a noite mal dormida do dia anterior, ou simplesmente meu
sistema emocional que arriou completamente minha bateria, ou os dois. Só
sei que, de repente, quando parecia que eu tinha acabado de sentar no carro,
senti Jacob me chamando, enquanto acariciava meus cabelos.
- Bella? Querida, acorda, já chegamos...
Abri os olhos e vi que ainda era dia, meio nublado. Procurei por prédios,
mas a única coisa que vi foi um imenso paredão de cimento.
- Já chegamos MESMO? – Perguntei, arrumando os fios e passando a mão
no rosto. – Estamos no presídio?
Jasper olhou para trás e respondeu.
- Sim, Bella. Você está pronta?
Se eu estava pronta? É claro que não. Ninguém nunca está pronto para uma
situação dessas. Mas não podia responder isso, afinal não faria qualquer
diferença. Pronta ou não, eu tinha que enfrentar o que viria a seguir, então
respondi que sim, estava pronta, e abri a porta, descendo do carro.
Todos me seguiram, e em segundos estávamos parados de frente para a
entrada, como se estivéssemos tomando coragem de entrar. O que, no meu
caso, era verdade.
Passamos pela porta, após nos identificarmos e deixarmos nosso documento
e impressão digital, e fomos recebidos por um funcionário sério e de poucas
palavras.
- Boa tarde. Meu nome é Isabella Swan, vim visitar meu irmão, Chase
Swan.
Ele olhou um livro, que em seguida me deu para assinar.
- Só é permitida a entrada de duas visitas por dia.
Olhei para os três. Não queria ter que decidir quem entraria comigo.
- Acho que Alice deveria entrar. Sei que ele ficaria muito feliz em te ver,
Ali. – Jacob falou, olhando para ela.
Alice, por sua vez, olhou para Jasper. Jazz era um verdadeiro cavalheiro.
Sabia toda a história existente entre Alice e Chase, mas nunca havia tocado
mais profundamente no assunto. Jasper percebeu a situação desconfortável
de Alice.
- Tudo bem, amor. – Ele falou, se aproximando dela e acariciando seu
rosto. – Pode entrar, Chase é seu amigo, e ele está num momento muito
difícil agora.
Ela assentiu com a cabeça, colocando a mão sobre a dele e lhe dando um
beijo rápido nos lábios.
- Eu amo você. Obrigada. – Ela falou, e se virou para o funcionário. – Eu
vou com ela.
- Ok... – O funcionário respondeu. – De qualquer maneira, a entrada é
individual. Quem vai primeiro?
- Eu. – Não pensei duas vezes antes de responder.
- Me acompanhe por favor, Senhorita Swan.
Jacob me incentivou com um aceno de cabeça e eu acompanhei o
funcionário por um longo corredor, com uma grade no fundo. Atrás dela
havia um outro funcionário, que permitiu nossa entrada, a grade se
fechando atrás de mim assim que passamos por ela. Era um enorme
corredor, com diversas cabines, com um telefone do lado, e um vidro
separando as pessoas. Havia várias cabines vazias, intercaladas por apenas
dois presos que conversavam pelo telefone com seus prováveis advogados,
engravatados e imparciais.
A cada cabine que passava, meu coração se acelerava, e eu esperava
encontrar o rosto de Chase por trás do vidro. Quando eu já estava perdendo
as esperanças, eu o vi. Estava sentado, a cabeça abaixada, usando um
macacão laranja, grande demais para seu tamanho. Parecia magro e abatido,
com fundas olheiras roxas sob os olhos. Eu parei em frente a ele, que
levantou a cabeça e me encarou.
Chase tirou o telefone que estava preso à parede ao seu lado e ficou me
encarando, esperando que eu, enfim, me sentasse e fizesse o mesmo.
- Você tem dez minutos. – O guarda que me acompanhara até ali e que eu
até havia esquecido que estava o meu lado falou e saiu sem olhar para trás.
Eu me sentei, peguei o telefone e coloquei no ouvido. No primeiro
momento, nenhum dos dois falou nada. Então decidi quebrar o silêncio.
Nós não tínhamos muito tempo.
- Chase... – Minha voz saía falhada e eu cocei a garganta, não queria
demonstrar fraqueza, não para ele. Chase já estava sofrendo demais. – Me
conta. O que aconteceu?
Ele respirou fundo.
- Eu também não sei direito, Bella. Saí uma noite com um amigo,
conhecemos umas garotas... E, ao que tudo indica, uma delas foi
assassinada e eles acreditam que fui eu.
Engoli em seco. Não queria fazer a pergunta que era necessária, mas era
preciso.
- Chase... E foi você? – Vi uma névoa de raiva passar pelo rosto dele, e me
apressei a continuar. – Eu preciso saber a verdade, por pior que seja.
Mesmo que tenha sido, sou sua irmã, farei de tudo pra tirar você daqui, mas
eu PRECISO saber e...
- Bella. Você está me OFENDENDO. – Ele havia se inclinado mais para
perto do vidro, em minha direção. – CLARO que não fui eu. Eu jamais teria
coragem de fazer algo desse tipo. Você me conhece... MEU DEUS!
Chase voltou a se recostar na cadeira, frustrado, passando a mão pelos
cabelos que costumavam ser brilhantes e sedosos, mas que hoje estavam
opacos.
- Não fui eu Bella. Eu sou INOCENTE. – Ele falou quase num sussurro, a
voz mecânica pelo telefone. Assenti com a cabeça, mais uma vez engolindo
em seco.
- Ok. – Falei, tentando manter a calma, raciocinar objetivamente. –
Precisamos arrumar um bom advogado, então. Alguém que possa te tirar
daqui, provar que você não fez nada, que isso é uma injustiça.
Chase balançou a cabeça pesarosamente.
- Com que dinheiro, Bella? O dinheiro que tenho guardado mal dá para
comprar uma bicicleta. Vou ter que me contentar com um defensor público
qualquer.
Não. Isso não podia acontecer. Nós teríamos que arrumar uma solução. Eu
teria que arrumar uma solução. Chase não poderia ajudar em nada de onde
estava.
- Vou conversar com a Promotoria, tentar entender o que está acontecendo
no seu caso, do que eles estão te acusando, que provas eles tem para te
manter aqui. Mas antes eu preciso que você mesmo me conte o que o que
aconteceu, a SUA versão da história, Chase.
Ele voltou a se aproximar do vidro, e aproximou o fone da boca.
- Eu conheci esse amigo na faculdade... Ele sempre pareceu um cara legal,
de ótima família, renomada... Com MUITO dinheiro, Bells. Muito mesmo,
mais do que você possa sequer IMAGINAR. – A voz de Chase era sem
vida. – Então nós começamos a sair constantemente, e eu tenho que admitir
que fiquei deslumbrado; ele me apresentou a uma vida que eu nem sabia
que existia.
Ele fez uma pausa, mas eu não falei nada. Deixei que continuasse.
- Então, na última noite que saímos juntos, nós fomos a um Club privado...
Onde só pessoas influentes e conhecidas tem acesso e, para entrar, só se
você tiver sido convidado. O que era meu caso, diga-se de passagem. As
pessoas eram lindas, tanto homens quanto mulheres... As mulheres... Meu
Deus, pareciam super modelos saídas de capas de revistas, Bells.
Chase fixou o olhar no nada, como se estivesse se esforçando ao máximo
para lembrar de tudo que houvera na noite fatídica.
- E então tinha essa garota... Essa mulher... Ela era linda, claro, como todas,
mas era diferente... Tinha um charme diferente, sabe? E todos os que
estavam ali gostaram dela, queriam ELA. Todos mesmo, inclusive eu e meu
amigo. E ela me escolheu.
Eu imaginava tudo o que Chase estava narrando, mas uma coisa em minha
cabeça não se encaixava, por isso tive que esclarecer.
- Mas espera um instante, Chase. Deixa eu entender uma coisa. Você a
pagou com que dinheiro? Tenho certeza que uma hora com uma mulher
dessas é mais do que você ganha no mês.
Ele umedeceu os lábios e continuou.
- Meu amigo pagou para mim. Eu saí com ela, e foi uma noite perfeita, mas
deixei ela de volta no Club, VIVA. INTEIRA.
Soltei o ar pesadamente e sem perceber deixei meus ombros caírem.
- Hum. – Foi a única coisa que consegui dizer de primeira, depois de ouvir
tudo aquilo. – Bem, vou fazer o que combinamos. Falar com a promotoria,
e tentar arrumar um advogado decente pra te tirar daqui.
Chase assentiu diversas vezes com a cabeça. Estava altamente nervoso, era
perceptível seu stress.
- Ok, Bells. Obrigada. Vou voltar pra cela agora, espero que você volte e...
- Não Chase. Meu tempo acabou, mas tem outra pessoa lá fora querendo te
ver. Na verdade tem duas, mas você só pode receber duas visitas por dia,
então só uma poderá entrar.
Vi que ele ficou surpreso.
- Du... Duas? – Ele gaguejou, e depois se recompôs, endireitando as costas
na cadeira. – Quem vai entrar? Jacob?
Eu fui a pessoa mais íntima de meu irmão durante a maioria dos anos de
nossas vidas. Conhecia Chase melhor do que ele mesmo. Ele não queria
que fosse Jacob. Apesar de que ficaria feliz em ver o melhor amigo, mesmo
depois das desavenças. Chase queria que fosse Alice. Fiquei feliz por saber
que traria uma boa notícia para ele.
- Não, Chase... Jacob é a outra pessoa, está lá fora sim, mas não é ele quem
vai entrar agora... – Pude ver um vislumbre de alegria no rosto de Chase,
um suave brilho no olhar que antes era vazio. – Quem vem te ver agora é
Alice.
- Alice... – Ele repetiu o nome, para si próprio, como que para acreditar,
fitando o vazio. Então voltou a me olhar. – Eu não quero que ela entre,
Bells. Não quero que ela me veja nessas condições. Ali é muito sensível,
sempre foi, vai ficar horrorizada, esse não é lugar pra ela. Na verdade, nem
para você, mas infelizmente com você eu não tinha escolhas. Além disso...
Não quero que ela me veja assim, depois de tanto tempo.
- Chase... Alice está preocupada com você, ela largou tudo e veio até aqui
sem prensar duas vezes. Eu jamais diria a ela que você não quer vê-la. Ela
ficaria magoada demais, e isso não é justo, não MESMO. Se é isso mesmo
que você sente, diga você mesmo. Alice agüenta, ela é mais forte do que
você imagina.
Eu não queria discutir com Chase naquelas condições, mas não poderia
aceitar que ele renegasse a visita de Alice, tão gentil e leal a nós daquela
forma. Olhei para ele. Chase suspirou fundo.
- Ok. – Ele disse, concordando contrariado com a cabeça. – Antes de você
ir... A polícia ficou com a chave do quarto que eu estava alugando. Veja se
já está liberada e pegue, você pode ficar lá, está pago pelos próximos dois
meses. Não é nada luxuoso, nem de longe, mas é um abrigo. E lá também
estão as minhas coisas, se você puder me trazer quando voltar aqui...
- Claro, Chase. Deixa comigo. Amo você, fica bem. – Ele assentiu e eu
coloquei o telefone no gancho, Chase repetindo meu gesto. Já ia saindo
quando lembrei de uma pergunta essencial e voltei. Tirei o telefone e ele me
imitou, surpreso.
- Que foi? – Ele perguntou, antes que eu pudesse falar.
- Faltou você me dizer uma coisa, Chase. Qual o nome do tal Club?
- Esse em especial não tem um nome específico, Bella. Como eu te disse,
as reuniões são completamente privadas, quase secretas, para um seleto
grupo.
- Hum. - Mas muitos dos freqüentadores desse club, freqüentam um
outro... – Chase falava baixo, em tom de segredo, como se as paredes
pudessem nos ouvir. - ... Chama-se ESPARTACUS.
- Espartacus. Ok. E qual o nome do seu amigo?
- Ah. – Ele me olhou e falou, ainda sussurrando. - O nome dele é Edward.
Edward Cullen.
Edward Cullen.
Aquele nome ainda ia me dar muito trabalho.
POV DE CHASE
Eu não havia sentido uma única gota de felicidade desde que fora parar
naquele inferno na terra. Não até aquele momento.
Quando Bella pronunciou o nome de Alice foi como se meu mundo tivesse
parado de rodar; como se meu coração tivesse falhado uma batida; como se
eu me esquecesse de como era respirar. Depois veio a consciência de minha
situação.
Eu não via Alice há mais de dois anos, no mínimo. Nosso término foi algo
que magoou muito aos dois, apesar de que, eu imagino, Alice não acredite
que eu tenha sentido alguma coisa, pelo modo frio e distante que eu agi.
Mas eu sofri. Demais.
Alice era a única coisa boa que existia em minha vida naquela época; a
única pessoa que me jogava pra cima e me incentivava a seguir em frente, a
construir um futuro para nós dois. Mas eu simplesmente não tinha forças
para isso. Estava arrasado demais, devastado demais por dentro, irritado
demais com Deus para sequer me preocupar com o presente, que dirá
pensar no futuro. Por isso acabei me afastando de Alice também, a única
mulher por quem eu já havia me apaixonado, a única que eu realmente
amava, a única por quem valia a pena lutar.
Depois que eu saí de Forks, conheci muitas outras mulheres, claro. Eu não
sou cego e nunca fui modesto, sei que minha beleza é além dos padrões... E
meu jeito de garoto de cidade pequena engana as mulheres de grandes
cidades como São Francisco... Então posso dizer que realmente mulheres
não eram um problema para mim. Mas, mesmo que eu procurasse, eu não
encontrava nenhuma que chegava ao pés de Alice.
Ouvi o som de saltos andando pelo assoalho encerado do corredor. Arrumei
sem sucesso os cabelos e ajeitei a gola do macacão ridículo e enorme que
eu usava. Então ela apareceu na frente de minha cabine. Estava LINDA.
Havia cortado e desfiado os cabelos longos que eu tanto amava, e que
sempre reclamava quando aparava apenas alguns centímetros. Usava uma
roupa básica, calça jeans e uma blusa branca. Não conseguia ver seus pés,
mas pela altura devia estar usando um salto não muito alto. A respiração
dela estava agitada e eu percebi que a minha também estava.
Então aconteceu o contrário da visita de Bella. Foi Alice que se sentou e
pegou o telefone, esperando que eu fizesse o mesmo, mas eu parecia estar
congelado. Ela apontou para o meu aparelho através do vidro. Eu
finalmente o peguei e colei ao meu ouvido.
- Chase...
O som da voz de Alice e o simples barulho de sua respiração tiveram dois
efeitos completamente inversos em meu organismo. Ao mesmo tempo que
espantaram todo o medo e nervosismo que existia em mim, acalmando
minha alma e aliviando minha mente, senti uma onda de adrenalina jorrar
por meu sangue, acelerando meu coração tão rapidamente, que podia senti-
lo batendo em minhas costelas.
- Chase, fala comigo... Como você está?
Eu cheguei para frente, para perto do vidro. Amaldiçoei aquele lugar, por
me impedir de abraçá-la, de sentir seu corpo pequeno e quente em meus
braços. Por me impedir de sentir o cheiro que emanava dela, seu perfume,
seu hálito. Por me impedir de beijá-la.
- Alice... Meu Deus, como é maravilhoso ver você... Você está... Você está
MARAVILHOSA, Ali.
Uma gota escorreu de seus olhos pelo rosto perfeito, e eu tive vontade de
morrer por fazê-la passar por aquela situação.
- Não chora, Ali... Por favor. Eu estou bem, tudo vai ficar bem, você vai
ver.
- Desculpe, é que foi muita coisa... Esse lugar, você... Ah, Chase... Há
quanto tempo não nos falamos... Há mais tempo ainda não nos vemos...
Nossa.
Ela limpou a lágrima e respirou fundo. Sabia que estava lutando para
engolir o choro, para ser forte, forte por mim.
- Mas você tem razão. Você está bem e tudo vai ficar bem, tudo vai se
resolver. Tenho certeza disso, Chase.
Ela espalmou a mão direita, que estava livre do telefone, sobre o vidro, e eu
fiz a mesma coisa, unindo a minha à dela. Ou melhor, ia fazer. Pois quando
já estava quase tocando no vidro blindado, uma coisa chamou minha
atenção. Para ser mais exato, um enorme anel em seu dedo.
Eu não sei como deve ter ficado minha feição; mas deve ter entregue minha
surpresa e dor, pois Alice seguiu meu olhar, em seguida baixando a mão e
escondendo sobre o colo, por baixo da mesa. Nós ficamos nos olhando por
algum tempo, que me pareceu interminável. Eu não queria falar. Não queria
perguntar o que aquilo significava, pois eu já sabia, e ouvir Alice dizer tais
palavras ia acabar de me matar por dentro.
- Chase... - Ela começou e eu fechei os olhos, como se dessa forma eu
impedisse que suas palavras penetrassem em mim. - Eu ia te contar... Mas
não agora... Ia contar quando nos encontrássemos lá fora, quando você já
estivesse livre disso tudo.
- Quem é ele? Eu conheço? – Falei, ainda de olhos fechados. Alice suspirou
fundo.
- Chase... Não vale a pena termos essa conversa aqui, agora. Não foi para
isso que vim.
- Quem é ele, Alice? – Abri os olhos e ignorei o comentário dela. Eu
PRECISAVA saber.
- Jasper Hale. - Ela foi direta.
Jasper Hale? Aquele almofadinha mauricinho? Eu não conseguia acreditar.
- Desde quando você se interessa por playboyzinhos capitalistas, Alice? E
desde quando vocês estão juntos?
Alice respirou fundo, irritada por estarmos tendo aquela conversa.
- Estamos juntos há pouco mais de um ano, Chase. E Jazz não é nenhum
playboyzinho capitalista... Ele é uma pessoa maravilhosa.
- Você costumava concordar comigo nesse ponto. Quando íamos para o
colégio e Jasper “Maurício” Hale chegava de motorista particular, no seu
carrão.
Eu sabia que estava irritando Alice, mas simplesmente não conseguia
parar. O ciúme estava me corroendo por dentro.
- Eu não o conhecia. Julguei-o mal, só pela aparência. Me arrependo
profundamente disso... Como te disse, Jazz é uma pessoa formidável.
Nosso olhar não se desviava.
- Hum. E vocês já vão se casar?
Agora foi Alice quem fechou os olhos.
- Por favor, Chase...
- Me responde, Alice. Eu mereço saber.
Ela voltou a me encarar.
- Não. Nós ÍAMOS. Mês que vem. Bella ia ser minha dama de honra, e
Jacob meu padrinho. Nós íamos viajar para Europa logo após a grande festa
que já estava totalmente arranjada. Mas não vamos mais. Não enquanto
você estiver aqui.
Então era verdade. Alice ia se casar. E não seria comigo.
- Não se dê ao trabalho de adiar o casamento por minha causa Alice. –
Falei, me levantando, o fio do telefone ficando esticado. – Afinal, nós nem
sabemos se eu sairei daqui um dia, não é mesmo? Você não pode deixar o
príncipe Hale esperando para sempre. Seja feliz. Adeus, Alice.
Coloquei o fone no gancho sem desviar os olhos dos dela e saí, sem olhar
para trás.
Minha última centelha de vida ficara com Alice, do outro lado do vidro
blindado.
POV DE BELLA
***
(It's my prerogative)
It's the way that I wanna live
(It's my prerogative)
They can't tell me what to do
CHORUS TWICE:
Everybody's talking all this stuff about me
Why don't they just let me live? (TELL ME WHY)
I don't need permission, make my own decisions (OH!)
That's my prerogative
That's my prerogative!
- Alice acabou de ligar. Disse que daqui a meia hora passará aqui para nos
levar para conversar com a promotoria, Bells. Melhor nos apressarmos.
- Boa tarde. Meu nome é Oliver Scott. Vocês vieram para se informar com
relação ao caso Estado versus Chase Swan, correto?
- Sim, Doutor. – Foi Jasper quem respondeu. Eu não encontrei forças. – Por
favor.
O promotor sentou-se atrás da imensa mesa de mogno e abriu uma pasta, a
qual leu rapidamente e voltou a nos encarar.
Pena máxima?
- Ele não se enquadra nesse perfil imundo que você descreveu. E eu vou
provar isso.
Ao contrário, aliás.
Eu acabei de saber que meu único irmão; a única pessoa que eu ainda tinha
de minha família, estava com sério risco de ser condenado à morte, por um
crime estúpido o qual ele nem cometera.
- Nós vamos contratar um bom advogado e tudo vai acabar bem, Bella. –
Jasper falou, encarando o vazio a sua frente, provavelmente sem coragem
de me encarar e eu perceber que nem ele mesmo acreditava em suas
palavras.
- Ah, Jasper... Eu também estou preocupada com isso... Vou conversar com
vocês quando nos reunirmos, tenho que contar o que eu decidi e...
Suspirei fundo e decidi contar logo para Jasper; afinal, ele já estava ali
comigo, me ajudando sem ter a menor ligação comigo. Podia considerá-lo
um amigo fiel.
- Decidi permanecer aqui em São Francisco até tudo estar definido. Não
vou voltar para Forks. Além do quê, tenho que arrumar um emprego, ou
dois, para conseguir pagar uma boa defesa para Chase.
Jasper ouviu calado tudo o que eu disse, o que eu sabia que seria totalmente
diferente com Jacob – que me interromperia indignado cada vez que
discordasse de minhas decisões.
- Que bom que você me entende, Jasper. Sei que vai ser bem mais difícil
com Jacob e com Alice.
- Pode deixar que com Ali eu converso, Bella. – Eu sorri. – Mas tem uma
coisa nisso tudo que eu terei que discordar.
Fiquei pensando no que mais poderia ser, se ele concordou com a parte
mais difícil.
- Com o quê?
- Com a parte de você ter que se matar em dois empregos para poder pagar
uma boa defesa para Chase. Ainda mais sabendo que para você contratar
um advogado realmente bem conceituado você teria que arrumar no
mínimo uns quatro bicos por aí.
Mas o que eles estava dizendo? Que eu tinha que dar de ombros e deixar
Chase nas mãos de um defensor público qualquer, que estaria pouco se
importando com seu futuro, com sua vida?
JAMAIS.
- Eu não vou deixar meu irmão na mão, Jasper. Sei que vai ser difícil e
cansativo, eu nunca pensei que seria diferente. Mas não vou deixar Chase
ser defendido por um advogado de porta de prisão qualquer. Eu nunca me
perdoaria se ele morresse sem que eu tivesse lhe dado chance... Sem que
tivesse lhe dado a melhor defesa disponível.
- Eu não estou dizendo que Chase não terá a melhor defesa existente. Eu
estou dizendo que acho errado você literalmente se matar para pagar um
advogado que não chegará aos pés da real melhor defesa. Estou dizendo
que eu mesmo vou arcar com isso.
Eu abri a boca para falar, mas o ar não entrou em meu organismo, logo não
consegui formar um único som.
Eu tinha plena consciência de que Jasper era muito rico; seu pai é dono de
uma indústria de automóveis em Port Angels e ele é seu único herdeiro.
Poderia?
- Jasper, eu...
- Por favor Bella, não diga que você não irá aceitar. Eu conversei com Alice
sobre isso ontem a noite e ela me disse que era exatamente isso que você
faria. Pense bem. Seu irmão está em uma situação extremamente delicada.
Esse não é um momento de orgulho, e eu realmente quero ajudar. Por você,
por Chase... Por Alice... Simplesmente aceite.
Engoli as palavras e expirei o ar.
- Ok. Muito, MUITO obrigada Jasper. E eu vou te pagar isso um dia, pode
acreditar em mim.
Eu estava ansiosa para que chegasse amanhã. Para que chegasse logo o
momento de me encontrar com Edward Cullen e tentar desesperadamente
descobrir alguma pista, qualquer coisa, por menos que fosse, que pudesse
aliviar o problema de Chase.
Mas, antes de amanhã a noite, eu ainda tinha que me preocupar com HOJE
a noite.
- Sim, sim... Mas então não ele está fora de perigo, né? – Alice se levantou
quando entramos e abraçou Jasper. – Ótimo. Muito obrigada, de qualquer
maneira.
Eu o abracei, meu corpo pequeno demais para lhe dar o conforto que eu
queria.
- Meu pai... O barco em que ele e Harry estavam pescando virou... Ele caiu
no mar, ele quase se afogou e...
- Calma... Calma, Jake. Eu ouvi Alice dizendo que ele está fora de perigo.
Vai ficar tudo bem.
- Jake! Você está DOIDO? – Ele olhou para baixo e eu segurei seu queixo,
olhando para cima para encará-lo. – É claro que você tem que ir ver Billy!
Eu não preciso te desculpar de nada! E me prometa que vai me ligar assim
que chegar em Forks. Eu é que tenho que te pedir desculpas por não estar lá
com você nesse momento... afinal você sempre esteve comigo, ao meu
lado, nas horas em que mais precisei. Me perdoe.
- Eu amo você. – Jake ignorou minha ultima frase. – E vou voltar, o mais
rápido possível. Só vou ver se Billy está bem mesmo, me certificar disso, e
volto.
- Tudo bem, fique tranqüilo. É Billy quem precisa de você agora. Você já
me ajudou demais, Jake.
Mais uma vez naquele dia Jasper me surpreendeu, quando disse que
precisava mesmo resolver umas coisas no trabalho e daria uma carona para
Jake.
E eu insisti para que Alice fosse também. Não queria que ela ficasse aqui
comigo, longe de Jasper.
Percebi que isso era mentira; assim que ele passou pela porta com seu 1,92
Me senti que o quarto ficou maior e mais gelado... Eu já estava sentindo sua
falta.
Quando saí, percebi que estava com fome. Não havia comido nada ainda e
fui até o Am Pm perto do quarto onde estava comprar um sanduíche.
“Eward Cullen”.
Um toque.
- Edward Cullen.
Idiota.
- Alô?
Deixei meus ombros caírem e voltei a respirar. Quando meu coração estava
voltando a se acalmar, o celular tocou novamente.
Eu peguei o aparelho e abri o flip, levando-o à orelha, sem falar nada.
- Bom... bom dia, Edward. Aqui quem fala é Cindy, da Espartacus Club.
- Si... SIM?
Como ele podia ser tão escroto? Como alguém poderia tratar uma outra
pessoa de maneira tão fria e insensível?
Bem, pelo visto, o “Lord” Edward Cullen podia.
- Babaca. – Falei alto, me levantando e tirando a blusa suja de Coca.
Quando acabei de comer, decidi me forçar a dormir. Teria que voltar à
Espartacus a noite, e seria bom que estivesse descansada para tal ato. Só de
pensar que veria Edward Cullen novamente, um arrepio percorreu minha
espinha.
***
Inclinei-me sobre meu corpo e, sem tirar os olhos dele, cumprindo a risca
sua ordem, comecei a retirar lenta e sensualmente a meia de seda, parando
com o rosto muito próximo ao dele quando alcancei o calcanhar. Edward
segurou meu tornozelo, a mão sobre a minha, e meu coração, que já estava
acelerado, parecia que ia saltar pela boca. Ele levantou meu pé e tirou
meu scarpin, me deixando livre para acabar de me desvencilhar da meia, e
foi o que eu fiz.
Repeti o gesto com a outra perna. Quando acabei, notei que a respiração
dele estava mais rápida, o tom de seus olhos num verde acima do normal.
Meus olhos caíram para sua calça, e foi com prazer que eu notei o volume
que havia se formado ali. Um volume promissor, aliás.
Afastei-me dele, andando de costas, e não consegui segurar um sorriso de
satisfação que nascia em meus lábios. Joguei meus cabelos para trás e
levei minha mão até o fecho de meu soutian. Não era mais surpresa que eu
estava completamente molhada; meu músculo latejava incessantemente e
os bicos dos meus seios estavam duros de excitação. Eu só queria me ver
livre daquele soutian.
Sua outra mão, que até então apertava meu mamilo deliciosamente, desceu
por meu quadril e veio por trás das minhas costas, entrando também pela
minha calcinha.
- Eu quero ver você gozar e gemer tão alto, que as pessoas lá fora pensem
que eu esteja matando você. Só que de prazer.
Porra. Eu era tudo o que ele quisesse naquele momento, sem dúvida
alguma. Assenti com a cabeça.
Jacob.
Jacob!
Parei do outro lado da rua e abracei meu corpo. De alguma forma eu sentia
que estava me envolvendo em algo que tinha grandes probabilidades de me
arrepender no futuro. Suspirei fundo. Quando coloquei o pé na calçada para
atravessar, um carro completamente preto parou em frente ao Club, o
segurança abrindo a porta imediatamente. Voltei um passo atrás. Edward
saiu do carro elegantemente, a fisionomia séria, o olhar de esmeralda
sombrio.
Estava diferente da última vez que eu o vira; no lugar do terno bem cortado
e alinhado, usava uma calça Jeans escura e uma camisa de linha em gola V
cinza, as mangas repuxadas até o cotovelo. Parecia impossível, mas ele
estava ainda mais atraente.
Bateu a porta atrás de si e, por um segundo, eu me encolhi, achando que ele
iria me ver ali. Mas ao invés disso Edward se virou e rapidamente adentrou
na Espartacus, sem nem cumprimentar o segurança que segurou a porta
para que ele passasse. Então o carro partiu e a rua voltou a ficar deserta.
Olhei no relógio. Merda, já estava tarde. Steven deveria estar achando que
eu havia desistido. Era tarde demais para desistir. Respirei fundo e me dirigi
a porta.
Ele.
Senti uma corrente elétrica invadir meu corpo quando, enfim, meus olhos
pousaram em sua imagem; sentado num sofá em “U”, numa área cercada
por cordões e seguranças. Olhava seu celular e estava sozinho. Havia um
copo de Whisky na mesa baixa à sua frente, a luz da vela que ali jazia
iluminando levemente seu rosto, o maxilar perfeito criando uma sombra em
seu pescoço.
Uma ruga funda estava no meio dos seus olhos; o cabelo fodidamente sexy
caindo sobre a testa de forma irritantemente excitante.
- Tânya Denali. – Saltei de susto. Olhei para trás e Rose olhava na mesma
direção que eu, o olhar impassível.
- Quem?
- Você não estava pensando em ir lá, antes de eu chegar aqui, né? – Rosalie
me analisava intensamente. – Porque seria a idéia mais idiota que você
poderia ter tido em toda a sua vida, garota.
- Steven está quase arrancando as calças pela cabeça, achando que você não
vinha. Vários clientes te elogiaram e ele já havia prometido sua presença.
Eu sorri forçadamente e Rose virou as costas e começou a andar, me
puxando pela mão. Quando já estávamos no andar de baixo, dentro de seu
camarim, eu não resisti.
- Lembra quando te disse que se envolver com os Cullen não era uma boa
coisa? Porque eles gostavam de exclusividade, e isso gera intimidade, o que
não é nada bom na nossa profissão?
- Foi assim com Tanya. Agora ela só trabalha nas reuniões particulares dos
Cullen.
Recostei no sofá e pensei no que Rose dissera. Tanya era exclusiva DELE?
- Acho melhor você trocar de roupa e agitar. Você entra logo depois de
mim. – Rose falou, me puxando de meus devaneios. – Deixei uma roupa
separada pra você, acho que vai gostar. Até daqui a pouco.
- Entra...?
Eu sorri de volta e tirei meu robe. Estava no penúltimo degrau antes mesmo
de ser anunciada. Eu não faço a mínima idéia do que o DJ falou antes de eu
entrar. Não faço idéia da música que ele colocou para minha apresentação.
A única coisa em que eu pensava quando subi naquele palco, era encontrar
o olhar dele.
Era provável que ele nem percebesse minha existência, não precisando
sequer ignorá-la então.
- Heeeey!
Larguei o copo sobre a mesa desajeitadamente.
Dei um sorriso forçado – que, ao contar pela expressão de Steven, deve ter
sido mais parecido com uma careta – e entrei no camarim. Agradeci
intimamente por Rose não estar mais lá. Havia somente um bilhete escrito
em um guardanapo e preso na moldura do espelho circundado de luzes.
“Tive que ir, tinha um compromisso. Meu celular está no verso... Caso você
precise de algo ou simplesmente esteja nervosa demais para amanhã.
Rose”
Fui até o closet de Rose e peguei um longo sobretudo preto. Não estava
com ânimo nem para trocar de roupa. Passei a bolsa lateral pelo meu corpo
e saí, segurando o casaco para mantê-lo fechado.
Olhei para o garçom atrás do balcão. Ele era enorme e truculento, com um
imenso tribal tatuado no braço esquerdo. Tinha um pano de prato
pendurado em um dos ombros e o cabelo estilo moicano lhe dava um ar
assustador.
- Ouro ou prata?
O homem bateu o pequeno copo sobre o balcão e virou a garrafa até o copo
quase transbordar. Eu virei em um único gole, dessa vez a ardência em
minha garganta muita menos dolorosa. Mal havia pousado o copo sobre o
balcão, o garçom mal encarado já estava me reabastecendo.
Eu não sei quantas vezes aquela cena se repetiu. Mas, quando finalmente
decidi parar de beber – ou melhor, quando a garrafa de José Cuervo
finalmente acabou –, e eu desci do banco, mal senti o chão sob meus pés.
Sai do bar e olhei para a rua. Deserta. Nem um único táxi, ônibus... Nada.
Eu tentei acertar uma joelhada no seu quadril, mas ele se esquivou com
facilidade, um riso abafado entre meus cabelos.
- Solta ela.
Aquela voz.
- Você é surdo? - Edward voltou a falar, tranquilamente e sem um pingo de
simpatia. - Mandei soltar ela.
O homem se virou, finalmente soltando meu braço. Mesmo sem olhar sua
expressão, consegui notar que ele congelou apenas em perceber com quem
estava lidando.
- Sr. Cullen... - A voz raivosa de segundos atrás havia sumido. - Não sabia
que você a conhecia, eu...
- Não, obrigada...
- Você não está em condições para discutir, Cindy. Você vem comigo.
Merda.
- É dificil dizer isso, mas estou alugando o quarto de Chase enquanto ele
está preso.
- Sim... Exatamente.
- Sim, que agora está preso no seu lugar, sendo acusado injustamente pelo
crime brutal que você cometeu!
Então percebi que, com certeza, não seria novidade para ele. Afinal, se eu
estava com amnésia alcoólica, muito provavelmente não estava em
condições de caminhar sozinha, muito menos trocar de roupa.
Sentei na cama, meus pés quase não tocando o chão, a ponta dos dedos
sobre o tapete.
- Meu Deus, por favor, faça com que eu não tenha feito nenhuma besteira...
Tentei filtrar meus pensamentos, que, na verdade, gritavam: faça com que
eu não tenha perdido a virgindade com ele! Não pude deixar de notar que,
bem lá no fundo, num lugar que eu quase não notava, uma parte de mim
não ficaria chateada com isso... Ficaria chateada somente porque teria sido
desperdício demais eu não me lembrar de nada.
- Sim, claro...
A porta se abriu e uma jovem – provavelmente não muito mais velha que eu
– entrou no quarto, trajando um sóbrio terninho preto, os cabelos presos em
um rabo e óculos estilo gatinho.
Ela era simpática e parecia realmente preocupada com meu bem estar.
“Cindy, Espero que você goste, o Sr. Cullen acredita que esse seja o seu
manequim. Dentro do closet há outra coisa para você. O motorista está a
sua disposição, assim como eu. Ângela.”
- Puta merda.
Me lembrei de um filme que havia visto algum tempo atrás, chamado “De
Olhos Bem Fechados”. Eu havia assistido diversas vezes, e sempre havia
ficado extremamente excitada. E sempre havia morrido de medo também.
Dentro do compartimento também havia um espelho, que eu segurei,
enquanto levava a máscara ao rosto. Meus olhos verdes foram realçados
pelo veludo vermelho, que por sua vez se destacava, um contraste perfeito
com o vestido preto que eu trajava. Ou havia sido uma bela coincidência...
Ou Edward havia pensado em todos os mínimos detalhes.
Edgar já havia dado a volta no carro, e estava abrindo a porta quando eu lhe
chamei.
- É... É você que vem me buscar, Edgar? – Não pensei em nada melhor
para dizer. Afinal, um “não me abandone aqui sob as rédeas desse
estuprador assassino que o seu chefe é” não iria causar uma boa impressão.
- Oh, não, Senhorita Cindy. O Senhor Cullen dispensou meus serviços essa
noite.
- Não, era só isso. Muito obrigada, Edgar. Você foi muito gentil.
A primeira coisa que meu cérebro fez foi processar de onde conhecia aquele
homem que cheirava bem, tinha uma bela voz e que continuava sorrindo
simpaticamente para mim. Então finalmente ele descobriu: era o homem
que eu vira em minha primeira apresentação na Espartacus, circundado por
mulheres dos mais variados tipos, e que não tirava os olhos de Rosalie. Era
um Cullen. A segunda coisa que meu cérebro imbecil pensou – de forma
irritante e surpreendente – era porque diabos a minha máscara era do estilo
veneziana – que devia ser segurada, ao invés de fixada no rosto.
Mas acho que isso se deu pelo fato de meu braço haver começado a arder.
Definitivamente, eu precisava deixar o sedentarismo de lado.
“Não, acho melhor manter meu celular perto de mim, por via das
dúvidas.”
- Vai lhe dar mais mobilidade... Ou então você vai ficar com as duas mãos
ocupadas.
“Merda.”
- Ok. Obrigada.
Estendi a bolsa que ele segurou, e no segundo seguinte a mulher que abrira
a porta – de onde ela surgia? – apareceu e se incumbiu do trabalho.
- Vamos... Edward ainda não sabe que você chegou. Todos estão na sala ao
lado.
Assenti, e o Cullen fez sinal para que eu fosse à frente. Assim que andei
alguns passos senti sua mão – grande e firme – espalmar-se em minhas
costas, logo acima do meu quadril, me encaminhando na direção correta.
Então seria assim? Qualquer um sairia tocando em mim sem sequer pedir
licença?
Como ele sabia meu nome? Como ele me vira chegar? Por que ele não
usava máscara?
- Enjoy.
Eu suspirei fundo e peguei uma taça com a mão livre, enquanto assentia
silenciosamente com a cabeça, levando em seguida a taça aos meus lábios.
O gosto amargo do Prosseco invadiu meu organismo e meu corpo
agradeceu.
Ele falou sem estender a mão, até mesmo porque eu não poderia
cumprimentá-lo. Novamente, maldita máscara veneziana. Em pouco tempo
eu não sentiria mais meu braço direito.
- Me chamo Cindy.
Fez-se silêncio por alguns segundos, até que o Sr. Whitlock arqueou as
sobrancelhas, sorrindo mais abertamente.
Eu não era boa para perguntas inesperadas, e sabia que qualquer sobrenome
que falasse agora seria ou ridiculamente comum ou reveladoramente
surreal.
- Sim. Só Cindy.
- Hum... – Ele tirou uma das mãos dos bolsos e coçou a pele ao lado da
sobrancelha, como se tentasse entender o que se passava ali. – Ok, então
muito prazer, Cindy.
Será que estava tão na cara assim? Eu pensei que o letreiro em neon
vermelho piscando “peixe fora d´água” em minha testa fosse só impressão.
Pelo visto não.
Imediatamente, como por reflexo, minha língua passeou sobre meus lábios
e meus dentes seguraram o lábio inferior com força. Porra, definitivamente
eu devia ter me preparado melhor. Eu devia aceitar? Era obrigada a aceitar?
Ou podia escolher, dizer não? Mas então que diabos eu estaria fazendo ali?
- Boa noite.
A voz rouca ecoou pelas minhas costas. Eu fiquei paralisada, não só meu
corpo como meu cérebro, todos os pensamentos se esvaindo como suor por
meus poros, a respiração interrompida ao meio, meu coração quase audível,
batendo com força em minhas costelas.
– Boa noite.
Eu tinha que admitir que fosse fascinante poder observar todos os detalhes
do rosto irritantemente perfeito e másculo de Edward, por trás daquela
máscara maldita, enquanto ele via nada mais que meus olhos e meus lábios
pintados de vermelho.
Sem falar no modo em como ele ficava fodidamente sexy dentro daquele
smoking.
- Infelizmente a Senhorita Cindy não poderá aceitar seu convite esta noite,
meu caro Jasper. – Edward falava com Jasper sem desviar os olhos dos
meus. – É a sua primeira vez em nossas reuniões, e eu não seria um bom
anfitrião se não fizesse as honras da casa.
Voltei minha cabeça para Jasper, que tinha a expressão levemente frustrada,
provavelmente triste por não ser o primeiro a degustar o novo aperitivo da
festa.
- O vestido lhe caiu como uma luva. Era a primeira vez que Edward se
dirigia a mim informalmente, sem ser com rispidez ou meias palavras.
- É verdade.
Que raio de lugar era aquele? Será que pertencia aos Cullen também? Será
que era ali que o crime havia acontecido? O que aquela gente toda tinha em
comum? Eu pisquei com força, forçando desanuviar minha mente daqueles
pensamentos, que em nada poderiam me ajudar na atual conjuntura. Para
ajudar o processo decidi beber mais uma taça de Prosseco, sendo que eu
nem havia percebido que havia acabado com a primeira – será que meu
copo estava furado?
Mais uma vez quase morri engasgada com a minha própria saliva, e só não
deixei a máscara cair porque, aquela altura, ela já fazia parte de mim. Ele
passou o braço por minha cintura, me mantendo rente a seu corpo, a mão
pousada em meu quadril, e começamos a caminhar para fora da sala.
Começamos a subir a escada e a cada degrau era como se meu coração
fosse fugir pela minha boca. Mordi o lábio inferior com força e me
concentrei em olhar para baixo e não tropeçar no vestido – aquela máscara
definitivamente não era nada prática – e quem sabe assim tentar acalmar
minha respiração, que estava quase entregando meu desespero.
Nós paramos em frente a uma porta de madeira escura, que Edward abriu
sem bater, e no momento seguinte estávamos lá dentro. Eu parecia que
havia ultrapassado algum tipo de portal para outra dimensão.
Fechei os olhos com raiva quando gaguejei. Edward segurou meu ante-
braço e eu soube que havia arregalado os olhos até o limite e que minha
boca estava aberta.
- Você já pode livrar-se da máscara, Cindy.
Eu demorei um pouco até absorver o que ele disse. Isso porque a única
coisa em que conseguia pensar era em como minha pele formigava sob a
mão dele, em como os pelos do meu braço haviam se arrepiado ao seu
toque e em quanto minha calcinha havia ficado molhada ao sentir sua pele
junto à minha. Ele percebeu que eu estava paralisada, então forçou meu
braço para baixo, abaixando ele mesmo minha máscara. Minha respiração
começou a sair entrecortada, dedurando meu estado. Meu braço estava
caído ao lado do meu corpo, a mão de Edward ainda em volta de meu
pulso.
- Oh... Eu... Eu vou... – Falei enquanto apontava o lugar que ele havia me
indicado e sai, quase tropeçando em minhas próprias pernas, que haviam
virado pudim de uma hora para outra.
- Merda!
“Ainda não... Mas algo me diz que logo esse problema será resolvido.”
- Argh. - Bufei baixo, enquanto abria a torneia e colocava meus pulsos sob
a água fria. - Era só o que me faltava, terem me dado um Prosseco batizado
para eu ter alucinações.
- Não é nada demais... - Falei baixo para mim mesma. - Isso teria que
acabar acontecendo, uma hora ou outra.
Inspirei profundamente mais uma vez e saí. Edward estava de costas para
mim, no outro lado do quarto, aparentemente preparando uma dose de
bebida.
- Não, obrigada. - Não sabia se havia sido drogada ou não, mas não ia pagar
pra ver, nem abusar da sorte.
Ele se virou e veio até mim. Os olhos dele começaram pelos meus pés e
foram subindo lentamente enquanto ele andava, uma das mãos no bolso e
outra passeando desleixadamente sobre os cabelos. Edward parou a menos
de trinta centímetros de distância, e eu instintivamente dei um passo para
trás, minhas costas se chocando contra a parede. Ele apoiou as duas mãos
na parede atrás de mim – minha cabeça ficou entre seus braços – e
aproximou o rosto do meu. Sua bochecha estava grudada na minha, a barba
malfeita me causando arrepios. Imediatamente senti minha respiração se
acelerar e minhas têmporas latejarem. Mas não era essa pulsação que mais
me deixava maluca. Esfreguei inconscientemente minhas coxas uma na
outra, tentando amenizar meu desespero. Edward tocou meu pescoço com
seus lábios, e literalmente eu quase me curvei, meu corpo tendo um
espasmo, minhas mãos sobre meu estômago. Ele segurou os cabelos na
altura da minha nuca e levantou meu rosto. Nossos olhos se encontraram e
ele fechou levemente as pálpebras, os cílios longos escondendo o verde
intenso e febril.
- Mas não tinha cabimento que outra pessoa iniciasse você em nossas
reuniões... Afinal, se eu a convidei, eu a inicio.
Os lábios dele roçavam minha pele, agora muito próximos aos meus
próprios lábios. Senti minha boca abrir-se levemente, desejando avidamente
que ele a tomasse. Para meu total desespero, Edward passou direto por
minha boca, indo direto para o outro lado do meu rosto.
- Eu não vou beijar você... - Ele falou junto ao meu ouvido, os dedos em
minha nuca acariciando meu couro cabeludo, que já estava dormente. - Mas
eu vou te comer de uma maneira tão deliciosa, que você vai viver o resto
dos seus dias implorando por mais.
Ok, eu estava fodida. E isso porquê ele nem havia começado a me foder de
verdade.
- Vira de costas.
- Você está nervosa? – Ele perguntou, mas pude sentir que era uma
pergunta retórica. – Até parece que nunca fez isso antes.
“Não, na verdade eu sou virgem, nunca quis dar para meu namorado de
infância e agora estou aqui, quase implorando para ser comida por um
maníaco assassino.”
Edward levou sua mão esquerda até meu seio. Meus mamilos estavam
duros como pedra aquela altura do campeonato. Ele puxou meu decote para
o lado, meu seio ficando livre por apenas um momento antes que sua mão
grande envolvesse toda a minha carne, que pareceu se encaixar
perfeitamente à seus dedos. Eu ainda estava agradecendo mentalmente por
aquela sensação maravilhosa quando a outra mão de Edward escorregou
pela minha cintura, passando por cima do osso de meu quadril, e
sorrateiramente encontrou minha calcinha, bem acima do meu ventre. Eu
empinei a bunda, rebolando inconscientemente. Seus dedos estavam quase
me tocando aonde eu ansiava, mas propositalmente ainda faltava um espaço
curto, e eu não podia mais esperar. Edward movimentou o quadril, contra o
meu e junto comigo. Eu senti algo melado sobre minha nádega, e então me
toquei que era seu pré gozo, teimando em se revelar. Ok, eu estava maluca.
Mas ele também, e minha pele marcada era uma prova irrefutável disso. Os
dedos longos desceram lentamente sobre minha calcinha. Sua mão esquerda
continuava massageando meu seio, beliscando meu mamilo, e quando seus
dedos alcançaram meu músculo latejante ele me apertou contra seu corpo e
me manteve imóvel. Uma respiração pesada escapou entre meus lábios.
Num movimento impensado fechei minhas pernas, a mão de Edward
ficando presa entre minhas coxas, a pressão sobre meu clitóris aumentando
um pouco, ainda insuficiente. Edward tentou movimentar os dedos – uma
tarefa quase impossível naquela posição em que eu o colocara – e meu
corpo ficou dividido entre lhe ceder espaço ou continuar sentindo meu
músculo latejar contra os seus dedos.
Uma de minhas mãos segurou sua nuca, meu inconsciente dizendo que
queria manter a boca de Edward perto da minha, quando na verdade queria
mesmo mantê-la colada à minha. O seu dedão se movia em círculos sobre
meu músculo, e Edward enfiou o dedo do meio, imitando o indicador.
- Porra...
Sem pensar tirei a outra mão da parede e segurei seu pau. Era grande e
estava duro feito rocha, pulsando entre meus dedos. Comecei a massageá-lo
lentamente, enquanto sentia meu corpo se entregando cada vez mais,
literalmente desfalecendo sob os dedos mágicos daquele homem. Quando
eu percebi que meu corpo estava quase chegando ao clímax total, parei de
massageá-lo e apertei seu membro com força, involuntariamente, apenas
aguardando o momento pelo qual meu corpo ansiava, tenho que admitir, há
algum tempo. Então inesperadamente abriu o zíper às minhas costas e se
afastou por completo de mim, o vestido voltando a quase tocar no chão.
- Ainda não.
Se esse filho da puta fez isso com a garota antes de matá-la, além de
assassino ele é um sádico escroto.
Caminhei lentamente até a cama, rezando para que ele não virasse para trás
e percebesse que eu era um misto de excitação e medo. Medo dele me
machucar. Medo de doer. Medo de gostar. Ele se virou quando eu já estava
a um passo da cama. Seus olhos desceram pelo meu corpo nu, analisando
cada centímetro com presteza. Edward umedeceu os lábios com a língua,
salivando involuntariamente, e levou sua mão ao seu pau, começando a se
tocar de uma forma tremendamente sedutora. Eu me deitei na cama de
frente para ele, apoiada em meus cotovelos. Edward me encarava. Ele
também estava completamente nu agora, e foi a minha vez de analisá-lo
com calma. Ele era alto e esguio. Os músculos firmes sobressaíam em um
corpo sem gordura aparente. Sua pele clara era salpicada por algumas
pintas esporádicas, um charme à parte. E seu pau... Porra, era enorme. Ele
se massageava olhando sedento para mim. Sua mão ia profissionalmente da
base até a ponta, torcendo levemente antes de voltar e recomeçar. Uma ruga
se formou entre seus olhos, vincando profundamente sua testa. Mais uma
vez o latejar do músculo entre minhas pernas era insuportável, quase uma
dor aguda, uma forma de demonstrar que não aguentava mais aquela
tortura.
Eu obedeci mais prontamente que nunca. Sem pensar, levei minha mão até
meu clitóris e acariciei a área pulsante, uma onda leve de espasmos
percorrendo meu corpo. Minha outra mão procurou por meu seio, e eu
apertei meu próprio mamilo enquanto fechava os olhos. Imediatamente a
imagem de Edward surgiu em minha mente e eu arqueei as costas, enfiando
dois dedos em minha entrada, um gemido rouco escapando entre meus
lábios.
Mais uma vez estava quase gozando quando Edward segurou minha mão.
Eu abri os olhos e a cabeça dele estava entre minhas pernas. O olhar dele
era uma fenda misteriosa. Ele puxou minha mão delicadamente e levou
meus dedos a boca, sugando vagarosamente sem desviar os olhos dos meus.
Quando acabou, não havia mais nenhum vestígio meu ali.
Eu me deixei cair na cama, tapando os olhos com o braço. Será que era
possível alguém desmaiar de prazer? Começava a acreditar que sim.
Ele beijou minha virilha e eu movi meu quadril, forçando-o a chegar logo
onde eu precisava, em prol de minha sanidade mental. Edward lambeu
vagarosamente meu músculo. Abriu meus lábios com uma das mãos e sua
lingua penetrou em minha entrada sorrateiramente, úmida e quente. Envolvi
seu pescoço com as minhas pernas e segurei seus cabelos entre meus dedos.
Queria me assegurar de que ele não sairia dali. Mas é claro que não era eu
quem mandava naquele momento. Edward era claramente o dono da
situação – não que eu me incomodasse com isso, ao contrário – e num
movimento rápido ele girou nossos corpos e eu estava deitada sobre ele,
sobre o colchão macio.
Quando eu senti seu músculo se contrair sobre minha língua ele segurou
meus cabelos e me impediu de continuar.
- Deita na cama.
Merda.
Senti a mão de Edward entre minhas pernas, segurando seu pau e guiando-o
até minha entrada. Ele parou, a cabeça posicionada, definitivamente
querendo que eu desfalecesse em seus braços. Senti meu músculo se
contrair na expectativa de tê-lo dentro de mim, experimentando essa
sensação pela primeira vez. Ele forçou a entrada, e no mesmo instante uma
dor se misturou à excitação. Meus músculos se enrijeceram e eu fechei os
olhos. Ele parou e ficou imóvel. Então mais uma vez ele investiu contra
meu corpo, devagar. Seu pau – desproporcional ao meu tamanho – entrou
mais um pouco, ainda com dificuldade, apesar de eu estar completamente
molhada e da lubrificação artificial da camisinha.
Abri os olhos e o olhar dele era de dúvida, o vinco em sua testa profundo
demais.
Eu parei de respirar. Abri meus lábios e ia negar, era patético demais aquela
altura do campeonato, mas acabei assentindo silenciosamente com a
cabeça.
- Está doendo?
Porra, não, não estava. Estava perfeito, pura e simplesmente. Neguei com a
cabeça.
Mais uma vez o quadril dele se chocou contra o meu. Senti meu músculo se
abrindo, lhe dando passagem, voltando a se fechar imediatamente sobre ele,
num abraço aconchegante.
- Você... Porra...
Minha respiração ainda não estava em seu ritmo normal, minha pele
formigava onde minha pele havia sido demarcada por seu gozo, meu
músculo ainda latejava levemente e minha fenda ardia consideravelmente, e
a única coisa em que eu conseguia pensar era em por quê diabos ele não
havia gozado dentro de mim. A resposta era óbvia: ele era milionário, jovem
e solteiro, e a última coisa que lhe interessava era que uma putinha
qualquer engravidasse, interessada numa mesada vitalícia. Virei de lado e
puxei o lençol sobre meu corpo. Foi agradável a sensação do tecido leve e
gelado contra minha pele quente. Bateram na porta e Edward saiu do
banheiro.
Edward havia aberto apenas uma brecha da porta. Senti minha boca encher-
se de água e minha língua passear por meus lábios, sedenta, apenas por
observar a imagem de seu corpo nu de costas. Puta merda, que bunda era
aquela? Edward fechou a porta e se virou. Carregava um balde de gelo em
uma das mãos, contendo duas garrafas, e um recipiente com morangos na
outra. Mas o que era mais chamativo e atraente no conjunto era seu pau,
livre e ainda duro, apontando para mim. Mordi o lábio inferior. Sem falar
nada, e enquanto Edward colocava tudo sobre o aparador, eu me levantei e
fui ao banheiro, ainda enrolada no lençol.
Dei uma olhada para trás antes de fechar a porta. Havia apenas duas gotas
de sangue sobre o lençol de seda branco e amarrotado. Pendurei o lençol no
gancho atrás da porta e entrei no box. Eu ainda ardia um pouco, mas a
pulsação em meu clitóris havia passado, meu corpo sentindo falta da
sensação prazerosa. Passei a mão pela parte interna das minhas coxas e
havia mais um pouco de sangue ali. Um suspiro fundo saiu de minhas
narinas. Agora eu oficialmente não era mais virgem. Pensei em Jacob. Em
como eu havia imaginado tantas e tantas vezes aquele momento, as vezes
em um cenário romântico, às vezes em um momento de excitação
desesperada, mas sempre com ele. E em como havia sido infinitamente
melhor. Abri o chuveiro e deixei a água quente lavar meu corpo,
massageando minha pele e relaxando meus músculos, ao mesmo tempo em
que sentia - frustrada - o cheiro de Edward me abandonando.
Capítulo VI - Pega de surpresa
Mas que porra. O que eu deveria dizer? Me chamo Isabella Swan? Sou
irmã de Chase, que costumava ser seu amigo e de repente não passa de um
“laranja” para crimes hediondos?
Perguntei, indicando a taça para ele, que chegou o corpo para trás apenas o
suficiente para me olhar. Ele sorriu, pegou a garrafa e encheu meu copo,
sua mão abandonando meu corpo por esse motivo.
- Meu... Deus... - Gemi baixo, jogando a cabeça para trás, meus olhos
fechados.
Puta que pariu, o homem queria mesmo me matar. Foda-se, pelo menos eu
iria morrer feliz.
- Diz pra mim o que você quer... - Edward falou enquanto beijava minha
virilha, dos dois lados, negligenciando o ponto que berrava por ele.
- Deliciosa...
Segurei seus cabelos e apertei seu rosto junto a mim. Comecei a sentir a
pulsação aumentar, e tudo ao meu redor ficou turvo.
- Quem é? - Edward falou com raiva, os lábios ainda colados aos meus.
- Emmett.
- Fica aí. - Falou para mim, que inconscientemente tratei de envolver meu
corpo no lençol.
- Mudança de planos.
Silêncio.
- Mudança de planos porra nenhuma. O combinado não é esse.
- Edward... - Emmett estava sério, bem diferente do que eu vira mais cedo.
- Você vai sair e eu vou entrar nesse quarto, agora. Ou, se você preferir,
pode ficar aí olhando eu comer a mais nova aquisição do clube, que você
teve o prazer de iniciar. A escolha é sua.
Preparei a dose – meu pai também bebia dessa forma, e aprendi a preparar
observando minha mãe fazê-lo toda sexta a noite – e permaneci parada, o
copo na mão, o líquido balançando ligeiramente em resposta ao meu
nervosismo.
Emmett se virou. O sorriso acolhedor de antes, de quando eu chegara na
mansão, não estava ali. Ele estava sério, os olhos azuis quase marinhos,
uma sobrancelha ligeiramente arqueada. Andou até mim e parou a poucos
centímetros, levando sua mão até o copo, minha mão sendo totalmente
envolta pela dele.
- Tenho que admitir que estou realmente curioso para saber o que você
tem... Não é sempre que tenho que tirar Edward quase a força de uma
convidada.
Não respondi. Engoli em seco e mordi meu lábio, com tanta força que não
duvidaria que tivesse arrancado sangue. Emmett levantou a outra mão e
segurou meu pescoço, me puxando para perto dele, aproximando sua boca
de minha orelha.
- Seu cheiro é gostoso... Assim como você. – A voz rouca causou um
arrepio intenso pelo meu corpo. – Uma pena que eu não esteja conseguindo
apreciar devidamente.
Ele estava muito próximo de mim, então. Senti um volume contra meu
ventre, sob suas calças.
“Meu deus, não pode ser ele, não po... É grande demais!”
- Tire o roupão.
Emmett tirou sua mão de meu pescoço e segurou o copo em um
movimento rápido, se afastando de mim em seguida. Vi quando ele, de
costas, levou o copo até os lábios e sorveu todo o líquido de uma vez,
descartando o recipiente de cristal sobre o aparador e levando suas mãos até
o cós de suas calças, que no momento seguinte estavam no chão.
Emmett foi até o aparador e pegou uma camisinha que havia deixado ali.
Abriu o pacote e rolou o preservativo por toda a sua extensão, num gesto
profissional e rápido. Aproximou-se da cama e começou a bater uma
punheta lenta. Seus olhos percorriam todo o meu corpo, sem qualquer
cerimônia. Meus seios desciam e subiam em conjunto com minha
respiração agitada e eu sentia a parte interior das minhas coxas pegajosas,
pelo tesão que havia escorrido para lá.
Ele se deitou sobre mim, sua boca mais uma vez me tomando por inteiro –
meu pescoço, meu colo, meus seios – menos meus lábios. Senti seu pau
forçando minha entrada, notoriamente desproporcional ao meu tamanho e a
minha recém perdida virgindade.
Sua mão seguiu para minha fenda e seus dedos – dois? Três? - invadiram
meu corpo, movimentando-se sem a menor delicadeza, fechando-se e
literalmente arranhando meu músculo, que se contraía a cada nova
investida.
“Sim, Senhor”.
À essa altura eu estava com o lençol entre meus dedos e só queria sentir seu
pau me destruindo.
- Por favor... - Gemi. - Me come, eu... Eu não aguento mais... Por favor,
Senhor Emmett.
Gemi alto e mais uma vez Emmett começou a retirar. Cravei as unhas em
suas costas, puxando para as laterais, sem me importar se o estava
machucando ou não. Ele gemeu. Aparentemente, de prazer.
- Siiiiim...
- Isso, vadia... - Ele gemeu sem parar de rebolar sobre e dentro de mim. -
Goza gostoso no meu pau e grita meu nome.
Emmett soltou um tapa forte na lateral de minha coxa e sem maiores avisos
se desvencilhou de mim, sem que meu corpo tivesse acabado de se deliciar
com o orgasmo que ele havia me proporcionado. Foi até o aparador e pegou
algo que eu não consegui identificar.
- Fecha os olhos, Cindy.
Mais uma vez naquela noite obedeci às suas ordens – com um prazer quase
submisso . Senti sua mão – gelada? - subir por minha perna e parar em
minha entrada, afastando os lábios e deixando meu sexo exposto. Meu
corpo estremeceu ainda mais violentamente quando Emmett introduziu uma
pedra de gelo em minha fenda, a água derretendo em contato com meu sexo
que fervia.
Arqueei minhas costas e literalmente gritei. Porra, era tão, tão... Gostoso.
Não satisfeito, Emmett encostou a boca e começou a me lamber e sugar e
morder, de acordo com sua vontade. Pela terceira vez naquela noite eu
gozei, um orgasmo forte e corrosivo.
- Não, Senhor.
- Então sente o gosto divino que uma boceta exala, Cindy. A sua então... É
magnífica.
Ele invadiu minha boca e o gosto me preencheu por inteiro. Aquele simples
gesto me fez quase gozar novamente, uma outra enxurrada descendo por
meu sexo.
Ainda dominando meus lábios, Emmett voltou a me penetrar. Novamente
várias estocadas fortes e profundas, seu pau tocando um ponto longínquo
dentro do meu corpo.
- Caralho, Cindy...
Mas uma pergunta não parava de ecoar em minha mente após aquele
comentário singular: eu poderia escolher? E mais... Se pudesse... Quem eu
escolheria?
Edward? Edward?!?!
- Pois nã...?
No mesmo instante me perguntei como era possível uma pessoa ser tão
volúvel e instável... Pouco tempo atrás eu literalmente implorava por
Emmett, como se ele fosse algum tipo de remédio essencial para manter
minha sanidade, como se nada pudesse ser melhor do que ele preenchendo
meu corpo. E agora aqui estava eu, completamente enlouquecida por esse
homem de pegada firme e decidida.
Minhas mãos se agarraram aos seus cabelos. Edward desceu a boca por
meu pescoço, alcançando com os dentes meu bico enrijecido e eu gemi
baixo. Com um leve tapa em minha coxa direita entendi o recado e me
lancei em sua cintura.
- Eu vou fazer você gozar gritando meu nome, Cindy... Para todos dessa
casa ouvirem, inclusive Emmett.
Não percebi em que momento Edward abriu o zíper de suas calças. Nem
em que momento ele abriu completamente meu roupão, enquanto
pressionava a parte de cima do meu corpo contra a parede. Só me dei conta
que isso tudo havia acontecido quando seu pau quente e duro me penetrou
de uma única vez, profundamente.
Seus olhos estavam fixos nos meus. Ele segurou com força minha cintura e
começou a entrar e – quase - sair vagarosamente. Sua respiração estava
ofegante, seus olhos faiscavam e seus movimentos precisos e calculados
estavam me deixando totalmente maluca. Quando ele abocanhou mais uma
vez um de meus seios, deixei que minha cabeça caísse para trás, um baque
surdo contra a parede.
- Você. – Ah, porra, ele era. Naquele momento ele era tudo o que quisesse,
era um Deus, o dono do universo, o caralho a quatro.
Edward segurou meu cabelo e puxou minha cabeça para trás, minha boca se
abrindo parcialmente. Colou os lábios aos meus e estocou com tanta força
que posso jurar que vi estrelas.
Ele soltou meu cabelo e seus dedos meticulosos seguiram para meu
clitóris, massageando-o num ritmo maestral. A outra mão também soltou
minha cintura, meu corpo agora ficando preso apenas pelo dele, e seguiu
para o espaço entre minhas nádegas, um dedo invadindo meu corpo sem
qualquer cerimônia.
Eu tremia desde as pálpebras até o dedão do meu pé. Foi um orgasmo tão
intenso que, por um segundo, meus sentidos ficaram interrompidos – eu
não ouvia som algum, tudo ficou turvo, minhas extremidades ficaram
dormentes.
- Engole tudo.
A ordem saiu baixa e quase tardia. Antes que ele terminasse de falar, seu
gozo quente e ligeiramente salgado me preencheu, e tenho certeza que
mesmo se ele não tivesse mandado, eu teria sugado até a última gota.
- Quer dizer que Edward voltou para acabar o que havia começado? - Ele
falou sem se virar, enquanto fechava a garrafa de Golden Label e voltava a
colocá-la na bandeja. - Típico de meu irmão.
- Sabe, Cindy... - Ele levou o copo à boca e, como da outra vez, bebeu todo
o conteúdo de uma única vez. - Eu ouvi você berrando o nome dele.
“Sim, claro que ouviu. Mas sabe o quê? Não era eu, eu estava possuída
por algum tipo de pomba-gira com estado hormonal avariado.”
Ele se virou para mim. Sua face era um misto de raiva e ironia.
Sabe aqueles dias em que você acorda e tudo o que aconteceu na noite
anterior parece um sonho, de tão surreal e improvável? Pois é.
Abri os olhos. O quarto era mesmo da noite anterior, mas agora, com a
claridade que conseguia entrar através de uma brecha da pesada cortina
black out, parecia completamente diferente. Parei um segundo e prestei
atenção em como eu estava me sentindo.
Minha cabeça latejava levemente; minha boca tinha um gosto ligeiramente
amargo. E meu sexo ardia consideravelmente. Sim, claro. Era de se esperar.
Voltei a fechar os olhos e imediatamente várias cenas passaram pela minha
cabeça.
Limusine. Máscara. Emmett. Jasper Withlock. Carlisle Cullen. Edward.
Champagne. Emmett. Gelo. Edward. Corredor. Emmet. Possessão. Dor.
Prazer. Emmett. Emmett.
Voltei a abrir os olhos. Eu estava sozinha ali. Podia ouvir alguns pássaros
cantando – o lugar devia ser longe mesmo, não se ouvia mais pássaros
cantando nas grandes cidades . Me levantei, sem me preocupar em me
cobrir, e fui para o banheiro. Analisei meu corpo em frente ao espelho. Um
leve chupão no meu pescoço, que seria facilmente mascarado com um
pouco mais de maquiagem. Tomei um banho, sequei meu cabelo e saí.
Um bilhete estava sobre o aparados, agora repleto de garrafas vazias.
“Leve o tempo que quiser. Suas roupas estão no armário e o motorista está
a sua disposição, para levá-la de volta ao endereço que fornecer. Até
breve.
Emmett Cullen.”
“9 ligações perdidas”.
Eu não queria atender. Não ali. Não naquelas condições. Mas e se algo
tivesse acontecido com Billy? Eu jamais me perdoaria.
- A-alô.
Uma dor lancinante surgiu em meu peito. Eu não podia estar fazendo isso
com ele, não com Jacob, meu Jake, meu amigo.
"Shhh!”
- Ótimo. Cuidado, por favor. E diga que eu mandei lembranças, que assim
que eu voltar lhe farei uma visita.
- Está bem melhor, só um pouco melindroso. Mas não corre mais riscos.
Voltarei o mais breve possível, pode ficar tranquila.
- Ok. Leve o tempo que for necessário, as coisas aqui estão congeladas e
acho que esse quadro não será alterado tão cedo.
- Também, J.
Era eu ter literalmente sido seduzida pelo perigo, sem fazer a menor idéia
de onde ele iria me levar.
Havia acabado de sair e estava fechando a porta quando uma voz estranha
me chamou.
- Hey! Cindy!
Meu corpo pulou ligeiramente à surpresa. Virei-me e uma loira estava ali, a
mesma que eu vira na Espartacus, de vestido vermelho. Como era mesmo o
nome dela?
- Prazer, Tânya.
Tânya esticou a mão, onde um envelope negro contrastava com sua pele
branca, suas unhas pintadas de vermelho vivo. Segurei e ela soltou,
cruzando os braços. Respirei fundo e abri, rasgando a lateral.
Eu calculei mentalmente. Estava tão abismada que meu cérebro estava com
dificuldade até para constatar de imediato que dois acompanhantes, por
dois mil dólares cada um, somavam quatro mil dólares. Assenti em silêncio.
Preferi assim.
- Bom, então é isso. O motorista está lhe esperando. Apresse-se, por favor,
ele ainda tem que levar outras mulheres.
Tânya se levantou e ficou parada atrás da mesa. Percebi que ela aguardava
que eu a imitasse, e foi o que fiz, ao que ela estendeu a mão, mais uma vez,
e despediu-se friamente de mim. Pouco tempo depois eu estava sentada no
carro – dessa vez um Mercedes preto e discreto, na medida do possível –
rodando pela cidade, de volta para a realidade.
O táxi chegou, eu paguei a corrida, saltei e, quando vi, já havia passado por
toda a identificação de rotina e estava sentada no banco, de frente para o
vidro blindado, aguardando meu irmão. Ele não demorou. Logo estava
sentado à minha frente, o cabelo desgrenhado caindo sobre os olhos verdes
e opacos. Peguei o telefone e ele me imitou.
- Sim, ótima.
- Apesar de não conseguir entender onde você quer chegar com esse
interrogatório, Bella... - Sua voz saia fria e impassível. - Nós nos
conhecemos na faculdade. Eu era calouro e Edward estava acabando um
curso extensivo.
- Edward é um cara legal, ele não tem esse tipo de preconceito inútil.
Senti uma ruga se formar em minha testa. Mordi o lábio com força,
pesando se deveria continuar.
- Chase... Você acha que Edward pode ter matado essa mulher?
Ele suspirou fundo. Suas pálpebras se fecharam em fenda, escondendo
quase por completo seus olhos.
- Às vezes acho que sim. Depois tenho certeza que não. Edward é um cara
legal, não gostaria que tivesse sido ele. Mas pouco me importa. Só quero
sair daqui; quem vai ficar no meu lugar não me interessa, honestamente.
- Eu não sou idiota, Bella. Você citou Rosalie. Rosalie, da Espartacus. Puta
merda, você foi até lá, não é?
- Você tem alguma noção do risco que você correu? Jacob sabe disso?
Onde ele estava que não conseguiu te impedir? Você está proibida de voltar
lá, está ouvin...?
Nós dois paramos de falar, e foi a minha vez de engolir em seco. Senti o
olhar de Chase me analisando, tentando desesperadamente encontrar mais
alguma informação. Vi quando ele descia pelo meu rosto e alcançava meu
pescoço.
- Ah, eu estou vendo que você soube aproveitar perfeitamente bem seu
precioso tempo. - Um guarda havia se aproximado e parado atrás de Chase,
puxando o braço que não segurava o fone para trás.
- Adeus, Bella. E dê um alô para sua amiga Rose... Diga que meu pau está
morrendo de saudade dela.
Chase desligou o telefone com raiva e saiu carregado pelo guarda, sem
voltar o olhar nenhuma vez. Demorei até que conseguisse me mover e
colocar meu próprio telefone no gancho. Mas que porra! Eu era uma idiota
tapada, sem qualquer tipo de filtro, que deixava escapar tudo e mais um
pouco pela minha boca grande... E Chase era um grosso inveterado, sem
um pingo de educação ou paciência.
Merda.
Saí dali, decidida a voltar no dia seguinte. Não me sentia bem em ficar
brigado com Chase, ele naquela situação terrível, mil coisa ruins
preenchendo o tempo vago e ocioso em sua mente. Sem conhecer mais
ninguém na cidade e com meu corpo completamente exaurido, decidi que a
melhor coisa que eu tinha a fazer no momento era dormir.
Fui para o quarto, tomei mais um banho – era a melhor forma de tentar
fazer meus músculos relaxarem – e deitei.
A noite chegou rápida. Eu não podia mentir que estava ansiosa; meu
coração batia mais rápido que o normal e minhas mãos suavam. Fui
recebida por um Steven ansioso e por uma Rosalie sedenta por notícias e
detalhes sórdidos. Depois do esperado interrogatório, finalmente consegui
descer para me aprontar, e para minha surpresa eu havia ganhado o
direito a um camarim individual e do mesmo tamanho – ou maior – que o
de Rose.
Steven disse e saiu. Emmett apoiou o copo sobre a mesa de centro baixa e
veio em minha direção, o sorriso agora amplo e radiante.
Edward deu um passo à frente, e antes que eu sequer piscasse suas mãos
invadiram meu roube, seguraram meus seios sobre meu soutien, e sua
língua penetrou minha boca, encontrando a minha. Fechei os olhos, um
gemido rouco ecoando de minha garganta. Então senti Emmett agachando-
se atrás de mim, suas mãos descendo pelo meu corpo e pairando em
minhas coxas, sua respiração quente posicionando-se estrategicamente
entre os músculos de minhas pernas.
http://www.youtube.com/watch?v=94RNp7veIJE&ob=av2n
You...
Your Sex is on fire
You...
Your sex is on fire
Consumed Were the words to transpire
Hot as a fever
Rattling bones
I could just taste it (taste it)
But it's not forever
But it's Just tonight
Oh, we're still the greatest (the greatest, the greatest)
You...
Your sex is on fire...
You...
Your sex is on fire
Consumed Were the words to transpire"
What a Fuck? Dessa vez eu iria morrer, fato. Nenhuma mortal poderia ser
comida por esses dois gostosos e continuar vivendo, seria injustiça demais
com as outras.
Senti segurarem minha mão e me guiarem até o sofá. Perdi meu soutien no
caminho e, quando me deitei, de barriga para baixo, minhas calcinhas
foram rapidamente retiradas, um par de mãos apertando os músculos de
minhas pernas enquanto realizava o trabalho com eficiência. As quatro
mãos percorriam meu corpo, massageando minha carne deliciosamente, as
bocas deixando diversos rastros de saliva em minha pele.
Então, de repente, as quatro tornaram-se apenas duas. Virei a cabeça de
lado e vi que era Edward quem permanecia junto a mim, sentado no sofá.
Ele segurou com força minha cintura e ergueu meu corpo, me deixando de
quatro, seu rosto encontrando mais uma vez meu sexo, sua boca limpando
todo o gozo que Emmett havia deixado ali.
- Morde meu pau com essa boquinha apertada, Cindy... Igual sua
bocetinha encharcada está fazendo com o pau do Edward.
- Chupa aqui, agora... Prova o gosto do teu próprio tesão e sente que
delícia...
O pau dele estava entre meus lábios então, minha língua massageando sua
carne, o gosto ligeiramente salgado do meu próprio gozo me fazendo ficar
ainda mais molhada. Fiquei de joelhos e minha mão livre seguiu para o
pau de Emmett, massageando suas bolas e voltando a subir, da base a
ponta.
Não sei por quanto tempo fiquei daquela forma, alternando minha boca de
um para outro, tentando em vão decidir qual dos dois era mais gostoso,
mais saboroso... Só sei que chegou um momento em que minha boceta
gritava, indagando-se por que diabos minha boca estava se satisfazendo
com dois enquanto ela literalmente aguava, sem participar.
- Ah, porra... - Gemi, começando a rebolar assim que meu corpo havia
escondido totalmente Emmett dentro de mim.
As mãos dele seguraram minha cintura e seu quadril começou a vir de
encontro ao meu, seu pau se enterrando tão fundo que me fazia ver
estrelas. Ele voltou a cair no sofá, e foi a minha vez de me mover,
literalmente cavalgando sobre ele, meus seios na altura de seu rosto, sua
língua circundando minha auréola e seus dentes mordiscando meus
mamilos. Eu podia sentir o orgasmo se aproximando, um espasmo
demorado começando a se formar.
Quando estava me entregando à essa sensação, um gemido emergiu de
minha garganta, alto, forte e demorado. Edward havia se juntado a nós,
seu pau ciumento procurando um modo de se satisfazer, afundando-se em
meu corpo. Quase desmaiei no momento em que senti Emmett me comendo
pela frente enquanto Edward tratava de me arrombar por trás.
Segurei meu cabelo com força e deixei que um novo gemido rolasse, ainda
mais alto, ainda mais longo, ainda mais intenso.
Abri meus olhos e o ventilador de teto rodava lentamente, servindo mais
para espantar eventuais mosquitos do que para amenizar o calor. Tanto
fazia, na verdade. No estado em que eu havia acordado, duplamente
encharcada e acabada, nem mesmo se eu estivesse no pólo norte faria
alguma diferença.
Na verdade, uma marcha de pingüins Imperadores poderia invadir meu
quarto e acabariam morrendo desidratados.
Chase tinha razão. Eu não devia ter me envolvido com os Cullen. Esse era
um caminho sem volta, viciante e arrebatador. Algo me dizia que eles
preencheriam os meus sonhos durante muito tempo. E eu não sabia se devia
rezar para que acabasse, ou se implorava para que aqueles momentos – tão
perfeitos e reais – nunca tivessem fim.
Eu só tinha certeza que era perfeito e prazeroso, e que eu ia aproveitar
enquanto não encontrava uma solução.
- Rá, bobinha... Isso eles sabem que você vai. Eles queriam saber do
depois...
Minha língua passeou por meus lábios, meus dentes prendendo o lábio
inferior em seguida, entregando meu nervosismo.
Fui para o closet ver que roupas Steven havia colocado ali e escolher a que
eu vestiria naquela noite.
- Ah, nem pensar! Pode ir desembuchando, Senhorita! Ele foi gentil? Tem
pegada? Ele parece ser um verdadeiro garanhão e...
- Sim, eles tem pegada, Rosalie! - Falei, numa tentativa de fazê-la parar.
Parei com a calça jeans apenas em uma das pernas. Que silêncio repentino
era aquele?
- Na minha vez foi só Emmett quem me iniciou. - Ela disse, a voz baixa e
sem vida. Então voltou a focalizar o olhar em mim, e todo o brilho de antes
havia desaparecido. - Eu não sabia no que estava me metendo... Só sabia
que era mais do que eu havia esperado, quando comecei nessa vida. Depois
de um tempo a gente se acostuma com os cinquentões fugidos da mulher,
ligeiramente barrigudos e com os dentes amarelados de nicotina. Não com
um Emmett Cullen, com toda aquela ostentação de carros, belos relógios,
roupas sob medida, perfumes importados... E lindo. Claro que eu me
apaixonei. E não me atormento por isso, ele é muito mais do que eu jamais
idealizei para mim.
Engoli em seco. Mal dava para acreditar que eu estava num camarim meu,
de calcinhas, a roupa de minha próxima apresentação entre meus dedos,
ouvindo minha nova amiga confessar, morrendo de ciúmes, que é
apaixonada pelo homem com quem eu passei a maior parte da noite
anterior. E, não podia esquecer, havia feito eu gozar como louca. Diversas
vezes.
- Rose... Você mesmo me disse que devemos ter cuidado com os Cullen...
Tenta exorcizar esse sentimento, isso não vai acabar bem.
Ela suspirou.
- Você gostou, não foi? Eles – Emmett, pelo menos – te proporcionaram
um prazer que você até então julgava ser impossível, não é mesmo?
- Então tenta você exorcixar esse sentimento... E daí você me ensina como
se faz.
Ela soltou essa frase de efeito e saiu, me deixando ali, seminua e com dor
na consciência. Mas porra...! O que ela queria que eu fizesse?
Primeiro, eu não fazia idéia de que ela era apaixonada por Emmett Cullen,
e segundo... Eu lá podia escolher ou dizer não?
Bom, não tinha nada que eu pudesse fazer agora, e além do mais, essa
descoberta repentina de nada adiantaria. Porque meu objetivo ali era muito
maior do que descobrir prazeres inimagináveis ou ganhar em um dia mais
do que seis meses de trabalho árduo na lanchonete em Forks. Meu objetivo
era inocentar Chase. Meu irmão.
Mudei de roupa e me maquiei, passando uma sombra escura em minhas
pálpebras, o verde natural dos meus olhos ficando extremamente realçado.
Saí assim que fiquei pronta – não sem antes tomar uma taça de Prosseco .
Steven já havia me informado de que eu iria antes de Rosalie naquela noite.
Não podia negar que estava super ansiosa. Não saber o que me esperaria
após minha apresentação, que tipo de homem eu teria que encontrar... Podia
sentir meu estômago se contraindo. Puxei ligeiramente meu espartilho
tomara-que-caia, inspirei o ar profundamente e enfim saí do camarim, meus
pé direito tocando o primeiro degrau pouco tempo depois.
http://www.youtube.com/watch?v=nznUhE9wKjU
Yea 1993 Check this freaky style I was born with
music...
sex me
come on come on come on come on
Sex me, baby baby sex me (sex me baby) sex me sex me baby sex me.
Chorus
Sex me, baby baby sex me (sex me baby) sex me sex me baby sex me.
Bridge:
umm..let me kiss you in the right place,
so I can see sex me baby
written on your face,
Slow baby slow baby steady as we go.
Up and down to a sixty-nine tempo.
yeah turn your body parts around
and let me hear you make a
ooh-ah sound.
Cause I'm your lover man.
So call your other man and say you
found another man.
Segurei o ferro gelado com minha mão direita e afastei meu corpo, meu
braço ficando esticado. Eu rebolava sensualmente, meu lábio inferior entre
meus dentes, meus olhos buscando avidamente pela platéia o que eu queria.
Quem eu queria. Não precisei procurar muito. Estavam no lugar de sempre,
os dois, no reservado cercado por seguranças, diversas mulheres em volta.
Imediatamente o sonho voltou a tona, minha mínima calcinha ficando
completamente encharcada.
Quando voltei a “subir” e olhei para Edward, não foi somente o seu olhar
que encontrei. Tânya também me encarava. Ela havia abraçado Edward
pelas costas, suas duas mãos enroscadas em sua cintura, numa clara
demonstração de intimidade. Meu coração literalmente pulsava em minha
garganta. Fechei meus olhos, rezando para manter meu corpo em sincronia
com a música que tocava. Imediatamente a imagem dele me invadiu, e
então o músculo entre minhas pernas começou a pulsar. Merda. Era só o
que faltava. Me virei de costas para a platéia – de costas para ele – e me
encostei na pole, minha bunda colada ao metal. Levei minha mão acima da
minha cabeça e me segurei no ferro, começando a rebolar lentamente,
aplausos e assovios ecoando da platéia.
Passei minha língua pelos meus lábios, meus olhos voltando a encará-lo,
dessa vez com desejo. Minha mão livre percorreu minha perna agachada,
passando pelo joelho e por minha coxa, parando muito próxima a minha
virilha. Edward passou a mão pelo cabelo ansiosamente, dando mais um
passo para frente, os braços de Tânya caindo abandonados e ficando para
trás. Não consegui conter outro sorriso, e agora eu tinha certeza de que ele
tinha visto. Assim que a música acabou eu me levantei. Um homem lindo –
loiro, alto e forte- me chamava na frente do palco. Fui até lá e me agachei
perto dele. - Duzentos dólares por um beijo, gostosa. - Ele disse, a voz
abafada pelo som ambiente da boate, que já havia voltado a tocar. Voltei a
olhar na direção do reservado. Edward olhava para nós. O homem estendeu
a mão e enfiou duas notas de cem dólares dobradas no meu decote. Eu me
inclinei, segurei seus cabelos e o beijei, sem nenhum pudor. Quando parei
para tomar fôlego, Edward não estava mais lá.
- Aquele homem que você beijou... Ele quer passar a noite inteira com
você! Era ele no celular!
- O primeiro mesmo.
- Não. - Edward entrou no camarim, sem bater – claro, ele nunca pedia
licença. - Ela vai comigo.
“Ele vai me matar”, foi a única coisa que consegui pensar quando os olhos
dele se estreitaram e apenas uma fenda faiscante de seus olhos verdes
permaneceram em contato com os meus próprios olhos. Ele olhou para
Steven e em menos de um segundo nós ficamos sozinho no camarim. O
único som da sala – além da música que tocava bem ao fundo – era o da
minha respiração pesada, o ar entrando e saindo do meu organismo com
expectativa. Edward atravessou vagarosamente o espaço entre nós e parou a
centímetros de mim.
- Você vai vir comigo... - Ele falou, seu hálito penetrando minha boca, os
lábios roçando nos meus. - Não porque você quer – e eu sei que você quer
– mas pura e simplesmente porque eu estou mandando. Entendeu?
- Então agora troca essa roupa de puta que você está usando... E me
encontra no meu carro. A maquiagem você pode deixar.
Ele soltou meus cabelos com violência, meu corpo estremecendo ao gesto,
e saiu.
“Eu vou enlouquecer você até você perder a cabeça, Edward. E então, já
era. Você por meu irmão... É uma troca justa”.
- Eu queria te pedir desculpas... Acho que fui meio ríspida com você mais
cedo, e você não tem culpa de nada.
Sim, ela havia realmente sido mais ríspida que o normal, mas eu havia
compreendido.
Assenti.
- Boa sorte... Espero que dê tudo certo. Pelo menos você vai juntar um
bom dinheiro.
- Entra, Cindy.
- Obrigada, Edgar...
http://www.youtube.com/watch?v=0bAekG9VwQc
Get up, Get up, Get up, Get up, let's make love tonight
Wake up, Wake up, Wake up, Wake up, 'cos you do it right
Baby I got sick this morning
A sea was storming inside of me
Baby I think I'm capsizing
The waves are rising and rising
And when I get that feeling
I want Sexual Healing
My baby ohhh
Come take control, just grab a hold
Of my body and mind
soon we'll be making it
Honey, oh we're feeling fine
You're my medicine open up and let me in
Darling, you're so great
I can't wait for you to operate
Get up get up get up get up
let´s make love tonight
wake up wake up wake up wake up
cause you do it right"
Aquela altura eu não conseguia mais raciocinar. Levei a taça até a boca e
de uma vez só engoli todo o líquido levemente amargo, numa tentativa de
fazer com que as borboletas que haviam se instalado em minha garganta
voltassem para meu estômago. Edward segurou meu copo vazio e colocou
na mesa, junto com o dele, quase intocado. Depois, voltou-se e inclinou-se
ligeiramente sobre mim, sua mão segurando minha nuca pela segunda vez
naquela noite, sua boca tocando minha orelha e fazendo meus olhos
revirarem atrás de minhas pálpebras fechadas.
- Eu vou fazer você se arrepender por ter me instigado esse noite, Cindy...
“Ah, porra... Você pode fazer o que quiser comigo, e eu serei feliz.”
Senti sua mão tocando minha coxa e subindo vagarosamente, levando meu
vestido no caminho. Me amaldiçoei quando um gemido escapou por entre
meus dentes, assim que seus dedos tocaram minha calcinha, meu corpo
escorregando simultaneamente pelo banco para lhe dar passagem.
http://www.youtube.com/watch?v=PTFwQP86BRs&ob=av2n
You let me violate you
you let me desecrate you
you let me penetrate you
you let me complicate you
Help me
I broke apart my insides
(Help me)
I've got no soul to sell
(Help me)
The only thing that works for me
Help me get away from myself
(Help me)
Tear down my reason
(Help me)
It's your sex I can smell
(Help me)
You make me perfect
Help me become somebody else
Esse foi seu último sussurro, antes de enterrar sua cabeça entre minhas
pernas e sua língua me invadir, com fúria. Arqueei minhas costas e minhas
mãos se fecharam sobre o banco de couro, buscando em vão algo em que se
segurar.
-Oh, fuck...
- Isso, Cindy... - Ele falava e gemia, sua língua entrando e saindo de meu
sexo, minhas mãos agarrando meus cabelos, insanamente.
- Sente que eu faço com você... Sente a maneira como você treme em
minha boca...
- Isso, Cindy... - Ele havia subido por meu tronco, e sua boca estava a
milímetros da minha, seus lábios roçando os meus enquanto falava. - Sente
o que eu faço com você. E farei a noite inteira, para você não esquecer
novamente.
Não preciso nem dizer que eu gozei assim que ele acabou de falar isso, e
somente em imaginar tudo o que ainda aconteceria o espasmo se tornava
cada vez maior.
Meu corpo amoleceu aos poucos sobre a mão dele, seus dedos
abandonando o meu lentamente, meu músculo se fechando assim que ele se
desvencilhava de mim. Mordi meu lábio inferior, uma mecha de meu
cabelo firmemente entre meus dedos, meu couro cabeludo levemente
dormente.
Ele movimentou meu quadril e rebolei sobre seu corpo. Minhas mãos
estavam espalmadas sobre seu peito, e eu podia sentir perfeitamente seus
músculos contraídos. Olhei para o lado de relance, e a imagem das pessoas
na rua, olhando para aquele carro imponente, curiosamente tentando nos
enxergar, era completamente excitante. Uma enxurrada desceu por minhas
pernas.
Num impulso, minhas mãos apertaram sua bunda, trazendo seu quadril
para mais junto de mim, ao mesmo tempo em que minhas pernas
enlaçavam sua cintura, deixando o caminho completamente livre para ele
fazer comigo o que acabara de prometer. Seu rosto aproximou-se do meu e
sua língua afastou meus lábios, invadindo minha boca. Seu quadril
movimentava-se contra o meu, seu pau massageando meu músculo pulsante
enquanto ele rebolava sensualmente sobre mim. Então o carro parou.
Edward levantou o rosto e eu o segui, sem gostar de sentir sua língua me
abandonando.
- Chegamos, Sr. Edward. A voz de Edgar ressoou pelo carro. Ele suspirou e
me olhou.
- Ed... Edward?
Já fazia alguns minutos que eu não o escutava se mexer. Podia sentir sua
presença ali – ouvi quando ele acendeu o cigarro e podia ouvir as tragadas
esparsas e profundas, bem como o cheiro da fumaça espalhando-se pelo
ambiente.
- Você se comportou muito mal essa noite, Cindy. – Ele falou, na beira da
cama, no lado oposto à minha cabeça.
- Me... Me desculpe.
- Vou explicar mais uma vez, e será a última. Você fala quando eu mandar.
Balance a cabeça positivamente, se entendeu o que eu disse.
Assenti silenciosamente.
- Ótimo.
“Eu vou morrer.” – Pensei. – “Vou morrer e ninguém sabe onde eu estou.
E a única coisa em que eu consigo pensar é que vou enlouquecer de tesão
se ele continuar a me tratar dessa forma”
- Eu vou fazer você chegar no seu limite hoje, Cindy. Fazer você implorar
para que eu coma você.
Senti algo tocar os dedos dos meus pés. Um arrepio percorreu todo o meu
corpo no mesmo instante. Tentei distinguir o que era – o toque era suave e
macio sobre minha pele. Quando a sensação agradável começou a subir por
meu tornozelo, meu cérebro identificou o apetrecho como uma pena, ou
algo como uma leve pluma.
Canela. Joelho. Parte inferior da minha coxa direita. Puta que pariu.
A pluma – ou o que quer que fosse – afastou-se de mim. Eu não sentia seu
toque em parte alguma de minha pele. Deixei meu quadril voltar a cair
sobre o colchão. Meu peito subia e descia aceleradamente, meu coração
audível a cada pancada que dava contra minhas costelas.
- Eu queria que você pudesse ver essa cena.... – A voz soou ao meu lado
direito, o sotaque britânico carregado. – Você está tão molhada que eu estou
quase gozando só de olhar para você. Fico imaginado a maravilha que será
quando meu pau se enterrar em você, vagarosamente.
As mãos firmes de Edward tocaram meus pés. Senti minha pele queimar
ligeiramente, uma sensação perfeita e deliciosa. O toque dele corria sobre
meu corpo sem qualquer atrito. Um cheiro levemente amadeirado tomou
conta do ambiente. Um óleo. Era isso. As mãos apertavam minha carne,
espalhando o óleo quente sobre minha pele, esquentando mais e mais meu
corpo, subindo vagarosamente.
Porra. Eu ia enfartar. Minha vontade era abrir a boca e pedir, implorar que
ele me comesse. Eu havia me comportado mal, havia sido uma menina má,
e ele podia me punir o quanto quisesse por isso. Mas eu não podia falar.
Edward não havia permitido, não ainda.
http://www.youtube.com/watch?v=Btb5gOC2xYk&ob=av2e
MUSICA - Criminal - Fiona Apple
- É assim que você gosta, hum...? - Sua língua passou por minha pele, da
virilha até o umbigo, e voltou para meu clitóris. Pressionou o local em
círculos. Eu puxei meus braços, o aço das algemas – antes frio – estava
morno, devido à fricção com minha pele.
Merda de venda. Ele subiu sobre mim. Meu corpo nú ficou entre suas
pernas, que também estavam nuas, aparentemente. Pele contra pele. Tremi
em expectativa. Edward abocanhou meus seios, alternando de um para o
outro, enquanto suas mãos seguiram para um de meus pulsos e abriram uma
das algemas que me prendiam.
.
Então eu não sentia mais seu corpo sobre o meu; apenas suas pernas ao
meu redor. Ele segurou minha mão e me guiou, e eu fui tateando às escuras,
até que meus dedos envolveram seu membro, duro, grosso e pulsante.
Salivei.
- Chupa meu pau, Cindy.
Beijei suavemente a ponta, e posso jurar que ouvi Edward arfar à esse meu
gesto. Sua mão segurou meu cabelo com força, me puxando para mais perto
dele. Passeei com minha língua por toda a cabeça, demorando-me
propositalmente em sua fenda, sugando algumas gotas de seu tesão que
teimavam em sair.
Ele enfiou seu pau sem nenhum cuidado, a carne macia alcançando a
parede de minha garganta.
Senti seu membro contrair-se sobre minha língua. Edward retirou antes que
fosse tarde demais e eu lambi os lábios, sorvendo todo o sabor que emanara
dele. Delicioso. Sem falar nada, ele abriu minha outra algema.
Caí deitada na cama, o corpo dele sobre o meu, seu pau me invadindo no
momento seguinte, totalmente lá dentro, na primeira estocada. Edward
enterrou seu rosto na curva de meu ombro, seus dentes enterrando-se em
minha carne. Sua mão buscou a minha e nossos dedos entrelaçaram-se, a
cama balançando de acordo com que nossos corpos se moviam.
Como não podia ser diferente, obedeci. Minhas mãos seguiram para suas
costas e cravei minhas unhas em sua pele. O orgasmo que se seguiu foi tão
violento que eu berrei – alto e demoradamente – exorcizando todo o tesão
acumulado dentro de mim. Edward desaguou seu desejo em meu corpo
quase simultaneamente.
- Hum. E onde você está? Estava tentando falar com você e chamava até
cair na caixa postal.
- Eu... Eu saí com uns amigos. – Edward saiu do banheiro e foi para o
outro lado do quarto, acendendo um cigarro e sentando-se na beira da cama,
de costas para mim, em seguida. – Não estou podendo falar agora... Mas te
ligo amanhã, ok? Eu prometo.
- Bella, mas que amigos são esses, quem é esse homem que passou o
telefone pra voc...?
- Chase está péssimo. Não poderia ser de outra forma, naquele lugar
terrível, preso por um crime hediondo que não cometeu.
- Como você tem certeza de que ele está preso por um crime que não
cometeu?
Ah, isso. Era isso que ele queria saber. Mas que diabos! Como assim “como
eu tenho certeza”? Eu tenho certeza porque conheço Chase melhor do que
qualquer pessoa em toda a porra do universo, por isso é que eu tenho
certeza! Porque eu sei que ele é uma pessoa boa e amorosa, o melhor irmão
mais velho que qualquer garota sonharia em ter, e que exatamente por isso
ele jamais teria coragem de maltratar uma jovem, quase da mesma idade
que eu.
- Foi ele quem te mandou? Foi Chase quem teve essa idéia ridícula e
fadada ao fracasso de te enviar para me espionar?
- Cuidado com as coisas que você diz, Isabella. - O olhar dele voltou a me
atingir, frio e cortante. - Você realmente acha que fui eu? Que fui eu quem
estuprou e matou a doce e desprotegida Molly?
Eu o encarei, sem saber o que responder mais uma vez naquela noite. Pois
a verdade é que eu me envolvera naquela loucura toda para encontrar o tal
de Edward Cullen... O homem poderoso, severo e misterioso que poderia
estar por trás de toda essa história escabrosa; que poderia ser o verdadeiro
culpado e que livraria meu único e amado irmão da fúria implacável da
justiça californiana. E realmente esse foi o homem que eu conheci.
Edward de fato era poderoso – com apenas um olhar ele fazia com que as
pessoas se sentissem mortais indefesos e comuns. Ele também era severo, e
isso ficou provado pelo modo rude e seco com que ele me tratou na vez em
que liguei para ele, ou como tratou o homem que me interceptara quando eu
voltava para casa, depois de ter encontrado com meu amigo, José Cuervo.
E misterioso... Bom, isso não precisava sequer entrar e pauta. O mistério
era uma característica intrínseca de Edward; fazia parte de sua
personalidade, como a falta de direção fazia da minha.
A verdade é que todos esses fatores faziam dele um homem literalmente
irresistível. Como se um imã sugasse as mulheres para perto, e ainda que o
radar interno de todas berrasse que ele poderia ser perigoso, era
praticamente impossível evitar que o inevitável acabasse acontecendo. E o
inevitável era: minha emoção havia perdido a batalha com a minha razão, e
eu estava terminantemente apaixonada por aquele homem. E, exatamente
por isso, ainda que eu conhecesse de cor as probabilidades e quisesse
veementemente acreditar que Edward era o verdadeiro culpado... Eu não
conseguia.
Eu senti que ele queria dizer mais alguma coisa, mas desistiu. Ao invés
disso, sua boca se abriu e ele devorou a minha, sua língua lascíva e cheia de
desejo me devastando por inteiro, num verdadeiro duelo, onde nenhum de
nós queria perder ou ganhar: apenas continuar dançando simultaneamente,
num ritmo preciso e voraz.
- Edward... - Gemi, enquanto ele segurava meus tornozelos, um com cada
mão, e me puxava para a beira da cama, para perto de seu corpo.
- Hum...?
Minhas mãos seguravam com força seus cabelos, mantendo o rosto dele
junto ao meu. Ele abriu os olhos e a imensidão verde esmeralda pareceu me
engolir, acabando de vez com qualquer sanidade que ainda pudesse existir
em meu organismo.
- Eu preciso ir...
Sem se importar com o que eu acabara de falar, mais uma vez suas mãos
seguiram para os meus tornozelos, me virando e me deixando de quatro
sobre os lençóis emaranhados. Segurando com força minha cintura ele
aproximou-se de mim. Sua mão seguiu para meu cabelo, segurando-o num
rabo, esticando minhas costas e, dessa forma, deixando meu quadril
completamente empinado em sua direção, para o seu belo prazer.
E eu tinha certeza que ele saberia exatamente como aproveitar. Seu pau
enterrou-se em mim, lenta e torturantemente.
Sim, sim porra. Eu estava molhada e não havia como ser diferente.
- Eu vou torturar você... Até você perder os sentidos, Bella.
Fechei os olhos e deixei que meu pescoço caísse, minha cabeça encostando
no colchão, meu quadril ficando ainda mais empinado na direção de
Edward e literalmente partindo seu pau ao meio.
- Meu cacete arrombando você... Seu tesão escorrendo pelas suas pernas,
entregando o quanto você está completamente maluca por mim.
- Ohhh, gosh.
- Responde, cachorra.
Meu corpo lançou-se para frente num impulso, com certeza fruto do
nervoso que eu sentia. As mãos de Edward me seguraram com força e me
puxaram para perto dele, e eu literalmente cai sentada em seu colo, meu
corpo envolvendo todo o seu membro, meu músculo virgem recebendo
aquela intensidade de uma única vez.
Momentos depois ele cumpriu a promessa, e seu jorro quente invadiu meu
corpo, devastando pela primeira vez aquela parte até então intocada de
meu organismo Eu me desvencilhei dele vagarosamente, meu corpo caindo
sobre o colchão, suado, cansado, exaurido. Edward levantou-se e parou ao
meu lado. Pegou meu pulso e, antes que eu pudesse relutar, me prendeu
novamente à cabeceira da cama.
Ele apagou as luzes e foi para o banheiro, deixando apenas meu corpo
suado reluzindo a sombra das velas, quase apagadas aquela altura.
“Mas que porra?!..." Tentei puxar o braço, que estava preso. Nada. Ele
havia realmente prendido a algema. Olhei ao redor e não vi nada que se
parecesse com uma chave. Merda. Então meu celular recomeçou a tocar.
Fiquei parada enquanto esperava que a pessoa desistisse. Fiquei pensando
em quem seria: Alice ou Jacob? Ele parou e recomeçou. Mais duas vezes.
Ok, até casando eu me imaginei com ele. Mas e aí? É para isso que servem
os sonhos, ou não é? E em meu sonho ele estava simplesmente
deslumbrante. Estava todo vestido de branco – com um daqueles smoking´s
de caimento perfeito, você sabe – e, bem, ainda tinha aquele ar misterioso,
mas pelo seu olhar eu tinha absoluta certeza de que ele estava caidinho por
mim, tanto quanto eu estava por ele. A festa foi perfeita – e incrivelmente
Jacob estava lá, me desejando felicidades e todas aquelas coisas de praxe.
Mas eu não era nada burra – nem em sonho – e logo a imagem passou da
festa lotada para um quarto, onde as únicas pessoas presentes eram nós
dois. Edward e eu. Sozinhos.
“- Eu... Eu amo você." - Foi tudo o que consegui responder, e ainda assim
debilmente. Era tudo tão perfeito que chegava a ser sufocante. Então, como
é normal em sonhos, eu prestei atenção e vi que uma das mãos de Edward
estava em meu pescoço, apertando consideravelmente, enquanto a outra
jogava meus cabelos para o lado e deixava o espaço livre para que sua boca
grudasse na pele do meu pescoço.
Joguei meu rosto ainda mais para o lado, deixando espaço para que ele se
fartasse, para que literalmente fizesse comigo o que bem entendesse.
E era exatamente isso que ele estava disposto a fazer. Senti seus dentes
cravarem-se em minha clavícula, não tão forte que me fizessem gritar, mas
também não tão leves que não me deixassem marcada. Sua mão deixou
meus cabelos e ele apertou meu seio exposto, meu mamilo entre seus
dedos, um gemido baixo escapando por entre meus dentes. Mas então algo
despertou minha atenção. Eu sabia que nos sonhos era normal que certos
detalhes fossem incongruentes, e tal e coisa, e coisa e tal. Mas eu também
tinha certeza de que, algo que eu jamais confundiria, nem mesmo em
sonhos, era o cheiro perfeito que emanava dele. O cheiro inebriante e
almiscarado de perfume, misturado com suor e com tabaco, que eu poderia
distinguir facilmente a quilômetros de distância, sem nenhuma dificuldade.
Eu já havia sentido aquele odor agradável antes, mas não conseguia me
recordar de onde. Mas eu sabia que não era de Edward. Nã-hã. Então,
contra minha vontade – eu estava naquela fase em que sabia que era um
sonho, e exatamente por isso não queria acordar – eu abri os olhos.
Eu não posso dizer que fiquei exatamente surpresa quando percebi que não
era Edward que estava ali, afinal meu subconsciente já havia me preparado,
ainda que ineficazmente. Mas quando eu vi de relance o rosto escondido
entre a curva de meu ombro e meu pescoço, instintivamente comecei a me
debater. Em vão, claro. O homem era consideravelmente mais forte do que
eu, e ficou claro em questão de segundos que qualquer batalha que eu
pudesse iniciar já estava perdida, ainda mais com uma de minhas mãos
atadas. Então a realidade desabou em mim como uma avalanche. Aquele
cheiro. Aqueles cabelos cor de mel. Aquele era Jasper Whitlock. Eu me
debati com mais força, e no mesmo momento a mão que permanecia em
meu pescoço aumentou a pressão contra a minha carne, dificultando
entrada de oxigênio em meu organismo.
- Fica calminha, Cindy, e não irei te machucar... Pelo menos, não muito.
- Edward não está aqui agora. Somos só eu e você. Mas não creio que ele
vá se importar com isso, pode ter certeza. Nós já dividimos muitas putinhas
como você, essa não é nem de longe a primeira vez.
- Você sabe o que Edward me falou, Cindy? Ele grudou a boca em minha
orelha, sugando meu lóbulo e enfiando sua língua em meu ouvido, fazendo
um arrepio involuntário percorrer meu corpo aquele gesto.
Sua mão – finalmente – largou meu pescoço, seguindo para meus cabelos,
segurando-os cm tanta força que um gemido de dor escapou de minha
garganta, enquanto Jasper puxava minha cabeça para trás.
- Edward falou que você tem a boceta mais apertada que ele já comeu em
toda a porra da vida dele...
FLASHBACK ON .
- Então quer dizer que você vai sair com um milionário, único herdeiro da
maior indústria de Port Angels.
- Nem pensar. - Ela falou, dando de ombros. - Jasper não fala com o pai,
desde que o avô morreu e deixou em seu testamento que era para ele
assumir a presidência da indústria. Desde então nem mesmo ele utiliza o
sobrenome Whitlock.
- Parece que sim. Jasper me contou por alto, mas aparentemente o Sr.
Whitlock não tem o gênio mais fácil do mundo. Jasper disse que a mãe
sofreu uns bocados nas mãos dele, e que acabou morrendo por desgosto. -
Ela deu de ombros mais uma vez. - Por isso ele só usa o sobrenome do avô.
Diz que, já que o pai foi embora, quanto menos lembranças, melhor.
FLASHBACK OFF .
Fechei os olhos e agradeci por não sentir o líquido quente escorrer por
minhas pernas. Pelo menos aquele monstro havia se dado ao trabalho de
usar camisinha. Eu mordi o lábio inferior com força, enquanto sentia Jasper
deixando meu organismo. Ouvi enquanto ele se movimentava pelo quarto, e
deduzi que ele estivesse se vestindo. - Você realmente é deliciosa... Mas
espero que de uma outra vez você se solte mais. Apertei os olhos e ouvi a
porta bater. Girei de lado na cama, abraçando meu corpo com a mão que
estava livre, enquanto um soluço incontido escapou e lágrimas começaram
a rolar contra o travesseiro.
Eu havia sido estuprada pelo pai de Jasper, noivo de minha melhor amiga,
que estava me ajudando a livrar meu irmão da cadeia.
O barulho da porta se fechando não foi alto, porém meu sono era leve e eu
acordei, sobressaltada. Minha boca tinha um gosto salgado, fruto das
lágrimas que secaram ali. Eu havia chorado até apagar.
- Conseguiu descansar?
Ele ainda estava de costas para mim, e sorveu o conteúdo de uma só vez,
como costumava fazer, assim que acabou de fazer a pergunta. Eu não
respondi.
Estava com muito ódio dele. Vontade de mandá-lo para a puta que pariu.
Cínico. Me jogou nas mãos pegajosas daquele abutre e ainda tinha coragem
de me fazer uma pergunta dessas.
O meu silêncio chamou sua atenção e ele voltou-se para mim. Seus olhos
estreitaram-se e me analisaram, curiosos. Ele pousou o copo sobre o
aparador e aproximou-se. Sua mão segurou meu pulso, enquanto a outra
buscou a chave no bolso traseiro de sua calça e em seguida livrou-me da
algema.
Eu gemi de dor, a medida que abaixava meu braço. Antes que conseguisse
pousa-lo sobre o colchão, Edward segurou os dedos de minha mão de uma
forma delicada, pela primeira vez desde que eu o conhecera.
- Como isso aconteceu? - Ele olhava para o ferimento no meu pulso, que
tinha uma camada fina de sangue ressecado. Percebi que a pergunta era
retórica: ele questionava à si mesmo. - Quando eu te prendi... Seu pulso
estava normal. Não estava?
- Hey... Hey! - Ele deu a volta e parou na minha frente, segurando meus
braços logo abaixo de meus ombros, me impedindo de chegar até o
banheiro. - Eu te fiz uma pergunta.
Meu rosto permaneceu virado para o lado, durante um tempo que não sei
precisar quanto. Meus cabelos estavam sobre meus olhos, alguns fios
dentro de minha boca entreaberta, e em minha língua eu podia sentir o
gosto de sangue.
Lentamente voltei a olhar para ele. Sua figura estava estática, e a expressão,
impassível. Era impossível detectar a quantidade de raiva que ainda
armazenava, ou se por algum milagre ele tinha se arrependido do que
acabara de fazer. Sua mão soltou meu pulso, finalmente. Eu permaneci
parada, encarando-o, e engoli em seco, sentindo o gosto do ferro escorregar
por minha garganta.
E. Cullen
- Senhorita Cindy?
- Cindy?
Acabei de passar o rímel, analisei o efeito e virei para ele, parado perto da
porta, com cara de tacho. Ele se aproximou e parou perto de mim.
Steven não se moveu. Percebi que ele estava receoso em negar algo ao
poderoso Cullen. Arqueei as sobrancelhas e cruzei os braços.
- Ok... Tudo bem, eu digo à ele. Acabe de se aprontar, Rosalie está quase
acabando... E a casa está lotada. Além de todos os Cullen estarem
presentes.
Ele saiu. Encarei o espelho. Todos os Cullen? Isso devia significar Edward,
Emmett e o tal de Carlisle.
- Ah, por favor, Edward. Que parte do você nunca mais vai me tocar você
não entendeu?
- Não sei o quê? Onde estou me metendo? Do que você é capaz? Que não
tem mais volta? Sim, eu sei. Sei disso tudo. - Ele levantou levemente o
queixo. - Agora, por gentileza, eu tenho que acabar de me arrumar. Um
público sedento me espera, e a noite deve ser longa, se é que me entende.
Ele lançou um olhar para meu pulso. Então voltou a me encarar, passou a
mão nos cabelos, e saiu.
- O que aconteceu? O homem passou por mim como uma bala, de péssimo
humor...!
- Nada, Steven. Ele só não está num bom dia, acredito eu.
- Bom.. - Ele voltou a falar. - Rose já desceu do palco. É a sua vez. Vamos?
Abri os olhos e o vi. Diferentemente das outras vezes, ele estava sozinho.
Estava encostado no balcão do bar, com os braços cruzados no peito, e o
olhar em fenda cravado em mim. A cada movimento mais lascivo, os gritos
entusiasmados aumentavam. Eu não desviei o olhar do dele, e mesmo que
não conseguisse enxergar com perfeita nitidez, podia imaginar exatamente
o tom escuro de seus olhos, cheios de tesão.
Senti que a música estava no fim. Respirei fundo. O canto direito de meu
lábio arqueou-se, num sorriso malicioso, e Edward levantou o queixo, uma
ruga surgindo entre seus olhos, provavelmente sem entender o que aquilo
significava.
- Olá... - Falei, olhando diretamente para Carlisle. - Creio que não fomos
devidamente apresentados. Meu nome é Cindy.
Pode parecer loucura, mas seu maxilar estava trincado com tanta força, que
posso jurar que ouvi seus dentes rangerem.
- Sim? Você sabe onde estou. Claro que não, por que faria isso? Você não
está sendo racional. – Um silêncio prolongado se seguiu. – Não irei discutir
com você. Creio que você esteja invertendo as coisas. Eu não recebo
ordens. Eu mando. Depois nos falamos.
Então, tá. Nunca pensei que fosse andar em todos esses carros em toda a
minha vida. O carro era estilo esportivo, com apenas duas portas. Carlisle
abriu a porta do carona para mim e pouco tempo depois sentou-se no banco
do motorista. Sem falar nada, ligou o som e deu partida, saindo com o
carro, me levando para algum lugar que eu não fazia idéia de onde. Não foi
difícil perceber que ele era de poucas palavras. Apoiou um cotovelo na
porta, segurando a cabeça com a mão, enquanto olhava direta e
concentradamente para o caminho a sua frente.
- Cindy?
- Chegamos.
Olhei pelo vidro escuro. O carro realmente havia parado. Carlisle saiu do
carro e passou na frente do capô, parando ao meu lado e abrindo minha
porta, estendendo a mão para que eu descesse. Engoli em seco e senti
minhas bochechas arderem.
Ah, ok. Corando como uma adolescente que sai pela primeira vez com o
cara mais velho. Era só o que me faltava, realmente.
Segurei sua mão e desci do carro. Mal havia fechado a porta, Carlisle deu
um passo em minha direção.
Pega no susto, dei um passo para trás, sentindo o metal frio do Porsche
preto em meu quadril. As mãos de Carlisle pousaram no teto, me deixando
estrategicamente posicionada entre seus braços. Ele usava um cachecol
vermelho, jogado sobre os ombros de um sueter cinza. Mordi meu lábio
inferior e fechei meus punhos com força, para refrear a vontade quase
incontrolável de puxá-lo pelo acessório e trazê-lo para junto de meu corpo.
Seus olhos passeavam por meu corpo, sem manter-se por tempo demais em
nenhum ponto específico.
- E eu adoro isso em uma mulher. Sem sequer cogitar em me pedir
permissão, a mão de Carlisle apertou minha coxa e subiu para minha bunda,
cravando-se em minha carne naquele local. Um gemido involuntário
escapou de minha garganta e deixei que minha cabeça caísse em seu ombro.
Sem qualquer aviso Carlisle afastou-se de mim. Pela primeira vez consegui
analisar onde estávamos: era uma rua completamente tranquila, arborizada,
e visivelmente tratava-se de um bairro chique e tradicional. Haviam casas
lindas dos dois lados, e era difícil escolher qual a mais bonita e elegante.
Carlisle deu as costas, segurando a minha mão, e começou a andar em
direção a uma das casas, a qual o carro havia parado em frente ao jardim
bem tratado. Com um gesto breve de mão me deu passagem, e eu comecei a
subir as escadas que davam na porta na sua frente, sua mão pairando sobre
meu cóxi, como se quisesse me dar apoio.
O local era divinamente bem decorado, num estilo clássico. Havia apenas
uma luz indireta acesa, mas ela era fraca e servia apenas para dar um ar
quente e aconchegante ao local.
- Sabe o que eu quero, Cindy? - Estremeci com a surpresa de sua voz dentro
de meu ouvido, o lóbulo de minha orelha entre seus dentes.
- Não...
- Quero sentir meu pau completamente envolto nessa sua boca quente.
Minha boca não demorou para engolir quase toda a sua extensão, sua carne
tenra e macia enconstando na parede de minha garganta, quase me fazendo
sufocar. Senti seu pau estremecer suavemente em minha boca.
Por obra divina não mordi o pau de Carlisle, tamanho o susto que levei. Me
levantei em um impulso. Havia uma mulher, sentada em uma poltrona, no
canto mais escuro da imensa sala. Ela estava com as pernas cruzadas, e sua
expressão era suave. Os cabelos castanhos e ondulados estavam soltos
sobre os ombros.
- Cindy?
A voz de Carlisle me chamou e eu abri as pálpebras. Ele e a mulher
estavam parados muito próximos a mim. Ambos tinham um sorriso nos
lábios, emoldurando a face perfeita. Sim. A mulher era tão bonita quanto
ele.
- Quero ver se você consegue fazer Carlisle gozar tão gostoso como eu
faço, Cindy.
Ela olhou para ele, que sorriu, e mais uma vez eles começaram a se beijar.
Carlisle estava com os olhos abertos, fixos em mim. Sua mão seguiu para
meu seio, apertando no mesmo ritmo em que sua língua faminta devorava
Esme. Porra, porra, porra. Eu só me meto em confusão, já deixei isso claro?
Ok, uma confusão irritantemente excitante, mas ainda assim, uma puta de
uma confusão.
Olhei por sobre o ombro dele. Esme se tocava, por sobre a saia delicada que
usava. Tinha os olhos febris e o lábio entre os dentes. Carlisle mordeu meu
pescoço, e eu gemi. Alto. Num movimento brusco, ele me girou e colou
meu corpo contra a parede, meus seios achatados contra o concreto frio.
Sua mão hábil percorreu minha cintura e abriu minha calça, enquanto a
outra levantou meus pulsos acima de minha cabeça e os prendeu ali.
Ele puxou minha calça justa para baixo, e eu movi meu corpo para ajudar
sua descida. Com um puxão, Carlisle rasgou minha calcinha – uma Victoria
Secret rendada que eu havia comprado naquele mesmo dia.
Bom demais.
- Isso, Cindy... Morde meu pau... Deixei que minha cabeça pendesse para
trás, encostando em seu tórax de músculos perfeitos. A mão de Carlisle
havia largado meus pulsos e voltado a segurar minha cintura, permitindo
que ele chegasse ainda mais fundo e regulasse os movimentos como mais o
saciasse. Nossos gemidos eram cada vez mais altos, e não demorou muito
para que Esme se juntasse a nossa sinfonia. Pouco tempo depois eu e
Carlisle estremecemos quase simultaneamente, meu músculo abraçando o
dele com muito mais força.
Ele saiu de dentro de mim. Levantei minha calça – a calcinha era caso
perdido – e peguei minha blusa do chão, vestindo-a em seguida. Esme não
estava mais a vista. Carlisle também se ajeitava. Uma ruga surgiu entre seus
olhos e ele colocou a mão no bolso, retirando o celular que vibrava. Um
suspiro irritado saiu de suas narinas quando ele olhou o visor.
- Seu... filho?
- Sim... Edward.
Olhei para o aparelho. Edward era filho de Carlisle. Algo me dizia que eu
havia conseguido meu objetivo. Edward iria me matar, e seria uma morte
lenta.
Capítulo XI - Doce ilusão
POV de Edward
- Sim..Edward.
- Alô.
- Cindy?
Não sabia quão próximo Carlisle poderia estar dela, então achei melhor
manter as aparências, chamando-a pela nome fictício que criara.
-Hum...Sim?
- Está mais calma? Meu pai conseguiu apaziguar sua fúria implacável? Já
ouvi diversas histórias, parece que ele tem esse dom.
Minha voz soou fria e sem emoção. Engoli em seco e senti minha garganta
arder. Traguei profundamente o cigarro e segurei a fumaça.
- Oh, sim. Se bem que, tenho certeza, as histórias que o Senhor ouviu não
lhe fizeram jus. Carlisle é ... Espetacular.
- Bom saber disso. Saber que você está mais calma. Precisamos conversar.
Ela não havia mais me chamado de Senhor. Carlisle devia ter se afastado.
- Pode ficar tranquila Isabella. Eu não tocarei em você, nunca mais. Pelo
menos, não até você implorar pra que isso ocorra. E, ainda assim, pode ser
que não me convença.
Outro silêncio longo.
Ouvi a porta se abrir delicadamente - quem quer que fosse conhecia meu
gênio e não queria chamar mais atenção do que a estritamente necessária. A
fumaça penetrou nos meus pulmões - quente e reconfortante. Olhei para o
lado. A mulher - eu não sabia o nome dela - estava parada perto da porta, os
olhos fixos no chão.
- É a primeira vez que nos encontramos, então serei breve. Você fará o que
eu mandar e quando eu mandar. Isso ínclui tudo, inclusive falar, ou gemer.
E, desde o momento que você passou por essa porta, até o instante que você
deixar esse quarto, seu nome é Cindy. Entendido? Balance a cabeça, se a
resposta for sim.
A mulher movimentou a cabeça, de baixo para cima, afirmativamente.
Tentei sorrir para encoraja-lá, mas foi em vão. Meu pau continuava
latejando tão forte, que já estava começando a incomodar, de verdade.
Parecia que todo o sangue do meu corpo estava acumulado nele.
Virei de costas pra ela e voltei pra cama. O cigarro estava quase apagado à
essa altura - praticamente todo ele era cinzas. Traguei pela última vez e
deitei, o corpo parcialmente sentado, os travesseiros atrás de minhas costas.
Apertei os olhos, com força, lutando para manter a fantasia que se passava
em minha mente. Isabella levantou os olhos em minha direção, a bochecha
direita volumosa devido ao boquete perfeito que pagava.
- Hum... Edward.
Uma raiva repentina correu por minhas veias, como ácido. Apertei com
mais força a dona da voz, que gemeu, um gemido diferente, de dor. Puxei-a
para cima e ela percorreu meu corpo, o robe de seda deslizando facilmente
contra minha pele.
Ela beijava meu peito, com a boca entreaberta, e pude perceber que ela
estava gostando.
- Eu não mandei você fazer isso .
Girei nossos corpos e prendi seu corpo esguio sobre o meu. Minha mão
subiu sobre sua coxa, levantando o robe pelo caminho, e fiquei satisfeito ao
constatar que ela usava só aquilo. Quanto menos tempo eu gastasse ali,
melhor.
Minha mão segurou seu corpo e segurou meu membro. Cerrei os dentes
quando encontrei sua entrada, que estava completamente molhada, o tesão
lambuzando o músculo interior de suas coxas. Não precisei de muito
esforço para me concentrar e imaginar Isabella estendida perfeitamente
sobre o palco da Espartacus, completamente nua. Foi preciso menos esforço
ainda para imaginar meu corpo sobre o dela, que ansiava pelo meu, sua
respiração dificultada pelo meu peso.
- Deus... Ed...ward..
- Cala...A...Boca!
Minhas estocadas eram profundas e fortes. Segurei sua perna e levantei sua
coxa, que rapidamente envolveu minha cintura Minha mente voltou para
minha fantasia. Isabella se contorcia sobre mim e segurava meus cabelos,
ao mesmo tempo que havia arqueado as costas, aproveitando a posição que
suas pernas em minha cintura lhe concediam. Aceitei o espaço oferecido e,
segurando sua cintura firmemente,enterrei meu membro ainda mais fundo,
e ainda com mais força.
Enfiei a cabeça, enquanto segurava seu quadril. Seu prazer lubrificou ainda
mais meu pau, e eu tratei de espalhá-lo por toda sua extensão.
Aparentemente, a tortura foi demais. Num impulso, seu quadril moveu-se
para trás, chocando-se contra o meu e envolvendo todo meu membro,de
uma só vez. Um rosnado escapou de minha garganta, sem que eu
conseguisse conter, o que a incentivou a continuar, rebolando com desejo e
gemendo como se nada mais importasse.
Inclinei-me sobre ela e tapei sua boca. A imagem em minha mente era
perfeita demais, deliciosa demais e não queria que nada destruísse isso.
Minha outra mão segurou seus cabelos num rabo, puxando seu pescoço pra
trás, minha boca devorando seu pescoço com uma fúria quase animalesca.
- Ah, Bella!
Sem falar mais nada, entrei no banheiro, fechando a porta atrás de mim e
abrindo o chuveiro. Deixei que a água quente apaziguasse meus músculos,
ao mesmo tempo que abrandava o cheiro de sexo que meu corpo exalava.
Levei tempo suficiente para esclarecer minhas idéias e ter certeza de que
não me depararia com nenhuma surpresa desagradável quando voltasse
para o quarto.
- Boa noite. Preciso que você venha ao meu encontro amanhã. Sem falta.
POV DE BELLA
Eu estava tão exausta que tinha preguiça até de respirar. Estava deitada
sobre a pequena cama do quarto que, um dia, fora de Chase. A noite
anterior tinha sido uma verdadeira maratona: Carlisle era incansável e
insaciável, e agora entendo perfeitamente de onde vêm os genes de Edward
e Emmett.
Meu corpo parecia ter sido literalmente moído. Flashes da noite não
cansavam de passar pela minha cabeça. E ainda tinha a ansiedade, claro.
Desde que Edward havia me telefonado, um nervosismo constante havia
tomado conta de mim. Primeiro, porque eu não poderia imaginar que
Carlisle era pai de Edward.... Mas que porra, o homem devia dormir
submerso em formol.
“Ele pode pedir perdão. Dizer que se arrepende do que fez a Molly, e que
se arrepende por Chase estar preso injustamente, e que o amor que ele
começou a sentir por você o fez perceber que ele não consegue mais lidar
com tantas mentiras, e...”
Aff, Bella. Sério?
Tomei uma ducha rápida, troquei de roupa e saí. Fui até uma mega store
que havia no bairro. Precisava comprar um lap top, urgentemente. Precisava
me inteirar sobre as leis da Califórina; tentar encontrar alguma referência a
casos similares que tiveram bons veredictos. E, claro, não custaria nada
jogar o sobrenome Cullen no Google.
Não demorei quase nada. É impressionante como tudo é mais fácil quando
disponibilizamos de dinheiro vivo: os vendedores são gentis e solícitos, o
objeto de desejo é fácil de ser encontrado e em poucos minutos a venda está
concluída, com você saindo da loja feliz e satisfeita. Deixei a bolsa sobre a
mesa, tirei meu par de All Stars e abri a caixa. O vendedor havia me
indicado à deixar o computador portátil carregando por, pelo menos, seis
horas. Contudo, eu não poderia me dar ao luxo de esperar isso tudo.
Conectei o cabo e liguei na parede.
Nossa, o homem era tão perfeito... De verdade, eu senti revolta. Afinal, não
poderia ser permitido que alguém tivesse tudo: ser abundantemente rico,
estonteantemente belo, intimadoramente poderoso e, de bandeja, um
verdadeiro Deus do sexo.
Bem, eu estava errada. Edward Cullen era isso tudo, e não fazia a menor
questão de fingir o contrário. O celular vibrou sobre a mesa e me tirou de
meus devaneios.
- Ah, merda.
- Oi, Bells! Nossa, como é reconfortante ouvir sua voz, garota! Estou com
tanta saudades...
Um lado imenso meu queria voltar no tempo, para a manhã em que acordei
de ressaca, após a despedida de solteira de Alice. Queria estar em Forks,
sem nunca ter recebido o telefonema fatídico de Chase; continuar minha
faculdade, levando-a mais a sério, e quem sabe me entender com Jacob, no
fim das contas. Tentei ignorar a parte em que meu coração doía em pensar
que nunca teria conhecido Edward.
Ah, não. Merda! Minha respiração falhou. Jacob não podia estar aqui! Eu
tinha que me apresentar, mais tarde... Que desculpa eu usaria?
- Bella...?
Como anunciado, Jacob estava lá. Usava uma camisa de malha preta,
colada ao corpo definido, com uma jaqueta de couro preta. Tinha uma
mochila no ombro direito, enquanto segurava o celular ao ouvido com a
mão esquerda. Seu rosto estampava um sorriso tão imenso e radiante que
seria capaz de descongelar toda a Antártida, eu podia jurar.
E a única coisa que eu pensava era no alívio que sentia, por ele carregar
uma mochila pequena demais para alguém que pretende ficar muito tempo.
Eu havia me tornado um monstro. Eu ainda mantinha o celular no ouvido, e
sabia que minha boca devia estar aberta, tamanha minha incredulidade.
Jacob soltou a mochila no chão, guardou o aparelho no bolso, desligando na
minha cara – literalmente – e aproximou-se rapidamente, abraçando meu
corpo pela cintura e me levantando do chão. O calor que inundava dele me
invadiu no mesmo momento e aqueceu meu coração. Jake era tão quente,
tão querido!
Quando ele enfim me soltou, foi entrando e eu o segui. Fechei a porta e ele
jogou a mochila sobre a poltrona, virando-se para mim. - Você emagreceu...
– Ele disse, me analisando atentamente. – Continua linda, até mais bonita,
se isso é possível... Mas está mais magra. E parece cansada. Tem se
alimentado direito, Bella?
Cara, não pude evitar um sorriso. O homem estava passando por diversos
problemas, tinha viajado horas para me ver e ainda conseguia ser carinhoso,
mesmo após eu não tê-lo recebido como deveria.
Jacob segurou minha mão e espalmou-a sobre seu peito, seu tórax perfeito
sob a camisa.
- Eu amo você, Bells... Sei que você sabe disso... Mas não faz idéia de
quanto... Chega a me sufocar, eu juro...
- Jake...
- Eu sei, eu sei. Sei que você não está com cabeça para isso... Que você
tem outros problemas, muito maiores, com que se preocupar nesse
momento. Mas eu estou disposto a esperar, Bella. O tempo que for.
- Bella?
Eu não queria abrir os olhos. Sabia que eles me entregariam; que em pouco
tempo ficariam marejados, fruto da culpa que eu sentia, e não queria que
fosse dessa forma. - Bells, olha para mim.
- Ele é especial? – Era evidente que Jacob não queria ouvir uma resposta
positiva: o medo estava implícito em sua voz embargada.
- Jacob...
- Na- não. - A palavra não soou convincente nem aos meus próprios
ouvidos. - Não, ele não é.
Eu não queria mais mentir. Mas sabia que não poderia contar a verdade,
não totalmente.
- No meu emprego. - Jacob franziu o cenho. Eu não tinha dito que estava
trabalhando, ainda. - Estou trabalhando como garçonete em um bar, à noite.
Preciso me sustentar, de alguma forma. - Dei de ombros. - Eu o conheci lá,
eu estava me sentindo só, não pensei direito, eu...
Porra. Eu estava odiando aquele interrogatório. Afinal, Jacob não era nada
meu. Eu sei que ele era meu melhor amigo desde pequena, e que esteve ao
meu lado em todos os momentos - melhores e piores - da minha vida... Mas
nós não namorávamos, não mais! O que ele queria? Que eu tivesse
guardado minha virgindade para ele, que eu tinha essa obrigação, apenas
pela forte ligação que nós tivemos no passado?
- Não, não sempre. Mas não foi apenas uma vez. - Jacob soltou o ar com
força, e por um segundo pensei que ele fosse começar a chorar. - Só que
acabou. Não significou nada, e acabou. Ele passou a mão pelo rosto, e
depois pelos cabelos curtos. Voltou a encarar a janela.
- Desculpe minha reação... - A voz dele estava sem vida. - Eu não sou um
moleque... Sei que não posso te cobrar absolutamente nada, que não temos
nenhum tipo de compromisso, e que eu mesmo estava com outra pessoa...
Mas é que a gente não pode mandar nos sentimentos, né? Queria eu que
fosse diferente, pode ter certeza disso.
Meu peito doeu. Eu estava tão sozinha, com tantos problemas... Sei que é
egoísmo, mas ouvir Jacob dizer que queria que fosse diferente me magoou.
No fundo, sempre é bom saber que temos alguém que nos ame,
incondicionalmente. Que é nosso porto seguro, sempre presente caso você
precise de um esconderijo particular.
- Vou dar uma volta, ok? - Ele se virou novamente. - Colocar a cabeça em
ordem. Se importa que eu deixe minhas coisas aqui?
-Obrigado.
Ele passou por mim rapidamente, sem sequer me olhar nos olhos. Então ele
estancou, o olhar fixo na mesa, em meu computador. Para a foto de
Edward, aberta em tamanho grande.
Porra.
Assenti com a cabeça. Jacob passou o dedo sobre o sensor e voltou para o
que eu estava vendo antes, os resultados para a busca que eu havia digitado.
Seus olhos percorriam as letras rapidamente.
- Ele é rico, pelo visto... Faz tantas doações, deve tentar amenizar alguma
culpa. - Jacob me olhou. - E é bonitão, também.
- Para com isso, Jake...
Ele se levantou.
- Até depois, Bells.
***
Era a terceira vez que eu olhava meu relógio. Já havia avisado à Steven que
não poderia me apresentar essa noite; falei que não me sentia muito bem.
Por precaução, era melhor que eu apenas servisse às mesas. Jacob não tinha
dado sinal de vida até aquele momento. Não podia mais esperar. Stevy não
tinha ficado muito satisfeito, e não queria perder tudo o que eu tinha
conquistado até ali.
- Sim...
- Você quer ir comigo? - Perguntei por fim, rezando internamente que ele
dissesse não.
Eu tinha duas opções: poderia responder que sim, havia problema, eu não o
queria lá, não mesmo, que só havia convidado para ser gentil... Ou que não,
problema algum, senão não o estaria convidando.
- Que grande merda, hum? - O olhar dela passou por mim e alcançou ao
longo. - Mas tudo sempre pode piorar...
- Cindy... - Ele parou a um metro de mim. Não estendeu a mão, não sorriu.
Apenas falou meu nome fantasia. - Boa noite.
- Hey.
Fechei os olhos. Jacob havia se levantado e parado ao meu lado. Quando
tornei a abri-los, Edward o olhava, a expressão ainda mais séria que antes.
- Boa noite. - Jacob falou, estendendo a mão. - Meu nome é Jacob. Jacob
Black.
Meus olhos avançaram para Jacob com tanto ódio, que eu o teria matado,
se pudesse. Voltei a olhar para Edward. Um vinco profundo marcava o meio
de seus olhos, que estavam tão estreitos que quase escondiam o verde
intenso.
- Sinto muito, mas acho que ela não tem nada para conversar com você.
- Você não tem que achar nada, Sr. Black. Sua opinião não é relevante,
definitivamente. - Então ele voltou a me olhar. - Eu lhe procuro, dizendo
hora e lugar. Esteja preparada.
Jacob deu um passo na direção de Edward, que não moveu um único
músculo. Segurei o braço dele. Com certeza aquela não era uma boa idéia.
- Por quê? Você não disse que acabou? Que não tem mais nada com esse
cara?
- Eu quis te ajudar, Bella. Vi como ele olhava para você. Parecia que ia te
matar, ou sei lá. Eu só quis te ajudar, mais uma vez. Me desculpe por isso.
Por ser um imbecil.
Mas ele não me deu ouvidos. Foi até a mesa onde eu o havia deixado,
pegou a jaqueta que tinha colocado sobre a cadeira e saiu da Espartacus.
Fui andando na direção da porta, desviando-me das pessoas que
circulavam.
- O lugar está lotado, hoje. Steven disse que tem um homem importante
aqui, à paisana. Ele é um tipo de “olheiro”, trabalha para uma boate em Los
Angeles, angariando novos talentos. Pode ser a nossa chance. – Ela parou e
segurou minha mão. – Tem certeza que não vai se apresentar hoje? Seu ex
já foi embora.
Respirei fundo.
- Sim, tenho certeza. Realmente não estou com ânimo para isso. – Falei,
meus ombros caindo inconscientemente. – Vou ajudar a servir as mesas,
prefiro ficar na minha, hoje.
Rosalie assentiu.
- Ok, então. Torça para mim, certo? Pode ser a minha chance. – Ela sorriu e
eu a imitei. – Passa lá no camarim depois do meu show. Me diga o que
achou, quero sua opinião sincera.
Ela me abraçou e partiu. Como ela havia dito, o lugar estava atolado.
Imediatamente comecei a trabalhar: anotava os pedidos, sorria para as
gracinhas sem graças, levava as bebidas na mesa. Nada diferente do que eu
fazia em Forks, então rapidamente minha mente entrou no piloto
automático e começou a viajar.
Onde Jacob estaria? Eu tinha sido muito grossa com ele, não tinha esse
direito! Mas também, que merda! Ele não podia ter se intrometido entre
mim e Edward daquela forma...
- Cindy...?
Olhei para a voz e uma das meninas havia parado ao meu lado.
- Oi! Está quase na hora de minha apresentação, será que dava para você
levar esse pedido para mim?
Que bosta! Eu nunca fui uma pessoa de muita sorte, mas nos últimos dias...
Parecia que Murphy tinha tirado um tempo só para me infernizar. Respirei
fundo, meus dedos apertando com força a borda da bandeja. Havia três
copos ali. Reconheci o de Edward, no mesmo instante: whisky puro.
“Ok, Bella. Edward, Emmett e Carlisle estão aí, mas isso não é
absolutamente nenhum problema. Vá até lá, confiante, entregue a porra da
bebida e saia, tentando não ser notada. Tente ser invisível, para falar a
verdade."
Forcei-me a não olhar para os lados. E também, mesmo que quisesse, não
conseguiria, pois assim que eu avistei Edward senti como se um imã
sugasse minha atenção. Ele estava sentado no sofá de couro preto, assim
como Emmett. Duas mulheres estavam ao seu lado. Uma delas era Tânya,
bebericando um drink - as pernas longas e esguias estavam cruzadas, quase
todas à mostra: o vestido preto era curto e não se preocupava em esconder
seu corpo perfeito. Seu olhar estava despreocupado, mas ela parecia estar
bem longe dali.
A outra eu não conhecia. Ela estava com a boca grudada ao peito de
Edward – havia aberto parcialmente sua camisa e deixava beijos gulosos
em sua carne. Edward segurava seus cabelos e, pela sua expressão, parecia
estar gostando. Emmett beijava calorosamente uma ruiva, suas mãos
preocupadas em mantê-la perto do seu corpo.
Forcei-me a olhar para baixo. Caminhei com passos curtos e cheguei até
uma mesa rebaixada, que ficava no centro do lugar. Fui despejando um
copo por vez, trabalhando minha respiração, tentando me acalmar. Meus
olhos me traíram e eu os levantei, com meu corpo ainda curvado sobre a
mesa e com o último copo de cristal entre meus dedos.
- Não fica nessa posição, que eu enlouqueço. Dá pra sentir de longe como
meu corpo reage só de te ver assim.
- Hum, gostou de me ver, hã? – Jasper Whitlock subiu uma das mãos
lentamente, e ela chegou ao meu seio, faminta. – Adoro ver como você
reage a mim.
Forcei ainda mais meus olhos, com mais força. Eu não queria abri-los na
situação em que estava: com Jasper grudado a mim como uma porra de um
cão no cio, enquanto Edward estava a minha frente, ordenando que ele me
soltasse. Eu me conhecia. Sentia meus nervos à flor da pele, sentia o
nervosismo tomar conta de todas as minhas células tão rapidamente que me
impedia de respirar.
E, como não podia ser diferente, sentia meus olhos arderem. E eu não
queria chorar. Ou melhor: eu não podia chorar. Não ali.
- Ora, mas o que é isso, Edward! – Jasper voltou a ficar ereto,
desgrudando-se um pouco de mim, mas não o suficiente para que a náusea
que eu havia começado a sentir esvair-se. Eu também me levantei, tanto
quanto consegui, ficando o mais distante possível dele. – Cindy é
funcionária da Espartacus. E, pelo que vejo, ela está livre, e eu posso pagar.
Logo, não vejo empecilhos para satisfazer minha vontade.
- Ela não está livre.
Merda. Mais uma vez silêncio. Mesmo no escuro criado por minhas
pálpebras, eu podia sentir o peso do olhar de Edward sobre mim, bem como
as mãos de Jasper, apertando com mais intensidade meu corpo,
ameaçadoramente, como se dessa forma quisesse me forçar a afirmar o que
ele dizia.
- Ela está comigo. – Edward por fim falou, soltando meu olhar, passando
para Jasper. – Ela é exclusiva.
- Sem data. Até nós enjoarmos. – Ele deu de ombros. – Você sabe como
funciona.
Ele moveu o rosto um pouco para o lado, seu queixo ficando rente de seu
ombro, e pude ver que lançava um olhar para Emmett, que observava tudo
atentamente do sofá, junto com Tânya e as outras duas mulheres. Sem dizer
uma única palavra, Emmett levantou-se, com as três em seu encalço.
Passou por nós em silêncio, e em pouco tempo só havia restado eu e
Edward ali, separados do mundo pelas cortinas negras.
- É incrível como eu sempre tenho que salvar você. - Ele falou, a voz fria e
sem expressar qualquer sentimento.
Eu não havia pedido socorro, e nem podia: afinal, fora ele quem me
entregara ao próprio Jasper, pouquíssimo tempo atrás.
- Por quê? Ele vai vir me enfrentar? - Edward inclinou-se sobre mim, a
boca muito próxima da minha. - Essa eu adoraria ver.
- Até que enfim nós combinamos em algo, então. - Respondi. - No
momento, eu também adoraria vê-lo quebrar a sua cara.
- Não, não vai. - Edward segurou meu braço, firmemente. - Você ouviu o
que eu disse para Jasper. A partir de agora, ninguém mais chega perto de
você aqui na Espartacus. Você é exclusiva dos Cullen.
- Bem, acho que isso não vai ser problema, já que, dos três Cullen, um não
toca mais em mim. E, além do mais... Posso ter sido obrigada a aceitar essa
exclusividade aqui, dentro da Espartacus. Mas meu namorado ansioso me
aguarda, então por gentileza solte o meu braço, porque eu preciso ir
embora.
Foi a minha vez de me aproximar dele. Nossos rostos ficaram tão próximos
que o cheiro de seu hálito quase tirou minha sanidade.
O barulho fez mais estrondo do que a dor, tenho certeza. Mas a surpresa o
deixou estarrecido.
- Isso é para você ver como é ruim apanhar. - Falei, buscando forças não
sei de onde. - E para você entender, de uma vez por todas, que nunca mais
toca em mim.
Eu saí de lá tão rápido, que tudo passava por mim em verdadeiros borrões.
Peguei minha bolsa e deixei a Espartacus, rezando para que nenhum
brutamontes viesse atrás de mim, e que eu ainda tivesse meu emprego
garantido amanhã.
- Chegou cedo.
- Você está bêbado. Sai da minha frente. - Eu já havia tido confusão demais
por uma noite.
Jacob levantou-se eu subi as escadas como uma flecha. Podia ouvi-lo atrás
de mim, e quando bati a porta o vi segurá-la e entrar no quarto. Não acendi
a luz. A lua entrava pela janela aberta e o olhar de Jacob era ainda mais
raivoso sob aquele prisma.
Ele se aproximou um passo. Estava tão quente que eu podia sentir o calor
que seu corpo irradiava. Levou a garrafa até a boca e sorveu mais um gole
do gargalo, e pelo cheiro deduzi que era vodka.
- Bella... - Ele falou entre meus lábios, sua língua passeando sobre mim. -
Eu sei que você quer. Eu posso sentir. Se entrega pra mim.
Minhas mãos correram pela borda de sua calça e abriram o botão de seus
jeans; em seguida, seguraram sua blusa e ela foi parar no chão, deixando
todos os músculos ao meu alcance. Corri os dedos pelos músculos perfeitos
e bem definidos de seu abdômen, e Jacob gemeu, a excitação clara em sua
voz.
- Eu te amo, Jake... Mas como amigo. Sinto muito, eu não quero – jamais
quis – te magoar. Mas é a verdade.
Abri minha boca para responder. Ao invés disso, levei mais uma vez o
cigarro a boca e fechei os olhos, ganhando míseros segundos de tempo:
segundos preciosos e decisivos, em que eu precisava pensar.
Porra, quem eu queria enganar, afinal? Era óbvio que eu estava
completamente alucinada por aquele homem! Merda! Maldito dia em que
eu o havia conhecido! A verdade é que eu não queria me entregar à Jacob,
não com aqueles malditos olhos verdes em minha mente! Não com o cheiro
peculiar e único de Edward entranhado em meu cérebro, e com a lembrança
vívida de suas mãos em meu corpo. Não seria nunca a mesma coisa, e eu
não queria passar por essa decepção. Um peso surgiu em meu peito,
deixando-me quase sem ar.
Eu estava sendo tão hipócrita! Afinal, eu mesma não estivera com outros
homens e havia, bem... Gostado? Eu não podia negar isso, podia? Então
porque simplesmente não ceder aos encantos – nada pequenos – de Jake?
Porque não me entregar de uma vez ao desejo que sempre ocupou os meus
instintos.
A respiração de Jake saía com força de suas narinas. Suas mãos fecharam-
se ao lado do corpo, e seu peito nu subia e descia, na medida em que o ar
entrava e saía de seu corpo.
- Jake, eu...
Não consegui falar. Jacob avançou sobre mim, meu cigarro caindo no chão
e minha boca sendo invadida por sua língua, a fumaça deixando meu corpo
e penetrando no dele
Eu tentei me livrar de seus braços de aço, mas não conseguia. Jake era
muito, muito mais forte que eu, e a bebida só serviu para aumentar essa
diferença discrepante. Sua mão apertou minha bunda e me levantou do
chão. Soquei seu peito com as duas mãos, mas Jacob não desistia.
Fui até a porta. Minha mão permaneceu parada sobre a maçaneta por um
longo segundo, até que eu inspirei fundo e abri. Edward estava ali, as mãos
apoiadas sobre o batente, o olhar verde esmeralda mais intenso e febril que
nunca. Seus olhos arrebataram os meus e foram descendo, lentamente, até
pousarem sobre meu soutien rendado
- Você não está vendo que Bella está ocupada? - Jacob perguntou,
chegando por trás de mim e envolvendo minha cintura com um braço.
- Me solta... - Gemi, mas meu pedido soou tão ridículo que fechei os olhos.
- O que você quer, então??? - Sua boca encostou em minha pele e começou
a percorrer a fina linha entre minha orelha e minha boca, a barba que nascia
me causando arrepios. - Você quer que eu...foda você
Mais uma vez balancei a cabeça: agora de cima para baixo, assentindo.
- Edward...
- Hum?
- Precisa o quê?
- Preciso sentir você... Preciso sentir você dentro de mim, agora. Por favor.
A mão que ainda apertava minha coxa me soltou. Baixei minha perna e
Edward segurou com força minha cintura, virando-me de costas para ele, e
então minha bunda colou-se ao seu quadril, a ereção pelando contra minha
carne.
- Se você quer que meu pau entre aqui, enquanto meus dedos cuidam de
sua outra parte... - Ele falou, colando o peito em minhas costas e segurando
meu lóbulo entre os lábios, enquanto continuava a mexer os dedos dentro
de mim. - ...vai ter que gemer meu nome.
Assim que a última sílaba deixou minha boca Edward me penetrou. Não
preocupou-se em ser gentil ou delicado: enfiou toda a extensão de uma
única vez, e eu literalmente quiquei sobre ele. As mãos seguraram meus
seios, me impedindo de me mover, deixando todo o seu membro envolto
por meu corpo, enquanto eu me acostumava com a sensação.
Ele voltou a se mover, dessa vez vagarosamente, sem nunca retirar por
inteiro. Eu voltei a gemer, na medida em que meu músculo apertava seu
membro. Levei minha mão até meu clitóris e comecei a massageá-lo, mas
Edward me impediu.
Ele aumentou o ritmo dos dedos, e o quadril passou a bater contra o meu
com força, o barulho de nossos corpos se chocando mais alto que nossos
gemidos. Deixei minha cabeça tombar para trás, em seu ombro, e levantei
meus braços, minhas mãos agarrando-se aos seus cabelos.
- Goza, Bella... Goza no meu pau que eu vou esporrar também... Dentro de
você.
Eu me sentei no banco e olhei para cima, antes de fechar a porta. Não devia
ter feito isso: Jacob nos encarava da janela, a expressão tão sofrida e
sombria que fez meu coração parar por um momento.
Capítulo XIII - O plano "B" - PRIMEIRA PARTE
Eu já conhecia esse lugar, e não podia dizer se estava feliz ou triste por
estar de volta à ele.
Demorou um pouco para que eu conseguisse distinguir o lugar por trás dos
vidros escuros do volvo prata, mas meu cérebro aos poucos identificou o
local: eu já havia saído dali, há não muito tempo atrás, carregando no corpo
roupas novas e caras, e uma ressaca de colocar inveja no próprio Baco.
A casa estava vazia; a secretária de Edward, Ângela, já devia ter ido para
casa. Ele seguiu direto para o imenso bar que ficava num canto da sala, e
me indicou um armário enorme no corredor, onde eu podia pegar uma
toalha para tomar um banho - coisa que eu havia acabado de fazer.
"Merda. Você poderia ter pego um roupão também, não é mesmo Sra.
Espertalhona?"
Queria tanto não ter ficado ansiosa, aguardando que ele entrasse na porra
do banheiro de cinco em cinco minutos, enquanto eu tomava a merda do
meu banho!
Recoloquei o pente dentro da gaveta e inspirei o ar, com força. Não havia
esquecido a promessa que Edward me fizera, ao dizer que iria me deixar
destruída. A conversa que nós iríamos ter me deixava ansiosa e temerosa,
mas a expectativa pelo cumprimento da promessa era o que mais me
deixava tensa.
Eu poderia estar apaixonada por ele, mas o plano que eu havia estabelecido
em minha mente ainda estava de pé. Eu iria fazer com que ele se
apaixonasse por mim. Iria levá-lo à uma verdadeira armadilha, provar que
era ele - ou um de seus amiguinhos asquerosos - o verdadeiro culpado pela
morte de Molly, e inocentar meu irmão.
Suspirei fundo, apaguei a luz e fui andando lentamente até a sala. Uma
melodia linda ecoava no ambiente, e imaginei ser um cd ou algo do tipo,
mas quase enfartei ao me deparar com Edward sentado ao piano, os dedos
manuseando magistralmente as teclas de marfim.
Deus, como ele era lindo. Cada traço do seu rosto era perfeito, como se
tivesse sido talhado á mão por um talentoso artista. Os cílios eram longos e
espessos; a sobrancelha acompanhava a linha de seus olhos de uma ponta à
outra; o maxilar bem demarcado fazia uma composição perfeita com a boca
atraente. Alguns fios de cabelo estavam caindo sobre sua testa, e uma das
minhas mãos retirou com cuidado, em seguida voltando para seu ombro e
descendo por seu peito, entrando por sua camisa.
Edward tirou uma das mãos, que ainda estava descansando sobre as teclas,
segurou meu pulso, me puxando e me fazendo parar ao seu lado. Então seu
olhar percorreu todo o meu corpo, começando pelos pés, e mesmo de olhos
fechados eu podia sentir uma leve ardência por onde seu olhar passava.
Sua mão tocou minha coxa, e eu tremi. Edward me olhou por sob as
sobrancelhas e um vislumbre de sorriso apareceu no canto direito de seus
lábios, mostrando que gostava da forma como meu corpo reagia ao seu
toque. a mão continuou subindo, vagarosamente, e o sorriso tomou forma
quando Edward constatou que eu usava apenas a sua camisa, e nada mais.
Edward abaixou-se à minha frente. Meu peito subia e descia agitado, minha
língua umedecendo meus lábios, meus dentes prendendo meu lábio inferior,
enquanto meus olhos o acompanhavam. Edward segurou minhas pernas e
passou-as por cima de seus ombros, e no momento seguinte sua boca estava
enterrada em meu sexo, devastando todo o espaço existente com sua língua
quente e úmida.
Deixei-me cair nos cotovelos e joguei minha cabeça para trás, meus olhos
fechados com tanta força que ardiam. Edward circundava meu clitóris e em
seguida voltava a me penetrar, e quando dois dedos foram enfiados sem
cerimônia um espasmo percorreu meu corpo, violento e quase vergonhoso.
Ele foi diminuindo o ritmo aos poucos. Minhas pernas estavam moles sobre
seus ombros, e suas mãos quentes retiraram com cuidado, deixando que
elas pendessem do balcão enquanto ele tornava a se colocar de pé. Eu havia
deitado sobre o granito gelado, e ainda estava sentindo o êxtase esvair-se de
meu corpo quando senti Edward me puxar pelas coxas.
- Eu adoro... Seu pau... - Falei, como se toda a minha vergonha tivesse sido
abduzida. - Adoro você. Você por inteiro.
- E eu adoro essa boceta... Você me viciou, Bella. - Ele mordeu meu lábio
inferior e falou entredentes. - Goza comigo. Goza comigo agora.
Segurei os cabelos de sua nuca e mordi seu ombro. A tentativa de impedir
que meu gemido ecoasse foi falha: eu gemi alto e demoradamente, num dos
orgasmos mais longos que eu já tive. Mas não tive vergonha, já que Edward
me acompanhou, em todo o trajeto, sua voz maravilhosa enquanto ele
berrava meu nome.
Ele não pareceu se importar com meu comentário. Segurou meu rosto entre
suas mãos e me fez olhar para ele, inclinando-se em seguida e tomando
meus lábios.
Ah, porra. Não consegui manter os olhos abertos. Deixei meus ombros
caírem, e só não escorreguei bancada abaixo porque Edward ainda segurava
meu rosto. Sua língua ultrapassou o limite dos meus dentes e encontrou a
minha, massageando minha carne e enroscando-se à ela. Senti a língua dele
encostar-se em meu céu da boca e gemi, ofegante.
Bem, o membro duro como rocha imprensado em meu ventre berrava que
não.
Ele segurou-me pela bunda, me tirando do balcão. Mais uma vez enlacei
sua cintura com minhas pernas, meu sexo molhado encostando-se nos
músculos bem torneados de seu abdômen, meus braços em volta de seu
pescoço, nosso olhar conectado.
- Sinto que já está pronta para mim, hã? - Ele perguntou, retoricamente.
Afinal, nós não podemos confiar plenamente nas decisões tomadas quando
somos impulsionadas por nossos malditos hormônios em ebulição.
Ele andava comigo, e eu não tinha a menor idéia de para onde me levava. E
não me preocupei. Mais uma vez nós nos beijamos, ardentemente, meus
dedos segurando com ânsia seus cabelos.
Olhei para cima e ele tinha a cabeça jogada para trás, as veias de seu
pescoço pulsando freneticamente, o abdômen sob minha mãos, contraído.
Desci as mãos para sua bunda. Era dura e musculosa, e foi a minha vez de
gemer quando puxei-o para frente, fazendo-o estocar em minha boca, um
engasgo involuntário ecoando pelo lugar.
- Porra... Caralho...
Minha cabeça se movia para frente e para trás. Eu lambia e chupava com
tanta vontade que meus olhos se reviravam por trás de minhas pálpebras
fechadas. Edward segurou meu cabelo com mais força e me puxou para
cima.
Quase gozei ao deparar-me com o tom de verde de seus olhos. Estavam tão
escuros e intensos que eu tremi, prendendo minha respiração. Edward
segurou minha cintura e me ergueu do chão, como se eu pesasse menos que
uma pluma. Sentei-me sobre a superfície de ferro gelada.
Edward inclinou-se para frente e num puxão abriu a camisa que eu usava,
os botões caindo no chão de porcelanato, espalhando-se por todos os lados.
Suas mãos percorreram todo o meu corpo, parando em minhas costas,
fazendo meus seios achatarem-se em seu peito.
- Vem cá.
- Onde você quer que eu meta? Pede para mim. - Edward perguntou em
meu ouvido, uma das mãos deixando meu peito e descendo para o músculo
latejante entre minhas pernas.
Ok, era demais. Não bastasse todos aqueles sentimentos novos e
irritantemente assustadores, ele ainda queria que eu escolhesse... Que eu
pedisse para ele... Para ele me devastar?
- Atrás.
Sim, era.
Eu estava certa.
Ele moveu-se para trás, saindo parcialmente, mais uma vez apenas a cabeça
permanecendo dentro de mim. Quando voltou, seu quadril colou-se à minha
bunda, suas bolas batendo em meu clitóris.
Foi demais. Esse foi o ápice que meu corpo aguentava. Realmente pensei
que fosse morrer, meus sentidos me abandonando. Deixei que minha cabeça
tombasse para frente e por um longo segundo esqueci de respirar, um
espasmo arrebatador percorrendo meu corpo.
Quando finalmente ele achou que podia me soltar, suas mãos subiram, uma
parando sobre meu seio esquerdo e a outra sobre meu ombro direito, me
empurrando para ele, numa tentativa de fazer com que ele se enterrasse
ainda mais em mim, como se isso fosse possível.
- Vou gozar... - Ele gemeu entredentes. - Quero ver você gozar comigo de
novo, Bella...
Fechei os olhos.
POV DE EDWARD
Bella andava na minha frente. Meus olhos percorreram suas pernas, até
alcançarem a popa de sua bunda, escondida por minha camisa, agora sem
nenhum botão. Minha língua correu por meus lábios secos.
É claro que eu repetia, uma ou outra vez. Algumas mulheres eram tão
absurdamente gostosas, que uma única noite não era suficiente para saciar
minha vontade. Para essas, nós - os Cullen - decretávamos exclusividade,
pois não havia a possibilidade de querermos alguém e a pessoa estar
indisponível.
De alguma forma, eu sabia que com Bella - Cindy, na época - seria assim,
desde o momento em que coloquei os olhos sobre seu corpo. Não sei, tenho
um tipo de sexto sentido, um feeling para mulheres deliciosas.
Mas não posso negar que sua iniciação me surpreendeu. Porra. Virgem!
- Ed...? - Puxei-a para perto, colando nossos lábios, invadindo sua boca
com a minha, antes que ela conseguisse completar meu nome.
Quase sorri ao notar a força que ela fazia para formular uma frase coerente.
Inclinei-me ligeiramente em sua direção, meu quadril rebolando
inconscientemente contra seu ventre, friccionando meu pau em sua carne.
- E você vai... Vai tomar um banho de porra, já ouviu dizer? - Tomei seu
lóbulo entre meus dentes.
Minha boca correu por seu pescoço, minhas mãos invadindo o que restara
da camisa e apertando os seios entre meus dedos. Isabella tentou arquear as
costas, afastando-se ligeiramente da parede, e a nova posição me fez
literalmente urrar, meu pau envergando-se dentro do corpo apertado.
- Caralho...
http://www.youtube.com/watch?v=MDY42pFwq7c
“
When you came in the air went out.
And every shadow filled up with the doubt.
I don't know who you think you are,
But before the night is through,
I wanna do bad things with you.
De uma forma insana, o gemido rouco fez o sangue ferver em minhas veias,
meu pau latejando e pulsando com ainda mais força. Estoquei com
violência, as costas de Bella batendo contra a parede, o ar deixando seus
pulmões.
- Eu não sei quem você pensa que é... – Sussurrei em seu ouvido, meu
quadril rebolando contra Bella, meu pau movendo-se dentro dela,
arranhando as paredes internas de seu corpo. – Mas antes que a noite
acabe... Eu quero – e vou - fazer coisas muito, muito ruins com você.
Comecei a investir meu quadril contra ela com muito mais força. Eu estava
com raiva. Quem ela pensava que era, afinal? Fingir-se de outra pessoa
para aproximar-se de mim, com o intuito único e exclusivo de tentar me
incriminar no lugar de Chase, e se embrenhar dentro de minha mente, sem
previsão de saída? Ela não tinha esse direito. Nenhuma mulher jamais havia
conseguido tamanha façanha, e Isabella Swan definitivamente não iria ser a
primeira.
- Edward!
Desespero.
Nós éramos dois egoístas. Sim, egoístas, esse era o adjetivo correto.
Isabella porque começara aquilo tudo com objetivo de salvar Chase, mas a
verdade – e eu tinha certeza, não adiantava que ela tentasse me ludibriar –
era que ela estava terminantemente louca por mim. E eu, porque me
aproveitava dessa situação, porque não conseguia cogitar dividí-la com
absolutamente mais ninguém, nem mesmo Emmett ou Carlisle. E, porra, eu
estava me perdendo nela. O desespero voltou.
Segurei seus calcanhares. Bella abriu os olhos, a língua passando pelos
lábios, os seios subindo e descendo freneticamente, embalados por sua
respiração. Puxei seu corpo ainda mais para perto, levantando suas pernas,
plantando seus pés em meu peito. Seu quadril levantou-se do chão e eu
enfiei meu membro duro de uma única vez, Bella soltando o gemido mais
alto e longo que eu ouvira, desde que a havia comido pela primeira vez.
- Edward, eu... Meus joelhos criavam atrito contra o piso. Segurei as pernas
ainda com mais força contra meu peito, pegando impulso para mover meu
quadril mais rápido, com mais força. Podia sentir a cabeça do meu pau
encontrando uma parede, tão fundo eu estava me enterrando nela, todo o
espaço sendo completamente devastado.
- Edward!!
- Goza... – Minha voz quase não foi ouvida, abafada pelo som de nossos
corpos se chocando, pelo som inconfundível de nosso tesão se misturando,
da música que continuava tocando ao longe. – Goza Bella... Goza pra mim,
mostra o que eu faço com você.
O jato quente deixou meu corpo e pairou sobre o dela, queimando sua
carne macia. Assim que a primeira gota lhe tocou, Bella gemeu, a cabeça
sendo jogada para trás, os olhos fechados com força. Eu também gemia,
olhando aquela cena espetacular, o modo como meu território estava sendo
demarcado, silenciosamente informando que apenas eu tinha o direito de
me saciar ali.
Fui diminuindo o ritmo lentamente até que, enfim, a fonte secou. Deixei
meu corpo cair no chão ao lado de Bella, ambos encarando o teto, a
respiração em uníssono. A música havia acabado há muito – o carro devia
ter partido. Virei minha cabeça para o lado e encarei seu perfil: suas
bochechas queimavam, e alguns fios do cabelo castanho e sedoso estavam
presos em seu rosto. Linda.
- Vem cá.
Meus dedos correram por seus cabelos. Isabella fechou os olhos por um
breve instante.
- Edward?
Não parei de escovar seus fios com as pontas de meus dedos, apesar de ter
ficado surpreso ao ouví-la quebrar o silêncio. Ela permanecia de olhos
fechados, e agora tinha o lábio inferior entre os dentes: parecia ter se
arrependido de falar.
- Humm? – Perguntei, meu queixo tocando em meu peito, meu olhar
estreito sob minhas sobrancelhas.
- Eu sei que agora sou exclusiva... Do-dos Cullen, quero dizer. – Ela abriu
os olhos. Estavam escuros e intensos. E exaustos. – Mas será que você
poderia me dar o dia de amanhã de folga? Eu precisava... Preciso visitar
Chase.
- Não divido o que é meu, Bella. Você entendeu? – Tornei a encará-la. Seu
queixo estava ligeiramente caído, e ela fez menção de falar algo, mas
desistiu. – Você agora é minha, exclusiva. Ninguém mais, além de mim,
toca em você.
“Que porra é essa, Cullen, hã? Você cheirou, fumou, ou o quê? Desde
quando essa regra existe no clube, Carlisle vai ficar maluco, e...”
- Mas Carlisle...
Puxei-a para cima, o corpo esfregando-se no meu, esse simples gesto já
reacendendo meu fogo e fazendo-me ficar duro novamente. Bella fechou os
olhos ao sentir minha ereção formando-se sob seu ventre.
“ A não ser que você queira ficar com ele, também.” – A voz na minha
cabeça me atormentava, e meus dedos seguraram alguns fios de meu
cabelo, com força. – “ Não, não pode ser. E foda-se, isso não importa.
Quem manda sou eu, ela fará o que eu quiser, o que eu ordenar."
“Pergunte para ela, então. Pergunte se ela havia gostado da idéia de ser
uma exclusiva de todos os Cullen, pergunte se a sua determinação a deixou
frustrada.”
“Por quê, hum? Desde quando você é um covarde, que não honra as bolas
que têm no meios das pernas, Cullen?”
“Porque se ela disser que ficou frustrada, sou capaz de matá-la. Bella é
minha. Ponto final.”
- Edward?
Puxei as pernas de Bella, e então ela estava sentada sobre meu quadril, as
pernas dela em volta de meu corpo. Meu pau já havia voltado a ficar
totalmente ereto e encostava em sua barriga, quase chegando em seu
umbigo. Ela era pequena demais para mim, eu percebi então. Eu a
devastava. Segurei sua cintura e fiz seu corpo descer lentamente sobre meu
membro. Bella espalmou as mãos em meu peito e gemeu, a cabeça jogada
para trás, as unhas em minha carne, enquanto seu pau abria-se para me
receber, mais uma vez.
Eu sabia que estava tirando todas as forças dela; que estava tirando dela o
máximo que ela podia me dar. Quando finalmente toda a minha extensão
foi envolvida por seu corpo, e Bella voltou a se sentar por inteiro sobre
mim, ficando completamente imóvel, nossos quadris colados, ela me olhou.
Segurou minha mão e levou até seu seio, espalmando-a sobre ele, e a
simples cena de ver sua mão sobre a minha fez meu pau latejar. Movi-me
um pouco sob ela e Bella gemeu, rebolando levemente.
Levantei meu tronco do chão, meu corpo colando-se ao dela, seus seios
espremendo-se em meu tórax. Nossas bocas se encontraram e ela
impulsionou-se nos joelhos, subindo ligeiramente, metade do meu pau
ficando de fora, para sem seguida voltar a enterrar-se nela. Os dedos
continuavam a segurar meus cabelos e a sensação era simplesmente
perfeita.
Segurei a cintura fina com força. Bella gemeu e senti seu corpo amolecer
sobre mim, suas costas caindo para trás, quase deitando-se em minhas
pernas. Os seios empinados em minha direção foram um verdadeiro
convite, que não consegui recusar.
Foi exatamente dessa forma que entramos no imenso box: com os corpos
tão unidos que parecíamos um só.
POV DE BELLA
“Por favor, por favor não me olhe assim” – Pensei. - “Isso tudo já é difícil
demais sem esse olhar.. Eu não vou aguentar continuar, se você continuar a
me analisar desse jeito.”
- Precisamos conversar.
- Eu acredito que não tenha sido Chase quem matou Molly, Bella.
- Co-como?
- Eu não conheço seu irmão há muito tempo... Mas pelo pouco que
conheci, não acredito que ele fosse capaz de algo desse nível. Seu irmão era
pretensioso, ganancioso e malicioso, mas não um assassino. Já...
- Exatamente.
Edward se levantou. Foi até a janela e abriu uma pequena fenda, uma
nesga de claridade invadindo o quarto. Olhou para a rua, fixamente, a
mente em outro lugar.
- Não vejo outra alternativa. Tenho certeza que não foi uma obra de
Emmett, ou de Carlisle. Eles estavam em outro lugar, assim como eu. - Ele
voltou a me encarar. - Você não tem mais dúvidas de que não fui eu, não é?
- Não sei. Mas espero que não. Espero que tenha sido realmente Jasper. E
que ele pague por isso. - Claramente Edward não gostou de minhas
palavras. - Mas e então? O que você pretende fazer sobre isso?
Ele voltou a olhar pela janela. Eu faria de tudo, daria um braço para saber o
que ele pensava. Para saber o que tinha em mente, o que tinha achado de
minha resposta duvidosa, o quanto eu o havia irritado com aquilo.
Claro que eu não achava uma boa idéia... Lembrava-me bem da última
visita que fizera a Chase, e como ele reagira ao descobrir meu
envolvimento com a Espartacus e com os Cullen.
O guarda nos encaminhou até um dos vidros. Meus olhos correram pelo
local e logo detectei que estávamos sozinhos ali; não havia mais qualquer
visita acontecendo. Mais uma vez me perguntei se isso era obra de Edward,
mas logo espantei os pensamentos. Ok, o homem tinha o poder nas mãos e
isso já estava mais do que claro, e só se confirmou quando o guarda se
retirou, sem sequer cogitar falar que nosso tempo era curto.
Sentamos lado a lado. Chase ainda não havia chegado, e meu coração
batia com tanta força contra minhas costelas que achei que Edward pudesse
escutar. Vi pela minha visão periférica que Edward me olhava, e quase
pulei da cadeira quando a mão dele segurou a minha, que estava repousada
em meu colo.
- Edward?
Chase ficara tão surpreso, e falara tão alto, que a voz dele soou nítida
mesmo por trás do vidro blindado. Edward puxou a mão de volta, nosso
olhar se desconectando. Eu me levantei, engolindo em seco. Abri minha
boca para falar, mas desisti - preferi sentar-me de novo e retirar o fone do
gancho, para tentar fazer aquele momento o menos desconfortável possível.
O olhar de Chase corria de mim para Edward, e assim ficou por um longo
minuto. Finalmente ele se moveu, passando a mão pelos cabelos - senti uma
dor no peito ao ver sua cabeça raspada; Chase simplesmente amava os fios
sedosos e bem tratados que sempre cultivava - e se sentou a nossa frente.
Retirou o fone do gancho e me encarou, o olhar sem revelar absolutamente
nada do que se passava em sua cabeça.
- Chase...
- Passe o telefone para ele, Bella. É com Edward que quero falar.
Mordi meu lábio inferior. Chase fulminava Edward com o olhar, e recebia
de volta nada mais do que uma expressão impassível. Relutante, estendi o
fone para Edward, que pegou sem sequer virar o rosto em minha direção.
- Chase.
- Vim aqui para ajudar, Chase. - Edward foi curto e grosso, ignorando o
comentário do meu irmão.
- Ah, que engraçado, não? De repente, você se importa comigo? Por que
não veio aqui quando eu fui preso, hã? Quando tudo começou a
degringolar?
O olhar de Chase recaiu sobre mim, mortal e implacável. Eu sabia que não
havia passado desapercebido para ele o fato de que Edward me chamara de
"Bella".
- Assim como sua irmã, eu acredito que você não seja culpado...
- Isabella.
- Me interrompa novamente e vou embora, e muito provavelmente você
sairá daqui direto para uma injeção letal, ok? - Edward suspirou,
recuperando a paciência. - Como disse para Bella, pelo pouco que te
conheci, vi que você possui muitas características marcantes, e nem todas
de ótima categoria. Você é ganancioso, escorregadio e repleto de ambição,
mas não creio que seja um assassino frio. Digamos que ache-o covarde
demais para isso.
- Eu tenho uma idéia de quem possa ter feito isso... Contudo, não existem
provas conclusivas que envolvam essa pessoa, motivo pelo qual, como
conversei com sua irmã, eu pretendo criar ma armadilha. Sendo pego em
flagrante, fica mais fácil de livrarmos sua pele.
- Usarei uma isca. Se a pessoa for mesmo culpada, como acho que é, não
relutará em agir novamente. Só precisarei ter cuidado e me antecipar aos
seus atos.
O olhar de Chase tornou-se nada mais que uma fenda. Virou-se para mim,
me analisando, em seguida voltando a olhar para Edward.
- Claro que não está. - Ele respondeu, sem relutar. - Fique tranquilo.
Minha mente vagou diretamente para Jacob. Porra, o que iria acontecer?
Eu sabia que ele estava completamente irritado comigo, e sabia também
que Edward não acataria qualquer tipo de provocação, ainda mais depois do
encontro tenso que tivemos com Chase.
Edward estacionou, desceu do carro e abriu a porta para mim. Olhei para
cima, para a janela de onde eu vira Jake pela última vez. Estava tudo
apagado, mas também, o sol estava a pino. Procurei uma chave reserva na
bolsa e subimos as escadas em silêncio. Não posso negar que minha
respiração ficou ofegante e que minhas bochechas arderam ao passar por
aqueles degraus.
Franzi o cenho e dei um passo para trás, por instinto. Jasper? Meu
telefone?
- Está aqui... Seu namoradinho deixou claro: "Ligue para Jasper... Ele
precisa falar com você, urgentemente. Não se esqueça de seus amigos
verdadeiros, Bella, aqueles com quem você sempre pode e sempre poderá
contar".
Meus ombros caíram. Claro! Jacob falava de Jasper Hale, o ótimo amigo
que eu havia descoberto e de quem andava me esquivando propositalmente,
desde que fora estuprada por seu pai.
- Bella?
- Você já ouviu dizer que o mundo tem dezessete pessoas, Edward? - Ele se
sentou na poltrona a minha frente, os olhos verdes demais fixos em mim,
queimando minha pele. Eu ri, nervosamente. - Meu pai... O nome dele era
Charlie. Ele sempre dizia isso. "O mundo tem dezessete pessoas, Bells.
Todas são interligadas de alguma maneira. Pense em qualquer pessoa no
mundo, você consegue chegar até ela sem precisar contactar nem outras
dez."
- Pois bem... Eu tenho uma amiga... Minha melhor... Minha única amiga,
na verdade. O nome dela é Alice. Alice namorou Chase durante muito
tempo, um namoro que começou quando ainda éramos crianças. Então
Chase surtou, depois da morte repentina de nossos pais, e Alice conheceu
outra pessoa. O nome dele é Jasper. Jasper Hale.
- E porque você está fugindo dele, Bella? - Mordi meu lábio inferior.
Desviei meu olhar, literalmente fugindo de Edward. - Bella?
- Edward...
- Você só pode ser maluca, Isabella. - Ele falava de costas para mim.
Passou uma das mãos nos cabelos, enquanto a outra segurava com força a
chave. - Só pode ser isso.
O sangue ferveu em meu organismo. Deus, eu senti tanta raiva! Como, por
Deus como eu podia estar loucamente apaixonada por aquele imbecil?
Minhas mãos se fecharam em forma de punho, e antes que eu pudesse
raciocinar com mais calma, eu já havia partido na direção de Edward.
Minha mão aberta procurou seu rosto, mas ele foi mais rápido, andando
para trás e se esquivando. Deferi socos em seu peito, mas os músculos de
aço pareciam ferir mais as juntas dos meus dedos do que qualquer outra
coisa.
- Seu... idiota!
Eu continuava o agredindo. Edward segurou meus punhos e praticamente
me imobilizou, mas a adrenalina em meu corpo era tanta que eu continuava
persistente em minha jornada. Minha vontade era de matá-lo; de
demonstrar como eu odiava a mim mesma por ter me deixado envolver por
um homem frio e sem escrúpulos, livre de qualquer sentimento naquele
coração vazio.
- Eu...
A língua quente invadiu minha boca, mal ele tinha acabado de falar. Eu me
debati, virando o rosto para ambos os lados, mas Edward segurou meus
dois pulsos com apenas uma das mãos e segurou minhas bochechas
firmemente entre os dedos.
- Fala que você não me quer... Fala que não me quer, agora, nesse exato
momento, e eu vou embora.
Abri a boca para falar, mas meus lábios pairaram entre os dentes dele, me
tirando o fôlego. Edward forçou o quadril contra meu ventre e eu gemi.
- Eu... Eu não quero você. - Não sei de onde tirei forças, mas consegui
falar.
A mão livre de Edward – a que não segurava meus pulsos sobre minha
cabeça – entrou por minha blusa e eu trinquei os dentes, tentando segurar
um novo gemido.
- Fala de novo.
Seu olhar faiscou. Uma raiva quase sufocante surgiu em meu peito, por eu
não ter sido capaz de repelí-lo, quando essa parecia a única coisa correta a
fazer. Mas a raiva vinha misturada com um sentimento angustiante e
inquietante, e eu sabia – merda, eu sabia – que não era apenas tesão.
http://www.youtube.com/watch?v=urj0zMAYvbY
"Dobro os joelhos
Quando você, me pega Me amassa, me quebra
Me usa demais...
Perco as rédeas
Quando você Demora, devora, implora
E sempre por mais...
Eu sou navalha
Cortando na carne
Eu sou a boca
Que a língua invade
Sou o desejo
Maldito e bendito
Profano e covarde...
Eu quero é derrapar
Nas curvas do seu corpo
Surpreender seus movimentos
Virar o jogo
Quero beber, o que dele Escorre pela pele
E nunca mais esfriar Minha febre..."
Finalmente Edward soltou meus pulsos. Suas mãos desceram pelas laterais
do meu corpo, demorando-se mais na altura dos meus seios, os dedões
brincando rapidamente com meus mamilos. Apertaram minha cintura e
arqueei minhas costas, colando ainda mais meu corpo ao dele, sentindo sua
ereção completamente formada e comprimida em seus jeans.
- Edwa...
Ele estocou com força. Meus cabelos, que criavam uma cortina sobre meu
rosto, voaram, impulsionados pelo ar que saiu de minha boca,
interrompendo meu gemido. Minha mão correu para trás e segurou a bunda
de Edward, parcialmente envolta por suas calças, e pressionou o corpo dele
ainda mais de encontro ao meu.
Ele mordeu meu ombro. Senti o jato fervendo me invadir, ao mesmo tempo
em que meu corpo esmagava seu membro. Edward gemeu e seu corpo
tremeu sobre o meu. Edward caiu deitado ao meu lado na cama apertada. A
ponta de seus dedos correram por minhas costas e eu suspirei.
- Tenho que ir. - Ele disse, mas sem fazer menção de se levantar. - Irei falar
com Rosalie. Acho que ela exerceria bem a tarefa.
“Sim, recrute Rose para ser a isca.” - Pensei. - “Assim será ainda mais
fácil interceder.”
POV DE EDWARD
E ficar louco por esse motivo só me irritava ainda mais, o que se tornava
um maldito círculo vicioso.
Mas o fato é que eu não podia levar Isabella comigo, pois fazer isso seria
ceder informações demais, o que, definitivamente, não era meu objetivo.
Liguei para Emmett assim que entrei no carro, e quando cheguei ao meu
apartamento, ele já me aguardava.
- Não lembro qual foi a última vez em que nos encontramos em plena luz
do dia, irmão. - Ele disse, sentado confortavelmente em meu sofá, assim
que passei pela porta. - Devo admitir que estou curioso.
Segui até o aparador e preparei duas doses de uísque, entregando uma para
meu irmão e me sentando ao seu lado. Emmett sorveu um longo gole,
recostando-se no sofá e olhando para mim. Imitei seu gesto, virando de uma
vez a totalidade do uísque e repousando o copo sobre a mesa de centro à
nossa frente.
- E então... Não acha que é uma boa hora de acabar com o suspense e me
contar o que está havendo?
Sim, era. Passei a mão por meus cabelos e virei-me para ele, que arqueou
as sobrancelhas, aguardando que eu começasse a falar.
- Eu tomei uma decisão, Emmett, e quero lhe deixar ciente do que farei.
Emmett não falou nada. Apenas continuou ali, me encarando, com uma
expressão que demonstrava imparcialidade total.
- Exatamente. Não sei se você sabe, mas Swan está preso. Ele havia saído
com Molly na noite em que ela foi assassinada, e exatamente por esse
motivo a polícia, acreditando que ele foi a última pessoa que a vira, o está
acusando.
- Não sabia que você havia começado a trabalhar para a polícia de São
Francisco, Edward.
- Não comecei.
- Então porque diabos você se importa com isso, hã? Uma de nossas
garotas morreu, estivemos perto – muito perto – de ter sérios problemas por
conta disso, e você quer discordar com a polícia sobre quem foi o culpado?
Deixe que eles façam o trabalho, Edward. É para isso que pagamos nossos
impostos.
Mais uma vez bebi todo o conteúdo de meu copo, em seguida acendendo
um cigarro. Emmett ainda me olhava, e quando tornei a encará-lo sua
expressão era de reprovação.
- Isabella não é uma dessas, Emmett. Muito cuidado ao falar dela, e...
- Jasper Whitlock.
- E o que te leva a crer que Isabella não inventou tudo isso, hã? O que te
garante que essa garota não se aproximou de nós apenas para encontrar um
idiota sobre quem ela pudesse jogar a culpa, a fim de inocentar o irmão
querido e maníaco? O que te leva a crer... que, na verdade, Isabella não só
aceitou a visita furtiva de Jasper como também não gostou de ter cedido aos
encantos dele. Hum?
- Bem... Se é assim, e como já percebi que não conseguirei tirar essa idéia
imbecil de sua cabeça insana, estou aqui para ouvir seu plano.
- Já decidi, Emmett. Será Rose. Não posso correr o risco de colocar tudo a
perder. Só temos uma chance. Se Jasper desconfiar, então estará tudo
perdido. - Emmett balançou a cabeça negativamente.
- Claro que não. Só não vejo como ela pode ser útil, e...
- Pois então simplesmente escute. Rosalie irá ser útil, com certeza. Darei
um jeito de Jasper requerer uma noite com Rosalie, e mandarei que ela seja
arredia. Quero incitá-lo a se estressar, quero fazê-lo chegar ao limite...
Quero fazê-lo explodir, confessar o que fez. Por óbvio estarei por perto,
acompanhado da polícia, e então Jasper será pego em flagrante, e assim o
irmão de Bella será livre e finalmente poderemos seguir adiante, deixando
toda essa loucura para trás, definitivamente.
- Se?
Não respondi nada, não era necessário. Discordar seria mentira – eu tinha
que admitir, ainda que para mim mesmo -, e confirmar seria redundante.
Além do que, no final, não importava o que acontecesse, seguir adiante era
a única alternativa plausível, então não faria diferença.
POV DE BELLA
Assim que Edward saiu, meu telefone tocou. Olhei o visor e o nome
familiar e reconfortante de Alice me fez sorrir.
- Oi...
- Bella! Oi! Você sumiu, nunca mais me ligou, eu...
- Eu sei, Ali... Desculpe! É que minha vida está totalmente confusa, eu
visitei Chase hoje, e...
- Como ele está?
- Ah, na mesma. Cortaram o cabelo dele, ele está ainda mais apático... Não
podia ser diferente, né?
- É. Não mesmo.
- Eu conheci uma pessoa... Um amigo... Ele acha que sabe quem pode ser o
verdadeiro culpado. Está vendo uma forma de me ajudar a livrar Chase.
O silêncio me fez engolir em seco.
- Ali?
- Jacob me disse, por alto, que você tinha conhecido uma pessoa.
Fechei os olhos. Claro que Alice teria perguntado para Jacob como foi a
visita, e que ele teria contado - pelo menos por alto - sobre Edward.
- Pois é...
- Qual o nome dele?
- Edward. O nome dele é Edward.
- Hum... E você está realmente gostando dele, como Jacob me contou?
Suspirei fundo. Se eu tinha sido honesta com Jake, eu jamais poderia
mentir para Alice, minha melhor amiga.
- Sim, Alice. Estou. Eu estou apaixonada por Edward.
Verbalizar isso, em voz alta, fazia parecer ainda mais absurdo.
- É sério então, hum? Como ele é? Quando você vai nos apresentar? Ele
é bonito? Vocês estão namoran...
- Hey, Ali! - Interrompi a enxurrada de perguntas. - Ainda é cedo demais
para isso, ok? Edward e eu... Somos apenas amigos que gostam de ficar
juntos, esporadicamente. Não estamos namorando, e isso jamais vai
acontecer. Ele só está me ajudando no caso de Chase, e quando tudo acabar
voltarei com meu irmão para Forks, e Edward não passará de uma
lembrança.
"Uma lembrança espetacular e perigosa, mas uma lembrança" - pensei.
- Hum. E porque você diz isso com tanta certeza? Que vocês nunca irão
namorar, quero dizer? Tipo, você não pode prever o futuro, e...
- Porque eu sei, Ali. Simplesmente sei. - Eu sabia que ela estava ficando
nervosa com minhas interrupções, mas não podia ser diferente. Eu não
podia contar tudo à ela, não ainda, e muito menos por telefone. - Edward e
eu somos completamente diferentes, e pertencemos a mundos totalmente
distintos, também. É impossível de acontecer, ponto final.
“Sem falar que eu já dormi com literalmente todos os membros de sua
família, e não consigo imaginar um perfeito e familiar almoço de
domingo...”
Alice suspirou fundo. Fechei os olhos, torcendo para que ela finalmente
desistisse.
- Jake está arrasado.- Falou por fim.
- É, eu imagino. A forma como nós conversamos, como ele foi embora...
Nossa, foi terrível. Eu me sinto culpada, nunca quis magoá-lo, você sabe
disso... Nós só... Tomamos rumos diversos. A vida seguiu em frente.
- Ele ama você, Bella. Você sabe disso, não é? Sabe que, acima de tudo e
surja quem surgir, Jacob sempre será alguém com quem você poderá
contar, em qualquer momento que precisar. - Eu abri a boca para falar, mas
Alice foi mais rápida. - Por isso, mesmo que você não o ame como
homem... Preserve sua amizade. E digo isso porque é uma amizade que
vale a pena. É um amor sincero, sabe?
- Eu sei... Você tem razão, e eu realmente pretendo conversar com ele
quando voltar. Mas... E Jasper? Sei que estou em falta com ele, e...
- Esse é um dos motivos pelo qual estou ligando! Jazz pediu para te
repassar o nome e o número do advogado que ele prometeu... Ele já
conversou com ele, já o deixou a par de tudo...
Sentei na cama e fechei os olhos. Merda! Eu não poderia aceitar... Não
seria capaz de trair Jasper dessa forma; de aceitar ajuda de um advogado,
pago por ele, para colocar seu pai atrás das grades.
- Ótimo. - Limitei-me a falar, mordendo meu lábio.
- Anote aí, então: o nome dele é Dr. Alan Mur...
- Alice! Olha... Eu estou sem papel e caneta aqui... Será que você poderia
me enviar por e-mail? Eu comprei um lap top, dou uma olhada assim que
sair do banho.
- Hum... Ok. Vou enviar agora!
- Tudo bem, então... Bem, vou tomar banho. Tenho que ir trabalhar, ok?
Foi ótimo falar com você, estava morrendo de saudades! Espero estar de
volta, em breve.
- Também estava com saudades. Jasper manda lembranças, ok? Mande
um beijo para Chase, diga que estamos com ele, em pensamento. Cuide-se
aí... E, bem... Boa sorte com esse tal de Edward. Me ligue se precisar de
alguma coisa, de qualquer coisa.
- Certo. Por favor, mande um beijo para Jacob, Alice. Diga que
conversaremos quando eu voltar.
A ligação foi encerrada e eu deixei que meu corpo caísse sobre o colchão.
Fiquei aliviada em saber que havia conseguido prorrogar minimamente o
momento em que teria que contar à Alice o absurdo que havia acontecido
comigo; que havia conseguido procrastinar a hora em que ela saberia que a
melhor amiga havia sido nojentamente estuprada pelo pai de seu noivo.
”Deus, faça com que o plano de Edward dê certo...” - Pensei. - “Ou então
eu terei que explicar o motivo de porquê não poderei aceitar a ajuda de
Jazz.”
****
"Bella...
E-mail enviado, ok? O Dr. Alan espera sua ligação.
Boa sorte!
Amo você, Alice"
Deixei que minha mente vagasse para longe, e quando vi o motorista -
nada simpático - já estava avisando que havíamos chegado e cobrando o
valor que marcava no taxímetro. Saltei e parei. O Volvo prata e reluzente
estava perfeitamente estacionado próximo ao meio fio.
- Mas o quê...?
Entrei rapidamente, e subi as escadas mais rápido ainda. A porta do meu
apartamento estava fechada, e eu sabia que Edward não tinha a chave...
Mas eu também sabia - perfeitamente bem – que isso nunca seria um
problema para ele. Exatamente por esse motivo, não fiquei nada surpresa
quando encontrei Edward sentado na poltrona de couro rasgada, fumando
um cigarro e portando o seu costumeiro – e excitante - olhar mortal.
- Onde você estava? - Ele perguntou, eu mal havia acabado de cruzar a
soleira. Deixei minha bolsa sobre a mesa, junto com as chaves, e fechei a
porta.
- Fui na Espartacus...
- Você se lembra que eu disse que você era exclusiva? Que, agora, só eu
toco em você?
- Não sei se você percebeu, mas eu sou nova nesse “ramo”. Não sabia até
que ponto a palavra exclusiva abrangia, e como ninguém toca em mim
quando me apresento... - Dei de ombros. - Mas Steven me deu o recado,
não se preocupe.
Edward deixou o cigarro sobre um cinzeiro próximo à cama e veio até
mim. Parou muito próximo e fechei os olhos, instintivamente. Merda, só a
eletricidade que o corpo daquele maldito homem gostoso emanava já servia
para deixar meus pêlos ouriçados – e minha calcinha encharcada.
- Pois então deixa eu te explicar, para não correr o risco de você me deixar
irritado mais uma vez, Bella... - A voz rouca e de sotaque britânico ecoou
próxima ao meu ouvido quando Edward inclinou-se ligeiramente em minha
direção. - Quando eu digo que você é exclusiva, e que só eu toco em você,
quero dizer em todos os sentidos. - Sua mão apertou minha cintura. - Ou
seja: só as minhas mãos tocam em você... - Ele colou a boca em meu
pescoço, os lábios entreabertos. - Só a minha boca sente o seu gosto... - E
então, num movimento rápido, Edward tirou minha blusa, meus olhos
abrindo-se e o encarando assim que o tecido havia acabado de passar por
minha cabeça. - E só meus olhos acariciam sua pele. Entendido?
Claro que a única coisa que consegui fazer foi balançar a cabeça
positivamente, minha boca entreaberta e minha língua umedecendo meus
lábios, enquanto eu literalmente salivava. As mãos de Edward seguraram o
cós de meus jeans e , em seguida e rapidamente, como se eu tivesse
apertado a porra do botão de acelerar em meu cérebro – em pouco tempo
estávamos pelados, nos agarrando sobre a cama.
Eu me sentei sobre ele. Como se quisesse demonstrar o que havia falado
pouco tempo atrás, os olhos irritantemente verdes acariciaram cada
centímetro de minha pele exposta. Segurei seu pau e o massageei
lentamente, e sorri quando Edward soltou um gemido rouco e longo, ao
mesmo tempo em que suas duas mãos seguraram meus seios. Pressionando
as palmas em meu corpo ele indicou que eu devia me erguer, e eu obedeci.
Quando tornei a me sentar, seu membro duro como rocha penetrou minha
entrada, que àquela altura já berrava e clamava por ele, por alívio. O
músculo entre minhas pernas quase explodiu quando encostou-se contra o
corpo dele, e percebi que não demoraria muito para que isso de fato
acontecesse.
Comecei a me mover lentamente. Edward apertou meus seios com um
pouco mais de força, seus dedos brincando com meus mamilos e me
fazendo gemer. Inclinei-me sobre seu corpo e levei meus lábios aos dele,
que sequer cogitou recusar meu convite, enroscando a língua na minha.
- Isso, Bella... - Seus lábios roçavam os meus, sua barba recém nascida
arranhando a pele de meu queixo. - Goza gostoso no meu pau e mostra o
que eu já sei... Que só eu consigo te deixar assim, maluca de tesão.
Segurei seu lábio inferior entre meus dentes, subi meu quadril e voltei a
descer, com tanta força que o ar deixou os pulmões de Edward. Ele segurou
minha cintura e eu rebolei, sentindo-o por completo dentro de meu
organismo, arranhando as paredes do meu corpo. Voltei a me erguer,
espalmando as duas mãos em seu peito bem definido. Eu me movia muito
lentamente, e nossos olhares estavam conectados, o que só me deixava
ainda mais excitada. Então, surpreendentemente, Edward esticou o braço
para o lado e pegou o cigarro, levando à boca e tragando, profundamente, e
em seguida estendendo para mim.
Porra, porra, porra. O homem era sexy demais, gostoso demais,
enlouquecedor demais.
Segurei o cigarro que ele oferecia e levei aos lábios. Edward remexeu o
quadril sob mim, e a sensação de tê-lo bombando com força enquanto a
fumaça quente penetrava meu organismo fez um espasmo percorrer meu
corpo. Segurei o ar em meus pulmões e deixei que minha cabeça tombasse
para trás por um breve momento, antes de voltar e me reclinar sobre o
corpo dele, meus seios colando-se ao seu peito. Segurei suas bochechas
entre meus dedos, criando um biquinho provocante e alucinante, os lábios
ligeiramente entreabertos. Meus cabelos criavam um véu ao redor de
nossos rostos, e o verde intenso de seus olhos ficou levemente obscurecido
– mas não por isso menos perfeito. Soltei a fumaça em sua boca, e Edward
imediatamente inspirou profundamente, fechando os olhos e segurando
minha cintura, e eu tive certeza de que minha pele ficou com a marca
vermelha de seus dedos.
Ele pulou sobre o colchão, seu pau enterrando-se tão fundo e com tanta
força que me fez gritar, no momento em que encontrou o ponto exato
dentro do meu corpo e o orgasmo surgiu, violento e arrebatador. Edward
também convulsionou sob mim, o jato quente e abundante invadindo meu
corpo e se misturando ao meu tesão. Quando finalmente minha mente
voltou a raciocinar claramente, inclinei-me sobre ele, esticando meu braço e
recolocando o cigarro no cinzeiro. Edward abraçou meu corpo e escondi
meu rosto na curva de seu pescoço, inalando seu cheiro característico e
delicioso, e sofrendo em meu âmago por saber que, muito em breve, eu
jamais o sentiria de novo.
Afinal, o jogo havia começado, e quando acabasse eu nunca mais veria
Edward Cullen novamente
Capítulo XVII - Reação inesperada
POV DE BELLA
Senti meus olhos arderem e os fechei, com força. Merda, eu não podia ter
me apegado tanto aquele homem! Eu sabia desde o início qual era meu
objetivo, como fui me entregar dessa maneira estúpida?
- Nada...
Silêncio. Por um longo segundo.
- Bella... Vai dar tudo certo, você vai ver... Logo Jasper estará preso, seu
irmão estará livre e toda essa loucura acabará.
Engoli em seco. Deus, Edward pensava como eu. Logo, tudo aquilo iria
acabar, no bom e no mau sentido. Chase estaria livre. Jasper estaria preso.
Edward estaria fora de minha vida.
Um sorriso frustrado escapou de meus lábios e me levantei, ajeitando
minhas calças. Peguei um cigarro no maço sobre a mesa e acendi, tornando
a me sentar.
"Fala para Edward o verdadeiro motivo de você estar assim. Fala que você
se apaixonou por ele, e diga que você sentirá falta dele quando tudo isso
chegar ao fim. O que você vai perder, afinal? Você já não tem qualquer
expectativa mesmo!"
Eu não podia. Era humilhação demais.
- Sim, você tem razão. - Falei, por fim. - Não vejo a hora de tirar Chase
daquele inferno...
- Mas?
Olhei para ele. Os cabelos estavam mais revoltos que nunca e os olhos num
tom de verde escuro que fez meu coração doer. como - diabos, como? - ele
sabia que existia um "mas"?
- Mas, apesar de tudo... Eu vou sentir sua falta, quando tudo isso acabar.
Pronto. Eu havia falado. Havia me humilhado, chegado ao fundo do poço.
Não tinha mais volta, não dava mais para apagar.
- Bonjour? Michel? Voici Edward Cullen. Oui, ok. Michel, j'ai besoin d'un
rendez-vous. Oui, aujourd'hui. Faites ce qu'il faut. Très bien. Jusqu'à ce que
plus tard.
Não perguntei para onde nós estávamos indo. Na verdade, eu decidi que
quanto mais calada eu ficasse, melhor. Porém, aquele silêncio
desconfortável - depois de minha confissão imbecil - estava me matando;
minha vontade era de sair do carro, deitar na minha cama e chorar contra
meu travesseiro. Ou, também, eu poderia esmurrá-lo; dizer que ele podia ter
dito alguma coisa - qualquer coisa. Podia ter agradecido meu comentário,
rir a minha cara, sei lá... Qualquer coisa era melhor do que o silêncio.
O carro parou e eu aguardei, desafivelando o cinto. Edward abriu a porta e
eu desci, o vento frio imediatamente abraçando meu corpo, fazendo-me
fechar meu casaco e trincar os dentes. O local era deserto e estava escuro, e
demorou para meus olhos acostumarem-se e eu entendesse que se tratava
de um aeroporto. Um homem vinha em nossa direção, a cabeça baixa, o
olhar no chão.
- Ótimo.
Mas que porra! O que ele queria dizer com "o tempo está perfeito" e "está
tudo pronto, como o senhor requisitou"?
Assenti com a cabeça, meus olhos voltando a analisar tudo ao meu redor,
sedentos de curiosidade. Edward deixou a chave e o celular sobre uma
mesa e sentou-se na cadeira em frente ao lap top, recostando-se e ligando-o.
Ele estocava com força. Minhas unhas cravaram-se nos seus ombros e meus
pés enlaçaram suas pernas, meu corpo todo sacudindo com a rapidez e
profundidade de seus movimentos.
- Quero ver você gozar, Bella... Quero que James pense que o avião está
passando por uma porra de uma turbulência, quando na verdade vai ser
você mordendo meu pau enquanto eu te destruo...
Fuck.
Sua barba mal feita roçou meu ombro e gemi quando ele me mordeu
levemente. Meu corpo amoleceu com esse gesto e Edward tomou as rédeas,
içando o quadril do vaso e afundando-se mais ainda em mim, fazendo-me
literalmente quicar em seu colo, meus seios subindo e descendo dentro do
vestido, imediatamente sendo agarrados por suas mãos.
- Edward! Porra!
Soltei suas coxas e minhas mãos espalmaram-se nas paredes ao meu lado.
Mordi meu lábio inferior e encostei-me em Edward, rebolando sobre ele,
deixando que o orgasmo assumisse o controle durante aqueles segundos
maravilhosos. Senti o jato deixando o corpo de Edward e me invadindo,
quente e feroz, abrindo espaço no meu organismo.
Parei de me mover e joguei minha cabeça para trás, permitindo-me encostar
em seu ombro. Edward tinha a respiração ofegante, e nossos corpos suados
estavam pelando.
A Limusine que havia nos buscado no aeroporto parou. Olhei para Edward,
que checava alguma mensagem no celular, e nada havia mudado: ele
permanecia impassível; sua expressão não revelava absolutamente nada do
que ele pensava.
http://www.onebythefive.com/
Vi pela minha visão periférica que Edward parou do meu lado. Ele colocou
a mão em minha cintura e indicou que eu andasse, e passamos pela porta do
estabelecimento. Um homem elegantemente vestido veio em nossa direção,
e Edward foi o primeiro a falar.
- Bonjour. Mon nom est Edward Cullen, je crois que Michel a déjà entrés
en contact.
- Oui, oui. Bienvenue, monsieur Cullen. Suivez-moi, s'il vous plaît.
http://www.youtube.com/watch?v=uelHwf8o7_U&ob=av3e
- Vem cá, Bella. Coloca essa boceta deliciosa na minha cara, que eu vou te
chupar até você perder os sentidos.
Levantei-me e fiquei de pé, em frente à ele. Os olhos de Edward
percorreram cada centímetro de meu corpo exposto, e pude sentir o tesão
escorrendo por minhas coxas em resposta. Andei pela lateral de seu corpo e
parei perto de sua cabeça, levantando uma perna e passando por cima dele,
em seguida abaixando-me exatamente sobre seu rosto.
Os dedos correram por minha extensão, em seguida penetrando-me
vagarosamente. Gemi alto, apoiando-me em meus joelhos, e Edward
segurou minhas coxas, enterrando o rosto em meu sexo, sua língua precisa
e profissional devastando toda a parte. Inclinei meu corpo para frente e abri
suas calças, ao que Edward levantou ligeiramente o quadril, e logo seu
membro duro e latejante estava em minhas mãos.
Edward continuava seu trabalho. Me chupava, lambia e mordia, e minha
primeira convulsão surgiu antes mesmo que minha boca encostasse em seu
pau. Assim que consegui reaver meu controle comecei a dar o mesmo
tratamento que eu estava recebendo, e o gosto único e singular de Edward
logo havia tomado conta da minha mente.
Edward retirou os dedos e enfiou sua língua. Levou os mesmos dedos para
o espaço entre minhas nádegas, penetrando com cuidado e – porra! - me
fazendo gozar novamente. Meus próprios dedos apertaram com mais força
seu membro, arrancando um rosnado de sua garganta, e sentir sua
respiração em meu sexo só aumentou o prazer.
Juro por Deus que não me recordo de ter saído de cima dele.
Aparentemente, o ambiente havia alcançado seu objetivo, e eu havia não só
experimentado os limites de minha visão e audição como os havia
ultrapassado. Quando dei por mim, estava ajoelhada no chão com meu
tronco inclinado sobre o sofá, meus seios achatados no couro macio.
- Geme meu nome. - Ele movia o quadril para frente e para trás de uma
forma tão lenta que mais parecia-se com a porra de uma tortura. - Geme
meu nome agora e fala o que só eu faço com você.
- Ed... Edward... - Engasguei, buscando por oxigênio. - Só você me deixa
maluca. Você é o único...
Ele se inclinou sobre mim, a boca entreaberta colando-se ao meu ombro.
- Deus, é maravilhoso, eu... - Minha voz era nada mais que um fiapo, um
gemido rouco e extasiado. - Merda, eu amo você.
Fechei meus olhos assim que as palavras deixaram meus lábios. Senti os
músculos de Edward retesando-se em meus dedos e ele parou de se mover,
apenas o final de seu tesão me invadindo. Meus pés tocaram o chão e tapei
meu rosto com o braço, sem coragem de me mover.
Ele se levantou, em silêncio, e foi para o bar, preparar outra bebida. Sentei-
me no sofá, abraçando meu próprio corpo e engolindo em seco. Edward
bebeu todo o líquido e foi em direção à uma porta, parando antes de abri-la.
- Vem, vamos tomar um banho. - Ele abriu e deu um passo, mas parou antes
de passar, de costas para mim. - E Bella... Não crie expectativas sobre mim.
Você já tem problemas demais.
Edward saiu e demorou um longo minuto até que eu tomasse coragem de
seguí-lo, sabendo que aquele conselho havia chegado tarde demais.
CAPÍTULO XVIII – Explorando os sentidos – segunda parte – TATO e
OLFATO
POV DE EDWARD
- Merda!
- Edward?
Fechei os olhos com força. Quando tornei a abrí-los, Bella estava parada na
porta do banheiro, segurando o vestido azul na frente do corpo. Eu conhecia
bem o que aquela expressão corporal queria dizer: “Eu estou me sentindo
violada e indefesa; abri meu coração e recebi a porra de um balde de água
fria como resposta. Obrigada por ser um tremendo babaca; por me trazer
nesse antro de romantismo e destruir tudo.”
Sim, eu sempre fui especialista em destruir sentimentos. E, pelo visto, não
havia perdido a prática.
Saí de frente da porta e Bella deu um passo, entrando no banheiro. Analisei
sua expressão enquanto ela analisava atentamente o ambiente, e se deparava
com aquele lugar onde tudo havia sido estrategicamente preparado para
aguçar mais dois sentidos: o tato e o olfato.
As paredes eram revestidas de veludo roxo. O toque era macio e de textura
imensuravelmente agradável, e era tão belo que parecia trair sua finalidade,
agraciando também a visão. A imensa hidromassagem de mármore branco
era fria e sua textura era singular, e havia diversos óleos e unguentos
perfumados espalhados, além de velas aromatizantes, que já estavam
devidamente acesas e exalando um odor magnífico.
Ela andou, passando por mim e chegando até a hidro. Abriu a torneira e a
banheira começou a encher-se vagarosamente, e o barulho da água soou um
tanto quanto reconfortante, quebrando o silêncio que havia se instalado. O
corpo dela estava nu na parte de trás, e suas curvas literalmente me fizeram
salivar. Fechei minhas mãos, tentando controlar a vontade insuportável de
tocá-la, de sentir sua pele quente e macia, como se eu não há tocasse há
séculos.
- Bella.
Ela virou o rosto por cima dos ombros. Seus cabelos castanhos eram um
véu sobre seus olhos, e a única coisa que eu enxergava claramente era a
forma como Bella mantinha o lábio inferior entre os dentes.
Eu me aproximei, segurando sua cintura, e Bella abriu os dedos, deixando
que o vestido caísse aos seus pés. Minhas mãos correram automaticamente
para seus seios e senti os joelhos dela dobrarem-se ligeiramente quando um
gemido escapou de sua boca, sua cabeça recostando-se em meu peito.
- Eu falei aquilo porque... - Colei meus lábios no ouvido dela, minha língua
deixando um rastro úmido de saliva. - ...Porque eu não quero que você se
machuque. Eu... Eu não quero magoar você.
“E é isso que eu sempre acabo fazendo”. - Pensei. - “No final, eu acabaria
machucando você, e não me perdoaria se isso acontecesse”.
Bella girou o corpo e ficou de frente para mim. Ela tinha a cabeça inclinada
para trás e seus olhos muito verdes corriam por meu rosto, como se
fizessem um reconhecimento geral. Sua mão ergueu-se e ela tocou minha
face, a ponta dos dedos acariciando de leve minha pele. Tive vontade de
fechar os olhos, mas me contive: eu não queria perder aquela conexão.
Ela ficou na ponta dos pés. Seus lábios tocaram suavemente meu queixo,
num beijo lânguido e demorado. Merda, só esse gesto já fez meu pau pulsar
enlouquecedoramente. Sua boca continuou, traçando a linha do meu
maxilar e alcançando meu ouvido, meu lóbulo pairando entre seus dentes.
“- Talvez...”
Comecei a falar, mas Bella lambeu meu lábio e engoli em seco. Segurei
com mais força os fios entre meus dedos, a boca de Bella entreabindo-se e
um vinco surgindo entre seus olhos, sua atenção totalmente fixa em mim.
Colei novamente nossos lábios e recomecei.
“- Talvez o nosso amor não seja tão louco quanto parece... ”- Bella fechou
os olhos ao ouvir que eu havia a imitado, escolhido uma outra frase da
mesma canção, e eu continuei. - “...talvez seja isso que acontece... Quando
um tornado encontra um vulcão.”
Sim, era isso. Um definição nunca me pareceu tão correta e abrangente.
http://www.youtube.com/watch?v=RcfqHusDwcg&ob=av3e
"Listen:"
'Cause all of my life, baby
I've been living kind trife, sugar
No one to guide me through and
Day and night without a clue
And I really need someone
To point me in the right direction
Swing my way, Parley parley
Prove my point that I am the joint
- Isso foi... - Ela fechou os olhos e umedeceu os lábios com a língua. Suas
bochechas estavam ruborizadas, reflexo da excitação e da posição
vivenciada segundos atrás, e ela conseguia ficar ainda mais perfeita assim. -
Maravilhoso.
POV DE BELLA
Então ele tomou uma ducha rápida, tempo em que me distraí analisando
com maior atenção cada detalhe daquele lugar magnífico. Uma das portas
estava trancada, e deduzi que se tratava do último cômodo ao qual Edward
se referira. A curiosidade estava quase me matando.
Ele saiu do banheiro e decidi imitá-lo, indo tomar banho. As velas ainda
estavam acesas, e o perfume que preenchia o lugar era agradável e
tranqüilizante. A água quente – como de costume – massageou meus
músculos e agradeci pela sensação confortável. Estava acabando de me
enxugar quando escutei uma batida na porta, seguida da voz de Edward
atendendo quem quer que fosse, mais uma vez em francês.
Quando saí, deparei-me com uma pequena mesa redonda de rodinhas, com
uma toalha de linho branca que tocava quase no chão e diversas travessas
cobertas com tampas prateadas. Edward fez um gesto de cabeça para que eu
me aproximasse, abrindo as travessas e revelando diversos tipos de comidas
típicas da região.
Era verdade. Mas, também, como comer com aquelas borboletas que
voavam em meu estômago?
Ele se afastou sem dizer mais nada. Pousei meu copo sobre a mesa e virei-
me na cadeira, e encontrei Edward parado na porta, olhando em minha
direção, aguardando que eu o seguisse. Levantei-me e apertei o laço que
segurava meu roupão, e logo estávamos parados em frente à porta que eu
havia tentado abrir pouco tempo antes.
- Feche os olhos.
Obedeci. Senti o braço dele escovando o meu quando Edward inclinou-se
para frente, abrindo a porta. O ar gelado que exalava do ambiente – fruto do
ar condicionado, concluí – fez com que meu corpo inteiro se arrepiasse.
Milhões de estrelas.
A voz rouca surgiu muito próxima ao meu ouvido, e mais uma vez todos os
poros do meu corpo arrepiaram-se.
- Êxtase. - Falei, antes mesmo que eu tivesse total certeza de que essa era a
melhor resposta.
A respiração de Edward batia em meu pescoço, e senti quando ela
aumentou de ritmo.
- Ótimo. Êxtase. Não poderia ter escolhido classificação melhor. Você sabe
o que de fato significa essa palavra, Bella? – Suas mãos seguraram minha
cintura e começaram a desatar o laço da corda que prendia meu roupão.
- Oh, Deus.
Meu roupão deslizou por meu corpo e caiu aos meus pés. As mãos de
Edward seguraram meus seios, os dedos apertando suavemente meus
mamilos, minha cabeça tombando para trás e encostando-se em seu peito,
minha respiração entrecortada.
Mais uma vez neguei silenciosamente com a cabeça. Edward segurou meus
braços e girou meu corpo, colocando-me de frente para ele. Seus olhos
percorreram meu corpo nu enquanto sua língua umedecia seus lábios, e um
espasmo curto de expectativa percorreu meu corpo àquele gesto. Então os
olhos intensamente verdes conectaram-se aos meus e meu coração falhou
uma batida.
Nós caminhamos sem parar para respirar. Abri meus olhos quando Edward
ergueu meu corpo e então meus pés ficaram pendentes no ar quando sentei-
me na cama suspensa. O colchão era incrivelmente macio, como se fosse
recheado de ar, e os lençóis de seda receberam minha pele como se fosse
um amante sedento.
POV DE EDWARD
Deixei Bella em casa assim que chagamos em São Francisco. Odiei a forma
como meu corpo reagiu ao afastar-se dela: um aperto incômodo sufocava
meu peito e minha mente vagava para sua imagem de minuto a minuto.
- Edward.
- Sim, boa. Acabo de chegar em São Francisco. Ocorre que não estou
conseguindo entrar em contato com Tânia e gostaria de contratar o serviço
do clube para amanhã à noite.
- Tudo bem.
Merda. O que diabos havia dado em mim? Onde eu estava com a porra da
cabeça para falar essas coisas... Para chamar Isabella de amor?
A porta se abriu e Emmett surgiu pela fresta, uma toalha enrolada na cintura
e um copo de whisky na mão.
- Posso saber que porra você está fazendo aqui, Emmett? – Minha voz saiu
menos nervosa do que eu gostaria.
- E você não devia ter pego seu jatinho particular e fugido com Isabella
para uma lua-de-mel. Ou seja: acho que você não está em posição de me
recriminar.
- Você sabe que não concordo com isso, não é? – A voz dele era fria e
impassível. Era como estar me encarando em um espelho.
Forcei de novo a entrada e, dessa vez, Emmett cedeu. Rosalie estava parada
na porta que dava para uma pequena cozinha, encostada no batente, os
braços cruzados e o pé direito plantado na batata da perna esquerda, como
se estivesse no meio de uma aula de Ioga.
- Rosalie. – Falei, acenando com a cabeça e me sentando no sofá, sem
esperar um convite para tanto. – Boa tarde.
Apontei com o queixo para a mão de Emmett, que havia fechado a porta e
estava parado próximo à ela.
- Não gosto de saber que você ficará sozinha com Whitlock, Rose. –
Emmett virou-se para mim. – Você vai estar por perto?
- Eu irei junto.
Olhei para ele, em seguida encarando Rosalie. Assenti mais uma vez.
- Tudo bem, se isso fará com que você fique mais tranqüilo.
- Não... – Ele disse, e sua voz doce soou completamente irreconhecível aos
meus ouvidos. – Eu só ficarei tranqüilo quando Rosalie sair de lá, sã e
salva, e de preferência com aquele filho da puta indo direto para a cadeia.
POV DE BELLA
- E-edward estava aí? – Senti uma pontada de ciúmes. – O que ele queria?
"Acabou.”
- Hum, ok. Me ligue quando souber, tudo bem? Como te disse, quero estar
aí para te ajudar a se aprontar, para acalmá-la... O tipo de coisa que só uma
outra mulher sabe fazer.
As palavras soarem falsas até mesmo para os meus ouvidos, mas Rosalie
assentiu e concordou sem dificuldade.
Só restava saber se ela realmente havia acreditado e se estava grata por
minha solidariedade, ou se, no fundo, ela sabia o que eu tinha em mente.
Se, no fundo, ela sabia que quem iria encontrar-se com Jasper Whitlock era
eu.
CAPÍTULO XX – Armadilha
***
- Vem comigo.
Comecei a andar pelo apartamento que eu já conhecia de cor. Edward me
seguiu em silêncio, e a tensão que havia entre nossos corpos era
literalmente eletrizante. Eu podia sentir todos os poros do meu corpo
arrepiados, todas as minhas células ansiando por seu toque. Chegamos em
frente a porta e eu a abri, entrando no quarto de Edward com ele em meu
encalço. Fechei a porta e acendi a luz, regulando a luminosidade pelo
interruptor até que o quarto ficasse em uma penumbra agradável.
Olhei por cima do meu ombro, através dos fios de meu cabelo. Edward
tinha o maxilar trincado e uma de suas mãos apertou instintivamente seu
membro sob os jeans.
- Porque você não deita na cama, Edward?
Ele permaneceu por um longo segundo parado. Então ele finalmente se
moveu e sentou-se na cama, as costas encostadas na cabeceira e os braços
cruzados sobre o peito. Andei até o centro do quarto e me virei para ele. O
único som audível eram as nossas respirações, que àquela altura já estavam
descompassadas.
Minha mão seguiu lentamente para a faixa de meu sobretudo, acompanhada
pelo olhar sedento de Edward. Desfiz o laço vagarosamente, e foi dessa
forma que abri o casaco, deixando que ele escorregasse por meus ombros e
caísse no chão, aos meus pés, revelando a roupa ousada que eu vestia por
baixo.
Puta que pariu. O que essa mulher estava querendo fazer comigo, afinal?
Sentir a boca dela envolvendo meu pau era terrivelmente alucinante. Ouvi-
la dizer exatamente o que pretendia fazer comigo, invertendo
momentaneamente os nossos papéis, conseguiu aumentar meu desejo de
uma forma fodidamente arrasadora. E eu pensava que isso fosse impossível.
Era isso. Isabella – ou Cindy, como ela pedira para ser chamada – queria
me destruir. Ela queria acabar comigo, aniquilar minha sanidade.
Eu sabia que tinha que sair, para encontrar-me com Emmett e Rosalie e
enfim colocarmos em prática o plano que havíamos criado. Jasper Whitlock
já devia estar se preparando para a noite que – mal sabia ele! - seria sua
ruína.
http://www.youtube.com/watch?v=7aro4uBPBC4&feature=related
“Roxanne
You don't have to put on that red light
Walk the streets for money
You don't care if it's wrong or if it is right
Roxanne
You don't have to wear that dress tonight
Roxanne
You don't have to sell your body to the night
Roxanne
Why does my heart cry?
Roxanne
Feelings I can't fight
You're free to leave me, just don't decieve me
And please believe me when I say I love you
Roxanne
Why does my heart cry?
Roxanne
Feelings I can't fight
Roxanne
You don't have to put on the red light
Roxanne”
Ela inclinou-se em minha direção. Seu rosto colou-se ao meu, seus lábios
roçando minha orelha, e senti quando uma lágrima escorreu de seu olho,
molhando minha face.
- Me desculpe, Edward. Eu... Eu vou sentir sua falta.
Como um touro indomável me remexi na cama, e o impulso fez com que
ela se afastasse, me encarando, a expressão de dor.
- Não, Bella. Me solta. Me solta agora.
Ela se levantou, começando a vestir o sobretudo preto, de costas para mim.
Em verdadeiro pânico.
- Bella! - Meu grito soou rouco e abafado pela bola que crescia em minha
garganta. - Bella, volta aqui! Eu... Porra, eu amo você!
Mas ela não voltou. Escutei a porta batendo ao longe, separando de mim a
mulher que carregava minha sanidade.
Para sempre. Eu podia sentir.
POV DE BELLA
- Eu sei o que você está planejando, Cindy. - Abri a boca para falar, mas ela
impediu-me com um gesto rápido de mão. - Sei que seu nome é Isabella,
mas sinto muito, não consigo me acostumar. De qualquer maneira... Sei o
que você está planejando, e realmente não sei se acho uma boa idéia.
Edward simplesmente ficaria furioso. E ainda sou da opinião que não se
deve irritar um Cullen. Principalmente Edward Cullen.
- Edward não saberia que você concordou. - Rosalie sorriu
debochadamente, voltando a olhar para o espelho e a mexer nas
maquiagens. Aproximei-me um passo dela.
- Você apenas chegaria lá, no meu lugar, e acha que Edward Cullen deixaria
que seguisse em frente? Por favor, Cindy! Ele simplesmente cancelaria
tudo! Ligaria para Jasper, diria que houve a porra de um imprevisto, e
teríamos que adiar por mais um tempo insuportável o fim dessa novela
mexicana! Ou então ele viria para cá furioso, me puxaria pelos cabelos e
algemaria você na cama para que ficasse longe disso, como ele mandou.
Fechei os olhos. A imagem de Edward algemado à cama imediatamente
invadiu minha mente, e senti a tremedeira tentando instalar-se novamente.
Eu não poderia contar o que eu havia feito à Rosalie: aí mesmo ela ficaria
mais apavorada e não seria persuadida. Eu sempre soube que ela tinha um
medo inconsciente de Edward, e não a recriminava por isso: ninguém
melhor do que eu sabia a aura de poder que ele emanava.
- Eu posso lidar com Edward. - Falei, rezando para que minhas palavras
soassem convincentes. - Você deve saber disso. Sei que você possui meios
para convencer Emmett a fazer tudo o que você quiser. Um homem
apaixonado vira uma marionete maleável nas mãos da mulher amada.
Suspirei fundo.
- Você se arruma toda, toma um calmante e vai dormir. Quando eu chegar,
digo para Edward que vim aqui e te dei o calmante sem que você soubesse,
porque meu plano era ir no seu lugar. Assim, ainda que eu chegue lá e
Edward... – Engasguei ao falar essa mentira, mas me recompus. - Ainda que
Edward queria vir aqui te buscar, não adiantaria. Nem se a porra de uma
manada de elefantes passar por aqui essa noite, você acorda.
- Não preciso nem dizer que esse segredo vai conosco para o túmulo, não
é?
***
- Isso realmente importa agora? Rosalie está bem. Está segura. Eu vim para
ser a isca, e Jasper está aguardando. É melhor começarmos logo, antes que
ele comece a desconfiar de alguma coisa.
O olhar mortal permaneceu sobre mim por longos segundos. Por fim
Emmett balançou a cabeça negativamente e se afastou. Os homens o
seguiram.
- Vou ligar para Edward pela última vez. Se ele souber – se ele sequer
cogitar - que eu aceitei esse seu plano, tenho certeza que ele me mata,
garota. Por isso, reze para que ele atenda, que passe na casa de Rosalie e
que Jasper tenha paciência. Senão esse plano fodido está cancelado
impreterivelmente.
Emmett pegou o celular. Sua raiva era tanta que eu podia sentir a energia no
ar. Os homens – percebi então que havia mais dois, sentados em uma mesa
encarando atentamente um lap top, usando o que pareciam ser escutas –
também estavam tensos.
Eu tinha pouco tempo. Ele ligaria para Edward e, mais uma vez, ninguém
atenderia. Rosalie tampouco. A chance era aquela e eu não podia
desperdiçá-la.
- Merda, ele não atende a porra do telefone! - Antes que Emmett se virasse
para mim, girei meu corpo e abri a porta, saindo corredor afora. - Isabella!
Bella! Merda! Você está sem o microfone!
Parei em frente a porta de Jasper. Olhei para meu lado esquerdo e Emmett
estava ali, metade do corpo para fora, o olhar me fuzilando. Respirei fundo
e toquei a campainha.
Os passos ecoaram em minha direção e olhei para Emmett uma última vez.
Ele xingou baixo e entrou, sumindo de vista, e fechei os olhos buscando
coragem. Quando voltei a abri-los, um Jasper Whitlock surpreso e com um
sorriso malicioso nos lábios me recepcionava.
Meu corpo inteiro congelou quando o olhar verde escuro me analisou por
completo. Jasper umedeceu os lábios sem qualquer sinal de discrição,
demonstrando claramente o quanto havia ficado satisfeito em me ver ali.
POV DE EDWARD
Pense, Edward. Apenas pense. Tem que haver uma porra de uma maneira
de você livrar-se dessa enrascada fodida.
Meus pulsos estavam praticamente em carne viva, mas a adrenalina em
meu corpo era tanta que eu não sentia dor. Eu já havia amaldiçoado a
maldita loja de móveis em que eu havia comprado aquela porra de cama:
mesmo após tantas investidas ela continuava completamente intacta e não
permitia minha tão almejada libertação.
Eu nunca havia ficado tão nervoso em toda a minha vida. Imaginar que
Isabella poderia estar correndo qualquer tipo de risco me deixava
simplesmente maluco. Eu sabia que Emmett jamais deixaria Bella cometer
qualquer ato impensado, mas mesmo assim eu não ficava tranqüilo.
Parei de me debater e de repuxar os braços por um instante, tomando
fôlego. Agradeci mentalmente por minha perfeita forma física: qualquer ser
humano sedentário estaria completamente exaurido em minha situação.
Fechei os olhos e senti uma gota de suor escorrendo por minha testa.
Quando tornei a abri-los, o teto alto e em penumbra pareceu-se mais com
uma cela apertada.
- Merda!!! – Meu grito ecoou pelo quarto, ultrapassando, com toda certeza,
os limites da porta cerrada e ressoando no apartamento onde Isabella me
deixara sozinho. Segurei o ímpeto de recomeçar a me debater; gastar
energia a esmo não iria adiantar porra nenhuma.
“A cama afastou-se da parede após todo o seu esforço vão para libertar-
se. Se você conseguir impulsionar seu corpo, e dar uma cambalhota para
trás, fazendo um giro de 180 graus sobre si mesmo, com sorte você
terminará com os dois pés no chão, atrás dessa porra de cabeceira
irredutível!”
“Sim. E, muito provavelmente, acabarei com os dois ombros deslocados e
os braços pendendo ao lado do corpo! Sem falar nos dois pulsos
quebrados.”
“É, tem razão. Preocupe-se com seu estado físico enquanto Isabella corre
o risco de ser violentada por aquele velho filho da puta!”
- Ah... Merda, merda!!!
Plantei os dois pés no colchão, levantando meus quadris. A posição esticou
meus braços, e a sensação de ter meus tendões distendidos até o limite
definitivamente não foi agradável. Fechei os olhos e respirei fundo. Eu teria
uma única chance de tentar realizar com sucesso aquele plano maluco; caso
desse certo, eu teria uma vantagem maior para me livrar dali. Caso desse
errado...
Proibindo-me de pensar duas vezes, impulsionei-me sobre o colchão. Teria
sido mais fácil se fosse um daqueles colchões ortopédicos e
desconfortáveis, mas mesmo assim consegui mover minhas pernas para
cima e iniciei uma cambalhota por sobre meu tronco. A ponta dos dedos dos
meus pés tocaram a cabeceira de madeira, momento em que parei e inalei
profundamente, antes de finalmente ultrapassar aquele ponto e meus pés
começarem uma descida por trás do móvel. Parecia a porra de um abismo
sem fim. Meus pés vagavam no ar e meu tórax ia sendo puxado com o
peso; meu abdômen foi literalmente esfolado pela cabeceira e meu pescoço
quase quebrou ao meio.
Mas a pior sensação foi a queimação.
Eu mal consegui perceber quando meus pés finalmente tocaram o chão,
tamanha a dor lancinante em meu ombro esquerdo. Girei meu pulso nas
algemas e levantei a cabeça; aparentemente eu havia conseguido: estava de
pé atrás da cama, apesar de ainda estar atado a ela pelos pulsos. Mas a dor
insuportável permanecia, e não foi preciso olhar duas vezes para meu
ombro para detectar que ele estava deslocado. Pelo menos meus pulsos
pareciam intactos.
- Merda, merda!!!
Apoiei minha testa na cabeceira. Puxei o braço direito com força,
objetivando quebrar o móvel, mas a madeira não cedeu nem um pouco.
Meu braço esquerdo estava inutilizável. Levantei a cabeça, piscando
algumas vezes para afastar as gotas de suor que escorriam pela minha face,
e puxei o braço direito novamente. A madeira maciça estalou. Eu devia ter
alguma chance.
Ia puxar meu braço direito pela terceira vez quando ouvi um barulho vindo
da sala.
“É ela. Porra, graças a Deus ela voltou!”
Minha razão, que por tanto tempo comandou minhas atitudes, xingou-me
com todas as forças. Gritava que eu estava completamente fodido e
machucado, por culpa única e exclusiva daquela mulher, e que era
simplesmente absurdo que eu, ainda assim, ficasse feliz e aliviado por saber
que ela estava bem. Ignorei minha razão.
- Bella! – Minha tentativa inicial de berrar foi falha: a voz ficou trancada
em minha garganta. Pigarreei. – Isabella!!!
Quando a porta do meu quarto se abriu e um Emmett completamente
transtornado surgiu, meu coração por um segundo esqueceu de bombear
sangue para meu corpo. Minha mente ficou turva e eu enxerguei vermelho.
- Emmett? – Pisquei várias vezes, implorando intimamente que aquilo
fosse a porra de uma alucinação, causada por meu corpo debilitado. – Que
porra você está fazendo aqui? Onde está Isabella? Vá embora, ela foi se
encontrar com você!
Ele não me deu ouvidos. Parou por um curto segundo na porta, analisando
o estado – deplorável – em que eu me encontrava, antes de andar com
passos longos e rápidos em minha direção.
- Seu braço... Ele está pendurado! – Emmett tocava-me com cuidado, um
gesto surpreendente para suas mãos imensas.
***
Nunca dirigi tão rápido em toda a minha vida. Não respeitei nenhum sinal
de trânsito e por diversas vezes escutei xingamentos, mas não me
importava. Por inúmeras vezes durante o trajeto eu tentei falar com
Isabella, ou mesmo com Rosalie, mas o celular de ambas só caía na caixa
postal, o que servia para me deixar com mais ansiedade e apreensão.
Um duelo de sentimentos acontecia dentro do meu peito, me deixando sem
ar. Eu queria matar Isabella Swan. Queria acabar com a mulher que havia
entrado na porra da minha vida sem pedir licença e bagunçado tudo o que
eu levara anos para construir, para adquirir. Queria castigá-la até fazê-la
compreender, de uma vez por todas, que era eu quem mandava, sempre.
Que pessoa nenhuma na porra do universo tinha o direito de desafiar ou
burlar minhas ordens, como ela havia feito essa noite e uma cacetada de
vezes antes disso.
Ao mesmo tempo, eu só queria saber que ela estava bem. Flagrei-me
rezando intimamente e fazendo promessas para que Deus a protegesse.
Logo eu, o filho da puta ateu que nunca acreditei que força superior
nenhuma existisse e pudesse resolver os problemas criados pela raça
humana. Eu só torcia para que Isabella, por algum motivo qualquer, tivesse
se dado conta da burrada que havia feito e desistido, ou que a porra de um
raio caísse sobre Jasper Whitlock antes que ele a tocasse.
Porque eu amava aquela mulher desesperadamente.
Estacionei de qualquer jeito em frente ao apart hotel e nem me preocupei
em fechar o carro. O recepcionista abaixou os olhos quando me viu, e não
foi preciso ordenar duas vezes que ele me entregasse a porra da chave
magnética do quarto de Jasper: eu era dono daquela merda de apart hotel e,
mesmo que assim não fosse, as pessoas com um pequeno detector de perigo
instalado no cérebro sabem quando devem ficar longe do meu caminho. O
elevador não encontrava-se parado ali, e eu subi as escadas de dois em dois
degraus, a adrenalina bombeada em meu sangue me impedindo de sentir a
queimação em minhas pernas pela exaustão.
Quando finalmente cheguei ao corredor, passei direto pelo quarto onde os
policiais deveriam estar. Eu não podia perder mais tempo. Parei em frente a
porta do quarto de Jasper e utilizei o cartão, entrando em seguida.
Cruzei a ante-sala vazia com passos rápidos e estanquei assim que cheguei
na porta do quarto.
A sensação foi como se um animal selvagem possuísse meu corpo.
Amaldiçoei minha pressa por não ter trazido comigo a arma que mantinha
em meu apartamento: juro por todos os Deuses que descarregaria todas as
balas na cabeça do filho da puta do Jasper Whitlock sem pensar duas vezes.
- Seu filho da puta!
As palavras foram vomitadas por mim ao mesmo tempo em que meus
braços apertavam seu pescoço, tirando-o de cima de Isabella e lançando-o
para o mais longe possível. Contrariando toda a pratica que eu tinha em
embates físicos, dei as costas para meu oponente.
Porque a única coisa que eu conseguia enxergar e racionalizar era Bella.
Isabella, a mulher que eu amava, deitada nua sobre aquele colchão, com o
rosto levemente inchado e sangrando. Eu me aproximei dela antes mesmo
que tivesse consciência de meu ato, e então eu a cobria e apalpava, para ver
se mais algum mal havia sido infligido àquele corpo delicado.
- Bella, como você está? Esse filho da puta machucou você, ele...!
Minha voz soava tão desesperada que não a reconheci. Antes que eu
pudesse escutar de Isabella uma resposta, Jasper havia avançado contra
mim e nos atracávamos pelo quarto como dois galos de briga. Eu o atingia
e ele revidava, e logo após eu sentir meu lábio inferior ser cortado escutei o
barulho do osso do nariz do homem se quebrando contra as juntas de meus
dedos. O quarto ia ficando completamente destruído enquanto nos
lançávamos naquela luta incessante.
Imprensei Jasper contra a parede e segurei seu rosto deformado entre
minhas mãos, meus dedos embrenhando-se em seus cabelos molhados.
- Eu... vou... matar você!
Puxei sua cabeça para baixo ao mesmo tempo em que ergui meu joelho
direito, e Jasper cambaleou meio inconsciente até cair sobre o aparador e
quebrá-lo ao meio. Após um segundo de recuperação, Jasper levantou-se e
pegou uma garrafa que jazia no chão, quebrando-a na quina da parede.
Num chute rápido ele me derrubou, e no instante seguinte o vidro quebrado
forçava a carne do meu pescoço.
- Não, Cullen... Eu é que vou matar você. E depois eu acabo o trabalho
com a sua vadiazinha preferida.
Pode ser patético dizer isso, mas eu não me importava em morrer. Não, se
isso fosse salvar Isabella. Mas aquela última promessa de Jasper reacendeu
o vulcão que havia entrado em ebulição no meu corpo, e comecei a debater-
me enlouquecidamente sob seu corpo. O homem pressionou o vidro contra
minha jugular e pude sentir a garrafa quebrada perfurando minha carne. Eu
gritei, mais por ódio do que por qualquer outra sensação: meu corpo já
estava totalmente anestesiado àquela altura, mas parei quando meus olhos
focalizaram Isabella em pé sobre o colchão, nua, segurando tremulamente
uma arma prateada com as duas mãos delicadas e apontando em direção à
Jasper.
Eu não podia deixá-la fazer aquilo. Isabella não poderia conviver com essa
culpa em sua alma; eu já havia matado homens antes, e lembrava-me
perfeitamente da primeira vez em que havia sujado minhas mãos ao agir
conforme Deus e decidir que alguém deveria morrer. Isabella não
agüentaria. Ela já tinha problemas demais, e a culpa – somada a um
eventual processo criminal – só serviria para levá-la ao fundo do poço.
- Bella, não!
Meu grito fez com que Jasper olhasse para trás. No segundo seguinte, o
barulho do tiro ecoou no local fechado, e o corpo do homem caiu sobre o
meu, o sangue que jorrava imediatamente queimando minha pele.
Joguei o corpo para o lado e andei a passos trôpegos até Bella, que havia
caído sentada sobre o colchão. Ela puxara o lençol para si, cobrindo-se num
ato instintivo de proteção, e tinha os olhos arregalados, a face molhada de
lágrimas. Sentei-me perto dela e levei meus dedos delicadamente até seu
rosto ferido, ao que ela fechou os olhos, seus músculos retesando-se
inconscientemente.
- Eu... – Ela chorava e balançava o corpo para frente e para trás. Minha
vontade era de acolhê-la em meus braços e afagá-la, mas me contive: ela já
tinha passado por muitas surpresas por uma noite. – Deus, eu feri você. Vo-
você... Está sangrando!
Olhei para baixo e entendi o que ela queria dizer. Minha camisa branca
havia sido tingida em quase sua totalidade pelo sangue de Jasper.
- Shhhh, não querida. Não estou ferido. Você não me machucou, você...
Salvou minha vida.
Bella engoliu em seco e me encarou. Suas mãozinhas trêmulas voaram
para meu peito, e logo eu estava sendo apalpado freneticamente, com
Isabella averiguando se eu falava a verdade.
- Eu não podia deixar que ele matasse você, E-eu... Eu te amo demais.
- Querida, eu...
- Edward!!!
Emmett e três policiais invadiram o quarto, com estrondo. Dois deles
rumaram diretamente para o corpo, enquanto Emmett e o terceiro pararam
ao meu lado e de Isabella.
- Porra, Edward! Você não devia ter me deixado para trás! E como assim
você veio direto, sem falar com os policiais, eles...
- Acabou, Emmett. – Eu falava com meu irmão, mas meus olhos não
desviavam-se de Isabella por um segundo sequer, a frase inacabada presa
em minha garganta. – Está tudo acabado, agora.
Emmett me encarou demoradamente, gesto que me fez quebrar a conexão
com Bella e encará-lo também.
- O que houve aqui?
Isabella chegou a abrir a boca, mas eu calei-a com meu indicador.
- Eu matei Jasper Whitlock. Simplesmente isso.
E ali, ao roubar para mim a autoria do que havia acontecido, com o intuito
único e exclusivo de proteger Isabella, eu percebi que não havia mais volta:
eu seria capaz de qualquer coisa por aquela mulher.
Eu, Edward Cullen, era prisioneiro cativo de Isabella Swan.
CAPÍTULO XXIV - Alterando o destino
POV DE BELLA
***
Depois que Emmett me deixou no quarto de Chase, permiti que meu corpo
literalmente desabasse sobre a cama e as lágrimas rolassem
abundantemente. Emmett me explicara, no caminho, que no dia seguinte
haveria uma audiência extraordinária onde o meu advogado – que seria o
mesmo de Edward – entregaria a fita para o juíz, e onde a promotoria
também teria acesso à essa prova.
E, muito provavelmente, Chase seria libertado no mesmo dia.
Com milhões de pensamentos em minha cabeça e com a dor lancinante em
meu peito, chorei até que as lágrimas se esvaíssem. Quando isso finalmente
aconteceu – não fazia a mínima idéia de quanto tempo havia se passado –
resolvi tomar um banho. Edward estava comigo o tempo todo; em todos os
segundos eu imaginava em como ele estaria, se estaria se alimentando, se se
sentia só. Quando todas as minhas fugas acabaram, eu percebi que era a
hora de fazer o que eu estava procrastinando.
Precisava ligar para Alice.
Peguei meu celular, sentei-me na poltrona de couro rasgada e suspirei,
olhando para o visor enquanto organizava o que eu diria. Eu havia
prometido à Edward não contar a verdade sobre o ocorrido, e não posso
dizer que estava a vontade com isso: Alice era a minha melhor amiga de
vida inteira, e mentir para ela definitivamente não me deixava confortável.
Todavia, ele estava pagando um preço alto demais para que eu seguisse
meus caprichos. Apertei o botão de discar e fechei os olhos, levando o fone
ao ouvido.
- Bella? – A voz esbaforida de minha amiga atendeu, ansiosa. - Por Deus,
onde você se enfiou?
Engoli em seco.
- Alice, você está desocupada? Eu... preciso conversar com você.
Minha amiga disse que não, não estava ocupada, e que sempre teria tempo
para mim, frase que fez as lágrimas recomeçarem no mesmo instante. Deus,
quando eu comecei a ser emotiva dessa forma ridícula?
Inspirando fundo, contei para Alice tudo o que havia acontecido – na
versão editada de Edward, claro. Contei desde o início, sobre como eu
havia me aproximado dos Cullen com intuito de inocentar Chase; sobre
como havia me surpreendido com Edward, e como havia me apaixonado
por ele; sobre como eu havia sido absurdamente estuprada por um homem,
que acabou sendo o verdadeiro culpado do crime ao qual meu irmão estava
sendo incriminado; e, por fim, contei sobre o plano maluco que eu criara, e
como Edward havia matado o homem para me defender, mas não antes de
conseguir a tão almejada confissão, o que livraria Chase da pena de morte.
Alice escutou tudo calada, pacientemente, e só se manifestou quando o
silêncio reinou na linha.
- Bella, querida...! Meu Deus, você não devia ter passado por tudo isso
sozinha!
- Eu... Não estava sozinha, Alice. Edward esteve comigo, o tempo todo.
- Sim, e agradeço a ele por isso. Mas é diferente, você sabe. Se você
tivesse contado tudo isso, eu e Jazz teríamos ido até aí, e...
- Alice.
Minha amiga calou-se, percebendo a seriedade em minha voz.
- Sim?
- Há algo... Algo de suma importância, que você precisa saber. - Fechei os
olhos e inalei fundo, buscando por ar e por coragem. - O homem... O
homem que me estuprou, e que é o verdadeiro culpado pelos crimes de que
estão acusando Chase... O nome dele é Jasper Whitlock.
- Co-como?
Apertei o topo do nariz com o indicador e o polegar. Merda. Já bastava a
minha dor, o meu desespero. Eu não queria ter que infringir a mesma
sensação terrível à Alice, uma das pessoas que eu mais amava no mundo.
- Eu sei que é terrível, e que é muito difícil de acreditar, Ali. Mas é
verdade. Eu só descobri depois que ele me violentou, e foi esse o motivo de
eu não ter ligado para vocês. Afinal, bem ou mal, ele é... Bem, ele era pai
de Jasper. Pai do seu noivo.
- Eu não... Eu não... Meu Deus!
Eu tinha plena ciência de que Alice chorava. Diabos, eu mesma chorava! E
foi assim que permanecemos por longos minutos, apenas duas amigas
separadas por quilômetros de distância, ligadas por uma frágil ligação
telefônica e por um buraco imenso no peito, enquanto as lágrimas
incontidas rolavam.
- Alice? - rompi o silêncio, por fim.
POV DE BELLA
Não posso dizer que fiquei surpresa quando Alice apareceu sem avisar na
manhã seguinte ao meu telefonema. Eu sabia – tinha certeza absoluta – de
que ela viria. O que realmente me surpreendeu foi Jacob ter vindo com ela.
No breve momento em que ficamos sozinhas – Jake havia saído para
comprar algo para almoçarmos – ela me disse que comentou por alto com
ele tudo o que havia acontecido, deixando de lado o fato de eu ter sido
estuprada, pois achou que era pessoal demais e que eu poderia não me
sentir confortável. Alice disse ainda que, após Jake saber que o verdadeiro
culpado tinha sido preso, e que Edward Cullen tinha salvo minha vida (mal
imaginavam eles que havia sido o contrário), ela não conseguiu persuadi-lo
a ficar em Forks, alegando que o melhor amigo acabara de “nascer de
novo”, e que acontecesse o que fosse ele tinha que estar presente nesse
momento.
- Foi legal da parte dele. Bem, pelo menos, eu acho. – Alice deu de
ombros, enquanto amarrava o cadarço do tênis. – Mesmo depois de tudo,
ele ainda é um ótimo amigo, Bells. Alguém com quem você sempre poderá
contar.
Eu sabia que era verdade. Contudo, não me sentia confortável perto de
Jacob, não ainda, depois de tudo o que havia acontecido. Acho que,
primeiro, teríamos que conversar abertamente. E, ademais, tampouco me
sentia confortável em levá-lo ao tribunal para assistir a audiência de
Chase, apesar de saber que não tinha jeito. Isso porque, antes da audiência
que decidiria a concessão da liberdade para o meu irmão, haveria a
audiência que decidiria o arbitramento da fiança de Edward. E, porra, eu
precisava assisti-la. Precisava vê-lo, ainda que de longe.
Alice acabou de calçar os tênis e recostou-se na poltrona, fechando os
olhos.
- Você não quer me contar como foi a conversa com Jazz, Alice? –
Perguntei, sabendo que, mais cedo ou mais tarde, teríamos que tocar
naquele assunto. Era melhor que estivéssemos a sós.
Alice abriu os olhos e suspirou.
- Foi... Difícil, para dizer o mínimo. Jasper não falava com o pai há anos –
nem fazia questão disso – mas, apesar de tudo, era pai dele. Dar a notícia de
que ele fora assassinado não foi nada fácil, em absoluto.
- Eu posso imaginar. Ainda mais com todo o contexto da história.
O corpo de Jasper Whitlock ainda estava no IML, para que toda a perícia e
autópsia necessárias fossem realizadas.
- Exatamente. – Alice levantou-se e começou a caminhar de um lado para o
outro, gesticulando enquanto pronunciava as palavras com sua voz de fada.
– É tudo tão surreal! Eu amo Jazz, Bella! Realmente amo! Mas, depois de
tudo, eu não consigo mais encará-lo da mesma maneira. E eu sei,
simplesmente sei, que ele também não consegue. Sei que ele não teve culpa
das coisas monstruosas que o pai fez, mas o que eu posso fazer? Pelo
menos por enquanto, eu olho para ele e relembro tudo o que você me
contou! E, também...
Alice parou de falar. Passou as mãos pelos cabelos e deixou o corpo cair
sobre a cama, os olhos fixos no teto.
- E também...? – Incitei-a a continuar.
- E, também, além disso tudo, que já não é pouca coisa... Tem Chase. – Ela
me encarou. – Pode ser ridículo, mas aquela visita que fiz ao seu irmão
mexeu comigo. Chase vai ser solto hoje, tenho fé nisso, e sei que ele vai
estar completamente desnorteado, e até um pouco revoltado... E eu não
quero piorar as coisas para ele.
Mordi meu lábio inferior. Sabia que nem tudo era mentira naquelas últimas
palavras de Alice – ela realmente não queria dificultar as coisas para meu
irmão, que já vinha tendo problemas demais nos últimos tempos. Mas eu
sabia, também, que havia mais ali: Alice queria vê-lo aqui fora, livre, sem
aquela parede de vidro blindado entre eles. Queria saber como seria uma
conversa com Chase em um lugar normal, depois de mais de dois anos de
distância. Queria saber o que sentiria de verdade quando tivesse um contato
real com seu grande amor da juventude.
- Eu... Entendo. – Falei, somente. Nada mais precisava ser dito.
Continuamos sentadas, em silêncio. Jacob chegou pouquíssimo tempo
depois, trazendo sanduíches e refrigerantes. Todos comemos sem conversar,
imersos em nossos próprios pensamentos. Quando terminamos, Alice disse
que iria comprar o jornal, e eu tinha noção de que aquilo era um plano para
deixar-me a sós com Jake, mas não a repreendi: eu sabia que era necessário.
Jacob, por sua vez, parecia mais sem jeito que eu quando ficamos sozinhos,
o que me surpreendeu.
- Jake. – Decidi tomar a iniciativa. Jacob me encarou, e percebi que ele
parou de respirar por um momento. – Eu queria te pedir desculpas. Nunca
quis magoar você, de verdade.
Meu grande amigo engoliu em seco, visivelmente desconfortável. Por um
momento, aquele homenzarrão pareceu-se como uma criança perdida e
desajeitada, e tive vontade de abraçá-lo, como fazia antes de todo esse
vendaval passar na minha vida.
- Tudo bem, Bella. Você não precisa pedir desculpas por nada. Sua vida
estava de pernas para o ar, você tinha o direito de tomar decisões sem
preocupar-se comigo.
- Eu não quero perder sua amizade. Você é muito importante para mim,
Jake. Sabe disso.
Jacob aproximou-se e me abraçou. Seus braços enormes e fortes
envolveram meu corpo e deixei meu rosto recostar-se em seu tórax,
absorvendo o calor natural que emanava dele.
- Você jamais perderá minha amizade, Bells. – Ele afagava meus cabelos e
segurei as lágrimas que forçavam saída. – O amor que sinto por você é
maior que tudo isso.
Permaneci mais algum tempo apenas aproveitando o abraço do qual sentira
tanta saudade. Jake acariciava meus cabelos pacientemente, esperando por
meu tempo, até que, enfim, me desvencilhei de seu aperto.
- Como estão as coisas? Lá em Forks, quero dizer?
Ele suspirou e se sentou.
- Leah está grávida. – Sem que eu pudesse conter, meu queixo caiu. – Ela
descobriu logo após eu voltar para Forks, após a minha última visita.
Não falei nada de imediato. Apenas permaneci ali, em pé, absorvendo e
processando a notícia surpreendente.
- Vo-você... Está feliz? – Perguntei.
-Você está feliz? – Ele replicou.
Dei de ombros. Aquela pergunta exigia uma resposta tão complexa...
- As coisas vão se encaixar, tenho certeza. Tudo vai melhorar. – Respondi
por fim. Jacob assentiu com a cabeça em silêncio, para depois concordar:
- Penso exatamente da mesma forma. E quanto a você e o...
- Edward.
- Sim, isso. Vocês estão bem?
Suspirei fundo. Ainda não estava preparada para conversar sobre
relacionamentos amorosos com Jacob.
- Sim, na medida do possível, com toda essa loucura.
- Espero que ele lhe trate bem. Senão eu vou até ele e finalmente revido o
soco que ele me deu.
Jacob tinha um esboço de sorriso nos lábios, o que me incentivou a sorrir
também.
- Não será necessário. Mas é bom saber que tenho um amigo que zela por
mim.
Nós não falamos mais nada, mas também não era preciso.
****
POV DE EDWARD
POV DE BELLA
Eu respirava com tanta força que meu corpo se balançava. O tribunal ficou
embaçado por trás da cortina de lágrimas que tomou meus olhos.
- Bella... - Alice havia se aproximado e segurava meu braço, delicadamente.
- Vem comigo. Vamos voltar para nossos lugares.
- Não! Eu preciso falar com Edward, Ali! Eu...
- Você escutou o que Edward disse, Isabella.
Alice e eu paramos de falar e viramos o rosto ao mesmo tempo em direção
a voz. Emmett me encarava seriamente, os olhos azuis quase escondidos
atrás da fenda que suas pálpebras criavam.
- Co-como? - Perguntei.
Emmett suspirou e deu um passo à frente, aproximando-se de nós. A
diferença de altura era imensa, e ele inclinou-se ligeiramente em minha
direção. Quando falou, sua voz era nada mais que um sussurro.
- Eu disse que você ouviu o que Edward falou. Ele foi bem claro: pegue seu
irmão e vá embora. Era isso o que você buscava desde o início, não era?
Pois bem: você conseguiu. Seu objetivo foi concluído. Você já nos trouxe
confusões demais, e agora meu irmão está preso.
Emmett não expressou em voz alta, mas seu olhar completava sua frase:
meu irmão está preso por um crime que não cometeu; está preso no seu
lugar. Fugi de seus olhos e encarei meus pés. Era doloroso demais encarar a
verdade.
- Vamos, Bella...
Alice me puxou pelo braço, e dessa vez me deixei ser carregada. Ainda
processava as palavras de Emmett, que latejavam em meu peito em
sincronia com as de Edward. Havia acabado, enfim. Edward não me queria
mais por perto, eu já o havia trazido problemas demais.
Quando voltei ao meu lugar, posicionada entre Alice e Jacob, meus olhos
fitavam o vazio sem enxergar. Um buraco imenso tomava meu peito e a dor
era lancinante. Estava quase me entregando à ela quando a porta do tribunal
tornou a se abrir, e a imagem de Chase ofuscou qualquer outra coisa em
minha mente.
Meu irmão. Meu irmão iria ser solto. Eu iria poder abraçá-lo em breve e
acabar com a angústia que os últimos dias me trouxeram. Era à isso que eu
iria me prender para superar a dor de perder Edward.
POV DE CHASE
Alice.
Meu coração começou a bater tão rápido que fiquei sem ar. Por Deus, ela
era tão linda! Seu sorriso perfeito formou-se assim que me viu, e me flagrei
sorrindo também, com sinceridade, pela primeira vez em anos. Diversas
imagens surgiam em minha mente, como um filme da minha vida passando
em flashes. Todos os momentos maravilhosos que vivemos juntos, desde a
infância, inflando meu peito com o sentimento que eu sempre nutri por ela.
Amor.
Tudo passou rápido e lento, ao mesmo tempo. Prostrei-me ao lado do
advogado, triste por dar as costas à minha irmã, ao meu amigo e à mulher
que eu amava e que estava ali, tão perto, por minha causa. Busquei na
memória se eu havia visualizado Jasper em algum canto do tribunal e
concluí que não, ele não estava lá. Eles haviam terminado? Aquela história
toda havia destruído o relacionamento dos dois? Senti pena de Alice; eu não
suportava a idéia de vê-la com outro, mas suportava menos ainda saber que
ela sofria.
Mas que merda! O que Isabella tinha passado para tentar me salvar? E
aquela fita... As palavras de Jasper detonavam Cullen de uma forma quase
irreversível. A gravação recomeçou a rodar e interrompeu meus
pensamentos.
- Chase!
Olhei para trás e vi Isabella dando a volta no banco, acompanhada de Jake e
de Alice. Me coloquei de pé e ela veio correndo em minha direção, o rosto
repleto de lágrimas. Abraçou-me apertado e beijou meu rosto diversas
vezes, apalpando meu corpo, como que se certificando que eu era real.
- Ah, Chase... - Bella segurou meu rosto entre as mãos e me olhou com
carinho. - Você está livre! Vamos voltar para Forks e recomeçar, você vai
ver!
- Shhh, shhh, Bella... - Eu afagava suas costas, meu rosto escondido por
seus cabelos. - Acabou. Tudo vai ficar bem, agora. Você vai ver.
- Não, ele...
***
- Me acompanha?
Alice olhou para minha mão estendida e a segurou, um pouco relutante.
Então ela se levantou e me acompanhou, em silêncio, até o lado de fora. A
calçada estava movimentada e com um aceno breve de cabeça indiquei para
que andássemos. Acendi um cigarro, guardei o maço no bolso e ofereci meu
braço para ela, que aceitou. Andamos por minutos sem rumo certo, ainda
em silêncio.
- Você não tem noção de como é maravilhoso ver você livre. - Ela
respondeu, sua voz doce e suave acariciando minha alma.
- Shhh... - Ela levou a outra mão aos meus próprios lábios, o indicador
fazendo-me calar. E então ela me surpreendeu.
Aproximando-se de mim, Alice ficou na ponta dos pés – de tênis, ela era
muito mais baixa que eu – e me beijou. Um beijo que começou tímido,
lento, e que aos poucos foi tomando forma, na medida em que nossas
línguas se reconheciam. Suas mãos pequenas apertavam meus braços, meus
ombros e seguravam meus cabelos, que já haviam começado a crescer.
- E tem outra coisa, também. - Engoli em seco. Sem me dar conta, parei de
respirar. - Eu não via você há dois anos. E, desde aquela visita que eu lhe
fiz no presídio... Percebi que eu não havia te esquecido, Chase. Dizer que
eu não amo Jasper, seria mentira. Mas o que eu sinto por você... É diferente.
E eu percebi que não iria me perdoar se nunca descobrisse se seríamos
felizes juntos. Jamais me perdoaria por não tentar.
Ignorei o momento em que ela disse que amava Jasper. Isso não importava.
O que importava é que ela me amava, e que tinha escolhido a mim. Mesmo
após todas as minhas burradas, Alice ainda me amava. Tomei-a nos braços e
trocamos o beijo mais apaixonado da minha vida.
***
Voltamos de mãos dadas para o Pub. Jacob estava sentado à mesa sozinho,
o olhar perdido na cantora que dedilhava o violão.
- Onde está Bella? - Alice perguntou, mal havíamos nos aproximado. O
olhar de Jake recaíu em nossas mãos unidas e ele sorriu.
- Estou aqui.
Nós três olhamos para ela. Tinha alguns fios de cabelo grudados no rosto e
parecia mais pálida do que o habitual.
- Bells? - Jacob levantou-se e a amparou, ajudando-a a se sentar. - Você está
bem?
- Não... Estou muito enjoada. Não sei se foi a tensão do dia de hoje, ou esse
milk-shake... Preciso ir embora, gente. Não estou me sentindo bem.
***
Eu estava tão nervosa que minhas mãos suavam. Mal lembrava de como
havia chegado até ali, tamanha confusão era a minha mente. Mais uma vez
encontrava-me sentada em frente a um vidro blindado, aguardando uma
pessoa que eu amava aparecer para conversar comigo através de um
aparelho telefônico encardido.
Logo após descobrir a novidade, eu havia desabado em lágrimas. Agradeci
mentalmente por Jacob e Chase não estarem em casa – eu não queria que
eles ficassem sabendo, não ainda, não antes de eu decidir o que fazer, como
agir. Alice me afagou e acalmou, e juntas chegamos à conclusão de que o
primeiro passo era contar para Edward. É claro que, a partir desse
momento, eu estava uma pilha de nervos: Edward não era, definitivamente,
uma pessoa previsível, e, se eu tinha uma certeza na minha vida, era que eu
teria aquele bebê, em qualquer circunstância. Foi pensando nisso - e
passando e repassando em minha cabeça diversas formas de como eu
poderia contar a ele – que eu peguei um táxi com Alice e fui até o presídio.
Alice havia ficado do lado de fora, me aguardando: essa era uma conversa
particular.
Eu cutucava minha cutícula impacientemente quando escutei passos
ecoando pelo piso frio. Respirei fundo, tomando coragem, antes de erguer
os olhos. O vinco em minha testa se formou ao mesmo tempo em que
minha visão enviava para meu cérebro a imagem que absorvia, enquanto
buscava entender o que ela significava.
- Boa tarde. Senhorita Swan? – Um guarda penitenciário aproximou-se, do
mesmo lado do vidro em que eu me encontrava.
- Sim. Sou eu. Pois não?
- Edward Cullen pediu para entregar-lhe isso. – O homem, que tinha uma
barriga proeminente e óculos de grau escorregados até a ponta do nariz
anguloso, ofereceu-me um envelope branco. Demorei um segundo para
estender a mão e pegá-lo, mas ele não pareceu irritar-se com isso. – Pode
demorar o tempo que quiser.
O guarda virou-se e meus olhos o acompanharam, até que ele desapareceu.
Meus dedos seguravam com força o envelope, amassando-o ligeiramente.
Analisando com cuidado, vi que não havia nada escrito nele: era
absolutamente em branco, sem remetente ou indicação de destinatário. Sem
conseguir esperar mais, rasguei a lateral e retirei uma folha, sentindo meu
corpo retesar-se ao reconhecer a caligrafia firme e elegante de Edward.
"Isabella,
Apesar de saber que fui claro da última vez que nos encontramos, não me
surpreendo com sua insistência e teimosia. Por isso tentarei ser breve e
direto, a fim de que possamos resolver logo essa situação.
Não apareça aqui novamente. Volte para Forks com seu irmão, siga sua
vida. Seu objetivo foi concluído com a liberdade de Chase, e cumpri minha
parte quando prometi que iria lhe ajudar. Mas é só isso. Nosso
envolvimento – qualquer que possamos ter tido – acaba aqui.
Fique tranqüila: não procurarei você quando finalmente sair desse lugar.
Será como se eu nunca tivesse existido.
E. Cullen”
- Tu-tudo bem.
Girando o corpo, voltando-se para a direção de onde viera, Carlisle
estendeu o braço indicando que eu andasse. Pigarreei silenciosamente,
mordendo o lábio enquanto criava coragem para obedecer. Passamos pela
recepção nada vistosa do presídio e senti os olhares curiosos sobre nós, e
não pude deixar de achar - seja por me sentir rejeitada ou por ser
simplesmente verdade – que também havia uma grande dose de piedade
estampada ali.
A leve luz solar que conseguia escapar das nuvens cinzentas que
encobriam o céu da tarde de São Francisco fez minhas pálpebras se
fecharem levemente, mas ainda assim consegui enxergar Alice encostada
no capô do carro. Ela estreitou o olhar e eu acenei levemente com a mão,
informando-a silenciosamente que eu iria demorar um pouco mais que o
previsto e que ela poderia partir, se quisesse. Após atravessar a rua virei
rapidamente a cabeça para trás, e não me surpreendi ao encontrar Alice na
mesma posição, com um livro em mãos, resignada em me esperar o tempo
que fosse necessário.
Não demorou para que chegássemos em uma pequena lanchonete de
esquina. O lugar não era nada sofisticado – completamente diferente dos
padrões que Carlisle Cullen costumava ostentar, com certeza -, mas
tampouco era de baixo calão, como poderia se esperar de qualquer
estabelecimento próximo a um presídio. Sentamo-nos em uma mesa
reservada perto da janela e pedimos café para ambos e ovos estalados para
Carlisle, para uma garçonete deslumbrada que quase desabou sobre a mesa
enquanto devorava Carlisle com os olhos. Apenas quando ela retornou com
os pedidos e se retirou foi que nos encaramos diretamente.
- Tem certeza que você não quer comer alguma coisa, Isabella? - O café
desceu pelando por meu esôfago e neguei com a cabeça discretamente, mas
sabendo que Carlisle havia percebido. - Você deve estar se perguntando o
motivo de eu ter lhe pedido um minuto de atenção.
- Realmente... Tenho que admitir que estou curiosa.
Carlisle sorveu um longo gole de café e recostou-se na cadeira. Ele chegou
a abrir a boca para falar, mas a garçonete sem noção voltara com os ovos
estalados, o cheiro da iguaria dominando por completo todo o ambiente.
Imediatamente meu estômago revirou-se e minhas mãos voaram para a
minha boca na mesma velocidade em que minhas pernas me levaram para o
banheiro.
Não faço a mínima idéia de quanto tempo demorei trancafiada lá dentro.
Só sei que foi tempo o suficiente para eu amaldiçoar minha pouca sorte e
para ter certeza de que encontraria um Carlisle completamente diferente do
que eu deixara para trás.
Eu estava certa.
O prato de ovos estalados não estava mais sobre a mesa, e no ar reinava
um cheiro bem mais agradável de algum desodorizante. Imaginei por um
breve segundo o que Carlisle havia feito para conseguir tamanha façanha na
minha ausência.
- Desculpe-me, eu...
- Você está grávida. - Ele foi curto e grosso, disparando as palavras antes
mesmo que eu acabasse de me sentar. Não havia sido uma pergunta.
Cheguei a abrir a boca para negar, juro que cheguei. Mas o olhar
penetrante de Carlisle me impediu de tentar esboçar qualquer mentira
esfarrapada. Cerrei os lábios e coloquei uma mecha de cabelo atrás da
orelha, num gesto involuntário e confesso.
- Edward já sabe?
- Não! - Minha voz soou mais alta do que o esperado, e me encolhi na
cadeira no instante seguinte ao lapso. Carlisle não moveu um único
músculo perfeito. - Por favor... Por favor, não quero que Ed... Não quero
que Edward saiba de nada.
Um vinco profundo surgiu na testa do homem a minha frente. Apoiando os
cotovelos adornados com uma blusa de grife bem cortada na mesa, Carlisle
aproximou o tronco de mim, inclinando-se suavemente em minha direção.
- Não será fácil esconder isso dele, Isabella. Você conhece Edward.
- Não disse que nada nessa situação será fácil. Mas tampouco acredito que
Edward será um problema. - As palavras fluíam com mais naturalidade
agora, e fiquei satisfeita por isso. - Ele deixou bem claro que nunca mais
quer me ver. Pediu cavalheiramente que eu me retirasse de sua vida para
sempre. Ponto final. A história acaba aí.
Senti minhas bochechas queimarem enquanto Carlisle me analisava
atentamente. Minha respiração ficou descompassada e cheguei a desviar o
olhar, mas nada disso o intimidou: o homem continuava a me encarar
compulsivamente, e o olhar fixo demonstrava que sua mente vagava para
longe.
- Olha... - O nervosismo, estranhamente, me fez criar coragem para
quebrar o silêncio desconfortável que se instalara. - Pode ficar tranquilo,
Senhor Cullen... Não serei nenhum estorvo inconveniente para a sua
família. Pode parecer inacreditável, mas eu realmente me apaixonei pelo
seu filho. Esse bebê que estou esperando é o fruto desse sentimento
inesperado e espetacular, e cuidarei dele sozinha sem jamais importunar a
sua família.
- E o que exatamente você pensa em fazer?
- Voltarei para Forks com meu irmão. Tentarei reaver meu antigo emprego
e retomarei a faculdade depois que o bebê nascer. Eu sempre me virei,
Carlisle. Não agiria de outra forma agora.
- Você não vai ficar tranquila. Ficará sempre preocupada – e com esperança
– que Edward apareça. Buscará em cada rosto pelo dele, prenderá a
respiração a cada vez que o telefone tocar, ansiando que seja Edward. E só
vai piorar, a cada ano que passar, a cada aniversário que seu filho
completar. Sua vida não terá paz e, por consequência, a de seu filho
também não.
- Eu sei que você está passando por uma situação ligeiramente crítica, então
irei relevar esse seu desabafo e...
- Ah, você sabe? Situação ligeiramente crítica? – Apaguei o cigarro e
coloquei-me de pé. Os olhos mortíferos de Carlisle me acompanharam. –
Você não sabe de porra nenhuma! Nunca soube! Você deveria ter sido
proibido de ser pai. Sua criação de merda me trouxe onde estou hoje!
- Isabella não servia para você, Edward. Cresça. Supere essa paixonite
ridícula. Seja homem. Honre o sobrenome Cullen.
Mordi o interior de minhas bochechas buscando paciência. Minha vontade
era a de socar aquele vidro até rachá-lo em dois e alcançar Carlisle, mas a
simples idéia de fazê-lo fez as juntas de meus dedos urrarem.
- Tem razão. – Minha voz soou impassível e fria, surpreendendo até a mim
mesmo. – Isabella não merece ter ao lado dela o monstro que você criou.
Ela é boa demais para isso. Bella merece ser feliz.
Após desligar o telefone sem qualquer menção de delicadeza afastei-me
sem olhar para trás, e sem me preocupar em como seria minha vida dali
para frente.
POV DE ISABELLA
Guardei o pequeno envelope pardo dentro da minha bolsa, junto com outro
envelope, branco. O primeiro continha todo o dinheiro que eu – ou melhor,
Cindy – havia angariado nas últimas semanas. Não era pouco: na verdade,
jamais havia visto tanto dinheiro junto antes sob meu poder. Contudo, era
nada perto do que eu precisaria para criar uma criança sozinha.
Criar uma criança sozinha.
Essa simples visão fez um arrepio percorrer meu corpo. Uma semana já
havia se passado desde a minha conversa com Carlisle, mas era pouco
tempo para que eu assimilasse perfeitamente o que a minha decisão
significava: uma vida totalmente nova, sob um pseudônimo qualquer, em
um lugar completamente desconhecido. Alice havia tentado me persuadir
de diversas formas, assim como Jacob. Chase, por sua vez, havia gostado
da idéia; acredito que isso se dava porque ele queria me ver o mais distante
possível de Edward e de tudo o que havíamos passado desde que ele o
conhecera.
- Bells? – A porta do quarto se abriu e fechei a bolsa, saindo de meus
devaneios. Jacob entrou, o olhar percorrendo as duas malas que jaziam ao
lado da cama. – Você está pronta? Tem um carro te esperando lá fora.
Mordi o lábio inferior. A hora havia chagado: não havia mais volta. Jacob
notou meu início de crise de pânico e aproximou-se.
- Você ainda pode desistir, Bella... Aqui você terá ajuda: minha, de Alice e
de Chase. A vida em outro país não é fácil para ninguém, ainda mais com
uma criança pequena e...
- Você já terá seu próprio filho com que se preocupar, Jake... E, além do
mais, vai ser melhor assim. Pelo menos vou para um lugar onde falam a
mesma língua; poderia ser pior.
Jacob passou a mão pelo rosto, percebendo que não conseguiria me
persuadir.
- Ligue assim que chegar lá, ok? E ligue todas as vezes que precisar...
Quando se sentir só, ou com medo, ou simplesmente quiser escutar uma
voz amiga e familiar. Estarmos todos aqui para você.
Assenti a abracei meu amigo, feliz por aquelas palavras e por ter certeza de
que elas eram sinceras e reais. Logo depois saí do quarto, com Jacob em
meu encalço carregando minhas duas malas. Alice e Chase me aguardavam,
e minha amiga veio em minha direção portando um nariz completamente
vermelho e lágrimas nos olhos.
Após mais alguns minutos de choradeira e lamentações, finalmente
consegui transpor a porta e chegar ao quintal.
Um carro totalmente negro me aguardava na calçada, e um motorista
encontrava-se de pé ao lado da porta traseira. Assim que me avistou, o
homem uniformizado abriu-a, deixando-me com Alice enquanto tratava de
guardas minhas malas na parte de trás.
- Tome cuidado. – Alice cochichava, não sei dizer ao certo o motivo. – Está
com o passaporte em mãos? E com a passagem?
Assenti. O passaporte havia chegado naquele mesmo dia, pela manhã.
Trazia junto a minha passagem e um pequeno bilhete, que imaginei ser de
Carlisle, informando alguns detalhes peculiares: ele havia providenciado
um apartamento em meu nome, bem como aberto uma conta, que já
contava com um valor considerável para movimentação.
A partir daquele momento eu me chamava Kristen Stewart e havia nascido
em Los Angeles , no dia 09 de abril de 1990.
****
- Sim, está tudo bem. O vôo foi tranqüilo, dormi a maior parte do tempo.
- E o apartamento? É legal?
Olhei ao redor. Eu podia escutar Alice continuando com a enxurrada de
perguntas ao fundo, mas não assimilava nada. Se o apartamento era legal?
Eu nunca havia imaginado morar em um lugar como aquele antes.
Totalmente mobiliado, com móveis práticos e modernos, o apartamento
escolhido por Carlisle era arejado e de ótimo gosto, com dois quartos, suíte,
cozinha, sala de jantar e de estar. Imaginei como aquilo era desnecessário:
eu não conhecia ninguém naquele lugar e nunca fora uma pessoa com
facilidade para fazer novas amizades. De qualquer forma, apesar de não
poder rechaçar a oferta de primeira, eu não pretendia permanecer ali por
mais tempo do que o necessário.
Eu não pretendia depender de Carlisle mais tempo do que o necessário.
- Bella?
- Hum, sim, o apartamento é ótimo. Você vai gostar dele, quando vier me
visitar.
- Já estou contando os minutos! Olha, Chase está mandando um beijo! E
Jacob também!
- Mande outro enorme para eles. Agora vou desligar, quero desarrumar as
malas e descansar um pouco. Amanhã irei procurar emprego, não posso
estar com olheiras!
- Fica com Deus, Bella! Amanhã nos falamos! E faz um carinho no meu
afilhado por mim!
- Pode deixar. Até amanhã, Ali.
Após encerrar a ligação, tomei um banho quente e preparei um sanduíche.
Carlisle – ou a pessoa mandada por ele – havia feito um trabalho completo,
e a dispensa estava abarrotada de todo o tipo de alimento e bebida.
Devidamente alimentada e menos tensa, desfiz a primeira mala com a
cabeça longe.
Com a mente em Edward.
Mesmo que eu me odiasse por isso, não conseguia deixar de pensar nele.
Preocupava-me não saber se ele estava bem; se estava se alimentando;
como andava o rumo do processo. Automaticamente, fui até minha bolsa e
retirei a carta que ele havia me escrito, e senti a dor lancinante tomar meu
peito mais uma vez ao reler as duras palavras.
Guardando-a novamente na bolsa, encarei minha imagem refletida no
espelho que havia na porta de meu armário. Alisei delicadamente meu
ventre sob a camisola de cetim e não pude deixar de sorrir ao imaginar
como será o rosto de meu bebê, rezando intimamente que ele puxasse os
traços finos e belos do pai.
- Muito prazer, filhote. Sou Kristen Stewart, sua mãe. Você será a criança
mais amada do universo. Será nós dois contra todo o resto, e iremos
vencer... Porque teremos sempre um ao outro.
Eu realmente precisava acreditar nisso para continuar vivendo.
Capítulo XXIX - E o tempo passa
POV DE BELLA
Guardei o aparelho celular na bolsa e limpei uma lágrima que escorria por
minha face. Eu não queria demonstrar fraqueza para Isabella: ela já tinha
problemas demais; precisava de alguém confiante de que tudo daria certo,
mesmo com tantas adversidades. Mas a verdade é que eu estava muito
preocupada com minha melhor amiga, numa cidade distante, enfrentando
tudo aquilo sozinha.
- Alice?
Meus olhos já estavam fechados, e apertei as pálpebras ainda com mais
força ao escutar aquele timbre de voz tão familiar. Inalei profundamente,
buscando uma calma dentro de mim que eu sabia ser praticamente
inexistente. Abri os olhos lentamente, engolindo a saliva que se acumulara
em meus lábios e que desceu rasgando minha garganta.
Jasper estava parado ao lado de minha mesa. Tinha os cabelos levemente
desgrenhados e segurava um cachecol vermelho em uma das mãos. Trajava
roupas sérias – um terno elegante e um sobretudo preto, que tinha alguns
respingos de chuva nos ombros. Claramente havia acabado de entrar no
pequeno café onde eu me encontrava, provavelmente para fugir da chuva
que começara a cair.
- Jasper. – Minha voz saiu baixa demais e eu pigarreei. – Olá.
Houve um segundo de silêncio, que pareceu longo demais. Então Jasper
sorriu, o seu sorriso discreto e caloroso, que ele sempre costumava dirigir a
mim.
- Há quanto tempo... – Ele falou, tentando esconder o nervosismo de sua
voz. – Você... Está sozinha...?
Não pude deixar de sorrir, melancolicamente. Inevitavelmente imagens de
um passado recente surgiram em minha mente, trazendo lembranças de uma
época em que tudo era menos complicado. Fiquei com pena de Jasper,
parado ali, sem jeito, e recordei-me dos dias em que estar perto um do outro
era tão natural quanto respirar.
- Sim, estou sozinha.
Ele ainda sorria, mas seus olhos verdes estavam sérios. Pude ler facilmente
o que sua expressão dizia: ele travava uma batalha entre virar as costas e
partir, ou permanecer e oferecer-se para sentar-se à minha mesa. Resolvi
facilitar as coisas para ele.
- Você gostaria de se sentar? Acabo de chegar também, ainda nem fiz meu
pedido.
O olhar de Jasper iluminou-se, e uma pontada de dor apertou meu peito.
Aquilo não era saudável, para nenhum de nós dois, mas muito menos para
ele. Afinal, eu havia terminado tudo porque descobrira que minha
verdadeira felicidade encontrava-se com outra pessoa... Jasper, eu sabia
bem, ainda nutria um sentimento muito forte por mim.
- Seria ótimo. Obrigado. – Retirando o sobretudo preto e apoiando-o na
cadeira, Jasper sentou-se ao meu lado. Seus olhos correram o ambiente,
mas na verdade ele fitava o vazio: sua mente pensava no que ele diria a
seguir, eu tinha certeza. – Como andam as coisas? Você está bem?
Aquela pergunta, vindo da voz suave do homem à minha frente, foi como
um estopim. Antes que eu sequer formulasse uma frase para responder,
lágrimas teimosas rolaram. Jasper inclinou-se sobre a mesa, a expressão
preocupada e intrigada. Automaticamente sua mão sobrepôs-se a minha e
seus dedos longos fecharam-se nos meus, que responderam à altura,
familiarizados com aquele gesto.
- Alice? Querida, o que houve? – Sacudi a cabeça em negação, separando
nossas mãos e buscando lenços de papel dentro de minha bolsa. Jasper
chamou a garçonete enquanto isso. – Por favor... Traga uma água com gás,
um café expresso e um capuccino com chocolate, sim?
Um sorriso desengonçado formou-se em meu rosto, em meio às lágrimas
que ainda jorravam. Capuccino com chocolate. Jasper ainda se lembrava
exatamente do meu gosto. A garçonete afastou-se e Jasper voltou sua
atenção para mim novamente.
- Fique tranqüila, sua água está chegando... Você está melhor? - Assenti. Os
olhos de Jasper percorriam meu rosto e queimavam minha pele, enquanto
ele buscava entender o que se passava. Parecia que ele se esforçava
veementemente para ler meus pensamentos. – O que houve, Alice? Não
gosto de ver você assim. Fico preocupado.
Suspirei e me mantive em silêncio por mais algum tempo. Ainda sentia o
choro entalado em minha garganta; falar sobre as preocupações que me
assolavam poderiam desencadear um choro desenfreado, e definitivamente
eu não queria que isso acontecesse.
- Foi Chase? – Jasper continuou. - Ele fez alguma coisa com você? – A
pergunta soou temerosa, a voz uma nota acima do usual entregando o
nervosismo intrínseco na questão.
Uma onda de culpa e pena me assolou. Jasper – meu ex-noivo amoroso e
dedicado – estava ali, à minha frente, preocupado comigo, mas com
esperanças de que pudesse ser meu salvador; com esperanças de
restabelecer minha alegria com todo amor que tinha guardado para me dar.
- Não, Jazz... Não tem nada a ver com Chase. Nós... Estamos bem.
Os ombros de Jasper caíram quase imperceptivelmente, mas não o
suficiente para despistar minha visão aguçada. Ele chegou a abrir os lábios
para falar alguma coisa, mas desistiu. Seus dedos correram por seus cabelos
levemente úmidos pela chuva, desgrenhando-os ainda mais. A garçonete
chegou com nossos pedidos, e agradeci mentalmente pelos segundos curtos
de silêncio, que conseguiram amenizar um pouco a situação.
Jasper serviu a água em um copo e ofereceu para mim, que aceitei.
Adoçamos nossas bebidas em silêncio – surpreendentemente, um silêncio
confortável. Escutei certa vez que sabemos que temos uma ligação sincera
com uma pessoa quando conseguimos permanecer ao seu lado em um
silêncio confortável; quando não é necessário utilizar-se de subterfúgios
para quebrar o gelo. Fiquei feliz em saber que seria eternamente dessa
forma entre Jasper e eu, acontecesse o que fosse.
- Então porque você está chorando, querida? Há algo que eu possa fazer
por você?
- Eu estou preocupada, Jazz... Apenas isso. Bella... Está passando por
problemas.
Jasper suspirou, recostando-se na cadeira. Em nossa última conversa, ele
comentara como sentia-se culpado por tudo o que seu pai havia feito à
Bella. Eu havia lhe dito que ele não tinha culpa alguma, mas Jasper era
bondoso demais para esquivar-se.
- Como ela está? – Ele perguntou.
Permaneci reticente por um momento. Além de mim, de Chase e de Jacob,
ninguém sabia do paradeiro de Isabella. Achamos que essa era a melhor
atitude a tomar, tendo em vista que Bella mudou-se para Londres com o
objetivo de nunca mais encontrar Edward, e que qualquer deslize seria o
suficiente para ele localizá-la, caso quisesse. Contudo, Jasper era uma das
pessoas mais confiáveis que eu já conhecera na vida, e eu realmente
precisava desabafar antes que explodisse. Assim, contei-lhe tudo: sobre a
gravidez inesperada de Isabella; sobre a carta que ela recebera de Edward
quando foi até o presídio para lhe contar a “novidade”; sobre a mudança de
nome, de país e de vida para permanecer o mais distante possível de seu
passado doloroso; sobre a ligação que eu acabara de finalizar, onde
descobrira que Isabella estava desempregada e com quase seis meses de
gravidez. Jasper escutou tudo atentamente e em silêncio, afagando minha
mão vez ou outra, quando sentia que o nervosismo pretendia voltar a se
instaurar em meus gestos.
- Isso tudo é... Horrível. – Falou, por fim.
- É por isso que estou assim, Jazz. Deus, você sabe o quanto Bella e eu
somos unidas! Saber que minha amiga está precisando de mim e que eu não
posso ajudá-la... É terrível! Já pensei em ir para Londres por diversas vezes,
mas Bella é categórica ao negar, dizendo que Edward pode estar vigiando
os passos das pessoas que a cercam, já que ela simplesmente desapareceu
no mapa. – Respirei fundo. – Chase e eu íamos usar umas economias para
comprar uma lanchonete em Forks... Não posso demorar, quero chegar em
casa rápido e contar para ele o que aconteceu. Quero dizer que esses planos
serão adiados, porque uma parte do dinheiro eu irei depositar para Isabella.
Jasper encarava sem enxergar a xícara vazia à sua frente. Imaginei que ele
estivesse absorvendo tudo o que eu contara, por isso aguardei: sabia bem o
quanto toda aquela história era uma loucura, e que poderia demorar para ser
digerida. Quando enfim ele se pronunciou, sua voz era tranqüila, porém
impassível.
- Por favor, não fale nada com Chase sobre o dinheiro. Não ainda.
- Mas... - Cortei a frase no meio. O tempo de convivência com Jasper me
ensinara a entender que suas palavras, muitas vezes, vinham recheadas com
outros objetivos. – Não posso esconder isso de Chase por muito tempo,
Jazz. E nosso dinheiro está aplicado, devo falar com meu gerente o quanto
antes, para que ele fique disponível.
- Dê-me dois dias. Dois dias, Alice. E então, se as coisas não melhorarem,
você tem carta branca para agir da forma que entender melhor.
Eu o encarava sem piscar, e era retribuída na mesma moeda.
- O que você vai fazer, Jazz?
Levantando-se, Jasper retirou a carteira e despejou uma nota alta sobre a
mesa, vestindo o sobretudo em seguida. Meus olhos o acompanhavam,
filmando cada detalhe.
- Isabella já sofreu muito, Alice, e por causa de minha família. Tentarei
ajudá-la de alguma forma, mas não gostaria que ela soubesse que um dia
tivemos essa conversa. Tudo bem? – Assenti. Jasper inclinou-se sobre mim
e colou os lábios em meus cabelos, no topo de minha cabeça. Sua mão
segurou minha nuca e um arrepio percorreu meu corpo, fruto da
eletricidade acumulada entre nós. – Fique tranqüila, querida. Isabella ficará
bem sem que você precise abrir mão de seus sonhos.
Separando-se de mim, Jasper colocou o cachecol sobre os ombros esguios
e virou-se de costas, deixando o pequeno café sem olhar para trás.
POV DE EDWARD
POV DE BELLA
POV DE EDWARD
Apertei com força o aparelho entre meus dedos. Esme nunca fora o
exemplo de mãe amorosa e dedicada, que faz com que seus filhos desejem
manter relações mesmo após sua independência. Contudo, ainda assim ela
era minha mãe, e aquela notícia fez com que um aperto surgisse em meu
peito.
- Não sabemos ao certo. Ela estava indo para a Yoga, quando um carro
desgovernado acertou o veículo dela de frente. Esme havia dispensado o
motorista, por isso acabou se ferindo.
POV DE BELLA
Eu já vivia a tempo suficiente em Londres para entender que a tão famosa
pontualidade britânica não era lenda. Exatamente por esse motivo, acordei
bem cedo no dia seguinte ao meu encontro inusitado com Dorothy, e na
hora marcada tocava a campainha de sua casa.
Para minha surpresa, fui recepcionada pela própria Dorothy, que, assim
como no dia anterior, mostrou-se muito gentil e prestativa. Após alguns
minutos de conversa, a educada senhora apresentou-me o resto da casa –
ato que tomou grande parte da manhã. Com paciência ela mostrou-me cada
cômodo – inclusive o que eu poderia utilizar como residência – e, no fim,
apresentou-me à Zafrina, sua empregada mais antiga e quem – eu iria
descobrir isso dias depois – iria ser minha grande amiga e companheira.
Menos de uma hora depois, eu dava à luz a uma criança sadia e perfeita. E a
cara de Edward.
POV DE EDWARD
- Deixe-me falar com seu superior. – Ciciei, sem fazer menção de levantar-
me dali até ter meu pedido atendido.
- Acho que não será possível, infelizmente, Senhor Cu... – O homem cortou
a frase no meio, intimidado por minha expressão nada amigável. – Hã, só
um minuto.
POV DE BELLA
Edward estava ali. Edward, em toda a sua magnificência, toda a sua beleza
deslumbrante, toda a sua aura imponente. Ali, na minha frente, um ano
depois do dia em que eu o vira pela última vez.
POV DE EDWARD
A porta abriu-se lentamente, bem diferente da velocidade de meus
pensamentos ao deparar-me com quem me recepcionava.
Isabella.
Sim, era ela, a minha Bella. Contudo, ainda que eu não a visse há bastante
tempo, em questão de milésimos de segundo notei que havia algo de
diferente. E não se tratava da expressão surpresa em seus olhos verdes.
Isabella abriu a boca para falar, mas a voz ficou presa em sua garganta. Dei
um passo em sua direção e, como por reflexo, ela afastou-se na mesma
medida. Encarei-a, num misto de ansiedade, felicidade e confusão. “O que
diabos ela estava fazendo ali?”, eu me indagava. Então percebi que
simplesmente não importava. O que importava era que ela, a mulher que eu
amava, estava ali, bem à minha frente. Estava quase ultrapassando o
pequeno espaço que nos divida quando fui interrompido.
Então Isabella era a tal Kristen Stewart? Mas isso não fazia sentido...
Fazia?
- Eu... Não sei. – Bella (ou, no caso, Kristen) – finalmente ciciou por entre
os dentes. Meu coração acelerou-se e tive que conter minha respiração, para
não demonstrar o efeito que o mero tom de sua voz tinha sobre meu
organismo.
A senhora encarou-me de cima a baixo, visivelmente curiosa a meu
respeito.
- Boa tarde. – Falou, após acabar sua inspeção nada disfarçada. - O que o
senhor deseja?
Mordi o interior de minhas bochechas e olhei para Isabella. Ela, por sua
vez, baixou os olhos para os próprios pés, enquanto engolia em seco e
mordia o lábio inferior, num gesto que me soou tão familiar que chegou a
incomodar.
Escondendo Bella.
POV DE BELLA
Não, é claro que eu não estava bem. Edward, o homem que eu amava; o
homem por quem eu era perdidamente apaixonada; o homem que fora o
motivo da minha partida para outra cidade, deixando todo o resto para trás;
e principalmente: o homem cujo filho dormia serenamente num quarto em
algum lugar daquela casa imensa, estivera ali, à minha frente, em carne e
osso.
A mulher que fora como uma fada madrinha em minha vida apenas me
encarou.
- Não, por enquanto estou bem. Pode ir checar como está nosso pequeno
Rob.
- Querem falar com você... – Ela disse, visivelmente surpresa: desde que
chegara ali, jamais recebi qualquer telefonema particular no número
residencial de Dorothy. – É um homem. – Completou, em tom de segredo.
POV DE EDWARD
Aluguei um carro para ir até o encontro de Isabella: não sabia como seria
minha reação ao vê-la de novo, e não queria ninguém por perto para
testemunhar qualquer que fosse.
Flagrei-me preocupado em frente ao espelho do hotel, e me amaldiçoei por
isso. Não gostava de ser guiado por emoções, e desde que Bella entrara em
minha vida vi-me constantemente à mercê das mesmas. Soltando alguns
xingamentos à esmo, peguei as chaves do carro e, em pouco tempo, estava
esperando no lugar marcado.
Nada foi dito: de repente, era como se meu corpo tivesse vontade própria.
Era como se eu me deparasse, ao mesmo tempo, com meu objeto de desejo
e com o culpado por eu sofrer diariamente, ao comparar todos os outros
objetos sem graça à ele.
POV DE BELLA
Edward estava tão próximo a mim que seu cheiro amadeirado me envolvia
por completo, em um abraço quente e inundado de saudade. Meu cérebro
berrava para que eu me afastasse, mas meu coração – e meu corpo – estava
cansado de fugir.
Como se a distância entre nossos corpos também fosse algo insuportável
para ele, Edward levantou sua mão e aproximou-a de meu rosto. Fechei os
olhos, ansiosa em antecipação, almejando o toque a tanto tempo desejado.
Senti o cheiro de tabaco, que misturava-se ao seu perfume e lhe dava um
odor inconfundível de homem poderoso e viril. Era o cheiro dele, sua marca
registrada, e me atingiu com força tamanha que quase me fez cambalear. As
pontas de seus dedos tocaram meu pescoço e, no mesmo instante, todos os
meus poros arrepiaram-se. Um gemido incontido escapou por meus lábios,
que foram tomados de assalto pela boca faminta de Edward.
Meus dedos abriram-se e minha bolsa caiu no chão, aos nossos pés.
Minhas mãos sedentas rumaram para sua nuca, para logo meus dedos
embrenharem-se nos fios sedosos de seus cabelos cor de bronze. Edward
rosnou, um som que eu não escutava há muito tempo, mas que pareceu-me
familiar, como se eu, finalmente, tivesse retornado para o lugar de onde
jamais deveria ter partido.
- Ah, Bella... – Edward murmurava palavras quase ininteligíveis. Sua boca
percorria todo o espaço que encontrava: meu maxilar, meu pescoço, minhas
bochechas, minha boca novamente. Sua língua deixava um rastro úmido de
saliva em minha pele quente, que em contato com o vento frio e cortante da
noite londrina fazia meu corpo estremecer em seus braços fortes.
Eu sabia que estava jogando com a minha sanidade: aquilo tudo era uma
imensa loucura, e eu poderia sair - e, muito provavelmente, sairia - com
meu emocional irreversivelmente abalado daquele encontro. Mas não me
importava: após senti-lo assim, tão perto, não era possível retroceder. As
mãos de Edward percorriam meu corpo e eu podia sentir a minha pele
queimando por baixo das roupas pesadas de frio. Abri os olhos, apenas
parcialmente, e encontrei a fisionomia confusa de Edward, e concluí que
ele travava uma batalha interna bem similar à minha própria.
- Por que você veio atrás de mim? - Rebati a pergunta. Aquela duvida
realmente me matava. Afinal, não fora ele que mandara que eu saísse de sua
vida para sempre? Um vinco profundo surgiu entre a fenda cor de
esmeralda que os olhos de Edward haviam se tornado. Ele afastou-se de
repente, os passos ecoando pelo chão de cimento do estacionamento
deserto, e desejei intimamente retirar a pergunta que eu fizera: afinal, não
me importava o motivo; ele estava ali, e isso bastava.
- Eu não vim atrás de você. - Pude notar a raiva embutida em seu tom de
voz. Encolhi meu corpo por instinto; estava desacostumada com o poder
que Edward emanava. - Eu vim atrás de Kristen Stewart.
- Chega desse teatro, Isabella. Você, com esse rosto de anjo, esse jeito
ingênuo de menina indefesa, é ardilosa e utiliza a todos como marionetes.
Mas não comigo! Estou farto de acreditar nas suas mentiras deslavadas! E
pensar que passei esse último ano remoendo minha alma por ter deixado o
grande amor da minha vida escapar! - Edward sorriu com ironia. - Que
grande piada, não é mesmo?
Não respondi, pura e simplesmente porque não tinha forças para tanto.
Fiquei ali, estática, sofrendo por cada palavra despejada que ecoava em
minha mente. Aos poucos, a fisionomia de Edward amenizou-se. Sua mão
voltou a acariciar meus cabelos, e minha respiração estava tão
descompassada que meu diafragma doía.
- Afaste-se de mim. - Falei, num tom impassível. - Agora, sou eu que quero
você fora da minha vida. Para sempre.
- Ótimo. - Edward retrucou, num tom tão irritado quanto o meu. - Mas
acho bom você acostumar-se com uma vida de menos luxo, Isabella. Assim
que retornar para São Francisco, essa sua mesada será cortada. Minha
empresa não vai ficar sustentando os luxos eróticos de Carlisle.
Chegar a essa conclusão foi o mesmo que ter meu coração arrancado de
meu peito sem qualquer tipo de anestesia, mas eu não tinha tempo para
vivenciar essa dor: Robert me esperava, e eu ainda precisava esclarecer a
acusação que Edward fizera, com relação à Jasper e à Dorothy. Meu
destino, mais uma vez, era incerto, e agora eu era responsável por um outro
ser, frágil e indefeso.
POV DE EDWARD
Não havia dirigido nem duzentos metros quando freei meu carro
bruscamente. Olhando por reflexo pelo retrovisor, engatei a marcha ré e
retrocedi alguns metros. Pude ver Isabella parada no mesmo local em que
eu a deixara, e tive que refrear meu instinto para não voltar até lá e puxa-la
para dentro do carro, à força. Observei quando ela começou a andar
vagarosamente, bem como quando um táxi parou e ela embarcou, decidida.
Soquei o painel com toda a raiva que estava acumulada em meu peito.
Segurei com ambas as mãos o volante, até sentir as juntas de meus dedos
estalarem. Inspirei o ar profundamente, e me arrependi no mesmo instante:
o cheiro de Isabella estava impregnado em minhas roupas, em minha pele,
em minha alma. “Maldição” – pensei.
Apertei o topo de meu nariz e tentei organizar meus pensamentos. Meus
lábios ainda traziam o sabor inigualável de Bella, o que não ajudava em
nada naquele momento – e em nenhum outro. Repassei mentalmente tudo o
que havia acontecido, e uma coisa em especial não saía de minha cabeça:
Bella havia mudado.
Sua personalidade sempre fora forte, e isso, acreditava eu, era uma das
coisas que havia chamado minha atenção. Contudo, a Isabella que eu
encontrara essa noite era quase como uma felina selvagem, protegendo seu
território. Ela escutou tudo o que eu dissera, ouvira todas as minhas
suposições, mas não revelara absolutamente nada. Não confirmara minhas
teorias e tampouco as desmentira.
“Você é um imbecil fodido, Edward. É isso que essa mulher está fazendo
com você: tornando-o a porra de um idiota. Você se preocupa com os
olhares que ela recebe nas ruas, enquanto Carlisle se satisfaz com o corpo
dela há um ano.”
- Tenho certeza que os motivos que me fizeram mentir para você, Carlisle,
são bem diferentes dos que fizeram você mentir para mim. Afinal, eu não
estou enfiando meu pau em nenhum buraco que não me pertence.
Eu já esperava pelo silêncio que ocupou a linha após minha declaração, por
isso aguardei pacientemente até que Carlisle recobrasse a fala.
- Você não devia se meter em assuntos que não lhe dizem respeito, Edward.
- Você pode não acreditar, mas tudo o que fiz foi para o seu próprio bem e
para o bem de Isabella. Se você tivesse tirado suas dúvidas comigo antes
de embarcar para Londres, eu teria lhe dito o que...
- Dizer que eu não fiquei feliz com essa atitude, pois acreditei que o antigo
Edward Cullen estaria de volta à ativa, seria mentira. Você quer me culpar
por algo, para sentir-se melhor? Ótimo. Culpe-me por ter encontrado, por
acaso, uma garota apaixonada e de coração partido, que foi facilmente
convencida de que só conseguiria ter uma vida plena e menos dolorosa
longe de você. Culpe-me por ter utilizado meu poder de persuasão e meus
contatos para enviar Isabella para longe de você, com esperança de que,
dessa forma, ela pudesse reconstruir a vida e você pudesse entregar-se de
cabeça aos negócios, como antigamente. Mas não vomite em minha cara
suposições em que você quer acreditar.
- Vá a merda, Carlisle.
- Não. O mais triste nisso tudo é que, se você foi até Londres e está me
ligando com toda essa fúria, porque chegou à conclusão que Isabella era
minha amante reclusa, então você sequer a escutou. Você insiste em
afirmar que ama aquela mulher, que teve uma atitude benevolente ao
deixar o amor de sua vida livre, mas quando você se encontra com ela, tira
conclusões precipitadas sem, ao menos, escutar o que ela teria a dizer.
POV DE BELLA
- Eu entendo. Fico triste e torcendo para que essa mágoa passe... Mas
entendo, minha querida. Você pode afastar-se por quanto tempo achar
necessário.
POV DE EDWARD
O fato de estar naquele local pela segunda vez no mesmo dia não me
deixava mais tranqüilo. Ao contrário: eu sentia minhas mãos suarem, e isso
só aumentava a minha irritação.
- Pois não? – A mulher que abrira a porta, para minha decepção, não era
Isabella.
“Que porra você pretende fazer, hã? Ela está com o tal de Robert, não vai
querer lhe atender, ainda mais depois de tudo o que você vomitou em cima
dela!”
“Foda-se. É claro que ela irá me atender, nem que eu tenha que arrombar
a porta do quarto. Eu vou entrar e ela vai me escutar, e se o tal de Robert
se meter eu acabo com a raça dele.”
- Não acho que esse seja o melhor momento, Edward. – Ela disse, quando
voltou a me encarar. - E, além do mais, creio que você já falou tudo o que
era necessário.
Dei um passo à frente. Isabella, por reação, fechou um pouco mais a porta.
Foi a gota d`água. O animal selvagem que estava há muito tempo
hibernando em meu intimo despertou. Tomando o devido cuidado para não
encostar nela – eu me puniria eternamente se isso viesse a acontecer –
empurrei a porta e entrei no pequeno cômodo de três ambientes – uma sala,
um quarto e um banheiro.
- Edward! – Apesar de surpresa, meu nome saiu de sua boca numa palavra
sussurrada. – Você não pode...!
- Não posso o quê? – Perguntei, sem perceber abaixando meu tom de voz
para igualar-se ao dela. – Encontrar Robert? – Isabella perdeu a cor ao
escutar-me pronunciar o nome de seu provável namoradinho. – Tem medo
que eu acabe com a raça do homem que tem a ousadia de tocar em você?
http://www.youtube.com/watch?v=MTzkDgD4IMc
- Edward...
- Não, deixe-me acabar, por favor. – Passei a mão pelos cabelos, num gesto
involuntário, e fechei os olhos, buscando as palavras corretas. – Eu nunca
fui bom com esse tipo de coisa. Apesar de ter o dom da oratória, expressar
meus sentimentos é algo que nunca fui habituado a fazer, por isso entenda
como é difícil para mim estar aqui agora, sabendo que existe outro homem
atrás daquela porta. Mas eu sinto, eu simplesmente sinto, que essa é minha
última oportunidade. Meu sexto sentido é algo em que eu sempre acreditei,
e ele me disse que se eu pegasse o avião de volta para São Francisco,
deixando você para trás... Eu nunca mais a veria. E, por Deus, depois de te
reencontrar, de te ter tão perto, apenas cogitar essa possibilidade fez com
que eu entrasse em pânico. Sempre pensei racionalmente, e esse meu lado
grita para que eu retroceda... Mas é impossível! Porque aqui, agora,
olhando para você e sentindo seu cheiro, escutando sua voz, a única coisa
que penso é em te abraçar e em te beijar, e não te soltar nunca mais, sem me
importar com o fato de você ter aceito dinheiro de Carlisle ou estar usando
uma identidade falsa e vivendo com outro homem.
- Edward! – Bella elevou minimamente o tom de voz, mas o suficiente
para fazer-me calar. Sua respiração, de tão ofegante, estava audível. – E-
eu... também amei você. Demais. Estava disposta a abrir mão de todos os
meus sonhos, apenas para dividir minha vida com você. Mas você... Bem,
você me magoou. Muito. Depois que saí daquele presídio, pensei que
jamais fosse me recuperar. Vivi um dia de cada vez, e Deus sabe o quanto
os dias foram longos e insuportáveis com a sua ausência. Mas me entregar a
você é arriscar minha sanidade, e isso é algo de que eu não posso dispor.
Não mais.
Bella colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha, gesto que revelava seu
nervosismo.
Cerrei os punhos com força. Minha vontade era de socar alguma coisa, e a
parede atrás de mim era convidativa, mas não queria trazer mais problemas
para Isabella: Robert poderia vir verificar o que estava acontecendo, e
encará-lo após aquela afirmação de Bella poderia ser mortal para o rapaz.
Por isso, controlei meu instinto animalesco e aproximei-me dela
vagarosamente.
- É difícil demais para mim admitir isso, mas te entendo. – Bella estava
muito próxima a mim, e não resisti à tentação de tocar sua face com as
costas de meus dedos. – Eu fui mesmo um tolo... Deveria ter racionalizado
dessa forma naquele dia, no presídio. Tudo teria sido diferente, então.
Isabella fechou as pálpebras e inclinou ligeiramente a cabeça contra minha
mão. Acariciei sua nuca e senti seus pelos arrepiarem-se contra meus dedos,
e perguntei-me com rancor se Robert também causaria nela aquele tipo de
reação tão palpável.
Eu queria – precisava – beijá-la, mas me contive, pois não seria nada bom
para minha sanidade. Porque, se eu sentisse mais uma vez o toque
magnífico de seus lábios; se experimentasse uma vez mais o sabor
inigualável de sua doce saliva e sentisse sua língua macia massageando a
minha novamente, eu tiraria de Isabella o livre arbítrio e o direito de ir e vir,
pois nada nesse mundo me faria soltá-la.
- Edward...
- Sim?
- Gostaria de lhe entregar uma coisa, mas apenas se você prometer-me que
irá abrir apenas quando chegar em São Francisco.
Assenti, apenas porque era a única coisa que poderia fazer. Isabella andou
até a bolsa e retirou um pequeno envelope branco, que me entregou em
seguida. Guardei-o no bolso interno do casaco.
- Só posso desejar que você seja feliz, Bella. – Minha voz soou rouca, típica
de quem está se esforçando para não enlouquecer.
POV DE EDWARD
Olhei o envelope contra a luz do teto e rasguei sua lateral, não sem perceber
que minhas mãos tremiam ligeiramente. Porra, no que eu havia me
tornado? Estava agindo como os viadinhos sentimentais que sempre
recriminara!
- Está subindo?
- Não, está indo direto para o inferno. – Ciciei, ao que homem arregalou os
olhos a afastou-se, permitindo que as portas douradas voltassem a se
fechar.
Apertei sem pensar o botão que me levaria de volta ao 15º andar, voltando a
analisar o papel que queimava meus dedos. O extrato de conta corrente
demonstrava depósitos mensais dos últimos doze meses, no valor exato da
transferência que eu havia descoberto nas contas da empresa e que me
levara até Londres. Isabella não havia sacado um único centavo do dinheiro
depositado por Carlisle.
As portas não haviam aberto por completo quando esgueirei-me pelo vão,
correndo a passos largos em direção do quarto que eu deixara minutos
antes. Meu coração batia tão acelerado em meu peito que minhas têmporas
latejavam, e o corredor parecia mais estreito do que o normal. Meu
nervosismo impediu-me de pensar racionalmente e, quando dei por mim,
esmurrava a porta incessantemente, ignorando a campainha.
POV DE BELLA
Tensa. Nervosa. Praticamente com uma crise de nervos. Era exatamente
nesse estado caótico que eu me encontrava.
Edward mal havia saído pela porta quando procurei algum lugar para me
sentar – ou melhor, algum lugar para deixar meu corpo desfalecido desabar.
Minha respiração estava tão descompassada que qualquer observador
externo apostaria em uma terrível crise de asma. Agradeci mentalmente por
Robert ter o sono tranqüilo e pesado: infelizmente eu não havia produzido
leite e, por isso, o acostumara a alimentar-se com uma grande mamadeira
antes de dormir, e ele só tornava a acordar pela manhã.
Muitas. Inúmeras vezes esse momento foi desejado e esperado por mim. E,
quando ele finalmente chegou, meu lado materno e precavido berrou que
era arriscado demais: Edward viera até mim impulsionado pelo fantasma do
ciúme, acreditando piamente que Robert tratava-se de um concorrente à sua
masculinidade. Esse sentimento de posse o fez ultrapassar o orgulho
costumeiro, mas ele continuava a crer que eu havia sido amante de Carlisle,
aceitando seu dinheiro mensal. Edward não me conhecia de verdade, e
percebi que eu mesmo não podia dizer, ao certo, qual seria sua reação ao
descobrir que Robert tratava-se de seu filho, cujo nascimento e primeiros
meses de vida lhe foram renegados. Eu não poderia prever sua reação ao
ser apresentado a essa nova perspectiva de vida, e tampouco poderia
arriscar com a sorte. Robert era precioso demais para ser lançado como
dados em uma mesa de jogo de azar.
Minhas mãos ainda tremiam, mas eu sabia que tinha pouco tempo para me
refazer: conhecia Edward o suficiente para saber que ele não esperaria
chegar à São Francisco para abrir o envelope que eu havia lhe entregado –
provavelmente descobriria seu conteúdo dentro do táxi que o levava para o
aeroporto. Estava me levantando, para cancelar o leve jantar que havia
solicitado ao serviço de quarto e requerer o fechamento de minha rápida
estadia, quando batidas firmes e decididas ecoaram na porta de madeira,
fazendo meu coração literalmente parar por alguns segundos.
Eu não queria abrir a porta – sabia que era Edward e não acreditava ser
forte o suficiente para deixá-lo partir novamente – mas as batidas iriam
acordar Robert em breve, motivo pelo qual não vi outra solução e girei a
maçaneta sem pensar duas vezes.
- Edward, eu...
MÚSICA: Love The Way You Lie (Part II) – Rihana e Eminem
[Chorus]
Just gonna stand there and watch me burn
But that's all right because I like the way it hurts
Just gonna stand there and hear me cry
But that's all right because I love the way you lie
I love the way you lie
[Chorus]
Just gonna stand there and watch me burn
But that's all right because I like the way it hurts
Just gonna stand there and hear me cry
But that's all right because I love the way you lie
I love the way you lie
[Eminem]
This morning, you wake, a sunray hits your face
Smeared makeup as we lay in the wake of destruction
Hush baby, speak softly, tell me I'll be sorry
That you pushed me into the coffee table last night
So I can push you off me
Try and touch me so I can scream at you not to touch me
Run out the room and I'll follow you like a lost puppy
Baby, without you, I'm nothing, I'm so lost, hug me
Then tell me how ugly I am, but that you'll always love me
Then after that, shove me, in the aftermath of the
Destructive path that we're on, two psychopaths but we
Know that no matter how many knives we put in each other's backs
That we'll have each other's backs, 'cause we're that lucky
Together we move mountains, let's not make mountains out of
molehills
You hit me twice, yeah, but who's countin'?
I may have hit you three times, I'm startin' to lose count
But together, we'll live forever, we found the youth fountain
Our love is crazy, we're nuts, but I refused counsellin'
This house is too huge, if you move out I'll burn all two thousand
Square feet of it to the ground, ain't shit you can do about it
With you I'm in my f-ckin' mind, without you, I'm out it
[Chorus]
Just gonna stand there and watch me burn
But that's all right because I like the way it hurts
Just gonna stand there and hear me cry
But that's all right because I love the way you lie
I love the way you lie
Edward, por sua vez, parecia tão ansioso quanto eu. Suas mãos firmes
percorriam meu corpo, numa pegada que variava entre carinhosa e
possessiva. Um gemido incontido escapou de meus lábios quando seus
dedos fecharam-se em meus quadris, apertando com força minha carne, a
ponto de levantar-me do chão. Abri os olhos e vi, com satisfação, um
esboço de sorriso forçar o canto esquerdo dos seus lábios, mas o breve
momento desfez-se quando a mão de Edward ultrapassou a barreira de meu
soutien, fazendo-me cerrar as pálpebras de prazer.
Meu corpo ardia por completo. Todos os meus poros estavam arrepiados, e
os lábios de Edward deixavam um rastro úmido e morno de saliva por onde
passavam. Eu estremecia sob sua boca quando seus dentes perfeitos
roçavam minha pele, em mordidas leves e enlouquecedoras.
Delicadamente, Edward colocou-me sentada no pequeno sofá e ajoelhou-se
à minha frente. Seu olhar – que, então, era nada mais que uma fenda
esverdeada – me devorava, analisando cada centímetro do meu corpo
minuciosamente.
- Você está diferente... – Edward sussurrou, sua voz tão rouca que arranhou
meus ouvidos. – Continua a mulher mais perfeita e deliciosa que eu já vi,
mas algo mudou. – Seus olhos encontraram os meus, e engoli em seco. – Se
é possível, consegue me deixar ainda mais maluco. Sim, é isso: sou
completamente alucinado por você, Isabella Swan.
Segurando as laterais de minha calça de moletom, Edward deslizou-a por
minhas pernas. Sorri de satisfação ao sentir seus dedos roçarem toda a
extensão das minhas coxas – gesto que, eu sabia, era proposital. Eu havia
acabado de sair do banho e, como de costume, não havia colocado nenhum
tipo de lingerie para dormir. Agradeci mentalmente à minha vaidade: minha
depilação, assim como minhas unhas - dos pés e das mãos -, estava em dia.
Edward rosnou ao averiguar todos esses detalhes, sua língua umedecendo
os lábios carnudos. O homem estava literalmente salivando, e deixei-me
crer que ele não vivenciava um momento como aquele há tanto tempo
quanto eu. Ou seja: desde a noite fatídica em que eu me fantasiara de Cindy
e o algemara a cama, a fim de encontrar-me com Jasper Whitlock.
Sim, era uma imensa pretensão de minha parte – afinal, um ano havia se
passado, e Edward era o homem mais viril e sexual que eu já conhecera -,
mas cada um tem o direito de mandar em suas fantasias. Além do mais,
pensar em todas as mulheres que tiveram o prazer de desfrutar de seu corpo
em minha ausência só serviria para me deprimir, e aquele, definitivamente,
não era o momento para isso.
Quando voltei a abrir os olhos, tendo ciência de que não consegui produzir
nada mais do que palavras desconexas, Edward sorria, um sorriso torto e
perfeito, que fez meu corpo amolecer por completo.
POV DE EDWARD
Subi minhas mãos por suas pernas e, ao alcançar seu quadril, mais uma vez
notei a diferença sutil em seu corpo sob meus dedos. Continuei subindo,
passando pela cintura fina e penetrando a blusa de malha. Minhas mãos
fecharam-se sobre os seios de Bella, e um vinco surgiu entre meus olhos ao
constatar que, diferentemente da última vez, os seios macios quase
escapavam por entre meus dedos. Isabella, claramente, estava com medidas
maiores. Obviamente não se tratava de silicone – tal artefato sequer
combinaria com sua delicadeza -, e indaguei-me o que diabos poderia ter
ocorrido.
O clímax havia chegado rápido, e senti-me vitorioso com tal fato. Afinal,
aquele merdinha borra botas não deveria causar ao corpo de Isabella as
mesmas reações que eu causava. Contudo, eu não havia saciado meu
desejo: o sabor de Bella era doce como mel, e era terminantemente
impossível, para um viciado como eu, contentar-me com tão pouca dose de
minha droga predileta. Assim, permiti-me afundar o rosto em sua boceta e
perdi a noção de quanto tempo permaneci ali, sentindo o corpo de Isabella
amolecer e voltar a tremer devido aos meus toques.
Deixei minha cabeça pender para trás quando seus dedos envolveram e
apertaram meu pau, com força. Segurei seus cabelos e trouxe sua cabeça
para perto: eu parecia a porra de um adolescente, ansioso e desesperado por
alívio, mas não me importava. Isabella lambeu minha glande
vagarosamente, roubando um gemido rouco de meu peito, e em seguida
enfiou meu membro na boca até alcançar a parede de sua garganta, seus
dedos massageando a parte que ficou de fora. Ela chupava e sugava, e sua
língua espremia minha carne, e logo eu fodia sua boca sem preocupar-me
em ser gentil.
Minhas bolas queimavam e meu pau latejava cada vez mais rápido. Segurei
os cabelos cor de mogno com mais força e virei Isabella de costas para
mim, ajoelhando-me por trás dela e debruçando seu tronco sobre o assento
do sofá. Joguei seus cabelos sobre seu ombro, deixando sua nuca à mostra
e mordendo o lóbulo de sua orelha.
Porra, que merda eu queria com essa afirmação? Algum tipo de autorização
expressa, ou algo do gênero? Eu não sabia ao certo, mas aguardei alguma
reação de Isabella, e a sua resposta não poderia ter me feito mais satisfeito:
Segurando seus cabelos em um rabo com uma das mãos e apertando sua
cintura com a outra, penetrei Isabella de uma única vez. Seu corpo recebeu-
me convidativamente, quente e acolhedor como das outras vezes em que
me lembrava. Permaneci alguns segundos imóvel, aproveitando a sensação
deliciosa e permitindo que Isabella se adaptasse ao meu tamanho, mas logo
fui impelido a mover-me, cada vez mais rápido e mais forte. Nossos corpos
se chocavam com violência, e eu podia sentir minhas bolas tocando o
clitóris inchado de Bella.
- Queria ficar com você aqui para sempre, deitado nesse carpete imundo e
com seu cheiro impregnado na minha pele. Mas você precisa resolver uma
questão que encontra-se no quarto, e eu preciso me recompor para tirar
você dessa espelunca fantasiada de hotel. Então vou tomar um banho
enquanto você faz sua parte, combinado?
Imediatamente minha mente voltou para meu último momento com Bella.
Repassei cada segundo, cada movimento. Como um espectador oculto,
minha mente mostrou-me a forma como nossos corpos encaixavam-se
perfeitamente, mesmo em um cenário que beirava à decadência. O carpete
havia ralado meus joelhos, e lembrei-me de ter derrubado um abajur que
ficava na mesinha ao lado do sofá, e...
POV DE BELLA
Sem pronunciar uma única palavra, Edward pegou a babá eletrônica que eu
havia deixado ali.
- Edward, eu...
- Foi por isso que você foi me visitar aquele dia no presídio, não é? – Ele
me interrompeu.
- S-sim.
- Foi por isso que Carlisle enviou você para cá, não é? – Interrompendo-me
novamente, ele prosseguiu. – Aquele filho da puta aproveitou-se de sua
fragilidade para afastá-la de mim e, por conseqüência, não trazer prejuízo
aos negócios. Ele não tinha esse direito.
Abri a porta lentamente, deixando que a luz que vinha do corredor banhasse
o pequeno cômodo. No centro da cama, cercado por travesseiros, Robert
dormia tranquilamente. Seus cabelos cor de bronze – num tom tão similar
ao de Edward – reluziram a claridade e sua mãozinha cheia de dobras coçou
a pálpebra fechada dengosamente.
Cheguei para o lado e deixei que Edward entrasse, passando por mim. Ele
parou em frente à cama, sua sombra agradando à Robert, que voltou a
relaxar. Uni as mãos em frente ao rosto, sem perceber rezando em meu
íntimo. Edward girou a cabeça por sobre o ombro e sussurrou:
- Posso pegá-lo?
Soltei o ar com força, meus ombros caindo pesados. Assenti e aproximei-
me, apenas para ajudá-lo caso ele assim desejasse. Surpreendentemente,
Edward demonstrou desenvoltura ao segurar o corpo pequeno e frágil de
Robert, que, por sua vez, abriu os olhinhos verdes lentamente.
Esperei que ele choramingasse – Robert tem o sono pesado e não gosta de
ser acordado – mas, ao invés disso, os olhinhos buscaram a minha presença.
Eu sorri, demonstrando que estava ali e que tudo estava bem. Como se
entendesse perfeitamente o significado do meu gesto, Robert focalizou o
rosto de Edward e levantou a mão rechonchuda em sua direção, agarrando
sem qualquer cerimônia o seu nariz.
- Acho que ele gosta de você. – Falei, sem conseguir impedir as lágrimas
que já rolavam.
Quando voltei a olhar para Edward, ele sorria abertamente junto com o
filho.
- É bom mesmo que ele goste. – Falou, virando-se para mim, nosso filho
entre nossos corpos. – Porque, a partir desse momento, nada mais importa
em minha vida além de vocês dois. Ficaremos juntos para sempre, Bella.
Eu conhecia muito bem meu eleitorado para saber que o silêncio que
reinava no andar de cima não significava boa coisa. Deixei o jornal sobre a
mesa e me levantei, seguido pelo olhar sonolento de Pudim, um Basset
Hound preguiçoso e obeso que criamos desde os dois meses de idade.
Olhei o relógio na parede e agradeci por faltar pouco tempo para o retorno
de Isabella – após o término da faculdade de psicologia, ela passava os
sábados cuidando de crianças que vivenciaram alguma espécie de trauma.
Subi as escadas e olhei para trás, para constatar que Pudim preferira evitar a
fadiga e voltara a dormir sobre o tapete próximo à lareira.
Encontrei a porta de meu quarto entreaberta, e pela fresta pude ver Robert
sentado sobre a cama de casal, cercado por fotos. A caixa de onde ele as
tirara jazia aberta no chão, e ele estava tão entretido que não me ouviu
entrar.
- Sua mãe vai ficar uma fera quando vir essa bagunça, Rob. – Falei,
assustando a criança, que deu um pulo sobre o colchão macio. – Ela está
grávida, não pode se aborrecer. Sarah pode nascer antes da hora.
- Achei essa caixa no armário... – Ele disse, observando com atenção uma
foto que retratava Isabella abraçando um Pudim filhote e com um laço
vermelho no pescoço. – Mamãe estava feliz aqui!
- Essa roupa engraçada se chama Fraque, e ele está usando porque foi seu
tio que levou sua mãe até o altar.
- Que coisa mais brega! – Ele exclamou, fazendo uma careta e balançando a
cabeça. – Eu nunca vou me casar! Quero ser independente e poder namorar
quantas mulheres quiser!
FIM
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