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Seduzida pelo Perigo

Cat Cullenn

Sinopse: Isabella Swan tinha uma vida normal, sem luxos ou ambições.
Seus pais haviam morrido há alguns anos, e desde que seu irmão Chase,
desiludido e revoltado com a vida, a deixara sozinha em Forks, sua cidade
natal, Bella vivia um dia de cada vez, cursando sem pressa a faculdade de
psicologia e trabalhando em uma lanchonete de dia, para pagar seus estudos
a noite. Até que um telefonema inesperado tira sua rotina dos trilhos. Chase
está com a voz embargada e desesperada; está preso num presídio da
Califórnia, acusado de estupro e homicídio. Bella fica perdida. Apesar de há
muito desconhecer o antigo irmão dócil e carinhoso, nunca imaginara que
ele seria capaz de tremenda brutalidade. Então segue para Califórnia, a fim
de tirar a limpo essa história, com sede de provar que o que Chase alega é a
mais pura verdade: ele é inocente. Para isso, Bella precisa encontrar o
verdadeiro culpado. O que fazer quando a verdade que procuramos está
bem diante de nossos olhos? O que fazer quando o coração nos trai, e nos
apaixonamos por quem deveríamos odiar? A vida não possui um roteiro. O
destino sempre pode nos pregar uma peça.
PRÓLOGO

Eu estava vendada. Minhas mãos estavam presas na cabeceira da cama,


sobre minha cabeça, meu corpo nu esticado sobre o lençol. Era incrível
como o corpo humano funcionava. A partir do momento que um de meus
sentidos ficou obsoleto, os outros afloraram. Eu podia distinguir
perfeitamente tudo o que me cercava. O cheiro forte de cera das velas que
queimavam, bem como o calor forte que elas emanavam, fazendo meu
corpo suar por todos os poros. O som de uma melodia baixa ao fundo,
grave e constante. E o cheiro adocicado e almiscarado da pele dele, do seu
hálito. Eu estava com medo. Mas também estava tremendamente excitada.
CAPÍTULO I - Um novo dia, a mesma merda

POV DE BELLA

O sol entrou pela janela e bateu diretamente nos meus olhos, fazendo minha
cabeça explodir.

Eu não havia ido à aula na noite anterior.

Aliás, não havia ido à aula a semana toda.

Abri um pouco meus olhos e me arrependi no mesmo instante, gemendo


baixo.

- Droga. Merda de vida.

Levantei, mexendo no cabelo e tapando a vista com a mão. Sentei no


banheiro e fechei a porta.

Como eu havia chegado em casa? Merda, há muito tempo não bebia dessa
forma.

Foi a despedida de solteira de Alice, minha grande amiga desde que me


conhecia por gente.

O casamento seria no próximo mês, e eu seria sua dama de honra. Todos os


preparativos já estavam concluídos, e só nos restava agora esperar e
comemorar.
E nós fizemos isso. Bem demais, até.

Arrecadamos uma boa quantia vendendo seus últimos beijos como


solteira... Alice era linda e todos quiseram tirar um proveito da situação.

Todos, menos Jacob claro.


Jacob era o melhor amigo de meu irmão, Chase.

Eu, Chase, Jacob e Alice crescemos juntos. Uma infância perfeita, digna
daqueles filmes da sessão da tarde.

Nós quatro éramos inseparáveis. Logo, como parecia inevitável, Chase e


Alice acabaram se apaixonando, assim como Jacob e eu.

Brincávamos com nosso futuro, imaginando como seríamos inseparáveis


para sempre. Como iríamos juntos para a faculdade, para o campus, e
depois seríamos vizinhos e nossos filhos seriam amigos desde pequenos,
assim como nós.

Mas a vida é uma caixinha de surpresas, e nem sempre elas são agradáveis.
Pelo contrário.

Meus pais morreram em um trágico acidente de carro, quando eu e Chase


tínhamos 15 e 19 anos, respectivamente.

Foi uma barra difícil, e posso dizer que nós nunca superamos.

Os primeiros meses se passaram como se eu estivesse anestesiada.

Nós ficamos com Billy Black, pai de Jacob, melhor amigo de Charlie, meu
pai.

Eu não lembro bem como ia para a escola; como tomava banho, me


arrumava, conversava com as pessoas ao meu redor. Se é que conversava.

Por esse motivo, não sei dizer em que ponto desses anos Chase começou a
se tornar uma pessoa completamente diferente daquela que conheci em
minha infância... Que brincava comigo de boneca quando me sentia
sozinha; que me defendia de qualquer pessoa que implicasse comigo; que
dizia que eu era a irmã caçula mais linda que ele poderia desejar.

Eu ouvia as discussões de Chase com Jacob, e podia sentir a tensão no ar,


estática.
Jacob tinha abertura total para isso. Era melhor amigo de Chase desde
pequeno, e agora mais que nunca eram como irmãos. Afinal, nós
morávamos ali, na casa de Jake.

Jacob dizia que Chase estava se perdendo, e que chegaria em um ponto em


que não conseguiria mais encontrar o caminho de volta.

FLASHBACK ON

- E quem disse que eu quero voltar, Jacob??? – Chase gritava, as veias


saltando do pescoço. – Eu não só não quero como não TENHO para onde
voltar!

- Você não sabe o que está dizendo, Chase. - Jacob falou baixo, sério. Ele
estava exausto dessas discussões, dessa situação toda. Estava explícito nele,
eu o conhecia muito bem. - Você tem que encarar o seu problema, a sua dor,
de frente, brother. Fugir, se esconder... Não vai adiantar, não vai te levar a
lugar nenhum, cara.

- O que você sabe disso, Jacob? - Chase sorria, sarcástico. - Agora virou
doutor em problemas emocionais?

Jacob suspirou fundo e cruzou os braços. Lutava para manter a calma.

- Eu também perdi minha mãe, Chase. Sei que a sensação é terrível, um


buraco negro dentro do peito. Mas é como disse. A vida continua. Merdas
acontecem, coisas se quebram dentro da gente e o mundo não pára para que
você conserte. A vida segue. Ou você segue com ela, ou fica pra trás, sabe?
Eu estava sentada no sofá, olhando para a TV ligada, sem ter a mínima
idéia do que estava passando. Minha atenção estava totalmente voltada para
a conversa dos dois.

- Eu fui pegar um livro dentro da sua mochila, sabe? - Jacob falou, com
cara de quem se desculpava, mas no fundo não se arrependia.
- Você o quê? - Chase gritou, e suas bochechas ficaram vermelhas no
mesmo instante. - Agora deu para vasculhar minhas coisas, Jacob?

- Desde quando você está usando aquilo, Chase? Você sempre foi um cara
limpo, careta demais até.

Hâ? Do que Jacob estava falando? O que ele encontrou na mochila de


Chase? DROGAS?

- Alice sabe disso? - Jacob perguntou, aproximando-se de Chase. - Duvido


muito, né? Ela nunca aceitaria.

- Primeiro, Alice não sabe. Aliás, você também não saberia se eu tivesse o
mínimo de privacidade nessa merda de casa. Em segundo lugar, isso não
interessa a ninguém, muito menos a ela. Nós terminamos.

- Chase, respeito! - Levantei gritando. Ele não podia falar assim da casa de
Jacob, que tão gentilmente nos abrigou. - Respeito com Jacob, com Billy...
Temos que agradecer todos os dias por eles estarem nos ajudando!

- AJUDANDO? - Ele também gritou, e se aproximou de mim, me olhando


de cima. - Eu não preciso de ESMOLA! Entendeu?

- Hey, heeey, Chase! - Jacob se colocou no meio de nós. - Calma aí, cara.
Você está indo longe demais.

Chase olhou com raiva para Jacob e com mais raiva ainda para mim.

Eu não o reconhecia mais. Não existia nenhum vestígio do antigo Chase ali.
Mas ele devia estar escondido em algum lugar, não é mesmo???
- Pra mim deu. Chega. Estou indo embora.

Chase virou e foi em direção ao quarto que dividíamos e eu fui atrás dele.

- Você sempre foge das conversas Chase! - Ele não se virou para mim,
estava tirando umas roupas do armário e jogando numa mochila. - Aonde
você vai???

- Embora, Bella. - Ele falou, ainda de costas. - Não dá mais pra ficar aqui.

- Embora pra onde, Chase? Eu vou com você e...

- Não. Eu quero ir sozinho. Preciso de um tempo pra pensar, ficar só


comigo mesmo, colocar as idéias em ordem... Está tudo muito confuso
agora, mal posso cuidar de mim, quanto mais de você.

Eu não consegui responder. Senti minha garganta fechar, e meus olhos se


encheram de lágrimas tão rápido que em segundos minha face já estava
molhada.

Chase virou para mim, e por um momento reconheci meu irmão na


expressão triste e arrependida, de quem havia me magoado sem querer.

- Um dia eu volto, Bella. – Ele disse, e me puxou pelo braço, me abraçando


e apoiando o queixo em minha cabeça. – Eu volto e nós vamos morar
juntos. Isso se você e Jacob não tiverem casado, ainda.

Então ele voltou a ficar frio como gelo.

- Bom, é isso. Se cuida, eu ligo assim que souber aonde vou parar, ok?

Me soltou, pegou a mochila e saiu.

FLASHBACK OFF
Esse mês fazia três anos que eu não via Chase. Nos falamos
esporadicamente. A última vez em que eu tivera notícias, ele estava em São
Francisco, trabalhando como bartander.

Voltei para o quarto e me joguei na cama.


Me arrependi no mesmo momento.

Minha cabeça rodava de uma forma tão horripilante, que eu jurei que ia
colocar todos os meus órgãos para fora.

Esse era um dos males de viver sozinha.

Eu alugava um quarto na casa da Sra. Ford, uma aposentada solteirona, sem


filhos, que tinha 5 gatos.

O quarto era muito bom (na medida do possível, claro) e tinha um banheiro
privativo, o que era essencial.

Eu havia deixado de morar com Jacob algumas semanas depois que Chase
fora embora.

Se eu não estava sendo a melhor companhia do mundo depois da morte de


meus pais, depois que Chase foi embora eu me tornei uma pessoa
simplesmente insuportável.

No início, chorava por tudo. Depois, me fechei ainda mais, fiquei distante,
nada me interessava.

Com isso, o inevitável aconteceu. Jacob e eu nos afastamos cada dia mais e
uma espécie de abismo invisível criou-se entre nós.

Não que ele não tentasse. Ele continuou sendo o amigo amoroso e gentil
que sempre esteve presente em minha vida.

Mas cada um de nós foi guiando sua vida... Eu via Jacob sair para estudar,
depois estudar e trabalhar, e via os amigos indo até a casa para reuniões
descontraídas.

No início eles puxavam conversa comigo, mas logo iam desistindo, ao


perceber que eu não dava maiores aberturas.

E então, um dia, Jacob chegou em casa com dois amigos novos. Seth e
Leah.

O rapaz era muito engraçado. De longe, o amigo de Jacob mais simpático


que eu já havia conhecido.

A mulher era bonita. Uma beleza exótica, com a pele morena, os cabelos
negros e lisos.

Eles se tornaram presença constante na casa, em reuniões, jantares,


almoços.

Então a presença de Seth começou a ser menos constante, enquanto a de


Leah só se intensificou.

FLASHBACK ON

O dia na lanchonete foi exaustivo.

Eu só queria chegar em casa (bom, na casa de Jacob) e colocar os pés pra


cima, enquanto assistia um pouco de TV para desanuviar a mente.

Deixei minha bolsa em cima da mesa da sala e fui para meu quarto, que
desde que Chase partira era só meu.

Chase. Que saudade eu sentia dele.

Ele havia me ligado naquele dia. Eu atendi o celular meio desconfiada, sem
reconhecer aquele código, e quando ele falou eu quase enfartei.
Precisava contar a Jacob.

Desviei do meu quarto e fui até o quarto dele. A porta estava encostada, e
eu entrei, como sempre fazia, desde que me entendia por gente.

Jacob estava na cama, meio recostado, aos beijos, no maior amasso, com a
tal de Leah.

Fiquei ali, parada, olhando. Nem sei por quanto tempo. Só sei que quando
Leah precisou parar por um segundo, para tomar um pouco de fôlego, ela
abriu os olhos e me viu.

- Um-hum. – Ela pigarreou e Jacob virou, o olhar encontrando o meu.

Eu pisquei várias vezes, sacudindo a cabeça e me virando para sair dali.


Tudo ao mesmo tempo.

- Bella!

Já estava dentro do meu quarto quando ele entrou.

- Bella me desculpe. Não queria que você descobrisse dessa forma.

Que ótimo.

Eu não era nenhuma imbecil. Eu e Jacob já não agíamos como dois


namorados há muito tempo, mesmo antes de Chase ir embora.

Eu ainda gostava demais dele, mas não podia afirmar que era nada mais do
que uma forte amizade, um amor de irmãos mesmo.

Mas como mulher é um bicho estranho... Foi só eu vê-lo lá, todo entregue
para uma outra mulher, que o sentimento de posse gritou alto em minha
cabeça e eu tive que me segurar para não fazer uma cena.

- Tudo bem, Jacob. – Me concentrei, para falar o que era racional. – Não
tem problema... Na verdade, tenho até que pedir desculpas, não posso ficar
invadindo seu quarto dessa forma e...

- Hey, heeey... Você pode entrar em meu quarto SEMPRE que quiser, Bella.
Sempre foi assim e sempre será, ouviu bem?
Aham. Quem sabe da próxima vez eu não encontro vocês pelados. Era só o
que faltava para eu não conseguir dormir nunca mais.

- Obrigada, Jake. Mesmo.

Ele me abraçou.

- Eu te amo, Bella. Te amei desde que te vi pela primeira vez e roubei sua
boneca, pra chamar sua atenção, e Chase me meteu a porrada. E vou te
amar para sempre, sabe? Você pode contar comigo sempre que quiser.

- Eu sei. Obrigada.

Ele beijou minha testa e saiu.

FLASHBACK OFF

Ali eu decidi que precisava me emancipar de vez. Já que eu não tinha


ninguém, que eu era literalmente uma pessoa só, precisava me assumir
como tal.

E agora eu me encontrava aqui.

De ressaca, mais para bêbada do que para sóbria, tendo que me arrumar
para trabalhar, mas sem ânimo algum.

Meu celular tocou, e eu pensei que minha cabeça fosse EXPLODIR.

- Hã. – Minha voz saiu como um gemido.


- Bella? – A voz de Alice estava ótima, como se tivesse dormido o sono dos
justos durante toda a noite. – Você está bem? Que voz horrível!

- Ai, minha cabeça dóoooi, Ali! – tentei melhorar, mas ainda gemia. – Fala.

- Quero saber se você quer uma carona! To indo comprar mais umas
coisinhas para o meu enxoval e...

- Ali? Aliii???

A ligação caiu.

Bom, uma carona até que não seria má idéia.

Me levantei e comecei a tirar a roupa, para tomar uma ducha e ir trabalhar,


quando meu celular tocou de novo.

Atendi sem olhar.

- Fala, Ali! A ligação cai...

- Bella?

Eu fiquei surpresa e senti uma onda de alegria percorrer meu corpo. Há


quanto tempo não escutava aquela voz? Três meses? Quatro?

- CHASE!!! – Gritei, sem conseguir me conter. – Chase, que saudade, como


você tá, aon..

- Bella, para de falar e me ouve. Eu não tenho muito tempo, okay?

Ele estava sério, como eu NUNCA havia visto antes. E estava afoito.

- Ok. – Foi a única coisa que consegui responder.

- Bella. Eu estou preso. Estou no presídio de São Francisco, mas sou


inocente. Não posso falar muito tempo, só tenho dois minutos e você é a
única pessoa que eu tenho pra ligar. Não fui eu Bella. Eu preciso de ajuda,
eu...

- Vamos, rapaz! Acabou o tempo. – Ouvi alguém falando ao fundo.

- Bella. EU PRECISO DE AJUDA.

Então a ligação caiu.

Eu fiquei ali parada, meio despida, o celular de flip ainda aberto na mão,
encarando o nada.

Quando o celular tocou de novo, eu levei um susto tão grande que deixei-o
cair no chão.

- Alô! ALÔ!!! – estava nervosa, e minha voz entregava isso.

- Calma, Bella sou eu! A ligação caiu e...

- Alice. – Falei, ainda sem acreditar em minhas próprias palavras. – Chase


acabou de ligar, ele... Ele está preso Alice.

A última frase quase não saiu, tão embargada estava a minha voz pelas
lágrimas que fechavam minha garganta.
CAPÍTULO II – A Visita

POV DE BELLA

Desliguei com Alice, que ficou tão atônita quanto eu. Tentei processar tudo
o que Chase havia me dito. Que estava preso, em São Francisco, mas que
era inocente. E, principalmente, que PRECISAVA DE AJUDA. Da MINHA
ajuda.
Mas como eu poderia ajudar?
Ainda com o celular na mão, disquei o primeiro número que veio à minha
cabeça. Jacob. O celular dele estava fora de área, então desliguei e disquei
para sua casa.
- Alô?
- Bom dia, Leah. Posso falar com Jacob por favor?
Leah não gostava de mim. Apesar de se esforçar para me aturar, era visível
o quanto se incomodava com a minha presença.
- Ele ainda está dormindo, Bella.
- Leah... Por favor... Será que você poderia acordá-lo? É realmente urgente.
A linha ficou em silêncio por alguns segundos, e eu pude ouvir Leah
bufando.
- Ok. Vou ver se ele pode atender.
Pude perceber que Leah caminhava com o telefone sem fio nas mãos.
- Jake...? Amor, você tá acordado?
"- Hummm, Lê... Deixa eu dormir mais um pouquinho, vai?”
- Ouviu, Bella? Ele não pode atender, liga mais tard...
“- É a Bella? Me dá aqui!"
- Mas Jacob, você está dormindo e...
"- Me dá o telefone, Leah!”
Senti o telefone passando de mãos.
- Bella? Bom dia! Tá tudo bem, aconteceu alguma coisa?
Ouvi uma porta batendo forte ao fundo. Provavelmente Leah, revoltada.
- Jacob... – Mal comecei a falar, senti meus olhos se encherem de lágrimas.
– Ah, Jake...
- Bella? – Pude perceber que ele se levantou, e que ficou tenso por me ver
naquele estado. – Fala logo Bella, o que aconteceu?
Respirei fundo. Precisava me recompor.
- Chase ligou, Jacob. Ele está preso, em São Francisco.
- PRESO? Por quê, o que ele fez???
- Como o quê ele fez? NADA. Ele disse que é inocente.
- Ele está preso por que razão? Acusado de quê?
- Eu não sei... Ele só tinha dois minutos, não deu tempo de me contar...
Jake... Eu preciso ir lá, preciso ver Chase.
- Claro, Bella. – Ele respirou fundo. – Olha, é só o tempo de arrumar
umas coisas e nós vamos para lá, ok? Eu vou com você.
Eu não podia aceitar essa proposta, por mais tentadora que fosse. Não
podia prejudicar ainda mais a vida de Jacob.
- Não Jake, você tem muitas coisas aqui, tem a faculdade, Leah e...
- Bella. Eu JAMAIS deixaria você ir a um presídio, visitar seu irmão, meu
melhor amigo, sozinha. Eu vou com você. Está decidido.
Eu não tinha forças para discutir, ainda mais quando eu era exatamente isso
que eu queria.
- Ok. Muito obrigada Jacob eu... Eu nem sei como te agradecer.
- Você não precisa me agradecer. Daqui a pouco estou aí.
Ele desligou e eu enviei um recado para Alice.
“Ali...
Acabei de falar com Jake, contei o que aconteceu. Eu preciso ver Chase,
entender o que está havendo, ver que ele está BEM.
Jacob vai comigo, estará aqui em pouco tempo. Mando notícias assim que
tiver alguma novidade, ok?
Amo você. Reze por mim, por favor.
Bella.”
Joguei o celular em qualquer lugar e comecei a arrumar algumas peças de
roupa desajeitadamente em uma bolsa de mão. Tomei uma ducha e, quando
estava saindo do chuveiro, bateram na porta.
- Entra, tá aberta! - Gritei ainda de dentro do banheiro, enquanto me
enxugava.
- Bella?
Abri a porta e coloquei a cabeça para fora. Alice estava ali.
- Alice, você não recebeu minha mensagem? Desculpa, mas não vou poder
conversar com você agora, estou correndo e...
- Eu recebi sua mensagem, Bella. É por isso que estou aqui. Vou com você.
Ou melhor, vamos.
Fiquei algum tempo olhando para ela, processando a informação que havia
acabado de receber.
- Vamos? – Finalmente falei.
- Sim. Jasper está no carro, esperando por nós. Jacob já chegou?
- Acabei de chegar. – Jacob estava parado na porta do meu quarto, uma
mochila nas costas. Fiquei sem ar ao olhar para ele. Fazia décadas que não
nos víamos, muito mal nos falávamos pelo telefone.
- Ótimo. – Alice disse. – Acaba rápido aí, Bella. Quanto mais cedo
partirmos, mais cedo chegamos em São Francisco.
Assenti com a cabeça e voltei para dentro do banheiro, fechando a porta
atrás de mim. Me olhei no espelho, e mais uma vez naquela manhã meus
olhos estavam repletos de lágrimas. Eu podia ter muitos problemas, minha
vida podia ser uma bagunça total, mas uma coisa eu tinha que agradecer: eu
tinha amigos verdadeiros. Amigos que me amavam, e que estavam ali para
mim nas horas mais difíceis, em que eu mais precisava deles.
Sacudi a cabeça, desanuveando os pensamentos, não tinha tempo pra isso.
Me arrumei em tempo recorde e minutos depois estávamos entrando no
carro de Jasper.
- Bom dia Jasper... – Falei, meio sem jeito. – Muito obrigada por fazer isso,
de verdade.
Ele se virou para trás e abaixou os óculos escuros, os olhos verdes
encarando os meus.
- Bella... Você é a melhor amiga de minha futura esposa, e minha futura
madrinha de casamento. Pode ter certeza... Estou fazendo isso de coração,
por livre e espontânea vontade. Não precisa agradecer.
Forcei um sorriso e assenti com a cabeça. Jacob apertou a minha mão, em
solidariedade, e Jasper voltou a olhar para frente, ligando o carro.
Eu não sei se foi a noite mal dormida do dia anterior, ou simplesmente meu
sistema emocional que arriou completamente minha bateria, ou os dois. Só
sei que, de repente, quando parecia que eu tinha acabado de sentar no carro,
senti Jacob me chamando, enquanto acariciava meus cabelos.
- Bella? Querida, acorda, já chegamos...
Abri os olhos e vi que ainda era dia, meio nublado. Procurei por prédios,
mas a única coisa que vi foi um imenso paredão de cimento.
- Já chegamos MESMO? – Perguntei, arrumando os fios e passando a mão
no rosto. – Estamos no presídio?
Jasper olhou para trás e respondeu.
- Sim, Bella. Você está pronta?
Se eu estava pronta? É claro que não. Ninguém nunca está pronto para uma
situação dessas. Mas não podia responder isso, afinal não faria qualquer
diferença. Pronta ou não, eu tinha que enfrentar o que viria a seguir, então
respondi que sim, estava pronta, e abri a porta, descendo do carro.
Todos me seguiram, e em segundos estávamos parados de frente para a
entrada, como se estivéssemos tomando coragem de entrar. O que, no meu
caso, era verdade.
Passamos pela porta, após nos identificarmos e deixarmos nosso documento
e impressão digital, e fomos recebidos por um funcionário sério e de poucas
palavras.
- Boa tarde. Meu nome é Isabella Swan, vim visitar meu irmão, Chase
Swan.
Ele olhou um livro, que em seguida me deu para assinar.
- Só é permitida a entrada de duas visitas por dia.
Olhei para os três. Não queria ter que decidir quem entraria comigo.
- Acho que Alice deveria entrar. Sei que ele ficaria muito feliz em te ver,
Ali. – Jacob falou, olhando para ela.
Alice, por sua vez, olhou para Jasper. Jazz era um verdadeiro cavalheiro.
Sabia toda a história existente entre Alice e Chase, mas nunca havia tocado
mais profundamente no assunto. Jasper percebeu a situação desconfortável
de Alice.
- Tudo bem, amor. – Ele falou, se aproximando dela e acariciando seu
rosto. – Pode entrar, Chase é seu amigo, e ele está num momento muito
difícil agora.
Ela assentiu com a cabeça, colocando a mão sobre a dele e lhe dando um
beijo rápido nos lábios.
- Eu amo você. Obrigada. – Ela falou, e se virou para o funcionário. – Eu
vou com ela.
- Ok... – O funcionário respondeu. – De qualquer maneira, a entrada é
individual. Quem vai primeiro?
- Eu. – Não pensei duas vezes antes de responder.
- Me acompanhe por favor, Senhorita Swan.
Jacob me incentivou com um aceno de cabeça e eu acompanhei o
funcionário por um longo corredor, com uma grade no fundo. Atrás dela
havia um outro funcionário, que permitiu nossa entrada, a grade se
fechando atrás de mim assim que passamos por ela. Era um enorme
corredor, com diversas cabines, com um telefone do lado, e um vidro
separando as pessoas. Havia várias cabines vazias, intercaladas por apenas
dois presos que conversavam pelo telefone com seus prováveis advogados,
engravatados e imparciais.
A cada cabine que passava, meu coração se acelerava, e eu esperava
encontrar o rosto de Chase por trás do vidro. Quando eu já estava perdendo
as esperanças, eu o vi. Estava sentado, a cabeça abaixada, usando um
macacão laranja, grande demais para seu tamanho. Parecia magro e abatido,
com fundas olheiras roxas sob os olhos. Eu parei em frente a ele, que
levantou a cabeça e me encarou.
Chase tirou o telefone que estava preso à parede ao seu lado e ficou me
encarando, esperando que eu, enfim, me sentasse e fizesse o mesmo.
- Você tem dez minutos. – O guarda que me acompanhara até ali e que eu
até havia esquecido que estava o meu lado falou e saiu sem olhar para trás.
Eu me sentei, peguei o telefone e coloquei no ouvido. No primeiro
momento, nenhum dos dois falou nada. Então decidi quebrar o silêncio.
Nós não tínhamos muito tempo.
- Chase... – Minha voz saía falhada e eu cocei a garganta, não queria
demonstrar fraqueza, não para ele. Chase já estava sofrendo demais. – Me
conta. O que aconteceu?
Ele respirou fundo.
- Eu também não sei direito, Bella. Saí uma noite com um amigo,
conhecemos umas garotas... E, ao que tudo indica, uma delas foi
assassinada e eles acreditam que fui eu.
Engoli em seco. Não queria fazer a pergunta que era necessária, mas era
preciso.
- Chase... E foi você? – Vi uma névoa de raiva passar pelo rosto dele, e me
apressei a continuar. – Eu preciso saber a verdade, por pior que seja.
Mesmo que tenha sido, sou sua irmã, farei de tudo pra tirar você daqui, mas
eu PRECISO saber e...
- Bella. Você está me OFENDENDO. – Ele havia se inclinado mais para
perto do vidro, em minha direção. – CLARO que não fui eu. Eu jamais teria
coragem de fazer algo desse tipo. Você me conhece... MEU DEUS!
Chase voltou a se recostar na cadeira, frustrado, passando a mão pelos
cabelos que costumavam ser brilhantes e sedosos, mas que hoje estavam
opacos.
- Não fui eu Bella. Eu sou INOCENTE. – Ele falou quase num sussurro, a
voz mecânica pelo telefone. Assenti com a cabeça, mais uma vez engolindo
em seco.
- Ok. – Falei, tentando manter a calma, raciocinar objetivamente. –
Precisamos arrumar um bom advogado, então. Alguém que possa te tirar
daqui, provar que você não fez nada, que isso é uma injustiça.
Chase balançou a cabeça pesarosamente.
- Com que dinheiro, Bella? O dinheiro que tenho guardado mal dá para
comprar uma bicicleta. Vou ter que me contentar com um defensor público
qualquer.
Não. Isso não podia acontecer. Nós teríamos que arrumar uma solução. Eu
teria que arrumar uma solução. Chase não poderia ajudar em nada de onde
estava.
- Vou conversar com a Promotoria, tentar entender o que está acontecendo
no seu caso, do que eles estão te acusando, que provas eles tem para te
manter aqui. Mas antes eu preciso que você mesmo me conte o que o que
aconteceu, a SUA versão da história, Chase.
Ele voltou a se aproximar do vidro, e aproximou o fone da boca.
- Eu conheci esse amigo na faculdade... Ele sempre pareceu um cara legal,
de ótima família, renomada... Com MUITO dinheiro, Bells. Muito mesmo,
mais do que você possa sequer IMAGINAR. – A voz de Chase era sem
vida. – Então nós começamos a sair constantemente, e eu tenho que admitir
que fiquei deslumbrado; ele me apresentou a uma vida que eu nem sabia
que existia.
Ele fez uma pausa, mas eu não falei nada. Deixei que continuasse.
- Então, na última noite que saímos juntos, nós fomos a um Club privado...
Onde só pessoas influentes e conhecidas tem acesso e, para entrar, só se
você tiver sido convidado. O que era meu caso, diga-se de passagem. As
pessoas eram lindas, tanto homens quanto mulheres... As mulheres... Meu
Deus, pareciam super modelos saídas de capas de revistas, Bells.
Chase fixou o olhar no nada, como se estivesse se esforçando ao máximo
para lembrar de tudo que houvera na noite fatídica.
- E então tinha essa garota... Essa mulher... Ela era linda, claro, como todas,
mas era diferente... Tinha um charme diferente, sabe? E todos os que
estavam ali gostaram dela, queriam ELA. Todos mesmo, inclusive eu e meu
amigo. E ela me escolheu.
Eu imaginava tudo o que Chase estava narrando, mas uma coisa em minha
cabeça não se encaixava, por isso tive que esclarecer.
- Mas espera um instante, Chase. Deixa eu entender uma coisa. Você a
pagou com que dinheiro? Tenho certeza que uma hora com uma mulher
dessas é mais do que você ganha no mês.
Ele umedeceu os lábios e continuou.
- Meu amigo pagou para mim. Eu saí com ela, e foi uma noite perfeita, mas
deixei ela de volta no Club, VIVA. INTEIRA.
Soltei o ar pesadamente e sem perceber deixei meus ombros caírem.
- Hum. – Foi a única coisa que consegui dizer de primeira, depois de ouvir
tudo aquilo. – Bem, vou fazer o que combinamos. Falar com a promotoria,
e tentar arrumar um advogado decente pra te tirar daqui.
Chase assentiu diversas vezes com a cabeça. Estava altamente nervoso, era
perceptível seu stress.
- Ok, Bells. Obrigada. Vou voltar pra cela agora, espero que você volte e...
- Não Chase. Meu tempo acabou, mas tem outra pessoa lá fora querendo te
ver. Na verdade tem duas, mas você só pode receber duas visitas por dia,
então só uma poderá entrar.
Vi que ele ficou surpreso.
- Du... Duas? – Ele gaguejou, e depois se recompôs, endireitando as costas
na cadeira. – Quem vai entrar? Jacob?
Eu fui a pessoa mais íntima de meu irmão durante a maioria dos anos de
nossas vidas. Conhecia Chase melhor do que ele mesmo. Ele não queria
que fosse Jacob. Apesar de que ficaria feliz em ver o melhor amigo, mesmo
depois das desavenças. Chase queria que fosse Alice. Fiquei feliz por saber
que traria uma boa notícia para ele.
- Não, Chase... Jacob é a outra pessoa, está lá fora sim, mas não é ele quem
vai entrar agora... – Pude ver um vislumbre de alegria no rosto de Chase,
um suave brilho no olhar que antes era vazio. – Quem vem te ver agora é
Alice.
- Alice... – Ele repetiu o nome, para si próprio, como que para acreditar,
fitando o vazio. Então voltou a me olhar. – Eu não quero que ela entre,
Bells. Não quero que ela me veja nessas condições. Ali é muito sensível,
sempre foi, vai ficar horrorizada, esse não é lugar pra ela. Na verdade, nem
para você, mas infelizmente com você eu não tinha escolhas. Além disso...
Não quero que ela me veja assim, depois de tanto tempo.
- Chase... Alice está preocupada com você, ela largou tudo e veio até aqui
sem prensar duas vezes. Eu jamais diria a ela que você não quer vê-la. Ela
ficaria magoada demais, e isso não é justo, não MESMO. Se é isso mesmo
que você sente, diga você mesmo. Alice agüenta, ela é mais forte do que
você imagina.
Eu não queria discutir com Chase naquelas condições, mas não poderia
aceitar que ele renegasse a visita de Alice, tão gentil e leal a nós daquela
forma. Olhei para ele. Chase suspirou fundo.
- Ok. – Ele disse, concordando contrariado com a cabeça. – Antes de você
ir... A polícia ficou com a chave do quarto que eu estava alugando. Veja se
já está liberada e pegue, você pode ficar lá, está pago pelos próximos dois
meses. Não é nada luxuoso, nem de longe, mas é um abrigo. E lá também
estão as minhas coisas, se você puder me trazer quando voltar aqui...
- Claro, Chase. Deixa comigo. Amo você, fica bem. – Ele assentiu e eu
coloquei o telefone no gancho, Chase repetindo meu gesto. Já ia saindo
quando lembrei de uma pergunta essencial e voltei. Tirei o telefone e ele me
imitou, surpreso.
- Que foi? – Ele perguntou, antes que eu pudesse falar.
- Faltou você me dizer uma coisa, Chase. Qual o nome do tal Club?
- Esse em especial não tem um nome específico, Bella. Como eu te disse,
as reuniões são completamente privadas, quase secretas, para um seleto
grupo.
- Hum. - Mas muitos dos freqüentadores desse club, freqüentam um
outro... – Chase falava baixo, em tom de segredo, como se as paredes
pudessem nos ouvir. - ... Chama-se ESPARTACUS.
- Espartacus. Ok. E qual o nome do seu amigo?
- Ah. – Ele me olhou e falou, ainda sussurrando. - O nome dele é Edward.
Edward Cullen.
Edward Cullen.
Aquele nome ainda ia me dar muito trabalho.

POV DE CHASE

Eu não havia sentido uma única gota de felicidade desde que fora parar
naquele inferno na terra. Não até aquele momento.
Quando Bella pronunciou o nome de Alice foi como se meu mundo tivesse
parado de rodar; como se meu coração tivesse falhado uma batida; como se
eu me esquecesse de como era respirar. Depois veio a consciência de minha
situação.
Eu não via Alice há mais de dois anos, no mínimo. Nosso término foi algo
que magoou muito aos dois, apesar de que, eu imagino, Alice não acredite
que eu tenha sentido alguma coisa, pelo modo frio e distante que eu agi.
Mas eu sofri. Demais.
Alice era a única coisa boa que existia em minha vida naquela época; a
única pessoa que me jogava pra cima e me incentivava a seguir em frente, a
construir um futuro para nós dois. Mas eu simplesmente não tinha forças
para isso. Estava arrasado demais, devastado demais por dentro, irritado
demais com Deus para sequer me preocupar com o presente, que dirá
pensar no futuro. Por isso acabei me afastando de Alice também, a única
mulher por quem eu já havia me apaixonado, a única que eu realmente
amava, a única por quem valia a pena lutar.
Depois que eu saí de Forks, conheci muitas outras mulheres, claro. Eu não
sou cego e nunca fui modesto, sei que minha beleza é além dos padrões... E
meu jeito de garoto de cidade pequena engana as mulheres de grandes
cidades como São Francisco... Então posso dizer que realmente mulheres
não eram um problema para mim. Mas, mesmo que eu procurasse, eu não
encontrava nenhuma que chegava ao pés de Alice.
Ouvi o som de saltos andando pelo assoalho encerado do corredor. Arrumei
sem sucesso os cabelos e ajeitei a gola do macacão ridículo e enorme que
eu usava. Então ela apareceu na frente de minha cabine. Estava LINDA.
Havia cortado e desfiado os cabelos longos que eu tanto amava, e que
sempre reclamava quando aparava apenas alguns centímetros. Usava uma
roupa básica, calça jeans e uma blusa branca. Não conseguia ver seus pés,
mas pela altura devia estar usando um salto não muito alto. A respiração
dela estava agitada e eu percebi que a minha também estava.
Então aconteceu o contrário da visita de Bella. Foi Alice que se sentou e
pegou o telefone, esperando que eu fizesse o mesmo, mas eu parecia estar
congelado. Ela apontou para o meu aparelho através do vidro. Eu
finalmente o peguei e colei ao meu ouvido.
- Chase...
O som da voz de Alice e o simples barulho de sua respiração tiveram dois
efeitos completamente inversos em meu organismo. Ao mesmo tempo que
espantaram todo o medo e nervosismo que existia em mim, acalmando
minha alma e aliviando minha mente, senti uma onda de adrenalina jorrar
por meu sangue, acelerando meu coração tão rapidamente, que podia senti-
lo batendo em minhas costelas.
- Chase, fala comigo... Como você está?
Eu cheguei para frente, para perto do vidro. Amaldiçoei aquele lugar, por
me impedir de abraçá-la, de sentir seu corpo pequeno e quente em meus
braços. Por me impedir de sentir o cheiro que emanava dela, seu perfume,
seu hálito. Por me impedir de beijá-la.
- Alice... Meu Deus, como é maravilhoso ver você... Você está... Você está
MARAVILHOSA, Ali.
Uma gota escorreu de seus olhos pelo rosto perfeito, e eu tive vontade de
morrer por fazê-la passar por aquela situação.
- Não chora, Ali... Por favor. Eu estou bem, tudo vai ficar bem, você vai
ver.
- Desculpe, é que foi muita coisa... Esse lugar, você... Ah, Chase... Há
quanto tempo não nos falamos... Há mais tempo ainda não nos vemos...
Nossa.
Ela limpou a lágrima e respirou fundo. Sabia que estava lutando para
engolir o choro, para ser forte, forte por mim.
- Mas você tem razão. Você está bem e tudo vai ficar bem, tudo vai se
resolver. Tenho certeza disso, Chase.
Ela espalmou a mão direita, que estava livre do telefone, sobre o vidro, e eu
fiz a mesma coisa, unindo a minha à dela. Ou melhor, ia fazer. Pois quando
já estava quase tocando no vidro blindado, uma coisa chamou minha
atenção. Para ser mais exato, um enorme anel em seu dedo.
Eu não sei como deve ter ficado minha feição; mas deve ter entregue minha
surpresa e dor, pois Alice seguiu meu olhar, em seguida baixando a mão e
escondendo sobre o colo, por baixo da mesa. Nós ficamos nos olhando por
algum tempo, que me pareceu interminável. Eu não queria falar. Não queria
perguntar o que aquilo significava, pois eu já sabia, e ouvir Alice dizer tais
palavras ia acabar de me matar por dentro.
- Chase... - Ela começou e eu fechei os olhos, como se dessa forma eu
impedisse que suas palavras penetrassem em mim. - Eu ia te contar... Mas
não agora... Ia contar quando nos encontrássemos lá fora, quando você já
estivesse livre disso tudo.
- Quem é ele? Eu conheço? – Falei, ainda de olhos fechados. Alice suspirou
fundo.
- Chase... Não vale a pena termos essa conversa aqui, agora. Não foi para
isso que vim.
- Quem é ele, Alice? – Abri os olhos e ignorei o comentário dela. Eu
PRECISAVA saber.
- Jasper Hale. - Ela foi direta.
Jasper Hale? Aquele almofadinha mauricinho? Eu não conseguia acreditar.
- Desde quando você se interessa por playboyzinhos capitalistas, Alice? E
desde quando vocês estão juntos?
Alice respirou fundo, irritada por estarmos tendo aquela conversa.
- Estamos juntos há pouco mais de um ano, Chase. E Jazz não é nenhum
playboyzinho capitalista... Ele é uma pessoa maravilhosa.
- Você costumava concordar comigo nesse ponto. Quando íamos para o
colégio e Jasper “Maurício” Hale chegava de motorista particular, no seu
carrão.
Eu sabia que estava irritando Alice, mas simplesmente não conseguia
parar. O ciúme estava me corroendo por dentro.
- Eu não o conhecia. Julguei-o mal, só pela aparência. Me arrependo
profundamente disso... Como te disse, Jazz é uma pessoa formidável.
Nosso olhar não se desviava.
- Hum. E vocês já vão se casar?
Agora foi Alice quem fechou os olhos.
- Por favor, Chase...
- Me responde, Alice. Eu mereço saber.
Ela voltou a me encarar.
- Não. Nós ÍAMOS. Mês que vem. Bella ia ser minha dama de honra, e
Jacob meu padrinho. Nós íamos viajar para Europa logo após a grande festa
que já estava totalmente arranjada. Mas não vamos mais. Não enquanto
você estiver aqui.
Então era verdade. Alice ia se casar. E não seria comigo.
- Não se dê ao trabalho de adiar o casamento por minha causa Alice. –
Falei, me levantando, o fio do telefone ficando esticado. – Afinal, nós nem
sabemos se eu sairei daqui um dia, não é mesmo? Você não pode deixar o
príncipe Hale esperando para sempre. Seja feliz. Adeus, Alice.
Coloquei o fone no gancho sem desviar os olhos dos dela e saí, sem olhar
para trás.
Minha última centelha de vida ficara com Alice, do outro lado do vidro
blindado.

POV DE BELLA

Eu estava abraçada com Jacob. Sentia-me muito pequena envolta por


aqueles braços enormes, e a sensação era um tanto quanto reconfortante; eu
não havia percebido o quanto sentia sua falta.
Momentos depois, Alice saiu. Não demorou muito, e eu estranhei. Ela
estava com os olhos um pouco inchados e a ponta do nariz vermelha... Com
certeza havia chorado, e não fora pouco. Jasper foi até ela e a abraçou
carinhosamente, deixando que Alice escondesse o rosto em seu ombro e
acabasse de desaguar as lágrimas que lhe restavam. Senti Jacob apertar seu
abraço em torno de mim também. Quando eles finalmente se separaram,
Jacob permaneceu grudado em mim. E eu não reclamei disso.
- Bom... Vamos para um hotel, então? Vocês duas precisam descansar.
Jasper falava olhando para Alice, acariciando seu rosto.
- Hum... Na verdade, vocês podem ir. Eu falei com o agente penitenciário
antes de sair e peguei a chave do quarto que Chase aluga... Alugava... Ele
pediu para que eu pegasse alguns objetos pessoais e trouxesse para ele...
Vou dormir por lá mesmo.
- Ah, claro... – Jasper era sempre compreensivo.
- Vou com você, Bells. – Olhei para o lado e Jacob me olhava sério,
provavelmente para me fazer desistir de discutir com ele. Não era
necessário. Eu não discordava que ele fosse comigo.
- Ok. Então você nos deixa lá, Jazz?
- Com certeza. Vamos indo.
Nós entramos no carro e em pouco tempo estávamos rodando pela cidade,
que já estava escura, iluminada somente pelos postes e faróis dos carros. O
bairro em que Chase alugava um quarto não era nada familiar. Ao contrário.
As pessoas que caminhavam pelas calçadas pareciam ter saído diretamente
de filmes de polícia e bandido. Definitivamente fiquei feliz e aliviada de
Jacob estar ali comigo.
Subimos três andares pela escada estreita, até que chegamos a uma porta
num corredor escuro e sombrio. Giramos a chave com dificuldade, pois a
fechadura estava completamente enferrujada, e depois de usarmos de força
abrimos a porta, que rangeu no caminho.
Dava para perceber que a policia estivera vasculhando aquele local. O
quarto era pequeno e parecia ainda menor devido ao fato de tudo estar
jogado pelo chão, numa desordem generalizada. Respirei fundo e entrei,
seguida por Jacob, que colocou nossas bolsas no chão ao lado da porta.
- Vou dar um jeito nessa bagunça. – Falei, olhando em volta, sem saber por
onde começar. – Vai tomando um banho, Jake. Amanhã vai ser um dia
longo.
- Ok, Bells. Já volto pra te ajudar, certo?
Assenti com a cabeça e Jacob foi para o banheiro, passando por mim e me
beijando levemente os lábios. Assim que ele fechou a porta, eu comecei a
vasculhar tudo. Não sabia ao certo pelo que procurava, mas tinha certeza
que descobriria quando encontrasse. Ouvi Jacob abrindo o chuveiro e me
apressei, como se estivesse fazendo algo ilícito. Não sabia porque, mas
queria encontrar o que quer que fosse longe da vista de Jake.
Eu ia desistindo por hora quando Jacob fechou o chuveiro, mas uma coisa
chamou minha atenção. Era uma caderneta preta, parcialmente escondida
embaixo do sofá. Eu peguei rapidamente e fui direto na letra “E”. Estava lá.
ESPARTACUS. Também estava lá o outro nome que eu procurava. O
telefone de Edward Cullen.
Jacob abriu a porta e eu enfiei a caderneta no bolso de trás do meu jeans.
Quando olhei pra ele, quase enfartei. Ele estava vestido apenas com uma
toalha branca na cintura.
- Bells, será que você pode alcançar minha mochila, por favor?
Ele sorria sem graça, e eu assenti rapidamente com a cabeça, pegando a
mochila e levando até ele. Entreguei e ele segurou, mas não entrou de volta
no banheiro. Ficou ali, parado, me encarando. No segundo seguinte eu
havia me aproximado e meus braços estavam em volta de seu pescoço, e eu
podia sentir a ereção de Jacob se formando contra meu ventre. Jacob largou
a mochila, que caiu aos nossos pés, e envolveu a cintura com o braço livre,
enquanto com a outra mão segurava a toalha.
- Ah Bells... Senti TANTO a sua falta. – Ele não afastou os lábios dos meus
nem para sussurrar aquelas palavras, que não eram precisas. O corpo dele já
me revelava que era verdade.
Parei para pegar fôlego, e Jake me acompanhou.
- Também senti sua falta, Jake. – Falei, e era verdade.
Mas me afastei um pouco e ele não me impediu. Jacob me conhecia desde
criança, e perfeitamente bem. E me respeitava ACIMA de TUDO. Ele sabia
que eu JAMAIS iria fazer alguma coisa ali, naquelas circunstâncias, com
meu irmão sofrendo dentro de uma cela imunda a poucos quilômetros de
nós. Por mais que eu estivesse MORRENDO de vontade, como estava.
- Jake... – Eu falei baixo, e ele assentiu com a cabeça, ao mesmo tempo em
que levava a mão a meu rosto.
- Eu sei, Bells... eu sei. – Jacob sorriu timidamente. – A nossa primeira vez
teria mesmo que ser mais especial, num lugar mais romântico do que aqui,
nesse quarto imundo, com seu irmão nessa situação.
Assenti com a cabeça.
Eu era virgem. Apesar de conhecer Jacob desde pequena, e de ter
namorado com ele durante quase dois anos, eu era muito nova na época e
Jacob sempre respeitou meu momento. Sem falar que, depois do acidente
em que meus pais morreram, eu não tive mais cabeça para esse tipo de
coisa e me afastei totalmente de Jake. Que acabou conhecendo Leah...
- É... – Falei, me afastando, voltando a mexer nas coisas espalhadas pelo
chão do pequeno quarto, para manter minhas mãos ocupadas. – E além do
mais, há Leah... Você namora com ela, agora.
Eu ouvi Jacob suspirar pesarosamente, mas não olhei para trás.
- Bella... Eu gosto de Leah, ela é uma garota fantástica, nós nos damos bem
e tudo o mais... – Eu estava agachada no chão, catando papéis a esmo. –
Mas você sabe que eu amo VOCÊ. Que sempre te amei e sempre vou te
amar. Que, se você quiser, eu te espero pelo tempo que for necessário.
Eu havia parado de me mover, meu cérebro absorvendo e processando
todas as palavras que Jacob pronunciava.
- Bella?
Levantei lentamente e me virei para ele, que tinha o olhar suplicante, uma
ruga funda vincando a testa.
- Jake... eu não posso te prometer nada. – Me forcei a ser o mais sincera
possível. O que era difícil demais depois de uma declaração como essas. –
Eu sei que amo você, e que você é mais do que especial para mim...
- Mas...? – Ele fechou os olhos, esperando que eu concluísse, sabendo que
não ia gostar nada do que eu ia dizer.
- Mas, como te disse, não posso te prometer nada. Eu não estou feliz, há
muito tempo. E nós só podemos fazer alguém feliz quando nos sentimos
bem e em paz com nós mesmos. E isso é tudo o que não ocorre comigo no
momento. Não seria justo com você.
- Eu não me importo, Bella. – Ele havia aberto os olhos e seu olhar me
consumia, fazia a minha alma doer. – Estar com você é tudo o que eu mais
desejo. É tudo o que eu necessito para ser feliz e completo de novo.
Eu sabia que Jacob estava sendo sincero. Sabia que o amor que ele sentia
por mim era incondicional, e que ele não se importava se eu sentia o
mesmo, na mesma quantidade ou não. Sabia que ele só ansiava estar ao
meu lado, fazendo de tudo para que eu fosse feliz. E eu não podia aceitar
isso. Não podia aceitar que ele se anulasse por mim. Não se eu não podia
lhe dar a certeza de que, um dia, mesmo que distante, eu poderia lhe
corresponder à altura.
- Mas eu me importo, Jake. – Senti que meus olhos estavam marejados, e
por isso tornei a me virar de costas para ele. – É melhor assim. Pelo menos
por enquanto.
Ele não falou mais nada, assim como eu também não. Ouvi ele expirar o ar
pesadamente e sair, indo de volta para o banheiro e fechando a porta atrás
de si. Eu continuei arrumando as coisas. Agia mecanicamente, como, aliás,
vinha levando a minha vida há muito tempo. Nem vi o tempo passar.
Quando dei por mim, já havia organizado (na medida do possível, naquelas
condições precárias) mais da metade das coisas. Jacob dormia pesado na
cama de Chase, a pequena e velha TV ligada em um programa qualquer,
quase sem som. Olhei no relógio. 00:36 H.
Peguei uma roupa limpa na bolsa que eu havia arrumado às pressas, uma
toalha e fui tomar banho. Meu corpo era pura tensão. Meus músculos
estavam tão enrijecidos que chegavam a doer. Deixei a água fervendo cair
abundantemente sobre mim, até sentir a pele ficar dormente devido à
quentura, o vapor rapidamente tomando conta de todo o pequeno banheiro.
Não adiantou nada. A tensão e o stress permaneceram ali, presentes e
vitoriosos.
Saí do banho e sentei na pequena poltrona de couro, rasgada em diversos
lugares, penteando o cabelo. Eu não estava com nenhum vestígio de sono.
Meu corpo estava totalmente alerta. Olhei mais uma vez para Jacob.
Dormia como uma criança após um dia exaustivo no parque de diversões.
Me levantei, peguei outra muda de roupa na mala e me troquei.
Vesti uma calça Jeans, uma bata preta e sandálias, e prendi o cabelo num
rabo alto. Eu simplesmente não podia ficar ali, calmamente, de mãos
atadas, esperando o tempo passar, aguardando para ver o que mais o destino
iria me aprontar. Eu precisava AGIR.
Peguei cuidadosamente minha bolsa, me esforçando para não fazer barulho
e acordar Jacob, e saí. Enquanto ainda descia as escadas peguei meu
celular, disquei para informações e peguei um endereço. O mesmo que
forneci para o motorista de táxi.

***

- Chegamos, Senhorita. – O homem se virou, acendendo a luz enquanto eu


remexia na bolsa a procura do dinheiro. Dei a nota, peguei o troco e saí.
A rua era bem movimentada e bem distante de onde se localizava o quarto
que Chase alugava. Era uma rua de casas noturnas. Diversas pessoas
andavam pelas calçadas largas, todas bem arrumadas. Mulheres lindas
vestidas para noite andavam conversando alegremente; casais de mãos
dadas se dirigiam para as entradas, dispostos a se divertir; os manobristas
tinham bastante trabalho, tamanha eram as filas de carros que aguardavam
para estacionar.
A maioria das casas tinha fila na porta para entrar, e vez ou outra um grupo
passava pela corda, ultrapassando os demais, em meio à reclamações
frustradas e ignoradas pelos seguranças. Fui andando, observando toda essa
movimentação em plena quinta-feira a noite, tão diferente de Forks. De
repente, um letreiro me chamou a atenção.
“ESPARTACUS CLUB”.
O lugar era luxuoso. Dois seguranças vestidos de preto e com escutas
presas ao ouvido ladeavam a entrada, os braços cruzados. Eu parei na
calçada do outro lado da rua e fiquei observando. Não havia filas na porta.
Vez ou outra um carro chique parava; o manobrista saía pela porta e o
motorista (sempre um homem) entrava no estabelecimento. Vi uma loira
linda caminhando em direção a entrada, falando ao celular. Ela
cumprimentou os dois homens com um aceno leve de cabeça, sendo
correspondida na mesma medida, e entrou.
Não sei quanto tempo eu fiquei parada ali, e muito menos sabia o que
pretendia fazer. Não tinha elaborado nenhum plano de ação. Um homem
saiu e parou do lado dos dois seguranças, acendendo um cigarro e
começando a conversar. Olhou em minha direção, forçando a vista para me
enxergar melhor, no que eu disfarcei, pegando o meu celular e fingindo que
falava com alguém. Depois de um tempo - e de me sentir ridícula o
suficiente com essa encenação -, eu guardei o aparelho na bolsa.
O homem já havia apagado o cigarro e conversava com os seguranças,
sorrindo, e todos lançavam olhares indisfarçados para mim. Até que o
homem atravessou a rua e veio em minha direção.
Senti meu coração quase sair pela boca, minhas têmporas latejavam
freneticamente.
- Olá... Boa noite. – O homem falou, cordialmente. As mãos enfiadas nos
bolsos da frente da calça jeans. – Meu nome é Steven. E o seu?
Eu não queria dizer meu nome. Pelo menos, não o verdadeiro.
- Cindy. – Respondi o primeiro nome que me veio a cabeça e estendi a mão,
que o homem apertou sem desfazer o sorriso.
- Você está esperando alguém, Cindy?
- Não... – Lutei para que minha voz saísse natural, para que o homem não
percebesse meu nervosismo. – Sou nova na cidade, estou só conhecendo o
local mesmo...
- Ah. – Ele seguiu meu olhar para a entrada do estabelecimento. – Eu sou o
gerente da Espartacus.
Assim que ele acabou de falar, meu interesse na conversa aumentou
consideravelmente. Podia sentir a sorte enfim vindo para o meu lado. Como
não me manifestei, Steven continuou.
- Sabe, eu estava te observando dali, do outro lado da rua... Você é linda. –
Olhei para ele, surpresa com o elogio inesperado, e percebi que Steven não
estava nem um pouco interessado em mim. Pelo menos não pessoalmente, e
sim COMERCIALMENTE. – Tenho certeza de que você faria muito
sucesso se trabalhasse aqui. Você estaria interessada? Gostaria de fazer um
teste?
Minha mente começou a trabalhar numa velocidade inimaginável. Lembrei
de tudo o que Chase contara; pensei em como faria para descobrir a
verdade e poder tirá-lo de lá. E percebi que, definitivamente, não havia jeito
melhor.
- Sim, estaria. MUITO interessada. – Respondi firmemente. O sorriso de
Steven se alargou.
- Ótimo, então. – Ele começou a andar, parando no meio fio e olhando para
mim, que continuava imóvel. – Vamos? A casa ainda está praticamente
vazia, o movimento aumenta mais tarde. É até melhor, dá tempo de você se
familiarizar com o local.
Assenti e fui com ele, cumprimentando os seguranças - que praticamente
me ignoraram - enquanto passava. Assim que ultrapassei a porta, pude
constatar com certeza absoluta: aquele era o lugar mais elegante em que eu
já entrara em toda a minha vida.
O ambiente era todo revestido de granito; o piso era tão bem encerado que,
se eu estivesse de vestido, podia apostar que minhas calcinhas ficariam a
mostra. O bar tinha banquetas de couro preto espalhadas por toda a
extensão do balcão, e era repleto de bebidas das melhores marcas e tipos.
As atendentes eram mulheres maravilhosas, todas bem vestidas e bem
maquiadas, com um look sensual, sem ser vulgar. Grandes sofás de couro
preto, em forma de “U”, estavam espalhados pelo salão; na mesa à frente
deles, baixa e de vidro, velas acesas davam ao ambiente um ar
aconchegante e ao mesmo tempo sedutor. No meio, bem ao centro, um
imenso palco se erguia, as luzes apagadas mal deixando enxergar o fundo, e
um poste de metal estava fixado no centro dele.
- Me acompanhe, Cindy. Por aqui.
Fui seguindo Steven, que falava com as mulheres pelo caminho. Passamos
pelo palco e descemos uma escada escondida na parte de trás. Lá embaixo
também era imenso, e tão luxuoso quanto em cima. Um lounge ao canto,
com sofás e velas, abrigava também uma mesa repleta de bandejas com
comidas, copos e taças de cristal, ao lado de uma bandeja que continha
diversas garrafas e de um balde com gelo e Prosseco.
- Você está servida? – Steven me perguntou, parando ao lado e se servindo
de uma dose de Whisky. – Essa parte é toda reservada para vocês. Algumas
meninas gostam de beber uma ou duas taças antes do show, para se
sentirem mais a vontade.
Neguei com a cabeça e Steven não insistiu, voltando a caminhar.
- Essas portas que você vê são os camarins, onde vocês se trocam. Temos
bastante, mas mesmo assim não é o suficiente para que cada uma tenha o
seu individual. Somente as mais renomadas conquistam um camarim
próprio. – Ele se virou e me olhou, sorrindo e dando uma piscadinha. –
Algo me diz que um dia você terá o seu, querida.
Paramos em frente a uma porta em que uma placa dizia: “ROSALIE”.
Steven bateu duas vezes, as mãos já na maçaneta.
- Rose, querida? Está composta? – Ele aproximou o ouvido da porta.
“-Siiim, Stew! Pode entrar Honeeeey!”- A voz vinda do outro lado estava
animada.
- Oláaaa, com licença! – Ele entrou e eu o segui. – Como vai a minha
estrela? Está bem disposta esta noite?
Dentro do camarim, sentada em frente a um imenso espelho circundado de
luzes amarelas, segurando um batom vermelho e sorrindo, com o maior ar
de estrela de Hollywood, estava a loira que eu vira entrar na boate pouco
tempo antes. Ela usava um robe de seda preto, e os cabelos loiros e sedosos
estavam ainda mais chamativos em contraste com a cor.
- Eu estou sempre bem disposta, Stew... Você sabe disso! – Ela cobriu os
lábios de vermelho e voltou a nos olhar, os olhos pousando sobre mim, uma
sobrancelha arqueada. – Quem é essa?
- Essa é Cindy. – Stew disse, colocando a mão nas minhas costas e me
impulsionando alguns passos para a frente. – Ela vai fazer um teste aqui,
hoje.
Rose me analisou da cabeça aos pés.
- Cindy... – Ela ainda me analisava, sem a menor cerimônia. – Taí. Gostei
do seu nome.
- Você pode ambientá-la então, querida? – Ele falou, já andando em direção
à porta. – Ainda tenho muitas coisas para resolver e a presença DELES está
confirmada para esta noite. Preciso organizar tudo.
- Oh... Ok. – Rose se levantou e veio até mim, soltando meus cabelos do
rabo de cavalo. – Pode deixar ela comigo.
Steven saiu e Rose me puxou pelo braço, me colocando sentada na cadeira
onde ela estava momentos antes.
- Você já fez isso antes? – Ela perguntou me olhando pelo espelho,
enquanto suas mãos mexiam em meus cabelos.
- Não. – Eu tentava mentir o menos possível. Era péssima nisso, desde
pequena, e minimizar as mentiras era a melhor coisa a fazer. – É a minha
primeira vez e estou bastante nervosa, tenho que admitir.
Rose riu, uma risada leve, jogando a cabeça para trás. Depois se abaixou
um pouco e aproximou os lábios de meu ouvido.
- E você tem certeza de que quer fazer isso? – O semblante de Rose era
sério, mas a voz tinha um quê de deboche, de malícia.
- Sim, tenho. – Respondi, com firmeza, sem hesitar. Mal sabia ela os meu
motivos.
- Então cuidado... - Ela sussurrava, e os olhos estavam fixos nos meus, pela
imagem do espelho. - Porque depois que você pegar o gosto... Você não vai
querer parar nunca mais, querida.
Ela falou isso tranqüilamente, como alguém que falava de seu prato ou
doce predileto.
- Bem, nós não temos muito tempo... Temos que escolher algo para você
vestir, algo especial, tendo em vista que é a sua noite de estréia, não é? E eu
tenho que te dar uns toques, uns conselhos, para você fazer bonito e
continuar conosco. Mas primeiro deixa eu te maquiar.
As mãos de Rose eram ligeiras e habilidosas. Em poucos minutos eu estava
tremendamente maquiada. Ela colocou uma sombra preta bem escura em
torno dos meus olhos, e isso realçou a cor verde que eles tinham. O blush
aplicado estrategicamente afinou e alongou meu rosto, e o lápis
contornando meus lábios deu a impressão que eles eram mais carnudos do
que o normal, o que foi ainda mais acentuado pelo batom vermelho.
- Prontinho. Você está divina! Modéstia a parte, eu sou muito boa nisso! –
Ela se virou e foi em direção a uma porta. – Vem comigo, garota! Está
esperando o que?´
Obedeci prontamente e me surpreendi com o closet imenso, repleto de
diversos tipos de figurinos, em sua grande parte brilhosos e chamativos. E
todos, sem exceção, ousados. MUITO ousados.
- Você quer ajuda para escolher? – Ela perguntou, e mais uma vez sua voz
era animada. Aparentemente estava gostando de ser a minha “professora”.
Assenti com a cabeça, com a certeza de que, se falasse, minha voz ia sair
num sussurro baixo.
- Que foi? O gato comeu sua língua, é? – Rose já remexia nos cabides,
negando com a cabeça para si própria quando pegava uma vestimenta que
achava inapropriada. - Ah, sim! Essa aqui!
Ela pegou um cabide com somente duas peças mínimas. Uma mini (super
mini, na verdade) saia dourada, e um top da mesma cor.
- Vai realçar seus cabelos castanhos. - Ela me deu o cabide e me empurrou
para o trocador. - Enquanto você se troca eu vou falando, ok? Não temos
muito tempo. Bem... Você tem que relaxar. Isso é essencial, o show fica
horrível quando você está travada, sem saber o que fazer, como agir. Todos
percebem, e daí é ladeira abaixo. Sinta a música. Esqueça onde você está,
quem você é, até mesmo qual o seu nome.
Enquanto Rose falava eu praticamente brigava com a roupa, tentando
entender como vestir corretamente.
- Só preste atenção na melodia e deixe seu corpo se movimentar de acordo
com o ritmo. – Ela continuou. - E o mais importante: não encare
diretamente os clientes. JAMAIS. Isso é um tiro no escuro, e você pode
acabar acertando seu próprio pé. Porque, se você encara um que não gostou
de você... Um outro que pode ter gostado não vai te querer mais, e aí tudo
foi em vão. Certo?
- Certo.
Eu falei baixo, assim que acabei de me vestir, mas aparentemente alto o
suficiente para Rose ouvir, já que ela abriu a porta.
- Hum, então você FALA! – Ela sorria, e os olhos dela desceram para meu
corpo. – Uau! A roupa ficou perfeita! Você vai arrasar, garota! Fato!
Bateram na porta, e antes mesmo que Rose pudesse responder, Steven
entrou.
- E aíiiii? – Ele parou e me olhou. Minha vontade era de abraçar meu
próprio corpo, tentando cobrir o que conseguisse, porém lutei para me
manter parada. – Fiu fiiiiiu! Arrasou, Cindy! Parabéns Rose, sua iniciante
está linda!
- Oras, mas é claro! Eu nunca faço um trabalho mal feito, você sabe... Mas
então? ELES chegaram?
Eu não fazia a menor idéia de quem eles estavam falando, pela segunda
vez agora. Mas devia ser alguém bastante importante.
- Só um. Estranhei, mas não quis perguntar. Sabe como o humor deles é
instável... - Steven falava com ar de veneração.
- Sim, eu sei bem. E aparentemente, o humor está como? – Rose cruzou os
braços, a fisionomia preocupada, tão diferente de segundos atrás.
- Aparentemente está bom. Mas nunca se sabe... – Ele se virou para mim. –
Bem... It´s show time!!! – Eu sorri, e ele voltou-se novamente para Rose. –
Acho melhor você entrar primeiro. Assim, Cindy te observa e consegue
entender melhor a magia da coisa. Angel acabou de descer do palco.
- Ok. – Rose concordou e começou a desfazer o laço do robe de seda. – O
show vai começar.
Ela entregou o robe para Steven e revelou a roupa que usava: um short de
couro preto, um top de couro que realçava muito o volume dos seus seios,
meia-arrastão e botas de couro cano alto, com uma imensa plataforma.
- Vem comigo, Cindy. – Rose falou, ajeitando os cabelos. – Observa pra
fazer bonito na sua estréia.
Ela saiu e Steven me passou o robe de seda, que eu vesti. Fomos os dois
atrás de Rose, que pegou um copo de Prosseco no caminho e bebeu de um
gole só.
- Quebre a perna, querida. – Steven desejou à Rose antes de lhe dar um
selinho. – Bom show.
- Obrigada.
Rose subiu as escadas sem olhar novamente para trás, o DJ já anunciando
sua entrada. “ E agora, sem dúvida a apresentação mais esperada da noite.
Com vocês, a nossa Dama da Seduçãaaaao! Rose!”
A música começou e pude ouvir alguns assovios animados vindo da platéia.
Subi alguns degraus da escada, o suficiente para poder observar sem ser
vista. Rose era dona do palco. Seus movimentos eram sincronizados e
extremamente sexys. Olhei para a “platéia” e vi muitos homens sentados,
bebendo, alguns com mulheres ao redor. Mas mesmo esses estavam com a
atenção voltada para ela. Ela os hipnotizava.
Um, em especial, estava completamente rodeado por mulheres. Todas o
paparicavam, mexendo em sua gravata, em seu cabelo curto. Mas ele
parecia só enxergar Rose. Ela se abraçou ao cano de metal, e começou a
dançar sensualmente com ele, e o homem apoiou os cotovelos no joelho, se
inclinando para frente, como se a mínima distância ultrapassada com esse
gesto fizesse toda a diferença.
Quando a música finalmente acabou, todos aplaudiram. Menos ele. Ele
voltou a se recostar no sofá de couro, degustando um longo gole do Whisky
que tinha nas mãos, sorrindo malandramente, e em seguida uma das
mulheres finalmente conseguiu reter sua atenção.
- Ah, graças a Deus foi tudo certo! – Rose desceu as escadas, o corpo
ligeiramente suado, e Steven logo lhe entregou outro robe, dessa vez
branco. – E aí, o que achou, Cindy?
Por um segundo eu não respondi. Esqueci que ela estava falando comigo,
não estava acostumada a ser camada por esse nome.
- Cindy?
- Oi? Ah, foi magnífico, Rose! Parabéns. – Ela sorriu, gostando de receber
o elogio. – Aquele homem musculoso sentado bem de frente não desviou os
olhos de você nem um segundo sequer.
Tanto Rose quanto Steven me olharam.
- Que foi? – Perguntei, e eles cruzaram um olhar de cumplicidade. - O que
foi? – Insisti.
- Veja bem, garota... – Steven tinha a voz séria. – Aquele homem, a quem
você se referiu... Aquele homem é Emmett Cullen. Um conselho de quem te
conhece pouco mas não quer ver você encrencada... Não se meta com os
Cullen.
Ao ouvir aquele nome senti minhas pernas bambearem. Eu estava mais
perto do que procurava do que podia imaginar. Mas, se aquele homem se
chamava Emmett... Onde diabos estava tal do Edward?
Olhei para Rose, que desviou-se de mim, baixando a cabeça.
- Bom! – Steven forçou descontração na voz, diminuindo o clima pesado
do ar. – A próxima é você, Cindy. Prepare-se, não irá demorar muito.
Ele saiu e ficamos Rose e eu ali, ela se servindo de mais um copo de
Prosseco. Dessa vez eu também me servi.
- Rose... – Falei, e ela me olhou de soslaio enquanto pegava um canapé de
caviar. – Qual o problema com os... Cullen?
Ela mastigou lentamente, em seguida sorvendo um gole demorado da
bebida. Suspirou e me olhou.
- Os Cullen são uma das famílias mais ricas dos Estados Unidos, logo,
provavelmente, do mundo. Eles não gostam de aparecer muito na mídia,
não são do tipo que precisam desse tipo de ostentação, entende? – Assenti
com a cabeça, enquanto ela enchia nossos copos. – Eles são os clientes
mais importantes da casa, como você pode imaginar. São MUITO
exigentes. E gostam de individualidade. Pagam por isso.
- Individualidade? – Eu estava tão nervosa que minha segunda taça já
estava menos da metade.
- É. Quando cismam com alguém, muitas vezes pagam para que tenham
exclusividade. Não custa barato, claro. Mas isso não é problema algum para
eles. Por outro lado...
- Por outro lado...?
Ela me olhou diretamente nos olhos.
- Por outro lado, pode se tornar um sério problema para nós.
Individualidade e exclusividade na maioria das vezes pode gerar
intimidade. E é exatamente aí que mora o perigo.
Eu ia responder àquela afirmação de Rose, mas Steven foi mais rápido.
- Cindy! – A voz dele vinha do alto da escada. – Vamos querida, agora é
sua vez!
Mordi o lábio inferior com força. Não sabia se teria coragem. A imagem de
Chase instantaneamente veio à minha cabeça. Abatido, depressivo,
engolido por aquele macacão laranja, atrás daquele vidro blindado, a voz
mecânica através do telefone. Minha coragem voltou com uma força ainda
maior.
Tirei o robe e entreguei para Rose, que me abraçou.
- Quebre a perna, garota.
Engoli em seco e me dirigi às escadas, já escutando DJ anunciar minha
presença.
“E agora... Uma pequena surpresa para os presentes! A mais nova
integrante da ESPARTACUS CLUB! A sexy, a sensual, a DIVA... Cindy!!!!”
Um foco de luz forte iluminou o último degrau da escada, que dava no
palco. Minha respiração estava rápida e pesada; a mão que segurava
corrimão estava gelada de suor. A música começou a tocar.
http://www.youtube.com/watch?v=Q3Ia-hcBf3w&ob=av3e
MÚSICA: My Prerogative - Britney Spears
"People can take everything away from you
But they can never take away your truth
But the question is...
Can you handle mine?"

They say I'm crazy!


I really don't care, that's my prerogative
They say I'm nasty!
But I don't give a damn
Getting boys is how I live
Some ask me questions: Why am I so real?
But they don't understand me
I really don't know the deal about my sister
Trying hard to make it right
Not long ago before I won this fight
CHORUS:
Everybody's talking all this stuff about me
Why don't they just let me live? (TELL ME WHY)
I don't need permission, make my own decisions (OH!)
That's my prerogative
That's my prerogative!

(It's my prerogative)
It's the way that I wanna live
(It's my prerogative)
They can't tell me what to do

Ego trips is not my thing


All these strange relationships
Will get me down
I see nothing wrong spreading myself around

CHORUS TWICE:
Everybody's talking all this stuff about me
Why don't they just let me live? (TELL ME WHY)
I don't need permission, make my own decisions (OH!)
That's my prerogative
That's my prerogative!

It's the way that I wanna live


(It's my prerogative)
You can't tell me what to do!

Why can't I try to live my life


Without worry about the things that people say?
Oh oh. . . (OH!)

(They say I'm crazy)


Everybody's talking all this stuff about me
Why don't they just let me live? (Tell me why)
(They say I'm nasty)
I don't need permission, make my own decisions (OH!)
That's my prerogative
(It's my prerogative)

- Vai, Cindy! – Steven falou atrás de mim, a voz revelando irritação.


Sem pensar mais, eu respirei fundo e subi os degraus que faltavam; a
música tocava tão alta que eu sentia as notas graves sacudirem meu
corpo. Fechei os olhos. Inspirei profundamente. Comecei a dançar.
Eu nunca tive muita coordenação motora... Sempre fui muito desastrada, e
por isso sempre fui muito receosa para dançar. Mas, ali, eu tinha que dar o
meu melhor. Por Chase.
Me segurei no mastro de pole dance e agachei até o chão, os olhos ainda
fechados. Quando levantei, tomei coragem e os abri, enquanto ainda
movimentava meu corpo da forma mais sensual que conseguia. Emmett
Cullen continuava sentado no mesmo lugar. Ainda havia várias mulheres
em torno dele, e ele ainda segurava o copo na mão. Mas havia uma coisa
diferente.
Um homem, parado ao lado dele. Ele também estava de terno; não
conseguia enxergar muito bem de onde estava, as luzes piscando me
impedindo de decifrar com clareza seus traços. Mas eu tinha certeza de uma
coisa: o homem me olhava diretamente, os braços cruzados, parecendo que
não havia nada mais ao redor senão o palco.
Um arrepio percorreu todo o meu corpo. Graças a Deus, a música acabou.
Por um momento mínimo o salão ficou em silencio. Depois, alguém
começou a bater palmas, e elas se espalharam, seguidas por gritos
entusiasmados e assovios. Olhei para o homem. Ele continuava parado, os
braços cruzados, sem expressar qualquer reação mais calorosa. Emmett
olhou para cima e falou com ele que, sem o olhar, assentiu com a cabeça.
Então ele virou as costas e eu o perdi de vista.
- Vem, Cindy. – Steven sussurrava da escada. – Desce, já acabou!
Eu obedeci, e assim que desapareci do palco ele me abraçou.
- Garota, você é um SU-CES-SO! – Ele me passou o robe e eu me vesti
imediatamente. – Temos que melhorar algumas coisas, mas para a primeira
vez... Uau!
- Isso aí, Cindy! Arrasou! – Rose estava parada ao meu lado, uma taça meio
vazia de Prosseco nas mãos.
Mordi o lábio inferior, tímida por receber elogios à uma coisa de que, no
meu íntimo, não me orgulhava nem um pouco. Ouvimos passos na escada e
olhamos naquela direção.
A primeira coisa que vi foram os sapatos. Pretos e muito bem lustrados,
novos como se estivessem sendo usados pela primeira vez. As calças risca
de giz apareceram em seguida, e o corpo perfeito do homem foi se
revelando, alto e esguio. Então ele finalmente chegou na base e eu vi seu
rosto.
Os olhos, de longe, era o que chamava mais atenção. Verdes e faiscantes,
sérios e misteriosos. Mas tudo, absolutamente tudo nele era perfeito.
Os cabelos, bagunçados propositalmente, davam um ar jovial e másculo. O
maxilar era quadrado e bem definido. A linha entre o maxilar o pescoço era
terrivelmente SEXY.
- Steven. – Ele não me olhou, nem para Rose. – Quero falar com você, a
sós.
Passou por nós e entrou em uma porta. Steven nos olhou.
- Me desejem sorte, garotas. Edward não parece está de bom humor.
Ele seguiu Edward e nós ficamos ali, nos roendo de curiosidade. Assim que
Steven fechou a porta atrás de si, eu me virei para Rosalie.
- O que será que esse tal de Edward quer?
Rosalie não me olhou. Ainda encarava fixamente a porta fechada.
- Não faço a menor idéia.
Segui o olhar de Rose.
- Ele não é nada simpático, não é mesmo? Nem nos cumprimentou...
Ela sorriu ironicamente, terminou num gole só o Prosseco que esquentava
em sua taça e enfim me olhou.
- Edward nos enxerga da mesma forma que enxerga essa mesa, Cindy.
Somos mero objetos.
- Hum... Não sei, mas algo me diz que você não gosta deles.
A expressão de Rose ficou sombria, e ela apoiou a taça sobre a mesa,
fechando o robe contra o corpo e andando em direção ao camarim, sem
falar nada. Eu a segui, também calada. Rose voltou a falar somente quando
nos encontrávamos a sós lá dentro, a porta fechada.
- Olha só, Cindy... Eu já falei uma vez e vou repetir, certo? Você é nova
aqui... E não é bom se envolver com os Cullen. – Ela se sentou em frente ao
grande espelho e pegou um lenço umedecido, começando a retirar a
maquiagem pesada. – Muitas acham... Ou achavam... Que ter a atenção dos
Cullen era tirar a sorte grande, mais até que ganhar sozinha na loteria
acumulada... Eu mesmo achava isso.
Ela parou de falar e balançou a cabeça negativamente, retirando outro lenço
da embalagem.
- E porquê não acha mais? – Perguntei, no que Rose parou de limpar o
rosto, apoiou a mão sobre a penteadeira e me olhou, o rosto metade
maquiado, metade limpo.
- Porque tudo isso perdeu a graça depois que Molly morreu.
Molly... Devia ser a garota do caso de Chase. Rose se levantou e foi para o
closet, de onde voltou com um roupão preto.
- Molly trabalhava conosco... Ela morreu há pouco tempo... – Rose engoliu
em seco, fechando os olhos. – Ou melhor, foi assassinada brutalmente há
pouco tempo atrás.
Ficamos em silêncio por alguns segundos. Estava sedenta por mais
informações, mas queria dar um tempo para Rosalie se recompor. Menos
tempo do que o necessário depois, minha ansiedade falou mais alto.
- E o que isso tem a ver com os Cullen?
Meu medo era ouvir o nome de Chase em alguma citação de Rosalie. Meu
coração parecia que ia sair pela boca, parecia que pulsava em minha
garganta. Rose nem acabou de retirar a maquiagem e sem nenhum pudor
começou a despir-se ali, na minha frente, vestindo o roupão em seguida.
- Cindy... – Ela se aproximou de mim, e o olhar era de compreensão, como
se eu fosse uma criança muito nova para entender a verdade dos fatos. – A
última vez em que soube de Molly... Ela havia sido requisitada para
participar de uma das reuniões privadas realizadas pelos Cullen.
Exatamente como Chase havia me contado. Até agora, a versão dele batia.
- Reunião privada? – Perguntei, como se não soubesse de nada.
Até porque, eu precisava saber MAIS. Muito mais.
- Sim... Os Cullen, vira e mexe, fazem algumas reuniões, em que somente
convidados especiais têm acesso. Elas acontecem sempre em locais
diferentes, e quando eles se interessam por alguém daqui eles requisitam à
Steven.
- Requisitam?
- Sim... E é nesse sentido quando eu disse que antes, era uma verdadeira
honra você ser requisitada para uma dessas reuniões...
- Com licença... – Steven abriu uma brecha da porta. – Posso entrar? Estão
vestidas?
- Sim, Stevy. – Rose respondeu enquanto prendia o cabelo num coque
desleixado.
Steven entrou e fechou a porta atrás de si, em pouco tempo se aproximando
de nós.
- Cindy... – Olhei para ele, ainda sem me acostumar por ser chamada
daquele nome. – Edward Cullen quer falar com você.
Senti o olhar de Rosalie sobre mim, e de relance podia perceber que ela
estava de boca aberta.
- Ele não gostou dela? – Rosalie estava com a voz raivosa. – Você explicou
para ele que era a primeira vez de Cindy? Pediu para que ele lhe desse uma
oportunidade e...?
- Calma, Rose. Não é nada disso. – Ele então voltou a me olhar. – Vai logo,
Cindy. Não devemos deixar um Cullen esperando por nós.
Assenti com a cabeça e olhei para Rose, que me incentivou. Segundos
depois eu estava parada na porta da sala em que Edward me aguardava.
Resolvi entrar sem bater. Fechei a porta atrás de mim sem fazer ruído.
Edward estava de costas, servindo-se de algo que, pelo barulho do gelo
batendo no copo, parecia ser Whisky. Ele era alto e esguio... Suas costas
eram largas sob o terno risca de giz bem cortado. Os cabelos cor de bronze
eram bem aparados em sua nuca, onde havia uma pequena e charmosa pinta
do lado esquerdo.
- Boa noite.
Minha voz quase saiu falhada. Abracei o robe de seda sobre meu corpo, o
tecido fino e gelado me causando arrepios. Ele não me respondeu. Ao invés
disso, se virou, o copo de whisky na mão, a garrafa de Golden Label pela
metade na mesa atrás de si.
- Tire o robe.
Engoli em seco, a pouca saliva machucando minha garganta pelo caminho.
- Co... Como?
Edward suspirou fundo e se aproximou um passo de mim.
- Tire. O. Robe.
Os olhos verdes de Edward eram penetrantes e inebriantes. Lembrei da
roupa que eu usava por baixo do robe preto... Uma mini saia dourada e o
top decotado do conjunto, expondo mais do meu corpo do que eu estava
acostumada a revelar normalmente, muito menos para um estranho. Um
estranho maravilhoso, misterioso e sedutor, mas um estranho. E um
provável assassino, que deveria estar preso no lugar do meu irmão.
Por um segundo fiquei com medo de Edward. Estávamos só os dois, ali,
sozinhos... Era notório o quanto todos ali o respeitavam e temiam. Ele
poderia fazer qualquer coisa comigo, e nada aconteceria. Fiquei intrigada
ao perceber que meu corpo reagiu ao pensamento de ficar sozinha com ele;
ao pensamento de que ele poderia fazer O QUE QUISESSE comigo, de
mim.
O homem emanava autoridade. Emanava poder. Emanava SEXO.
Como eu permaneci ali, imóvel, sem obedecer, Edward apoiou o copo na
mesa e se dirigiu até mim, calmamente, como um felino selvagem
observando a presa desejada. Ele parou com o corpo a pouca distância do
meu e eu olhei para cima, nossos olhos se cruzando por um breve
momento. Então suas mãos enlaçaram a faixa em torno da minha cintura.
- Aprenda uma coisa, e essa é a única vez que vou lhe dar essa explicação...
– A voz de Edward saía rouca e baixa, fazendo minha respiração sair
descompassada. – Nunca, JAMAIS... Me desobedeça novamente.
Entendeu?
O perfume que emanava dele era másculo e amadeirado, e eu podia jurar
que estava ficando com água na boca. Assenti uma única vez com a cabeça.
No segundo seguinte, Edward desfez o laço e meu robe estava no chão, aos
nossos pés. Senti meu rosto corar completamente em instantes. Minha face
queimava.
Meu corpo INTEIRO queimava.
Meu peito subia e descia freneticamente; eu podia ouvir o som da minha
respiração, o ar entrando e saindo de meu organismo de forma entrecortada.
Os olhos de Edward percorriam todo o meu corpo, me analisando
cautelosamente de cima a baixo, dos pés a cabeça.
- Vira de costas.
Dessa vez eu nem pensei duas vezes; meu corpo automaticamente obedeceu
àquela ordem, e rapidamente eu me encontrava como ele mandara. Olhei de
relance e vi Edward se aproximar um passo, a cabeça levemente abaixada,
os olhos fixos em meus quadris. Quase desfaleci quando a mão grande e de
dedos longos tocaram meus cabelos, jogando-os por cima de um ombro,
minha clavícula ficando exposta. Edward se aproximou ainda mais perto de
mim; agora eu podia sentir clara e enlouquecedoramente o calor que
emanava de seu corpo; minha bunda encostava levemente em seu quadril, e
para minha total surpresa e irritação o músculo entre minhas pernas pulsava
terrivelmente.
Ele se inclinou um pouco em minha direção; sua respiração tocava em
minha pele, e eu podia sentir os pelos de meu braço arrepiados. Fechei os
olhos e, com bastante concentração, pude sentir o seu hálito; era intrigante e
convidativo, almiscarado com um leve odor do álcool que acabara de
ingerir. Quando abri os olhos, ele já havia voltado à posição normal. Por
cima do meu ombro, onde antes eu sentia a sua respiração, estava a sua
mão, portando um cartão preto.
Levei minha mão lentamente até o cartão e o segurei pela ponta, mas
Edward não o soltou.
- Sábado à noite. Sem atraso.
Então ele finalmente largou o cartão, passou por mim e saiu pela porta, sem
nem cogitar olhar para trás.
Meus ombros caíram e minha respiração saiu forte do meu peito. Olhei para
o cartão. Era todo preto, inclusive as pequenas letras, que se destacavam
apenas por ser em outra textura e em alto relevo, no canto inferior direito.
“Private Pass”
Eu reli a pequena frase umas três vezes, meu cérebro tentando processar
tudo aquilo.
- Cindy? – Steven enfiou a cabeça numa fresta da porta, e Rosalie brigava
por um espaço para enxergar também. – Podemos entrar?
Assenti com a cabeça, desnorteada demais eu estava para pronunciar
qualquer ruído. Eles se aproximaram de mim, e Steven tratou logo de pegar
o pequeno cartão de minhas mãos.
- Minha mãe santíssima... – Ele falou, os olhos arregalados, a cor se
esvaindo da pele.
- O quê foi...? – Rose olhou para as mãos dele e parou de falar no meio. –
Oh.
- Não sei se te digo boa sorte ou sinto muito, garota.
Essa foi a última frase que Steven me disse antes de ficarmos os três ali,
parados, observando o pequeno cartão.
- O que eu faço agora? O que exatamente isso significa?
Steven e Rosalie se encararam.
- Esse cartão, Cindy... – Steven falava baixo, como se fosse um segredo. –
Ele é um passe individual para uma reunião privada que os Cullen
promovem vez ou outra.
Voltei a olhar para o pequeno e discreto cartão preto em minhas mãos.
- Aqui não diz horário. Nem endereço. Ele mandou eu me não atrasar, como
vou saber, eu...?
- Ele sabia que você iria me perguntar. – Olhei para Steven, sem entender a
colocação. – Ele sempre pega as escolhidas aqui. Às oito em ponto. Mas
com relação ao endereço... Isso eu não sei, as reuniões sempre ocorrem em
lugares diferentes a cada vez.
Assenti com a cabeça, sem conseguir desgrudar os olhos do cartão.
“Private Pass”.
No que eu estava me metendo?
- Bom, eu... Eu preciso ir agora. Já está tarde, vão sentir minha falta.
Peguei o robe no chão e, quando ia sair, Steven segurou meu braço.
- Vejo você amanhã a noite, não é? Seria bom você vir aqui mais uma vez
antes de se encontrar com o Sr. Cullen. Para conversarmos, sabe como é.
Não. Eu não sabia como era.
- Sim. Sim, Steven... Estarei aqui amanhã à noite, no mesmo horário.
Fui para o camarim, me troquei e quando estava tirando a maquiagem
Rosalie entrou.
- Hey, Cindy. Ela veio e ficou atrás da cadeira, me encarando através do
espelho, enquanto eu passava um lenço umedecido pelo rosto.
Não falou mais nada até que eu acabasse.
- Então é isso, Rose... – Falei, me levantando e pegando minha bolsa. - Até
amanhã.
- Cindy...
Olhei para ela. Rosalie estava receosa em falar, dava para sentir sua
hesitação.
- Fala, Rose. Pode falar.
Ela suspirou fundo e se aproximou de mim.
- Cindy... Não vá. Não se envolva com os Cullen. Digo isso por experiência
própria.
Experiência própria?
- Isso mesmo. – Ela respondeu como se tivesse ouvido minhas dúvidas. –
Experiência própria, Cindy. Lembra quando te disse... Que envolver-se com
os Cullen poderia ser perigoso?
- Sim. Sim, eu me lembro.
- Exato. Eu estou nessa vida há muito tempo já, Cindy. E posso te dizer,
com certeza absoluta, que nada, NADA se compara a essas reuniões. É algo
do tipo que você não consegue mais sair depois que se envolve demais...
Respirei fundo. Que escolha eu tinha?
- E há outro fator. Um pior. – Ela continuou, vendo que não estava
conseguindo me convencer.
- Que outro fator? O que pode ser pior do que as coisas que você está me
dizendo?
Ela deu mais um passo em minha direção e apoiou as mãos em meus
ombros, olhando diretamente em meus olhos.
- O pior, Cindy... O risco maior... É você GOSTAR.
- Hã?
- Veja bem, garota... Os Cullen são... Perfeitos. Ricos. Poderosos. Belos.
Cavalheiros na hora certa. Cafajestes na hora certa, também. E isso pode
ser... viciante. Entende?
- Não acredito que isso possa vir a acontecer comigo, Rose.
"Você pode ficar tranqüila. Eu jamais me viciaria no homem que devia
estar preso no lugar do meu irmão."
- Bem... Agora tenho realmente que ir. Não quero que acordem e percebam
minha ausência... Até amanhã, ok?
- Ok, ok... Até amanhã garota.
Saí de lá ainda meio desnorteada, e agradeci a Deus quando o táxi parou
rapidamente para me levar para casa. Ou melhor, para o quarto de Chase,
onde Jacob estava, rezava eu ainda dormindo. Coloquei a chave e girei com
o máximo de cuidado. Abri a menor fresta possível da porta, o mínimo
necessário para que meu corpo conseguisse atravessar.
Graças a Deus a pequena TV ainda estava ligada, e a claridade me deixou
enxergar a desordem sem que eu esbarrasse em nada. Jacob dormia em
sono solto. Tirei a roupa e vesti uma mais leve, sem pensar em tomar uma
ducha tão desejada. Não podia me dar ao luxo de acordar Jake e ter que
explicar onde estava.
A cama era de solteiro, e definitivamente pequena demais para nos dois,
tendo em vista que os músculos de Jacob ocupavam praticamente todo o
espaço disponível. Olhei ao redor. A única opção que eu tinha era uma
poltrona velha de couro rasgado, que com certeza destruiria minha coluna.
Me aproximei e me sentei na beirada, Jacob agarrando imediatamente
minha cintura e me puxando para si.
- Hum...
Olhei para ele. Tão sereno, um meio sorriso nos lábios. Eu sentia falta de
Jake. Falta DEMAIS. A sensação de tê-lo ali, tão perto, tão quente, era
simplesmente divina. Me deitei lentamente, tentando ao máximo não
acordá-lo. Me aconcheguei em seu peito e ele acariciou meus cabelos.
Olhei para cima e encontrei os olhos de Jacob, semi-cerrados, a luz fraca da
TV refletindo neles.
Imediatamente senti minha respiração se acelerar. Meu corpo sempre
respondeu ansiosamente à Jacob, mas agora era como se eu entrasse em
ebulição só de olhar para ele. Jacob aproximou os lábios carnudos em meu
lábio inferior e eu fechei os olhos. Ele abriu a boca e senti sua língua macia
escorrendo por meus dentes e encontrando a minha. A mão grande de Jacob
segurou meus cabelos na altura da minha nuca e me puxou para mais perto
dele, meu quadril sentindo perfeitamente a ereção que se formava.
Ele me girou, e no segundo seguinte eu estava sentada em cima dele, sem
que em nenhum momento nossas línguas se separassem. A ereção de Jake
estava tão dura que eu a sentia como uma pedra embaixo de mim, latejando
intensamente. Com um movimento ágil e rápido, Jacob se livrou da camisa
que usava, e logo depois tirou a minha, meus seios ficando expostos na
altura de sua boca, que imediatamente rumaram para eles. Eu joguei a
cabeça para trás e me conscientizei de que, enfim, chegara a hora. E não
havia ninguém mais perfeito para isso do que Jacob.
As mãos dele seguraram minhas costas, os dedos me apertando de uma
forma quase violenta e muito prazerosa.
- Eu quero você, Bells... – Jacob falou entre meus lábios, o hálito quente me
causando arrepios. – Eu não agüento mais esperar, eu... Eu preciso ter você.
Eu não respondi. Não com palavras. Segurei o pescoço de Jacob e rebolei
em cima dele, meu quadril fazendo força contra seu pau, e ele gemeu.
- Puta merda...
Eu também não conseguia mais me segurar. Eu era toda Jacob. O corpo
imenso e quente dele me envolvia por inteiro. O músculo entre minhas
pernas latejava intensamente e eu podia sentir que estava completamente
molhada. Eu estava pronta.
Xinguei todos os santos que consegui me lembrar quando o celular tocou.
- Não... – Jacob reclamou baixo, as mãos apertando firmemente minha
cintura contra ele. – Não Bella... Deixa tocar.
Era tudo o que eu MAIS queria. Mas eu não podia. E se fosse Chase? E se
tivesse acontecido algo sério? Eu precisava atender.
- Eu preciso... Eu tenho...
Eu falava, mas simplesmente não conseguia me livrar de Jake... Minhas
mãos se recusavam a soltá-lo. Me forcei a levantar, Jacob gemendo alto em
frustração com a minha atitude. Quando cheguei na mesa, o celular tocando
não era o meu. Era o de Jake.
Leah.
Peguei o celular e levei até ele.
- É pra você. – Falei.
Não consegui deixar de transparecer a raiva que sentia. Ótimo momento
para uma crise de ciúmes idiota. A outra ali era eu, afinal, não é mesmo?
- Quê? – Jacob me olhava sem entender. – Deixa isso pra lá, Bells... Eu não
quero atender telefone nenhum, eu...
- Tanto faz, Jake. – Soltei o celular em cima dele e peguei minha blusa. – A
namorada é sua, de qualquer maneira.
- O quê? Mas que porr... Alô! Fala, Leah! Hum. Claro que estou de mau
humor, você sabe que horas são? Mas que merda! Hum. Não liguei porque
não deu tempo. Tá. Amanha a gente se fala, ok? Tchau.
Ele desligou bufando e me olhou, encostada na mesa.
- Desculpa, Bells. – Ele realmente estava sentido, dava para notar. – De
verdade. Vem aqui.
Eu andei até ele e me sentei ao seu lado.
- Eu amo você. Você SABE disso. Sei que sabe. Não é?
Assenti com a cabeça. Sim, eu sabia. Não sabia?
- Sim... E eu... Eu também amo você, Jacob... – Ele me olhou, sabendo que
eu não havia terminado a frase. – Talvez tenha sido melhor. Como você
mesmo disse antes... Esse não é o melhor lugar, nem o melhor momento... E
ainda há Leah. Não é justo com ela.
Jacob assentiu pesarosamente com a cabeça. Pensei no que havia dito. E
percebi uma coisa. Tudo bem, aquele não era o melhor lugar, nem o melhor
momento. Mas uma festa secreta, com um assassino em potencial chamado
Edward Cullen seria?
- Que foi, Bells?
Pisquei, voltando de meus devaneios.
- Nada. Nada, Jake. Olha, vamos dormir... Já está tarde e amanhã ainda
quero procurar a promotoria, saber mais sobre o caso de Chase. E eu ainda
tenho que arrumar um bom advogado, claro.
Ele assentiu e deitamos abraçados, e eu dormi com Jake acariciando meus
cabelos.
Capítulo III - Levando na cara

Quando acordei estava sozinha no quarto. Tomei um banho demorado e ao


sair me deparei com Jacob, que havia chegado da rua com nosso café da
manhã.

- Alice acabou de ligar. Disse que daqui a meia hora passará aqui para nos
levar para conversar com a promotoria, Bells. Melhor nos apressarmos.

Concordei e tomamos o café, calados. Logo depois estávamos no carro,


indo em direção ao fórum de São Francisco.

- Você quer que eu te acompanhe, Bella? – Jasper se ofereceu


educadamente, sempre solícito. – Eu sei que também não entendo muito,
mas nessas horas é bom ter alguém com a cabeça fria.

- Claro, claro... É muita gentileza sua, Jazz... Obrigada.

Chegamos no fórum e em pouco tempo o promotor veio nos atender.

Ele era bonito, jovem e, na medida do possível, simpático.

- Boa tarde. Meu nome é Oliver Scott. Vocês vieram para se informar com
relação ao caso Estado versus Chase Swan, correto?

Ele era direto. Não queria perder tempo.

- Sim, Doutor. – Foi Jasper quem respondeu. Eu não encontrei forças. – Por
favor.
O promotor sentou-se atrás da imensa mesa de mogno e abriu uma pasta, a
qual leu rapidamente e voltou a nos encarar.

- Bem, infelizmente sinto dizer que o caso de Chase é bastante delicado.


Ele está sendo acusado de estupro seguido de morte, um crime que se
enquadra em crime hediondo, principalmente se tiver agido por motivo
fútil.

Ficamos calados, tanto eu quanto Jasper, esperando que o Dr. Scott


prosseguisse.

- Bem... Eu não sei se vocês sabem... Se conhecem as leis do Estado da


Califórnia. – Ele fez uma pausa, e tanto eu quanto Jasper negamos com a
cabeça. – Esse tipo de crime, aqui na Califórnia... Tem pena máxima.

Meu cérebro começou a processar as palavras tão rapidamente que minha


cabeça começou a latejar.

Jasper apertou a minha mão.

Pena máxima?

- Pena máxima, Doutor?– Jasper falou. – Isso significa...?

- Pena de morte. – Dr. Scott falou calmamente. – Injeção letal ou cadeira


elétrica.

Senti meu coração parar de bater.

- Sinto informar também que a situação geral de Chase é bastante


complicada... – Dr. Scott continuou. – Temos provas irrefutáveis de que ele
esteve com a vítima na noite do crime. As impressões digitais dele estavam
presentes, bem como seu sêmen. Sinto muito, Srta. Swan.

Sinto muito? O que diabos ele queria dizer com aquilo?


- Não precisa sentir... – Falei, me levantando. – Chase é inocente, e vamos
provar isso, Doutor.

Ele me olhava com condescendência.

- Desculpe-me, estou somente fazendo meu trabalho. E meu trabalho é


deter criminosos sem escrúpulos soltos pela cidade. Sinto muito se seu
irmão se enquadra nesse perfil.

Meu sangue ferveu.

- Ele não se enquadra nesse perfil imundo que você descreveu. E eu vou
provar isso.

Dr. Scott se levantou e me estendeu a mão.

- Bem... Boa sorte, Srta. Swan. Você definitivamente irá precisar.

Saí da sala deixando a mão dele pairando no ar.

Eu e Jasper seguimos em silêncio pelo imenso corredor. Era notório que


ambos estávamos absorvendo o impacto da conversa com o Dr. Scott, que
não havia sido nem de longe reconfortante ou animadora.

Ao contrário, aliás.

Eu acabei de saber que meu único irmão; a única pessoa que eu ainda tinha
de minha família, estava com sério risco de ser condenado à morte, por um
crime estúpido o qual ele nem cometera.

- Nós vamos contratar um bom advogado e tudo vai acabar bem, Bella. –
Jasper falou, encarando o vazio a sua frente, provavelmente sem coragem
de me encarar e eu perceber que nem ele mesmo acreditava em suas
palavras.
- Ah, Jasper... Eu também estou preocupada com isso... Vou conversar com
vocês quando nos reunirmos, tenho que contar o que eu decidi e...

- E o que você decidiu? – Jasper parou de andar e automaticamente eu parei


também e olhei para ele.

Suspirei fundo e decidi contar logo para Jasper; afinal, ele já estava ali
comigo, me ajudando sem ter a menor ligação comigo. Podia considerá-lo
um amigo fiel.

- Decidi permanecer aqui em São Francisco até tudo estar definido. Não
vou voltar para Forks. Além do quê, tenho que arrumar um emprego, ou
dois, para conseguir pagar uma boa defesa para Chase.

Jasper ouviu calado tudo o que eu disse, o que eu sabia que seria totalmente
diferente com Jacob – que me interromperia indignado cada vez que
discordasse de minhas decisões.

- Eu concordo que você tenha que permanecer em São Francisco. Afinal,


seu irmão está aqui, e pelo menos por enquanto sem previsão de saída. E
você precisa e deve ficar perto dele, claro que sim, mais do que nunca ela
vai precisar de sua ajuda.

- Que bom que você me entende, Jasper. Sei que vai ser bem mais difícil
com Jacob e com Alice.

- Pode deixar que com Ali eu converso, Bella. – Eu sorri. – Mas tem uma
coisa nisso tudo que eu terei que discordar.

Fiquei pensando no que mais poderia ser, se ele concordou com a parte
mais difícil.

- Com o quê?

- Com a parte de você ter que se matar em dois empregos para poder pagar
uma boa defesa para Chase. Ainda mais sabendo que para você contratar
um advogado realmente bem conceituado você teria que arrumar no
mínimo uns quatro bicos por aí.

Mas o que eles estava dizendo? Que eu tinha que dar de ombros e deixar
Chase nas mãos de um defensor público qualquer, que estaria pouco se
importando com seu futuro, com sua vida?

JAMAIS.
- Eu não vou deixar meu irmão na mão, Jasper. Sei que vai ser difícil e
cansativo, eu nunca pensei que seria diferente. Mas não vou deixar Chase
ser defendido por um advogado de porta de prisão qualquer. Eu nunca me
perdoaria se ele morresse sem que eu tivesse lhe dado chance... Sem que
tivesse lhe dado a melhor defesa disponível.

Jasper assentia com a cabeça enquanto eu falava, como se eu estivesse


completamente correta em minhas convicções, e isso me deixou confusa...
O que diabos ele queria que eu fizesse então?

- Eu não estou dizendo que Chase não terá a melhor defesa existente. Eu
estou dizendo que acho errado você literalmente se matar para pagar um
advogado que não chegará aos pés da real melhor defesa. Estou dizendo
que eu mesmo vou arcar com isso.

Eu abri a boca para falar, mas o ar não entrou em meu organismo, logo não
consegui formar um único som.

Eu tinha plena consciência de que Jasper era muito rico; seu pai é dono de
uma indústria de automóveis em Port Angels e ele é seu único herdeiro.

O que eu nunca poderia imaginar é que ele se disponibilizaria a ajudar meu


irmão. Afinal, eu mesma não sou muito mais do que uma desconhecida para
ele, nada mais que a amiga meio depressiva e inconseqüente de Alice.

Senti meus olhos se encherem de lágrimas mas me contive. Eu não poderia


aceitar.

Poderia?
- Jasper, eu...

- Por favor Bella, não diga que você não irá aceitar. Eu conversei com Alice
sobre isso ontem a noite e ela me disse que era exatamente isso que você
faria. Pense bem. Seu irmão está em uma situação extremamente delicada.
Esse não é um momento de orgulho, e eu realmente quero ajudar. Por você,
por Chase... Por Alice... Simplesmente aceite.
Engoli as palavras e expirei o ar.

Jasper estava coberto de razão. Aquele não era definitivamente o momento


certo para eu usar meu orgulho. Essa era uma oportunidade de que Case
precisava muito, e eu seria totalmente estúpida se recusasse.

- Ok. Muito, MUITO obrigada Jasper. E eu vou te pagar isso um dia, pode
acreditar em mim.

Jasper sorriu amigavelmente.

- Eu ficarei plenamente satisfeito se tudo valer a pena. É só isso que


importa nesse caso.

Nós seguimos em frente, e agradeci por Jasper estar resolvendo um


problema de seu trabalho pelo celular, pois dessa forma eu poderia enfim
ficar perdida e me afundar em meus próprios devaneios.

Eu estava ansiosa para que chegasse amanhã. Para que chegasse logo o
momento de me encontrar com Edward Cullen e tentar desesperadamente
descobrir alguma pista, qualquer coisa, por menos que fosse, que pudesse
aliviar o problema de Chase.

Mas, antes de amanhã a noite, eu ainda tinha que me preocupar com HOJE
a noite.

Primeiro, tinha que encontrar um jeito convincente de despistar Jake. E


segundo, teria que tomar uma injeção de coragem para subir novamente no
palco da ESPARTACUS CLUB.
Chegamos ao quarto de Chase e encontramos Alice falando ao celular
sentada na poltrona e Jake de costas, arrumando sua bolsa sobre o colchão.

- Sim, sim... Mas então não ele está fora de perigo, né? – Alice se levantou
quando entramos e abraçou Jasper. – Ótimo. Muito obrigada, de qualquer
maneira.

- O que houve? – Perguntei, e ao escutar minha voz Jacob se virou e eu


pude ver que ele havia chorado.

Eu ultrapassei o pequeno espaço que havia entre nós como um jato.

- O que houve? O que houve, Jake?

Eu o abracei, meu corpo pequeno demais para lhe dar o conforto que eu
queria.

- Meu pai... O barco em que ele e Harry estavam pescando virou... Ele caiu
no mar, ele quase se afogou e...

- Calma... Calma, Jake. Eu ouvi Alice dizendo que ele está fora de perigo.
Vai ficar tudo bem.

Ele me soltou e me olhou, os olhos cheios de tristeza.

- Me perdoa Bella. Eu prometi que ficaria ao seu lado nesse momento...


mas eu preciso ver Billy.

- Jake! Você está DOIDO? – Ele olhou para baixo e eu segurei seu queixo,
olhando para cima para encará-lo. – É claro que você tem que ir ver Billy!
Eu não preciso te desculpar de nada! E me prometa que vai me ligar assim
que chegar em Forks. Eu é que tenho que te pedir desculpas por não estar lá
com você nesse momento... afinal você sempre esteve comigo, ao meu
lado, nas horas em que mais precisei. Me perdoe.

- Eu amo você. – Jake ignorou minha ultima frase. – E vou voltar, o mais
rápido possível. Só vou ver se Billy está bem mesmo, me certificar disso, e
volto.

- Tudo bem, fique tranqüilo. É Billy quem precisa de você agora. Você já
me ajudou demais, Jake.

Mais uma vez naquele dia Jasper me surpreendeu, quando disse que
precisava mesmo resolver umas coisas no trabalho e daria uma carona para
Jake.

E eu insisti para que Alice fosse também. Não queria que ela ficasse aqui
comigo, longe de Jasper.

E principalmente. Eu preferia ficar sozinha mesmo nesse momento. Seria


mais fácil do que ter de explicar aonde iria de noite.

Eles acabaram de arrumar as coisas rapidamente e partiram, Jake


prometendo que ligaria assim que chegasse e que voltaria antes que eu
notasse sua ausência.

Percebi que isso era mentira; assim que ele passou pela porta com seu 1,92
Me senti que o quarto ficou maior e mais gelado... Eu já estava sentindo sua
falta.

E Jasper prometendo que entraria em contato comigo, me passando os


dados do advogado que ele iria contratar para o caso de Chase.

Tomei um banho, as palavras do promotor ecoando irritantemente em


minha cabeça e não me deixando relaxar.

Quando saí, percebi que estava com fome. Não havia comido nada ainda e
fui até o Am Pm perto do quarto onde estava comprar um sanduíche.

Quando olhei para o balcão não resisti e comprei um chip de celular


também.

Ao voltar, joguei o sanduíche e a coca-zero sobre a mesa e me sentei no


sofá. Tirei o chip do meu aparelho e coloquei o novo, ligando-o em seguida.

Fiquei algum tempo encarando o aparelho, decidindo se era uma sábia


atitude a que eu estava prestes a tomar.

Bem, que mal havia?

Dei de ombros, peguei a pequena agenda e fui até a letra “E”.

“Eward Cullen”.

Disquei o número e esperei.

Um toque.

Dois. Três. Quatro.

Já havia tirado o fone da orelha quando ouvi a voz.

Aquela maldita e maravlhosa voz.

- Edward Cullen.

Eu parei de respirar, como se ele pudesse identificar quem eu era somente


pelo barulho de minha respiração.

Idiota.

- Alô?

Menos de um segundo e ele desligou na minha cara.

O homem não gostava de esperar, pelo visto.

Me levantei e fui até a mesa. Quando estava tomando um gole de coca, o


meu celular tocou alto, e eu engasguei, a coca voando pela sala.
Coloquei a mão sobre o peito e fiquei ali, a blusa toda molhada, olhando o
celular acender e apagar a medida que tocava.

Até que parou.

Deixei meus ombros caírem e voltei a respirar. Quando meu coração estava
voltando a se acalmar, o celular tocou novamente.
Eu peguei o aparelho e abri o flip, levando-o à orelha, sem falar nada.

- Alô. Quem fala?

Engoli em seco e o silêncio reinou na linha.

A única coisa que eu escutava era a respiração pesada de Edward Cullen,


tão próxima ao aparelho que eu podia sentir como se estivesse em meu
pescoço, e me lembrei perfeitamente do nosso último e único encontro,
meu corpo respondendo instantaneamente, um arrepio me envolvendo em
um abraço.

- Bom... bom dia, Edward. Aqui quem fala é Cindy, da Espartacus Club.

O silêncio se fez na linha mais uma vez, o barulho da estática tomando


conta agora.

- Aonde você conseguiu esse número?

A voz dele era fria e áspera.

- Tenho meus contatos...

Ele não respondeu.

- Bem... Eu liguei porque você foi embora de nossa conversa de ontem


antes que eu pudesse lhe dar uma resposta sobre o convite que me fez... Ao
me entregar o cartão.
Mais uma vez Edward nada disse; que situação desconfortável, minhas
mãos suavam frio.

Como aquele homem conseguia meter medo daquela forma?

- Eu... – Forcei a voz para que saísse firme e determinada. – Bem, eu


infelizmente não sei se poderei ir... Tenho um compromisso amanhã.
- Cindy?

Engoli em seco antes de responder.

- Si... SIM?

- Eu acho que você não entendeu bem...

Agora é que eu não estava entendendo.

- Er, desculpe... Como assim?

- Aquilo não foi um convite. Foi uma ordem. Uma intimação.

Senti meus músculos enrijecerem assim que ele acabou de falar.

- E com relação a você entrar em contato direto com meu número


particular... – Ele fez uma pausa e eu mais uma vez parei de respirar. – Que
isso não se repita.

Então ele desligou na minha cara.

E eu literalmente cai sentada na poltrona


Capítulo IV - Expectativas

Como ele podia ser tão escroto? Como alguém poderia tratar uma outra
pessoa de maneira tão fria e insensível?
Bem, pelo visto, o “Lord” Edward Cullen podia.
- Babaca. – Falei alto, me levantando e tirando a blusa suja de Coca.
Quando acabei de comer, decidi me forçar a dormir. Teria que voltar à
Espartacus a noite, e seria bom que estivesse descansada para tal ato. Só de
pensar que veria Edward Cullen novamente, um arrepio percorreu minha
espinha.

***

Sentei-me em frente ao espelho. Fiquei impressionada em perceber como


Rosalie era realmente boa maquiadora... Eu estava bonita, intrigante,
estava... SEXY. Abracei meu próprio corpo, envolvendo ainda mais o robe
de seda contra mim.
Tenho que admitir que, no primeiro dia em que eu me apresentara, eu
havia saído da Espartacus me sentindo suja... Aquela não era, nem de
longe, o modo de vida que eu mais admirava, ou a profissão que eu havia
escolhido para mim. Tudo bem, ser garçonete em Forks não tinha
absolutamente nada de honroso ou glorioso... Mas pelo menos era...
Digno. É, acho que esse era um bom adjetivo. Se é que você pode dizer que
trabalhar em pé, servindo café e hamburgueres durante mais de oito horas
por dia, recebendo cantadas nojentas e gorjetas miseráveis pode ser
chamado de digno, claro.
Bem. A questão era... No PRIMEIRO dia em que eu me apresentara, eu eu
havia me sentido suja. HOJE... Bem, hoje eu havia GOSTADO. E acredito
que havia um motivo para isso. E ele se chamava Edward Cullen.
O modo como o olhar cor de esmeralda de Edward sustentou o meu
durante todo o tempo; sua expressão séria e altiva, como se nada ao redor
fosse bom o suficiente para agradá-lo, como se todos tivessem o DEVER de
servi-lo, inclusive eu... Só de pensar nisso eu podia sentir minha calcinha
umedecer. E foi aí que o sentimento de nojo de mim mesma passou a dar
lugar à raiva.
Como eu podia sequer me permitir ter esse tipo de pensamentos por esse
homem? Ele tinha todas as características que eu mais rechaçava em um
homem... Esnobe, arrogante, indiferente, com ar superior... Sim, e lindo,
charmoso, intrigante, sexy...
- Porra Bella, você precisa se tratar.
Falei, olhando minha imagem no espelho. Eu não podia, era ultrajante eu
estar me sentindo daquela forma. Porque, antes de mais nada e acima de
tudo, Edward era um assassino. E por causa dele meu irmão estava preso,
condenado a um futuro cruel e fatal.
Peguei um lenço umedecido e ia levar ao rosto para tirar a maquiagem
quando meu coração quase parou. Me encarando pelo espelho, de trás de
minha cadeira, aqueles olhos verdes faiscantes me encaravam diretamente.
Eu me endireitei na cadeira. Senti meu coração bater tão forte que minhas
costelas chegavam a doer. Eu não falei. Ele muito menos. Edward se
aproximou um passo e, sem nenhuma gentileza, segurou com força meus
cabelos, puxando meu pescoço para trás, minha boca ficando entreaberta.
Se inclinou sobre mim e encostou a lateral do rosto no meu; seu cheiro
almiscarado e másculo imediatamente penetrou meu organismo, sua barba
mal feita roçando deliciosamente meu rosto.
- Você parecia uma vadia naquele palco hoje, Cindy. – A voz dele era
grave e sua respiração perto de minha nuca atiçou os pelos do meu braço.
– Eu fiquei muito puto de ver todos aqueles homens olhando para você.
Então ele aumentou a intensidade com que segurava meus cabelos e me
levantou da cadeira com um puxão, nossos corpos ficando colados.
- Agora você vai mostrar o que você sabe fazer... Mas só para mim. Um
show particular.
Edward apertou o controle remoto que estava em cima da penteadeira e
uma música suave começou a tocar. Então finalmente ele me soltou, meus
cabelos caindo desgrenhados sobre meus ombros, e se sentou na cadeira à
minha frente.
Mas que porra? Quem ele pensava que era, para invadir meu camarim
daquela forma e me tratar daquela maneira rude e vulgar?
Ora, que pergunta. Ele não achava. Ele sabia. Ele era Edward Cullen, o Sr.
Eu Posso Tudo.
- Estou esperando, Cindy.
E, de fato, ele podia. Porque, apesar de minha revolta, de minha
indignação, de minha negação... Abaixei a cabeça e segurei a faixa de seda
do roupão, desfazendo vagarosamente o laço, meu corpo respondendo às
suas ordens sem pestanejar.
- Hey... – Olhei para ele, parando de me mover. – Faça olhando para mim.
Respirei e continuei a tirar a faixa, dessa vez sem afastar meu olhar do
dele. O robe deslizou suavemente por meu corpo, o tecido frio e fino
pairando no chão, como uma pluma. Os olhos de Edward se fecharam em
fenda assim que tocaram meu corpo, revestido apenas por um conjunto de
langerie preta rendada e cinta-liga.
A única coisa que posso dizer, sinceramente, é que eu a-do-rei. Adorei
perceber que, naquele momento, ele me desejava; que, naquele momento,
toda a sua atenção estava voltada única e exclusivamente para mim. Que,
naquele momento, ele havia descido do pedestal e estava ali, sob meu
domínio.
Coloquei meu pé no assento da cadeira entre suas pernas; o bico fino de
meu scarpin preto de salto 13 encostando levemente no corpo de Edward.

Inclinei-me sobre meu corpo e, sem tirar os olhos dele, cumprindo a risca
sua ordem, comecei a retirar lenta e sensualmente a meia de seda, parando
com o rosto muito próximo ao dele quando alcancei o calcanhar. Edward
segurou meu tornozelo, a mão sobre a minha, e meu coração, que já estava
acelerado, parecia que ia saltar pela boca. Ele levantou meu pé e tirou
meu scarpin, me deixando livre para acabar de me desvencilhar da meia, e
foi o que eu fiz.

Repeti o gesto com a outra perna. Quando acabei, notei que a respiração
dele estava mais rápida, o tom de seus olhos num verde acima do normal.
Meus olhos caíram para sua calça, e foi com prazer que eu notei o volume
que havia se formado ali. Um volume promissor, aliás.
Afastei-me dele, andando de costas, e não consegui segurar um sorriso de
satisfação que nascia em meus lábios. Joguei meus cabelos para trás e
levei minha mão até o fecho de meu soutian. Não era mais surpresa que eu
estava completamente molhada; meu músculo latejava incessantemente e
os bicos dos meus seios estavam duros de excitação. Eu só queria me ver
livre daquele soutian.

Quando eu estava quase soltando o fecho, um par de mãos quentes


seguraram meus seios em um abraço por trás, o volume que eu distinguirá
antes imprensado em minha bunda. Uma mão invadiu o espaço entre
minha pele e meu soutien, enquanto a outra desceu lentamente pela minha
cintura e, também lentamente, entrou pela parte da frente de minha
calcinha. Nesse exato momento minhas pernas amoleceram e tive que me
esforçar para não desmaiar ali, naquele instante.

Aquele filho da mãe tinha um efeito estarrecedor sobre mim.

Os dedos de Edward encontraram rapidamente a parte do meu corpo que


ansiava desesperadamente por seu toque e o pressionou, massageando-o
em seguida, meu corpo se inclinando um pouco para a frente,
instintivamente.

Sua outra mão, que até então apertava meu mamilo deliciosamente, desceu
por meu quadril e veio por trás das minhas costas, entrando também pela
minha calcinha.

Santo Deus, ele definitivamente queria me enlouquecer.

- Eu quero ver você gozar e gemer tão alto, que as pessoas lá fora pensem
que eu esteja matando você. Só que de prazer.

Edward aumentou o ritmo da massagem que fazia em meu clitóris, ao


mesmo tempo em que enfiou dois dedos da outra mão dentro de meu corpo,
e eu joguei a cabeça para trás encostando-me em seu peito, totalmente
vencida e rendida.
Completamente entregue a ele.

Sua boca encostou-se a meu ouvido, os lábios roçando minha pele


enquanto falava.

- Você sabe que é uma cachorra safada, não sabe, Cindy?

Porra. Eu era tudo o que ele quisesse naquele momento, sem dúvida
alguma. Assenti com a cabeça.

- Então repete isso pra mim.

Fechei os olhos com força.

- Eu... Sou... Uma... Cachorra... Safada...

Minha respiração estava entrecortada; uma onda de espasmos percorreu


meu corpo e Edward me segurou para que eu não desabasse, pura e
simplesmente, aos seus pés. Gozei longa e intensamente nos braços dele e
só voltei ao normal quando a música mudou de ritmo, e “Halo” começou a
tocar.

Então me lembrei de Jacob... Aquela era a música de chamada para ele no


meu celular.

Jacob.

A música não parava, martelando o nome dele em minha mente.

Jacob!

Acordei totalmente molhada, em ambos os sentidos – o cabelo grudado em


minha testa e minha calcinha em meu corpo. Merda. Que porra estava
acontecendo comigo, afinal?

Depois que desliguei com Jacob, ainda sobressaltada com o sonho


tremendamente real que havia tido, tomei um banho, me arrumei e saí. Era
estranho, mas eu estava muito nervosa. A probabilidade de encontrar com
Edward era enorme; e eu realmente achava que ele iria ser ríspido como
antes, no telefone.

Peguei um ônibus até a Espartacus... Eu não tinha muito dinheiro e não


podia ficar gastando as minhas economias, que não eram muitas, em
viagens de táxi. O sonho que tive não saia da minha mente. O modo como
ele me tocara, como meu corpo reagira... Eu podia jurar que ainda sentia
seu gosto e seu cheiro entranhados em mim.

Parei do outro lado da rua e abracei meu corpo. De alguma forma eu sentia
que estava me envolvendo em algo que tinha grandes probabilidades de me
arrepender no futuro. Suspirei fundo. Quando coloquei o pé na calçada para
atravessar, um carro completamente preto parou em frente ao Club, o
segurança abrindo a porta imediatamente. Voltei um passo atrás. Edward
saiu do carro elegantemente, a fisionomia séria, o olhar de esmeralda
sombrio.

Estava diferente da última vez que eu o vira; no lugar do terno bem cortado
e alinhado, usava uma calça Jeans escura e uma camisa de linha em gola V
cinza, as mangas repuxadas até o cotovelo. Parecia impossível, mas ele
estava ainda mais atraente.
Bateu a porta atrás de si e, por um segundo, eu me encolhi, achando que ele
iria me ver ali. Mas ao invés disso Edward se virou e rapidamente adentrou
na Espartacus, sem nem cumprimentar o segurança que segurou a porta
para que ele passasse. Então o carro partiu e a rua voltou a ficar deserta.

Olhei no relógio. Merda, já estava tarde. Steven deveria estar achando que
eu havia desistido. Era tarde demais para desistir. Respirei fundo e me dirigi
a porta.

- Boa noite... – Falei enquanto passava.

- Boa noite, Cindy. Bom show.

Agradeci baixo e continuai a andar. O salão estava super movimentado. As


atendentes passavam rápidas de um lado para o outro, mal notando minha
presença ali. Olhei ao redor, analisando o local com calma. Mesmo sem
indagar, eu sabia quem meus olhos procuravam.

Ele.

Senti uma corrente elétrica invadir meu corpo quando, enfim, meus olhos
pousaram em sua imagem; sentado num sofá em “U”, numa área cercada
por cordões e seguranças. Olhava seu celular e estava sozinho. Havia um
copo de Whisky na mesa baixa à sua frente, a luz da vela que ali jazia
iluminando levemente seu rosto, o maxilar perfeito criando uma sombra em
seu pescoço.

Uma ruga funda estava no meio dos seus olhos; o cabelo fodidamente sexy
caindo sobre a testa de forma irritantemente excitante.

O homem emanava poder. Emanava sexo.

Senti meu corpo involuntariamente se mover naquela direção, minhas


pernas se movendo sem que meu cérebro assim ordenasse, como se um imã
me sugasse para perto dele. Quando eu estava apenas a alguns metros,
parei. Uma mulher alta, loira, com um corpo deslumbrante dentro de um
justo e belo vestido vermelho ultrapassou a corda que separava Edward do
resto dos reles mortais e se sentou ao seu lado, recostando no sofá e
colocando a mão intimamente sobre sua coxa.

Imediatamente uma atendente veio até ela, que sorriu esnobemente e


aceitou o Cosmopolitan que lhe era servido. Não pude deixar de perceber
que Edward sequer levantou os olhos para ela. Simplesmente era como se
ele permanecesse sozinho.

- Tânya Denali. – Saltei de susto. Olhei para trás e Rose olhava na mesma
direção que eu, o olhar impassível.

- Quem?

- Ela trabalhava aqui. – Rosalie enfim me encarou. Já estava devidamente


maquiada, mas ainda com roupa comum. – Agora sua clientela é outra.
Voltei a olhar para Edward, que agora já olhava para a mulher – Tanya –
ouvindo sério e calado o que ela dizia.

Ele parecia entediado.

- Você não estava pensando em ir lá, antes de eu chegar aqui, né? – Rosalie
me analisava intensamente. – Porque seria a idéia mais idiota que você
poderia ter tido em toda a sua vida, garota.

- Não, claro que não. Imagina Rose, nada a ver.

- Steven está quase arrancando as calças pela cabeça, achando que você não
vinha. Vários clientes te elogiaram e ele já havia prometido sua presença.
Eu sorri forçadamente e Rose virou as costas e começou a andar, me
puxando pela mão. Quando já estávamos no andar de baixo, dentro de seu
camarim, eu não resisti.

- Sobre aquela Tanya... – Rosalie me olhou pelo espelho, um grampo na


boca, a mecha do cabelo paralisada na mão. – O que você quis dizer com “a
clientela dela agora é outra?”

Rose suspirou, pegou o grampo e prendeu agilmente a mecha, conferindo o


resultado antes de me encarar novamente.

- Lembra quando te disse que se envolver com os Cullen não era uma boa
coisa? Porque eles gostavam de exclusividade, e isso gera intimidade, o que
não é nada bom na nossa profissão?

Assenti com a cabeça.

- Foi assim com Tanya. Agora ela só trabalha nas reuniões particulares dos
Cullen.

- Mas... A reunião não é amanhã? Sábado?

Rosalie deu de ombros e voltou a se entreter com seu penteado.


- A que você tem conhecimento sim.

Recostei no sofá e pensei no que Rose dissera. Tanya era exclusiva DELE?

- Acho melhor você trocar de roupa e agitar. Você entra logo depois de
mim. – Rose falou, me puxando de meus devaneios. – Deixei uma roupa
separada pra você, acho que vai gostar. Até daqui a pouco.

Rosalie se levantou e saiu em seguida. Eu também me levantei, fui até o


closet e me troquei. Dessa vez, estranhamente, me senti mais a vontade
com a ousada escolha de Rose. Bateram na porta e eu senti meu coração
parar.

- Entra...?

Steven apareceu, um sorriso no rosto. Não posso negar que me decepcionei.


Contra a minha razão, desejava que fosse outra pessoa.

Rá. Como se ele fosse pedir permissão para entrar.

- A senhorita nunca mais me apronte uma dessas, viu dona Cindy! Eu já


estava enfartando. Está pronta?

Assenti, vestindo o roupão. Por incrível que pareça, estava ansiosa.


Desesperadamente ansiosa por encontrar o olhar de Edward novamente,
ainda mais agora, depois do convite, que sabia que havia um interesse por
parte dele. Parei na mesa no corredor e me servi de uma taça de Prosseco.
Estava engolindo o último gole quando escutei os gritos e assovios, Rose
aparecendo ao meu lado pouco tempo depois.

- Eles estão alvoroçados hoje... Sexta feira, os ânimos ficam agitados.


Ela sorria enquanto pegava um morango e mordia.

- Boa sorte. Arrase de novo.

Eu sorri de volta e tirei meu robe. Estava no penúltimo degrau antes mesmo
de ser anunciada. Eu não faço a mínima idéia do que o DJ falou antes de eu
entrar. Não faço idéia da música que ele colocou para minha apresentação.
A única coisa em que eu pensava quando subi naquele palco, era encontrar
o olhar dele.

Procurei através do holofote, enquanto meu corpo se mexia instintivamente.


Então, enfim, o encontrei. Edward continuava no mesmo local, mas agora,
além de Tanya, Emmett Cullen e mais duas mulheres lhe faziam
companhia. Eu olhei fixo para ele durante todo o tempo em que estive ali.
Edward não encontrou meu olhar uma única vez. Mal olhou em minha
direção, para o palco.

Ele simplesmente ignorou a minha existência. Se é que se deu ao trabalho


até para isso.

Era provável que ele nem percebesse minha existência, não precisando
sequer ignorá-la então.

Eu mal ouvi a música parar, meu corpo continuando a se movimentar por


alguns segundos antes que meu cérebro enfim enviasse a ordem correta. As
palmas surgiram e continuaram ressoando em meus ouvidos mesmo quando
eu já havia sumido através da escada no fundo do palco.

Fui praticamente correndo até a mesa onde Steven estava parado e


literalmente roubei o copo de Whisky de seus lábios, sorvendo todo o
líquido amargo num único gole, longo e demorado. Fechei os olhos com
força – uma reação à queimação em minha garganta – e no mesmo instante
a imagem de Edward surgiu por trás de minhas pálpebras.

- Tudo bem com você, Cindy? - A voz de Steven soava preocupada. - O


show foi ótimo, você estava ainda mais perfeita do que ontem...

Assenti com a cabeça e abri os olhos. Steven havia acabado de se servir de


mais uma dose cowboy, que sem sequer sibilar eu tratei de roubar
novamente, no mesmo instante.

- Heeeey!
Larguei o copo sobre a mesa desajeitadamente.

- Eu estou... Eu preciso ir, Steven. - Me virei e comecei a andar em direção


ao camarim.

- Cindy! Cindyyyy! - Ouvi ele andando depressa para me alcançar. - Não se


esqueça que amanhã você tem um compromisso inadiável, hein garota?

Dei um sorriso forçado – que, ao contar pela expressão de Steven, deve ter
sido mais parecido com uma careta – e entrei no camarim. Agradeci
intimamente por Rose não estar mais lá. Havia somente um bilhete escrito
em um guardanapo e preso na moldura do espelho circundado de luzes.

“Tive que ir, tinha um compromisso. Meu celular está no verso... Caso você
precise de algo ou simplesmente esteja nervosa demais para amanhã.
Rose”

Guardei o papel em minha bolsa e me sentei na cadeira em frente ao


espelho. Que merda estava acontecendo comigo, afinal? Lembrei do sonho
que tive na noite anterior e minha cabeça girou. Além de tudo, eu ainda
estava relativamente alta.

- Merda de vida. - Suspirei comigo mesma, enquanto me levantava e sentia


o chão balançar levemente sob meus pés.

Fui até o closet de Rose e peguei um longo sobretudo preto. Não estava
com ânimo nem para trocar de roupa. Passei a bolsa lateral pelo meu corpo
e saí, segurando o casaco para mantê-lo fechado.

Batia um vento cortante na rua, e meus cabelos esvoaçavam contra o vento,


que zumbia em meus ouvidos. As ruas estavam vazias - a virada do tempo
com certeza espantara todos os transeuntes. Parei em frente a um pequeno
Pub, que naquele momento me pareceu tremendamente quente e
aconchegante. Minhas pernas se moveram para seu interior, sem que eu
pensasse duas vezes.
- Nãooooo... - Minha voz saiu um tanto quanto irreconhecível aos meus
próprios ouvidos. - Eu pego um táxi, está tudo... Tudo bem.

Havia alguns homens sentados em banquetas junto ao bar, em grande


maioria bebendo cerveja em grandes canecas, enquanto degustavam
amendoins espalhados em potes sobre o balcão e assistiam um replay de
Baseball na TV. Eles me encararam quando eu entrei, e então voltaram sua
atenção para o jogo - aparentemente, um grande time local havia derrotado
seu maior rival. Uma mulher tragava um cigarro solitariamente em uma
mesa de canto – aparentemente, a lei anti-fumo não vigorava naquele local.

- Vai querer alguma coisa, boneca?

Olhei para o garçom atrás do balcão. Ele era enorme e truculento, com um
imenso tribal tatuado no braço esquerdo. Tinha um pano de prato
pendurado em um dos ombros e o cabelo estilo moicano lhe dava um ar
assustador.

- Hã... Uma dose de tequila, por favor...

- Ouro ou prata?

- Ouro – Respondi, sem ter certeza absoluta.

O homem bateu o pequeno copo sobre o balcão e virou a garrafa até o copo
quase transbordar. Eu virei em um único gole, dessa vez a ardência em
minha garganta muita menos dolorosa. Mal havia pousado o copo sobre o
balcão, o garçom mal encarado já estava me reabastecendo.

Eu não sei quantas vezes aquela cena se repetiu. Mas, quando finalmente
decidi parar de beber – ou melhor, quando a garrafa de José Cuervo
finalmente acabou –, e eu desci do banco, mal senti o chão sob meus pés.

- Wooooow... - O garçom me segurou por detrás do balcão, me impedindo


de parar diretamente no piso frio e, muito provavelmente, imundo. - Você
vai para casa como, boneca? Quer que eu ligue para alguém?
Abri minha bolsa e retirei uma nota, largando-a sobre o balcão com com
uma gorjeta generosa – primeiro porquê eu não estava em condições de
procurar a nota certa, e segundo porquê, se não fosse por ele, eu poderia
estar sem os dois dentes da frente naquele exato momento.

Sai do bar e olhei para a rua. Deserta. Nem um único táxi, ônibus... Nada.

- Ah, sim. Cagada por uma porra de um urubu albino.

Comecei a caminhar, já que aparentemente era a única solução que me


restava. Me coloquei perto da parede, numa tentativa praticamente inútil de
evitar o vento frio, que havia aumentado consideravelmente.

Uma batida constante começou a me incomodar, e eu olhei para trás. Eram


passos. Aumentei meu ritmo, quase imperceptivelmente. Eu mal conseguia
ter total controle de minhas funções motoras... Que dirá correr. Ele me
alcançou em menos de cinco segundos.

- Vi você bebendo no bar... - Falou, me imprensando na parede, enquanto


apertava meu braço. - Eu não sou muito chegado à vadias bêbadas, mas
para você eu abro uma exceção...

Eu tentei acertar uma joelhada no seu quadril, mas ele se esquivou com
facilidade, um riso abafado entre meus cabelos.

- E ainda por cima é nervosa...

- Solta ela.

Senti os músculos do homem se enrijecerem, o aperto em meu braço


aumentando. Um arrepio percorreu todo o meu corpo, uma mistura de
medo, frio e surpresa. Porque só então meu cérebro – lento sob efeito do
álcool em excesso – reconheceu a voz.

Aquela voz.
- Você é surdo? - Edward voltou a falar, tranquilamente e sem um pingo de
simpatia. - Mandei soltar ela.

O homem se virou, finalmente soltando meu braço. Mesmo sem olhar sua
expressão, consegui notar que ele congelou apenas em perceber com quem
estava lidando.

- Sr. Cullen... - A voz raivosa de segundos atrás havia sumido. - Não sabia
que você a conhecia, eu...

- Não me interessa. Acho melhor você ir, agora.

- Sim, sim... - O homem falou, enquanto já se afastava.

Fiquei parada ali, olhando o homem sumir na esquina, o barulho do vento


frio ecoando entre mim e Edward. Edward deu um passo em minha direção
e eu abracei meu corpo.

- Vem comigo. Vou te deixar em casa.


Meu cérebro berrava para que eu simplesmente não aceitasse. O que eu
estaria fazendo? Me livrando de um maluco e caindo nas garras de um
estuprador homicida?

- Não, obrigada...

Ele me encarou seriamente, um vinco fundo entre os olhos terrivelmente


verdes.

- Você não está em condições para discutir, Cindy. Você vem comigo.

Edward segurou meu braço e me guiou em direção ao seu carro, quente e


acolhedor. Ele abriu a porta de trás e me sentou, e imediatamente recostei a
cabeça no encosto, tudo girando ao meu redor. Ele entrou e bateu a porta, o
motorista o indagando a seguir.

- Para onde, Sr. Cullen?


Senti os olhos dele sobre mim, e pensei rapidamente no que iria responder.
Não podia dar o endereço certo, afinal, se ele era amigo de Chase, iria
reconhecer facilmente o endereço.

Merda.

- É dificil dizer isso, mas estou alugando o quarto de Chase enquanto ele
está preso.

- Chase? Chase Swan?

- Sim... Exatamente.

- Mas de onde você o conhece?

- Chase é meu irmão.

- Eu o conheço, ele foi um amigo de faculdade.

- Sim, que agora está preso no seu lugar, sendo acusado injustamente pelo
crime brutal que você cometeu!

Acordei ofegando desesperadamente, fios do meu cabelo grudados na


camada de suor que havia se formado em minha testa. Esperei meus olhos
se adaptarem a luz do sol que entrava pela janela, bem como o latejar
constante da minha cabeça diminuir. Eu estava deitada, sozinha, em uma
imensa cama revestida com lençóis de seda negros.

Levantei o edredom e, com alívio, constatei que estava vestindo uma


camisa social branca. A questão era... Que merda de lugar era aquele? E
como eu havia ido parar ali?

Continuei deitada por alguns segundos, absorvendo toda a situação maluca


em que eu havia me enfiado.

O lugar era completamente clean. Tirando a cama imensa, que


praticamente me engolia, havia uma TV de plasma presa à parede. Coloquei
os pés para fora da cama, mas, ao invés do esperado chão frio, encontrei a
maciez de um tapete felpudo.

Fui para o banheiro - enorme, limpo e moderno, assim como o quarto. Um


espelho imenso tomava uma parede inteira, sobre duas pias de louça
branca. Apoiei as duas mãos sobre as bancadas e me encarei.

- Que merda, Isabella. O que diabos você fez?

A imagem refletida não me respondeu, claro. Ao invés disso, bufou,


mordeu o lábio inferior e passeou as mãos nervosamente pelos cabelos,
numa imitação fiel aos meus gestos. Abri a água e lavei o rosto, o sabonete
de erva doce agradável e refrescante, amenizando levemente o latejar
constante em minhas têmporas, fruto da bebida em excesso na noite
anterior. Saí do banheiro ainda sem saber o que fazer.

Devia sair do quarto e inspecionar o resto do lugar? Mas e então? O que eu


faria quando encontrasse Edward? O que eu falaria? Sim, porque aquela
devia ser a casa dele, não é mesmo? E eu não podia sair vestida daquela
forma, podia?

Então percebi que, com certeza, não seria novidade para ele. Afinal, se eu
estava com amnésia alcoólica, muito provavelmente não estava em
condições de caminhar sozinha, muito menos trocar de roupa.

Ah, ótimo. Ficar bêbada, pelada e vulnerável em frente ao estuprador


homicida que você quer colocar atrás das grades.

Sentei na cama, meus pés quase não tocando o chão, a ponta dos dedos
sobre o tapete.

- Meu Deus, por favor, faça com que eu não tenha feito nenhuma besteira...

Tentei filtrar meus pensamentos, que, na verdade, gritavam: faça com que
eu não tenha perdido a virgindade com ele! Não pude deixar de notar que,
bem lá no fundo, num lugar que eu quase não notava, uma parte de mim
não ficaria chateada com isso... Ficaria chateada somente porque teria sido
desperdício demais eu não me lembrar de nada.

Suspirei fundo e já ia me levantar quando bateram na porta. Duas batidas


leves e rápidas. Senti todos os meus músculos se enrijecerem prontamente,
enquanto instintivamente eu abracei meu próprio corpo.

- Com licença, Senhorita Cindy... Posso entrar?

Para minha surpresa e alívio – ou decepção? – a voz era feminina. Fez-se


silêncio, até que eu me lembrei que eu era a tal Cindy e que devia responder
à voz desconhecida.

- Sim, claro...

A porta se abriu e uma jovem – provavelmente não muito mais velha que eu
– entrou no quarto, trajando um sóbrio terninho preto, os cabelos presos em
um rabo e óculos estilo gatinho.

- Meu nome é Ângela Weber... Sou assistente do Sr. Edward Cullen.

Ela sorria, parada alguns passos à minha frente, as mãos entrelaçadas na


frente do corpo.

- Prazer... Eu sou... Cindy. – Falei, ainda receosa, colocando o cabelo para


trás da orelha.

- Espero que tenha dormido bem.

Ela era simpática e parecia realmente preocupada com meu bem estar.

- Sim... Eu... Na verdade, eu não me lembro. É meio vergonhoso admitir,


mas nem me recordo de como cheguei até aqui.

Ela sorriu, ajeitando os óculos no rosto e indo em direção à janela, abrindo


uma brecha das cortinas.
- O Sr. Edward Cullen trouxe você. Ele me disse que tinha uma hóspede
hoje pela manhã, assim que eu cheguei, e que você poderia acordar um
pouco indisposta... – Como eu não falei nada, ela continuou. – De qualquer
forma, ele mandou que eu lhe deixasse a vontade e que lhe atendesse no
que fosse necessário. Posso mandar servir seu café da manhã?

Eu ainda processava as informações que Ângela havia me passado. Então


ela não estava aqui quando nós chegamos, já que soube de minha presença
só hoje, quando chegou para trabalhar.

- Não, obrigada... Na verdade eu tenho que ir.

Ela assentiu rapidamente com a cabeça e se dirigiu até o closet. Então eu


me recordei da roupa que trajava quando saí da Espartacus, na noite
anterior. Um conjunto de Lingerie e um sobretudo. Ótimo. Seria um
sucesso em plena luz do dia.

Ângela pegou uma toalha preta e me entregou, junto com um roupão


felpudo da mesma cor.
- Aqui. Tome um banho quente... Vai te ajudar a relaxar um pouco. Vou
mandar servir um café aqui no quarto, para quando você sair do banho. É
melhor você não sair de barriga vazia.

Ela sorriu e saiu do quarto, enquanto eu continuei parada, para só depois


piscar e começar a me mover. Obedeci ao conselho de Ângela e aproveitei
o banho quente. Quando desliguei o chuveiro, pude sentir o cheiro de café
fresco que passava pela fresta da porta e se misturava com o vapor do
banheiro, e agradeci mentalmente por Ângela ser uma pessoa tão sábia.

Enrolei os cabelos na toalha e vesti o roupão. Quando saí, um diversificado


café da manhã estava sobre uma mesa perto da janela. Me aproximei e
peguei um morango, vermelho e suculento. Estava na segunda mordida
quando algo me chamou a atenção. Duas caixas, grandes e pretas, pairavam
sobre a imensa cama – agora arrumada. Me aproximei, enfiando o resto do
morango na boca e analisando as caixas, de longe. Mas que merda era
aquela? Levantei uma das tampas. Não. Não podia ser.
Retirei o papel de seda timbrado com mínimas palavras ”Prada” e me
deparei com um lindo vestido de seda azul de pois e um trench coat
vermelho. Abri a outra caixa. Um saco de cetim guardava um par de botas
pretas. Sentei na cama, a tampa ainda em minhas mão. Roupas. Ele havia
comprado roupas para mim.

Ao voltar a olhar a primeira caixa, vi que existia um cartão branco sobre o


vestido.

“Cindy, Espero que você goste, o Sr. Cullen acredita que esse seja o seu
manequim. Dentro do closet há outra coisa para você. O motorista está a
sua disposição, assim como eu. Ângela.”

Me levantei antes mesmo de acabar de ler. Abri o closet e havia um cabide


encoberto por uma longa capa plástica. Havia um outro bilhete preso ali.

“Use essa noite.”


Uma única frase, sem assinatura. Nada mais. Abri o zíper e me deparei com
um vestido preto, maravilhoso, com certeza a peça de roupa mais cara e
elegante que meus olhos já haviam visto.

- Puta merda.

Senti minhas pernas bambearem e cambaleei de volta para a cama. Não


sabia ainda se me encontrava em um sonho ou em um pesadelo. Mas sabia
que, fosse o que fosse, era estupidamente excitante.
Capítulo V - Se ansiedade matasse...

Minhas mãos estavam levemente trêmulas enquanto eu passava o batom


vermelho nos lábios. Fechei a tampa e me olhei no espelho, após limpar o
canto da boca com a ponta do indicador.
Ok, eu estava linda. Mas e aí? Eu estava tão nervosa que podia sentir
minhas pernas falharem a cada passo, como se eu fosse desabar a qualquer
segundo. Se ansiedade matasse... Eu já estaria morta e enterrada há séculos.
Meu dia tinha sido tão surreal... Havia acordado na casa de um estranho,
sem lembrar de nada da noite anterior... E agora estava indo encontrar com
o mesmo estranho, sem fazer a menor idéia de onde isso iria me levar. A
verdade é que eu estava me arriscando. Edward era um psicopata cruel, e eu
sabia disso.
Ajeitei o coque que havia feito, numa forma de parecer mais velha e mais
requintada naquele vestido de luxo. Olhei mais uma vez para o vestido de
seda, para o casaco vermelho e para as botas antes de fechar a bolsa. Então
respirei fundo, peguei um táxi e me dirigi para a Espartacus, onde um
Steven completamente agitado e uma tensa Rosalie me aguardavam na
porta. Mal o táxi parou eles vieram em minha direção.
- Achei que você fosse se atrasar, Cindy! - Steven falou enquanto abria a
porta do carro. - Estava quase tendo um aneurisma!
- Calma Steven, já cheguei, já cheguei... - Falei, enquanto pagava o táxi e
saía.
- Sim, e pelo visto bem na hora.
Olhei para Rosalie e segui seu olhar. Uma Limusine prata estava virando a
rua.
- Aqui. - Ela colocou um papel na minha mão. - Nesse papel tem um
número de um amigo meu... Qualquer problema... Se você precisar de
ajuda... Liga pra ele, ok?
Assenti com a cabeça e logo depois Rosalie me abraçou.
- Boa sorte, garota. Até amanhã, com todos os detalhes!
Eu ia responder, mas não tive tempo. A Limusine já havia parado próximo
ao meio fio, o motorista de quepe preto segurando a porta para que eu
entrasse.
Respirei fundo, segurei a barra do meu vestido longo – tinha que tomar
todos os cuidados possíveis, não estava acostumada com aquele tipo de
roupa – e entrei no pomposo carro. Esperei meio sem jeito, sentada meio
desconfortável no banco de couro preto – se é que isso era possível - até
que um telefone tocou do meu lado direito. Atendi.
- Boa noite, Senhorita Cindy. Meu nome é Edgar e estou aqui para servi-la.
O frigobar está equipado com diversas bebidas, e no armário ao lado
existem alguns aperitivos também.
Ele fez uma pausa, enquanto eu olhava para os lados, identificando o que
ele citava.
- O Senhor Cullen mandou avisar que existe uma surpresa para a
Senhorita no compartimento a sua frente. A senha é seu nome. Boa noite, e
me chame se precisar de algo.
Ele desligou e eu permaneci com o telefone no ouvido, o silêncio total do
outro lado um tanto quanto assustador. Olhei para a minha frente. Havia um
compartimento, logo acima do frigobar, que se parecia com um pequeno
cofre. Pequenos botões se localizavam no canto inferior esquerdo, logo
abaixo de um visor em que estava escrito: “Digite a senha”. Apertei
vagarosamente meu nome – meu falso nome, quer dizer – e assim que havia
acabado de clicar sobre a letra “y”, a pequena porta se abriu. Olhei para o
interior.
Ok, eu não fazia idéia do que poderia ser, mas definitivamente não havia
imaginado aquilo.
Retirei com cuidado e observei minuciosamente a máscara em minhas
mãos. Ela era vermelha, de algo parecido com veludo, e possuía uma linda
pedra ao centro, entre os olhos. Grandes penas, macias e brilhosas, se
pronunciavam, também ao centro, e fios dourados traçavam linhas
delicadas por toda a sua extensão.
Senti meu coração bater mais rápido. Sempre tive uma sensação diferente
com relação aquele tipo de máscara. Um misto de excitação e medo.
Excitação porque elas eram sexys; era realmente sedutor você conversar
com alguém sem identificar a pessoa... Interessar-se por alguém unicamente
pelo timbre de sua voz ou pelos movimentos de seu corpo, enquanto
tentava desvendar os mistérios por trás do olhar que se escondia atrás do
ornamento. E medo... Bem, pelos mesmo motivos. Porque é no mínimo
assustador ceder aos encantos de um total estranho, deixando-se levar
exclusivamente pela energia que emana de seu corpo e de sua alma.

Me lembrei de um filme que havia visto algum tempo atrás, chamado “De
Olhos Bem Fechados”. Eu havia assistido diversas vezes, e sempre havia
ficado extremamente excitada. E sempre havia morrido de medo também.
Dentro do compartimento também havia um espelho, que eu segurei,
enquanto levava a máscara ao rosto. Meus olhos verdes foram realçados
pelo veludo vermelho, que por sua vez se destacava, um contraste perfeito
com o vestido preto que eu trajava. Ou havia sido uma bela coincidência...
Ou Edward havia pensado em todos os mínimos detalhes.

Recostei no banco, pousando a máscara em meu colo. Eu estava tão


nervosa, tão apreensiva... Não fazer a menor idéia do que me esperava
estava simplesmente arruinando qualquer vestígio de auto-controle que
ainda pudesse existir dentro de mim. Eu havia acabado de recostar a cabeça
no banco e de fechar os olhos, no intuito de recobrar minha sanidade,
quando o carro parou. Eu não consegui enxergar praticamente nada através
dos vidros escuros. Então a porta se abriu e a mão de Edgar, envolta em
uma luva de couro preta, surgiu cavalheiramente para me ajudar a saltar.
Respirei fundo e em poucos segundos já havia descido do carro, e me
encontrava parada em um jardim divinamente iluminado, em frente a um
palacete deslumbrante.

E com o detalhe de não fazer a mínima idéia de onde aquele palacete se


localizava.

Edgar já havia dado a volta no carro, e estava abrindo a porta quando eu lhe
chamei.

- Pois não, Senhorita Cindy? – Ele parou prontamente, me olhando por


cima do veículo luxuoso, uma das mãos sobre a porta entreaberta e a outra
sobre o teto lustroso. – Em que mais lhe posso ser útil?

- É... É você que vem me buscar, Edgar? – Não pensei em nada melhor
para dizer. Afinal, um “não me abandone aqui sob as rédeas desse
estuprador assassino que o seu chefe é” não iria causar uma boa impressão.

- Oh, não, Senhorita Cindy. O Senhor Cullen dispensou meus serviços essa
noite.

Eu assenti com a cabeça, em silêncio, enquanto Edgar ainda me encarava.

- Mais alguma coisa, Senhorita?

“Sim. Me deixe ao menos o número do seu celular caso eu precise berrar


por socorro.” – pensei. – “Isso se você não for um cúmplice bem pago,
claro”.

- Não, era só isso. Muito obrigada, Edgar. Você foi muito gentil.

- Não há de quê, Senhorita Cindy. Tenha uma ótima noite.

Então ele entrou e partiu, o carro silencioso ultrapassando os portões


segundos depois. Fechei os olhos, mordendo o lábio inferior, e mentalmente
rezando para que tudo desse certo. E também xingando a parte de mim que
teimava em se sentir excitada com toda aquela merda. Eu só podia estar
maluca.
Porra.

Me virei, ajeitei estrategicamente a máscara veneziana sobre meu rosto e ia


tocar a campainha quando a porta se abriu. Câmeras. Claro, como não?

Uma mulher totalmente vestida de preto – com um terno justo e bem


cortado – e usando uma máscara presa ao rosto, também preta, abriu a
porta. Tinha os lábios pintados de vermelho e sorria mecanicamente. Os
olhos castanhos eram frios e não transmitiam qualquer sentimento aparente.
Os cabelos loiros – que de tão claros pareciam brancos – estavam presos
em um coque baixo, preso à nuca. Definitivamente ela estava ali a trabalho.
Qualquer diversão seria mera conseqüência. - Boa noite. Ela permaneceu
parada à minha frente, a mão na maçaneta, o sorriso persistente na face, o
corpo impedindo minha entrada.

- Ah, claro... O convite... – Falei, enquanto levava a minha bolsa de mão


até quase a altura do meu rosto, uma forma desajeitada de tentar não
abaixar a máscara. Apesar de não ter movido um único músculo, senti que a
impaciência emanava da mulher em minha direção. - Aqui... Prontinho.

O sorriso dela se alargou e ela se moveu para o lado, elegantemente.

- Seja bem vinda.

Fiquei imaginando o que ela faria se eu tentasse entrar a força. Deviam


haver seguranças à paisana. Eu entrei e agradeci, mas minha voz saiu tão
baixa que tenho certeza de que não fui ouvida.

Quando me virei para tentar corrigir minha indelicadeza, a mulher não


estava mais ali. Senti um arrepio percorrer todo o meu corpo, literalmente –
do fio de cabelo até os dedos dos pés – apesar do local ser quase abafado de
tão aconchegante. O piso de madeira corrida era tão brilhoso que revelaria
detalhes a mais de alguma mulher descuidada, e por vezes era coberto por
algum tapete Persa ornamentado e de cores vibrantes. O lustre que pendia
no centro da ante sala em que eu estava era de cristais, imenso e imponente.
Uma escada de madeira se elevava ao sul, revelando mais um andar de
quantos outros que eu não fazia idéia.

- Boa noite, Cindy.

Senti meus músculos se retesarem ao ouvir meu nome – ou melhor,


pseudônimo – ser prolatado, às minhas costas, por uma voz completamente
estranha aos meus ouvidos. Uma voz masculina, com timbre grave e
determinada. Ouvi os passos ecoarem pelo ambiente, apenas abafados
quando ultrapassavam um dos tapetes, enquanto o estranho se aproximava
de mim. Ele parou a uma curta distância e meu cérebro ordenou que eu me
virasse. O que meu corpo relutou veementemente, até que eu me forcei e
me virei. Não tinha outra escolha, já havia alcançado um ponto onde não
poderia mais retornar. Meus olhos batiam em sua gravata borboleta, e isso
porque meu salto favoreceu minha altura – já que eu era uma pessoa
verticalmente prejudicada. Ergui minha cabeça, minha mão levantando a
máscara no mesmo ritmo, e me deparei com um sorriso sem dentes abaixo
de um par de olhos azuis perfeitos.

A primeira coisa que meu cérebro fez foi processar de onde conhecia aquele
homem que cheirava bem, tinha uma bela voz e que continuava sorrindo
simpaticamente para mim. Então finalmente ele descobriu: era o homem
que eu vira em minha primeira apresentação na Espartacus, circundado por
mulheres dos mais variados tipos, e que não tirava os olhos de Rosalie. Era
um Cullen. A segunda coisa que meu cérebro imbecil pensou – de forma
irritante e surpreendente – era porque diabos a minha máscara era do estilo
veneziana – que devia ser segurada, ao invés de fixada no rosto.

Mas acho que isso se deu pelo fato de meu braço haver começado a arder.
Definitivamente, eu precisava deixar o sedentarismo de lado.

- Um gato comeu sua língua?

Ele cruzou os braços e arqueou as sobrancelhas. Só então me dei conta que


não havia respondido à seu cumprimento – definitivamente o nervosismo
havia acabado com qualquer lembrança de educação que um dia eu tivera
- Não... Quer dizer... Boa noite.

- Quer guardar sua bolsa? – Ele perguntou, virando-se levemente de lado e


apontando para uma porta; provavelmente uma chapelaria.

“Não, acho melhor manter meu celular perto de mim, por via das
dúvidas.”

- Vai lhe dar mais mobilidade... Ou então você vai ficar com as duas mãos
ocupadas.

“Merda.”

- Ok. Obrigada.

Estendi a bolsa que ele segurou, e no segundo seguinte a mulher que abrira
a porta – de onde ela surgia? – apareceu e se incumbiu do trabalho.

- Vamos... Edward ainda não sabe que você chegou. Todos estão na sala ao
lado.

Assenti, e o Cullen fez sinal para que eu fosse à frente. Assim que andei
alguns passos senti sua mão – grande e firme – espalmar-se em minhas
costas, logo acima do meu quadril, me encaminhando na direção correta.
Então seria assim? Qualquer um sairia tocando em mim sem sequer pedir
licença?

Tudo bem, diferentemente de meu cérebro, meu corpo não se incomodou


nem um pouco com aquele atrevimento. Ao contrário. Milhões de dúvidas
berravam para mim.

Como ele sabia meu nome? Como ele me vira chegar? Por que ele não
usava máscara?

Comecei a escutar uma música leve ao fundo. Música clássica. Um garçom


imenso – ele sim usando uma máscara preta – passou por nós, a bandeja
repleta de copos cheios com bebidas variadas. Nós ultrapassamos a
gigantesca porta e eu me deparei com dezenas de pessoas numa sala bem
maior do que a que estávamos. Vários homens, todos vestidos a rigor, e
diversas mulheres, também vestidas em traje de gala. Todas as mulheres
usavam máscaras. Os homens não. Engoli em seco e percorri os olhos pelo
lugar. Era impressionante como, simplesmente, não havia uma única pessoa
feia ali. Nem sequer comum. Eram todos belos, homens e mulheres divinas,
com ar de superioridade e aparência elegante. Eu senti que destoava como
se fosse o rei momo pelado e com uma melancia enfiada na cabeça. Então
eu o vi. Estava do outro lado da sala, conversando calmamente com um
grupo de pessoas, enquanto balançava inconscientemente o copo de uísque
na mão esquerda e mantinha a mão direita dentro do bolso da calça.

O Cullen ao meu lado se aproximou do meu ouvido.

- Enjoy.

Então ele simplesmente saiu e me deixou ali, sozinha em meio a um bando


de estranhos e estranhas mascaradas.

Engoli em seco e senti minhas mãos soarem. Um garçom parou ao meu


lado e inclinou-se quase imperceptivelmente.

Eu suspirei fundo e peguei uma taça com a mão livre, enquanto assentia
silenciosamente com a cabeça, levando em seguida a taça aos meus lábios.
O gosto amargo do Prosseco invadiu meu organismo e meu corpo
agradeceu.

- Boa noite. Eu me virei em um susto e algumas gotas do líquido caro


esparramaram-se pelo chão.

- Desculpe, não queria lhe assustar. – O homem de olhos verdes e cabelos


dourados sorria contidamente, ambas as mãos escondidas nos bolsos da
calça do smoking preto.

- Não, me desculpe você... – Falei, dando de ombros discretamente. – Eu


estava distraída, só isso.
- Meu nome é Jasper Whitlock.

Ele falou sem estender a mão, até mesmo porque eu não poderia
cumprimentá-lo. Novamente, maldita máscara veneziana. Em pouco tempo
eu não sentiria mais meu braço direito.
- Me chamo Cindy.

Fez-se silêncio por alguns segundos, até que o Sr. Whitlock arqueou as
sobrancelhas, sorrindo mais abertamente.

- Só isso? Cindy? Sem sobrenome?

Eu não era boa para perguntas inesperadas, e sabia que qualquer sobrenome
que falasse agora seria ou ridiculamente comum ou reveladoramente
surreal.

- Sim. Só Cindy.

- Hum... – Ele tirou uma das mãos dos bolsos e coçou a pele ao lado da
sobrancelha, como se tentasse entender o que se passava ali. – Ok, então
muito prazer, Cindy.

- Igualmente, Sr. Whitlock.

- Não, por favor. Me chame de Jasper.

- Tudo bem. Igualmente, Jasper.

- Essa é a primeira vez que vem às nossas reuniões, Cindy?

Será que estava tão na cara assim? Eu pensei que o letreiro em neon
vermelho piscando “peixe fora d´água” em minha testa fosse só impressão.
Pelo visto não.

- Sim... É a primeira vez.


- Seja bem vinda. – Ele falou, abrindo os braços discretamente, como se me
oferecesse o local. – Espero que se sinta a vontade entre nós.

- Estou ótima, obrigada.

Jasper se aproximou um passo de mim.


- Eu posso te ajudar a se ambientar.

Imediatamente, como por reflexo, minha língua passeou sobre meus lábios
e meus dentes seguraram o lábio inferior com força. Porra, definitivamente
eu devia ter me preparado melhor. Eu devia aceitar? Era obrigada a aceitar?
Ou podia escolher, dizer não? Mas então que diabos eu estaria fazendo ali?

- Boa noite.

A voz rouca ecoou pelas minhas costas. Eu fiquei paralisada, não só meu
corpo como meu cérebro, todos os pensamentos se esvaindo como suor por
meus poros, a respiração interrompida ao meio, meu coração quase audível,
batendo com força em minhas costelas.

- Edward. – Jasper respondeu, ao mesmo tempo em que o cumprimentava


com um leve aceno de cabeça.

– Boa noite.

O olhar de Jasper recaiu sobre mim, e eu podia sentir o olhar de Edward


sobre minhas costas, queimando minha pele, que eu jurava formigar aonde
seu olhar tocava. Ok, eu precisava me mover, desmaiar, sair correndo,
qualquer coisa. Ficar parada como uma estátua de cera mal acabada é que
realmente não pegava bem. Girei meu corpo lentamente, pensando
cautelosamente em cada gesto, em cada movimento. Eu nunca fora a pessoa
mais delicada e feminina do mundo – ao contrário, minha linguagem
corporal sempre denunciara meu jeito desastrado (e quase desastroso) de
ser – e esse não era o momento de agir largadamente. Por isso, idealizei
Audrey Hepburn – um símbolo de feminilidade que eu admirava desde
criança – e me forcei a ser o mais feminina, delicada - e, claro, sensual -
possível.
- Boa noite, Sr. Cullen.

Eu tinha que admitir que fosse fascinante poder observar todos os detalhes
do rosto irritantemente perfeito e másculo de Edward, por trás daquela
máscara maldita, enquanto ele via nada mais que meus olhos e meus lábios
pintados de vermelho.

Sem falar no modo em como ele ficava fodidamente sexy dentro daquele
smoking.

Por um segundo pensei em me candidatar à presidência, para decretar uma


lei – ou algo do tipo - que forçasse todos os homens do país a se vestirem
daquela maneira, todos os dias. Apesar de saber que não seria a mesma
coisa. Edward tinha um charme diferente e misterioso, e mesmo se todos se
vestissem exatamente iguais a ele, ele ainda se sobressairia.

- Infelizmente a Senhorita Cindy não poderá aceitar seu convite esta noite,
meu caro Jasper. – Edward falava com Jasper sem desviar os olhos dos
meus. – É a sua primeira vez em nossas reuniões, e eu não seria um bom
anfitrião se não fizesse as honras da casa.

Finalmente ele desviou sua atenção para Jasper, sorrindo cavalheiramente.

- Mas tenho certeza que você entende, não é mesmo?

Voltei minha cabeça para Jasper, que tinha a expressão levemente frustrada,
provavelmente triste por não ser o primeiro a degustar o novo aperitivo da
festa.

- Sim, com certeza. – Ele me olhou. – Foi um prazer, Cindy. Espero


podermos conversar melhor, na próxima vez.

“Sim, se eu sair viva dessa” – Pensei, tomando outro gole de Prosseco.

- O vestido lhe caiu como uma luva. Era a primeira vez que Edward se
dirigia a mim informalmente, sem ser com rispidez ou meias palavras.
- É verdade.

Eu não agradeci e Edward também não esboçou qualquer reação de


desagrado, caso esperasse por isso. Minha atenção foi chamada por um
homem que havia acabado de entrar pela porta. Ele estava sorrindo e era
cumprimentado pelas pessoas enquanto passava. Assim que avistou Edward
veio em nossa direção.

- Boa noite, Edward. Como estão as coisas?

- Bem, tudo como esperado, Carlisle.

O homem - Carlisle - olhava somente para Edward, era como se eu


simplesmente não existisse. Seus cabelos loiros estavam bem penteados,
sua roupa era perfeitamente moldada ao seu corpo e ele usava um perfume
que eu desconhecia, com um odor delicioso.

- Ótimo. Vamos para um lugar reservado, preciso falar com você.

- Sim, claro. – Edward virou-se para mim. – Até mais tarde.

Eu assenti, muda. Mais uma vez em um curto espaço de tempo eu me


encontrava sozinha e perdida em meio aquelas pessoas misteriosas e – por
quê não dizer – assustadoras.

Que raio de lugar era aquele? Será que pertencia aos Cullen também? Será
que era ali que o crime havia acontecido? O que aquela gente toda tinha em
comum? Eu pisquei com força, forçando desanuviar minha mente daqueles
pensamentos, que em nada poderiam me ajudar na atual conjuntura. Para
ajudar o processo decidi beber mais uma taça de Prosseco, sendo que eu
nem havia percebido que havia acabado com a primeira – será que meu
copo estava furado?

Os minutos foram se passando e eu estava ficando cada vez mais tensa.


Podia sentir os olhares curiosos sobre mim, em parceria com os olhares
raivosos de algumas mulheres que deviam estar se indagando sobre quem
eu era e como eu havia chegado até ali. Percebi também, que a medida em
que o tempo passava, o número de pessoas diminuía; primeiramente algo
imperceptível, até que a sala ficou notavelmente mais vazia do que quando
eu havia chegado.

- Venha comigo. Edward havia se aproximado sorrateira e silenciosamente


por trás de mim, que estava encostada em um batente de porta observando o
local.

Mais uma vez quase morri engasgada com a minha própria saliva, e só não
deixei a máscara cair porque, aquela altura, ela já fazia parte de mim. Ele
passou o braço por minha cintura, me mantendo rente a seu corpo, a mão
pousada em meu quadril, e começamos a caminhar para fora da sala.
Começamos a subir a escada e a cada degrau era como se meu coração
fosse fugir pela minha boca. Mordi o lábio inferior com força e me
concentrei em olhar para baixo e não tropeçar no vestido – aquela máscara
definitivamente não era nada prática – e quem sabe assim tentar acalmar
minha respiração, que estava quase entregando meu desespero.

Nós paramos em frente a uma porta de madeira escura, que Edward abriu
sem bater, e no momento seguinte estávamos lá dentro. Eu parecia que
havia ultrapassado algum tipo de portal para outra dimensão.

O quarto não tinha absolutamente nada a ver com o resto da casa, um


palacete de estilo colonial. O chão estava revestido de um carpete cor de
uva, macio sob meus pés, o salto da sandália praticamente afundando
enquanto eu andava. Os móveis eram claros e anatômicos; as paredes eram
escuras e a única iluminação era uma fraca luz atrás da cabeceira da cama.

Ele parou ao meu lado, retirando a gravata borboleta.

- O- onde fica o toillet?

Fechei os olhos com raiva quando gaguejei. Edward segurou meu ante-
braço e eu soube que havia arregalado os olhos até o limite e que minha
boca estava aberta.
- Você já pode livrar-se da máscara, Cindy.

Eu demorei um pouco até absorver o que ele disse. Isso porque a única
coisa em que conseguia pensar era em como minha pele formigava sob a
mão dele, em como os pelos do meu braço haviam se arrepiado ao seu
toque e em quanto minha calcinha havia ficado molhada ao sentir sua pele
junto à minha. Ele percebeu que eu estava paralisada, então forçou meu
braço para baixo, abaixando ele mesmo minha máscara. Minha respiração
começou a sair entrecortada, dedurando meu estado. Meu braço estava
caído ao lado do meu corpo, a mão de Edward ainda em volta de meu
pulso.

- O banheiro é a sua esquerda.

- Oh... Eu... Eu vou... – Falei enquanto apontava o lugar que ele havia me
indicado e sai, quase tropeçando em minhas próprias pernas, que haviam
virado pudim de uma hora para outra.

Praticamente corri até o banheiro, a porta escapando das minhas mãos e


batendo com força.

- Merda!

Eu joguei a máscara sobre a bancada do banheiro e me olhei no espelho.

- Ótimo, está satisfeita? – Perguntei, me encarando no espelho.

“Ainda não... Mas algo me diz que logo esse problema será resolvido.”

- Argh. - Bufei baixo, enquanto abria a torneia e colocava meus pulsos sob
a água fria. - Era só o que me faltava, terem me dado um Prosseco batizado
para eu ter alucinações.

Voltei a olhar o espelho, desconfiada. Só podiam ser alucinações, né?


Respirei fundo e fechei os olhos. Me concentrei em minha respiração, na
forma como o ar entrava e saia de meu organismo, e aos poucos pude sentir
as batidas de meu coração se normalizando. Quando voltei a encontrar
minha imagem, eu já estava recomposta, na medida do possível.

- Não é nada demais... - Falei baixo para mim mesma. - Isso teria que
acabar acontecendo, uma hora ou outra.

Inspirei profundamente mais uma vez e saí. Edward estava de costas para
mim, no outro lado do quarto, aparentemente preparando uma dose de
bebida.

- Você aceita beber alguma coisa? - Ele perguntou sem se virar.

- Não, obrigada. - Não sabia se havia sido drogada ou não, mas não ia pagar
pra ver, nem abusar da sorte.

Parei perto da parede e cruzei os braços, analisando com calma o ambiente.


Analisando com calma as atitudes de Edward. Ele parecia calmo e sereno.
Levou o copo a boca, o músculo de sua garganta se movendo enquanto o
líquido penetrava seu corpo, uma menção de careta surgindo em sua face.
Seu maxilar era bem demarcado, e isso aparecia ainda mais assim, com ele
de perfil. Ele apoiou o copo sobre a mesa e meu corpo estremeceu com o
barulho. Definitivamente eu estava com os nervos à flor da pele.

Ele se virou e veio até mim. Os olhos dele começaram pelos meus pés e
foram subindo lentamente enquanto ele andava, uma das mãos no bolso e
outra passeando desleixadamente sobre os cabelos. Edward parou a menos
de trinta centímetros de distância, e eu instintivamente dei um passo para
trás, minhas costas se chocando contra a parede. Ele apoiou as duas mãos
na parede atrás de mim – minha cabeça ficou entre seus braços – e
aproximou o rosto do meu. Sua bochecha estava grudada na minha, a barba
malfeita me causando arrepios. Imediatamente senti minha respiração se
acelerar e minhas têmporas latejarem. Mas não era essa pulsação que mais
me deixava maluca. Esfreguei inconscientemente minhas coxas uma na
outra, tentando amenizar meu desespero. Edward tocou meu pescoço com
seus lábios, e literalmente eu quase me curvei, meu corpo tendo um
espasmo, minhas mãos sobre meu estômago. Ele segurou os cabelos na
altura da minha nuca e levantou meu rosto. Nossos olhos se encontraram e
ele fechou levemente as pálpebras, os cílios longos escondendo o verde
intenso e febril.

- Você causa um frisson inexplicável nos homens. Todos naquela sala me


perguntaram sobre você... Queriam experimentar você.

Eu não falei nada, apenas continuei me perdendo na imensidão verde dos


olhos de Edward.

- Mas não tinha cabimento que outra pessoa iniciasse você em nossas
reuniões... Afinal, se eu a convidei, eu a inicio.

Os lábios dele roçavam minha pele, agora muito próximos aos meus
próprios lábios. Senti minha boca abrir-se levemente, desejando avidamente
que ele a tomasse. Para meu total desespero, Edward passou direto por
minha boca, indo direto para o outro lado do meu rosto.

Eu gemi, realmente protestando pelo que ele fez.

- Eu não vou beijar você... - Ele falou junto ao meu ouvido, os dedos em
minha nuca acariciando meu couro cabeludo, que já estava dormente. - Mas
eu vou te comer de uma maneira tão deliciosa, que você vai viver o resto
dos seus dias implorando por mais.

Ok, eu estava fodida. E isso porquê ele nem havia começado a me foder de
verdade.

- Vira de costas.

As palavras saíram como uma ordem. Eu fechei os olhos e obedeci, me


virando de costas, meu corpo completamente colado à parede. As mãos de
Edward passaram por todo o meu corpo enquanto ele descia atrás de mim –
pelos meus quadris, minhas coxas, meus joelhos. Eu amaldiçoei em
pensamento aquele vestido longo, que me impedia de sentir o contato direto
com sua pele.

- Abre as pernas, Cindy.


Apertei meus olhos. Eles estavam fechados com tanta força que eu podia
ver pintas brancas por trás de minhas pálpebras. Mais uma vez, eu obedeci,
afastando meus pés ligeiramente.

- Você pode fazer melhor. A voz de Edward soava impassível, e o fato de


não saber o que se passava em sua cabeça me deixava ainda mais nervosa –
e excitada. Afastei mais um pouco minhas pernas, quase tanto quanto o
vestido longo me permitia. Senti as mãos de Edward tocaram
simultaneamente meus calcanhares. Elas foram subindo lentamente,
trazendo para cima meu vestido, a medida em que percorria meu corpo. Eu
podia sentir todos os meus poros arrepiados sob suas mãos quentes.

- Você está nervosa? – Ele perguntou, mas pude sentir que era uma
pergunta retórica. – Até parece que nunca fez isso antes.

“Não, na verdade eu sou virgem, nunca quis dar para meu namorado de
infância e agora estou aqui, quase implorando para ser comida por um
maníaco assassino.”

Ele aumentou a pressão contra meus músculos quando alcançou minhas


coxas. Eu sabia que ele ainda estava ajoelhado, não só porque sua voz
vinha daquela direção, mas também porque sua respiração pesada batia de
encontro com a minha pele, naquela altura. Edward acabou de levantar meu
vestido até a minha cintura. Agora a respiração dele batia diretamente
contra minha bunda e eu pude sentir minhas bochechas ardendo. Ele subiu
as mãos espalmadas pela parte de traz da minha coxa, e ambas
ultrapassaram juntas a polpa da minha bunda, alcançando minha calcinha
preta. Eu respirava com tanta força, tentando ao máximo me manter firme,
que meu corpo inteiro se sacudia ao meu gesto. Edward então colou os
lábios em minha pele, e eu literalmente estremeci levemente à isso. Os
lábios dele se abriram ligeiramente e ele começou a me beijar, um beijo
molhado e com a boca entreaberta, em diversos pontos diferentes, parando
sempre quando se aproximava da minha calcinha. Eu estava tão molhada
que poderia jurar que a qualquer segundo meu tesão começaria a escorrer
por minhas pernas. Ele continuava me beijando quando uma de suas mãos
começou a percorrer a parte interna de minha coxa. Seus dedos iam quase
até o meu centro e voltavam, e a cada nova investida eu rezava
silenciosamente para que ele tocasse em mim no ponto em que meu corpo
mais necessitava. Ele parou de me beijar e eu senti que ele se levantava.
Menos de um segundo depois ele já estava ereto e havia encostado seu
corpo ao meu, minha bunda completamente colada nele, e eu podia sentir
nitidamente seu pau contra meu corpo, duro e pelando, mesmo sob suas
calças.

Edward levou sua mão esquerda até meu seio. Meus mamilos estavam
duros como pedra aquela altura do campeonato. Ele puxou meu decote para
o lado, meu seio ficando livre por apenas um momento antes que sua mão
grande envolvesse toda a minha carne, que pareceu se encaixar
perfeitamente à seus dedos. Eu ainda estava agradecendo mentalmente por
aquela sensação maravilhosa quando a outra mão de Edward escorregou
pela minha cintura, passando por cima do osso de meu quadril, e
sorrateiramente encontrou minha calcinha, bem acima do meu ventre. Eu
empinei a bunda, rebolando inconscientemente. Seus dedos estavam quase
me tocando aonde eu ansiava, mas propositalmente ainda faltava um espaço
curto, e eu não podia mais esperar. Edward movimentou o quadril, contra o
meu e junto comigo. Eu senti algo melado sobre minha nádega, e então me
toquei que era seu pré gozo, teimando em se revelar. Ok, eu estava maluca.
Mas ele também, e minha pele marcada era uma prova irrefutável disso. Os
dedos longos desceram lentamente sobre minha calcinha. Sua mão esquerda
continuava massageando meu seio, beliscando meu mamilo, e quando seus
dedos alcançaram meu músculo latejante ele me apertou contra seu corpo e
me manteve imóvel. Uma respiração pesada escapou entre meus lábios.
Num movimento impensado fechei minhas pernas, a mão de Edward
ficando presa entre minhas coxas, a pressão sobre meu clitóris aumentando
um pouco, ainda insuficiente. Edward tentou movimentar os dedos – uma
tarefa quase impossível naquela posição em que eu o colocara – e meu
corpo ficou dividido entre lhe ceder espaço ou continuar sentindo meu
músculo latejar contra os seus dedos.

- Eu estou adorando sentir você pulsando e se contraindo contra mim,


Cindy... – Ele falou entre meus cabelos, a cada palavra seu hálito me
deixando quase tonta. – ...Mas tenho que admitir que seria muito, muito
melhor, poder sentir isso sem esse tecido entre nós.
Ficou claro que ele se referia a minha calcinha, e eu ansiava tanto por
livrar-me dela que aquelas palavras pareceram mágicas, como “Alakazam”
ou “Abracadabra”. Assim que eu afastei minhas pernas os dedos de Edward
invadiram o tecido. Eu joguei minha cabeça para trás e ela caiu em seu
ombro. Os dedos de Edward percorreram toda a minha extensão, como se
estivessem fazendo uma inspeção no território, até que finalmente sua mão
parou. Pude sentir nitidamente quando ele afastou meus lábios com o
indicador e acariciou minha entrada, medindo o tamanho do meu desejo.
Então ele enfiou vagarosamente o dedo indicador, gemendo baixo em meu
ouvido no trajeto.

- Você está encharcada... E é tão apertada...

Uma de minhas mãos segurou sua nuca, meu inconsciente dizendo que
queria manter a boca de Edward perto da minha, quando na verdade queria
mesmo mantê-la colada à minha. O seu dedão se movia em círculos sobre
meu músculo, e Edward enfiou o dedo do meio, imitando o indicador.

- Porra...

Mais uma vez meu quadril começou a se mover. Era como se eu


simplesmente não tivesse mais controle algum sobre meu corpo, como se
todas as minhas células existissem apenas para servirem à ele. Ele soltou
meu seio e eu senti sua mão contra minha bunda. Ouvi o barulho de seu
zíper se abrindo e logo em seguida senti a quentura de sua carne tocando
minha pele, o líquido que teimava em sair de seu pau muito mais
abundante.

Sem pensar tirei a outra mão da parede e segurei seu pau. Era grande e
estava duro feito rocha, pulsando entre meus dedos. Comecei a massageá-lo
lentamente, enquanto sentia meu corpo se entregando cada vez mais,
literalmente desfalecendo sob os dedos mágicos daquele homem. Quando
eu percebi que meu corpo estava quase chegando ao clímax total, parei de
massageá-lo e apertei seu membro com força, involuntariamente, apenas
aguardando o momento pelo qual meu corpo ansiava, tenho que admitir, há
algum tempo. Então inesperadamente abriu o zíper às minhas costas e se
afastou por completo de mim, o vestido voltando a quase tocar no chão.

- Mas que porr...? - Resmunguei enquanto me virava, ciente de que meu


desespero havia transtornado minha expressão.

- Ainda não.

Ainda não? Ainda NÃO?

Se esse filho da puta fez isso com a garota antes de matá-la, além de
assassino ele é um sádico escroto.

- Deita na cama. Nua.

Ele falou enquanto se virava, desabotoando a camisa. Por um segundo


minha vontade foi de mandá-lo à puta que pariu, à merda, pra casa do
cacete. Mas percebi que não podia. Primeiro, porque estava sozinha com
ele naquele quarto, num palacete que eu não fazia a menor idéia de onde
ficava. Segundo, porque essa aproximação era a maneira mais provável – e
mais perigosa - de tentar provar a inocência de Chase. E terceiro... Bem,
terceiro porque meu corpo necessitava que ele acabasse o que havia
começado. Eu deixei meu vestido escorregar por meus ombros e cair aos
meus pés. Lentamente tirei um pé, depois outro, e me livrei de minhas
calcinhas, que à essa altura não serviam nem como pano de chão.

Resolvi deixar a sandália.

Caminhei lentamente até a cama, rezando para que ele não virasse para trás
e percebesse que eu era um misto de excitação e medo. Medo dele me
machucar. Medo de doer. Medo de gostar. Ele se virou quando eu já estava
a um passo da cama. Seus olhos desceram pelo meu corpo nu, analisando
cada centímetro com presteza. Edward umedeceu os lábios com a língua,
salivando involuntariamente, e levou sua mão ao seu pau, começando a se
tocar de uma forma tremendamente sedutora. Eu me deitei na cama de
frente para ele, apoiada em meus cotovelos. Edward me encarava. Ele
também estava completamente nu agora, e foi a minha vez de analisá-lo
com calma. Ele era alto e esguio. Os músculos firmes sobressaíam em um
corpo sem gordura aparente. Sua pele clara era salpicada por algumas
pintas esporádicas, um charme à parte. E seu pau... Porra, era enorme. Ele
se massageava olhando sedento para mim. Sua mão ia profissionalmente da
base até a ponta, torcendo levemente antes de voltar e recomeçar. Uma ruga
se formou entre seus olhos, vincando profundamente sua testa. Mais uma
vez o latejar do músculo entre minhas pernas era insuportável, quase uma
dor aguda, uma forma de demonstrar que não aguentava mais aquela
tortura.

- Abre as pernas pra mim.

Eu obedeci mais prontamente que nunca. Sem pensar, levei minha mão até
meu clitóris e acariciei a área pulsante, uma onda leve de espasmos
percorrendo meu corpo. Minha outra mão procurou por meu seio, e eu
apertei meu próprio mamilo enquanto fechava os olhos. Imediatamente a
imagem de Edward surgiu em minha mente e eu arqueei as costas, enfiando
dois dedos em minha entrada, um gemido rouco escapando entre meus
lábios.

Mais uma vez estava quase gozando quando Edward segurou minha mão.
Eu abri os olhos e a cabeça dele estava entre minhas pernas. O olhar dele
era uma fenda misteriosa. Ele puxou minha mão delicadamente e levou
meus dedos a boca, sugando vagarosamente sem desviar os olhos dos meus.
Quando acabou, não havia mais nenhum vestígio meu ali.

- Você é realmente gostosa.

Eu me deixei cair na cama, tapando os olhos com o braço. Será que era
possível alguém desmaiar de prazer? Começava a acreditar que sim.

Ele beijou minha virilha e eu movi meu quadril, forçando-o a chegar logo
onde eu precisava, em prol de minha sanidade mental. Edward lambeu
vagarosamente meu músculo. Abriu meus lábios com uma das mãos e sua
lingua penetrou em minha entrada sorrateiramente, úmida e quente. Envolvi
seu pescoço com as minhas pernas e segurei seus cabelos entre meus dedos.
Queria me assegurar de que ele não sairia dali. Mas é claro que não era eu
quem mandava naquele momento. Edward era claramente o dono da
situação – não que eu me incomodasse com isso, ao contrário – e num
movimento rápido ele girou nossos corpos e eu estava deitada sobre ele,
sobre o colchão macio.

- Chupa meu pau. Eu hesitei por um segundo.


Ele não estava usando camisinha, e isso não era seguro. Então me lembrei
de onde eu estava e com quem eu estava. Negar provavelmente seria mais
perigoso ainda. E, convenhamos, eu ansiava sentir o gosto que emanava
dele. Engatinhei sobre suas pernas e parei perto de seu quadril. Segurei seu
pau e passeei a língua pela fenda de sua cabeça, vagarosamente. Edward
gemeu e eu sorri. Como eu havia imaginado, o sabor era espetacular e
delicioso. Lambi os lábios, e em seguida enfiei toda a extensão em minha
boca, sugando na saída. Mordi a cabeça de leve e assoprei. Outro gemido.
Repeti esses movimentos mais algumas vezes, e a cada nova investida
podia sentir o pau de Edward latejar mais e mais, seu tesão aumentando
gradativamente.

Quando eu senti seu músculo se contrair sobre minha língua ele segurou
meus cabelos e me impediu de continuar.

- Deita na cama.

Mordi o lábio inferior e engoli em seco. Deitei sobre o lençol de seda


branco, enquanto Edward se levantava e pegava algo – que eu notei ser uma
camisinha – na mesinha ao lado. Ele colocou rapidamente – questão de
prática, imagino – e voltou para a cama. Ele se deitou sobre mim. O peso de
seu corpo era agradável sobre o meu, seu pau quente entre minhas pernas,
latejando no mesmo ritmo de meu músculo, ansiando por mim tanto quanto
eu ansiava por ele. Os olhos dele me engoliam. O cabelo caia
desleixadamente sobre sua testa, uma fina camada de suor se formando ali,
apesar do ar condicionado no máximo. Eu estava com tanta vontade de
beijá-lo, de experimentar a textura de sua língua e o ritmo do seu beijo, que
sentia um grito se formar em minha garganta.

Merda.
Senti a mão de Edward entre minhas pernas, segurando seu pau e guiando-o
até minha entrada. Ele parou, a cabeça posicionada, definitivamente
querendo que eu desfalecesse em seus braços. Senti meu músculo se
contrair na expectativa de tê-lo dentro de mim, experimentando essa
sensação pela primeira vez. Ele forçou a entrada, e no mesmo instante uma
dor se misturou à excitação. Meus músculos se enrijeceram e eu fechei os
olhos. Ele parou e ficou imóvel. Então mais uma vez ele investiu contra
meu corpo, devagar. Seu pau – desproporcional ao meu tamanho – entrou
mais um pouco, ainda com dificuldade, apesar de eu estar completamente
molhada e da lubrificação artificial da camisinha.

Abri os olhos e o olhar dele era de dúvida, o vinco em sua testa profundo
demais.

- Cindy? Você é... virgem?

Eu parei de respirar. Abri meus lábios e ia negar, era patético demais aquela
altura do campeonato, mas acabei assentindo silenciosamente com a
cabeça.

Edward permaneceu imóvel por um tempo que não consegui determinar.


Então ele levou a mão novamente até seu pau. Senti a cabeça sair de dentro
de mim e em seguida as mãos de Edward estavam envolvendo minha
cabeça, segurando meus cabelos enquanto ele se apoiava nos cotovelos.
Ainda havia dúvida no olhar dele, mas dessa vez havia algo mais, que eu
não consegui decifrar. Para minha total surpresa e felicidade ele se inclinou
lentamente e seus lábios tocaram os meus. Eu abri minha boca e nossas
línguas se encontraram, primeiro timidamente, se conhecendo, e em pouco
tempo o beijo tornou-se feroz, sedento... Faminto. Quando meus pulmões já
reclamavam pela falta de oxigênio, Edward desvencilhou-se de mim, mas
não foi longe. Seus lábios continuaram colados aos meus, o olhar
penetrante. Senti seu quadril se mover contra o meu, e mais uma vez a
cabeça de seu pau estava em minha entrada.

Quente. Pulsante. Nua.

Edward havia tirado a camisinha que nos separava.


Sentir sua pele fez com que minha excitação – já em estado de miséria –
crescesse ainda mais, e eu senti minha lubrificação aumentando. Ele
investiu com o quadril mais uma vez, e dessa vez seu pau entrou quase por
inteiro. Eu fechei os olhos.

- Está doendo?

Porra, não, não estava. Estava perfeito, pura e simplesmente. Neguei com a
cabeça.

Mais uma vez o quadril dele se chocou contra o meu. Senti meu músculo se
abrindo, lhe dando passagem, voltando a se fechar imediatamente sobre ele,
num abraço aconchegante.

- Caralho... - Ele falou afundando a cabeça na curva de meu pescoço.

- Você... Porra...

Eu levantei meu quadril ligeiramente. Definitivamente meu organismo não


conseguia mais esperar um segundo sequer, eu estava a ponto de ebulição,
estava realmente explodindo. Abracei seu corpo com minhas pernas,
entrelaçando meus pés em suas costas, e gozei deliciosa e violentamente,
fruto de tantas vezes frustradas naquela noite.

Edward me beijou enquanto eu gemia baixo e eu podia sentir que ele


estava maluco para despejar seu tesão em mim também. Quando meu corpo
amoleceu e minhas pernas voltaram para a cama Edward retirou seu pau
dentro de mim. Ele se acariciava freneticamente, me olhando, e então seu
gozo quente caiu sobre meu corpo, demarcando seu território.

Ele caiu deitado ao meu lado da cama. Nossas respirações estavam


ofegantes e descompassadas. Não falamos nada, até que de repente ele se
sentou na cama, de costas para mim. Passou a mão nos cabelos e se
levantou.

- Bem vinda ao clube, Cindy.


Ele foi para o banheiro e fechou a porta, o silêncio tomando conta do
ambiente.

Minha respiração ainda não estava em seu ritmo normal, minha pele
formigava onde minha pele havia sido demarcada por seu gozo, meu
músculo ainda latejava levemente e minha fenda ardia consideravelmente, e
a única coisa em que eu conseguia pensar era em por quê diabos ele não
havia gozado dentro de mim. A resposta era óbvia: ele era milionário, jovem
e solteiro, e a última coisa que lhe interessava era que uma putinha
qualquer engravidasse, interessada numa mesada vitalícia. Virei de lado e
puxei o lençol sobre meu corpo. Foi agradável a sensação do tecido leve e
gelado contra minha pele quente. Bateram na porta e Edward saiu do
banheiro.

- Deixa que eu abro.

Me sentei na cama, tapando meu corpo com o lençol, a outra mão


arrumando instintivamente meus cabelos.

- Obrigada, por enquanto é só.

Edward havia aberto apenas uma brecha da porta. Senti minha boca encher-
se de água e minha língua passear por meus lábios, sedenta, apenas por
observar a imagem de seu corpo nu de costas. Puta merda, que bunda era
aquela? Edward fechou a porta e se virou. Carregava um balde de gelo em
uma das mãos, contendo duas garrafas, e um recipiente com morangos na
outra. Mas o que era mais chamativo e atraente no conjunto era seu pau,
livre e ainda duro, apontando para mim. Mordi o lábio inferior. Sem falar
nada, e enquanto Edward colocava tudo sobre o aparador, eu me levantei e
fui ao banheiro, ainda enrolada no lençol.

Dei uma olhada para trás antes de fechar a porta. Havia apenas duas gotas
de sangue sobre o lençol de seda branco e amarrotado. Pendurei o lençol no
gancho atrás da porta e entrei no box. Eu ainda ardia um pouco, mas a
pulsação em meu clitóris havia passado, meu corpo sentindo falta da
sensação prazerosa. Passei a mão pela parte interna das minhas coxas e
havia mais um pouco de sangue ali. Um suspiro fundo saiu de minhas
narinas. Agora eu oficialmente não era mais virgem. Pensei em Jacob. Em
como eu havia imaginado tantas e tantas vezes aquele momento, as vezes
em um cenário romântico, às vezes em um momento de excitação
desesperada, mas sempre com ele. E em como havia sido infinitamente
melhor. Abri o chuveiro e deixei a água quente lavar meu corpo,
massageando minha pele e relaxando meus músculos, ao mesmo tempo em
que sentia - frustrada - o cheiro de Edward me abandonando.
Capítulo VI - Pega de surpresa

Depois de um tempo acabei e me enrolei na toalha felpuda. O espelho


estava embaçado, assim como o banheiro. Passei a escova por meus cabelos
molhados e saí, meu corpo se arrepiando imediatamente em contraste com
o ambiente frio com ar condicionado.

Edward estava sentado na beira da cama, fumando um cigarro, os olhos


fechados enquanto tragava com força. Inspirei fundo o cheiro do tabaco -
eu havia parado de fumar há pouco tempo, mas vira e mexe recaía,
principalmente quando havia bebida alcóolica envolvida no meio.

Ele me encarou, soltando a fumaça e passando a mão pelos cabelos, agora


mais sexys do que nunca, pois haviam sido bagunçados por meus dedos.
Sem falar nada se levantou e me estendeu uma taça de Champagne,
facilmente detectável pelo modo singular em que o líquido borbulhava
contra o cristal. Aceitei, sorvendo um longo gole em seguida.

Edward me estendeu o recipiente e eu peguei um morango, fechando os


olhos assim que o gosto doce da fruta misturou-se ao gosto amargo da
bebida.

- Qual o seu nome?

Engasguei e tapei a boca com a mão. Quando finalmente consegui engolir,


abri os olhos, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

- Co-como assim? Você sabe meu nome.

Edward sorriu de lado, sem mostrar os dentes, balançando a cabeça


negativamente enquanto tragava mais uma vez, a última antes de apagar o
cigarro.
- Sim, você se chama Cindy. Mas eu me referia ao seu outro nome. O
verdadeiro.

Mas que porra. O que eu deveria dizer? Me chamo Isabella Swan? Sou
irmã de Chase, que costumava ser seu amigo e de repente não passa de um
“laranja” para crimes hediondos?

- Tudo bem... - Edward respondeu antes que eu decidisse que mentira


inventar. - Na verdade, é melhor assim.

Bebi mais um gole de Champagne e agradeci mentalmente que a bebida já


estivesse começando a surtir o efeito esperado. Meu coração batia
consideravelmente mais depressa, meus reflexos estavam minimamente
mais lentos e meus sentidos ficavam cada vez mais aflorados.

Creio eu que exatamente por isso o cheio almiscarado que emanava de


Edward, misturado com o suave aroma de tabaco de seu hálito, estava
realmente me deixando maluca. Eu precisava de mais dele. A bem da
verdade, acho que nem se ele me comesse a noite inteira em ficaria
totalmente saciada.

- Melhor assim? - Perguntei, mal reconhecendo minha própria voz, num


tom bem mais instigante que o normal. Era a voz da Cindy, com certeza. -
Por quê?

Ele se aproximou um passo e eu fechei os olhos. Seu rosto se inclinou em


minha direção, sua boca parando rente a minha testa, o cheiro ainda mais
forte naquela proximidade.

- É engraçado... Nós nos parecemos em muitas maneiras.

Umedeci os lábios com minha língua e inclinei a cabeça, encostando em


sua boca.

- Hum... E em quais seriam?


- Eu não quero nada que possa parecer mais sério que uma foda ocasional, e
ao que parece, pela sua profissão... Você também não. Os dedos de Edward
passeavam pela lateral da minha coxa e alcançaram a borda da toalha,
subindo ligeiramente. - Meu corpo reage ao seu antes que meu cérebro
consiga impedir e, ao que parece... - Sua mão entrou pela toalha, seguindo
para meu sexo, e percorreu minha entrada, apenas tendo certeza antes de
continuar. - A recíproca é verdadeira.

- Hummm... - Rebolei ligeiramente em sua mão, pedindo que ele se


mexesse, e não apenas ficasse parado sobre mim.

- E parece que você tem medo de mim.

Abri os olhos, esperando que ele completasse.

- E, tenho que confessar... - Seu indicador me penetrou lentamente,


enquanto seu dedão dava atenção ao meu músculo pulsante. - Que eu
também tenho medo de mim, muitas vezes.

Meus joelhos se dobraram ligeiramente à esse gesto. Engoli em seco e


pensei em algo para dizer, que não fosse: “Você sabe como deixar uma
mulher maluca, Sr. Cullen, me come novamente, por favor?”

- Você não vai me acompanhar?

Perguntei, indicando a taça para ele, que chegou o corpo para trás apenas o
suficiente para me olhar. Ele sorriu, pegou a garrafa e encheu meu copo,
sua mão abandonando meu corpo por esse motivo.

- Sim... Vou. Deita na cama, Cindy.

Continuei sustentando seu olhar por alguns segundos, e Edward


permaneceu impassível. Sorvi outro longo gole de Champagne– o líquido
agora não me parecendo mais tão amargo – e me deitei na cama, apoiada
em meus cotovelos.
Edward pegou uma garrafa e bebeu um gole diretamente do gargalo.
Aproximou-se da cama, ficando de joelhos no colchão, e abriu minhas
pernas com sua coxa, se entrelaçando ao meu corpo. Levantou a garrafa no
ar, sobre meu corpo, na altura de minha barriga. O liquido correu pela boca
e caiu em meu umbigo, enchendo minha carne e me causando arrepios.
Então ele se inclinou sobre mim e sugou o Champagne vagarosamente, sua
língua tratando de limpar qualquer vestígio de minha pele.

- Meu... Deus... - Gemi baixo, jogando a cabeça para trás, meus olhos
fechados.

- Esse Champagne é maravilhoso... - Ele falava com a boca contra minha


pele, beijando nos intervalos. - Mas misturado ao seu sabor... Ele é um licor
dos deuses.

Ergui a cabeça e vi que Edward levantava a garrafa novamente, mais uma


vez despejando um pouco do Champagne, dessa vez em meu sexo.

Puta que pariu, o homem queria mesmo me matar. Foda-se, pelo menos eu
iria morrer feliz.

A sensação da bebida gelada e borbulhante em encontro com meu clitóris,


que nessa altura estava quase entrando em ebulição, foi simplesmente
alucinante. Arqueei minhas costas, agarrando com força o lençol,
levantando meu quadril na direção de Edward.

- Diz pra mim o que você quer... - Edward falou enquanto beijava minha
virilha, dos dois lados, negligenciando o ponto que berrava por ele.

- Edw-ard... - Movimentei meu quadril, o líquido escorrendo por minha


fenda, chegando até minha bunda. - Me chupa...

Sua língua encostou em meu centro, vagarosamente trabalhando em


círculos, para em seguida penetrar em minha entrada e sugar o Champagne
que havia se acumulado ali.

- Deliciosa...
Segurei seus cabelos e apertei seu rosto junto a mim. Comecei a sentir a
pulsação aumentar, e tudo ao meu redor ficou turvo.

- Assim... Edward, assim...


- Goza na minha boca, Cin...

Toc. Toc. Toc.

Ah, NÃO! Tomar no cú, muita sacanagem!

Apertei minhas mãos em seus cabelos, o forçando a continuar. Graças a


Deus ele me obedeceu, parecia tão tentado em vivenciar aquilo quanto eu.

Toc. Toc. Toc.

Porra, mano. Se eu comprar um circo, a porra do anão cresce, fato. Azarada


assim, nem no inferno.

- Quem é? - Edward falou com raiva, os lábios ainda colados aos meus.

- Emmett.

Meus músculos se enrijeceram e eu soltei os cabelos de Edward. Ele se


levantou, limpando a boca com a mão, deixando a garrafa sobre o móvel e
vestindo a boxer branca que jazia no chão desde que entramos ali.

- Fica aí. - Falou para mim, que inconscientemente tratei de envolver meu
corpo no lençol.

Edward abriu a porta – novamente apenas uma brecha.

- E então? - Foi Emmett quem falou, a voz abafada vindo do corredor.

- Mudança de planos.

Silêncio.
- Mudança de planos porra nenhuma. O combinado não é esse.

- Foda-se o combinado, Emmett. Eu acabei de mudar, agora.

- Edward... - Emmett estava sério, bem diferente do que eu vira mais cedo.
- Você vai sair e eu vou entrar nesse quarto, agora. Ou, se você preferir,
pode ficar aí olhando eu comer a mais nova aquisição do clube, que você
teve o prazer de iniciar. A escolha é sua.

Ok, quanto de ansiedade o corpo humano pode aguentar até perder a


consciência? Porque eu podia jurar que senti meus sentidos se esvaindo.

- E então? – Emmett quebrou o silêncio que se instaurara desde seu último


comentário. – O que vai ser?
- Um minuto. Edward entrou e fechou a porta atrás de si. Permaneceu
alguns segundos encarando o chão e enfim seus olhos encontraram os
meus, sombrios e escuros. - Você fica com Emmett agora... – Ele falou sem
emoção, meu coração começando a bater descompassadamente no mesmo
instante.
Abri a boca para falar, gritar, reclamar... Mas nem um fio de voz escapou de
minha garganta, meus pulmões lutando para puxar o oxigênio. Edward
começou a se vestir. Seus movimentos eram lentos, e me perguntei se isso
se dava porque ele queria adiar a sua saída. Então percebi o quão idiota
aquilo soava, até mesmo nos meus pensamentos.
A verdade é que ele estava se fodendo para mim. Só havia ficado irritado
por seu irmão ter interrompido sua brincadeirinha.
Senti meus olhos arderem – estava há muito tempo sem piscar, os olhos
fixos no nada, amortecendo o impacto daquela notícia. Quando voltei a
mim Edward já estava pronto, acabando de colocar sua gravata. Minha
respiração pesada era o único barulho no quarto, entregando minha
ansiedade. Ele foi até a porta em silêncio. Colocou a mão na maçaneta e
parou, a outra mão correndo por seus cabelos cor de bronze.
- Tome uma ducha... – Sua voz saiu baixa, no sentido contrário a mim. –
Mas não precisa se vestir, não se dê ao trabalho.
Sem olhar para trás Edward abriu a porta e saiu. Me levantei em um
impulso e corri para o banheiro, nua, afoita.
***

Fechei a porta e me encostei na madeira pesada. Mas que merda. E agora, o


que eu devia fazer?
Parei de respirar quando ouvi movimentos do outro lado. O som do meu
coração era realmente audível e machucava minhas costelas. Fiquei assim
por um tempo, que não consigo avaliar ter sido muito ou pouco. Então caí
em mim e me foquei na situação em que me encontrava.
Eu estava nua, meu vestido estirado no carpete escuro do outro lado da
porta. Estava nervosa e temerosa, com pânico de sair e ter que encarar mais
uma vez o desconhecido, me entregar a outro homem com quem eu não
possuia qualquer ligação emocional, na minha segunda vez. Estava
vulnerável, e não só porque era uma iniciante naquela “festa privada”, sem
saber a mínima idéia de nossa localização geográfica, como também meu
tamanho era imensamente desproporcional ao de Emmett Cullen. Ele me
mataria com um soco.
E – sim, eu havia enlouquecido, só pode – eu estava com muito tesão.
Pela primeira vez em 19 anos eu havia deixado meus hormônios atingirem
o ápice, sem interrupção. Pela primeira vez eu havia experimentado a
sensação divina de sentir meu corpo atingir o êxtase total e sem barreiras,
meu corpo se elevando à um plano superior e descendo aos poucos,
lentamente. E, quando a segunda vez ia começar, eu havia sido
interrompida. Isso, misturado à carga de adrenalina vivenciada nos últimos
instantes, resultaram em uma única coisa: meus hormônios estavam
urrando, meu corpo estava fervendo, meu ventre queimava e o músculo
entre minhas pernas latejava de forma quase violenta e enlouquecedora.
Sem contar, claro, que Emmett Cullen era apetitosamente gostoso.
Uma música soou no quarto, abafada. Mordi o lábio com força e resolvi
me mover, antes que Emmett resolvesse perguntar o que estava
acontecendo. Pensei na possibilidade de permanecer ali. Quanto tempo
alguém poderia sobreviver sem comida?
Entrei no box pela segunda vez naquela noite e abri o chuveiro, dessa vez
deixando a água gelada bater com força sobre minha pele, numa tentativa
vã de me acalmar. Tentei me convencer de que não era nada demais; muitas
mulheres levavam a vida dessa forma, dormindo com mais de um homem
por noite todos os dias, e a verdade é que a grande maioria não eram
premiadas com dois deuses do olímpo.
Tá, onde eu queria chegar? Relaxa e goza, querida?
Lembrei de Rose, linda e séria, me encarando pelo espelho iluminado de
seu camarim, e a frase que ela disse ressurgiu em minha mente, límpida e
clara. “Você pode gostar”.
Isso não existe, ninguém pode gostar de ser utilizada dessa forma suja e
insensível.
“Que patético, Bella. Nem você mesma acredita nisso.”
Bufei para a voz de Rosalie em minha cabeça e desliguei a água. Mais
uma vez me enrolei numa toalha felpuda, mas depois de me secar acabei
optando por um roupão – branco e macio - que estava atrás da porta.
“Você escolheu entrar nesse jogo perigoso. Resolveu desafiar o perigo.
Você não é Bella, você é a Cindy. Encarne esse personagem, vá lá fora e
não seja descoberta. E tente sair daqui viva, senão tudo terá sido em vão.”
Respirei fundo e saí. Emmett estava perto do aparelho de som, de costas.
Havia tirado a parte de cima da roupa e seus músculos perfeitos estavam
relaxados, a ponta da boxer cinza surgindo sobre o cós da calça, as palavras
Calvin Klein aparecendo pela metade.
- Me sirva um copo de Whisky, por favor, Cindy. Duplo e cowboy.
Engoli em seco e me dirigi até o aparador, onde jazia a garrafa de
Champagne aberta e pela metade, que Edward deixara pouco tempo atrás,
esquentando fora do balde de gelo.

Preparei a dose – meu pai também bebia dessa forma, e aprendi a preparar
observando minha mãe fazê-lo toda sexta a noite – e permaneci parada, o
copo na mão, o líquido balançando ligeiramente em resposta ao meu
nervosismo.
Emmett se virou. O sorriso acolhedor de antes, de quando eu chegara na
mansão, não estava ali. Ele estava sério, os olhos azuis quase marinhos,
uma sobrancelha ligeiramente arqueada. Andou até mim e parou a poucos
centímetros, levando sua mão até o copo, minha mão sendo totalmente
envolta pela dele.
- Tenho que admitir que estou realmente curioso para saber o que você
tem... Não é sempre que tenho que tirar Edward quase a força de uma
convidada.
Não respondi. Engoli em seco e mordi meu lábio, com tanta força que não
duvidaria que tivesse arrancado sangue. Emmett levantou a outra mão e
segurou meu pescoço, me puxando para perto dele, aproximando sua boca
de minha orelha.
- Seu cheiro é gostoso... Assim como você. – A voz rouca causou um
arrepio intenso pelo meu corpo. – Uma pena que eu não esteja conseguindo
apreciar devidamente.
Ele estava muito próximo de mim, então. Senti um volume contra meu
ventre, sob suas calças.
“Meu deus, não pode ser ele, não po... É grande demais!”
- Tire o roupão.
Emmett tirou sua mão de meu pescoço e segurou o copo em um
movimento rápido, se afastando de mim em seguida. Vi quando ele, de
costas, levou o copo até os lábios e sorveu todo o líquido de uma vez,
descartando o recipiente de cristal sobre o aparador e levando suas mãos até
o cós de suas calças, que no momento seguinte estavam no chão.

Minha boca se abriu involuntariamente. Suas pernas eram perfeitamente


bem torneadas e sua bunda arredondada sob sua boxer cinza parecia ter sido
talhada a mão. Ele se virou, saindo das calças, que ficaram no chão. Seu
olhar sobre mim era sério, uma ruga profunda vincando sua testa, entre seus
olhos.
- Você ouviu o que eu disse, Cindy? – Sua voz soou impassível. – Mandei
tirar o roupão.
Ele não podia ser mais claro. Mandou que eu tirasse o roupão, como um
dono manda numa propriedade, como um amo ordena ao seu criado.
Baixei os olhos e me arrependi profundamente. Sua boxer cinza estava
completamente esticada, seu membro duro arregaçando o tecido sem a
menor piedade.
“Porra, isso não vai caber em mim. Não mesmo. Ele vai acabar comigo,
me destruir.”
Antes que meu cérebro percebesse, minhas mãos seguiram para o cordão
felpudo que prendia meu roupão e ele se abriu na frente, revelando parte do
meu corpo. Quase pude sentir os olhos de Emmett sobre mim; descendo
lentamente, pairando sobre meus seios... E descendo mais ainda, pairando
sobre meu sexo. Ele passou a língua pelos lábios e engoliu a saliva, um
meio sorriso surgindo em sua face pela primeira vez desde que entrara no
quarto.
- Começo a entender Edward, agora.
Ele se aproximou novamente, devagar. Meus olhos voltaram-se novamente
para o volume em sua boxer, e pude ver uma mancha escura se formar
sobre o tecido, posicionada na altura da cabeça. Sua mão invadiu meu
roupão e apertou minha bunda, numa pegada forte e decidida, enquanto a
outra abocanhou meu peito sem a menor cerimônia, grande demais para ser
preenchida por mim.
Involuntariamente fechei meus olhos e deixei que minha cabeça caísse
para trás. Emmett beijou meu pescoço, alterando com mordidas e leves
chupões, e um gemido baixo escapou por meus lábios.
- Você sabe quem eu sou? – Seus lábios se moveram sobre minha pele, seu
hálito quente contrastando com a sua saliva me deixando doida.
Minhas mãos ainda estavam caídas ao lado de meu corpo. Senti uma
vontade quase incontrolável de abraçar seu pescoço e pular em sua cintura,
enquanto libertava seu pau e deixava que ele se enterrasse em mim por
inteiro, de uma única vez.
“Se controla, Bella. Essa não é você, é um personagem, só isso.”
Então de repente Emmett deferiu um tapa em minha bunda, apertando o
local com força, em seguida.
- Você. Sabe. Quem. Eu. Sou? – Sua boca estava dentro de meu ouvido, e
ele enfiava a língua quente e úmida entre cada palavra que dizia. Imaginei
aquela língua agindo daquela mesma maneira em outro local e
imediatamente senti uma contração forte no músculo entre minhas pernas.
- Emmett... – Respondi, os olhos ainda fechados, minha cabeça se
voltando em direção ao seus lábios. – Você é Emmett Cullen.
Outro tapa, dessa vez mais forte. Mais excitante.
- Errado. Duas vezes. – Emmett tirou os lábios de meu ouvido e voltou a
descer vagarosamente por meu pescoço. – Primeiro porque, para você, eu
sou o Senhor Emmett Cullen... – Um chupão mais forte no meu pescoço me
fez gemer. Aquele ia deixar marca, com certeza. – E segundo... Porque eu
sou o homem que vai foder você a noite inteira... Que vai arregaçar essa sua
bocetinha apertada e te fazer gemer como uma porra de uma vadia,
enquanto grita meu nome. Entendeu agora?
Engoli em seco e assenti com a cabeça. Outro tapa, mais forte que nunca.
- Não ouvi, Cindy.
- Si... Sim. – Respondi, minha voz apenas um fiapo, quase inaudível aos
meus próprios ouvidos.
- Sim o quê? – Ele falou com os lábios a centímetros dos meus.
Abri os olhos. Emmett havia se inclinado para atingir aquela altura. Seus
olhos azuis eram um mar profundo e desconhecido, e ardiam com uma
chama incandescente e calorosa.
- Sim, Senhor.
Ele sorriu e voltou a se erguer. Num movimento lento abaixou a parte da
frente de sua boxer, liberando seu membro, que chegava a ser ofensivo. Ele
me indicou a direção com os olhos, as mãos na cintura. Molhei meus lábios
e me ajoelhei a sua frente, segurando a base de seu pau com uma das mãos.
Ele era quente, grosso e duro. Salivei inconscientemente.
Uma mão segurou meu cabelo. Levei a ponta de minha língua até sua
fenda e sorvi o líquido que teimava em escapar, o gosto levemente salgado
penetrando em meu organismo. Fui enfiando na boca aos poucos, minha
língua massageando sua carne pulsante. No momento em que eu abri um
pouco mais minha boca, Emmett investiu com o quadril em minha direção
e seu pau bateu forte contra a parede de minha garganta.

- Relaxa, Cindy. - Ele falou enquanto continuava a se mover. - Deixa seu


corpo se acostumar a mim... Ao meu tamanho.

Obedeci e relaxei os músculos da face. Minha mão ainda segurava a base


do pau de Emmett, e a outra foi em direção às suas bolas, massageando-as
enquanto seus quadris se moviam de encontro ao meu rosto. O pau entrava
cada vez mais fundo e com mais facilidade, minha saliva misturada ao seu
pré gozo lubrificando o movimento, enquanto ele literalmente fodia minha
boca.

Eu havia fechado os olhos e aproveitava aquele momento quando fui


repentinamente içada para cima, as mãos grandes de Emmett segurando
com força meus braços. Ele me jogou na cama, uma lufada de ar saindo de
meus pulmões quando eu cai sobre o colchão.

Emmett foi até o aparador e pegou uma camisinha que havia deixado ali.
Abriu o pacote e rolou o preservativo por toda a sua extensão, num gesto
profissional e rápido. Aproximou-se da cama e começou a bater uma
punheta lenta. Seus olhos percorriam todo o meu corpo, sem qualquer
cerimônia. Meus seios desciam e subiam em conjunto com minha
respiração agitada e eu sentia a parte interior das minhas coxas pegajosas,
pelo tesão que havia escorrido para lá.

Ele se deitou sobre mim, sua boca mais uma vez me tomando por inteiro –
meu pescoço, meu colo, meus seios – menos meus lábios. Senti seu pau
forçando minha entrada, notoriamente desproporcional ao meu tamanho e a
minha recém perdida virgindade.

Sua mão seguiu para minha fenda e seus dedos – dois? Três? - invadiram
meu corpo, movimentando-se sem a menor delicadeza, fechando-se e
literalmente arranhando meu músculo, que se contraía a cada nova
investida.

- Você... É apertada... - Emmett gemeu ao mesmo tempo em que rebolava


contra mim, em seguida sua boca engolindo meu seio, seus dentes
apertando meu mamilo enrijecido e sugando para aliviar a ardência. -
Rebola na minha mão, gostosa.

“Sim, Senhor”.

Obedeci prontamente, elevando meu quadril e aumentando a fricção contra


a mão de Emmett, cujo polegar havia começado a massagear meu clitóris
em círculos.

- Ah, fuck... - Sorri por ter conseguido roubar um gemido dele.

À essa altura eu estava com o lençol entre meus dedos e só queria sentir seu
pau me destruindo.

- Por favor... - Gemi. - Me come, eu... Eu não aguento mais... Por favor,
Senhor Emmett.

- Você quer pau? É isso?


- Si-sim... - Eu me lamuriava e meus olhos se reviravam por trás de minhas
pálpebras. - Sim, Senhor.

Numa estocada rápida e profunda, Emmett entrou por inteiro em meu


corpo. Uma dor lancinante invadiu meu ser, misturado com uma ardência
enorme e com uma onda de prazer arrebatadora. Ele saiu lentamente, e eu
literalmente pude sentir meu corpo se fechando a medida que seu pau me
abandonava. Quando a cabeça estava quase saindo ele voltou a estocar com
força, o som e nossos quadris se chocando ecoando pelo quarto.

Gemi alto e mais uma vez Emmett começou a retirar. Cravei as unhas em
suas costas, puxando para as laterais, sem me importar se o estava
machucando ou não. Ele gemeu. Aparentemente, de prazer.

- Você... Gosta... Assim... Não é? - As palavras saíam de acordo com suas


estocadas, cada vez mais intensas e mais profundas.

- Siiiiim...

Porra, sim, eu gostava. Muito. Perigosamente demais.

Emmett enfiou tudo novamente, com violência, e permaneceu imóvel,


totalmente envolto por meu corpo. Rebolou seu quadril, seu pau imenso
raspando as paredes internas de meu corpo, e um espasmo alucinante me
tomou, meu corpo todo tremendo sobre o dele, apertando ainda mais seu
pau.

- Isso, vadia... - Ele gemeu sem parar de rebolar sobre e dentro de mim. -
Goza gostoso no meu pau e grita meu nome.

- Emm.. Ah porra Senhor Emmeeett!

Emmett soltou um tapa forte na lateral de minha coxa e sem maiores avisos
se desvencilhou de mim, sem que meu corpo tivesse acabado de se deliciar
com o orgasmo que ele havia me proporcionado. Foi até o aparador e pegou
algo que eu não consegui identificar.
- Fecha os olhos, Cindy.

Mais uma vez naquela noite obedeci às suas ordens – com um prazer quase
submisso . Senti sua mão – gelada? - subir por minha perna e parar em
minha entrada, afastando os lábios e deixando meu sexo exposto. Meu
corpo estremeceu ainda mais violentamente quando Emmett introduziu uma
pedra de gelo em minha fenda, a água derretendo em contato com meu sexo
que fervia.

Arqueei minhas costas e literalmente gritei. Porra, era tão, tão... Gostoso.
Não satisfeito, Emmett encostou a boca e começou a me lamber e sugar e
morder, de acordo com sua vontade. Pela terceira vez naquela noite eu
gozei, um orgasmo forte e corrosivo.

Emmett levantou a cabeça assim que acabou de chupar e lamber todo o


meu tesão.

- Você já beijou uma mulher, Cindy?

Minha língua percorreu meus lábios, ainda com o gosto de Emmett.

Balancei a cabeça silenciosamente em negação. Emmett arqueou uma


sobrancelha.

- Não, Senhor.

Segurando firmemente meus calcanhares, ele me puxou e colou sua boca na


minha, finalmente.

- Então sente o gosto divino que uma boceta exala, Cindy. A sua então... É
magnífica.

Ele invadiu minha boca e o gosto me preencheu por inteiro. Aquele simples
gesto me fez quase gozar novamente, uma outra enxurrada descendo por
meu sexo.
Ainda dominando meus lábios, Emmett voltou a me penetrar. Novamente
várias estocadas fortes e profundas, seu pau tocando um ponto longínquo
dentro do meu corpo.

- Caralho, Cindy...

Senti Emmett estremecer enquanto abraçava minha cintura com força,


quase me impedindo de respirar. Mais uma vez cravei minhas unhas em
seus músculos perfeitos, dessa vez em seu braço, só soltando quando ele
retirou-se, caindo deitado ao meu lado na cama.

- Temos um problema. - Eu ainda nem havia conseguido voltar a respirar


novamente quando Emmett falou. Me virei de lado e o observei enquanto
encarava o teto sem piscar. - Todos que experimentarem você vão querer
exclusividade.

Voltei a cair sobre o colchão, também encarando o teto. Devia aceitar


aquilo como um elogio? Bom, tanto fazia... Eu não pretendia seguir adiante
naquele universo paralelo.

Mas uma pergunta não parava de ecoar em minha mente após aquele
comentário singular: eu poderia escolher? E mais... Se pudesse... Quem eu
escolheria?

- Jasper Whitlock está ansioso por encontrar você.

O quê? Como assim? Não, eu não poderia “encontrar” mais ninguém


naquela noite... Poderia?

- Vou tomar uma ducha... Encontre-me lá quando estiver recomposta.

Emmett levantou-se e dirigiu-se em silêncio para o banheiro. Joguei o braço


sobre os olhos, tudo ficando escuro imediatamente. Recomposta? Porra, eu
acabei de gozar três vezes, meu corpo parece uma gelatina ambulante.

Escutei o barulho de água correndo no chuveiro. Que horas deviam ser?


Duas, três da madrugada? Porra, eu não fazia a menor idéia.
“Vamos, Bella. Emmett vai lhe chamar a qualquer momento.”

Me levantei e peguei meu roupão que estava no chão. Estava acabando de


dar o nó quando uma batida leve na porta me fez pular. Prendi a respiração,
a mão no peito, o coração acelerado. O único barulho no quarto era o som
abafado da água que corria por detrás da porta, no banheiro, acompanhado
pelo Jazz baixo e grave que ainda ecoava pelo quarto.

Outra batida. Porra. Me aproximei da porta. Coloquei uma mão sobre a


madeira e aproximei meu rosto.

- Po... Pois não?

- Sou eu, Cindy. Edward.

Edward? Edward?!?!

- Emmett está no banho, Edward.

- Eu não vou entrar, Cindy. Abre a porta.

Olhei na direção do banheiro. A água ainda corria incessantemente. Engoli


em seco, passei as mãos pelos cabelos e abri a porta.

- Pois nã...?

Não consegui completar a frase. Edward segurou meu pulso e me puxou


com força para o corredor, fechando a porta com a mão livre. Num gesto
indelicado ele me lançou contra a parede, os olhos verdes descendo para
meu colo, onde o roupão havia se aberto parcialmente.

- Fiquei pensando, e não achei justo que tenhamos sido interrompidos.

Edward aproximou-se de meu corpo, uma das mãos imediatamente


invadindo meu roupão e agarrando meu seio. Sua boca encontrou a minha e
sua língua me invadiu – ele parecia querer me engolir, me devorar.
Meu corpo conseguiu distinguir a diferença entre os dois homens
imediatamente; minhas mãos identificaram as diferenças nos músculos, na
textura da pele, no odor dos perfumes, no sabor do hálito.

No mesmo instante me perguntei como era possível uma pessoa ser tão
volúvel e instável... Pouco tempo atrás eu literalmente implorava por
Emmett, como se ele fosse algum tipo de remédio essencial para manter
minha sanidade, como se nada pudesse ser melhor do que ele preenchendo
meu corpo. E agora aqui estava eu, completamente enlouquecida por esse
homem de pegada firme e decidida.

Minhas mãos se agarraram aos seus cabelos. Edward desceu a boca por
meu pescoço, alcançando com os dentes meu bico enrijecido e eu gemi
baixo. Com um leve tapa em minha coxa direita entendi o recado e me
lancei em sua cintura.

- Eu vou fazer você gozar gritando meu nome, Cindy... Para todos dessa
casa ouvirem, inclusive Emmett.

“What a fuck...?” Ok. Beleza. Ótima idéia.

Não percebi em que momento Edward abriu o zíper de suas calças. Nem
em que momento ele abriu completamente meu roupão, enquanto
pressionava a parte de cima do meu corpo contra a parede. Só me dei conta
que isso tudo havia acontecido quando seu pau quente e duro me penetrou
de uma única vez, profundamente.

Seus olhos estavam fixos nos meus. Ele segurou com força minha cintura e
começou a entrar e – quase - sair vagarosamente. Sua respiração estava
ofegante, seus olhos faiscavam e seus movimentos precisos e calculados
estavam me deixando totalmente maluca. Quando ele abocanhou mais uma
vez um de meus seios, deixei que minha cabeça caísse para trás, um baque
surdo contra a parede.

- Puta. Que. Pariu.

Uma estocada, mais forte e profunda do que nunca.


- Quem é melhor...?

Voltei a abrir os olhos e me deparei com aquela imensidão verde escura.

- Quem... – Mais uma estocada, com força. – É... – Saiu e entrou


novamente, devagar, imprensando seu quadril contra o meu, suas bolas
literalmente tocando minha bunda. – Melhor...?

- Você. – Ah, porra, ele era. Naquele momento ele era tudo o que quisesse,
era um Deus, o dono do universo, o caralho a quatro.

Edward segurou meu cabelo e puxou minha cabeça para trás, minha boca se
abrindo parcialmente. Colou os lábios aos meus e estocou com tanta força
que posso jurar que vi estrelas.

- Goza para mim. E grita meu nome.

Ele soltou meu cabelo e seus dedos meticulosos seguiram para meu
clitóris, massageando-o num ritmo maestral. A outra mão também soltou
minha cintura, meu corpo agora ficando preso apenas pelo dele, e seguiu
para o espaço entre minhas nádegas, um dedo invadindo meu corpo sem
qualquer cerimônia.

- E... Ed... EDWARD!

Eu tremia desde as pálpebras até o dedão do meu pé. Foi um orgasmo tão
intenso que, por um segundo, meus sentidos ficaram interrompidos – eu
não ouvia som algum, tudo ficou turvo, minhas extremidades ficaram
dormentes.

Só voltei parcialmente a mim quando senti meus pés tocarem o chão.


Edward voltou a segurar meu cabelo e me pressionou para baixo, ainda
contra a parede.

No segundo seguinte eu estava ajoelhada, seu pau em minha boca, o sabor


que emanava do meu próprio tesão penetrando meu organismo pela
segunda vez naquela noite. Sem soltar meus cabelos Edward me forçou a
ficar parada e enfiava toda a sua extensão latejante em minha boca, a
cabeça encostando a parede de minha garganta.

- Engole tudo.

A ordem saiu baixa e quase tardia. Antes que ele terminasse de falar, seu
gozo quente e ligeiramente salgado me preencheu, e tenho certeza que
mesmo se ele não tivesse mandado, eu teria sugado até a última gota.

“Você pode gostar, e é aí que mora o perigo”.

Eu estava começando a entender aquele comentário de Rosalie.

Edward afastou-se de mim. Limpei discretamente os cantos da minha boca


e me levantei. Olhei para ele, que estava com a cabeça ligeiramente
abaixada, enquanto tratava de fechar a calça, se recompondo. Quando ele
finalmente me olhou, sua expressão era sombria novamente.

- Foi um prazer, Cindy. Nos vemos qualquer hora, na Espartacus.

Assenti silenciosamente com a cabeça, fechando meu roupão e abraçando


meu próprio corpo. Edward se virou e saiu. Eu fiquei ali, mordendo com
força o meu lábio inferior, o gosto dele impregnado em mim, minha mão
paralisada em meu cabelo, segurando uma mecha no alto da cabeça, ao
invés de penteá-lo. Pisquei, saindo do transe, e tomei coragem para voltar.
Emmett estava parado, a toalha enrolada na cintura, preparando uma dose
dupla e cowboy.

- Quer dizer que Edward voltou para acabar o que havia começado? - Ele
falou sem se virar, enquanto fechava a garrafa de Golden Label e voltava a
colocá-la na bandeja. - Típico de meu irmão.

Coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha e voltei a abraçar meu


próprio corpo. Poderia eu estar mais sem jeito? Na hã.

- Sabe, Cindy... - Ele levou o copo à boca e, como da outra vez, bebeu todo
o conteúdo de uma única vez. - Eu ouvi você berrando o nome dele.
“Sim, claro que ouviu. Mas sabe o quê? Não era eu, eu estava possuída
por algum tipo de pomba-gira com estado hormonal avariado.”

Ele se virou para mim. Sua face era um misto de raiva e ironia.

- Vou fazer você se arrepender por isso.


Capítulo VII - Perdendo o foco

Sabe aqueles dias em que você acorda e tudo o que aconteceu na noite
anterior parece um sonho, de tão surreal e improvável? Pois é.
Abri os olhos. O quarto era mesmo da noite anterior, mas agora, com a
claridade que conseguia entrar através de uma brecha da pesada cortina
black out, parecia completamente diferente. Parei um segundo e prestei
atenção em como eu estava me sentindo.
Minha cabeça latejava levemente; minha boca tinha um gosto ligeiramente
amargo. E meu sexo ardia consideravelmente. Sim, claro. Era de se esperar.
Voltei a fechar os olhos e imediatamente várias cenas passaram pela minha
cabeça.
Limusine. Máscara. Emmett. Jasper Withlock. Carlisle Cullen. Edward.
Champagne. Emmett. Gelo. Edward. Corredor. Emmet. Possessão. Dor.
Prazer. Emmett. Emmett.
Voltei a abrir os olhos. Eu estava sozinha ali. Podia ouvir alguns pássaros
cantando – o lugar devia ser longe mesmo, não se ouvia mais pássaros
cantando nas grandes cidades . Me levantei, sem me preocupar em me
cobrir, e fui para o banheiro. Analisei meu corpo em frente ao espelho. Um
leve chupão no meu pescoço, que seria facilmente mascarado com um
pouco mais de maquiagem. Tomei um banho, sequei meu cabelo e saí.
Um bilhete estava sobre o aparados, agora repleto de garrafas vazias.

“Leve o tempo que quiser. Suas roupas estão no armário e o motorista está
a sua disposição, para levá-la de volta ao endereço que fornecer. Até
breve.
Emmett Cullen.”

Fui até o armário. O vestido estava ali, pendurado em um cabide. Minha


bolsa estava em uma prateleira, junto com minha calcinha, e minhas
sandálias jaziam no chão. Em que momento eu havia tirado as sandálias?
Respirei fundo e comecei a me vestir. Estava mais uma vez perdida em
meus devaneios quando um barulho irritante me chamou a atenção.

Bip. Bip. Bip.


Mas que porra era aquela? Vesti o vestido e, enquanto fechava o zíper, o
barulho ressoou mais uma vez.

Bip. Bip. Bip.

Ah, porra! Meu celular!

Peguei a bolsa e retirei o aparelho. A bateria estava quase no final. Olhei a


hora, 9:27 da manhã.

“9 ligações perdidas”.

Eu estava mexendo para ver de quem eram as ligações quando “Halo”


começou a tocar.

“Jacob Black chamando”

Eu não queria atender. Não ali. Não naquelas condições. Mas e se algo
tivesse acontecido com Billy? Eu jamais me perdoaria.

- A-alô.

- Bells??? Ah porra Isabella, graças a Deus!!! Onde você se meteu, eu


estava quase surtando, eu...

- Tá tudo bem, Jake!

- Eu te liguei mil vezes! Você não me atendeu, eu...

- Eu estava muito estressada, cansada... Tomei um remédio pra dormir,


não estou acostumada, apaguei completamente.

Uma dor lancinante surgiu em meu peito. Eu não podia estar fazendo isso
com ele, não com Jacob, meu Jake, meu amigo.

“É por Chase, Bella. FOCO."


"Ah, quem você quer enganar?

"Shhh!”

- Mas eu já ia te ligar, acabei de acordar.

- E você está melhor agora?

E o peso na consciência aumenta.

- Sim, bem, mais ou menos. Vou melhorar.

- Vai sim, com certeza. Vai visitar Chase hoje?

- Vou, vou sim. Vou passar lá depois do almoço.

- Ótimo. Cuidado, por favor. E diga que eu mandei lembranças, que assim
que eu voltar lhe farei uma visita.

Voltar? Oh, God.

- Por falar em voltar... Como está Billy?

Eu era a pior pessoa do mundo. Sem dúvida.

- Está bem melhor, só um pouco melindroso. Mas não corre mais riscos.
Voltarei o mais breve possível, pode ficar tranquila.

- Ok. Leve o tempo que for necessário, as coisas aqui estão congeladas e
acho que esse quadro não será alterado tão cedo.

- Ok. Me dê notícias, está bem? Eu fico louco só de imaginar você aí


sozinha, tendo que enfrentar isso tudo.

- Certo. Pode ficar tranquilo. Dê lembranças a todos.


- Amo você, Bells.

Merda, merda, merda.

- Também, J.

Ele desligou e eu sentei no chão, no lugar em que eu estava. Não consegui


evitar que um choro desenfreado rolasse. Eu estava me sentindo tão
desorientada, tão sozinha, tão... Suja! O problema não era eu ter feito tudo
aquilo. Era eu ter gostado, ter sentido prazer.

Era eu estar ansiando por mais.

Era eu ter literalmente sido seduzida pelo perigo, sem fazer a menor idéia
de onde ele iria me levar.

Forcei meu corpo a se levantar. Respirei fundo e me vesti, com pressa.


Queria sair daquele lugar, esquecer – ou pelo menos tentar esquecer – tudo
o que havia acontecido ali. Sim, como se isso fosse possível.

Havia acabado de sair e estava fechando a porta quando uma voz estranha
me chamou.

- Hey! Cindy!

Meu corpo pulou ligeiramente à surpresa. Virei-me e uma loira estava ali, a
mesma que eu vira na Espartacus, de vestido vermelho. Como era mesmo o
nome dela?

- Me chamo Tânya. Muito prazer.

Ah é mesmo. Tânya. Ela estendeu a mão, que eu apertei.

- Prazer, Tânya.

- Venha comigo, por favor.


Ela virou as costas e começou a andar. Demorei alguns segundos, até que
minhas pernas finalmente se moveram e eu a segui. Tânya entrou em uma
porta, alguns metros além do quarto que eu estava, no mesmo corredor. Um
escritório desvendou-se aos meus olhos, em estilo colonial, essa decoração
sim combinando perfeitamente com o estilo do Palacete em que estávamos.
Ela deu a volta em uma grande mesa de madeira escurecida e se sentou,
apontando a cadeira em frente. Eu assenti e me sentei, calada.

- Normalmente nós não pagamos as iniciantes, Cindy... – Ela disse,


enquanto abria uma gaveta da mesa, após ter digitado uma senha. - É de
praxe que um dos Cullen faça um... Test drive na primeira vez, para ter
certeza de que vale a pena e que a garota se tornará um membro constante.

- Tudo bem, eu estava indo embora e...

- Contudo... – Ela continuou, claramente irritada por eu tê-la interrompido.


- Fui orientada a abrir essa exceção.

Tânya esticou a mão, onde um envelope negro contrastava com sua pele
branca, suas unhas pintadas de vermelho vivo. Segurei e ela soltou,
cruzando os braços. Respirei fundo e abri, rasgando a lateral.

Engasguei com minha própria saliva, num claro e ridículo momento de


surpresa e deslumbramento. Dentro do envelope havia quatro mil dólares.

- São dois mil dólares por acompanhante... – Ela voltou a falar,


aparentemente ignorando minha reação. Já devia estar mais que
acostumada. – Como você serviu à dois clientes, creio que a quantia esteja
correta.

Eu calculei mentalmente. Estava tão abismada que meu cérebro estava com
dificuldade até para constatar de imediato que dois acompanhantes, por
dois mil dólares cada um, somavam quatro mil dólares. Assenti em silêncio.
Preferi assim.

- Bom, então é isso. O motorista está lhe esperando. Apresse-se, por favor,
ele ainda tem que levar outras mulheres.
Tânya se levantou e ficou parada atrás da mesa. Percebi que ela aguardava
que eu a imitasse, e foi o que fiz, ao que ela estendeu a mão, mais uma vez,
e despediu-se friamente de mim. Pouco tempo depois eu estava sentada no
carro – dessa vez um Mercedes preto e discreto, na medida do possível –
rodando pela cidade, de volta para a realidade.

Havia dado um endereço qualquer, mais ou menos próximo ao quarto de


Chase, onde eu estava alojada. Não dei o endereço dele. Afinal, se Chase
era amigo de Edward, era mais que provável que Edgar já tivesse ido até lá,
e não seria nada bom que ele associasse as duas coisas.

- Chegamos, Senhorita. – Edgar falou, enquanto abria a porta traseira e me


estendia a mão, pela segunda vez em menos de 24 horas.

Desci do carro e parei em uma cafeteria. Olhei no relógio preso à parede,


11:02 da manhã. Senti vários olhares caindo sobre mim. Não era comum,
principalmente naquele bairro, encontrar pessoas vestidas a rigor, numa
cafeteria qualquer, numa manhã de domingo.

Comprei um expresso para viagem e fui andando até o quarto. Eu


precisava pensar, desanuviar a minha mente, e não existe melhor remédio
para isso do que caminhar. Mas nada adiantou. Minha cabeça era um
turbilhão de dúvidas e pensamentos. Minha bolsa pesava cem quilos –
quatro mil dólares!!! - e eu estava agoniada.

Mal cheguei, demorei apenas o tempo de tomar um banho e me trocar. Saí


novamente, dessa vez menos elegante. Ia encontrar Chase. Dei-me ao luxo
de pegar um táxi, afinal eu tinha bastante dinheiro. Dinheiro. Além de
conseguir alguma informação para inocentar Chase, eu ainda conseguiria
dinheiro para ajudar na sua defesa... Afinal, eu não estava nada confortável
em saber que Jasper arcaria com todas as custas.

O táxi chegou, eu paguei a corrida, saltei e, quando vi, já havia passado por
toda a identificação de rotina e estava sentada no banco, de frente para o
vidro blindado, aguardando meu irmão. Ele não demorou. Logo estava
sentado à minha frente, o cabelo desgrenhado caindo sobre os olhos verdes
e opacos. Peguei o telefone e ele me imitou.

- Boa tarde, Chase...

- Sim, ótima.

Ignorei pacientemente seu mau humor. Ele tinha esse direito.

- Eu trouxe alguns objetos pessoais... Deixei com a segurança, eles


entregarão a você.

Ele assentiu, em silêncio. Meu coração ficou apertado... Eu precisava tirá-


lo o mais rápido possível daquele local, ele estava atrofiando ali.

- Chase... - Ele me encarou, engolindo em seco. - Como exatamente você


conheceu esse seu amigo... Edward?

Visivelmente sem entender onde eu queria chegar com aquela pergunta,


Chase inclinou-se para frente, apoiando os cotovelos sobre o balcão à sua
frente.

- Apesar de não conseguir entender onde você quer chegar com esse
interrogatório, Bella... - Sua voz saia fria e impassível. - Nós nos
conhecemos na faculdade. Eu era calouro e Edward estava acabando um
curso extensivo.

- Hum... Que estranho... Normalmente veteranos não gostam de misturar-


se com calouros.

- Edward é um cara legal, ele não tem esse tipo de preconceito inútil.

Senti uma ruga se formar em minha testa. Mordi o lábio com força,
pesando se deveria continuar.

- Chase... Você acha que Edward pode ter matado essa mulher?
Ele suspirou fundo. Suas pálpebras se fecharam em fenda, escondendo
quase por completo seus olhos.

- Às vezes acho que sim. Depois tenho certeza que não. Edward é um cara
legal, não gostaria que tivesse sido ele. Mas pouco me importa. Só quero
sair daqui; quem vai ficar no meu lugar não me interessa, honestamente.

- Eu não sei... Rosalie disse que el...

- O que você disse?

Parei na mesma hora. Porra. Onde diabos eu estava com a cabeça?

- Na-nada, eu disse que...

- Eu não sou idiota, Bella. Você citou Rosalie. Rosalie, da Espartacus. Puta
merda, você foi até lá, não é?

“Não, de repente baixou o espírito do Chico Xavier e eu comecei a ter


visões. “

- Você tem alguma noção do risco que você correu? Jacob sabe disso?
Onde ele estava que não conseguiu te impedir? Você está proibida de voltar
lá, está ouvin...?

- Eu fui até lá para ajudar. Para tentar descobrir alguma coisa, me


aproximar dos Cullen e de repen...

- Fique. Longe. Dos. Cullen.

Nós dois paramos de falar, e foi a minha vez de engolir em seco. Senti o
olhar de Chase me analisando, tentando desesperadamente encontrar mais
alguma informação. Vi quando ele descia pelo meu rosto e alcançava meu
pescoço.

Merda. A pressa definitivamente é inimiga da perfeição. Eu havia


esquecido completamente de maquiar e disfarçar o chupão que havia ali.
A respiração de Chase era forte e nervosa, literalmente audível para mim,
do outro lado do vidro espesso. Estremeci por completo quando Chase
desferiu um soco no balcão, levantando-se em seguida.

- Você ficou MALUCA? Virou puta de luxo agora, é isso?

Foi a minha vez de levantar.

- Para com isso, eu fui lá para te ajudar, para tentar desco...

- Ah, eu estou vendo que você soube aproveitar perfeitamente bem seu
precioso tempo. - Um guarda havia se aproximado e parado atrás de Chase,
puxando o braço que não segurava o fone para trás.

- Vamos, rapaz. Seu tempo acabou.

Ele balançava a cabeça, incrédulo.

- Adeus, Bella. E dê um alô para sua amiga Rose... Diga que meu pau está
morrendo de saudade dela.

Chase desligou o telefone com raiva e saiu carregado pelo guarda, sem
voltar o olhar nenhuma vez. Demorei até que conseguisse me mover e
colocar meu próprio telefone no gancho. Mas que porra! Eu era uma idiota
tapada, sem qualquer tipo de filtro, que deixava escapar tudo e mais um
pouco pela minha boca grande... E Chase era um grosso inveterado, sem
um pingo de educação ou paciência.

Merda.

Saí dali, decidida a voltar no dia seguinte. Não me sentia bem em ficar
brigado com Chase, ele naquela situação terrível, mil coisa ruins
preenchendo o tempo vago e ocioso em sua mente. Sem conhecer mais
ninguém na cidade e com meu corpo completamente exaurido, decidi que a
melhor coisa que eu tinha a fazer no momento era dormir.
Fui para o quarto, tomei mais um banho – era a melhor forma de tentar
fazer meus músculos relaxarem – e deitei.

A noite chegou rápida. Eu não podia mentir que estava ansiosa; meu
coração batia mais rápido que o normal e minhas mãos suavam. Fui
recebida por um Steven ansioso e por uma Rosalie sedenta por notícias e
detalhes sórdidos. Depois do esperado interrogatório, finalmente consegui
descer para me aprontar, e para minha surpresa eu havia ganhado o
direito a um camarim individual e do mesmo tamanho – ou maior – que o
de Rose.

Diferentemente do esperado, minha apresentação correu tranqüila, meu


corpo agindo como se aquilo já fosse um costume há muito adquirido. Os
olhares de Edward e de Emmett não desgrudaram um segundo sequer dos
meus e eu, por minha vez, alterava de um para o outro, sem cessar.

Eu mal havia acabado de descer do palco Steven me trouxe um roube.

- Não se dê ao trabalho de mudar de roupa... Os Cullen querem falar com


você.

Porra. O que eles poderiam querer agora? Eu nem havia acabado de me


recuperar da noite anterior, ainda sentia claramente meu sexo,
ligeiramente ardido.

Mas a verdade é que o músculo entre minhas pernas começou a latejar


apenas pelo som daquele sobrenome penetrando meus ouvidos.

- O-onde eles estão? - Perguntei, vestindo o roube e dando um laço


desajeitado.

- No reservado. Vem, vou te levar até lá.

Ele saiu andando e eu o segui, e fomos calados, até que chegamos a um


sofá de couro preto, no canto do salão. Emmett estava jogado no sofá, as
pernas entreabertas, um dos braços sobre o encosto, a outra mão levando
um copo até a boca. Sua sobrancelha arqueou-se quando ele me viu
chegando, e mesmo por trás do cristal e do líquido amarelado pude ver que
ele sorria, maliciosamente.

Edward estava no canto, falando ao celular enquanto andava de um lado


para o outro. Ele tinha a mão livre dentro do bolso dianteiro do jeans
escuro e sua fisionomia era séria, como se estivesse resolvendo um
problema importante e inadiável. Parou de andar quando me avistou, e
mesmo sem conseguir ouvir uma palavra do que dizia consegui perceber
que ele dispensava seu ouvinte – quem quer que fosse.

- Está entregue. Nos vemos depois.

Steven disse e saiu. Emmett apoiou o copo sobre a mesa de centro baixa e
veio em minha direção, o sorriso agora amplo e radiante.

- Cindy, Cindy... Adorei a performance desta noite, meus parabéns. - Ele


parou na minha frente e cruzou os braços, enquanto seus olhos faziam uma
vistoria pelo meu corpo, começando pelos meus pés e alcançando meus
seios.

- Obrigada. - Limitei-me a responder, abraçando meu próprio corpo


instintivamente.

- Boa noite, Cindy. - Edward desligou o celular e aproximou-se de nós, sua


mão passeando desleixadamente pelos cabelos desgrenhados.

Assenti com a cabeça em resposta. Aparentemente, eu havia perdido a


fala. Um barulho chamou minha atenção, e num movimento rápido de
cabeça percebi que dois seguranças puxavam uma cortina de veludo
pesada, privatizando ainda mais aquele local. No mesmo instante senti
minha fenda se lubrificando, apenas em imaginar o que aquilo significava.

Edward, eu e Emmett. Sozinhos.


Emmett movimentou-se lentamente e pairou atrás de mim, suas mãos
grandes e objetivas abrindo o laço que prendia meu roube de seda
vermelho, sua boca tocando meu pescoço do lado direito.

- Saudades minhas, Cindy...? - Ele perguntou entre um beijo e outro, seu


hálito batendo contra minha carne.

Edward deu um passo à frente, e antes que eu sequer piscasse suas mãos
invadiram meu roube, seguraram meus seios sobre meu soutien, e sua
língua penetrou minha boca, encontrando a minha. Fechei os olhos, um
gemido rouco ecoando de minha garganta. Então senti Emmett agachando-
se atrás de mim, suas mãos descendo pelo meu corpo e pairando em
minhas coxas, sua respiração quente posicionando-se estrategicamente
entre os músculos de minhas pernas.

A música que começou a tocar por trás da cortina, preenchendo todo o


local, serviu apenas para me deixar ainda mais excitada.

http://www.youtube.com/watch?v=94RNp7veIJE&ob=av2n

MÚSICA: Sex On Fire - Kings Of Leon

"Lay where you're laying


Don't make a sound
I know they're watching (they're watching)
All the commotion
The killing of pain Has people talking (talking)

You...
Your Sex is on fire

The dark of the alley


The breaking of the day
Ahead while I'm driving (I'm driving)
Soft lips are open
Them nuckles are pale
Feels like you're dying (you're dying)

You...
Your sex is on fire
Consumed Were the words to transpire

Hot as a fever
Rattling bones
I could just taste it (taste it)
But it's not forever
But it's Just tonight
Oh, we're still the greatest (the greatest, the greatest)

You...
Your sex is on fire...
You...
Your sex is on fire
Consumed Were the words to transpire"

What a Fuck? Dessa vez eu iria morrer, fato. Nenhuma mortal poderia ser
comida por esses dois gostosos e continuar vivendo, seria injustiça demais
com as outras.

Minhas mãos haviam seguido para o quadril de Edward, e apertei seu


músculo perfeito no momento em que senti Emmett puxar minha calcinha
para o lado e me invadir com sua língua, morna e precisa.

- Oooh, fuck... - Gemi.

Edward me virou, me deixando de costas para ele e de frente para a boca


de Emmett, que devastava meu sexo, seus dedos trabalhando simultânea e
sincronizadamente com sua língua. Emmett segurou minha perna e apoiou
meu pé em seu ombro, conseguindo uma posição ainda melhor para
continuar com minha morte, lenta e prazerosa. Enquanto isso, a boca de
Edward tratava de explorar todos os centímetros de meu corpo, descendo
de minha nuca até meu ânus, seus dedos invadindo minha fenda sem se
importar em dividi-la com Emmett.

Morri e fui para o céu. Só pode ter sido isso.

Minhas mãos seguraram os cabelos de Edward com força, e eu deixei que


minha cabeça pendesse para trás, meus olhos fechados, minha sanidade se
esvaindo de meu corpo em pequenas porções. Por um segundo senti meus
joelhos se dobrarem minimamente, quando Emmett segurou meu clitóris
entre seus dentes, sugando-o em seguida. Gozei em sua boca gemendo alto,
os dedos – não sei se de Emmett ou de Edward – curvando-se dentro do
meu corpo, batendo contra a parede de meu útero, fazendo-o se contrair.

- Ela está pronta, Edward... - Emmett falou enquanto se levantava.

A língua de Edward, que no momento encontrava-se na poupa de minha


bunda, subiu vagarosamente por minhas costas, perfazendo todo o
caminho de minha bunda até o final de minha espinha, quase tocando
minha nuca.

Um arrepio percorreu meu organismo, todos os pelos do meu corpo se


arrepiando, a saliva de Edward esfriando aos poucos sobre minha pele
quente.

Quente não. Fervendo.

Senti segurarem minha mão e me guiarem até o sofá. Perdi meu soutien no
caminho e, quando me deitei, de barriga para baixo, minhas calcinhas
foram rapidamente retiradas, um par de mãos apertando os músculos de
minhas pernas enquanto realizava o trabalho com eficiência. As quatro
mãos percorriam meu corpo, massageando minha carne deliciosamente, as
bocas deixando diversos rastros de saliva em minha pele.
Então, de repente, as quatro tornaram-se apenas duas. Virei a cabeça de
lado e vi que era Edward quem permanecia junto a mim, sentado no sofá.
Ele segurou com força minha cintura e ergueu meu corpo, me deixando de
quatro, seu rosto encontrando mais uma vez meu sexo, sua boca limpando
todo o gozo que Emmett havia deixado ali.

Eu ainda gemia quando seu pau me penetrou, profunda e deliciosamente,


a ardência da noite anterior completamente esquecida, substituída pelo
prazer que era sentir seu membro duro feito rocha arrombando minha
entrada pequena e apertada

Eu fechei os olhos, minhas mãos apertando o couro do sofá com força.


Uma mão segurou meu cabelo, e quando voltei a enxergar um pau enorme
e latejante estava na altura de meu rosto. Só podia ser Emmett, já que eu
ainda sentia perfeitamente o pau de Edward me destruindo por trás.

- Morde meu pau com essa boquinha apertada, Cindy... Igual sua
bocetinha encharcada está fazendo com o pau do Edward.

Obedeci prontamente. Apoiando-me apenas em um braço permaneci de


quatro, meu corpo movimentando-se no ritmo em que Edward me
arrombava, enquanto a outra mão segurou com força o membro grosso de
Emmett e minha boca envolveu sua carne.

Emmett impulsionava o quadril contra meu rosto, suas mãos segurando


minha cabeça, seu pau encostando-se à parede de minha garganta.

Gemi quando senti Edward parar de se chocar contra mim. Olhei


ligeiramente para o lado e o pau de Edward estava ali, parado junto a
Emmettt, sua mão longa tocando uma punheta lenta enquanto me
observava chupar o pau de seu irmão. A outra mão segurou meu cabelo e
me roubou para si.

- Chupa aqui, agora... Prova o gosto do teu próprio tesão e sente que
delícia...
O pau dele estava entre meus lábios então, minha língua massageando sua
carne, o gosto ligeiramente salgado do meu próprio gozo me fazendo ficar
ainda mais molhada. Fiquei de joelhos e minha mão livre seguiu para o
pau de Emmett, massageando suas bolas e voltando a subir, da base a
ponta.

Porque seria simplesmente um pecado negligenciar aquela maravilha.

Não sei por quanto tempo fiquei daquela forma, alternando minha boca de
um para outro, tentando em vão decidir qual dos dois era mais gostoso,
mais saboroso... Só sei que chegou um momento em que minha boceta
gritava, indagando-se por que diabos minha boca estava se satisfazendo
com dois enquanto ela literalmente aguava, sem participar.

- Eu não aguento mais... Eu preciso... - Falei entredentes sobre o pau de


Edward, minha mão apertando o membro de Emmett durante a punheta
que eu tocava para ele.

O aperto em meu cabelo aumentou e eu ergui meu corpo. Emmett deitou


se sobre o sofá, sua mão continuando a massagem que eu havia iniciado,
seu pau ereto e convidativo me chamando para que eu sentasse e rebolasse
sobre ele.

Convite feito, convite aceito.

Fui em sua direção, Edward deferindo um leve tapa em minha bunda.


Sentei sobre o quadril de Emmett e senti seu pau me invadindo aos poucos,
minhas mãos espalmadas em seu tórax perfeito e bem definido.

- Ah, porra... - Gemi, começando a rebolar assim que meu corpo havia
escondido totalmente Emmett dentro de mim.
As mãos dele seguraram minha cintura e seu quadril começou a vir de
encontro ao meu, seu pau se enterrando tão fundo que me fazia ver
estrelas. Ele voltou a cair no sofá, e foi a minha vez de me mover,
literalmente cavalgando sobre ele, meus seios na altura de seu rosto, sua
língua circundando minha auréola e seus dentes mordiscando meus
mamilos. Eu podia sentir o orgasmo se aproximando, um espasmo
demorado começando a se formar.
Quando estava me entregando à essa sensação, um gemido emergiu de
minha garganta, alto, forte e demorado. Edward havia se juntado a nós,
seu pau ciumento procurando um modo de se satisfazer, afundando-se em
meu corpo. Quase desmaiei no momento em que senti Emmett me comendo
pela frente enquanto Edward tratava de me arrombar por trás.
Segurei meu cabelo com força e deixei que um novo gemido rolasse, ainda
mais alto, ainda mais longo, ainda mais intenso.
Abri meus olhos e o ventilador de teto rodava lentamente, servindo mais
para espantar eventuais mosquitos do que para amenizar o calor. Tanto
fazia, na verdade. No estado em que eu havia acordado, duplamente
encharcada e acabada, nem mesmo se eu estivesse no pólo norte faria
alguma diferença.
Na verdade, uma marcha de pingüins Imperadores poderia invadir meu
quarto e acabariam morrendo desidratados.
Chase tinha razão. Eu não devia ter me envolvido com os Cullen. Esse era
um caminho sem volta, viciante e arrebatador. Algo me dizia que eles
preencheriam os meus sonhos durante muito tempo. E eu não sabia se devia
rezar para que acabasse, ou se implorava para que aqueles momentos – tão
perfeitos e reais – nunca tivessem fim.
Eu só tinha certeza que era perfeito e prazeroso, e que eu ia aproveitar
enquanto não encontrava uma solução.

Capítulo VIII - Descobertas

Eu estava tendo um verdadeiro Deja Vú.

Quase não acreditei quando cheguei na Espartacus e me deparei com um


camarim com meu nome escrito – ou melhor, com “Cindy” escrito – na
porta.

- Você foi uma grande surpresa, garota... - Steven disse, enquanto me


mostrava o local. - Eu sabia que você ia ser um sucesso – tenho faro para
negócios – mas não pensei que fosse ser tão rápido. Eles são
signitificativamente exigentes.
Eu não respondi. Steven deu de ombros, já acostumado com minha
maneira mais discreta de ser.

- Vários clientes me perguntaram de você, hoje...

Então ele roubou minha atenção.

- Clientes? - Perguntei, me aproximando, cruzando os braços. - Eles


queriam saber se eu iria me apresentar?

- Rá, bobinha... Isso eles sabem que você vai. Eles queriam saber do
depois...

Minha língua passeou por meus lábios, meus dentes prendendo o lábio
inferior em seguida, entregando meu nervosismo.

- Depois? - Ele sorriu, assentindo e preparando um drink. - E que cliente


seria?

Minha mente oscilava entre a imagem de Emmett e Edward - com


Jasper Whitlock se intrometendo, vez ou outra.

- Qualquer um. - Ele respondeu, dando de ombros. - O que pagar mais. -


Então virou-se para mim, realmente acreditando que essa era a minha maior
preocupação. - Mas fique tranquila, sua cotação está alta.

Piscou e bebeu um longo gole.

- Meninaaaa, que luxo, um camarim exclusivo! - Rosalie falou enquanto


entrava pela porta, sem nem cogitar em pedir licença. - Parabéns, minha
pupila!

Ela me abraçou e eu retribuí. Lembrei-me de Chase e a menção que fizera


à ela... Eles se conheciam, então.

- Pois é, eu nem esperava, e...


- Tá, tá... Isso pode esperar. - Ela se sentou no sofá de dois lugares e
cruzou as pernas, inclinando-se para frente. - Me. Conta. TUDO!

- Bem, já vi que vai virar conversinha de mulher, então... Tô fora! - Steven


foi em direção a porta, deixando o copo no caminho. - Mas vão
conversando e se arrumando, ok? Nada de atrasos.

- Anda, Cindyyyy, conta! - Rose falou, revirando os olhos e ignorando


Steven.

Fui para o closet ver que roupas Steven havia colocado ali e escolher a que
eu vestiria naquela noite.

- Ai, Rose... Eu sou meio tímida para essas coisas e...

- Ah, nem pensar! Pode ir desembuchando, Senhorita! Ele foi gentil? Tem
pegada? Ele parece ser um verdadeiro garanhão e...

- Sim, eles tem pegada, Rosalie! - Falei, numa tentativa de fazê-la parar.

O cabide em minhas mãos ostentava um justo e micro vestido vermelho


vivo, cuja parte de cima parecia um espartilho, trançado nas costas. Sexy e
ousado.

- Eles? Eles quem Cindy de Deus, eu vou enfartar...!

- Edward e Emmett, Rose. - Falei, enquanto começava a tirar minha roupa.

Parei com a calça jeans apenas em uma das pernas. Que silêncio repentino
era aquele?

- Rose? - Perguntei, voltando a puxar os jeans e finalmente ficando só de


calcinha.

- Tô aqui... - A voz já não aparentava nem um terço da animação de


segundos antes. - Você disse Edward e Emmett?
Era impressão minha ou eu estava notando um pouco de ressentimento
ali? Abri a porta e Rose havia literalmente se encolhido – os braços
cruzados praticamente abraçavam o próprio corpo, os ombros estavam
caídos, uma expressão de angústia estava estampada em seu rosto perfeito.

- Sim, eu... Quer dizer os dois... Eles...

- Os dois quiseram iniciar você. - Ela completou meu raciocínio, os olhos


parando em algum ponto, vidrados. - Disputada pelos Cullen.

- Rose, eu... Foi só porque eu sou nova, carne fresca... - Me flagrei


justificando a noite anterior, como uma amiga que sai com o garoto por
quem sua melhor amiga é apaixonada.

- Na minha vez foi só Emmett quem me iniciou. - Ela disse, a voz baixa e
sem vida. Então voltou a focalizar o olhar em mim, e todo o brilho de antes
havia desaparecido. - Eu não sabia no que estava me metendo... Só sabia
que era mais do que eu havia esperado, quando comecei nessa vida. Depois
de um tempo a gente se acostuma com os cinquentões fugidos da mulher,
ligeiramente barrigudos e com os dentes amarelados de nicotina. Não com
um Emmett Cullen, com toda aquela ostentação de carros, belos relógios,
roupas sob medida, perfumes importados... E lindo. Claro que eu me
apaixonei. E não me atormento por isso, ele é muito mais do que eu jamais
idealizei para mim.

Engoli em seco. Mal dava para acreditar que eu estava num camarim meu,
de calcinhas, a roupa de minha próxima apresentação entre meus dedos,
ouvindo minha nova amiga confessar, morrendo de ciúmes, que é
apaixonada pelo homem com quem eu passei a maior parte da noite
anterior. E, não podia esquecer, havia feito eu gozar como louca. Diversas
vezes.

- Rose... Você mesmo me disse que devemos ter cuidado com os Cullen...
Tenta exorcizar esse sentimento, isso não vai acabar bem.

Ela suspirou.
- Você gostou, não foi? Eles – Emmett, pelo menos – te proporcionaram
um prazer que você até então julgava ser impossível, não é mesmo?

Não respondi. Rosalie sorriu à isso... Ok, quem cala consente.

- Então tenta você exorcixar esse sentimento... E daí você me ensina como
se faz.

Ela soltou essa frase de efeito e saiu, me deixando ali, seminua e com dor
na consciência. Mas porra...! O que ela queria que eu fizesse?

Primeiro, eu não fazia idéia de que ela era apaixonada por Emmett Cullen,
e segundo... Eu lá podia escolher ou dizer não?

Bom, não tinha nada que eu pudesse fazer agora, e além do mais, essa
descoberta repentina de nada adiantaria. Porque meu objetivo ali era muito
maior do que descobrir prazeres inimagináveis ou ganhar em um dia mais
do que seis meses de trabalho árduo na lanchonete em Forks. Meu objetivo
era inocentar Chase. Meu irmão.
Mudei de roupa e me maquiei, passando uma sombra escura em minhas
pálpebras, o verde natural dos meus olhos ficando extremamente realçado.

Saí assim que fiquei pronta – não sem antes tomar uma taça de Prosseco .
Steven já havia me informado de que eu iria antes de Rosalie naquela noite.
Não podia negar que estava super ansiosa. Não saber o que me esperaria
após minha apresentação, que tipo de homem eu teria que encontrar... Podia
sentir meu estômago se contraindo. Puxei ligeiramente meu espartilho
tomara-que-caia, inspirei o ar profundamente e enfim saí do camarim, meus
pé direito tocando o primeiro degrau pouco tempo depois.

“E agora, no palco da Espartacus... A poderosa, a magnífica, a Diva...


CINDY!!!” O som ecoou pelo ambiente e eu fechei os olhos, começando a
subir a escada.

http://www.youtube.com/watch?v=nznUhE9wKjU
Yea 1993 Check this freaky style I was born with

I feel so freaky tonight


and I need someone to make me feel alright
so bring your body here baby
lady have no fear
I'm gonna fulfill your fantasies
just as long as you

music...
sex me
come on come on come on come on

Sex me, baby baby sex me (sex me baby) sex me sex me baby sex me.

Come over here and let me take off your clothes


Cause things I wanna do to you, nobody has to know (know baby).
Just lay your body right here,
Lady have no fear cause ecstasy is near (ooh baby)
Any unexpected positions, bring it on.
Any secret fantasies you see I'll fulfill as long as you sex me.

Chorus
Sex me, baby baby sex me (sex me baby) sex me sex me baby sex me.

Now let me feel your body next to mine.


Cause girl I wanna feel you sweat, girl
you're so very wet.
Now put me inside of you do what you wanna do.
Cause you got a need for me and I got a need for you (baby any)
Any unexpected positions (bring it on)
Any secret fantasies, you see I'll fulfill, as long as you sex me.

Bridge:
umm..let me kiss you in the right place,
so I can see sex me baby
written on your face,
Slow baby slow baby steady as we go.
Up and down to a sixty-nine tempo.
yeah turn your body parts around
and let me hear you make a
ooh-ah sound.
Cause I'm your lover man.
So call your other man and say you
found another man.

Como da primeira vez, utilizei o conselho de Rosalie e simplesmente tentei


sentir a música, deixando que meu corpo se movesse no ritmo da batida, as
palavras penetrando em meu organismo. A letra era sexy, quente e sem o
mínimo de pudor – exatamente como Cindy devia ser – e eu deixei que
todos esses adjetivos exalassem dos meus poros.

Segurei o ferro gelado com minha mão direita e afastei meu corpo, meu
braço ficando esticado. Eu rebolava sensualmente, meu lábio inferior entre
meus dentes, meus olhos buscando avidamente pela platéia o que eu queria.
Quem eu queria. Não precisei procurar muito. Estavam no lugar de sempre,
os dois, no reservado cercado por seguranças, diversas mulheres em volta.
Imediatamente o sonho voltou a tona, minha mínima calcinha ficando
completamente encharcada.

Meu olhar vagou de Edward para Emmett, e depois retornou à imensidão


profunda e verde esmeralda, se mantendo fixo ali. Quem era eu para falar
de Rose, afinal? Só uma anta desgovernada não perceberia que eu estava
completamente de quatro por aquele homem.

Senti o canto esquerdo do meu lábio subindo ligeiramente – um fraco


esboço de sorriso. Eu sabia que Edward não poderia enxergar de onde
estava, mas coincidentemente ele se levantou e caminhou alguns passos na
direção do palco, as mãos passeando pelos cabelos. Enrosquei uma de
minhas pernas na pole – o metal agora aquecido pela fricção com minha
pele – e me curvei para trás, meus cabelos tocando a curva de meu quadril,
meus seios quase escapolindo pelo decote. Quase.

Quando voltei a “subir” e olhei para Edward, não foi somente o seu olhar
que encontrei. Tânya também me encarava. Ela havia abraçado Edward
pelas costas, suas duas mãos enroscadas em sua cintura, numa clara
demonstração de intimidade. Meu coração literalmente pulsava em minha
garganta. Fechei meus olhos, rezando para manter meu corpo em sincronia
com a música que tocava. Imediatamente a imagem dele me invadiu, e
então o músculo entre minhas pernas começou a pulsar. Merda. Era só o
que faltava. Me virei de costas para a platéia – de costas para ele – e me
encostei na pole, minha bunda colada ao metal. Levei minha mão acima da
minha cabeça e me segurei no ferro, começando a rebolar lentamente,
aplausos e assovios ecoando da platéia.

Ok, aquilo me excitou. Minha mão livre começou a percorrer lascivamente


meu próprio corpo – quando minha maior vontade era invadir meu próprio
corpo e acabar com meu desespero – e num impulso voltei a ficar de frente,
meus cabelos caindo sobre meu rosto.
Voltei a ficar de costas pra pole e minha mão esquerda voltou a segurar o
ferro acima de minha cabeça. Comecei a descer vagarosamente, as pernas
entreabertas propositalmente. Se Edward havia conseguido enxergar meu
sorriso, ele conseguiria enxergar que eu estava totalmente molhada
também.

Passei minha língua pelos meus lábios, meus olhos voltando a encará-lo,
dessa vez com desejo. Minha mão livre percorreu minha perna agachada,
passando pelo joelho e por minha coxa, parando muito próxima a minha
virilha. Edward passou a mão pelo cabelo ansiosamente, dando mais um
passo para frente, os braços de Tânya caindo abandonados e ficando para
trás. Não consegui conter outro sorriso, e agora eu tinha certeza de que ele
tinha visto. Assim que a música acabou eu me levantei. Um homem lindo –
loiro, alto e forte- me chamava na frente do palco. Fui até lá e me agachei
perto dele. - Duzentos dólares por um beijo, gostosa. - Ele disse, a voz
abafada pelo som ambiente da boate, que já havia voltado a tocar. Voltei a
olhar na direção do reservado. Edward olhava para nós. O homem estendeu
a mão e enfiou duas notas de cem dólares dobradas no meu decote. Eu me
inclinei, segurei seus cabelos e o beijei, sem nenhum pudor. Quando parei
para tomar fôlego, Edward não estava mais lá.

Saí do palco as pressas. Entrei no camarim e Steven estava lá, ao telefone.


Desligou assim que me avistou. - Você tem dezenas de propostas, garota! -
Ele falou, se colocando atrás de minha cadeira e me encarando pelo
espelho, enquanto eu bebia um copo de água.

- Aquele homem que você beijou... Ele quer passar a noite inteira com
você! Era ele no celular!

Coloquei o copo sobre a penteadeira.

- Quem mais? - Perguntei, fingindo indiferença.

Steven estranhou, deu de ombros e decidiu falar. Aparentemente eu podia


me dar ao luxo de escolher, então...

- Um empresário japonês também ficou encantado, e a oferta dele também


é interessante... Um indiano que vai embora amanhã....

Ele continuou falando, mas não falou o que eu queria ouvir.

- Hey? - Pisquei e voltei a focalizá-lo. - E então? O que a Madame


decidiu?

Aff. Dos males, o menor.

- O primeiro mesmo.

- Não. - Edward entrou no camarim, sem bater – claro, ele nunca pedia
licença. - Ela vai comigo.

Steven parou de falar no mesmo instante, e eu posso jurar que o vi dando


um passo para trás – como um animal indefeso se afasta de um tigre
faminto. Me levantei e parei um pouco a frente de Steven, de frente para
ele.
- Sinto muito, Sr. Cullen... Mas o Senhor já teve meus serviços na noite de
ontem, e hoje eu prefiro satisfazer esse cliente, que está realmente muito
interessado.

“Ele vai me matar”, foi a única coisa que consegui pensar quando os olhos
dele se estreitaram e apenas uma fenda faiscante de seus olhos verdes
permaneceram em contato com os meus próprios olhos. Ele olhou para
Steven e em menos de um segundo nós ficamos sozinho no camarim. O
único som da sala – além da música que tocava bem ao fundo – era o da
minha respiração pesada, o ar entrando e saindo do meu organismo com
expectativa. Edward atravessou vagarosamente o espaço entre nós e parou a
centímetros de mim.

Sua mão segurou os cabelos na altura de minha nuca, minha cabeça


inclinando-se para trás, meus lábios ficando automaticamente entreabertos.
Foi exatamente nesse local que Edward pousou os lábios dele.

- Você vai vir comigo... - Ele falou, seu hálito penetrando minha boca, os
lábios roçando nos meus. - Não porque você quer – e eu sei que você quer
– mas pura e simplesmente porque eu estou mandando. Entendeu?

Assenti com a cabeça.

- Então agora troca essa roupa de puta que você está usando... E me
encontra no meu carro. A maquiagem você pode deixar.

Ele soltou meus cabelos com violência, meu corpo estremecendo ao gesto,
e saiu.

“Eu vou enlouquecer você até você perder a cabeça, Edward. E então, já
era. Você por meu irmão... É uma troca justa”.

Minha cabeça girava enquanto eu me trocava, e um ponto dentro do meu


peito doía, ao mesmo tempo em que berrava que não ia ser tão fácil quanto
eu estava planejando.
Troquei de roupa, deixando apenas a maquiagem pesada como lembrança
daquela minha segunda personalidade.

- Cindy? - A voz de Rosalie surgiu abafada por trás da porta.

- Pode entrar, Rose.

Olhei naquela direção. Rose vestia um robe – devia ter acabado de se


apresentar, pois estava ligeiramente suada, mas nada que abalasse sua
beleza irritantemente perfeita.

- Eu queria te pedir desculpas... Acho que fui meio ríspida com você mais
cedo, e você não tem culpa de nada.

Sim, ela havia realmente sido mais ríspida que o normal, mas eu havia
compreendido.

- Imagina, Rose... - Falei, me aproximando e pegando minha bolsa no


caminho. - Você foi pega de surpresa, tanto quanto eu. Eu só queria que
você soubesse que eu não queria te magoar, de forma alguma. Você foi
super gentil comigo desde que cheguei, me recebeu de braços abertos, se
tornou minha única amiga nessa cidade...

- É, eu sei, eu sei... - Ela se sentou na cadeira de minha penteadeira e pegou


um de meus lenços umedecidos, começando a retirar a própria maquiagem.
- Você vai com ele novamente, não é? Com o Edward Cullen, quero dizer.

Assenti.

- Boa sorte... Espero que dê tudo certo. Pelo menos você vai juntar um
bom dinheiro.

“Vamos ver se eu estarei viva para gastá-lo.”

Saí, deixando Rose à vontade em meu novo camarim. Subi apressada a


escada, chegando rapidamente à saida disfarçada pelo palco, que no
momento estava apagado. Passei por Steven, que me parou alguns segundos
para me pagar, e logo estava na porta da Espartacus.

Havia uma Limousine parada ali, preta e chamativa. Os vidros


completamente escuros impossibilitavam que eu enxergasse qualquer coisa
lá dentro. Forcei meus olhos, e de repente o vidro traseiro abriu-se
lentamente, revelando o olhar austero de Edward.

- Entra, Cindy.

Engoli em seco. Dei a volta no carro, ao mesmo tempo em que o chofer –


meu mais novo “amigo" Edgar – havia saído de seu lugar costumeiro para
abrir-me a porta.

- Obrigada, Edgar...

- Não por isso, Senhorita. Tenha uma boa noite.

Eu entrei e ele bateu a porta. Aquela Limusine - Hummer - era a mais


fantástica que eu já havia entrado – tudo bem, eu só havia entrado em
apenas mais uma, mas eu não imaginava que pudesse existir algo mais
luxuoso e exorbitante.

Os bancos ocupavam as laterais do carro por toda a sua extensão. Assim


como o quarto em que ele havia me "iniciado", o chão possuía um carpete
cor de uva, escuro e macio. Diferentemente do que aconteceu quando eu
estava do outro lado, eu conseguia enxergar tudo o que se passava lá fora –
São Francisco se desvendava com toda a sua cor e neon, comuns na noite
da cidade.

Eu estava sentada completamente ereta, meus olhos percorrendo todo o


local, e eu tinha plena consciência de que eles estavam arregalados. Edward
levantou-se – sim, ele conseguia ficar quase ereto ali dentro – e serviu duas
taças de champagne. Voltou a sentar-se do meu lado, pegando um controle
remoto e ligando a imensa tela de plasma ao fundo do carro. A música que
começou a tocar tinha um ritmo ao mesmo tempo tranquilizante – sua
melodia era gostosa – e sedutora – sua letra era clara e direta. O estilo
perfeito de Edward Cullen.

http://www.youtube.com/watch?v=0bAekG9VwQc

MÚSICA: Sexual Healing – Marvin Gaye

"Ooh, baby let's get down tonight


Baby I'm hot just like an oven
I need some lovin'
And baby, I can't hold it much longer
It's getting stronger and stronger
And when I get that feeling
I want Sexual Healing
Sexual Healing, baby
Makes me feel so fine
Helps to relieve my mind

Sexual Healing baby, is good for me


Sexual Healing is something that's good for me
Whenever blue tear drops are falling
And my emotional stability is leaving me
There is something I can do
I can get on the telephone and call you my baby, and
Honey I know you'll be there to relieve me
The love you give to me will free me
If you don't know the things you're dealing
I can tell you, darling, that it's Sexual Healing

Get up, Get up, Get up, Get up, let's make love tonight
Wake up, Wake up, Wake up, Wake up, 'cos you do it right
Baby I got sick this morning
A sea was storming inside of me
Baby I think I'm capsizing
The waves are rising and rising
And when I get that feeling
I want Sexual Healing

Sexual Healing is good for me


Makes me feel so fine, it's such a rush
Helps to relieve the mind, and it's good for us
Sexual Healing, baby, is good for me
Sexual Healing is something that's good for me
And it's good for me and it's good to me

My baby ohhh
Come take control, just grab a hold
Of my body and mind
soon we'll be making it
Honey, oh we're feeling fine
You're my medicine open up and let me in
Darling, you're so great
I can't wait for you to operate
Get up get up get up get up
let´s make love tonight
wake up wake up wake up wake up
cause you do it right"

Edward levantou sua taça em minha direção, propondo um brinde. Expirei


o ar, umedecendo meus lábios com minha língua, e o imitei, nossas taças se
tocando, o fino barulho dos cristais ecoando baixo.

- À nós, Cindy. Assenti, me ajeitando no banco de couro preto, minha mão


livre imediatamente ajeitando meu cabelo. Odiei a escolha de roupa que eu
havia feito antes de sair para a Espartacus – a roupa que ele havia me dado.
A questão é que eu jamais imaginaria que eu iria encontrá-lo novamente,
muito menos sem estar trajada de meu personagem, e eu não havia trazido
muitas opções de Forks.
- A roupa ficou perfeita em você... - Ele disse, retirando uma mecha de
cabelo dos meus ombros e colocando para minhas costas, seus dedos
tocando minha pele no caminho.

Aquela altura eu não conseguia mais raciocinar. Levei a taça até a boca e
de uma vez só engoli todo o líquido levemente amargo, numa tentativa de
fazer com que as borboletas que haviam se instalado em minha garganta
voltassem para meu estômago. Edward segurou meu copo vazio e colocou
na mesa, junto com o dele, quase intocado. Depois, voltou-se e inclinou-se
ligeiramente sobre mim, sua mão segurando minha nuca pela segunda vez
naquela noite, sua boca tocando minha orelha e fazendo meus olhos
revirarem atrás de minhas pálpebras fechadas.

- Eu vou fazer você se arrepender por ter me instigado esse noite, Cindy...

“Ah, porra... Você pode fazer o que quiser comigo, e eu serei feliz.”

Senti sua mão tocando minha coxa e subindo vagarosamente, levando meu
vestido no caminho. Me amaldiçoei quando um gemido escapou por entre
meus dentes, assim que seus dedos tocaram minha calcinha, meu corpo
escorregando simultaneamente pelo banco para lhe dar passagem.

“Maldito corpo fácil e sensível”, pensei. “Que merda de poder esse


homem tem sobre mim.”

Edward ajoelhou-se à minha frente. Forcei – com muita dificuldade – meus


olhos a se abrirem, e me arrependi no mesmo instante. O olhar dele me
devorou, ao mesmo tempo em que uma nova música começava a tocar e
preenchia todo o espaço, inclusive minha mente.

MÚSICA: Closer – Nine Inch Nails

http://www.youtube.com/watch?v=PTFwQP86BRs&ob=av2n
You let me violate you
you let me desecrate you
you let me penetrate you
you let me complicate you

Help me
I broke apart my insides
(Help me)
I've got no soul to sell
(Help me)
The only thing that works for me
Help me get away from myself

I want to fuck you like an animal


I want to feel you from the inside
I want to fuck you like an animal
My whole existence is flawed
You get me closer to god

You can have my isolation


You can have the hate that it brings
You can have my absence of faith
You can have my everything

(Help me)
Tear down my reason
(Help me)
It's your sex I can smell
(Help me)
You make me perfect
Help me become somebody else

I want to fuck you like an animal


I want to feel you from the inside
I want to fuck you like an animal
My whole existence is flawed
You get me closer to god

Through every forest


Above the trees
Within my stomach
Scraped off my knees
I drink the honey
Inside your hive
You are the reason
I stay alive

- Eu vou sentir você por dentro...

Esse foi seu último sussurro, antes de enterrar sua cabeça entre minhas
pernas e sua língua me invadir, com fúria. Arqueei minhas costas e minhas
mãos se fecharam sobre o banco de couro, buscando em vão algo em que se
segurar.
-Oh, fuck...

- Isso, Cindy... - Ele falava e gemia, sua língua entrando e saindo de meu
sexo, minhas mãos agarrando meus cabelos, insanamente.

- Sente que eu faço com você... Sente a maneira como você treme em
minha boca...

Sua boca continuava a me devastar enquanto ele falava, matando toda a


vontade que ele sentia de mim desde o momento em que eu subi no palco.

- Eu percebi que você estava completamente excitada lá naquele palco,


Cindy... - Ele afastou-se e subiu o corpo, sua boca agora próxima a meu
umbigo. - Quase pude ver o tesão escorrendo pelas suas pernas, tão doida
estava para que eu fodesse você.

Concordei com a cabeça. Eu não estava conseguindo formular qualquer


frase intelígível, e acredito que Edward já tinha percebido que aquela foda
ia ser um monólogo. Dois dedos invadiram meu corpo, sem cerimônia,
enquanto um terceiro massageava magistralmente o ponto sensível entre
minha entrada e meu ânus.

- Ca... ra...lho... - Finalmente consegui pronunciar uma única palavra,


ainda que ela não passasse de um palavrão gemido entredentes.

- Isso, Cindy... - Ele havia subido por meu tronco, e sua boca estava a
milímetros da minha, seus lábios roçando os meus enquanto falava. - Sente
o que eu faço com você. E farei a noite inteira, para você não esquecer
novamente.

Não preciso nem dizer que eu gozei assim que ele acabou de falar isso, e
somente em imaginar tudo o que ainda aconteceria o espasmo se tornava
cada vez maior.

Meu corpo amoleceu aos poucos sobre a mão dele, seus dedos
abandonando o meu lentamente, meu músculo se fechando assim que ele se
desvencilhava de mim. Mordi meu lábio inferior, uma mecha de meu
cabelo firmemente entre meus dedos, meu couro cabeludo levemente
dormente.

- Vem cá. Levantei a cabeça, que estava repousada sobre o encosto do


banco, e abri os olhos. Edward havia se deitado sobre o carpete, apoiado
nos cotovelos. Seus cabelos bagunçados davam à imagem um ar ainda mais
sexy, sem falar no volume visivelmente formado, aparente mesmo sob suas
calças.

Escorreguei pelo banco e caí de joelhos no chão acarpetado. Edward levou


as mãos à minha cintura, me puxando para cima dele. Podia sentir seu pau
latejando sob mim, implorando para que ele o libertasse. Minhas mãos
seguiram para seu cinto. Inesperadamente, ele segurou meus pulsos, me
impedindo de abrí-lo, e puxou meus pulsos para cima, me fazendo deitar
sobre ele, suas pernas entre as minhas. As mãos voltaram a descer pelo meu
corpo, parando em minha cintura. Forçou meu quadril para baixo,
praticamente esmagando seu membro sob mim, meu músculo sendo
friccionado por sua ereção.

Ele movimentou meu quadril e rebolei sobre seu corpo. Minhas mãos
estavam espalmadas sobre seu peito, e eu podia sentir perfeitamente seus
músculos contraídos. Olhei para o lado de relance, e a imagem das pessoas
na rua, olhando para aquele carro imponente, curiosamente tentando nos
enxergar, era completamente excitante. Uma enxurrada desceu por minhas
pernas.

- Isso, Cindy... - Ele falou, os olhos verdes me devorando. - Rebola pra


mim... Rebola no meu pau...

- Ed... ward... - Gemi, me forçando para completar seu nome. - Eu... Eu


preciso de você... Dentro. Agora.

Num movimento rápido ele me girou e se colocou por cima de mim, e


nunca um peso sobre meu corpo pareceu tão agradável.
- Eu vou me enfiar em você... E vou fazer você gozar a noite toda,
tremendo alucinadamente no meu pau. Pode ter certeza.

Num impulso, minhas mãos apertaram sua bunda, trazendo seu quadril
para mais junto de mim, ao mesmo tempo em que minhas pernas
enlaçavam sua cintura, deixando o caminho completamente livre para ele
fazer comigo o que acabara de prometer. Seu rosto aproximou-se do meu e
sua língua afastou meus lábios, invadindo minha boca. Seu quadril
movimentava-se contra o meu, seu pau massageando meu músculo pulsante
enquanto ele rebolava sensualmente sobre mim. Então o carro parou.
Edward levantou o rosto e eu o segui, sem gostar de sentir sua língua me
abandonando.

- Chegamos, Sr. Edward. A voz de Edgar ressoou pelo carro. Ele suspirou e
me olhou.

Eu estava frustrada pela interrupção repentina, e minha expressão revelava


isso.
- Não se preocupe... - Ele falou em meu ouvido, meus seios achatados sob
seu tórax perfeito. - Agora é que vai começar a sua tortura.

Ele se levantou, me puxando pela mão. Eu tremia ligeiramente, nervosa


por antecipação. Nunca eu quis tanto ser torturada, em toda a minha vida.

Capítulo IX - Jogo perigoso

Eu estava vendada. Minhas mãos estavam presas na cabeceira da cama,


sobre minha cabeça, meu corpo nu esticado sobre o lençol.

Era incrível como o corpo humano funcionava. A partir do momento que


um de meus sentidos ficou obsoleto, todos os outros afloraram.

Eu podia distinguir perfeitamente tudo o que me cercava. O cheiro forte


de cera das velas que queimavam, bem como o calor forte que elas
emanavam, fazendo meu corpo suar por todos os poros. O som de uma
melodia baixa ao fundo, grave e constante.

E o cheiro adocicado e almiscarado da pele dele, do seu hálito.

Eu estava com medo. Mas também estava tremendamente excitada.


Podia sentir que os pêlos do meu corpo estavam ouriçados, assim como
uma leve tremedeira se fazia constante.

- Ed... Edward?

Já fazia alguns minutos que eu não o escutava se mexer. Podia sentir sua
presença ali – ouvi quando ele acendeu o cigarro e podia ouvir as tragadas
esparsas e profundas, bem como o cheiro da fumaça espalhando-se pelo
ambiente.

Edward havia me vendado antes que eu descesse do carro. “Agora é que


vai começar sua tortura”, ele havia falado, em seguida passando um
pedaço de seda negro por meus olhos, onde permanecia até então.

- Eu não mandei você falar.

A voz rouca e grave soou próxima ao meu ouvido e me fez literalmente


saltar sobre o colchão. As algemas frias que prendiam meus pulsos
machucaram minha carne no mesmo instante. Ele permaneceu ali. Podia
sentir que ele se movia sobre mim, sua respiração revelando o caminho que
ele fazia: minha bochecha, meus lábios, meu pescoço, meus seios, meu
ventre, minha virilha.

Esfreguei minhas coxas, tentando enganar a mim mesma, fingindo que


queria me proteger, quando na verdade buscava uma maneira praticamente
ineficaz de aliviar a pulsação crescente – e quase insuportável – entre
minhas pernas.

- Você se comportou muito mal essa noite, Cindy. – Ele falou, na beira da
cama, no lado oposto à minha cabeça.

- Me... Me desculpe.

- Vou explicar mais uma vez, e será a última. Você fala quando eu mandar.
Balance a cabeça positivamente, se entendeu o que eu disse.

Assenti silenciosamente.
- Ótimo.

Senti a cama mexer-se ligeiramente, e imaginei que ele havia se levantado.


Por um momento a música que tocava ao fundo parou, e o único som
audível no quarto foi a minha própria respiração – tão alta e descompassada
estava que anulava todo o resto.

“Eu vou morrer.” – Pensei. – “Vou morrer e ninguém sabe onde eu estou.
E a única coisa em que eu consigo pensar é que vou enlouquecer de tesão
se ele continuar a me tratar dessa forma”

- Eu vou fazer você chegar no seu limite hoje, Cindy. Fazer você implorar
para que eu coma você.

Não ia precisar muito. Eu já estava praticamente implorando e sabia que


ele tinha total consciência disso.

Senti algo tocar os dedos dos meus pés. Um arrepio percorreu todo o meu
corpo no mesmo instante. Tentei distinguir o que era – o toque era suave e
macio sobre minha pele. Quando a sensação agradável começou a subir por
meu tornozelo, meu cérebro identificou o apetrecho como uma pena, ou
algo como uma leve pluma.

Canela. Joelho. Parte inferior da minha coxa direita. Puta que pariu.

O toque delicado alcançou meu clitóris, de uma forma tão sutil e


superficial que eu apertei com força o lábio inferior entre meus dentes, para
me proibir de gritar. Trabalhando em círculos, a pluma alcançava a
extremidade de minha virilha e voltava ao músculo latejante. Eu arqueei
meu quadril em sua direção, como se dessa forma inútil meu corpo fosse
alcançar o que desejava, mas o efeito foi inverso.

A pluma – ou o que quer que fosse – afastou-se de mim. Eu não sentia seu
toque em parte alguma de minha pele. Deixei meu quadril voltar a cair
sobre o colchão. Meu peito subia e descia aceleradamente, meu coração
audível a cada pancada que dava contra minhas costelas.
- Eu queria que você pudesse ver essa cena.... – A voz soou ao meu lado
direito, o sotaque britânico carregado. – Você está tão molhada que eu estou
quase gozando só de olhar para você. Fico imaginado a maravilha que será
quando meu pau se enterrar em você, vagarosamente.

“Oh, fuck. Fuck, fuck, fuck”.

A imagem de Edward completamente nu surgiu por trás de minhas


pálpebras vendadas, minha imaginação traçando seus músculos com
perfeição. Minha língua correu por sobre meus lábios, umedecendo-os, e a
saliva desceu cortando minha garganta.

Eu estava fervendo. As velas haviam esquentado o ambiente – que eu não


fazia a menor idéia de como era – e eu tinha plena noção de que uma fina
camada de suor cobria meu corpo, bem como havia alguns fios de cabelo
grudados na minha testa. Ouvi um barulho, e por instinto virei minha
cabeça na direção de onde ele vinha.
“Mas o quê...? Uma tampa? Que porra é ess...?"

As mãos firmes de Edward tocaram meus pés. Senti minha pele queimar
ligeiramente, uma sensação perfeita e deliciosa. O toque dele corria sobre
meu corpo sem qualquer atrito. Um cheiro levemente amadeirado tomou
conta do ambiente. Um óleo. Era isso. As mãos apertavam minha carne,
espalhando o óleo quente sobre minha pele, esquentando mais e mais meu
corpo, subindo vagarosamente.

Porra. Eu ia enfartar. Minha vontade era abrir a boca e pedir, implorar que
ele me comesse. Eu havia me comportado mal, havia sido uma menina má,
e ele podia me punir o quanto quisesse por isso. Mas eu não podia falar.
Edward não havia permitido, não ainda.

http://www.youtube.com/watch?v=Btb5gOC2xYk&ob=av2e
MUSICA - Criminal - Fiona Apple

I've been a bad, bad girl


I've been careless with a delicate man
And it's a sad, sad world
When a girl will break a boy just because she can

Don't you tell me to deny it


I've done wrong and I want to suffer for my sins
I've come to you 'cause I need guidance to be true
And I just don't know where I can begin, ooh

What I need is a good defense


'Cause I'm feeling like a criminal
And I need to be redeemed
To the one I've sinned against
Because he's all I ever knew of love

Heaven help me for the way I am


Save me from these evil deeds before I get them done
I know tomorrow brings the consequence at hand
But I keep living this day like the next will never come

Oh help me, but don't tell me to deny it


I've got to cleanse myself of all these thoughts
Till I'm good enough for him
I got a lot to lose and I'm betting high, so I'm begging you
Before it ends, just tell me where to begin

What I need is a good defense


'Cause I'm feeling like a criminal
And I need to be redeemed
To the one I've sinned against
Because he's all I ever knew of love

Let me know the way


Before there's hell to pay
Give me room to lay the law and let me go
I've got to make a play
To make my lover stay
So, what would an angel say?
The devil wants to know

What I need is a good defense


'Cause I'm feeling like a criminal
And I need to be redeemed
To the one I've sinned against
Because he's all I ever knew of love

What I need is a good defense


'Cause I'm feeling like a criminal
And I need to be redeemed
To the one I've sinned against
Because he's all I ever knew of love

- Você confia em mim, Cindy?

Abri a boca para responder. Mas as palavras não sairam.

- Pode responder, agora.

Se eu confiava nele? Não, eu não confiava. Apesar de todos os meus poros


desejarem aquele homem... Apesar de todo o meu ser ansiar senti-lo, e me
entregar a ele cada vez mais, sem qualquer restrição ou pudor... O meu
instinto gritava, me dizendo que ele era perigoso. Tudo nele exalava
mistério: seu semblante, seu olhar, a forma como falava e se movia... Tudo.

- Sim. Eu confio em você. - Menti.

As mãos desvencilharam-se do meu corpo. Minha cabeça movimentou-se,


meu subconsciente aguçando meus ouvidos. Outro barulho, similar ao
anterior. Outro frasco se abrindo. Mais uma vez as mãos tocaram minha
carne, dessa vez espalhando por minha pele um óleo gelado que, em
contato com o calor anterior, me fez gemer.

Gemer de prazer. Quente e frio. Bom e mau.


As mãos subiram, perfazendo o mesmo caminho de antes. Chegaram até
minha virilha, passeando suavemente por minha fenda, abrindo
ligeiramente meus lábios.

- Agora é a hora de implorar, Cindy.

Ah, sim. Oh, Deus, sim.

- Edward... - Quase engasguei de excitação. - Por favor, eu... Merda, por


favor.

Imaginei um sorriso torto se formando em seus lábios. A venda era


estupidamente excitante, mas me impedia de observar a maravilha que
Edward representava, e a amaldiçoei por conta disso.

- Por favor, o quê?

- Por favor, entre... Entre em mim.

Como se eu é quem mandasse ali, Edward obedeceu. Dois dedos


escorregaram para dentro de meu corpo, e tornaram a sair, voltando com a
companhia de um terceiro.

“Porra, tão boooom”

Rebolei. A mão livre de Edward pousou sobre meu ventre, me empurrando


contra o colchão, impedindo que eu levantasse meu quadril. Seus dedos
curvaram-se dentro de mim, tocando a parede interna de meu corpo.

- É assim que você gosta, hum...? - Sua língua passou por minha pele, da
virilha até o umbigo, e voltou para meu clitóris. Pressionou o local em
círculos. Eu puxei meus braços, o aço das algemas – antes frio – estava
morno, devido à fricção com minha pele.

- Sim... Sim, Edward, aí, não para...


Ele massageava o ponto certeiro de meu músculo, e eu podia sentí-lo
latejando e pulsando contra sua língua macia. Quando a pulsação
aumentou, Edward afastou o rosto do meio das minhas pernas. Meus
músculos enrijeceram-se, minha cabeça ficando alerta, aguçando minha
audição, mais uma vez.

Merda de venda. Ele subiu sobre mim. Meu corpo nú ficou entre suas
pernas, que também estavam nuas, aparentemente. Pele contra pele. Tremi
em expectativa. Edward abocanhou meus seios, alternando de um para o
outro, enquanto suas mãos seguiram para um de meus pulsos e abriram uma
das algemas que me prendiam.
.
Então eu não sentia mais seu corpo sobre o meu; apenas suas pernas ao
meu redor. Ele segurou minha mão e me guiou, e eu fui tateando às escuras,
até que meus dedos envolveram seu membro, duro, grosso e pulsante.
Salivei.
- Chupa meu pau, Cindy.

“Seu pedido é uma ordem, mestre.”

Beijei suavemente a ponta, e posso jurar que ouvi Edward arfar à esse meu
gesto. Sua mão segurou meu cabelo com força, me puxando para mais perto
dele. Passeei com minha língua por toda a cabeça, demorando-me
propositalmente em sua fenda, sugando algumas gotas de seu tesão que
teimavam em sair.

- Abre a boca, Cindy. - Obedeci. - Mais.

Ele enfiou seu pau sem nenhum cuidado, a carne macia alcançando a
parede de minha garganta.

- Isso, Cindy... - Ele gemeu.

Senti seu membro contrair-se sobre minha língua. Edward retirou antes que
fosse tarde demais e eu lambi os lábios, sorvendo todo o sabor que emanara
dele. Delicioso. Sem falar nada, ele abriu minha outra algema.
Caí deitada na cama, o corpo dele sobre o meu, seu pau me invadindo no
momento seguinte, totalmente lá dentro, na primeira estocada. Edward
enterrou seu rosto na curva de meu ombro, seus dentes enterrando-se em
minha carne. Sua mão buscou a minha e nossos dedos entrelaçaram-se, a
cama balançando de acordo com que nossos corpos se moviam.

- Agora, Cindy... Goza pra mim... Goza no meu pau.

Como não podia ser diferente, obedeci. Minhas mãos seguiram para suas
costas e cravei minhas unhas em sua pele. O orgasmo que se seguiu foi tão
violento que eu berrei – alto e demoradamente – exorcizando todo o tesão
acumulado dentro de mim. Edward desaguou seu desejo em meu corpo
quase simultaneamente.

Nossos corpos continuaram unidos, o tórax perfeito dele pressionando meus


seios a medida que sua respiração se acalmava. Então um som começou a
ecoar no quarto, bem diferente da música que preenchia o ambiente.

“Ah, não... Merda!”

Edward se levantou. Eu me sentei na cama e retirei a venda, meus olhos


piscando, doloridos, ofuscado pelas velas. Ele foi até uma mesa e pegou
minha bolsa. Sacou meu celular e levou ao ouvido, em completo silêncio,
apenas sua respiração entregando que alguém atenderá a chamada. Então
ele empertigou as costas e seus olhos se fecharam levemente, a boca numa
fenda, um suspiro pesado.

Ele voltou para perto de mim e esticou o aparelho em minha direção.

- Creio que seja para você... Isabella Swan.

Engoli em seco. Ele continuava me encarando, diretamente, o olhar mortal


e raivoso me causando arrepios.

Relutantemente, estendi a mão e peguei o aparelho. Edward afastou-se em


seguida, acendendo algumas luzes e entrando numa porta ao lado direito da
cama, que imaginei ser o banheiro.
- Alô. - Falei, o mais baixo que consegui.

- Bella? – A voz de Alice surgiu, ansiosa e preocupada. – Onde você está?


Está tudo bem?

Segurei uma mecha de cabelo com força, os olhos fechados.

- Oi... Oi Alice. Está tudo bem, sim.

- Hum. E onde você está? Estava tentando falar com você e chamava até
cair na caixa postal.

- Eu... Eu saí com uns amigos. – Edward saiu do banheiro e foi para o
outro lado do quarto, acendendo um cigarro e sentando-se na beira da cama,
de costas para mim, em seguida. – Não estou podendo falar agora... Mas te
ligo amanhã, ok? Eu prometo.

- Bella, mas que amigos são esses, quem é esse homem que passou o
telefone pra voc...?

Fechei o flip do aparelho, interrompendo a ligação. Eu estava sentada


sobre meus joelhos. Respirei fundo e encarei a nuca de Edward, os cabelos
pós-sexo desleixados e quase irresistíveis. Os segundos se passavam,
intermináveis, enquanto o silêncio reinava no quarto. Meus olhos
finalmente percorreram e analisaram o ambiente ao meu redor: a cama era
redonda, no meio de um quarto escuro – a maioria dos móveis eram negros.
Havia um espelho no teto e luzes indiretas iluminavam suavemente o local,
ao mesmo tempo que as velas tremeluziam, incansáveis. Havia, ainda, um
mastro de pole dance posicionado bem de frente a cama onde estávamos.

- Como está Chase?

A voz rouca me espantou, e parei o tour de reconhecimento que fazia,


virando a cabeça rapidamente na direção de Edward. Ele ainda estava de
costas, e ainda fumava um cigarro – não sei se o mesmo ou se já havia
tratado de acender outro.
- Co... Como?

Me senti extremamente estúpida com aquela pergunta. Era óbvio que


Edward não era nenhum idiota – isso havia ficado claro desde que meus
olhos pousaram sobre ele, na primeira vez que o vi. E, além disso, era óbvio
também que ele não era o tipo de homem que gostava de ser enrolado – que
admitia ser enrolado, de qualquer forma. Ele não me respondeu. Levou
mais uma vez o cigarro a boca e tragou, profundamente, a fumaça
demorando alguns segundos até ser expelida através de suas narinas.
Levantou-se, largou a guimba acesa sobre o cinzeiro e, finalmente, olhou
para mim. Um arrepio me invadiu e abracei meu próprio corpo, por reflexo.
Seus olhos estavam num tom de verde tão escuro que, sob aquela luz,
pareceriam negros para quem não o conhecesse.

Quando eu percebi que ele não repetiria a pergunta, achei melhor


responder de uma vez.

- Chase está péssimo. Não poderia ser de outra forma, naquele lugar
terrível, preso por um crime hediondo que não cometeu.

Ele franziu os olhos, pensativo.

- E como você tem tanta certeza?

- Eu fui visitá-lo. Vi com meus próprios olhos o estado deplorável em que


se encontra, então posso dizer com certeza que ele não está bem e...

- Como você tem certeza de que ele está preso por um crime que não
cometeu?

Ah, isso. Era isso que ele queria saber. Mas que diabos! Como assim “como
eu tenho certeza”? Eu tenho certeza porque conheço Chase melhor do que
qualquer pessoa em toda a porra do universo, por isso é que eu tenho
certeza! Porque eu sei que ele é uma pessoa boa e amorosa, o melhor irmão
mais velho que qualquer garota sonharia em ter, e que exatamente por isso
ele jamais teria coragem de maltratar uma jovem, quase da mesma idade
que eu.

- Eu simplesmente... Simplesmente tenho certeza. – Limitei-me a


responder, puxando o lençol sobre meu corpo e caindo de lado sobre o
colchão, saindo de cima de meus joelhos dormentes.

Edward aproximou-se de mim e segurou com força meu braço, um pouco


acima do cotovelo.

- Foi ele quem te mandou? Foi Chase quem teve essa idéia ridícula e
fadada ao fracasso de te enviar para me espionar?

- Por quê? – Indaguei, me impulsionando e ficando de joelhos, o rosto


muito próximo ao dele. – Você está com medo? Medo que eu descubra que
você é o verdadeiro culpado, junto com esse bando de pervertidos, mas que
conseguiram se safar única e exclusivamente porque têm poder aquisitivo
para comprar sua inocência?

A mão livre levantou-se em minha direção, raivosa e determinada. Eu virei


o rosto e fechei os olhos com força, antes que ela descesse sobre mim,
impiedosa e certeira. Para minha surpresa, a dor não me atingiu.

Abri os olhos e vi que a mão havia parado a centímetros de mim, o punho


fechado, as juntas dos dedos brancas por falta de circulação sanguínea. Os
olhos de Edward também estavam fechados, com força, aparentemente
enquanto ele recobrava a sanidade e recompunha seu auto-controle.

Então, num movimento rápido, ele segurou meus cabelos, repuxando


minha cabeça para trás.

- Cuidado com as coisas que você diz, Isabella. - O olhar dele voltou a me
atingir, frio e cortante. - Você realmente acha que fui eu? Que fui eu quem
estuprou e matou a doce e desprotegida Molly?

Eu o encarei, sem saber o que responder mais uma vez naquela noite. Pois
a verdade é que eu me envolvera naquela loucura toda para encontrar o tal
de Edward Cullen... O homem poderoso, severo e misterioso que poderia
estar por trás de toda essa história escabrosa; que poderia ser o verdadeiro
culpado e que livraria meu único e amado irmão da fúria implacável da
justiça californiana. E realmente esse foi o homem que eu conheci.

Edward de fato era poderoso – com apenas um olhar ele fazia com que as
pessoas se sentissem mortais indefesos e comuns. Ele também era severo, e
isso ficou provado pelo modo rude e seco com que ele me tratou na vez em
que liguei para ele, ou como tratou o homem que me interceptara quando eu
voltava para casa, depois de ter encontrado com meu amigo, José Cuervo.
E misterioso... Bom, isso não precisava sequer entrar e pauta. O mistério
era uma característica intrínseca de Edward; fazia parte de sua
personalidade, como a falta de direção fazia da minha.
A verdade é que todos esses fatores faziam dele um homem literalmente
irresistível. Como se um imã sugasse as mulheres para perto, e ainda que o
radar interno de todas berrasse que ele poderia ser perigoso, era
praticamente impossível evitar que o inevitável acabasse acontecendo. E o
inevitável era: minha emoção havia perdido a batalha com a minha razão, e
eu estava terminantemente apaixonada por aquele homem. E, exatamente
por isso, ainda que eu conhecesse de cor as probabilidades e quisesse
veementemente acreditar que Edward era o verdadeiro culpado... Eu não
conseguia.

- Não. - Respondi, finalmente. - Eu não acho que seja você. Ou pelo


menos... Eu não quero acreditar nisso.

Um vislumbre de sorriso malicioso surgiu em seu olhar, apesar de sua boca


permanecer reta e séria.

- Isa... Bella. - Ele pronunciou meu nome vagarosamente, os lábios muito


próximos aos meus.

Eu senti que ele queria dizer mais alguma coisa, mas desistiu. Ao invés
disso, sua boca se abriu e ele devorou a minha, sua língua lascíva e cheia de
desejo me devastando por inteiro, num verdadeiro duelo, onde nenhum de
nós queria perder ou ganhar: apenas continuar dançando simultaneamente,
num ritmo preciso e voraz.
- Edward... - Gemi, enquanto ele segurava meus tornozelos, um com cada
mão, e me puxava para a beira da cama, para perto de seu corpo.

- Hum...?

Minhas mãos seguravam com força seus cabelos, mantendo o rosto dele
junto ao meu. Ele abriu os olhos e a imensidão verde esmeralda pareceu me
engolir, acabando de vez com qualquer sanidade que ainda pudesse existir
em meu organismo.

- Eu... Senti dois dedos invadirem minha entrada e instantaneamente


começarem a se mover, para dentro e para fora do meu corpo.
- Você...? Porra, eu estou apaixonada por você.

- Eu preciso ir...

Sem se importar com o que eu acabara de falar, mais uma vez suas mãos
seguiram para os meus tornozelos, me virando e me deixando de quatro
sobre os lençóis emaranhados. Segurando com força minha cintura ele
aproximou-se de mim. Sua mão seguiu para meu cabelo, segurando-o num
rabo, esticando minhas costas e, dessa forma, deixando meu quadril
completamente empinado em sua direção, para o seu belo prazer.

E eu tinha certeza que ele saberia exatamente como aproveitar. Seu pau
enterrou-se em mim, lenta e torturantemente.

- Você... Não vai... A lugar algum.

Ele estocou com força e um gemido incontido escapou de minha garganta.


Minhas mãos apertaram o lençol, puxando-o para perto de mim.

- Você está completamente... molhada... - Ele arfava, enquanto continuava


escorregando para dentro de meu corpo.

Sim, sim porra. Eu estava molhada e não havia como ser diferente.
- Eu vou torturar você... Até você perder os sentidos, Bella.

Alguém aí já gozou apenas ao ouvir um homem maravilhoso falando


sacanagens, enquanto enfia o pau - duro e pulsante - deliciosamente em
você? Porque isso acabou de acontecer comigo. E eu tenho que admitir que
ouví-lo gemer meu nome verdadeiro teve uma grande influência, também.
As mãos grandes apertaram minha carne, e eu sabia que seus dedos
estavam marcados na pele clara de minha bunda.

- Sabe o que eu estou vendo nesse exato momento, Bella?

Fechei os olhos e deixei que meu pescoço caísse, minha cabeça encostando
no colchão, meu quadril ficando ainda mais empinado na direção de
Edward e literalmente partindo seu pau ao meio.

- Meu cacete arrombando você... Seu tesão escorrendo pelas suas pernas,
entregando o quanto você está completamente maluca por mim.

- Ohhh, gosh.

- Rebola pra mim. - Ele disse, em seguida desferindo um tapa na minha


coxa direita. Obedeci. - Porra... - As mãos dele me seguraram ainda com
mais força. Então seus dedos percorreram a extensão de minha bunda e
encontraram o ponto apertado e virgem entre minhas nádegas.

No susto – e ansiedade – deixei meus ombros caírem e meu rosto colou-se


ao colchão. Com minha bunda completamente empinada, Edward encarou
como um convite à sua insinuação e enfiou um dedo, vagarosamente. Fuck,
fuck, fuck.

- Hum... Apertada e quente. - Ele se debruçou sobre meu corpo, a boca


próxima à minha nuca. - Deliciosa, Isabella.

Ele retirou o dedo, mexendo em círculos, e voltou a enfiar, acompanhado


de outro.
- Sabe o que eu estou fazendo? - Ele gemeu.

Não respondi. Não tinha qualquer capacidade de formular qualquer frase,


ainda que curta e sem nenhum significado.

- Responde, cachorra.

Puta merda, caralho. Filho da puta gostoso e maldito.

- Nãaao.... - Foi o máximo que consegui. Uma negação gemida entredentes


e quase num fiapo de voz.

- Estou preparando seu rabinho virgem para meu pau, Bella.

What a FUCK? Morri. Mil vezes morri.

- Agora sim... Você está pronta para me receber.

Meu corpo lançou-se para frente num impulso, com certeza fruto do
nervoso que eu sentia. As mãos de Edward me seguraram com força e me
puxaram para perto dele, e eu literalmente cai sentada em seu colo, meu
corpo envolvendo todo o seu membro, meu músculo virgem recebendo
aquela intensidade de uma única vez.

Para minha surpresa, um espasmo forte e abrasador percorreu meu corpo, e


eu me contraí sobre seu membro, gemendo alto. Era gostoso demais,
doloroso demais, prazeroso demais, enlouquecedor demais. Sim, eu só
podia ter enlouquecido.

- Gozou, hum...? - Ele perguntou, enquanto seus dedos correram para o


músculo entre minhas pernas, massageando em círculos. - Pois agora eu é
que vou esporrar em você, Bella.

Momentos depois ele cumpriu a promessa, e seu jorro quente invadiu meu
corpo, devastando pela primeira vez aquela parte até então intocada de
meu organismo Eu me desvencilhei dele vagarosamente, meu corpo caindo
sobre o colchão, suado, cansado, exaurido. Edward levantou-se e parou ao
meu lado. Pegou meu pulso e, antes que eu pudesse relutar, me prendeu
novamente à cabeceira da cama.

- Há algo de errado com seu senso de perigo, Bella.

Ele apagou as luzes e foi para o banheiro, deixando apenas meu corpo
suado reluzindo a sombra das velas, quase apagadas aquela altura.

Ouvi a porta bater, e meu coração começou a pulsar acelerado, no mesmo


segundo.

“Mas que porra?!..." Tentei puxar o braço, que estava preso. Nada. Ele
havia realmente prendido a algema. Olhei ao redor e não vi nada que se
parecesse com uma chave. Merda. Então meu celular recomeçou a tocar.
Fiquei parada enquanto esperava que a pessoa desistisse. Fiquei pensando
em quem seria: Alice ou Jacob? Ele parou e recomeçou. Mais duas vezes.

Finalmente a pessoa – insistente – desistiu. Deixei minha cabeça cair no


travesseiro. A sensação em minha mão era incômoda, já mal conseguia
sentir meus dedos. Então o desgaste de tudo o que aconteceu começou a
atingir meu organismo, rapidamente. Contra a minha vontade, minhas
pálpebras começaram a se fechar. Eu tentei lutar, tentei resistir, juro que
tentei. Mas foi mais forte do que eu. Já ouvi dizer que existem quatro coisas
contra as quais o nosso cérebro não consegue lutar. Coisa que ele
simplesmente não consegue controlar. A fome, o medo, o sono e o tesão. Eu
já tinha tido prova de que isso era verdade - no quesito tesão, quero dizer. E
agora, para corroborar essa tese, o sono simplesmente estava esvaindo todo
e qualquer resquício de consciência que pudesse existir em meu corpo. Em
pouco tempo milhões de imagens ocupavam minha mente: como era de se
esperar, todas continham a visão inebriante de Edward Cullen.

Ok, até casando eu me imaginei com ele. Mas e aí? É para isso que servem
os sonhos, ou não é? E em meu sonho ele estava simplesmente
deslumbrante. Estava todo vestido de branco – com um daqueles smoking´s
de caimento perfeito, você sabe – e, bem, ainda tinha aquele ar misterioso,
mas pelo seu olhar eu tinha absoluta certeza de que ele estava caidinho por
mim, tanto quanto eu estava por ele. A festa foi perfeita – e incrivelmente
Jacob estava lá, me desejando felicidades e todas aquelas coisas de praxe.
Mas eu não era nada burra – nem em sonho – e logo a imagem passou da
festa lotada para um quarto, onde as únicas pessoas presentes eram nós
dois. Edward e eu. Sozinhos.

“- Eu te amo." - Nós estávamos dentro de uma hidromassagem imensa, e a


água estava deliciosamente morna, tanto que fazia meu corpo suar, mesmo
meu corpo estando completamente submerso. Eu estava encaixada em
Edward – sentada de frente para ele, minhas pernas envolvendo sua cintura
e meu músculo envolvendo seu membro, aconchegantemente.
Normalmente eu ficaria com os olhos arregalados ao ouvir aquela
afirmação dos lábios dele, mas não ali, não em meu sonho perfeito. Ali era
como seu todos os meus poros soubessem que era verdade, que ele me
amava, e que nós havíamos sido feitos um para o outro, pura e
simplesmente.

“- Eu... Eu amo você." - Foi tudo o que consegui responder, e ainda assim
debilmente. Era tudo tão perfeito que chegava a ser sufocante. Então, como
é normal em sonhos, eu prestei atenção e vi que uma das mãos de Edward
estava em meu pescoço, apertando consideravelmente, enquanto a outra
jogava meus cabelos para o lado e deixava o espaço livre para que sua boca
grudasse na pele do meu pescoço.

“- Você fica ainda mais irresistível assim, indefesa.”

Joguei meu rosto ainda mais para o lado, deixando espaço para que ele se
fartasse, para que literalmente fizesse comigo o que bem entendesse.

E era exatamente isso que ele estava disposto a fazer. Senti seus dentes
cravarem-se em minha clavícula, não tão forte que me fizessem gritar, mas
também não tão leves que não me deixassem marcada. Sua mão deixou
meus cabelos e ele apertou meu seio exposto, meu mamilo entre seus
dedos, um gemido baixo escapando por entre meus dentes. Mas então algo
despertou minha atenção. Eu sabia que nos sonhos era normal que certos
detalhes fossem incongruentes, e tal e coisa, e coisa e tal. Mas eu também
tinha certeza de que, algo que eu jamais confundiria, nem mesmo em
sonhos, era o cheiro perfeito que emanava dele. O cheiro inebriante e
almiscarado de perfume, misturado com suor e com tabaco, que eu poderia
distinguir facilmente a quilômetros de distância, sem nenhuma dificuldade.
Eu já havia sentido aquele odor agradável antes, mas não conseguia me
recordar de onde. Mas eu sabia que não era de Edward. Nã-hã. Então,
contra minha vontade – eu estava naquela fase em que sabia que era um
sonho, e exatamente por isso não queria acordar – eu abri os olhos.

Eu não posso dizer que fiquei exatamente surpresa quando percebi que não
era Edward que estava ali, afinal meu subconsciente já havia me preparado,
ainda que ineficazmente. Mas quando eu vi de relance o rosto escondido
entre a curva de meu ombro e meu pescoço, instintivamente comecei a me
debater. Em vão, claro. O homem era consideravelmente mais forte do que
eu, e ficou claro em questão de segundos que qualquer batalha que eu
pudesse iniciar já estava perdida, ainda mais com uma de minhas mãos
atadas. Então a realidade desabou em mim como uma avalanche. Aquele
cheiro. Aqueles cabelos cor de mel. Aquele era Jasper Whitlock. Eu me
debati com mais força, e no mesmo momento a mão que permanecia em
meu pescoço aumentou a pressão contra a minha carne, dificultando
entrada de oxigênio em meu organismo.

- Fica calminha, Cindy, e não irei te machucar... Pelo menos, não muito.

- Onde... Onde está o Edward?

Minha voz saiu falha e quase inaudível. Ele se levantou ligeiramente,


apoiando-se nos cotovelos, e os olhos verdes invadiram os meus, sem
cerimônia.

- Edward não está aqui agora. Somos só eu e você. Mas não creio que ele
vá se importar com isso, pode ter certeza. Nós já dividimos muitas putinhas
como você, essa não é nem de longe a primeira vez.

Essa afirmação penetrou em meu organismo da mesma forma que uma


injeção de adrenalina pura em meu sangue. Me debati com muito mais
força, e lágrimas de ódio começaram a escorrer pelos cantos dos meus
olhos fechados, com força. Meu pulso doía absurdamente, e a sensação era
de que o ferro da algema havia de repente se transformado em uma navalha
afiada, cortando minha carne sem qualquer piedade. Jasper Whitlock
prendeu meu corpo entre suas pernas e eu fui obrigada a parar de me
mover.

- Você sabe o que Edward me falou, Cindy? Ele grudou a boca em minha
orelha, sugando meu lóbulo e enfiando sua língua em meu ouvido, fazendo
um arrepio involuntário percorrer meu corpo aquele gesto.

Sua mão – finalmente – largou meu pescoço, seguindo para meus cabelos,
segurando-os cm tanta força que um gemido de dor escapou de minha
garganta, enquanto Jasper puxava minha cabeça para trás.

- Edward falou que você tem a boceta mais apertada que ele já comeu em
toda a porra da vida dele...

Eu pulei sobre o colchão, meu corpo se chocando contra os músculos


definidos de Jasper, que tratou de aumentar a intensidade com que me
segurava.

- E como eu sei que ele já experimentou diversas bocetas deliciosas, dos


mais diversos tipos... Eu fiquei realmente curioso e ansioso por
experimentar a sua. Antes mesmo que finalizasse a frase seu membro me
invadiu. Eu podia sentir meu corpo relutando, tentando impedir que aquilo
se concretizasse, se fechando numa tentativa vã de impedí-lo, o que só
tornou as coisas piores e mais doloridas para mim.

A cada investida eu sentia o ar abandonando meus pulmões. Virei o rosto


para o lado e Jasper segurou minhas bochechas, me forçando a encará-lo, e
quando fechei os olhos o tapa surgiu imediatamente, queimando minha
pele. Então eu voltei a olhar para ele. Forcei meu corpo a relaxar, me
forçando a entender que dessa forma os danos seriam menores e tudo
acabaria mais rápido. Sua cabeça subia e descia, seu corpo se esfregando ao
meu à medida em que ele estocava dentro de mim, cada vez mais fundo e
com mais força. Voltei a fechar os olhos, e dessa vez Jasper me permitiu
essa proeza. Tentei pensar em outras coisas. Pensar em Edward machucava
meu coração, agora que eu sabia que ele me via nada mais como um objeto
para sua satisfação e de seus amigos pervertidos. Pensei em Alice. Eu devia
ter atendido, devia ter dito onde estava, ela poderia ter me ajudado, junto
com Jasper. Jasper. Jasper Hale. Jasper Whitlock. Uma profusão de
lembranças invadiram minha cabeça, tão rápido que ela começou a latejar.

FLASHBACK ON .

- Então quer dizer que você vai sair com um milionário, único herdeiro da
maior indústria de Port Angels.

Alice soltou a cerveja sobre a mesa e me encarou. Ela nunca foi


interesseira – longe disso – mas era minha melhor amiga e não podia
mentir para mim que o futuro que a esperava era, no mínimo, acolhedor.

- Pois é... Quem diria, hum?

Sorri e bebi um gole da minha própria long neck.

- Já pensou se vocês se casam? Você viraria o quê, então? Mary Alice


Brandon Hale Whitlock?

Alice amarrou os cabelos e sorveu mais um gole, limpando a espuma sobre


os lábios com a ponta da língua.

- Nem pensar. - Ela falou, dando de ombros. - Jasper não fala com o pai,
desde que o avô morreu e deixou em seu testamento que era para ele
assumir a presidência da indústria. Desde então nem mesmo ele utiliza o
sobrenome Whitlock.

- Nossa, é sério assim? - Perguntei, sem na verdade me importar muito.

- Parece que sim. Jasper me contou por alto, mas aparentemente o Sr.
Whitlock não tem o gênio mais fácil do mundo. Jasper disse que a mãe
sofreu uns bocados nas mãos dele, e que acabou morrendo por desgosto. -
Ela deu de ombros mais uma vez. - Por isso ele só usa o sobrenome do avô.
Diz que, já que o pai foi embora, quanto menos lembranças, melhor.

- Bom, nisso eu tenho que concordar com ele...

FLASHBACK OFF .

Um grito abafado ressoou pelo quarto, saindo do fundo do meu ser, ao


mesmo tempo em que Jasper Whitlock estremecia sobre meu corpo.

Fechei os olhos e agradeci por não sentir o líquido quente escorrer por
minhas pernas. Pelo menos aquele monstro havia se dado ao trabalho de
usar camisinha. Eu mordi o lábio inferior com força, enquanto sentia Jasper
deixando meu organismo. Ouvi enquanto ele se movimentava pelo quarto, e
deduzi que ele estivesse se vestindo. - Você realmente é deliciosa... Mas
espero que de uma outra vez você se solte mais. Apertei os olhos e ouvi a
porta bater. Girei de lado na cama, abraçando meu corpo com a mão que
estava livre, enquanto um soluço incontido escapou e lágrimas começaram
a rolar contra o travesseiro.

Eu havia sido estuprada pelo pai de Jasper, noivo de minha melhor amiga,
que estava me ajudando a livrar meu irmão da cadeia.

E, aparentemente, eu teria que retribuir acusando seu pai.


Capítulo X - Caminho sem volta

O barulho da porta se fechando não foi alto, porém meu sono era leve e eu
acordei, sobressaltada. Minha boca tinha um gosto salgado, fruto das
lágrimas que secaram ali. Eu havia chorado até apagar.

Edward dirigiu-se diretamente para o lado da cama. Tirou a camisa e


pendurou atrás da porta do banheiro, indo para o aparador e preparando
uma dose de whisky.

- Conseguiu descansar?

Ele ainda estava de costas para mim, e sorveu o conteúdo de uma só vez,
como costumava fazer, assim que acabou de fazer a pergunta. Eu não
respondi.
Estava com muito ódio dele. Vontade de mandá-lo para a puta que pariu.
Cínico. Me jogou nas mãos pegajosas daquele abutre e ainda tinha coragem
de me fazer uma pergunta dessas.
O meu silêncio chamou sua atenção e ele voltou-se para mim. Seus olhos
estreitaram-se e me analisaram, curiosos. Ele pousou o copo sobre o
aparador e aproximou-se. Sua mão segurou meu pulso, enquanto a outra
buscou a chave no bolso traseiro de sua calça e em seguida livrou-me da
algema.

Eu gemi de dor, a medida que abaixava meu braço. Antes que conseguisse
pousa-lo sobre o colchão, Edward segurou os dedos de minha mão de uma
forma delicada, pela primeira vez desde que eu o conhecera.
- Como isso aconteceu? - Ele olhava para o ferimento no meu pulso, que
tinha uma camada fina de sangue ressecado. Percebi que a pergunta era
retórica: ele questionava à si mesmo. - Quando eu te prendi... Seu pulso
estava normal. Não estava?

Puxei meu braço, livrando-me dos seus dedos longos, e me levantei


da cama, levando o lençol comigo e me enrolando nele.

- Hey... Hey! - Ele deu a volta e parou na minha frente, segurando meus
braços logo abaixo de meus ombros, me impedindo de chegar até o
banheiro. - Eu te fiz uma pergunta.

Eu o encarei séria e intensamente, e ele sustentou meu olhar.

- Se você já sabe a resposta, então por quê pergunta?

Num movimento rápido me desvencilhei e passei por Edward, mas ele


agilmente segurou meu braço, um pouco acima de meu pulso ferido.

- Como isso aconteceu?

- Eu me mexo muito enquanto durmo. - Falei, arqueando uma


sobrancelha, sabendo que daquela maneira o irritaria.

Definitivamente Edward não é do tipo que aceita quando alguém desafia


sua inteligência.

- Me conta logo, Isabella. Eu não estou brincando.

- Ué... Você não é o Edward todo poderoso Cullen? Descubra você


mesmo, se não acredita em mim. Agora me solta, que eu preciso ir.

Ele permaneceu me encarando. Claramente pensava se acatava meu pedido


– que mais soou como uma ordem – ou se continuava aquele interrogatório.
Como ele não me soltou, entendi que ele iria me manter ali até que eu
dissesse a verdade.
- Você quer mesmo saber? Pois o seu amigo Jasper Whitlock veio
compartilhar do seu brinquedinho, Edward. E ele soube aproveitar muito
bem, do jeito dele. Ele inclusive me falou todas as coisas que você
comentou, a meu respeito. - A respiração de Edward acelerou-se. - Mas não
tem problema, podia ser pior, não é? Eu podia continuar encarcerada até
todos os membros desse clube virem aqui se satisfazer... Como deve ter
acontecido com Molly. Então eu acho que só tenho a agradecer, por estar
viva. Muito obrigada, Senhor Cullen. E quer saber? Eu tenho nojo de vocês.

Eu sabia que tinha extrapolado os limites. Sabia que estava pisando em um


terreno minado, e que era um caminho sem volta, desde que decidi começar
com toda essa loucura. Mas dizer que eu esperava o tapa que Edward me
deu, fazendo minha bochecha arder... Seria mentira.

Meu rosto permaneceu virado para o lado, durante um tempo que não sei
precisar quanto. Meus cabelos estavam sobre meus olhos, alguns fios
dentro de minha boca entreaberta, e em minha língua eu podia sentir o
gosto de sangue.

Lentamente voltei a olhar para ele. Sua figura estava estática, e a expressão,
impassível. Era impossível detectar a quantidade de raiva que ainda
armazenava, ou se por algum milagre ele tinha se arrependido do que
acabara de fazer. Sua mão soltou meu pulso, finalmente. Eu permaneci
parada, encarando-o, e engoli em seco, sentindo o gosto do ferro escorregar
por minha garganta.

- Você... Nunca mais... Toca em mim. - Falei por fim.

As palavras foram difíceis e dolorosas de pronunciar. Meu corpo se


contraiu de imediato, reclamando de minha decisão, pois estava
completamente viciado naquele homem.

Me virei e entrei no banheiro, batendo com força a porta atrás de mim e


rodando a chave. Podia sentir meus olhos queimando, mas as lágrimas não
saíram. Acho que já tinha gastado todo meu estoque. Ainda estava apoiada
na bancada do banheiro, encarando a minha imagem acabada no espelho,
quando escutei a porta batendo. O ar saiu com força de meu corpo, e pouco
tempo depois eu havia entrado no chuveiro e deixava a água, quase
fervendo, bater com força nos meus músculos.

Eu me sentia ligeiramente melhor quando saí. O quarto estava vazio. Olhei


para a cama e um envelope preto estava sobre o colchão. Fui até ele olhei o
interior. Várias notas de cem dólares, completamente novas, estavam
milimetricamente ajeitadas lá dentro. Contei rapidamente. Dez mil. Atrás da
última nota havia um cartão. Era preto, fosco, e totalmente em branco, a
não ser por uma pequena inscrição em alto relevo, no canto inferior
esquerdo.

E. Cullen

Logo abaixo do nome havia um número de celular, que eu tentei puxar na


memória e me pareceu o que eu já havia discado uma vez.

Num impulso impensado, rasguei o cartão e deixei os restos sobre o


colchão, guardando o envelope com as notas em minha bolsa. Saí do quarto
e o corredor era limpo e arejado, bem diferente de como eu imaginava.
Segui a sinalização, tomei o elevador e em pouco tempo estava no saguão
do que parecia ser um luxuoso apart hotel. Um homem uniformizado e
alinhado sorriu para mim e veio em minha direção, saindo de trás do
balcão.

- Senhorita Cindy?

Assenti com a cabeça.

- Há um carro com motorista aguardando para levá-la.

- Não, muito obrigada. Pegarei um táxi.


O rapaz empertigou-se, sem esperar aquela resposta. Eu acenei com a
cabeça, agradeci novamente, e logo estava jogada no banco de trás de um
táxi velho e fedorento, com um motorista indiano que não me parecia saber
exatamente para onde me levava. Não me importei. Tinha dinheiro
suficiente para ir até o Texas, e uma volta de carro pela cidade de São
Francisco poderia me ajudar a pensar. Pensar no que eu iria fazer.
***

- Cindy?

Steven colocou a cabeça na fresta da porta. Eu não parei de me maquiar.


Estava concentrada, aumentando o volume dos meus cílios com um
Givenchy verde escuro que comprara naquela tarde.

- Pode entrar, Steven.

Acabei de passar o rímel, analisei o efeito e virei para ele, parado perto da
porta, com cara de tacho. Ele se aproximou e parou perto de mim.

- Cindy... - Steven falava baixo, em tom de segredo. - Eu vim aqui


porque... Porque Edward Cullen mandou perguntar se pode entrar.

Então eu entendi a expressão incrédula de Steven. Afinal, pelo pouco


tempo que convivia ali, sabia perfeitamente bem que Edward Cullen nunca
pedia autorização para nada, ainda mais para entrar em um dos camarins.

- Pois diga a ele que não...Que ele não pode entrar.

Steven não se moveu. Percebi que ele estava receoso em negar algo ao
poderoso Cullen. Arqueei as sobrancelhas e cruzei os braços.

- Ok... Tudo bem, eu digo à ele. Acabe de se aprontar, Rosalie está quase
acabando... E a casa está lotada. Além de todos os Cullen estarem
presentes.
Ele saiu. Encarei o espelho. Todos os Cullen? Isso devia significar Edward,
Emmett e o tal de Carlisle.

- Senhor Edward, ela disse que não, e...

- Que história é essa, Cindy?

A porta se abriu com um estrondo, Edward adentrando no ambiente


seguido de um resignado Steven, que deu de ombros, me pedindo
desculpas.

- Pode deixar, Stew.

Edward não se virou para ele. Me encarava enfurecidamente, e eu não me


abalei. Steven saiu, nos deixando a sós.

- Quer dizer que, além de um assassino covarde, que gosta de bater em


mulheres, você também é mal educado?

- Eu não costumo pedir permissão. E muito menos ouvir um não como


resposta.

Ele se aproximou de mim. Meu coração acelerou-se, e fechei os olhos por


um curto tempo, tentando me acalmar.

- Fiquei esperando você me ligar.

Eu ri. Um riso de raiva, que não consegui conter.

- Ah, por favor, Edward. Que parte do você nunca mais vai me tocar você
não entendeu?

- Não meça forças comigo, Isabella... Você não sabe ...

- Não sei o quê? Onde estou me metendo? Do que você é capaz? Que não
tem mais volta? Sim, eu sei. Sei disso tudo. - Ele levantou levemente o
queixo. - Agora, por gentileza, eu tenho que acabar de me arrumar. Um
público sedento me espera, e a noite deve ser longa, se é que me entende.

Ele lançou um olhar para meu pulso. Então voltou a me encarar, passou a
mão nos cabelos, e saiu.

Caí sentada na cadeira. Steven entrou logo em seguida.

- O que aconteceu? O homem passou por mim como uma bala, de péssimo
humor...!

- Nada, Steven. Ele só não está num bom dia, acredito eu.

Ele me encarou, analisando minha resposta. Provavelmente tentava se


lembrar quando o tinha visto em um “bom dia”.

- Bom.. - Ele voltou a falar. - Rose já desceu do palco. É a sua vez. Vamos?

Assenti. Passei o batom e em pouco tempo estava na escada escura,


escutando o DJ anunciar animadamente meu nome, e a música começar a
tocar. Eu me sentia nervosa, como da primeira vez. Não por causa da
apresentação em si, mas pelo que eu havia decidido, mais cedo, dentro do
táxi, e iria colocar em prática em poucos minutos.

Eu iria enfurecer Edward, até levá-lo ao limite. Até fazê-lo querer me


matar.

Eu subi no palco. As palmas e os assovios ecoaram pelo local. Comecei a


me mover, sensualmente. Cada dia mais minha prática aumentava, e os
movimentos fluiam de meu corpo sem esforço.

Abri os olhos e o vi. Diferentemente das outras vezes, ele estava sozinho.
Estava encostado no balcão do bar, com os braços cruzados no peito, e o
olhar em fenda cravado em mim. A cada movimento mais lascivo, os gritos
entusiasmados aumentavam. Eu não desviei o olhar do dele, e mesmo que
não conseguisse enxergar com perfeita nitidez, podia imaginar exatamente
o tom escuro de seus olhos, cheios de tesão.
Senti que a música estava no fim. Respirei fundo. O canto direito de meu
lábio arqueou-se, num sorriso malicioso, e Edward levantou o queixo, uma
ruga surgindo entre seus olhos, provavelmente sem entender o que aquilo
significava.

Mas ele entenderia. Logo.

Meus olhos percorreram o local e pairaram sobre o reservado que os


Cullen costumavam usar, e onde Edward decidira não ficar naquela noite.
Emmett estava lá, e o sorriso safado que ele tinha no rosto me fez ter
certeza de que ele me desejava, tanto quanto todos os outros homens que
estavam ali.

Num movimento rápido e surpreendentemente gracioso eu desci do palco.


Um corredor humano se abriu no mesmo instante, me dando passagem.
Olhei na direção do bar. Edward havia se empertigado – provavelmente
estava na ponta dos pés – e abria caminho por entre o platéia eufórica.

Andei diretamente em direção à área VIP. Emmett e Carlisle estavam


parados, lado a lado. Parei na frente deles. Emmett sorria mais abertamente
agora, mas Carlisle permanecia impassível, a não ser por sua língua, que
umedeceu ligeiramente seus lábios, entregando sua excitação. Como se o
DJ quisesse dar mais ênfase ao teatro, a música cessou.

- Olá... - Falei, olhando diretamente para Carlisle. - Creio que não fomos
devidamente apresentados. Meu nome é Cindy.

Ele sorriu malandramente e estendeu a mão em minha direção. Eu apenas


olhei, e em seguida me virei de costas, puxando meus cabelos para o lado e
levando a mão até o fecho do meu soutien. Abri vagarosamente, tomando
cuidado para tapar meus seios com um braço, enquanto com a outra mão
estendia a peça delicada para ele, que segurou, os olhos faiscando.

Eu pisquei e virei de costas, começando a andar. O lugar explodiu em uma


profusão de assovios, gritos e elogios para mim, e eu tinha plena certeza de
que Carlisle me seguia. Olhei de relance para Edward, que havia se
aproximado e estava na primeira fileira do corredor, agora.

Pode parecer loucura, mas seu maxilar estava trincado com tanta força, que
posso jurar que ouvi seus dentes rangerem.

Carlisle me seguiu calado, e permaneceu assim mesmo depois que já


havíamos entrado em meu camarim. Servi uma dose de bebida para ele –
conhaque – que se sentou e ficou me observando, enquanto eu separava a
roupa que iria vestir. Já estava quase acabando de vestir a blusa quando
ouvi ele atender o celular.

- Sim? Você sabe onde estou. Claro que não, por que faria isso? Você não
está sendo racional. – Um silêncio prolongado se seguiu. – Não irei discutir
com você. Creio que você esteja invertendo as coisas. Eu não recebo
ordens. Eu mando. Depois nos falamos.

Ele desligou e eu finalmente saí do closet.

- Está pronta? – Assenti com a cabeça, em silêncio. – Ótimo. Vamos indo,


então. Foi a minha vez de segui-lo.

Um Porsche preto nos esperava na porta da Espartacus.

Então, tá. Nunca pensei que fosse andar em todos esses carros em toda a
minha vida. O carro era estilo esportivo, com apenas duas portas. Carlisle
abriu a porta do carona para mim e pouco tempo depois sentou-se no banco
do motorista. Sem falar nada, ligou o som e deu partida, saindo com o
carro, me levando para algum lugar que eu não fazia idéia de onde. Não foi
difícil perceber que ele era de poucas palavras. Apoiou um cotovelo na
porta, segurando a cabeça com a mão, enquanto olhava direta e
concentradamente para o caminho a sua frente.

Recostei a cabeça no banco de couro e fechei os olhos. A música era


agradável e o carro era incrivelmente silencioso: apenas um ronronar suave
era perceptível aos meus ouvidos. Me assustei e quase bati a cabeça no teto
baixo quando o celular de Carlisle vibrou. Ele ignorou esse fato. Atendeu
ainda olhando para frente.

- Olá. Já estou a caminho. Sim... E acho que você vai gostar.

Ele ficou em silêncio, o aparelho no ouvido, a mão livre apoiada em sua


coxa, segurando com os dedos a base do volante, despreocupadamente.
Olhei no painel: 120km/h. Tentei me concentrar na voz que ecoava do
aparelho, mas foi em vão. Será que era Edward? Será que a primeira
ligação havia sido ele, e essa também era? Será que ele estava me levando
para seu encontro?

- Cindy?

Pisquei e olhei para ele. Carlisle me olhava como se já estivesse falando


comigo há um tempo razoável, sem que eu respondesse.

- Sim? - Falei, me ajeitando no banco, virada para ele.

- Chegamos.

Olhei pelo vidro escuro. O carro realmente havia parado. Carlisle saiu do
carro e passou na frente do capô, parando ao meu lado e abrindo minha
porta, estendendo a mão para que eu descesse. Engoli em seco e senti
minhas bochechas arderem.

Ah, ok. Corando como uma adolescente que sai pela primeira vez com o
cara mais velho. Era só o que me faltava, realmente.

Segurei sua mão e desci do carro. Mal havia fechado a porta, Carlisle deu
um passo em minha direção.

Pega no susto, dei um passo para trás, sentindo o metal frio do Porsche
preto em meu quadril. As mãos de Carlisle pousaram no teto, me deixando
estrategicamente posicionada entre seus braços. Ele usava um cachecol
vermelho, jogado sobre os ombros de um sueter cinza. Mordi meu lábio
inferior e fechei meus punhos com força, para refrear a vontade quase
incontrolável de puxá-lo pelo acessório e trazê-lo para junto de meu corpo.

- Você foi ousada... - Sua voz soou baixa e grave.

Seus olhos passeavam por meu corpo, sem manter-se por tempo demais em
nenhum ponto específico.
- E eu adoro isso em uma mulher. Sem sequer cogitar em me pedir
permissão, a mão de Carlisle apertou minha coxa e subiu para minha bunda,
cravando-se em minha carne naquele local. Um gemido involuntário
escapou de minha garganta e deixei que minha cabeça caísse em seu ombro.

Eu ia me entregar completamente à ele. Ia fazê-lo adorar me comer. Ia fazê-


lo contar isso a Edward.

Sem qualquer aviso Carlisle afastou-se de mim. Pela primeira vez consegui
analisar onde estávamos: era uma rua completamente tranquila, arborizada,
e visivelmente tratava-se de um bairro chique e tradicional. Haviam casas
lindas dos dois lados, e era difícil escolher qual a mais bonita e elegante.
Carlisle deu as costas, segurando a minha mão, e começou a andar em
direção a uma das casas, a qual o carro havia parado em frente ao jardim
bem tratado. Com um gesto breve de mão me deu passagem, e eu comecei a
subir as escadas que davam na porta na sua frente, sua mão pairando sobre
meu cóxi, como se quisesse me dar apoio.

Assim que paramos, ele me virou e me pressionou contra a imensa porta de


madeira escura. Senti o volume sob suas calças contra minha barriga e mais
uma vez um gemido baixo escapou por entre meus dentes. Sua mão
avançou por minhas costas, entrando sob minha blusa e percorrendo todo o
caminho de minha espinha, alcançando minha nuca e segurando meu
pescoço com firmeza. Dessa vez o meu instinto gritou e minhas próprias
mãos seguraram cada uma um lado de seu cachecol de lã vermelho,
puxando-o para perto. Nossos narizes se tocaram e o olhar verde esmeralda
de Carlisle me invadiu, ao mesmo tempo em que um sorriso malicioso
puxou o canto de seus lábios para cima.
Para minha frustração, ele não me beijou. Seus lábios desceram por minha
mandíbula e encontraram a pele sensível de meu pescoço, entreabertos, sua
língua me causando arrepios e deixando um rastro de saliva quente pelo
caminho que traçava. A mão de Carlisle continuava em meu pescoço, e
gentilmente empurrou minha cabeça para o lado, angulando minha posição
e expondo minha carne para sua boca.

Senti a mão livre enfiar-se em seu bolso, e um barulho de chave ecoou no


silêncio da noite. Seu corpo moveu-se para o lado, carregando o meu com
sincronia, e no momento seguinte um estalar anunciou que a porta havia se
aberto. A porta moveu-se o suficiente para que passássemos por ela, sem
dificuldade. Minhas mãos ainda agarravam-se ao cachecol, e Carlisle não
parecia importar-se com a proximidade de nossos corpos. Fechou a porta
com o pé e mais uma vez eu me flagrei imprensada contra a madeira, sendo
que a mão livre dessa vez apertava minha bunda e deixava meu corpo ainda
mais colado ao dele. Forcei-me a abrir os olhos, enquanto a boca de
Carlisle continuava sua inspeção em meu pescoço.

O local era divinamente bem decorado, num estilo clássico. Havia apenas
uma luz indireta acesa, mas ela era fraca e servia apenas para dar um ar
quente e aconchegante ao local.

- Sabe o que eu quero, Cindy? - Estremeci com a surpresa de sua voz dentro
de meu ouvido, o lóbulo de minha orelha entre seus dentes.

- Não...

Eu mesma mal reconheci minha voz. Fraca, ofegante e entregue. Excitada,


esse era o adjetivo perfeito.

- Quero sentir meu pau completamente envolto nessa sua boca quente.

Antes que eu pudesse responder, Carlisle segurou meus braços e girou


nossos corpos, dessa vez ele mesmo encostando-se à porta. Colocou sua
mão em meu ombro e me forçou para baixo, e eu não pensei em criar atrito.
Estava salivando só de imaginar o sabor doce que ele teria. Mal havia
acabado de me ajoelhar na sua frente, suas mãos ágeis já trataram de abrir
sua calça, que cairam – junto com sua boxer branca – até o meio de suas
pernas. Sua mão começou a massagear seu membro vagarosamente.

Eu olhava hipnotizada. O membro de Carlisle não era circuncisado. A


cabeça de seu pau aparecia e sumia na medida que ele se tocava, e o
excesso de pele parecia facilitar o movimento.

Minha língua umedeceu meus lábios. Carlisle segurou meus cabelos e


puxou minha cabeça para perto de seu quadril. Segurei a base com a minha
mão – que, diga-se de passagem, não conseguiu fechar-se em torno dele – e
toquei a cabeça com a ponta da língua. Passei por sua fenda e suguei o
escasso líquido que havia ali. Saboroso, como eu havia imaginado.

Minha boca não demorou para engolir quase toda a sua extensão, sua carne
tenra e macia enconstando na parede de minha garganta, quase me fazendo
sufocar. Senti seu pau estremecer suavemente em minha boca.

- Ela deve chupar maravilhosamente bem, para você já estar quase


explodindo, Carlisle.

Por obra divina não mordi o pau de Carlisle, tamanho o susto que levei. Me
levantei em um impulso. Havia uma mulher, sentada em uma poltrona, no
canto mais escuro da imensa sala. Ela estava com as pernas cruzadas, e sua
expressão era suave. Os cabelos castanhos e ondulados estavam soltos
sobre os ombros.

Carlisle se mexeu e voltei a olhá-lo. Havia levantado as calças, sem fechá-


las, e andou em direção à mulher. Com um gesto delicado inclinou-se em
sua direção e beijou sua boca – um beijo faminto e apaixonado. Engoli em
seco, a saliva praticamente rasgando minha garganta. A mulher se levantou,
sem descolar os lábios dos dele, e o beijo intensificou-se ainda mais, se é
que era possível. Senti o músculo entre as minhas pernas começara latejar e
fechei os olhos.

Passos ecoaram, vindo em minha direção.

- Cindy?
A voz de Carlisle me chamou e eu abri as pálpebras. Ele e a mulher
estavam parados muito próximos a mim. Ambos tinham um sorriso nos
lábios, emoldurando a face perfeita. Sim. A mulher era tão bonita quanto
ele.

- Deixe-me apresentar-lhe... Essa é Esme, minha esposa. Esme, essa é


Cindy.

Esposa?!?! A palavra ecoava alta em minha cabeça.

- Muito prazer, Cindy. - A mulher estendeu a mão, que eu segurei. - Estava


ansiosa para conhecê-la.

Antes que eu pudesse responder, os lábios macios e carnudos tocaram os


meus. Meus olhos arregalaram-se. Nunca uma mulher havia se aproximado
tão intimamente de mim, e definitivamente isso era algo pelo qual eu não
esperava. A mão de Esme segurou os cabelos próximos de minha nuca,
numa forma bem mais delicada que Carlisle fizera, pouco tempo atrás, mas
não por isso menos sensual. Repuxou minha cabeça ligeiramente para trás,
seu hálito doce passando por mim e chegando ao meu ouvido.

- Quero ver se você consegue fazer Carlisle gozar tão gostoso como eu
faço, Cindy.

Ela olhou para ele, que sorriu, e mais uma vez eles começaram a se beijar.

Carlisle estava com os olhos abertos, fixos em mim. Sua mão seguiu para
meu seio, apertando no mesmo ritmo em que sua língua faminta devorava
Esme. Porra, porra, porra. Eu só me meto em confusão, já deixei isso claro?

Ok, uma confusão irritantemente excitante, mas ainda assim, uma puta de
uma confusão.

Esme desvencilhou-se do beijo e se afastou. Piscou para mim, voltando a se


sentar na poltrona. Olhei para Carlisle. Ele me observava, com uma mistura
de desejo e curiosidade. Se aproximou, dessa vez com muito mais euforia.
Suas mãos agarraram a barra de minha blusa, que em menos de um segundo
passou por meu pescoço e caiu no chão, aos nossos pés. No mesmo instante
sua cabeça enterrou-se entre meus seios, alternando-se de um para outro,
chupando, mordendo e lambendo cada um, deliciosamente.

Olhei por sobre o ombro dele. Esme se tocava, por sobre a saia delicada que
usava. Tinha os olhos febris e o lábio entre os dentes. Carlisle mordeu meu
pescoço, e eu gemi. Alto. Num movimento brusco, ele me girou e colou
meu corpo contra a parede, meus seios achatados contra o concreto frio.
Sua mão hábil percorreu minha cintura e abriu minha calça, enquanto a
outra levantou meus pulsos acima de minha cabeça e os prendeu ali.

Ele puxou minha calça justa para baixo, e eu movi meu corpo para ajudar
sua descida. Com um puxão, Carlisle rasgou minha calcinha – uma Victoria
Secret rendada que eu havia comprado naquele mesmo dia.

- Vem cá, Esme.

Meu corpo se enrijeceu. Ouvi Esme se levantar. Virei a cabeça naquela


direção, mas meu cabelo havia criado um véu sobre meu rosto, que não me
deixava enxergar muita coisa. Esme parou ao nosso lado. Vi que ela me
analisava, sua língua passeando por sobre seus lábios, como se estivesse
literalmente salivando. Ouvi o barulho de algo se rasgando. Vi as mãos de
Esme moverem-se, enquanto Carlisle deixava a cabeça cair para trás, os
olhos fechados.

O cheiro de latéx lubrificado preencheu o ar e entendi que ela havia


colocado uma camisinha em Carlisle. A mão livre de Carlisle segurou
minha cintura e me puxou para trás, empinando meu quadril em sua
direção. Ele colou o corpo ao meu, e senti seu volume contra minhas costas,
quente e pulsante. Rebolei.

- Ela te quer, Carlisle. - A voz de Esme anunciou essa constatação


tranquilamente.

- E ela vai me ter, querida...


Ele bateu com o pau em minha bunda. Deixei minha cabeça cair pra frente,
minha testa encostando na parede com um baque surdo. Fechei os olhos
quando senti seu membro forçando minha entrada, a cabeça facilmente
percorrendo o espaço, não encontrando qualquer tipo de restrição. E nem
podia. Eu estava tão molhada que podia sentir o tesão escorrendo por
minhas pernas, sem exagero. A mão que segurava minha cintura desceu
vagarosamente e encontrou meu músculo pulsante, começado a trabalhar
em círculos. Carlisle segurava com força meus pulsos, e senti uma dor
começar a se formar, haja vista o machucado ainda não cicatrizado que
existia ali.

- Mais fundo, querido.

Ah, porra. Maldição. Aquele homem já era excitante demais. Eu não


precisava de sua mulher estonteante dando uma de voyer e palpitando em
como ele devia me comer. Era demais.

Bom demais.

Ele obedeceu prontamente a ordem de Esme. Com uma estocada funda e


um ecoar de carne contra carne, seu pau preencheu todo o espaço existente
em meu organismo. O ar escapou de meus pulmões com força, e mordi meu
lábio, fechando os olhos e literalmente vendo estrelas.

- Isso, Cindy... Morde meu pau... Deixei que minha cabeça pendesse para
trás, encostando em seu tórax de músculos perfeitos. A mão de Carlisle
havia largado meus pulsos e voltado a segurar minha cintura, permitindo
que ele chegasse ainda mais fundo e regulasse os movimentos como mais o
saciasse. Nossos gemidos eram cada vez mais altos, e não demorou muito
para que Esme se juntasse a nossa sinfonia. Pouco tempo depois eu e
Carlisle estremecemos quase simultaneamente, meu músculo abraçando o
dele com muito mais força.

Ele saiu de dentro de mim. Levantei minha calça – a calcinha era caso
perdido – e peguei minha blusa do chão, vestindo-a em seguida. Esme não
estava mais a vista. Carlisle também se ajeitava. Uma ruga surgiu entre seus
olhos e ele colocou a mão no bolso, retirando o celular que vibrava. Um
suspiro irritado saiu de suas narinas quando ele olhou o visor.

- Alô. Sim. Um minuto... E seja breve.

Ele estendeu o celular para mim.

- Meu filho quer falar com você.

Foi a minha vez de olhá-lo intrigada.

- Seu... filho?

- Sim... Edward.

Olhei para o aparelho. Edward era filho de Carlisle. Algo me dizia que eu
havia conseguido meu objetivo. Edward iria me matar, e seria uma morte
lenta.
Capítulo XI - Doce ilusão

POV de Edward

- Meu filho quer falar com você..


- Seu..filho?

- Sim..Edward.

Fechei os olhos e aguardei, por um segundo me pareceu longo demais. Eu


simplesmente detestava esperar: paciência definitivamente não era uma das
minhas qualidades.

- Alô.

A voz de Bella soou fraca e temerosa. Senti meus músculos relaxarem um


pouco. Gostava de saber que, por baixo daquela máscara de mulher
independente, na verdade existia uma submissa inveterada. Eu sabia que
Isabella amava que eu comandasse. Eu podia sentir.

- Cindy?

Não sabia quão próximo Carlisle poderia estar dela, então achei melhor
manter as aparências, chamando-a pela nome fictício que criara.

-Hum...Sim?

- Está mais calma? Meu pai conseguiu apaziguar sua fúria implacável? Já
ouvi diversas histórias, parece que ele tem esse dom.
Minha voz soou fria e sem emoção. Engoli em seco e senti minha garganta
arder. Traguei profundamente o cigarro e segurei a fumaça.

- Oh, sim. Se bem que, tenho certeza, as histórias que o Senhor ouviu não
lhe fizeram jus. Carlisle é ... Espetacular.

Senti um rosnado se formar em meu peito. Apaguei meu cigarro e minha


mão seguiu para o volume formado sob a minha boxer. Meu pau estava
duro como pedra, e latejava de tesão só de escutar a porra da voz daquela
mulher. Merda.

- Bom saber disso. Saber que você está mais calma. Precisamos conversar.

Vozes soaram ao fundo, abafadas. Apesar disso, reconheci o tom grave de


Carlisle.

- Eu preciso ir. Carlisle está me chamando. E eu já disse: nós não temos


nada o quê conversar. Você não toca mais em mim, Edward.

Ela não havia mais me chamado de Senhor. Carlisle devia ter se afastado.

- Isabella. - Falei, e ela ficou em silêncio. Sua respiração era pesada e


entrecortada. - Chega de joguinhos. Eu não estou pedindo, ou fazendo um
convite. Eu estou mandando.

Silêncio. Meu pau latejava, incessantemente. Puta que pariu, eu precisava


encontrar uma forma de me aliviar, e rápido.

- Eu já disse que você não toca mais em mim.

A indecisão e ansiedade em sua voz estavam tão evidentes que me fizeram


sorrir.

- Pode ficar tranquila Isabella. Eu não tocarei em você, nunca mais. Pelo
menos, não até você implorar pra que isso ocorra. E, ainda assim, pode ser
que não me convença.
Outro silêncio longo.

- Então o que você quer comigo?


- Isso você descobrirá quando nos encontrarmos pessoalmente. Agora vá,
Carlisle não gosta de esperar.

Desliguei o aparelho antes que ela tivesse tempo de responder. Sentei-me


na beirada da cama e me permiti acender outro cigarro. Havia desistido de
parar, pelo menos por enquanto.

Ouvi a porta se abrir delicadamente - quem quer que fosse conhecia meu
gênio e não queria chamar mais atenção do que a estritamente necessária. A
fumaça penetrou nos meus pulmões - quente e reconfortante. Olhei para o
lado. A mulher - eu não sabia o nome dela - estava parada perto da porta, os
olhos fixos no chão.

- Olhe pra mim. - Mandei.

Ela obedeceu prontamente. Os olhos eram verdes - não tanto quanto eu


desejava, tampouco tão intensos. Os cabelos eram castanhos e lisos, e
caiam-lhe os ombros, sobre a altura de seus seios. Sua pele era clara, com
algumas sardas esporádicas.

Levantei-me, deixando o cigarro queimar sobre o cinzeiro de prata, e


lentamente me dirigi até ela. Meu olhar aguçado percebeu o modo como os
músculos da mulher tencionaram: ela estava nervosa.

Isso era ótimo. Parei a pouco centímetros. Ela continuava a me encarar,


mas pude perceber o quanto estava se esforçando para isso. Sua face estava
queimando e sua respiração estava agitada, por mais que ela tentasse
controla-lá.

- É a primeira vez que nos encontramos, então serei breve. Você fará o que
eu mandar e quando eu mandar. Isso ínclui tudo, inclusive falar, ou gemer.
E, desde o momento que você passou por essa porta, até o instante que você
deixar esse quarto, seu nome é Cindy. Entendido? Balance a cabeça, se a
resposta for sim.
A mulher movimentou a cabeça, de baixo para cima, afirmativamente.
Tentei sorrir para encoraja-lá, mas foi em vão. Meu pau continuava
latejando tão forte, que já estava começando a incomodar, de verdade.
Parecia que todo o sangue do meu corpo estava acumulado nele.

Virei de costas pra ela e voltei pra cama. O cigarro estava quase apagado à
essa altura - praticamente todo ele era cinzas. Traguei pela última vez e
deitei, o corpo parcialmente sentado, os travesseiros atrás de minhas costas.

- Vem cá, Cindy.

Ela engoliu em seco e começou a caminhar em minha direção. Meus olhos


percorreram seu corpo: começando pelos pés, ultrapassando os tornozelos e
joelhos, as coxas, o quadril. Seus seios eram belos, mas me incomodaram
antes mesmo que eu os tocasse: eu não queria silicone naquela noite. Mais
uma vez minha mão apertou meu membro, e eu fechei os olhos. Busquei a
imagem de Bella na minha cabeça, e ela veio com uma facilidade quase
irritante.

Seus olhos terrivelmente verdes e febris. Seus cabelos cor de mogno,


ondulados e sedosos. Seu corpo perfeito e feminino, delicado e sensual, na
medida exata. Como se tivesse vida própria, minha mão já havia libertado
meu pau e começado a aliviar a tensão que se alojara ali. Minha cabeça
retrocedeu algumas horas atrás, para o show que eu havia assistido na
Espartacus.

A cena de Isabella dançando sensualmente, sob as luzes coloridas e com


roupas que revelavam quase todas as suas curvas perfeitas me invadiu,
numa onda de calor e tesão. Imaginei-me subindo no palco, e ela continuou
dançando, as mãos passando pelos próprios cabelos, o lábio inferior entre
os dentes.

- Chupa meu pau, Cindy.


Minha voz ecoou pelo quarto, grave e baixa. Minha mão continuava a
subir e descer por toda minha extensão, e só parou quando foi substituída
pela mão macia da mulher que obedeceu meu comando. Fechei os olhos
com mais força. O toque, apesar de agradável, excitante e repleto de alívio,
era diferente do que meu corpo ansiava. Os dedos eram mais longos do que
eu esperava, e conseguiram envolver todo meu membro.

Da mesma forma foi com a boca. Eu quase podia entregar-me à minha


fantasia, a julgar pela quentura e maciez de sua língua em minha carne.
Mas o tamanho era diferente; eu não alcançava facilmente a parede da sua
garganta. E também não havia os gemidos de prazer.

- Geme. Geme meu nome, Cindy.

Minhas mãos seguraram seus cabelos, exatamente como meu cérebro


criava. Então eu estava em pé no palco da Espartacus,e não mais sobre o
colchão macio. Isabella agachou-se a minha frente, as costas coladas ao
ferro de pole dance, meus dedos completamente enraizados nos seus fios.
Sua boca me tomou e meu pau preencheu todo o espaço, que parecia ter
sido feito sob medida pra mim.

- Huum... Senhor Cullen... O Senhor é tão... Huum.. Delicioso.

Apertei os olhos, com força, lutando para manter a fantasia que se passava
em minha mente. Isabella levantou os olhos em minha direção, a bochecha
direita volumosa devido ao boquete perfeito que pagava.

- Hum... Edward.

Uma raiva repentina correu por minhas veias, como ácido. Apertei com
mais força a dona da voz, que gemeu, um gemido diferente, de dor. Puxei-a
para cima e ela percorreu meu corpo, o robe de seda deslizando facilmente
contra minha pele.

Ela beijava meu peito, com a boca entreaberta, e pude perceber que ela
estava gostando.
- Eu não mandei você fazer isso .

Havia puxado seu pescoço para trás e abri os olhos, encarando-a


diretamente. Ela mordeu o lábio inferior e desviou o olhar, encarando meu
toráx enquanto seus dedos acariciavam minha carne naquele local.
Inesperadamente eu gostei daquele gesto involuntário e inconsciente, o que
só fez minha raiva aumentar.

Girei nossos corpos e prendi seu corpo esguio sobre o meu. Minha mão
subiu sobre sua coxa, levantando o robe pelo caminho, e fiquei satisfeito ao
constatar que ela usava só aquilo. Quanto menos tempo eu gastasse ali,
melhor.

Rapidamente, estiquei meu braço e em pouco tempo vesti a camisinha que


peguei na mesa ao lado. Enterrei meu rosto entre a curva do seu pescoço.
Morangos. Fiz uma nota mental de parabenizar Tânya. Ela havia cumprido
eficientemente sua lição de casa.

Minha mão segurou seu corpo e segurou meu membro. Cerrei os dentes
quando encontrei sua entrada, que estava completamente molhada, o tesão
lambuzando o músculo interior de suas coxas. Não precisei de muito
esforço para me concentrar e imaginar Isabella estendida perfeitamente
sobre o palco da Espartacus, completamente nua. Foi preciso menos esforço
ainda para imaginar meu corpo sobre o dela, que ansiava pelo meu, sua
respiração dificultada pelo meu peso.

Invadi o corpo da mulher sem demora, o ar deixando meus pulmões em


sincronia. Meus dentes cravaram-se em seu pescoço, enquanto seu músculo
se contraia em volta do meu.

- Deus... Ed...ward..

- Cala...A...Boca!

Minhas estocadas eram profundas e fortes. Segurei sua perna e levantei sua
coxa, que rapidamente envolveu minha cintura Minha mente voltou para
minha fantasia. Isabella se contorcia sobre mim e segurava meus cabelos,
ao mesmo tempo que havia arqueado as costas, aproveitando a posição que
suas pernas em minha cintura lhe concediam. Aceitei o espaço oferecido e,
segurando sua cintura firmemente,enterrei meu membro ainda mais fundo,
e ainda com mais força.

Senti sua boceta encharcada me mordendo. Ela estava gozando, e seu


corpo tremia sob o meu. Sorri silenciosamente e em seguida,aproveitando
minha pegada em sua cintura, a girei, deixando-a de quatro pra mim.

- Rebola. - Falei, deferindo um tapa em sua bunda, que ficou marcado no


mesmo momento.

O quadril moveu-se lentamente, enquanto eu observava. Mais uma vez


minhas pálpebras de fecharam, e a imagem perfeita da fenda de Isabella,
fechada e chamativa,me invadiu. Minha mão havia voltado a massagear
meu membro, e o calor surgiu em minhas bolas com força revigorada.

Enfiei a cabeça, enquanto segurava seu quadril. Seu prazer lubrificou ainda
mais meu pau, e eu tratei de espalhá-lo por toda sua extensão.
Aparentemente, a tortura foi demais. Num impulso, seu quadril moveu-se
para trás, chocando-se contra o meu e envolvendo todo meu membro,de
uma só vez. Um rosnado escapou de minha garganta, sem que eu
conseguisse conter, o que a incentivou a continuar, rebolando com desejo e
gemendo como se nada mais importasse.

Inclinei-me sobre ela e tapei sua boca. A imagem em minha mente era
perfeita demais, deliciosa demais e não queria que nada destruísse isso.
Minha outra mão segurou seus cabelos num rabo, puxando seu pescoço pra
trás, minha boca devorando seu pescoço com uma fúria quase animalesca.

- Puta que pariu...

Eu ia explodir. Ia esporrar dentro dela, demarcar meu território.

Sem sair de dentro do seu corpo girei-a novamente, e em minha mente o


rosto suado de Isabella me encarava,ca boca aberta,calguns fios grudados
em sua face ruborizada de excitação. Apoiei seus calcanhares em meus
ombros e voltei a me mover. O orgasmo surgiu violento. Meu esperma
abandonou meu corpo em um jato tão forte e intenso, que senti a camisinha
lutar para contê-lo.

- Ah, Bella!

As palavras foram pronunciadas facilmente, como se, simplesmente, fosse


tão certo e lógico que não mereciam surpresa. Meus olhos se abriram e
deparei-me com uma mulher confusa, com uma expressão dividida entre
êxtase profundo e dúvida. Eu não havia a chamado pelo nome informado, e
logo na hora em que minha alma parecia abandonar meu corpo e observar-
me de outro patamar.

Desvencilhei-me do seu corpo, suas pernas caindo moles sobre o colchão.


Retirei a camisinha e a joguei em qualquer lugar, sem me importar onde.

- Vou tomar banho. Não esteja aqui quando eu sair.

Sem falar mais nada, entrei no banheiro, fechando a porta atrás de mim e
abrindo o chuveiro. Deixei que a água quente apaziguasse meus músculos,
ao mesmo tempo que abrandava o cheiro de sexo que meu corpo exalava.
Levei tempo suficiente para esclarecer minhas idéias e ter certeza de que
não me depararia com nenhuma surpresa desagradável quando voltasse
para o quarto.

Eu precisava resolver essa situação incomum. Ninguém havia me


desafiado antes, e Isabella poderia ser a primeira, mas com certeza, também
seria a última. Enxuguei-me e enrolei a toalha na cintura. Como ordenado,
a mulher havia partido. Era como se jamais ela estivesse estado ali. Sentei-
me na cama, acendendo mais um cigarro, e peguei meu celular.

- Senhor Cullen. A voz cumprimentou-me antes mesmo que eu dissesse


alô. Soltei a fumaça.

- Boa noite. Preciso que você venha ao meu encontro amanhã. Sem falta.

- Claro, com certeza. Poderia me adiantar o assunto...?


Traguei mais uma vez, fechando os olhos e segurando a quentura em meus
pulmões.

- Chase Swan. E sua irmã Isabella. Venha preparado.

O homem tentou me responder, mas foi tarde demais. Eu já havia encerrado


a ligação, e começado a pensar em como seria nosso encontro.

POV DE BELLA

Eu estava tão exausta que tinha preguiça até de respirar. Estava deitada
sobre a pequena cama do quarto que, um dia, fora de Chase. A noite
anterior tinha sido uma verdadeira maratona: Carlisle era incansável e
insaciável, e agora entendo perfeitamente de onde vêm os genes de Edward
e Emmett.

Meu corpo parecia ter sido literalmente moído. Flashes da noite não
cansavam de passar pela minha cabeça. E ainda tinha a ansiedade, claro.
Desde que Edward havia me telefonado, um nervosismo constante havia
tomado conta de mim. Primeiro, porque eu não poderia imaginar que
Carlisle era pai de Edward.... Mas que porra, o homem devia dormir
submerso em formol.

E, segundo, porque Edward queria me encontrar. Foi irritantemente difícil,


mas mais uma vez deixei claro que ele não tocaria mais em mim; não
depois da forma covarde e brutal que havia me tratado. E, como ele nunca
acataria minha condição, rapidamente ele disse que não se tratava disso e
que, aliás, esse também não era seu interesse. Mas então, qual seria o
interesse dele?

“Ele pode pedir perdão. Dizer que se arrepende do que fez a Molly, e que
se arrepende por Chase estar preso injustamente, e que o amor que ele
começou a sentir por você o fez perceber que ele não consegue mais lidar
com tantas mentiras, e...”
Aff, Bella. Sério?

Resolvi me movimentar. Sabe o que dizem: cabeça vazia, oficina do


diabo. Eu tinha muitas coisas a fazer, muito em que pensar, não podia me
dar ao luxo de permanecer parada como uma planta, que faz fotossíntese
para sobreviver.

Tomei uma ducha rápida, troquei de roupa e saí. Fui até uma mega store
que havia no bairro. Precisava comprar um lap top, urgentemente. Precisava
me inteirar sobre as leis da Califórina; tentar encontrar alguma referência a
casos similares que tiveram bons veredictos. E, claro, não custaria nada
jogar o sobrenome Cullen no Google.

Não demorei quase nada. É impressionante como tudo é mais fácil quando
disponibilizamos de dinheiro vivo: os vendedores são gentis e solícitos, o
objeto de desejo é fácil de ser encontrado e em poucos minutos a venda está
concluída, com você saindo da loja feliz e satisfeita. Deixei a bolsa sobre a
mesa, tirei meu par de All Stars e abri a caixa. O vendedor havia me
indicado à deixar o computador portátil carregando por, pelo menos, seis
horas. Contudo, eu não poderia me dar ao luxo de esperar isso tudo.
Conectei o cabo e liguei na parede.

Em pouco tempo, o aparelho estava ligado e conectado à internet. Não


podia deixar de me surpreender com a Califórnia: internet de graça ao
alcance de todos.

“Igual à Forks...” – pensei.

O ícone de busca surgiu à minha frente. Cruzei as pernas sobre a cadeira e


meus dentes correram para minha unha. Menos de um minuto depois,
minhas mãos corriam sobre o teclado. ”Edward Cullen” Não precisei
sequer acabar de digitar seu nome. Aparentemente, o homem era tão visado
que o Google o mostrava como opção, após você digitar apenas “Edw”.
Corri os olhos por diversos resultados. A maioria era sobre como o Sr.
Edward Cullen havia contribuído com isso... Sr. Edward Cullen faz doação
para... Sr. Edward Cullen blá, blá, blá... Nada que tivesse real importância.
Desci a página e senti meu coração desfalecer ao ver uma foto. Cliquei em
cima, para vê-la em tamanho grande.

Nossa, o homem era tão perfeito... De verdade, eu senti revolta. Afinal, não
poderia ser permitido que alguém tivesse tudo: ser abundantemente rico,
estonteantemente belo, intimadoramente poderoso e, de bandeja, um
verdadeiro Deus do sexo.

Bem, eu estava errada. Edward Cullen era isso tudo, e não fazia a menor
questão de fingir o contrário. O celular vibrou sobre a mesa e me tirou de
meus devaneios.

”Jacob Black chamando”

- Ah, merda.

Levantei da cadeira, respirei fundo e atendi.

- Hey, Jake. Tudo bem?

- Oi, Bells! Nossa, como é reconfortante ouvir sua voz, garota! Estou com
tanta saudades...

Fechei os olhos e joguei-me na poltrona esfarrapada. Inesperadamente a


voz familiar me trouxe conforto e segurança. Só então percebi como eu
devia estar fragilizada.

- Também estou com saudades, Jacob. – Era verdade.

Um lado imenso meu queria voltar no tempo, para a manhã em que acordei
de ressaca, após a despedida de solteira de Alice. Queria estar em Forks,
sem nunca ter recebido o telefonema fatídico de Chase; continuar minha
faculdade, levando-a mais a sério, e quem sabe me entender com Jacob, no
fim das contas. Tentei ignorar a parte em que meu coração doía em pensar
que nunca teria conhecido Edward.

- Então abre a porta.


Meus olhos voltaram a se abrir, arregalados. Num impulso me coloquei de
pé, o coração quase saindo pela boca.

- Como? – Perguntei. Meus olhos vagaram para a porta de madeira antiga.

- Abre a porta, Bells. Eu tô aqui fora.

Ah, não. Merda! Minha respiração falhou. Jacob não podia estar aqui! Eu
tinha que me apresentar, mais tarde... Que desculpa eu usaria?

- Bella...?

Vagarosamente andei até a porta, colocando a mão na maçaneta. Mais


vagarosamente ainda girei-a no eixo, abrindo uma pequena fresta.

Como anunciado, Jacob estava lá. Usava uma camisa de malha preta,
colada ao corpo definido, com uma jaqueta de couro preta. Tinha uma
mochila no ombro direito, enquanto segurava o celular ao ouvido com a
mão esquerda. Seu rosto estampava um sorriso tão imenso e radiante que
seria capaz de descongelar toda a Antártida, eu podia jurar.

E a única coisa que eu pensava era no alívio que sentia, por ele carregar
uma mochila pequena demais para alguém que pretende ficar muito tempo.
Eu havia me tornado um monstro. Eu ainda mantinha o celular no ouvido, e
sabia que minha boca devia estar aberta, tamanha minha incredulidade.
Jacob soltou a mochila no chão, guardou o aparelho no bolso, desligando na
minha cara – literalmente – e aproximou-se rapidamente, abraçando meu
corpo pela cintura e me levantando do chão. O calor que inundava dele me
invadiu no mesmo momento e aqueceu meu coração. Jake era tão quente,
tão querido!

Quando ele enfim me soltou, foi entrando e eu o segui. Fechei a porta e ele
jogou a mochila sobre a poltrona, virando-se para mim. - Você emagreceu...
– Ele disse, me analisando atentamente. – Continua linda, até mais bonita,
se isso é possível... Mas está mais magra. E parece cansada. Tem se
alimentado direito, Bella?

Cara, não pude evitar um sorriso. O homem estava passando por diversos
problemas, tinha viajado horas para me ver e ainda conseguia ser carinhoso,
mesmo após eu não tê-lo recebido como deveria.

- Fica tranqüilo, Jake... Eu estou bem. – Falei, e ele arqueou as


sobrancelhas, cruzando os braços. – É sério. Moro sozinha há um tempinho,
lembra? Sei me cuidar.

Um sorriso pesaroso surgiu no rosto dele. Jacob se aproximou de mim e


afagou meu rosto, da forma gentil e apaixonada que costumava fazer.

- Eu posso cuidar melhor... – As palavras soaram baixas e graves. Jacob


estava sério. A graça tinha acabado. – Terminei com Leah, Bella. Depois
que fui embora, e deixei você aqui... Porra, eu só pensava em você! Eu não
queria magoá-la, de jeito nenhum, mas não podia continuar me enganando,
tentando enterrar esse sentimento imenso que existe aqui dentro...

Jacob segurou minha mão e espalmou-a sobre seu peito, seu tórax perfeito
sob a camisa.

- Eu amo você, Bells... Sei que você sabe disso... Mas não faz idéia de
quanto... Chega a me sufocar, eu juro...

- Jake...

- Eu sei, eu sei. Sei que você não está com cabeça para isso... Que você
tem outros problemas, muito maiores, com que se preocupar nesse
momento. Mas eu estou disposto a esperar, Bella. O tempo que for.

Respirei fundo, engolindo em seco.


- Não vou forçar a barra, te colocar contra a parede... – Ele continuou,
aproximando-se mais um passo, instintivamente. – Só quero que saiba que
tomei essa decisão. Eu vou esperar você. Em todos os sentidos, Bells.

Fechei os olhos. Merda. Entendia perfeitamente o que aquilo significava.


Quanta vezes nós tínhamos conversado sobre minha primeira vez? Quantas
e quantas vezes, quando namorávamos, eu havia interrompido no auge do
momento? Quantas vezes Jacob fora paciente, aceitando – ainda que
ligeiramente contrariado – minhas alegações de que não estava preparada?

Eu mesma não sabia responder.

- Bella?

Eu não queria abrir os olhos. Sabia que eles me entregariam; que em pouco
tempo ficariam marejados, fruto da culpa que eu sentia, e não queria que
fosse dessa forma. - Bells, olha para mim.

Demorei mais tempo do que eu mesma gostaria, mas acabei obedecendo.


Afinal, eu não poderia ficar ali, estática, sem enxergar, para o resto da vida,
ou podia? Foi terrível. Meus olhos se abriram e no momento seguinte
entregaram a verdade. A fisionomia de Jacob, tão amada e querida,
deformou-se, numa expressão de dor e mágoa.

- Jake, eu... Ele se afastou, virando de costas. Parou próximo à janela,


observando sem enxergar os carros que passavam andares abaixo.

- Você... – Ele começou a falar e parou. Podia perceber que tentava se


controlar. – Você sempre disse que era algo importante... Que não era uma
coisa que devia ser impensada, no calor do momento... Que devia ser com
alguém especial.

Ele tornou a me encarar. Desviei os olhos, sem conseguir sustentar seu


olhar e enxergar a dor que havia causado a ele.

- Ele é especial? – Era evidente que Jacob não queria ouvir uma resposta
positiva: o medo estava implícito em sua voz embargada.
- Jacob...

- Me responde, Bella. Ele é especial?

- Na- não. - A palavra não soou convincente nem aos meus próprios
ouvidos. - Não, ele não é.

- E quem é ele? Onde você o conheceu?

Eu não queria mais mentir. Mas sabia que não poderia contar a verdade,
não totalmente.

- No meu emprego. - Jacob franziu o cenho. Eu não tinha dito que estava
trabalhando, ainda. - Estou trabalhando como garçonete em um bar, à noite.
Preciso me sustentar, de alguma forma. - Dei de ombros. - Eu o conheci lá,
eu estava me sentindo só, não pensei direito, eu...

As lágrimas começaram a cair sem que eu conseguisse conter. Merda,


como eu odiava isso! Odiava chorar por tudo, principalmente quando
ficava nervosa. Limpei com as mãos. Vi que Jacob havia se aproximado um
passo. Vi também que ele havia parado, os punhos cerrados. Ele se
segurava para não ceder.

- Você o vê sempre? - Ele perguntou, de olhos fechados.

Porra. Eu estava odiando aquele interrogatório. Afinal, Jacob não era nada
meu. Eu sei que ele era meu melhor amigo desde pequena, e que esteve ao
meu lado em todos os momentos - melhores e piores - da minha vida... Mas
nós não namorávamos, não mais! O que ele queria? Que eu tivesse
guardado minha virgindade para ele, que eu tinha essa obrigação, apenas
pela forte ligação que nós tivemos no passado?

- Não, não sempre. Mas não foi apenas uma vez. - Jacob soltou o ar com
força, e por um segundo pensei que ele fosse começar a chorar. - Só que
acabou. Não significou nada, e acabou. Ele passou a mão pelo rosto, e
depois pelos cabelos curtos. Voltou a encarar a janela.
- Desculpe minha reação... - A voz dele estava sem vida. - Eu não sou um
moleque... Sei que não posso te cobrar absolutamente nada, que não temos
nenhum tipo de compromisso, e que eu mesmo estava com outra pessoa...
Mas é que a gente não pode mandar nos sentimentos, né? Queria eu que
fosse diferente, pode ter certeza disso.

Meu peito doeu. Eu estava tão sozinha, com tantos problemas... Sei que é
egoísmo, mas ouvir Jacob dizer que queria que fosse diferente me magoou.
No fundo, sempre é bom saber que temos alguém que nos ame,
incondicionalmente. Que é nosso porto seguro, sempre presente caso você
precise de um esconderijo particular.

- Vou dar uma volta, ok? - Ele se virou novamente. - Colocar a cabeça em
ordem. Se importa que eu deixe minhas coisas aqui?

- Não, Jake... Claro que não.

-Obrigado.

Ele passou por mim rapidamente, sem sequer me olhar nos olhos. Então ele
estancou, o olhar fixo na mesa, em meu computador. Para a foto de
Edward, aberta em tamanho grande.

Porra.

Jacob se aproximou, lentamente, e sentou-se na cadeira em frente.

- É ele? - Perguntou, apontando para a imagem com o queixo, me olhando


em seguida.

Assenti com a cabeça. Jacob passou o dedo sobre o sensor e voltou para o
que eu estava vendo antes, os resultados para a busca que eu havia digitado.
Seus olhos percorriam as letras rapidamente.

- Ele é rico, pelo visto... Faz tantas doações, deve tentar amenizar alguma
culpa. - Jacob me olhou. - E é bonitão, também.
- Para com isso, Jake...

Ele se levantou.
- Até depois, Bells.

Saiu sem olhar para trás.

***

Era a terceira vez que eu olhava meu relógio. Já havia avisado à Steven que
não poderia me apresentar essa noite; falei que não me sentia muito bem.
Por precaução, era melhor que eu apenas servisse às mesas. Jacob não tinha
dado sinal de vida até aquele momento. Não podia mais esperar. Stevy não
tinha ficado muito satisfeito, e não queria perder tudo o que eu tinha
conquistado até ali.

Me vesti mais informalmente, mas não desarrumada: um jeans bem


cortado, uma blusa preta, uma maquiagem mais leve do que os últimos
dias, os cabelos soltos, com brincos grandes. Peguei minha bolsa e saí. O
táxi já havia parado quando Jacob me chamou. Olhei para o lado e ele
vinha andando pela calçada, as mãos nos bolsos da frente do jeans.

- Está indo para o trabalho?

Os olhos dele analisaram meu visual, tentando ser discreto.

- Sim...

Um silêncio desagradável reinou. Não me lembrava a última vez que isso


havia acontecido entre nós.

- Vocês vão entrar?


Olhei para o taxista, o cotovelo sobre a janela, o olhar impaciente vagando
de mim para Jake. Jacob não respondeu. Me olhou, esperando que eu
tomasse uma decisão.

- Você quer ir comigo? - Perguntei por fim, rezando internamente que ele
dissesse não.

- Tem certeza que não teria problema?

Eu tinha duas opções: poderia responder que sim, havia problema, eu não o
queria lá, não mesmo, que só havia convidado para ser gentil... Ou que não,
problema algum, senão não o estaria convidando.

Caso eu escolhesse a primeira, tinha certeza absoluta que não o encontraria


mais quando eu retornasse. Não encontraria Jacob Black, o amigo para
quem eu sempre corria quando estava em apuros, a primeira pessoa para
quem liguei quando soube de Chase, e que largou tudo para estar ao meu
lado naquele momento.

- Claro que não tem problema, Jake. Vamos?

Ele deu de ombros e abriu a porta do carro, para que eu entrasse, e


segundos depois rodávamos em direção à Espartacus. Como sempre, o local
estava lotado. Jacob olhava tudo atentamente, e eu tinha certeza que estava
odiando me imaginar ali, todas as noites, mas não disse absolutamente
nada. Arrumei uma mesa vaga para ele, perto do bar.

- Fique a vontade, ok? Se precisar de algo, pode me chamar. Ou a


qualquer outra menina, caso eu esteja demorando.

Jacob assentiu com a cabeça. Eu saí de perto, minha respiração


entrecortada, meus músculos tensos e duros como rocha.

- Cindy? Steven disse que não vai se apresentar hoje...?


- Shhhh! - Segurei Rosalie pelo braço e a puxei para um canto. - Um
amigo apareceu do nada, e quis conhecer meu trabalho. Ele é... Meu ex-
namorado.

Rosalie sorriu maliciosamente, mexendo nos cabelos.

- Que grande merda, hum? - O olhar dela passou por mim e alcançou ao
longo. - Mas tudo sempre pode piorar...

Não entendi o comentário e segui o olhar de Rosalie. Edward e Emmett


haviam acabado de cruzar a porta. Eles conversavam sucintamente. Edward
tinha a expressão séria como de comum.

Parou alguns metros depois da entrada e observou o local, os olhos


passando pelas mesas enquanto analisava os presentes. Então pararam em
mim.

- Xiii, ele vai vir aqui. Boa sorte, garota.

Rosalie soltou o comentário e saiu, me deixando sozinha. Cheguei a abrir a


boca para tentar impedi-la, mas meu nervosismo não deixou que minha voz
saísse. Tornei a olhar na direção da porta e Emmett já havia sumido, e
Edward andava calmamente em minha direção, ainda me encarando.

Fuck, fuck, FUCK.

- Cindy... - Ele parou a um metro de mim. Não estendeu a mão, não sorriu.
Apenas falou meu nome fantasia. - Boa noite.

- Boa noite Sr. Cullen. - Respondi.

Edward me olhou dos pés a cabeça.

- Não vai se apresentar hoje?

- Hey.
Fechei os olhos. Jacob havia se levantado e parado ao meu lado. Quando
tornei a abri-los, Edward o olhava, a expressão ainda mais séria que antes.

- Boa noite. - Jacob falou, estendendo a mão. - Meu nome é Jacob. Jacob
Black.

Edward olhou para o gesto e demorou um segundo - longo demais - para


imitá-lo, apertando a mão de Jacob.

- Edward Cullen. Eu lhe conheço, Sr. Black...?

Ele sabia que não. Só gostava de ser indelicado.

- Oh, não. Mas deixe-me apresentar. Eu sou o namorado dela.

Meus olhos avançaram para Jacob com tanto ódio, que eu o teria matado,
se pudesse. Voltei a olhar para Edward. Um vinco profundo marcava o meio
de seus olhos, que estavam tão estreitos que quase escondiam o verde
intenso.

- Oh. Interessante. Muito prazer. - Edward soltou a mão de Jacob e me


olhou.

- Não esqueça nossa conversa de ontem. Precisamos conversar, o mais


breve possível.

- Sinto muito, mas acho que ela não tem nada para conversar com você.

- Jacob! - Minha voz saiu mais alterada que o normal.

Jacob me encarou, intrigado. Um sorriso malicioso surgiu no olhar de


Edward.

- Você não tem que achar nada, Sr. Black. Sua opinião não é relevante,
definitivamente. - Então ele voltou a me olhar. - Eu lhe procuro, dizendo
hora e lugar. Esteja preparada.
Jacob deu um passo na direção de Edward, que não moveu um único
músculo. Segurei o braço dele. Com certeza aquela não era uma boa idéia.

Edward olhou para minha mão sobre o ante-braço de Jacob, rapidamente.


Então virou-se e saiu, sem despedir-se.

Merda, eu estava completamente fodida.


Capítulo XII - Fora de rumo

Assim que Edward sumiu de minha vista, eu me virei para Jacob.

- Você não podia ter feito isso, Jake. Não podia.

- Por quê? Você não disse que acabou? Que não tem mais nada com esse
cara?

- Porque você não é meu namorado. Por isso.

Eu me arrependi assim que as palavras saíram de minha boca. A expressão


de Jacob não ajudou para amenizar minha culpa.

- Eu quis te ajudar, Bella. Vi como ele olhava para você. Parecia que ia te
matar, ou sei lá. Eu só quis te ajudar, mais uma vez. Me desculpe por isso.
Por ser um imbecil.

- Jake, não... – Ele virou-se. – Jacob, espera!

Mas ele não me deu ouvidos. Foi até a mesa onde eu o havia deixado,
pegou a jaqueta que tinha colocado sobre a cadeira e saiu da Espartacus.
Fui andando na direção da porta, desviando-me das pessoas que
circulavam.

- Eu não iria embora se fosse você, Cindy. - Rosalie me alcançou quando eu


estava quase com o pé na calçada. – Steven já estava me perguntando aonde
você tinha se enfiado. E ele não está com o melhor humor do mundo, hoje.
Olhei para fora. Já não podia enxergar Jacob, em lugar algum. Voltei a
encarar Rosalie, que tinha as sobrancelhas arqueadas e os braços cruzados.
Ah, merda. Dei meia volta e ela sorriu, me acompanhando.

- O lugar está lotado, hoje. Steven disse que tem um homem importante
aqui, à paisana. Ele é um tipo de “olheiro”, trabalha para uma boate em Los
Angeles, angariando novos talentos. Pode ser a nossa chance. – Ela parou e
segurou minha mão. – Tem certeza que não vai se apresentar hoje? Seu ex
já foi embora.

Respirei fundo.

- Sim, tenho certeza. Realmente não estou com ânimo para isso. – Falei,
meus ombros caindo inconscientemente. – Vou ajudar a servir as mesas,
prefiro ficar na minha, hoje.

Rosalie assentiu.

- Ok, então. Torça para mim, certo? Pode ser a minha chance. – Ela sorriu e
eu a imitei. – Passa lá no camarim depois do meu show. Me diga o que
achou, quero sua opinião sincera.

Ela me abraçou e partiu. Como ela havia dito, o lugar estava atolado.
Imediatamente comecei a trabalhar: anotava os pedidos, sorria para as
gracinhas sem graças, levava as bebidas na mesa. Nada diferente do que eu
fazia em Forks, então rapidamente minha mente entrou no piloto
automático e começou a viajar.

Onde Jacob estaria? Eu tinha sido muito grossa com ele, não tinha esse
direito! Mas também, que merda! Ele não podia ter se intrometido entre
mim e Edward daquela forma...

Entreguei uma folha do meu bloco para a bartender, e encostei a barriga


no balcão, enquanto aguardava que os pedidos fossem preparados.

- Cindy...?
Olhei para a voz e uma das meninas havia parado ao meu lado.

- Oi! Está quase na hora de minha apresentação, será que dava para você
levar esse pedido para mim?

Assenti com a cabeça.


- Oh, obrigada! É para o reservado dos Cullen, ok?

Eu cheguei a abrir a boca, mas a garota já havia se distanciado,


rapidamente. Olhei ao redor, mas não havia uma única alma para quem eu
pudesse repassar a tarefa. Xinguei todos os deuses naquele momento.

Que bosta! Eu nunca fui uma pessoa de muita sorte, mas nos últimos dias...
Parecia que Murphy tinha tirado um tempo só para me infernizar. Respirei
fundo, meus dedos apertando com força a borda da bandeja. Havia três
copos ali. Reconheci o de Edward, no mesmo instante: whisky puro.

“Ok, Bella. Edward, Emmett e Carlisle estão aí, mas isso não é
absolutamente nenhum problema. Vá até lá, confiante, entregue a porra da
bebida e saia, tentando não ser notada. Tente ser invisível, para falar a
verdade."

Comecei a andar. O reservado tinha as cortinas de veludo negro fechadas, e


dois seguranças faziam a guarda, perto de uma corda que impedia a entrada
de estranhos. Aparentemente, os três copos de destilado que estavam sobre
minha bandeja me davam passe livre, pois a corda foi automaticamente
retirada e a cortina repuxada, para que eu entrasse.

Forcei-me a não olhar para os lados. E também, mesmo que quisesse, não
conseguiria, pois assim que eu avistei Edward senti como se um imã
sugasse minha atenção. Ele estava sentado no sofá de couro preto, assim
como Emmett. Duas mulheres estavam ao seu lado. Uma delas era Tânya,
bebericando um drink - as pernas longas e esguias estavam cruzadas, quase
todas à mostra: o vestido preto era curto e não se preocupava em esconder
seu corpo perfeito. Seu olhar estava despreocupado, mas ela parecia estar
bem longe dali.
A outra eu não conhecia. Ela estava com a boca grudada ao peito de
Edward – havia aberto parcialmente sua camisa e deixava beijos gulosos
em sua carne. Edward segurava seus cabelos e, pela sua expressão, parecia
estar gostando. Emmett beijava calorosamente uma ruiva, suas mãos
preocupadas em mantê-la perto do seu corpo.

Forcei-me a olhar para baixo. Caminhei com passos curtos e cheguei até
uma mesa rebaixada, que ficava no centro do lugar. Fui despejando um
copo por vez, trabalhando minha respiração, tentando me acalmar. Meus
olhos me traíram e eu os levantei, com meu corpo ainda curvado sobre a
mesa e com o último copo de cristal entre meus dedos.

- Não fica nessa posição, que eu enlouqueço. Dá pra sentir de longe como
meu corpo reage só de te ver assim.

A voz soou ao meu ouvido rouca e pegajosa, enquanto o corpo excitado


colava-se ao meu por trás, suas mãos envolvendo minha cintura. Meus
olhos se fecharam ao mesmo tempo em que meus dedos se abriram e o
copo escorregou, caindo sobre o chão frio, os estilhaços espalhando-se por
todos os cantos.

- Hum, gostou de me ver, hã? – Jasper Whitlock subiu uma das mãos
lentamente, e ela chegou ao meu seio, faminta. – Adoro ver como você
reage a mim.

- Solta ela, Jasper. Agora.

Forcei ainda mais meus olhos, com mais força. Eu não queria abri-los na
situação em que estava: com Jasper grudado a mim como uma porra de um
cão no cio, enquanto Edward estava a minha frente, ordenando que ele me
soltasse. Eu me conhecia. Sentia meus nervos à flor da pele, sentia o
nervosismo tomar conta de todas as minhas células tão rapidamente que me
impedia de respirar.

E, como não podia ser diferente, sentia meus olhos arderem. E eu não
queria chorar. Ou melhor: eu não podia chorar. Não ali.
- Ora, mas o que é isso, Edward! – Jasper voltou a ficar ereto,
desgrudando-se um pouco de mim, mas não o suficiente para que a náusea
que eu havia começado a sentir esvair-se. Eu também me levantei, tanto
quanto consegui, ficando o mais distante possível dele. – Cindy é
funcionária da Espartacus. E, pelo que vejo, ela está livre, e eu posso pagar.
Logo, não vejo empecilhos para satisfazer minha vontade.
- Ela não está livre.

Um silêncio pesado reinou entre eles, comigo no meio, como um escudo. A


ardência em meus olhos aumentou e eu engoli em seco.

- Não está livre? – A entonação de Jasper era debochada e duvidosa. – Mas


não estou vendo ninguém com ela. Você está acompanhado, Emmett
também. Cindy só veio trazer as bebidas. Não é mesmo, Cindy?

Merda. Mais uma vez silêncio. Mesmo no escuro criado por minhas
pálpebras, eu podia sentir o peso do olhar de Edward sobre mim, bem como
as mãos de Jasper, apertando com mais intensidade meu corpo,
ameaçadoramente, como se dessa forma quisesse me forçar a afirmar o que
ele dizia.

Contra vontade e completamente subordinada, abri os olhos. A primeira


coisa que vi foi o tom singular de verde. As íris perfeitas não transmitiam
qualquer emoção: estavam fixas e sombrias. A respiração de Edward era a
única coisa que poderia entregar seu estado levemente alterado – era pesada
e entrecortada. Mas, mesmo que uma parte de mim quisesse acreditar que
se dava por minha causa, eu sabia, no fundo, que se tratava apenas de um
duelo de egos: ele não gostara de ser enfrentado, e não havia sido diferente
com Jasper.

- Ela está comigo. – Edward por fim falou, soltando meu olhar, passando
para Jasper. – Ela é exclusiva.

Minha respiração ficou suspensa. Meu coração batia forte, freneticamente.

- Exclusiva? Desde quando?


Eu continuava encarando Edward, sem conseguir desviar. O olhar dele
tornou a cair sobre mim. Algo ali me era estranho: uma nuvem de algum
sentimento, que não consegui decifrar.

- Isso não interessa. O que interessa é que Cindy agora é exclusiva... – O


olhar se intensificou. – Exclusiva dos Cullen.
Aquelas palavras me atingiram como um soco no estômago. Senti raiva de
mim mesma: na situação atual, aquela declaração deveria ter soado como
um tiro de misericórdia, livrando-me do pior que poderia acontecer. No
entanto, eu o odiei com todas as forças do meu organismo. A declaração foi
tão ruim – ou pior – do que se eu tivesse que sair dali de mãos dadas com
Jasper.

Senti o aperto afrouxar-se ao meu redor. Lentamente, o corpo de Jasper


descolou-se do meu e se afastou.

- Até quando? – Ouvi-o perguntar, enquanto eu tratava de me ajeitar,


minhas mãos passando sobre minha roupa e meus cabelos.

- Sem data. Até nós enjoarmos. – Ele deu de ombros. – Você sabe como
funciona.

Senti um movimento às minhas costas. Jasper abaixou-se e retirou um dos


dois copos que restaram de cima da mesa.

- Estarei aguardando. – Ele se aproximou, o calor do seu corpo arrepiando


meu corpo. Sua boca embrenhou-se em meus cabelos e a voz em meu
ouvido fez com que eu fechasse os olhos, mais uma vez. – Estarei
aguardando ansiosamente.

Então, mais uma vez e definitivamente, ele se afastou. Ouvi as cortinas


voltarem a abrir-se, e fecharem-se em seguida. Edward e eu nos olhamos, e
ficamos dessa forma, em silêncio, por um longo e interminável segundo.

Ele moveu o rosto um pouco para o lado, seu queixo ficando rente de seu
ombro, e pude ver que lançava um olhar para Emmett, que observava tudo
atentamente do sofá, junto com Tânya e as outras duas mulheres. Sem dizer
uma única palavra, Emmett levantou-se, com as três em seu encalço.
Passou por nós em silêncio, e em pouco tempo só havia restado eu e
Edward ali, separados do mundo pelas cortinas negras.

Edward inclinou-se sobre a mesa e pegou o único copo que sobrara. Só


então me dei conta de que eu ainda segurava a bandeja, com as duas mãos,
rente ao meu corpo, e que meus dedos doíam, tanta era a força que eu
estava fazendo. O whisky foi tragado de uma única vez, acompanhado por
uma breve careta, e o copo voltou a repousar sobre a mesa. Quando tornou
a ficar ereto, Edward aproximou-se um passo de mim.

- É incrível como eu sempre tenho que salvar você. - Ele falou, a voz fria e
sem expressar qualquer sentimento.

- Não pedi sua ajuda. - Era verdade.

Eu não havia pedido socorro, e nem podia: afinal, fora ele quem me
entregara ao próprio Jasper, pouquíssimo tempo atrás.

- Preferia ter ido com Jasper, então?

Dei-me o direito de não responder a essa pergunta. Eu já não sabia mais de


porra nenhuma.

- Não preciso que você me defenda.

Senti o meu sangue borbulhar quando Edward quase sorriu.

- É mesmo? - Ele cruzou os braços e aproximou-se mais alguns


centímetros. - E quem te defenderia? Seu namoradinho de merda? Não
estou vendo ele aqui, agora.

- Não fale de Jacob.

- Por quê? Ele vai vir me enfrentar? - Edward inclinou-se sobre mim, a
boca muito próxima da minha. - Essa eu adoraria ver.
- Até que enfim nós combinamos em algo, então. - Respondi. - No
momento, eu também adoraria vê-lo quebrar a sua cara.

Uma gargalhada alta e sonora ecoou pelo lugar.

- Chega. - Falei, largando a bandeja em qualquer lugar. - Eu vou embora.

- Não, não vai. - Edward segurou meu braço, firmemente. - Você ouviu o
que eu disse para Jasper. A partir de agora, ninguém mais chega perto de
você aqui na Espartacus. Você é exclusiva dos Cullen.

Foi a minha vez de sorrir.

- Bem, acho que isso não vai ser problema, já que, dos três Cullen, um não
toca mais em mim. E, além do mais... Posso ter sido obrigada a aceitar essa
exclusividade aqui, dentro da Espartacus. Mas meu namorado ansioso me
aguarda, então por gentileza solte o meu braço, porque eu preciso ir
embora.

O olhar de Edward era mortal.

- Nós precisamos conversar.

- Outro dia. Agora eu tenho que ir.

- Quem decide isso sou eu, Bella. Não você.

Foi a minha vez de me aproximar dele. Nossos rostos ficaram tão próximos
que o cheiro de seu hálito quase tirou minha sanidade.

- Não dessa vez.

Virei-me rapidamente, mas não consegui dar um único passo. Edward


segurou meu braço e me girou de volta, nossas bocas se encontrando antes
que eu tivesse ficado completamente de frente para ele. Sua língua sedenta
invadiu minha boca e enroscou-se à minha, e por um segundo eu deixei-me
levar, minhas pernas amolecendo e meu corpo sedo sustentado apenas por
seus braços, em volta da minha cintura.

Cerrei meus punhos, para me impedir de agarrar-me aos seus cabelos – a


vontade era quase enlouquecedora. Eu tinha que agir, ou seria tarde demais.
Minha mão voou para o rosto de Edward com toda a força que eu consegui
reunir.

O barulho fez mais estrondo do que a dor, tenho certeza. Mas a surpresa o
deixou estarrecido.

- Isso é para você ver como é ruim apanhar. - Falei, buscando forças não
sei de onde. - E para você entender, de uma vez por todas, que nunca mais
toca em mim.

Eu saí de lá tão rápido, que tudo passava por mim em verdadeiros borrões.
Peguei minha bolsa e deixei a Espartacus, rezando para que nenhum
brutamontes viesse atrás de mim, e que eu ainda tivesse meu emprego
garantido amanhã.

Um táxi parou ao meu chamado, e me joguei dentro dele. Dei o endereço e


fechei os olhos, aguardando ansiosamente que o trajeto fosse rápido. Não
sei se minha mente vagava tanto que não vi o tempo passar, ou se o
motorista era o verdadeiro Schumacher, mas chegamos em tempo recorde.
Eu tremia, e foi difícil encontrar a carteira dentro da bolsa. Quando por fim
achei, praticamente joguei o dinheiro sobre o banco e desci, abrindo a porta
e começando a subir as escadas.

- Chegou cedo.

Parei com o pé no primeiro degrau, a mão no corrimão. Jacob estava


sentado na escada, na penumbra. Tinha o olhar em fenda, e segurava uma
garrafa dentro de um embrulho de papel amassado.

- Você está bêbado. Sai da minha frente. - Eu já havia tido confusão demais
por uma noite.
Jacob levantou-se eu subi as escadas como uma flecha. Podia ouvi-lo atrás
de mim, e quando bati a porta o vi segurá-la e entrar no quarto. Não acendi
a luz. A lua entrava pela janela aberta e o olhar de Jacob era ainda mais
raivoso sob aquele prisma.

- Vai embora, Jake. Eu não quero mais discutir com você.

Ele se aproximou um passo. Estava tão quente que eu podia sentir o calor
que seu corpo irradiava. Levou a garrafa até a boca e sorveu mais um gole
do gargalo, e pelo cheiro deduzi que era vodka.

- Sim, eu vou. Mas antes preciso fazer uma coisa.

Ok, eu realmente pensei em perguntar o que era. Mas Jacob atravessou o


espaço entre nós tão rápido, que sua língua preencheu a minha boca antes
mesmo que eu piscasse. Nem vi onde ele deixou a garrafa. Levou um
tempo – curto – até que meu corpo tentasse afastá-lo.

Eu o empurrava com as mãos, mas minha boca continuava grudada à dele.


Senti sua mão grande segurando meus cabelos, na altura da nuca, enquanto
a outra apertava minha cintura e comprimia meu ventre de encontro à
ereção completamente formada sob seus jeans.

- Bella... - Ele falou entre meus lábios, sua língua passeando sobre mim. -
Eu sei que você quer. Eu posso sentir. Se entrega pra mim.

Meu peito estava achatado pelos músculos imensos e calorosos de Jake. O


olhar dele era tão intenso e lascivo que senti o músculo entre minhas pernas
latejar.

“Cindy é exclusiva até enjoarmos dela”

A voz de sotaque britânico ecoou em minha cabeça, e eu fechei os olhos.


Não sei se a quentura de Jacob estava se espalhando pelo quarto pequeno,
mas senti o calor apossar-se de meu corpo, também. Num movimento
rápido, Jacob rasgou minha blusa. Levantei minha mão para acertar sua
cara, mas ele segurou meu pulso e voltou a me beijar, um beijo ardente e
viril. Merda, ele era gostoso. Aquela luta de corpos sedentos e suados,
somada com a raiva que eu estava de Edward e de tudo o que havia
acontecido me deixou completamente insana. E então eu me debatia em
Jacob, mas não mais contra ele.

Minhas mãos correram pela borda de sua calça e abriram o botão de seus
jeans; em seguida, seguraram sua blusa e ela foi parar no chão, deixando
todos os músculos ao meu alcance. Corri os dedos pelos músculos perfeitos
e bem definidos de seu abdômen, e Jacob gemeu, a excitação clara em sua
voz.

- Eu amo você. - Ele falou, a boca percorrendo meu pescoço e alcançando


minha orelha. - E eu sei que você também me ama, ainda. Eu posso sentir.
Fala para mim.

Meus músculos retesaram-se e eu congelei. Sim, eu sentia algo por Jacob –


além da raiva de pouco tempo atrás. Mas amor? Amor no sentido de
homem e mulher? A imagem de Edward surgiu por trás de minhas
pálpebras cerradas e foi a minha vez de gemer – um gemido frustrado e
indignado, mas ainda assim, um gemido. Jacob entendeu como um convite,
segurando minhas pernas e me enlaçando em sua cintura, a boca faminta na
curva de meus seios.

- Fala, Bells... Fala que você me ama.

Um suspiro exasperado deixou meu corpo, e num impulso voltei a tocar


com os pés no chão. Olhei de relance para Jacob, e sua fisionomia era de
dúvida e incredulidade. Abri minha bolsa e peguei um cigarro do maço
fechado – sim, eu havia recaído; comprara um maço naquela tarde, e estava
relutando em fumar o primeiro, mas esse momento me pareceu propício -,
sem me preocupar em vestir a blusa, o soutian rendado à mostra.

- O que foi, Bella?


Não respondi. Acendi o cigarro e traguei vagarosamente, aproveitando
cada centímetro ultrapassado pela fumaça, que passou pelo meu esôfago e
chegou aos meus pulmões.
- Você não me ama? É isso? Meus dedos passearam por meus cabelos e eu
balancei a cabeça em sinal de negação, um sorriso exausto e pesaroso
escapando de meus lábios.

- Ah, eu te amo. Amo mesmo, Jake. - Olhei para ele, e me arrependi no


mesmo instante de ter pronunciado aquelas palavras. A expressão de Jacob
havia se transformado no retrato da felicidade. - Mas não do jeito que você
merece, ou da mesma forma que você me ama.

Uma ruga profunda apareceu em sua testa. Ele aproximou-se um passo,


mais uma vez o calor de seu corpo invadindo o meu espaço.

- Explica melhor. - Falou, o corpo muito próximo ao meu.

- Eu te amo, Jake... Mas como amigo. Sinto muito, eu não quero – jamais
quis – te magoar. Mas é a verdade.

Ele permaneceu a me encarar, o olhar em fenda devorando cada milímetro


do meu rosto. Traguei mais uma vez e fechei os olhos, rezando intimamente
para que, quando eu voltasse a abrí-los, aquela situação desconfortável
tivesse sido amenizada. Foi em vão. Jacob estava ainda mais próximo de
mim, como se quisesse contradizer a lei da física de que dois corpos não
podem ocupar o mesmo lugar no espaço. Sua respiração estava pesada e o
cheiro da vodka penetrava em minhas narinas, misturando-se ao odor do
tabaco.

- Você gosta daquele cara, não é? - Ele permanecia a me encarar,


intensamente. - Está apaixonada por ele... Não é?

Abri minha boca para responder. Ao invés disso, levei mais uma vez o
cigarro a boca e fechei os olhos, ganhando míseros segundos de tempo:
segundos preciosos e decisivos, em que eu precisava pensar.
Porra, quem eu queria enganar, afinal? Era óbvio que eu estava
completamente alucinada por aquele homem! Merda! Maldito dia em que
eu o havia conhecido! A verdade é que eu não queria me entregar à Jacob,
não com aqueles malditos olhos verdes em minha mente! Não com o cheiro
peculiar e único de Edward entranhado em meu cérebro, e com a lembrança
vívida de suas mãos em meu corpo. Não seria nunca a mesma coisa, e eu
não queria passar por essa decepção. Um peso surgiu em meu peito,
deixando-me quase sem ar.

Eu estava sendo tão hipócrita! Afinal, eu mesma não estivera com outros
homens e havia, bem... Gostado? Eu não podia negar isso, podia? Então
porque simplesmente não ceder aos encantos – nada pequenos – de Jake?
Porque não me entregar de uma vez ao desejo que sempre ocupou os meus
instintos.

A verdade invadiu meus pensamentos tão dura que eu prendi a respiração.


Sim, havia uma diferença, uma diferença crucial: quando eu me entregava à
todos aqueles homens eu não era eu mesma. Eu era Cindy, um papel que eu
havia criado, um personagem, cujo principal objetivo era salvar Chase.
Entregar-me para Jacob – eu mesma, Isabella – seria entregar também meus
sentimentos, e isso era algo que eu não conseguia fazer, não mais. Porque
eles pertenciam a outro, agora.

Eles pertenciam à Edward Cullen.

- Sim. - Respondi finalmente. - Eu gosto daquele “cara”. Infelizmente.

A respiração de Jake saía com força de suas narinas. Suas mãos fecharam-
se ao lado do corpo, e seu peito nu subia e descia, na medida em que o ar
entrava e saía de seu corpo.

- Desculpa, Jake. Mesmo, eu...

- Vou fazer você esquecer aquele babaca.

- Jake, eu...
Não consegui falar. Jacob avançou sobre mim, meu cigarro caindo no chão
e minha boca sendo invadida por sua língua, a fumaça deixando meu corpo
e penetrando no dele

Eu tentei me livrar de seus braços de aço, mas não conseguia. Jake era
muito, muito mais forte que eu, e a bebida só serviu para aumentar essa
diferença discrepante. Sua mão apertou minha bunda e me levantou do
chão. Soquei seu peito com as duas mãos, mas Jacob não desistia.

- Isabella! Bella, abre a porta! - Ele parou de me beijar e ambos ficamos


estáticos. - Isabella!!!

Tentei andar em direção a porta, mas Jacob me impediu.

- ME SOLTA, JAKE! - Sim, eu berrei. Alto, como nunca havia berrado, e


Jacob obedeceu, os olhos arregalados de surpresa.

Fui até a porta. Minha mão permaneceu parada sobre a maçaneta por um
longo segundo, até que eu inspirei fundo e abri. Edward estava ali, as mãos
apoiadas sobre o batente, o olhar verde esmeralda mais intenso e febril que
nunca. Seus olhos arrebataram os meus e foram descendo, lentamente, até
pousarem sobre meu soutien rendado

- Preciso falar com você.

A voz saiu rouca e grave. Os olhos voltaram a me encarar, a imensidão


verde e inebriante tirando meu fôlego.

- Você não está vendo que Bella está ocupada? - Jacob perguntou,
chegando por trás de mim e envolvendo minha cintura com um braço.

Desvencilhei-me dele, chegando para o lado. Edward observou esse


movimento atentamente, e seu subconsciente interpretou perfeitamente o
sinal que meu corpo emitia: eu não queria Jacob. Sem falar absolutamente
nada, Edward entrou no quarto como um leão, partindo para cima de Jacob
sem pestanejar, deferindo-lhe um soco certeiro no maxilar. Jacob caiu no
chão, a mão sobre o local dolorido, a fisionomia incrédula.
- Você vem comigo. - Edward falou, pegando minha blusa no chão e
segurando meu pulso. Quando já estávamos perto da porta, ele voltou-se
para Jake. - E quanto à você: não nos siga. Caso contrário, não garantirei
sua segurança.

Ele saiu, me puxando e batendo a porta atrás de nós. Começamos a descer


a escada rapidamente, e eu tropecei num degrau: estava tão pasma com
tudo aquilo que meu corpo parecia não responder ás ordens de meu cérebro.
Edward me segurou, impedindo que eu rolasse escada abaixo. Levantei
meus olhos e a imagem dele, por traz do véu de meus cabelos, era linda e
implacável: o maxilar perfeito e bem demarcado; o olhar verde e
enlouquecedor; os cabelos cor de bronze com um aspecto de que havia
acabado de ter a melhor noite de sexo da vida.

- Me solta... - Gemi, mas meu pedido soou tão ridículo que fechei os olhos.

- Você tem certeza? - Ele perguntou, inclinando-se e sussurrando em meu


ouvido. - Tem certeza que quer que eu solte você?

Não tive coragem de abrir os olhos. Tentei falar, mas aparentemente eu


havia perdido a porra da fala. Num gesto vencido, balancei a cabeça...
negativamente.

- O que você quer, então??? - Sua boca encostou em minha pele e começou
a percorrer a fina linha entre minha orelha e minha boca, a barba que nascia
me causando arrepios. - Você quer que eu...foda você

Mais uma vez balancei a cabeça: agora de cima para baixo, assentindo.

- Hum... - Edward me colocou de pé e me imprensou contra parede, nossa


altura quase igual devido à diferença dos degraus. - Você quer que eu enfie
todo o meu pau em você, e te faça gozar alucinadamente enquanto berra
meu nome, para o seu namoradinho de merda escutar? É isso que você
quer, Bella?
Merda. Movi minha cabeça freneticamente, enquanto minhas mãos
cravaram-se na carne musculosa da bunda de Edward e trouxeram o quadril
dele para perto do meu. Gemi quando senti a ereção completamente
formada contra meu ventre.
- Então implora. Eu posso até te dar o que você quer, mas você vai ter que
implorar. Vai ter que me convencer.

A mão de Edward subiu pela calça que eu usava, e eu podia sentir a


ardência em minha pele, mesmo sob os jeans. A ponta de seus dedos
alcançaram o ponto que literalmente clamava por ele, e meus joelhos se
dobraram instintivamente. Edward abaixou-se, levando a boca até o topo
dos meus seios e sua mão livre abaixou meu soutien, revelando o bico
enrijecido, que ele logo tratou de abocanhar. Sua língua subiu
vagarosamente por meu colo, alcançando meu pescoço e parado sobre meus
lábios.

- Edward...

- Hum?

- Por... Por favor. - Ele permaneceu em silêncio, sua língua perfazendo o


contorno de minha boca, umedecendo meus lábios com sua saliva e tirando
minha sanidade com seu hálito doce. - Pelo amor de Deus, me come. Eu...
Porra, eu preciso

- Precisa o quê?

- Preciso sentir você... Preciso sentir você dentro de mim, agora. Por favor.

Vi que os olhos verdes iluminaram-se, mesmo sob a fraca luz do ambiente.


Suas mãos abriram o botão dos meus jeans e em seguida ele empurrava
minhas calças para baixo, junto com minha calcinha. Eu movi meu corpo,
com pressa, tão ansiosa que senti vergonha de mim mesma. O que aquele
maldito estava fazendo com minha sanidade?

O corpo de Edward colou-se ao meu, o tórax perfeito imprensando meus


seios. Eu puxei meus pés dos jeans e livrei-me deles, sem me preocupar de
onde estávamos – no meio da escada – ou se Jake poderia aparecer a
qualquer segundo. Eu só precisava abrandar meu tesão, que à essa altura
escorria por minhas pernas. Edward levantou minha coxa, e antes que eu
pudesse raciocinar ele já havia se enterrado em mim, num movimento
longo e feroz. Senti meu corpo literalmente pular, minhas costas contra a
parede fria, e cravei minhas mãos em seus braços enquanto mordia seu
ombro para evitar de berrar alto.

A mão que ainda apertava minha coxa me soltou. Baixei minha perna e
Edward segurou com força minha cintura, virando-me de costas para ele, e
então minha bunda colou-se ao seu quadril, a ereção pelando contra minha
carne.

“Mas que porra...? Ele está sem camisinha, ele...”

Meu pensamento racional foi bruscamente interrompido. Edward levou


dois dedos à minha entrada, e se deteve por um longo segundo sem me
penetrar, apenas espalhando minha excitação por toda a minha extensão. Os
dedos subiram lentamente, encontrando a divisão de minhas nádegas e
encontrando o ponto que ele desejava.

Ele enfiou os dedos lentamente, movendo-os na passagem, e eu gemi. Alto,


sem me conter.

- Geme, Bella. Geme meu nome.

Minha respiração estava entrecortada e eu quase não conseguia pensar.


Mordi o lábio inferior com força e deixei minha testa tombar na parede fria.
Os dedos entraram com mais força e eu gemi novamente, entredentes dessa
vez.

- Se você quer que meu pau entre aqui, enquanto meus dedos cuidam de
sua outra parte... - Ele falou, colando o peito em minhas costas e segurando
meu lóbulo entre os lábios, enquanto continuava a mexer os dedos dentro
de mim. - ...vai ter que gemer meu nome.

Ah, merda. Merda, mil vezes merda.


- Ed... Edwa... EDWARD!

Assim que a última sílaba deixou minha boca Edward me penetrou. Não
preocupou-se em ser gentil ou delicado: enfiou toda a extensão de uma
única vez, e eu literalmente quiquei sobre ele. As mãos seguraram meus
seios, me impedindo de me mover, deixando todo o seu membro envolto
por meu corpo, enquanto eu me acostumava com a sensação.

Ele voltou a se mover, dessa vez vagarosamente, sem nunca retirar por
inteiro. Eu voltei a gemer, na medida em que meu músculo apertava seu
membro. Levei minha mão até meu clitóris e comecei a massageá-lo, mas
Edward me impediu.

- Não. Isso é trabalho meu. Só eu vou te deixar maluca, hoje.

Edward retirou minha mão e seus dedos ágeis e precisos recomeçaram de


onde eu havia parado, movendo-se sincronizadamente com seu quadril. Os
dedos escorregaram por minha carne, afastando meus lábios e me
invadiram, sem encontrar qualquer atrito.

- Edward... - Falei, fracamente. - Eu vou... Porra, eu vou gozar.

Ele aumentou o ritmo dos dedos, e o quadril passou a bater contra o meu
com força, o barulho de nossos corpos se chocando mais alto que nossos
gemidos. Deixei minha cabeça tombar para trás, em seu ombro, e levantei
meus braços, minhas mãos agarrando-se aos seus cabelos.

- Goza, Bella... Goza no meu pau que eu vou esporrar também... Dentro de
você.

As palavras só fizeram o orgasmo ser ainda mais intenso do que o previsto,


e meus sentidos ficaram nulos por alguns segundos. Edward foi parando de
se mover aos poucos, e nossos corpos permaneceram unidos por algum
tempo, até que finalmente ele desvencilhou-se de mim.
- Vamos embora. - Ele sussurrou em meu ouvido. - Nós precisamos
conversar. Mas não antes de eu deixar você completamente destruída.

Ele abaixou-se, pegando minhas calças e me ajudando a vestí-las. Em


pouco tempo nós estávamos na rua, entrando em seu carro confortável.

Eu me sentei no banco e olhei para cima, antes de fechar a porta. Não devia
ter feito isso: Jacob nos encarava da janela, a expressão tão sofrida e
sombria que fez meu coração parar por um momento.
Capítulo XIII - O plano "B" - PRIMEIRA PARTE

Eu já conhecia esse lugar, e não podia dizer se estava feliz ou triste por
estar de volta à ele.

Mentira. Quem eu queria enganar? Meu coração palpitava velozmente em


meu peito, praticamente sem conseguir conter a euforia idiota que havia se
instalado em meu corpo.

Depois que deixamos o lugar - leia-se a escada - e entramos no carro,


Edward permaneceu em silêncio durante todo o trajeto. Eu abraçava meu
próprio corpo - Jacob havia rasgado a blusa que Edward pegara do chão, e
ela não passava de um pedaço de pano sem botões - e ainda tinha a
sensação de estar queimando, minhas bochechas como se pegassem fogo.

Demorou um pouco para que eu conseguisse distinguir o lugar por trás dos
vidros escuros do volvo prata, mas meu cérebro aos poucos identificou o
local: eu já havia saído dali, há não muito tempo atrás, carregando no corpo
roupas novas e caras, e uma ressaca de colocar inveja no próprio Baco.

Nós estávamos em frente ao prédio onde Edward morava.

Me olhei no espelho do banheiro e um arrepio percorreu meu corpo, ao me


lembrar do modo como a tensão sexual entre mim e Edward, no elevador,
era quase palpável. Lembrei-me da forma como ele parou atrás de mim, o
elevador movendo-se vagarosamente pelos andares, a respiração pesada em
minha nuca, afastando meus cabelos. Lembrei-me de sua mão pousando em
minha cintura quando as portas se abriram, indicando silenciosamente que
eu devia me mover, porque eu simplesmente havia fechado os olhos e
viajado para outra dimensão.

A casa estava vazia; a secretária de Edward, Ângela, já devia ter ido para
casa. Ele seguiu direto para o imenso bar que ficava num canto da sala, e
me indicou um armário enorme no corredor, onde eu podia pegar uma
toalha para tomar um banho - coisa que eu havia acabado de fazer.
"Merda. Você poderia ter pego um roupão também, não é mesmo Sra.
Espertalhona?"

Bufei na frente do espelho, enquanto penteava meus cabelos molhados.


Queria tanto reencontrar minha sanidade! Queria tanto voltar a pensar com
meu cérebro, ao invés de com meus hormônios descontrolados!

Queria tanto não ter ficado ansiosa, aguardando que ele entrasse na porra
do banheiro de cinco em cinco minutos, enquanto eu tomava a merda do
meu banho!

Recoloquei o pente dentro da gaveta e inspirei o ar, com força. Não havia
esquecido a promessa que Edward me fizera, ao dizer que iria me deixar
destruída. A conversa que nós iríamos ter me deixava ansiosa e temerosa,
mas a expectativa pelo cumprimento da promessa era o que mais me
deixava tensa.

Abri a porta do banheiro/suíte. O quarto estava apagado, e acendi a luz. Fui


até a porta e olhei no corredor, segurando a toalha na altura do meu peito.
Ninguém. Andei na ponta dos pés até uma outra porta - a porta que, eu me
lembrava bem, era o quarto de Edward.

Cheguei perto do armário e quando abri a porta o cheiro familiar e singular


me invadiu, me fazendo fechar os olhos e literalmente cambalear. Sacudi a
cabeça e puxei uma camisa branca, que ficou no meio das minhas coxas e
com as mangas no meio das minhas mãos. Dobrei as mangas duas vezes e
me olhei no espelho. Sem pensar duas vezes, abri os dois primeiros botões.

Eu poderia estar apaixonada por ele, mas o plano que eu havia estabelecido
em minha mente ainda estava de pé. Eu iria fazer com que ele se
apaixonasse por mim. Iria levá-lo à uma verdadeira armadilha, provar que
era ele - ou um de seus amiguinhos asquerosos - o verdadeiro culpado pela
morte de Molly, e inocentar meu irmão.

Suspirei fundo, apaguei a luz e fui andando lentamente até a sala. Uma
melodia linda ecoava no ambiente, e imaginei ser um cd ou algo do tipo,
mas quase enfartei ao me deparar com Edward sentado ao piano, os dedos
manuseando magistralmente as teclas de marfim.

Fiquei paralisada por um momento. Quando consegui fazer minhas pernas


se moverem, aproximei-me dele, que estava de costas para mim, o corpo
ligeiramente inclinado para frente, sobre o belo instrumento. Sem pensar,
como se tivessem vida própria, minhas mãos levantaram-se e pousaram em
seus ombros. Para minha surpresa, Edward não se assustou. Seus músculos
relaxaram em meus dedos, sem que ele interrompesse a linda música que
tocava, e sua cabeça pendeu para trás, encostando em minha barriga, os
olhos fechados serenamente.

Deus, como ele era lindo. Cada traço do seu rosto era perfeito, como se
tivesse sido talhado á mão por um talentoso artista. Os cílios eram longos e
espessos; a sobrancelha acompanhava a linha de seus olhos de uma ponta à
outra; o maxilar bem demarcado fazia uma composição perfeita com a boca
atraente. Alguns fios de cabelo estavam caindo sobre sua testa, e uma das
minhas mãos retirou com cuidado, em seguida voltando para seu ombro e
descendo por seu peito, entrando por sua camisa.

Onde eu estava com a cabeça?

A música finalmente acabou. Edward permaneceu na mesma posição por


um longo momento, apenas sentindo meu toque em seu tórax, a respiração
tranquila. Quando ele abriu os olhos e a imensidão verde esmeralda me
invadiu, minhas pernas literalmente enfraqueceram, e prendi minha
respiração.

Edward tirou uma das mãos, que ainda estava descansando sobre as teclas,
segurou meu pulso, me puxando e me fazendo parar ao seu lado. Então seu
olhar percorreu todo o meu corpo, começando pelos pés, e mesmo de olhos
fechados eu podia sentir uma leve ardência por onde seu olhar passava.

Sua mão tocou minha coxa, e eu tremi. Edward me olhou por sob as
sobrancelhas e um vislumbre de sorriso apareceu no canto direito de seus
lábios, mostrando que gostava da forma como meu corpo reagia ao seu
toque. a mão continuou subindo, vagarosamente, e o sorriso tomou forma
quando Edward constatou que eu usava apenas a sua camisa, e nada mais.

Ele se levantou. Num movimento rápido e preciso, me pegou no colo, um


dos braços na parte de trás de meus joelhos e outra nas minhas costas.
Enlacei seu pescoço com meus braços e conectei meu olhar ao dele, que
estava febril e faiscante.

Edward me sentou sobre o imenso e lustroso balcão da cozinha americana.


Parou à minha frente, entre minhas pernas, e seus dedos longos dirigiram-se
para os dois botões abertos de sua camisa, pouco acima dos meus seios.

- Você ficou deliciosamente apetitosa com essa blusa, Bella. É incrível


como tudo o que é meu cai bem em você. - Ele se aproximou, o quadril
encostando-se no balcão, na altura do meu. - É incrível como eu caio bem
em você.

Fechei os olhos, o ar saindo sôfrego de meus pulmões. Minhas mãos -


merda, o que diabos havia acontecido com elas? - seguraram a gola da
camisa de Edward e puxaram o rosto dele para perto de mim, minha língua
ansiosa e desesperada invadindo sua boca, meu corpo imediatamente se
deliciando com o sabor que emanava dele. As mãos de Edward apertaram
minha cintura e eu gemi em seus lábios.

Edward abaixou-se à minha frente. Meu peito subia e descia agitado, minha
língua umedecendo meus lábios, meus dentes prendendo meu lábio inferior,
enquanto meus olhos o acompanhavam. Edward segurou minhas pernas e
passou-as por cima de seus ombros, e no momento seguinte sua boca estava
enterrada em meu sexo, devastando todo o espaço existente com sua língua
quente e úmida.

Deixei-me cair nos cotovelos e joguei minha cabeça para trás, meus olhos
fechados com tanta força que ardiam. Edward circundava meu clitóris e em
seguida voltava a me penetrar, e quando dois dedos foram enfiados sem
cerimônia um espasmo percorreu meu corpo, violento e quase vergonhoso.
Ele foi diminuindo o ritmo aos poucos. Minhas pernas estavam moles sobre
seus ombros, e suas mãos quentes retiraram com cuidado, deixando que
elas pendessem do balcão enquanto ele tornava a se colocar de pé. Eu havia
deitado sobre o granito gelado, e ainda estava sentindo o êxtase esvair-se de
meu corpo quando senti Edward me puxar pelas coxas.

Meu quadril arrastou-se sobre o balcão, e eu fiquei na beirada. Meus dedos


seguraram com força a borda quando o pau de Edward enterrou-se em mim,
vagarosamente, e eu gemi durante cada milímetro que minha carne se abria
para recebê-lo. Mais uma vez as mãos firmes seguraram minha cintura, e eu
arqueei minhas costas, Edward inclinando-se sobre mim e abocanhando
meu seio, que estava à mostra pelos botões abertos.

- Você é linda, Bella... Deliciosa e linda...

Eu descolei minhas costas do balcão e colei meu peito ao dele. Minhas


mãos safadas apertaram sua bunda e puxaram-no com força para mais
perto, e eu gozei quando um rosnado de tesão escapou do peito de Edward,
quando seu pau se enterrou até o talo dentro de mim.

- Porra... Tão quente, tão... apertada.

Minha mão segurou o rosto dele, meu polegar em uma bochecha e o


indicador em outra, fazendo um biquinho que quase me fez gozar
novamente. Edward abriu os olhos e nós permanecemos nos encarando
enquanto ele estocava, às vezes com mais velocidade, outras vezes mais
vagarosamente, mas todas tão profundas que quase me faziam sufocar.

- Eu adoro... Seu pau... - Falei, como se toda a minha vergonha tivesse sido
abduzida. - Adoro você. Você por inteiro.

As mãos soltaram minha cintura e se colocaram entre minha bunda e o


granito, apertando com força minha carne.

- E eu adoro essa boceta... Você me viciou, Bella. - Ele mordeu meu lábio
inferior e falou entredentes. - Goza comigo. Goza comigo agora.
Segurei os cabelos de sua nuca e mordi seu ombro. A tentativa de impedir
que meu gemido ecoasse foi falha: eu gemi alto e demoradamente, num dos
orgasmos mais longos que eu já tive. Mas não tive vergonha, já que Edward
me acompanhou, em todo o trajeto, sua voz maravilhosa enquanto ele
berrava meu nome.

Enlacei meus braços em seu pescoço, ao mesmo tempo que desenrolava


minhas pernas de sua cintura e deixava que elas pendessem do balcão.
Edward me abraçou e eu recostei a cabeça eu seu peito, e permiti-me fechar
os olhos enquanto inalava, profundamente.

- Gosto do seu cheiro... - Falei, mordendo o lábio assim que as palavras


fugiram de minha boca.

Gosto do seu cheiro? Você é o quê? MALUCA? Perdeu totalmente o juízo?

Ele não pareceu se importar com meu comentário. Segurou meu rosto entre
suas mãos e me fez olhar para ele, inclinando-se em seguida e tomando
meus lábios.

- Gosto do seu sabor... Você me dá água na boca.

Ah, porra. Não consegui manter os olhos abertos. Deixei meus ombros
caírem, e só não escorreguei bancada abaixo porque Edward ainda segurava
meu rosto. Sua língua ultrapassou o limite dos meus dentes e encontrou a
minha, massageando minha carne e enroscando-se à ela. Senti a língua dele
encostar-se em meu céu da boca e gemi, ofegante.

Edward tornou a segurar minhas coxas. Já podia sentir a sua ereção


formada novamente, e meu cérebro insano indagou-se sobre como isso era
possível. O homem era uma verdadeira máquina. Tudo bem, eu também já
estava novamente encharcada, pronta para recebê-lo, mas nós mulheres
éramos diferentes... não?

Bem, o membro duro como rocha imprensado em meu ventre berrava que
não.
Ele segurou-me pela bunda, me tirando do balcão. Mais uma vez enlacei
sua cintura com minhas pernas, meu sexo molhado encostando-se nos
músculos bem torneados de seu abdômen, meus braços em volta de seu
pescoço, nosso olhar conectado.

- Sinto que já está pronta para mim, hã? - Ele perguntou, retoricamente.

Edward não tinha a menor preocupação em ser modesto, e isso me deixaria


terrivelmente encabulada, em qualquer outra situação.

Mas não com ele. O homem simplesmente tinha o poder de me transformar


numa onça no cio, e isso me deixava tão excitada quanto temerosa.

Afinal, nós não podemos confiar plenamente nas decisões tomadas quando
somos impulsionadas por nossos malditos hormônios em ebulição.

Ele andava comigo, e eu não tinha a menor idéia de para onde me levava. E
não me preocupei. Mais uma vez nós nos beijamos, ardentemente, meus
dedos segurando com ânsia seus cabelos.

Adentramos em um lugar pouco iluminado. Senti o cheiro familiar de


amaciante e abri os olhos, interrompendo o beijo, um pouco ressentida por
fazê-lo. Meus olhos percorreram o local e entendi tratar-se de um tipo de
lavanderia - grande e espaçosa, mas uma lavanderia.

Edward me colocou no chão e continuou andando, o corpo inteiro colado


ao meu. Um arrepio percorreu meu corpo inteiro ao sentir o metal frio em
contato com minha pele, na altura de minha bunda, quando me encostei em
algo. Ele apoiou as duas mãos no local, deixando-me entre elas, e
continuou a me beijar, descendo por meu pescoço e reencontrando meus
seios.

- Quero sentir a sua boca apertada me chupando, Bella... - Sussurrou em


meu ouvido, o lóbulo de minha orelha entre seus dentes.

Minhas mãos espalmaram-se em seu peito, sendo rapidamente seguidas por


meus lábios. Deixei beijos entreabertos em sua carne e Edward segurou
meus cabelos com força, gemendo, apertando meu rosto contra seu tórax.
Mordi levemente, em seguida circundando seu mamilo com a ponta de
minha língua.

- Porra... - Ele rosnou.

Apertei minhas coxas: eu estava explodindo, meu corpo implorando por


alívio. Vê-lo sucumbir em minhas mãos e em minha boca conseguia ser
ainda mais prazeroso do que ceder aos encantos dele.

Minhas mãos desceram vagarosamente, a ponta de minhas unhas riscando


sua pele, deixando leves traços vermelhos por onde passavam, seus poros
arrepiando-se. Encontrei a carne quente e segurei entre meus dedos, que
não conseguiram envolver-lhe por completo: era duro demais e grosso
demais.

Olhei-o por baixo de meus cílios e comecei a descer lentamente, dobrando


meus joelhos, que logo encontraram o chão. A cabeça vermelha e pulsante
ficou à altura de meus lábios e eu salivei, meu lábio inferior massacrado por
meus dentes. Inclinei-me em sua direção e larguei um beijo suave sobre a
glande, em seguida passeando minha língua por sua fenda e imediatamente
sentindo o sabor característico de Edward, pelo qual eu estava
sumariamente viciada.

Minha boca se abriu e eu o engoli. Seu pau foi entrando vagarosamente, a


cabeça enconstando-se na parede inferior de minhas bochechas até chegar
ao fundo, na parede de minha garganta. Meus dentes roçavam levemente
sua extensão, e o rosnado que vinha do peito de Edward agora era
constante.

Olhei para cima e ele tinha a cabeça jogada para trás, as veias de seu
pescoço pulsando freneticamente, o abdômen sob minha mãos, contraído.

Desci as mãos para sua bunda. Era dura e musculosa, e foi a minha vez de
gemer quando puxei-o para frente, fazendo-o estocar em minha boca, um
engasgo involuntário ecoando pelo lugar.
- Porra... Caralho...

Minha cabeça se movia para frente e para trás. Eu lambia e chupava com
tanta vontade que meus olhos se reviravam por trás de minhas pálpebras
fechadas. Edward segurou meu cabelo com mais força e me puxou para
cima.

Quase gozei ao deparar-me com o tom de verde de seus olhos. Estavam tão
escuros e intensos que eu tremi, prendendo minha respiração. Edward
segurou minha cintura e me ergueu do chão, como se eu pesasse menos que
uma pluma. Sentei-me sobre a superfície de ferro gelada.

- Você... - Ele disse, o hálito delicioso me invadindo.

Eu...? - Pensei. - Eu o quê?

Edward inclinou-se para frente e num puxão abriu a camisa que eu usava,
os botões caindo no chão de porcelanato, espalhando-se por todos os lados.
Suas mãos percorreram todo o meu corpo, parando em minhas costas,
fazendo meus seios achatarem-se em seu peito.

Como se já conhecesse perfeitamente o caminho, o pau de Edward


encostou-se na minha entrada. Movi meus quadris e cheguei um pouco para
frente, tendo plena consciência de que esse gesto só fazia revelar toda a
minha ansiedade, mas eu não me importava, não mesmo. Só queria sentí-lo
dentro de mim novamente; só queria matar a saudade da sensação
maravilhosa que era envolvê-lo com meu corpo.

E ele entendeu o recado. Diferentemente de pouco tempo atrás, Edward


enterrou-se em mim de uma única vez, seu pau sendo inteiramente
escondido dentro de meu corpo. Parou de se mover, mantendo-se
totalmente dentro do meu organismo, meu músculo apertando-o com
vontade.

Uma de suas mãos afastou-se de meu corpo. Ele se inclinou ligeiramente e,


de repente, parecia que eu estava bem no centro de um terremoto, meu
corpo inteiro tremendo alucinadamente e fazendo-o tremer comigo.

Uma máquina de lavar... - Pensei, atônita. - Uma maldita máquina de


lavar!

Maldita? Nã hã. Bendita, isso sim.

A máquina vibrava sob meu corpo e estremecia todas as minhas células.


Minhas unhas cravaram-se nas costas de Edward e eu mordi seu peito,
segurando-me para não urrar de tesão.

- Isso, gostosa... Morde meu pau, acaba comigo.

Edward movia-se para trás e para frente, seu corpo acompanhando o


movimento vibratório. Eu gozei, repetidas vezes, orgasmos curtos e
violentos, com intervalos mínimos entre um e outro. Minha respiração
estava tão descompassada que meus pulmões gritavam por ar, mas eu não
me importava: meu cérebro não achava mais que o oxigênio era vital para
minha sobrevivência; ele só conseguia visualizar Edward, em toda a sua
magnificência.

- Vem cá.

Ele me puxou pelos calcanhares, me fazendo descer da máquina, que


continuava seu trabalho incansável. Meus joelhos literalmente dobraram-se
quando meus pés tocaram o chão: eu parecia uma gelatina, meu corpo
extasiado de tanto prazer. Edward segurou meus braços e me virou,
fazendo-me ficar de costas para ele, meu ventre colando-se à máquina, meu
corpo imediatamente tornando a tremer.

As mãos enormes envolveram meus seios, os dedos apertando meus bicos


enrijecidos. Gemi alto e deixei minha cabeça tombar em seu ombro, minha
mão seguindo para seu pau e começando uma punheta lenta e invertida.

- Onde você quer que eu meta? Pede para mim. - Edward perguntou em
meu ouvido, uma das mãos deixando meu peito e descendo para o músculo
latejante entre minhas pernas.
Ok, era demais. Não bastasse todos aqueles sentimentos novos e
irritantemente assustadores, ele ainda queria que eu escolhesse... Que eu
pedisse para ele... Para ele me devastar?

Um tapa do lado esquerdo de minha bunda informou-me que eu havia


demorado para responder.

- Você ficou surda, Bella...? - Sua barba recém-nascida roçava em meu


pescoço e todos os meus poros estavam arrepiados. Edward segurou meu
cabelo num rabo, inclinando minha cabeça para o lado e colando a boca
sobre minha jugular. Eu podia sentir minha veia pulsando sob seus lábios
carnudos. - Onde. Você quer. Que eu meta? Pede para mim.

Em todos os lugares.. - Meu cérebro insano berrou. - Quero que você


descubra uma maneira de se tornar onipresente e que foda deliciosamente
todos os orifícios existentes em meu corpo, seu...

- Atrás.

Fechei os olhos. Eu ainda estava absorvendo as loucuras que minha mente


gritava quando a resposta escapou de minha boca. O que havia dado em
mim, porra? Eu estava pedindo para que Edward me comesse por trás, era
isso mesmo???

Sim, era.

- Boa menina. - Edward disse em meu ouvido, em seguida enfiando sua


língua em minha orelha e forçando minhas costas.

Debrucei-me sobre a máquina, minha bunda ficando estrategicamente


empinada para ele. Meus seios encostaram-se na tampa e eu tremia por
inteiro - mas já não sabia se o efeito se dava única e exclusivamente pela
centrifugação do aparelho.

A mão de Edward subiu vagarosamente pelo meio de minhas coxas.


- Abre as pernas, Bella.
Como se tivesse virado um hábito, obedeci. Edward levou dois dedos ao
meu sexo e passeou com a ponta por toda a minha extensão. Abriu
vagarosamente os grandes lábios e colheu meu tesão que escorria, e mesmo
sem olhar eu deduzi, pelos seus movimentos, que ele havia levado a mesma
mão ao seu pau, lambuzando-o com meu tesão e preparando seu
instrumento para me dar o que eu havia pedido.

Eu estava certa.

A cabeça posicionou-se no ponto entre minhas nádegas e meu corpo


impulsionou-se inconscientemente para frente, mas em vão: eu não tinha
espaço para furgir - Rá. Como se eu quisesse fugir -, apenas sendo mais
imprensada contra o utensílio vibratório. Segurei as bordas com força e
gemi prolongadamente quando Edward moveu seu quadril em minha
direção, seu membro enterrando-se até a metade.

- Puta merda... Como você consegue ser tão fodidamente gostosa?

Ele moveu-se para trás, saindo parcialmente, mais uma vez apenas a cabeça
permanecendo dentro de mim. Quando voltou, seu quadril colou-se à minha
bunda, suas bolas batendo em meu clitóris.

Foi demais. Esse foi o ápice que meu corpo aguentava. Realmente pensei
que fosse morrer, meus sentidos me abandonando. Deixei que minha cabeça
tombasse para frente e por um longo segundo esqueci de respirar, um
espasmo arrebatador percorrendo meu corpo.

As mãos de Edward voaram para minha cintura, me segurando, impedindo-


me de cair sobre meus joelhos. Ele continuava a estocar com força, seu pau
quase alcançando minha garganta. Era tão bom, tão delicioso, tão...
prazeroso!

Quando finalmente ele achou que podia me soltar, suas mãos subiram, uma
parando sobre meu seio esquerdo e a outra sobre meu ombro direito, me
empurrando para ele, numa tentativa de fazer com que ele se enterrasse
ainda mais em mim, como se isso fosse possível.
- Vou gozar... - Ele gemeu entredentes. - Quero ver você gozar comigo de
novo, Bella...

Apoiei-me em minhas mãos e me ergui. Minhas costas colaram-se ao seu


peito e levantei uma perna, plantando meu pé sobre a máquina e ficando
completamente aberta para ele. Levantei uma mão e segurei seus cabelos,
virando seu rosto para mim e avançando em sua boca, sugando sua língua e
mordendo seu lábio.

- Seu pedido... É uma ordem...

Eu quicava sobre ele quando obedeci. As duas mãos seguravam-me pelos


seios agora, e nossas línguas se devoravam, famintas. O jorro pelando
invadiu meu corpo, e a abundância era tanta que uma parte escorreu por
minhas pernas.

As mãos me soltaram e eu voltei a tombar sobre a máquina. Os dedos


acariciaram minhas pernas dos dois lados, subindo para meus braços.
Edward inclinou-se sobre mim e mais uma vez alcançou meu ouvido.

- Vem. Vamos tomar um banho.

Fechei os olhos.

Edward pretendia realmente me destruir.


Capítulo XIII - O plano "B" - SEGUNDA PARTE

POV DE EDWARD

Bella andava na minha frente. Meus olhos percorreram suas pernas, até
alcançarem a popa de sua bunda, escondida por minha camisa, agora sem
nenhum botão. Minha língua correu por meus lábios secos.

Merda de mulher, merda de boceta viciante.

Eu estava nessa vida há tempo suficiente para ter experimentado todos os


tipos de mulheres possíveis e imagináveis. Já havia realizado todas as
fantasias mais obscuras que qualquer pessoa jamais sonharia em realizar.
Nunca, nos últimos anos, eu ficara uma única noite sem sexo, com a mulher
- ou com as mulheres - que eu quisesse, por quanto tempo eu quisesse,
fazendo o que me desse vontade.

É claro que eu repetia, uma ou outra vez. Algumas mulheres eram tão
absurdamente gostosas, que uma única noite não era suficiente para saciar
minha vontade. Para essas, nós - os Cullen - decretávamos exclusividade,
pois não havia a possibilidade de querermos alguém e a pessoa estar
indisponível.
De alguma forma, eu sabia que com Bella - Cindy, na época - seria assim,
desde o momento em que coloquei os olhos sobre seu corpo. Não sei, tenho
um tipo de sexto sentido, um feeling para mulheres deliciosas.
Mas não posso negar que sua iniciação me surpreendeu. Porra. Virgem!

A sensação de poder, ao ser o primeiro homem a possuir uma mulher, é


como um alucinógeno correndo nas veias. É ter a certeza de que, para
sempre, passe o tempo que for e aconteça o que acontecer, aquela mulher
sempre se lembrará de você, de seu pau, de seu cheiro. Ainda que você a
esqueça logo após satisfaça o seu prazer.

Só de me lembrar podia sentir meu membro recomeçar a pulsar. Segurei


Bella pelo braço e ela se virou para mim, o olhar assustado, a boca
ligeiramente entreaberta. Eu adorava isso nela: o modo como ela era
transparente, como eu podia praticamente ler tudo o que se passava em sua
cabeça. O modo como ela lutava para me repelir, e como seu corpo a traía,
o olhar repleto de desejo e o coração batendo descompassado, fazendo sua
respiração ficar ofegante.

- Ed...? - Puxei-a para perto, colando nossos lábios, invadindo sua boca
com a minha, antes que ela conseguisse completar meu nome.

Estávamos no imenso corredor, diversas portas fechadas se revelando a


cada lado. Imprensei o corpo dela na parede, em seguida colando-o ao meu.
Segurei seu rosto entre minhas mãos e ela me encarou, o queixo levemente
arqueado, a boca ansiando pela minha.

- Pensei que fôssemos tomar banho...

Quase sorri ao notar a força que ela fazia para formular uma frase coerente.
Inclinei-me ligeiramente em sua direção, meu quadril rebolando
inconscientemente contra seu ventre, friccionando meu pau em sua carne.

- E você vai... Vai tomar um banho de porra, já ouviu dizer? - Tomei seu
lóbulo entre meus dentes.

Bella gemeu e seus joelhos dobraram-se, e ela só não parou no chão


porque meu tórax a sustentava contra a parede fria. Segurei com força sua
coxa e levantei sua perna, deixando a outra no chão. Abaixei-me apenas um
pouco, o suficiente para encaixar-me nela e penetrar seu organismo de uma
só vez, quando tornei a subir.

- Ah, porra Edward! - Bella se segurou em meus cabelos, a cabeça


tombando para trás, um baque surdo ecoando.

Sim, porra, porra! Maldição de mulher gostosa e apertada. Eu ia fodê-la a


noite inteira, como a merda de um animal no cio, até finalmente enjoar de
seu corpo. Até, finalmente, conseguir expulsá-la de meus pensamentos.
A perna que eu segurava enlaçou-se em meu quadril. O corredor estava
escuro, e a pouca luz que entrava pela janela fazia os olhos verdes de
Isabella brilharem. A respiração saía ofegante de seus lábios e sua
expressão revelava que o corpo dela estava em êxtase, chegando ao limite.

Minha boca correu por seu pescoço, minhas mãos invadindo o que restara
da camisa e apertando os seios entre meus dedos. Isabella tentou arquear as
costas, afastando-se ligeiramente da parede, e a nova posição me fez
literalmente urrar, meu pau envergando-se dentro do corpo apertado.

- Caralho...

Uma música começou a tocar, ao longe, vinda de algum carro parado na


rua. O som entrava pelas janelas e Isabella gemeu, como se aquilo fosse
demais para seu cérebro, como se fosse uma força superior tramando para
que ela ficasse ainda mais maluca... Como se ela fosse literalmente
desfalecer ali, em meus braços.

http://www.youtube.com/watch?v=MDY42pFwq7c

MÚSICA: Bad things – Jace Everret


When you came in the air went out.
And every shadow filled up with the doubt.
I don't know who you think you are,
But before the night is through,
I wanna do bad things with you.

I'm the kind to sit up in his room.


Heart sick an' eyes filled up with blue.
I don't know what you've done to me,
But I know this much is true:
I wanna do bad things with you.
When you came in the air went out.
And all those shadows there are filled up with doubt.
I don't know who you think you are,
But before the night is through,
I wanna do bad things with you.
I wanna do real bad things with you.
Ow, ooh.

I don't know what you've done to me,


But I know one thing is true:
I wanna do bad things with you.
I wanna do real bad things with you.

De uma forma insana, o gemido rouco fez o sangue ferver em minhas veias,
meu pau latejando e pulsando com ainda mais força. Estoquei com
violência, as costas de Bella batendo contra a parede, o ar deixando seus
pulmões.

- Eu não sei quem você pensa que é... – Sussurrei em seu ouvido, meu
quadril rebolando contra Bella, meu pau movendo-se dentro dela,
arranhando as paredes internas de seu corpo. – Mas antes que a noite
acabe... Eu quero – e vou - fazer coisas muito, muito ruins com você.

Bella deixou a cabeça cair, a testa apoiando-se em meu ombro. Os dentes


cravaram-se em minha carne simultaneamente com suas unhas, em minhas
costas. Normalmente, eu falaria algo, tomaria alguma atitude quanto a isso:
não gostava que deixassem marcas em mim. Mas eu havia gostado. A
sensação de sentir Isabella marcando meu corpo era excitante e prazerosa,
era a prova do que eu próprio fazia com ela, do efeito devastador que eu
causava, da forma como ela não conseguia se conter quando estava em
minhas mãos.

Nosso olhar se encontrou. Um arrepio percorreu meu corpo, como se


aquele simples fato, associado ao nosso corpo se fundindo, emanasse uma
eletricidade palpável. Isabella gemeu novamente – porra, era simplesmente
delicioso ouvi-la gemer de prazer – e fez menção de cerrar as pálpebras.
- Não... – Rosnei, segurando suas bochechas com minha mão, com mais
força do que era realmente necessário. – Quero você olhando para mim.
Quero você me encarando enquanto eu arrombo você por inteiro. Quero ver
sua alma deixando seu corpo quando você gozar no meu pau, Bella.

A expressão dela mudou. Ficou compenetrada, uma leve ruga se formando


em sua testa, como se estivesse resolvendo uma difícil equação. O lábio
inferior parou entre seus dentes e eu mordi seu queixo, meus dentes
arranhando sua pele macia, minha barba recém-nascida deixando marcas.

Então eu me dei conta do que aquele olhar significava. Bella estava


travando a mesma batalha interna que eu: aquilo tudo era insano demais,
perigoso demais, gostoso demais. Assim como eu, ela estava gostando,
mais do que deveria, de toda essa aventura.

Comecei a investir meu quadril contra ela com muito mais força. Eu estava
com raiva. Quem ela pensava que era, afinal? Fingir-se de outra pessoa
para aproximar-se de mim, com o intuito único e exclusivo de tentar me
incriminar no lugar de Chase, e se embrenhar dentro de minha mente, sem
previsão de saída? Ela não tinha esse direito. Nenhuma mulher jamais havia
conseguido tamanha façanha, e Isabella Swan definitivamente não iria ser a
primeira.

“Ela já é. É tarde demais”.

- Edward!

O pensamento havia me tirado do sério. Sem pensar, praticamente lancei


Bella ao chão, o corpo miúdo esparramando-se sobre o piso gelado,
ofegante e ligeiramente assustado. Caí de joelhos em frente a ela,
segurando-a pelas pernas logo abaixo dos joelhos, arrastando seu corpo em
minha direção, trazendo-a para perto de mim.
Minhas mãos foram subindo por sua carne e enfiei três dedos no local em
que meu pau se encontrava segundos atrás. Isabella mais uma vez arqueou
as costas, o pescoço totalmente esticado enquanto o topo de sua cabeça
tocava o chão, as mãos segurando com força os próprios cabelos. Minha
fúria foi passando, e um novo sentimento foi tomando forma em meu peito.

Desespero.

Desespero porque eu estava me perdendo nela. Aquela maldita mulher


estava destruindo tudo o que eu acreditava, todos os meus ideais.

” Quando você entrou o ar foi embora... E todas aquelas sombras ali se


encheram com dúvidas”. - A música continuava a ecoar pela casa e
penetrava todos os meus poros. – “Eu não sei quem você pensa que é, mas
antes que a noite acabe eu quero fazer coisas ruins com você... Eu quero
fazer coisas realmente más com você”.

Tentei ser racional. Afinal, nós estávamos no mesmo ponto, estávamos


empatados. Ambos podiam ter se envolvido mais do que deveríamos, mas,
da mesma forma, ambos sabíamos que aquilo não daria – não poderia dar –
em nada.

Num movimento rápido, enterrei-me novamente em sua entrada quente.


Dessa vez Bella gritou, as mãos esparramando-se ao lado do corpo, as
unhas cravadas no piso, como se tentasse puxá-lo para si. Minha boca caiu
em seus seios, alternando-se de um para o outro, os mamilos totalmente
enrijecidos entre meus dentes, sendo envoltos por minha língua, por minha
boca. Bella enlaçou minha cintura com as pernas, aumentando a inclinação
de seu quadril, e deslizei ainda mais para fundo, minhas mãos segurando os
braços dela contra o chão.

Nós éramos dois egoístas. Sim, egoístas, esse era o adjetivo correto.
Isabella porque começara aquilo tudo com objetivo de salvar Chase, mas a
verdade – e eu tinha certeza, não adiantava que ela tentasse me ludibriar –
era que ela estava terminantemente louca por mim. E eu, porque me
aproveitava dessa situação, porque não conseguia cogitar dividí-la com
absolutamente mais ninguém, nem mesmo Emmett ou Carlisle. E, porra, eu
estava me perdendo nela. O desespero voltou.
Segurei seus calcanhares. Bella abriu os olhos, a língua passando pelos
lábios, os seios subindo e descendo freneticamente, embalados por sua
respiração. Puxei seu corpo ainda mais para perto, levantando suas pernas,
plantando seus pés em meu peito. Seu quadril levantou-se do chão e eu
enfiei meu membro duro de uma única vez, Bella soltando o gemido mais
alto e longo que eu ouvira, desde que a havia comido pela primeira vez.

Sem conseguir conter, fechei os olhos. Aquela posição a deixava ainda


mais apertada, se isso fosse possível. Sua carne esmagava meu pau,
triturava meu membro, me fazia ver estrelas. Concentrei-me para voltar a
enxergá-la – queria ver o momento em que ela gozaria, pela milésima vez
naquela noite, todas as vezes por minha causa.

- Edward, eu... Meus joelhos criavam atrito contra o piso. Segurei as pernas
ainda com mais força contra meu peito, pegando impulso para mover meu
quadril mais rápido, com mais força. Podia sentir a cabeça do meu pau
encontrando uma parede, tão fundo eu estava me enterrando nela, todo o
espaço sendo completamente devastado.

- Edward!!

- Goza... – Minha voz quase não foi ouvida, abafada pelo som de nossos
corpos se chocando, pelo som inconfundível de nosso tesão se misturando,
da música que continuava tocando ao longe. – Goza Bella... Goza pra mim,
mostra o que eu faço com você.

Senti o músculo me comprimindo. Joguei a cabeça para trás,


concentrando-me em não gozar, em segurar ao máximo o tesão que eu
sentia. Bella gemia tão alto que sua voz já estava rouca. Quando senti o
corpo dela amolecer, soltei suas pernas, seu quadril voltando a tocar o chão.
Retirei meu pau e permaneci de joelhos em frente à ela, a visão de seu
corpo completamente nu, aberto e vulnerável, coberto por uma leve camada
de suor, literalmente me fazendo engasgar.

Levei minha mão ao meu pau e recomecei a massageá- lo, minha


respiração acelerada. Isabella apoiou-se nos cotovelos, o olhar fixo no
movimento que minha mão ágil executava. Mais uma vez sua língua
umedeceu seus lábios, a ponta tocando o lábio inferior e se mantendo ali
por um longo segundo. Seus seios moviam-se deliciosamente no ritmo de
sua respiração.

- Ah, porra... Vou gozar. - Rosnei.

O jato quente deixou meu corpo e pairou sobre o dela, queimando sua
carne macia. Assim que a primeira gota lhe tocou, Bella gemeu, a cabeça
sendo jogada para trás, os olhos fechados com força. Eu também gemia,
olhando aquela cena espetacular, o modo como meu território estava sendo
demarcado, silenciosamente informando que apenas eu tinha o direito de
me saciar ali.

Fui diminuindo o ritmo lentamente até que, enfim, a fonte secou. Deixei
meu corpo cair no chão ao lado de Bella, ambos encarando o teto, a
respiração em uníssono. A música havia acabado há muito – o carro devia
ter partido. Virei minha cabeça para o lado e encarei seu perfil: suas
bochechas queimavam, e alguns fios do cabelo castanho e sedoso estavam
presos em seu rosto. Linda.

- Vem cá.

Estiquei minha mão e peguei a dela, ainda no chão. Bella me olhou, em


dúvida. Eu assenti uma vez com a cabeça, indicando que ela havia
entendido bem: eu a havia chamado. Puxei sua mão, e ela levantou o tronco
do piso, girando-se e ficando de lado, o queixo sobre meu peito, o olhar
fixo no meu.

Meus dedos correram por seus cabelos. Isabella fechou os olhos por um
breve instante.

- Edward?

Não parei de escovar seus fios com as pontas de meus dedos, apesar de ter
ficado surpreso ao ouví-la quebrar o silêncio. Ela permanecia de olhos
fechados, e agora tinha o lábio inferior entre os dentes: parecia ter se
arrependido de falar.
- Humm? – Perguntei, meu queixo tocando em meu peito, meu olhar
estreito sob minhas sobrancelhas.

- Eu sei que agora sou exclusiva... Do-dos Cullen, quero dizer. – Ela abriu
os olhos. Estavam escuros e intensos. E exaustos. – Mas será que você
poderia me dar o dia de amanhã de folga? Eu precisava... Preciso visitar
Chase.

Ela deu de ombros, timidamente. Um vinco profundo surgiu entre meus


olhos. Que porra de jogo era aquele agora? Bella me pedindo permissão?
Onde estava a mulher revoltada e destemida, que não pensava duas vezes
antes de me enfrentar?

Senti a raiva nascer novamente em meu peito. Bella engoliu em seco,


provavelmente tensa por eu não ter respondido sua pergunta.

- Se você puder conversar com Emmett e com Carlisle, eu...

- Cala a boca, Bella.

Os olhos verdes arregalaram-se. Fechei meus olhos com força, as palavras


jorrando da minha boca antes que meu cérebro conseguisse sequer
processá-las.

- Não divido o que é meu, Bella. Você entendeu? – Tornei a encará-la. Seu
queixo estava ligeiramente caído, e ela fez menção de falar algo, mas
desistiu. – Você agora é minha, exclusiva. Ninguém mais, além de mim,
toca em você.

“Que porra é essa, Cullen, hã? Você cheirou, fumou, ou o quê? Desde
quando essa regra existe no clube, Carlisle vai ficar maluco, e...”

- Mas Carlisle...
Puxei-a para cima, o corpo esfregando-se no meu, esse simples gesto já
reacendendo meu fogo e fazendo-me ficar duro novamente. Bella fechou os
olhos ao sentir minha ereção formando-se sob seu ventre.

- Carlisle é um problema meu. Eu decido, a partir de agora.

“ A não ser que você queira ficar com ele, também.” – A voz na minha
cabeça me atormentava, e meus dedos seguraram alguns fios de meu
cabelo, com força. – “ Não, não pode ser. E foda-se, isso não importa.
Quem manda sou eu, ela fará o que eu quiser, o que eu ordenar."

“Pergunte para ela, então. Pergunte se ela havia gostado da idéia de ser
uma exclusiva de todos os Cullen, pergunte se a sua determinação a deixou
frustrada.”

“Não. Cale a boca.”

“Por quê, hum? Desde quando você é um covarde, que não honra as bolas
que têm no meios das pernas, Cullen?”

“Porque se ela disser que ficou frustrada, sou capaz de matá-la. Bella é
minha. Ponto final.”

- Edward?

Voltei a encará-la, sem saber por quanto tempo permaneci de olhos


fechados, num debate irritante de minha consciência.

Puxei as pernas de Bella, e então ela estava sentada sobre meu quadril, as
pernas dela em volta de meu corpo. Meu pau já havia voltado a ficar
totalmente ereto e encostava em sua barriga, quase chegando em seu
umbigo. Ela era pequena demais para mim, eu percebi então. Eu a
devastava. Segurei sua cintura e fiz seu corpo descer lentamente sobre meu
membro. Bella espalmou as mãos em meu peito e gemeu, a cabeça jogada
para trás, as unhas em minha carne, enquanto seu pau abria-se para me
receber, mais uma vez.
Eu sabia que estava tirando todas as forças dela; que estava tirando dela o
máximo que ela podia me dar. Quando finalmente toda a minha extensão
foi envolvida por seu corpo, e Bella voltou a se sentar por inteiro sobre
mim, ficando completamente imóvel, nossos quadris colados, ela me olhou.
Segurou minha mão e levou até seu seio, espalmando-a sobre ele, e a
simples cena de ver sua mão sobre a minha fez meu pau latejar. Movi-me
um pouco sob ela e Bella gemeu, rebolando levemente.

Levantei meu tronco do chão, meu corpo colando-se ao dela, seus seios
espremendo-se em meu tórax. Nossas bocas se encontraram e ela
impulsionou-se nos joelhos, subindo ligeiramente, metade do meu pau
ficando de fora, para sem seguida voltar a enterrar-se nela. Os dedos
continuavam a segurar meus cabelos e a sensação era simplesmente
perfeita.

Segurei a cintura fina com força. Bella gemeu e senti seu corpo amolecer
sobre mim, suas costas caindo para trás, quase deitando-se em minhas
pernas. Os seios empinados em minha direção foram um verdadeiro
convite, que não consegui recusar.

Abaixei-me e chupei cada bico com cuidado, deliciando-me com o sabor


de seu corpo. Eu já podia sentir o corpo dela se preparando. Àquela altura
eu já conhecia de cor todos os sinais: o lábio inferior entre os dentes, o
vinco profundo entre os olhos, a respiração descompassada, as mãos
segurando com força minha carne. Num impulso rápido coloquei-me de pé,
com Bella enlaçada à minha cintura, e sem descolar nossas línguas fui
andando com ela em direção ao banheiro.

Foi exatamente dessa forma que entramos no imenso box: com os corpos
tão unidos que parecíamos um só.

Encostei o corpo de bella à parede de azulejos e abri a torneira, a água


quente imediatamente jorrando sobre nós. A cortina de vapor formou-se
rápido, e em pouco tempo nós não éramos nada mais que um vulto entre a
névoa espessa, os dedos de Bella marcados no vidro, criando traços na
superfície embaçada. Amaldiçoei a água por limpar os vestígios que eu
havia depositado sobre seu corpo perfeito, mas logo não me importava
mais: eu teria a noite inteira para repetir o feito.

POV DE BELLA

Ouvi um barulho e abri os olhos, lentamente.

Edward havia se sentado na beirada da cama e acendido um cigarro. Eu


sentia meu corpo inteiro dormente; meu sexo ardia significantemente,
resultado de todo o sexo selvagem que havíamos feito, e das incontáveis
vezes que eu havia cedido à ele. Quantas vezes eu havia gozado? Nove?
Dez? Onze? Não sabia dizer. Levantei-me vagarosamente, segurando o
lençol macio sobre meus seios.

Edward virou o rosto em minha direção, o maxilar perfeito alinhado sobre


o ombro esquerdo.

- Me dá um trago? - Foi a única coisa que consegui dizer.

Edward levou o cigarro mais uma vez à boca, em seguida estendendo-o


para mim. Fechei os olhos e senti a fumaça penetrando em meu organismo,
lentamente, aquecendo meu corpo por onde passava. Quando abri os olhos,
Edward havia se virado na cama e sentado de frente para mim. Os olhos
profundamente verdes me encaravam, sérios, analíticos, observadores.

“Por favor, por favor não me olhe assim” – Pensei. - “Isso tudo já é difícil
demais sem esse olhar.. Eu não vou aguentar continuar, se você continuar a
me analisar desse jeito.”

- O quê? - Perguntei, devolvendo-o o cigarro e me recostando na cabeceira


da cama.
Edward pegou, os dedos tocando levemente minha pele no gesto. Meus
poros ganharam vida, os pêlos do meu braço se ouriçando. Tragou mais
uma vez e apagou no cinzeiro, que descansava na mesinha ao lado.

- Precisamos conversar.

Conversar. Eu sabia que esse momento chegaria. Por um momento quis


dizer que não, que havia sido perfeito demais. Quis pedir para esperar até o
dia seguinte e não estragar o fim da noite que estávamos tendo. Mas não
consegui. Estava ansiosa demais, e no dia seguinte iria visitar Chase...
Queria ter uma posição antes disso.

- Estou esperando. - Limitei-me a responder, sem desviar os olhos dele.

Edward expirou o ar com força. Seus olhos fecharam-se por um breve


instante, e pensei se ele procurava uma forma de começar.

- Eu acredito que não tenha sido Chase quem matou Molly, Bella.

Meus olhos piscaram diversas vezes, minha mente absorvendo aquela


informação.

- Co-como?

Edward aproximou-se um pouco sobre o colchão.

- Eu não conheço seu irmão há muito tempo... Mas pelo pouco que
conheci, não acredito que ele fosse capaz de algo desse nível. Seu irmão era
pretensioso, ganancioso e malicioso, mas não um assassino. Já...

Ele interrompeu a frase no meio.

- Já...? - Instiguei-o a prosseguir.

- Já Jasper me surpreendeu. Eu não imaginava que ele fosse... Que ele


tivesse coragem de fazer o que fez.
- Coragem de me estuprar. - Falei, colocando em palavras o que Edward,
aparentemente, se esquivava de fazer.

- Exatamente.

Ficamos em silêncio por um longo segundo. Minhas mãos estavam unidas


com força sobre meu colo, meus braços rentes ao meu corpo, mantendo o
lençol firme. Edward não tinha acatado a atitude de Jasper, então. Uma
onda de felicidade percorreu meu corpo e fechei os olhos, que começaram a
arder.

- Você acha que foi Jasper, então?

Edward se levantou. Foi até a janela e abriu uma pequena fenda, uma
nesga de claridade invadindo o quarto. Olhou para a rua, fixamente, a
mente em outro lugar.

- Não vejo outra alternativa. Tenho certeza que não foi uma obra de
Emmett, ou de Carlisle. Eles estavam em outro lugar, assim como eu. - Ele
voltou a me encarar. - Você não tem mais dúvidas de que não fui eu, não é?

Prendi a respiração. Não, minhas dúvidas não estavam sanadas por


completo; de repente, aquilo tudo não passava de mais uma encenação para
jogar sobre um terceiro a culpa que o atormentava. Mas, dessa vez, não me
importei muito: o terceiro em questão era Jasper, e eu queria mais é que ele
apodrecesse no inferno.

- Não sei. Mas espero que não. Espero que tenha sido realmente Jasper. E
que ele pague por isso. - Claramente Edward não gostou de minhas
palavras. - Mas e então? O que você pretende fazer sobre isso?

Ele voltou a olhar pela janela. Eu faria de tudo, daria um braço para saber o
que ele pensava. Para saber o que tinha em mente, o que tinha achado de
minha resposta duvidosa, o quanto eu o havia irritado com aquilo.

- Uma armadilha. - Falou, a voz grave e séria. - Pretendo criar uma


armadilha.
Engoli em seco e minha unha voou para meus dentes. Uma armadilha.
Diversas coisas passavam pela minha cabeça ao mesmo tempo. Mas a
principal de todas era: eu precisava criar um plano “B”, já que,
aparentemente, eu havia sucumbido ao plano “A”.

Já que – e não adiantava mas me enganar – eu estava apaixonada por


aquele homem. Eu havia sido seduzida pelo perigo.
Capítulo XIV - Persuasão

O silêncio pairava no ar dentro do carro. Eu insistira para ir sozinha, mas


Edward não aceitou. Sem me dar margem para reclamações, decidiu que
iríamos juntos ao presídio.

Claro que eu não achava uma boa idéia... Lembrava-me bem da última
visita que fizera a Chase, e como ele reagira ao descobrir meu
envolvimento com a Espartacus e com os Cullen.

"É por um bom motivo." - Forcei-me a acreditar. - "Isso tudo é para


tirarmos ele de lá... Chase vai esquecer quando finalmente estiver livre."

Diferentemente de quando fui sozinha, os guardas nos trataram com


gentileza e - até mesmo, eu podia jurar - um pouco de medo. Fiquei me
perguntando se o ar de superioridade de Edward simplesmente fazia com
que as pessoas reagissem dessa forma quando estavam perto dele, ou se ele
realmente era conhecido em todos os lugares da Califórnia.

O guarda andava na nossa frente. Mais uma vez me vi passando pelas


grades de segurança, que se fecharam num clique às minhas costas,
deixando nós três - eu, o guarda e Edward - presos em um espaço pequeno,
antes que a outra grade, a nossa frente, nos desse passagem. A diferença foi
que, então, quando a grade se abriu, Edward pousou a mão em minhas
costas, perto do fim de minha coluna, me encorajando a prosseguir e
andando logo atrás de mim.

O guarda nos encaminhou até um dos vidros. Meus olhos correram pelo
local e logo detectei que estávamos sozinhos ali; não havia mais qualquer
visita acontecendo. Mais uma vez me perguntei se isso era obra de Edward,
mas logo espantei os pensamentos. Ok, o homem tinha o poder nas mãos e
isso já estava mais do que claro, e só se confirmou quando o guarda se
retirou, sem sequer cogitar falar que nosso tempo era curto.

Sentamos lado a lado. Chase ainda não havia chegado, e meu coração
batia com tanta força contra minhas costelas que achei que Edward pudesse
escutar. Vi pela minha visão periférica que Edward me olhava, e quase
pulei da cadeira quando a mão dele segurou a minha, que estava repousada
em meu colo.

- Vai dar tudo certo, Bella. Você vai v...

- Edward?

Chase ficara tão surpreso, e falara tão alto, que a voz dele soou nítida
mesmo por trás do vidro blindado. Edward puxou a mão de volta, nosso
olhar se desconectando. Eu me levantei, engolindo em seco. Abri minha
boca para falar, mas desisti - preferi sentar-me de novo e retirar o fone do
gancho, para tentar fazer aquele momento o menos desconfortável possível.

O olhar de Chase corria de mim para Edward, e assim ficou por um longo
minuto. Finalmente ele se moveu, passando a mão pelos cabelos - senti uma
dor no peito ao ver sua cabeça raspada; Chase simplesmente amava os fios
sedosos e bem tratados que sempre cultivava - e se sentou a nossa frente.
Retirou o fone do gancho e me encarou, o olhar sem revelar absolutamente
nada do que se passava em sua cabeça.

- Chase...

- Passe o telefone para ele, Bella. É com Edward que quero falar.

Mordi meu lábio inferior. Chase fulminava Edward com o olhar, e recebia
de volta nada mais do que uma expressão impassível. Relutante, estendi o
fone para Edward, que pegou sem sequer virar o rosto em minha direção.

- Chase.

Ficaram assim. Mudos, se encarando, apenas o vidro espesso entre eles,


impedindo que algo de pior acontecesse.

- Filho da puta. - Eu podia escutar a voz de Chase baixa, através do


aparelho. - Não satisfeito em foder a minha vida, ainda quer foder a minha
irmã?
Edward suspirou fundo e fechei os olhos. "Deus," - pensei - "faça ele ter
calma, por favor. Faça com que ele releve o que Chase está dizendo, ele
está descontrolado, e..."

- Vim aqui para ajudar, Chase. - Edward foi curto e grosso, ignorando o
comentário do meu irmão.

- Ah, que engraçado, não? De repente, você se importa comigo? Por que
não veio aqui quando eu fui preso, hã? Quando tudo começou a
degringolar?

Meus olhos estavam fixos em um ponto sobre a mesa, mas instintivamente


voaram para Edward. E ele também me olhava.

- Edward... - Chase se levantou, a mão livre espalmada sobre o balcão. - Se


você se atrever a tocar em um único fio de cabelo de Isabella, eu juro que...

- Não temos tempo para isso, Swan. - Edward o interrompeu. Chase


demorou um pouco, mas no fim voltou a cair sobre a cadeira. - Além do
que, Bella é bem grandinha, e não é ela que está precisando de socorro. É
você.

O olhar de Chase recaiu sobre mim, mortal e implacável. Eu sabia que não
havia passado desapercebido para ele o fato de que Edward me chamara de
"Bella".

- Estou ouvindo. - Falou por fim.

- Assim como sua irmã, eu acredito que você não seja culpado...

- Daria um braço para saber o que lhe fez mudar de idéia.

- Acho melhor se controlar, Chase. Você já tem problemas demais, e posso


garantir que ficar aleijado não ajudaria em nada no momento. - Chase
bufou, e Edward prosseguiu. - Como falei para Bella...

- Isabella.
- Me interrompa novamente e vou embora, e muito provavelmente você
sairá daqui direto para uma injeção letal, ok? - Edward suspirou,
recuperando a paciência. - Como disse para Bella, pelo pouco que te
conheci, vi que você possui muitas características marcantes, e nem todas
de ótima categoria. Você é ganancioso, escorregadio e repleto de ambição,
mas não creio que seja um assassino frio. Digamos que ache-o covarde
demais para isso.

Chase não falou nada. Fechou os olhos, mordendo o lábio, engolindo a


resposta que gostaria de dar, tenso com a ameaça que Edward fizera pouco
tempo atrás e que, ele sabia bem, não relutaria em cumprir.

- Eu tenho uma idéia de quem possa ter feito isso... Contudo, não existem
provas conclusivas que envolvam essa pessoa, motivo pelo qual, como
conversei com sua irmã, eu pretendo criar ma armadilha. Sendo pego em
flagrante, fica mais fácil de livrarmos sua pele.

- E você poderia me dizer o que tem em mente?

- Usarei uma isca. Se a pessoa for mesmo culpada, como acho que é, não
relutará em agir novamente. Só precisarei ter cuidado e me antecipar aos
seus atos.

O olhar de Chase tornou-se nada mais que uma fenda. Virou-se para mim,
me analisando, em seguida voltando a olhar para Edward.

- Espero que Isabella não esteja inclusa nesse plano, Edward.

- Claro que não está. - Ele respondeu, sem relutar. - Fique tranquilo.

- Só ficarei tranquilo quando sair daqui. - Ele me olhou novamente. -


Obrigado pela visita.

Chase ia colocando o fone do gancho, quando eu roubei o aparelho das


mãos de Edward e literalmente gritei seu nome. Ele expirou o ar e fechou
os olhos, esperando que eu falasse.
- Eu te amo, Chase. Você vai sair dessa, com certeza. Nós vamos ajudar
você.

- Eu também te amo, Bells... - Uma lágrima escorreu ao escutar a voz do


meu irmão no timbre que eu tanto amava, que por tantas vezes me
reconfortou quando necessitei. Então ele abriu os olhos, e como por mágica
sua fisionomia endureceu.- Fique longe de Edward Cullen. - Ele olhava
diretamente para mim, como se estivéssemos apenas nós dois ali. - Ele é...
nocivo. E falo por experiência própria.

Sem me dar tempo para responder, Chase desligou e se levantou, dando as


costas para nós e desaparecendo dentro do presídio. Engoli em seco,
limpando a lágrima que já chegava ao meu queixo e recolocando o fone no
gancho. Concentrei-me na minha respiração: eu não queria me debulhar em
lágrimas, não ali, em frente à Edward.

- Vamos embora. - Ele havia se levantado e se inclinado sobre mim, a voz


rouca perto do meu ouvido. Segurou delicadamente meu cotovelo e me
induziu a me colocar de pé, e fomos andando em silêncio até o lado de fora
daquele inferno.

Quando dei por mim, já estávamos parados em frente ao volvo prata e


reluzente. O céu de São Francisco estava incrivelmente azul, o que só
aumentava o modo sombrio como me sentia. Edward abriu a porta para
mim, e arqueou as sobrancelhas quando fiquei parada, sem entrar no carro.

- Acho melhor ir sozinha... - Falei, dando de ombros. - Jacob ainda deve


estar lá em casa... Eu... Eu preciso conversar com ele.

Edward suspendeu a respiração. Seus olhos desceram para minha blusa -


na verdade, uma malha dele que eu usava, amarrada na altura do cós da
minha calça com um nó lateral, para não parecer tão imensa - e o seu
maxilar trincou-se instintivamente. Lembrei-me da noite anterior, e de
como ele me tirara de perto de Jacob, e um arrepio percorreu meu corpo,
mesmo sob um calor de quarenta graus.
- Pois eu irei com você. Seu namoradinho estava estressado demais ontem
a noite.

Ele continuou me encarando, a porta do carro aberta. Indicou que eu


entrasse com um gesto de cabeça e eu acabei obedecendo. Ele entrou no
banco do motorista, colocou o cinto e deu partida.

Minha mente vagou diretamente para Jacob. Porra, o que iria acontecer?
Eu sabia que ele estava completamente irritado comigo, e sabia também
que Edward não acataria qualquer tipo de provocação, ainda mais depois do
encontro tenso que tivemos com Chase.

Edward estacionou, desceu do carro e abriu a porta para mim. Olhei para
cima, para a janela de onde eu vira Jake pela última vez. Estava tudo
apagado, mas também, o sol estava a pino. Procurei uma chave reserva na
bolsa e subimos as escadas em silêncio. Não posso negar que minha
respiração ficou ofegante e que minhas bochechas arderam ao passar por
aqueles degraus.

Coloquei a chave na fechadura e Edward tomou a frente, girando-a no eixo


e abrindo a porta. O local estava vazio - Jake havia partido. Senti um aperto
em meu peito por ter sido daquela forma; definitivamente Jacob era a
última pessoa que eu gostaria de magoar na minha vida, e só de pensar que
ele sofria por minha causa o sentimento de culpa quase me sufocava.

Edward jogou as chaves sobre a mesa. Seus olhos analisaram


minuciosamente o pequeno espaço, e eu não consegui decifrar o que ele
pensava - e bem que me esforcei. Ele se aproximou um pouco mais do
móvel e pegou uma folha de papel que estava ali em cima, lendo o que
estava escrito sem a menor cerimônia. Ok, onde havia ido parar a minha
privacidade?

Eu ia perguntar exatamente isso, mas a expressão de ódio que deformou seu


rosto me impediu. Edward voltou os olhos para o topo da folha e releu o
que estava escrito - o que quer que fosse - mais lentamente. Enfim virou-se
para mim, sacudindo o papel enquanto falava.
- Como Jasper tem seu telefone, Bella?

Franzi o cenho e dei um passo para trás, por instinto. Jasper? Meu
telefone?

- Jasper não tem meu telefone... - Falei, aproximando-me e tentando pegar


a folha, Edward levantando o braço e deixando minha mão agarrar o ar. -
Pelo menos eu não dei meu telefone para ele.

- Está aqui... Seu namoradinho deixou claro: "Ligue para Jasper... Ele
precisa falar com você, urgentemente. Não se esqueça de seus amigos
verdadeiros, Bella, aqueles com quem você sempre pode e sempre poderá
contar".

Meus ombros caíram. Claro! Jacob falava de Jasper Hale, o ótimo amigo
que eu havia descoberto e de quem andava me esquivando propositalmente,
desde que fora estuprada por seu pai.

- Bella?

Eu me sentei na cama. Minhas mãos escovaram meus cabelos, enquanto eu


pensava numa maneira de começar.

- Você já ouviu dizer que o mundo tem dezessete pessoas, Edward? - Ele se
sentou na poltrona a minha frente, os olhos verdes demais fixos em mim,
queimando minha pele. Eu ri, nervosamente. - Meu pai... O nome dele era
Charlie. Ele sempre dizia isso. "O mundo tem dezessete pessoas, Bells.
Todas são interligadas de alguma maneira. Pense em qualquer pessoa no
mundo, você consegue chegar até ela sem precisar contactar nem outras
dez."

Busquei na fisionomia de Edward algum tipo de descontração. Nada.


Resolvi continuar.

- Pois bem... Eu tenho uma amiga... Minha melhor... Minha única amiga,
na verdade. O nome dela é Alice. Alice namorou Chase durante muito
tempo, um namoro que começou quando ainda éramos crianças. Então
Chase surtou, depois da morte repentina de nossos pais, e Alice conheceu
outra pessoa. O nome dele é Jasper. Jasper Hale.

Um vinco profundo surgiu entre os olhos de Edward. Sem falar nada,


Edward se levantou e acendeu um cigarro, estendendo o maço em minha
direção. Resolvi aceitar. O que era uma possibilidade de câncer no pulmão
para quem já tinha tantos problemas, não é mesmo?

Quando ele voltou a se sentar, o pé esquerdo sobre o joelho direito e as


costas encostadas na poltrona, percebi como uma deixa para que eu
continuasse.

- Eu não conheço Jasper a fundo... - Falei, soltando a fumaça e tragando


mais uma vez. - Apesar de ser noivo de Alice, nosso contato sempre foi
superficial, até que isso tudo aconteceu e Jazz se mostrou um grande amigo,
com que posso contar. Ele é de uma família abastada de Forks, e se
ofereceu para pagar a defesa de Chase... Eu fico até sem graça de estar
fugindo dele, depois de tudo...

- E porque você está fugindo dele, Bella? - Mordi meu lábio inferior.
Desviei meu olhar, literalmente fugindo de Edward. - Bella?

- Jasper Whitcok é pai de Jazz, Edward. Alice havia me contado, há muito


tempo, que eles não se davam bem, que Whitlcok havia abandonado o filho
há anos atrás, e que exatamente por isso Jazz usava apenas o sobrenome
materno.

- Você foi... - Edward tragou profundamente, e algo me dizia que isso só


revelava sua ansiedade. - Você foi estuprada pelo pai do noivo de sua
melhor amiga?

Assenti silenciosamente. Edward suspirou, os dedos correndo pelos


cabelos perfeitos.

- A história cada vez complica-se mais, Bella.


- Eu sei. - Falei, levantando-me e parando a frente dele. - É por isso que
tomei uma decisão: eu quero participar de tudo. Eu quero ser a isca,
Edward.
Capítulo XV - Cedendo terreno

Edward apagou o cigarro e se levantou. Acompanhei cada movimento com


o olhar, ainda sentada em meu canto. Levantei-me apenas quando ele pegou
as chaves do carro e começou a andar em direção a porta.

- Edward...

- Você só pode ser maluca, Isabella. - Ele falava de costas para mim.
Passou uma das mãos nos cabelos, enquanto a outra segurava com força a
chave. - Só pode ser isso.

- Eu não sou maluca. - Falei, aproximando-me um passo. - Simplesmente


sei que sou a melhor pessoa para fazer isso.

- Ah, é? - Ele se virou, e o olhar verde me fulminava.

- É. - Respondi, secamente, buscando fôlego em algum lugar obscuro de


minha alma.

- E será que eu poderia perguntar porque? - Ele se aproximou, o hálito


convidativo me deixando tonta. - Ou vai dizer que foi porque você gostou?

O sangue ferveu em meu organismo. Deus, eu senti tanta raiva! Como, por
Deus como eu podia estar loucamente apaixonada por aquele imbecil?
Minhas mãos se fecharam em forma de punho, e antes que eu pudesse
raciocinar com mais calma, eu já havia partido na direção de Edward.

Minha mão aberta procurou seu rosto, mas ele foi mais rápido, andando
para trás e se esquivando. Deferi socos em seu peito, mas os músculos de
aço pareciam ferir mais as juntas dos meus dedos do que qualquer outra
coisa.

- Seu... idiota!
Eu continuava o agredindo. Edward segurou meus punhos e praticamente
me imobilizou, mas a adrenalina em meu corpo era tanta que eu continuava
persistente em minha jornada. Minha vontade era de matá-lo; de
demonstrar como eu odiava a mim mesma por ter me deixado envolver por
um homem frio e sem escrúpulos, livre de qualquer sentimento naquele
coração vazio.

- Chega! Chega, Bella...!

Nós andávamos para trás, e só paramos quando as costas de meus joelhos


bateram na borda da cama e eu caí deitada sobre ela, com Edward sobre
mim. Mesmo assim meu corpo continuou a se debater, como se tivesse vida
própria. Edward imobilizou meus punhos acima de minha cabeça e
pressionou meu corpo sobre o colchão com seu tórax, o ar deixando meus
pulmões.

- Você é um cretino. - Falei, olhando diretamente nos olhos verdes demais,


emoldurados pelo maxilar demarcado demais e pelos cabelos revoltos
demais.

- Conte-me uma novidade... - Ele disse, e a voz rouca me fez fechar os


olhos. - Diga algo que eu não saiba.

- Eu...

- Olhando para mim.

Abri os olhos. Engoli em seco e respirei fundo, com dificuldade, o tórax de


Edward achatando meus seios.

- Eu. Odeio. Você.

Então meu sangue ferveu ainda mais. A expressão de Edward continuou


séria, mas eu podia jurar que seus olhos sorriam; podia jurar que vi um
brilho diferente ali.
- Mentira. - Ele disse, aproximando o rosto e roçando os lábios nos meus. -
Eu sei que é mentira, Bella. Posso sentir.

A língua quente invadiu minha boca, mal ele tinha acabado de falar. Eu me
debati, virando o rosto para ambos os lados, mas Edward segurou meus
dois pulsos com apenas uma das mãos e segurou minhas bochechas
firmemente entre os dedos.

- Fala que você não me quer... Fala que não me quer, agora, nesse exato
momento, e eu vou embora.

Abri a boca para falar, mas meus lábios pairaram entre os dentes dele, me
tirando o fôlego. Edward forçou o quadril contra meu ventre e eu gemi.

- Eu... Eu não quero você. - Não sei de onde tirei forças, mas consegui
falar.

A mão livre de Edward – a que não segurava meus pulsos sobre minha
cabeça – entrou por minha blusa e eu trinquei os dentes, tentando segurar
um novo gemido.

- Ainda não acredito em você, Bella...

- Eu não quero você!

Praticamente gritei, e Edward parou de se mover. Nossos olhares estavam


fixos, e o único som constante eram nossas respirações. O aperto em meus
pulsos afrouxou-se ligeiramente, e um vinco surgiu entre os olhos dele.

- Fala de novo.

Mordi o lábio inferior.

- Eu... Eu não... Merda!

Seu olhar faiscou. Uma raiva quase sufocante surgiu em meu peito, por eu
não ter sido capaz de repelí-lo, quando essa parecia a única coisa correta a
fazer. Mas a raiva vinha misturada com um sentimento angustiante e
inquietante, e eu sabia – merda, eu sabia – que não era apenas tesão.

http://www.youtube.com/watch?v=urj0zMAYvbY

(VÍDEO BY ELLY MARTINS)

MÚSICA: Luxúria – Isabella Taviani

"Dobro os joelhos
Quando você, me pega Me amassa, me quebra
Me usa demais...
Perco as rédeas
Quando você Demora, devora, implora
E sempre por mais...

Eu sou navalha
Cortando na carne
Eu sou a boca
Que a língua invade
Sou o desejo
Maldito e bendito
Profano e covarde...

Desfaça assim de mim


Que eu gosto e desgosto
Me dobro, nem lhe cobro Rapaz!
Ordene, não peça
Muito me interessa
A sua potência
Seu calibre, seu gás...
Sou o encaixe
O lacre violado
E tantas pernas
Por todos os lados
Eu sou o preço
Cobrado e bem pago
Eu sou Um pecado capital...

Eu quero é derrapar
Nas curvas do seu corpo
Surpreender seus movimentos
Virar o jogo
Quero beber, o que dele Escorre pela pele
E nunca mais esfriar Minha febre..."

Finalmente Edward soltou meus pulsos. Suas mãos desceram pelas laterais
do meu corpo, demorando-se mais na altura dos meus seios, os dedões
brincando rapidamente com meus mamilos. Apertaram minha cintura e
arqueei minhas costas, colando ainda mais meu corpo ao dele, sentindo sua
ereção completamente formada e comprimida em seus jeans.

Num movimento rápido, ele me virou na cama. Meus dedos cravaram-se


no colchão e repuxaram o lençol encardido, e mordi o travesseiro para não
berrar, quase gozando por antecipação. Os dedos correram para meu ventre
e abriram o botão de minha calça, e em seguida embrenharam-se no cós e
começaram a puxá-la para baixo. Como se tivesse vida própria, meus
quadris moveram-se, ajudando na tarefa.

Fechei os olhos quando senti minha calcinha ser literalmente arrancada de


meu corpo. Meus jeans estavam logo abaixo de minha bunda. Edward
escondeu o rosto na curva de meu pescoço, a barba recém nascida acabando
com o que restava de minha sanidade, e enfiou-se por inteiro em mim, de
uma única vez. Meu corpo foi impulsionado para cima, a cama balançando
com o movimento, e o ar saiu sôfrego de meus pulmões quando o filho da
puta rebolou, ainda totalmente dentro.

- Edwa...

Ele estocou com força. Meus cabelos, que criavam uma cortina sobre meu
rosto, voaram, impulsionados pelo ar que saiu de minha boca,
interrompendo meu gemido. Minha mão correu para trás e segurou a bunda
de Edward, parcialmente envolta por suas calças, e pressionou o corpo dele
ainda mais de encontro ao meu.

- Ah, Bella... Eu... Eu a...

- Vou gozar, Edward.

Ele mordeu meu ombro. Senti o jato fervendo me invadir, ao mesmo tempo
em que meu corpo esmagava seu membro. Edward gemeu e seu corpo
tremeu sobre o meu. Edward caiu deitado ao meu lado na cama apertada. A
ponta de seus dedos correram por minhas costas e eu suspirei.

- Tenho que ir. - Ele disse, mas sem fazer menção de se levantar. - Irei falar
com Rosalie. Acho que ela exerceria bem a tarefa.

Assenti com a cabeça, sorrindo internamente.

“Sim, recrute Rose para ser a isca.” - Pensei. - “Assim será ainda mais
fácil interceder.”

POV DE EDWARD

Eu estava contrariado quando deixei o pequeno quarto onde Bella estava


alojada, e isso se dava por dois motivos: primeiro, porque a irritação
tomava conta de mim, quando eu percebia que não gostava de afastar-me
dela e, segundo, porque só o fato de lembrar-me de Isabella falando que
queria participar da armadilha que eu estava criando me deixava louco.

E ficar louco por esse motivo só me irritava ainda mais, o que se tornava
um maldito círculo vicioso.

Mas o fato é que eu não podia levar Isabella comigo, pois fazer isso seria
ceder informações demais, o que, definitivamente, não era meu objetivo.
Liguei para Emmett assim que entrei no carro, e quando cheguei ao meu
apartamento, ele já me aguardava.

- Não lembro qual foi a última vez em que nos encontramos em plena luz
do dia, irmão. - Ele disse, sentado confortavelmente em meu sofá, assim
que passei pela porta. - Devo admitir que estou curioso.

- Boa tarde, Emmett. - Falei, deixando as chaves sobre a mesa e retirando o


blazer.

Segui até o aparador e preparei duas doses de uísque, entregando uma para
meu irmão e me sentando ao seu lado. Emmett sorveu um longo gole,
recostando-se no sofá e olhando para mim. Imitei seu gesto, virando de uma
vez a totalidade do uísque e repousando o copo sobre a mesa de centro à
nossa frente.

- E então... Não acha que é uma boa hora de acabar com o suspense e me
contar o que está havendo?

Sim, era. Passei a mão por meus cabelos e virei-me para ele, que arqueou
as sobrancelhas, aguardando que eu começasse a falar.

- Eu tomei uma decisão, Emmett, e quero lhe deixar ciente do que farei.

Emmett não falou nada. Apenas continuou ali, me encarando, com uma
expressão que demonstrava imparcialidade total.

- Você conhece Cindy...


- Hum, Cindy... Estou com saudade dela, para falar a verdade.

Engoli em seco. Inconscientemente e contrariado – mais uma vez naquele


dia – lancei-lhe um olhar repleto de seriedade. Emmett levantou as mãos,
num gesto de “desculpe a observação”, e em seguida fez um sinal para que
eu continuasse a falar.

- Como eu dizia... Você conhece Cindy. E conhece o irmão dela, também.


O nome dele é Chase. Lembra-se dele?

Emmett franziu o cenho, nitidamente forçando seu cérebro a recordar-se.

- Chase Swan? - Perguntou, ainda como se não estivesse com plena


certeza. Assenti. - Sim, me lembro dele. Um dos últimos que você trouxe ao
clube.

- Exatamente. Não sei se você sabe, mas Swan está preso. Ele havia saído
com Molly na noite em que ela foi assassinada, e exatamente por esse
motivo a polícia, acreditando que ele foi a última pessoa que a vira, o está
acusando.

- E o que temos com isso? - Emmett perguntou, dando de ombros. - Você


sabe que nunca fui com a cara do tal Swan, eu lembro que falei isso na
mesma noite em que o conheci, e...

- Sim, eu sei. - Interrompi meu irmão e me levantei, indo até o bar e


preparado mais duas doses de bebida. - Mas o problema é que tenho fortes
indícios de que ele não seja o culpado, Emmett.

Emmett segurou o copo e colocou-o sobre a mesa, sem tomar um único


gole. Esperou que eu me sentasse e me encarou, a fisionomia duvidosa.

- Não sabia que você havia começado a trabalhar para a polícia de São
Francisco, Edward.

- Não comecei.
- Então porque diabos você se importa com isso, hã? Uma de nossas
garotas morreu, estivemos perto – muito perto – de ter sérios problemas por
conta disso, e você quer discordar com a polícia sobre quem foi o culpado?
Deixe que eles façam o trabalho, Edward. É para isso que pagamos nossos
impostos.

Mais uma vez bebi todo o conteúdo de meu copo, em seguida acendendo
um cigarro. Emmett ainda me olhava, e quando tornei a encará-lo sua
expressão era de reprovação.

- Quantas vezes você já me passou sermões, Edward? - Ele perguntou,


inclinando-se em minha direção, os cotovelos apoiados nos joelhos. -
Quantas e quantas vezes você incorporou a porra do irmão mais velho, me
trazendo de volta a realidade quando eu começava a me envolver demais
com alguma das garotas, hum? E agora o quê? Está encantadinho com essa
Cindy, esqueceu-se de que ela é apenas mais uma putinha que comemos
para nos divertir?

- Isabella não é uma dessas, Emmett. Muito cuidado ao falar dela, e...

- Ah, porra! - Ele se levantou, passando as mãos na cabeça raspada e


andando nervosamente na minha frente. - Isabella? Agora você a chama até
pela porra do nome verdadeiro, Edward? - Não respondi, e isso só
aumentou o desespero do meu irmão, que ajoelhou-se à minha frente. -
Edward... Escute bem, ok? Cindy – ou Isabella, como você preferir chamá-
la nas suas fantasias alucinantes – é apenas mais uma. Ela chegou e vai
passar, como tantas e tantas outras. Entendeu? Por isso, esqueça essa
maldita história. A polícia já achou um culpado, não nos envolveu em nada,
e é assim que deve ser. Ponto final.

- A questão, Emmett, e agradeceria se você me deixasse concluir... Não tem


absolutamente nada a ver com Isabella. Eu não estou... envolvido com ela,
ou nada parecido. Apenas sei que Chase não é o culpado, e gostaria de
amenizar minha consciência, livrando um inocente de uma injeção letal e
colocando o verdadeiro criminoso atrás das grades.
Emmett balançou a cabeça, sorrindo. Levantou-se e voltou a se sentar ao
meu lado, os braços estendidos no encosto do sofá, a cabeça jogada para
trás.

- Nem sei se quero perguntar quem seria essa pessoa, Edward. O


verdadeiro criminoso, na sua concepção, quero dizer.

- Jasper Whitlock.

Emmett arregalou os olhos, a boca aberta, o queixo quase tocando o peito.

- Você só pode estar de sacanagem. - Disse, ainda sem acreditar.

- Não, estou falando sério.

- E posso saber como você chegou a essa brilhante dedução?

- Jasper estuprou Isabella. - Falei, e continuei antes que Emmett me


interrompesse. - Foi numa noite de reunião, Bella estava em meu quarto, e
saí para resolver algumas pendências. Aparentemente, Jasper entrou,
aproveitou-se de minha ausência e estuprou Isabella. O que me leva a crer
que esse é um hábito que ele tem, e que as coisas saíram do controle com
Molly.

Mais uma vez Emmett balançava a cabeça.

- E o que te leva a crer que Isabella não inventou tudo isso, hã? O que te
garante que essa garota não se aproximou de nós apenas para encontrar um
idiota sobre quem ela pudesse jogar a culpa, a fim de inocentar o irmão
querido e maníaco? O que te leva a crer... que, na verdade, Isabella não só
aceitou a visita furtiva de Jasper como também não gostou de ter cedido aos
encantos dele. Hum?

- Eu conheço Bella. - Falei, surpreendendo-me com minhas próprias


palavras, com a convicção com que eram pronunciadas. - Sei que ela falava
a verdade. Que ela não inventaria algo desse tipo.
Eu sabia, não sabia?

- Bem... Se é assim, e como já percebi que não conseguirei tirar essa idéia
imbecil de sua cabeça insana, estou aqui para ouvir seu plano.

- Ótimo. - Falei, sentando-me na beirada do sofá e olhando diretamente


para ele. - Decidi que a melhor pessoa para participar da empreitada é
Rosalie. Lembro que, antes de Isabella, era dela que Jasper mais gostava, e
por isso acho que, com ela, teremos mais chances de sermos bem
sucedidos.

- Rosalie? Rose? - Emmett se levantou, indo parar no outro lado da sala. -


Rosalie não! Chame outra... Lindsay, Suzy... Tânya!

Cruzei os braços, colocando-me de pé.

- Já decidi, Emmett. Será Rose. Não posso correr o risco de colocar tudo a
perder. Só temos uma chance. Se Jasper desconfiar, então estará tudo
perdido. - Emmett balançou a cabeça negativamente.

- É impressão minha, ou você tem algum apego pessoal com Rosalie,


Emmett?

- Claro que não. Só não vejo como ela pode ser útil, e...

- Pois então simplesmente escute. Rosalie irá ser útil, com certeza. Darei
um jeito de Jasper requerer uma noite com Rosalie, e mandarei que ela seja
arredia. Quero incitá-lo a se estressar, quero fazê-lo chegar ao limite...
Quero fazê-lo explodir, confessar o que fez. Por óbvio estarei por perto,
acompanhado da polícia, e então Jasper será pego em flagrante, e assim o
irmão de Bella será livre e finalmente poderemos seguir adiante, deixando
toda essa loucura para trás, definitivamente.

Emmett ouviu tudo calado. Cruzou os braços e aproximou-se de mim,


colocando uma mão em meu ombro.
- Tenho que admitir que a idéia é perfeita, Edward, e que realmente
acredito que tudo sairia exatamente como você programou, se...

- Se?

- Se você não tivesse chamado Cindy de Bella um milhão de vezes, e não


estivesse envolvido com ela até o último fio de seu cabelo, deixando mais
do que claro que não será tão fácil assim deixá-la para trás e seguir adiante.

Não respondi nada, não era necessário. Discordar seria mentira – eu tinha
que admitir, ainda que para mim mesmo -, e confirmar seria redundante.
Além do que, no final, não importava o que acontecesse, seguir adiante era
a única alternativa plausível, então não faria diferença.

Eu só precisava me acostumar com a idéia e aceitá-la, de uma vez por


todas.
Capítulo XVI - E o jogo começa...

POV DE BELLA

Assim que Edward saiu, meu telefone tocou. Olhei o visor e o nome
familiar e reconfortante de Alice me fez sorrir.
- Oi...
- Bella! Oi! Você sumiu, nunca mais me ligou, eu...
- Eu sei, Ali... Desculpe! É que minha vida está totalmente confusa, eu
visitei Chase hoje, e...
- Como ele está?
- Ah, na mesma. Cortaram o cabelo dele, ele está ainda mais apático... Não
podia ser diferente, né?
- É. Não mesmo.
- Eu conheci uma pessoa... Um amigo... Ele acha que sabe quem pode ser o
verdadeiro culpado. Está vendo uma forma de me ajudar a livrar Chase.
O silêncio me fez engolir em seco.
- Ali?
- Jacob me disse, por alto, que você tinha conhecido uma pessoa.
Fechei os olhos. Claro que Alice teria perguntado para Jacob como foi a
visita, e que ele teria contado - pelo menos por alto - sobre Edward.
- Pois é...
- Qual o nome dele?
- Edward. O nome dele é Edward.
- Hum... E você está realmente gostando dele, como Jacob me contou?
Suspirei fundo. Se eu tinha sido honesta com Jake, eu jamais poderia
mentir para Alice, minha melhor amiga.
- Sim, Alice. Estou. Eu estou apaixonada por Edward.
Verbalizar isso, em voz alta, fazia parecer ainda mais absurdo.
- É sério então, hum? Como ele é? Quando você vai nos apresentar? Ele
é bonito? Vocês estão namoran...
- Hey, Ali! - Interrompi a enxurrada de perguntas. - Ainda é cedo demais
para isso, ok? Edward e eu... Somos apenas amigos que gostam de ficar
juntos, esporadicamente. Não estamos namorando, e isso jamais vai
acontecer. Ele só está me ajudando no caso de Chase, e quando tudo acabar
voltarei com meu irmão para Forks, e Edward não passará de uma
lembrança.
"Uma lembrança espetacular e perigosa, mas uma lembrança" - pensei.
- Hum. E porque você diz isso com tanta certeza? Que vocês nunca irão
namorar, quero dizer? Tipo, você não pode prever o futuro, e...
- Porque eu sei, Ali. Simplesmente sei. - Eu sabia que ela estava ficando
nervosa com minhas interrupções, mas não podia ser diferente. Eu não
podia contar tudo à ela, não ainda, e muito menos por telefone. - Edward e
eu somos completamente diferentes, e pertencemos a mundos totalmente
distintos, também. É impossível de acontecer, ponto final.
“Sem falar que eu já dormi com literalmente todos os membros de sua
família, e não consigo imaginar um perfeito e familiar almoço de
domingo...”
Alice suspirou fundo. Fechei os olhos, torcendo para que ela finalmente
desistisse.
- Jake está arrasado.- Falou por fim.
- É, eu imagino. A forma como nós conversamos, como ele foi embora...
Nossa, foi terrível. Eu me sinto culpada, nunca quis magoá-lo, você sabe
disso... Nós só... Tomamos rumos diversos. A vida seguiu em frente.
- Ele ama você, Bella. Você sabe disso, não é? Sabe que, acima de tudo e
surja quem surgir, Jacob sempre será alguém com quem você poderá
contar, em qualquer momento que precisar. - Eu abri a boca para falar, mas
Alice foi mais rápida. - Por isso, mesmo que você não o ame como
homem... Preserve sua amizade. E digo isso porque é uma amizade que
vale a pena. É um amor sincero, sabe?
- Eu sei... Você tem razão, e eu realmente pretendo conversar com ele
quando voltar. Mas... E Jasper? Sei que estou em falta com ele, e...
- Esse é um dos motivos pelo qual estou ligando! Jazz pediu para te
repassar o nome e o número do advogado que ele prometeu... Ele já
conversou com ele, já o deixou a par de tudo...
Sentei na cama e fechei os olhos. Merda! Eu não poderia aceitar... Não
seria capaz de trair Jasper dessa forma; de aceitar ajuda de um advogado,
pago por ele, para colocar seu pai atrás das grades.
- Ótimo. - Limitei-me a falar, mordendo meu lábio.
- Anote aí, então: o nome dele é Dr. Alan Mur...
- Alice! Olha... Eu estou sem papel e caneta aqui... Será que você poderia
me enviar por e-mail? Eu comprei um lap top, dou uma olhada assim que
sair do banho.
- Hum... Ok. Vou enviar agora!
- Tudo bem, então... Bem, vou tomar banho. Tenho que ir trabalhar, ok?
Foi ótimo falar com você, estava morrendo de saudades! Espero estar de
volta, em breve.
- Também estava com saudades. Jasper manda lembranças, ok? Mande
um beijo para Chase, diga que estamos com ele, em pensamento. Cuide-se
aí... E, bem... Boa sorte com esse tal de Edward. Me ligue se precisar de
alguma coisa, de qualquer coisa.
- Certo. Por favor, mande um beijo para Jacob, Alice. Diga que
conversaremos quando eu voltar.
A ligação foi encerrada e eu deixei que meu corpo caísse sobre o colchão.
Fiquei aliviada em saber que havia conseguido prorrogar minimamente o
momento em que teria que contar à Alice o absurdo que havia acontecido
comigo; que havia conseguido procrastinar a hora em que ela saberia que a
melhor amiga havia sido nojentamente estuprada pelo pai de seu noivo.
”Deus, faça com que o plano de Edward dê certo...” - Pensei. - “Ou então
eu terei que explicar o motivo de porquê não poderei aceitar a ajuda de
Jazz.”

****

Os seguranças me cumprimentaram discretamente quando passei pela porta


da Espartacus. O salão ainda estava praticamente vazio quando passei
direto por ele, em direção ao meu camarim, e já estava com a mão na
maçaneta quando Steven praticamente berrou meu nome.
- Cindy! O que diabos você está fazendo aqui?
Uma ruga surgiu entre meus olhos, enquanto eu ajeitava a alça da bolsa
que carregava em meu ombro.
- Vim trabalhar, oras! - Falei, dando de ombros e forçando um sorriso.
Lembrei-me de quando eu havia saído dali pela última vez, após esbofetear
Edward na área VIP e sem dar qualquer tipo de satisfação, e rezei
silenciosamente para que Steven não me enxotasse à pontapés.
- Você é maluca? - Fechei os olhos quando ele se aproximou, a expressão
incrédula. - Edward veio aqui hoje cedo e foi claro quando disse que você
havia se tornado integralmente exclusiva! E, quando ele diz isso, quer dizer
que você não só sairá apenas com os Cullen, como não fará mais nenhuma
apresentação, até a exclusividade ser suspensa!
O ar saiu aliviado de meus pulmões. Eu não havia sido demitida, então.
- Edward veio aqui mais cedo? - Perguntei.
- Sim, ele saiu agorinha mesmo. Veio aqui, falou com Rosalie, falou
comigo, e foi embora.
- Hum... - Steven cruzou os braços. - Ok, então. Bem, então acho que vou
para casa... - Virei-me e comecei a andar, mas parei na metade. - Ah, Stew...
Rose está no camarim? Precisava falar uma coisinha com ela...
- Sim, ela está se aprontando, vai se apresentar daqui a pouco. Não a
atrase, ouviu bem?
Lancei-lhe um beijinho no ar e Steven sorriu, voltando a subir e me
deixando sozinha no andar de baixo. Fui até a porta do camarim de Rosalie
e bati na porta, suavemente
- Entra!
Abri a porta e Rosalie sorriu ao me ver entrar. Veio em minha direção e
me abraçou, em seguida voltando a se sentar e encarando o espelho,
enquanto penteava os cabelos loiros.
- E aí, Rose? Tudo bem?
Sentei-me no sofá que havia num canto e o olhar de Rosalie recaiu sobre
mim, pelo reflexo.
- Mais ou menos. Estou tensa. E sei que você sabe porque.
Sim, eu sabia. Mexi nos cabelos, revelando minha ansiedade, e puxei
minhas pernas para cima do sofá.
- O que Edward te disse?
- Tudo. Era o mínimo, não é? Já que vai ser o meu lindo corpinho que vai
estar em risco...
Merda. Meus ombros caíram, vencidos. Eu não gostava nada de envolver
mais uma pessoa naquela loucura.
- Desculpe por isso, Rose... Por não ter te contado desde o início, quero
dizer.
Rose bufou, revirando os olhos e girando a cadeira, ficando de frente para
mim.
- Tudo bem, Cindy... Olha... Eu te entendo, ok? Imagino como deve estar
sendo difícil para você, com seu irmão preso e tudo... - Ela deu de ombros.
- E, além do mais... Molly era minha amiga. É bom saber que poderei
ajudar, de alguma maneira, colocando o verdadeiro culpado atrás das
grades.
- Obrigada, Rose. De verdade. - Levantei-me e fui até ela. - Você
desconfiava... De Jasper, quero dizer? Ele algum dia... Em algum
momento...?
- Você quer saber se ele me estuprou? - Assenti com a cabeça. - Não...
Quer dizer, não exatamente. Ele tinha esse fetiche estranho, de prender
meus pulsos e deixar-me indefesa, enquanto pedia para eu pedir socorro,
fingir desespero... Mas eu sempre pensei: "cada louco com a sua mania,
né"? Afinal, é pra isso que recebemos, e não é pouco...
Só de imaginar aquela cena, pude sentir meu estômago se revirar.
- O que você e Edward combinaram? - Perguntei, tentando desanuviar
minha mente. Rosalie voltou a girar a cadeira, tornando a remexer nos
cabelos, fazendo um penteado para a apresentação que faria em pouco
tempo.
- Ao que parece, Jasper está viajando a trabalho. Edward mandou que eu
ficasse em estado de alerta; disse que, assim que Jasper chegasse, ia armar
um encontro, e aí colocaríamos o plano em ação. - Ela me encarou pelo
espelho, os olhos faiscando. - Eu vou fazer Jasper confessar, Cindy. Ou não
me chamo Rosalie.
- Sei que vai, confio em você. - Peguei minha bolsa, retirei um papel e
anotei meu celular. - Olha... Me liga quando souber de algo, ok? Sei que
Edward não vai me falar nada, que ele quer me deixar completamente de
fora, que acha que eu já estou envolvida demais e que posso acabar
atrapalhando, de alguma forma... Mas eu quero te ver, antes de você ir,
certo? Quero te dar apoio moral, ajudá-la a se arrumar, tentar te acalmar. É
o mínimo que posso fazer.
Rose pegou o papel e guardou na gaveta, assentindo.
- Certo.- Abri minha boca, mas Rosalie falou primeiro. - E pode deixar,
isso fica entre nós.
- Obrigada.
Nos abraçamos rapidamente e logo eu estava em um táxi, voltando para
casa. Meu celular vibrou, informando que eu havia recebido uma nova
mensagem.

"Bella...
E-mail enviado, ok? O Dr. Alan espera sua ligação.
Boa sorte!
Amo você, Alice"
Deixei que minha mente vagasse para longe, e quando vi o motorista -
nada simpático - já estava avisando que havíamos chegado e cobrando o
valor que marcava no taxímetro. Saltei e parei. O Volvo prata e reluzente
estava perfeitamente estacionado próximo ao meio fio.
- Mas o quê...?
Entrei rapidamente, e subi as escadas mais rápido ainda. A porta do meu
apartamento estava fechada, e eu sabia que Edward não tinha a chave...
Mas eu também sabia - perfeitamente bem – que isso nunca seria um
problema para ele. Exatamente por esse motivo, não fiquei nada surpresa
quando encontrei Edward sentado na poltrona de couro rasgada, fumando
um cigarro e portando o seu costumeiro – e excitante - olhar mortal.
- Onde você estava? - Ele perguntou, eu mal havia acabado de cruzar a
soleira. Deixei minha bolsa sobre a mesa, junto com as chaves, e fechei a
porta.
- Fui na Espartacus...
- Você se lembra que eu disse que você era exclusiva? Que, agora, só eu
toco em você?
- Não sei se você percebeu, mas eu sou nova nesse “ramo”. Não sabia até
que ponto a palavra exclusiva abrangia, e como ninguém toca em mim
quando me apresento... - Dei de ombros. - Mas Steven me deu o recado,
não se preocupe.
Edward deixou o cigarro sobre um cinzeiro próximo à cama e veio até
mim. Parou muito próximo e fechei os olhos, instintivamente. Merda, só a
eletricidade que o corpo daquele maldito homem gostoso emanava já servia
para deixar meus pêlos ouriçados – e minha calcinha encharcada.
- Pois então deixa eu te explicar, para não correr o risco de você me deixar
irritado mais uma vez, Bella... - A voz rouca e de sotaque britânico ecoou
próxima ao meu ouvido quando Edward inclinou-se ligeiramente em minha
direção. - Quando eu digo que você é exclusiva, e que só eu toco em você,
quero dizer em todos os sentidos. - Sua mão apertou minha cintura. - Ou
seja: só as minhas mãos tocam em você... - Ele colou a boca em meu
pescoço, os lábios entreabertos. - Só a minha boca sente o seu gosto... - E
então, num movimento rápido, Edward tirou minha blusa, meus olhos
abrindo-se e o encarando assim que o tecido havia acabado de passar por
minha cabeça. - E só meus olhos acariciam sua pele. Entendido?
Claro que a única coisa que consegui fazer foi balançar a cabeça
positivamente, minha boca entreaberta e minha língua umedecendo meus
lábios, enquanto eu literalmente salivava. As mãos de Edward seguraram o
cós de meus jeans e , em seguida e rapidamente, como se eu tivesse
apertado a porra do botão de acelerar em meu cérebro – em pouco tempo
estávamos pelados, nos agarrando sobre a cama.
Eu me sentei sobre ele. Como se quisesse demonstrar o que havia falado
pouco tempo atrás, os olhos irritantemente verdes acariciaram cada
centímetro de minha pele exposta. Segurei seu pau e o massageei
lentamente, e sorri quando Edward soltou um gemido rouco e longo, ao
mesmo tempo em que suas duas mãos seguraram meus seios. Pressionando
as palmas em meu corpo ele indicou que eu devia me erguer, e eu obedeci.
Quando tornei a me sentar, seu membro duro como rocha penetrou minha
entrada, que àquela altura já berrava e clamava por ele, por alívio. O
músculo entre minhas pernas quase explodiu quando encostou-se contra o
corpo dele, e percebi que não demoraria muito para que isso de fato
acontecesse.
Comecei a me mover lentamente. Edward apertou meus seios com um
pouco mais de força, seus dedos brincando com meus mamilos e me
fazendo gemer. Inclinei-me sobre seu corpo e levei meus lábios aos dele,
que sequer cogitou recusar meu convite, enroscando a língua na minha.
- Isso, Bella... - Seus lábios roçavam os meus, sua barba recém nascida
arranhando a pele de meu queixo. - Goza gostoso no meu pau e mostra o
que eu já sei... Que só eu consigo te deixar assim, maluca de tesão.
Segurei seu lábio inferior entre meus dentes, subi meu quadril e voltei a
descer, com tanta força que o ar deixou os pulmões de Edward. Ele segurou
minha cintura e eu rebolei, sentindo-o por completo dentro de meu
organismo, arranhando as paredes do meu corpo. Voltei a me erguer,
espalmando as duas mãos em seu peito bem definido. Eu me movia muito
lentamente, e nossos olhares estavam conectados, o que só me deixava
ainda mais excitada. Então, surpreendentemente, Edward esticou o braço
para o lado e pegou o cigarro, levando à boca e tragando, profundamente, e
em seguida estendendo para mim.
Porra, porra, porra. O homem era sexy demais, gostoso demais,
enlouquecedor demais.
Segurei o cigarro que ele oferecia e levei aos lábios. Edward remexeu o
quadril sob mim, e a sensação de tê-lo bombando com força enquanto a
fumaça quente penetrava meu organismo fez um espasmo percorrer meu
corpo. Segurei o ar em meus pulmões e deixei que minha cabeça tombasse
para trás por um breve momento, antes de voltar e me reclinar sobre o
corpo dele, meus seios colando-se ao seu peito. Segurei suas bochechas
entre meus dedos, criando um biquinho provocante e alucinante, os lábios
ligeiramente entreabertos. Meus cabelos criavam um véu ao redor de
nossos rostos, e o verde intenso de seus olhos ficou levemente obscurecido
– mas não por isso menos perfeito. Soltei a fumaça em sua boca, e Edward
imediatamente inspirou profundamente, fechando os olhos e segurando
minha cintura, e eu tive certeza de que minha pele ficou com a marca
vermelha de seus dedos.
Ele pulou sobre o colchão, seu pau enterrando-se tão fundo e com tanta
força que me fez gritar, no momento em que encontrou o ponto exato
dentro do meu corpo e o orgasmo surgiu, violento e arrebatador. Edward
também convulsionou sob mim, o jato quente e abundante invadindo meu
corpo e se misturando ao meu tesão. Quando finalmente minha mente
voltou a raciocinar claramente, inclinei-me sobre ele, esticando meu braço e
recolocando o cigarro no cinzeiro. Edward abraçou meu corpo e escondi
meu rosto na curva de seu pescoço, inalando seu cheiro característico e
delicioso, e sofrendo em meu âmago por saber que, muito em breve, eu
jamais o sentiria de novo.
Afinal, o jogo havia começado, e quando acabasse eu nunca mais veria
Edward Cullen novamente
Capítulo XVII - Reação inesperada

POV DE BELLA

Senti meus olhos arderem e os fechei, com força. Merda, eu não podia ter
me apegado tanto aquele homem! Eu sabia desde o início qual era meu
objetivo, como fui me entregar dessa maneira estúpida?

Rolei de cima de Edward, caindo sobre o colchão e me sentando. Apoiei os


cotovelos em meus joelhos e escondi o rosto em minhas mãos, meus dedos
segurando meus cabelos.
- O que foi? - A voz dele soou rouca, a cabeça deitada no travesseiro.

- Nada...
Silêncio. Por um longo segundo.
- Bella... Vai dar tudo certo, você vai ver... Logo Jasper estará preso, seu
irmão estará livre e toda essa loucura acabará.
Engoli em seco. Deus, Edward pensava como eu. Logo, tudo aquilo iria
acabar, no bom e no mau sentido. Chase estaria livre. Jasper estaria preso.
Edward estaria fora de minha vida.
Um sorriso frustrado escapou de meus lábios e me levantei, ajeitando
minhas calças. Peguei um cigarro no maço sobre a mesa e acendi, tornando
a me sentar.
"Fala para Edward o verdadeiro motivo de você estar assim. Fala que você
se apaixonou por ele, e diga que você sentirá falta dele quando tudo isso
chegar ao fim. O que você vai perder, afinal? Você já não tem qualquer
expectativa mesmo!"
Eu não podia. Era humilhação demais.
- Sim, você tem razão. - Falei, por fim. - Não vejo a hora de tirar Chase
daquele inferno...
- Mas?
Olhei para ele. Os cabelos estavam mais revoltos que nunca e os olhos num
tom de verde escuro que fez meu coração doer. como - diabos, como? - ele
sabia que existia um "mas"?
- Mas, apesar de tudo... Eu vou sentir sua falta, quando tudo isso acabar.
Pronto. Eu havia falado. Havia me humilhado, chegado ao fundo do poço.
Não tinha mais volta, não dava mais para apagar.

Num impulso, Edward se levantou. Passou a mão pelos cabelos, fechando


as calças e parando ao lado da mesa, pegando o celular. Puxei meus pés
para cima da cama, abraçando minhas pernas contra meu corpo, apoiando
meu queixo em meus joelhos. Merda! Ele não ia falar nada? Nem um "você
é louca, isso já foi longe demais, foi legal enquanto durou?"

Ele procurou algum número na agenda e colocou o aparelho no ouvido,


sentando-se na poltrona. Não me dirigiu o olhar uma única vez, até que de
repente começou a falar, e eu não entendi porra nenhuma. Literalmente.

- Bonjour? Michel? Voici Edward Cullen. Oui, ok. Michel, j'ai besoin d'un
rendez-vous. Oui, aujourd'hui. Faites ce qu'il faut. Très bien. Jusqu'à ce que
plus tard.

Edward encerrou a ligação e me encarou. Fechei a boca e pisquei,


esforçando-me para voltar à realidade.

- Vista-se, Bella. Estou lhe esperando no carro.

Ele saiu, sem mais explicações. Demorei um tempo até começar a me


mover. Tomei um banho rápido e me vesti, colocando um vestido azul
marinho discreto. Fiz uma maquiagem rápida, peguei um casaco e calcei as
sandálias, e em pouco tempo Edward estava abrindo a porta do carona do
Volvo para que eu entrasse.

Não perguntei para onde nós estávamos indo. Na verdade, eu decidi que
quanto mais calada eu ficasse, melhor. Porém, aquele silêncio
desconfortável - depois de minha confissão imbecil - estava me matando;
minha vontade era de sair do carro, deitar na minha cama e chorar contra
meu travesseiro. Ou, também, eu poderia esmurrá-lo; dizer que ele podia ter
dito alguma coisa - qualquer coisa. Podia ter agradecido meu comentário,
rir a minha cara, sei lá... Qualquer coisa era melhor do que o silêncio.
O carro parou e eu aguardei, desafivelando o cinto. Edward abriu a porta e
eu desci, o vento frio imediatamente abraçando meu corpo, fazendo-me
fechar meu casaco e trincar os dentes. O local era deserto e estava escuro, e
demorou para meus olhos acostumarem-se e eu entendesse que se tratava
de um aeroporto. Um homem vinha em nossa direção, a cabeça baixa, o
olhar no chão.

- Boa noite, sr. Cullen.

- Boa noite, James. Como está o tempo?

- Perfeito, senhor. E tudo encontra-se devidamente preparado, como o


senhor requisitou.

- Ótimo.

O homem assentiu com a cabeça, girou o corpo e começou a andar, na


direção de onde tinha vindo. Edward fez sinal com a mão para que eu o
seguisse, imediatamente andando ao meu lado.

Mas que porra! O que ele queria dizer com "o tempo está perfeito" e "está
tudo pronto, como o senhor requisitou"?

Nós chegamos a um jato particular, onde havia uma escada posicionada na


porta. James subiu na frente, e mais uma vez Edward me deu passagem,
subindo logo atrás de mim. Eu estanquei assim que passei pela entrada.
Nunca havia entrado em um avião como aquele antes. Na verdade, eu
nunca havia entrado em um avião, muito menos em um jato particular. Por
dentro, ele parecia muito maior do que por fora. O chão acarpetado era
macio, e os saltos de minha sandália afundavam ligeiramente sob meu peso.
Havia um sofá imenso, que ocupava quase toda a sua extensão, bem como
várias poltronas de couro, de aparência confortável. Havia também uma TV
de LCD, frigobar, computador... Enfim, eu moraria ali sem nenhuma
dificuldade, e moraria feliz.

- Para onde nós vamos? - Perguntei, entrando e me sentando no sofá,


visivelmente sem jeito.
- Você vai descobrir quando chegarmos. Descanse, vai demorar um pouco.

Assenti com a cabeça, meus olhos voltando a analisar tudo ao meu redor,
sedentos de curiosidade. Edward deixou a chave e o celular sobre uma
mesa e sentou-se na cadeira em frente ao lap top, recostando-se e ligando-o.

- A senhorita deseja alguma coisa? Algo para beber.. Para comer... Um


travesseiro?

O homem que nos recepcionara - James, eu me lembrava - havia parado a


meu lado. Eu não estava com fome - minha ansiedade havia literalmente
fechado minha garganta - mas estava com sede, por isso pedi um copo de
água. E decidi aceitar o conselho de Edward de descansar, e logo James
havia retornado com dois travesseiros de penas, um cobertor macio e um
tapa-olhos, bem como com uma garrafa de água mineral.

As luzes do avião diminuíram de intensidade. Olhei para Edward,


aparentemente concentrado na tela do computador, e não consegui deixar
de sentir raiva dele. Aquele silêncio estava acabando com minha sanidade,
e eu podia jurar que ele tinha plena noção disso, mas que não se importava.
Bufei baixo, tirando os sapatos, esparramando-me no sofá confortável e
tapando meus olhos, afundando a cabeça no travesseiro e enrolando-me no
cobertor. Não havia nada que eu pudesse fazer, a não ser esperar, e a melhor
maneira de que tudo passasse mais rápido - rezava eu, antes da ansiedade
me matar - era dormir.
Apesar de revigorante, eu não tive um sono tranquilo. Sonhei durante todo
o tempo, um sonho confuso e agoniante. Nele, Chase finalmente havia
saído da prisão, e Jasper havia sido incriminado. Jazz ficara arrasado,
inconformado com minha traição, e havia terminado tudo com Alice, que
por sua vez culpou a mim e a meu irmão por sua tristeza. Jacob também
estava lá, apesar de ignorar-me totalmente, magoado demais estava com
tudo o que havia acontecido. E, claro, tinha Edward. Ou melhor, não tinha,
porque era exatamente a sua ausência no sonho - e o desespero que ela me
causava - que me fez acordar esbaforida e com alguns fios de cabelo
colados à minha face ruborizada.
Eu não fazia a mínima idéia de quanto tempo havia passado, de quanto
havia dormido. Só sei que Edward havia se sentado em outra poltrona,
estava de olhos fechados e aparentava dormir. As luzes do avião
continuavam fracas, mas o sol começava a despontar no horizonte, tingindo
o céu de laranja e clareando um pouco mais o ambiente.

Passei as mãos no rosto e me levantei, andando vagarosamente até o


banheiro, evitando fazer barulho. Fiquei impressionada com seu tamanho -
não que fosse enorme, mas sempre imaginei que os banheiros de avião
fossem sufocantemente pequenos e apertados. Olhei-me no espelho e abri a
torneira, levando um pouco de água gelada ao meu rosto.

- Abre a porta, Bella.

Abri os olhos e encarei o espelho novamente. Algumas gotas pendiam de


meus cílios e da ponta de meu nariz. Peguei a toalha felpuda e sequei-me
rapidamente, respirando fundo e empertigando o peito antes de obedecer.

Mal eu havia acabado de abrir a porta, Edward entrou, abraçando minha


cintura e me levando com ele, tornando a fechá-la atrás de si. Meu quadril
encostou-se contra a bancada, as mãos de Edward imediatamente
posicionando-se atrás de meus joelhos, levantando-me do chão e me
colocando sentada ali. Sua boca tomou a minha sem cerimônia, e não
preciso dizer que minha língua respondeu com ânsia e satisfação.

Minhas mãos começaram a desabotoar a sua camisa, entrando pelo tecido e


tocando sua pele exposta por cima de seus músculos perfeitos. Em seguida
desceram para o cós de sua calça, abrindo rapidamente o botão e livrando o
membro que já berrava por espaço. Edward rosnou, seus dedos encontrando
minha calcinha e rolando o tecido fino e delicado por minhas pernas, e não
tardou para que ele estivesse totalmente dentro de mim.

Ele estocava com força. Minhas unhas cravaram-se nos seus ombros e meus
pés enlaçaram suas pernas, meu corpo todo sacudindo com a rapidez e
profundidade de seus movimentos.
- Quero ver você gozar, Bella... Quero que James pense que o avião está
passando por uma porra de uma turbulência, quando na verdade vai ser
você mordendo meu pau enquanto eu te destruo...

Fuck.

Apoiei minhas mãos na bancada, apertando com força a borda, fechando


meus olhos e recostando minha cabeça na parede. Edward segurou minha
cintura e rebolou, alargando meu sexo e me fazendo gemer alto. Uma de
suas mãos buscou meu centro, o dedão imediatamente massageando meu
clitóris, num ritmo perfeito e compassado com as estocadas, e não demorou
muito para que eu sentisse meu corpo se contraindo, esmagando o pau de
Edward, meu tesão escorrendo pela parte interior de minhas coxas.

Senti o pau de Edward aumentar ainda mais de tamanho, e podia acreditar


que ele estava prestes a gozar. Então ele me puxou pelos calcanhares,
sentando-se no vaso e me puxando para seu colo, de costas para ele, e
novamente enfiou-se em mim sem qualquer menção de delicadeza. Minhas
unhas cravaram-se em suas coxas, e logo eu me impulsionava, subindo e
descendo, sentindo-o entrar e quase sair de mim.

Sua barba mal feita roçou meu ombro e gemi quando ele me mordeu
levemente. Meu corpo amoleceu com esse gesto e Edward tomou as rédeas,
içando o quadril do vaso e afundando-se mais ainda em mim, fazendo-me
literalmente quicar em seu colo, meus seios subindo e descendo dentro do
vestido, imediatamente sendo agarrados por suas mãos.

- Edward! Porra!

- Isso... Goza... Morde meu pau, Bella...

Soltei suas coxas e minhas mãos espalmaram-se nas paredes ao meu lado.
Mordi meu lábio inferior e encostei-me em Edward, rebolando sobre ele,
deixando que o orgasmo assumisse o controle durante aqueles segundos
maravilhosos. Senti o jato deixando o corpo de Edward e me invadindo,
quente e feroz, abrindo espaço no meu organismo.
Parei de me mover e joguei minha cabeça para trás, permitindo-me encostar
em seu ombro. Edward tinha a respiração ofegante, e nossos corpos suados
estavam pelando.

- Vamos, estamos quase chegando... - Ele disse, segurando minha cintura e


me colocando de pé. - E pegue um casaco no closet... O clima está frio em
Paris.

Edward saiu do banheiro e me deixou ali, sozinha, de boca aberta,


encarando minha imagem incrédula no espelho do jato particular que estava
me levando para Paris, a cidade mais romântica do mundo.

CAPÍTULO XIX – Explorando os sentidos – primeira parte: VISÃO e


AUDIÇÃO

A Limusine que havia nos buscado no aeroporto parou. Olhei para Edward,
que checava alguma mensagem no celular, e nada havia mudado: ele
permanecia impassível; sua expressão não revelava absolutamente nada do
que ele pensava.

O motorista abriu a porta do carro luxuoso e imediatamente o vento frio


sobrepô-se a calefação interna do veículo. Abracei meu corpo e saltei, meus
olhos pairando sobre o letreiro pequeno e singelo que se estendia num
prédio comum à minha frente: “One by the Five”

http://www.onebythefive.com/

Vi pela minha visão periférica que Edward parou do meu lado. Ele colocou
a mão em minha cintura e indicou que eu andasse, e passamos pela porta do
estabelecimento. Um homem elegantemente vestido veio em nossa direção,
e Edward foi o primeiro a falar.
- Bonjour. Mon nom est Edward Cullen, je crois que Michel a déjà entrés
en contact.
- Oui, oui. Bienvenue, monsieur Cullen. Suivez-moi, s'il vous plaît.

O homem seguiu na frente e Edward e eu o acompanhamos. Abriu uma


porta e entramos, e após Edward dispensá-lo com uma gorjeta ficamos
apenas os dois no lugar.
Olhei ao redor e meu queixo caiu. Eu nunca – jamais – havia estado em um
lugar tão lindo e exótico na vida. O living em que estávamos era
predominantemente escuro, com seu imenso sofá de couro negro, luzes
indiretas e um bar completo. Mas o que mais chamava a atenção eram as
fotos – as diversas fotos – estendidas pelas paredes, que registravam de
forma sensual e elegante partes do corpo humanos.
Meus olhos corriam por cada detalhe, curiosos e deslumbrados. Edward
tirou o blazer que usava e foi até o bar. Resolvi imitá-lo, tirando meu
casaco.

- O que você quer beber ?


Olhei para ele. Edward preparava seu drink habitual : uma dose pura e
dupla de uísque. Dei de ombros – ainda não havia recuperado minha voz
(ou a coragem de falar). Ele sacou uma garrafa de champagne e abriu,
servindo uma taça e andando em minha direção, estendendo-me o copo.

Nossos dedos se tocaram e uma onda de eletricidade percorreu meu corpo.


Aquela situação estava acabando comigo; eu precisava extravasar. Segurei
a taça e sorvi todo o líquido de uma única vez.
- Que lugar é esse ? – Perguntei, a ardência da bebida ainda queimando
ligeiramente minha garganta.
- É um hotel. – Edward sentou-se confortavelmente no sofá, recostando-se
e esticando seu braço no encosto. – Pode-se dizer que o " One By The Five"
é o hotel mais romântico e original de Paris.
Fui até o bar e enchi mais uma vez minha taça. Edward me acompanhou
com os olhos, e continuou me encarando quando sentei ao seu lado.
- Um hotel ? Mas eu vi apenas a recepção e essa porta... E o prédio é tão
discreto, eu...
Ele acabou de beber, inclinando-se para frente e apoiando o copo na mesa
de centro.
- Sim, é um hotel, mas com apenas um quarto. E é escondido porque foi
feito para ser utilizado como um refúgio. Um refúgio para um encontro
clandestino, uma escapada romântica... Como você preferir caracterizar. -
Ele deu de ombros.
Meus olhos arregalaram-se instintivamente. Não pude deixar de pensar
como deveria ser difícil conseguir uma reserva num hotel em Paris com
apenas um quarto, e lembrei-me de como parecia ter sido fácil para
Edward. Tudo sempre parecia ser fácil para ele.
- Um quarto?
Edward se levantou e preparou uma nova dose de bebida para si. Bebeu de
uma única vez e voltou a se sentar, e dessa vez o corpo estava muito
próximo ao meu. Foi a minha vez de virar minha segunda taça de
champagne, e mal eu havia afastado o cristal dos lábios, Edward segurou o
objeto e apoiou na mesa ao lado.
- Sim, uma única suíte... - Ele se inclinou sobre meu corpo, colando a boca
em meu pescoço, gesto que me fez fechar os olhos. - Na verdade, pode ser
descrito como uma sequência de ambientes, todas com o propósito de
proporcionar uma idílica e devaneadora experiência.
A mão de Edward subiu por minha perna e encontrou a barra do meu
vestido, a ponta dos dedos escovando minha carne. Eu já podia sentir o
músculo entre minhas pernas pulsando freneticamente, e levei meu lábio
inferior entre os dentes para me impedir de gemer.
- Cada cômodo dessa suíte... – Edward continuou, agora sua boca descendo
por meu colo, alcançando o topo de meus seios. - ...tem a finalidade de
aguçar um dos cinco sentidos. Esse cômodo, por exemplo, é destinado à
visão e à audição.
Edward ergueu a cabeça e os olhos inebriantes conectaram-se aos meus. Eu
sabia que tinha um vinco em minha testa, enquanto eu processava as
informações que ele acabara de dar, e recordei-me que realmente ficara
encantada com tudo o que via ali. Abri a boca para falar, para perguntar –
para entender melhor o que ele queria dizer com aquilo, mas Edward foi
mais rápido, e num estalo suave de dedos o lugar se transformou.

As luzes indiretas apagaram-se, dando lugar à outras, também suaves mas


coloridas, com cores que alternavam-se, criando desenhos psicodélicos no
teto e nas paredes, fazendo as fotos quase parecerem reais. Ao mesmo
tempo, uma música começou a tocar ao fundo, e tudo isso – somado ao fato
da língua de Edward penetrar em minha boca e enroscar-se à minha – fez
com que eu tremesse por inteiro.

http://www.youtube.com/watch?v=uelHwf8o7_U&ob=av3e

MÚSICA: Love The Way You Lie - Rihanna (Feat. Eminem)

"Just gonna stand there and watch me burn


But that's alright because i like the way it hurts
Just gonna stand there and hear me cry
But that's alright because i love the way you lie
I love the way you lie

I can't tell you what it really is


I can only tell you what it feels like
And right now there's a steel knife in my windpipe
I can't breathe But I still fight While I can fight as long as the wrong feels
right
It's like I'm in flight high off of love drunk from my hate
It's like I'm huffing paint
And I love it the more I suffer
I sufficate
And right before I'm about to drown she resuscitates me
She fucking hates me and I love it
Wait!
Where you going?
I'm leaving you
No you ain't
Come back
We're running right back
Here we go again iIt's so insane
Cause when it's going good it's going great
I'm Superman with the wind in his bag
She's Lois Lane
But when it's bad it's awful
I feel so ashamed
I snap
Who's that dude?
I don't even know his name
I laid hands on her
I'll never stoop so low again
I guess I don't know my own strength

Just gonna stand there and watch me burn


But that's alright because i like the way it hurts
Just gonna stand there and hear me cry
But that's alright because i love the way you lie
I love the way you lie
You ever love somebody so much
You can barely breathe
When you're with them
You meet
And neither one of you
Even know what hit them
Got that warm fuzzy feeling
Yeah them chills
Used to get them
Now you're getting fucking sick
Of looking at them
You swore you've never hit them
Never do nothing to hurt them
Now you're in each other's face
Spewing venom
in your words
When you spit them
You push
Pull each other's hair
Scratch, claw, bit them
Throw 'em down
Pin them
So lost in the moments
When you're in them
It's the rage that took over
it controls you both
So they say it's best
To go your separate ways
Guess that they don't know you
Cause today
That was yesterday
Yesterday is over
It's a different day
Sound like broken records
Playin' over
But you promised her
Next time you'll show restraint
You don't get another chance
Life is no Nintendo game
But you lied again
Now you get to watch her leave
Out the window
Guess that's why they call it window pane

Just gonna stand there and watch me burn


But that's alright because i like the way it hurts
Just gonna stand there and hear me cry
But that's alright because i love the way you lie
I love the way you lie
Now I know we said things
Did things
That we didn't mean
And we fall back
Into the same patterns same routine
But your temper's just as bad as mine is
You're the same as me
when it comes to love you're just as blinded
Baby please come back!
It wasn't you baby it was me
Maybe our relationship isn't as crazy as it seems
Maybe that's what happens when a tornado meets a volcano
All I know is i love you too much
To walk away though
Come inside
Pick up your bags off the sidewalk
Don't you hear sincerity in my voice when I talk?
Told you this is my fault
Look me in the eyeball
Next time I'm pissed I'll aim my fist at the dry wall
Next time...
There will be no next time!
I apologize
Even though I know it's lies
I'm tired of the games i just want her back
I know I'm a liar
If she ever tries to fucking leave again
I'mma tie her to the bed
And set this house on fire
Just gonna

Just gonna stand there and watch me burn


But that's alright because i like the way it hurts
Just gonna stand there and hear me cry
But that's alright because i love the way you lie
I love the way you lie
I love the way you lie"

Minhas mãos apertaram os ombros de Edward, com força. Sentei-me ereta


no sofá e meus dedos correram para seu peito, abrindo com rapidez os
botões de sua camisa, revelando o tórax perfeito e musculoso. As mãos de
Edward subiram o vestido azul pelo meu corpo e logo eu estava apenas de
lingerie - o que também não durou muito tempo. Edward arrancou o tecido
rendado de meu quadril e eu abri meu soutien, a boca precisa
imediatamente tomando meus seios, alternando-se entre meus mamilos, que
chegavam a doer de tão rígidos estavam pela excitação.
Empurrei Edward contra o sofá de couro, subindo sobre seu colo, ficando
em meus joelhos com ele entre minhas pernas. As mãos seguravam minha
cintura com firmeza, e o rosto enterrou-se entre meus seios, descendo
vagarosamente, a língua encontrando meu umbigo. Segurei seus cabelos e
joguei minha cabeça para trás, gemendo alto quando a língua desceu ainda
mais e tocou com uma suavidade quase enlouquecedora meu clitóris.

Então ele escorregou o corpo e desceu do sofá, deitando-se no chão.

- Vem cá, Bella. Coloca essa boceta deliciosa na minha cara, que eu vou te
chupar até você perder os sentidos.
Levantei-me e fiquei de pé, em frente à ele. Os olhos de Edward
percorreram cada centímetro de meu corpo exposto, e pude sentir o tesão
escorrendo por minhas coxas em resposta. Andei pela lateral de seu corpo e
parei perto de sua cabeça, levantando uma perna e passando por cima dele,
em seguida abaixando-me exatamente sobre seu rosto.
Os dedos correram por minha extensão, em seguida penetrando-me
vagarosamente. Gemi alto, apoiando-me em meus joelhos, e Edward
segurou minhas coxas, enterrando o rosto em meu sexo, sua língua precisa
e profissional devastando toda a parte. Inclinei meu corpo para frente e abri
suas calças, ao que Edward levantou ligeiramente o quadril, e logo seu
membro duro e latejante estava em minhas mãos.
Edward continuava seu trabalho. Me chupava, lambia e mordia, e minha
primeira convulsão surgiu antes mesmo que minha boca encostasse em seu
pau. Assim que consegui reaver meu controle comecei a dar o mesmo
tratamento que eu estava recebendo, e o gosto único e singular de Edward
logo havia tomado conta da minha mente.
Edward retirou os dedos e enfiou sua língua. Levou os mesmos dedos para
o espaço entre minhas nádegas, penetrando com cuidado e – porra! - me
fazendo gozar novamente. Meus próprios dedos apertaram com mais força
seu membro, arrancando um rosnado de sua garganta, e sentir sua
respiração em meu sexo só aumentou o prazer.
Juro por Deus que não me recordo de ter saído de cima dele.
Aparentemente, o ambiente havia alcançado seu objetivo, e eu havia não só
experimentado os limites de minha visão e audição como os havia
ultrapassado. Quando dei por mim, estava ajoelhada no chão com meu
tronco inclinado sobre o sofá, meus seios achatados no couro macio.

Edward segurou meus cabelos num rabo e me ergueu, minhas costas


colando-se ao seu peito. Sua boca procurou a minha, sua língua me
invadindo, e minha mão seguiu para seu membro, que estava queimando
meu quadril. Afastei-me dele e posicionei o meu objeto de desejo em minha
entrada, e numa estocada profunda Edward enterrou-se em meu corpo,
minhas mãos espalmando-se no sofá, meus dedos cravando-se no couro
macio.

- Geme meu nome. - Ele movia o quadril para frente e para trás de uma
forma tão lenta que mais parecia-se com a porra de uma tortura. - Geme
meu nome agora e fala o que só eu faço com você.
- Ed... Edward... - Engasguei, buscando por oxigênio. - Só você me deixa
maluca. Você é o único...
Ele se inclinou sobre mim, a boca entreaberta colando-se ao meu ombro.

- Sou o único que consegue fazer você gemer e gozar verdadeiramente


como uma vadia? É isso que você ia dizer?
Assenti com a cabeça, massacrando meu lábio inferior com os dentes.
- Então grita. - Ele estocou com tanta força que o ar deixou meus
pulmões. - Grita alto que você é a minha vadia, Bella. - Estocou de
novo e parou, completamente dentro.
- Ah, porra! Eu... Sou... A sua vadia, Edward! Um tapa forte em minha
perna e mais uma estocada, seguida de outra e de outra. Edward
segurou minha cintura e me virou, me erguendo ligeiramente e me
colocando sobre o sofá, meu sexo ficando na altura exata do dele.
Minhas mãos seguraram seus braços e o olhar febril que ele me
lançava me deixou inebriada.
- Sim, minha vadia. Única e exclusivamente minha. - Ele se inclinou e
alcançou o lóbulo de minha orelha, mordendo com cuidado antes de
sussurrar. - Para sempre. Meus olhos arregalaram-se e eu amaldiçoei
aquela posição, que não me deixava ver seu rosto, sua expressão, para
tentar decifrar o que aquelas palavras significavam. Edward voltou a
estocar, meus seios pulando com o movimento, e quando ele finalmente
me olhou mantive o contato por um segundo curto demais, porque
meus olhos se fecharam, vencidos, quando um espasmo arrasador
percorreu meu corpo.
- Fala o que você está sentindo...
- Eu vou morrer, Edward, eu vou...
- Vai, mas não agora... - A voz dele estava tão rouca que me causou arrepio.
- Não antes de todos os seus sentidos serem devidamente explorados por
mim...

Senti o membro de Edward inchando enquanto meu corpo o apertava.

- Deus, é maravilhoso, eu... - Minha voz era nada mais que um fiapo, um
gemido rouco e extasiado. - Merda, eu amo você.
Fechei meus olhos assim que as palavras deixaram meus lábios. Senti os
músculos de Edward retesando-se em meus dedos e ele parou de se mover,
apenas o final de seu tesão me invadindo. Meus pés tocaram o chão e tapei
meu rosto com o braço, sem coragem de me mover.
Ele se levantou, em silêncio, e foi para o bar, preparar outra bebida. Sentei-
me no sofá, abraçando meu próprio corpo e engolindo em seco. Edward
bebeu todo o líquido e foi em direção à uma porta, parando antes de abri-la.

- Vem, vamos tomar um banho. - Ele abriu e deu um passo, mas parou antes
de passar, de costas para mim. - E Bella... Não crie expectativas sobre mim.
Você já tem problemas demais.
Edward saiu e demorou um longo minuto até que eu tomasse coragem de
seguí-lo, sabendo que aquele conselho havia chegado tarde demais.
CAPÍTULO XVIII – Explorando os sentidos – segunda parte – TATO e
OLFATO

POV DE EDWARD

Olhei minha imagem refletida no espelho, e nem eu mesmo consegui


decifrar que porra se passava ali.
Eu sabia que minha última frase faria Bella pensar por alguns minutos; que
as palavras surtiriam um efeito paralisante em sua mente, ainda que por
pouco tempo. Mas pelo menos era alguma coisa. Eu precisava ficar
sozinho, ainda que por um breve instante.
Merda! Eu sabia exatamente o que devia e não devia fazer, mas nos últimos
dias parecia que eu não conseguia ser eu mesmo... Parecia que eu estava
sendo guiado pela porra de uma força superior, e definitivamente não estava
gostando absolutamente nada disso. Eu odiava perder o controle; odiava
perder as rédeas da situação, ficar à mercê de sentimentos.
Eu nunca fui um homem sentimentalista. Sempre agi de acordo com minha
razão, e todas as míseras vezes em que eu vislumbrei a mínima
possibilidade de abertura para que isso mudasse, rapidamente eu me
esquivei. Um homem não raciocina direito quando deixa os sentimentos
guiarem seus movimentos. Quando isso acontece, tudo começa a perder o
controle.

E, como eu já disse, eu odeio perder o controle.


Abri a torneira e lavei meu rosto com água gelada, apesar de ter plena
ciência de que de nada adiantaria. Eu estava fervendo. Era como se a porra
de um vulcão estivesse prestes a explodir dentro de mim, esmagando meu
peito e dificultando a minha respiração.
Sequei o rosto e me encarei no espelho novamente.
“Quem você está querendo enganar, hum? Seus conceitos te traíram e você
está maluco por essa mulher. Não adianta mais mentir, a solução é aceitar
os fatos.”
“Não. Você está enganado. Eu não estou maluco por ninguém. Bella não...
Bem, ela não passa de uma diversão. Uma diversão deliciosa, mas que tem
prazo para acabar. E então outra tomará seu lugar e a vida continuará,
como sempre foi.”
“Rá. Quantas vezes você já agiu por impulso? Quantas vezes você pegou
seu jato particular, no meio da noite, e pagou uma fortuna pela vaga de um
hotel exclusivo em Paris, hã? Quantas vezes você se deliciou ao ver uma
mulher sentindo prazer, ao invés de preocupar-se apenas consigo mesmo,
no prazer que ela infligia à você?”
“Isso não vem ao caso. Agir por impulso não quer dizer nada. E, mesmo
que eu realmente sentisse algo por Bella – e NÃO estou admitindo que seja
verdade... Que diferença faria? Nós somos de mundos completamente
diferentes. Minha vida não é condizente com esse tipo de sentimento, eu
sempre soube disso e foi o caminho que eu escolhi seguir. É assim que é, e
sempre será.”
“Não precisa ser assim. A vida não possui um roteiro, tudo sempre pode
mudar. Você se apaixonou. Você também a ama, porque tem que ser tão
imbecil e não pode admitir a verdade que está bem à sua frente, e...?”

“EU. NÃO. A. AMO! Eu não posso estar apaixonado, eu nem a conheço,


isso tudo pode ser uma grande farsa para livrar Chase! Eu sei que estou
apaixonado mas...”
Meus olhos arregalaram-se diante do espelho, após meu subconsciente me
trair e finalmente deixar escapar a verdade que se instalara em meu cérebro.

- Merda!
- Edward?
Fechei os olhos com força. Quando tornei a abrí-los, Bella estava parada na
porta do banheiro, segurando o vestido azul na frente do corpo. Eu conhecia
bem o que aquela expressão corporal queria dizer: “Eu estou me sentindo
violada e indefesa; abri meu coração e recebi a porra de um balde de água
fria como resposta. Obrigada por ser um tremendo babaca; por me trazer
nesse antro de romantismo e destruir tudo.”
Sim, eu sempre fui especialista em destruir sentimentos. E, pelo visto, não
havia perdido a prática.
Saí de frente da porta e Bella deu um passo, entrando no banheiro. Analisei
sua expressão enquanto ela analisava atentamente o ambiente, e se deparava
com aquele lugar onde tudo havia sido estrategicamente preparado para
aguçar mais dois sentidos: o tato e o olfato.
As paredes eram revestidas de veludo roxo. O toque era macio e de textura
imensuravelmente agradável, e era tão belo que parecia trair sua finalidade,
agraciando também a visão. A imensa hidromassagem de mármore branco
era fria e sua textura era singular, e havia diversos óleos e unguentos
perfumados espalhados, além de velas aromatizantes, que já estavam
devidamente acesas e exalando um odor magnífico.
Ela andou, passando por mim e chegando até a hidro. Abriu a torneira e a
banheira começou a encher-se vagarosamente, e o barulho da água soou um
tanto quanto reconfortante, quebrando o silêncio que havia se instalado. O
corpo dela estava nu na parte de trás, e suas curvas literalmente me fizeram
salivar. Fechei minhas mãos, tentando controlar a vontade insuportável de
tocá-la, de sentir sua pele quente e macia, como se eu não há tocasse há
séculos.

- Bella.
Ela virou o rosto por cima dos ombros. Seus cabelos castanhos eram um
véu sobre seus olhos, e a única coisa que eu enxergava claramente era a
forma como Bella mantinha o lábio inferior entre os dentes.
Eu me aproximei, segurando sua cintura, e Bella abriu os dedos, deixando
que o vestido caísse aos seus pés. Minhas mãos correram automaticamente
para seus seios e senti os joelhos dela dobrarem-se ligeiramente quando um
gemido escapou de sua boca, sua cabeça recostando-se em meu peito.
- Eu falei aquilo porque... - Colei meus lábios no ouvido dela, minha língua
deixando um rastro úmido de saliva. - ...Porque eu não quero que você se
machuque. Eu... Eu não quero magoar você.
“E é isso que eu sempre acabo fazendo”. - Pensei. - “No final, eu acabaria
machucando você, e não me perdoaria se isso acontecesse”.
Bella girou o corpo e ficou de frente para mim. Ela tinha a cabeça inclinada
para trás e seus olhos muito verdes corriam por meu rosto, como se
fizessem um reconhecimento geral. Sua mão ergueu-se e ela tocou minha
face, a ponta dos dedos acariciando de leve minha pele. Tive vontade de
fechar os olhos, mas me contive: eu não queria perder aquela conexão.

Ela ficou na ponta dos pés. Seus lábios tocaram suavemente meu queixo,
num beijo lânguido e demorado. Merda, só esse gesto já fez meu pau pulsar
enlouquecedoramente. Sua boca continuou, traçando a linha do meu
maxilar e alcançando meu ouvido, meu lóbulo pairando entre seus dentes.

- “Apenas fique lá e me veja queimar... Mas está tudo bem, porque eu


gosto... da forma... como dói.”
Ouví-la pronunciar as palavras da trilha sonora de minutos atrás me deixou
sem ar. Minha mão segurou seus cabelos na altura de sua nuca, com força,
puxando seu rosto para mim e colando nossos lábios. Sim, eu estava
perdidamente apaixonado por aquela mulher. Merda.

“- Talvez...”
Comecei a falar, mas Bella lambeu meu lábio e engoli em seco. Segurei
com mais força os fios entre meus dedos, a boca de Bella entreabindo-se e
um vinco surgindo entre seus olhos, sua atenção totalmente fixa em mim.
Colei novamente nossos lábios e recomecei.
“- Talvez o nosso amor não seja tão louco quanto parece... ”- Bella fechou
os olhos ao ouvir que eu havia a imitado, escolhido uma outra frase da
mesma canção, e eu continuei. - “...talvez seja isso que acontece... Quando
um tornado encontra um vulcão.”
Sim, era isso. Um definição nunca me pareceu tão correta e abrangente.

http://www.youtube.com/watch?v=RcfqHusDwcg&ob=av3e

MÚSICA: Take a toke – C & C Music Factoring

“Take a toke, slow or you might choke


I got the best love you ever smoked
Take a toke, but baby, it's no joke
So strong, it'll make you choke

Spark up the love you need in me, in me


Roll it up tight lightly
(And don't let any fall down)
Get rid of the slight debris between you and me
'Cause we don't need any bad seeds

"Listen:"
'Cause all of my life, baby
I've been living kind trife, sugar
No one to guide me through and
Day and night without a clue
And I really need someone
To point me in the right direction
Swing my way, Parley parley
Prove my point that I am the joint

Take a toke slow or you might choke


I got the best love you ever smoked
Take a toke, but baby, it's no joke
So strong it'll make you choke

There's no need to try to front on you, on you


I'd rather be...blunt
(This much is true)
Slide the room, let's hit the room, baby
So supersonic once you get the taste the chronic

"More than you'll ever need"


You ignite me and I'll ignite you
And once the sheets burn, baby
I've got some more bambu
And when the smoke clears
Lady, still my eyes focus on you
Huff-n-puff some of my funk stuff
Prove my point that I am joint

Take a toke slow or you might choke


I got the best love you ever smoked
Take a toke, but baby, it's no joke
So strong it'll make you choke

I like it (I like it)


I love it (I love it)
I need it (I need it)
I want it ... I need your love!

Take a toke slow or you might choke


So strong it'll make you choke
Take a toke slow or you might choke
I got the best love you ever smoked
Take a toke, but baby, it's no joke
So strong it'll make you choke...”

Eu segurei sua cintura e apertei. Bella gemeu novamente, sua boca se


abrindo e rapidamente sendo preenchida por minha língua sedenta. Nós nos
beijávamos com ânsia, quase como uma luta, como se quiséssemos
aproveitar todo o momento, como se nada mais existisse e se tudo aquilo
pudesse acabar a qualquer instante.
Andei alguns passos, nossos corpos totalmente colados. Meu pau roçava em
seu ventre e esse simples gesto fazia meu coração acelerar-se: meu
organismo respondia à Bella de uma forma nunca experimentada. Quando
chegamos próximos à parede eu a ergui, encostando-a no alto da parede,
trazendo seu sexo para a altura de minha boca, e automaticamente as pernas
de Bella alojaram-se em meus joelhos.
Os dedos dela agarraram-se aos meus cabelos. Espalmei minhas mãos na
parede de veludo, sabendo que o corpo dela estava sendo agraciado com
sua textura maravilhosa, e deixei que minha língua satisfizesse seu desejo,
devastando todo o seu sexo. Bella tinha um sabor único e maravilhoso, e a
cada vez eu constatava que ficava mais e mais viciado nele.
Ela gemia alucinadamente. Enfiei minha língua enquanto levava meu dedão
ao seu clitóris, e Bella se contorceu, as unhas cravando-se em meus
ombros, os pés plantados em minhas costas.
- Edward...
- Hum...? - Perguntei, enquanto mordiscava levemente seu músculo e
sentia-o latejar entre meus dentes.
- Eu também quero chupar você .
Mal ela havia acabado de falar, segurei sua cintura e fiz um giro de cento e
oitenta graus com seu corpo. Bella ficou de ponta-cabeça, a parte de trás de
seu corpo colado à parede e a frente colada ao meu próprio corpo, e sua
boca imediatamente engoliu meu membro, Uma de suas mãos segurando
minha coxa. Seus joelhos apoiaram-se em meus ombros e voltei a enterrar
meu rosto em seu sexo, devastando toda a sua extensão.
Balancei meu rosto e Bella gemeu, apertando meu pau entre seus dedos.
Aproveitamos por mais alguns longos minutos aquela posição, e apenas
depois que senti Bella gozar em meus lábios eu tornei a girar seu corpo,
finalmente colocando-a de pé. Segurei sua cintura assim que seus pés
tocaram o chão: seus joelhos haviam enfraquecido e ela literalmente
cambaleou.

- Isso foi... - Ela fechou os olhos e umedeceu os lábios com a língua. Suas
bochechas estavam ruborizadas, reflexo da excitação e da posição
vivenciada segundos atrás, e ela conseguia ficar ainda mais perfeita assim. -
Maravilhoso.

- Não... Maravilhoso vai ser agora.


Peguei-a pela mão e submergimos na banheira, cuja água havia
automaticamente parado de correr quando alcançou o nível máximo. A
temperatura estava morna e agradável, e a sensação era espetacular. Sentei-
me encostado na parede e Bella posicionou-se entre minhas pernas,
recostando-se em minhas costas. Joguei seu cabelo para o lado, por sobre
seus ombros, e beijei seu pescoço.
- Esse lugar é tão perfeito... - A voz dela era suave, e soava como uma
música reconfortante aos meus ouvidos. - Dá vontade de ficar aqui para
sempre e deixar os pesadelos para trás. Como se isso fosse possível. - Ela
suspirou.

Estiquei meu braço e peguei um frasco de óleo de massagem perfumado.


Bella não se moveu; continuou recostada em meu peito. Abri o frasco e
segurei seus ombros, empurrando-a ligeira e delicadamente para frente, em
seguida jogando algumas gotas do líquido espesso em suas costas. Voltei a
guardar o frasco e minhas mãos espalmaram-se em seus músculos, que
imediatamente cederam ao meu toque.
Meus dedos precisos massageavam seu corpo esguio, com firmeza porém
delicadamente. O pescoço de Bella estava relaxado, e sua cabeça movia-se
esporadicamente, de um lado para o outro. Desci minha mão por seu colo e
alcancei seus seios, e rapidamente Bella colocou a mão para trás, segurando
meu pau, iniciando uma punheta vagarosa.
Não tardou para que a ânsia de sentí-la envolvendo meu corpo se
instaurasse. Minha mão desceu pelas laterais de seu corpo e chegaram ao
seu quadril, ficando entre sua bunda e a hidro. Apertei sua carne e Bella
ergueu ligeiramente o corpo, meus dedos imediatamente buscando o espaço
entre suas nádegas e encontrando o ponto que desejavam. Bella
impulsionou-se e sentou-se em meu colo, e deixei que meus dedos fossem
substituídos por meu pau, que posicionou-se na entrada apertada, forçando
o caminho.
Bella gemeu, segurando-se nas bordas da banheira. Estiquei mais uma vez
minha mão e segurei a ducha que havia presa na lateral da hidro, e
submergi o apetrecho, buscando o meio das pernas de Bella, apertando o
botão quando alcancei seu clitóris, fazendo o jato de água abundante jorrar
e pressionar seu músculo. Bella gemeu mais alto do que eu jamais havia
escutado, seus braços fraquejando e fazendo-a cair sentada em meu colo,
meu pau enterrando-se por completo em sua bunda.
Bella começou a cavalgar sobre mim, meu pau entrando e quase saindo de
seu organismo, e eu podia sentir seu corpo alargando-se mais e mais a cada
estocada profunda. Sua mão segurou a minha e aumentou a posição que a
ducha fazia em seu clitóris, em seguida posicionando o mecanismo em sua
entrada, enfiando-a ligeiramente - mas o suficiente para fazê-la gemer.

- Eu vou gozar, Edward... Deus, eu vou... Ah...


Soltei sua mão e apertei seus seios. Estoquei com força, meu quadril
chocando-se ao dela, entrando totalmente e saindo, então já sem
dificuldade. Bella era maravilhosamente apertada e massacrava meu
membro, e não tardou para que eu gozasse também.
Nossos corpos foram parando de se mover aos poucos, até que finalmente
ficamos imóveis, apenas o balanço de nossas respirações movendo a água
morna. Bella deitou mais uma vez a cabeça em meu ombro e beijei sua
face, roubando um sorriso exausto, mas feliz.
- Edward?
- Hum...?
Ela inspirou profundamente antes de falar.
- Só quero que você saiba que eu sempre me lembrarei desse dia, passe
quanto tempo passar.
Encostei minha cabeça na dela e fechei os olhos, e dessa vez decidi manter-
me calado, pelo menos literalmente, já que minha mente não parava de
berrar.

“E eu me lembrarei de todos os momentos que passei com você, sem


exceção. E, bem... Eu também amo você.”
CAPÍTULO XVIII – Explorando os sentidos – terceira parte –
PALADAR

POV DE BELLA

Acabamos de tomar banho e Edward foi o primeiro a deixar o banheiro.


Eu ainda tinha as palavras que escaparam de minha boca afoita ecoando
em minha mente, por isso me permiti aproveitar um pouco mais a
hidromassagem; resolvi deixar a água morna massagear meus músculos
numa tentativa – ainda que falha – de me acalmar.
Quando finalmente saí, sequei-me e vesti um roupão negro muito macio,
igual ao que Edward vestira e que pendia atrás da porta. Olhei-me no
espelho, penteando meus cabelos, e não pude deixar de me perguntar como
seria quando tudo aquilo chegasse ao fim. Não posso negar que senti um
aperto incômodo em meu peito com essa idéia.
Abri a porta do banheiro e parei, procurando por algum som que me
demonstrasse para onde deveria seguir; que me demonstrasse onde Edward
estava. Escutei o barulho de uma rolha sendo sacada e virei a direita no
corredor, e estanquei assim que passei pela porta.
Tratava-se de um boudoir. As paredes eram revestidas de um vermelho
acolhedor e aconchegante. Os assentos também eram vermelhos, revestidos
de veludo (assim como as cortinas), e eram tão belos que literalmente
tornavam-se convidativos, como se fosse uma honra sentar-se ali. O tapete
sob meus pés era macio e felpudo, e todos os móveis pareciam ter sido
escolhidos com a função harmoniosa de agradar aos olhos. Havia também
um espelho enorme em uma das paredes, o que aumentava o lugar, numa
ilusão de ótica perfeita, e um lustre imenso e ornamentado pendia do teto,
lançando feixes de luz por todo o ambiente.
- Entra, Bella.
Edward estava de costas para mim, servindo as taças de champagne.
Respirei fundo, fechando o roupão por instinto, e obedeci, chegando ao
meio do lugar.
Ele se virou, andou em minha direção e passou direto, posicionando-se
atrás – e muito próximo – de mim. Seu braço envolveu meu corpo, sua mão
parando à minha frente, portando uma das taças de champagne.
- E-esse cômodo... Esse cômodo representa o paladar?
Fechei os olhos com força. Nós tínhamos cinco sentidos, e Edward já me
falara dos outros cômodos, destinados à visão, à audição, ao olfato e ao
tato, então por óbvio aquele só poderia ser destinado ao paladar. Ou seja:
perguntinha imbecil a minha.
Mas não tinha jeito. Eu realmente ficava meio idiota perto daquele homem.
- Exatamente... - Edward inclinou-se ligeiramente sobre mim, sua boca
muito próxima ao meu ouvido e seu quadril muito – muito! - próximo de
minha bunda.
Deixei meus ombros caírem e quase gemi alto quando ele subitamente se
afastou. Andou para o outro canto da sala, onde deixou a taça dele, e
retornou para perto de mim, dessa vez segurando um recipiente cheio de
morangos e parando à minha frente.
Sem desconectar os olhos dos meus, Edward segurou um morango e levou
a boca. Engoli em seco quando seus dentes perfeitos morderam a metade da
fruta, os lábios carnudos envolvendo a superfície macia e delicada. Ainda
mastigando, ele trouxe a mão para meus lábios e fechei os olhos ao sentir o
sabor doce e maravilhoso, em seguida sorvendo um gole do champagne,
deixando meu organismo saciar-se com tudo aquilo.
- Sabe porque eu passei a amar essa fruta?
Neguei com um gesto rápido de cabeça. Edward aproximou-se mais um
passo, levando a mão aos cabelos de minha nuca e colando os lábios em
meu ouvido.

- Ela me remete à você. Você tem um cheiro e um sabor delicioso de


morango, Bella.
Senhor Deus! Nunca acreditei ser possível que alguém pudesse gozar só de
ouvir um homem gostoso sussurrando esse tipo de coisa ao pé do ouvido.
Nunca, até aquele momento.
- E, sabe... - Ele beijava meu pescoço agora, vagarosamente. - Existem
duas coisas com as quais morangos combinam perfeitamente. Champagne...
E chantilly.
- Edward... - Minha voz soou ridiculamente fraca e vencida.
- Hum?
- Você vai me deixar maluca.
Ele trouxe o rosto para perto do meu, nossos narizes colados.
- Então terei alcançado meu objetivo.
Ele largou o recipiente com morangos e me pegou no colo, nossas bocas
imediatamente se unindo. Levou-me até um dos sofás de veludo vermelho e
me colocou ali, nossas mãos trabalhando em conjunto enquanto abríamos
os roupões um do outro, ansiosas, como se não aproveitassem à muito
aquela sensação única.
Sem qualquer aviso, Edward se afastou. Mordi meu lábio inferior,
segurando meus cabelos, num modo de manter minhas mãos ocupadas e
não segurá-lo, tentando impedí-lo. Ele foi até uma mesa e parou ao seu
lado.
- Quero ver você se tocar. Quero ver você gozar enquanto pensa em mim.
Ele não precisava pedir duas vezes. Abri minhas pernas e uma de minhas
mãos desceu para meu sexo, encontrando o músculo que pulsava
incessantemente. Meu tesão já era extremamente abundante, lambuzando a
parte interna de minhas coxas, o que facilitou a entrada de dois de meus
dedos. Gemi alto, fazendo Edward rosnar, e levei a outra mão à um de meus
seios, que não gostavam de ser negligenciados.
Edward já estava completamente excitado. Seu pau imenso estava duro e
vermelho, e só de olhar para ele senti minha boca salivar e uma nova
enxurrada umedecer meus dedos. Edward levou a mão ao seu membro e
começou a se tocar lentamente, o lábio inferior entre os dentes e o olhar –
então com um verde escuro e febril – em fenda, os cílios espessos quase se
unindo.
- Fala o que você quer que eu faça, Bella.
Eu não tinha nenhuma força para isso. Bom, pelo menos eu realmente
achava que não.
- Bella... - A voz rouca e de sotaque britânico me fez fechar os olhos. - Se
você deseja que eu substitua você aí... Não me faça mandar você falar
novamente.
Oh, merda.
- Eu quero que você me chupe... Quero sentir essa língua maravilhosa
dentro de mim, Edward, eu... Preciso sentir você me chupando de novo.
Ele não se moveu. Continuou com seu voyerismo, a punheta – antes lenta e
compassada – aumentando significativamente de ritmo. Minha respiração
estava acelerada, o ar entrando com dificuldade em meus pulmões, e o
orgasmo chegou forte e intenso, fazendo meus olhos revirarem-se. Quando
finalmente meu corpo parou de tremer, abri os olhos.
Edward tinha a expressão séria, apesar de seus olhos faiscarem. Então
percebi que eu nunca o vira sorrir. Deus, ele devia ser ainda
mais maravilhoso sorrindo, os dentes muito brancos e perfeitos iluminando
seu rosto.
Edward parou de se tocar, interrompendo também meus devaneios. Abriu
uma pequena gaveta da mesa e retirou dois pares de algemas de aço. Senti
meu corpo todo arrepiar-se, instintivamente: eu não tinha boas recordações
com aquele apetrecho.
Ele se aproximou, ajoelhando-se à minha frente, analisando atentamente
minha expressão, como se quisesse escutar o que se passava em minha
mente e, por um minuto, realmente acreditei que ele tinha esse dom.
Edward segurou meu pulso - que tinha uma leve cicatriz conquistada na
noite desprezível com Jasper – e levou aos lábios, despejando um beijo
lânguido sobre a ferida cicatrizada.
- Pretendo fazer com que todo aquele pesadelo fique para trás, mas eu
entenderei se você disser que não quer utilizar as algemas, Bella...
Umedeci meus lábios com minha língua. Minha mente berrava para que eu
dissesse que não, mas meu corpo todo implorava por descobrir o que
Edward tinha em mente; meu corpo ansiava por alcançar mais um nível de
prazer, coisa que só Edward Cullen sabia fazer.
- Eu... confio em você.
Edward assentiu com a cabeça uma única vez, em seguida levantando-se e
segurando meu braço, esticando-o para o lado e me prendendo à um móvel.
Logo ele já havia repetido o gesto com meu outro braço e eu me encontrava
completamente indefesa.
Seus olhos percorreram meu corpo nu exatamente como os de um animal
faminto que reage ao deparar-se com sua presa, após um mês sem
alimentar-se. Meu coração batia com tanta força que minhas costelas
doíam, o ar passando com dificuldade pela minha garganta.
Edward afastou-se novamente. Abriu uma porta de um armário e percebi
que tratava-se de um frigobar clamufado. Retirou dali uma lata, cuja tampa
ele jogou despretensiosamente no chão, e voltou a se aproximar. Tremi de
expectativa ao ler o rótulo.
Chantilly.
Imediatamente lembrei-me da frase que ele usara pouquíssimo tempo atrás:
"Existem duas coisas com as quais morangos combinam perfeitamente.
Champagne... E chantilly."
Sem falar absolutamente nada, Edward voltou a se ajoelhar à minha frente.
Suas mãos seguraram meus pés, subindo cada uma por meu tornozelo,
perfazendo o caminho de minhas pernas. Edward sacudiu a lata e apertou o
botão que existia na ponta, imediatamente despejando uma gota de
chantilly sobre a carne de minha coxa. Sem deixar de me olhar ele se
inclinou, sua língua lambendo todo o creme, sua boca queimando minha
pele.
- Caralho, Edward....
- Onde você quer que eu te chupe? Seja verbal.
Meus olhos fuzilaram o homem. Deus, ele queria acabar com o restante de
sanidade que me sobrava.
- Ma-mais em cima.
- Resposta errada.
Edward desceu o corpo, segurando meu pé e deixando uma gota do
chantilly em meu dedão, em seguida sua boca envolvendo todo meu dedo e
chupando com vontade. Arqueei minhas costas, sem ligar para a queimação
que o gesto criava em meus pulsos, que ardiam em atrito com o aço das
algemas.
Quando voltou a me olhar, eu podia jurar que seus olhos estavam quase
negros. Negros de tesão.
- Vou te dar uma última chance. Onde. Você quer. Que eu te chupe?
Engoli em seco, inspirando fundo, buscando toda a coragem que existia em
mim, jogando para escanteio toda a vergonha.
- Minha boceta. Quero que você chupe a porra da minha boceta, agora.
O canto direito do lábio de Edward arqueou-se ligeiramente, num
vislumbre de sorriso torto, que durou apenas um milésimo de segundo, mas
que eu sabia – tinha certeza absoluta – ficaria registrado em minha memória
para sempre.
Ele se colocou entre minhas pernas, deixando-me ainda mais exposta. Sua
mão massageou meu ventre, logo descendo pela minha virilha, em seguida
encontrando meu sexo. Seus dedos passearam por toda a minha extensão,
abrindo delicadamente minhas dobras, voltando para meu clitóris e
espalhando o tesão que jorrava. Então ele aplicou o creme em meu músculo
pulsante, e a sensação foi extremamente enlouquecedora.
Edward enterrou o rosto entre minhas pernas e me chupou com tanta
vontade que me fez esquecer de respirar. Dois dedos me penetraram, com
força, entrando e saindo do meu corpo em sincronia com os movimentos
circulares de sua língua faminta.
E eu gozei, de novo.
E mais uma vez.
Meu corpo amoleceu em seus lábios mas Edward não parou. Parecia que
ele não se importava; parecia que ele só se desvencilharia de mim quando
ele mesmo estivesse completamente saciado, o que durou longos minutos
deliciosos. Quando finalmente Edward se levantou, eu havia gozado mais
duas vezes em sua boca sedenta.
Edward colocou os dois joelhos na poltrona de veludo, deixando-me entre
suas pernas. Seus dedos seguraram com firmeza minhas bochechas,
entreabrindo meus lábios, e no instante seguinte ele despejou um pouco do
creme dentro de minha boca, sua língua me invadiu e nosso beijo era saliva,
desejo e chantilly.
Meus pulsos se fecharam, reflexo da vontade que eu estava de cravar
minhas unhas em suas costas, puxando-o para mais perto, impossibilitada
de fazê-lo por conta das algemas que me prendiam.
Ele parou de me beijar, meus pulmões automaticamente berrando por
oxigênio. Esperou apenas o tempo necessário para que eu me refizesse e
subiu, ficando de pé na poltrona comigo entre suas pernas, o membro
enorme e inchado de tesão na altura de minha boca. Quando Edward
colocou chantilly na ponta, o creme escondendo por completo sua glande,
eu gemi, salivando.
- Abre a boca.
Não preciso dizer que obedeci, não é? Porque Edward mal havia acabado
de completar a palavra “abre”, meu queixo quase tocava meu peito.
E ele, por sua vez, não perdeu tempo. Enfiou por inteiro o pau em minha
boca, suas mãos segurando minha cabeça, os dedos entrelaçados em meus
cabelos.
Edward mexia o quadril, estocando com vontade e tão fundo que me fazia
engasgar. A cabeça roçava a parte interna de minhas bochechas e alcançava
a parede de minha garganta, e juro que pensei que fosse desmaiar de tesão.
- Quero ver você engolir, Bella. Quero ver você engolir tudo.
Ele segurou meu rosto com mais firmeza e gozou. O jato quente invadiu
minha boca, queimando minha garganta, o gosto singular de Edward
tomando minha mente e se apossando de meu corpo. Seu quadril foi
parando de mover-se aos poucos, e logo Edward havia descido do sofá e
abria minhas algemas, libertando-me de minha prisão voluntária.
- Espero que esteja pronta, Bella.
Olhei para ele, tentando entender o que Edward queria dizer com aquilo?
- Pronta...?
Ele se levantou, acendendo um cigarro e tragando profundamente antes de
esclarecer.
- Pronta para conhecer o último cômodo do quarto, que fará você atingir o
ápice do prazer, tendo ciência de um sentido até então desconhecido e
abandonando os outros para trás.
Não respondi, simplesmente porque não encontrei palavras para descrever
a avalanche de ansiedade e expectativa que preencheu meu cérebro àquela
notícia.

CAPÍTULO XVIII – Explorando os sentidos – quarta parte – O


SEXTO SENTIDO

Apesar do breve cochilo no avião, eu não dormia a tempo suficiente,


motivo pelo qual meu corpo deveria estar exausto. Até porque, a diferença
de fuso-horário e a grande quantidade de exercícios físicos deveriam ter
literalmente exaurido com minhas forças.

Contudo, contrariando toda a lógica, eu me sentia mais desperta do que


nunca.

Após soltar no ar aquela frase enigmática, Edward deixou a pequena saleta


e pude escutá-lo falando ao telefone, em francês, enquanto eu vestia meu
roupão.

Então ele tomou uma ducha rápida, tempo em que me distraí analisando
com maior atenção cada detalhe daquele lugar magnífico. Uma das portas
estava trancada, e deduzi que se tratava do último cômodo ao qual Edward
se referira. A curiosidade estava quase me matando.

Ele saiu do banheiro e decidi imitá-lo, indo tomar banho. As velas ainda
estavam acesas, e o perfume que preenchia o lugar era agradável e
tranqüilizante. A água quente – como de costume – massageou meus
músculos e agradeci pela sensação confortável. Estava acabando de me
enxugar quando escutei uma batida na porta, seguida da voz de Edward
atendendo quem quer que fosse, mais uma vez em francês.

E, por Deus, ele ficava ainda mais sexy falando francês.

Quando saí, deparei-me com uma pequena mesa redonda de rodinhas, com
uma toalha de linho branca que tocava quase no chão e diversas travessas
cobertas com tampas prateadas. Edward fez um gesto de cabeça para que eu
me aproximasse, abrindo as travessas e revelando diversos tipos de comidas
típicas da região.

Pela primeira vez na vida, experimentei caviar. Inicialmente o sabor não me


agradou muito, mas logo meu paladar acostumou-se com o gosto singular.
Edward me explicou curiosidades sobre o Escargot – sobre como o pequeno
animal permanecia pelo menos cinco dias sendo alimentado apenas com
vinho branco e ervas naturais, para obter aquele sabor delicioso – e por
algumas vezes (que não foram poucas) - peguei-me olhando para ele de
forma embasbacada, literalmente deslumbrada por uma pessoa conseguir
conhecer tanto sobre assuntos diversos.

Infelizmente, tal constatação chegava acompanhada de outra, essa última


nada agradável: ao mesmo tempo em que Edward era um homem culto,
bem instruído e viajado, eu não passava de uma caipira que nunca havia
saído de Forks até a ligação fatídica de meu irmão, e cujo conhecimento de
culinária resumia-se ao cardápio engordurado da lanchonete onde eu
trabalhava por meio período, e onde a perspectiva de conhecer Paris – e um
hotel como aquele – era nula, não fosse a mínima probabilidade de ganhar
na sena ou, no meu caso, encontrar um príncipe encantado.

Um príncipe encantado às avessas, mas nem por isso menos significante.

- Você aceita mais vinho?

Pisquei, saindo de meus devaneios. Edward segurava a garrafa com uma


das mãos, inclinando o gargalo ligeiramente em minha direção. Aceitei com
um gesto rápido de cabeça e logo meu copo estava portando mais do
líquido tinto. Ele recolocou a garrafa sobre a mesa e se aproximou, parando
atrás de minha cadeira e descansando as mãos em meus ombros.

- Você quase não comeu.

Era verdade. Mas, também, como comer com aquelas borboletas que
voavam em meu estômago?

- Estou sem fome, estou... Ansiosa.

Os dedos de Edward aplicaram um pouco mais de força em meus músculos


e fechei os olhos.

- Então acho melhor você me acompanhar.

Ele se afastou sem dizer mais nada. Pousei meu copo sobre a mesa e virei-
me na cadeira, e encontrei Edward parado na porta, olhando em minha
direção, aguardando que eu o seguisse. Levantei-me e apertei o laço que
segurava meu roupão, e logo estávamos parados em frente à porta que eu
havia tentado abrir pouco tempo antes.

- Feche os olhos.
Obedeci. Senti o braço dele escovando o meu quando Edward inclinou-se
para frente, abrindo a porta. O ar gelado que exalava do ambiente – fruto do
ar condicionado, concluí – fez com que meu corpo inteiro se arrepiasse.

Edward segurou meus dois braços logo abaixo de meus ombros e


impulsionou-me para frente, andando comigo. Dois passos depois, ouvi a
porta fechar-se atrás de nós e quase cedi ao ímpeto de abrir as pálpebras.
Mas me contive. Se eu havia aprendido alguma coisa, era que Edward não
gostava de ser contrariado.

Senti quando a presença dele – o corpo de Edward emanava um calor único


e aconchegante, facilmente distinguido por mim – afastou-se do meu corpo.
Pouco tempo depois, uma leve mudança de luz foi detectada por minhas
pupilas, mesmo através de minhas pálpebras. Alguma luz havia sido acesa.

- Abra os olhos, Bella.

Demorei um longo segundo para obedecer dessa vez. Estranhamente,


minha mente ansiosa, ao invés de saciar-se logo com seu objeto de
curiosidade, preferiu prolongar o momento de expectativa. Pude sentir a
adrenalina correr em meu sangue, acelerando consideravelmente as batidas
do meu coração.

Quando finalmente abri os olhos, parei de respirar.

Todo o ambiente estava envolto em uma luz azul, que imediatamente


aqueceu meu corpo. Meus olhos percorreram todo o lugar como se
quisessem absorver de uma única vez toda a maravilha que era aquele
lugar: a cama, imensa e convidativa, era – literalmente! - suspensa no ar.
Havia uma caixa de vidro que servia de armário, onde dois roupões
visivelmente confortáveis estavam guardados, prontos para serem usados.
E tinha o teto.

O teto era negro, assim como o chão. Como se estivéssemos em um tipo de


planetário particular, diversos pontos de luz brilhavam no teto e refletiam-
se no piso escuro, criando a ilusão de que estávamos no meio do espaço; a
sensação era de que nossos corpos haviam sido carregados para um
universo paralelo, e que a única coisa que havia ao nosso redor eram as
estrelas.

Milhões de estrelas.

- Qu-que sentido esse quarto representa?

As palavras saíram débeis de meus lábios. Senti Edward aproximando-se


por minhas costas, e quando o corpo dele colou-se totalmente ao meu, sua
ereção já formada encostando-se em minha bunda, bloqueei um gemido
mordendo o lábio inferior.

- Como você caracterizaria o momento em que goza, Bella? Diga, em uma


única palavra.

A voz rouca surgiu muito próxima ao meu ouvido, e mais uma vez todos os
poros do meu corpo arrepiaram-se.

Fechei os olhos, pensando no que responder. Deus, como eu caracterizaria o


momento em que gozo? Como eu classificaria aqueles míseros segundos
em que meu corpo atingia um estado de dormência, em que todos os meus
sentidos ficavam obsoletos e em que o mundo poderia acabar, sem que eu
me importasse ou mesmo tivesse ciência do fato?

- Êxtase. - Falei, antes mesmo que eu tivesse total certeza de que essa era a
melhor resposta.
A respiração de Edward batia em meu pescoço, e senti quando ela
aumentou de ritmo.

- Ótimo. Êxtase. Não poderia ter escolhido classificação melhor. Você sabe
o que de fato significa essa palavra, Bella? – Suas mãos seguraram minha
cintura e começaram a desatar o laço da corda que prendia meu roupão.

Neguei com a cabeça. Naquele momento eu não sabia mais de


absolutamente nada. A única coisa de que tinha total ciência era da
proximidade do corpo de Edward; do cheiro delicioso que ele exalava; e de
como minha vontade era de sentí-lo mais uma vez dentro de mim.

- Êxtase significa, nada menos, do que a excitação dos sentidos. Significa o


entusiasmo emocional com ocorrência de perda de consciência individual.
Então, utilizando-me do adjetivo escolhido por você, digamos que esse
quarto possui como finalidade otimizar um sexto sentido existente em sua
mente e fazer com que a sensação passageira do orgasmo multiplique-se
por minutos... Ou horas. Esse quarto tem como finalidade fazer com que
cada segundo seja puro êxtase.

- Oh, Deus.

Meu roupão deslizou por meu corpo e caiu aos meus pés. As mãos de
Edward seguraram meus seios, os dedos apertando suavemente meus
mamilos, minha cabeça tombando para trás e encostando-se em seu peito,
minha respiração entrecortada.

- Sabe como muitas pessoas nomeiam esse sexto – e último – sentido,


Bella?

Mais uma vez neguei silenciosamente com a cabeça. Edward segurou meus
braços e girou meu corpo, colocando-me de frente para ele. Seus olhos
percorreram meu corpo nu enquanto sua língua umedecia seus lábios, e um
espasmo curto de expectativa percorreu meu corpo àquele gesto. Então os
olhos intensamente verdes conectaram-se aos meus e meu coração falhou
uma batida.

- Amor. - Ele murmurou.

Meus joelhos cederam. Edward segurou minha cintura, seus lábios


imediatamente tomando os meus, nossas línguas se encontrando. Minhas
mãos buscaram a abertura de seu roupão e embrenharam-se por baixo do
tecido macio, minhas unhas arranhando levemente sua pele, fazendo
Edward gemer contra minha boca.

Nós caminhamos sem parar para respirar. Abri meus olhos quando Edward
ergueu meu corpo e então meus pés ficaram pendentes no ar quando sentei-
me na cama suspensa. O colchão era incrivelmente macio, como se fosse
recheado de ar, e os lençóis de seda receberam minha pele como se fosse
um amante sedento.

- Feche os olhos, Bella. Feche os olhos e se entregue para mim... Eu quero


você completamente entregue para mim, como se apenas nós dois
existíssemos no universo.

As “estrelas” abraçavam nossos corpos e foi com facilidade que anuí à


ordem de Edward, permitindo que minha consciência se esvaísse e
adentrasse em outra dimensão.

CAPÍTULO XVIII – Explorando os sentidos – quarta parte – O


SEXTO SENTIDO – CONTINUAÇÃO

Quando eu já estava completamente estirada sobre o colchão macio,


Edward tirou o roupão e utilizou uma pequena banqueta de couro branca e
também subiu na cama suspensa. Ele deitou-se sobre mim, o peso de seu
corpo incrivelmente reconfortante, e com uma delicadeza surpreendente
acariciou meu rosto.
O rosto dele estava tão próximo do meu que sua respiração roçava em
minha pele e seu hálito singular e delicioso me deixava inebriada. O teto
estrelado emoldurava sua face perfeita, fazendo com que ele parecesse
vagar na imensidão, vindo diretamente de meus sonhos mais divinos.
Ali, mais do que nunca, Edward parecia um verdadeiro Deus.
Levantei lentamente minha mão – como se tivesse medo que aquela
imagem desaparecesse de repente – e toquei seu rosto com a ponta dos
dedos, traçando suavemente as linhas de sua face. Edward fechou os olhos,
enquanto eu percorria sua sobrancelha, descia pela lateral de seu rosto
encontrando a linha bem demarcada de seu maxilar e, sem seguida,
acariciava seus lábios fechados.
- De uma forma estranha, eu não queria que acabasse. – Falei.
Edward demorou um longo segundo para abrir os olhos. Quando
finalmente o fez, havia algo diferente ali; não sabia bem o que era, mas uma
esperança alucinante surgiu em meu peito, desejando que fosse tristeza...
Desejando que Edward se sentisse da mesma forma; que ele também
estivesse adorando cada segundo que passávamos juntos e que gostaria que
durasse para sempre, ainda que soubesse que esse sonho – sim, o que mais
seria senão um sonho? – jamais pudesse se concretizar.
- Então vamos aproveitar o máximo o agora. – Ele falou, por fim.
Sua boca colou-se à minha mais uma vez naquela noite. Dessa vez, porém,
sua língua trabalhava lentamente, massageando a minha própria língua com
cuidado, percorrendo todo o espaço existente em minha boca. Minhas
unhas cravaram-se levemente em suas costas enquanto a ponta de sua
língua tocava meu céu da boca, passando para as paredes internas de
minhas bochechas, em seguida enroscando-se novamente em minha língua.
Não faço idéia de por quanto tempo ficamos assim: apenas deliciando-se
com o sabor um do outro, com a sensação espetacular – bem, pelo menos
para mim era espetacular – daquele gesto íntimo. Nossas respirações saíam
de nossos corpos em uníssono, e nem para buscar oxigênio nós nos
desvencilhamos.
Edward finalmente pareceu ter se saciado de meu beijo. Seus lábios
correram para meu pescoço, lentamente, largando sobre minha pele quente
diversos de beijos úmidos e extremamente sensuais, que fizeram todos os
meus poros arrepiarem-se. Ele desceu ainda mais, seu corpo escorregando
pelo meu, sua boca encontrando a curva de meus seios. Suas mãos
imediatamente seguraram meus seios, ainda com delicadeza, e sua língua
circundou minha auréola direita, e em seguida ele chupou meu bico
intumescido, arrancando um gemido rouco de minha garganta.
- Hum, Edward...
Arqueei as costas, elevando meus seios em sua direção. Edward usou as
mãos para uni-los, e agora sua boca estava mais faminta, alterando de um
para o outro, deixando rastros úmidos de saliva sobre minha carne. O
músculo entre minhas pernas pulsava incansavelmente, e eu já podia sentir
o tesão lambuzando a parte inferior de minhas coxas, demonstrando o quão
pronta eu já estava; deixando claro que eu ansiava por recebe-lo, mais uma
vez.
Como se adivinhasse, uma das mãos de Edward seguiu para o meio de
minhas pernas. Seus dedos atingiram primeiro o músculo pulsante, que
àquela altura estava tão inchado que seu mísero toque me fez gemer. Em
seguida, os dedos ágeis desceram por meu sexo, encontrando minha entrada
encharcada e afastando minhas dobras com cuidado, o tesão que escorria
facilitando sua entrada sorrateira em meu organismo.
- Adoro isso... – Ele gemeu em meu ouvido. – Sempre pronta para mim.
Plantei meus pés sobre o colchão e ergui meu quadril. Os dedos de Edward
enterraram-se ainda mais fundo, e sua boca devorava meus seios ainda com
mais fervor. Agarrei-me aos seus cabelos cor de bronze e fechei os olhos, e
antes que eu tivesse ciência de meu gesto eu estava empurrando-o para
baixo; estava forçando-o a ir para onde eu queria senti-lo.
Claro que ele entendeu.
Edward continuou descendo pelo meu corpo. Sua boca em momento
nenhum afastou-se de mim: gemi a cada centímetro em que ele deixava
beijos lânguidos e entreabertos, e gemia ainda mais alto quando, vez ou
outra, seus dentes arranhavam com cuidado minha pele. A boca ultrapassou
minha cintura, passou por meu umbigo – onde demorou-se por tempo
suficiente para quase me deixar maluca -, e quando finalmente suas mãos
seguraram minha cintura, o rosto de Edward sumiu entre minhas pernas e
sua língua quente e macia encontrou meu sexo.
Ele tocou suavemente meu músculo, o que me fez quase berrar implorando
por mais – eu precisava urgentemente de alívio, e aquele mísero toque só
servira para aumentar meu desespero. Meus dedos apertaram com mais
força seus cabelos, forçando seu rosto contra meu corpo, e então a língua
profissional percorreu toda a minha extensão, fazendo meu corpo tremer.
Ele penetrava minha entrada, às vezes lentamente e às vezes com mais
vigor, e sem aviso voltava a subir um pouco, chupando meu clitóris e o
mordendo suavemente. Quando Edward olhou para cima, e conectou o
olhar ao meu enquanto permanecia me chupando, meu corpo não agüentou
e convulsionou.
Apenas quando teve certeza de que já havia limpado todo o tesão que havia
escorrido de meu organismo, Edward afastou-se. Ele voltou a subir e eu
podia sentir seu membro completamente duro entre minhas coxas, nossas
pernas entrelaçadas. Quando senti a cabeça posicionada em minha entrada,
segurei mais uma vez seus cabelos e o fiz olhar para mim.
- Espera... Eu quero... Eu quero sentir seu sabor, também.
Edward levantou-se e ajoelhou-se na cama à minha frente. Seu membro
imenso estava inchado e tinha a ponta vermelha, suculenta, que me fez
salivar. Fiquei de quatro à sua frente. Uma onda de calor percorreu meu
organismo quando vi o olhar de Edward analisando meu corpo naquela
posição, e tremi em expectativa quando ele segurou meus cabelos em um
rabo e aproximou o quadril de mim, seu membro pelando encostando em
minha boca.
Tirei uma das mãos do colchão e segurei sua base. Lambi vagarosamente
sua glande, limpando algumas gotas de seu tesão que teimavam em escapar,
e o sabor que emanava dele só me fez ansiar por mais. Como se também
não pudesse mais resistir, Edward puxou meu rosto para frente, e seu pau
penetrou em minha boca devagar, meus dentes arranhando levemente sua
carne macia e saborosa.
Ele começou a estocar em minha boca, seus dedos segurando com mais
força meus cabelos. Levantei a outra mão, mantendo-me apenas em meus
joelhos, e segurei sua bunda, forçando seu pau ainda para mais dentro de
mim, a cabeça encostando na parede de minha garganta, impedindo a
entrada de ar e me fazendo engasgar. Olhei para cima e Edward tinha a
cabeça jogada para trás, as veias de sua garganta pulsavam e seu abdômen
tinha os músculos completamente enrijecidos.
Num movimento rápido, Edward me puxou pelos cabelos e me ergueu. Sua
boca tomou a minha, mas dessa vez não havia nenhum sinal de calmaria ou
tranquilidade: nosso beijo era ânsia e desejo, e nossas línguas se
enroscavam de maneira quase violenta. Ele foi para trás de mim, colando o
corpo ao meu, seu pau pulsante colando-se ao meu corpo, e quando uma
das mãos espalmou-se em minhas costas eu tombei para frente, voltando a
ficar de quatro.
Edward inclinou o corpo sobre o meu. Uma de suas mãos segurava minha
cintura e a outra apertou meu seio, e deixei que minha cabeça tombasse
para frente. Como se não tivesse gostado de minha reação, a mão que
segurava minha cintura segurou meus cabelos e puxou minha cabeça para
trás, a boca de Edward sugando o lóbulo de minha orelha.
- Quero você de olhos bem abertos... Quero você olhando enquanto eu te
como.
Dessa vez eu não consegui obedecer. Assim que o sotaque britânico
penetrou em meu ouvido eu fechei os olhos, vencida. Mas então uma luz
diferente ultrapassou minhas pálpebras e a curiosidade me invadiu.
Quando abri os olhos, meus joelhos cederam, e quase caí de barriga sobre
o colchão.
A enorme TV de LCD que estava pregada a parede estava acesa. E, para a
minha total surpresa, a imagem que aparecia ali era completamente
enlouquecedora.
Edward e eu. Eu à sua frente, de quatro, a imagem perfeita da insanidade,
com as bochechas completamente vermelhas e o corpo coberto por uma
fina camada de suor. Edward em pé atrás de mim, a mão segurando meu
cabelo em um rabo, e seu olhar me consumia.
- Quero que você não desgrude os olhos dessa imagem por um segundo
sequer, Bella. Quero olhar para você e ver todas as suas reações enquanto
meu pau arromba seu corpo pequeno e apertado.
Eu gemi.Minhas mãos fecharam-se em torno do lençol de seda,
arrancando-o do colchão e repuxando-o para perto de mim. Edward
segurou novamente minha cintura com uma mão, mantendo firmemente
meus cabelos em um rabo com a outra, e quando ele me penetrou um calor
quase abrasador percorreu cada célula do meu organismo. Os dedos dos
meus pés se fecharam, e eu fiz uma força inacreditável para manter os olhos
abertos.
- Porra, Bella...
Ele gemia, estocava e rosnava, e em nenhum momento desconectava o
olhar do meu. Encarar a imagem de nossos corpos se fundindo era
terrivelmente sexy, com meus seios balançando no ritmo de suas estocadas
e o barulho de nossos corpos se encontrando ecoando pelo ar, misturando-
se aos gemidos que escapavam de nossas gargantas.
Quando ele parou, vi pela imagem que um ponto de interrogação se
formou em meu rosto. O maxilar perfeito estava trincado, e por um segundo
curto nossos olhares se perderam, quando Edward olhou para baixo, na
direção de minha bunda.
Senti com angústia quando Edward retirou-se de meu corpo. Minha
respiração estava pesada e mordi meu lábio inferior, segurando-me para não
reclamar de sua ausência. Quando Edward voltou a fixar o olhar verde
escuro de tesão no meu, quase desfaleci.
- Sabe o que eu vou fazer agora, Bella? – Neguei com a cabeça, alguns fios
grudando-se ao suor que havia em meu rosto.
Edward posicionou o pau no ponto entre minhas nádegas. Só Deus sabe a
força que fiz para não fechar os olhos. Mas eu não queria perder nem um
único segundo, então venci a batalha.
- Vou enfiar meu pau nesse seu rabinho apertado, e você vai observar meus
movimentos durante cada centímetro que me aposso de seu corpo.
Gemi. Edward levou os dedos até meu sexo, colhendo meu tesão e
imediatamente espalhando-o sobre o local que estava prestes a tomar.
- Eu não preciso usar nenhum tipo de lubrificante em você, sabia? – Sua
voz era quase um sussurro, tão rouca estava de excitação. – Você está tão
molhada, tão louca para me dar, que apenas seu tesão já facilita minha
entrada.
Então ele enfiou um dedo. Vagarosamente, como se fosse algum tipo de
tortura medieval, como se quisesse exaurir todas as forças do meu corpo.
Empurrei meu quadril para trás, tentando acelerar o processo.
- Você está maluca de tesão, não é? Está se empurrando contra meus dedos.
– Então ele enfiou mais um.
E um terceiro.
Ele enfiava e retirava, dessa vez com um ritmo mais intenso. As juntas dos
meus dedos estavam brancas, tamanha força com que eu me agarrava ao
colchão. Edward mordia o lábio inferior e eu já não conseguia mais decifrar
o tom de seus olhos através da tele de LCD – não sei se porque estavam
quase negros de tesão ou porque estavam escondidos atrás da fenda estreita
que suas pálpebras criavam.
- Edward...
- Hum?
Concentrei todas as energias para que ele entendesse não apenas pelo meu
tom de voz, mas também pelo meu olhar.
- Eu preciso que você me coma. Agora.
Minha jogada deu certo. Edward retirou os dedos, aconchegando seu
quadril próximo de minha bunda. Suas mãos seguraram as minhas nádegas,
abrindo-as, e a cabeça pulsante de seu pau posicionou-se pelo lugar de meu
corpo que, àquela altura, urrava por recebê-lo. Ele enfiou-se lentamente, e
dessa vez eu pude ver no seu olhar que não estava me torturando; apenas
conhecia bem seu tamanho e queria ser cuidadoso comigo, apesar de saber
que tal fato quase acabava com sua sanidade.
Quando finalmente meu corpo envolveu-o por completo, Edward inclinou-
se sobre mim. Nossas respirações estavam aceleradas e nossos olhares fixos
um no outro através da tela. Ele colou a boca em meu ouvido.
- Está sentindo, Bella? Está sentindo meu pau completamente dentro de
você? Vê o que eu faço com seu corpo? Sente como ele reage a mim de
uma forma como nunca reagirá a mais ninguém?
- Ninguém jamais terá sobre mim o poder que você tem, Edward.
Minha voz soou com uma convicção tão grande, que até mesmo eu me
surpreendi.
Edward rosnou. Começou a estocar com força, levantando o tronco e
segurando minha cintura, e a cada investida ele penetrava mais fundo em
meu corpo. Quando ele sentiu meu músculo apertando o dele e entendeu
que eu ia gozar, ele gemeu.

- Isso, Bella. Goza comigo, amor.


Então ele perdeu a batalha: ao mesmo tempo em que meus olhos
arregalaram-se, a saliva descendo rasgando minha garganta, Edward cerrou
as pálpebras, jogando a cabeça para trás e gemendo alto e demoradamente
enquanto seu gozo me invadia, aquecendo meu organismo.
Aos poucos ele foi parando de se mover. Seu tórax definido subia e descia
rapidamente ainda, e quando ele voltou a me encarar pela tela, percebi que
havia algo diferente em sua fisionomia.
Deus, o que seria? Alívio? Arrependimento? Sensação de libertação?
Eu não conseguia definir.
Ele se deitou e me puxou para perto de seu corpo. Deitei em seu peito, seus
dedos escovando meus cabelos, e senti quando sua respiração foi se
acalmando, vagarosamente.
Então eu percebi que não importava. Não importava se aquela seria a
última vez que ficássemos juntos, ou que um pedaço de mim morreria
quando tivesse que me afastar dele – pois eu sabia que essa hora chegaria.
A única coisa que importava era que ali, naquele hotel mágico, naquele
quarto dos sonhos, Edward havia me amado, ainda que por um breve
segundo.
Isso era mais do que eu poderia desejar e me bastava.
Pelo menos por hora.

CAPÍTULO XIX – Data marcada

POV DE EDWARD

Deixei Bella em casa assim que chagamos em São Francisco. Odiei a forma
como meu corpo reagiu ao afastar-se dela: um aperto incômodo sufocava
meu peito e minha mente vagava para sua imagem de minuto a minuto.

Estava entrando na garagem do meu prédio quando o meu celular tocou.


Uma voz feminina anunciou que o Sr. Whitlock gostaria de me falar, em
seguida me colocando em uma irritante música de espera enquanto
transferia a ligação. Parei o carro na primeira vaga que vi, desligando o
som. Era bom saber que Jasper já retornara de sua viagem de negócios.

- Edward.

- Boa tarde, Jasper.

- Sim, boa. Acabo de chegar em São Francisco. Ocorre que não estou
conseguindo entrar em contato com Tânia e gostaria de contratar o serviço
do clube para amanhã à noite.

Fechei os olhos, preocupado com o duelo de sentimentos que inundara


meus pensamentos àquele pedido: por um lado, o plano seria colocado em
prática mais rápido do que eu imaginava, o que me deixava aliviado; por
outro, eu iria me afastar de Isabella mais rápido do que imaginava, também.

“Mais rápido do que gostaria, você quer dizer, não é?”

- Claro, Jasper. – Ignorei meu subconsciente, apertando o topo do nariz


entre os dedos. – Tem alguma preferência?

- Hum... Cindy estaria livre?

Apertei o aparelho com força entre os dedos, espremendo minhas pálpebras


com tanta força que pontos brancos surgiram em meus olhos.

- Já lhe informei que Cindy agora é exclusiva, Jasper. Quando – e se – ela


ficar disponível, você será devidamente comunicado.

Fez-se silêncio na linha por um longo segundo. Engoli em seco, segurando


minha raiva para não mandar Jasper Whitlock para a puta que pariu.

- Certo. Então, vejamos... Rosalie estaria disponível para amanhã?

- Um minuto. - Tirei o aparelho do ouvido e pousei a mão no colo,


deixando que Jasper aguardasse por alguns segundos. Recostei a cabeça no
banco e respirei fundo. – Ok, Jasper. Rosalie está disponível para amanhã à
noite, sim.

- Ótimo. Enviarei o endereço para seu e-mail.

- Tudo bem.

- Boa tarde, Cullen.

Desliguei sem responder. Procurei o número de Tânia na discagem rápida


de meu celular, e não fiquei surpreso quando a ligação foi completada e ela
atendeu, só confirmando minha suspeita de que o filho da puta havia ligado
diretamente para mim apenas para me irritar. Comuniquei-a sobre o
agendamento de Jasper para o dia seguinte e quando encerrei a ligação
voltei a ligar o carro, tornando a sair da garagem para a tarde ensolarada
que fazia em São Francisco.
Dirigi no piloto automático. A imagem de Isabella não saía de minha mente,
e me perguntei até quando eu teria que lidar com aquele “protetor de tela”.

Êxtase significa, nada menos, do que a excitação dos sentidos. Significa o


entusiasmo emocional com ocorrência de perda de consciência individual.
Então, utilizando-me do adjetivo escolhido por você, digamos que esse
quarto possui como finalidade otimizar um sexto sentido existente em sua
mente e fazer com que a sensação passageira do orgasmo multiplique-se
por minutos... Ou horas. Esse quarto tem como finalidade fazer com que
cada segundo seja puro êxtase.
Sabe como muitas pessoas nomeiam esse sexto – e último – sentido, Bella?
Amor.

“Isso, Bella. Goza comigo, amor.”

Merda. O que diabos havia dado em mim? Onde eu estava com a porra da
cabeça para falar essas coisas... Para chamar Isabella de amor?

“Você não se cansa de tentar se enganar, não?”

Balancei a cabeça. Eu já havia chegado ao meu destino, e desci do carro,


ligando o alarme, os vidros das janelas subindo automaticamente às minhas
costas. Entrei no pequeno prédio – que mais parecia um sobrado – e subi os
dois lances de escada até chegar em frente à porta que eu queria. A
campainha estava com defeito – não poderia ser diferente; tudo ali estava
em estado deplorável -, motivo pelo qual bati firmemente á porta e
aguardei.

- Quem é? - Revirei os olhos. Não queria acreditar no que ouvia. – Quem


é...?

A porta se abriu e Emmett surgiu pela fresta, uma toalha enrolada na cintura
e um copo de whisky na mão.
- Posso saber que porra você está fazendo aqui, Emmett? – Minha voz saiu
menos nervosa do que eu gostaria.

- Engraçado, Edward. Eu ia te perguntar a mesma coisa.

- Você não devia estar aqui. – Falei.

- E você não devia ter pego seu jatinho particular e fugido com Isabella
para uma lua-de-mel. Ou seja: acho que você não está em posição de me
recriminar.

Expirei o ar com força.

- Preciso falar com Rosalie. – Forcei a entrada, mas Emmett me impediu. –


Sai da frente, Emmett.

- Você sabe que não concordo com isso, não é? – A voz dele era fria e
impassível. Era como estar me encarando em um espelho.

- Foda-se. Não estou pedindo sua autorização. Agora, sai da frente.

Forcei de novo a entrada e, dessa vez, Emmett cedeu. Rosalie estava parada
na porta que dava para uma pequena cozinha, encostada no batente, os
braços cruzados e o pé direito plantado na batata da perna esquerda, como
se estivesse no meio de uma aula de Ioga.
- Rosalie. – Falei, acenando com a cabeça e me sentando no sofá, sem
esperar um convite para tanto. – Boa tarde.

- Olá, Edward. Aceita beber alguma coisa?

Apontei com o queixo para a mão de Emmett, que havia fechado a porta e
estava parado próximo à ela.

- Pode ser uma dose como a dele. Obrigada.

O silêncio reinou enquanto Rosalie preparava meu drink. Emmett


continuava a me encarar enfurecidamente e, estranhamente, eu não me
incomodei. Imaginei se a situação fosse o contrário: se Emmett estivesse
requisitando Isabella para um trabalho em que ela correria risco, ainda que
minimamente, e a constatação que se seguiu fez com que eu parasse de
respirar por alguns segundos.

Porque, se isso acontecesse, eu seria capaz de matá-lo.

Rosalie entregou-me um copo, e eu sorvi um longo gole, a bebida quente


imediatamente conseguindo acalmar um pouco meu estado.

- Jasper acaba de me telefonar, Rosalie. – Comecei a falar, olhando


diretamente para ela. – Ele requisitou sua presença para amanhã à noite.

- Amanhã?!?! – Emmett levantou a voz e parou ao lado da mulher loira,


que continuava com a expressão serena. Ou ela era realmente uma artista,
ou realmente estava confiante de que nosso plano ousado daria certo. – É
muito cedo.

- Emm... – Rosalie virou-se para meu irmão, erguendo ligeiramente o


queixo para olhá-lo. Suas mãos espalmaram-se no peito musculoso, os
dedos acariciando levemente sua pele. Desviei os olhos quando Emmett
afagou seu braço carinhosamente; aquela cena era íntima demais, e isso era
algo com o qual eu definitivamente não estava acostumado. – Para quê
adiar o inadiável? Quanto mais cedo, melhor.

- Não gosto de saber que você ficará sozinha com Whitlock, Rose. –
Emmett virou-se para mim. – Você vai estar por perto?

Assenti com a cabeça.

- Sim, vou. Estarei junto com meus contatos da polícia.

- Eu irei junto.

Olhei para ele, em seguida encarando Rosalie. Assenti mais uma vez.
- Tudo bem, se isso fará com que você fique mais tranqüilo.

Emmett engoliu em seco e tornou a olhar para Rosalie.

- Não... – Ele disse, e sua voz doce soou completamente irreconhecível aos
meus ouvidos. – Eu só ficarei tranqüilo quando Rosalie sair de lá, sã e
salva, e de preferência com aquele filho da puta indo direto para a cadeia.

Rosalie sorriu e abraçou Emmett. Então eles finalmente voltaram a atenção


para mim e para o que eu tinha para dizer, e só saí dali, deixando Emmett
para trás, quando todos os detalhes estavam esquematizados.

POV DE BELLA

Após a noite espetacular no quarto dos sonhos, finalmente eu havia voltado


à realidade.
Estava sentada na poltrona de couro rasgada do quarto de Chase, olhando
para o teto e repassando em minha mente todos os segundos em que havia
passado com Edward.
E, claro, o momento em que ele me chamara de “amor” ficava martelando
em meu cérebro de segundo em segundo.
O toque de meu celular tirou-me de meus devaneios.
- Alô.
- Cindy? Hay, garota, é Rosalie!
Ajeitei meu corpo na poltrona, colocando os pés no chão.
- Oi, Rose! Tudo bem?
- Sim, sim... Como foi a viagem? - Me perguntei como Rosalie sabia da
viagem, já que eu havia sido pega de surpresa, e por esse motivo não tinha
avisado ninguém. Mas ela logo esclareceu. – Edward acaba de sair daqui.

- E-edward estava aí? – Senti uma pontada de ciúmes. – O que ele queria?

- Veio me comunicar que Jasper entrou em contato com ele. Marcou um


encontro para amanhã à noite. Ficou de enviar o endereço mais tarde, por
e-mail.

Fiquei de pé e comecei a caminhar de um lado para o outro no pequeno


quarto.

- Amanhã, hã? Nossa, não esperava que fosse tão rápido.


- Pois é! Mas é melhor assim, né? É melhor arrancarmos logo esse
curativo e encerrarmos logo essa história. É hora de virar a página.
Fechei os olhos, tentando dominar a dor quase dilacerante que surgiu em
meu peito ao escutar aquelas palavras.
Era hora de encerrar logo aquela história. Era hora de virar a página.

"Acabou.”

- Você já sabe o horário, Rose? – Perguntei, controlando minha voz, que


havia ficado embargada.
- Ainda não. Mas acredito que ele não demorará a enviar o tal e-mail para
Edward.

- Hum, ok. Me ligue quando souber, tudo bem? Como te disse, quero estar
aí para te ajudar a se aprontar, para acalmá-la... O tipo de coisa que só uma
outra mulher sabe fazer.
As palavras soarem falsas até mesmo para os meus ouvidos, mas Rosalie
assentiu e concordou sem dificuldade.
Só restava saber se ela realmente havia acreditado e se estava grata por
minha solidariedade, ou se, no fundo, ela sabia o que eu tinha em mente.
Se, no fundo, ela sabia que quem iria encontrar-se com Jasper Whitlock era
eu.
CAPÍTULO XX – Armadilha

Respirei fundo, procurando acalmar minha ansiedade. A imagem refletida


no espelho era praticamente irreconhecível para mim, e exatamente por isso
demorei alguns longos segundos analisando-a, buscando qualquer detalhe
que me demonstrasse que nem tudo havia mudado.
Sim, os olhos verdes e grandes ainda iluminavam meu rosto, mas agora eles
tinham um certo ar misterioso; não eram mais os olhos da menina de cidade
pequena cuja maior preocupação era tirar boas notas e agir com
responsabilidade em seu trabalho de meio período. Meus cabelos castanhos,
caídos soltos e ligeiramente ondulados sobre meus ombros, não
emolduravam mais a face de uma garota inocente e romântica: agora eles
pareciam fazer parte de uma fantasia sensual e provocante.
Sensual e provocante. Eu havia alcançado meu objetivo.
Após a ligação de Rosalie, eu havia ficado extremamente tensa. A
apreensão do que aconteceria no dia seguinte não tinha deixado que eu
descansasse durante a noite, e a ausência de notícias de Edward também
não ajudava com minha ansiedade. A única notícia que tivera dele, desde o
momento em que me deixou em casa quando retornamos para São
Francisco, foi uma mensagem de texto, que dizia: “Descanse essa noite.
Amanhã, tudo será resolvido.”
Apenas isso. Nem uma menção sobre horário, local ou detalhes sobre a
armadilha tão esperada. Tentando manter minha cabeça ocupada, fui até um
shopping próximo e comprei algumas coisas que julguei serem necessárias
para a minha participação. A ligação de Rosalie, na noite de ontem,
informando onde seria o encontro com Jasper Whitlock, apenas aumentou o
meu nervosismo, mas não deixei que isso transparecesse: apenas assenti e
disse que passaria em sua casa para ajudá-la com os detalhes.
Fechei a bolsa que estava na mesa e voltei a olhar no espelho. O espartilho
vermelho que eu escolhera era lindo, com suas rendas delicadas e
amarração de seda nas costas. Ajeitei rapidamente a cinta-liga antes de
calçar os sapatos de salto, também vermelhos. Se a imagem anterior já não
me era familiar, dessa vez o espelho mostrou-me uma outra pessoa.
Cindy.

Senti meus olhos encherem-se de lágrimas e respirei fundo. Eu sabia, desde


o início, que minha empreitada era audaciosa e que não seria fácil, de forma
alguma. Contudo, apaixonar-me irrevogavelmente por Edward não estava
nos planos, e saber que, a cada segundo, o momento de me afastar-me dele
para sempre se aproximava, deixava meu coração em frangalhos.

Peguei um sobretudo preto, amarrei com força a faixa em minha cintura e


peguei minha bolsa. Minha mão parou no interruptor de luz, enquanto meus
olhos corriam pelo pequeno quarto que me servira de abrigo.
De você eu não sentirei falta.
Falei sozinha antes de apagar a luz e sair, batendo a porta atrás de mim sem
nenhuma intenção de retornar.

***

- A quem devo anunciar?


- Cindy.
- Um minuto por gentileza, Senhorita Cindy. - O homem uniformizado e
com um sorriso gentil segurava o interfone e apertou o número do
apartamento. - Boa noite, Senhor. A Senhorita Cindy está na recepção e
deseja subir. Exato. Sim, com certeza. Boa noite, Senhor. - Ele desligou o
interfone e me encarou. - Pode subir, Senhorita.
- Muito obrigada. Boa noite.
Meus saltos ecoavam no lustroso chão de ônix da portaria luxuosa. Apertei
o botão do elevador e deixei que minha atenção se focasse no visor de
números, enquanto ajeitava a alça de minha bolsa – que parecia pesar cem
quilos - em meus ombros. Finalmente o elevador chegou, e percorreu
silenciosa e rapidamente toda a distância até a cobertura.
Quando as portas douradas se abriram, meu coração parou de bater.
Edward estava parado, as duas mãos nos bolsos da calça, o queixo
levemente arqueado e o olhar verde em fenda. Engoli em seco, baixando
meu olhar para meus pés, deixando que a sanidade voltasse aos poucos;
deixando que, lentamente, o oxigênio voltasse a circular em meu cérebro.
Deus, apenas um dia sem vê-lo e podia jurar que ele estava ainda mais
perfeito. Minha memória não lhe fazia jus.
- Bella? O que você está fazendo aqui?
Voltei a encará-lo. Saí do elevador, entrando na sala de sua casa, e parei
próximo à ele. Respirei fundo, inalando o cheiro singular que o corpo dele
emanava, ao mesmo tempo em que tomava coragem para falar o que havia
programado desde o momento em que recebi a ligação de Rosalie, no dia
anterior.
- Eu vim porque queria te ver antes de você sair para por um fim nessa
história... Eu queria me despedir de você. - Os olhos verdes e profundos
percorriam meu rosto e queimavam minha pele. - E, Edward...
- Hum?
Aproximei-me ainda mais. Edward mordeu a parte interna de suas
bochechas, e eu sabia que ele estava surpreso por minha atitude. Sabia,
também – e o volume que senti em seu quadril quando colei nossos corpos
só serviu para corroborar isso -, que ele estava gostando.
- Hoje eu sou a Cindy.
- Porra, Bel... - Olhei seriamente para ele, cortando sua frase no meio. Eu
queria que ele entendesse que, naquele momento, pela primeira vez desde
que havíamos nos conhecido, eu estava no comando. Ele faria o que eu
quisesse, e como eu quisesse. - Porra.
Um sorriso malicioso surgiu em meus lábios quando ele se rendeu. Segurei
sua mão e fiquei na ponta dos pés – mesmo com o salto altíssimo, eu ainda
era mais baixa que ele -, colando meus lábios ao lóbulo de sua orelha.

- Vem comigo.
Comecei a andar pelo apartamento que eu já conhecia de cor. Edward me
seguiu em silêncio, e a tensão que havia entre nossos corpos era
literalmente eletrizante. Eu podia sentir todos os poros do meu corpo
arrepiados, todas as minhas células ansiando por seu toque. Chegamos em
frente a porta e eu a abri, entrando no quarto de Edward com ele em meu
encalço. Fechei a porta e acendi a luz, regulando a luminosidade pelo
interruptor até que o quarto ficasse em uma penumbra agradável.
Olhei por cima do meu ombro, através dos fios de meu cabelo. Edward
tinha o maxilar trincado e uma de suas mãos apertou instintivamente seu
membro sob os jeans.
- Porque você não deita na cama, Edward?
Ele permaneceu por um longo segundo parado. Então ele finalmente se
moveu e sentou-se na cama, as costas encostadas na cabeceira e os braços
cruzados sobre o peito. Andei até o centro do quarto e me virei para ele. O
único som audível eram as nossas respirações, que àquela altura já estavam
descompassadas.
Minha mão seguiu lentamente para a faixa de meu sobretudo, acompanhada
pelo olhar sedento de Edward. Desfiz o laço vagarosamente, e foi dessa
forma que abri o casaco, deixando que ele escorregasse por meus ombros e
caísse no chão, aos meus pés, revelando a roupa ousada que eu vestia por
baixo.

- Puta que... - Edward mordeu o lábio inferior, cortando o gemido no meio,


gesto que me fez sorrir de satisfação.
O olhar dele percorria cada centímetro do meu corpo, repleto de luxúria e
desejo, e eu já podia sentir o calor no meu ventre aumentar, em conjunto
com a pulsação crescente do músculo entre minhas pernas. Minhas mãos
pareciam ter vida própria, e começaram a passear por minha pele,
começando pelas coxas e pairando sobre meus seios, roubando um rosnado
constante de Edward.
Subi na cama de joelhos e engatinhei em direção a ele. Meus dedos
buscaram os botões de sua camisa preta, começando a despi-lo.
- Hoje eu gostaria de tentar algo diferente. - Minha voz era nada mais que
um sussurro. - Retribuir para você algo que você já fez comigo.
A dúvida na expressão de Edward era notória. Eu não podia perder o
controle. Lambi seu lábio inferior, a mão de Edward imediatamente
segurando meu pescoço e me puxando para mais perto.
- Confia em mim. - Sussurrei em seus lábios.
Edward deixou a cabeça tombar para trás, gesto que entendi como um
consentimento mudo. Acabei de tirar sua camisa e afastei-me dele, saindo
da cama e indo até minha bolsa, retirando de lá duas algemas prateadas que
eu havia comprado no meu passeio ao shopping no dia anterior. Virei-me
lentamente. O olhar de Edward recaiu sobre os apetrechos, e não consegui
decifrar o que sua fisionomia dizia: se ele havia ficado irritado com a idéia,
ou se simplesmente estava tremendo levemente em expectativa.
Ele não falou nada. Dei a volta na cama, o olhar penetrante me
acompanhando a cada passo. Parei ao seu lado e segurei seu pulso,
imediatamente o prendendo à cabeceira. Dei a volta e repeti o gesto com a
outra mão. Parei por um segundo, apenas analisando aquela miragem:
Edward em sua cama imensa, sobre lençóis de seda negros, completamente
rendido à mim, pela primeira vez. Senti minha boca salivar.
Coloquei um pé sobre a cama. O olhar de Edward percorreu minha perna,
sua língua umedecendo seus lábios. Minha mão subiu pela meia calça
vermelha, ultrapassando a panturrilha, o joelho, minha coxa, e alcançou a
virilha. Meus dedos acariciaram o tecido rendado, que àquela altura já
estava completamente encharcado. Joguei o tecido para o lado e toquei o
músculo inchado, fechando os olhos pelo pequeno alívio que esse gesto me
trouxe.
- Porra, Cindy...
Sorri ao ouvir Edward me chamando de Cindy. Ele havia entrado no meu
jogo, e isso era um ponto favorável. Eu queria que nossa despedida fosse
inesquecível – para mim e para ele -, e a lembrança que eu queria guardar
da última vez entre Edward e Bella era a do quarto magnífico do hotel em
Paris. Por isso, aqui era uma outra despedida.
Era a despedida Edward e Cindy. Como tudo havia começado. Fechando
um ciclo.
Meus dedos deslizaram para dentro do meu corpo. Inclinei-me ligeiramente
para frente, a fim de facilitar o movimento. Edward gemia e arfava, o que
só aumentava minha excitação. Olhei diretamente para ele quando retirei os
dedos lambuzados e os levei até a boca, sugando-os por inteiro, minha
língua trabalhando em círculos.
- Caralho, Cindy... Quando eu pegar você, vou te chupar toda.
- Hoje o prazer é seu, Edward. Hoje, quem vai te chupar todo sou eu.
Minhas mãos correram para as laterais da minha calcinha. Movimentando
meu corpo sensualmente eu comecei a retirá-las, pisando fora delas em
seguida, ficando apenas de espartilho, cinta liga e salto alto. Edward
levantou o quadril do colchão, inconscientemente buscando por algum tipo
de alívio. Suas mãos estavam fechadas com força, as algemas marcando sua
pele.
Engatinhei em sua direção, nossos olhares conectados. Edward quebrou a
conexão, descendo para meu decote, engolindo meus seios com os olhos.
Retirei seus sapatos, calmamente, sabendo que isso estava acabando com
sua sanidade, e segui assim, devagar, enquanto retirava suas meias, sua
calça e sua boxer, recebendo uma ajuda desesperada de seu corpo para que
acabasse logo.
Quando enfim ele ficou completamente nu, prendi a respiração. Seu
membro estava tão duro que encostava na sua barriga. Seu abdômen
perfeito subia e descia, impulsionado por sua respiração ofegante.
- Fala o que você quer que eu faça. - Falei, utilizando-me da frase criada
por ele.
Ele chegou o tronco para a frente, os músculos de seus braços tensionando-
se no movimento.
- Quero que você envolva meu pau com a sua boca quente e apertada.
Quero bombear com tanta força que farei você engasgar quando alcançar
sua garganta. Agora.
- Seu desejo é uma ordem, mestre.
Minhas mãos voaram para o quadril de Edward. Envolvi seu membro com
meus dedos. Eu podia senti-lo pulsar - isso era simplesmente
enlouquecedor - e salivei por antecipação de prová-lo. Edward era
fodidamente delicioso, e seu sabor era algo que eu jamais esqueceria.
Minha mão livre seguiu para suas bolas, e Edward recostou-se novamente
na cabeceira, fechando os olhos e gemendo. Inclinei-me sobre ele, meus
lábios tocando delicadamente sua cabeça, minha língua buscando o pré-
gozo que se acumulava. Beijei levemente toda a sua extensão, molhando-o
com minha saliva, mordendo e assoprando no caminho.
- Porra, Cindy...
Edward levantou o quadril em minha direção, demonstrando que queria
mais. Obedeci prontamente, enfiando-o em minha boca, tanto quanto eu
agüentava, minha mão segurando firmemente o que não cabia. Olhei para
ele por sob minhas sobrancelhas e ele me encarava, a boca aberta, os olhos
escurecidos pelo tesão. Comecei a mover-me para cima e para baixo, minha
boca e minha mão trabalhando em conjunto enquanto eu estabelecia um
ritmo próprio, ora mais lentamente, ora com mais ânsia.
- Cindy... Caralho...
Eu podia sentir seu membro pulsando entre meus dentes e sobre minha
língua. Quando percebi que ele estava chegando ao limite, despejei um
beijo lânguido na ponta e me levantei, ficando de joelhos sobre o colchão
com ele entre minhas pernas.
- Sabe o que eu vou fazer agora, Edward? - Perguntei, tentando demonstrar
uma confiança que não existia. Não quando meu peito doía pela saudade
iminente que já corroia minha alma. Ele não respondeu, ainda em transe. -
Vou me sentar no seu pau, e você vai gozar dentro de mim.
“Pela última vez. Infelizmente.”
POV DE EDWARD

Puta que pariu. O que essa mulher estava querendo fazer comigo, afinal?

Sentir a boca dela envolvendo meu pau era terrivelmente alucinante. Ouvi-
la dizer exatamente o que pretendia fazer comigo, invertendo
momentaneamente os nossos papéis, conseguiu aumentar meu desejo de
uma forma fodidamente arrasadora. E eu pensava que isso fosse impossível.

Era isso. Isabella – ou Cindy, como ela pedira para ser chamada – queria
me destruir. Ela queria acabar comigo, aniquilar minha sanidade.
Eu sabia que tinha que sair, para encontrar-me com Emmett e Rosalie e
enfim colocarmos em prática o plano que havíamos criado. Jasper Whitlock
já devia estar se preparando para a noite que – mal sabia ele! - seria sua
ruína.

E a única coisa que eu conseguia pensar era em como eu queria enterrar-me


em Isabella; em como eu queria sentir novamente suas paredes me
apertando, em como eu queria olhar para ela enquanto ela gozava no meu
pau, para mim.
- Sabe o que eu vou fazer agora, Edward? - Sua voz rouca me fez engolir
em seco. - Vou me sentar no seu pau, e você vai gozar dentro de mim.
Sim, sim, mil vezes sim. Eu iria esporrar dentro de seu corpo, ratificando o
que eu já sabia: Bella era minha, somente minha.
Ela andou de joelhos sobre meu corpo. Meu pau roçou sua coxa no
movimento, e esse simples gesto fez com que um rosnado escapasse de
minha garganta. Isabella posicionou-se sobre meu quadril e segurou minha
base, passando a cabeça do meu pau em sua entrada encharcada, deslizando
meu membro por suas dobras lisas. Fiz um esforço imensurável para me
controlar, para somente apreciar aquela sensação magnífica, mas o tesão
que crescia em meu peito como uma fera selvagem enjaulada foi mais forte.
Levantei meu quadril, buscando mais contato, e a cabeça deslizou para
dentro do corpo de Bella, e o gemido que escapou de seus lábios fez com
que a fera só ficasse mais arredia.
Não sei se ela percebeu que eu estava quase pulando de um penhasco ou se,
simplesmente, ela também já não agüentava mais aquela provocação, mas
de repente ela sentou-se sobre mim, seu corpo macio me envolvendo por
completo até a base, se abrindo para me receber. Ela ficou completamente
imóvel sobre mim, e quando olhei para ela meus batimentos se aceleraram.

Ela estava com as mãos espalmadas em meu peito; os olhos estavam


fechados e seu lábio inferior estava entre seus dentes, e um véu de fios cor
de mogno cobriam parcialmente seu rosto perfeito. Seus seios subiam e
desciam em conjunto com sua respiração, adornados pelo decote de renda
vermelha do espartilho, e uma leve camada de suor fazia sua pele macia
brilhar.

Ela estava simplesmente divina.


Minha vontade era de segurar seu quadril e fazê-la mover-se. Meus punhos
fecharam-se, pendendo das algemas, a pele dos meus pulsos queimando
com a fricção.
- Cindy... - Controlei-me para chamá-la pelo nome que ela pedira, quando
minha vontade era dizer o sonoro “Bella”, que combinava perfeitamente
com ela.
Ela abriu os olhos. Apoiando-se nos joelhos, moveu-se lentamente,
afastando nossos quadris, meu membro saindo até a metade antes de ser
totalmente envolto por seu corpo novamente. Ficamos assim por um longo
momento, com Bella movendo-se da forma como desejava, usando-me à
seu bel prazer, sem jamais deixar de me olhar. Havia alguma coisa em sua
expressão que eu não conseguia identificar, e algo dentro de mim, como um
alerta vermelho seguido por uma manada de rinocerontes, começou a se
formar.

- Edward, eu... Ah, porra...


Uma das mãos deixou meu tórax, seguindo para seu centro. Meus olhos
acompanharam o movimento, pairando sobre o ponto onde nossos corpos
se uniam, o que fez com que a sensação de fogos de artifício estarem sendo
acesos dentro de mim se iniciasse. A outra mão abandonou meu tronco em
seguida, e Bella inclinou-se, segurando meus cabelos, colocando os lábios
aos meus, buscando espaço entre meus dentes com sua língua quente e
úmida.
Ela começou a gemer, palavras e sons incompreensíveis e alucinantes. Ela
era como a porra de uma droga, e eu estava sumariamente viciado. O atrito
de nossos corpos aumentou de ritmo, e como por mágica senti as paredes de
seu corpo me apertando, e Bella convulsionou sobre mim. Eu senti meu
tesão jorrando, e ela continuava a tremer enquanto eu gozava dentro dela. A
sensação de continuar estocando enquanto eu liberava meu prazer era tão
prazerosa que por alguns segundos nada mais importava.
Ela tombou o corpo sobre o meu, seus seios achatando-se ao meu tórax, os
cabelos cor de mogno espalhados em meu peito. Encostei os lábios em sua
cabeça e inalei o cheiro singular de morangos que ela exalava – aroma que
estava impregnado em mim; mesmo quando eu estava longe dela podia
senti-lo, vívido e nítido. Nossas respirações foram acalmando-se aos
poucos, até que Bella girou sobre mim, desvencilhando nossos corpos, e
caiu ao meu lado na cama.
Tombei minha cabeça para trás. Olhei para ela, que tinha o olhar fixo no
teto, uma das mãos segurando uma mecha de cabelo. Ela levantou-se,
sentando-se na beirada da cama, em silêncio.
- Bella? - Ela não me olhou. Não se moveu. Encarava o chão agora, as
mãos segurando a beirada do colchão. - Me solta. Eu tenho que sair, estão
esperando por mim.
Ainda em silêncio, Bella levantou-se e andou em direção ao banheiro.
Escutei a água da torneira correndo e ela retornou com uma toalha de rosto
umedecida nas mãos. Veio até mim, inclinou-se e passou a toalha
umedecida em meu membro, e em seguida começou a vestir minha boxer.
Então ela vestiu a calcinha e sentou-se ao meu lado no colchão.
Não foi preciso nenhuma palavra. Quando Bella estendeu a mão e tocou
meu rosto com a ponta dos dedos, os olhos verdes envoltos por uma névoa
de lágrimas, eu compreendi imediatamente.
Compreendi o que ela havia feito, e que quem havia caído na porra de uma
armadilha fora eu.

http://www.youtube.com/watch?v=7aro4uBPBC4&feature=related

MÚSICA: El Tango de Roxanne – Sting – Moulin Rouge

“Roxanne
You don't have to put on that red light
Walk the streets for money
You don't care if it's wrong or if it is right

Roxanne
You don't have to wear that dress tonight
Roxanne
You don't have to sell your body to the night

His eyes upon your face


His hand upon your hand
His lips caress your skin
It's more than I can stand

Roxanne
Why does my heart cry?
Roxanne
Feelings I can't fight
You're free to leave me, just don't decieve me
And please believe me when I say I love you

Y yo que te quiero tanto, ¿Qué voy a hacer?


Me dejaste
Me dejaste
Con un montón de dolor
El alma se me fue
Se me fue el corazón
Ya no tengo ganas de vivir
porque no te puedo convencer
Que no te vendas Roxanne

Roxanne
Why does my heart cry?
Roxanne
Feelings I can't fight
Roxanne
You don't have to put on the red light
Roxanne”

Ela inclinou-se em minha direção. Seu rosto colou-se ao meu, seus lábios
roçando minha orelha, e senti quando uma lágrima escorreu de seu olho,
molhando minha face.
- Me desculpe, Edward. Eu... Eu vou sentir sua falta.
Como um touro indomável me remexi na cama, e o impulso fez com que
ela se afastasse, me encarando, a expressão de dor.
- Não, Bella. Me solta. Me solta agora.
Ela se levantou, começando a vestir o sobretudo preto, de costas para mim.

- Sinto muito, Edward, eu... Eu realmente preciso fazer isso.


- Não, você não precisa. - Eu estava desesperado. Minha voz era quase uma
súplica. Eu podia sentir as algemas cortando minha carne, mas não me
importava. Nada mais importava. - Me solta daqui e mantenha-se fora
disso. Mantenha-se distante de Whitlock, Bella.
Ela não se virou. Olhou-me por cima do ombro, mas não consegui ver seus
olhos, que ficaram escondidos por seus cabelos ondulados. Ela apertou a
faixa na cintura fechando o casaco e pegou a bolsa, em seguida deixando as
chaves das algemas sobre a mesa.
- Eu amo você. - Ela falou tão baixo que não sei se era para eu ter escutado.

E então ela saiu pela porta, fechando-a atrás de si.


Demorei um segundo para me refazer do choque. Meu corpo começou a se
debater desesperadamente, e eu já não sentia meus dedos. Minha mente foi
inundada por imagens de Isabella encontrando-se com aquele canalha
miserável, sendo tocada por ele, correndo perigo sem a minha presença. Eu
berrava palavrões e frases desconexas, irritado e frustrado pela minha
situação.

Em verdadeiro pânico.
- Bella! - Meu grito soou rouco e abafado pela bola que crescia em minha
garganta. - Bella, volta aqui! Eu... Porra, eu amo você!
Mas ela não voltou. Escutei a porta batendo ao longe, separando de mim a
mulher que carregava minha sanidade.
Para sempre. Eu podia sentir.

CAPÍTULO XXI – Mudança de planos

POV DE BELLA

O taxista me encarava esporadicamente através do espelho retrovisor. Eu


tinha dúvidas se isso se dava pelo fato de que eu tremia por completo – mal
tinha controle de meus movimentos –, ou se meus soluços ao tentar conter o
choro o estavam incomodando. Talvez fossem ambas as coisas.
Fui me acalmando aos poucos, a medida em que o carro movia-se pelas
ruas quase desertas de São Francisco. Quando o táxi parou no endereço que
eu havia fornecido, eu já havia recuperado quase completamente minha
sanidade – digo quase porque a tranqüilidade era aparente: por dentro, eu
sentia como se um vulcão estivesse se preparando para entrar em ebulição.

Paguei a corrida, saltei do carro e em pouco tempo batia à porta de Rosalie.


Minha amiga abriu a porta esbaforida – era possível sentir a excitação no ar
– mas parou assim que os olhos atentos pousaram sobre mim. Ela analisou-
me dos pés a cabeça, vagarosamente, e quando nosso olhar se encontrou um
longo silêncio preencheu o ar, até que finalmente ela me deu passagem e
adentrei no pequeno apartamento.
- Onde está Emmett? - Perguntei enquanto olhava para os lados,
constatando imediatamente que ele não estava ali.
- Já está no local. - Rosalie passou por mim e foi para o banheiro, onde a
maquiagem estava esparramada sobre a bancada. - Eles alugaram um quarto
no mesmo apart hotel que Jasper está, ao lado de onde será o encontro.
Parece que os contatos dos Cullen na polícia estão lá, também. - Ela deu de
ombros.
- Hum.
- Você sabe se Edward já foi encontrar-se com Emmett? - Ela perguntou
sem me encarar, enquanto passava com habilidade o rímel nos cílios já
longos.

- Não, não sei. Não falei com Edward, hoje.


Rose parou com o pincel perto do olho e me encarou. Eu vi descrença ali,
como se ela simplesmente soubesse que Edward não passaria tanto tempo
sem comunicar-se comigo, ou vice versa.
- Rosalie...
Ela fechou o rímel, girou o corpo em minha direção e cruzou os braços.
Uma de suas sobrancelhas arqueou-se por instinto, num ar inquisitivo.

- Eu sei o que você está planejando, Cindy. - Abri a boca para falar, mas ela
impediu-me com um gesto rápido de mão. - Sei que seu nome é Isabella,
mas sinto muito, não consigo me acostumar. De qualquer maneira... Sei o
que você está planejando, e realmente não sei se acho uma boa idéia.
Edward simplesmente ficaria furioso. E ainda sou da opinião que não se
deve irritar um Cullen. Principalmente Edward Cullen.
- Edward não saberia que você concordou. - Rosalie sorriu
debochadamente, voltando a olhar para o espelho e a mexer nas
maquiagens. Aproximei-me um passo dela.
- Você apenas chegaria lá, no meu lugar, e acha que Edward Cullen deixaria
que seguisse em frente? Por favor, Cindy! Ele simplesmente cancelaria
tudo! Ligaria para Jasper, diria que houve a porra de um imprevisto, e
teríamos que adiar por mais um tempo insuportável o fim dessa novela
mexicana! Ou então ele viria para cá furioso, me puxaria pelos cabelos e
algemaria você na cama para que ficasse longe disso, como ele mandou.
Fechei os olhos. A imagem de Edward algemado à cama imediatamente
invadiu minha mente, e senti a tremedeira tentando instalar-se novamente.
Eu não poderia contar o que eu havia feito à Rosalie: aí mesmo ela ficaria
mais apavorada e não seria persuadida. Eu sempre soube que ela tinha um
medo inconsciente de Edward, e não a recriminava por isso: ninguém
melhor do que eu sabia a aura de poder que ele emanava.
- Eu posso lidar com Edward. - Falei, rezando para que minhas palavras
soassem convincentes. - Você deve saber disso. Sei que você possui meios
para convencer Emmett a fazer tudo o que você quiser. Um homem
apaixonado vira uma marionete maleável nas mãos da mulher amada.

Um vinco profundo surgiu entre os olhos de Rosalie. Ela bufou, passando a


mão pelos cabelos loiros e sedosos, em seguida apoiando-se na bancada. O
rosto virou-se em minha direção, com ar cansado e em dúvida.
- Edward a ama então, hã? - Eu não sabia exatamente se aquilo era uma
pergunta, até que percebi que ela esperava uma resposta.
Rosalie esperava a porra de uma resposta. E o que eu diria? É claro que eu
não acreditava que Edward me amava! Eu escutara ele dizer as palavras ao
longe, antes de sair de vez de seu apartamento – de sua vida – minutos
atrás, deixando-o algemado e vulnerável em seu quarto. Mas ele sabia que
eu o amava, e sabia que, falando aquelas palavras, poderia me convencer a
voltar e a seguir suas ordens. Era isso: eu tinha certeza de que a última frase
que eu escutara Edward berrar não passara de uma tentativa de me manter
por perto. Um homem como Edward jamais poderia amar uma mulher
como eu. Não da forma como nos conhecemos, não depois de tudo o que
vivemos... Não com ambos tendo vidas completamente diversas e
contrastantes.
- Sim, ele me ama. - Menti. - Eu vou fazê-lo entender quando chegar lá.

Rosalie fechou os olhos, mordendo o lábio inferior e balançando a cabeça.


Quando tornou a abrir, senti meu coração começar a bater tão depressa que
machucava minhas costelas. Porque naquele olhar eu tive a certeza de que
ela havia cedido.
- Posso saber qual o seu plano? - Ela falou por fim, a voz calma e
resignada.

Suspirei fundo.
- Você se arruma toda, toma um calmante e vai dormir. Quando eu chegar,
digo para Edward que vim aqui e te dei o calmante sem que você soubesse,
porque meu plano era ir no seu lugar. Assim, ainda que eu chegue lá e
Edward... – Engasguei ao falar essa mentira, mas me recompus. - Ainda que
Edward queria vir aqui te buscar, não adiantaria. Nem se a porra de uma
manada de elefantes passar por aqui essa noite, você acorda.
- Não preciso nem dizer que esse segredo vai conosco para o túmulo, não
é?

Meus ombros caíram.


- Claro que não. Essa versão será a oficial.
Rosalie assentiu apenas uma vez com a cabeça. Voltou a se arrumar,
cuidadosamente, como se realmente estivesse indo se encontrar com Jasper
Whitlock. No fim, parou a minha frente e tomou sem pestanejar os dois
comprimidos que eu lhe estendia, em seguida deitando-se na cama e
fechando os olhos, e a visão era da linda Cinderela aguardando o beijo de
seu príncipe encantado.
Deixei o apartamento assim que a respiração de Rosalie tornou-se pesada e
num ritmo constante.

***

Eu me concentrava na forma como o ar entrava e saía do meu corpo – um


meio quase ineficaz de me acalmar. Desci do táxi, adentrei na luxuosa
recepção do apart hotel e forneci o endereço que Rosalie me dera – o
número do quarto onde Emmett deveria estar, acompanhado pelos contatos
da polícia, aguardando ansiosamente por Edward e por Rosalie, que nunca
chegariam.

Fui controlando meu nervosismo enquanto o elevador percorria


calmamente os andares. Rezava para que Emmett se controlasse e que não
causasse nenhum empecilho: no fundo, eu até achava que ele iria gostar da
troca. Com certeza seria tranqüilizante saber que Rose estaria segura.
A expressão dele ao abrir a porta e me encontrar realmente me surpreendeu.

- Isabella? – A voz saiu alta, ecoando no corredor. Emmett percebeu o que


fizera e me puxou para dentro; não podíamos correr o risco de Jasper (que
estava no quarto ao lado) nos descobrisse. - Mas que merda...? O que
diabos você está fazendo aqui?
- Vim no lugar de Rosalie. Ela... Estava indisposta.
Emmett cruzou os braços sobre o peito. Os músculos sob a malha preta
eram – no mínimo – intimidantes. Dois homens de preto aproximaram-se
por trás dele, e vi que eles tinham coldres nos ombros, as armas prateadas
perto das axilas.
- Indisposta? - Emmett segurou meu braço e me puxou para o canto,
abaixando a voz. - Você está mentindo. Onde está Edward? Ele nunca se
atrasa. É a milésima vez que ligo para o celular e ele não me atende. O que
você aprontou, garota?
Emmett me lançava um olhar quase mortal, que me fez engolir em seco.

- Isso realmente importa agora? Rosalie está bem. Está segura. Eu vim para
ser a isca, e Jasper está aguardando. É melhor começarmos logo, antes que
ele comece a desconfiar de alguma coisa.
O olhar mortal permaneceu sobre mim por longos segundos. Por fim
Emmett balançou a cabeça negativamente e se afastou. Os homens o
seguiram.

- Vou ligar para Edward pela última vez. Se ele souber – se ele sequer
cogitar - que eu aceitei esse seu plano, tenho certeza que ele me mata,
garota. Por isso, reze para que ele atenda, que passe na casa de Rosalie e
que Jasper tenha paciência. Senão esse plano fodido está cancelado
impreterivelmente.

Emmett pegou o celular. Sua raiva era tanta que eu podia sentir a energia no
ar. Os homens – percebi então que havia mais dois, sentados em uma mesa
encarando atentamente um lap top, usando o que pareciam ser escutas –
também estavam tensos.
Eu tinha pouco tempo. Ele ligaria para Edward e, mais uma vez, ninguém
atenderia. Rosalie tampouco. A chance era aquela e eu não podia
desperdiçá-la.

- Merda, ele não atende a porra do telefone! - Antes que Emmett se virasse
para mim, girei meu corpo e abri a porta, saindo corredor afora. - Isabella!
Bella! Merda! Você está sem o microfone!
Parei em frente a porta de Jasper. Olhei para meu lado esquerdo e Emmett
estava ali, metade do corpo para fora, o olhar me fuzilando. Respirei fundo
e toquei a campainha.
Os passos ecoaram em minha direção e olhei para Emmett uma última vez.
Ele xingou baixo e entrou, sumindo de vista, e fechei os olhos buscando
coragem. Quando voltei a abri-los, um Jasper Whitlock surpreso e com um
sorriso malicioso nos lábios me recepcionava.

CAPÍTULO XXII – Frente a frente com o perigo

Meu corpo inteiro congelou quando o olhar verde escuro me analisou por
completo. Jasper umedeceu os lábios sem qualquer sinal de discrição,
demonstrando claramente o quanto havia ficado satisfeito em me ver ali.

- Cindy... Mas que surpresa espetacular!


Engoli em seco. Jasper chegou o corpo para o lado, me dando passagem.
Relutei por um longo segundo antes de, finalmente, entrar no quarto em que
ficaria a sós com meu predador.
O lugar estava em penumbra. Havia uma música tocando ao fundo – não
reconheci a melodia; conseguia distinguir apenas as notas graves do baixo,
que faziam meu coração vibrar arritmicamente. Uma garrafa de uísque jazia
aberta sobre a mesa de centro no meio da ante sala, o líquido amarelado
pela metade. Uma leve fumaça encobria o ambiente, fruto do cigarro que
queimava solitário sobre um cinzeiro de cristal lapidado
- Quer dizer, então, que você não é mais exclusiva dos Cullen? – Meus
olhos pararam de percorrer o ambiente e minhas pálpebras se fecharam,
assim que a voz grave penetrou em meus ouvidos.
Girei levemente meu rosto sobre meu ombro.
- Exatamente. Edward comunicou-me esta tarde.
Jasper aproximou-se das minhas costas e colou o corpo ao meu. Suas mãos
pegajosas agarraram minha cintura, os dedos envolvendo a faixa de meu
casaco. O laço foi desfeito lentamente, e prendi a respiração quando sua
mão direita invadiu o sobretudo, escorregando por cima de meu espartilho e
fechando-se sobre meu seio. A barba áspera roçou a pele de meu pescoço, o
queixo cavando espaço entre meus cabelos, a boca colando-se ao lóbulo de
minha orelha.
- Quer dizer que seu protetor enjoou de você, hum? – Meus dentes
cravaram-se em meu lábio inferior, enquanto eu lutava contra a ordem de
meu cérebro, que berrava para que eu me afastasse de Jasper; clamava para
que eu fugisse dali. – Quer dizer que o todo poderoso Edward Cullen
cansou-se de sua notável inexperiência e liberou os seus serviços? Pois eu
não vejo a hora de relembrar como você é deliciosa.
Num gesto rápido, Jasper levou as duas mãos aos meus ombros e puxou
meu casaco, que escorregou pelo meu corpo e caiu no chão, aos meus pés.
Instintivamente meus braços abraçaram meu corpo, no momento em que
me senti completamente desprotegida e indefesa. Pensei em Edward,
algemado à cama, e percebi como eu me sentia segura quando ele estava
por perto – e, por conseqüência, insegura quando estava longe dele. Era
tarde demais para arrependimentos, eu sabia disso, mas mesmo assim uma
onda de tremor percorreu meu corpo, e desejei intimamente que ele
estivesse ali.
Jasper me girou, fazendo com que eu ficasse de frente para ele. Suas mãos
subiram pelas minhas coxas, gesto que fez meu corpo arrepiar-se. Jasper
sorriu a isso, e agradeci por ele não poder ler mentes e descobrir que aquilo
se dava não por excitação, mas porque meu corpo simplesmente o repelia, e
o simples fato de ter a ponta de seus dedos roçando minha pele fazia meu
estômago embrulhar-se e um gosto amargo tomar minha boca. Sua mão
direita continuou o caminho, encontrando minha virilha e, em seguida,
minha calcinha rendada, jogando-a para o lado sem o menor pudor e
encontrando meu centro. Ele percorreu a minha extensão, afastando meus
grandes lábios. Tenho certeza que ele percebeu que não havia
absolutamente nada ali: eu não estava nem um pouco lubrificada, meu
corpo não dava qualquer sinal de estar gostando daquele momento, e o
olhar mortal que Jasper me lançou só confirmou minha teoria.
Ele retirou os dedos de dentro de mim e os levou ao próprio rosto, em
frente ao nariz, inalando rapidamente.
- Vá tomar um banho. Sinto que você pertenceu a outro homem antes de
mim esta noite, e apesar de ter ciência de que esse é seu trabalho, prefiro
sentir somente o seu cheiro e sabor quando estiver te chupando. – Eu
assenti rapidamente e comecei a me virar quando ele segurou meu braço. –
E não se preocupe em vestir novamente essas roupas. Afinal, eu quero você
sem elas.
Peguei meu casaco do chão, minha bolsa, e me dirigi ao banheiro. Ao
mesmo tempo em que queria ficar trancada ali para sempre, pois sentia o
perigo que me esperava do lado de fora, tomei meu banho o mais rápido
que pude – sentindo contrariada o cheiro reconfortante de Edward me
abandonar -, a fim de acabar logo com todo aquele tormento. Penteei meus
cabelos sem o menor entusiasmo e vesti um roupão atoalhado que jazia
atrás da porta de madeira, pendurando no lugar o meu casaco. Fechei minha
bolsa – não antes de conferir o que trazia em seu interior – e finalmente saí
para encontrar meu algoz.
Jasper também trajava um roupão como o meu e tinha os cabelos molhados,
o que me fez deduzir que ele havia tomado um banho em outro banheiro.
Ele me encarou cheio de desejo, o olhar devorando minhas curvas e
demorando-se tempo suficiente sobre a abertura de meu roupão para me
deixar desconfortável. Mexi em meus cabelos instintivamente, sem jeito
com aquela situação. Coloquei minha bolsa sobre o aparador e aguardei.
- Tira esse roupão e deita na cama.
Respirei fundo, lutando contra meu asco, e obedeci. Era simplesmente
terrível estar nua em frente àquele homem nojento e degradante – não que
Jasper fosse feio, ao contrário; mas sequer lembrar o modo como ele havia
abusado de mim, e que meu irmão estava preso por sua causa, já era
suficiente para sentir a bile subindo por minha garganta. Deitei na cama, e
odiei a forma como meu corpo me traía e tremia visivelmente.
- Sabe... – Jasper pousou o copo de uísque sobre uma cômoda e começou a
andar em frente a cama onde eu encontrava-me deitada, o olhar analítico
devastando meu corpo nu. – Eu me pergunto se Edward sabe quem você
realmente é, ou se você, de alguma forma surpreendente, conseguiu
enganá-lo até hoje. – Meus olhos arregalaram-se e engoli em seco. Jasper
parou de caminhar e cruzou os braços sobre o peito, a expressão dura e
repleta de ódio. – Mas acredito que seja a segunda opção; caso contrário,
você não estaria viva, nesse exato momento.
- N-ão sei do que o Senhor está falando.
Jasper fechou os olhos e sorriu, uma breve gargalhada ecoando de seus
lábios quando ele jogou a cabeça para trás. Eu me remexi sobre o colchão e
puxei minhas pernas, abraçando-as, instintivamente tentando me proteger.
- Isso, chame-me de Senhor. Eu adoro. Fico completamente duro só de
escutar sua voz de gata manhosa me chamando assim, principalmente
quando o medo está implícito em seu tom. – Ele se aproximou um passo. –
Mas não se finja de idiota. O jogo acabou, Isabella Swan.
Escutá-lo dizer meu nome fez meu sangue congelar em minhas veias. Um
arrepio percorreu meu corpo, ouriçando todos os meus poros. Engatinhei
sobre a cama e colei minhas costas à cabeceira, como se os míseros
centímetros de distância ganhos com esse ato fossem suficientes para me
proteger do pior.
- Eu acho – ou melhor, tenho absoluta certeza – que você não faz idéia de
onde se enfiou, não é, Isabella? – Não respondi. Jasper parecia estar
achando graça daquilo tudo, o que tornava o momento ainda mais temível.
– Você não imagina quem é Edward Cullen. Você não faz idéia do que
aquele homem é capaz de fazer com quem cruza seu caminho. Tenho idade
suficiente para ser pai dele e, ainda assim, posso afirmar que não conheci
nenhum outro homem com tamanha frieza em toda a minha vida. Sem
contar eu mesmo, é claro. Por isso, você ganhou meu respeito. Enganar
Edward Cullen não é tarefa para qualquer um.
Escutar essas palavras fez meus olhos arderem. Não era segredo ou
novidade que eu estava completamente apaixonada por Edward Cullen. E
sim, eu imaginava, quando entrei naquele jogo perigoso, o quão poderoso e
influente Edward deveria ser. Mas escutar de um assassino frio e
manipulador que Edward – o homem que eu amava – era tão ruim ou pior
que ele, fez meu coração falhar a porra de uma batida.
Porque eu sabia, no meu íntimo, que era verdade. Sabia que Edward era
temível assim que meus olhos pousaram sobre ele na primeira vez em que o
vi. Sabia que ele era completamente diferente de mim e que divergia de
tudo o que eu acreditava ser bom e sadio. Conheci intimamente seu lado
dominador e altamente sexual, capaz de deixar molhada a mais frígida das
mulheres através de um simples olhar penetrante. E, mesmo assim, havia
me deixado encantar por sua masculinidade transbordante, por sua
determinação excitante, por sua aura inconsciente de macho alpha.

- Como você descobriu quem eu era? – Perguntei, inesperadamente com


uma onda de coragem me invadindo. Afinal, eu já estava ali; já estava
frente a frente com o homem que me estuprara sem qualquer piedade, que
havia assassinado uma mulher e cuja culpa havia recaído sobre meu irmão.
Não tinha mais nada a perder.
- Eu segui você. Quando Edward me negou esse seu corpinho delicioso,
inexplicavelmente fiquei furioso. Segui você e, qual não foi minha
surpresa, quando você foi até aquele presídio visitar o fodido do Chase? –
Ele gargalhou, o som gutural fazendo-me tremer violentamente. – Não foi
preciso muito dinheiro para conseguir que aqueles guardinhas
penitenciários de merda me informassem quem você tinha ido visitar e seu
nome completo, senhorita Isabella Marie Swan.
Jasper afastou-se da cama. Andou até uma cômoda e abriu uma gaveta.
Quando voltou a virar-se para mim tinha uma arma brilhante nas mãos, e eu
sabia que seu tamanho pequeno – alongado apenas pelo silenciador na
ponta – não significava que ela era inofensiva.
Senti meu coração acelerar de uma forma jamais experimentada, fruto da
carga de adrenalina imensa que meu cérebro descarregou em meu
organismo. Minha respiração perdeu a regularidade, e o ar entrava e saía de
meu corpo em lufadas descompassadas, fazendo meu diafragma doer. Meus
olhos injetaram para fora das órbitas e mordi meu lábio inferior com força.
Meu corpo inteiro estava alerta e preparado para o que estava prestes a
acontecer: eu iria morrer. Eu iria morrer e meu irmão teria o mesmo fim, e
tudo não teria valido a pena.
Bem, nem tudo. Fechei os olhos e deixei que uma lágrima rolasse quando,
em meio a todo aquele desespero, meu cérebro me lembrou que tudo aquilo
havia me levado à Edward, e o simples fato de tê-lo conhecido e vivenciado
alguns momentos ao seu lado já servia para que eu não me arrependesse de
absolutamente nada. Afinal, quando a vida lhe oferece um sonho muito
além de suas expectativas, é irracional sofrer quando ele chega ao fim, não
é mesmo?
Jasper aproximou-se de mim. Seu olhar frio e calculista deixava claro como
ele estava se divertindo com aquilo tudo, o que só serviu para piorar meu
estado de pânico.
- Você realmente me surpreende, Isabella. Acho que é isso, esse seu arzinho
misterioso, que faz com que os homens desejem você. – Jasper aproximou-
se mais. Agora ele estava parado ao meu lado, e eu me sentia muito mal por
estar nua e completamente exposta. – Essa é a hora que você deveria
começar a gritar. Deveria chorar e implorar por sua vida, dizendo que se
arrepende por ter se metido nessa confusão e pedir com veemência por
perdão, por clemência.
Jasper inclinou-se sobre mim. Eu podia sentir seu hálito, o cheiro de álcool
misturado com tabaco me causando náuseas. Sua respiração ricocheteava
em meu rosto e fechei os olhos. Pulei de surpresa quando o metal gelado
tocou minha pele.
- Você devia ter presenciado o desespero de Molly... – Jasper acariciava
minha pele com a ponta da arma. O silenciador escovou meu pescoço,
descendo por meu colo e encontrando meus seios. Prendi o choro que
começava a se formar, sabendo que uma enxurrada de lágrimas só serviria
para deixá-lo ainda mais excitado: era disso que Jasper gostava. – Ela
chorava desesperadamente enquanto eu a fodia, e quando estava quase
amanhecendo, e eu havia me saciado do corpo dela e a deixado sem forças,
completamente exaurida, ela chorou mais um pouco, implorando para que
eu não a matasse. Como você conhece o fim da história, sabe que não fui
piedoso.

A arma continuou descendo por meu corpo. Jasper acompanhava seus


próprios movimentos com o olhar, umedecendo os lábios em satisfação.
Tentei controlar a tremedeira constante, mas foi em vão. Quando o cano da
arma alcançou minha virilha, eu literalmente convulsionei.
- Estou apostando comigo mesmo o quanto você vai agüentar. E não estou
falando do seu corpo, porque eu já provei dele e sei que você agüenta ser
comida a noite inteira, e ainda implora por mais, como a vadia que você é.
Estou falando de seu auto controle. Porque, para mim, só vai ficar
realmente divertido quando você implorar para que eu mate você. Isso
mesmo: eu vou aproveitar tanto, mais tanto, de você, que você vai implorar
para que eu te mate, Isabella. E então irei até o merdinha do seu irmão e
direi a ele para mandar lembranças à você, quando ele também partir para o
outro lado.
O metal gelado tocou meu centro. Fechei minhas pernas, tentando
inconscientemente impedir que aquele homem me violasse, mas eu sabia
que era em vão. Pensei em como fora idiota deixando Emmett para trás,
junto com os homens da polícia, e me enfurnando ali sozinha sem qualquer
escuta. Afinal, apesar de não ter muito conhecimento sobre esse tipo de
assunto, a partir do momento em que eu tomara essa decisão imbecil de
enfurnar-me no quarto de Jasper, por livre e espontânea vontade, não havia
absolutamente nada que os tiras pudessem fazer.
Num movimento rápido e brusco, Jasper segurou meus cabelos com a mão
livre, colocando-me de joelhos na cama. Pressionou o cano da arma contra
meu rosto, amassando minha bochecha, marcando minha carne.
- Sabe o que você vai fazer agora, gostosa? Você vai ficar de quatro nessa
cama, e vai me chupar, e eu vou foder essa sua boquinha quente e apertada.
Como eu não me movi, Jasper aumentou o aperto em meus cabelos e me
empurrou para baixo, meus cotovelos enterrando-se no colchão. Ele soltou
meus fios e abriu o próprio roupão, e não me surpreendi quando constatei
que não havia absolutamente nada por baixo, o membro ereto pairando em
frente a minha boca.
- Me chupa, vadia. Agora.
É claro que eu relutei. Só de pensar em tomá-lo em minha boca, preferia
morrer. Antes que eu conseguisse raciocinar, a mão armada chocou-se
contra meu rosto, o metal marcando minha carne com violência, e meu
corpo caiu de lado sobre o colchão. O gosto de sangue tomou minha
garganta no mesmo instante. Jasper voltou a me puxar pelos cabelos e a me
colocar de frente para ele.
- Não me faça repetir o que você deve fazer, Isabella. E saiba que, se você
não me obedecer, vai entender que esse tapinha foi apenas um carinho.

Fechei os olhos. Minha mão trêmula segurou a base do membro ereto e


Jasper gemeu palavras ininteligíveis. Não pude conter uma careta quando
senti a cabeça tocar meus lábios, quente e pulsante, e agradeci ao sangue
por me impedir de sentir o gosto que emanava do homem asqueroso. O
aperto em meus cabelos aumentou. Jasper forçou a entrada em minha boca,
claramente ansioso por me tomar. Senti quando ele investiu e a cabeça
tocou a parede de minha garganta, e realmente achei que não fosse conter o
vômito que forçava saída. As estocadas aumentaram de ritmo e minha boca
se fechou involuntariamente, antes que eu tivesse ciência do que estava
fazendo. O grito de Jasper ecoou quando meus dentes fincaram-se em seu
pau, e o soco que levei foi tão forte que me fez girar em meu eixo, caindo
de costas sobre o colchão.
- Piranha!
Jasper soltou a arma sobre a cômoda e retirou o roupão com violência,
subindo de joelhos sobre a cama. Eu me debati, mas as lágrimas de
desespero impediam que eu enxergasse com clareza, e não consegui me
libertar das mãos calejadas que seguravam minhas pernas com força,
abrindo-as sem nenhum pingo de delicadeza antes do corpo pesado colocar-
se sobre o meu. Meu corpo pulava e se debatia sobre o colchão como um
cavalo selvagem relutando em ser domado, mas Jasper era muito mais
forte. Uma de suas mãos segurou com força meus cabelos, e a dor em meu
couro cabeludo surgiu lancinante, enquanto a outra segurou meu joelho e
empurrou minha perna. Ele enfiou-se entre minhas pernas e eu berrei alto
ao sentir o pau completamente duro próximo à minha entrada.
- Não... Não por favor, não... Me mate, eu imploro.
- Ah, eu vou te matar, com certeza que vou. – A voz rouca estava próxima
ao meu ouvido, e a língua roçava minha pele. – Mas não antes de enjoar de
você, assim como Edward fez.
Senti a cabeça forçando entrada. Instintivamente retesei meus músculos, e
os gemidos de Jasper demonstraram que ele simplesmente adorou tal fato.
Eu socava suas costas com o máximo de força que conseguia encontrar,
mas aparentemente não era suficiente: em nenhum momento ele pareceu
incomodar-se com isso.
Eu estava no limite de minha sanidade, podia sentir. Minha mente
imediatamente voltou-se para Edward, em como eu havia sido estúpida em
não escutar os conselhos de um homem experiente como ele. Ao mesmo
tempo, entendi que lutar contra Jasper não estava adiantando nada; era
melhor eu me entregar e deixar que aquele inferno acabasse logo.

Foi nesse momento, em que eu relaxei meu corpo e em que Jasper


sussurrou obscenidades alegres em meu ouvido, que a voz de Edward
surgiu límpida e clara.
- Seu filho da puta!
De repente, o corpo de Jasper não pesava mais sobre o meu. Como por
mágica, o homem corpulento foi içado da cama e parou com um baque
contra a parede. Meus olhos arregalados e ainda marejados levaram um
longo segundo para focalizar Edward, que então estava parado sobre mim,
segurando-me firmemente com suas mãos firmes e puxando o lençol de
seda sobre meu corpo.
- Bella, como você está? Esse filho da puta machucou você, ele...!
Antes que conseguisse completar a frase, Jasper já havia se levantado e
avançado contra meu salvador. Os dois homens atracaram-se numa luta
desgrenhada, com socos violentos sendo deferidos certeiramente. Logo um
corte profundo se pronunciava do lábio inferior de Edward, enquanto Jasper
tinha o nariz visivelmente quebrado. Todos os móveis que eram
encontrados pelo caminho daquele tornado em movimento iam sendo
destruídos, e o barulho dos gritos eram abafados por essa destruição.
- Eu... vou... matar você! – Edward segurou os cabelos de Jasper, puxando
sua cabeça para baixo ao mesmo tempo em que levantava seu joelho
direito. O homem cambaleou, caindo sobre o aparador, que desmantelou-se
no mesmo momento.
Tudo aconteceu rápido, e ao mesmo tempo parecia que estava em câmera
lenta. Após o golpe, a fúria de Jasper voltou triplicada. Num movimento
rápido ele segurou a garrafa de uísque e a quebrou na quina da parede. Com
um chute ele empurrou Edward ao chão, e fiquei em pé sobre a cama ante o
desespero de vê-lo sofrer. Jasper montou sobre o homem que eu amava e
que estava ali, naquelas condições, por minha causa, e colou a garrafa
quebrada eu seu pescoço.
- Não, Cullen. Eu é que vou matar você. E depois eu acabo o trabalho com
a sua vadiazinha preferida.
Edward começou a se debater ao ouvir aquela última promessa de Jasper. O
vidro forçou contra sua carne, arrancando um filete de sangue, e Edward
gritou, num misto de ódio e dor. Olhei para os lados, desesperada, sem
notar que eu berrava junto com ele, nossas vozes misturando-se. Então eu
vi.
A arma prateada.
Ela jazia ingênua sobre a cômoda ao lado da cama. A decisão de tomá-la
em minhas mãos trêmulas foi tão rápida que, quando dei por mim, já estava
com ela entre meus dedos, o indicador posicionado no gatilho.
- Bella, não!
Jasper olhou para trás no instante em que Edward gritou para que eu
parasse. Os olhos verdes do monstro, que até então só haviam demonstrado
altivez e coragem, rechearam-se de medo, no momento em que focalizaram
a arma em minhas mãos, meus braços estendidos em sua direção. E então,
quando eu apertei o gatilho, a força do projétil sendo lançado
silenciosamente me impulsionando para trás e me jogando ao chão, eu tive
certeza de uma coisa: ali, naquele instante, eu não havia atentado contra a
vida de Jasper para salvar meu irmão.
Naquele segundo, meu único objetivo era salvar Edward Cullen, o
verdadeiro e único amor da minha vida.

CAPÍTULO XXIII – Enfrentando a realidade

POV DE EDWARD

Pense, Edward. Apenas pense. Tem que haver uma porra de uma maneira
de você livrar-se dessa enrascada fodida.
Meus pulsos estavam praticamente em carne viva, mas a adrenalina em
meu corpo era tanta que eu não sentia dor. Eu já havia amaldiçoado a
maldita loja de móveis em que eu havia comprado aquela porra de cama:
mesmo após tantas investidas ela continuava completamente intacta e não
permitia minha tão almejada libertação.
Eu nunca havia ficado tão nervoso em toda a minha vida. Imaginar que
Isabella poderia estar correndo qualquer tipo de risco me deixava
simplesmente maluco. Eu sabia que Emmett jamais deixaria Bella cometer
qualquer ato impensado, mas mesmo assim eu não ficava tranqüilo.
Parei de me debater e de repuxar os braços por um instante, tomando
fôlego. Agradeci mentalmente por minha perfeita forma física: qualquer ser
humano sedentário estaria completamente exaurido em minha situação.
Fechei os olhos e senti uma gota de suor escorrendo por minha testa.
Quando tornei a abri-los, o teto alto e em penumbra pareceu-se mais com
uma cela apertada.
- Merda!!! – Meu grito ecoou pelo quarto, ultrapassando, com toda certeza,
os limites da porta cerrada e ressoando no apartamento onde Isabella me
deixara sozinho. Segurei o ímpeto de recomeçar a me debater; gastar
energia a esmo não iria adiantar porra nenhuma.
“A cama afastou-se da parede após todo o seu esforço vão para libertar-
se. Se você conseguir impulsionar seu corpo, e dar uma cambalhota para
trás, fazendo um giro de 180 graus sobre si mesmo, com sorte você
terminará com os dois pés no chão, atrás dessa porra de cabeceira
irredutível!”
“Sim. E, muito provavelmente, acabarei com os dois ombros deslocados e
os braços pendendo ao lado do corpo! Sem falar nos dois pulsos
quebrados.”
“É, tem razão. Preocupe-se com seu estado físico enquanto Isabella corre
o risco de ser violentada por aquele velho filho da puta!”
- Ah... Merda, merda!!!
Plantei os dois pés no colchão, levantando meus quadris. A posição esticou
meus braços, e a sensação de ter meus tendões distendidos até o limite
definitivamente não foi agradável. Fechei os olhos e respirei fundo. Eu teria
uma única chance de tentar realizar com sucesso aquele plano maluco; caso
desse certo, eu teria uma vantagem maior para me livrar dali. Caso desse
errado...
Proibindo-me de pensar duas vezes, impulsionei-me sobre o colchão. Teria
sido mais fácil se fosse um daqueles colchões ortopédicos e
desconfortáveis, mas mesmo assim consegui mover minhas pernas para
cima e iniciei uma cambalhota por sobre meu tronco. A ponta dos dedos dos
meus pés tocaram a cabeceira de madeira, momento em que parei e inalei
profundamente, antes de finalmente ultrapassar aquele ponto e meus pés
começarem uma descida por trás do móvel. Parecia a porra de um abismo
sem fim. Meus pés vagavam no ar e meu tórax ia sendo puxado com o
peso; meu abdômen foi literalmente esfolado pela cabeceira e meu pescoço
quase quebrou ao meio.
Mas a pior sensação foi a queimação.
Eu mal consegui perceber quando meus pés finalmente tocaram o chão,
tamanha a dor lancinante em meu ombro esquerdo. Girei meu pulso nas
algemas e levantei a cabeça; aparentemente eu havia conseguido: estava de
pé atrás da cama, apesar de ainda estar atado a ela pelos pulsos. Mas a dor
insuportável permanecia, e não foi preciso olhar duas vezes para meu
ombro para detectar que ele estava deslocado. Pelo menos meus pulsos
pareciam intactos.
- Merda, merda!!!
Apoiei minha testa na cabeceira. Puxei o braço direito com força,
objetivando quebrar o móvel, mas a madeira não cedeu nem um pouco.
Meu braço esquerdo estava inutilizável. Levantei a cabeça, piscando
algumas vezes para afastar as gotas de suor que escorriam pela minha face,
e puxei o braço direito novamente. A madeira maciça estalou. Eu devia ter
alguma chance.
Ia puxar meu braço direito pela terceira vez quando ouvi um barulho vindo
da sala.
“É ela. Porra, graças a Deus ela voltou!”
Minha razão, que por tanto tempo comandou minhas atitudes, xingou-me
com todas as forças. Gritava que eu estava completamente fodido e
machucado, por culpa única e exclusiva daquela mulher, e que era
simplesmente absurdo que eu, ainda assim, ficasse feliz e aliviado por saber
que ela estava bem. Ignorei minha razão.
- Bella! – Minha tentativa inicial de berrar foi falha: a voz ficou trancada
em minha garganta. Pigarreei. – Isabella!!!
Quando a porta do meu quarto se abriu e um Emmett completamente
transtornado surgiu, meu coração por um segundo esqueceu de bombear
sangue para meu corpo. Minha mente ficou turva e eu enxerguei vermelho.
- Emmett? – Pisquei várias vezes, implorando intimamente que aquilo
fosse a porra de uma alucinação, causada por meu corpo debilitado. – Que
porra você está fazendo aqui? Onde está Isabella? Vá embora, ela foi se
encontrar com você!
Ele não me deu ouvidos. Parou por um curto segundo na porta, analisando
o estado – deplorável – em que eu me encontrava, antes de andar com
passos longos e rápidos em minha direção.
- Seu braço... Ele está pendurado! – Emmett tocava-me com cuidado, um
gesto surpreendente para suas mãos imensas.

- Tira a mão de mim, Emmett! Porra! Onde está Isabella?


Ele me ignorou. Deu meia volta, olhando ao redor, e em seguida pegou a
chave das algemas. Voltou até mim e abriu rapidamente a que prendia meu
pulso direito, logo depois maneando com cuidado a algema que prendia
meu pulso esquerdo. Mesmo a delicadeza não impediu que a dor, que eu
julgava ser imensa, triplicasse de tamanho, e um berro gutural escapou de
minha garganta.
- A gente precisa colocar seu braço no lugar. – Emmett segurava meu
cotovelo enquanto analisava a situação do meu braço, como se fosse um
grande e graduado médico.
- O que a gente precisa é ir atrás da maluca da Bella, isso sim! – Tentei
desvencilhar-me dele, mas não adiantou.
- Você não vai a lugar nenhum assim. Vem cá!
Poucas vezes meu irmão já se utilizou de sua força física para me
enfrentar. Na verdade, as raríssimas ocasiões em que isso ocorreu foram na
infância, pois a partir do momento em que descobri que minha
personalidade forte e incisiva era capaz de dominá-lo, a diferença física
deixou de ser um problema. Mas ali, naquele momento, além de totalmente
machucado e debilitado, eu estava emocionalmente instável. Meu desespero
por não saber como estava Isabella me impedia de ser o homem que eu
estava habituado a ser. Emmett não teve dificuldade de me segurar e me
colocar sentado na cama.
- Isso vai doer um bocado. Quer alguma coisa para morder?
Balancei a cabeça negativamente. Emmett concordou e logo segurou meu
braço debilitado, que parecia massa de modelar entre seus dedos firmes.
Espalmou a mão esquerda em meu peito, na base do meu ombro, e esse
simples gesto fez que eu mordesse o interior de minhas bochechas com
tanta força que o gosto de sangue desceu por minha garganta. Eu ia
reclamar quando, rapidamente, a dor se espalhou por todo o meu corpo,
tomando conta de cada célula do meu organismo, fazendo-me gritar tão alto
que quase arrebentei minhas cordas vocais.
E então passou.
- Prontinho. Agora é só improvisarmos uma tipóia e...
- Tipóia é o caralho, Emmett. – Coloquei-me de pé em um pulo, o latejar
em meu ombro já esquecido. – Onde está Isabella?
- Aquela teimosa do cacete driblou todos nós e se enfurnou por livre e
espontânea vontade no quarto de Jasper Whitlock. Os policiais ficaram de
mãos atadas. Você sabe perfeitamente bem que eles só estavam ali por um
pedido seu e que, em situações normais, um flagrante forjado por civis não
adiantaria de porra nenhuma. A partir do momento em que sua querida
Isabella entrou naquele quarto, por vontade própria, e sem a porra de uma
escuta, eles não podem fazer merda nenhuma!
Eu buscava as minhas roupas espalhadas pelo chão do quarto e as vestia
enquanto Emmett falava.
- Você está me dizendo que deixou Isabella entrar naquele quarto, sozinha
e sem qualquer escuta, e que está aqui ao invés de lá, protegendo-a? É isso
que você está me dizendo, Emmett Cullen? Pois saiba que se alguma coisa
de pior acontecer a ela... Eu mato você. Juro por Deus que mato.
Acabei de vestir a blusa e peguei a chave do carro, sem esperar uma
resposta.

***

Nunca dirigi tão rápido em toda a minha vida. Não respeitei nenhum sinal
de trânsito e por diversas vezes escutei xingamentos, mas não me
importava. Por inúmeras vezes durante o trajeto eu tentei falar com
Isabella, ou mesmo com Rosalie, mas o celular de ambas só caía na caixa
postal, o que servia para me deixar com mais ansiedade e apreensão.
Um duelo de sentimentos acontecia dentro do meu peito, me deixando sem
ar. Eu queria matar Isabella Swan. Queria acabar com a mulher que havia
entrado na porra da minha vida sem pedir licença e bagunçado tudo o que
eu levara anos para construir, para adquirir. Queria castigá-la até fazê-la
compreender, de uma vez por todas, que era eu quem mandava, sempre.
Que pessoa nenhuma na porra do universo tinha o direito de desafiar ou
burlar minhas ordens, como ela havia feito essa noite e uma cacetada de
vezes antes disso.
Ao mesmo tempo, eu só queria saber que ela estava bem. Flagrei-me
rezando intimamente e fazendo promessas para que Deus a protegesse.
Logo eu, o filho da puta ateu que nunca acreditei que força superior
nenhuma existisse e pudesse resolver os problemas criados pela raça
humana. Eu só torcia para que Isabella, por algum motivo qualquer, tivesse
se dado conta da burrada que havia feito e desistido, ou que a porra de um
raio caísse sobre Jasper Whitlock antes que ele a tocasse.
Porque eu amava aquela mulher desesperadamente.
Estacionei de qualquer jeito em frente ao apart hotel e nem me preocupei
em fechar o carro. O recepcionista abaixou os olhos quando me viu, e não
foi preciso ordenar duas vezes que ele me entregasse a porra da chave
magnética do quarto de Jasper: eu era dono daquela merda de apart hotel e,
mesmo que assim não fosse, as pessoas com um pequeno detector de perigo
instalado no cérebro sabem quando devem ficar longe do meu caminho. O
elevador não encontrava-se parado ali, e eu subi as escadas de dois em dois
degraus, a adrenalina bombeada em meu sangue me impedindo de sentir a
queimação em minhas pernas pela exaustão.
Quando finalmente cheguei ao corredor, passei direto pelo quarto onde os
policiais deveriam estar. Eu não podia perder mais tempo. Parei em frente a
porta do quarto de Jasper e utilizei o cartão, entrando em seguida.
Cruzei a ante-sala vazia com passos rápidos e estanquei assim que cheguei
na porta do quarto.
A sensação foi como se um animal selvagem possuísse meu corpo.
Amaldiçoei minha pressa por não ter trazido comigo a arma que mantinha
em meu apartamento: juro por todos os Deuses que descarregaria todas as
balas na cabeça do filho da puta do Jasper Whitlock sem pensar duas vezes.
- Seu filho da puta!
As palavras foram vomitadas por mim ao mesmo tempo em que meus
braços apertavam seu pescoço, tirando-o de cima de Isabella e lançando-o
para o mais longe possível. Contrariando toda a pratica que eu tinha em
embates físicos, dei as costas para meu oponente.
Porque a única coisa que eu conseguia enxergar e racionalizar era Bella.
Isabella, a mulher que eu amava, deitada nua sobre aquele colchão, com o
rosto levemente inchado e sangrando. Eu me aproximei dela antes mesmo
que tivesse consciência de meu ato, e então eu a cobria e apalpava, para ver
se mais algum mal havia sido infligido àquele corpo delicado.
- Bella, como você está? Esse filho da puta machucou você, ele...!
Minha voz soava tão desesperada que não a reconheci. Antes que eu
pudesse escutar de Isabella uma resposta, Jasper havia avançado contra
mim e nos atracávamos pelo quarto como dois galos de briga. Eu o atingia
e ele revidava, e logo após eu sentir meu lábio inferior ser cortado escutei o
barulho do osso do nariz do homem se quebrando contra as juntas de meus
dedos. O quarto ia ficando completamente destruído enquanto nos
lançávamos naquela luta incessante.
Imprensei Jasper contra a parede e segurei seu rosto deformado entre
minhas mãos, meus dedos embrenhando-se em seus cabelos molhados.
- Eu... vou... matar você!
Puxei sua cabeça para baixo ao mesmo tempo em que ergui meu joelho
direito, e Jasper cambaleou meio inconsciente até cair sobre o aparador e
quebrá-lo ao meio. Após um segundo de recuperação, Jasper levantou-se e
pegou uma garrafa que jazia no chão, quebrando-a na quina da parede.
Num chute rápido ele me derrubou, e no instante seguinte o vidro quebrado
forçava a carne do meu pescoço.
- Não, Cullen... Eu é que vou matar você. E depois eu acabo o trabalho
com a sua vadiazinha preferida.

Pode ser patético dizer isso, mas eu não me importava em morrer. Não, se
isso fosse salvar Isabella. Mas aquela última promessa de Jasper reacendeu
o vulcão que havia entrado em ebulição no meu corpo, e comecei a debater-
me enlouquecidamente sob seu corpo. O homem pressionou o vidro contra
minha jugular e pude sentir a garrafa quebrada perfurando minha carne. Eu
gritei, mais por ódio do que por qualquer outra sensação: meu corpo já
estava totalmente anestesiado àquela altura, mas parei quando meus olhos
focalizaram Isabella em pé sobre o colchão, nua, segurando tremulamente
uma arma prateada com as duas mãos delicadas e apontando em direção à
Jasper.
Eu não podia deixá-la fazer aquilo. Isabella não poderia conviver com essa
culpa em sua alma; eu já havia matado homens antes, e lembrava-me
perfeitamente da primeira vez em que havia sujado minhas mãos ao agir
conforme Deus e decidir que alguém deveria morrer. Isabella não
agüentaria. Ela já tinha problemas demais, e a culpa – somada a um
eventual processo criminal – só serviria para levá-la ao fundo do poço.
- Bella, não!
Meu grito fez com que Jasper olhasse para trás. No segundo seguinte, o
barulho do tiro ecoou no local fechado, e o corpo do homem caiu sobre o
meu, o sangue que jorrava imediatamente queimando minha pele.
Joguei o corpo para o lado e andei a passos trôpegos até Bella, que havia
caído sentada sobre o colchão. Ela puxara o lençol para si, cobrindo-se num
ato instintivo de proteção, e tinha os olhos arregalados, a face molhada de
lágrimas. Sentei-me perto dela e levei meus dedos delicadamente até seu
rosto ferido, ao que ela fechou os olhos, seus músculos retesando-se
inconscientemente.
- Eu... – Ela chorava e balançava o corpo para frente e para trás. Minha
vontade era de acolhê-la em meus braços e afagá-la, mas me contive: ela já
tinha passado por muitas surpresas por uma noite. – Deus, eu feri você. Vo-
você... Está sangrando!

Olhei para baixo e entendi o que ela queria dizer. Minha camisa branca
havia sido tingida em quase sua totalidade pelo sangue de Jasper.
- Shhhh, não querida. Não estou ferido. Você não me machucou, você...
Salvou minha vida.
Bella engoliu em seco e me encarou. Suas mãozinhas trêmulas voaram
para meu peito, e logo eu estava sendo apalpado freneticamente, com
Isabella averiguando se eu falava a verdade.
- Eu não podia deixar que ele matasse você, E-eu... Eu te amo demais.
- Querida, eu...
- Edward!!!
Emmett e três policiais invadiram o quarto, com estrondo. Dois deles
rumaram diretamente para o corpo, enquanto Emmett e o terceiro pararam
ao meu lado e de Isabella.
- Porra, Edward! Você não devia ter me deixado para trás! E como assim
você veio direto, sem falar com os policiais, eles...
- Acabou, Emmett. – Eu falava com meu irmão, mas meus olhos não
desviavam-se de Isabella por um segundo sequer, a frase inacabada presa
em minha garganta. – Está tudo acabado, agora.
Emmett me encarou demoradamente, gesto que me fez quebrar a conexão
com Bella e encará-lo também.
- O que houve aqui?
Isabella chegou a abrir a boca, mas eu calei-a com meu indicador.
- Eu matei Jasper Whitlock. Simplesmente isso.
E ali, ao roubar para mim a autoria do que havia acontecido, com o intuito
único e exclusivo de proteger Isabella, eu percebi que não havia mais volta:
eu seria capaz de qualquer coisa por aquela mulher.
Eu, Edward Cullen, era prisioneiro cativo de Isabella Swan.
CAPÍTULO XXIV - Alterando o destino

POV DE BELLA

O conjunto de moletom masculino que eu usava literalmente me engolia,


mas pelo menos me impedia de sentir frio, e agradeci por isso.
Edward e eu estávamos sentados lado a lado em frente a uma mesa de
madeira escura, e copos de café fumegavam a nossa frente, sem que
qualquer um de nós tivesse vontade de tocá-los. Eu sempre vira aquele tipo
de sala – quadrada, escura e com um imenso vidro espelhado tomando
todas as paredes – em filmes ou seriados policiais, e jamais imaginei que,
um dia, estaria num lugar daqueles.
Edward apoiou os cotovelos na mesa e tapou o rosto com as palmas das
mãos, os dedos segurando os fios de cabelo. Analisei-o disfarçadamente:
ele vestia uma jaqueta que Emmett emprestara, já que sua blusa fora
completamente tingida pelo sangue de Jasper; o corte em seu lábio tinha um
curativo, feito ainda no quarto de hotel, logo após os paramédicos cuidarem
de mim; seu pescoço tinha um corte superficial, no local onde Jasper quase
enfiara o vidro na tentativa de matá-lo.
- Me desculpe, Edward. - Minha voz saiu nada mais que um fiapo.
Deixando as mãos caírem sobre a mesa, Edward virou o rosto em minha
direção. Seus olhos verde esmeralda me encararam avidamente, e encolhi
ligeiramente na cadeira desconfortável antes que sequer me desse conta de
meu ato.
- Bella... - Edward virou-se para mim. Pegou a minha mão, que estava
pousada sobre meu colo, e inclinou-se suavemente em minha direção. -
Você não precisa pedir desculpas. Eu sei que você não fez por mal, que agiu
com boas intenções... Mas eu preciso que você me diga que entende o risco
que correu lá dentro, sozinha, sem a minha proteção.
- Eu sei. Sei que fui uma imbecil, e...
- Shhh... - A mão que não segurava a minha tocou meu rosto, fazendo-me
fechar os olhos. - Não fale assim de si mesma. Nunca mais. Você não é uma
imbecil. Só é muito determinada e um pouco cabeça-dura. - Eu sorri de
leve. - E é uma irmã empenhada a provar que o irmão é inocente, custe o
que custar.
Abri os olhos. Nossos rostos estavam tão próximos que eu podia sentir
perfeitamente o hálito de Edward ricochetando em minha pele. A sensação
era maravilhosa.
- Eu nunca me perdoaria se tivesse custado você. Seria um preço alto
demais.
Edward retesou os músculos e seu olhar endureceu. Afastando-se para
longe, passou nervosamente a mão pelos cabelos cor de bronze, soltando
um suspiro exasperado.
- Você tem que me prometer uma coisa, Isabella. - Disse seriamente,
quando tornou a me encarar.
- O quê?
- Prometa que nunca, jamais, passe o tempo que passar... Você vai contar
para ninguém o que aconteceu naquele quarto. Você jamais desmentirá a
versão que eu contei para os policiais. A versão em que eu matei Jasper
Whitlock.
- Mas Edward... Tudo foi gravado! Nós iremos usar a fita para inocentar
Chase!
Realmente, eu agira por impulso e não havia entrado com qualquer tipo de
escuta naquele quarto. Contudo, tampouco eu era uma completa idiota. No
dia em que eu saíra para comprar tudo o que precisaria para colocar meu
plano estúpido em ação – as algemas para prender Edward, o remédio para
fazer Rosalie apagar como uma Cinderela e o traje que usaria para o meu
sacrifício – eu também comprara um gravador, e escondi-o dentro de
minha bolsa, ligando-o logo após tomar banho. Logo, a tão almejada
confissão de Jasper Whitlock fora gravada na sua integralidade, o que
inocentaria Chase de uma eventual injeção letal. Por outro lado, a versão de
Edward, de que ele havia matado Jasper, também seria desmentida.
- Bella... Não se preocupe com isso.
- Mas eles irão descobrir, Edward! Eles saberão que estamos mentindo!
Saberão que, na verdade, fui eu que mat...
- Isabella! - A voz cortante me impediu de continuar. Encolhi meus
ombros, voltando o olhar para a fumaça rarefeita que saía do copo de café. -
Nunca. Mais. Repita. Isso! - Segurando delicadamente meu queixo, Edward
forçou meu olhar a encontrá-lo novamente. Inspirou profundamente. - São
muito poucas as coisas que o dinheiro não pode comprar, Bella. A
honestidade dos policiais de São Francisco com certeza não se incluí entre
elas.
Pisquei algumas vezes, processando o que Edward acabara de dizer. Tudo
bem, ele acabara de me informar que comprara o silêncio dos policiais, mas
a fita deveria ser levada à promotoria para que Chase fosse libertado! E,
nesse momento, a versão verdadeira seria conhecida. Como se lesse meus
pensamentos, Edward continuou a falar.
- A fita está sendo editada. O próprio laboratório da polícia da Califórnia
está cuidando disso. Você não tem que se preocupar, entendeu? A confissão
de Jasper, que garante a liberdade de seu irmão, não será mexida.
- Mas você...!
- Esse não será o primeiro processo criminal ao qual responderei, Bella. -
Como diversas outras vezes, a fisionomia de Edward mudou
repentinamente, tornando-se séria e distante. O maxilar trincou-se, as
palavras soando baixas na voz rouca de sotaque britânico, e o olhar
endureceu.
- Eu não queria lhe trazer problemas. - Falei baixo. - Quando tudo isso
começou, eu realmente achei que você fosse culpado. Não imaginava que
iria conhecer um outro lado seu, pelo qual eu iria... - Ele me encarou, e
meus olhos caíram para meu colo. Pigarreei. - Bem, pelo qual eu iria me
apaixonar.
Os dedos roçaram de leve meu rosto, quase sem tocar minha pele, no lugar
em que Jasper me ferira. Inclinei a cabeça em direção à sua mão,
instintivamente implorando mais de seu toque.
- Ah, minha Bella...
Inclinando-se vagarosamente, Edward tocou os lábios nos meus. O toque
foi leve e gentil, visivelmente receoso com meus ferimentos. Eu, por minha
vez, também me preocupava com seu lábio inferior e, apesar de desejar
sentí-lo mais próximo, apenas aproveitei a sensação. Sensação essa que foi
interrompida cedo demais quando a porta da sala se abriu, revelando
Emmett e um dos policiais que entrara no quarto do apart hotel.
- Isabella já está liberada. - Emmett disse, ainda parado perto da porta. - Eu
a levarei em casa.
Edward assentiu com a cabeça, em silêncio.
- Mas e você? - Perguntei, tocando sua coxa com minha mão.
- Edward terá que ficar aqui, Bella. - Foi Emmett que me respondeu. - Ele
ficará detido até ser levado a juízo para que uma fiança seja estabelecida...
Se uma fiança for estabelecida, claro.
A insatisfação na voz de Emmett era notória. Mal sabia ele que aquela
notícia foi como um soco deferido bem no meio de meu estômago, e que
ninguém no universo estava pior do que eu naquele momento. Comecei a
balançar minha cabeça em negação, ao mesmo tempo em que as lágrimas
rolavam por meu rosto, passando pelo meu ferimento e fazendo com que
uma ardência surgisse.
- Não... - Gemi em protesto, minhas mãos segurando-se ao pescoço de
Edward. - Você não pode ser preso!
Era verdade. De que adiantaria aplacar minha aflição, liberando Chase, se
Edward ficaria preso em meu lugar, por um crime que eu havia cometido?
- Shhh... - Ele acariciou minhas costas, o rosto escondido em meus cabelos.
- Isso é um procedimento de praxe, Bella. Eu tenho ótimos advogados.
Além disso, tenho residência fixa. Terei de entregar meu passaporte, não
poderei sair do país por uns dias, mas nada que me prejudique
verdadeiramente, ok?
Eu queria responder que não. Não estava nada ok. Mas o que diabos eu
poderia fazer? Quem era eu para impedir que essa coisa terrível
acontecesse, se nem os Cullen foram capazes de tal proeza? Assim,
completamente inconformada, libertei Edward do meu abraço desesperado,
deixando para trás manchas escuras de minhas lágrimas em seu casaco.
Emmett veio até mim e segurou delicadamente meu braço, incitando-me a
ficar de pé. Andamos juntos até a porta e não consegui me conter: olhei
para trás antes de sair.
A frase dita por Edward enquanto ele me encarava diretamente, naquele
quarto do apart hotel, ecoou em minha mente, clara e límpida:
“- Acabou, Emmett. Está tudo acabado, agora.”
- Eu te amo. - Sussurrei, sem me preocupar de quão patético seria declarar
isso pela milésima – e última - vez.
E então, antes que eu me desse conta, Emmett me carregava para fora dali.

***

Depois que Emmett me deixou no quarto de Chase, permiti que meu corpo
literalmente desabasse sobre a cama e as lágrimas rolassem
abundantemente. Emmett me explicara, no caminho, que no dia seguinte
haveria uma audiência extraordinária onde o meu advogado – que seria o
mesmo de Edward – entregaria a fita para o juíz, e onde a promotoria
também teria acesso à essa prova.
E, muito provavelmente, Chase seria libertado no mesmo dia.
Com milhões de pensamentos em minha cabeça e com a dor lancinante em
meu peito, chorei até que as lágrimas se esvaíssem. Quando isso finalmente
aconteceu – não fazia a mínima idéia de quanto tempo havia se passado –
resolvi tomar um banho. Edward estava comigo o tempo todo; em todos os
segundos eu imaginava em como ele estaria, se estaria se alimentando, se se
sentia só. Quando todas as minhas fugas acabaram, eu percebi que era a
hora de fazer o que eu estava procrastinando.
Precisava ligar para Alice.
Peguei meu celular, sentei-me na poltrona de couro rasgada e suspirei,
olhando para o visor enquanto organizava o que eu diria. Eu havia
prometido à Edward não contar a verdade sobre o ocorrido, e não posso
dizer que estava a vontade com isso: Alice era a minha melhor amiga de
vida inteira, e mentir para ela definitivamente não me deixava confortável.
Todavia, ele estava pagando um preço alto demais para que eu seguisse
meus caprichos. Apertei o botão de discar e fechei os olhos, levando o fone
ao ouvido.
- Bella? – A voz esbaforida de minha amiga atendeu, ansiosa. - Por Deus,
onde você se enfiou?
Engoli em seco.
- Alice, você está desocupada? Eu... preciso conversar com você.
Minha amiga disse que não, não estava ocupada, e que sempre teria tempo
para mim, frase que fez as lágrimas recomeçarem no mesmo instante. Deus,
quando eu comecei a ser emotiva dessa forma ridícula?
Inspirando fundo, contei para Alice tudo o que havia acontecido – na
versão editada de Edward, claro. Contei desde o início, sobre como eu
havia me aproximado dos Cullen com intuito de inocentar Chase; sobre
como havia me surpreendido com Edward, e como havia me apaixonado
por ele; sobre como eu havia sido absurdamente estuprada por um homem,
que acabou sendo o verdadeiro culpado do crime ao qual meu irmão estava
sendo incriminado; e, por fim, contei sobre o plano maluco que eu criara, e
como Edward havia matado o homem para me defender, mas não antes de
conseguir a tão almejada confissão, o que livraria Chase da pena de morte.
Alice escutou tudo calada, pacientemente, e só se manifestou quando o
silêncio reinou na linha.
- Bella, querida...! Meu Deus, você não devia ter passado por tudo isso
sozinha!
- Eu... Não estava sozinha, Alice. Edward esteve comigo, o tempo todo.
- Sim, e agradeço a ele por isso. Mas é diferente, você sabe. Se você
tivesse contado tudo isso, eu e Jazz teríamos ido até aí, e...
- Alice.
Minha amiga calou-se, percebendo a seriedade em minha voz.
- Sim?
- Há algo... Algo de suma importância, que você precisa saber. - Fechei os
olhos e inalei fundo, buscando por ar e por coragem. - O homem... O
homem que me estuprou, e que é o verdadeiro culpado pelos crimes de que
estão acusando Chase... O nome dele é Jasper Whitlock.
- Co-como?
Apertei o topo do nariz com o indicador e o polegar. Merda. Já bastava a
minha dor, o meu desespero. Eu não queria ter que infringir a mesma
sensação terrível à Alice, uma das pessoas que eu mais amava no mundo.
- Eu sei que é terrível, e que é muito difícil de acreditar, Ali. Mas é
verdade. Eu só descobri depois que ele me violentou, e foi esse o motivo de
eu não ter ligado para vocês. Afinal, bem ou mal, ele é... Bem, ele era pai
de Jasper. Pai do seu noivo.
- Eu não... Eu não... Meu Deus!
Eu tinha plena ciência de que Alice chorava. Diabos, eu mesma chorava! E
foi assim que permanecemos por longos minutos, apenas duas amigas
separadas por quilômetros de distância, ligadas por uma frágil ligação
telefônica e por um buraco imenso no peito, enquanto as lágrimas
incontidas rolavam.
- Alice? - rompi o silêncio, por fim.

- Hum?– Ela respondeu, fungando.


- Sinto muito.
- Você não tem culpa se Whitlock é um monstro, Bells.
- Eu sei. Mas ainda assim.
Eu sabia - e ela também sabia, eu tinha certeza – o motivo pelo qual eu
falara aquilo: a partir daquele momento, Alice e Jasper não eram mais
noivos. Minha amiga nunca olharia para Jazz da mesma forma, ainda que
ele não passasse de mais uma vítima em toda aquela história absurda.

CAPÍTULO XXV - Caminhos opostos

POV DE BELLA
Não posso dizer que fiquei surpresa quando Alice apareceu sem avisar na
manhã seguinte ao meu telefonema. Eu sabia – tinha certeza absoluta – de
que ela viria. O que realmente me surpreendeu foi Jacob ter vindo com ela.
No breve momento em que ficamos sozinhas – Jake havia saído para
comprar algo para almoçarmos – ela me disse que comentou por alto com
ele tudo o que havia acontecido, deixando de lado o fato de eu ter sido
estuprada, pois achou que era pessoal demais e que eu poderia não me
sentir confortável. Alice disse ainda que, após Jake saber que o verdadeiro
culpado tinha sido preso, e que Edward Cullen tinha salvo minha vida (mal
imaginavam eles que havia sido o contrário), ela não conseguiu persuadi-lo
a ficar em Forks, alegando que o melhor amigo acabara de “nascer de
novo”, e que acontecesse o que fosse ele tinha que estar presente nesse
momento.
- Foi legal da parte dele. Bem, pelo menos, eu acho. – Alice deu de
ombros, enquanto amarrava o cadarço do tênis. – Mesmo depois de tudo,
ele ainda é um ótimo amigo, Bells. Alguém com quem você sempre poderá
contar.
Eu sabia que era verdade. Contudo, não me sentia confortável perto de
Jacob, não ainda, depois de tudo o que havia acontecido. Acho que,
primeiro, teríamos que conversar abertamente. E, ademais, tampouco me
sentia confortável em levá-lo ao tribunal para assistir a audiência de
Chase, apesar de saber que não tinha jeito. Isso porque, antes da audiência
que decidiria a concessão da liberdade para o meu irmão, haveria a
audiência que decidiria o arbitramento da fiança de Edward. E, porra, eu
precisava assisti-la. Precisava vê-lo, ainda que de longe.
Alice acabou de calçar os tênis e recostou-se na poltrona, fechando os
olhos.
- Você não quer me contar como foi a conversa com Jazz, Alice? –
Perguntei, sabendo que, mais cedo ou mais tarde, teríamos que tocar
naquele assunto. Era melhor que estivéssemos a sós.
Alice abriu os olhos e suspirou.
- Foi... Difícil, para dizer o mínimo. Jasper não falava com o pai há anos –
nem fazia questão disso – mas, apesar de tudo, era pai dele. Dar a notícia de
que ele fora assassinado não foi nada fácil, em absoluto.
- Eu posso imaginar. Ainda mais com todo o contexto da história.
O corpo de Jasper Whitlock ainda estava no IML, para que toda a perícia e
autópsia necessárias fossem realizadas.
- Exatamente. – Alice levantou-se e começou a caminhar de um lado para o
outro, gesticulando enquanto pronunciava as palavras com sua voz de fada.
– É tudo tão surreal! Eu amo Jazz, Bella! Realmente amo! Mas, depois de
tudo, eu não consigo mais encará-lo da mesma maneira. E eu sei,
simplesmente sei, que ele também não consegue. Sei que ele não teve culpa
das coisas monstruosas que o pai fez, mas o que eu posso fazer? Pelo
menos por enquanto, eu olho para ele e relembro tudo o que você me
contou! E, também...
Alice parou de falar. Passou as mãos pelos cabelos e deixou o corpo cair
sobre a cama, os olhos fixos no teto.
- E também...? – Incitei-a a continuar.
- E, também, além disso tudo, que já não é pouca coisa... Tem Chase. – Ela
me encarou. – Pode ser ridículo, mas aquela visita que fiz ao seu irmão
mexeu comigo. Chase vai ser solto hoje, tenho fé nisso, e sei que ele vai
estar completamente desnorteado, e até um pouco revoltado... E eu não
quero piorar as coisas para ele.
Mordi meu lábio inferior. Sabia que nem tudo era mentira naquelas últimas
palavras de Alice – ela realmente não queria dificultar as coisas para meu
irmão, que já vinha tendo problemas demais nos últimos tempos. Mas eu
sabia, também, que havia mais ali: Alice queria vê-lo aqui fora, livre, sem
aquela parede de vidro blindado entre eles. Queria saber como seria uma
conversa com Chase em um lugar normal, depois de mais de dois anos de
distância. Queria saber o que sentiria de verdade quando tivesse um contato
real com seu grande amor da juventude.
- Eu... Entendo. – Falei, somente. Nada mais precisava ser dito.
Continuamos sentadas, em silêncio. Jacob chegou pouquíssimo tempo
depois, trazendo sanduíches e refrigerantes. Todos comemos sem conversar,
imersos em nossos próprios pensamentos. Quando terminamos, Alice disse
que iria comprar o jornal, e eu tinha noção de que aquilo era um plano para
deixar-me a sós com Jake, mas não a repreendi: eu sabia que era necessário.
Jacob, por sua vez, parecia mais sem jeito que eu quando ficamos sozinhos,
o que me surpreendeu.
- Jake. – Decidi tomar a iniciativa. Jacob me encarou, e percebi que ele
parou de respirar por um momento. – Eu queria te pedir desculpas. Nunca
quis magoar você, de verdade.
Meu grande amigo engoliu em seco, visivelmente desconfortável. Por um
momento, aquele homenzarrão pareceu-se como uma criança perdida e
desajeitada, e tive vontade de abraçá-lo, como fazia antes de todo esse
vendaval passar na minha vida.
- Tudo bem, Bella. Você não precisa pedir desculpas por nada. Sua vida
estava de pernas para o ar, você tinha o direito de tomar decisões sem
preocupar-se comigo.
- Eu não quero perder sua amizade. Você é muito importante para mim,
Jake. Sabe disso.
Jacob aproximou-se e me abraçou. Seus braços enormes e fortes
envolveram meu corpo e deixei meu rosto recostar-se em seu tórax,
absorvendo o calor natural que emanava dele.
- Você jamais perderá minha amizade, Bells. – Ele afagava meus cabelos e
segurei as lágrimas que forçavam saída. – O amor que sinto por você é
maior que tudo isso.
Permaneci mais algum tempo apenas aproveitando o abraço do qual sentira
tanta saudade. Jake acariciava meus cabelos pacientemente, esperando por
meu tempo, até que, enfim, me desvencilhei de seu aperto.
- Como estão as coisas? Lá em Forks, quero dizer?
Ele suspirou e se sentou.
- Leah está grávida. – Sem que eu pudesse conter, meu queixo caiu. – Ela
descobriu logo após eu voltar para Forks, após a minha última visita.
Não falei nada de imediato. Apenas permaneci ali, em pé, absorvendo e
processando a notícia surpreendente.
- Vo-você... Está feliz? – Perguntei.
-Você está feliz? – Ele replicou.
Dei de ombros. Aquela pergunta exigia uma resposta tão complexa...
- As coisas vão se encaixar, tenho certeza. Tudo vai melhorar. – Respondi
por fim. Jacob assentiu com a cabeça em silêncio, para depois concordar:
- Penso exatamente da mesma forma. E quanto a você e o...
- Edward.
- Sim, isso. Vocês estão bem?
Suspirei fundo. Ainda não estava preparada para conversar sobre
relacionamentos amorosos com Jacob.
- Sim, na medida do possível, com toda essa loucura.
- Espero que ele lhe trate bem. Senão eu vou até ele e finalmente revido o
soco que ele me deu.
Jacob tinha um esboço de sorriso nos lábios, o que me incentivou a sorrir
também.

- Não será necessário. Mas é bom saber que tenho um amigo que zela por
mim.
Nós não falamos mais nada, mas também não era preciso.

****

Eu estava sentada entre Alice e Jacob, e cada um segurava firmemente uma


de minhas mãos. Estava tão nervosa que minhas pernas tremiam, sem que
eu conseguisse conter.
O promotor já se encontrava em seu devido lugar, bem como o advogado
de defesa de Edward. Estávamos aguardando apenas que um dos guardas
trouxessem-no para o tribunal, quando então o juiz seria anunciado e a
audiência teria inicio. Meus olhos não desgrudavam-se da porta, esperando
ansiosos pelo momento em que o homem que era dono de meus
sentimentos mais sinceros finalmente aparecesse.
Emmett e Carlisle estavam sentados num banco mais a frente, e não viram
quando chegamos. Eles pouco conversavam, e quando o faziam eram em
sussurros. Aquele lugar estava me deixando claustrofóbica e comecei a suar
frio.
Quando Edward finalmente surgiu, meu coração falhou uma batida.
Dizer que ele não continuava perfeito, um verdadeiro Apolo identificável
entre os reles mortais, seria mentira. Porém, uma dor aguda apertou meu
peito ao observar o vislumbre de olheiras sob seus olhos verdes, que
pareciam um pouco opacos àquela distância. O macacão laranja não
realçava os músculos que eu sabia que existiam, e o fazia parecer mais
magro. Mas o pior de tudo foram as algemas; as mãos de Edward estavam
na frente do corpo, presas em algemas prateadas e reluzentes, que fizeram
meu estômago embrulhar-se.
O olhar de Edward percorreu o tribunal, começando pelo lado oposto de
onde eu estava. Pude ver perfeitamente o caminho que ele traçava e, quanto
mais perto se aproximava de mim, mais meu coração se acelerava, a
adrenalina sendo liberada em doses cavalares em meu organismo. O
momento em que nossos olhares se cruzaram foi como fogos de artifício
sendo acesos em meu estômago. Levantei-me num ímpeto, sentindo as
lágrimas escorrerem por meu rosto. Edward empertigou as costas e abriu os
lábios, mas desistiu de falar: estávamos longe demais, e berrar no tribunal
não devia ser permitido – não é? Pude ver seus olhos brilhando, informando
que um sorriso – o primeiro sorriso que eu veria em seus lábios! – estava se
formando.
E então aconteceu.
Jacob levantou-se, numa clara tentativa de me acalmar, colocando o braço
sobre meus ombros e afagando meu rosto. O olhar de Edward desconectou-
se do meu por um segundo tão breve que pareceu não existir, mas que foi o
suficiente para detectar a presença do homem ao meu lado. Quando ele
voltou a me encarar, sua fisionomia estava impassível.
Eu pisquei várias vezes, afastando as lágrimas e me preparando para
desfazer aquele mal entendido, quando o guarda anunciou que o juiz estava
adentrando o recinto e que deveríamos ficar de pé. Eu já estava de pé, assim
como Jake, de modo que apenas Alice obedeceu. O juiz entrou e eu fiquei
na ponta dos pés, fugindo das cabeças das pessoas para enxergar Edward.
Ele não me olhava mais; já havia se posicionado ao lado de seu advogado e
estava de costas para mim. Foi ordenado que nos sentássemos e meu gesto
foi tão mecânico que nem notei que me movia.
O magistrado começou a ler a acusação que o Estado fazia contra Edward.
Perguntando a ele como ele se declarava, Edward respondeu em alto e bom
tom: inocente. A voz rouca e de sotaque britânico fez com que todos os
meus poros se arrepiarem-se, e fechei os olhos, aguardando enquanto o
advogado de Edward falava, requerendo que uma fiança fosse estabelecida,
e enquanto o promotor rebatia esse pedido, sob alegação de que Edward era
perigoso para a sociedade e que tinha muita influência, motivo pelo qual
poderia fugir a qualquer instante.
O juiz escutou os dois homens em silêncio. Em seguida, baixou os olhos
sobre o processo, lendo com atenção o que quer que estivesse escrito ali.
Quando voltou a encarar o tribunal, requereu que o promotor, o advogado e
Edward ficassem de pé para escutar a decisão.
- Estamos aqui hoje para definir a decretação ou não de fiança no caso
Estado contra Edward Cullen. Analisando os autos, percebo que não foi
possível concluir, em tão pouco tempo, se o acusado foi o autor do crime
em questão. A defesa alega legítima defesa, o que, igualmente, não pôde ser
analisado. Por outro lado, a promotoria traz aos autos provas de que o
acusado, embora não tenha sido incriminado, já sofreu diversas outras
acusações. Dessa forma, ainda que o acusado tenha residência fixa, entendo
que uma fiança, no presente momento, não deve ser arbitrada, devendo o
réu permanecer preso até o julgamento.
Por um breve segundo a ficha não caiu. Senti Alice me abraçando; escutei
o barulho do martelo de madeira batendo contra a mesa; escutei a voz de
Emmett ecoando nervosa pelo local. Então, como uma avalanche, a verdade
me derrubou, sem piedade: a fiança não tinha sido arbitrada; o juiz
indeferira o pedido; Edward permaneceria preso até o julgamento.
Coloquei-me de pé antes mesmo que meu cérebro ordenasse tal gesto.
Minhas mãos espalmaram-se no banco à minha frente e, antes que eu
pudesse conter, eu o estava pulando, e depois o seguinte, empurrando
Emmett e Carlisle para os lados, até que finalmente encontrei Edward.
Segurei seus braços e o fiz virar para mim. Ele me olhou de cima, e nunca
nossa diferença de altura foi tão notória.
- Por favor... – Eu tentava me acalmar, mas não conseguia. As lágrimas
impediam minha voz de sair de forma clara. – Vamos falar a verdade. Você
não pode continuar preso!
Edward umedeceu os lábios com a língua e olhou para baixo.
- Cala a boca, Isabella. Já conversamos sobre isso.
- Edward, eu... Por favor...
- Espere seu irmão e vá embora. – A voz dele era ríspida e sombria. – Aqui
não é lugar para você.

Cruzei os braços sobre meu peito, inconscientemente me protegendo da dor


que a frieza dele me causava. Cheguei a abrir a boca para falar, mas um
guarda aproximou-se e carregou Edward consigo, para longe.
Para fora da minha vida.

POV DE EDWARD

Os minutos passavam arrastados na cela apertada, que localizava-se no


subsolo do tribunal. Minha respiração estava descompassada, revelando o
meu nervosismo. Não que eu me importasse em encarar o juiz: o que me
deixava apreensivo era a certeza de que Isabella estaria lá, já que a
audiência de Chase ocorreria no mesmo dia.
Quando o guarda me buscou, andei em silêncio ao seu lado. Sentia meu
coração bater com força contra minhas costelas e entrelacei os dedos na
frente do meu corpo, tendo total ciência do metal gelado das algemas nos
meus pulsos. Quando dei por mim, a porta do tribunal já estava escancarada
à minha frente.
Meus olhos percorreram o local desesperadamente, atrás dela. Inalei
profundamente e, posso jurar, consegui sentir com nitidez seu cheiro
singular e delicioso de morangos. Já estava pensando que meu inconsciente
ansioso havia criado tal aroma quando, finalmente, a vi.
Porra, ela estava fodidamente linda. Se possível, ainda mais do que eu me
lembrava.
Trajava uma blusa azul escuro e os cabelos cor de mogno estavam soltos,
caindo como cascata de chocolate sobre seus ombros. As bochechas
estavam levemente ruborizadas, e por um segundo regozijei-me com a idéia
de que ela também estava ansiosa por me ver. Como se tivesse vida própria,
meu corpo enrijeceu-se ao nota-la. Abri meus lábios – tinha vontade de
gritar seu nome – mas lembrei-me de meu estado e de onde eu me
encontrava, e consegui me conter. Senti o sorriso começar a formar-se em
minha alma.
“Filho da puta”.
Minha visão periférica detectou a presença de alguém ao lado de Bella. Eu
não queria desconectar nosso olhar, mas a curiosidade foi mais forte. Jacob
Black. Ele tinha o braço imenso sobre os ombros delicados de Isabella e sua
mão acariciava sua face, num gesto íntimo e apaixonado. Voltei a olhar para
Isabella, e minha vontade era de acertar a cara do guarda com o cotovelo e
ultrapassar a distância que me separava dela, socando mais uma vez a cara
daquele merda e afastando-a dele.
”Deixe de ser irracional. Você e Isabella não são porra nenhuma um do
outro. Eles eram namorados. Você sabia disso."
”Foda-se. Ela não o ama. Isabella ama a mim.”
“E aí? No que isso interfere? Você acha mesmo que poderá fazê-la feliz?
Esqueceu-se do filho da puta escroto que você é? Do seu estilo de vida? É
mesmo melhor assim... É melhor que Isabella fique com aquele caipira
borra-botas do que com você: ele poderá fazê-la esquecer-se de toda essa
merda, enquanto você sempre será uma lembrança ruim, de uma época
terrível da vida dela.”
Engoli em seco. Meu advogado falava algo, mas eu não prestava atenção.
Fechei os olhos, tentando calar as vozes que duelavam em minha mente,
mas nada surtia efeito.
“Essa é sua deixa, Edward. Deus está lhe dando uma chance para agir
com hombridade. Deixe Isabella partir. Deixe que ela tenha a possibilidade
de viver feliz. E, para que isso aconteça, ela deve se afastar de você.”
Eu não ouvi quando o juiz proferiu sua decisão. Só soube que havia sido
negativa porque meu advogado falava para eu ter calma em meu ouvido,
informando que iríamos recorrer, bem como escutava a voz de meu irmão
ecoando pelo tribunal, repleta de revolta.
Sinceramente, eu não me importava. Sem Isabella, qualquer lugar seria
vazio como o inferno.
Senti um aperto às minhas costas, nos meus braços, logo abaixo dos meus
ombros. O cheiro de morangos me atingiu com violência, e não precisava
me virar para ter certeza de quem era.
- Por favor... – Isabella tinha os olhos vermelhos e a voz embargada. Tive
vontade de abraça-la, mesmo algemado como me encontrava, e afaga-la até
que seu desespero passasse. Mas meu sub-consciente tinha razão. Ainda
que eu a convencesse a deixar àquele imbecil, ficar comigo destruiria a vida
de Isabella. E isso eu não poderia suportar. – Vamos falar a verdade. Você
não pode continuar preso!
O ódio nasceu em meu peito ao escutar aquelas palavras. Maldita mulher
teimosa e com pretensão à mártir! Juntei toda a raiva que eu sentia: de vê-la
ali, tão perto, abraçada com aquele filho da puta; de saber que ela havia
entrado na minha vida para virar minha cabeça, para depois ir embora; de
ter certeza que, ainda que não fosse assim, eu não poderia tê-la para mim,
pois eu era nocivo demais.
- Cala a boca, Isabella. Já conversamos sobre isso.
- Edward, eu... Por favor...
- Espere seu irmão e vá embora. Aqui não é lugar para você.
Eu não olhava para ela. Havia me tornado um fraco fodido. Se eu
encarasse seus olhos verdes, eu não teria forças. Se eu me perdesse naquela
imensidão, não seria capaz de sair da vida de Isabella para sempre.
Uma parte nojenta e deplorável de mim esperou que ela respondesse;
esperou que ela dissesse que não, não iria embora, que iria me esperar o
tempo que fosse, como naqueles malditos filmes mela-cueca que passam
domingo a tarde na TV. Mas Isabella nada disse e, quando dei por mim, o
guarda já me carregava para longe. Esperei que o aroma de morangos se
dissipasse, ante à distância que aumentava gradativamente, mas foi em vão:
percebi que teria que conviver com ele eternamente, caçoando de minha
sanidade, pois ele já estava entranhado em minha mente.

Capítulo XXVI - Decisões

POV DE BELLA

Eu respirava com tanta força que meu corpo se balançava. O tribunal ficou
embaçado por trás da cortina de lágrimas que tomou meus olhos.
- Bella... - Alice havia se aproximado e segurava meu braço, delicadamente.
- Vem comigo. Vamos voltar para nossos lugares.
- Não! Eu preciso falar com Edward, Ali! Eu...
- Você escutou o que Edward disse, Isabella.
Alice e eu paramos de falar e viramos o rosto ao mesmo tempo em direção
a voz. Emmett me encarava seriamente, os olhos azuis quase escondidos
atrás da fenda que suas pálpebras criavam.
- Co-como? - Perguntei.
Emmett suspirou e deu um passo à frente, aproximando-se de nós. A
diferença de altura era imensa, e ele inclinou-se ligeiramente em minha
direção. Quando falou, sua voz era nada mais que um sussurro.
- Eu disse que você ouviu o que Edward falou. Ele foi bem claro: pegue seu
irmão e vá embora. Era isso o que você buscava desde o início, não era?
Pois bem: você conseguiu. Seu objetivo foi concluído. Você já nos trouxe
confusões demais, e agora meu irmão está preso.
Emmett não expressou em voz alta, mas seu olhar completava sua frase:
meu irmão está preso por um crime que não cometeu; está preso no seu
lugar. Fugi de seus olhos e encarei meus pés. Era doloroso demais encarar a
verdade.

- Eu não queria que isso acontecesse, eu...


- Você não queria, mas aconteceu. - Emmett me interrompeu. - Agora, por
favor, siga sua vida. E nos deixe com os problemas que você trouxe. Não
apareça mais aqui.
Sem que me desse tempo para responder, Emmet se virou e partiu,
acompanhado de Carlisle. Eu sabia que ele não gostava de mim; sabia que
ele havia ficado furioso com o que eu fizera, ao enganá-lo e entrar sozinha
no quarto de Jasper Whitlock. Mas, ainda assim, a sua frieza cortante me
magoou.

- Vamos, Bella...
Alice me puxou pelo braço, e dessa vez me deixei ser carregada. Ainda
processava as palavras de Emmett, que latejavam em meu peito em
sincronia com as de Edward. Havia acabado, enfim. Edward não me queria
mais por perto, eu já o havia trazido problemas demais.
Quando voltei ao meu lugar, posicionada entre Alice e Jacob, meus olhos
fitavam o vazio sem enxergar. Um buraco imenso tomava meu peito e a dor
era lancinante. Estava quase me entregando à ela quando a porta do tribunal
tornou a se abrir, e a imagem de Chase ofuscou qualquer outra coisa em
minha mente.
Meu irmão. Meu irmão iria ser solto. Eu iria poder abraçá-lo em breve e
acabar com a angústia que os últimos dias me trouxeram. Era à isso que eu
iria me prender para superar a dor de perder Edward.
POV DE CHASE

Eu ainda estava completamente atordoado. Desde a visita do advogado na


noite anterior, em que ficara sabendo sobre a confissão do verdadeiro
culpado e da audiência extraordinária para onde me dirigia agora, eu não
consegui pregar o olho.
Eu iria ser solto. Em breve, estaria livre. A justiça havia sido feita.
Caminhando pelos corredores de piso frio e de luzes fluorescentes, ladeado
por um guarda ranzinza e nada gentil, eu tinha total ciência das algemas em
meus pulsos. “Mas é por pouco tempo”, pensei, e isso me trouxe força.
Ergui meu olhar ao escutar passos ecoando em minha direção.
Edward Cullen.
Ele usava um macacão laranja, como o meu. Também estava algemado, e
tinha grandes olheiras sob os olhos. Eu nunca havia visto o homem –
normalmente tão superior e cheio de si – naquele estado, e imaginei que
devia ser como uma imagem refletida de mim mesmo. Nossos olhares se
cruzaram e a distância diminuía na medida em que andávamos pelo
corredor. Quando estávamos quase nos cruzando, eu estanquei.
- Cullen. - O guarda segurou meu braço com força, comunicando-me
silenciosamente que era melhor eu não tentar arrumar confusão.
- Swan. - Edward empertigou os ombros e ergueu ligeiramente o queixo. O
“Senhor Todo Poderoso” estava de volta.
- Soube que você matou o filho da puta que era o verdadeiro culpado pelo
crime de que eu estava sendo acusado. Obrigado por isso.
- Não fiz nada por você, Chase.
Mordi o interior de minhas bochechas. Eu precisava ter calma, não apenas
para não prejudicar minha libertação, mas também porque eu conhecia
Edward Cullen bem demais para ultrapassar qualquer limite.
- Mesmo assim, obrigado. - Edward assentiu com a cabeça e começou a
andar. Dei um passo para o lado e o impedi, com meu ombro. Ele virou o
rosto em minha direção. - Acabou, Edward. Fique longe de minha irmã.
Fique longe de Bella. Deixe que ela siga a vida agora; não venha atrás dela.

- Saia da minha frente, Chase.


O olhar dele me fuzilava. O guarda apertou os dedos em torno do meu
braço e me puxou, liberando a passagem de Edward. Ele permaneceu um
longo segundo imóvel, me encarando, antes de voltar a olhar para frente e
começar a andar, finalmente passando por mim. Já estavámos alguns passos
afastados quando o ouvi falar, às minhas costas:
- Cuide bem dela, Chase.
Não olhei para trás, e sei que ele também não. Continuei andando, absorto
nas palavras que Edward dissera e que eu utilizaria como um mantra
daquele momento em diante. Eu não falharia novamente.
Quando alcançamos a porta e adentramos no tribunal, Isabella foi a
primeira pessoa que vi. Ela estava na primeira fileira, junto com Jacob e
Alice.

Alice.

Meu coração começou a bater tão rápido que fiquei sem ar. Por Deus, ela
era tão linda! Seu sorriso perfeito formou-se assim que me viu, e me flagrei
sorrindo também, com sinceridade, pela primeira vez em anos. Diversas
imagens surgiam em minha mente, como um filme da minha vida passando
em flashes. Todos os momentos maravilhosos que vivemos juntos, desde a
infância, inflando meu peito com o sentimento que eu sempre nutri por ela.

Amor.
Tudo passou rápido e lento, ao mesmo tempo. Prostrei-me ao lado do
advogado, triste por dar as costas à minha irmã, ao meu amigo e à mulher
que eu amava e que estava ali, tão perto, por minha causa. Busquei na
memória se eu havia visualizado Jasper em algum canto do tribunal e
concluí que não, ele não estava lá. Eles haviam terminado? Aquela história
toda havia destruído o relacionamento dos dois? Senti pena de Alice; eu não
suportava a idéia de vê-la com outro, mas suportava menos ainda saber que
ela sofria.

Meu advogado falava, andando de um lado para o outro na frente do juiz,


um gravador em uma das mãos. Eu ainda não tinha escutado a fita; sabia o
que ela revelava, mas não sabia seu inteiro teor. Escutar me deu náuseas.

”- Tira esse roupão e deita na cama.


- Sabe... Eu me pergunto se Edward sabe quem você realmente é, ou se
você, de alguma forma surpreendente, conseguiu enganá-lo até hoje. Mas
acredito que seja a segunda opção; caso contrário, você não estaria viva,
nesse exato momento.
- N-ão sei do que o Senhor está falando.
- Isso, chame-me de Senhor. Eu adoro. Fico completamente duro só de
escutar sua voz de gata manhosa me chamando assim, principalmente
quando o medo está implícito em seu tom. Mas não se finja de idiota. O
jogo acabou, Isabella Swan. Eu acho – ou melhor, tenho absoluta certeza –
que você não faz idéia de onde se enfiou, não é, Isabella? Você não
imagina quem é Edward Cullen. Você não faz idéia do que aquele homem é
capaz de fazer com quem cruza seu caminho. Tenho idade suficiente para
ser pai dele e, ainda assim, posso afirmar que não conheci nenhum outro
homem com tamanha frieza em toda a minha vida. Sem contar eu mesmo, é
claro. Por isso, você ganhou meu respeito. Enganar Edward Cullen não é
tarefa para qualquer um.
- Como você descobriu quem eu era?
- Eu segui você. Quando Edward me negou esse seu corpinho delicioso,
inexplicavelmente fiquei furioso. Segui você e, qual não foi minha
surpresa, quando você foi até aquele presídio visitar o fodido do Chase?
Não foi preciso muito dinheiro para conseguir que aqueles guardinhas
penitenciários de merda me informassem quem você tinha ido visitar e seu
nome completo, senhorita Isabella Marie Swan. ”

Fez-se silêncio na gravação por um momento, apenas ruídos esparsos sendo


escutados. Olhei para trás, ciente de que meus olhos eram duas bolas
injetadas para fora das órbitas, e vi que Bella chorava copiosamente, assim
como Alice. Jacob tinha os olhos fechados e seus lábios eram uma linha
fina.

Mas que merda! O que Isabella tinha passado para tentar me salvar? E
aquela fita... As palavras de Jasper detonavam Cullen de uma forma quase
irreversível. A gravação recomeçou a rodar e interrompeu meus
pensamentos.

“- Você realmente me surpreende, Isabella. Acho que é isso, esse seu


arzinho misterioso, que faz com que os homens desejem você. Essa é a
hora que você deveria começar a gritar. Deveria chorar e implorar por sua
vida, dizendo que se arrepende por ter se metido nessa confusão e pedir
com veemência por perdão, por clemência. Você devia ter presenciado o
desespero de Molly... Ela chorava desesperadamente enquanto eu a fodia,
e quando estava quase amanhecendo, e eu havia me saciado do corpo dela
e a deixado sem forças, completamente exaurida, ela chorou mais um
pouco, implorando para que eu não a matasse. Como você conhece o fim
da história, sabe que não fui piedoso. Estou apostando comigo mesmo o
quanto você vai agüentar. E não estou falando do seu corpo, porque eu já
provei dele e sei que você agüenta ser comida a noite inteira, e ainda
implora por mais, como a vadia que você é. Estou falando de seu auto
controle. Porque, para mim, só vai ficar realmente divertido quando você
implorar para que eu mate você. Isso mesmo: eu vou aproveitar tanto, mais
tanto, de você, que você vai implorar para que eu te mate, Isabella. E
então irei até o merdinha do seu irmão e direi a ele para mandar
lembranças à você, quando ele também partir para o outro lado.”

Senti a bile subindo por minha garganta e fechei os olhos. O advogado


desligou o gravador, e o silêncio nunca foi tão bem vindo como naquele
instante. Eu sabia que havia mais – muito mais – que não estava sendo
mostrado, pelo menos não por ora. Afinal, a confissão de Jasper estava
clara e límpida, e era somente disso que precisávamos ali. Agradeci
mentalmente por não precisar ouvir o restante.
O juiz perguntou ao promotor se ele tinha algum comentário a fazer, e ele
prontamente respondeu que não. Quando me coloquei de pé, para escutar a
decisão, minhas pernas estavam bambas e dormentes. Meu coração parou
por um segundo quando a notícia de que eu estava sendo liberado das
acusações penetrou meus ouvidos, e caí sentado na cadeira logo após o
martelo ser batido.

- Chase!
Olhei para trás e vi Isabella dando a volta no banco, acompanhada de Jake e
de Alice. Me coloquei de pé e ela veio correndo em minha direção, o rosto
repleto de lágrimas. Abraçou-me apertado e beijou meu rosto diversas
vezes, apalpando meu corpo, como que se certificando que eu era real.
- Ah, Chase... - Bella segurou meu rosto entre as mãos e me olhou com
carinho. - Você está livre! Vamos voltar para Forks e recomeçar, você vai
ver!

- Shhh, shhh, Bella... - Eu afagava suas costas, meu rosto escondido por
seus cabelos. - Acabou. Tudo vai ficar bem, agora. Você vai ver.

Ela se desvencilhou de mim e limpou as lágrimas com as costas das mãos.


Olhei para Jake e ele sorria, abertamente. Sorri também e nos abraçamos,
com direito a tapas nas costas. Então olhei para Alice.
Ela estava parada, os braços cruzados, o lábio inferior entre os dentes e uma
lágrima solitária escorrendo pela face, do lado direito. Quando nosso olhar
se cruzou ela engoliu em seco. Aproximei-me dela e segurei seus ombros.

- Jasper está aqui? - Perguntei.

- Não, ele...

Não deixei que ela terminasse de falar. Naquele momento, absolutamente


nada mais importava: se ela ainda era noiva, se nunca mais ficaríamos
juntos, se eu havia jogado fora todas as minhas chances. Segurei seu
pescoço e a puxei para perto, nossos lábios se tocando, minha língua
buscando espaço entre seus dentes e sendo bem recepcionada. Alice
envolveu meu pescoço com os braços delicados e eu segurei sua cintura, e
acredito que tenha usado mais força que o necessário por culpa de minha
ânsia.

Só paramos quando Jacob pigarreou em meu ouvido.


- Você tem que trocar de roupa, Chase... - Jake falava, mas eu mal prestava
atenção. Só tinha consciência de que Alice estava em meus braços, o calor
do seu corpo esquentando o meu, nossas testas coladas, nossas respirações
em uníssono. - Vá logo, para sairmos logo desse inferno.
- Vai... Nos vemos daqui a pouco.
Só tive forças para me separar de Alice por causa de suas palavras. Despejei
um último beijo lânguido e me afastei, sem olhar para trás. Era mais fácil
fazer isso agora, sabendo que eu a veria de novo, em breve.

***

Contrariando a todos, eu não quis ir direto para o quarto pequeno e


deplorável que eu alugava. Não! Estava livre, sentindo pela primeira vez
depois de muito tempo – tempo demais! - o ar puro de São Francisco.
Assim, entendendo meu desespero em recuperar o tempo perdido, minha
irmã e meus amigos acataram meu pedido e nós quatro paramos em um
pequeno e aconchegante pub.

Falamos sobre trivialidades. Eu sabia que as palavras que saíram daquele


gravador estavam encrustadas na mente de cada um, mas não era hora para
tocarmos nesse assunto – se é que um dia voltaríamos a falar nele. Então
Jacob me contou a notícia de que ia ser pai – dá pra acreditar? - e então o
silêncio reinou na mesa.

Isabella remexeu com o canudo o milk-shake de chocolate. Alice imitou seu


gesto, ainda que inconscientemente. Jacob encolheu os ombros e me
encarou; assim como eu, ele havia percebido que falar sobre
relacionamentos era um como caminhar em campo minado.
- Bella? - Isabella quase pulou na cadeira ao me ouvir chamá-la. - Você por
acaso teria um cigarro por aí?
Eu sabia que ela vinha tentando parar, mas a conhecia o suficiente para
saber, também, que naqueles dias tensos ela teria recaído. Confirmando
minha teoria, Bella acenou positivamente com a cabeça e pegou um maço
na bolsa, estendendo-o para mim junto com um isqueiro. Levantei-me e
olhei para Alice.

- Me acompanha?
Alice olhou para minha mão estendida e a segurou, um pouco relutante.
Então ela se levantou e me acompanhou, em silêncio, até o lado de fora. A
calçada estava movimentada e com um aceno breve de cabeça indiquei para
que andássemos. Acendi um cigarro, guardei o maço no bolso e ofereci meu
braço para ela, que aceitou. Andamos por minutos sem rumo certo, ainda
em silêncio.

- Você não tem noção de como é maravilhosa a sensação de estar livre. -


Falei por fim, olhando para a frente, mas pude sentir o olhar de Alice sobre
meu rosto.

- Você não tem noção de como é maravilhoso ver você livre. - Ela
respondeu, sua voz doce e suave acariciando minha alma.

- Alice. - Parei de andar e ela me imitou. Estávamos sobre uma pequena


passarela, e a ponte Golden Gate estava ao fundo, iluminada e linda. Os
cabelos desfiados e negros de Alice eram bagunçados pelo vento, e ela
parecia-me ainda mais perfeita assim.
- Sim?
Eu pude sentir a ansiedade em sua voz. Percebi sua respiração acelerar-se e
seus olhos percorreram toda a minha face. Tinha tanta coisa que eu queria
dizer!

- Eu... amo você. - Os olhos dela se encheram de lágrimas. Uma mão


trêmula foi até os lábios e ela fechou as pálpebras, as lágrimas escorrendo
pelas bochechas macias. - Sei que errei muito, deixando você e indo
embora, sem olhar para trás... Mas quero que você tenha certeza de que
nunca, jamais te esqueci. Ninguém nunca vai poder substituir você e...

- Shhh... - Ela levou a outra mão aos meus próprios lábios, o indicador
fazendo-me calar. E então ela me surpreendeu.

Aproximando-se de mim, Alice ficou na ponta dos pés – de tênis, ela era
muito mais baixa que eu – e me beijou. Um beijo que começou tímido,
lento, e que aos poucos foi tomando forma, na medida em que nossas
línguas se reconheciam. Suas mãos pequenas apertavam meus braços, meus
ombros e seguravam meus cabelos, que já haviam começado a crescer.

- Eu também amo você. - Ela tinha os olhos fechados e os lábios quentes


roçavam nos meus enquanto ela sussurrava. - Senti sua falta.

Eu sorri, e voltei a beijá-la. Sim, eu também havia quase morrido de


saudades.
- Como ficaram... - Minha voz ficou presa em minha garganta. Pigarreei. -
Como ficaram as coisas entre você e Jasper?
Alice afastou-se um pouco, e dei-lhe espaço, mas ainda assim
permanecemos próximos.
- Nós rompemos. Jasper é uma pessoa espetacular, e sei que ele não tem
culpa alguma em tudo o que aconteceu... Mas a verdade é que essa história
sempre estaria entre nós. Seria terrível para ele conviver com alguém que
sempre o lembraria que o pai fora um estuprador homicida. E seria horrível
para mim saber que minha melhor amiga quase foi morta pelo pai do meu
marido. Nosso relacionamento entraria num desgaste. Era a crônica da
morte anunciada.

Ouvi em silêncio. Eu estava angustiado em escutar aquelas palavras; saber


o que Alice achava de Jasper “Maurício” Hale me magoava, e magoava
ainda mais imaginar que ela havia terminado com ele única e simplesmente
porque não havia outra saída. Eu olhava a ponte e ela segurou meu rosto,
forçando-me a encará-la.

- E tem outra coisa, também. - Engoli em seco. Sem me dar conta, parei de
respirar. - Eu não via você há dois anos. E, desde aquela visita que eu lhe
fiz no presídio... Percebi que eu não havia te esquecido, Chase. Dizer que
eu não amo Jasper, seria mentira. Mas o que eu sinto por você... É diferente.
E eu percebi que não iria me perdoar se nunca descobrisse se seríamos
felizes juntos. Jamais me perdoaria por não tentar.
Ignorei o momento em que ela disse que amava Jasper. Isso não importava.
O que importava é que ela me amava, e que tinha escolhido a mim. Mesmo
após todas as minhas burradas, Alice ainda me amava. Tomei-a nos braços e
trocamos o beijo mais apaixonado da minha vida.

***

Voltamos de mãos dadas para o Pub. Jacob estava sentado à mesa sozinho,
o olhar perdido na cantora que dedilhava o violão.
- Onde está Bella? - Alice perguntou, mal havíamos nos aproximado. O
olhar de Jake recaíu em nossas mãos unidas e ele sorriu.

- Saiu correndo e foi ao banheiro.

- Estou aqui.

Nós três olhamos para ela. Tinha alguns fios de cabelo grudados no rosto e
parecia mais pálida do que o habitual.
- Bells? - Jacob levantou-se e a amparou, ajudando-a a se sentar. - Você está
bem?

Isabella negou com cabeça, passando a mão na testa.

- Não... Estou muito enjoada. Não sei se foi a tensão do dia de hoje, ou esse
milk-shake... Preciso ir embora, gente. Não estou me sentindo bem.

Jacob pediu a conta, enquanto Alice e eu levávamos Isabella lá para fora e


chamávamos um táxi. O vento frio nos atingiu, mas eu mal senti: meu
corpo ainda sentia o calor que emanava de Alice.
Capítulo XXVII - Novos rumos

- Eu não sei se quero fazer isso, Alice.


- Não é questão de querer, amiga. Você simplesmente tem que fazer.
A pequena caixa nas mãos de minha amiga parecia querer me morder.
Estávamos trancadas no banheiro há, pelo menos, meia hora, com Alice
prostrada na porta sem me dar chance de passar. Há dois dias eu estava
muito enjoada – qualquer coisa era motivo para irritar meu estômago -, o
que fez minha amiga comprar, sem me consultar, um teste de gravidez.
Mas eu não queria usá-lo. Tentei persuadi-la de diversas maneiras,
alegando que isso era uma coisa impossível de acontecer, quando, na
verdade, o pânico tomava conta de meu organismo numa velocidade
surpreendente. Como eu pude ser tão estúpida? Como, por Deus como, eu
fiquei tão focada em resolver o problema de meu irmão e tão cega de
paixão por Edward que esqueci que uma coisa dessas poderia acontecer?
Como eu não percebi que minha menstruação estava atrasada?
- Bella? – Pisquei algumas vezes e encarei minha amiga. Ela estendeu a
caixa mais uma vez, arqueando as sobrancelhas, e eu tratei de segurá-la. –
Vou esperar lá fora.
Não procrastinei mais. Já que eu tinha que fazê-lo, seria breve.
Mecanicamente, segui as instruções que estavam escritas no verso da
caixinha. Em seguida, coloquei a tirinha de papel sobre a pia do banheiro e
fechei a tampa do vaso sanitário, sentando-me nele e fechando os olhos,
enquanto aguardava o tempo necessário para a resposta aparecer. Olhei no
visor do celular duas vezes antes da hora para conferir o tempo, e quando
finalmente chegou o momento eu congelei. Encarei minha imagem no
espelho e engoli em seco, respirando fundo antes de olhar para baixo e
sentir meu coração parar de bater.
Havia dois tracinhos – um vermelho e um azul. Positivo. Puta merda, o que
eu ia fazer? Sentindo o estômago embrulhar no mesmo instante, abri a
torneira e molhei minha nuca com água gelada.
- Bells? Está tudo bem? Abre a porta! – Alice parecia preocupada e
ansiosa. Abri a porta e não precisei falar absolutamente nada: minha
expressão deve ter revelado tudo, pois minha amiga me abraçou e sussurrou
no meu ouvido. – Calma, pequena. Vai dar tudo certo, ok? Estou aqui com
você.

***

Eu estava tão nervosa que minhas mãos suavam. Mal lembrava de como
havia chegado até ali, tamanha confusão era a minha mente. Mais uma vez
encontrava-me sentada em frente a um vidro blindado, aguardando uma
pessoa que eu amava aparecer para conversar comigo através de um
aparelho telefônico encardido.
Logo após descobrir a novidade, eu havia desabado em lágrimas. Agradeci
mentalmente por Jacob e Chase não estarem em casa – eu não queria que
eles ficassem sabendo, não ainda, não antes de eu decidir o que fazer, como
agir. Alice me afagou e acalmou, e juntas chegamos à conclusão de que o
primeiro passo era contar para Edward. É claro que, a partir desse
momento, eu estava uma pilha de nervos: Edward não era, definitivamente,
uma pessoa previsível, e, se eu tinha uma certeza na minha vida, era que eu
teria aquele bebê, em qualquer circunstância. Foi pensando nisso - e
passando e repassando em minha cabeça diversas formas de como eu
poderia contar a ele – que eu peguei um táxi com Alice e fui até o presídio.
Alice havia ficado do lado de fora, me aguardando: essa era uma conversa
particular.
Eu cutucava minha cutícula impacientemente quando escutei passos
ecoando pelo piso frio. Respirei fundo, tomando coragem, antes de erguer
os olhos. O vinco em minha testa se formou ao mesmo tempo em que
minha visão enviava para meu cérebro a imagem que absorvia, enquanto
buscava entender o que ela significava.
- Boa tarde. Senhorita Swan? – Um guarda penitenciário aproximou-se, do
mesmo lado do vidro em que eu me encontrava.
- Sim. Sou eu. Pois não?
- Edward Cullen pediu para entregar-lhe isso. – O homem, que tinha uma
barriga proeminente e óculos de grau escorregados até a ponta do nariz
anguloso, ofereceu-me um envelope branco. Demorei um segundo para
estender a mão e pegá-lo, mas ele não pareceu irritar-se com isso. – Pode
demorar o tempo que quiser.
O guarda virou-se e meus olhos o acompanharam, até que ele desapareceu.
Meus dedos seguravam com força o envelope, amassando-o ligeiramente.
Analisando com cuidado, vi que não havia nada escrito nele: era
absolutamente em branco, sem remetente ou indicação de destinatário. Sem
conseguir esperar mais, rasguei a lateral e retirei uma folha, sentindo meu
corpo retesar-se ao reconhecer a caligrafia firme e elegante de Edward.

"Isabella,

Apesar de saber que fui claro da última vez que nos encontramos, não me
surpreendo com sua insistência e teimosia. Por isso tentarei ser breve e
direto, a fim de que possamos resolver logo essa situação.
Não apareça aqui novamente. Volte para Forks com seu irmão, siga sua
vida. Seu objetivo foi concluído com a liberdade de Chase, e cumpri minha
parte quando prometi que iria lhe ajudar. Mas é só isso. Nosso
envolvimento – qualquer que possamos ter tido – acaba aqui.
Fique tranqüila: não procurarei você quando finalmente sair desse lugar.
Será como se eu nunca tivesse existido.

Espero que você aja da mesma forma.

E. Cullen”

As últimas palavras ficaram difíceis de ler, pois uma cortina de lágrimas


embaçava minha visão. Mesmo assim, li e reli a pequena carta mais
algumas vezes, a ponto de decorar as palavras dolorosas em minha mente
arrasada. “Edward não quer me ver nunca mais” – essa frase não parava de
ecoar em meus pensamentos, fazendo a dor latejar incessantemente no
ritmo do meu coração dilacerado.
A primeira tentativa de colocar-me de pé foi falha. Minhas pernas estavam
bambas e dormentes, assim como minhas mãos, e permiti-me cair
novamente na cadeira desconfortável e gelada, o metal arranhando o
assoalho e o som agudo ecoando no ambiente vazio. Com os dedos
trêmulos dobrei desajeitadamente a carta e guardei-a na bolsa, enquanto
minha razão me dizia que eu devia livrar-me dela, pois era simplesmente
masoquismo demais guardá-la comigo. Mas eu apenas sabia que não
conseguiria desfazer-me de nada que provinha de Edward, mesmo que
fosse algo que me matasse por dentro. Respirando fundo finquei meus pés
no chão e levantei-me, dessa vez saindo da sala sem olhar para trás com
passos ligeiramente cambaleantes.
Estava quase alcançando a saída quando senti meus pés travarem, antes
mesmo que eu pudesse pensar.
Carlisle vinha andando na direção contrária, o olhar compenetrado fixo em
mim. Senti minhas mãos suarem e agarrei com força a alça da bolsa que
pendia em meu ombro direito, inspirando profundamente para conter as
lágrimas que estavam cada vez mais difíceis de segurar. Fechei os olhos por
um segundo rápido, rezando mentalmente que ele passasse por mim sem
falar nada; rezando para que ele apenas me deixasse sair daquele lugar onde
minha alma havia sido enterrada para tentar seguir adiante com minha vida
vazia.
É claro que Deus não escutou minhas preces.
- Isabella. – Carlisle parou a poucos centímetros de mim, bem à minha
frente, impedindo-me de continuar andado.
- Carlisle. – Respondi num fiapo de voz, meu olhar instintivamente
recaindo sobre meus pés.
- Você e Edward se encontraram?
- Não. - Limitei-me a responder, engolindo em seco, a saliva praticamente
rasgando minha garganta.
- Será que podemos conversar rapidamente, por gentileza?
Merda, o que diabos aquele homem poderia querer comigo? Minha razão
berrava para que eu negasse, mas eu sabia desde que ele finalizara a
pergunta que seria em vão. Meu emocional tinha esperanças de que
Carlisle, como pai, pudesse ter alguma informação preciosa sobre Edward –
se ele estava bem, se estava se alimentando, como andava o rumo do
processo -, e eu ansiava desesperadamente por saber.

- Tu-tudo bem.
Girando o corpo, voltando-se para a direção de onde viera, Carlisle
estendeu o braço indicando que eu andasse. Pigarreei silenciosamente,
mordendo o lábio enquanto criava coragem para obedecer. Passamos pela
recepção nada vistosa do presídio e senti os olhares curiosos sobre nós, e
não pude deixar de achar - seja por me sentir rejeitada ou por ser
simplesmente verdade – que também havia uma grande dose de piedade
estampada ali.
A leve luz solar que conseguia escapar das nuvens cinzentas que
encobriam o céu da tarde de São Francisco fez minhas pálpebras se
fecharem levemente, mas ainda assim consegui enxergar Alice encostada
no capô do carro. Ela estreitou o olhar e eu acenei levemente com a mão,
informando-a silenciosamente que eu iria demorar um pouco mais que o
previsto e que ela poderia partir, se quisesse. Após atravessar a rua virei
rapidamente a cabeça para trás, e não me surpreendi ao encontrar Alice na
mesma posição, com um livro em mãos, resignada em me esperar o tempo
que fosse necessário.
Não demorou para que chegássemos em uma pequena lanchonete de
esquina. O lugar não era nada sofisticado – completamente diferente dos
padrões que Carlisle Cullen costumava ostentar, com certeza -, mas
tampouco era de baixo calão, como poderia se esperar de qualquer
estabelecimento próximo a um presídio. Sentamo-nos em uma mesa
reservada perto da janela e pedimos café para ambos e ovos estalados para
Carlisle, para uma garçonete deslumbrada que quase desabou sobre a mesa
enquanto devorava Carlisle com os olhos. Apenas quando ela retornou com
os pedidos e se retirou foi que nos encaramos diretamente.

- Tem certeza que você não quer comer alguma coisa, Isabella? - O café
desceu pelando por meu esôfago e neguei com a cabeça discretamente, mas
sabendo que Carlisle havia percebido. - Você deve estar se perguntando o
motivo de eu ter lhe pedido um minuto de atenção.
- Realmente... Tenho que admitir que estou curiosa.
Carlisle sorveu um longo gole de café e recostou-se na cadeira. Ele chegou
a abrir a boca para falar, mas a garçonete sem noção voltara com os ovos
estalados, o cheiro da iguaria dominando por completo todo o ambiente.
Imediatamente meu estômago revirou-se e minhas mãos voaram para a
minha boca na mesma velocidade em que minhas pernas me levaram para o
banheiro.
Não faço a mínima idéia de quanto tempo demorei trancafiada lá dentro.
Só sei que foi tempo o suficiente para eu amaldiçoar minha pouca sorte e
para ter certeza de que encontraria um Carlisle completamente diferente do
que eu deixara para trás.
Eu estava certa.
O prato de ovos estalados não estava mais sobre a mesa, e no ar reinava
um cheiro bem mais agradável de algum desodorizante. Imaginei por um
breve segundo o que Carlisle havia feito para conseguir tamanha façanha na
minha ausência.
- Desculpe-me, eu...
- Você está grávida. - Ele foi curto e grosso, disparando as palavras antes
mesmo que eu acabasse de me sentar. Não havia sido uma pergunta.
Cheguei a abrir a boca para negar, juro que cheguei. Mas o olhar
penetrante de Carlisle me impediu de tentar esboçar qualquer mentira
esfarrapada. Cerrei os lábios e coloquei uma mecha de cabelo atrás da
orelha, num gesto involuntário e confesso.
- Edward já sabe?
- Não! - Minha voz soou mais alta do que o esperado, e me encolhi na
cadeira no instante seguinte ao lapso. Carlisle não moveu um único
músculo perfeito. - Por favor... Por favor, não quero que Ed... Não quero
que Edward saiba de nada.
Um vinco profundo surgiu na testa do homem a minha frente. Apoiando os
cotovelos adornados com uma blusa de grife bem cortada na mesa, Carlisle
aproximou o tronco de mim, inclinando-se suavemente em minha direção.
- Não será fácil esconder isso dele, Isabella. Você conhece Edward.
- Não disse que nada nessa situação será fácil. Mas tampouco acredito que
Edward será um problema. - As palavras fluíam com mais naturalidade
agora, e fiquei satisfeita por isso. - Ele deixou bem claro que nunca mais
quer me ver. Pediu cavalheiramente que eu me retirasse de sua vida para
sempre. Ponto final. A história acaba aí.
Senti minhas bochechas queimarem enquanto Carlisle me analisava
atentamente. Minha respiração ficou descompassada e cheguei a desviar o
olhar, mas nada disso o intimidou: o homem continuava a me encarar
compulsivamente, e o olhar fixo demonstrava que sua mente vagava para
longe.
- Olha... - O nervosismo, estranhamente, me fez criar coragem para
quebrar o silêncio desconfortável que se instalara. - Pode ficar tranquilo,
Senhor Cullen... Não serei nenhum estorvo inconveniente para a sua
família. Pode parecer inacreditável, mas eu realmente me apaixonei pelo
seu filho. Esse bebê que estou esperando é o fruto desse sentimento
inesperado e espetacular, e cuidarei dele sozinha sem jamais importunar a
sua família.
- E o que exatamente você pensa em fazer?
- Voltarei para Forks com meu irmão. Tentarei reaver meu antigo emprego
e retomarei a faculdade depois que o bebê nascer. Eu sempre me virei,
Carlisle. Não agiria de outra forma agora.
- Você não vai ficar tranquila. Ficará sempre preocupada – e com esperança
– que Edward apareça. Buscará em cada rosto pelo dele, prenderá a
respiração a cada vez que o telefone tocar, ansiando que seja Edward. E só
vai piorar, a cada ano que passar, a cada aniversário que seu filho
completar. Sua vida não terá paz e, por consequência, a de seu filho
também não.

- E o que, exatamente, você sugere que eu faça?


- Deixe-me ajudar você. Eu sou influente, tenho ótimos contatos. Você se
mudaria para uma cidade e receberia uma ajuda de custo mensal numa
conta particular, aberta com um nome fictício. Edward não lhe
importunaria. Você teria uma vida mais confortável, poderia oferecer um
futuro melhor para essa criança.
As palavras eram absorvidas por meu cérebro rapidamente, me fazendo
ficar tonta. Senti um vislumbre de enjôo se formando, mas trinquei os
dentes: não podia fraquejar, não agora.
- Eu não quero fugir.
Pode parecer loucura, mas eu soube que perdi a batalha com essa frase. O
brilho indiscreto que surgiu nos olhos de Carlisle só serviu para confirmar
minha sensação.
- Não, você não quer. Mas você precisa fugir. Não é?
Meus ombros caíram, vencidos. Era verdade; apesar de não querer me
afastar, pois um imã imenso e imaginário me prendia à Edward de uma
forma quase avassaladora, eu precisava fugir. Ou, então, eu acabaria
aniquilando todos os minutos da minha vida imaginando que o homem que
eu amava voltaria atrás em sua decisão e me procuraria, coisa que, no meu
íntimo, eu sabia que jamais aconteceria.
- Eu não quero seu dinheiro. - Falei por fim. - Só quero uma nova
identidade e o direito de começar uma nova vida com meu filho, longe... -
Pigarreei, espantando as lágrimas que começavam a se formar e embolar
minha garganta. - Longe de Edward.
Carlisle assentiu uma única vez com a cabeça e esperou pacientemente que
eu acabasse de tomar meu café, que àquela altura estava quase gelado.
Quando saímos dali, um futuro totalmente diferente do que eu havia
programado naquela manhã se desenhava à minha frente, e eu só podia
rezar para que tivesse tomado a decisão certa.

CAPÍTULO XXVIII – Mudanças drásticas


POV DE EDWARD

“Você é um imbecil. Sabe disso, não é?”


Sim. Eu sabia. Ou pelo menos um pedaço de mim guardava essa sensação.
Posso afirmar que escrever a carta para Isabella foi a coisa mais difícil que
já fiz na vida. E digo isso porque a sensação terrível de perda, incrustada
nesse gesto, nunca me foi familiar. Nunca fui um homem apegado a
sentimentos puramente humanos, por assim dizer. Todas as vezes que
aproximei-me de alguém sempre foi visando um objetivo anteriormente
traçado; nunca, jamais, aproximei-me de alguém de quem eu não pudesse
tirar algum proveito.
Logo, tampouco criei muitos vínculos em minha vida. Na verdade, os
poucos vínculos existentes foram criados pelo sangue e, ainda assim, às
vezes parecem-me muito mais comerciais do que qualquer outra coisa.
“Exatamente! E você acaba de expulsar a única mulher – a única pessoa!
– que conseguiu fazer você lembrar que tem a porra de um coração.
Parabéns, Cullen. Parabéns por ser um imbecil de merda.”
Só percebi que havia socado a parede quando a dor aguda alcançou a altura
do meu cotovelo, após deixar meus dedos dormentes. Mordi as bochechas
com força para não gritar e senti o gosto peculiar de sangue descer pela
minha garganta, ao mesmo tempo em que uma gota escorria pelo canto do
meu olho esquerdo, após forçar caminho por minha pálpebra fechada.
- Merda!
Repuxei o braço por impulso. Segurando o antebraço com o máximo de
delicadeza possível, analisei cuidadosa e vagarosamente meus dedos. Sim,
pelo menos dois haviam quebrado no meu ataque de ira irracional.
- Ótimo. Fadado à solidão e aleijado. – Praguejei.
Um pigarro às minhas costas fez com que eu esquecesse imediatamente a
dor lancinante que só aumentava. Virei-me no mesmo instante e vi minha
expressão de fúria refletida na de terror que o guarda pombo-correio
sustentava.
- Se-senhor Cullen...
- Você entregou a carta? – Interrompi, demonstrando minha clara
impaciência.
- Sim, senhor.
- Ela foi embora sem problemas?
O homem barrigudo engoliu em seco e olhou para os pés. Eu podia ver
pequenas gotículas de suor formando-se em sua testa, ajudando a revelar
que o homem a minha frente havia se condoído com o sofrimento da
pequena mulher para quem fora designado entregar-lhe o mapa de seu
destino, e senti a ira começando a reaparecer em meu peito.
- Ela. Foi embora. Sem problemas? – Repeti pausadamente, respirando
fundo em cada intervalo.
- Si-sim, senhor.
- Ótimo. – Comecei a dar-lhe as costas quando ouvi novamente o pigarro
familiar. Tornei a encarar o homem, que deu um passo para trás no estreito
corredor entre as celas, como se não houvesse uma grade entre nós
impedindo que eu o matasse.
- É que o senhor tem outra visita... O senhor Carlisle aguarda para vê-lo.
Carlisle. Eu não queria encontrar ninguém naquele momento, mas eu
precisava falar com ele, comunicar-lhe o que havia decidido mais cedo.
Assim, apenas assenti com a cabeça e aguardei enquanto o guarda dava a
ordem para a abertura da minha cela, e no segundo seguinte eu caminhava
ao encontro do meu querido pai. Ele, por sua vez, me aguardava impassível
atrás do vidro blindado, a roupa impecável contrastando terrivelmente com
todo o resto ao redor. Deduzi que Chase deve ter se sentido da mesma
forma ao deparar-se comigo ao lado de sua irmã há um tempo.
Sentei-me à frente dele. O guarda afastou-se e eu retirei um maço de
cigarros do bolso, acendendo um e em seguida segurando o fone de
comunicação.
- Esme enviou-lhe lembranças. – Carlisle disparou, antes mesmo que eu
conseguisse encostar o fone no ouvido. Foi assim: sem um “Olá”, sem um
“Como você está?”, sem um “Estão te tratando bem?” característicos de
qualquer familiar preocupado.
- Obrigado. – Limitei-me a responder, fazendo uma careta ao levantar o
pulso e levar o cigarro aos lábios.
- Machucou-se? – Carlisle perguntou automaticamente por obrigação,
apontando para meu braço com o queixo enquanto abria uma agenda sobre
a mesa.
Decidi ignorar a pergunta, já que ele não se importava realmente.
- O que você quer? – Retruquei.
- Tanya enviou-me o cronograma semanal e eu preciso que você verifique
se está tudo correto com os dados.
Permiti-me tragar profundamente antes de responder:
- Vá se foder, Carlisle.
A imagem de Carlisle imediatamente congelou à minha frente, um discreto
sorriso irônico desenhado no canto direito de sua boca.
- O que você disse? – Ele perguntou.
- Eu disse: vá se foder, Carlisle. – O olhar dele me fulminava. – Você,
Emmett, Esme, Tanya, os negócios... Fodam-se! Eu estou fora.

- Eu sei que você está passando por uma situação ligeiramente crítica, então
irei relevar esse seu desabafo e...
- Ah, você sabe? Situação ligeiramente crítica? – Apaguei o cigarro e
coloquei-me de pé. Os olhos mortíferos de Carlisle me acompanharam. –
Você não sabe de porra nenhuma! Nunca soube! Você deveria ter sido
proibido de ser pai. Sua criação de merda me trouxe onde estou hoje!
- Isabella não servia para você, Edward. Cresça. Supere essa paixonite
ridícula. Seja homem. Honre o sobrenome Cullen.
Mordi o interior de minhas bochechas buscando paciência. Minha vontade
era a de socar aquele vidro até rachá-lo em dois e alcançar Carlisle, mas a
simples idéia de fazê-lo fez as juntas de meus dedos urrarem.
- Tem razão. – Minha voz soou impassível e fria, surpreendendo até a mim
mesmo. – Isabella não merece ter ao lado dela o monstro que você criou.
Ela é boa demais para isso. Bella merece ser feliz.
Após desligar o telefone sem qualquer menção de delicadeza afastei-me
sem olhar para trás, e sem me preocupar em como seria minha vida dali
para frente.

POV DE ISABELLA

Guardei o pequeno envelope pardo dentro da minha bolsa, junto com outro
envelope, branco. O primeiro continha todo o dinheiro que eu – ou melhor,
Cindy – havia angariado nas últimas semanas. Não era pouco: na verdade,
jamais havia visto tanto dinheiro junto antes sob meu poder. Contudo, era
nada perto do que eu precisaria para criar uma criança sozinha.
Criar uma criança sozinha.
Essa simples visão fez um arrepio percorrer meu corpo. Uma semana já
havia se passado desde a minha conversa com Carlisle, mas era pouco
tempo para que eu assimilasse perfeitamente o que a minha decisão
significava: uma vida totalmente nova, sob um pseudônimo qualquer, em
um lugar completamente desconhecido. Alice havia tentado me persuadir
de diversas formas, assim como Jacob. Chase, por sua vez, havia gostado
da idéia; acredito que isso se dava porque ele queria me ver o mais distante
possível de Edward e de tudo o que havíamos passado desde que ele o
conhecera.
- Bells? – A porta do quarto se abriu e fechei a bolsa, saindo de meus
devaneios. Jacob entrou, o olhar percorrendo as duas malas que jaziam ao
lado da cama. – Você está pronta? Tem um carro te esperando lá fora.
Mordi o lábio inferior. A hora havia chagado: não havia mais volta. Jacob
notou meu início de crise de pânico e aproximou-se.
- Você ainda pode desistir, Bella... Aqui você terá ajuda: minha, de Alice e
de Chase. A vida em outro país não é fácil para ninguém, ainda mais com
uma criança pequena e...
- Você já terá seu próprio filho com que se preocupar, Jake... E, além do
mais, vai ser melhor assim. Pelo menos vou para um lugar onde falam a
mesma língua; poderia ser pior.
Jacob passou a mão pelo rosto, percebendo que não conseguiria me
persuadir.
- Ligue assim que chegar lá, ok? E ligue todas as vezes que precisar...
Quando se sentir só, ou com medo, ou simplesmente quiser escutar uma
voz amiga e familiar. Estarmos todos aqui para você.
Assenti a abracei meu amigo, feliz por aquelas palavras e por ter certeza de
que elas eram sinceras e reais. Logo depois saí do quarto, com Jacob em
meu encalço carregando minhas duas malas. Alice e Chase me aguardavam,
e minha amiga veio em minha direção portando um nariz completamente
vermelho e lágrimas nos olhos.
Após mais alguns minutos de choradeira e lamentações, finalmente
consegui transpor a porta e chegar ao quintal.
Um carro totalmente negro me aguardava na calçada, e um motorista
encontrava-se de pé ao lado da porta traseira. Assim que me avistou, o
homem uniformizado abriu-a, deixando-me com Alice enquanto tratava de
guardas minhas malas na parte de trás.
- Tome cuidado. – Alice cochichava, não sei dizer ao certo o motivo. – Está
com o passaporte em mãos? E com a passagem?
Assenti. O passaporte havia chegado naquele mesmo dia, pela manhã.
Trazia junto a minha passagem e um pequeno bilhete, que imaginei ser de
Carlisle, informando alguns detalhes peculiares: ele havia providenciado
um apartamento em meu nome, bem como aberto uma conta, que já
contava com um valor considerável para movimentação.
A partir daquele momento eu me chamava Kristen Stewart e havia nascido
em Los Angeles , no dia 09 de abril de 1990.

****

- Sim, está tudo bem. O vôo foi tranqüilo, dormi a maior parte do tempo.
- E o apartamento? É legal?
Olhei ao redor. Eu podia escutar Alice continuando com a enxurrada de
perguntas ao fundo, mas não assimilava nada. Se o apartamento era legal?
Eu nunca havia imaginado morar em um lugar como aquele antes.
Totalmente mobiliado, com móveis práticos e modernos, o apartamento
escolhido por Carlisle era arejado e de ótimo gosto, com dois quartos, suíte,
cozinha, sala de jantar e de estar. Imaginei como aquilo era desnecessário:
eu não conhecia ninguém naquele lugar e nunca fora uma pessoa com
facilidade para fazer novas amizades. De qualquer forma, apesar de não
poder rechaçar a oferta de primeira, eu não pretendia permanecer ali por
mais tempo do que o necessário.
Eu não pretendia depender de Carlisle mais tempo do que o necessário.
- Bella?
- Hum, sim, o apartamento é ótimo. Você vai gostar dele, quando vier me
visitar.
- Já estou contando os minutos! Olha, Chase está mandando um beijo! E
Jacob também!
- Mande outro enorme para eles. Agora vou desligar, quero desarrumar as
malas e descansar um pouco. Amanhã irei procurar emprego, não posso
estar com olheiras!
- Fica com Deus, Bella! Amanhã nos falamos! E faz um carinho no meu
afilhado por mim!
- Pode deixar. Até amanhã, Ali.
Após encerrar a ligação, tomei um banho quente e preparei um sanduíche.
Carlisle – ou a pessoa mandada por ele – havia feito um trabalho completo,
e a dispensa estava abarrotada de todo o tipo de alimento e bebida.
Devidamente alimentada e menos tensa, desfiz a primeira mala com a
cabeça longe.
Com a mente em Edward.
Mesmo que eu me odiasse por isso, não conseguia deixar de pensar nele.
Preocupava-me não saber se ele estava bem; se estava se alimentando;
como andava o rumo do processo. Automaticamente, fui até minha bolsa e
retirei a carta que ele havia me escrito, e senti a dor lancinante tomar meu
peito mais uma vez ao reler as duras palavras.
Guardando-a novamente na bolsa, encarei minha imagem refletida no
espelho que havia na porta de meu armário. Alisei delicadamente meu
ventre sob a camisola de cetim e não pude deixar de sorrir ao imaginar
como será o rosto de meu bebê, rezando intimamente que ele puxasse os
traços finos e belos do pai.
- Muito prazer, filhote. Sou Kristen Stewart, sua mãe. Você será a criança
mais amada do universo. Será nós dois contra todo o resto, e iremos
vencer... Porque teremos sempre um ao outro.
Eu realmente precisava acreditar nisso para continuar vivendo.
Capítulo XXIX - E o tempo passa

POV DE BELLA

Londres, 4 meses depois.

O chiado vindo da cozinha informava que a água que eu havia colocado


para esquentar já estava fervendo. Levantei-me vagarosamente, sem ânimo
algum. Meus tornozelos estavam inchados após um longo dia de trabalho
servindo mesas em uma lanchonete no centro da cidade, e minha barriga –
com agora cinco meses e meio – parecia pesar cem quilos.
As pantufas protegiam meus pés do frio, mas eu sentia que a calefação do
pequeno apartamento que eu alugara não estava nos seus melhores dias. Eu
havia permanecido apenas três semanas no apartamento luxuoso que
Carlisle arrumara para mim – tempo suficiente para me estabelecer em meu
emprego e conseguir alugar algum outro, bem menor e dentro de minhas
possibilidades.
Apaguei o fogo e peguei minha caneca, já devidamente separada e
portando um sache de chá de morango, e enchi com a água fervendo.
Sentei-me na pequena mesa com um único banco e adicionei duas colheres
de açúcar. E então comecei a chorar.
Pela manhã, assim que chegara em meu trabalho, fui chamada por meu
supervisor para uma conversa particular. Ele havia me dispensado sem
qualquer rodeio, dizendo que aquele era meu último dia de trabalho.
Quando indaguei o motivo, ele apenas informou que minha gravidez já
encontrava-se em um estado avançado e que, em breve, eu me locomoveria
mais devagar que uma tartaruga manca.
Trabalhar o expediente inteiro, sabendo que era meu último dia e que as
contas não deixariam de vencer no final do mês, foi uma missão quase
impossível. De alguma forma, consegui engolir o desespero e segurar o
choro que ameaçara, por diversas vezes, desabar. Mas agora, sentada na
cozinha, sozinha, no meu pequeno apartamento em situação deplorável e
gelado, pude deixar que a angústia se revelasse.
Quando as lágrimas começaram a cessar – não faço idéia de quanto tempo
depois – meu chá já estava gelado. Esfreguei os olhos com os dedos da uma
mão enquanto acariciava Robert, que àquela altura estava completamente
indócil dentro de mim, com a outra.
Robert. Eu havia descoberto a pouco mais de um mês que meu bebê era
um menino; um pequeno rapaz bem formado e que crescia sadio a cada dia.
A escolha do nome não foi fácil: Edward ficava martelando em meu
cérebro, como um mantra quase impossível de esquecer. Contudo, sabendo
que colocar esse nome em meu filho seria o mesmo que pronunciar
diariamente em voz alta a razão da dor aguda trancafiada em meu peito,
tratei de desistir da idéia. Robert foi a segunda opção em que pensei, e
inexplicavelmente eu sabia que era o nome certo.
Levantei-me e despejei o chá intocado na pia da cozinha. Não estava com
fome; a ansiedade e o nervosismo me impediam de sequer pensar em
comida. Estava pensando em ligar para Alice quando escutei o toque do
meu celular ecoando da sala.
- Olá, Ali. Ia te ligar nesse momento. Acho que foi transmissão de
pensamento.
- Boa noite, Bells! Tudo bem? Ah, deve ser mesmo... Pensei em você o dia
inteiro, acredita? Não liguei antes porque não queria te atrapalhar no
trabalho!
- Como estão as coisas por aí?
- Tudo na mesma! Chase e eu estamos pensando em comprar aquela
antiga lanchonete que fica na esquina da sua rua, lembra? Os donos a
colocaram a venda e aquele é um ótimo ponto! Pensamos em repaginar o
local... Fazer com que ele se torne um point da cidade! Sabemos que não
será fácil, afinal...
- Alice... – Interrompi a enxurrada de palavras costumeiras de minha
amiga.
- Sim?
- Eu... Bem, fui demitida, hoje.
Um silêncio cortante instalou-se na linha. Eu sabia exatamente o que
minha melhor amiga devia estar pensando naquele instante: ela
preocupava-se comigo, em como eu sobreviveria numa cidade distante, sem
amigos por perto e grávida de quase seis meses, o que tornava improvável
que eu arrumasse um outro emprego. Sabia disso porque éramos parecidas
demais e essas eram exatamente as questões que me afligiam.
- Calma, Bells. Tudo vai se acertar. O apartamento de Carlisle ainda está
a seu dispor, não é mesmo?
- Sim, mas essa não é uma opção. Não quero depender dele, Alice. Você
sabe disso. Sabe que o dinheiro que ele deposita mensalmente permanece
intocado. Não quero o dinheiro dos Cullen.
- Você está grávida de um Cullen, Bella. E precisa sobreviver. Essa
criança é totalmente dependente de você... Se, para dar-lhe uma vida
digna, você precisar passar por cima de alguns valores morais... Faça.
Eu sabia que Alice tinha razão. Apesar de Carlisle saber que eu não
habitava há tempos o apartamento que ele alugara, continuou cumprindo o
que prometera e o mantinha habitável e a minha inteira disposição. Da
mesma forma, todo mês Carlisle depositava em uma conta um valor maior
do que eu ganharia em um ano inteiro trabalhando na lanchonete. Eu nunca
havia mexido em nenhum centavo daquele dinheiro.
- Não será preciso. – Afirmei. - Amanhã irei procurar emprego... Tenho
alguma reserva, se cortar alguns gastos posso sobreviver por mais umas
duas, três semanas.
Mais uma vez o silêncio tomou a linha. Afinal, nós duas sabíamos que
aquilo era mentira. Primeiro, porque era impossível cortar qualquer tipo de
gasto: eu já vivia com apenas o essencial para minha subsistência,
guardando toda a sobra – diga-se, mísera sobra – para depois que Robert
nascesse. Segundo porque, ainda que fosse diferente, era muito improvável
que eu arrumasse qualquer outro emprego antes de me desfazer daquela
barriga imensa.
- Vou falar com Chase. Ao invés de comprarmos a lanchonete, iremos
depositar parte do dinheiro para você.– Eu cheguei a abrir a boca para
retrucar e dizer que não queria que eles desistissem de seus sonhos por
minha causa, mas Alice foi mais rápida e continuou: - E não adianta dizer
que não quer: sou sua cunhada, futura madrinha de seu bebê e sua melhor
amiga. Nunca deixaria você na mão numa hora dessas.
Suspirei, sentindo meu corpo mole sobre o sofá desgastado. Era terrível a
sensação de não ter controle sobre a própria vida. Pior: era terrível o pânico
que se instaurava ao lembrar que, dentro de poucos meses, um ser pequeno,
frágil e indefeso dependeria de mim para sobreviver.
- Se Deus quiser, isso não será preciso. – Falei por fim, lutando para
manter a tranqüilidade e a esperança. – Tenho fé que arrumarei outro
emprego, antes do esperado.
Era mentira, claro. Mas falar em voz alta fazia parecer mais real.
- Estou em Port Angels, indo para casa. Conversarei com seu irmão assim
que chegar em Forks, ok? O dinheiro que temos está aplicado, então não
estará disponível assim, de repente. Mas falarei com o gerente para que o
libere o mais breve possível.
- Muito obrigada, Ali. De verdade.
- Você sabe que não precisa agradecer, Bells. Você sempre poderá contar
comigo. Sempre.
- Eu sei. Mas obrigada, mesmo assim.
- Amo você. Em breve nos falamos. Mantenha-se forte.
- Também amo você. Dê um beijo em todos por mim.
As lágrimas copiosas voltaram a jorrar mal eu havia acabado de desligar o
telefone.
POV DE ALICE

Guardei o aparelho celular na bolsa e limpei uma lágrima que escorria por
minha face. Eu não queria demonstrar fraqueza para Isabella: ela já tinha
problemas demais; precisava de alguém confiante de que tudo daria certo,
mesmo com tantas adversidades. Mas a verdade é que eu estava muito
preocupada com minha melhor amiga, numa cidade distante, enfrentando
tudo aquilo sozinha.
- Alice?
Meus olhos já estavam fechados, e apertei as pálpebras ainda com mais
força ao escutar aquele timbre de voz tão familiar. Inalei profundamente,
buscando uma calma dentro de mim que eu sabia ser praticamente
inexistente. Abri os olhos lentamente, engolindo a saliva que se acumulara
em meus lábios e que desceu rasgando minha garganta.
Jasper estava parado ao lado de minha mesa. Tinha os cabelos levemente
desgrenhados e segurava um cachecol vermelho em uma das mãos. Trajava
roupas sérias – um terno elegante e um sobretudo preto, que tinha alguns
respingos de chuva nos ombros. Claramente havia acabado de entrar no
pequeno café onde eu me encontrava, provavelmente para fugir da chuva
que começara a cair.
- Jasper. – Minha voz saiu baixa demais e eu pigarreei. – Olá.
Houve um segundo de silêncio, que pareceu longo demais. Então Jasper
sorriu, o seu sorriso discreto e caloroso, que ele sempre costumava dirigir a
mim.
- Há quanto tempo... – Ele falou, tentando esconder o nervosismo de sua
voz. – Você... Está sozinha...?
Não pude deixar de sorrir, melancolicamente. Inevitavelmente imagens de
um passado recente surgiram em minha mente, trazendo lembranças de uma
época em que tudo era menos complicado. Fiquei com pena de Jasper,
parado ali, sem jeito, e recordei-me dos dias em que estar perto um do outro
era tão natural quanto respirar.
- Sim, estou sozinha.
Ele ainda sorria, mas seus olhos verdes estavam sérios. Pude ler facilmente
o que sua expressão dizia: ele travava uma batalha entre virar as costas e
partir, ou permanecer e oferecer-se para sentar-se à minha mesa. Resolvi
facilitar as coisas para ele.
- Você gostaria de se sentar? Acabo de chegar também, ainda nem fiz meu
pedido.
O olhar de Jasper iluminou-se, e uma pontada de dor apertou meu peito.
Aquilo não era saudável, para nenhum de nós dois, mas muito menos para
ele. Afinal, eu havia terminado tudo porque descobrira que minha
verdadeira felicidade encontrava-se com outra pessoa... Jasper, eu sabia
bem, ainda nutria um sentimento muito forte por mim.
- Seria ótimo. Obrigado. – Retirando o sobretudo preto e apoiando-o na
cadeira, Jasper sentou-se ao meu lado. Seus olhos correram o ambiente,
mas na verdade ele fitava o vazio: sua mente pensava no que ele diria a
seguir, eu tinha certeza. – Como andam as coisas? Você está bem?
Aquela pergunta, vindo da voz suave do homem à minha frente, foi como
um estopim. Antes que eu sequer formulasse uma frase para responder,
lágrimas teimosas rolaram. Jasper inclinou-se sobre a mesa, a expressão
preocupada e intrigada. Automaticamente sua mão sobrepôs-se a minha e
seus dedos longos fecharam-se nos meus, que responderam à altura,
familiarizados com aquele gesto.
- Alice? Querida, o que houve? – Sacudi a cabeça em negação, separando
nossas mãos e buscando lenços de papel dentro de minha bolsa. Jasper
chamou a garçonete enquanto isso. – Por favor... Traga uma água com gás,
um café expresso e um capuccino com chocolate, sim?
Um sorriso desengonçado formou-se em meu rosto, em meio às lágrimas
que ainda jorravam. Capuccino com chocolate. Jasper ainda se lembrava
exatamente do meu gosto. A garçonete afastou-se e Jasper voltou sua
atenção para mim novamente.
- Fique tranqüila, sua água está chegando... Você está melhor? - Assenti. Os
olhos de Jasper percorriam meu rosto e queimavam minha pele, enquanto
ele buscava entender o que se passava. Parecia que ele se esforçava
veementemente para ler meus pensamentos. – O que houve, Alice? Não
gosto de ver você assim. Fico preocupado.
Suspirei e me mantive em silêncio por mais algum tempo. Ainda sentia o
choro entalado em minha garganta; falar sobre as preocupações que me
assolavam poderiam desencadear um choro desenfreado, e definitivamente
eu não queria que isso acontecesse.
- Foi Chase? – Jasper continuou. - Ele fez alguma coisa com você? – A
pergunta soou temerosa, a voz uma nota acima do usual entregando o
nervosismo intrínseco na questão.
Uma onda de culpa e pena me assolou. Jasper – meu ex-noivo amoroso e
dedicado – estava ali, à minha frente, preocupado comigo, mas com
esperanças de que pudesse ser meu salvador; com esperanças de
restabelecer minha alegria com todo amor que tinha guardado para me dar.
- Não, Jazz... Não tem nada a ver com Chase. Nós... Estamos bem.
Os ombros de Jasper caíram quase imperceptivelmente, mas não o
suficiente para despistar minha visão aguçada. Ele chegou a abrir os lábios
para falar alguma coisa, mas desistiu. Seus dedos correram por seus cabelos
levemente úmidos pela chuva, desgrenhando-os ainda mais. A garçonete
chegou com nossos pedidos, e agradeci mentalmente pelos segundos curtos
de silêncio, que conseguiram amenizar um pouco a situação.
Jasper serviu a água em um copo e ofereceu para mim, que aceitei.
Adoçamos nossas bebidas em silêncio – surpreendentemente, um silêncio
confortável. Escutei certa vez que sabemos que temos uma ligação sincera
com uma pessoa quando conseguimos permanecer ao seu lado em um
silêncio confortável; quando não é necessário utilizar-se de subterfúgios
para quebrar o gelo. Fiquei feliz em saber que seria eternamente dessa
forma entre Jasper e eu, acontecesse o que fosse.
- Então porque você está chorando, querida? Há algo que eu possa fazer
por você?
- Eu estou preocupada, Jazz... Apenas isso. Bella... Está passando por
problemas.
Jasper suspirou, recostando-se na cadeira. Em nossa última conversa, ele
comentara como sentia-se culpado por tudo o que seu pai havia feito à
Bella. Eu havia lhe dito que ele não tinha culpa alguma, mas Jasper era
bondoso demais para esquivar-se.
- Como ela está? – Ele perguntou.
Permaneci reticente por um momento. Além de mim, de Chase e de Jacob,
ninguém sabia do paradeiro de Isabella. Achamos que essa era a melhor
atitude a tomar, tendo em vista que Bella mudou-se para Londres com o
objetivo de nunca mais encontrar Edward, e que qualquer deslize seria o
suficiente para ele localizá-la, caso quisesse. Contudo, Jasper era uma das
pessoas mais confiáveis que eu já conhecera na vida, e eu realmente
precisava desabafar antes que explodisse. Assim, contei-lhe tudo: sobre a
gravidez inesperada de Isabella; sobre a carta que ela recebera de Edward
quando foi até o presídio para lhe contar a “novidade”; sobre a mudança de
nome, de país e de vida para permanecer o mais distante possível de seu
passado doloroso; sobre a ligação que eu acabara de finalizar, onde
descobrira que Isabella estava desempregada e com quase seis meses de
gravidez. Jasper escutou tudo atentamente e em silêncio, afagando minha
mão vez ou outra, quando sentia que o nervosismo pretendia voltar a se
instaurar em meus gestos.
- Isso tudo é... Horrível. – Falou, por fim.
- É por isso que estou assim, Jazz. Deus, você sabe o quanto Bella e eu
somos unidas! Saber que minha amiga está precisando de mim e que eu não
posso ajudá-la... É terrível! Já pensei em ir para Londres por diversas vezes,
mas Bella é categórica ao negar, dizendo que Edward pode estar vigiando
os passos das pessoas que a cercam, já que ela simplesmente desapareceu
no mapa. – Respirei fundo. – Chase e eu íamos usar umas economias para
comprar uma lanchonete em Forks... Não posso demorar, quero chegar em
casa rápido e contar para ele o que aconteceu. Quero dizer que esses planos
serão adiados, porque uma parte do dinheiro eu irei depositar para Isabella.
Jasper encarava sem enxergar a xícara vazia à sua frente. Imaginei que ele
estivesse absorvendo tudo o que eu contara, por isso aguardei: sabia bem o
quanto toda aquela história era uma loucura, e que poderia demorar para ser
digerida. Quando enfim ele se pronunciou, sua voz era tranqüila, porém
impassível.
- Por favor, não fale nada com Chase sobre o dinheiro. Não ainda.
- Mas... - Cortei a frase no meio. O tempo de convivência com Jasper me
ensinara a entender que suas palavras, muitas vezes, vinham recheadas com
outros objetivos. – Não posso esconder isso de Chase por muito tempo,
Jazz. E nosso dinheiro está aplicado, devo falar com meu gerente o quanto
antes, para que ele fique disponível.
- Dê-me dois dias. Dois dias, Alice. E então, se as coisas não melhorarem,
você tem carta branca para agir da forma que entender melhor.
Eu o encarava sem piscar, e era retribuída na mesma moeda.
- O que você vai fazer, Jazz?
Levantando-se, Jasper retirou a carteira e despejou uma nota alta sobre a
mesa, vestindo o sobretudo em seguida. Meus olhos o acompanhavam,
filmando cada detalhe.
- Isabella já sofreu muito, Alice, e por causa de minha família. Tentarei
ajudá-la de alguma forma, mas não gostaria que ela soubesse que um dia
tivemos essa conversa. Tudo bem? – Assenti. Jasper inclinou-se sobre mim
e colou os lábios em meus cabelos, no topo de minha cabeça. Sua mão
segurou minha nuca e um arrepio percorreu meu corpo, fruto da
eletricidade acumulada entre nós. – Fique tranqüila, querida. Isabella ficará
bem sem que você precise abrir mão de seus sonhos.
Separando-se de mim, Jasper colocou o cachecol sobre os ombros esguios
e virou-se de costas, deixando o pequeno café sem olhar para trás.
POV DE EDWARD

- Necessita de mais alguma coisa, Senhor Cullen?


- Não, Victoria. Obrigado.
Aguardei que minha secretária deixasse a sala, para somente depois
analisar os documentos que ela havia me entregado. Eu havia ordenado que
uma auditoria minuciosa – e secreta – fosse realizada na Cullen
Empreendimentos Ltda., assim que recuperei meu cargo de diretor, após
sair da prisão. Foram longos três meses em que Carlisle e Emmett
permaneceram no poder sem qualquer supervisão contábil de minha parte, e
isso me deixava preocupado. Pelo menos, o advogado que eu havia
contratado para me defender havia realizado um ótimo trabalho, e eu havia
sido absolvido por legítima defesa.
Afrouxei o nó de minha gravata e me recostei na cadeira, olhando para o
teto. Inevitavelmente, minha mente vagou para a única pessoa que tomava
meus pensamentos 24 horas por dia: Isabella. Eu não a via desde o dia do
meu julgamento e não tinha notícias dela desde o dia fatídico em que ela
fora me visitar, e eu havia escrito a carta em que ordenava que ela saísse de
minha vida, de vez.
Minha vida havia mudado radicalmente desde aquele dia. Eu havia
decidido não participar mais dos negócios escusos de minha família, e
desde que saíra da prisão dediquei-me exclusivamente ao cargo de diretor,
trabalhando efusivamente, na tentativa vã de que minha mente
permanecesse tão ocupada com problemas que não conseguisse pensar em
Bella.
O que, claro, não surtiu efeito.
Cada segundo ocioso me remetia a ela: à textura inigualável de sua pele, à
maciez dos seus cabelos cor de mogno, ao seu cheiro inebriante de
morangos. Isabella preenchia minhas fantasias diariamente, principalmente
enquanto eu dormia e não podia comandar o rumo que meus pensamentos
tomavam. Apesar de ter certeza de que havia agido corretamente ao
expulsá-la de minha vida (pois isso era o melhor para ela) e de me esforçar
diariamente para não procura-la, uma imensa parte de mim ansiava pelo dia
em que Bella apareceria em minha porta, divina como sempre e disposta a
me conceder mais uma chance de merecer seu amor.
Devaneios, claro. E, com eles, vinha o gosto amargo de imaginar que,
naquele momento, Isabella provavelmente estaria vivendo uma vida feliz e
pacata ao lado de Jacob Black. Por isso, nunca me permiti ir atrás dela, o
que só traria dor ao meu peito e aborrecimentos para a mulher que eu
amava, e que estava bem melhor com a minha ausência.
Pisquei algumas vezes, passando as mãos pelo rosto com intuito de
espairecer. Os documentos permaneciam intocados sobre minha mesa, e
decidi dar-lhes a devida atenção. Analisei cada conta e extrato com cuidado
e, após algumas horas exaustivas, havia terminado. Verifiquei algumas
anotações que fizera enquanto estudava os cálculos mensais, e algo me
chamou a atenção.
A cada mês, uma quantia considerável era transferida da conta da empresa
para uma outra, no exterior. Olhei para o Bvlgari em meu pulso e retirei o
telefone sem fio da base, discando o ramal do contador da empresa.
- Boa tarde, Scott. Edward Cullen falando.
- Oh, boa tarde, Sr. Cullen!
- Scott.... Estava analisando as contas da empresa dos últimos cinco meses,
e verifiquei que todo mês uma certa quantia é transferida para uma conta no
exterior. Você saberia explicar-me a que se refere?
Um silêncio tomou a linha, e pude sentir através da estática o nervosismo
apoderar-se do homem de meia idade do outro lado.
- Scott? Não preciso informar-lhe que, como diretor, tenho direito de saber
onde cada centavo desta empresa é aplicado, não é mesmo? Então, se você
tem amor ao seu emprego, acho melhor que responda a minha pergunta sem
que haja necessidade de eu reformula-la.

Ouve um breve instante de hesitação. Apertei o topo de meu nariz entre o


polegar e o indicador, respirando fundo e contando até três. Minha
paciência já estava no fim quando escutei a voz temerosa do contador do
outro lado da linha.
- Há cinco meses atrás, o Senhor Carlisle Cullen repassou-me esse
número de conta e ordenou que, mensalmente, esse valor fosse depositado
sem atraso.
- Carlisle? Ele disse onde era o investimento? Sobre o que se tratava?
- Absolutamente, Senhor Edward. Apenas informou-se o número da conta
e mandou que o depósito fosse efetivado mensalmente.
- E a conta encontra-se em nome de alguma instituição?
- A conta é de uma agência situada em Londres e está em nome de Kristen
Stewart.- Meu cérebro começou imediatamente a pesquisar alguma
referência relacionada àquele nome. Nada. – Hã... Senhor Edward?
- Muito obrigado, Scott. Você foi muito eficiente.
Finalizei a ligação e apertei o interfone. Victoria atendeu-me prontamente.
- Victoria, faça-me um favor: providencie uma passagem para Londres,
para amanhã. Necessito resolver uma questão urgente e inadiável.
Obrigado.
Ir para Londres definitivamente não estava nos meus planos, ainda mais
sem qualquer planejamento. Contudo, havia algo de errado naquele desvio
de dinheiro, e eu não iria sossegar enquanto não desmascarasse mais uma
das falcatruas de Carlisle.

POV DE BELLA

O dia seguinte à minha demissão foi exaustivo: passei horas e horas


andando de estabelecimento a estabelecimento, buscando placas onde eram
anunciadas vagas de emprego. Em todos os lugares em que entrei, fui
recebida com olhares esnobes e impaciência, e não consegui uma única
entrevista sequer. Era descartada tão logo os olhos de meu provável
empregador recaíam sobre minha barriga.
No fim da tarde, exausta e desanimada, decidi que era hora de voltar para
casa. O cheiro convidativo de uma barraquinha de cachorro-quente,
localizada em frente ao meu edifício, me seduziu, e resolvi parar para me
alimentar. Fiz meu pedido e, tão logo ele ficou pronto, sentei-me em um
banco situado na praça existente ali.
Comi observando as crianças divertindo-se nos brinquedos, correndo de
um lado para o outro sem preocuparem-se com suas mães e babás em seu
encalço. Estava perdida em meus devaneios, imaginando que, em breve, eu
estaria no meio de toda aquela movimentação, quando uma voz feminina e
suave me chamou a atenção. Tratava-se de uma senhora, na faixa dos
setenta anos. Ela havia se sentado ao meu lado no banco da praça e
conversava no celular. Ao perceber que havia me chamado a atenção,
gesticulou em tom de desculpa e encerrou a ligação.
- Desculpe-me... – Disse a senhora, guardando o celular na bolsa e sorrindo
abertamente em minha direção. – Não queria atrapalhar o seu lanche. –
Olhando para minha barriga, a senhora sorriu ainda mais. – Você está com
quantos meses, querida?
- Cinco meses e meio. – Respondi, limpando o canto dos lábios com um
guardanapo.
- Oh, nem me apresentei! Que grosseria, a minha! Muito prazer, me chamo
Dorothy.

- Muito prazer, Dorothy. Meu nome é Kristen, mas todos me chamam de


Kris.
Ainda era estranho para mim apresentar-me sobre tal pseudônimo, mas eu
não tinha escolha. Apertamos as mãos e voltamos a olhar para as crianças
brincando no parque. Estava quase me esquecendo da presença da mulher
quando senti que ela virou-se ligeiramente no banco.
- Você trabalha por aqui, Kristen?
Analisei a expressão de Dorothy: ela tinha cabelos grisalhos e levemente
azulados, que destacavam seus olhos acinzentados. Apesar da idade, sua
pele tinha o aspecto macio e bem tratado, o que me fez crer que possuía
recursos para tratamentos anti-rugas ou plásticas.
- Na verdade, estou procurando emprego... Mas eu moro naquele prédio
vermelho ali, do outro lado da rua.
Os olhos da senhora mais uma vez recaíram sobre minha barriga, dessa vez
banhados de piedade. Remexi-me no banco, alisando meu ventre sob o
casaco, visivelmente constrangida.
- Sabe... Eu não sei se você escutou, mas quando sentei-me aqui eu falava
com uma agência de empregos. Há duas semanas eu requeri uma nova
governanta para minha casa, porém todas as candidatas que eles me
encaminham não me agradam. Você teria alguma experiência nessa área,
minha querida?
Engoli em seco, sentindo a adrenalina jorrar em minhas veias. Experiência
como governanta? Bem, eu não poderia responder que sim, a não ser que
fazer uma pequena lista de supermercado contendo massa instantânea e
refrigerante estivessem incluso nesse contexto.
- Eu moro sozinha desde muito nova, e sei cuidar de uma casa
perfeitamente. – Respondi, escondendo o fato de que eu mal conseguia
encontrar meu próprio par de tênis. – Além do que, sou esforçada e aprendo
com muita facilidade. A senhora não iria se arrepender se me desse uma
chance. – Bem, pelo menos a última parte era verdadeira.

Dorothy ficou em silêncio por um longo segundo, absorvendo minhas


palavras e analisando meu rosto. Sem dizer nada, abriu a bolsa e retirou um
pequeno cartão, que estendeu em minha direção.
- Esteja em minha residência amanhã, às nove horas em ponto. Vá
preparada para um dia de experiência. Caso você se saia bem, o emprego é
seu.
Segurei o cartão entre os dedos e sorri. Dorothy retribuiu o sorriso,
levantando-se.
- Obrigada, Dorothy. Você não irá se arrepender.
- Acredito que não. Não acredito em coincidências, querida. Eu não sentei-
me nesse banco por acaso. Até amanhã.
A senhora esguia partiu, deixando-me sentada com meus pensamentos e
com a esperança de que, enfim, havia uma luz no fim do túnel.
CAPÍTULO XXX – Descobertas - Parte I

POV DE EDWARD

O saguão do aeroporto estava abarrotado. Eu checava meus e-mails em meu


IPhone enquanto observava, de pouco em pouco tempo, o painel
informativo de pousos e decolagens.

- Merda! – Xinguei, mais alto do que os bons costumes indicariam, ao


perceber que meu vôo estava atrasado.

Não queria demorar-me em Londres: pretendia chegar na cidade, dirigir-me


até o banco onde a quantia misteriosa estava sendo depositada
mensalmente, descobrir em que tipo de falcatrua Carlisle estava metido
dessa vez e, se possível, voltar para São Francisco na manhã seguinte.
Aquele atraso não estava nos meus planos, e, como qualquer coisa que saia
fora do meu controle, me deixou irritado.
Levantei-me e dirigi-me à uma cafeteria dentro do setor de embarque.
Estava terminando meu expresso quando meu celular vibrou, e o nome de
Carlisle surgiu no visor. Minha primeira reação foi a de ignorar a chamada,
e assim o fiz. Normalmente, Carlisle não insistiria, e foi exatamente a
estranheza de uma nova chamada que me fez atendê-lo.

- Estou ocupado no momento, Carlisle. Falo com você mais tarde.

- Esme sofreu um acidente, Edward. Estou indo para o hospital nesse


momento.

Apertei com força o aparelho entre meus dedos. Esme nunca fora o
exemplo de mãe amorosa e dedicada, que faz com que seus filhos desejem
manter relações mesmo após sua independência. Contudo, ainda assim ela
era minha mãe, e aquela notícia fez com que um aperto surgisse em meu
peito.

- Qual o estado dela? – Perguntei, enquanto me levantava e jogava uma


nota sobre a mesa, para quitar a conta.

- Não sabemos ao certo. Ela estava indo para a Yoga, quando um carro
desgovernado acertou o veículo dela de frente. Esme havia dispensado o
motorista, por isso acabou se ferindo.

Agradecendo mentalmente por ter preparado apenas uma pequena bagagem


de mão, e não ter despachado nada para a viagem, perguntei à Carlisle para
que hospital Esme havia sido levada, e em pouco tempo encontrava-me
dentro de um táxi rumando para o local.

A viagem para Londres, a fim de verificar o que Carlisle estava


escondendo, havia sido adiada, mas não esquecida.

POV DE BELLA
Eu já vivia a tempo suficiente em Londres para entender que a tão famosa
pontualidade britânica não era lenda. Exatamente por esse motivo, acordei
bem cedo no dia seguinte ao meu encontro inusitado com Dorothy, e na
hora marcada tocava a campainha de sua casa.

Ok, deixe-me retificar: tocava a campainha de sua mansão.

Situada em um dos bairros mais tradicionais de Londres, o lugar era


simplesmente maravilhoso. Imensos portões dourados recebiam os
visitantes, que, após serem identificados e tinham a entrada liberada,
ultrapassavam um jardim belíssimo e bem cuidado até, finalmente,
chegarem à porta dupla de carvalho.

Para minha surpresa, fui recepcionada pela própria Dorothy, que, assim
como no dia anterior, mostrou-se muito gentil e prestativa. Após alguns
minutos de conversa, a educada senhora apresentou-me o resto da casa –
ato que tomou grande parte da manhã. Com paciência ela mostrou-me cada
cômodo – inclusive o que eu poderia utilizar como residência – e, no fim,
apresentou-me à Zafrina, sua empregada mais antiga e quem – eu iria
descobrir isso dias depois – iria ser minha grande amiga e companheira.

Zafrina ensinou-me a dinâmica da imensa residência. Assim, esforçando-


me ao máximo, ultrapassei o primeiro dia de trabalho e, quando dei por
mim, todos os afazeres da casa estavam sob meu domínio.
Foram meses felizes, na medida do possível. Eu tinha tanto trabalho a fazer
que quase não conseguia pensar em Edward e no imenso vazio que sua
ausência me causava. Falava com Alice quase todos os dias, e minha amiga
parecia mais tranqüila com as notícias que eu lhe passava. Robert, por sua
vez, crescia saudável e cercado de mimos e carinho: Zafrina sempre
preparava comidas saudáveis para nós, e Dorothy, por sua vez, esperava
ansiosa o momento em que ele finalmente nascesse, para conhecer os
diversos presentes que ela havia comprado.

A fim de não atrapalhar meus afazeres, e tendo em vista que já encontrava-


me com quase nove meses de gestação, conversei com o médico que me
acompanhava e decidimos marcar uma data para realizar uma cesárea. Eu
havia decidido trabalhar até a hora do parto, para aproveitar melhor minha
licença maternidade após o nascimento. Alice, assim que soube da data
marcada, providenciou uma passagem para Londres.

Robert, por sua vez, mostrou-se ansioso e surpreendeu a todos.

As dores começaram no meio da tarde, e me pegaram de surpresa enquanto


eu e Zafrina conversávamos sobre trivialidades na cozinha e ela preparava o
jantar. Foi minha querida amiga que me ajudou, colocando-me sentada
numa cadeira e indo chamar Dorothy no andar de cima. Em pouco tempo,
ambas me rondavam preocupadas enquanto separavam os objetos
necessários para levar ao hospital.
Percebendo meu estado, fui prontamente atendida assim que ultrapassei as
portas da emergência. Avisado por Dorothy, meu médico chegou pouco
tempo depois, preocupado com meu estado e com o do bebê. Para minha
tranqüilidade, após diversos – e rápidos – exames, ele constatou que nada
havia de anormal: aparentemente, Robert apenas havia enjoado do
aconchego de meu ventre.

Menos de uma hora depois, eu dava à luz a uma criança sadia e perfeita. E a
cara de Edward.

POV DE EDWARD

- Não pretendo demorar, Victoria. – A aeromoça me olhava de soslaio,


indicando que eu devia desligar meu celular. – Se conseguir resolver tudo
ainda hoje, parto amanhã cedo. Por favor, não faça nenhuma estupidez na
minha ausência.

Encerrando a ligação, guardei o aparelho no bolso do meu casaco. Muita


coisa havia acontecido desde a minha última tentativa de ir para Londres.
Esme havia sofrido um acidente, o qual descobri ser mais grave do que
suspeitara. Após dois meses internada com suspeita de perder os
movimentos das pernas – ela havia machucado a coluna -, finalmente os
remédios e a fisioterapia surtiram efeito e ela recebeu alta. Porém, ainda
assim precisava de cuidados especiais, o que fez Carlisle afastar-se
temporariamente do controle da empresa e eu ficar assoberbado de
trabalho.

Mesmo assim, mensalmente um valor significativo era desviado para


Londres. Por isso, assim que a vida voltou à sua normalidade – quase sete
meses depois – eu havia decidido retomar meus planos e descobrir o que
estava acontecendo.
O vôo transcorreu tranqüilo e sem imprevistos. Diferentemente do usual, o
clima em Londres era ameno, e o sol persistente teimava em furar a parede
de nuvens espessas.
Estava tão impaciente que sequer me dei ao trabalho de passar em um hotel
para deixar minha bagagem de mão. Forneci ao taxista o endereço da
agência bancária cuja conta recebia injeções mensais do dinheiro da minha
empresa, e logo estava sendo atendido.

- Eu entendo suas colocações, Senhor Cullen. Contudo, nós não podemos


fornecer informações pessoais sobre os nossos clientes. – O funcionário
encarava-me por detrás da mesa de mogno, e apesar de manter sua posição,
eu podia sentir que ele sentia-se desconfortável.

- Deixe-me falar com seu superior. – Ciciei, sem fazer menção de levantar-
me dali até ter meu pedido atendido.

- Acho que não será possível, infelizmente, Senhor Cu... – O homem cortou
a frase no meio, intimidado por minha expressão nada amigável. – Hã, só
um minuto.

Erguendo-se num impulso, como se quisesse afastar-se de mim o mais


rápido possível, o homem sumiu de meu campo de visão. Menos de cinco
minutos depois, uma linda mulher aproximava-se, impecavelmente vestida
e maquiada. Sentando-se no local em que meu “amigo” estava pouco tempo
atrás, apresentou-se como Irina, e informou-me que era gerente geral
daquela agência.
A partir de então, tudo foi muito mais fácil.
Eu quase havia me esquecido de como era fácil conquistar as mulheres.
Com o afastamento de Isabella, e com a ferida aberta que sua ausência me
deixou, eu havia me esquivado de qualquer tipo de contato mais íntimo
com as pessoas, principalmente do sexo oposto. Não que eu não percebesse
o que se passava ao meu redor, ou o quanto a maioria das mulheres eram
extremamente simpáticas comigo. O fato é que eu não conseguia me
interessar por nenhuma delas.

Contudo, a arte da sedução é como andar de bicicleta: você nunca


desaprende. Assim, após alguns elogios bem direcionados, trocas de olhares
maliciosos e meu infalível sorriso, o endereço de Kristen Stewart estava em
minhas mãos.

Deixando para trás uma Irina deslumbrada, entrei no primeiro táxi


disponível e forneci o endereço, sem deixar de me perguntar por que uma
pessoa que morava em um dos bairros mais nobres da cidade necessitava de
uma “mesada” de valor relativamente baixo para alguém acostumado
àqueles padrões.

“Está na hora de você desvendar esse mistério” – pensei, quando o veículo


parou em frente ao portão de entrada da uma mansão deslumbrante.

POV DE BELLA

Apesar de ainda estar usufruindo de minha licença maternidade e utilizar a


grande maioria do meu tempo para cuidar de Robert – agora com quatro
meses e mais lindo do que nunca! – vez ou outra eu ajudava na organização
da casa, haja vista que eu estava morando lá e não gostava de ficar ociosa.

Assim, quando a campainha ecoou pela casa, dirigi-me até a porta,


ajeitando instintivamente meus cabelos no espelho que existia no hall antes
de abri-la.

Não consigo descrever exatamente o que aconteceu depois.


Lembro-me vagamente do meu coração ter falhado uma batida. Por um
segundo curto, o oxigênio me faltou, e minha visão ficou turva. Os dedos
de minhas mãos ficaram dormentes, e não sei onde encontrei forças para
manter-me de pé.

Edward estava ali. Edward, em toda a sua magnificência, toda a sua beleza
deslumbrante, toda a sua aura imponente. Ali, na minha frente, um ano
depois do dia em que eu o vira pela última vez.

E, Deus, estava mais perfeito do que nunca.

Capítulo XXX - Descobertas - Parte final

POV DE EDWARD
A porta abriu-se lentamente, bem diferente da velocidade de meus
pensamentos ao deparar-me com quem me recepcionava.

Isabella.

Sim, era ela, a minha Bella. Contudo, ainda que eu não a visse há bastante
tempo, em questão de milésimos de segundo notei que havia algo de
diferente. E não se tratava da expressão surpresa em seus olhos verdes.
Isabella abriu a boca para falar, mas a voz ficou presa em sua garganta. Dei
um passo em sua direção e, como por reflexo, ela afastou-se na mesma
medida. Encarei-a, num misto de ansiedade, felicidade e confusão. “O que
diabos ela estava fazendo ali?”, eu me indagava. Então percebi que
simplesmente não importava. O que importava era que ela, a mulher que eu
amava, estava ali, bem à minha frente. Estava quase ultrapassando o
pequeno espaço que nos divida quando fui interrompido.

- Kristen? Quem é? - A voz feminina – desconhecida aos meus ouvidos -


ecoou de dentro da casa. Isabella fechou os olhos e seus ombros caíram.
Uma senhora de cabelos levemente azulados e olhos acinzentados apareceu
e parou ao lado dela. – Kristen?

Um vinco profundo surgiu entre meus olhos. A mulher dirigira-se à Isabella


como Kristen.

Então Isabella era a tal Kristen Stewart? Mas isso não fazia sentido...
Fazia?

- Eu... Não sei. – Bella (ou, no caso, Kristen) – finalmente ciciou por entre
os dentes. Meu coração acelerou-se e tive que conter minha respiração, para
não demonstrar o efeito que o mero tom de sua voz tinha sobre meu
organismo.
A senhora encarou-me de cima a baixo, visivelmente curiosa a meu
respeito.

- Boa tarde. – Falou, após acabar sua inspeção nada disfarçada. - O que o
senhor deseja?
Mordi o interior de minhas bochechas e olhei para Isabella. Ela, por sua
vez, baixou os olhos para os próprios pés, enquanto engolia em seco e
mordia o lábio inferior, num gesto que me soou tão familiar que chegou a
incomodar.

- Desculpe-me. – Respondi, por fim. - Acho que foi engano.

Houve mais alguns longos segundos de silêncio, enquanto eu permanecia


parado à porta, de frente para Bella e para a outra mulher. Uma onda de
raiva tomou conta de mim quando percebi que esperava que Isabella
voltasse atrás em sua resposta mentirosa e dissesse para a estranha que me
conhecia. Enfim consegui dar meia volta e entrar no táxi que me aguardava.
Quando voltei a olhar pela janela, a porta já havia se fechado, escondendo a
imagem que ocupava meus sonhos todas as noites há um ano.

Escondendo Bella.

O taxista perguntou-me qual seria nosso destino. Mandei-o rodar pela


cidade sem preocupar-se com o valor da corrida: eu precisava de tempo
para colocar meus pensamentos em ordem.
Passando a euforia inicial por, enfim, estar frente a frente com Bella, meu
instinto começou a refletir sobre certos aspectos e questões mal explicadas:
primeiramente, o que Isabella fazia em Londres? Em segundo lugar, porque
ela estava usando o pseudônimo de Kristen Stewart? E por último, mas não
menos importante... Porque diabos Carlisle lhe enviava uma mesada
mensal?

Busquei meu celular no bolso interno do casaco e liguei para Emmett.

- Fala, Edward.- A voz rouca surgiu do outro lado da linha.

- Emmett? Preciso que me faça um favor. Preciso que você pesquise os


dados de uma pessoa, que mora no endereço que irei lhe fornecer. Preciso
saber tudo da vida dessa pessoa: nome completo, histórico detalhado, tipo
sanguíneo. E preciso, principalmente, que seja rápido.
Meu irmão, como de costume, não indagou o motivo por trás de minhas
ordens. Repassei para o motorista o nome do hotel em que gostaria de ficar
e rumamos para lá, para que eu pudesse tentar relaxar um pouco até o
retorno da ligação de Emmett.

E, então, eu decidiria o que fazer.

POV DE BELLA

Meu corpo inteiro tremia.

- Kristen? Kris, querida, você está bem? – Dorothy me analisava em


dúvida.

Não, é claro que eu não estava bem. Edward, o homem que eu amava; o
homem por quem eu era perdidamente apaixonada; o homem que fora o
motivo da minha partida para outra cidade, deixando todo o resto para trás;
e principalmente: o homem cujo filho dormia serenamente num quarto em
algum lugar daquela casa imensa, estivera ali, à minha frente, em carne e
osso.

- Si-sim. – Respondi, sabendo que minha voz falhara e que Dorothy


reconheceria minha mentira. – Está tudo ótimo.

A mulher que fora como uma fada madrinha em minha vida apenas me
encarou.

- A senhora precisa de mais alguma coisa? – Perguntei, antes que ela


decidisse fazer mais perguntas. – Robert pode ter acordado, preciso dar uma
checada nele.
Dorothy abriu a boca para responder, e sua expressão dizia que ela não
estava satisfeita com a minha resposta. Fechei os olhos, rezando
internamente para que ela percebesse que sim, eu tinha diversas explicações
à lhe dar, mas que aquele não era o melhor momento, a não ser que ela
quisesse me ver verter lágrimas como uma criança de cinco anos,
amedrontada por alguma história de terror. Para minha sorte, Dorothy era
uma mulher discreta e fina.

- Não, por enquanto estou bem. Pode ir checar como está nosso pequeno
Rob.

Abri os olhos e agradeci, em silêncio. Dorothy assentiu rapidamente com a


cabeça e retirou-se. Pouco tempo depois eu entrava em meus aposentos –
uma pequena casa nos fundos da mansão. Robert dormia serenamente, com
a pequena babá eletrônica na mesa de cabeceira ao lado do berço. Busquei
meu celular em meu bolso traseiro e disquei um dos únicos números
existentes na memória.
- Alice? – Quase berrei, mal a ligação havia sido completada. – Alice, você
não vai acreditar!
E, realmente, ela ficou tão abismada com meus relatos quanto eu. Contei
para ela, repetidas vezes, tudo o que havia acontecido. Minha amiga
repassava comigo tudo o que se passara diversas vezes, e criávamos
diversas suposições para como Edward havia conseguido me encontrar ali.
Estávamos quase decididas de que a única maneira era Carlisle ter dado
com a língua grande nos dentes quando bateram na porta do meu quarto.
- Preciso desligar, Ali. Estão precisando de mim. Depois nos falamos, ok?

- Ok, Bells, mas mantenha-me informada, sim? Estou preocupada, não me


deixe sem notícias!

Respondi rapidamente e guardei o aparelho. Chequei Robert uma vez mais


e fui até a porta. Era Zafrina, e trazia o telefone nas mãos de dedos longos.

- Querem falar com você... – Ela disse, visivelmente surpresa: desde que
chegara ali, jamais recebi qualquer telefonema particular no número
residencial de Dorothy. – É um homem. – Completou, em tom de segredo.

Zafrina estendeu-me o telefone. Permaneci alguns segundos parada,


olhando para o objeto inanimado com medo, como se ele pudesse me atacar
de forma mortal. Zafrina sacudiu a mão, fazendo-me piscar e voltar à
realidade.
- Obrigada, Zafrina. – Falei, dispensando a mulher e voltando a ficar
sozinha na pequena sala. Respirando fundo, levei o fone ao ouvido. – A-
alô?

- Bella? – A voz rouca e de sotaque britânico surgiu, arranhando meu


ouvido e fazendo todos os pelos do meu corpo ouriçarem-se em resposta.
Como eu não consegui responder nada, ele continuou, e dessa vez sua voz
era notoriamente mais áspera: - Isabella, quero que você me encontre na
hora e no local que irei informá-la. E acho melhor você não criar qualquer
tipo de objeção: tenho certeza que você não gostaria que eu incomodasse
Dorothy Hudson e lhe contasse toda a verdade sobre Kristen Stewart.
Edward prosseguiu, despejando palavras e me informando os dados de
nosso encontro.
- Não sei se posso sair nesse horário. – Expressei, por fim, buscando força
de algum lugar profundo do meu ser.
- Tenho certeza que você dará um jeito, Kristen.. – Edward rebateu,
desligando em seguida.

Apertei o aparelho telefônico contra o peito e fui até o quarto de Robert.


Ele havia acordado, e brincava com seu chocalho preferido, tranquilamente.
Seus olhos verdes – num tom tão similar ao do pai – encontraram os meus,
e ele gargalhou, visivelmente feliz por me ver. Sorri mecanicamente em
resposta, pensando onde encontraria força – e coragem – para encontrar-me
com Edward dali há poucas horas.

Pensando se eu conseguiria sobreviver a mais essa provação que a vida me


proporcionava.

POV DE EDWARD

Aluguei um carro para ir até o encontro de Isabella: não sabia como seria
minha reação ao vê-la de novo, e não queria ninguém por perto para
testemunhar qualquer que fosse.
Flagrei-me preocupado em frente ao espelho do hotel, e me amaldiçoei por
isso. Não gostava de ser guiado por emoções, e desde que Bella entrara em
minha vida vi-me constantemente à mercê das mesmas. Soltando alguns
xingamentos à esmo, peguei as chaves do carro e, em pouco tempo, estava
esperando no lugar marcado.

Tratava-se de um lugar estritamente comercial, e, exatamente por isso, de


pouco movimento à noite. Estacionei em uma das muitas vagas disponíveis
e saí do carro, apertando o sobretudo contra o corpo – a noite em Londres
sempre é gelada. Eu sabia que havia chegado com antecedência, mas isso
não impediu meu nervosismo, e checava de minuto em minuto a hora em
meu Bvulgari. Resolvi acender um cigarro, e ele estava quase na metade
quando um par de faróis despontou pelo estacionamento, revelando um táxi
que parou a alguns metros do meu carro.
Traguei mais uma vez, longa e profundamente, sentindo com prazer a
fumaça esquentar minha garganta e meu peito. Estreitei os olhos para tentar
enxergar o interior do veículo, e distingui Isabella – eu reconheceria até
mesmo seu vulto a quilômetros de distância – pegando a corrida. Quando
finalmente a porta traseira se abriu, joguei o cigarro no chão úmido pelo
orvalho e apaguei a guimba com a ponta de meu sapato.
Isabella desceu do carro. Analisei sua expressão corporal minuciosamente:
o modo como apertava a bolsa contra o peito, como tinha a respiração
acelerada (a fumaça que saía de seus lábios a denunciava), ou como
colocou uma mecha dos cabelos cor de mogno – agora ligeiramente mais
curtos – atrás da orelha.

- Olá, Isabella. – Falei, aproximando-me alguns passos, mal o táxi que a


trouxera havia partido. – Ou deveria dizer... Olá, Kristen Stewart?

Bella respirou fundo e olhou para cima, a fim de me encarar através de


nossa diferença de altura.

E, então, uma brisa maldita surgiu, e o cheiro de morangos me invadiu, de


forma arrebatadora.
De repente, eu não visualizava mais nada: tudo à minha frente era Bella.
Sua pele clara e de textura inigualável, seus cabelos macios deslizando por
entre meus dedos, meus dentes roçando seu pescoço e roubando-lhe um
gemido de lábios entreabertos.

Aproximei-me um passo mais, esperando que ela reagisse como pouco


tempo atrás: afastando-se. Mas Bella, surpreendentemente, manteve-se
parada, e nossos corpos praticamente se colaram.

Nada foi dito: de repente, era como se meu corpo tivesse vontade própria.
Era como se eu me deparasse, ao mesmo tempo, com meu objeto de desejo
e com o culpado por eu sofrer diariamente, ao comparar todos os outros
objetos sem graça à ele.

CAPÍTULO XXXI – Suposições e segredos

POV DE BELLA

Edward estava tão próximo a mim que seu cheiro amadeirado me envolvia
por completo, em um abraço quente e inundado de saudade. Meu cérebro
berrava para que eu me afastasse, mas meu coração – e meu corpo – estava
cansado de fugir.
Como se a distância entre nossos corpos também fosse algo insuportável
para ele, Edward levantou sua mão e aproximou-a de meu rosto. Fechei os
olhos, ansiosa em antecipação, almejando o toque a tanto tempo desejado.
Senti o cheiro de tabaco, que misturava-se ao seu perfume e lhe dava um
odor inconfundível de homem poderoso e viril. Era o cheiro dele, sua marca
registrada, e me atingiu com força tamanha que quase me fez cambalear. As
pontas de seus dedos tocaram meu pescoço e, no mesmo instante, todos os
meus poros arrepiaram-se. Um gemido incontido escapou por meus lábios,
que foram tomados de assalto pela boca faminta de Edward.
Meus dedos abriram-se e minha bolsa caiu no chão, aos nossos pés.
Minhas mãos sedentas rumaram para sua nuca, para logo meus dedos
embrenharem-se nos fios sedosos de seus cabelos cor de bronze. Edward
rosnou, um som que eu não escutava há muito tempo, mas que pareceu-me
familiar, como se eu, finalmente, tivesse retornado para o lugar de onde
jamais deveria ter partido.
- Ah, Bella... – Edward murmurava palavras quase ininteligíveis. Sua boca
percorria todo o espaço que encontrava: meu maxilar, meu pescoço, minhas
bochechas, minha boca novamente. Sua língua deixava um rastro úmido de
saliva em minha pele quente, que em contato com o vento frio e cortante da
noite londrina fazia meu corpo estremecer em seus braços fortes.

Eu sabia que estava jogando com a minha sanidade: aquilo tudo era uma
imensa loucura, e eu poderia sair - e, muito provavelmente, sairia - com
meu emocional irreversivelmente abalado daquele encontro. Mas não me
importava: após senti-lo assim, tão perto, não era possível retroceder. As
mãos de Edward percorriam meu corpo e eu podia sentir a minha pele
queimando por baixo das roupas pesadas de frio. Abri os olhos, apenas
parcialmente, e encontrei a fisionomia confusa de Edward, e concluí que
ele travava uma batalha interna bem similar à minha própria.

- Quem é você, afinal? - Ele sussurrou, em tom de pergunta, mas como se


questionasse a si mesmo. Seus olhos verdes me fitaram, angustiados. Eu
sentia a pele ao redor de meus lábios arder, fruto da barba recém-nascida
de Edward, e a sensação era simplesmente magnífica.

- Por que você veio atrás de mim? - Rebati a pergunta. Aquela duvida
realmente me matava. Afinal, não fora ele que mandara que eu saísse de sua
vida para sempre? Um vinco profundo surgiu entre a fenda cor de
esmeralda que os olhos de Edward haviam se tornado. Ele afastou-se de
repente, os passos ecoando pelo chão de cimento do estacionamento
deserto, e desejei intimamente retirar a pergunta que eu fizera: afinal, não
me importava o motivo; ele estava ali, e isso bastava.

- Eu não vim atrás de você. - Pude notar a raiva embutida em seu tom de
voz. Encolhi meu corpo por instinto; estava desacostumada com o poder
que Edward emanava. - Eu vim atrás de Kristen Stewart.

Engoli em seco. Edward buscou o maço de cigarros no bolso do casaco e


um hiato tomou o lugar enquanto ele acendia e tragava profundamente.
Busquei minha bolsa no chão e mudei de posição, alterando o peso do meu
corpo entre minhas pernas, visivelmente incomodada com aquela situação.
Deus, o que ele sabia? Ele saberia sobre Robert?

Estava organizando meus pensamentos quando Edward despejou as


palavras que foram como ácido em minhas veias:
- Observei que Carlisle vem depositando uma quantia mensal para você,
Kristen. - Edward caminhava de um lado para o outro. Eu o acompanhava
com o olhar e sentia meu corpo tremer ligeiramente, e não sabia se era fruto
do frio ou simplesmente nervosismo. Ele continuou: - Eu sabia, quando
decidi vir para Londres descobrir do que se tratava, que seria presenteado
com mais uma das falcatruas imundas de Carlisle, mas devo dizer que
isso... Bem, isso me surpreendeu.

Edward parou de caminhar e me encarou.

- Desde quando você é amante de Carlisle, Isabella?

Pisquei algumas vezes, para clarear meus pensamentos. O que Edward


havia me perguntado? Ele estava querendo dizer que eu e Carlisle...?

Senti as lágrimas começarem a acumularem-se em meus olhos. Num


impulso, virei-me e comecei a andar na direção contrária. Ouvi os passos
firmes me seguindo e acelerei a caminhada, mas foi em vão: Edward tinha
as pernas mais longas que as minhas e alcançou-me rapidamente,
segurando meu braço e fazendo meu corpo girar até ficar de frente para ele.

- Eu lhe fiz uma pergunta! - Ele berrou, descontrolado. Percebendo sua


alteração, rosnou: - Desde quando você é amante de Carlisle, hã? Desde
aquela vez em que você o seduziu, na Espartacus? Foi isso que você foi me
avisar, aquele dia no presídio em que não te recebi? Era com ele que você
se encontrava, enquanto eu cumpria pena naquela penitenciária imunda, no
seu lugar?

Abri a boca para responder, mas um soluço me impediu. Engolindo o


choro, respirei fundo.

- Vá se foder, Edward. - Os olhos dele tornaram-se grandes pratos no rosto


perfeito. - Vá se foder você e toda a sua maldita família, aquela corja de
depravados escrotos!

Puxei meu braço, mas não consegui desvencilhar-me do aperto de Edward.

- Você me enganou direitinho, garota. - Ele ciciou. - Ainda por cima,


aceitou ajuda de Jasper Whitlock para arrumar emprego! Ele é filho do
homem que te estuprou, por Deus do céu!

Pisquei repetidas vezes, absorvendo essa última declaração.

- Não sei do que você está falando. - Admiti.

- Chega desse teatro, Isabella. Você, com esse rosto de anjo, esse jeito
ingênuo de menina indefesa, é ardilosa e utiliza a todos como marionetes.
Mas não comigo! Estou farto de acreditar nas suas mentiras deslavadas! E
pensar que passei esse último ano remoendo minha alma por ter deixado o
grande amor da minha vida escapar! - Edward sorriu com ironia. - Que
grande piada, não é mesmo?

Não respondi, pura e simplesmente porque não tinha forças para tanto.
Fiquei ali, estática, sofrendo por cada palavra despejada que ecoava em
minha mente. Aos poucos, a fisionomia de Edward amenizou-se. Sua mão
voltou a acariciar meus cabelos, e minha respiração estava tão
descompassada que meu diafragma doía.

- Eu... Amei você, sabe? - Edward prosseguiu. - Na verdade, ainda amo. -


A saliva desceu cortando minha garganta, fruto daquela declaração
inesperada. - Martirizei-me durante todo esse tempo por acreditar que, com
você, eu poderia ser diferente... Que tudo poderia ser diferente. É com um
misto de tristeza e alívio que percebo que eu não estraguei tudo, no fim das
contas: afinal, somos farinha do mesmo saco, não é mesmo?

Eu queria dizer tantas coisas!

- Sabe... - Pigarreei, buscando voz, enquanto ajeitava a bolsa em meu


ombro direito e empertigava minhas costas. - Eu discordo de absolutamente
todas as suas colocações, principalmente dessa última. Porque eu e você,
Edward, somos completamente diferentes. Depois de tudo o que passamos,
eu, Isabella Swan, jamais te acusaria de qualquer coisa, antes de deixar
você se explicar. Mas quer saber? Eu já devia esperar por isso. Tola fui eu
em acreditar, por um mísero momento, que você tinha vindo até Londres
atrás de mim. Acreditar que nós conversaríamos e que você, depois de
escutar tudo o que eu tivesse para dizer, entenderia minhas atitudes e ficaria
feliz com as mudanças que aconteceram.

- Feliz? - Edward abriu os braços, a expressão incrédula. - Você realmente


acreditou que eu ficaria radiante em descobrir que a mulher que eu amava
estava aceitando dinheiro do meu pai, como uma concubina? E mais o que?
Acreditou que eu me ofereceria para apadrinhar um futuro bastardo que
você viesse a pôr no mundo?

Aquela última frase despertou em mim um selvagem instinto materno.


"Pelo menos ele não sabe de nada", pensei.

- Afaste-se de mim. - Falei, num tom impassível. - Agora, sou eu que quero
você fora da minha vida. Para sempre.

- Ótimo. - Edward retrucou, num tom tão irritado quanto o meu. - Mas
acho bom você acostumar-se com uma vida de menos luxo, Isabella. Assim
que retornar para São Francisco, essa sua mesada será cortada. Minha
empresa não vai ficar sustentando os luxos eróticos de Carlisle.

Sem me dar tempo de responder, Edward entrou no carro, batendo a porta


com força desnecessária, e partiu. Fiquei ali, parada, repassando em minha
cabeça tudo o que havia acontecido, repassando cada palavra dita. Com
tristeza concluí que o final feliz criado por meu cérebro insano nunca
poderia se concretizar: Edward e eu nunca ficaríamos juntos, agora eu tinha
certeza desse fato.

Chegar a essa conclusão foi o mesmo que ter meu coração arrancado de
meu peito sem qualquer tipo de anestesia, mas eu não tinha tempo para
vivenciar essa dor: Robert me esperava, e eu ainda precisava esclarecer a
acusação que Edward fizera, com relação à Jasper e à Dorothy. Meu
destino, mais uma vez, era incerto, e agora eu era responsável por um outro
ser, frágil e indefeso.

Respirando fundo, andei em direção à rua principal e entrei no primeiro


táxi que resolveu parar.

POV DE EDWARD

Não havia dirigido nem duzentos metros quando freei meu carro
bruscamente. Olhando por reflexo pelo retrovisor, engatei a marcha ré e
retrocedi alguns metros. Pude ver Isabella parada no mesmo local em que
eu a deixara, e tive que refrear meu instinto para não voltar até lá e puxa-la
para dentro do carro, à força. Observei quando ela começou a andar
vagarosamente, bem como quando um táxi parou e ela embarcou, decidida.

Soquei o painel com toda a raiva que estava acumulada em meu peito.
Segurei com ambas as mãos o volante, até sentir as juntas de meus dedos
estalarem. Inspirei o ar profundamente, e me arrependi no mesmo instante:
o cheiro de Isabella estava impregnado em minhas roupas, em minha pele,
em minha alma. “Maldição” – pensei.
Apertei o topo de meu nariz e tentei organizar meus pensamentos. Meus
lábios ainda traziam o sabor inigualável de Bella, o que não ajudava em
nada naquele momento – e em nenhum outro. Repassei mentalmente tudo o
que havia acontecido, e uma coisa em especial não saía de minha cabeça:
Bella havia mudado.
Sua personalidade sempre fora forte, e isso, acreditava eu, era uma das
coisas que havia chamado minha atenção. Contudo, a Isabella que eu
encontrara essa noite era quase como uma felina selvagem, protegendo seu
território. Ela escutou tudo o que eu dissera, ouvira todas as minhas
suposições, mas não revelara absolutamente nada. Não confirmara minhas
teorias e tampouco as desmentira.

E, fora isso, havia o corpo. Eu sempre adorara o corpo de medidas perfeitas


de Isabella, e exatamente por isso o conhecia de cor. Essa noite, após um
ano longe dele, minhas mãos sedentas encontraram uma diferença sutil,
mas ainda assim perceptível. Seus quadris estavam ligeiramente mais largos
que o habitual, e seus braços ganharam alguns músculos que antes eram
inexistentes. Flagrei-me perguntando-me se Isabella estaria malhando, e a
simples idéia de imaginá-la trajando aquelas justas roupas de ginástica – e
angariando diversos olhares masculinos sobre si - me causou irritação.

“Você é um imbecil fodido, Edward. É isso que essa mulher está fazendo
com você: tornando-o a porra de um idiota. Você se preocupa com os
olhares que ela recebe nas ruas, enquanto Carlisle se satisfaz com o corpo
dela há um ano.”

Balançando a cabeça, como se dessa forma pudesse espantar os maus


pensamentos, saquei meu celular do bolso interno do casaco e, sem pensar
duas vezes, disquei o único número que me vinha em mente.

- Onde diabos você se enfiou, Edward? - A voz de Carlisle era irritada,


como se ele fosse capaz de amedrontar-me dessa forma. – Perguntei sobre
você para a secretária, mas ela disse que não sabia seu paradeiro. O que
me faz perguntar por que você mandaria sua secretária inútil mentir para
mim.

- Tenho certeza que os motivos que me fizeram mentir para você, Carlisle,
são bem diferentes dos que fizeram você mentir para mim. Afinal, eu não
estou enfiando meu pau em nenhum buraco que não me pertence.

- Que porra você está dizendo? Onde você está?


- Estou em Londres. Vim fazer uma visita surpresa para sua amiga Kristen
Stewart.

Eu já esperava pelo silêncio que ocupou a linha após minha declaração, por
isso aguardei pacientemente até que Carlisle recobrasse a fala.

- Você não devia se meter em assuntos que não lhe dizem respeito, Edward.

Eu gargalhei. Literalmente. Não uma risada sôfrega, cansada, e sim com um


ligeiro toque de histeria.

- Assuntos que não me dizem respeito? – Eu gritava, mas não me


importava. Precisava desabafar antes que explodisse. – Você aproveitou-se
de meu momento de fraqueza para meter suas mãos imundas na única
pessoa por quem eu nutri algum tipo de sentimento nobre! Você escutou-me
quando disse que eu iria me afastar de Isabella, pura e simplesmente porque
ela era uma mulher magnífica que não merecia um monstro como eu ao seu
lado! E para quê? Para fincar suas garras nojentas na mulher que eu amava,
enquanto eu estava enfurnado naquele presídio? – Engoli minha saliva e
senti o gosto salgado de sangue. – Fico imaginando como fui idiota,
martirizando-me todo esse tempo por ter feito a coisa errada, enquanto
vocês se divertiam pelas minhas costas!

- Você pode não acreditar, mas tudo o que fiz foi para o seu próprio bem e
para o bem de Isabella. Se você tivesse tirado suas dúvidas comigo antes
de embarcar para Londres, eu teria lhe dito o que...

- Chega de mentiras, Carlisle! – Berrei, interrompendo-o. – Se a sua


preocupação é que eu conte para Esme sobre sua amante, pode ficar
tranqüilo: eu conheço bem meu eleitorado, e não me surpreenderia se Esme
soubesse dessa história tanto quanto você!

- Isabella não é minha amante, Edward.

- Não venha querer me fazer de idiota novamente, Carlisle. Eu...


- Você já disse tudo o que tinha para dizer, Edward? Pois então escute
bem: eu tenho milhões de defeitos, e ser um péssimo pai com certeza está
incluso entre eles. Mas sabe uma coisa que eu sempre fiz, e que achei que
tivesse lhe ensinado? Corri atrás dos meus objetivos. Desde que você
conheceu essa garota, você vive em constante conflito, e foi exatamente
isso que acabou fazendo sua vida desmoronar, não eu. VOCÊ não recebeu
Isabella aquele dia no presídio, e não quis escutar o que o então “amor da
sua vida” tinha para dizer. VOCÊ mandou-a embora, ordenou que ela
saísse da sua vida para sempre, achando que, dessa forma, a vida dela
seria mais feliz, mas esquecendo-se de que você não seria feliz longe dela.

Fechei os olhos e recostei minha cabeça no banco, aguardando que Carlisle


finalizasse seu discurso:

- Dizer que eu não fiquei feliz com essa atitude, pois acreditei que o antigo
Edward Cullen estaria de volta à ativa, seria mentira. Você quer me culpar
por algo, para sentir-se melhor? Ótimo. Culpe-me por ter encontrado, por
acaso, uma garota apaixonada e de coração partido, que foi facilmente
convencida de que só conseguiria ter uma vida plena e menos dolorosa
longe de você. Culpe-me por ter utilizado meu poder de persuasão e meus
contatos para enviar Isabella para longe de você, com esperança de que,
dessa forma, ela pudesse reconstruir a vida e você pudesse entregar-se de
cabeça aos negócios, como antigamente. Mas não vomite em minha cara
suposições em que você quer acreditar.

- Vá a merda, Carlisle.

- Sabe o que é mais triste nisso tudo, Edward?

- Eu perceber que as pessoas são mais podres do que eu poderia sequer


imaginar? – Indaguei sarcasticamente.

- Não. O mais triste nisso tudo é que, se você foi até Londres e está me
ligando com toda essa fúria, porque chegou à conclusão que Isabella era
minha amante reclusa, então você sequer a escutou. Você insiste em
afirmar que ama aquela mulher, que teve uma atitude benevolente ao
deixar o amor de sua vida livre, mas quando você se encontra com ela, tira
conclusões precipitadas sem, ao menos, escutar o que ela teria a dizer.

- Não venha você duvidar de meu amor, Carlisle.

- Eu não estou duvidando de nada, Edward. Mas Isabella, com certeza,


está. Então, já que você conseguiu piorar tudo o que já estava uma merda,
porque você não pega o primeiro avião de volta a São Francisco, pois
temos uma reunião importante pela manhã, hã?

Expirei o ar. Olhei para o relógio, anotando mentalmente quanto tempo


havia se passado.

- Ok. Nos vemos em breve. – Limitei-me a responder, encerrando a ligação.

Eu estava quase cedendo às investidas de Carlisle. E, se eu não o


conhecesse tão bem e não fosse tão parecido com meu próprio pai,
provavelmente tê-lo-ia feito.

- Mas, antes, vou descobrir o que mais você está me escondendo. –


Sussurrei, ligando o carro e dirigindo-me para o único lugar onde poderia
obter mais respostas.

Capítulo XXXII - Entregando o coração

POV DE BELLA

Parada em frente à porta da mansão que fora minha residência pelos


últimos meses, percebi que nunca me senti tão sozinha e sem rumo como
naquele momento.
“- Desde quando você é amante de Carlisle, Isabella?

“- Você realmente acreditou que eu ficaria radiante em descobrir que a


mulher que eu amava estava aceitando dinheiro do meu pai, como uma
concubina? E mais o que? Acreditou que eu me ofereceria para apadrinhar
um futuro bastardo que você viesse a pôr no mundo?”

As palavras de Edward ecoavam em minha mente, sem cessar. Limpei uma


lágrima teimosa com as costas das mãos e inspirei fundo, antes de abrir a
porta. Olhei no relógio e dirigi-me até a imensa biblioteca, onde sabia que
iria encontrar Dorothy: ela tinha o costume de degustar um copo de licor
após o jantar, enquanto lia um de seus milhares de livros.

- Entre, querida. – Dorothy falou baixo, mal eu havia tocado na porta.


Apoiando o pequeno copo de cristal na mesa, Dorothy convidou-me a
sentar com um gesto de cabeça, e eu aceitei. – Você deseja falar comigo?

Engoli em seco, afirmando em silêncio. Queria me acalmar antes de


conversar com a mulher que tanto me ajudara – a adrenalina estava
correndo apressada em minha corrente sanguínea desde o encontro com
Edward -, mas sabia que não teria tempo para isso.

- Qual a sua ligação com Jasper Hale Whitlock? – Perguntei diretamente,


mas em um fiapo de voz. - Quero saber a verdade, Dorothy.

A reação da mulher idosa foi exatamente como eu esperava: sua fisionomia


permaneceu tranqüila, e Dorothy respirou fundo, enquanto ajeitava o corpo
miúdo na poltrona confortável. Eu a conhecia o suficiente para saber que
Dorothy apenas estava organizando seus pensamentos: ela não mentiria
para mim. Bom, pelo menos, não mais.

- A família Hale é muito amiga da minha, Isabella. – Ouvi-la chamar-me


por meu nome verdadeiro de uma forma tão natural foi um verdadeiro
choque. – Há alguns meses atrás, Jasper, que é neto do meu querido amigo
Walter Whitlock, entrou em contato comigo. Resumidamente, ele me disse
que uma pessoa muito querida e para quem ele devia muitos favores estava
passando necessidade aqui, em Londres. Disse-me que essa pessoa se
chamava Isabella Swan, mas que por motivos pessoais estava utilizando um
outro nome: Kristen Stewart. Contou-me que a tal mulher estava grávida e
pediu-me para ajudá-lo, empregando-a e lhe fornecendo uma moradia
decente. Gosto de Jasper como se fosse meu próprio filho, Isabella. Confio
nele cegamente, e sei que jamais me pediria para ajudar alguém que não
merecesse. Por isso, após Jasper me passar seus dados e uma foto por e-
mail, facilmente encontrei-a naquela praça. E, bem, o resto você já sabe.

Processei rapidamente o que Dorothy falara, em silêncio.

- Tudo o que eu pensei ter conquistado... É mentira. – Sussurrei por fim,


pensando alto.
- Não, não querida! – Dorothy escorregou para a ponta da poltrona e
afagou meus joelhos. – Não diga isso! Sim, a oportunidade surgiu porque
Jasper interveio, mas você tornou-se fundamental para essa casa! E não
digo isso apenas pelo trabalho brilhante que você desempenhou! Digo isso
porque eu apeguei-me verdadeiramente a você, como uma filha, Isabella! E
ao pequeno Robert, então... Nem se fala!

- Eu... Preciso colocar meus pensamentos em ordem, Dorothy. – Falei,


colocando-me de pé. – Entenda, sou totalmente grata por tudo o que você
fez para mim: sei que, se não tivesse sido dessa forma, minha vida e a de
Robert teria sido muito mais difícil. Mas, no momento, eu... Nós...
Precisamos ficar sozinhos. Preciso afastar-me por alguns dias.

Dorothy respirou fundo.

- Eu entendo. Fico triste e torcendo para que essa mágoa passe... Mas
entendo, minha querida. Você pode afastar-se por quanto tempo achar
necessário.

Engoli em seco, tentando reter as lágrimas que voltavam a se acumular em


meus olhos. Eu havia me apegado àquela mulher, mas definitivamente
precisava de um tempo para colocar meus pensamentos em ordem.
- Eu entro em contato. – Falei, colocando-me de pé. Dorothy assentiu e
levantou-se, envolvendo-me num abraço caloroso.

Pouco tempo depois, eu estava em meus aposentos colocando em uma


pequena mala tudo o que eu julgava necessário para passar alguns dias em
um hotel, com Robert. Zafrina ajudou-me, solicitando um táxi e carregando
minha pequena bagagem até o carro.

O hotel não era luxuoso nem extravagante, mas supria perfeitamente as


nossas necessidades. Coloquei Robert para dormir e liguei a babá
eletrônica, para poder tomar um banho com tranquilidade. A noite seria
longa e eu precisava estar o mais relaxada possível, para decidir o que iria
fazer.

POV DE EDWARD

O fato de estar naquele local pela segunda vez no mesmo dia não me
deixava mais tranqüilo. Ao contrário: eu sentia minhas mãos suarem, e isso
só aumentava a minha irritação.

Toquei a campainha e estalei as juntas dos dedos, enquanto aguardava. Eu


sabia que aquela não seria uma conversa fácil – nada entre Bella e eu
poderia ser classificado dessa forma -, e ficava buscando palavras para
iniciar o diálogo sem maiores problemas.

- Pois não? – A mulher que abrira a porta, para minha decepção, não era
Isabella.

- Boa noite... Eu poderia falar com Kristen Stewart, por gentileza?


A mulher alta e esguia, de pele morena e cabelos muito negros me encarou,
visivelmente em dúvida.
- Kris... Kristen não está. – Disse, por fim. – Ela e Robert partiram há
alguns minutos.

Mordi o interior de minhas bochechas, inconscientemente. “Ela e Robert”?


Quem diabos era esse canalha?

- Desculpe-me, nem me apresentei. – A raiva fazia meu sangue borbulhar,


mas eu precisava usar de meu lado racional para conseguir as informações
que julgava necessárias. – Meu nome é Edward Cullen. Sou amigo de
Kristen, ela me ligou para que eu a ajudasse, mas parece que cheguei
atrasado. Você poderia me dizer para onde ela foi?

- Me chamo Zafrina. Muito prazer. Bem, eu... – Sorri educadamente, ao que


fui prontamente retribuído. – Kristen não me disse para onde eles foram...
Apenas informou que seria em um hotel, que acredito ser nas proximidades.
– Zafrina parecia sincera. Emendou, encolhendo os ombros: - Sinto muito.

- Tudo bem... Obrigado, Zafrina.

Virei-me e dirigi-me até o carro. Um lado meu – o lado orgulhoso e


prepotente que existia em mim – havia desistido de procurar Isabella. Eu
havia ido até ali para escutar o que ela tivesse para me dizer, mas ela havia
partido com outro homem: Robert. Contudo, o outro lado de mim –
masoquista e apaixonado -, que nos últimos tempos parecia estar no
comando, me impeliu a seguir adiante com meu plano, e passei as duas
horas seguintes entrando em cada hotel que avistava e subornando os
funcionários para obter informações sobre alguma nova hóspede chamada
Kristen Stewart ou Isabella Swan.

- Oh, sim... – O funcionário falava enquanto guardava no bolso do uniforme


as notas que eu havia lhe passado discretamente. - A senhorita Stewart
hospedou-se há pouco tempo. Mas, o senhor sabe, essa informação é
confidencial.

- Claro, não se preocupe. Em que quarto ela se encontra? – Indaguei.


O homem não respondeu. Ao invés disso, empertigou as costas e sorriu
ironicamente. Fiz uma nota mental de fazer com que ele se arrependesse
por ter me usurpado enquanto buscava mais algumas notas de dinheiro em
minha carteira.

- O quarto dela é 1520. – O homem ambicioso revelou, por fim. – Tenha


uma boa noite.

Afastei-me sem responder e andei apressado até os elevadores. Como que


para zombar de minha ansiedade, nenhum deles encontrava-se ali, e
aguardei pelo que pareceram horas intermináveis. Já dentro do elevador,
observava sem enxergar os números luminosos do painel de andares.

“Que porra você pretende fazer, hã? Ela está com o tal de Robert, não vai
querer lhe atender, ainda mais depois de tudo o que você vomitou em cima
dela!”

“Foda-se. É claro que ela irá me atender, nem que eu tenha que arrombar
a porta do quarto. Eu vou entrar e ela vai me escutar, e se o tal de Robert
se meter eu acabo com a raça dele.”

“E depois? Pretende voltar para São Francisco como se nada tivesse


acontecido? É isso?”

A porta do elevador se abriu e busquei na placa indicativa do corredor para


onde ficava o quarto que procurava. Caminhei com passos apressados e
toquei a campainha antes mesmo de parar completamente em frente à porta.
Pensei no que responderia se uma voz masculina perguntasse quem havia
batido sem ser comunicado pela recepção, mas para minha surpresa – não
sei por que me surpreendi, era típico de Isabella não tomar os devidos
cuidados! – Bella abriu a porta menos de um minuto depois.

- Ed-edward? – Pude ver, através de sua expressão, que eu era a última


pessoa que ela esperava encontrar.

- Preciso falar com você, Isabella.


Bella engoliu em seco e mordeu o lábio inferior. Olhou para trás, por cima
do ombro, e a raiva que senti por imaginar que ela se preocupava com o tal
Robert foi dissipada parcialmente pelo cheiro singular de morangos, que
exalou de seu corpo quando seus cabelos balançaram.

- Não acho que esse seja o melhor momento, Edward. – Ela disse, quando
voltou a me encarar. - E, além do mais, creio que você já falou tudo o que
era necessário.
Dei um passo à frente. Isabella, por reação, fechou um pouco mais a porta.
Foi a gota d`água. O animal selvagem que estava há muito tempo
hibernando em meu intimo despertou. Tomando o devido cuidado para não
encostar nela – eu me puniria eternamente se isso viesse a acontecer –
empurrei a porta e entrei no pequeno cômodo de três ambientes – uma sala,
um quarto e um banheiro.

- Edward! – Apesar de surpresa, meu nome saiu de sua boca numa palavra
sussurrada. – Você não pode...!

- Não posso o quê? – Perguntei, sem perceber abaixando meu tom de voz
para igualar-se ao dela. – Encontrar Robert? – Isabella perdeu a cor ao
escutar-me pronunciar o nome de seu provável namoradinho. – Tem medo
que eu acabe com a raça do homem que tem a ousadia de tocar em você?

Um vinco profundo surgiu entre os olhos verdes da pequena mulher que eu


amava. Sacudindo a cabeça, enquanto limpava com as costas das mãos uma
gota de lágrima que escorria pela face, Bella parecia confusa e aturdida.

- Primeiramente... – Ela disse, visivelmente buscando recobrar a calma. –


Quem toca ou deixa de tocar em mim não é de sua conta! Ou você se
esquece da carta que você pediu para aquele carcereiro me entregar, há um
ano atrás? Em segundo lugar... O que diabos você quer de mim?

As lágrimas escorriam livremente pelo rosto de Bella, então. Aproximei-me


um pouco, mas ela se afastou, minha mão pairando no ar.
- Você. – Admiti, sem rodeios, como se retirasse um esparadrapo de uma
ferida aberta de uma única vez. – Eu quero você, Bella.

http://www.youtube.com/watch?v=MTzkDgD4IMc

MÚSICA: Can't Get You Off My Mind - Lenny Kravitz

Life is just a lonely highway


I'm out here on the open road
I'm old enough to see behind me
But young enough to feel my soul
I don't wanna lose you baby
And I don't wanna be alone
Don't wanna live my days without you
But for now I've got to be without you

I've got a pocket full of money


And pocket full of keys that have no bounds
But then I think of lovin'
And I just can't get you off of my mind

Babe can't you see


That this is killing me
I don't want to push you baby
And I don't want you to be told
It's just that I can't breathe without you
Feel like I'm gonna lose control

I've got a pocket full of money oh yes I do


And a pocket full of keys that have no bounds
But when it comes to lovin'
I just can't get you off of my mind, yeaaah

Am I a fool to think that there's a little hope


Yeah yeahhhhhheee yeah
Tell me baby, yeah
What are the rules the reasons and the do's and don'ts
Yeah yeahhhhhheee yeah
Tell me baby tell me baby, yeah
What do you feel inside?

I've got a pocket full of money


And a pocket full of keys that have no bounds
Oh yeah
But when it comes down to lovin'
I just can't get you off of my mind, yeah
I just can't get you off of my mind, yeah.

- Contrariando toda a lógica... – Continuei. - Passando por cima de toda a


raiva e esquecendo todas as dúvidas que pairam sobre minha cabeça, a
verdade é que eu te amo, Isabella. Te amei desde a primeira vez que te vi,
dançando sobre aquele palco da Espartacus. Meu corpo reivindicou o seu
desde aquele momento, e desde então eu não consigo te tirar da minha
cabeça, do meu corpo... Do meu coração. Eu...

- Edward...

- Não, deixe-me acabar, por favor. – Passei a mão pelos cabelos, num gesto
involuntário, e fechei os olhos, buscando as palavras corretas. – Eu nunca
fui bom com esse tipo de coisa. Apesar de ter o dom da oratória, expressar
meus sentimentos é algo que nunca fui habituado a fazer, por isso entenda
como é difícil para mim estar aqui agora, sabendo que existe outro homem
atrás daquela porta. Mas eu sinto, eu simplesmente sinto, que essa é minha
última oportunidade. Meu sexto sentido é algo em que eu sempre acreditei,
e ele me disse que se eu pegasse o avião de volta para São Francisco,
deixando você para trás... Eu nunca mais a veria. E, por Deus, depois de te
reencontrar, de te ter tão perto, apenas cogitar essa possibilidade fez com
que eu entrasse em pânico. Sempre pensei racionalmente, e esse meu lado
grita para que eu retroceda... Mas é impossível! Porque aqui, agora,
olhando para você e sentindo seu cheiro, escutando sua voz, a única coisa
que penso é em te abraçar e em te beijar, e não te soltar nunca mais, sem me
importar com o fato de você ter aceito dinheiro de Carlisle ou estar usando
uma identidade falsa e vivendo com outro homem.
- Edward! – Bella elevou minimamente o tom de voz, mas o suficiente
para fazer-me calar. Sua respiração, de tão ofegante, estava audível. – E-
eu... também amei você. Demais. Estava disposta a abrir mão de todos os
meus sonhos, apenas para dividir minha vida com você. Mas você... Bem,
você me magoou. Muito. Depois que saí daquele presídio, pensei que
jamais fosse me recuperar. Vivi um dia de cada vez, e Deus sabe o quanto
os dias foram longos e insuportáveis com a sua ausência. Mas me entregar a
você é arriscar minha sanidade, e isso é algo de que eu não posso dispor.
Não mais.

Eu não podia acreditar que aquilo estava acontecendo.

- É por causa desse tal de Robert, não é? – Perguntei, sentindo as palavras


quase engasgarem em minha garganta.

Bella colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha, gesto que revelava seu
nervosismo.

- De certa forma, sim. – Meus ombros caíram vencidos, instintivamente. –


Robert... Ele é a melhor coisa que poderia ter acontecido em minha vida, e
não quero correr o risco de perdê-lo.

Cerrei os punhos com força. Minha vontade era de socar alguma coisa, e a
parede atrás de mim era convidativa, mas não queria trazer mais problemas
para Isabella: Robert poderia vir verificar o que estava acontecendo, e
encará-lo após aquela afirmação de Bella poderia ser mortal para o rapaz.
Por isso, controlei meu instinto animalesco e aproximei-me dela
vagarosamente.

- É difícil demais para mim admitir isso, mas te entendo. – Bella estava
muito próxima a mim, e não resisti à tentação de tocar sua face com as
costas de meus dedos. – Eu fui mesmo um tolo... Deveria ter racionalizado
dessa forma naquele dia, no presídio. Tudo teria sido diferente, então.
Isabella fechou as pálpebras e inclinou ligeiramente a cabeça contra minha
mão. Acariciei sua nuca e senti seus pelos arrepiarem-se contra meus dedos,
e perguntei-me com rancor se Robert também causaria nela aquele tipo de
reação tão palpável.

- Arrepender-se de ações do passado não adianta de nada, Edward. –


Isabella sussurrou, voltando a me olhar. Senti um aperto no peito ao
perceber que o tempo (e, muito provavelmente, as feridas que eu havia
criado em seu coração) havia amadurecido a garota ingênua que eu
conhecera outrora. – Acredite em mim, pois falo com a certeza de quem já
passou tempo demais remoendo momentos passados, imaginando como
tudo seria diferente se eu tivesse agido de outra forma.

Eu queria – precisava – beijá-la, mas me contive, pois não seria nada bom
para minha sanidade. Porque, se eu sentisse mais uma vez o toque
magnífico de seus lábios; se experimentasse uma vez mais o sabor
inigualável de sua doce saliva e sentisse sua língua macia massageando a
minha novamente, eu tiraria de Isabella o livre arbítrio e o direito de ir e vir,
pois nada nesse mundo me faria soltá-la.

Esforçando-me para soltar seu pescoço, afastei-me do corpo pequeno.

- Edward...

- Sim?

Bella inspirou fundo.

- Gostaria de lhe entregar uma coisa, mas apenas se você prometer-me que
irá abrir apenas quando chegar em São Francisco.

Assenti, apenas porque era a única coisa que poderia fazer. Isabella andou
até a bolsa e retirou um pequeno envelope branco, que me entregou em
seguida. Guardei-o no bolso interno do casaco.
- Só posso desejar que você seja feliz, Bella. – Minha voz soou rouca, típica
de quem está se esforçando para não enlouquecer.

“Quanto a mim, estou fadado à tristeza sem você”

Sem dizer mais nada, virei-me e deixei o quarto do hotel, com a


consciência de que eu estava partindo incompleto: meu coração ficaria
eternamente com Isabella Swan.

CAPÍTULO XXXIII – Quando um tornado encontra um vulcão

POV DE EDWARD

Eu queria – realmente queria! – cumprir a promessa que havia feito à


Isabella, mas o envelope parecia fodidamente quente dentro do meu casaco,
enquanto eu andava pelo corredor em direção aos elevadores. Assim,
sentindo-me mais uma vez um fraco estúpido, saquei-o do bolso mal as
portas haviam se fechado.

Olhei o envelope contra a luz do teto e rasguei sua lateral, não sem perceber
que minhas mãos tremiam ligeiramente. Porra, no que eu havia me
tornado? Estava agindo como os viadinhos sentimentais que sempre
recriminara!

Dentro do envelope havia um cartão magnético com o nome de Kristen


Stewart, e, nele, havia um post it amarelo grudado, com seis números
escritos com a letra feminina de Isabella. Havia, também, um papel
dobrado, que descobri ser um extrato bancário no momento em que as
portas do elevador abriram-se no saguão.
Minha mão livre seguiu para a gola de minha camisa, que, como por
encanto, havia começado a me sufocar.

- Está subindo?

Levantei os olhos do papel – que, àquela altura, já estava


consideravelmente amassado – e encarei o homem que aguardava na porta
do elevador, segurando uma bagagem de mão.

- Não, está indo direto para o inferno. – Ciciei, ao que homem arregalou os
olhos a afastou-se, permitindo que as portas douradas voltassem a se
fechar.

Apertei sem pensar o botão que me levaria de volta ao 15º andar, voltando a
analisar o papel que queimava meus dedos. O extrato de conta corrente
demonstrava depósitos mensais dos últimos doze meses, no valor exato da
transferência que eu havia descoberto nas contas da empresa e que me
levara até Londres. Isabella não havia sacado um único centavo do dinheiro
depositado por Carlisle.

- Merda! – Gritei sem controle, apertando com veracidade o botão do


elevador, como se dessa forma o fizesse chegar mais rápido ao seu destino.

As portas não haviam aberto por completo quando esgueirei-me pelo vão,
correndo a passos largos em direção do quarto que eu deixara minutos
antes. Meu coração batia tão acelerado em meu peito que minhas têmporas
latejavam, e o corredor parecia mais estreito do que o normal. Meu
nervosismo impediu-me de pensar racionalmente e, quando dei por mim,
esmurrava a porta incessantemente, ignorando a campainha.

POV DE BELLA
Tensa. Nervosa. Praticamente com uma crise de nervos. Era exatamente
nesse estado caótico que eu me encontrava.

Edward mal havia saído pela porta quando procurei algum lugar para me
sentar – ou melhor, algum lugar para deixar meu corpo desfalecido desabar.
Minha respiração estava tão descompassada que qualquer observador
externo apostaria em uma terrível crise de asma. Agradeci mentalmente por
Robert ter o sono tranqüilo e pesado: infelizmente eu não havia produzido
leite e, por isso, o acostumara a alimentar-se com uma grande mamadeira
antes de dormir, e ele só tornava a acordar pela manhã.

Minha mente era uma revolução de pensamentos, e eu estava cortando um


dobrado para colocá-los em ordem. Deus, o que havia acabado de
acontecer? Quantas e quantas vezes eu havia sonhado com o momento em
que Edward bateria em minha porta e bradaria aos quatro ventos que me
amava e que não podia viver sem mim, sem o meu amor? Quantas noites eu
passara em claro, imaginando o que eu responderia e como viveríamos
felizes para sempre, eu, ele e nosso filho Robert?

Muitas. Inúmeras vezes esse momento foi desejado e esperado por mim. E,
quando ele finalmente chegou, meu lado materno e precavido berrou que
era arriscado demais: Edward viera até mim impulsionado pelo fantasma do
ciúme, acreditando piamente que Robert tratava-se de um concorrente à sua
masculinidade. Esse sentimento de posse o fez ultrapassar o orgulho
costumeiro, mas ele continuava a crer que eu havia sido amante de Carlisle,
aceitando seu dinheiro mensal. Edward não me conhecia de verdade, e
percebi que eu mesmo não podia dizer, ao certo, qual seria sua reação ao
descobrir que Robert tratava-se de seu filho, cujo nascimento e primeiros
meses de vida lhe foram renegados. Eu não poderia prever sua reação ao
ser apresentado a essa nova perspectiva de vida, e tampouco poderia
arriscar com a sorte. Robert era precioso demais para ser lançado como
dados em uma mesa de jogo de azar.

Minhas mãos ainda tremiam, mas eu sabia que tinha pouco tempo para me
refazer: conhecia Edward o suficiente para saber que ele não esperaria
chegar à São Francisco para abrir o envelope que eu havia lhe entregado –
provavelmente descobriria seu conteúdo dentro do táxi que o levava para o
aeroporto. Estava me levantando, para cancelar o leve jantar que havia
solicitado ao serviço de quarto e requerer o fechamento de minha rápida
estadia, quando batidas firmes e decididas ecoaram na porta de madeira,
fazendo meu coração literalmente parar por alguns segundos.

- Ah... Merda! – Praguejei baixinho.

Eu não queria abrir a porta – sabia que era Edward e não acreditava ser
forte o suficiente para deixá-lo partir novamente – mas as batidas iriam
acordar Robert em breve, motivo pelo qual não vi outra solução e girei a
maçaneta sem pensar duas vezes.

No momento em que encontrei o mar de esmeralda que eram os olhos


daquele homem singular, soube que meu destino não poderia ser outro a
não ser pertencer a ele. Pois talvez, no fim de tudo, eu fosse apenas uma
masoquista alimentada por palavras violentas e ameaças vazias, fadada a
perder nesse cabo de guerra onde Edward seria, sempre, o vencedor.

- Edward, eu...

Ultrapassando o pequeno espaço que nos separava, Edward colou os lábios


macios nos meus e embrenhou os dedos longos em meus cabelos,
sussurrando roucamente contra minha pele:

- Não, não fale nada. Eu te amo Isabella, e nada me fará ir embora


novamente. Por isso, simplesmente me deixe entrar e aceite que fomos
feitos um para o outro.

Passeei a ponta do nariz por seu maxilar bem demarcado, inspirando em


seu pescoço e sentindo o aroma único e amadeirado que Edward exalava
penetrar em meus pulmões, e arrancando, satisfeita, um suspiro prolongado
dele.

- Eu não pretendia mandá-lo embora. – Falei baixo em seu ouvido. – Até os


anjos tem seus planos perversos, Edward, e você leva isso a novos
extremos. Mas você é, e sempre será, o meu herói; o único homem que me
faz sentir completa e que pode me fazer plenamente feliz.

MÚSICA: Love The Way You Lie (Part II) – Rihana e Eminem

On the first page of our story


The future seemed so bright
Then this thing turned out so evil
I don't know why I'm still surprised

Even angels have their wicked schemes


And you take that to new extremes
But you'll always be my hero
Even though you've lost your mind

[Chorus]
Just gonna stand there and watch me burn
But that's all right because I like the way it hurts
Just gonna stand there and hear me cry
But that's all right because I love the way you lie
I love the way you lie

Ohhh, I love the way you lie

Now there's gravel in our voices


Glass is shattered from the fight
In this tug of war, you'll always win
Even when I'm right

‘Cause you feed me fables from your hand


With violent words and empty threats
And it's sick that all these battles
Are what keeps me satisfied

[Chorus]
Just gonna stand there and watch me burn
But that's all right because I like the way it hurts
Just gonna stand there and hear me cry
But that's all right because I love the way you lie
I love the way you lie

Ohhh, I love the way you lie

So maybe I'm a masochist


I try to run but I don't wanna ever leave
Til the walls are goin' up
In smoke with all our memories

[Eminem]
This morning, you wake, a sunray hits your face
Smeared makeup as we lay in the wake of destruction
Hush baby, speak softly, tell me I'll be sorry
That you pushed me into the coffee table last night
So I can push you off me
Try and touch me so I can scream at you not to touch me
Run out the room and I'll follow you like a lost puppy
Baby, without you, I'm nothing, I'm so lost, hug me
Then tell me how ugly I am, but that you'll always love me
Then after that, shove me, in the aftermath of the
Destructive path that we're on, two psychopaths but we
Know that no matter how many knives we put in each other's backs
That we'll have each other's backs, 'cause we're that lucky
Together we move mountains, let's not make mountains out of
molehills
You hit me twice, yeah, but who's countin'?
I may have hit you three times, I'm startin' to lose count
But together, we'll live forever, we found the youth fountain
Our love is crazy, we're nuts, but I refused counsellin'
This house is too huge, if you move out I'll burn all two thousand
Square feet of it to the ground, ain't shit you can do about it
With you I'm in my f-ckin' mind, without you, I'm out it
[Chorus]
Just gonna stand there and watch me burn
But that's all right because I like the way it hurts
Just gonna stand there and hear me cry
But that's all right because I love the way you lie
I love the way you lie

Ohhh, I love the way you lie


I love the way you lie

Enlaçando o pescoço do homem que eu amava, puxei-o para dentro da


saleta e fechei a porta com a ponta do pé. Nossas línguas se encontraram no
momento seguinte, e deixei-me envolver num beijo lento e demorado.
Dizer que não me preocupei com Robert seria mentira: a adrenalina era
injetada em minha corrente sanguínea toda a vez que eu pensava que ele
estava a apenas uma parede de nós. Contudo, a preocupação não foi o
suficiente para impedir que meus dedos, famintos por sentir novamente a
textura da pele de Edward, criassem vida própria e começassem a
desabotoar sua camisa de algodão.

Edward, por sua vez, parecia tão ansioso quanto eu. Suas mãos firmes
percorriam meu corpo, numa pegada que variava entre carinhosa e
possessiva. Um gemido incontido escapou de meus lábios quando seus
dedos fecharam-se em meus quadris, apertando com força minha carne, a
ponto de levantar-me do chão. Abri os olhos e vi, com satisfação, um
esboço de sorriso forçar o canto esquerdo dos seus lábios, mas o breve
momento desfez-se quando a mão de Edward ultrapassou a barreira de meu
soutien, fazendo-me cerrar as pálpebras de prazer.

Meu corpo ardia por completo. Todos os meus poros estavam arrepiados, e
os lábios de Edward deixavam um rastro úmido e morno de saliva por onde
passavam. Eu estremecia sob sua boca quando seus dentes perfeitos
roçavam minha pele, em mordidas leves e enlouquecedoras.
Delicadamente, Edward colocou-me sentada no pequeno sofá e ajoelhou-se
à minha frente. Seu olhar – que, então, era nada mais que uma fenda
esverdeada – me devorava, analisando cada centímetro do meu corpo
minuciosamente.

- Você está diferente... – Edward sussurrou, sua voz tão rouca que arranhou
meus ouvidos. – Continua a mulher mais perfeita e deliciosa que eu já vi,
mas algo mudou. – Seus olhos encontraram os meus, e engoli em seco. – Se
é possível, consegue me deixar ainda mais maluco. Sim, é isso: sou
completamente alucinado por você, Isabella Swan.
Segurando as laterais de minha calça de moletom, Edward deslizou-a por
minhas pernas. Sorri de satisfação ao sentir seus dedos roçarem toda a
extensão das minhas coxas – gesto que, eu sabia, era proposital. Eu havia
acabado de sair do banho e, como de costume, não havia colocado nenhum
tipo de lingerie para dormir. Agradeci mentalmente à minha vaidade: minha
depilação, assim como minhas unhas - dos pés e das mãos -, estava em dia.
Edward rosnou ao averiguar todos esses detalhes, sua língua umedecendo
os lábios carnudos. O homem estava literalmente salivando, e deixei-me
crer que ele não vivenciava um momento como aquele há tanto tempo
quanto eu. Ou seja: desde a noite fatídica em que eu me fantasiara de Cindy
e o algemara a cama, a fim de encontrar-me com Jasper Whitlock.

Sim, era uma imensa pretensão de minha parte – afinal, um ano havia se
passado, e Edward era o homem mais viril e sexual que eu já conhecera -,
mas cada um tem o direito de mandar em suas fantasias. Além do mais,
pensar em todas as mulheres que tiveram o prazer de desfrutar de seu corpo
em minha ausência só serviria para me deprimir, e aquele, definitivamente,
não era o momento para isso.

Permitindo-me um ato de ousadia, apoiei meu pé direito no tórax definido,


o olhar verde escuro recaindo sobre minhas unhas pintadas de vermelho.
Edward segurou meu calcanhar com a mão esquerda, enquanto a direita
apertou a coxa da perna que permanecia de apoio. Sua boca tocou os dedos
do meu pé, um por um, e enterrei as unhas no couro do sofá quando,
lentamente, meu dedão foi sugado por seus lábios macios, gesto que foi
repetido em cada dedo, pacientemente.
- Eu irei chupar você de qualquer maneira, pura e simplesmente porque é
impossível resistir a essa tentação. Mas seria maravilhoso escutar você me
pedindo, Bella.

Deus, aquele momento era perfeito demais, mágico demais, e eu mal


conseguia acreditar que era verdade.

- Edward... – Fechei os olhos, tentando (em vão) acalmar minha respiração.


– Por favor, eu... Preciso sentir você... A sua língua... Eu...

Quando voltei a abrir os olhos, tendo ciência de que não consegui produzir
nada mais do que palavras desconexas, Edward sorria, um sorriso torto e
perfeito, que fez meu corpo amolecer por completo.

POV DE EDWARD

A imagem de Isabella, seminua e depilada à minha frente, fez com que


minha boca se enchesse de saliva. Pude sentir, no mesmo instante, meu pau
berrando dentro de minha boxer, implorando pelo toque a tanto tempo
desejado. Lutando avidamente para deixar de lado a precipitação – afinal,
eu não ficava com uma mulher desde a noite fatídica em que Isabella me
algemara a cama, e meu corpo implorava para que eu saciasse o mais
rapidamente possível seus desejos – beijei pacientemente cada dedo do pé
que Isabella apoiara em meu peito, engolindo seu dedão e massageando-o
com minha língua, exatamente como pretendia fazer com uma outra parte
específica de seu corpo delicado.

- Eu irei chupar você de qualquer maneira, pura e simplesmente porque é


impossível resistir a essa tentação. – Falei, após repetir o gesto em cada um
de seus dedos, forçando para demonstrar uma tranquilidade inexistente. -
Mas seria maravilhoso escutar você me pedindo, Bella.

Isabella fechou os olhos e prendeu o lábio inferior entre os dentes, gesto


marcante de sua personalidade e uma das coisas mais prazerosas de assistir.
- Edward... – Murmurou, com a respiração descompassada. – Por favor,
eu... Preciso sentir você... A sua língua... Eu...

Um sorriso formou-se imediatamente em minha face ao constatar como


meu nome virava música nos lábios de Isabella, como se fosse feito apenas
para ser pronunciado por ela. Nossos olhos se encontraram e por um longo
segundo Isabella apenas me encarou, os olhos grandes como pratos no rosto
delicado.

- Seu desejo... É uma ordem, Isabella.

Lentamente, minha boca ultrapassou o calcanhar e a panturrilha de Bella,


que arqueou as costas sobre o sofá, os seios de bicos intumescidos
apontando para o teto sob a regata de malha branca. Apenas essa visão fez
com que meu pau voltasse a latejar alucinadamente, e levei uma mão até
minha boxer a fim de dar-lhe um pouco de alívio. Minha boca seguiu seu
percurso, passando pela coxa firme e, finalmente, alcançando a virilha lisa e
macia.

Subi minhas mãos por suas pernas e, ao alcançar seu quadril, mais uma vez
notei a diferença sutil em seu corpo sob meus dedos. Continuei subindo,
passando pela cintura fina e penetrando a blusa de malha. Minhas mãos
fecharam-se sobre os seios de Bella, e um vinco surgiu entre meus olhos ao
constatar que, diferentemente da última vez, os seios macios quase
escapavam por entre meus dedos. Isabella, claramente, estava com medidas
maiores. Obviamente não se tratava de silicone – tal artefato sequer
combinaria com sua delicadeza -, e indaguei-me o que diabos poderia ter
ocorrido.

Isabella segurou com força meus cabelos, tirando-me de meus devaneios, e


puxou meu rosto para perto de onde necessitava de alívio. Inalei
profundamente o aroma único e indescritível que ela exalava, utilizando a
ponta de meus dedos para abrir ligeiramente sua carne e ter acesso rápido
ao ponto que pulsava incessantemente. Engoli a saliva que se acumulara em
minha boca e toquei o local com a ponta da língua, regojizando-me com a
sensação latejante do músculo em ebulição. Isabella cerrou os dentes,
visivelmente contendo um grito de prazer, e imaginar que isso se dava para
não acordar o tal de Robert me fez aumentar a pressão que exercia com a
língua. As unhas de Bella soltaram meus cabelos e cravaram-se em minhas
costas, um gemido abafado ecoando de seu peito enquanto seu corpo inteiro
tremia sob meus lábios e minhas mãos.

O clímax havia chegado rápido, e senti-me vitorioso com tal fato. Afinal,
aquele merdinha borra botas não deveria causar ao corpo de Isabella as
mesmas reações que eu causava. Contudo, eu não havia saciado meu
desejo: o sabor de Bella era doce como mel, e era terminantemente
impossível, para um viciado como eu, contentar-me com tão pouca dose de
minha droga predileta. Assim, permiti-me afundar o rosto em sua boceta e
perdi a noção de quanto tempo permaneci ali, sentindo o corpo de Isabella
amolecer e voltar a tremer devido aos meus toques.

Revigorado, perfiz com os lábios o caminho até seu umbigo, circundando-o


com minha língua. Com um movimento rápido retirei a blusa que me
impedia de apreciar Isabella por inteiro e brinquei com seus seios,
alternando a atenção entre um e outro. Ultrapassei sua clavícula, seu
pescoço e seu queixo, alcançando sua boca, cujo lábio inferior estava
inchado de tanto ser mordido por Bella. Nossas línguas se enroscaram de
modo quase violento, cheio de posse e tesão, e, quando Isabella abraçou
minhas costas com as pernas, o volume por trás de minha boxer encostou
em sua entrada, fazendo-me rosnar apenas por sentir o calor que fazia ali.
Automaticamente minha mão buscou meu membro e liberou-o de sua
prisão.

- Não, Edward... – Estanquei o movimento, fechando os olhos para não


enlouquecer: faltava muito pouco para penetrá-la, e a sensação era
indescritível. – Antes eu... Preciso chupar você.

Prendi a respiração àquela declaração. Porra, eu estava fodidamente


excitado, e precisava comê-la naquele momento, mas a chupada de Isabella
era simplesmente uma oferta irrecusável. Senti a cabeça de meu pau forçar
sua entrada e Isabella não recuou: aparentemente, ela faria o que eu
decidisse, sem qualquer tipo de objeção.
Isabella estava completamente encharcada, e apenas um leve movimento de
quadril faria meu pau entrar totalmente. Utilizando toda a força que
consegui reunir, afastei meu quadril de seu corpo, pois eu sabia que, após
entrar um milímetro que fosse, não haveria como parar. Coloquei-me de pé
e Isabella ajoelhou-se à minha frente, e gostei do modo como ela retirou
minha boxer sem requerer autorização: ela estava tão ansiosa quanto eu.

Deixei minha cabeça pender para trás quando seus dedos envolveram e
apertaram meu pau, com força. Segurei seus cabelos e trouxe sua cabeça
para perto: eu parecia a porra de um adolescente, ansioso e desesperado por
alívio, mas não me importava. Isabella lambeu minha glande
vagarosamente, roubando um gemido rouco de meu peito, e em seguida
enfiou meu membro na boca até alcançar a parede de sua garganta, seus
dedos massageando a parte que ficou de fora. Ela chupava e sugava, e sua
língua espremia minha carne, e logo eu fodia sua boca sem preocupar-me
em ser gentil.

Minhas bolas queimavam e meu pau latejava cada vez mais rápido. Segurei
os cabelos cor de mogno com mais força e virei Isabella de costas para
mim, ajoelhando-me por trás dela e debruçando seu tronco sobre o assento
do sofá. Joguei seus cabelos sobre seu ombro, deixando sua nuca à mostra
e mordendo o lóbulo de sua orelha.

- Eu não vou conseguir ser delicado, Bella. – Falei, e assustei-me com o


tom de desculpas em minha voz. – Vou foder você, e não vou ser gentil,
porque é impossível controlar meus instintos nesse momento.

Porra, que merda eu queria com essa afirmação? Algum tipo de autorização
expressa, ou algo do gênero? Eu não sabia ao certo, mas aguardei alguma
reação de Isabella, e a sua resposta não poderia ter me feito mais satisfeito:

- Eu pertenço a você, Edward. Faça comigo o que quiser e irei adorar.

Segurando seus cabelos em um rabo com uma das mãos e apertando sua
cintura com a outra, penetrei Isabella de uma única vez. Seu corpo recebeu-
me convidativamente, quente e acolhedor como das outras vezes em que
me lembrava. Permaneci alguns segundos imóvel, aproveitando a sensação
deliciosa e permitindo que Isabella se adaptasse ao meu tamanho, mas logo
fui impelido a mover-me, cada vez mais rápido e mais forte. Nossos corpos
se chocavam com violência, e eu podia sentir minhas bolas tocando o
clitóris inchado de Bella.

Eu já estava quase explodindo quando senti seus músculos contraírem-se,


apertando meu pau. Debrucei-me sobre ela e mordi suas costas, uma forma
que encontrei para não berrar alto a ponto de ser escutado no saguão do
hotel. Nossos corpos, suados e febris, caíram exaustos no chão acarpetado,
e sem cerimônia puxei Isabella para meu peito, onde ela se aninhou
imediatamente.

- Eu amo você, Bella.

Estranhei um pouco o modo como as palavras fluíram facilmente por meus


lábios, mas logo soube que seria dessa forma a partir de então.

Isabella apoiou o queixo em meu peito a fim de me encarar. Retirei um fio


de cabelo que estava preso em seus lábios e ela sorriu, e covinhas surgiram
em suas bochechas ainda vermelhas pelo esforço.

- E eu amo você, Edward.

- Queria ficar com você aqui para sempre, deitado nesse carpete imundo e
com seu cheiro impregnado na minha pele. Mas você precisa resolver uma
questão que encontra-se no quarto, e eu preciso me recompor para tirar
você dessa espelunca fantasiada de hotel. Então vou tomar um banho
enquanto você faz sua parte, combinado?

É claro que eu preferia que eu mesmo resolvesse a questão chamada


“Robert”, mas não seria a pessoa mais educada do universo ao expulsá-lo
do quarto – e da vida! – de Bella, por isso achei melhor deixar tal problema
aos seus cuidados. Isabella assentiu, colocando-se de pé e começando a
vestir as roupas. Levantei-me, recolhi minhas próprias peças e fui para o
banheiro, onde deixei que a água quente aliviasse a tensão em meus
músculos e distraísse minha atenção do que deveria estar acontecendo do
lado de fora.

Imediatamente minha mente voltou para meu último momento com Bella.
Repassei cada segundo, cada movimento. Como um espectador oculto,
minha mente mostrou-me a forma como nossos corpos encaixavam-se
perfeitamente, mesmo em um cenário que beirava à decadência. O carpete
havia ralado meus joelhos, e lembrei-me de ter derrubado um abajur que
ficava na mesinha ao lado do sofá, e...

Abri os olhos, retirando a espuma do shampoo com as mãos e encarando o


azulejo encardido à minha frente. Sim, era isso mesmo, eu não havia dado à
devida importância no momento oportuno, mas minha memória fotográfica
nunca me decepcionara. Estava lá, sobre a mesa ao lado do sofá.

Apressadamente, retirei o restante do sabão e saí do banho.

POV DE BELLA

Já vestida, sentada no sofá escutando o barulho de água corrente que vinha


por detrás da porta do banheiro, eu sentia meu corpo tremer. Não sabia se
era devido ao fato de todas as sensações intensas que haviam sido
infringidas ao meu organismo pouquíssimo tempo atrás, ou se tratava-se de
nervosismo por saber que o momento que mais imaginara no último ano
havia realmente chegado. Acredito que tenha sido fruto das duas coisas.

Escutei quando Edward fechou o chuveiro. Sentindo meu coração em


frangalhos, caminhei até o blazer que ele usava e que eu pendurara nas
costas de uma cadeira, buscando por um maço de cigarros. Eu não fumava
desde que descobrira minha gravidez, mas naquele momento eu precisava
de algo que aliviasse minha tensão. Saquei um cigarro do maço e abri o
Zippo prateado, que continha o brasão dos Cullen em alto relevo. Havia
acabado de tragar pela primeira vez quando a porta do banheiro se abriu.
Coloquei o isqueiro sobre a mesa e permaneci de costas. Edward me
perguntaria sobre o Robert criado por sua imaginação ciumenta, e eu teria
que contar-lhe a verdade. Escutei seus passos se aproximarem de mim,
abafados pelo carpete, e fechei os olhos, prendendo a respiração
automaticamente. Para minha surpresa, Edward passou direto por meu
corpo.

Abri os olhos lentamente. Edward havia parado no meio da saleta, de costas


para mim. Havia recolocado a boxer e a camisa de algodão branca, que
tinha respingos criados por seus cabelos ainda molhados. Lentamente, ele
se curvou em direção à mesinha que havia ao lado do sofá.

Juro por Deus, eu quase desmaiei.

Sem pronunciar uma única palavra, Edward pegou a babá eletrônica que eu
havia deixado ali.

- Edward, eu...

- Foi por isso que você foi me visitar aquele dia no presídio, não é? – Ele
me interrompeu.

- S-sim.

Deixando os braços penderem ao lado do corpo, Edward cerrou os punhos


com força, tanta que a babá eletrônica estalou. Mordi a junta dos dedos,
rezando para que ele não me odiasse para sempre e aguardando
pacientemente o tempo que fosse necessário.

- Eu... – Edward pigarreou, a voz parecendo embargada aos meus ouvidos.


– Eu devia ter percebido. Seu corpo, ele... Está diferente. Maravilhoso,
claro, mas... diferente. Acho que minha desatenção foi, na verdade, uma
forma que meu cérebro encontrou para não me flagelar. Porque sequer
imaginar você sozinha, sofrendo por minha causa, e esperando um filho
meu... Por Deus, tenho vontade de morrer.
- Você não podia imaginar, Edw...

- Foi por isso que Carlisle enviou você para cá, não é? – Interrompendo-me
novamente, ele prosseguiu. – Aquele filho da puta aproveitou-se de sua
fragilidade para afastá-la de mim e, por conseqüência, não trazer prejuízo
aos negócios. Ele não tinha esse direito.

Inspirando fundo, Edward virou-se para mim. Seus olhos estavam


vermelhos e repletos de raiva, e posso jurar que ele se esforçava para não
chorar.

- A situação com Carlisle eu resolverei depois. Agora... – Edward


aproximou-se de mim e mostrou-me a babá eletrônica. – Bem, agora eu
quero que você apague esse cigarro e me leve para conhecer nosso filho.

Minha vontade era de abraçá-lo forte e despejar as lágrimas de felicidade


que enchiam meu peito ante àquela declaração. Ele queria conhecer nosso
filho! Porém, sabendo que ele devia estar desesperado por aquele momento
tanto quanto eu, apenas assenti em silêncio, apagando o cigarro e girando
sobre meus calcanhares, indo em direção ao quarto onde Robert dormia
com Edward em meu encalço.

Abri a porta lentamente, deixando que a luz que vinha do corredor banhasse
o pequeno cômodo. No centro da cama, cercado por travesseiros, Robert
dormia tranquilamente. Seus cabelos cor de bronze – num tom tão similar
ao de Edward – reluziram a claridade e sua mãozinha cheia de dobras coçou
a pálpebra fechada dengosamente.

Cheguei para o lado e deixei que Edward entrasse, passando por mim. Ele
parou em frente à cama, sua sombra agradando à Robert, que voltou a
relaxar. Uni as mãos em frente ao rosto, sem perceber rezando em meu
íntimo. Edward girou a cabeça por sobre o ombro e sussurrou:

- Posso pegá-lo?
Soltei o ar com força, meus ombros caindo pesados. Assenti e aproximei-
me, apenas para ajudá-lo caso ele assim desejasse. Surpreendentemente,
Edward demonstrou desenvoltura ao segurar o corpo pequeno e frágil de
Robert, que, por sua vez, abriu os olhinhos verdes lentamente.

Esperei que ele choramingasse – Robert tem o sono pesado e não gosta de
ser acordado – mas, ao invés disso, os olhinhos buscaram a minha presença.
Eu sorri, demonstrando que estava ali e que tudo estava bem. Como se
entendesse perfeitamente o significado do meu gesto, Robert focalizou o
rosto de Edward e levantou a mão rechonchuda em sua direção, agarrando
sem qualquer cerimônia o seu nariz.

- Acho que ele gosta de você. – Falei, sem conseguir impedir as lágrimas
que já rolavam.

Edward assentiu, retirando a mão de seu nariz e despejando um beijo


carinhoso nos dedinhos, fazendo Robert gargalhar com a sensação.

Quando voltei a olhar para Edward, ele sorria abertamente junto com o
filho.

- É bom mesmo que ele goste. – Falou, virando-se para mim, nosso filho
entre nossos corpos. – Porque, a partir desse momento, nada mais importa
em minha vida além de vocês dois. Ficaremos juntos para sempre, Bella.

Eu chorava e sorria, e não me importava em quão patética poderia parecer.


Eu estava feliz, e nada - nem ninguém - poderia mudar isso.

- Para sempre. – Concordei, finalmente entendendo que nossa história


jamais poderia ter outro final, senão aquele.
Epílogo

Eu conhecia muito bem meu eleitorado para saber que o silêncio que
reinava no andar de cima não significava boa coisa. Deixei o jornal sobre a
mesa e me levantei, seguido pelo olhar sonolento de Pudim, um Basset
Hound preguiçoso e obeso que criamos desde os dois meses de idade.

Olhei o relógio na parede e agradeci por faltar pouco tempo para o retorno
de Isabella – após o término da faculdade de psicologia, ela passava os
sábados cuidando de crianças que vivenciaram alguma espécie de trauma.
Subi as escadas e olhei para trás, para constatar que Pudim preferira evitar a
fadiga e voltara a dormir sobre o tapete próximo à lareira.

Encontrei a porta de meu quarto entreaberta, e pela fresta pude ver Robert
sentado sobre a cama de casal, cercado por fotos. A caixa de onde ele as
tirara jazia aberta no chão, e ele estava tão entretido que não me ouviu
entrar.

- Sua mãe vai ficar uma fera quando vir essa bagunça, Rob. – Falei,
assustando a criança, que deu um pulo sobre o colchão macio. – Ela está
grávida, não pode se aborrecer. Sarah pode nascer antes da hora.

Robert apenas sorriu, chegando para o lado a fim de que eu me sentasse


também. Assim como eu, ele conhecia Isabella muito bem, e sabia que ela
nunca perdia a paciência com ele por motivos fúteis.

- Achei essa caixa no armário... – Ele disse, observando com atenção uma
foto que retratava Isabella abraçando um Pudim filhote e com um laço
vermelho no pescoço. – Mamãe estava feliz aqui!

Peguei a foto de sua mão e concordei, sorrindo. Lembrava-me bem daquele


Natal: eu havia comprado Pudim para Robert de presente, mas, como não
poderia ser diferente, ele apaixonou-se por Bella e nunca mais a soltou.

- Há quanto tempo foi isso, pai?

- Hum... – Fechei os olhos, calculando mentalmente. – Você fez oito anos


mês passado, então isso foi há cinco anos!

- Pudim está ficando velho! – Robert disse, arrancando-me uma gargalhada.


– Ei! Por que tio Chase está usando essa roupa engraçada nessa foto?

- Essa roupa engraçada se chama Fraque, e ele está usando porque foi seu
tio que levou sua mãe até o altar.
- Que coisa mais brega! – Ele exclamou, fazendo uma careta e balançando a
cabeça. – Eu nunca vou me casar! Quero ser independente e poder namorar
quantas mulheres quiser!

Suspirei, sorrindo e acreditando piamente naquela declaração: Robert era


parecido demais comigo, não apenas fisicamente, e esse sempre fora um
traço marcante de minha personalidade. Não era necessário explicar para
ele que, em algum momento, ainda que ele não estivesse preparado ou que
assim não desejasse, uma mulher chegaria e arrebataria seus sentimentos,
comandando suas emoções e fazendo-o rever seus conceitos.

Exatamente como acontecera comigo.

- Acho um ótimo plano. – Falei, começando a arrumar a bagunça. – Mas,


por enquanto, que tal a gente descer e jogar mais uma partida? Ainda não
escureceu e você me deve uma revanche.

Revirando os olhos, Robert pulou da cama e saiu correndo quarto afora.

- Vou buscar minha raquete! – Berrou, já no meio da escada. – Aposto que


você vai perder de novo!

Sorri e guardei a caixa de fotos dentro do armário, seguindo para a partida


de tênis que preencheria os minutos até o retorno de Bella - seguido por
Pudim, é claro, que adorava ver Robert me vencer naquele jogo estúpido.

FIM

http://www.fanfiction.com.br/historia/60888/Seduzida_Pelo_Perigo/agecon
sent_ok

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