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5 passos para fazer o recurso de multa de trânsito

Dr. Paulo André Cirino

5 Passos para fazer

Dr. Paulo André Cirino

o recurso de multa
de trânsito
Dr. Paulo André Cirino

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5 passos para fazer o recurso de multa de trânsito
Dr. Paulo André Cirino

Apresentação
Olá!

Meu nome é Paulo André Cirino.

O direito para mim sempre foi uma paixão, e eu realmente amo o que faço.

Comecei minha caminhada profissional como estagiário no Tribunal de Justiça do Estado

do Espírito Santo, onde tive a oportunidade de aprender muito com excelentes
professores.

Posteriormente, lá ocupei o cargo de assessor até 2011, quando fui aprovado para o cargo
efetivo de Advogado da Agência reguladora de infraestrutura do Espírito Santo.

Em 2012 fui nomeado para o cargo efetivo de Advogado do DETRAN.

Desde então tenho me dedicado ao direito de trânsito, área em que me especializei

desempenhando as funções abaixo listadas.

- Presidente de Comissão de julgamento de defesa prévia do DETRAN|ES

- Palestrante

- Professor em cursos para concursos (matérias: direito de trânsito e direito

administrativo)

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- Professor da Escola de Serviço Público do Estado do Espírito Santo – ESESP

- Professor de cursos online

- Articulista na área de Direito de Trânsito

- Consultor da FENASDETRAN (Federação Nacional das Associações de DETRAN)

- Comentarista do site CTB Digital

- Professor convidado de pós graduação na cadeira de Direito Administrativo de Trânsito e

Processo Administrativo de trânsito

- Membro da Comissão de Trânsito da OAB|ES

- Nas redes sociais desenvolvo um trabalho de conscientização e informação através do

site www.nablitz.com, do Youtube e Facebook.

Este e-book vem preencher uma lacuna existente hoje no mercado que identifiquei
através do meu trabalho junto a meus alunos dos cursos à distância, e também pelas
perguntas constantes que recebo diariamente de pessoas de todas as regiões do país que
me acompanham através de meus canais online.

Neste e-book você terá um passo a passo simples e eficaz, que irá lhe mostrar como
montar um recurso de multas de trânsito, totalmente dentro da lei e de modo a não criar
demandas desnecessárias para a Administração Pública.

Vamos lá?

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REQUISITOS ESSENCIAIS

Durante todo este tempo que trabalho diretamente com o processo administrativo de
trânsito, eu percebi que dos milhares e milhares de recursos apresentados à
Administração Pública, pouquíssimos tem uma estrutura bem feita capaz de aumentar as
chances de deferimento.

Tendo em vista a quantidade de processos, diligências, rotinas burocráticas, etc que

existem, e levando em consideração que as leis atuais não exigem que os membros de
órgãos julgadores sejam juristas, é importante que o recurso tenha 4 pré-requisitos
essenciais:

1 – Clareza

2 – Simplicidade

3 – Ir direto ao ponto

4 – Não ser prolixo e repetitivo

Muitas vezes quando um recurso é feito, o autor se perde tentando mostrar conhecimento
e escreve termos em latim, palavras extremamente rebuscadas, teses de direito (ou
outras ciências) que nada tem a ver com aquela infração que ele esta questionando, e
acaba perdendo a atenção do julgador, que se vê confuso com tantas informações sobre
temas variados.

EVITE ISSO!

O seu recurso não é uma tese de mestrado ou um artigo jurídico.

É uma defesa! Então faça uma simples e eficaz defesa.

Não fique rondando, rondando, rondando sem chegar a lugar algum.

Se você decidiu fazer um recurso ou se você é profissional e esta fazendo esta peça, olhe
o problema encontrado, aponte-o para a Administração Pública e ponto. O muito falar não
fará diferença neste caso.

Um recurso limpo claro e objetivo ajuda a Administração a entender o seu ponto de vista,
e verificar o que deve ser corrigido.

Não tente intimidar os julgadores fazendo uma defesa com 200 páginas se você
conseguiria falar a mesma coisa em 3.

E não “encha” a sua petição com 50 jurisprudências (e muitas antigas inclusive), se uma
ou duas já ratificam a sua argumentação.

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PRIMEIRO PASSO – PRESSUPOSTOS DE

ADMISSIBILIDADE

Calma. Se for a primeira vez que você lê este nome, pode parecer algo complicado, mas
acredite, não é.

Pressuposto de admissibilidade representa um conjunto de pré-requisitos para que o seu

recurso seja aceito e julgado com análise profunda das suas alegações.

De acordo com o art. 4º da resolução nº 299 do CONTRAN, o recurso que não apresentar
algum dos requisitos abaixo não será conhecido.

Art. 4º A defesa ou recurso não será conhecido quando:

I - for apresentado fora do prazo legal;
II - não for comprovada a legitimidade;
III - não houver a assinatura do recorrente ou seu representante legal;
IV - não houver o pedido, ou este for incompatível com a situação fática;
V - não comprovado o pagamento do valor da multa, nos termos do § 2º do art. 288 do
CTB;

Portanto, ao formular o recurso você deve estar bem atento às exigências do art. 4º para
não perder o direito de ter o seu pleito analisado.

SEGUNDO PASSO – ENDEREÇAMENTO

Saber quem te autuou é o segundo passo para a elaboração de um recurso de multa.

Para saber a quem endereçar, você deve ter em mãos a última notificação recebida sobre
a multa supostamente praticada.

Em geral você poderá receber duas notificações. Uma escrita “Notificação de Autuação” e
outra denominada “Notificação de Penalidade”.

A notificação de autuação (NA) permite que você faça, dentre outras coisas, uma defesa
prévia junto ao órgão autuador, e a notificação de penalidade (NP) abre a possibilidade de
recurso à JARI que funciona junto ao órgão autuador.

Para saber a quem enviar o seu recurso (ou defesa), você deve analisar nesta carta
recebida (ou analisar as informações dispostas no site do órgão público responsável):

1º Se trata-se de uma NA ou NP

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2º Qual é o órgão autuador.

A primeira informação vem, em regra, no cabeçalho da notificação.

A segunda informação geralmente consta em destaque sendo fácil encontrar.

Uma vez identificado o órgão autuador, você deverá colocá-lo no topo de seu
requerimento.

Veja os exemplos a seguir:

“À JARI do DETRAN do Estado de São Paulo”

“À defesa prévia do DER do Rio de Janeiro”

(...)

Preste muita atenção no endereçamento, pois o protocolo no local errado poderá gerar
problemas.

TERCEIRO PASSO – QUALIFICAÇÃO E

OBJETIVO

O terceiro passo para a estruturação de um recurso de multa, é efetuar a qualificação

do requerente (ainda que representado por procurador), e o objetivo da petição.

Na qualificação você irá informar os seguintes dados básicos:

Nome, RG, CPF e endereço.

Neste momento você pode estar achando estranho, pois pode julgar serem poucas estas
informações.

Na verdade não são.

Pelo CPF do condutor é possível averiguar no sistema RENACH todas as informações

pertinentes do suposto infrator.

Por este motivo, estas informações já serão suficientes para que se dê prosseguimento ao
julgamento.

Mas obviamente nada impede que você coloque informações complementares, como:
estado civil, profissão, etc.

Outro ponto importante neste momento é você dizer o objetivo do recurso.

A peça processual que você esta produzindo tem um objetivo muito bem definido, qual
seja, questionar a validade de um ato administrativo.

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Logo, você deve informar qual é este ato.

Ex:

À Junta Administrativa de Recursos de Infrações do DER de São Paulo

Eu fulano, RG xxx, CPF xxx, residente e domiciliado à rua xxx, venho por meio desta
apresentar:

Recurso

Em face da decisão da comissão de defesa prévia que julgou consistente o auto de

infração nº xxx, lavrado em virtude do suposto cometimento da infração prevista no art. X
do CTB.

Desta forma você esta enviando para o local certo (passo 2, endereçamento), fez a
qualificação correta, e informou qual o objetivo do recurso (passo 3).

Assim, o seu recurso já esta apto a apresentar aos julgadores os fatos que efetivamente
aconteceram, e as provas capazes de provar a sua argumentação.

QUARTO PASSO – FATOS E PROVAS

Chegamos a um dos passos mais importantes do recurso, a descrição dos fatos e a

produção de provas.

Como você deve realizar a exposição dos fatos?

Aqui você terá que seguir a primeira dica que eu dei neste E-book, lá no tópico “requisitos
essenciais”, ou seja: expor suas razões com clareza, simplicidade, indo direto ao ponto e
não sendo prolixo e repetitivo.

E as provas?

Não adianta alegar (descrever os fatos) e não provar que está com a razão.

Antes de te mostrar as possíveis argumentações, eu quero abordar o que você NÃO deve
alegar!

Existem certas argumentações que sempre aparecem nos recursos de multa, mas que
pelo menos na esfera administrativa não fazem a menor diferença.

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Dentre elas temos:

1 – “Eu preciso dirigir”

Muitas pessoas simplesmente alegam que “precisam dirigir” como se este fato encontrasse
algum respaldo legal para ensejar o deferimento do pedido e o afastamento da
penalidade.

2 – “Sou motorista profissional”

Ser motorista profissional não é um salvo conduto para praticar infrações de trânsito, ou
mesmo se “livrar” de uma suspensão ou cassação.

Ao contrário, o motorista profissional deve dar sempre o exemplo no trânsito.

3 – “Outras pessoas dependem de mim”

Não é incomum constar em recursos administrativos a tese (verídica muitas vezes) de que
outras pessoas dependem do infrator para locomoção.

Todavia, mais uma vez não existe qualquer fundamento legal para que esta situação
possa ensejar o provimento de um recurso.

4 – “Prometo que não vai acontecer novamente”

Esta promessa recheada de arrependimento também não funciona.

As penalidades devem ter um caráter pedagógico, e o arrependimento não substitui as

sanções legais.

Posto isto, existem muitas defesas possíveis a depender da infração cometida. Algumas
serão focadas em falhas do procedimento, outras, no auto de infração, e mais algumas
em erros de fato, como por exemplo a não realização de uma conduta (ex: dirigir falando
ao celular) atestada pelo agente da autoridade de trânsito.

Vamos utilizar um exemplo de como deve ser a alegação da defesa neste último caso
juntamente com a produção de provas.

Imagine que você tenha sido autuado por estacionamento irregular, mas no dia e na hora
registrados no auto de infração seu veículo estava em um estacionamento particular, e
você dispõe do ticket de pagamento, bem como de um vídeo do estacionamento onde
atesta a duração da utilização do local.

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Neste caso, pode o agente de trânsito ter escrito um número errado e a responsabilidade
acabou indo para você de maneira equivocada.

Como ficariam então os fatos da sua defesa e as provas capazes de atestar a veracidade
das suas informações?

À Junta Administrativa de Recursos de Infrações do DER de São Paulo

Eu fulano, RG xxx, CPF xxx, residente e domiciliado à rua xxx, venho por meio
desta apresentar:

Recurso

Em face da decisão da comissão de defesa prévia que julgou consistente o auto de

infração nº xxx, lavrado em virtude do suposto cometimento da infração prevista no art. X
do CTB.

I – FATOS

Consta na Notificação de Penalidade que foi lavrado o auto de infração nº xx

imputando a mim o cometimento da infração prevista no artigo xx.

Todavia, o auto de infração é nulo, uma vez que conforme documentos em anexo
(prova 1), o veículo em questão de placa xxx no dia e horário da suposta infração
estava estacionado em (local do estacionamento)

Este fato é comprovado tanto pelo ticket do estacionamento quanto pelas imagens
da câmera de segurança gravadas no DVD em anexo a esta defesa (prova 2).

Sendo assim, certamente o agente de trânsito ao efetuar a lavratura do auto de

infração equivocou-se provavelmente com algum elemento da placa de
identificação do veículo, estando por tal motivo nulo o auto de infração.

Atenção para não cometer um grande erro!

O maior e mais terrível erro cometido por quem faz recursos de multa, é faltar com a
verdade inventando argumentos.

A Administração Pública não está contra o condutor, está a favor do interesse público, e
por isso não se nega a anular atos que efetivamente estejam equivocados.

O grande problema, é que por ser gratuito recorrer muitos simplesmente escrevem
qualquer coisa e inventam desculpas para encobrir transgressões.

Não faça isso. Seja consciente e lute pelo direito que você tem. Se não tiver, aceite as
consequências e simplesmente não repita o erro.

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QUINTO PASSO – PEDIDO

O último passo básico para o seu recurso de multa é o pedido.

Neste momento você já preparou o terreno de maneira correta para o deferimento do seu
recurso, e agora é o momento exato para pedir. Afinal de contas do que adianta você
convencer e não pedir não é mesmo?

O pedido tem que ser congruente com as razões expostas nos fatos e ser obviamente
possível.

Como assim?

Analisando processos administrativos, eu já me deparei muitas vezes com pedidos das

mais variadas formas.

Desde retratação pública por parte do DETRAN, até a prisão de agentes públicos.

É importante lembrar que os recursos de multa não tem este objetivo, muito embora
alguns possam servir como meios de prova para a responsabilização administrativa, cível e
penal de alguns agentes públicos.

Então, na parte do pedido você deverá focar na conclusão lógica que seus argumentos
criaram.

No exemplo que estamos construindo o pedido lógico seria a anulação do auto de infração
e as consequências dali advindas, (pagamento de multa e registro de pontos no
prontuário do condutor infrator).

Ficaria assim:

À Junta Administrativa de Recursos de Infrações do DER de São Paulo

Eu fulano, RG xxx, CPF xxx, residente e domiciliado à rua xxx, venho por meio
desta apresentar:

Recurso

Em face da decisão da comissão de defesa prévia que julgou consistente o auto de

infração nº xxx, lavrado em virtude do suposto cometimento da infração prevista no art. X
do CTB.

I – FATOS

Consta na Notificação de Penalidade que foi lavrado o auto de infração nº xx

imputando a mim o cometimento da infração prevista no artigo xx.

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Todavia, o auto de infração é nulo, uma vez que conforme documentos em anexo
(prova 1), o veículo em questão de placa xxx, no dia e horário da suposta
infração, estava estacionado em (local do estacionamento)

Este fato é comprovado tanto pelo ticket do estacionamento, quanto pelas imagens
da câmera de segurança gravadas no DVD em anexo a esta defesa (prova 2)

Sendo assim, certamente o agente de trânsito ao efetuar a lavratura do auto de

infração equivocou-se provavelmente com algum elemento da placa de
identificação do veículo, estando por tal motivo, nulo o auto de infração.

II – PEDIDOS

Diante do exposto, requeiro:

1 – O recebimento deste recurso em virtude do atendimento dos requisitos de

admissibilidade, bem como das provas que o acompanham;

2 – Seja dado provimento ao recurso para declarar a nulidade do auto de infração

nº xxx em virtude dos fatos acima delineados, afastando assim suas consequências
lógicas.

Local, Data

_________________________________
Nome e assinatura do requerente

Agora você já está apto a fazer um recurso de multa simples e muito bem feito.

Nunca deixe de ser íntegro em seus argumentos.

Foi um prazer te ajudar e colaborar para que tenhamos menos processos infundados e
sem qualquer condição de analise promovendo assim, justiça.

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