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Notas de Aula

Fenômenos de Transporte

Engenharia de Produção
I — Mecânica dos Fluidos - Introdução

I.1 Introdução
A Mecânica é a ciência que trata das leis do movimento e do equilíbrio.
A Estática trata das relações das forças que produzem equilíbrio entre corpos mate-
riais.
A Dinâmica é parte da Mecânica que trata do movimento dos corpos sob a influência
de forças.
A Mecânica dos Fluidos trata das leis de forças e movimentos de fluidos, isto é, líqui-
dos e gases.
A Estática dos Fluidos ou Hidrostática estuda as condições de equilíbrio dos líquidos
sob a ação de forças exteriores, principalmente
?
da gravidade.
?
Fundamenta-se na segunda
?
lei de Newton para corpos sem aceleração F =0 .
A dinâmica dos fluidos estuda os fluidos em movimento e?se fundamenta
?
principal-
?
mente na segunda lei de Newton para corpos com aceleração F = ma .
No estudo de Fenômenos de Transporte, utilizaremos conceitos e definições já estu-
dados na mecânica e na termodinâmica, mas necessitaremos de outros ainda não vistos.
A finalidade deste capítulo é rever e desenvolver alguns conceitos e definições funda-
mentais.

I.2 Meio Contínuo


A matéria tem uma estrutura molecular e existe, normalmente, em três estados : sólido,
líquido e gasoso.
2 Mecânica dos Fluidos - Introdução

Figura I.1 – The arrangement of atoms in different phases : (a) molecules are
at relatively fixed positions in a solid, (b) groups of molecules move about each
other in the liquid phase, and (c) molecules move about at random in the gas
phase.©

O número de moléculas normalmente existentes em um volume macroscópico é en-


orme. Para termos uma idéia da ordem de grandeza do número de partículas envolvidas,
em CNTP existem cerca de 1019 moléculas em um volume de 1cm3 de ar atmosférico.
Com esse número tão grande de partículas é praticamente impossível a descrição do
comportamento macroscópico da matéria, como, por exemplo, o estudo do escoamento
de um fluido, a partir do movimento individual de suas moléculas.
No que se refere aos problemas comuns de engenharia, geralmente estamos interes-
sados no comportamento macroscópico devido aos efeitos médios das moléculas exis-
tentes no sistema em estudo, e, sendo aabordagem microscópica (descrição a partir dos
movimentos individuais das moléculas) inconveniente, necessitaremos de um modelo
mais adequado.
No estudo da natureza e na solução dos problemas encontrados na engenharia, em
geral, estão presentes os princípios de idealização e aproximação, ou seja, de modelagem.
A descrição dos fenômenos físicos e a abordagem e a solução dos problemas podem ser
esquematizadas da seguinte forma :

I.3 Limite de Validade do Modelo de Meio Contínuo


O modelo de meio contínuo tem validade somente para um volume macroscópico no
qual exista um número muito grande de partículas, ou seja, tem como limite de vali-
dade o menor volume de matéria que contém um número suficiente de moléculas para
manter uma média estatística definida. Assim, as propriedades de um fluido, no modelo
de meio contínuo, têm um valor definido em cada ponto do espaço, de forma que essas
propriedades podem ser representadas por funções contínuas da posição e do tempo.

I.4 Massa Específica em um Ponto


A massa específica ρ, definida como a massa por unidade de volume, é uma propriedade
que ilustra bem o conceito de meio contínuo. Por definição, considerando o modelo de
I.4 Massa Específica em um Ponto 3

Figura I.2 – Mathematical modeling of physical problems.

meio contínuo, a massa específica em um ponto é dada por

∆m
ρ= lim , (I.1)
∆V →δV ∆V
onde :
∆m é a massa contida no volume ∆V ; e δV é o menor volume, em torno do ponto,
que contém um número suficiente de moléculas para que exista uma média estatística
definida, ou seja, é o limite de validade do modelo de meio contínuo.
Para um elemento de volume macroscópico, pode-se considerar que existe um nú-
mero constante de moléculas. Fazendo ∆V → 0, como as partículas possuem movi-
mento aleatório, para um elemento de volume infinitesimal, o número de moléculas fica
dependente do tempo, resultando em descontinuidade no valor da massa específica para
volumes menores que δV . A Figura (I.3) mostra um gráfico da massa específica em fun-
ção do volume do elemento de volume considerado, ilustrando o limite de validade do
modelo de meio contínuo.

Figura I.3 – Massa específica em um ponto.


4 Mecânica dos Fluidos - Introdução

I.4.1 Unidades
m
Como a massa específica é a massa de fluido por unidade de volume → ρ = , sua
v
unidade de massa específica no SI é kg/m3 .
Por análise dimensional, utilizando o Sistema F LT :
F
Da segunda lei de Newton temos que : F = m · a ⇒ m =
a
F
[m] = = F L−1 T 2
LT −2

[V ] = L3

F L−1 T 2
[ρ] = = F L−4 T 2
L3

I.5 Volume Específico


O volume específico ν é, por definição, o volume ocupado pela unidade de massa de
uma substância, ou seja, é o inverso da massa específica, sendo dado por
1
υ= . (I.2)
ρ

I.5.1 Unidades
Temos que a massa específica é :
F L−1 T 2
[ρ] = = F L−4 T 2
L3
Como o volume específico é o inverso da massa específica, então, podemos escrever sua
dimensão como :
1 1
[ν] = = ⇒ [ν] = F −1 L4 T −2 .
[ρ] FL T2
−4

Consequentemente a unidade de volume específico no SI é m3 /kg.

I.6 Peso Específico


O peso específico γ de uma substância é o seu peso por unidade de volume, com módulo
dado por
P mg m
γ = ⇒γ= = g
V V V
γ = ρg. (I.3)

I.6.1 Unidades
O peso específico no SI é N/m3 . Façamos sua análise dimensional, no Sistema F LT :
P F
[γ] = = 3 = F L−3 .
V L
I.7 Densidade Relativa 5

I.7 Densidade Relativa


A densidade relativa d de uma substância A expressa o quociente entre a massa especí-
fica dessa substância A e a massa específica de uma outra substância B, tomada como
referência. Por definição, a densidade relativa é dada por
ρA
d= . (I.4)
ρB
Geralmente, a substância de referência para o caso de líquidos é a água e, para o caso de
gases, é o ar. A densidade relativa independe do sistema de unidades, pois é dada por
um valor adimensional.

I.8 Forças de Corpo e de Superfície


De uma maneira geral, as forças podem ser classificadas em duas categorias :
— forças de corpo ou de campo ; e
— forças de superfície ou de contato.
As forças de corpo são aquelas que se manifestam através da interação com um
campo e atuam sem a necessidade de um contato entre as superfícies dos corpos. Exem-
plos
— peso, devido ao campo gravitacional ;
— força elétrica, devido a um campo elétrico ; e
— força magnética, devido a um campo magnético.
Essas forças de corpo são proporcionais ao volume V dos corpos. Por exemplo, o peso
de um corpo de massa m e volume V , com massa específica ρ, no campo gravitacional
terrestre com aceleração ?g , é dado por
??? ???
? =
W ?g dm = ?g ρdV. (I.5)
m V

As forças de superfície são aquelas que atuam sobre um sistema através de contato com
a fronteira do mesmo. Exemplos
— forças de atrito ;
— forças devidas à pressão ; e
— forças devidas às tensões cisalhantes nos escoamentos.
Essas forças de superfície são proporcionais à área da superfície sobre a qual atuam.

I.9 Tensão em um Ponto


O conceito de tensão envolve uma força de contato e a área da superfície na qual atua.
Um elemento de área tem orientação dada pelo vetor unitário normal à superfície.
Consideremos um elemento de área ∆A ? em torno do ponto P sobre o qual atua um
elemento de força ∆F? , conforme é mostrado na Figura I.4.
6 Mecânica dos Fluidos - Introdução

? de uma superfície onde atua um elemento de


Figura I.4 – Elemento de área ∆A
força ∆F? .

A força ∆F? pode ser decomposta em três componentes escalares em relação ao sis-
? também é um vetor (tem mó-
tema de coordenadas considerado. O elemento de área ∆A
dulo igual à área do elemento ∆A, direção normal à superfície e sentido de dentro para
fora do volume delimitado pela superfície), de forma que também pode ser decomposto
em três componentes escalares segundo os eixos do sistema de referência.
A especificação das componentes da tensão, que têm a dimensão de força por uni-
dade de área, necessita da indicação da direção da componente da força e,também, da
indicação da orientação da superfície onde atua a tensão.

I.9.1 Notação indicial para as componentes de tensão


Uma notação de duplo índice fornece uma descrição conveniente para as componentes
da tensão, representadas por Tij em que o primeiro índice identifica a direção da nor-
mal ao plano no qual a força atua, e o segundo índice fornece a direção da componente
da força ou da tensão, propriamente. Assim, as componentes da tensão com anotação
indicial podem ser definidas por

∆Fj
Tij = lim (I.6)
∆Ai →0 ∆Ai

Considerando as componentes de forças que atuam em planos paralelos aos planos coor-
denados de um sistema de coordenadas retangulares, ou seja, em elementos de área com
normais nas direções x, y e z, tem-se que a Eq.(I.6) fornece as nove equações escalares
que definem as componentes da tensão, pois os índices i e j podem assumir os valores x,
y e z. Se os índices forem iguais (i = j), tem-se uma componente de tensão normal repre-
sentada por σij , enquanto se os índices forem diferentes (i ?= j) tem-se uma componente
de tensão cisalhante (tangencial), representada por τij . Para um elemento de área ∆Ax ,
com normal na direção x, sobre o qual atuam as componentes de força ∆Fx , ∆Fy e ∆Fz
nas direções x, y e z, respectivamente, resultam uma componente de tensão normal σxx e
duas componentes de tensão cisalhante (tangencial) (1) τxy e τxz , que são definidas pelas

(1) Tensão de cisalhamento ou tensão tangencial, ou ainda tensão de corte ou tensão cortante é um
tipo de tensão gerado por forças aplicadas em sentidos iguais ou opostos, em direções semel-
hantes, mas com intensidades diferentes no material analisado. Um exemplo disso é a aplicação
de forças paralelas mas em sentidos opostos.
I.9 Tensão em um Ponto 7

equações

∆Fx
σxx = lim (I.7)
∆Ax
∆Ax →0
∆Fy
τxy = lim (I.8)
∆Ax →0 ∆Ax
∆Fz
τxz = lim . (I.9)
∆Ax →0 ∆Ax

Da mesma maneira, considerando elementos de área ∆Ay e ∆Az , com normais nas dire-

Figura I.5 – Componentes da força e da tensão sobre um elemento de áres ∆Ax .

ções y e z, respectivamente, são definidas as componentes de tensão σyy , τyx , τyz , σzz , τzx
e τzy .

∆Fx
σyy = lim (I.10)
∆Ay →0 ∆Ay
∆Fy
τyx = lim (I.11)
∆Ay →0 ∆Ay
∆Fz
τyz = lim . (I.12)
∆Ay →0 ∆Ay

∆Fx
σzz = lim (I.13)
∆Az →0 ∆Az
∆Fy
τzx = lim (I.14)
∆Az →0 ∆Az
∆Fz
τzy = lim . (I.15)
∆Az →0 ∆Az

A tensão em um ponto é especificada pelas nove componentes da matriz conhecida como


tensor tensão, cujo símbolo σ (tensão normal) indica as componentes normais e τ (tensão
cisalhante) representa as componentes cisalhantes da tensão.
 
σxx τxy τxz
? 
T? =  τyx σyy τyz 

(I.16)
τzx τzy σzz
8 Mecânica dos Fluidos - Introdução

Consideremos o elemento de volume mostrado na Figura I.6 para visualizarmos as com-


ponentes da tensão com a notação indicial, lembrando que essas nove componentes pas-
sam a atuar no mesmo ponto quando o volume do elemento de volume tende a zero.

Figura I.6 – Componentes da tensão com a notação indicial.

Deve-se lembrar de que o vetor normal à superfície tem sentido positivo de dentro
para fora do volume delimitado pela superfície. A convenção adotada é a seguinte :
— uma componente de tensão é positiva se o vetor normal à superfície sobre a qual a
força atua e a componente da tensão propriamente têm, ambos, sentidos na direção
positiva ou negativa dos eixos do sistema de referência ;
— e uma componente de tensão é negativa se o vetor normal à superfície e a compo-
nente da força que atua no plano têm sinais contrários.

Por convenção, uma tensão τij terá valor positivo quando sua direção (dada pelo segundo
subscrito) e o plano onde ela atua forem ambos positivos ou ambos negativos. Por exemplo :
τyx positiva representa uma tensão no sentido do eixo X aplicada ao plano Y positivo ou
uma tensão no sentido contrário ao eixo X aplicada ao plano Y negativo.

Considerando um elemento de volume tetraédrico, com três faces orientadas ao longo dos
planos coordenados de um sistema de coordenadas retangulares, Cauchy demonstrou que
com o conhecimento da matriz tensão, com as componentes relativas às direções dos eixos
coordenados, pode-se calcular a tensão, no mesmo ponto, relativa a qualquer outra direção.

Considerando uma superfície cuja orientação é dada por um vetor unitário normal n̂
expresso em termos de seus cossenos diretores a, b e c em relação aos eixos de um sistema
ˆ de forma que
de coordenadas retangulares com vetores unitários direcionais ı̂, ̂ e k,
n̂ = aı̂ + b̂ + ckˆ (I.17)
sendo
a = n̂ · ı̂; b = n̂ · ̂; ˆ
c = n̂ · k, (I.18)
e
a2 + b2 + c2 = 1, (I.19)
resulta que, pela relação de Cauchy, a tensão na direção ?n é dada por
?
T? (?n) = T? (?n) (I.20)
?
onde T? é a matriz tensão da Eq.(I.16)
I.10 Fluidos 9

Figura I.7 – Notação para tensões.

I.10 Fluidos

Os fluidos são formados por moléculas em constante movimento e com ocorrência de


colisões entre elas. Nas aplicações de engenharia estudam-se as manifestações médias
mensuráveis de um conjunto de moléculas. Desta forma consideram-se os fluidos como
sendo formados por pequenas partículas, cada uma contendo muitas moléculas. Trata-se
o fluido como um meio contínuo composto de partículas fluidas que interagem entre si e
com o meio.

O fluido se deforma continuamente sob a ação de uma tensão cisalhante (tangencial),


por menor que seja a tensão de cisalhamento aplicada.

Na Mecânica dos Fluidos estuda-se o movimento das partículas de fluido e não o movimento
das moléculas do fluido.

Os sólidos e os fluidos apresentam comportamentos diferentes quando submetidos


a uma tensão cisalhante, pois as forças de coesão interna são relativamente grandes nos
sólidos e muito pequenas nos fluidos. Um sólido, quando submetido a um esforço cisal-
hante, resiste à força externa sofrendo uma deformação definida de um ângulo θ, desde
que não seja excedido o limite de elasticidade do material.

Os fluidos, com a aplicação de uma tensão cisalhante, se deformam contínua e inde-


finidamente enquanto existir essa tensão tangencial, resultando uma taxa de deformação

, pois o ângulo de deformação é função do tempo, θ = θ(t), no lugar de um ângulo de
dt
deformação característico que ocorre no caso dos sólidos. A Figura I.8 ilustra a deforma-
ção sofrida por um sólido e por um elemento de volume fluido causada pela aplicação
de uma tensão cisalhante.
10 Mecânica dos Fluidos - Introdução

Figura I.8 – Deformação de um sólido e de um elemento fluido submetidos a


tensões cisalhantes.

(a)Deformação θ característica. (b)Taxa de deformação dθ/dt.

I.10.1 Propriedades dos Fluidos


Abaixo estão algumas propriedades dos fluidos.
a) Os fluidos submetidos a esforços normais sofrem variações volumétricas finitas.
Quando essas variações volumétricas são muito pequenas, considera-se os fluidos incom-
pressíveis. Geralmente, os líquidos são incompressíveis (desde que não estejam submeti-
dos a pressões muito elevadas), enquanto os gases são compressíveis.
b) Existindo tensão cisalhante, ocorre escoamento, ou seja, o fluido entra em movi-
mento.
c) Os fluidos se moldam às formas dos recipientes que os contém, sendo que os lí-
quidos ocupam volumes definidos e apresentam superfícies livres, enquanto os gases
se expandem até ocupar todo o recipiente. Essa moldagem nos líquidos deve-se ao es-
coamento causado pela existência de componente cisalhante do peso dos elementos de
volume do fluido.
d) Para um fluido em repouso, a tensão é exclusivamente normal, sendo seu valor
chamado de pressão estática p que, em um ponto, é igual em qualquer direção, ou seja,

σxx = σyy = σzz = −p. (I.21)

Essa Eq.(I.21) é uma formulação matemática do Princípio de Pascal, que será estu-
dado nos fundamentos da Estática dos Fluidos.

I.10.2 Fluidos Newtonianos


De uma maneira geral, os fluidos são classificados como newtonianos e não-newtonianos.
Essa classificação considera a relação existente entre a tensão cisalhante aplicada e a taxa
de deformação sofrida por um elemento fluido.
Tem-se um fluido newtoniano quando a tensão cisalhante aplicada é diretamente pro-
porcional à taxa de deformação sofrida por um elemento fluido. A água e o ar, por exem-
plo, são fluidos newtonianos.
São classificados como fluidos não-newtonianos aqueles nos quais a tensão cisalhante
aplicada não é diretamente proporcional à taxa de deformação sofrida por um elemento
fluido. Dois exemplos familiares são a pasta dental e tinta Lucite (Marca registrada, E.
I. du Pont de Nemours & Company). Esta última muita “espessa” quando na lata, mas
torna-se “fina” quando trabalhada pelo pincel. A pasta dental se comporta como um
I.10 Fluidos 11

“fluido” quando espremida do tubo. Contudo, ela não escorre por si só quando a tampa
é removida. Há uma demarcação ou tensão limítrofe abaixo da qual a pasta dental se
comporta como um sólido.

I.10.3 Viscosidade
A viscosidade é a propriedade associada à resistência que o fluido oferece à deformação
por cisalhamento. De outra maneira, pode-se dizer que a viscosidade corresponde ao
atrito interno nos fluidos devido, basicamente, às interações intermoleculares, sendo, em
geral, função da temperatura.
Consideremos um elemento fluido infinitesimal, situado entre duas placas planas
paralelas de grandes dimensões, que sofre uma deformação no intervalo de tempo dt,
conforme é mostrado na Figura I.9

Figura I.9 – Deformação de um elemento fluido infinitesimal sob a ação de tensão


cisalhante.

A placa superior está em movimento com velocidade constante dVx , enquanto aplaca
inferior permanece em repouso. Os fluidos reais (viscosos) apresentam a propriedade de
aderência às superfícies sólidas com as quais estão em contato, de forma que uma película
de espessura infinitesimal de fluido fica aderida nas placas.
Está sendo aplicada uma força dFx constante sobre a placa superior, que possui uma
superfície de área dA em contato com o fluido com normal na direção y, de maneira que
a tensão cisalhante aplicada ao elemento fluido é dada por

∆Fx
τyx = lim (I.22)
∆A→0 ∆A

tem-se que

= taxa de deformação do elemento fluido. (I.23)
dt
Da definição de fluido newtoniano, tem-se que a tensão de cisalhamento é diretamente
proporcional à taxa de deformação, ou seja,

τyx ∝ (I.24)
dt
Devido à propriedade de aderência dos fluidos reais às superfícies sólidas com as quais
estão em contato, tem-se que a velocidade de escoamento junto da placa superior é dVx ,
enquanto o fluido junto da placa inferior está em repouso, de forma que existe uma deter-
minada distribuição (perfil) de velocidade de escoamento do fluido entre as duas placas.
Como é mais conveniente trabalhar com gradiente de velocidade de escoamento do que
12 Mecânica dos Fluidos - Introdução

com taxa de deformação de um elemento fluido, vamos mostrar, a seguir, que a taxa de
deformação é igual ao gradiente de velocidade existente no escoamento.
Consideremos a Figura I.9. A distância dL é dada por

dL = dvx dt (I.25)

O ângulo de deformação sofrido no intervalo de tempo dt é dθ, de forma que também


tem-se

dL = dvx dt (I.26)

de forma que também tem-se

dL = dy tg(dθ) (I.27)

mas como para pequenos ângulos pode-se considerar que a tangente do ângulo é prati-
camente igual ao ângulo, resulta

dL = dydθ (I.28)

Assim, tem-se que

dvx dt = dydθ (I.29)

de forma que
dθ dvx
= (I.30)
dt dy
ou seja, a taxa de deformação sofrida pelo elemento fluido é igual ao gradiente de
velocidade de escoamento.
Assim, para fluidos newtonianos a tensão cisalhante aplicada é diretamente proporcional à
taxa de deformação do elemento fluido ou ao gradiente de velocidade de escoamento, e
pode-se expressar que


τyx = µ (I.31)
dt
que, em termos do gradiente de velocidade de escoamento, pode ser escrita como

dvx
τyx = −µ (I.32)
dy

onde o coeficiente de proporcionalidade µ é a viscosidade absoluta ou dinâmica do


fluido. Essa Eq. (I.32) é conhecida como a Lei de Newton para a Viscosidade. O sinal
negativo é devido ao fato de que o transporte de momento linear através do fluido, na
direção y, ocorre no sentido contrário ao gradiente de velocidade de escoamento e de que
a tensão cisalhante corresponde à densidade de fluxo de momento linear.
Os fluidos reais possuem viscosidade, em maior ou menor intensidade, de forma que,
quando em escoamento com gradientes de velocidade, apresentam fenômenos de atrito
viscoso.
A viscosidade é causada fundamentalmente pela coesão intermolecular e pela transferência
de momento linear através do fluido.
I.10 Fluidos 13

Os líquidos se moldam aos recipientes que os contêm, devido ao escoamento causado


pela existência de componentes cisalhantes do peso de seus elementos de volume. A
viscosidade é a propriedade do fluido que determina a velocidade desse processo de
moldagem. Verifica-se que a água se molda rapidamente a um recipiente, enquanto o
processo de moldagem da glicerina a um recipiente é muito mais lento, pois a viscosidade
da glicerina é muito maior do que a da água, ou seja, a glicerina oferece uma resistência
maior à deformação por cisalhamento.
No escoamento laminar, o fluido escoa em lâminas paralelas e o atrito viscoso causa
tensões cisalhantes entre essas camadas do fluido em movimento. Deve-se observar que
somente ocorre manifestação de atrito viscoso, num escoamento, quando há desloca-
mento relativo entre as partículas fluidas, ou seja, quando existe gradiente de velocidade
na direção transversal ao movimento do fluido, que corresponde a uma taxa de deforma-
ção dos elementos de volume do fluido.
A viscosidade depende da temperatura, e verificam-se efeitos opostos sobre a visco-
sidade de gases e de líquidos em função da variação da temperatura.
Em geral, nos gases a coesão intermolecular é desprezível, resultando no fato de que
a tensão cisalhante entre duas camadas do fluido em escoamento é devida à transfe-
rência de momento linear entre essas camadas. No escoamento laminar, o movimento
do fluido ocorre em lâminas paralelas. Devido ao movimento molecular caótico resulta
transferência de moléculas na direção transversal ao escoamento entre camadas com ve-
locidades diferentes ou seja, ocorre transferência de momento linear entre as camadas,
decorrente das colisões intermoleculares. Essa atividade molecular aumenta com o acrés-
cimo de temperatura, de forma que a viscosidade aumenta com a temperatura nos gases.
Nos líquidos, as distâncias intermoleculares e a intensidade dos movimentos das mo-
léculas são muito menores que nos gases, de forma que a transferência de momento linear
entre as camadas, devido aos movimentos moleculares, pode ser desprezada. Assim, as
tensões cisalhantes e a viscosidade dependem principalmente da intensidade das forças
de coesão intermolecular que diminuem com o acréscimo de temperatura, de maneira
que a viscosidade dos líquidos diminui com o aumento da temperatura.

Em condições normais, a maioria dos fluidos comuns, como água, ar e gasolina são flui-
dos Newtonianos. Nos gases, a viscosidade absoluta tende a aumentar com a temperatura,
enquanto que, nos líquidos, ela tende a diminuir.

Em várias equações da mecânica dos fluidos, aparece o quociente entre a viscosidade


absoluta ou dinâmica e a massa específica do fluido, sendo conveniente a definição de
uma outra propriedade chamada de viscosidade cinemática ν do fluido, dada por
µ
ν= (I.33)
ρ
As dimensões e unidades de viscosidade podem ser determinadas a partir da Eq.(I.32),
resultando no Sistema Internacional de Unidades (SI) :
? ? ? ?
τ F/A
[µ] = = = M LT −2 L−2 L−1 T L = M L−1 T −1 .
dv/dy dv/dy
Unidade de µ :
unidade de τ N/m2 N ·s
= m/s = = P a · s.
unidade de (dv/dy) m2
m
14 Mecânica dos Fluidos - Introdução

? ?
µ
[ν] = = M L−1 T −1 M −1 L3 = L2 T −1 .
ρ

Unidade de ν :
unidade de ν Pa · s
= = m2 /s.
unidade de ρ kg/m3

I.11 Módulo de Elasticidade Volumétrica. Compressibilidade


Geralmente, quando se aplica pressão sobre um fluido ele sofre uma redução volumé-
trica, e quando se retira a pressão aplicada ele se expande.
A compressibilidade de um fluido está relacionada à redução volumétrica decorrente
para uma dada variação de pressão. Na maioria das situações, um líquido pode ser consi-
derado um fluido incompressível (que não sofre variações de massa específica) ; entre-
tanto, quando existem variações muito elevadas ou bruscas de pressão a compressibili-
dade torna-se significativa.
Usualmente, a compressibilidade de um líquido é dada pelo seu módulo de elastici-
dade volumétrica E. Consideremos um volume V de um líquido ; se a pressão aplicada
aumenta em dp, resulta uma diminuição de volume (−dV ), de forma que o módulo de
elasticidade volumétrica é definido por

dp V dp
E = − dV ⇒ E = − (I.34)
V
dV

O módulo de elasticidade volumétrica E é expresso em unidades de pressão, pois o termo


dV /V é adimensional.

I.11.1 Exemplo
Análise da compressibilidade da água, considerando uma situação em que é aplicada
uma variação de pressão de uma atmosfera, ou seja, dp = 101, 3kP a sobre um volume
de um metro cúbico de água. Para a água na temperatura de 25◦ C, tem-se que E =
2, 22 × 109 P a, de forma que a variação de volume é dada por :

V dp 1m3 × 101, 3kP a


dV = − =− = −4, 56X10−5 m3 .
E 2, 22 × 109 P a

I.12 Equação de Estado para um Gás Perfeito


Na termodinâmica, as variáveis usualmente utilizadas para descrever um sistema são :
— a pressão p,
— o volume V e
— temperatura T .
Em muitas situações é conveniente trabalhar com o volume específico ν (ou com
amassa específica ρ) no lugar do volume total V . Essas três variáveis de estado V (ou
ν ou p), p e T não são independentes e, geralmente, uma variação em uma das três altera
as demais.
I.12 Equação de Estado para um Gás Perfeito 15

Uma relação analítica entre essas variáveis é chamada de equação de estado. Um gás
perfeito, em que não existem forças de interação intermolecular de origem eletromagné-
tica, com interações somente através de colisões entre as moléculas, pode ser definido
como uma substância que satisfaz à lei dos gases perfeitos ou ideais, que pode ser ex-
pressa através da equação de estado

pν = RT, (I.35)

onde :
— p é a pressão absoluta ;
— ν é o volume específico ;
— R é a constante do gás ; e
— T é a temperatura absoluta.
Como o volume específico é definido como o inverso da massa específica,

1
ν= (I.36)
ρ

a equação de estado de um gás perfeito, eq.(I.35), pode ser escrita como


p
= RT, (I.37)
ρ

onde ρ é a massa específica.


Em densidades baixas (pressões baixas ou altas temperaturas), os gases reais se com-
portam de maneira próxima a dos gases ideais.
Não existe um gás perfeito ; entretanto, os gases reais submetidos a pressões bastante
abaixo da pressão crítica e a temperaturas bem acima da temperatura crítica, ou seja,
distantes da fase líquida, geralmente podem ser considerados gases perfeitos ou ideais.
A eq.(I.37) também pode ser expressa da seguinte forma :

1 1 pV
p = RT ⇒ p = RT ⇒ = RT
ρ m/V m
pV = mRT. (I.38)

onde :
— V é o volume ocupado pelo gás ;
— e m é a massa do gás.
A unidade da constante do gás R pode ser determinada da equação de estado, sendo
que, no SI, tem-se a pressão em P a, a massa específica em kg/m3 e a temperatura em K,
de forma que

N · m3 N ·m J
unidade de R = 2
= = .
m · kg · K kg · K kg · K

A equação de estado de um gás perfeito também pode ser escrita em termos molares.
Um mol é a quantidade de matéria de um sistema contendo tantas entidades elementares
quantos forem os átomos existentes em 0,012 quilograma de carbono 12.
16 Mecânica dos Fluidos - Introdução

Se n é o número de mols existentes no volume V , a massa do gás é dada por m = nM ,


onde M é a massa molecular do gás, de forma que a equação (I.38) pode ser expressa
como

pV = nM RT. (I.39)

Para os gases que se comportam como perfeitos, o produto M R é uma constante, re-
presentada por Ru , chamada de constante universal dos gases, de forma que Ru = M R,
resultando

pV = nRu T. (I.40)

I.13 Exemplos
1. Determine o peso de um reservatório de óleo que possui uma massa de 825kg.
Solução :
W = mg
W = 825kg × 9, 81m/s2 = 8093, 25N = 8, 09325kN

2. Se o reservatório do exemplo anterior tem um volume de 0, 917m3 determine a


massa específica, peso específico e densidade do óleo. Dado ρágua = 1000kg/m3 .
Solução :
Massa específica
m 825 kg kg
ρ= = · = 899, 67 3
V 0, 917 m3 m
Peso específico
γ = ρ·g
kg m
γ = 899, 67 3
× 9, 81 2
m s
N
γ = 8825, 76 3 .
m
Densidade Relativa
ρfluido 899, 67 ✘✘
kg/m✘3

d = ⇒d= · ✘
ρágua 1000 ✘✘
kg/m
✘ 3

d ≈ 0, 90.

3. Se 6, 0m3 de óleo pesam 47, 0kN determine o peso específico, massa específica e a
densidade do fluido.
Solução :
Peso específico
m
γ = ρ · g, mas ρ = , logo,
V
m
γ = · g, onde m · g = W, assim
V
W 47 × 1000 N
γ = ⇒γ= · 3
V 6, 0 m
N
γ = 7833, 34 3 .
m
I.13 Exemplos 17

Massa específica

γ
Temos que : γ = ρ · g ⇒ ρ =
g
7833, 34 N/m3
ρ = ·
9, 81 m/s2
N s2 ✚
kg · m ?
2
s?
ρ = 798, 5056 3
· = 798, 5056 2 ✚ ·
m m s · m3
?
? m
✚✚
kg
ρ = 798, 5056 3 .
m

Densidade Relativa

ρfluido 798, 50 ✘ ✘✘
kg/m✘3
d = ⇒d= · ✘
ρágua 1000 ✘ ✘✘
kg/m 3

d ≈ 0, 80.

4. Um tanque de ar comprimido apresenta um volume igual a 2, 38 × 10−2 m3 . Deter-


mine a massa específica e o peso do ar contido no tanque quando a pressão relativa
do ar no tanque for igual a 340kP a. Admita que a temperatura do ar no tanque é
21◦ C e que a pressão atmosférica vale 101, 3kP a. A constante do gás para o ar é
R = 287N · m/kgK.
Dado :
A pressão absoluta é Pabs = Prel + Patm = 340kP a + 101, 3kP a ⇒ Pabs = 441, 3kP a.
A temperatura absoluta é Tabs (K) = T (◦ C) + 273 ⇒ Tabs (K) = 21 + 273 = 294K.
Solução :
A massa específica pode ser determinada com a lei dos gases perfeitos

p p
Temos que : = RT ⇒ ρ =
ρ RT

N
441, 3 × 1000 m 2
ρ =
287 ✚
N ·m
kg·✚
K

× 294 ✚
K
kg
ρ = 5, 23 .
m3

Peso do ar
m
Temos que : W = m · g, mas ρ= ⇒ m = ρ · V, logo,
V
W = ρ·V ·g
kg m
W m✚
= 5, 23 3 · 2, 38 × 10−2 ✚ 3
· 9, 81 2
m
✚✚ s
W = 1, 22 N.

5. Um fluido tem uma viscosidade dinâmica de 5 × 10−3 N · s/m2 e uma massa especí-
fica de 850kg/m3 . Determine a sua viscosidade cinemática.
Solução :
18 Mecânica dos Fluidos - Introdução

µ
Temos que : ν =
ρ
5 × 10−3 N ·s2
m✄
ν = kg
850
m3✄
k g·m

N ·s·m · s✁ · m
−6 s2✄
ν = 5, 88 × 10 ⇒ ν = 5, 88 × 10−6
kg ?
kg
?
m2
ν = 5, 88 × 10−6 .
s

6. Determinar a altura representativa de uma pressão de 500 kN/m2 em termos da


altura de coluna de água de massa específica ρ = 1000 kg/m3 , e em termos de
altura de coluna de mercúrio com massa específica ρHg = 13, 6 × 103 kg/m3 . Utilize
p = ρgh, ρH2 O = 103 kg/m3 .
Solução :
Para a H2 O
p
Temos que : p = ρ · g · h ⇒ h =
ρg
10✟
500 × ✟ 3 N
m2
500 mN2
h = =
10✟
✟ 3 kg × 9, 81 m
m3 s2
kg
9, 81 m 3 ·
m
s2
h = 50, 96 m.

Para a Hg
p
Temos que : p = ρ · g · h ⇒ h =
ρg
10✟
500 × ✟ 3 N
m2
500 mN2
h = =
10✟
13, 6 × ✟ 3 kg × 9, 81 m
m3 s2
kg
13, 6 × 9, 81 m 3 ·
m
s2
h = 3, 747 m.

7. A água de um lago localizada numa região montanhosa apresenta temperatura


média igual a 10◦ C e profundidade máxima do lago é de 40m. Se a pressão baro-
métrica local é igual a 598mmHg, determine a pressão absoluta na região de mais
profundidade do lago. Considere a massa específica do mercúrio igual a 13, 54 ×
103 kg/m3 . A pressão da água, em qualquer profundidade h, é dada pela equação :

patm = p0 + ρgh,

onde p0 é a pressão na superfície do lago que representa a pressão atmosférica local


(patm ).
Solução :
Temos que, p0 = ρgh, logo,
kg m
p0 = ρgh ⇒ p0 = 13, 54 × 103 3
× 9, 81 2 × 0, 598m
m s
p0 = 79, 430kP a.
I.13 Exemplos 19

Para a profundidade de h = 40m do lago, e massa específica de 103 kg/m3 para


H2 O, podemos escrever,
kg m
patm = p0 + ρgh ⇒ patm = 79, 430kP a + 103 3
× 9, 81 2 × 40m
m s
patm = 79, 430kP a + 392, 4kP a
patm = 471, 83kP a.

8. Um manômetro instalado numa tubulação de água indica uma pressão de 2, 0kgf /cm2
. Determinar a pressão absoluta em kgf /cm2 , P a, mH2 O e mmHg. Considere a
pressão atmosférica igual a 1, 0kgf /cm2 e a massa específica do mercúrio igual a
13, 6kg/m3 . Dado 1kgf = 9, 81N .
Solução :
Sabemos que, pabs = prel + patm ,

— kgf /cm2
patm = prel + patm ⇒ patm = 1kgf /cm2 + 2kgf /cm2 ⇒ patm = 3kgf /cm2 .

— P ascal
1kgf −→ 9, 81N
3kgf −→ x ⇒ x = 29, 43N.
1cm2 = (1/100)2 m2 ; logo
kgf 29, 43 N N
3 = 1 = 29, 43 × 104 2
cm2 1002
m 2 m
kgf
3 2 = 294, 3kP a.
cm
kg
— H2 O, temos que patm = ρH2 O · g · h ; onde ρH2 O = 103 .
m3
patm
patm = ρH2 O · g · h ⇒ h =
ρH2 O · g
294, 3 × 103 P a
h = kg m
103 m 3 · 9, 81 s2

✚/✚

N m✚ 2
h = 30 ⇒ h = 30m.

kg ✚
· m2
3
m✄ ? s

kg
— Hg, temos que patm = ρHg · g · h ; onde ρH2 O = 13, 54 × 103 .
m3
patm
patm = ρHg · g · h ⇒ h =
ρHg · g
294, 3 × 103 P a
h = kg m
13, 54 × 103 m 3 · 9, 81 s2

✚/✚

N m✚ 2
h = 2, 215 kg ✚
⇒ h = 2, 215m.
✚ · m
2
m3✄ ?s

9. Em um reservatório contendo glicerina, temos : massa = 1200kg e volume =


0, 952m3 .
20 Mecânica dos Fluidos - Introdução

Determine :
(a) peso da glicerina ;
(b) massa específica da glicerina ;
(c) peso específico da glicerina ;
(d) densidade relativa da glicerina.
Solução :
(a) peso da glicerina ;
m
W = mg ⇒ W = 1200kg · 9, 81 ⇒ W = 11, 772N.
s2

(b) massa específica da glicerina ;

m 1200 kg kg
ρ= ⇒ρ= 3
⇒ ρ = 1260, 50 3 .
V 0, 592 m m

(c) peso específico da glicerina ;


kg m
γ = ρg ⇒ γ = 1260, 50 3
· 9, 81 2
m s
N N
γ = 12365, 50 ⇒ γ = 12, 36550 k 3 .
m3 m
(d) densidade relativa da glicerina.
ρfluido 1260, 50 ✘ ✘✘
kg/m✘3
d = ⇒d= · ✘
ρágua 1000 ✘✘3
kg/m

d = 1, 26050.

10. Determine a massa específica do ar que se encontra num reservatório com tempe-
ratura de 50◦ C, no qual existe um manômetro indicando uma pressão de 370kP a.
J
Dado : R = 287 ; TK = tC + 273, 15 ; patm = 101, 33 × 103 P a.
kg · K
Solução :
Temos que, pabs = prel + patm , logo

pabs = 101, 33 × 103 P a + 370 × 103 P a ⇒ pabs = 471, 33 × 103 P a.

Temos ainda, que TK = tC + 273, 15, assim

TK = 50 + 273, 15 ⇒ TK = 323, 15K.

Da equação dos gases perfeitos, vem que :


pabs 471, 33 × 103 N/m2
ρ = ⇒ρ= J
R×T 287 kg·K × 323, 15K
kg
ρ = 5, 082 .
m3
11. Brunetti,Ex.(1.4)-pág.12 : São dadas duas placas planas paralelas à distância de
2 mm. A placa superior move-se com velocidade de 4 m/s, enquanto a inferior
é fixa. Se o espaço entre as duas placas for preenchido com óleo (ν = 0, 1St ;
ρ = 830kg/m3 ), qual será a tensão de cisalhamento que agirá no óleo ?
I.13 Exemplos 21

Temos que a lei de Newton da viscosidade é escrita como :


dv v
τ =µ ⇒τ =µ . (I.41)
dy ε
Como não temos o valor de µ, podemos calcular através da relação da viscosidade
cinemática ;
µ
ν = ⇒ µ = νρ.
ρ
m2 kg
Temos que ν = 0, 1 St (stokes) ⇒ ν = 0, 1 × 10−4 e ρ = 830 3 , logo
s m
m✚

2 kg s
µ = 0, 1 × 10−4 × 830 ×
s m✁3 s
N
µ = 8, 3 × 10−3 2 · s ⇒ µ = 8, 3 × 10−3 P a · s. (I.42)
m
Substituindo a equação (I.42) na equação (I.41), vem
✟ ✚/s
4✚
m ✁
τ 10✟
= 8, 3 × ✟ −3
P a · s✁ × ✟
10✟
2 ×✟ −3 m
✚✚
τ = 16, 6 P a.

12. Brunetti,Ex.(1.5)-pág.12 : Uma placa quadrada de 1, 0m de lado e 20N de peso des-


liza sobre um plano inclinado de 30◦ , sobre uma película de óleo. A velocidade da
placa é de 2m/s constante. Qual é a viscosidade dinâmica do óleo, se a espessura
da película é 2mm ?
22 Mecânica dos Fluidos - Introdução

Queremos calcular µ, vamos partir da lei de Newton da viscosidade,


v ε
τ =µ ⇒µ=τ· . (I.43)
ε v
Sabemos que,
Força Ftang
τ= ⇒τ = (I.44)
Área A

Ftan
Fn
o
30
20N

Figura I.10 – Decomposição da força peso de 20N .

Da figura I.10, podemos escrever que :


Ftan
sen 30◦ = ⇒ Ftan = 20N · sen 30◦ = 10N. (I.45)
20N
Substituindo a equação (I.46) na equação (I.44), vem
10N N
τ= 2
⇒ τ = 10 2 . (I.46)
1, 0m m
Substituindo a equação (I.46) na equação (I.43)
N ✟ 2,✟ 0 × 10−3✚

m
µ = 10 ·
m 2
✟ 0✚
2,✟ m
s
N · s
µ = 10−2 2 .
m

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