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Sistemas coletivos de

tratamento de esgoto

Tratamento preliminar:
desarenador e calha
Parshall
Tratamento preliminar
Tratamento preliminar: remoção de areia

 A areia contida nos esgotos é, em sua maioria,


constituída de material mineral (areia, pedrisco, silte,
escória e cascalho).

 Também contém uma reduzida quantidade de matéria


orgânica.

 A origem deste material é devido ao manuseio normal


do uso doméstico, dos lançamentos inadequados nas
instalações de esgotamento sanitário, das ligações
clandestinas de água pluviais, lavagens de pisos,
despejos comerciais ou industriais, e infiltrações na
rede.
Tratamento preliminar: remoção de areia

 As variações bruscas nas quantidades deste material


são provenientes de atividades relacionadas com
conservação, manutenção e obras de ampliação do
sistema de coleta e transporte, cujas execuções
deverão ser criteriosamente programadas e
controladas.
Tratamento preliminar: remoção de areia

 Finalidades da remoção de areia:

➢ Evitar abrasão nos equipamentos e tubulações;

➢ Eliminar ou reduzir a possibilidade de obstrução


em tubulações, tanques, orifícios, sifões, etc.;

➢ Facilitar o manuseio e transporte das fases


líquida e sólida, em suas diversas fases.
Tratamento preliminar: remoção de areia

 Em casos especiais, mediante estudos


criteriosos, o efluente do tratamento preliminar
poderá ser lançado diretamente no corpo
receptor, como tem sido o caso de lançamentos
submarinos.

 Para isto, são indispensáveis estudos de


capacidade de assimilação e comportamento do
corpo receptor, em harmonia com as exigências e
parâmetros de qualidade estabelecidos pelos
órgão de controle ambiental.
Tratamento preliminar: remoção de areia –
DESARENADOR OU CAIXA DE AREIA

 A remoção de areia é feita pelas unidades


denominadas desarenadores (ou caixa de areia).

 O mecanismo de remoção é basicamente o de


sedimentação.

 Os grão de areia, devido às suas maiores


dimensões e densidade, se deslocam para o
fundo do desarenador, enquanto a matéria
orgânica permanece em suspensão, seguindo
para as unidades de jusante.
Tratamento preliminar: remoção de areia –
DESARENADOR OU CAIXA DE AREIA

 Projetada para realizar as seguintes operações:


➢ retenção da areia com características, qualitativa e
quantitativamente, indesejáveis ao efluente ou ao corpo
receptor;
➢ armazenamento do material retido durante o período
entre limpezas;
➢ remoção e transferência do material retido e armazenado
para dispositivos de transporte para o destino final.

 A inadequabilidade dos projetos e a inobediência das


recomendações técnicas constituem as principais
causas de perturbações operacionais ou mau
desempenho destas unidades.
Tratamento preliminar: remoção de areia –
DESARENADOR OU CAIXA DE AREIA

 As unidades de caixa de areia podem ser


classificadas em função das seguintes características:

➢ De acordo com a forma: prismática (seção retangular


ou quadrada) e cilíndrica (seção circular).
Tratamento preliminar: remoção de areia –
DESARENADOR OU CAIXA DE AREIA
Tratamento preliminar: remoção de areia –
DESARENADOR OU CAIXA DE AREIA
Tratamento preliminar: remoção de areia –
DESARENADOR OU CAIXA DE AREIA
Tratamento preliminar: remoção de areia –
DESARENADOR OU CAIXA DE AREIA

 As unidades de caixa de areia podem ser


classificadas em função das seguintes características:

➢ De acordo com a separação sólido-líquido: por


gravidade (natural ou acelerada) e por centrifugação
(vortex e centrífuga).
➢ De acordo com a remoção do material retido: manual,
ciclone separador, e mecanizada (raspador, bombas,
centrífugas, parafuso, air lift, caçambas
transportadoras).
➢ De acordo com o fundo: plano (prismática com poço),
inclinado (prismática aerada), e cônico (vortex).
Tratamento preliminar: remoção de areia –
DESARENADOR OU CAIXA DE AREIA

 As unidades de caixa de areia podem ser


classificadas em função das seguintes características:
Tratamento preliminar: remoção de areia –
DESARENADOR OU CAIXA DE AREIA

 Dispositivos de retenção

➢ Utilizando-se a propriedade de sedimentação da


areia, condiciona-se o fluxo dos esgotos a velocidades
que permitam separar o material pesado.

➢ Na prática, remoção de partículas com diâmetro entre


0,1 e 0,4 mm.

➢ Para esgotos domésticos, preconiza-se remover


partículas com diâmetro mínimo de 0,2 mm.
Tratamento preliminar: remoção de areia –
DESARENADOR OU CAIXA DE AREIA

 Dispositivos de retenção

➢ Caixas de areia convencionais retangulares por


gravidade: velocidade de fluxo horizontal em torno de
0,30 m/s.

➢ Com velocidades acima deste valor, e para partículas


de mesma densidade, acarreta-se o arraste de
partículas menores.

➢ Velocidades em torno de 0,15 m/s causarão a


sedimentação de matéria orgânica (maus odores).
Tratamento preliminar: remoção de areia –
DESARENADOR OU CAIXA DE AREIA

 Dispositivos de retenção

➢ Para o condicionamento da velocidade do fluxo


afluente, promove-se o alargamento da seção
transversal da câmara de sedimentação, diminuindo-
se as velocidades de chegada.

➢ O material retido é acumulado em compartimento


especificamente projetado e construído com
capacidade de retenção suficiente para armazenar a
areia durante o período entre cada remoção
(limpeza).
Tratamento preliminar: remoção de areia –
DESARENADOR OU CAIXA DE AREIA

 Dispositivos de remoção

➢ Como a retenção da areia ocorre de forma contínua, é


necessário que este material seja removido
periodicamente.

➢ A remoção pode ser manual ou mecanizada.

➢ A remoção manual exige a paralisação da unidade e a


drenagem do líquido.

➢ Inclusão de dispositivos de isolamento da unidade,


com existência de uma caixa extra, ou por meio de
tubulações de desvio.
Tratamento preliminar: remoção de areia –
DESARENADOR OU CAIXA DE AREIA

 Dispositivos de remoção

➢ A remoção mecânica (instalações maiores) é


realizada por dispositivos transportadores de areia,
que removem continuamente a areia acumulada.

➢ Os transportadores mais comuns são: esteiras,


caçambas, raspadores, “air lift”, parafuso sem-fim,
bombas especiais.

➢ Em algumas instalações, equipamentos de lavagem


da areia são conjugados ao dispositivo de remoção,
com retorno do líquido de lavagem como afluente da
ETE.
Tratamento preliminar: remoção de areia –
DESARENADOR OU CAIXA DE AREIA

 Quantidade e destino do material retido

➢ É função dos costumes locais, da rede coletora e do


sistema de retenção (como acontece com os sólidos
grosseiros).

➢ Quando a areia sofre processo de lavagem, pode


servir para aterros próximos ao local, ou para
reposição do material drenante utilizado nos leitos de
secagem.

➢ Quando não há lavagem, a areia é encaminhada ao


aterro sanitário ou, em casos especiais, para
incineradores de lodo.
Tratamento preliminar: remoção de areia –
DESARENADOR OU CAIXA DE AREIA

 Localização

➢ Usualmente, os desarenadores vinham sendo


localizados a montante da elevatória de esgoto bruto,
e a jusante das unidades de remoção de sólidos
grosseiros.

➢ Isto porque a sua função básica é proteger os


equipamentos, neste caso as bombas da elevatória.

➢ A concepção deve atender as viabilidades técnicas e


econômicas, e de operação e manutenção da
unidade.
Tratamento preliminar: remoção de areia –
DESARENADOR OU CAIXA DE AREIA

Caixa de areia prismática retangular por gravidade

➢ Tipo simples e convencional, podendo ser de limpeza


manual ou mecanizada.

➢ São constituídas de câmaras prismáticas de seção


retangular, no fundo das quais existem outras
câmaras de dimensões menores para acumular o
material sedimentado.
Tratamento preliminar: remoção de areia –
DESARENADOR OU CAIXA DE AREIA

Caixa de areia prismática retangular por gravidade

 Funcionamento

➢ Condicionado ao comportamento do fluxo de esgoto


ao longo da câmara de sedimentação.

➢ O trajeto das partículas de areia resulta de dois tipos


de velocidades:
➢ velocidade de sedimentação  para partículas de menor diâmetro
(0,2 mm) e menor densidade (2,65) = 0,02 m/s;
➢ Velocidade crítica do fluxo longitudinal  a partir da qual ocorre
arraste das partículas (que se deseja reter ou já sedimentadas).
Tratamento preliminar: remoção de areia –
DESARENADOR OU CAIXA DE AREIA

Caixa de areia prismática retangular por gravidade

• Funcionamento

Vs<Vc
Vs>Vc Vs=Vc
Zona de entrada Zona de saída

Zona de decantação
Tratamento preliminar: remoção de areia –
DESARENADOR OU CAIXA DE AREIA

Caixa de areia prismática retangular por gravidade

 Funcionamento

VELOCIDADE CRÍTICA DAS PARTÍCULAS DE AREIA


Diâmetro da partícula (mm) Velocidade crítica (m/s)
0,1 0,16
0,2 0,23
0,4 0,32
Tratamento preliminar: remoção de areia –
DESARENADOR OU CAIXA DE AREIA

Caixa de areia prismática retangular por gravidade

 Dimensionamento

1. Comprimento da caixa de areia


➢ Tem-se o comprimento a partir da observação do trajeto da
partícula, e da relação entre a velocidade de sedimentação
com a velocidade de fluxo.

2. Largura da caixa de areia


➢ Encontra-se a largura conhecendo-se a vazão dos esgotos
(Q), a altura d’água (h) e a velocidade do fluxo (v1).
Tratamento preliminar: remoção de areia –
DESARENADOR OU CAIXA DE AREIA

Caixa de areia prismática retangular por gravidade

 Recomendações da Norma (ABNT NBR 12.709:2009)


➢ A seção transversal deve ser tal que a velocidade de
escoamento esteja na faixa de 0,20 a 0,40 m/s;
➢ No fundo e ao longo do canal deve ser previsto espaço
para acumulação do material sedimentado, com seção
transversal mínima de 0,20 m de profundidade por 0,20 m
de largura; no caso de limpeza manual, a largura mínima
deve ser de 0,30 m;
➢ Uma seção de controle deverá ser prevista a jusante do
desarenador, com o objetivo de manter o mais possível
constante a velocidade do escoamento.
Tratamento preliminar: remoção de areia –
CALHA PARSHALL

 Uma das principais dificuldades no projeto e na


operação da caixa de areia está em se conseguir
manter a velocidade desejada com a variação da
vazão.

 Para se contornar esta dificuldade use-se projetar


uma seção de controle, no final da caixa de areia, que
faça com que a altura da lâmina d’água varie de
acordo com a vazão, mantendo assim
aproximadamente constante a velocidade do fluxo na
câmara de sedimentação.

 A seção mais utilizada é a calha Parshall.


Tratamento preliminar: remoção de areia –
CALHA PARSHALL

 As calhas Parshall são medidores de vazão.

 Estabelecem através de estrangulamentos e


ressaltos, para uma determinada seção vertical a
montante, uma relação entre a vazão do fluxo e a
lâmina d’água naquela seção.

 São medidores de regime crítico, largamente utilizado


nas estações de tratamento de água e de esgotos.

 Idealizada pelo engenheiro americano R. I. Parshall,


consiste em uma seção convergente, uma seção
estrangulada (ou garganta), e uma seção divergente.
Tratamento preliminar: remoção de areia –
CALHA PARSHALL

 A cada largura W de garganta correspondem as demais


dimensões da unidade, existindo uma faixa de vazões
aplicáveis para cada garganta.
Tratamento preliminar: remoção de areia –
CALHA PARSHALL

DIMENSÕES DE CALHA PARSHALL PADRÃO (cm)


Capacidade
W
A B C D E F G K N (L/s)
Pol cm Qmín Qmáx
3 7,6 46,6 45,7 17,8 25,9 61,0 15,2 30,3 2,5 5,7 0,85 53,8
6 15,2 62,1 61,0 39,4 32,1 61,0 30,5 61,0 7,6 11,4 1,42 110,4
9 22,9 88,0 86,4 38,0 57,5 76,3 30,5 45,7 7,6 11,4 2,55 251,9
12 30,5 137,2 134,4 61,0 84,5 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9 3,11 455,6
18 45,7 144,9 142,0 76,2 102,6 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9 4,25 696,2
24 61,0 152,5 149,6 91,5 120,7 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9 11,89 936,7
Tratamento preliminar: remoção de areia –
CALHA PARSHALL
Tratamento preliminar: remoção de areia –
CALHA PARSHALL
Tratamento preliminar: remoção de areia –
CALHA PARSHALL
Tratamento preliminar: remoção de areia –
CALHA PARSHALL

 A leitura da profundidade da lâmina d’água deve ser


feita na seção convergente, em um ponto localizado a
2/3 do fim desta seção (2/3 A, sendo A o comprimento
da seção convergente).

 Vazão em função da altura da lâmina d’água, do


expoente n e do coeficiente K.

 O professor José Martiniano de Azevedo Netto


apresentou uma expressão simplificada que não leva
em conta estes coeficientes.
Tratamento preliminar: remoção de areia –
CALHA PARSHALL

EXPOENTE n E COEFICIENTE K
Garganta W W (m) Expoente n Coeficiente K
3” 0,076 1,547 0,176
6” 0,152 1,580 0,381
9” 0,229 1,530 0,535
1’ 0,305 1,522 0,690
2’ 0,610 1,550 1,426
3’ 0,915 1,566 2,182
4’ 1,220 1,578 2,935
6’ 1,830 1,595 4,515
8’ 2,440 1,606 6,101
Tratamento preliminar: remoção de areia –
CALHA PARSHALL

 Os medidores Parshall tem sido pré-fabricados em


material plástico reforçado com fibra de vidro, existido
vários fornecedores no mercado.

 Vantagens:
➢ autolimpeza, devido à velocidade do fluxo submetido
a regime crítico de escoamento;
➢ perda de carga desprezível;
➢ capacidade de manter proximamente constantes as
velocidades de escoamento;
➢ excelente medidor de vazões.
Tratamento preliminar: remoção de areia –
CALHA PARSHALL
 Exercícios

1. Para uma vazão média de 200 L/s, verificada no


projeto de uma ETE, considerando uma vazão
mínima de 100 L/s e uma vazão máxima de 360 L/s,
adotar uma calha Parshall para medir vazão, e
verificar a altura correspondente no ponto de
medição.

2. Para o exercício 1, determinar as dimensões da


caixa de areia, o rebaixo z entre a calha e o
desarenador, e verificar as velocidades
correspondentes nas diversas vazões.

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