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Governador de Pernambuco

Paulo Henrique Saraiva Câmara

Secretário de Educação
Frederico da Costa Amancio

Secretário Executivo de Planejamento e Coordenação


Severino José de Andrade Júnior

Secretária Executiva de Desenvolvimento da Educação


Ana Coelho Vieira Selva

Secretário Executivo de Educação Profissional


Paulo Fernando de Vasconcelos Dutra

Secretário Executivo de Administração e Finanças


Ednaldo Alves de Moura Júnior

Secretário Executivo de Gestão da Rede


João Carlos de Cintra Charamba

Gerente de Políticas Educacionais do Ensino Médio


Raquel de Queiroz

Chefe de Unidade do Ensino Médio


Carolina Araújo

Especialistas em Língua Portuguesa


Amanda Tavares
Carla Carmelita
Deise Alves
Ijaci Gomes
Jacicleide Silva
Janaína Ângela da Silva
Márcia Cavalcante
Mírian Oliveira
Saulo Novaes

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APRESENTAÇÃO

Caros (as) professores (as),


Apresentamos aqui o material norteador das ações pedagógicas que serão
desenvolvidas na Ação de Fortalecimento da Aprendizagem. Ele tem como finalidade
contribuir para o trabalho docente visando à melhoria das aprendizagens dos alunos.
Sua elaboração teve como critérios a análise dos resultados das avaliações do SAEPE
e as propostas apresentadas pelos (as) professores (as) nas discussões proporcionadas pelas
formações de Língua Portuguesa do Ensino Médio. As atividades selecionadas dialogam com
os Descritores da Matriz do SAEPE e visam ao alcance das expectativas de aprendizagem
contidas nos Parâmetros Curriculares de Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental e
Médio do Estado de Pernambuco.
Na área de Língua Portuguesa, este caderno foi preparado de modo a contemplar
várias esferas discursivas: jornalística, cotidiana, literária (prosa e verso) e escolar nos mais
diversos gêneros, tipologias e suportes. Assim, esse material deve ser complementado com
atividades planejadas pelo professor, em função das características de sua turma, fazendo uso
dos demais recursos e espaços de aprendizagem que a escola dispõe.
Dessa maneira, esperamos contribuir com o seu trabalho em sala de aula e também
contar com a sua participação para construirmos a aprendizagem significativa eficaz e
eficiente que os alunos da rede estadual de Pernambuco merecem.

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A seguir propomos um conjunto de atividades e questões comentadas voltadas ao uso
da língua em interações efetivas, nas quais todos possam participar, assumir-se diante dos
demais como autores e, assim, aprender. As questões propostas consideram a matriz do
SAEPE que se organiza em seis eixos:
I. Práticas de leitura: D06, D07, D08, D09, D10, D11.
II. Implicações do suporte, do gênero, e/ou do enunciador na compreensão do texto:
D12, D13.
III. Relações entre textos: D14.
IV. Coesão e coerência: D16, D17, D18, D19, D21, D27.
V. Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido: D22, D23, D24, D25.
VI. Variação linguística: D26.

EXPLICITANDO OS DESCRITORES

Iniciamos nossa reflexão discutindo o eixo I, Práticas de leitura, o qual é bastante


abrangente. O Descritor 06 – localizar informação explícita em um texto – é uma
habilidade básica de leitura. É preciso pensar sobre a frequência com que o trabalho de
estímulo à localização de informações explícitas no texto tem sido realizado e a forma como
tem sido conduzido para que possamos ter bom êxito em outros descritores. Assim,
sugerimos atividades de estratégias de leitura, tais como: seleção, hipótese e antecipação.
O Descritor 07 – inferir informação de um texto – é relativo à prática de inferência e é
inerente à interação linguística. Os usuários da língua realizam inferência em suas práticas
comunicativas diárias; os estudantes, porém, ao se depararem com avaliações que
sistematizam essa habilidade através da leitura de textos diversos, ainda apresentam algumas
dificuldades. Conforme Koch (2009, p. 18), “na atividade de leitores ativos, estabelecemos
relações entre nossos conhecimentos anteriormente construídos e as novas informações
contidas no texto, fazemos inferências, comparações, formulamos perguntas relacionadas com
seu conteúdo”. Portanto, já que o sentido está na interação autor-texto-leitor, é importante
que, durante o trabalho com práticas de leitura, o professor ajude o estudante a perceber as
“pistas” presentes no texto.
Quanto aos demais descritores desse eixo, observamos que o D08 – inferir o sentido de
palavra ou expressão a partir do contexto – também se relaciona ao processo de inferência,
mas de forma mais pontual através da reflexão sobre o léxico e o D09 – identificar o tema do
texto – ainda mostram que há dificuldade da compreensão mais geral do texto, pois alguns
estudantes apresentam dificuldades para entender “do que trata o texto” que estão lendo.
O D10 – distinguir fato de opinião – cujo resultado alcançado pelos estudantes do 3° ano
do Ensino Médio em 2014 alcançou um índice de 45,8%, aponta para uma dificuldade de
natureza pragmática. Percebe-se que estudantes têm dificuldade em compreender os atos
locutórios, ou seja, a superfície textual mais explícita. O grau de dificuldade torna-se maior
em se tratando dos atos ilocutórios, que indicam as intenções do produtor do texto, sendo esta
uma habilidade de inferência complexa.
Por fim o D11 – interpretar textos não verbais e textos que articulam elementos
verbais e não verbais – é normalmente bem avaliado. Esse dado pode indicar que os jovens
têm facilidade na leitura de textos multimodais. A multimodalidade é uma característica
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marcante dos gêneros digitais, uma vez que estes misturam imagem estática ou em
movimento; oralidade e escrita; recursos tipográficos e tantos outros.

SUGESTÕES DE ATIVIDADES DIDÁTICAS

A seguir, apresentamos uma atividade didática – adaptada dos Parâmetros na Sala de Aula
de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental e Médio – que dialoga com alguns dos
descritores referentes ao eixo I – Práticas de leitura, além de sugestões de questões.

Atividade – texto expositivo-argumentativo

1º momento – motivação
Professor, pergunte a seus estudantes se eles já ouviram falar em Lúpus. Caso haja resposta
afirmativa a essa pergunta, vá explorando alguns detalhes sobre essa doença: como ela se
manifesta, que sintomas ela causa, qual é o tratamento etc. Caso a resposta seja negativa,
esclareça que Lúpus é uma doença.

2º momento – análise da moldura textual do texto a ser lido: criando expectativas de


leitura.
Professor, mostre a imagem da página do jornal de onde foi retirado o texto a ser lido. Essa
imagem está disponível aos usuários cadastrados no site: <http://edicaodigital.folha.com.br/>.

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Vá orientando os estudantes a olharem toda a moldura, na qual o texto está inserido,
preenchendo o esquema a seguir:
a) nome do jornal: Folha de São Paulo
b) data: 10 de maio de 2013
c) caderno: opinião
d) seção: tendências e debates
e) localização na página: abaixo do texto “O Brasil faz história”.
f) autoria: Morton Scheinberg
g) título do texto: A conquista do Lúpus
A partir do título do texto, oriente também os estudantes a criarem expectativas de leitura,
com novas perguntas como:

a) O que poderia significar a palavra “conquista” no contexto de uma doença?


Provavelmente os estudantes pensarão na cura da doença ou em seu domínio médico.

Chame a atenção dos estudantes para o perfil do autor, situado ao final da página e do texto:

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MORTON SCHEINBERG, 68, doutor pela Universidade Boston e professor livre
docente da USP, é pesquisador do centro de pesquisas clínicas do Hospital Abreu
Sodré e clínico e reumatologista do Hospital Israelita Albert Einstein.

A seguir, pergunte, ainda, a eles:


b) Sob que ponto de vista esse assunto deve ter sido abordado, considerando o perfil do autor?
Sob o ponto de vista médico.

c) Como um texto, cujo assunto é uma doença, pode estar inserido no caderno de opinião e na
seção intitulada “Tendências e debates”?
Espera-se que os estudantes cheguem à conclusão de que o texto incluiu uma opinião médica sobre a doença,
assunto importante dentre os temas mais debatidos no país.

d) Sendo o autor do texto médico, que tipo de argumentação pode conter o texto para
justificar sua presença nesse caderno e nessa seção?
Os estudantes provavelmente pensarão na discussão de alguma questão médica como um novo tratamento, o
questionamento de algum procedimento, o levantamento de algum problema relacionado à doença, dentre
outros.

Professor, esse é o momento de problematizar algumas informações dadas pela moldura


textual.

Depois de realizadas as hipóteses de leitura, leia o texto com seus estudantes.

3º momento – leitura atenta do artigo “A conquista do lúpus”

FOLHA DE SÃO PAULO, 10 DE MAIO DE 2013


Morton Scheinberg: A conquista do lúpus
(1) Lúpus é uma doença que afeta diversos órgãos do corpo humano. Ocorre quando
anticorpos dos pacientes produzidos pelas células conhecidas como B do sangue periférico e
dos tecidos passam a atacar o seu próprio organismo, caracterizando o que se conhece como
doença autoimune.
(2) Trata-se de uma doença que acomete principalmente mulheres jovens no período mais
produtivo da vida. As manifestações clínicas são variadas, dificultando o diagnóstico em
certas circunstâncias.
(3) Os sintomas mais frequentes são dores nas articulações, febre, inchaço por todo o corpo
(devido ao acometimento do rim) e queda dos glóbulos brancos e às vezes das plaquetas, que
fazem parte dos mecanismos de coagulação.
(4) Podem também aparecer manchas no rosto, conhecidas como “asa de borboleta" se
agravam com a exposição ao sol.
(5) A frequência é aproximada de 50 pacientes por 100 mil habitantes. Estima-se que
aproximadamente 5 milhões de pessoas sofram dessa enfermidade no mundo.

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(6) Nem todos os pacientes com lúpus apresentam as mesmas reações. O reumatologista irá
basear seu diagnóstico no conjunto de sintomas. A presença de alterações laboratoriais
presentes no lúpus podem ajudar a compor o diagnóstico, mas sozinhas não bastam para tanto.
(7) O tratamento do lúpus varia conforme a gravidade das manifestações clínicas. Nos casos
mais severos, utiliza-se anti-inflamatórios hormonais (cortisona) e drogas conhecidas como
imunessupressoras (controlam a excessiva produção de autoanticorpos).
(8) Nos últimos anos, o tratamento apresentou grandes avanços. Mas, nos 50 anos anteriores,
não houve introdução de medicamentos.
(9) Uma medicação aprovada para uso em transplantes conhecida como micofenolato mostrou
ser capaz de controlar o acometimento do rim na doença.
(10) Mais recentemente, dois novos grupos de medicamentos dirigidos contra a célula B
produtora de anticorpos mostraram-se eficazes para controlar a progressão da doença. O
primeiro deles passará a ser usado no Brasil a partir de junho. O segundo foi divulgado no
Congresso Mundial de Lúpus, há duas semanas, por investigadores do Hospital Abreu Sodré.
(11) Esse hospital, parte do complexo da AACD (Associação de Assistência à Criança
Deficiente em São Paulo), por meio de pesquisas clínicas, tem sido um dos principais centros
no mundo a colaborar na obtenção de conhecimentos para o alívio dos pacientes portadores da
doença.
(12) Hoje, Dia Internacional de Atenção ao Paciente Portador de Lúpus, há muito para se
comemorar. Não estamos mais diante de uma doença devastadora. O fardo físico, emocional e
financeiro está diminuindo. Estamos próximos da conquista da doença.
MORTON SCHEINBERG, 68, doutor pela Universidade Boston e professor livre docente da USP, é pesquisador do centro de pesquisas
clínicas do Hospital Abreu Sodré e clínico e reumatologista do Hospital Israelita Albert Einstein

4º momento– interpretando e analisando a tipologia expositiva presente no texto


Professor, explique aos estudantes que o texto de Scheinberg inicia-se com uma exposição
sobre a doença Lúpus. Peça-lhes que:

a) marquem no texto onde começa e onde termina essa exposição.


Deve-se marcar do 1º ao 7º parágrafo.

b) explicitem a progressão temática escolhida pelo autor, classificando-a em subtópicos.


Progressão temática:
Tópico: Lúpus
Subtópicos:
1. definição
2. incidência
3. sintomatologia
4. frequência
5. diagnóstico
6. tratamento

c) indiquem quais são o tempo e o modo verbais escolhidos pelo autor, ao fazer a
exposição sobre o Lúpus.
Presente do indicativo.

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Professor, é importante levar os estudantes a perceberam que, como o objetivo de um texto
expositivo é “levar o outro a saber”, geralmente, esses textos seguem uma progressão
temática, o que contribui para torná-los mais coerentes e mais didáticos. Além disso, os
gêneros do expor utilizam recursos linguísticos que os tornam mais objetivos e com maior
credibilidade.

5º momento– interpretando e analisando o tipo RELATAR presente no texto.


Professor, chame a atenção dos estudantes para o fato de Scheinberg, após terminar sua
exposição sobre o Lúpus, iniciar um breve relato referente à doença. Lembre-lhes de que o
relato é uma forma de “contar sobre algo que realmente aconteceu”. Sobre isso, peça-lhes
que:

a) marquem no texto onde começa e onde termina a tipologia relatar


Do 8º ao 10º parágrafo.

b) encontrem uma pista linguística que mostre a mudança do EXPOR para o RELATAR
O tempo do verbo passou de presente para pretérito.

c) indiquem a qual subtópico da progressão temática está associado o relato feito pelo autor
Ao subtópico “tratamento”.

6º momento– destacando o conteúdo argumentativo do texto


Professor, destaque o último parágrafo do texto e releia-o com seus estudantes:

(12) Hoje, Dia Internacional de Atenção ao Paciente Portador de Lúpus, há muito para se
comemorar. Não estamos mais diante de uma doença devastadora. O fardo físico, emocional
e financeiro está diminuindo. Estamos próximos da conquista da doença.

Após reler o último parágrafo, explique aos estudantes que se tem nesse parágrafo uma
ARGUMENTAÇÃO, já que é evidente um posicionamento do autor, ou seja, há uma opinião
sobre um determinado aspecto da doença Lúpus. Peça-lhes, então, que:

a) encontrem a TESE do autor (a sua opinião).


Com relação aos avanços em direção ao domínio da doença Lúpus, tem-se muito que comemorar.

b) Elenquem os ARGUMENTOS com os quais ele sustenta sua tese.


O Lúpus não é mais uma doença devastadora;
O fardo físico, emocional e financeiro dos portadores da doença está diminuindo.
A conquista da doença está próxima.

c) Justifiquem o uso dos verbos no presente e o uso da 1ª pessoa do plural.


A tipologia ARGUMENTAR pede verbos no presente. Sendo o autor médico, ele se inclui como sujeito e, por
isso, usa a 1ª pessoa do plural.

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7º momento – entendendo a composição tipológica do texto.
Retome com os estudantes as 3 tipologias textuais presentes no texto: o EXPOR, o
RELATAR e o ARGUMENTAR. Ajude seus estudantes a entenderem a função da cada uma
dessas tipologias para a construção do sentido do texto. Para tanto, questione:

a) para que serve a sequência expositiva?


A sequência expositiva dá aos leitores informações sobre uma doença pouca conhecida, portanto serve de base
para o total entendimento do texto, além de justificar a tese do autor.

b) O relato amplia um dos subtópicos da progressão temática. Qual é o propósito do autor ao


ampliar esse subtópico, fazendo um relato sobre ele?
Ao ampliar o subtópico “tratamento”, o autor recorta o ponto principal de sua argumentação, ou seja, ele vai
focalizar sua análise nesse subtópico.

c) Por que o último parágrafo justifica o caderno e a seção do jornal em que o texto foi
inserido?
Porque nesse parágrafo se encontram a tese e os argumentos do autor no que se refere à “conquista” do Lúpus.

d) Afinal, o que justifica a escolha da palavra “conquista” presente no título?


A escolha da palavra “conquista” remete à informação de que o tratamento da doença mostra grandes avanços
nos últimos anos.

Professor, sugerimos que finalize a reflexão até aqui proposta, solicitando ainda que os
estudantes reflitam sobre as estruturais argumentativas e o que as diferenciam das estruturas
factuais, explorando, desse modo, o descritor distinguir fato de opinião.

SUGESTÕES DE QUESTÕES

QUESTÃO 01 (PUC-MG)
ANÚNCIOS: “Se sua sogra é uma joia... temos o melhor estojo (Funerária Sousa)”; “Vndo
máquina d scrvr com falta d uma tcla”; “Dãoce aulas de hortografya”.

Assinale a alternativa INCORRETA.


A) No primeiro anúncio da piada, a informação entre parênteses determina o sentido dos
vocábulos “joia” e “estojo”.
B) No segundo anúncio da piada, o problema de grafia, além de não impedir a compreensão
do enunciado, é responsável pela produção de humor.
C) No terceiro anúncio da piada, o humor se produz em razão de o enunciado demonstrar o
desconhecimento do anunciante quanto às convenções de grafia e às regras de concordância,
tendo em vista o serviço oferecido.
D) O humor na piada é produzido com base na associação que se deve fazer entre as
informações explícitas nos anúncios e aquelas que podem ser inferidas pelo leitor.

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Gabarito: C / D-06 e D07
Para o entendimento dessa questão é necessário que o estudante perceba, no percurso do texto, uma informação
que, explicitamente, consta na sua superfície (as letras incompletas). Mas é preciso que ele perceba, também, a
intencionalidade discursiva produzida pela ausência dessas letras (causadoras do humor), que foram,
intencionalmente, retiradas.

QUESTÃO 02 (UPE-2012)

Fonte: QUINO. Toda Mafalda: da primeira à última tira. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

Assinale a afirmativa CORRETA a respeito do texto.


A) O humor do texto reside na crítica sarcástica que a garota faz ao homem; este, por não
possuir o hábito de ler, não consegue dar andamento à leitura do livro.
B) A principal reflexão que o texto proporciona diz respeito à falta de tempo que acomete o
ser humano, o que justifica as interrupções constantes do personagem durante o ato da
leitura.
C) Ponto central do texto é a sugestão da capacidade que os livros têm de nos deixar ausentes
do mundo real, fato ilustrado quando o homem ignora a intervenção verbal da garota.
D) A piada se constrói com base na crítica descabida que a garota faz ao homem, revelando,
dessa forma, desconhecer os modos de ler próprios de certos livros de consulta.
E) O humor do texto pode ser explicado metaforicamente valendo-se do seguinte provérbio:
os melhores perfumes estão nos menores frascos.

Gabarito: D/ D-07
A questão apresentada exige a leitura dos elementos verbais e também dos não verbais para que a partir da
leitura crítica dos textos o estudante use seus conhecimentos de mundo e chegue à alternativa correta.

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QUESTÃO 03
Escrever exige estudo sério.
A ideia de que algumas indicações e truques rápidos de última hora podem solucionar
problemas de produção de textos tem enganado os apressados e enriquecido muitos donos de
escola e cursinhos.
Muitos professores oferecem uma espécie de formulário do que seria um bom texto para que o
estudante preencha as lacunas, acreditando que prescrever esse procedimento é promover o
ensino da escrita.
Fórmulas pré-fabricadas de textos e “dicas” isoladas apenas contribuem para a montagem de
um texto defeituoso, truncado, artificial, em que a voz do autor se anula para dar lugar a
clichês, chavões, frases feitas e pensamentos alheios.
A autoria vem das escolhas pessoais dentro das possibilidades da língua. Escrever bem é o
resultado de um percurso constituído de muita prática, muita reflexão e muita leitura. É uma
ação em que o sujeito se envolve de forma total, com sua bagagem de conhecimentos e
experiências sobre o mundo e sobre a linguagem. Não existem esquemas prévios ou roteiros
infalíveis que possam substituir tal envolvimento. É a voz do indivíduo que orienta o texto.
Exercícios esporádicos de produção de pequenos trechos não formam um bom redator. É
necessário escrever sempre, escrever sobre assuntos diversos, escrever com diversos
objetivos, escrever em diversas situações.
Associadas a muita prática, as “dicas” fornecidas a partir de dificuldades reais vivenciadas na
produção de textos podem ser úteis, esclarecedoras, iluminadoras. Quando estão isoladas de
uma prática intensa, não ajudam em nada.
(Lucília Garcez. Técnica de Redação – o que é preciso saber para bem escrever. São Paulo:
Martins Fontes, 2002, pp. 5-6. Adaptado.)

01. A ideia central do texto apóia a concepção de que (D-09):


A) faltam bons escritores porque não existem bons manuais de orientação teórica.
B) competência em escrita se fundamenta na apreensão de orientações casuais.
C) escrever supõe atividades reiteradas e diversificadas de prática e experiência.
D) os problemas de produção de texto restringem-se à falta de esquemas prévios.
E) “orientações” de como escrever, mesmo isoladas da prática, são decisivas.

02. A autora afirma que: “A autoria [dos textos] vem das escolhas pessoais dentro das
possibilidades da língua.” Nessa afirmação está contida a ideia de que (D-09):
A) quem escreve é totalmente autônomo para tomar suas decisões.
B) não existem limites para as criações pessoais do escritor.
C) existem raras possibilidades linguísticas de escolhas pessoais.
D) a língua constitui um parâmetro que regula seus usos.
E) as possibilidades oferecidas pela língua anulam as escolhas pessoais.

03. Falar em “Exercícios esporádicos de produção de pequenos trechos” implica falar


em exercícios (D-08):
A) irrelevantes.
B) inconsistentes.
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C) improvisados.
D) eventuais.
E) simplificados.

Gabarito: 1-C; 2-D; 3-D


As questões 01 e 02 possibilitam uma reflexão sobre a identificação do tema central. Elas são recomendadas para
o trabalho com os estudantes, pois é possível apreender o sentido global do texto, discernir entre suas partes,
principais e outras secundárias, parafraseá-lo, dar-lhe um título coerente ou resumi-lo. A questão 03 possibilita o
estudo das palavras, pois, para a compreensão de um texto, é fundamental que se identifique, entre os vários
sentidos possíveis de uma determinada palavra, aquele que foi particularmente utilizado no texto.

QUESTÃO 04 (ENEM 2011)

O anúncio publicitário está intimamente ligado ao ideário de consumo quando sua função é
vender um produto. No texto apresentado, utilizam-se elementos linguísticos e
extralingüísticos para divulgar a atração “Noite do Terror”, de um parque de diversões. O
entendimento da propaganda requer do leitor
A) a identificação com o público-alvo a que se destina o anúncio.
B) a avaliação da imagem como uma sátira às atrações de terror.
C) a atenção para a imagem da parte do corpo humano selecionada aleatoriamente
D) o reconhecimento do intertexto entre a publicidade e um dito popular.
E) a percepção do sentido literal da expressão “noites do terror”, equivalente à expressão
noites de terror”.

Gabarito: D/ D-07
Para que o estudante compreenda essa questão é fundamental uma leitura dos elementos verbais e também dos
não verbais para que, a partir da leitura crítica dos textos, ele use seus conhecimentos de mundo e chegue à
alternativa correta. É preciso também compreender a função do adjetivo na composição do gênero textual
(anúncio publicitário).

Questão 05 (ENEM 2010)


A gentileza é algo difícil de ser ensinado e vai muito além da palavra educação. Ela é difícil
de ser encontrada, mas fácil de ser identificada, e acompanha pessoas generosas e
desprendidas, que se interessam em contribuir para o bem do outro e da sociedade. É uma
atitude desobrigada, que se manifesta nas situações cotidianas e das maneiras mais prosaicas.

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SIMURRO, S. A. B. Ser gentil é ser saudável. Disponível em: http://www.abqv.org.br. Acesso em: 22 jun. 2006
(adaptado).

No texto, menciona-se que a gentileza extrapola as regras de boa educação. A


argumentação construída
A) apresenta fatos que estabelecem entre si relações de causa e de consequência.
B) descreve condições para a ocorrência de atitudes educadas.
C) indica a finalidade pela qual a gentileza pode ser praticada.
D) enumera fatos sucessivos em uma relação temporal.
E) mostra oposição e acrescenta ideias.

Gabarito: E D-07
Para que o estudante compreenda essa questão é fundamental uma leitura dos elementos verbais e também dos
não verbais para que, a partir da leitura crítica dos textos, ele use seus conhecimentos de mundo e chegue à
alternativa correta. É preciso também compreender a função do adjetivo na composição do gênero textual
(anúncio publicitário).

QUESTÃO 06 - (ENEM 2013)

Para Carr, internet atua no comércio da distração


Autor de “A Geração Superficial” analisa a influência
da tecnologia na mente
O jornalista americano Nicholas Carr acredita que a internet não estimula a inteligência de
ninguém. O autor explica descobertas científicas sobre o funcionamento do cérebro humano e
teoriza sobre a influência da internet em nossa forma de pensar. Para ele, a rede torna o
raciocínio de quem navega mais raso, além de fragmentar a atenção de seus usuários. Mais:
Carr afirma que há empresas obtendo lucro com a recente fragilidade de nossa atenção.
“Quanto mais tempo passamos on-line e quanto mais rápido passamos de uma informação
para a outra, mais dinheiro as empresas de internet fazem”, avalia. “Essas empresas estão no
comércio da distração e são experts em nos manter cada vez mais famintos por informação
fragmentada em partes pequenas. É claro que elas têm interesse em nos estimular e tirar
vantagem da nossa compulsão por tecnologia.”
ROXO, E. Folha de S. Paulo, 18 fev. 2012 (adaptado).

A crítica do jornalista norte-americano que justifica o título do texto é a de que a


internet:
A) mantém os usuários cada vez menos preocupados com a qualidade da informação;
B) torna o raciocínio de quem navega mais raso, além de fragmentar a atenção de seus
usuários;
C) desestimula a inteligência, de acordo com descobertas científicas sobre o cérebro;
D) influencia nossa forma de pensar com a superficialidade dos meios eletrônicos;
E) garante a empresas a obtenção de mais lucro com a recente fragilidade de nossa atenção.

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Gabarito: E/ D-09
O uso desse tipo de questão possibilita identificar do que trata o texto, com base na compreensão do seu sentido
global, estabelecido pelas múltiplas relações entre as partes que o compõem. Isso é feito ao relacionarem-se
diferentes informações para construir o sentido completo do texto.

QUESTÃO 07 (SRE-CURVELO 2012)


Não se perca na rede
A internet é o maior arquivo público do mundo. De futebol a física nuclear, de cinema a
biologia, de religião a sexo, sempre há centenas de sites sobre qualquer assunto. Mas essa
avalanche de informações pode atrapalhar. Como chegar ao que se quer sem perder tempo? É
para isso que foram criados os sistemas de busca. Porta de entrada na rede para boa parte dos
usuários, eles são um filão tão bom que já existem às centenas também. Qual deles escolher?
Depende do seu objetivo de busca. Há vários tipos. Alguns são genéricos, feito para uso no
mundo todo (Google, por exemplo). Use esse site para pesquisar temas universais. Outros são
nacionais ou estrangeiros com versões específicas para o Brasil (cadê, yahoo, e altavista). São
ideias para achar páginas ― “com.br”.
Paulo D’ Amaro

O período que apresenta uma opinião do autor é:


A) ― foram criados sistemas de busca.
B) ― essa avalanche de informações pode atrapalhar.
C) ― sempre há centenas de sites sobre qualquer assunto.
D) ― A internet é o maior arquivo público do mundo.
E) ― Há vários tipos.

Gabarito: B/ D-10
Esse tipo de questão possibilita que o aluno identifique uma opinião sobre um fato apresentado. É importante
que ele tenha uma visão global do texto e do que está sendo solicitado no enunciado do item.

QUESTÃO 08 (Enem 2013)


Adolescentes: mais altos, gordos e preguiçosos
A oferta de produtos industrializados e a falta de tempo têm sua parcela de responsabilidade
no aumento da silhueta dos jovens. “Os nossos hábitos alimentares, de modo geral, mudaram
muito”, observa Vivian Ellinger, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e
Metabologia (SBEM), no Rio de Janeiro. Pesquisas mostram que, aqui no Brasil, estamos
exagerando no sal e no açúcar, além de tomar pouco leite e comer menos frutas e feijão. Outro
pecado, velho conhecido de quem exibe excesso de gordura por causa da gula, surge como
marca da nova geração: a preguiça. “Cem por cento das meninas que participam do Programa
não praticavam nenhum esporte”, revela a psicóloga Cristina Freire, que monitora o
desenvolvimento emocional das voluntárias. Você provavelmente já sabe quais são as
consequências de uma rotina sedentária e cheia de gordura. “E não é novidade que os obesos

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têm uma sobrevida menor”, acredita Claudia Cozer, endocrinologista da Associação
Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. Mas, se há cinco anos os
estudos projetavam um futuro sombrio para os jovens, no cenário atual as doenças que viriam
na velhice já são parte da rotina deles. “Os adolescentes já estão sofrendo com hipertensão e
diabete”, exemplifica Claudia.
DESGUALDO, P. Revista Saúde. Disponível em: http://saude.abril.com.br. Acesso em: 28 jul. 2012 (adaptado).

Sobre a relação entre os hábitos da população adolescente e as suas condições de saúde,


as informações apresentadas no texto indicam que
A) a falta de atividade física somada a uma alimentação nutricionalmente desequilibrada
constituem fatores relacionados ao aparecimento de doenças crônicas entre os
adolescentes.
B) a diminuição do consumo de alimentos fontes de carboidratos combinada com um maior
consumo de alimentos ricos em proteínas contribuíram para o aumento da obesidade entre
os adolescentes.
C) a maior participação dos alimentos industrializados e gordurosos na dieta da população
adolescente tem tornado escasso o consumo de sais e açúcares, o que prejudica o
equilíbrio metabólico.
D) a ocorrência de casos de hipertensão e diabetes entre os adolescentes advém das
condições de alimentação, enquanto que na população adulta os fatores hereditários são
preponderantes.
E) a prática regular de atividade física é um importante fator de controle da diabetes entre a
população adolescente, por provocar um constante aumento da pressão arterial sistólica.

Gabarito: A/ D-10
Neste texto, a diferença entre o fato e a opinião relativa a ele está bem marcada, o que facilita a tarefa do aluno.
Assim, é importante que o estudante tenha uma visão global do texto, a fim de pó der estimar a capacidade do
aluno para fazer tal distinção.

EXPLICITANDO OS DESCRITORES

No II eixo da matriz SAEPE – Implicações do suporte, do gênero e/ou do


enunciador na compreensão do texto – o Descritor 12 – Identificar o gênero do texto – e
o Descritor 13 – Identificar a finalidade de diferentes gêneros textuais – são relativos aos
modos de organização das diferentes tipologias textuais, assim, é necessário que o estudante
perceba a finalidade do gênero, pois, como afirma Marcuschi (2008, p. 155) “os gêneros
textuais são os textos que encontramos em nossa vida diária e que apresentam padrões
sociocomunicativos característicos definidos por composições funcionais” (grifo nosso).
Portanto, propomos uma reflexão sobre o ensino de língua e os gêneros textuais. Vejamos os
exemplos abaixo:

Página 16
SUGESTÕES DE QUESTÕES

QUESTÃO 09 (Limoeiro, 2013 – adaptada)


Sherlock Holmes e o doutor Watson vão acampar. Após um bom jantar e uma garrafa de
vinho, entram nos sacos de dormir e caem no sono. Algumas horas depois, Holmes acorda e
sacode o amigo e diz:
– Watson, olhe para o céu estrelado. O que você deduz disso?
Depois de ponderar um pouco, Watson diz:
– Bem, astronomicamente, estimo que existam milhões de galáxias e potencialmente bilhões
de planetas. Astrologicamente, posso dizer que Saturno está em Câncer. Também dá para
supor, pela posição das estrelas, que são cerca de 3h15 da madrugada. O que você me diz,
Holmes?
Sherlock responde:
– Elementar, Watson, seu idiota! Alguém roubou nossa barraca!

Disponível em: http://www.parana-online.com.br/colunistas/177/96528/

Após a leitura do texto podemos inferir que ele pertence ao gênero:


A) Crônica
B) Adivinha
C) Anedota
D) Sermão
E) Horóscopo

Gabarito: C / D-12
Esse tipo de questão possibilita a habilidade de o aluno reconhecer, na leitura de gêneros textuais diferenciados,
o tipo e a função social dos textos: informar, convencer, advertir, instruir, explicar, comentar, divertir, solicitar,
recomendar etc.

QUESTÃO 10 (Palmas, 2009 – adaptada)

Mente quieta, corpo saudável.


A meditação ajuda a controlar a ansiedade e a aliviar a dor?
Ao que tudo indica, sim. Nessas duas áreas os cientistas encontraram as
maiores evidências da ação terapêutica da meditação, medida em dezenas de pesquisas.
Nos últimos 24 anos, só a clínica de redução do estresse da Universidade de
Massachusetts monitorou 14 mil portadores de câncer, AIDS, dor crônica e
complicações gástricas. Os técnicos descobriram que, submetidos a sessões de
meditação que alteraram o foco da sua atenção, os pacientes reduziram o nível de
ansiedade e diminuíram ou abandonaram o uso de analgésicos.
Revista Superinteressante, outubro de 2003.

O texto tem por finalidade


A) criticar.
Página 17
B) informar.
C) denunciar.
D) conscientizar.
E) ironizar.

Gabarito: B / D-13
O entendimento bem sucedido desse tipo de texto depende da identificação das intenções pretendidas pelo autor.
Assim, o reconhecimento dos elementos linguísticos e outros contextuais funcionam como pistas para a
identificação da finalidade pretendida pelo texto (informar, convencer, advertir, instruir, explicar, comentar,
divertir, solicitar, recomendar etc.).

EXPLICITANDO OS DESCRITORES

O eixo III – Relações entre textos – é formado por apenas um descritor, o D14 –
Reconhecer semelhanças e/ou diferenças de ideias e opiniões na comparação entre textos
que tratem da mesma temática. Sabemos que a intertextualidade é um princípio inerente à
comunicação humana. Nenhum texto é construído num vácuo comunicativo, mas todos são
respostas a exigências sociais que se impõem para que haja interação, assim como são
recorrentes, ou seja, baseiam-se em outros gêneros já existentes.

SUGESTÕES DE QUESTÕES

QUESTÃO 11 (ENEM 2003)

(Tarsila do Amaral, Operários.) (Nádia Gotlib. Tarsila do Amaral, a modernista.)

O texto aponta no quadro de Tarsila do Amaral um tema que também se encontra nos
versos transcritos em:

(A) “Pensem nas meninas iguais em tudo e na sina:


Cegas inexatas a de abrandar estas pedras
Pensem nas mulheres suando-se muito em cima.”
Rotas alteradas.” (João Cabral de Melo Neto)
(Vinícius de Moraes)
(C) “O funcionário público
(B) “Somos muitos severinos não cabe no poema

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com seu salário de fome (Fernando Pessoa)
sua vida fechada em arquivos.”
(Ferreira Gullar) (E) “Os inocentes do Leblon
Não viram o navio entrar (...)
(D) “Não sou nada. Os inocentes, definitivamente inocentes
Nunca serei nada. tudo ignoravam,
Não posso querer ser nada. mas a areia é quente, e há um óleo suave
À parte isso, tenho em mim todos os que eles passam pelas costas, e aquecem.”
sonhos do mundo.” (Carlos Drummond de Andrade)

Gabarito: B / D-14
Para a compreensão da questão é necessário que o estudante reconheça a intertextualidade presente entre a
pintura de Tarsila do Amaral e o trecho do poema de João Cabral de Melo Neto; percebendo as semelhanças ou
diferenças de ideias em textos que tratem da mesma temática.

QUESTÃO 12 (PUC-PR 2009)


Analise as charges e indique a alternativa que contém uma afirmação FALSA.

Charge 01 Charge 02

Fonte: www.amarildo.com.br. Acesso em


21/09/09.

A) A temática que gerou ambas as charges é a mesma.


B) Para a compreensão das charges 1 e 2, o leitor precisa mobilizar, de sua memória,
conhecimentos sobre a existência de uma gripe em particular.
C) O enunciado da charge 1, eventualmente, poderia ser usado para fazer alusão a outras
doenças; bastaria, apenas, alterar detalhes da linguagem visual, especialmente no paciente.
D) Na charge 1, há uma crítica ao modo como os pacientes geralmente são atendidos pelo
sistema de saúde.
E) Na charge 2, além do humor, há uma crítica social.

Gabarito: D / D-14
A questão apresentada exige a leitura dos elementos verbais e também dos não verbais para que a partir da
leitura crítica dos textos o estudante use seus conhecimentos de mundo e chegue à alternativa correta.

Página 19
EXPLICITANDO OS DESCRITORES

No eixo IV – Coesão e coerência – os descritores 16 – Estabelecer relação de causa


e consequência entre as partes de um texto – e 17 – Estabelecer relações lógico-
discursivas entre partes de um texto marcadas por locuções adverbiais ou advérbios – é
necessário que as atividades com o eixo Análise Linguística sejam integradas aos outros eixos
de ensino para que os estudantes entendam, por exemplo, a função de advérbios e conjunções
enquanto elementos coesivos, cooperando para a construção da coerência. Vejamos algumas
questões que abordam esses descritores:

SUGESTÕES DE QUESTÕES

QUESTÃO 13 (UPE – 2012)


Mutação dá nova pista contra mal de Alzheimer
Rafael Garcia
(1) A descoberta de uma mutação genética (alteração no DNA), que tem o efeito de proteger
contra o mal de Alzheimer, pode ajudar cientistas na busca de uma droga contra a doença, que
leva à perda de memória e à morte.
(2) A pesquisa foi liderada pela empresa deCODE, da Islândia, que estudou as informações
genéticas por meio de sequenciamento de DNA de 1.795 nativos do país ilha. Eles viram que
a incidência de Alzheimer era muito menor entre os portadores de uma mutação específica,
que funciona como uma proteção dos neurônios. A alteração rara foi encontrada nesse gene
(batizado pelos pesquisadores de APP), que contém a receita para a produção de uma proteína
de função ainda mal conhecida.
(3) No estudo da "Nature", os autores descrevem como diferentes alterações nesse gene
originam versões distintas de moléculas amiloides, umas mais nocivas que outras. Aquelas
envolvidas no mal de Alzheimer são as beta-amiloides. Essas moléculas, quando se unem em
grandes quantidades, formam fibras que sobrecarregam e matam os neurônios de diferentes
áreas do cérebro, ocasionando a perda das capacidades de memória características do paciente
com o mal de Alzheimer. A mutação identificada pelos cientistas faz com que o cérebro
consiga digerir as moléculas formadoras dessas fibras, impedindo que elas se agreguem. Com
isso, a capacidade de memorização é mantida em níveis normais. Em outras palavras, essa
proteína precisa ser produzida e destruída de maneira adequada pelo organismo.
(4) As células nervosas de pessoas sem a mutação benéfica apontada pelo estudo quebram a
proteína de maneira "errada", por meio de uma enzima (chamada Bace-1). É como se os
pedaços da proteína ficassem indigestos e acabassem se acumulando.
Mutação protetora
(5) Quem tem a mutação protetora é resistente a essa enzima. E é justamente disso que a
indústria farmacêutica estava atrás.
(6) "A busca de drogas contra a Bace-1 [a enzima que quebra de maneira inadequada as
fibras, causando o Alzheimer] já vinha ocorrendo nos últimos 10 a 15 anos, mas de forma
lenta", disse à Folha Kári Stefánsson, presidente da deCODE e cientista coordenador do

Página 20
estudo. "Não havia uma prova de princípio mostrando que essa estratégia iria funcionar. Essa
mutação fornece a prova que faltava", conclui.
(7) Outra descoberta embutida nesse estudo é um mecanismo biológico que liga o mal de
Alzheimer à demência senil generalizada, que provoca falhas de memória em pessoas muito
idosas. Antes, acreditava-se que a doença não tivesse relação com o declínio de capacidades
cognitivas no envelhecimento. Eram duas situações diferentes e desconectadas. No entanto, os
cientistas viram que a mutação do gene que protege contra o Alzheimer também ajuda as
pessoas com problemas de memória em idade avançada.
(8) "Nossos resultados sugerem que a doença de Alzheimer com início tardio seria o lado
extremo do declínio de funções cognitivas ligadas à idade", afirma Stefánsson. Segundo o
cientista, estudar portadores da mutação também pode ajudar na criação de tratamentos.
"Podemos medir o nível de beta-amiloides [as moléculas que podem se acumular nos
neurônios] no sangue dessas pessoas para saber quão longe é preciso ir em um tratamento
antes de se verificar um efeito terapêutico."

Ao longo do Texto, são usadas palavras e expressões que conectam diferentes partes
dele, ajudando a promover a sua coesão e a construir os efeitos de sentido pretendidos
pelo autor. Em relação ao uso desses conectivos, assinale a alternativa CORRETA.
A) A expressão “Em outras palavras” (3º parágrafo), a qual poderia ser substituída por “isto é”
ou “ou seja”, anuncia uma paráfrase do que foi dito anteriormente e ajuda o leitor a
sintetizar as ideias apresentadas no parágrafo.
B) No trecho “Essas moléculas, quando se unem em grandes quantidades, formam fibras...”
(3º parágrafo), o conectivo destacado introduz segmento de valor condicional.
C) O conectivo “E” (5º parágrafo) funciona no texto conectando ideias opostas, adversas: a
presença da mutação protetora em algumas pessoas versus sua ausência na indústria
farmacêutica.
D) A expressão “No entanto” (7º parágrafo), a qual equivale, no contexto em que se insere, a
“portanto”, tem caráter conclusivo: anuncia mais um resultado da pesquisa dos cientistas
sobre o mal de Alzheimer.
E) O conectivo “Segundo” (8º parágrafo), que indica conformidade, pode ser substituído, sem
prejuízos semânticos, pela expressão “Em relação a”.

Gabarito: A / D-16 e D-17


Esse tipo de questão possibilita a habilidade de identificar o motivo pelo qual os fatos são apresentados no texto,
ou seja, o reconhecimento de como as relações entre os elementos organizam-se de forma que um torna-se o
resultado do outro. Entende-se como causa/consequência todas as relações entre os elementos que se organizam
de tal forma que um é resultado do outro. Ainda há a possibilidade do aluno perceber a coerência textual,
partindo da identificação dos recursos coesivos e de sua função textual.

EXPLICITANDO OS DESCRITORES

Ainda no eixo IV, encontramos os descritores D19 – Identificar a tese de um texto –


D21 – Reconhecer o conflito gerador e os elementos de uma narrativa – e D27 –

Página 21
Diferenciar as partes principais das secundárias em um texto. O D19 apresentou um
índice de acerto nas avaliações do SAEPE 2014 de 42,5%, classificado na categoria
intermediária. Assim consideramos que deve ser intensificado o trabalho com gêneros da
ordem do argumentar, como apontam as atividades sugeridas:

SUGESTÕES DE ATIVIDADES DIDÁTICAS

A seguir, apresentamos uma atividade didática – adaptada dos Parâmetros na Sala de Aula
de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental e Médio – que dialoga com alguns dos
descritores referentes ao eixo IV – Coesão e Coerência.

Atividade 1 – Texto publicitário

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1º momento– Relacionando sinalizações verbais e não verbais
Professor, proponha inicialmente a leitura da imagem central da propaganda, o homem
dinossauro sentado a uma mesa de trabalho. Os estudantes devem construir suas hipóteses de
leitura, atentando para algumas pistas como seu gesto de mão e sua cabeça de dinossauro. Em
seguida, devem buscar relacionar essa imagem às sinalizações verbais postas acima da
imagem – “Xiiiii!!!! Acabei de enviar o email pra todo mundo. E agora?”e “Essa era já era”.
Ou seja, o homem apresenta-se como um dinossauro, alguém que pertence a uma “era pré-
histórica”, pois está desatualizado no que diz respeito ao uso de uma tecnologia. Seu gestual,
sua fala indicam que ele foi surpreendido por uma operação feita de forma equivocada. O
equívoco poderia ser evitado se ele tivesse um programa de controle da informação mais
avançado. O texto na caixa à direita detalha as vantagens do novo produto à venda.

2º momento – Identificando o ponto de vista e o argumento


Num segundo momento, os estudantes devem identificar o objetivo comunicativo desse texto
publicitário – vender um novo produto da Microsoft – para, em seguida, buscar o ponto de
vista e o argumento nele utilizado. A imagem tem, nesse texto, como em muitos outros textos
publicitários, forte poder de argumentação. Através dela, a propaganda afirma a necessidade
de se adquirir o novo produto, a necessidade de atualizar-se.

Atividade 2 – Editorial Jornal Folha de São Paulo, 23-06-2002

PAIXÃO E TRANSGÊNICOS
A ideia de travar um debate racional e sereno acerca da utilização de organismos
geneticamente modificados (OGMs), os populares transgênicos, tornou-se uma
impossibilidade prática. Contendores de ambos os lados argumentam de forma tão apaixonada
que acabam contaminando a própria racionalidade. Nessa confusão, é o consumidor que fica
sem saber para que lado ir.
Há dois tipos de riscos associados aos OGMs. Poderiam afetar tanto a saúde humana como o
ambiente.
No primeiro tópico, uma das maiores preocupações dos pesquisadores é com as alergias.
Imagine-se um novo tipo de milho que utilize um gene tirado do amendoim. Pouca gente é
alérgica a milho, mas número não desprezível o é ao amendoim. Existe a possibilidade de que
a pessoa alérgica ao amendoim consuma o milho transgênico e sofra então um choque
anafilático. Os cientistas estão atentos ao problema das alergias, e não surgiram indícios de
que elas ocorram em níveis significativos.
Um outro risco teórico ao consumo de OGMs é que ele leve a complicações desconhecidas
por conta do que os cientistas chamam de efeito pliotrópico. Mais uma vez, no mundo real
não há evidências de que isso ocorra. Os transgênicos estão nas mesas dos norte-americanos
já há 5 anos sem que tenham sido constatadas anormalidades.
Sobre o ambiente, as razões para o temor são mais sólidas. Há estudos ainda inconclusos que
demonstraram que a introdução de um OGM pode afetar outras espécies. Aqui, lida-se com
uma cadeia longa e desconhecida de interações entre espécies. A possibilidade de ocorrerem

Página 23
surpresas é considerável. Para agir com propriedade, seria preciso avaliar OGMs caso a caso,
e sempre no ecossistema em que serão introduzidos.
Do mesmo modo que os adversários dos transgênicos não foram capazes de demonstrar de
modo irrefutável seus malefícios, os defensores da utilização desses produtos ainda não
demonstraram de modo cabal a sua vantagem. As perspectivas teóricas são de fato
interessantes. Incluem a diminuição ou até eliminação do uso de agrotóxicos e, para os
chamados transgênicos de segunda geração, o aprimoramento do valor nutricional dos
alimentos, como no caso do Arroz Dourado, enriquecido com betacaroteno, um precursor da
vitamina A. No limite, poderiam até ser criadas vacinas ingeríveis.
Na prática, porém, os ganhos de produtividade foram bem mais modestos. A crer nos
fabricantes, não foram suficientes nem para compensar o custo da rotulagem obrigatória, que
muitos, inclusive esta Folha, defendem. Por menores que sejam os riscos de consumir OGMs,
eles em teoria existem. Isso basta para que se garanta a cada consumidor o direito de decidir
se quer ou não comer a “comida frankenstein”, como foram apelidados os transgênicos.

1º momento– Identificando posicionamentos distintos


Num primeiro momento, esclareça os estudantes a respeito do que é um editorial. Um
editorial é um gênero do argumentar que tem algumas especificidades (EA3 – L). Publicados
comumente em jornais e revistas, os editorias não têm uma “assinatura”, pois correspondem
ao posicionamento do meio de comunicação em que são veiculados e costumam ser redigidos
pelos editorialistas.

O editorial “Paixão e transgênicos” expõe uma polêmica, ou seja, posicionamentos


contrários em relação à “questão-problema” colocada pelo texto: Alimentos transgênicos
devem ser consumidos? Embora o editorialista não se manifeste explicitamente sobre essa
questão, o último parágrafo do texto registra um posicionamento do Jornal acerca do uso de
transgênicos: se existem riscos, ainda que teóricos, associados aos transgênicos, a rotulagem
obrigatória deve ser garantida ao consumidor. Os estudantes devem reconhecer esses
posicionamentos e os argumentos que os sustentam
 Os posicionamentos contrários sustentam-se na afirmação dos riscos que os
transgênicos podem causar à saúde humana e ao meio-ambiente. Esses argumentos
encontram-se nos parágrafos de 2 a 5.
 Os posicionamentos favoráveis sustentam-se na afirmação de que alimentos
transgênicos reduzem a utilização de agrotóxicos e podem significar ganho
nutricional. Esses argumentos encontram-se no parágrafo 6.
 O editorialista posiciona-se, relativizando os posicionamentos contrários e favoráveis
(“Do mesmo modo que os adversários dos transgênicos não foram capazes de
demonstrar de modo irrefutável seus malefícios, os defensores da utilização desses
produtos ainda não demonstraram de modo cabal a sua vantagem”) e assumindo a
importância da rotulagem obrigatória dos transgênicos.

Página 24
2º momento– Avaliando escolhas lexicais
O texto lido possibilita outro importante exercício analítico: o de avaliar escolhas lexicais
relevantes e seus efeitos de sentido (EA13 – L). Diante de um tema complexo e que divide
opiniões, o editorialista da Folha, como vimos, preferiu apresentar os dois lados da polêmica,
posicionando-se subliminarmente em alguns trechos, como, por exemplo, ao utilizar, em
referência aos transgênicos, o termo “comida Frankenstein”. Observe que a simples seleção
de uma palavra pode nos permitir construir hipóteses sobre o posicionamento assumido em
um texto. Outras escolhas linguísticas são reveladoras desse posicionamento como a
recorrência do adjetivo “teórico” (“riscos teóricos”; “perspectivas teóricas”; ou ainda “os
riscos, em teoria, existem”), que reforça a ideia, antecipada no título e no primeiro parágrafo
do texto, de que o debate em torno do tema é, ainda, inicial, devendo-se evitar
posicionamentos “apaixonados”, em defesa dos OGMs, ou contra eles.

Outra escolha relevante é a da palavra “contendores” (de contenda= disputa), que constrói
uma representação metafórica das argumentações, dos debates de ideias como “uma guerra”,
uma disputa na qual os argumentos são as armas. É uma escolha significativa no texto, pois
reafirma a tese de que a discussão “apaixonada” de posicionamentos em torno do tema é
prejudicial ao consumidor, que deve estar bem esclarecido para tomar sua decisão. Outra
escolha lexical relevante é a do substantivo “paixão”, no título. Ao final da leitura do texto,
seria importante que os aprendizes soubessem inferir o sentido desse título, relacionando-o ao
conteúdo do texto.

Outras práticas (sugestões de atividades)

A leitura de argumentações como eixo de práticas interdisciplinares e contextualizadas


A leitura de argumentações em sala de aula pode estar associada à discussão de temas de
interesse dos estudantes e de temas relevantes de cidadania e direitos humanos. Essa é uma
forma de os estudantes atribuírem maior significado às atividades escolares. Para melhor
contextualizar essa prática:
 Motive a produção escrita de argumentações, criando espaços de divulgação dos textos
dos estudantes: murais, jornais impressos, blogs, exposições na escola etc.
 Apresente aos estudantes um JORNAL IMPRESSO. Leve, para a sala de aula,
exemplares diferentes: um jornal local; um jornal de grande circulação. Faça com eles
o exercício de localizar, nos periódicos, os espaços reservados ao relato de fatos (da
notícia, da reportagem) e ao comentário dos fatos, o espaço das argumentações, das
opiniões (editoriais, artigos de opinião, carta de leitor, resenhas) (EA7-L). Seria
interessante que a escola disponibilizasse um jornal estimulando a leitura diária desse
suporte como forma de se manter informado sobre as questões da atualidade.
 Leia os textos produzidos pelos estudantes com a atenção de quem faz mais que
corrigi-los. Selecione posicionamentos interessantes. Peça a autorização do autor e leia
o texto para os colegas da classe.
 Organize júris simulados com os estudantes, motivando o exercício da argumentação
oral e da contra-argumentação.

Página 25
SUGESTÕES DE QUESTÕES

QUESTÃO 14 (UPE – 2012)


CENSURA PRIVADA
(1) O atual Código Civil, promulgado há dez anos, tem propiciado interpretações que
sacrificam o direito constitucional à liberdade de expressão e pensamento.
(2) O cerne do problema, objeto de uma ação ajuizada em julho no Supremo Tribunal Federal,
são os artigos 17, 20 e 21. De acordo com eles, pode ser vetada a publicação de textos e
imagens que não tenham sido autorizados pelos indivíduos a que se referem ou por seus
herdeiros, em caso de morte.
(3) Tais dispositivos têm incentivado personalidades públicas ou seus representantes a
impedir a divulgação total ou parcial de obras de caráter biográfico, histórico e jornalístico,
sob a forma de livros e produtos audiovisuais.
(4) A proibição de uma biografia do cantor Roberto Carlos e a longa disputa judicial entre a
família do jogador Garrincha e o escritor Ruy Castro, em torno do livro "Estrela Solitária",
são possivelmente os episódios mais conhecidos, mas não os únicos. Em abril, por exemplo, a
Rede Globo viu-se condenada em primeira instância a indenizar parentes de Chico Mendes
(1944-1988) que se consideraram vítimas de danos materiais devido à veiculação de uma
minissérie sobre a vida do ambientalista.
(5) Situações como essas criaram um sistema perverso que constrange editores e escritores a
abandonar projetos ou a entrar em acordo prévio com os retratados para estabelecer valores
pecuniários e a abrangência das obras. Consagra-se, assim, uma esdrúxula e inaceitável
"censura privada" – termo usado na ação que foi movida pela Associação Nacional dos
Editores de Livros (Anel).
(6) O pedido não é para o STF suprimir, por inconstitucionais, os referidos artigos do Código.
Pleiteia-se a chamada "inconstitucionalidade parcial, sem redução de texto", ou seja, que a
corte declare inconstitucional a aplicação dos dispositivos a biografias literárias e
audiovisuais. O mesmo deveria valer para todos os relatos jornalísticos.
(7) Com efeito, não pode ser considerado injusto e passível de ressarcimento dano causado
pela divulgação de fato histórico. Assim argumenta a Anel: "Como contar a história do
Primeiro Reinado sem levar em conta as relações extraconjugais do imperador"?
(8) Quanto a eventual abuso ou desvio na prestação de informações que venham a causar
prejuízos a pessoas, devem ser punidos a posteriori, com os instrumentos legais que existem
para esse fim. Caso contrário, volta a valer o regime odioso da censura prévia, que a
Constituição brasileira baniu após anos de obscurantismo.
Ver todos os comentários (2)

1. Leandro Marques em 15/08/2012 às 07h47

Qt besteira!!!! Liberdade de expressão não dá a vc o direito de fazer um filme


sobre a minha vida e ganhar dinheiro com isso sem me pagar 'royalties'.
.................................................................................................................
O comentário não representa a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da
mensagem.

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2. Marcus Bastos em 15/08/2012 às 14h40
D. Pedro II nunca censurou as noticias que o criticavam e nem as charges que o
ridicularizavam, pq entendia que ele, apesar de imperador, era uma pessoa
pública e não podia impedir a opinião que dele tinham o povo.
....................................................................................................................
O comentário não representa a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da
mensagem.
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/1137375-editorial-censura-privada.shtml.
(Adaptado)

O Texto é constituído por um editorial e dois comentários de leitores. A tese defendida


na primeira parte do texto (editorial) é a de que
A) o atual Código Civil, ao permitir o veto da divulgação de textos e imagens em obras
biográficas, históricas e jornalísticas, sacrifica o direito constitucional à liberdade de
expressão e cria, assim, a “censura privada”.
B) a proibição de uma biografia do cantor Roberto Carlos e a disputa judicial entre a família
do jogador Garrincha e o escritor Ruy Castro são exemplos de aplicabilidade dos artigos
17, 20 e 21 do atual Código Civil.
C) o atual Código Civil contribui para que editores e escritores não mais precisem abandonar
projetos biográficos ou entrar em acordo prévio com os indivíduos envolvidos ou seus
herdeiros.
D) o STF deve suprimir, por inconstitucionais, artigos do Código Civil que permitam o veto
de obras literárias e audiovisuais de caráter biográfico, bem como de relatos jornalísticos.
E) o atual Código Civil deve punir, com os instrumentos legais que existem para esse fim,
aqueles que divulgarem informações que venham a causar prejuízos a qualquer pessoa.

Gabarito: A / D-19
Esse tipo de questão possibilita a habilidade de o aluno reconhecer o ponto de vista ou a ideia central defendida
pelo autor. A tese é uma proposição teórica de intenção persuasiva que deve ser apoiada em argumentos
construídos sobre o assunto abordado.

QUESTÃO 15
Animais no espaço
Vários animais viajaram pelo espaço como astronautas. Os russos já usaram cachorros em
suas experiências. Eles têm o sistema cardíaco parecido com o dos seres humanos. Estudando
o que acontece com eles, os cientistas descobrem quais problemas podem acontecer com as
pessoas.
A cadela Laika, tripulante da Sputnik-2, foi o primeiro ser vivo a ir ao espaço, em novembro
de 1957, quatro anos antes do primeiro homem, o astronauta Gagarin.
Os norte-americanos gostam de fazer experiências científicas espaciais com macacos, pois o
corpo deles se parece com o humano. O chimpanzé é o preferido porque é inteligente e
convive melhor com o homem do que as outras espécies de macacos. Ele aprende a comer
alimentos sintéticos e não se incomoda com a roupa espacial. Além disso, os macacos são

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treinados e podem fazer tarefas a bordo, como acionar os comandos das naves, quando as
luzes coloridas acendem no painel, por exemplo.
Enos foi o mais famoso macaco a viajar para o espaço, em novembro de 1961, a bordo da
nave Mercury/Atlas 5. A nave de Enos teve problemas, mas ele voltou são e salvo, depois de
ter trabalhado direitinho. Seu único erro foi ter comido muito depressa as pastilhas de banana
durante as refeições.
(Folha de São Paulo, 26 de janeiro de 1996)

No texto “Animais no espaço”, uma das informações principais é


A) “A cadela Laika (...) foi o primeiro ser vivo a ir ao espaço”.
B) “Os russos já usavam cachorros em suas experiências”.
C) “Vários animais viajaram pelo espaço como astronautas”.
D) “Enos foi o mais famoso macaco a viajar para o espaço”.

Gabarito: C / D-19
Para a compreensão dessa questão é necessário o uso de um texto dissertativo-argumentativo, no qual uma
determinada posição ou ponto de vista são defendidos e propostos como válidos para o leitor. Ela também
possibilita o reconhecimento de tipos de argumentos necessários para a construção de uma proposição teórica
(tese) bem fundamentada.

QUESTÃO 16 (SRE-CURVELO 2012)

O teatro de etiqueta
No século XV, quando se instalavam os Estados nacionais e a monarquia absoluta na Europa,
não havia sequer garfos e colheres nas mesas de refeição: cada comensal trazia sua faca para
cortar um naco da carne – e, em caso de briga, para cortar o vizinho. Nessa Europa bárbara,
que começava a sair da Idade Média, em que nem os nobres sabiam escrever, o poder do rei
devia se afirmar de todas as maneiras aos olhos de seus súditos como uma espécie de teatro.
Nesse contexto surge a etiqueta, marcando momento a momento o espetáculo da realeza: só
para servir o vinho ao monarca havia um ritual que durava até dez minutos. Quando Luís XV,
que reinou na França de 1715 a 1774, passou a usar lenço não como simples peça de
vestuário, mas para limpar o nariz, ninguém mais na corte de Versalhes usou assoar-se com os
dedos, como era costume. Mas todas essas regras, embora servissem para diferenciar a
nobreza dos demais, não tinham a petulância que a etiqueta adquiriu depois. Os nobres
usavam as boas maneiras com naturalidade, para marcar uma diferença política que já existia.
E representavam esse teatro da mesma forma para todos. Depois da Revolução Francesa, as
pessoas começaram a aprender etiqueta para ascender socialmente. Daí por que ela passou a
ser usada de forma desigual – só na hora de lidar com os poderosos.
Revista Superinteressante, Junho 1988, nº 6 ano 2
Nesse texto, o autor defende a tese de que:
a) a etiqueta sempre foi um teatro apresentado pela realeza.
b) a etiqueta tinha uma finalidade democrática antigamente.
c) as classes sociais se utilizam da etiqueta desde o século XV.
d) as pessoas evoluíram a etiqueta para descomplicá-la.
e) a etiqueta mudou, mas continua associada aos interesses do poder.
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Gabarito: E / D-19
Para a compreensão desse tipo de questão é necessário que o aluno entenda que a exposição da tese constitui
uma estratégia discursiva do autor para mostrar a relevância ou consistência de sua posição e, assim, ganhar a
adesão do leitor.

EXPLICITANDO OS DESCRITORES

O eixo V – Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido – reúne os


Descritores de 22 a 25. O D22 avalia a habilidade de identificar efeitos de sentido de
humor. A leitura de textos humorísticos permite que se explore a ambiguidade que pode ser
provocada pela polissemia, pela homonímia, pela paronímia. Assim, cabe ao professor
orientar os estudantes para que eles identifiquem as sinalizações textuais expressas nos
recursos linguísticos utilizados pelo autor, sejam eles de natureza fonológica, morfológica,
semântica ou gráfico-visual. Já o D23 – Identificar efeitos de sentido decorrente do uso de
pontuação e outras notações – apresentou um percentual de 45,5% de acerto na última
avaliação do SAEPE. A pontuação é um recurso que se relaciona à sintaxe e ao sentido do
texto. Ao refletir sobre os resultados, constatamos que o ensino da pontuação continua
pautado nas regras e não nos efeitos de sentido, especialmente no Ensino Fundamental. Sobre
o D24 – Reconhecer o efeito de sentido decorrente do emprego de recursos estilísticos e
morfossintáticos – refere-se à habilidade de identificar como os recursos expressivos,
estilísticos, metafóricos e gramaticais contribuem para o projeto textual, para a produção de
sentido do texto e para provocar diferentes reações/interações no leitor. No SAEPE de 2014,
os estudantes da rede estadual obtiveram um percentual de 45,3% de acertos na avaliação. Por
fim, o D25 – reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de palavras, frases ou
expressões – possibilita a compreensão da seleção vocabular como uma estratégia do autor
para que o leitor depreenda seus propósitos. Vejamos algumas atividades didáticas:

SUGESTÃO DE ATIVIDADES DIDÁTICAS

As atividades abaixo – adaptadas dos Parâmetros na Sala de Aula de Língua Portuguesa


do Ensino Fundamental e Médio – propõem análise e discussão concernentes a alguns dos
descritores do eixo V – Relações entre recursos e efeitos de sentido.

Atividade 1 – A metáfora poética


Uma interessante visão da metáfora como um recurso não só de embelezamento da poesia, mas de
significação muito presente na linguagem cotidiana pode ser encontrado em LAKOFF E JOHNSON.
Metáforas da vida cotidiana. Mercado das Letras, 2002.

As atividades envolvendo a observação das imagens e metáforas poéticas num poema ou


mesmo numa prosa são das mais importantes para a descoberta da experiência da poesia, pois

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apontam para o talento do artista em elaborar imagens e representações metafóricas a partir do
uso criativo e sensível da linguagem. As atividades abaixo estão voltadas para o trabalho de
apreciação desses recursos no texto.

1º momento – Declamando/ouvindo o poema


Propomos que o professor leia o poema de Vinicius de Moraes em voz alta para os estudantes
e/ou o escute na versão musicada por Gerson Courad e interpretada por Ney Matogrosso, que
pode ser acessada em: <http://letras.mus.br/vinicius-de-moraes/70762/>.

2º momento– Reconhecendo a metáfora e a imagem poética

O poema de Vinicius de Moraes é construído a partir de uma imagem: a imagem da explosão


da bomba de Hiroshima, que lembra a forma de uma flor, de uma rosa. O poeta, ao escolher a
palavra “rosa” para remeter à bomba, desconstrói a imagem da flor como elemento que se
associa à beleza e à delicadeza. A bomba é a antirrosa atômica, a rosa “radioativa, estúpida,
inválida”. A rosa “sem cor; sem perfume, sem rosa, sem nada”, ou seja, a rosa que não é rosa.
Os efeitos destrutivos da bomba de Hiroshima, que exterminou e mutilou inocentes, estão
colocados na rica adjetivação utilizada pelo poeta: “crianças mudas telepáticas; meninas cegas
inexatas; mulheres rotas alteradas”.

Sugerimos que você, professor, num primeiro momento desta atividade, motive os estudantes
a se manifestarem sobre como interpretaram o poema. A partir das contribuições deles,
promova uma mediação “facilitadora” da leitura. É possível que seja necessário situar o texto
no tempo, indicando que, ao escrevê-lo, o poeta remete a uma das maiores tragédias do século
XX: o ataque nuclear a Hiroshima e Nagasaki, duas importantes cidades japonesas,

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acontecido em agosto de 1945, no fim da Segunda Guerra Mundial. Em algum momento da
atividade, seria interessante apresentar a imagem acima, que deve ser relacionada à metáfora
imagética que o poema constrói. Para uma mediação que auxilie recuperar, sobretudo, as
imagens poéticas do texto, propomos as perguntas abaixo:

1. Qual é o assunto do poema de Vinicius de Moraes?


O poema fala da bomba de Hiroshima e denuncia o horror da guerra

2. Por que ele tem esse título?


A palavra “rosa”, neste título, é muito significativa. Ela remete à imagem da explosão da bomba, uma imagem
de horror. Vinicius de Moraes desconstrói a associação da rosa com a beleza e a delicadeza para falar de uma
rosa destrutiva, a bomba, a antirrosa.

3. Nos primeiros versos do poema, o poeta pede que pensemos nas crianças, meninas,
mulheres, vítimas da bomba. Que expressões caracterizam as vítimas da guerra? Explique o
sentido dessas expressões.
Os adjetivos podem ser lidos como referência aos terríveis traumas psicológicos (“mudas / telepáticas”) ou
físicos (“cegas / inexatas”), deixados pela guerra. A qualificação das mulheres como “rotas alteradas” faz
referência às alterações genéticas que se verificaram, tempos depois, nos filhos das mulheres que sofreram a
guerra atômica.

4. Nos últimos versos do poema, o poeta qualifica a Rosa de Hiroshima como uma antirrosa.
Que adjetivos são utilizados no texto para qualificar a rosa? Como você compreende esses
adjetivos?
A rosa hereditária, radioativa – os adjetivos fazem referência ao poder destrutivo da bomba, às deformações
genéticas que deixou em muitas gerações. A rosa estúpida e inválida – com essa adjetivação o poeta condena a
bomba, a guerra. A bomba é a rosa “sem cor, sem perfume, sem rosa, sem nada” – a bomba é a rosa que não é
rosa.

3º momento– Descobrindo a metáfora como recurso da linguagem


A metáfora não é apenas um recurso de ornamentação da linguagem presente nos textos
literários e particularmente nos poemas. Em nosso cotidiano, utilizamos inúmeras metáforas,
que se constituem em um poderoso recurso de significação. Propomos, nesta atividade, que se
explorem com os estudantes várias construções metafóricas presentes na linguagem cotidiana
bem como em nossa música. Vejamos dois exemplos de como fazê-lo.

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A canção de Luis Gonzaga fala do retirante da seca, que tendo que abandonar sua terra, leva-a
consigo, dentro de si. A metáfora do ser humano como um “recipiente” – dentro do qual se
encontram valores (como a coragem) lembranças e, sobretudo, uma cultura, toda a tradição da
sua gente, está colocada na expressão metafórica (“Xote, maracatu e baião/ Tudo isso eu
trouxe no meu matolão). O verso entre parênteses é também uma construção metonímia, na
medida em que estabelece relação entre a música e os instrumentos que a executam.

Cordel do Fogo Encantado– Grupo surgido no final dos anos 90 em Arcoverde (PE), cujo trabalho
mescla música, teatro, poesia. O grupo lançou, com banda de mesmo nome, seu primeiro CD, em
2001 e se desfez em 2010.

Várias expressões metafóricas do texto remetem à representação do amor como um filme: “É


drama, aventura, mentira, comédia romântica”; “Um filme passou... e já se anunciou o
episódio dois”; “é quando as emoções viram luz e sombras”; “dois corações bandidos”; “Deus
é expectador” etc.

É importante que os estudantes observem as relações estabelecidas nessas construções


metafóricas: os sofrimentos do amor representados como “drama”; os riscos do amor como

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“aventura”; as traições do amor como “dois corações bandidos”; as histórias de amor vividas
como “episódios de um filme” etc. Vários elementos do universo do cinema são trabalhados
nessa bela composição musical para representar a experiência amorosa: tipos de personagens
(bandido), gêneros de filme (comédia, drama, aventura); técnicas (luz e sombra, Zoom);
reações provocadas no expectador (o suspense, a alegria/felicidade, dor de barriga, dúvida);
certos ritos (comer pipoca, chupar bala no cinema). Ao propor a leitura desse texto com foco
nas construções metafóricas, lembre-se, professor, de que os textos, particularmente os
literários, podem receber diferentes interpretações. Portanto, motive os estudantes a interagir
com os textos.

SUGESTÕES DE QUESTÕES

QUESTÃO 17 (UFPE 2011)

O livro da solidão
Os senhores todos conhecem a pergunta famosa universalmente repetida: "Que livro
escolheria para levar consigo, se tivesse de partir para uma ilha deserta...?". Vêm os que
acreditam em exemplos célebres e dizem naturalmente: "Uma história de Napoleão." Mas
uma ilha deserta nem sempre é um exílio... Pode ser um passatempo...
Os que nunca tiveram tempo para fazer leituras grandes, pensam em obras de muitos
volumes. É certo que numa ilha deserta é preciso encher o tempo... E lembram-se das Vidas
de Plutarco, dos Ensaios de Montaigne, ou, se são mais cientistas que filósofos, da obra
completa de Pasteur. Se são uma boa mescla de vida e sonho, pensam em toda a produção de
Goethe, de Dostoievski, de Ibsen. Ou na Bíblia. Ou nas Mil e uma noites.
Pois eu creio que todos esses livros, embora esplêndidos, acabariam fatigando; e, se
Deus me concedesse a mercê de morar numa ilha deserta (deserta, mas com relativo conforto,
está claro — poltronas, chá, luz elétrica, ar condicionado) o que levava comigo era um
Dicionário. Dicionário de qualquer língua, até com algumas folhas soltas; mas um Dicionário.
Não sei se muita gente haverá reparado nisso — mas o Dicionário é um dos livros
mais poéticos, se não mesmo o mais poético dos livros. O Dicionário tem dentro de si o
Universo completo. Logo que uma noção humana toma forma de palavra — que é o que dá
existência às noções — vai habitar o Dicionário. As noções velhas vão ficando, com seus
sestros de gente antiga, suas rugas, seus vestidos fora de moda; as noções novas vão
chegando, com suas petulâncias, seus arrebiques, às vezes, sua rusticidade, sua grosseria. E
tudo se vai arrumando direitinho, não pela ordem de chegada, como os candidatos a lugares
nos ônibus, mas pela ordem alfabética, como nas listas de pessoas importantes quando não se
quer magoar ninguém...
O Dicionário é o mais democrático dos livros. Muito recomendável, portanto, na
atualidade. Ali, o que governa é a disciplina das letras. Barão vem antes de conde, conde antes
de duque, duque antes de rei. Sem falar que antes do rei também está o presidente. O
Dicionário responde a todas as curiosidades, e tem caminhos para todas as filosofias. Vemos
as famílias de palavras, longas, acomodadas na sua semelhança, — e de repente os vizinhos
tão diversos! Nem sempre elegantes, nem sempre decentes, — mas obedecendo à lei das
letras, cabalística como a dos números...

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O Dicionário explica a alma dos vocábulos: a sua hereditariedade e as suas mutações.
E as surpresas de palavras que nunca se tinham visto nem ouvido! Raridades, horrores,
maravilhas... Tudo isto num dicionário barato — porque os outros têm exemplos, frases que
se podem decorar, para empregar nos artigos ou nas conversas eruditas, e assombrar os
ouvintes e os leitores...
A minha pena é que não ensinem as crianças a amar o Dicionário. Ele contém todos os
gêneros literários, pois cada palavra tem seu halo e seu destino — umas vão para aventuras,
outras para viagens, outras para novelas, outras para poesia, umas para a história, outras para
o teatro. E como o bom uso das palavras e o bom uso do pensamento são uma coisa só e a
mesma coisa, conhecer o sentido de cada uma é conduzir-se entre claridades, é construir
mundos tendo como laboratório o Dicionário, onde jazem, catalogados, todos os necessários
elementos.
Eu levaria o Dicionário para a ilha deserta. O tempo passaria docemente, enquanto eu
passeasse por entre nomes conhecidos e desconhecidos, nomes, sementes e pensamentos e
sementes das flores de retórica. Poderia louvar melhor os amigos, e melhor perdoar os
inimigos, porque o mecanismo da minha linguagem estaria mais ajustado nas suas molas
complicadíssimas. E, sobretudo, sabendo que germes podem conter uma palavra, cultivaria o
silêncio, privilégio dos deuses, e ventura suprema dos homens.
(Cecília Meireles. Texto disponível em:http://www.releituras.com/cmeireles_olivro.asp. Acesso em 25/11/2010.
Adaptado.)

Como se sabe, os sinais de pontuação são, também, recursos estilísticos. No Texto 3,


alguns empregos desses sinais conseguem alcançar efeitos bem particulares, como se
expõe a seguir.
(0-0) No trecho: “Mas uma ilha deserta nem sempre é um exílio... Pode ser um
passatempo...”, as reticências indicam que a autora não completou seu pensamento, de modo
que o segmento torna-se ambíguo.
(1-1) No trecho: “Se são uma boa mescla de vida e sonho, pensam em toda a produção de
Goethe, de Dostoievski, de Ibsen. Ou na Bíblia. Ou nas ‘Mil e uma noites’.”, o emprego dos
pontos para isolar os itens destacados confere ênfase a esses itens.
(2-2) No trecho: “Pois eu creio que todos esses livros, embora esplêndidos, acabariam
fatigando”, as vírgulas cumprem a função de isolar um comentário, de valor concessivo.
(3-3) No trecho: “Logo que uma noção humana toma forma de palavra — que é o que dá
existência às noções — vai habitar o Dicionário.”, a opção de colocar um segmento inserido
entre travessões tem a função de ressaltar esse segmento.
(4-4) No trecho: “O Dicionário explica a alma dos vocábulos: a sua hereditariedade e as suas
mutações.”, os dois pontos foram utilizados para introduzir uma especificação.

Gabarito: F-V-V-V-V / D-23


Para a compreensão dessa questão é necessário que o estudante perceba que os efeitos discursivos produzidos
por notações como itálico, negrito, caixa alta etc., e o uso dos sinais colaboram para a construção do sentido
global do texto, não se restringindo ao seu aspecto puramente gramatical.

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QUESTÃO 18 (PUC-PR 2009)
Considere o seguinte poema de Manuel Bandeira, observando os comentários que se seguem
a ele:
IRENE NO CÉU

Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor.
Imagino Irene entrando no céu:
- Licença, meu branco!
E São Pedro bonachão:
- Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.

Fonte: BANDEIRA, Manuel: Meus Poemas Preferidos. Rio de Janeiro, Ediouro, 2007, p. 87.

I. O poema é uma declaração de respeito a uma senhora negra, com destaque para os traços do
seu caráter – bondade, alegria, simpatia, fidelidade. Porém, a referência ao “céu” como um
espaço onde (apenas depois da morte) não há discriminação (“Entra, Irene. Você não precisa
pedir licença”), deixa entrever as possíveis dificuldades da personagem em sua vida, o que dá
a esse poema, doce e terno, também uma tonalidade de certa crítica social.

II. “Irene no céu” é um poema de uma só estrofe de sete versos rigidamente metrificados. Há
grande riqueza metafórica presente, por exemplo, na descrição de São Pedro como
representação figurada do típico senhor de escravos e sua forma peculiar de se dirigir a seus
comandados. Além disso, do ponto de vista formal, chama a atenção, no que diz respeito ao
léxico, o uso de expressões eruditas e típicas da alta cultura letrada.

III. É a linguagem do poema, com os recursos do coloquial e do discurso direto da


personagem retratada, que induz o leitor a perceber tanto as ideias mais evidentes sobre o que
se descreve - que Irene era amável e de bom caráter – quanto as que estão nas entrelinhas,
como a suposta submissão de Irene, aprendida, talvez, na experiência da escravidão ou do
preconceito racial, o que a leva a se dirigir a São Pedro dizendo “Licença, meu branco!”.

(PUC-PR2009) Assinale:
A) Se todas estiverem corretas. D) Se apenas I e III estiverem corretas.
B) Se apenas II e III estiverem corretas. E) Se apenas II estiver correta.
C) Se apenas I e II estiverem corretas.

Gabarito: D / D-24
Esse tipo de questão possibilita a habilidade do aluno em identificar o efeito de sentido decorrente das variações
relativas aos padrões gramaticais da língua e como esses efeitos discursivos são produzidos para alcançar certos
efeitos intencionais.

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QUESTÃO 19 (ENEM 2013)
Querô
DELEGADO — Então desce ele. Vê o que arrancam desse sacana.
SARARÁ — Só que tem um porém. Ele é menor.
DELEGADO — Então vai com jeito. Depois a gente entrega pro juiz. (Luz apaga no delegado
e acende no repórter, que se dirige ao público.)
REPÓRTER — E o Querô foi espremido, empilhado, esmagado de corpo e alma num
cubículo imundo, com outros meninos. Meninos todos espremidos, empilhados, esmagados de
corpo e alma, alucinados pelos seus desesperos, cegados por muitas aflições. Muitos meninos,
com seus desesperos e seus ódios, empilhados, espremidos, esmagados de corpo e alma no
imundo cubículo do reformatório. E foi lá que o Querô cresceu.
MARCOS, P. Melhor teatro. São Paulo: Global, 2003 (fragmento).

No discurso do repórter, a repetição causa um efeito de sentido de intensificação,


construindo a ideia de
A) opressão física e moral, que gera rancor nos meninos.
B) repressão policial e social, que gera apatia nos meninos.
C) polêmica judicial e midiática, que gera confusão entre os meninos.
D) concepção educacional e carcerária, que gera comoção nos meninos.
E) informação crítica e jornalística, que gera indignação entre os meninos.

Gabarito: A / D-24
Para a compreensão dessa questão é necessário que o estudante perceba que as escolhas que fazemos para a
elaboração de um texto respondem a intenções discursivas específicas, sejam escolhas de palavras, sejam
escolhas de estruturas morfológicas ou sintáticas.

QUESTÃO 20 (SRE-CURVELO 2012 )


Leite
Vocês que têm mais de 15 anos, se lembram quando a gente comprava leite em garrafa, na
leiteira da esquina?(...)
Mas vocês não se lembram de nada, pô! Vai ver nem sabem o que é vaca. Nem o que é leite.
Estou falando isso porque agora mesmo peguei um pacote de leite – leite em pacote, imagina, Teresa!
– na porta dos fundos e estava escrito que é pasterizado ou pasteurizado, sei lá, tem vitamina, é
garantido pela embromatologia, foi enriquecido e o escambau.
Será que isso é mesmo leite? No dicionário diz que leite é outra coisa: ―líquido branco,
contendo água, proteína, açúcar e sais minerais‖. Um alimento pra ninguém botar defeito. O ser
humano o usa há mais de 5.000 anos. É o único alimento só alimento. A carne serve pro animal andar,
a fruta serve para fazer outra fruta, o ovo serve pra fazer outra galinha (...) o leite é só leite. Ou toma
ou bota fora.
Esse aqui examinando bem, é só pra botar fora. Tem chumbo, tem benzina, tem mais água do
que leite, tem sacanagem, sou capaz de jurar que nem vaca tem por trás desse negócio.
Depois o pessoal ainda acha estranho que os meninos não gostem de leite. Mas, como não
gostam? Não gostam como? Nunca tomaram! Múúúúúúú!
Millôr Fernandes. O Estado de São Paulo. 22/08/1999.

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Ao criar a palavra “embromatologia” (l 6.), o autor pretende ser:

a) Conciso. c) Formal. e) Irônico.


b) Sério. d) Cordial.

Gabarito: E / D-25
Para a compreensão dessa questão é necessário que o aluno perceba que a alteração de significado ou a criação
de um determinado termo ou vocábulo é uma estratégia do autor para que o leitor depreenda seus propósitos.

EXPLICITANDO OS DESCRITORES

No Eixo VI – Variação Linguística – o D26 – identificar as marcas linguísticas que


evidenciam o locutor e/ou o interlocutor – mostra que diferentes variedades linguísticas
apresentam comportamentos sintáticos distintos, com regras próprias de funcionamento. As
variações são comuns nas línguas em função da região, época, idade, situação de uso da
língua e outras variáveis dos falantes.

SUGESTÕES DE QUESTÕES

QUESTÃO 21 (INEP 2009)

SOUZA, Maurício de. [Chico Bento]. O Globo, Rio de Janeiro, Segundo Caderno, 19 dez. 2008, p.7.

O personagem Chico Bento pode ser considerado um típico habitante da zona rural,
comumente chamado de “roceiro” ou “caipira”. Considerando a sua fala, essa tipicidade é
confirmada primordialmente pela

A) transcrição da fala característica de áreas rurais.


B) redução do nome “José” para “Zé”, comum nas comunidades rurais.
C) emprego de elementos que caracterizam sua linguagem como coloquial.
D) escolha de palavras ligadas ao meio rural, incomuns nos meios urbanos.
E) utilização da palavra “coisa”, pouco frequente nas zonas mais urbanizadas.

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Gabarito: A / D-26
Esse tipo de questão possibilita a habilidade do aluno em identificar as variações linguísticas resultantes da
influência de diversos fatores, como o grupo social a que o falante pertence, o lugar e a época em que ele nasceu
e vive, bem como verificar quem fala no texto e a quem este se destina.

QUESTÃO 22 (ENEM, 2009)


A escrita é uma das formas de expressão que as pessoas utilizam para comunicar algo e tem
várias finalidades: informar, entreter, convencer, divulgar, descrever. Assim o conhecimento
acerca das variedades linguísticas sociais, regionais e de registro torna-se necessário para que
se use a língua nas mais diversas situações comunicativas.
Considerando as informações acima, imagine que você está à procura de um emprego e
encontrou duas empresas que precisam de novos funcionários. Uma delas exige uma carta de
solicitação de emprego. Ao redigi-la, você
A) fará uso da linguagem metafórica.
B) apresentará elementos não verbais.
C) utilizará o registro informal.
D) evidenciará a norma padrão.
E) fará uso de gírias.

GABARITO: D / D-26
Para a compreensão dessa questão é necessário que o aluno perceba que as variações linguísticas manifestam-se
por formas, marcas, estruturas que revelam características (regionais ou sociais) dos interlocutores. Essas
variações são, portanto, resultado do empenho dos interlocutores para se ajustarem às condições de produção e
de circulação do discurso.

QUESTÃO 23 (ENEM, 2011)


Motivadas ou não historicamente, normas prestigiadas ou estigmatizadas pela comunidade
sobrepõem-se ao longo do território, seja numa relação de oposição, seja de
complementaridade, sem, contudo, anular a interseção de usos que configuram uma norma
nacional distinta da do português europeu. Ao focalizar essa questão, que opõe não só as
normas do português de Portugal às normas do português brasileiro, mas também as
chamadas normas cultas locais às populares ou vernáculas, deve-se insistir na ideia de que
essas normas se consolidaram em diferentes momentos da nossa história e que só a partir do
século XVIII se pode começar a pensar na bifurcação das variantes continentais, ora em
consequência de mudanças ocorridas no Brasil, ora em Portugal, ora, ainda, em ambos os
territórios.
CALLOU, D. Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, S. R.; BRANDÃO, S. (orgs). Ensino de gramática:
descrição e uso.São Paulo: Contexto, 2007 (adaptado).

O português do Brasil não é uma língua uniforme. A variação linguística é um fenômeno


natural, ao qual todas as línguas estão sujeitas. Ao considerar as variedades linguísticas, o
texto mostra que as normas podem ser aprovadas ou condenadas socialmente, chamando a
atenção do leitor para a
A) desconsideração da existência das normas populares pelos falantes da norma culta.
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B) difusão do português de Portugal em todas as regiões do Brasil só a partir do século XVIII.
C) existência de usos da língua que caracterizam uma norma nacional do Brasil, distinta da de
Portugal.
D) inexistência de normas cultas locais e populares ou vernáculas em um determinado país.
E) necessidade de se rejeitar a ideia de que os usos frequentes de uma língua devem ser
aceitos.

Gabarito: C / D-26
Para a compreensão dessa questão é necessário que o estudante entenda o reconhecimento das variações
(gramaticais ou lexicais) que, mais especificamente, revelam as características dos locutores e dos interlocutores.

PROPOSTA DE PRODUÇÃO DE TEXTO

As sociedades humanas, ao longo de sua atribulada história, sempre reservaram lugar de


destaque para a definição de um padrão de beleza, em busca do qual corriam homens e
mulheres. Nos dias de hoje, com o avanço da medicina e da tecnologia, talvez estejamos
vivendo o momento em que a busca da beleza e o culto à aparência tenham atingido o seu
ponto mais alto: são centenas de produtos voltados para o aperfeiçoamento da forma, milhares
de academias de ginástica, um batalhão de cirurgiões plásticos a postos, dietas, cremes, chás,
tudo para fazer com que você se torne uma pessoa perfeita.
Com base nos fragmentos da coletânea abaixo, desenvolva um texto dissertativo sobre o
tema: O culto à forma: saúde, vaidade ou escravidão?

Leia os textos a fim de responder à questão.

TEXTO 1
Chip na barriga controla apetite e combate obesidade
29 de março 2013 - 05:23 (Brasília)

Cientistas britânicos apresentaram em Londres um microchip "inteligente"


desenvolvido para ser implantado no corpo humano com o objetivo de controlar o
apetite e combater a obesidade.

Após testes satisfatórios nos laboratórios do Imperial College, os professores Chris


Toumazou e Stephen Bloom anunciaram que os testes em animais estão prestes a
começar. Testes em humanos são esperados em três anos.
O chip foi desenhado para ser implantado junto ao nervo vago (pneumogástrico), que
regula o apetite e outras funções do organismo.
O circuito consiste em um "modulador inteligente" de poucos milímetros, implantado
na cavidade peritoneal do abdome (na barriga). Ele será preso ao nervo vago por meio
de eletrodos.

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O chip e os eletrodos foram desenvolvidos para ler e processar estímulos elétricos e
químicos do nervo que regulam o apetite.
Com base nos dados coletados, o chip poderá enviar estímulos elétricos ao cérebro,
reduzindo o apetite.

FONTE:http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/03/130329_chip_apetite_obesidade_mm.shtml

TEXTO 2

FONTE: www.malvados.com.br Acesso 29 mar 2013.

TEXTO 3

O perigo das dietas milagrosas


Postado por: Mundo Verde em 11 de Janeiro de 2013
As dietas que prometem ótimos pessoa perca peso somente nas
resultados em pouco tempo primeiras duas
comprometem a saúde. As revistas semanas aproximadamente e depois
de público feminino são as campeãs da desistência é possível recuperar
no assunto, prometem milagres e até o dobro do que foi perdido.
pouco esforço. A dieta não é a É preciso entender que a mudança
privação de todos os alimentos por do seu estilo de vida será
certo período de tempo mas sim é fundamental para conseguir
uma reeducação alimentar (1). perder peso e se manter saudável
Por isso, é preciso se acostumar (3). É preciso abrir mão de muitos
com a nova rotina mas também hábitos para poder formar uma
saber escolher o que comer (2), nova forma de se alimentar. Uma
quando comer. dieta a base de frutas, verduras,
Não existe nenhum estudo legumes, laticínios magros,
comprovando o sucesso desse tipo hortaliças e com pouca ingestão de
de dieta e nenhum médico ou gorduras é a melhor opção. Para
nutricionista recomenda a prática alcançar melhores resultados, o
delas. Vale ressaltar que esse tipo interessante é aliar a nova prática
de alimentação faz com que a alimentar com exercícios físicos.

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Vale lembrar-se de que antes de vai elaborar um plano alimentar
começar qualquer dieta, é de acordo com seus objetivos e
fundamental procurar um necessidades (4). Além de saber
profissional especializado, pois ele esclarecer todas as suas dúvidas.

FONTE:http://mundoverde.com.br/blog/2013/01/11/o-perigo-das-dietas-milagrosas/

TEXTO 4

FONTE:http://camilagaio.blogspot.com.br/2010/01
VOCABULÁRIO:
1- SPFW: Semana de Moda de São Paulo.
2- Book (inglês): Livro, álbum de fotos.

A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos


conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-
argumentativo na modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema
“O culto à forma: saúde, vaidade ou escravidão?” Apresente proposta de
intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de
forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
Lembre-se de que a situação de produção de seu texto requer o uso da modalidade
escrita culta da Língua Portuguesa com, no máximo, 30 linhas.

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REFERÊNCIAS

ANTUNES, I. Língua, texto e ensino: outra escola possível. São Paulo: Parábola Editorial,
2009.
______. Análise de textos: fundamentos e práticas. São Paulo: Parábola Editorial, 2010.
BRASÍLIA. Ministério da Educação. ENEM 2010. Brasília: MEC, 2010.
______. Ministério da Educação. ENEM 2011. Brasília: MEC, 2011.
COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2006.
EAGLETON, Terry. Teoria da literatura: uma introdução. Trad. Waltensir Dultra. 5ª ed.
São Paulo: Martins Fontes, 2003.
INEP. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Matriz de
Referência ENEM. Disponível em http://enem.inep.gov.br/pdf/Enem2009_matriz.pdf acesso
em 17 jan. 2011.
KOCH, I. V. Ler e compreender os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2009.
MARCUSCHI, L. A. Produção textual: análise de gêneros e compreensão. São Paulo:
Parábola Editorial, 2008.
MEIRA, A.C.G.A. A importância da intergenericidade no ensino de língua materna.
Disponível em: http://www.ileel.ufu.br/anaisdosielp/pt/arquivos/sielp2012/996.pdf. Acesso
em: 03 fev. 2013.
PERNAMBUCO. Secretaria de Educação. Parâmetros na Sala de Aula de Língua
Portuguesa do Ensino Fundamental e Médio. Recife: SE, 2013.
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