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O clássico livro A Vida Intelectual, redigido originalmente em 1920 pelo padre, filósofo
e teólogo francês A.D. Sertillanges (Clermont-Ferrand, 1863 — Sallanches, 1948),
descreve 4 tipos principais de leitura:
Todos esses tipos de leitura podem ser proveitosos, mas dois deles são especialmente
importantes para o leitor do Mude.vc: as leituras fundamentais e as leituras de
treinamento.
Mas apenas ler não é suficiente, é preciso ser capaz de reter na memória o que lemos.
Por isso a memorização será o tema principal deste artigo.
Por que é tão difícil reter e memorizar aquilo que lemos? Vamos investigar.
Em primeiro lugar vamos entender uma sequência que define a nossa capacidade de
memorização:
Essa é a razão pela qual, por exemplo, esquecemos grande parte dos conhecimentos que,
à época do ensino fundamental ou médio, tínhamos de maneira tão clara na mente.
Se o nosso interesse por algo é apenas circunstancial – apenas para passar numa prova,
por exemplo –, o conhecimento retido na memória tenderá a ser esquecido tão logo
nosso objetivo tenha sido alcançado.
Por outro lado, se o nosso interesse por algo está ligado à uma necessidade mais
profunda, a memorização será mais fácil e talvez até aconteça sem nos darmos conta
dela.
Vamos aprender o método de um grande mestre em breve, mas antes vamos conversar
um pouco sobre os diferentes tipos de memorização.
Os 2 tipos de memorização
Podemos falar em dois tipos básicos de memorização, cada um deles usado para
objetivos específicos:
O primeiro tipo é o mais comum, é aquela memorização que todos nós conhecemos e
cujo objetivo é reter na memória um símbolo verbal que é uma cópia exata daquilo
que vimos num livro ou que aprendemos com alguém.
O segundo tipo é o que mais nos interessa aqui. É a memorização cujo objetivo não é
reter um símbolo verbal com exatidão, mas memorizar um princípio que nos parece
importante e que desejamos integrar à estrutura da nossa personalidade.
Primeiro acalmar-se, depois buscar a ordem e só então começ ar a agir. Com angústia,
impaciência e ansiedade não se trabalha nem se vive bem. Procura o teu centro e só
depois de estar nele começ a a fazer o que precisa ser feito. Toda inquietaç ão perturba
nossa razão e nos impede de fazer bem aquilo mesmo que nos inquieta.
Vamos supor que ao ler esse trecho você o considere importante e queira mantê-lo na
memória para que sirva como uma regra a ser seguida nos momentos de estresse.
Nesse caso a memorização do trecho com exatidão não é realmente importante. O nosso
conhecimento dele não será testado numa prova ou por alguém.
O que queremos é absorver a idéia central de que devemos sempre “procurar o nosso
centro” antes agir diante de uma situação de estresse, pois “com angústia, impaciência e
ansiedade não se trabalha nem se vive bem”.
Vamos entrar agora no método de memorização que irá nos ajudar a reter o que
precisamos para o nosso desenvolvimento pessoal e para enfrentar com mais capacidade
os muitos e variados desafios da vida.
Dito isso, vamos aprender agora o método de memorização ensinado por Santo Tomás
de Aquino (Roccasecca, 1225 — Fossanova, 1274) em seu Comentário sobre “A
memória e a reminiscência” de Aristóteles.
Santo Tomás propõe quatro passos, que vamos listar abaixo e explorar em seguida:
Talvez você esteja achando complicado, certo? Mas não é. Vamos explorar com calma
cada uma dessas etapas.
É muito difícil gravar em nós elementos avulsos e sem conexões e relações com outros
elementos. Eles se perdem facilmente.
Se, por outro lado, me concentro em memorizar esse número como uma série que
descreve fatos reais da minha vida a memorização se torna muito mais simples:
Percebe como é bem mais fácil memorizar um conjunto aderente e relacionado de idéias
do que um elemento avulso? Por isso, evite tentar memorizar informações totalmente
separadas umas das outras: relacione-as.
“A verdadeira inteligência nunca se fixa senão nas relações”, disse Louis Lavelle.
É inútil tentar memorizar sem a aplicação da atenção, e quanto mais fervorosa for a
atenção mais profundas serão as gravações dos símbolos e princípios em nós.
Por isso, se queremos reter na memória o que lemos ou ouvimos precisamos estar
completamente concentrados e presentes.
Sobre isso não há muito a ser dito, pois é fácil perceber o papel fundamental da atenção
no processo de memorização.
A primeira coisa a ser dita sobre esse meditar necessário à memorização é que não
estamos falando daquela meditação que é própria das culturas do Oriente, especialmente
o Budismo e o Hinduísmo. Sobre essa espécie de meditação publicamos
recentemente esse maravilhoso artigo.
Aqui estamos falando da meditação que é própria da vida intelectual, que é também
conhecida como ruminação e que é usada há milênios por filósofos e sábios de todas as
culturas e épocas.
“A vida apaga os rastros da vida”, disse A.D. Sertillanges, e por isso é necessário
“revigorar constantemente nossos pensamentos úteis e ruminar os fatos que queremos
manter à vista”.
Quanto mais meditamos sobre um princípio ou regra que desejamos seguir, mais
profundamente ele se enraíza em nós e mais nosso se torna.
O filósofo brasileiro Mário Ferreira dos Santos (Tietê, 1907 — São Paulo, 1968)
escreveu em seu livro Curso de Integração Pessoal uma série de 20 regras importantes
sobre esse tipo de meditação.
Elas são suficientes para orientar o seu início nessa disciplina espiritual que é cultivada
há milênios por alguns dos maiores gênios da humanidade. Leia cada uma delas com
grande atenção e calma:
Depois de ordenar o que queremos lembrar, aplicar nossa atenção àquilo e meditar
frequentemente sobre ele, queremos aprender agora como relembrar o que
memorizamos.
Tratando-se de recobrar a lembrança […] o conselho é apoiar-nos mais uma vez sobre
este fato das dependência mútuas entre os pensamentos, entre as impressões, que serviu
de base à constituição da memória.
Tudo se encadeia, em maior ou menor grau, no cérebro, mesmo que não tenhamos
construído esse encadeamento deliberadamente.
Que tal vermos um exemplo real com a memorização de um princípio útil? Vejamos.
Primeiro acalmar-se, depois buscar a ordem e só então começ ar a agir. Com angústia,
impaciência e ansiedade não se trabalha nem se vive bem. Procura o teu centro e só
depois de estar nele começ a a fazer o que precisa ser feito. Toda inquietaç ão perturba
nossa razão e nos impede de fazer bem aquilo mesmo que nos inquieta.
O que faremos agora é memorizar esse princípio para que possamos lembrar dele
sempre que estejamos passando por alguma situação de inquietação ou estresse.
Diante de uma situação de estresse, devo lembrar que 1) “com angústia, impaciência e
ansiedade não se trabalha nem se vive bem”; que 2) essa inquietação “perturba a minha
razão e me impede de fazer bem aquilo mesmo que me inquieta”; e que, por isso, devo
3) primeiro me acalmar, depois “procurar o meu centro” (através de um breve exercício
respiratório, por exemplo) e só então começar a agir.
Em tempo: para sugestões práticas de como acalmar-se e acabar com a ansiedade leia o
artigo Como controlar a ansiedade em 7 passos práticos.
Aqui não há muito a ser dito: trata-se de martelar a sequência acima palavra por palavra,
muitas vezes, com máxima concentração. Leia primeiro silenciosamente, depois
murmurando baixinho e depois, se possível, em voz alta.
Que parte da sequência posso lembrar para “puxar a corrente” e trazer novamente toda a
cadeia lógica que eu mesmo ordenei? Posso, talvez, me fazer uma pergunta simples:
“Estou estressado e inquieto, como devo proceder agora?”.
“Não posso agir bem se não me acalmar antes de entrar em ação, por isso devo agora
procurar o meu centro e só depois de estar nele começar a agir”.
E assim poderíamos facilmente integrar essa importante regra prática de vida ao nosso
“repertório de princípios para viver bem”.
Exploramos meticulosamente cada uma das etapas acima e, no final, vimos um exemplo
real de procedimento para memorização usando uma das meditação do livro 55
Meditações e Broncas.
Esse foi uma artigo bem diferente daqueles que costumamos publicar aqui no Mude.vc,
por isso sua opinião sobre ele é especialmente importante. Comente abaixo e nos diga
o que achou.
A prática desse método de memorização mudou minha vida de forma significativa nos
últimos 3 ou 4 anos.
Tenho praticado-o com regularidade e visto grandes benefícios: me tornei mais sereno,
contemplativo e muitos dos meus comportamentos e atitudes mudaram para melhor.
Eu realmente recomendo que você invista tempo na prática deste método, especialmente
na meditação frequente dos princípios e regras que você deseja seguir para viver
melhor.
P.S.Se você quer saber como montar um plano de vida que te faça assumir o controle do
seu próprio futuro, clique aqui para receber uma aula especial do curso Planejando Sua
Vida.
André Valongueiro
André Valongueiro é coach, educador e escritor. Vive a vida nos seus próprios termos,
viajando o mundo enquanto trabalha 100% online. Aprendeu a arte de realizar sonhos
com paz e sem ansiedade e quer ajudar você a fazer o mesmo.