Resumo
Este artigo apresenta um relato de experiência sobre a utilização da metodologia ativa de sala
de aula invertida com o uso aplicativo Google Sala de Aula no ensino de língua espanhola. O
objetivo do trabalho é apresentar as estratégias pedagógicas com o uso da ferramenta Google
Sala de Aula para o ensino da língua estrangeira e suas possibilidades para a construção da
aprendizagem enquanto recurso tecnológico pedagógico. A pesquisa é de natureza aplicada e
apresenta abordagem qualitativa, pois teve como objetivo gerar conhecimentos para aplicação
prática do uso de sala de aula invertida através dos aplicativos dos componentes do Google for
Education, e m especial o Google Sala de Aula. Os resultados indicam a eficácia do uso da
ferramenta do Google Sala de Aula no processo de aplicação da sala de aula invertida como
recurso metodológico no processo de ensino-aprendizagem do idioma espanhol, além de
auxiliar no desenvolvimento de habilidades de comunicação, colaboração, pensamento crítico e
criatividade, potencializando o uso de novas metodologias ativas através do uso de tecnologias
em ambiente híbrido.
Palavras-chave: Ensino de língua estrangeira. Google sala de aula. Língua espanhola. Sala de
aula invertida.
Abstract
This article presents an experience report about the use of the active classroom inverted
methodology with the use of Google Classroom application in the teaching of Spanish language.
The objective of this work is to present pedagogical strategies with the use of the Google
Classroom tool for the teaching of the foreign language and its possibilities for the construction
of learning as a pedagogical technological resource. The research is of an applied nature and
presents a qualitative approach, since it aimed to generate knowledge for practical application
of the use of inverted classroom through the applications of components of Google for
Education, in particular Google Classroom. The results indicate the effectiveness of the use of
the Google Classroom tool in the process of applying the inverted classroom as a
methodological resource in the teaching-learning process of the Spanish language, as well as
assisting in the development of communication skills, collaboration, critical thinking and
creativity, enhancing the use of new active methodologies through the use of technologies in a
hybrid environment.
Keywords: Flipped Learning, Foreign Language Teaching,Google Classroom, Spanish
Language.
Introdução
Educação e Tecnologia em Tempos de Mudança | 2
cronológico. O velho que preserva sua validez ou que encarna uma tradição ou marca uma
presença no tempo continua novo.” (Freire, 2009, pg.17).
Averiguar o uso e os benefícios de novas tecnologias para a educação através das
metodologias ativas, de modelos mais flexíveis, híbridos, pode trazer contribuições importantes
para o desenvolvimento de soluções atuais aos perfis dos alunos de hoje. Ajuda a construir
modelos mais colaborativos, personalizados e alinhados com as competências e habilidades
para um mundo cada vez mais complexo.
Referencial teórico
Metodologias ativas
E dentro dessa interação global, a língua espanhola ocupa no mundo de hoje uma
importância que, quem decidir ignorá-la poderá correr o risco de perder muitas oportunidades
de cunho comercial, econômico, cultural, acadêmico ou pessoal. E visto que o idioma espanhol
é a língua oficial de 21 países, como Argentina, Bolívia, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Chile,
República Dominicana, Equador, El Salvador, Espanha, Guatemala, Guiné Equatorial,
Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Porto Rico, Uruguai e Venezuela, se
faz necessário que se leve em consideração o uso da língua espanhola e suas variedades
linguísticas. Neste cenário, o ensino da língua espanhola como língua estrangeira no nosso
país cresce em função do aumento das trocas econômicas entre as nações que integram o
mercado internacional. Foi preciso criar novas estratégias de fomentar o acesso do idioma
espanhol, fazendo-se uso de novas tecnologias no processo de ensino-aprendizagem em
distintas plataformas e acesso desse idioma.
Stein (2011) menciona que o estímulo às produções em ambientes e linguagens virtuais em
plataformas interativas desenvolve nos participantes uma linguagem mais colaborativa,
refletindo o mundo vivencial. Portanto, a partir dos estímulos dos professores, através de
exercícios online, debates com o aplicativo Hangouts, vídeos do Youtube, pesquisa sobre a
língua e cultura espanhola, videoconferências com ex-alunos que vivem em países de fala
hispânica, pudendo vivenciar o uso da linguagem em diversos ambientes, autênticos e
significativos.
São muitos os métodos associados às metodologias ativas com potencial de levar os alunos
à aprendizagem por meio da experiência impulsora da aprendizagem, do protagonismo e da
autonomia. Neste sentido, ao tratar de problematização, aula compartilhada, aprendizagem por
projetos, design thinking, gamificação, ensino híbrido e sala de aula invertida, associamos os
diferentes métodos e metodologias relacionados à construção do conhecimento de forma
misturada, blended, híbrida.
Na prática pedagógica adotada neste trabalho, daremos ênfase ao uso intercambiável de
ensino híbrido, com a metodologia de sala de aula invertida. Como afirmam Bergmann e Sams
(2018), todos estes modelos apresentam atributos semelhantes e provavelmente seriam
intercambiáveis, visto que um método não necessariamente exclui o outro. As diversas
metodologias ativas acrescentam saberes para a construção do conhecimento, valorizando a
participação dos alunos no desenvolvimento de competências, respeitando os distintos estilos,
tempo e ritmo de cada aluno.
Estes princípios educativos comuns às metodologias ativas de ensino levam a apresentar
uma série de componente nos quais o aluno enfrenta problemas que deve estruturar, e
esforçar-se, com ajuda do professor, por encontrar soluções significativas. Estes componentes
podem sintetizar da seguinte forma, conforme Johnson et al. (2000): a) O cenário. O cenário
estabelece o contexto para o problema, no caso o projeto. Costuma-se informar aos alunos que
função, papel ou perfil tem que assumir quando resolvem o problema, introduzindo os alunos
no contexto do problema. Poderia ser a notícia de um jornal, uma imagem ou um vídeo. É mais
um elemento contextualizador e motivador, que cria uma necessidade de aprendizagem; b)
Trabalho em grupo. Os alunos trabalham associados em pequenos grupos. Os grupos
proporcionam um marco de trabalho no qual os alunos podem provar e desenvolver seu nível
de compreensão. A complexidade dos problemas pode chegar a tal ponto que os membros do
grupo terão que repartir as tarefas para avançar na solução do problema; c) Solução de
problemas. Os problemas planejados no ambiente de metodologias ativas costumam ser
complexos por natureza e são indicadores, de diversas formas, dos tipos de problemas
enfrentados pelos alunos; d) Descoberta de novos conhecimentos. Com o objetivo de encontrar
uma solução significativa, os alunos acabam por procurar novos conhecimentos. f) Baseado no
mundo real. A ênfase principal é incentivar os alunos a pensar, desde o início dos cursos,
facilitando assim a transição dos cenários e problemas propostos, tanto teóricos como práticos,
a descobrirem que não existe necessariamente apenas uma resposta correta, mas sim leis e
modelos que formam o corpo teórico de uma disciplina.
Com o uso das metodologias ativas podemos transformar a aprendizagem em um autêntico
e eficaz resultado, estabelecendo a mudança conceitual através do compromisso e da
participação dos alunos, construindo de forma autônoma o seu conhecimento.
O ensino híbrido
Hoje em dia, o professor precisa seguir comunicando-se diretamente com os alunos, porém de
forma digital, com as tecnologias móveis, equilibrando a interação com todos e com cada um.
As metodologias precisam acompanhar os objetivos propostos. Se quisermos que os alunos
sejam proativos, precisamos adotar metodologias com as quais os alunos se envolvam em
atividades cada vez mais complexas, em que tenham que tomar decisões e avaliar os
resultados, com apoio de materiais relevantes. Se quisermos que os alunos sejam criativos,
nós os professores, precisamos experimentar inúmeras novas possibilidades de apresentar
iniciativas.
A tecnologia digital proporciona hoje uma integração de todos os espaços e tempos. O
ensino e a aprendizagem acontecem - concomitantemente - em uma interação profunda e
constante entre mundo físico e mundo digital. Não são dois mundos ou dois espaços, mas um
espaço expandido, uma sala de aula ampliada, que se mistura, de forma híbrida, de forma
contínua. Por essa razão, a educação formal é cada vez mais misturada, blended, híbrida,
porque não acontece apenas no espaço físico, porém nos múltiplos espaços do dia a dia, onde
também se encontra o mundo digital.
As escolas podem implementar o ensino híbrido. Tanto as que possuem uma infraestrutura
tecnológica sofisticada como as mais carentes de recursos. É um modelo facilmente replicável.
Os professores também podem fazer uso do ensino híbrido dentro e fora da escola, através de
desafios, atividades, projetos, jogos, grupais e individuais, colaborativos e personalizados.
Porém, é preciso refletir sobre tais mudanças de mentalidade e a forma de transmitir
informações, e com isso, construir o conhecimento por meio das tecnologias digitais, colocando
o aluno como coautor de sua própria construção cognitiva. Cabe fazer uma análise sobre os
atores envolvidos nesse processo. Adultos, jovens e crianças recebem, transmitem e produzem
informações em uma rede que se atualiza dia a dia. Segundo Prensky (2010), temos gerações
distintas envolvidas nesse processo: a dos nativos e a dos imigrantes digitais. Os primeiros são
aqueles que já nasceram inseridos em uma cultura digital e cujas relações com essas
tecnologias foram absorvidas intuitivamente e marcam sua forma de relação com a construção
do conhecimento. A maioria dos professores, imigrantes digitais que foram inseridos no mundo
da tecnologia, tem uma forma de ensinar que nem sempre está em sintonia com o modo como
os nativos aprendem melhor, ou, pelo menos, que lhes despertem maior interesse. As
metodologias ativas ajudam a aproximar estes dois mundos, pois dá lugar a uma postura
mediadora ao professor.
As metodologias ativas são pontos de partida para avançar a processos mais avançados de
reflexão, de integração cognitiva, de generalização, de re-elaboração de novas práticas.
Teóricos como Freire (2009) e Novack (1999) enfatizam a importância de superar a educação
bancária, tradicional e focar a aprendizagem no aluno, envolvendo-o, motivando-o e
dialogando-o.
Segundo consta em Bacich, Tanzi e Trevisani (2015) é necessário inserir esses meios na
educação de forma criativa e dinâmica, proporcionando ao aluno uma forma mais ampla de
formação, visto que a convivência com as novas tecnologias seguem sendo trabalhada
diariamente no meio em que vivem essas pessoas. Além do mais, os não usuários de
tecnologias digitais têm a oportunidade da inclusão digital. Hoje em dia, percebe-se que essas
tecnologias já estão sendo trabalhadas no ambiente escolar, e os professores já estão
utilizando dessas ferramentas para deixar suas aulas mais dinâmicas e menos expositivas.
Portanto haverá mais participações e interação dos alunos nas salas de aula de ambientes
híbridos, já que o ambiente virtual traz novas competências, e proporciona uma relação do
indivíduo com os meios digitais, sem que as interações presenciais sejam menos importantes.
A sala de aula invertida é uma metodologia ativa. Esta modalidade de e-learning onde o
conteúdo e as instruções são online, antes mesmo de o aluno chegar à sala de aula, que agora
passa a ser o espaço destinado ao trabalho dos conteúdos já estudados, realizando atividades
práticas como resolução de problemas e projetos, discussão em grupo, laboratórios, entre
outras estratégias pedagógicas. A inversão acontece uma vez que no ensino tradicional a sala
de aula serve para que o professor transmita informações ao aluno que, após a aula, deve
estudar o material que lhe foi transmitido e, em seguida, realizar alguma atividade de avaliação
para demonstrar que esse tema foi assimilado. Na abordagem de sala de aula invertida, o
aluno estuda antes da aula e na sala de aula se transforma em um espaço de aprendizagem
ativo, onde há perguntas, discussões e atividades práticas. O professor trabalha as dificuldades
dos alunos, ao contrário de apresentações passivas sobre o conteúdo da disciplina.
A sala de aula invertida é uma metodologia que foi divulgada por Bergmann e Sams (2012)
a partir da experiência por eles realizada em escolas de nível médio nos Estados Unidos. Tais
e copiar o assunto proposto para estudar em seguida. O papel do professor era centralizador e
o objetivo do ensino era a quantidade de conteúdo transmitida ao aluno.
Para Valente (2018), os aspectos fundamentais da implantação da sala de aula invertida
são a produção de material para que o aluno trabalhe online e o planejamento das atividades
que se realizam na aula presencial.
Outro aspecto a se observar com o modelo de sala de aula invertida é que esta metodologia
abarca todas as fases do ciclo de aprendizagem na dimensão cognitiva da taxonomia de Bloom
(BLOOM et ali, 1972, pg. 24)
Dentro desta reflexão é preciso ter em mente duas questões. A primeira é, em que
momento do ciclo de aprendizagem os alunos precisam estar em frente ao professor durante a
explicação? A segunda questão é, com o uso de tecnologia digital, que parte da instrução
podemos enviar para o ambiente virtual o conteúdo da aula para aumentar o tempo em sala de
aula? O professor deve avaliar os conteúdos da disciplina, o desempenho de seus alunos na
sala de aula, as avaliações obtidas em cada assunto, entre outros elementos de sua aula que o
ajudem a determinar como implementar a aprendizagem da sala de aula invertida.
As estratégias utilizadas pelo professor no processo de sala de aula invertida, dentro de um
ambiente híbrido, devem ser pensadas nos dois ambientes, no virtual e no presencial. No
virtual as atividades podem ser criadas pelo professor, como vídeo, quizzes, podcast, organizar
um gráfico, solicitar a elaboração de um texto sobre tema proposto, formulários de exercícios,
leitura de paradidático seguido de resumo, montagem de apresentações, perguntas elaboradas
pelo professor e para o professor, tarefas de reflexão, interações aluno-aluno e
professor-aluno. No ambiente presencial, após a introdução do âmbito virtual, o professor
poderá direcionar as atividades em sala de aula com discussão em grupos, direcionar o
trabalho a problemas concretos, fazer uso de atividades diferenciadas ou personalizadas,
aplicar pedagogia baseada em projetos, a fim de consolidar, ampliar e comprovar o tema
proposto pelo professor através de ferramentas avaliativas.
Contextualizando estas práticas no ensino da língua espanhola como língua estrangeira,
farei uso dos aplicativos do Google For Education, em especial o Google Sala de Aula como
ferramenta facilitadora do processo de ensino híbrido e práticas de sala de aula invertida como
estratégias metodológicas ativas e, deste modo, juntando os dois mundos do ambiente híbrido:
a sala de aula virtual e a sala de aula presencial. O Google Sala de Aula será a ferramenta em
análise para viabilizar tanto a produção de material online para o aluno, através vídeos,
infográficos, imagens, textos, sites, podcasts, formulários de verificação da aprendizagem, bem
como servirá de ferramenta de gestão de sala de aula invertida, facilitando o planejamento das
atividades a serem realizadas na sala de aula presencial, através de discussões em grupo,
resolução de problemas, dramatizações, atividades de fixação, exercícios e projetos.
O Google Sala de Aula é um ambiente virtual, onde o professor organiza as turmas e direciona
as atividades, usando ou no, de acordo com as estratégias de trabalho, as demais ferramentas
das soluções do Google For Education. Este aplicativo nos propõe soluções tecnológicas
desenvolvidas para facilitar a vida de professores e alunos, dentro e fora das salas de aula, a
qualquer hora e a partir de dispositivo móvel conectado à internet. Todas estas ferramentas são
utilizadas como aplicações – inicialmente projetadas para o mundo do trabalho - de
comunicação, trabalho colaborativo e ferramentas de produtividade, construindo com o aluno
competências não apenas para a aprendizagem de um novo idioma, mas desenvolvendo
paralelamente, competências essenciais para a entrada ao mundo do trabalho.
O Google Sala de Aula é um sistema de gestão de sala de aula para professores que
gerencia múltiplas classes e níveis; envia mensagens anúncios, perguntas, avisos e tarefas
para uma ou mais classes; também gerencia tarefas e compartilhamento de arquivos do tipo
formulários, documentos, vídeos, entre outras aplicações.
De acordo com o Google (2018), o serviço da aplicação do Google Sala de Aula já conta
com mais de 80 milhões de alunos e professores em todas as partes do mundo, facilitando a
comunicação entre os processos de ensino e aprendizagem.
O Google Sala de Aula é gratuito e restrito aos estudantes e funcionários cadastrados pela
escola. Este cadastro é vinculado a um domínio relacionado à instituição, promovendo assim
mais autenticidade e organização dos assuntos relacionados à escola, além do mais, o Google
Sala de Aula não exibe anúncios e nunca usa conteúdo ou dados dos alunos para fins
publicitários.
Outra vantagem desse aplicativo é a redução do uso do papel em sala de aula, visto que as
tarefas, avaliações, redações, feedbacks, relatórios de diagnósticos e desempenhos são
realizadas através de ferramentais digitais. Dessa forma contribui e exemplifica o uso
sustentável dos recursos ambientais.
O aplicativo da Google propõe facilitar as interações dessas atividades como ferramenta de
gestão de sala de aula, tais como distribuições de tarefas, compartilhamento de informações,
realização de feedbacks remotos e em tempo real, atribuições de conceitos, comunicação aos
pais dos resultados de desempenhos. Outro ponto relevante é o conceito do que significa estar
presente em sala de aula. Esse conceito é mais agravante quando se trata de um curso de
língua estrangeira, onde a participação do aluno em atividades comunicativas, sejam orais ou
escritas, são indicadores essenciais na construção das competências no acesso à
aprendizagem de um novo idioma.
A ferramenta do Google Sala de Aula está composta de outras aplicações do Google For
Education, como o Google Documentos, Google Apresentações e Google Formulários. Em
especial destaque o uso do Google Documentos para o desenvolvimento de competências de
expressões escritas, através de redações de textos individuais ou colaborativos, em textos
online, diminuindo o uso de papel em sala de aula. Além do mais, o mecanismo de busca
Google, interage diretamente dentro da aplicação do Google Documentos, facilitando as
pesquisas de fontes de informações nas composições de expressões escritas. Outra aplicação
que se destaca é o Google Apresentações, quando se trata de competências de expressões
orais. A ferramenta facilita o mecanismo de apresentações na sala de aula, bem como de
forma remota, as explanações em miniaulas, seminários sobre países, cultura hispânica, árvore
genealógica, entre outras atividades. Esta aplicação também permite que se trabalhe de forma
colaborativa, onde vários alunos trabalham na mesma apresentação. O professor pode
acompanhar a construção da aprendizagem do grupo, como de cada aluno individualmente.
Um outro ponto que merece uma atenção especial é o feito de anexar os Google Formulários
dentro do aplicativo Google Sala de Aula. Esta ação facilita o uso de exercícios de fixação,
simulados, exames de nivelamento, avaliações de unidades. O Google Formulário encurta o
caminho entre a aplicação da avaliação e a entrega dos resultados obtidos pelo aluno,
diminuindo a ansiedade em receber o resultado de seu desempenho. O aluno tem a autonomia,
dentro e fora da sala de aula, de verificar o desenvolvimento de sua aprendizagem através de
exercícios com feedbacks pré-formulados pelos professores, deixando as dúvidas e a
ampliação do conhecimento para que sejam esclarecidas na sala de aula ou através da
interação promovida no Google Sala de Aula.
Um exemplo prático de sala de aula invertida com o uso do Google Sala de Aula.
Parece haver, no universo das palavras, uma hierarquia lexical quando se trata de
construção da aprendizagem de um novo idioma. Nesse processo de aquisição linguística, é
comum o acesso às palavras bases que compõem a construção de um vocabulário cotidiano.
Palavras como casa, livro, maçã, porta, carro são alvos certos nos livros didáticos. Embora seja
importante se basear na frequência das palavras mais comuns, aprender vocábulos como
dobradiça, cais, orçamento, pegadas, alavanca, que não fazem parte do dia a dia de sala de
aula, pode trazer um diferencial na qualidade de um falante de um idioma estrangeiro.
La Palabra del Día é um exemplo prático de uso de uma metodologia ativa. Trata-se de uma
dinâmica de sala de aula realizada através de ensino híbrido, fruto de minhas práticas
pedagógicas do curso de espanhol no Senac Pernambuco, com abordagem de sala de aula
invertida com o aplicativo Google Sala de Aula.
Com o aplicativo do Google Sala de Aula, se lança com antecedência, uma palavra de
léxico menos usual da língua espanhola na plataforma e solicita aos alunos que escrevam uma
frase com dita palavra. Os alunos escrevem suas frases em casa, no trabalho ou em qualquer
lugar através de computadores, tablets ou smartphones. Na sala de aula, de acordo com a
estratégia do professor, os alunos lêem suas frases em voz alta. Pode-se aproveitar para
realizarmos debates e ampliar o conhecimento ou habilidade dos alunos. A cada dia uma
palavra distinta.
Dependendo do nível da turma A1, A2, B1, CI o C2, marcos referenciais para o domínio de
um idioma, o professor pode contar com variações: a) Expressão idiomática do dia; b) Pergunta
do dia; c) Pretérito indefinido do dia, entre outros. O aluno pode contribuir com a atividade
anexando frases, vídeos, links de site que contenha o vocabulário do dia.
É uma atividade de sala de aula invertida para alunos de diversos níveis linguísticos ou
distintas disciplinas. Esta prática pode ser replicável para os professores de diversas
disciplinas.
A dinâmica intitulada La Pregunta del Día, possibilitou mais espaços de comunicação,
criando grupos para debater os temas propostos, dentro e fora da sala de aula. É uma boa
maneira de incorporar as inovações tecnológicas de sala de aula invertida, dentro do ensino
híbrido.
Metodologia
Resultados
alunos acessando a internet desde a sua residência é de 100%, facilitando deste modo a
aplicação da metodologia de sala de aula invertida.
Por ter acesso à internet em casa, ficou mais evidente que 43,5% do desenvolvimento das
atividades vinculada no Google Sala de Aula no processo de ensino híbrido foram realizados
em casa, conforme gráfico 2. Por outro lado, o grupo de alunos que desenvolviam suas
atividades apenas em sala de aula, 8,7%, mencionaram que, por sair muito cedo de casa e por
desenvolver as atividades laborais durante todo o dia, reservavam o começa da sala de aula
para escrever e enviar as suas atividades de sala de aula invertida.
Considerações finais
A utilização do Google Sala de Aula, durante o ciclo das aulas, configurou-se como um
momento para confirmar as potencialidades da metodologia híbrida no processo de sala de
aula invertida. A interação, na língua espanhola, entre os alunos e professor serviu para
ampliar vocabulário, desenvolver expressões orais e escritas, além de promover o uso da
tecnologia em atividades de aprendizagem, inovação e motivação, dentro e fora de sala de
aula. É possível afirmar que este modelo pedagógico possa ser aplicado em 100% dos casos,
evidenciando que o aluno precisa de mínimos recursos e conhecimentos tecnológicos. O que
se nota é que a metodologia de sala de aula invertida, no processo híbrido, amplia o espaço na
construção da aprendizagem de forma mais atrativa.
A atividade intitulada La Palabra del Día ampliou o léxico dos alunos, pois se trata de
ensinar, através da plataforma Google Sala de Aula, um vocabulário não muito comum ao
cotidiano do aluno. O feedback desta atividade se fez após a leitura das frases pelos alunos,
deste modo, a correção dos erros se transforma em uma oportunidade de aprendizagem para
todos, desenvolvendo as competências de expressão escrita e de compreensão de leitura.
Aproveitando esta preparação antecipada, o professor pode dedicar mais tempo a
implementar estratégias de aprendizagem ativa com os alunos bem como realizar pesquisas ou
trabalhar em projetos em equipe. Também foi possível utilizar o tempo de aula para comprovar
a compreensão dos temas de cada aluno e, quando necessário, ajudá-los a desenvolver a
fluidez de procedimentos através de apoio individualizado, permitindo realizar ao professor,
durante a aula, outros tipos de atividades mais individualizadas com os alunos, pois permitiu
uma distribuição não linear das mesas na sala de aula, e com esta mudança potencializou o
ambiente de colaboração. E fomentando a colaboração do aluno, foi possível reforçar sua
motivação.
O Google Sala de Aula mostrou ser uma ferramenta de gestão de sala de aula eficaz no
processo da metodologia de sala de aula invertida, pois serviu como elo entre as atividades
virtuais e as atividades presenciais, diminuindo o vínculo entre estes dois espaços,
transformando em um único propósito: a construção do conhecimento.
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