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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - UFMG

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS - IGC


INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE MINERAIS

RESUMO SEMINÁRIO – LÍTIO

Gabriel Tadeu Jacintho, Lislye Corrêa de Faria, Neirielle Silva Almeida

O primeiro composto com lítio foi descoberto em 1800 pelo político e químico brasileiro José Boni-
fácio de Andrada e Silva em uma ilha na Suécia. O lítio se mostra um elemento de grande impor-
tância para a atualidade por estar presente em praticamente todos os eletrônicos modernos: é um
importante composto utilizado na fabricação de pilhas e baterias. O lítio ganhou destaque mundial
neste ano quando os pesquisadores John B. Goodenough, M. Stanley Whittingham e Akira Yoshino,
responsáveis pela criação das baterias à base de íons de lítio, foram laureados com o Prêmio Nobel.
A denominada petalita (LiAlSi4O10) serviu como primeiro material de partida para detecção
do elemento, na época similarmente comparado ao sódio e potássio, que recebeu o nome de lithi-
on/lithina (do grego lithos que significa “pedra”, em uma comparação com elementos já descober-
tos – como o potássio – que eram fortemente ligados às soluções líquidas). O isolamento do lítio
puro só foi alcançado em 1821 por W.T. Brande e Sir Humphry Davy através da hidrólise de óxido
de lítio (processo que já havia sido utilizado para isolar potássio e sódio). Brande foi o responsável,
também, por estimar pela primeira vez algumas das propriedades do lítio, como massa atômica e
formação de sais como o cloreto.
Em 1855, Robert Bunsen e Augustus Matthiessen estabeleceram uma metodologia para a
produção de lítio puro em larga escala a partir de cloreto de lítio, esta descoberta deu início à pro-
dução comercial em 1923 pela empresa alemã "Metallgesellschaft AG" a partir dos sais de cloreto
de lítio e cloreto de potássio num processo que é utilizado até hoje – via eletrólise da mistura fundi-
da de 55% de cloreto de lítio e 45% de cloreto de potássio sob 450ºC.
A primeira aplicação em larga escala foi a produção de graxas para os motores de aeronaves
durante a Segunda Guerra Mundial, devido a propriedades como alto ponto de fusão e menor corro-
são, comparadas a outras graxas alcalinas. A demanda de lítio aumentou drasticamente durante a
Guerra Fria com o desenvolvimento de novas armas nucleares na produção do trítio (com o Lítio-6
e o Lítio-7) e na produção de combustível utilizado dentro das bombas de hidrogênio (na forma de
deutério de lítio).
Os EUA se tornaram um dos maiores produtores de lítio e, com o fim da corrida nuclear e o
declínio da demanda, as várias minas que extraiam lítio das salmouras (método menos custoso que a
extração em minas abertas ou subterrâneas) foram fechadas e o principal método de obtenção tor-
nou-se a extração de minas de pegmatito de granito. A partir do século XXI, a criação das baterias
iônicas de lítio reacendeu a demanda por lítio e a extração de salmoura foi expandida para atender
as indústrias desse setor que, hoje, é o maior mercado consumidor de lítio.
Embora o lítio não seja encontrado na natureza no seu estado nativo por causa de sua alta re-
atividade, este elemento é encontrado em concentrações de 0,14 a 0,25 partes por milhão (ppm) na
hidrografia marinha, em concentrações aproximadas de 7 ppm em fontes hidrotermais e na crosta
terrestre de 20 a 70 ppm. Atualmente, os depósitos de lítio se concentram na no Continente Ameri-
cano, sendo encontrado em toda a extensão da cordilheira dos Andes e nas piscinas de água salgada
em Nevada/EUA. Estima-se que metade das reservas mundiais conhecidas estão armazenadas sobre
os declives do leste central dos Andes na Bolívia, mas este território ainda é pouco explorado. O
Chile é o principal produtor de lítio, seguido pela Argentina e Estados Unidos. Hoje, o lítio é em-
pregado nos mais diversos setores, como a produção de novos materiais cerâmicos, polímeros, ligas
metálicas, baterias, graxas lubrificantes, aditivos automotivos, fármacos, etc.

BELO HORIZONTE
2019

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