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RESUMO

O NOVO ESTADO INSDUSTRIAL  CAPÍTULOS 3 E 4.

John Kenneth Galbraith.

Resumo, do aluno Marcelo de Jesus da Mata,


apresentado como requisito parcial de Avaliação
da Disciplina Dinâmica Capitalista ministrada
pelo Profº. Dr. Joaquim Miguel Couto.

A Natureza do Planejamento Industrial

O planejamento até o fim da 2ª Guerra Mundial, ou até um pouco depois, não


havia rejeição. Viver em uma sociedade organizada era uma meta para a sociedade norte-
americana. O planejamento era um meio eficaz de evitar, ou pelo menos tentar, evitar ou
amenizar problemas, acreditados como evitáveis. Um bom planejador tinha seus méritos
reconhecidos; tanto que, o governo dos EUA tinha uma junta de planejamento.

Com a Guerra Fria, o planejamento adquiriu uma conotação ideológica. Os


políticos americanos viam o planejamento como uma idéia perigosa vinda do outro lado da
cortina de ferro. Confundia-se planejamento com restrição de liberdade. A URSS utilizava o
dito planejamento central dos meios de produção. Então o planejamento passou a não ser bem
visto dentro dos EUA. O livre mercado passou ser o paradigma da sociedade norte-americana.
O que foi inoportuno; pois, foi num momento onde, devido à evolução da tecnologia, havia
um extenso planejamento de novas plantas industriais. Segundo Galbraith, “A condição do
uso do vocábulo planejamento excluía a reflexão sobre a realidade do planejamento”.

Há um arrefecimento na rejeição ao planejamento. Porém, no tocante as altas


cúpulas, há ainda muita resistência ao planejamento, e.g., bancos, grandes empresas, etc. E
isso não é desarrazoado; pois, realmente há a conveniência pessoal.

“Toda discussão sobre planejamento realizada pelo Governo chamará atenção(grifo nosso)...para o
planejamento das empresas...”(Galbraith, p. 54, 1997)

Há dois tipos de planejamento: O primeiro é o da empresa capitalista e o segundo


o planejamento do mercado como um todo. A empresa organiza-se para maximizar seu lucro;
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i.e., tenta prever e programar suas contingências. O que consubstancia o planejamento do


mercado; pois, se assim não for, o planejamento das empresas fica comprometido. “Muita
coisa do que a firma considera planejamento consiste em minimizar as influências
descontroladas do mercado.”

Há várias estratégias para enfrentar a crescente incerteza dos mercados. Pode-se


focar na principal fonte de receita da empresa. Um pouco pode ser conhecido sobre a conduta
futura do mercado de consumidores utilizando-se de pesquisa de mercado. Operações em
grandes escalas podem absorver uma parte das incertezas do mercado. A diversificação
também é muito utilizada; pois, como no adágio muito conhecido dos negociantes: “Não se
deve colocar todos os ovos no mesmo cesto”.

As estratégias mais comuns exigem que o mercado seja substituído por uma
fixação autoritária dos preços e das quantidades. As três estratégias mais conhecidas são:

1. Suplantar o mercado;
2. Controle pelos vendedores ou compradores; e,
3. Suspensão por meio de contratos entre compradores e vendedores.

Todas essas estratégias são características conhecidas no sistema de planejamento.

A integração vertical é um meio de suplantar o mercado. A unidade de


planejamento assume a direção da fonte de insumos ou da distribuição da produção, quando
não de ambas. O exemplo mais visível são as firmas dependentes de insumos escassos, e.g.,
petróleo, bauxita, etc. Há o perigo de esses insumos estarem à disposição a preços
inconvenientes ou incertos.

“Controlar o abastecimento  não confiar no mercado, porém em suas próprias fontes de


abastecimento  é uma medida de proteção elementar.”(Galbraith, p. 59, 1997)

O tamanho da empresa é a condição sine qua non no controle do mercado onde


atua. O controle do preço não é o único fator, a quantidade ofertada também o é. E, o tamanho
da empresa torna isso possível. Numa economia em que as unidades são grandes as firmas
podem eliminar as incertezas entre si por meio de contratos.

Mesmo na agricultura, fora do sistema de planejamento, o Governo intervém


garantindo demanda e preço mínimo.
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Em firmas com produção que necessitam muito de capital e tempo de maturação


o controle via planejamento é necessário, e.g., indústria aeroespacial, energia, grandes obras,
etc. O Estado dá suporte a essas firmas, age como uma agente a mais no mercado.

“A economia inteiramente planejada, longe de ser impopular entre os reconhecidos amigos da livre
iniciativa, é vista com agrado pelos que a conhecem melhor.”(Galbraith, p. 62, 1997)

Dois pontos em evidencia. Em primeiro lugar, o planejamento industrial é


francamente ligado ao tamanho da firma. Não é a era dos pequenos. A retirada dos mesmos se
deu pelo poder de monopólio das grandes empresas. Pois, elas têm capacidade superior de
extração de lucros e essa é a vantagem decisiva. A pequena firma competitiva não tem
condições de inovar constantemente devido as despesas advindas de tal empreendimento.
Uma economia baseada em pequenas empresas a inovação tecnológica deveria estar ausente,
para estas sobressaírem. Haveria plena concorrência entre as mesmas e o planejamento seria
desnecessário. Em segundo, o inimigo do mercado é o engenheiro, não a ideologia. Na URSS
e nas economias correlatas os preços eram determinados pelo Estado e a produção
determinada pelo planejamento central. Já, nas economias ocidentais as grandes firmas
dominam o mercado. Determinam preço e demanda para suas vendas. Os inimigos do
mercado não foram os socialistas.

Em ambos os casos, os inimigos são a alta tecnologia, a especialização e a


organização de mão-de-obra e processos que ela requer e o resultante investimento de tempo e
capital.

“...fazem o mercado funcionar mal quando se necessita de maior segurança  quando o


planejamento é fundamental.”(Galbraith, p. 64, 1997)

O aparelho de planejamento socialista e as grandes firmas ocidentais são respostas


diversas para mesma questão: Como alocar melhor a oferta, a distribuição e a demanda?
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Planejamento e Oferta de Capital

O planejamento manifesta-se fisicamente em bens de capital; capital este,


originário das poupanças e nos recursos econômicos que empresas e indivíduos dedicam a
aquisição ou construção que irão permitir maior consumo. Ou, um consumo diferenciado o
futuro.

Como visto anteriormente a tecnologia e o investimento de tempo a ela


relacionado estão ligados a grandes necessidades de capital. No entanto, constata-se que há
um grande fornecimento de capital. É uma oferta planejada para que haja uma minimização
da dependência desse próprio capital. O planejamento não incorpora em si mesmo mecanismo
algum de acomodação entre oferta e demanda, diferentemente; presumivelmente, do mercado.
Há intervenção humana. Ocorre quanto à oferta de poupança para a formação de capital. A
conseqüência é que caberia ao Estado definir como seria investida a poupança. A chamada
Revolução Keynesiana, com exagero de alguns economistas.

Uma das particularidades do planejamento e a escala de sua produção. Os


indivíduos podem economizar mais facilmente de grandes rendas. Muito recentemente o
individuo comum passou a ser fonte de poupança, e de pequena importância é preciso frisar.
A poupança tem origem no uso do “bom senso” relacionando o custo/benefício entre o
consumo e a procrastinação do mesmo; em resumo, no individualismo e utilitarismo.

Mesmo assim nos EUA, a poupança é mais comum entre as grandes rendas e
empresas. Reflete que o cidadão médio não tem o papel de fornecedor de poupança; e sim, de
consumidor. Paralelo a produção há um esforço no convencimento para o consumo dessa
produção.

“O padrão de vida de uma família torna-se um indicador de suas realizações.”(Galbraith, p. 67,


1997)
O que contribui para garantir que a produção, e paralelamente, o consumo, seja a
medida do êxito social.

Como o uso do capital é intenso e grande, há incerteza quanto aos prazos e


condições de obtenção. O que é um fator de preocupação. Portanto, a oferta suficiente e em
prazos convenientes, é estratégico no planejamento industrial. Daí certo poder concedido ao
fornecedor de poupança, muito diferente do que ocorre com os outros fornecedores de
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insumos diversos que não capital. E, caso a firma tenha em seus ganhos uma fonte de capital
segura, tem autonomia para planejar.

“... não corre assim os riscos do mercado, não concede autoridade a estranhos, tem pleno controle
sobre sua própria taxa de expansão, sobre a natureza se expansão e sobre decisões no tocante a
produtos, fábrica e processos.”(Galbraith, p. 68, 1997)

Sabendo-se capital e mão-de-obra substitutos, ainda que imperfeitos; ex post, uma


vantagem a internalização do capital, i.e., sem influencias externas. Uma diminuição na
proporção de mão-de-obra significa uma diminuição na influência externa dos sindicatos, o
que, por sua vez aumenta o poder de planejamento.

Em uma economia formalmente planejada a decisão básica de poupar é do Estado.


De dois modos: tributação e obtenção de lucros para re-investimento. O poder dos
planejadores substitui o ponto de vista dos indivíduos. O que gera muita inquietação.

Nas economias ocidentais, a poupança industrial tornou-se, em comparação, quase


imperceptível. Os planejadores fazem ouvidos moucos às lamurias dos acionistas. Já, os
sindicatos têm oportunidade de pleitear aumentos de salários, devido aos altos ganhos retidos.

“Quando se pressiona demais a poupança dos acionistas, existe alguma possibilidade de seu desejo
de vender ser aproveitado por uma oferta de encampamento das ações, com a conseqüente ameaça
ao poder exercido pela administração existente.”(Galbraith, p. 70, 1997)

A citação acima invoca a possibilidade de uma restrição à poupança. Mas, isso só


acontece em firmas menos grandes. Não na GM, Exxon e IBM, o tamanho dessas empresas é
uma defesa forte o suficiente.

Sua natureza deve ter uma interpretação adequada. As decisões são tomadas em
sua maioria pelas administrações de centenas de firmas. É a origem dos grandes recursos para
o crescimento da economia.

Há uma grande celebração à idéia de que o mercado determina o preço, equilibra a


oferta e a demanda. O que não é uma característica do planejamento. Não há no mercado
mecanismo relacionando as decisões de poupança e investimento.

“... um dos motivos para desenvolver as fontes internas de poupança é libertar a firma das
incertezas da taxa de juros, é evidente que a decisão sobre essa poupança não será afetada pela
taxa de juros.”(Galbraith, p. 71, 1997)
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Se não houver utilização das poupanças há uma redução na demanda de bens. As


vendas caem. O emprego cai. Os investimentos reduzem-se. Uma trajetória para a recessão e
depressão.

No caso oposto, as empresas buscam investir, haverá mais gastos para


investimentos e consumo. Haverá aumentos de preços no mercado fora do planejamento.
Inflação.

Para evitar tanto um caso como outro o Estado é que tem o poder de interferir nas
“engrenagens” da economia. Essas engrenagens estão fora do poder do planejamento
industrial.

Há a possibilidade de assimetria entre oferta e demanda de poupança. Esse


problema é mais acentuado em países pobres ou em desenvolvimento. Então, um controle 
uso prudente  sobre a aplicação dessa poupança é necessária. Não é o caso dos países
desenvolvidos, uma preocupação dessas é no mínimo excêntrica. Estudos são feitos para
verificar se não haverá sobra de poupanças. Se não for feito há um alto risco de recessão e
depressão.

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