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LINGUAGEM E ESTILO

- USO EXPRESSIVO DO ADJETIVO E DO ADVÉRBIO; A IRONIA, A SINESTESIA


- A DESCRIÇÃO DO REAL E O PAPEL DAS SENSAÇÕES
- REPRODUÇÃO DO DISCURSO NO DISCURSO

Uma das marcas estilísticas mais utilizadas por Eça de Queirós é, sem dúvida, o discurso
indireto livre, que lhe permitiu libertar a frase dos detestados verbos declarativos e da
correspondente conjunção que os completa. Este tipo de construção assimilava as características
próprias do discurso directo, nomeadamente as exclamações, as interrogações ou as interjeições,
o que satisfazia o seu realismo.
Também os recursos expressivos conferem originalidade e riqueza à prosa queirosiana. Por
exemplo, a ironia, ao mesmo tempo que serve a crítica social, confere leveza, encanto e humor à
narrativa. Em algumas descrições irrompe a sinestesia, ou seja, expressões em que se cruzam ou
se fundem diferentes sensações («luz macia» -visuais e táteis).
Eça trabalhou igualmente o adjetivo com uma expressividade surpreendente, associando-
o a elementos a que não se ligava semanticamente («sorriso mole»). Também o advérbio tem muitas
vezes uma presença inesperada na frase («remexia desoladamente o seu café»).
Em suma, em termos estilsticos, a prosa de Eça revela-se admiravelmente versátil e
maleável.

CARATERÍSTICAS TRÁGICAS
AFONSO DA MAIA
CARLOS DA MAIA
MARIA EDUARDA
Uma das dimensões importantes de Os Maias é a configuração tágica da ação, que permite
refletir sobre a incapacidade de o ser humano controlar a sua existência.
Eça confere relevo à personagem de Afonso da Maia, na medida em que aponta quer para
a sua capacidade de resistir à morte da esposa e ao suicídio do filho, quer para o facto de vir a ser
ele o educador do neto, ocupando o duplo lugar de pai e avô.
Carlos apaixona-se perdidamente por Maria Eduarda, que compara a uma deusa. A súbita
revelação da identidade da irmã vai provocar em Carlos estupefação e revolta. Contudo, incapaz
de resistir à intensa atração que Maria exerce sobre ele, consumará o incesto voluntariamente,
atitude que conduz à morte do avô, consumando as predições de Vilaça de que as paredes do
Ramalhete seriam fatais aos Maias.
Em suma, Carlos e Maria são os últimos elementos da família Maia, simbolizando, tal como
os outros membros da família, a desgraça e a fatalidade.
Visão global da obra e estruturação:
título e subtítulo
intriga secundária
intriga principal
Numa época em que o descrédito político era evidente, Eça de Queirós reflete, na sua obra,
sobre a atmosfera decadente e a crise de identidade que se vivia em Portugal no final do século
XIX.
Através da analepse inicial, o leitor é confrontado com a intriga secundária, recebendo
informações sobre a juventude e casamento de Afonso, a infância, a educação e os amores de
Pedro, bem como sobre a educação e estudos de Carlos. A intriga princpal relata os amores
incestuosos de Carlos e Maria Eduarda.
É de salientar que o título da obra remete o leitor para a história trágica de uma família da
aristocracia lisboeta ao longo de várias gerações: Caetano, Afonso, Pedro e Carlos da Maia. Já o
subtítulo, Episódios da Vida Romântica, encaminha o leitor para o ambiente social da época
relatado, retratando de forma satírica, mas realista, a Lisboa de finais do século XIX.
Em suma, a impressão geral que nos fica é a de uma sociedade decadente, despersonalizada,
apática e sem vontade de progredir.

REPRESENTAÇAO DO SENTIMENTO E DA PAIXÃO


PEDRO, CARLOS, JOÃO DA EGA

Em Os Maias, o sentimento e a paixão vividos intensamente por três personagens: Pedro,


Carlos e João da Ega.
A paixão exacerbada de Pedro por Maria Monforte desperta o seu excessivo
sentimentalismo. Assim, não obstante a recusa do pai para se casar com ela, Pedro desafia a sua
autoridade e envereda numa relação muito instável que acaba por levá-lo ao suicídio.
Desde os seus anos de estudante em Coimbra, Carlos vive vários e arrebatados amores e,
quando chega a Lisboa, depois de protagonizar uma relação fugaz com a Condessa de
Gouvarinho,conhece o amor da sua vida, Maria Eduarda, acabando por envolver-se intensamente
numa relação amorosa proibida, que o marca tragicamente.
O sentimento amoroso é igualmente visível no relacionamento de João da Ega com Raquel
Cohen, que concretizam o seu amor na Vila Balzac. Quando a relação adúltera é descoberta, Ega
é expulso por Cohen do Baile de Máscaras e humilhado, refugiando-se em Celorico.
Em suma, apesar de existirem várias relações amorosas na obra, todas elas têm um final
infeliz.

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