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A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR PARA O DESENVOLVIMENTO PEDAGÓGICO

DOS ALUNOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL


THE IMPORTANCE OF PLAYING FOR THE PEDAGOGICAL DEVELOPMENT
OF CHILD EDUCATION STUDENTS

Cristiane dos Santos Silva


Raquel Maria de Assunção de Lima
Vanessa da Silva Souza

RESUMO
O presente artigo tem como centralidade o estudo da aprendizagem lúdica como característica
principal da educação infantil. Parte do momento histórico da era medieval no qual a criança
era vista como mini adultos e não possuía acesso à escola e direito a brincar. A partir do
desenvolvimento da sociedade capitalista, com o surgimento de importantes pensadores como
Froebel, Vygotsky, Maria Montessori e com a evolução na área da educação, viu-se a
necessidade da introdução do lúdico na educação infantil atribuindo valores e significados
importantes na primeira infância. A pesquisa visa resgatar a importância do brincar no processo
de ensino aprendizagem dos alunos da educação infantil enfatizando que a brincadeira pode ser
incluída nos conteúdos a serem aplicados pelos professores, com o intuito de estimular a
aprendizagem de uma maneira divertida e agregadora garantindo assim um ensino de qualidade,
significativo e participativo para as crianças partindo da fase em que se encontram. Este
trabalho é fruto de pesquisas bibliográficas, através de artigos, livros e sites especializados, os
quais reforçam e confirmam que nenhum professor deve deixar de trabalhar a ludicidade em
sala de aula visto que esta torna o aprendizado agradável e essencial a construção do saber. Em
suma, o texto indica que o lúdico utilizado de maneira correta pelo professor que é o principal
mediador e facilitador, e que deve sempre levar em consideração as experiências educativas
que o aluno trás, o que estimula nas crianças a imaginação, criatividade, liberdade de expressão,
reconhecimento e interação com o meio, que proporcionará habilidades para a vida adulta.
Palavras-chaves: Ludicidade; Aprendizagem na Infância; A importância do Brincar.

ABSTRACT
This academic research aims the study of the playful learning as the main feature of the child
education. It begins from the historic period of the medieval era were children were faced as
little adults, with no right of schooling and playing. Up to the development of the capitalist
society, the arising of important thinkers such as Froebel, Vygotsky, Maria Montessori and
with natural evolution on education field, it was seen the need of introducing playful activities
for children assigning values and important meanings upon early childhood. The present study
tries to recover the importance of playing in the process of learnig with students on child
education, remarking that playings must be included in the school content programs by teachers.
The idea is to stimulate learning in a fun and aggregating way ensuring high qualilty and
meaningful learning for kids at the stage they are. The present paper is based on bibliographic
research, articles and specialized internet sites wich confirms that teachers should work on a
playful basis inside the classroom making learning pleasant and essential to acquire knowledge.
At last, our purpose is to point that the teacher is the mediator and facilitator of learning and
must use playful activities properly. Educators also are expected to consider the previous
experiences of the students, stimulating imagination, creativity, freedom of expression and
environment interaction, important skills for a future adult life.

Key-words: Playful; Learning in Children; The Importance of Playing.

INTRODUÇÃO

A humanidade desde a antiguidade busca descobrir, aprender e imitar, isso tudo ocorre
porque há necessidade de evoluir, de crescer e de conquistar tudo o que for possível para a sua
subsistência.

A evolução na área da educação esta em constate mudanças visto que em tempos


remotos as crianças nem eram tratados como tal e nem havia o interesse pela defesa de seus
direitos de brincar e aprender, apenas imitavam os adultos em suas atividades de trabalho.

Devido a essa história degradante e de trabalho escravo infantil foi se percebendo a


necessidade de desenvolver diferentes maneiras de se educar e desenvolver as habilidades
necessárias para que as crianças conquistassem de fato autonomia.

Atualmente as escolas perceberam que para as crianças conquistarem de fato autonomia


foi necessário incluir na educação infantil o lúdico, pois é através do brincar que as crianças se
preparam para o futuro, aprendem a se relacionar e interagir na adolescência e na vida adulta.

As brincadeiras desempenham papel importante e estimulam o desenvolvimento,


incentivando a socialização com o objetivo de refletir a maneira como os pequenos entendem
o mundo.

O primeiro Jardim de infância em 1837, termo criado pelo alemão Friedrich Froebel
(1782-1852) Fez com que as crianças adquirissem seu espaço e então pudessem ser estimuladas
e auxiliadas no processo de aprendizagem da forma lúdica e afetiva trazendo a elas momentos
importantes para o desenvolvimento de habilidades necessárias.

Dessa forma, para que o futuro não fosse um peso e sim um mundo no qual tivessem
prazer em conhecer e conviver com o outro de uma forma totalmente estruturada devido a sua
base ter sido apoiada numa construção de pensamentos e habilidades criadas e recriadas durante
suas brincadeiras e visualizadas através dos brinquedos.
Froebel dizia que as crianças eram pequenas plantinhas e o professor (a) o jardineiro
(a). Foi o primeiro educador a enfatizar o brinquedo a atividade lúdica e aprender o significado
da família gestual, corporal, sonora, verbal, entre outras. Idealizou recursos para as crianças se
expressarem, como blocos de construção que oportunizava atividades criadoras.

Para o psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky o papel do brinquedo pedagógico é


justamente o de proporcionar o desenvolvimento da criança, não é apenas objeto no qual se
obtenham prazer por possuí-lo, mas sim por sua importância na conquista de habilidades antes
pouco exploradas pelos adultos e professores. Brinquedos auxiliam no processo de criação e
afloram a imaginação.

Vygotsky (SOUZA, s.d.) afirma ainda que a brincadeira proporciona aprendizado


fazendo com que a criança se relacione com o outro, entenda as relações humanas, seu papel
nelas, construindo sua identidade. É no faz de conta que a criança tem a oportunidade de ser
aquilo que ela ainda não é, ou seja, através do seu imaginário ela vive suas próprias fantasias,
agindo como se fossem maiores, imitando os adultos.

Baseando-se no pensador Vygotsky (RODRIGUES, 2014) e a importância dos


brinquedos pedagógicos está cada vez mais se destacando para compreender a aprendizagem
infantil. Ao entrarem em contato com brinquedos adequados e adaptados para a idade, as
crianças do Infantil aprendem muito e conseguem desenvolver diversas habilidades, tais como;
a percepção, inteligência, compreensão, criatividade e capacidade.

Para as crianças, brincar é como viver em um mundo mágico cheio de surpresas,


descobertas e alegrias. O brinquedo certo pode proporcionar momentos de lazer, diversão e
aprendizagem. É importante considerar que esses fatores são de extrema importância para o
desenvolvimento físico, psicológico, cultural e social dos alunos.

É absolutamente normal a prática de brincadeiras entre as crianças de 0 a 5 anos, pois


essa prática faz parte da fase em que eles se encontram. Para concretizar a aprendizagem através
da brincadeira, é de extrema importância que o professor (a) seja a principal mediador (a) nesse
processo, ele (a) deve assim utilizar as brincadeiras com os alunos de forma que promova o seu
desenvolvimento e estimule seu aprendizado fazendo uso de diversos materiais, jogos e
brincadeiras. Além disso, é necessário que o mediador (a) acompanhe as brincadeiras, os
avanços, as preferências, a realidade e a aprendizagem ao utilizarem os brinquedos.
Figura 1: Sala adaptada com brinquedos ao alcance das crianças. (LIMA, 2018)

A figura 1 está representando uma sala de aula, na qual os brinquedos devem estar ao
alcance dos alunos, organizados em prateleiras para facilitar o acesso para os mesmos. Cabe
considerar que deve haver brinquedos diferenciados que os estimulem na aprendizagem. Pintar,
mexer com a terra, escalar brinquedos, se movimentar deve ser práticas comuns no cotidiano
escolar.

Para Huizinga (1999), o jogo, o brincar, deve ter caráter de liberdade para as crianças
irem muito além das suas fantasias, deve ser uma atividade voluntária e quando imposta deixa
de ser uma brincadeira ou um jogo, ou do faz de conta.

Todos os autores citados neste trabalho são referências importantes para os profissionais
da educação, suas metodologias e pesquisam contribuem e facilitam a mediação entre professor
aluno e o brincar.

METODOLOGIA

O método utilizado nesse trabalho foi o da revisão bibliográfica para análise das práticas
do brincar para o desenvolvimento pedagógico na educação infantil, foram identificados artigos
e livros relevantes sobre o tema.
O tema foi abordado por vários ângulos: Foi feito uma busca sobre o histórico do lúdico
na educação infantil, foram avaliados artigos e um estudo clássico sobre a infância como
construção social.

O Google acadêmico e a SciELO foram fontes de busca e as palavras chaves Ludicidade,


aprendizagem na infância, A importância do brincar.

2. QUATRO MOMENTOS DO DESENVOLVIMENTO DO BRINQUEDO NA


SOCIEDADE OCIDENTAL

2.1 O contexto social das crianças na era medieval

De acordo com Philippe Ariés, em sua clássica obra: (A história social da infância e
da família), muito antes de serem disseminadas as teorias de Froebel, existia um ambiente
totalmente inadequado para a criança, que não se relacionava com os adultos de forma inocente
e eram usadas em atos ilícitos e todo o tipo de trabalho escravo como se fosse adulta em
miniaturas.

A preocupação pelo seu bem estar social, educacional não existia, os adultos da época
entendiam que não era necessário se preocuparem com a formação educacional, não se
respeitava as transições de uma fase para outra, misturavam-se todas as idades e lhes ofereciam
quase nada para construírem seu próprio intelecto. Ariés afirma:

A educação praticamente só começava depois dos sete anos. E esses escrúpulos


tardios de decência devem também ser atribuídos a um inicio de formação dos
costumes, sinal da renovação religiosa e moral do século XVII. Era como se o valor
da educação começasse apenas com a aproximação da idade adulta. (ARIÉS, 1960, p.
77)

A realidade de que trata a situação é que as crianças dessa época medieval eram
projetadas para se tornarem adultos aos 14 anos sem ao menos ter a chance de se sentir uma
criança, os aprendizados construídos pelos reis e rainhas não procuravam ensiná-los ou ajuda-
los a desenvolverem suas habilidades cognitivas ou motoras, mas o interesse verdadeiro era em
jogá-los na vida adulta com ensinamentos sobre uma vida social e sexual sem que realmente
compreendessem o que significava tal comportamento apenas se desprendiam da obrigação de
orientá-los.
Entre os sec. XVIII e XIX a infância começou a ser valorizada, de maneira que
começaram a inquietar-se para buscar soluções que transformassem a infância num momento
que fosse cheio de oportunidades para se desenvolverem de uma forma lúdica, boa e divina
longe das más influências da sociedade que estava deteriorada e carregada de homens e
mulheres adultos que não se sentiam realizados por não terem vivido sua infância com um
cuidado diferente, no qual pudessem aprender, e expressar seus saberes.

Nessa época tenebrosa não se conseguia obter sucesso na educação nem tão pouco
progresso para a atual sociedade. O índice de crianças mortas, em trabalhos escravo, guerras,
era assustador, em suma os adultos não sabiam como deveriam criar seus filhos, ou ensiná-los.

O livro História social da criança e da família trabalhava a sensibilidade adulta acerca


da infância em sociedades europeias, tomando o final da Idade Média como ponto de
partida e o século XIX como ponto de chegada. Progressivas modificações ocorriam
nesse âmbito: a criança, à partida, é destacada apenas por seu caráter incompleto; por
um não ser adulto. Pouco a pouco, reconhecida em especificidades que são suas,
passaria a ser observada, paparicada, mimada e, finalmente, amada. Essa longa
trajetória, contudo, teria sido acompanhada por acentuadas mudanças na agremiação
familiar e pelo decréscimo nas taxas de mortalidade infantil, que, por si mesmas,
teriam acentuado o apego dos adultos por suas crianças. A tese de Ariès consolidava,
assim, a suposição de que, desde o século XVI até o século XIX, teria sido firmada a
subjetividade moderna com relação à infância. (BOTO, 2002, p.12 apud
RODRIGUES, 2014)

Felizmente em meio a essa barbárie surgem pensadores com real interesse em buscar
meios de reverter esse quadro de irresponsabilidades totalmente desumano.

2.2 Friedrich Froebel e o primeiro jardim de infância

As teorias de Froebel percorreram um longo caminho até sua chegada e implementação


no Brasil, antes desse educador pioneiro falar da grande importância que se tem ao educar
nossas crianças, respeitar o tempo de cada uma, e valorizar a importância do uso do brinquedo
e das atividades lúdicas para o pleno desenvolvimento do caráter humano, muitas crianças
perderam suas vidas sem sequer saberem que eram crianças, seus direitos a uma educação, a
proteção e respeito foram arrancados à força e seu futuro reduzido a um imenso vazio sem
perspectiva de sucesso para sempre.

O educador que se propôs a buscar respostas teve em sua própria vida experiências
que o tornaram um autodidata, capaz de compreender novas maneiras de aprendizagem. Após
perder sua mãe e ser criado pelo tio buscou formas de aprender durante o trabalho como guarda
florestal, amante da natureza, inteligente iniciou seus pensamentos teóricos baseando-se no
cultivo integral da essência divina e na apropriação de novos saberes de cada ser humano.

Identificou-se com a natureza com a Divindade e sua fé em Deus, estudou outras


disciplinas, porém seu anseio estava ligado à escola na qual seus trabalhos pedagógicos
floresceram, o educador cristão inicia sua busca incansável por melhorias no ensino da
educação infantil.

Defendia a teoria de que as crianças eram pequenas plantinhas que precisavam ser
regadas pelas jardineiras. “A criança é como uma planta em sua fase de formação, exigindo
cuidados periódicos para que cresça de maneira saudável.” (FROEBEL, 1826)

A sua explicação para essa analogia era de que apesar do jardineiro saber cultivar, se
manter atento e procurar suprir todas as necessidades da planta durante seu processo de
crescimento, existem algumas ocorrências durante esse desenvolver que acabam por serem
desconhecidas do jardineiro o que reforça a sua teoria de que a criança através do domínio pela
brincadeira e do brinquedo consegue colocar para fora seu potencial e absorver tudo o que
envolve esse momento do brincar.

No ano de 1937 Froebel (KENDZIERSKE, 2012) tinha como objetivo, criar um


ambiente com materiais diferenciados, no qual os alunos pudessem expressar seu interior.

Para ele, nos joelhos da mãe deveria começar a educação da criança, além dos
brinquedos introduziu a música, a sua intenção era provar e resguardar o direito de liberdade da
criança, pois defendia sua importância.

Em 1838 Iniciou sua produção de brinquedos que chamou de dons ou presentes,


buscou adaptá-los as necessidades dos alunos, pois acreditava que era o meio mais viável para
se construir nelas pessoas críticas, e de bom caráter.

Ao criar os dons ou presentes pelos os quais Froebel compreendia dar a devida


aprendizagem durante a brincadeira inseriu cuidadosamente do primeiro até o ultimo dom,
defendia que estava proporcionando a criança o exteriorizar o que já sabia por seus próprios
instintos e interiorizar o novo que estaria apto a aprender e absorver.

A teoria froebeliana (KENDZIERSKE, 2012) enumera os dons seguidos passo a passo:

1° Seis bolas de borracha cobertas com tecidos de várias cores;

2° Esfera cubo e cilindro de madeira;


3° Cubo dividido em 8 cubozinhos;

4° Cubo dividido em 8 partes oblongas;

5° Cubo dividido em metades ou 4 partes;

6° Cubo consistindo em partes oblongas, duplamente divididas;

7° Tabuas quadradas e triangulares para compor figuras;

8° Varinhas para traçar figuras;

9° Anéis e meio anéis para compor figura;

10° Material para desenho;

11° Material para picar;

12° Material para alinhavo;

13° Material para recortes de papel e combinação;

14° Papel para tecelagem;

15° Varetas para entrelaçamento;

16° Réguas com dobradiças;

17° Fitas para entrelaçamento;

18° Material para dobradura;

19° Material para construção com ervilhas;

20° Material para modelagem.

Conhecido como psicólogo da infância, propõe explicações a respeito das formas dos
brinquedos, para ele a esfera representava a unidade, o cubo aparece como uma representação
do corpo mostrando a variedade, segundo ele essas formas proporcionam experiências de
movimento, direção, posição.

Para cada dom citado nesse trabalho dispõe de explicações que correspondem o
processo de aquisição de conhecimento através do brincar, que eram inseridos um de cada vez
na vida da criança.
Esse processo de incluir aos poucos era pelo fato de que em cada fase a criança poderia
adquirir um novo ponto de desenvolvimento que viesse a relacionar com o que pudesse ser
futuramente, por exemplo, as atividades desenvolvidas com relação aos exercícios
arquitetônicos possíveis no 5º e 6º dons são postos na brincadeira com o intuito de realizar uma
ligação entre a atividade e a profissão de arquiteto, ou pintor e então em uma brincadeira tornar
possível uma melhor relação da criança com o produto que qualifica esse aprender.

Ele afirma que a criança terá superado o esperado em seus desenvolvimentos


intelectuais, motor e cognitivo.

Desenvolver a educação é o caminho que conduz à vida, o único que guia com
segurança à realização das aspirações internas da natureza humana e à realização
também de suas aspirações externas; o único que, mediante uma vida fiel à sua
vocação pura, santa, leva à bem-aventurança eterna. Portanto, o divino no homem, sua
essência, deve ser, mediante a educação, desenvolvido, exteriorizado e elevado à sua
plena consciência. O homem há de alcançar a livre-manifestação desse elemento
divino que nele atua expressá-la numa vida consciente e livre. Também a educação, o
ensino deve dar ao homem a intuição e o conhecimento do divino, do espiritual e do
eterno que existem na natureza exterior, os quais constituem a essência dessa natureza
e nela se expressam de um modo permanente (FROEBEL, 2001, p. 23-24 apud
KENDZIERSKE, 2012)

Para Froebel é através da brincadeira que as crianças desenvolvem diferentes


habilidades, além disso, a criança constrói sua própria cultura e seus próprios valores.

2.3 Montessori

Muitos educadores influenciados por Froebel desempenharam importante papel ao


desenvolverem métodos que mediavam o brinquedo em ambientes escolares adaptados a
necessidade de aprendizagem das crianças, entre eles está Maria Montessori.

O método de observação há de fundamentar-se sobre uma só base: a liberdade de


expressão que permite às crianças revelar-nos suas qualidades e necessidades, que
permaneceriam ocultas ou recalcadas num ambiente infenso à atividade espontânea.
Enfim, é necessário que, simultaneamente ao observador, coexista também o objeto a
observar; e se, por um lado, faz-se mister uma preparação para que o observador possa
entrever e recolher a verdade, por outro, urge predispor as condições que tornam
possível a manifestação dos caracteres naturais da criança (MONTESSORI, 1965, p.
42 apud SILVA, 2014)

Montessori defende questões importantes como as condições a serem oferecidas para


que as crianças troquem o brincar sem intervenção por um brincar dirigido, através da mediação
do professor quando necessário, e da disposição de tudo que esta na sala de aula como mobílias
adequadas para melhor autonomia e organização.

Os materiais sugeridos por Montessori são os sensoriais, que além de lúdicos e


divertidos também estimulam seus sentidos: paladar, olfato, tato e visão. Esses materiais
possibilitam a liberdade da criança, organizando seus pensamentos e proporcionando a elas
autonomia o que é de extrema importância na construção de sua própria cultura.

Brinquedos Montessorianos:

Pote da calma;

Bloquinhos multissensoriais;

Tabela de cores;

Formas geométricas;

Jogo da velha;

Bichos e carros de papelão;

Canos e bolinhas;

O método Montessoriano é baseado na individualidade de cada criança, sendo assim,


atividade e liberdade são as bases da teoria, com proeminência para o conceito de individuo,
considerando ao mesmo tempo a criança enquanto sujeito e objeto do ensino. O material
pedagógico desenvolvido é fator principal no trabalho de Montessori, pois implica na
compreensão de como as coisas funcionam e a partir delas mesmas, com objetivo claro de
estimular e potencializar as crianças, para serem curiosas e capazes de manipular os objetos
com proposito da descoberta e criatividade (POMBO, 2014, p.14).

Segundo Kishimoto (Apud, Almeida,2012)

[...] O brinquedo é compreendido como um objeto suporte da brincadeira, ou seja, é


um objeto. Os brinquedos podem ser considerados: estruturados e não estruturados.
São denominados de brinquedos estruturados aqueles que já são adquiridos prontos.
Os brinquedos denominados não estruturados são aqueles que não são
industrializados, são simples objetos como paus e pedras que nas mãos das crianças
adquirem novo significado, passando assim a ser um brinquedo, dependendo da
imaginação da criança.

Os brinquedos estruturados são os que compramos em lojas e são industrializados,


com funções já definidas, contendo regras e lógica, tais como; jogos, coleção de carrinhos,
bonecas com funções sonoras entre outros.
Podem-se considerar brinquedos não estruturados os brinquedos construídos com
materiais recicláveis, por exemplo: jogos sensórios feitos com caixas de papelão, tampinhas de
garrafas ou ainda madeiras.
Faz-se necessário que as crianças tenham acesso aos dois tipos de brinquedos, pois
esses são considerados primordiais no desenvolvimento e habilidades dos alunos. As crianças
escolhem um brinquedo não por ser o mais caro, mas sim por ser aquele que mais lhe chamou
atenção, aquele que percebeu novas possibilidades, desafios, momentos alegres e
descontraídos.

2.4 Vygotsky - A teoria do brincar

O ambiente cultural em que a criança está inserida, desperta a possibilidade de


desenvolver processos internos que ocorre através do aprendizado. Segundo Vygotsky
(RODRIGUES, 2014) os elementos fundamentais da brincadeira são: a situação imaginária, a
imitação e as regras. Através da brincadeira do faz de conta à criança desenvolve situações
imaginárias e passa a relacionar a brincadeira com o comportamento do adulto imitando-os.

No momento posterior a criança se afasta da imitação e passa a construir novas


combinações e também novas regras assumindo o papel de uma atividade cultural. Um
exemplo para afirmar essa teoria é quando a criança ao observar um adulto andando a cavalo,
tenta imitá-lo utilizando uma vassoura ou qualquer outro objeto similar. A criança, quando
estimulada, torna-se independente da relação com o objeto, atribuindo-lhe um novo significado
e expressando seu caráter ativo.

Vygotsky (RODRIGUES, 2014) afirma também que mesmo as brincadeiras de faz de


conta há regras que devem ser seguidas e são essas regras que fazem com que as crianças se
comportem de maneira mais avançada do que sua idade habitual, criando uma zona de
desenvolvimento proximal.

O brinquedo faz com que a criança se construa e se conclua no ambiente em que se


encontra de maneira muito mais complexa e reproduz o que vê através do lúdico, aprende a
separar objeto e significado, por isso Vygotsky diz que as ações intermediadas pelo brinquedo
contribuem para o desenvolvimento da criança.
Brincar é coisa séria, também, por que na brincadeira não há trapaça, há sinceridade
e engajamento voluntário e doação. Brincando nos reequilibramos, reciclamos nossas
emoções e nossa necessidade de conhecer e reinventar. E tudo isso desenvolvendo
atenção, concentração e muitas habilidades. É brincando que a criança mergulha na
vida, sentindo-a na dimensão de possibilidades. No espaço criado pelo brincar nessa
aparente fantasia, acontece à expressão de uma realidade interior que pode estar
bloqueada pela necessidade de ajustamento às expectativas sociais e familiares
(VIGOTSKY, 1994, p. 67).

Brincar é muito importante e há necessidade de se conceder condições a criança para


se descobrir e encontrar seu ponto de equilíbrio durante as brincadeiras, o que não deve ser
menosprezado pelos familiares, sociedade e principalmente pela escola que é a principal
mediadora no processo de ensino e aprendizagem.

A problemática encontrada ainda hoje é que todas as partes envolvidas no processo de


transferência e aquisição de conhecimentos excluem o brinquedo e as brincadeiras, não dando
à devida importância e considerando esse momento como inúteis e desnecessários.

Pais, sociedade e o sistema educacional ainda não aceitam, nem apoiam a liberdade do
brincar da criança na escola, processo esse que é muito importante no desenvolvimento lúdico
dos alunos, para que eles se descubram e aperfeiçoem suas habilidades. Professores estão mais
centrados em ensiná-los a ler e a escrever o mais rápido possível para conseguirem os inserir
na sociedade e conquistarem um trabalho que evite permanecerem em extrema pobreza.

Atualmente a era virtual está cada vez mais presente na rotina da população e até
mesmo das crianças, reforçando essa problemática.

A maioria da população infantil entre 2 a 7 anos de idade possuem um tablete ou


celular e perdem grande parte do tempo assistindo desenhos e jogando online, deixando assim
de vivenciar as brincadeiras e interagir uns com os outros. Há um risco de retornarmos a
períodos antigos que não valorizavam a criança e seu tempo de aprendizagem.

Quando o aluno chega na escola ele traz experiências de casa, traz o conhecimento de
jogos, de brincadeiras, pois já viveu sete anos produtivos e criativos. Aprendeu a falar,
andar, brincar. Isso não é aproveitado pelo sistema escolar. O professor parece que
pede: ‘esqueça tudo que você fez e aprenda números e coisas mais intelectualizadas’.
(D’AMBRÓSIO apud HUBNERet al.,2003)

Deve-se considerar a importância da brincadeira e do brinquedo para as crianças, pois


estes estimulam a criatividade, sensibilidade, imaginação, habilidades e experiências
agradáveis e construtivas.

As leis que temos hoje foram criadas para evitar que isso aconteça, porém, ainda não
é o suficiente. Futuros professores devem rever essa metodologia tradicional e buscar novos
meios para aprimorar o trabalho com a inclusão dos brinquedos pedagógicos no dia a dia dos
alunos, contribuindo com novas ideias e estudando qual melhor método a ser utilizado para
auxiliar no desenvolvimento da criança em todos os aspectos possíveis.

Considerações finais

Segundo a Legislação Brasileira, o direito a brincar é reconhecido, tanto na


constituição Federal de 1988 artigos 227, quanto no Estatuto da Criança e Do Adolescente-
ECA (1990), Artigo 4º e 16.
A infância é um momento único que precisa ser construída da melhor maneira
possível e quando se parte do concreto acredita-se ter a forma mais eficaz de auxiliar a mesma
no processo de desenvolvimento do ensino aprendizagem.
Os métodos apresentados pelos pensadores citados organizam á aprendizagem de
acordo com as etapas do desenvolvimento mental, segundo o método da escola nova. Assim,
privilegia atividades que levam os alunos a aprender a aprender, valorizando os conhecimentos
anteriores que os alunos trazem e respeitando as questões físicas, psicológicas, culturais e
sociais das crianças.
Concluímos então que o brincar faz-se necessário para o desenvolvimento das
crianças, pois estimula e desenvolve a imaginação, criatividade, relações sociais, interação com
o meio, reconhecimento, liberdade de expressão, estimula os sentidos, capacidade de criar,
autonomia, entre outras. As atividades lúdicas preparam as crianças para uma vida adulta, na
qual, serão capazes de superar as dificuldades, desenvolver o senso de responsabilidade,
trabalhar melhor em equipe, resolver situações problemas. Além disso, os tornam cidadãos
conscientes e participativos no contexto cultural e social, desempenhando um papel que
realmente contribua para o desenvolvimento da sociedade.

REFERÊNCIAS

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