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Paulo Victor Oliveira Silva Santos – Última Atualização: 24/06/2019 – até o informativo 939 do STF

Competências Legislativas

1. Competências da União:

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,
aeronáutico, espacial e do trabalho;

 É INCONSTITUCIONAL lei estadual que preveja punições a empresas privadas e a


agentes públicos que exijam a realização de teste de gravidez e a apresentação de
atestado de laqueadura para admissão de mulheres ao trabalho. A competência para legislar
sobre direito do trabalho é da União, nos termos do art. 22, I, da CF/88, e já existe lei federal
sobre o tema.
 É INCONSTITUCIONAL lei estadual que regule a atividade de despachante perante
os órgãos da Administração Pública estadual estabelecendo requisitos para o exercício
dessa profissão.

 É INCONSTITUCIONAL lei ou ato normativo do Estado ou do Distrito Federal que


disponha sobre proibição de revista íntima em empregados de estabelecimentos situados
no respectivo território.

 A competência para editar lei fixando o piso salarial das categorias profissionais
(art. 7º, V, da CF/88) é privativa da União por se tratar de direito do trabalho (art. 22, I). A
União editou a LC federal 103/2000 autorizando que os Estados-membros e o DF editem
leis fixando o piso salarial dos profissionais de acordo com suas realidades regionais.
Ocorre que a União exigiu, dentre outros requisitos, que essa lei seja de iniciativa do chefe
do Poder Executivo estadual (Governador). Se uma lei estadual/distrital de iniciativa
parlamentar fixa o piso salarial, essa lei ultrapassa os limites impostos pela LC federal
103/2000 e, em última análise, viola diretamente o art. 22, I e parágrafo único, da CF/88,
sendo considerada INCONSTITUCIONAL. Assim, a extrapolação dos limites da
competência legislativa delegada pela União aos Estados e ao Distrito Federal representa a
usurpação de competência legislativa da União para legislar sobre direito do trabalho (art.
22, I e parágrafo único) e, consequentemente, a inconstitucionalidade formal da lei delegada.
STF. Plenário. ADI 5344 MC/PI, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 11/10/2018 (Info 919).
(Obs. – há inconstitucionalidade ou mera ilegalidade? O STF entende que a lei estadual que
extrapola a autorização conferida pela Lei Federal, usurpa, em última análise, a competência
legislativa privativa da União e, por isso, é inconstitucional.)

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,
aeronáutico, espacial e do trabalho;

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 É INCONSTITUCIONAL lei estadual que prevê prioridade na tramitação para


processos envolvendo mulher vítima de violência doméstica. Segundo o PGR, a lei
maranhense não versa sobre procedimento (art. 24, XI). Procedimento é a exteriorização do
processo. Assim, uma norma sobre procedimento disciplina apenas o rito, as etapas, ou
seja, a sequência dos atos processuais. A referida lei trata sobre direito processual, uma vez
que ela concede uma prerrogativa processual para as mulheres vítimas de violência
doméstica. Só quem pode estabelecer prerrogativas processuais é a União. Aspectos típicos
do processo: competência, prazos, recursos, provas, entre outros.

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,
aeronáutico, espacial e do trabalho;
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República
que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra: (...)
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que
estabelecerá as normas de processo e julgamento.

 Súmula vinculante 46-STF: A definição dos crimes de responsabilidade e o


estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento são da competência
legislativa privativa da União. (a doutrina conceitua os crimes de responsabilidade como
sendo “infrações político-administrativas”. No entanto, o STF entende que, para fins de
competência legislativa, isso é matéria que se insere no direito penal e processual, de forma que
a competência é da União. O Estado-membro não pode dispor sobre crime de
responsabilidade, ainda que seja na Constituição estadual. Isso porque a competência
para legislar sobre crime de responsabilidade é privativa da União.

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,
aeronáutico, espacial e do trabalho;
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores;

 É INCONSTITUCIONAL lei estadual que prevê prazos máximos para que as


empresas de planos de saúde autorizem exames médicos aos usuários. Isso porque se
trata de lei que dispõe sobre direito civil, direito comercial e política de seguros, matérias que
são de competência da União (art. 22, I e VII, da CF/88). (obs.: Não confunda: é constitucional lei
estadual que obrigue o plano de saúde a justificar a recusa)

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,
aeronáutico, espacial e do trabalho;
Art. 5º (...)
XXII - é garantido o direito de propriedade;
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XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação


ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que
a lei fixar;

 É INCONSTITUCIONAL lei estadual que isenta entidades filantrópicas de


recolher as taxas de retribuição autoral arrecadadas pelo ECAD. A lei estadual que cria
novas hipóteses de não recolhimento de direitos autorais não previstas na Lei federal usurpa
a competência privativa da União para legislar sobre direito civil, direito de propriedade e
para estabelecer regras de intervenção no domínio econômico (art. 22, I, da CF/88). Além
disso, essa lei estadual retira dos autores das obras musicais o seu direito exclusivo de
utilização, publicação ou reprodução das obras ou do reconhecimento por sua criação,
afrontando o art. 5º, XXII e XXVII, da CF/88. STF. Plenário. ADI 5800/AM, Rel. Min. Luiz Fux,
julgado em 8/5/2019 (Info 939).

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou
permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que
disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador
e outros aspectos institucionais;

 É INCONSTITUCIONAL lei estadual que obriga as prestadoras do serviço de Internet


móvel e de banda larga a apresentar, na fatura mensal, gráficos informando a
velocidade diária média de envio e de recebimento de dados entregues no mês.
(competência privativa da União para regular a exploração do serviço público de telefonia –
espécie do gênero telecomunicação).

 INCONSTITUCIONAL: Lei estadual que disponha sobre bloqueadores de sinal de


celular em presídio invade a competência da União para legislar sobre telecomunicações.

 É INCONSTITUCIONAL lei estadual que determinou às empresas telefônicas que


criem e mantenham um cadastro de assinantes interessados em receber ofertas de
produtos e serviços, que deve ser disponibilizado para as empresas de telemarketing.

 É INCONSTITUCIONAL lei estadual que verse sobre este tema, como é o caso de lei
estadual que dispõe sobre a organização dos serviços de telecomunicações, a criação
e funcionamento de um órgão regulador e outros aspectos institucionais.

 É INCONSTITUCIONAL lei estadual que verse sobre o tema telecomunicações: • Lei


nº 4.084/2011-MS: tratava sobre a validade de créditos de celulares; • Lei nº 14.150/2012-
RS e Lei 13.854/2009-SP: vedavam a cobrança de assinatura mensal básica pelas
concessionárias de telefonia fixa e móvel no Estado; • Lei nº 2.659/2011-RO: obrigava as
empresas de telefonia celular a informar a localização dos aparelhos de clientes à polícia.

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 É INCONSTITUCIONAL lei estadual que obriga as empresas concessionárias de


serviços de telecomunicações a manterem escritórios regionais e representantes legais para
atendimento presencial de consumidores em cidades com população superior a 100 mil
habitantes, bem como a divulgarem os correspondentes endereços físicos no site, no
contrato de prestação de serviços e nas faturas enviadas aos usuários. Trata-se de matéria
relativa a “serviços públicos de telecomunicações”, cuja competência é privativa da União
(art. 21, XI e art. 22, IV, da CF/88). STF. Plenário. ADI 4633/PR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado
em 10/04/2018 (notícia do site). Para o STF não se pode interpretar esse assunto como “direito do
consumidor” (comp. concorrente), pois tolheria a União de exercer sua competência neste setor.

É CONSTITUCIONAL lei estadual que obriga as empresas de telefonia fixa e móvel a


cancelarem a multa contratual de fidelidade quando o usuário comprovar que perdeu o
vínculo empregatício após a adesão do contrato. STF. Plenário. ADI 4908/RJ, Rel. Min. Rosa
Weber, julgado em 11/4/2019 (Info 937). A referida lei dispõe sobre Direito do Consumidor, de modo
que não há vício formal considerando que se trata de matéria de competência legislativa concorrente.

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal


e dos Municípios:
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa
e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios;

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 É INCONSTITUCIONAL lei estadual que determine que os postes de sustentação à


rede elétrica que estejam causando transtornos ou impedimentos aos proprietários de
terrenos serão removidos, sem qualquer ônus para os interessados. Isso porque essa lei
trata sobre energia elétrica, matéria de competência privativa da União (art. 22, IV, da
CF/88), além de interferir nos termos da relação contratual estabelecida entre o poder federal
e as concessionárias que exploram o serviço de fornecimento de energia elétrica no Estado-
membro.

 É INCONSTITUCIONAL lei estadual que proíbe que as empresas concessionárias


cobrem “taxa” de religação no caso de corte de fornecimento de energia por atraso no
pagamento. Essa lei estadual invadiu a competência privativa da União para dispor sobre
energia, violando, assim, o art. 22, IV, da CF/88. Além disso, também interferiu na prestação
de um serviço público federal, considerando que o serviço de energia elétrica é de
competência da União, nos termos do art. 21, XII, “b”, da CF/88. Ex: concessionária havia
“cortado” (suspendido) o serviço de energia elétrica em razão de inadimplemento; o
consumidor regularizou a situação, quitando os débitos; a concessionária pode exigir do
cliente o pagamento de uma tarifa para efetuar o religamento do serviço; lei estadual não
pode proibir que a concessionária cobre esse valor. STF. Plenário. ADI 5610/BA, Rel. Min.
Luiz Fux, julgado em 8/8/2019 (Info 946).

 É INCONSTITUCIONAL lei estadual que discipline a ARRECADAÇÃO das receitas


oriundas da exploração de recursos hídricos para geração de energia elétrica e de recursos
minerais, inclusive petróleo e gás natural. Há uma inconstitucionalidade formal,
considerando que cabe à União legislar sobre o tema (art. 22, IV e XII, da CF/88). Por outro
lado, a lei estadual PODE dispor sobre a FISCALIZAÇÃO e o CONTROLE dessas receitas,
tendo em vista que é de competência comum aos entes registrar, acompanhar e fiscalizar
as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus
territórios (art. 23, XI, da CF/88). STF. Plenário. ADI 4606/BA, Rel. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 28/2/2019 (Info 932).

 É formalmente INCONSTITUCIONAL lei municipal que autoriza o Poder Executivo
Municipal a conceder a exploração do Serviço de Radiodifusão Comunitária no âmbito do
território do Município. O art. 21, XII, “a”, da CF/88 estabelece que a competência para
conceder autorização para tais serviços é da União. Além disso, o art. 22, IV da CF/88
confere à União a competência privativa para legislar sobre o tema “radiodifusão”. STF.
Plenário. ADPF 235/TO, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 14/8/2019 (Info 947) ADPF pq não
cabe ADI contra lei municipal.

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


VIII - comércio exterior e interestadual;

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 É INCONSTITUCIONAL lei estadual que proíba a comercialização, no referido


Estado-membro, de produtos importados que não tenham sido submetidos à análise de
resíduos químicos de agrotóxicos. (Para o STF, não é possível compreender a matéria como
sendo de competência concorrente, sob o argumento de tratar-se de legislação concernente à
proteção da saúde dos consumidores (art. 24, V e XII, §§ 1º e 2º). Isso porque, ainda que se
trate de questão, sob certo ponto de vista, relacionada com consumo e proteção à saúde, a lei
é predominantemente sobre comércio exterior.)

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


XI - trânsito e transporte;

 É INCONSTITUCIONAL lei municipal que proíbe o trânsito de veículos, sejam eles


motorizados ou não, transportando cargas vivas nas áreas urbanas e de expansão urbana
do Município. Essa lei municipal invade a competência da União (CF, art. 22, VIII, IX, X, XI).
O Município, ao inviabilizar o transporte de gado vivo na área urbana e de expansão urbana
de seu território, transgrediu a competência da União, que já estabeleceu, à exaustão,
diretrizes para a política agropecuária, o que inclui o transporte de animais vivos e sua
fiscalização. Além disso, sob a justificativa de criar mecanismo legislativo de proteção aos
animais, o legislador municipal impôs restrição desproporcional. Esta desproporcionalidade
fica evidente quando se verifica que a legislação federal já prevê uma série de instrumentos
para garantir, de um lado, a qualidade dos produtos destinados ao consumo pela população
e, de outro, a existência digna e a ausência de sofrimento dos animais, tanto no transporte
quanto no seu abate. STF. Plenário. ADPF 514 e ADPF 516 MC-REF/SP, Rel. Min. Edson
Fachin, julgados em 11/10/2018 (Info 919).

 É INCONSTITUCIONAL lei estadual que verse sobre trânsito e transporte: • Lei nº


10.521/95-RS: estabelecia a obrigatoriedade do uso de cinto de segurança nas vias
urbanas daquele estado, bem como proibia aos menores de dez anos de viajar nos bancos
dianteiros de veículos (ADI 2960/RS); • Lei nº 8.027/2003-MT: autorizava o parcelamento
de multa vencida, resultante de infração de trânsito (ADI 3708/MT); • Lei nº 3.279/99-RJ:
previa o cancelamento de multas de trânsito aplicadas a determinados tipos de veículos (ADI
2137/RJ); • Lei nº 6.555/2004-AL: autorizava o parcelamento de débitos oriundos de multas
de trânsito, inclusive os inscritos em dívidas ativas (ADI 4734/AL); • Lei nº 11.311/99-RS:
determinava que todos os veículos registrados no Estado deveriam ser submetidos à
inspeção técnica de veículos como condição para serem licenciados. Nessa Lei também era
prevista a forma como essa inspeção deveria ocorrer (ADI 1972/RS).

 Utilização de veículos apreendidos cujos proprietários não os busquem no


DETRAN: INCONSTITUCIONAL o Estado-membro, por meio desta lei, teria criado uma
hipótese semelhante à requisição administrativa, o que não seria permitido, por se tratar de
competência da União. O Min. Luiz Fux enfatizou que a Constituição estabelece a
competência privativa da União para legislar sobre trânsito e transporte (CF, art. 22, XI).

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 Utilização de veículos apreendidos pela polícia militar ou pela polícia civil


estadual, cuja procedência e propriedade não foi identificada, exclusivamente no
trabalho de repressão penal: CONSTITUCIONAL. Para seis Ministros, que compuseram
a maioria, essas leis não tratavam de matéria relacionada a trânsito (art. 22, XI, da CF/88),
sendo normas atinentes à administração pública, o que estaria na esfera de autonomia do
Estado-Membro.

Conforme você pode observar, as Leis do ES e do RN eram parecidas, mas receberam decisões diferentes.
Fica difícil dizer a vocês qual posição seguir nas provas de concurso. Na dúvida, vocês deverão buscar os
detalhes que diferenciam uma lei da outra e perceber se o enunciado da questão menciona alguma destas
peculiaridades. Obs: a única diferença que visualizo é o fato de que, no primeiro exemplo, não se sabe quem
são os proprietários, enquanto no segundo caso estes são identificados.

 No exercício de sua competência para regulamentação e fiscalização do


transporte privado individual de passageiros, os municípios e o Distrito Federal não
podem contrariar os parâmetros fixados pelo legislador federal. Isso porque compete à
União legislar sobre “trânsito e transporte”, nos termos do art. 22, XI, da CF/88. STF.
Plenário. ADPF 449/DF, Rel. Min. Luiz Fux; RE 1054110/SP, Rel. Min. Roberto Barroso,
julgados em 8 e 9/5/2019 (repercussão geral) (Info 939).

 São INCONSTITUCIONAIS leis municipais que proíbam o serviço de transporte


de passageiros mediante aplicativo. A proibição ou restrição da atividade de transporte
privado individual por motorista cadastrado em aplicativo é inconstitucional, por violação aos
princípios da livre iniciativa e da livre concorrência. STF. Plenário. ADPF 449/DF, Rel. Min.
Luiz Fux; RE 1054110/SP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 8 e 9/5/2019
(repercussão geral) (Info 939).

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


XIV - populações indígenas;

 É INCONSTITUCIONAL norma da Constituição Estadual que disponha as atribuições


para a defesa dos direitos e interesses das populações indígenas. Além, disso a CE/PA
determinava que a fiscalização deveria ser dada pelo Ministério Público Estadual. A
competência para a defesa dos direitos e interesses das populações indígenas não é
do Ministério Público Estadual, mas sim do Ministério Público Federal (art. 109, XI, da
CF/88 c/c art. 5º, III, “e”, da LC 75/93).

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


I – direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,
aeronáutico, espacial e do trabalho;
XXI – normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias,
convocação e mobilização das polícias militares e corpos de bombeiros
militares;

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 É INCONSTITUCIONAL lei estadual que verse que as armas de fogo apreendidas


serão utilizadas pelas polícias civil e militar.
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
XX - sistemas de consórcios e sorteios;

 Súmula vinculante 2-STF: É INCONSTITUCIONAL a lei ou ato normativo estadual


ou distrital que disponha sobre sistemas de consórcios e sorteios, inclusive bingos e
loterias.

 É INCONSTITUCIONAL lei municipal que cria concurso de prognósticos de


múltiplas chances (loteria) em âmbito local. A competência para tratar sobre esse assunto
(sistemas de sorteios) é privativa da União, conforme determina o art. 22, XX, da CF/88.
STF. Plenário. ADPF 337/MA, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 17/10/2018 (Info 920).
Polícia civil, polícia militar e o corpo de bombeiros militar do DF:
• Quem organiza e mantém: a União (art. 21, XIV);
• A quem estão subordinados: ao Governador do DF (art. 144, § 6º).

 Súmula vinculante 39-STF: Compete privativamente à União legislar sobre


vencimentos dos membros das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros militar
do Distrito Federal. (Compete à União legislar sobre os vencimentos dos membros de tais
instituições considerando que isso está abrangido no conceito de organizar e manter. Súmula
sem muita importância, salvo para concursos do DF).

 É INCONSTITUCIONAL lei do Distrito Federal que trate sobre a estrutura e o


regime jurídico da Polícia Civil do Distrito Federal (a competência para isso é da União),
ao criarem cargos em comissão e novos órgãos, também instituíram novas obrigações
pecuniárias a serem suportadas pela União. Ocorre que é vedado ao Distrito Federal valer-
se de leis distritais para instituir encargos financeiros a serem arcados pela União. (Info 926
2018)

2. Competências dos Estados:

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar


concorrentemente sobre:
XIV – proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência;

 É CONSTITUCIONAL lei estadual que determine que as empresas concessionárias


de transporte coletivo intermunicipal devam fazer adaptações em seus veículos a fim de
facilitar o acesso e a permanência de pessoas com deficiência física ou com dificuldade de
locomoção. A competência para legislar sobre trânsito e transporte é da União (art. 22, XI
da CF). No entanto, a lei questionada trata também sobre o direito à acessibilidade física
das pessoas com deficiência, que é de competência concorrente entre União, os Estados e
o Distrito Federal (art. 24, XIV).

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Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar


concorrentemente sobre: (...)
V - produção e consumo; (...)
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens
e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; (...)

É CONSTITUCIONAL lei estadual que obriga as empresas prestadoras de serviços no


Estado (exs: empresas de telefonia, de TV por assinatura, de energia elétrica etc.) a
informarem previamente a seus clientes os dados do empregado que realizará o serviço na
residência do consumidor. Ex: lei do RJ prevê que as empresas prestadoras de serviços,
quando acionadas para realizar qualquer reparo na residência do consumidor, ficam
obrigadas a enviar uma mensagem de celular, pelo menos 1h antes do horário agendado,
informando o nome e a identidade do funcionário que irá ao local. STF. Plenário. STF.
Plenário. ADI 5745/RJ, Rel. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin,
julgado em 07/02/2019 (Info 929). Não viola a competência privativa da União para
legislar sobre telecomunicações. No caso, o valor constitucional tutelado primariamente pela norma
impugnada não é o serviço de telecomunicações em si, mas a própria segurança do consumidor.

 É CONSTITUCIONAL a lei estadual que permite que os vasilhames e embalagens


reutilizáveis de uma marca sejam preenchidos por produtos de marcas concorrentes. A
referida Lei não trata de direito comercial, mas sim de direito do consumidor, sendo esta
matéria de competência legislativa concorrente entre estados-membros e União, conforme
prevê o art. 24, V e VIII da CF/88.

 É CONSTITUCIONALlei estadual que proíbe que as empresas concessionárias


façam o corte do fornecimento de água e luz por falta de pagamento, em determinados dias.
(Não viola a competência legislativa privativa da União para legislar sobre energia, trata-se
de matéria consumerista)

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar


concorrentemente sobre: (...)
V - produção e consumo; (...)
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens
e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; (...)
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; (...).

 É INCONSTITUCIONAL lei estadual que, ao tratar sobre matéria de competência


concorrente (art. 24 da CF/88), simplesmente determina que devem ser observadas as
regras previstas na lei federal. (A competência da União será para estabelecer normas gerais
sobre os assuntos do art. 24. A competência da União para legislar sobre normas gerais não
exclui a competência suplementar dos Estados. Se a União ainda não tiver editado as normas
gerais sobre esse assunto, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender

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a suas peculiaridades. O STF entendeu que essa lei do Estado do Rio Grande do Sul significou
uma verdadeira “renúncia” ao exercício da competência legislativa concorrente prevista no art.
24, V, VIII e XII, da CF/88. Em outras palavras, o Estado abriu mão de sua competência
suplementar prevista no art. 24, § 2º da CF/88. O ente federado não pode se recusar a
implementar as providências impostas a ele pelo legislador constituinte. Essa Lei do RS foi uma
lei remissiva, ou seja, ela falou o seguinte: a competência para tratar sobre esse assunto é minha
também, mas façam aí tudo o que a legislação federal determinar. Para o STF, “a banalização
de normas estaduais remissivas fragiliza a estrutura federativa descentralizada, e
consagra o monopólio da União, sem atentar para nuances locais.”)

 É CONSTITUCIONAL lei estadual que obrigue os planos de saúde a fornecerem


aos consumidores informações e documentos justificando as razões pelas quais
houve recusa de algum procedimento, tratamento ou internação. O STF entendeu que
essa norma não viola competência privativa da União, considerando que ela trata sobre proteção
ao consumidor, matéria inserida na competência concorrente. (Obs.: Não confunda: é inconstitucional
lei estadual que prevê prazo máximo para autorizarem consultas)

 É INCONSTITUCIONAL lei estadual que impõe às montadoras, concessionárias e


importadoras de veículos a obrigação de fornecer veículo reserva a clientes cujo automóvel
fique inabilitado por mais de quinze dias por falta de peças originais ou por impossibilidade
de realização do serviço, durante o período de garantia contratual. STF. Plenário. ADI
5158/PE, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 6/12/2018 (Info 926) O Ministro Relator entendeu
que, neste caso, o Estado de Pernambuco extrapolou a competência concorrente e não apenas complementou
a legislação federal. Para o STF, foram ultrapassadas as balizas impostas ao legislador estadual para a
elaboração de normas consumeristas.

 É CONSTITUCIONAL lei estadual ou municipal que imponha sanções às agências


bancárias que não instalarem divisórias individuais nos caixas de atendimento. Trata-se de
matéria relativa a relação de consumo, o que garante ao Estado competência concorrente
para legislar sobre o tema (art. 24, V, da CF/88). STF. Plenário. ADI 4633/SP, Rel. Min. Luiz
Fux, julgado em 10/04/2018 (notícia do site). STF. 1ª Turma. ARE 756593 AgR, Rel. Min.
Dias Toffoli, julgado em 16/12/2014.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre: (...)
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; (...).

 É CONSTITUCIONAL a lei estadual que permite o comércio de artigos de


conveniência em farmácias e drogarias. (Ao tratar sobre a venda de produtos de
conveniência em farmácias e drogarias, o legislador não tratou sobre “defesa da saúde”,
mas sim sobre comércio local. Para o STF, as Resoluções da ANVISA que proibiram o
comércio de produtos de conveniência em farmácias e drogarias são ilegítimas por violarem o
princípio da legalidade)

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar


concorrentemente sobre: (...)
XI - procedimentos em matéria processual;

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 CONSTITUCIONAL: As disposições legais sobre a forma de cobrança do Imposto


sobre Transmissão “Causa Mortis” e Doação de quaisquer Bens ou Direitos (ITCMD) pela
Procuradoria Geral do Estado e de sua intervenção em processos de inventário, arrolamento
e outros de interesse da Fazenda Pública são regras de procedimento que não violam o
Código de Processo Civil. Neste caso, são normas eminentemente procedimentais,
autorizadas pelo art. 24 da CF/88, que prevê a competência concorrente da União e dos
Estados. A possibilidade de a Procuradoria-Geral do Estado intervir e ser ouvida nos
inventários, arrolamentos e outros feitos em nada atrapalha o processo.

 É CONSTITUCIONAL lei estadual que regula procedimento para homologação


judicial de acordo sobre a prestação de alimentos firmada com a intervenção da Defensoria
Pública.

Art. 24 (...) § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados


exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas
peculiaridades.

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


(...) VIII - comércio exterior e interestadual;

 É INCONSTITUCIONAL lei estadual que estabelece a obrigatoriedade de que os


rótulos ou embalagens de todos os produtos alimentícios comercializados no Estado
contenham uma série de informações sobre a sua composição, que não são exigidas pela
legislação federal. Direito do consumidor. Matéria concorrente. Competência suplementar
dos estados. Existência de Lei Federal sobre o tema. Vale ressaltar que a lei estadual
especifica exigências mais rígidas do que o previsto na legislação federal, de forma que
existe um claro conflito normativo. Se admitido que os Estados-Membros possuem
competência para legislar sobre informações contidas em embalagens de produtos que
circulam em seu território, o fim de proteção ao consumidor é alcançado por meio excessivo,
pois são criadas dificuldades a produtos provenientes de outros Estados-Membros. Isso
significa ferir o denominado princípio da lealdade à Federação, que fomenta uma
relação construtiva, amistosa e de colaboração entre os entes federados.

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano


e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna,
conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:

 É INCONSTITUCIONAL lei estadual ou municipal que exija que os supermercados


do Estado ofereçam empacotadores para os produtos adquiridos.

 É CONSTITUCIONAL lei municipal que estabelece que os supermercados e


hipermercados do Município ficam obrigados a colocar à disposição dos consumidores
pessoal suficiente no setor de caixas, de forma que a espera na fila para o atendimento seja
de, no máximo, 15 minutos. Isso porque compete aos Municípios legislar sobre assuntos de
interesse local, notadamente sobre a definição do tempo máximo de espera de clientes em

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Paulo Victor Oliveira Silva Santos – Última Atualização: 24/06/2019 – até o informativo 939 do STF

filas de estabelecimentos empresariais. Vale ressaltar que essa lei municipal não obriga a
contratação de pessoal, e sim sua colocação suficiente no setor de caixas para o
atendimento aos consumidores. STF. 1ª Turma. ARE 809489 AgR/SP, Rel. Min. Rosa
Weber, julgado em 28/5/2019 (Info 942)

 É INCONSTITUCIONAL lei estadual que disponha sobre a segurança de


estacionamentos e o regime de contratação dos funcionários. Quer por violar a competência
privativa da União para legislar sobre direito civil, quer por violar a livre iniciativa. Lei estadual
que impõe a utilização de empregados próprios na entrada e saída de estacionamento,
impedindo a terceirização, viola a competência privativa da União para legislar sobre Direito
do Trabalho.

 É INCONSTITUCIONAL lei estadual que estabelece regras para a cobrança em


estacionamento de veículos.

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
 INCONSTITUCIONALIDADE de lei estadual que trate sobre revalidação de títulos
obtidos em instituições de ensino dos países do MERCOSUL. A lei estadual que trata sobre
revalidação de títulos obtidos em instituições de ensino superior dos países membros do
MERCOSUL afronta o pacto federativo (art. 60, §4º, I, da CF/88) na medida em que usurpa
a competência da União para dispor sobre diretrizes e bases da educação nacional.

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar


concorrentemente sobre:
IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa,
desenvolvimento e inovação;

 É CONSTITUCIONAL lei estadual que preveja a possibilidade de empresas


patrocinarem bolsas de estudo para professores em curso superior, tendo como
contrapartida a obrigação de que esses docentes ministrem aula de alfabetização ou
aperfeiçoamento para os empregados da empresa patrocinadora. Essa lei insere-se na
competência legislativa do Estado-Membro para dispor sobre educação e ensino, prevista
no art. 24, IX, da CF/88. (O STF, antigamente, possuía uma postura mais rígida em aceitar que
leis estaduais, distritais ou municipais trouxessem ideias normativas inéditas, não previstas na
legislação federal. No entanto, há algum tempo houve overruling, ou seja, a superação desse
antigo entendimento jurisprudencial e agora a Corte vem admitindo que os demais entes
federativos tratem sobre esses assuntos, desde que não contrariem expressamente a lei federal
ou normas da CF.)

 As normas gerais sobre educação foram editadas pela União na Lei 9.394/96 (LDB).
Determinado Estado-membro editou uma lei prevendo o número máximo de alunos que
poderiam estudar nas salas de aula das escolas, públicas ou particulares, ali existentes. O
STF entendeu que essa lei é CONSTITUCIONAL e que não usurpa a competência da União
para legislar sobre normas gerais de educação.

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Paulo Victor Oliveira Silva Santos – Última Atualização: 24/06/2019 – até o informativo 939 do STF

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,
aeronáutico, espacial e do trabalho; (...)
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais;
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores;
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular;

 É INCONSTITUCIONAL lei estadual que estabeleça normas sobre a


comercialização de títulos de capitalização, proibindo a venda casada e prevendo regras
para a publicidade desses produtos. (Não há qualquer peculiaridade no mercado de títulos de
capitalização em Minas Gerais que justifique uma legislação especial por parte do Estado-
membro.)
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,
aeronáutico, espacial e do trabalho; (...)
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores;
XI - trânsito e transporte;

Inconstitucionalidade de lei estadual que imponha obrigações contratuais para


seguradoras: É INCONSTITUCIONAL lei estadual que discipline as obrigações contratuais
relativas a seguros de veículos e regras de registro, desmonte e comercialização de veículos
sinistrados. Esta lei estadual viola a competência privativa da União para legislar sobre
direito civil, seguros, trânsito e transporte (art. 22, I, VII e XI, da CF/88). STF. Plenário. ADI
4704/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 21/3/2019 (Info 934).

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


XXV — registros públicos;

 É CONSTITUCIONAL lei estadual que preveja que, no momento da emissão da


carteira de identidade, o órgão estadual deverá incluir no referido documento o tipo
sanguíneo da pessoa, se ela assim solicitar. (Essas Leis estaduais (SP e SC) se limitaram a
repetir, com outras palavras, o que já está previsto no art. 2º da Lei Federal nº 9.049/95.)

Art. 24. § 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União


limitar-se-á a estabelecer normas gerais.

 É INCONSTITUCIONAL lei estadual que preveja a tramitação direta do inquérito


policial entre a polícia e o Ministério Público. (não por afrontar o art. 22, I, da CF/88, mas sim
por violar o § 1º do art. 24 da Carta Magna - Competência concorrente, normas gerais da
União). Frustrando a doutrina, a maioria dos Ministros do STF concluiu que o § 1º do art. 10
do CPP foi recepcionado pela CF/88 e se encontra em vigor (A autoridade fará minucioso
relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente.)

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Paulo Victor Oliveira Silva Santos – Última Atualização: 24/06/2019 – até o informativo 939 do STF

 É CONSTITUCIONAL lei estadual que preveja a possibilidade de o MP requisitar


informações quando o inquérito policial não for encerrado em 30 dias, tratando-se de
indiciado solto.

3. Competências dos Municípios:

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar


concorrentemente sobre: (...)
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo
e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da
poluição; (...)
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens
e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
Art. 30. Compete aos Municípios:
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;

 O Município tem competência para legislar sobre meio ambiente e controle da


poluição, quando se tratar de interesse local. Ex: é CONSTITUCIONAL lei municipal,
regulamentada por decreto, que preveja a aplicação de multas para os proprietários de
veículos automotores que emitem fumaça acima de padrões considerados aceitáveis.
(Dessa forma, os Municípios podem tratar sobre os assuntos do art. 24, no que couber, ou seja,
naquilo que for de interesse local.)

 É INCONSTITUCIONAL lei estadual que exija que o pescador, para exercer sua
atividade, cadastre-se em entidade privada (Federação de Pescadores) que cobra taxa por
essa fiscalização
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
XXIX - propaganda comercial.
Art. 61. (...) § 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República as
leis que: (...) II - disponham sobre:
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública,
observado o disposto no art. 84, VI;

 CONSTITUCIONAL: Não viola a Constituição Federal lei municipal, de iniciativa


parlamentar, que veda a realização, em imóveis do Município, de eventos patrocinados por
empresas produtoras, distribuidoras, importadoras ou representantes de bebidas alcoólicas
ou de cigarros, com a utilização da respectiva propaganda. (a realização de eventos não se
enquadra nas atividades de mera administração dos bens públicos, de forma que não se mostra
ilegítima sua regulamentação, mediante lei, pela Câmara Municipal.) (A Lei municipal em
questão não limita a veiculação de propagandas comerciais por distribuidoras de cigarro e de
bebidas alcoólicas, mas apenas proíbe a realização, em imóveis do Município, de eventos

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Paulo Victor Oliveira Silva Santos – Última Atualização: 24/06/2019 – até o informativo 939 do STF

patrocinados por empresas envolvidas no comércio dessas substâncias. Impõe restrição que
recai sobre a Administração Pública municipal e não sobre as empresas comercializadoras)
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I – Direito... comercial...
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre:
V - produção e consumo;
Art. 30. Compete aos Municípios:
I - legislar sobre assuntos de interesse local;

 É CONSTITUCIONAL lei municipal que proíbe a conferência de mercadorias


realizada na saída de estabelecimentos comerciais localizados na cidade. A Lei prevê que,
após o cliente efetuar o pagamento nas caixas registradoras da empresa instaladas, não é
possível nova conferência na saída. Os Municípios detêm competência para legislar sobre
assuntos de interesse local (art. 30, I, da CF/88), ainda que, de modo reflexo, tratem de
direito comercial ou do consumidor. STF. 2ª Turma. RE 1.052.719 AgR/PB, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 25/9/2018 (Info 917).

Art. 182 (...) § 1º — O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal,


obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento
básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.
§ 2º — A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às
exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano
diretor.

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar


concorrentemente sobre: (...)
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
Art. 30. Compete aos Municípios:
I - legislar sobre assuntos de interesse local;

 Os Municípios com mais de 20 mil habitantes e o Distrito Federal podem legislar sobre
programas e projetos específicos de ordenamento do espaço urbano por meio de leis que
sejam compatíveis com as diretrizes fixadas no plano diretor. Isso significa que nem sempre
que o Município for legislar sobre matéria urbanística, ele precisará fazê-lo por meio
do Plano Diretor. O Plano Diretor é o instrumento legal que dita a atuação do Município ou
do Distrito Federal quanto ao ordenamento urbano, traçando suas linhas gerais, porém a
sua execução pode se dar mediante a expedição de outras lei e decretos, desde que
guardem conformidade com o Plano Diretor. (A Constituição prevê que compete
concorrentemente à União, aos Estados-membros, ao DF e aos Municípios legislar sobre direito
urbanístico (art. 24, I e § 1º, e 30, II).)

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Paulo Victor Oliveira Silva Santos – Última Atualização: 24/06/2019 – até o informativo 939 do STF

 É INCONSTITUCIONAL a lei ESTADUAL que determina o fornecimento gratuito de


água potável à população, por meio de caminhão-pipa, todas as vezes que haja a
interrupção do fornecimento normal. Dois fundamentos principais foram apontados: 1) o
Estado-membro não pode interferir na relação jurídica e contratual estabelecida entre o
poder concedente local (Município) e a empresa concessionária, nem alterar, por lei
estadual, as condições do contrato; 2) a competência para legislar sobre o serviço público
de fornecimento de água é do MUNICÍPIO (interesse local).

 Súmula vinculante 38-STF: É competente o município para fixar o horário de


funcionamento de estabelecimento comercial. (Não afronta a competência privativa para
tratar sobre direito comercial e do trabalho. Matéria de interesse local (art. 30, I)).
(ATENÇÃO: - Súmula 19-STJ: A fixação do horário bancário, para atendimento ao público,
é da competência da União.)

 Em regra, a competência para dar nome a logradouros públicos é do Prefeito, por meio de
decreto; contudo, a lei orgânica poderá prever essa competência também para a Câmara Municipal,
por meio de lei, desde que não exclua a do Prefeito. Coabitação normativa entre os poderes executivos e
o legislativo. STF. Plenário. RE 1151237/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 3/10/2019 (Info 954)

4. Normas de constituições estaduais examinadas pelo STF:

 CE não pode exigir autorização da ALE para que o Governador (ou o Vice) se
ausente do país qualquer que seja o prazo. A exigência de prévia autorização da
assembleia legislativa para o governador e o vice-governador do Estado ausentarem-se, “em
qualquer tempo”, do território nacional mostra-se incompatível com os postulados da
simetria e da separação dos Poderes. A Constituição Federal, em seu art. 49, III e em seu
art. 83, prevê que é da competência do Congresso Nacional autorizar o Presidente e o Vice-
presidente da República a se ausentarem do País quando a ausência for por período
superior a 15 dias. Logo, afronta os princípios da separação dos Poderes e da simetria a
norma da Constituição estadual que exige prévia licença da Assembleia Legislativa para que
o Governador e o Vice-governador se ausentem do País por qualquer prazo. Os Estados-
membros não podem criar novas ingerências de um Poder na órbita de outro que não
derivem explícita ou implicitamente de regra ou princípio previsto na Constituição Federal.
STF. Plenário. ADI 5373 MC/RR, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 9/5/2019 (Info 939).
Essa regra de “por qualquer tempo” está em desacordo com o parâmetro estabelecido pela CF/88,
considerando que, para o Presidente da República, somente se exige autorização do Congresso Nacional
se a ausência for superior a 15 dias. Desse modo, houve violação ao princípio da simetria.

 Constituição estadual só pode exigir que o Prefeito (ou o Vice) peça autorização da Câmara
Municipal para viajar se a viagem for superior a 15 dias: A CE/AP trouxe regra dizendo que se o
Prefeito ou o Vice-Prefeito for viajar ao exterior, “por qualquer tempo”, ele deverá pedir uma

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Paulo Victor Oliveira Silva Santos – Última Atualização: 24/06/2019 – até o informativo 939 do STF

licença prévia da Câmara Municipal para a viagem. O STF considerou inconstitucional a


expressão “por qualquer tempo”. Essa regra de “por qualquer tempo” está em desacordo
com o princípio da simetria. Isso porque a CF/88 somente exige autorização do Congresso
Nacional se a ausência do Presidente da República for superior a 15 dias (art. 49, III). De
igual modo, a Constituição do Estado do Amapá também só exige autorização da
Assembleia Legislativa se a ausência do Governador (ou do Vice) for superior a 15 dias (art.
118, § 1º). Logo, a exigência de autorização da Câmara Municipal para que o Prefeito
possa se ausentar por períodos menores que 15 dias quebra a simetria existente em
relação ao Governador. STF. Plenário. ADI 825/AP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado
em 25/10/2018 (Info 921).

 É constitucional norma de Constituição Estadual que preveja que “o Estado e


os Municípios reservarão vagas em seus respectivos quadros de pessoal para serem
preenchidas por pessoas portadoras de deficiência.” Apesar de, em tese, a Constituição
Estadual não poder dispor sobre servidores municipais, sob pena de afronta à autonomia
municipal, neste caso não há inconstitucionalidade, c onsiderando que se trata de
mera repetição de norma da CF/88: Art. 37 (...) VIII - a lei reservará percentual dos cargos e
empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua
admissão; STF. Plenário. ADI 825/AP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
25/10/2018 (Info 921).

 CE estadual pode prever que é proibido que os servidores estaduais substituam


trabalhadores de empresas privadas em greve. (O art. 61, § 1º, II, “a” e “e”, da CF/88, afirma
que a competência para legislar sobre o funcionamento da administração pública é do chefe do
Poder Executivo. Tais matérias não podem nem mesmo ser tratadas na CE porque devem ser
propostas pelo chefe do Poder Executivo em leis de sua iniciativa. As Constituições estaduais
podem tratar sobre o funcionamento da Administração estadual desde que cumpridos alguns
requisitos: a) as regras de reserva de iniciativa devem ser respeitadas; e b) o parlamento local
não pode retirar do Governador alguma competência legítima que ele possua. A Constituição
estadual apenas tornou expresso em seu texto um comportamento administrativo já proibido
pela CF/88)

 CE pode prever que a Lei Orgânica da Polícia Civil tenha status de lei
complementar. Seria uma demasia (um exagero) negar à Constituição estadual a
possibilidade de escolher determinados temas como mais sensíveis, exigindo, para eles,
uma aprovação legislativa mais qualificada por meio de lei complementar, não violando o
princípio da simetria.

 É CONSTITUCIONAL norma da Constituição estadual que preveja que as proibições


e os impedimentos estabelecidos para os Deputados Estaduais deverão ser aplicados
também para o Governador e o Vice-Governador do Estado.

 A CF/88, em seu art. 144, § 4º, estabelece o requisito necessário para ocupar a
direção da Polícia Civil (deverá ser um Delegado de Polícia de carreira). As
Constituições estaduais não poderão prever regras diferentes desse modelo (princípio da

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Paulo Victor Oliveira Silva Santos – Última Atualização: 24/06/2019 – até o informativo 939 do STF

simetria). Assim, é inconstitucional a CE que preveja que o chefe da Polícia Civil possa ser
alguém que não integre a carreira. De igual forma, é inconstitucional a CE que estabeleça
que o chefe da Polícia Civil deverá ser um Delegado de Polícia integrante da classe final da
carreira, considerando que a CF/88 não faz tal exigência. STF. Plenário. ADI 3038/SC, rel.
Min. Marco Aurélio, julgado em 11/12/2014 (Info 771). Cuidado. Existe julgado em sentido
contrário.
Art. 61. § 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis
que: II - disponham sobre:
a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração
direta e autárquica ou aumento de sua remuneração;

A Assembleia Legislativa do Estado de Roraima editou emenda, de iniciativa


parlamentar, à Constituição do Estado prevendo duas regras: 1) O Governador seria
obrigado a submeter à análise da ALE os nomes que ele escolheu para serem nomeados
como membros do TCE, Defensor Público-Geral, Procurador-Geral do Estado, diretores de
fundações e autarquias e Presidentes de sociedade de economia mista e empresas públicas.
2) Os titulares da Universidade Estadual, da Companhia de Águas do Estado, da Companhia
Energética do Estado e inúmeras outras autoridades deveriam comparecer anualmente à
ALE para apresentar relatório de atividades, que seria referendado ou não pelos Deputados
e, caso fosse rejeitado, isso implicaria o afastamento imediato do titular do cargo. Sob o
ponto de vista formal, essa emenda é inconstitucional porque como trata sobre regime
jurídico de servidores públicos não poderia ser de iniciativa parlamentar (art. 61, § 1º,
“c”, da CF/88). Sob o aspecto material, quanto à regra 1, o STF entendeu que a nomeação
do Procurador-Geral do Estado e dos Presidentes de sociedade de economia mista e
empresas públicas não podem ser submetidas ao crivo da ALE. O cargo de Procurador-
Geral do Estado é de livre nomeação e exoneração, sendo um cargo de confiança do chefe
do Poder Executivo. As empresas públicas e sociedades de economia mista submetem-se
a regras de direito privado e não podem sofrer ingerência por parte do Legislativo. Quanto à
regra 2, esta também é materialmente inconstitucional porque institui um modelo de
fiscalização exacerbado e, desse modo, viola o princípio da separação de Poderes. (Mas o
art. 61, § 1º, fala em “leis” e o ato impugnado era uma emenda constitucional... O STF
entende que, se houver uma emenda constitucional tratando sobre algum dos assuntos listados
no art. 61, § 1º, da CF/88, essa emenda deve ter sido proposta pelo chefe do Poder Executivo.)
• Quanto aos dirigentes de autarquias e fundações e quanto ao Defensor Público-Geral:
Se não fosse pelo vício formal, seria possível que a Constituição do Estado exigisse que
tais nomes fossem aprovados pela ALE. Isso porque a CF/88 permite que a legislação
condicione a nomeação de determinados titulares de cargos públicos à prévia aprovação do
Senado Federal, a teor do art. 52, III.
Logo, em homenagem ao princípio da simetria, essa mesma previsão do art. 52 pode ser
repetida na Constituição ou mesmo na legislação infraconstitucional estadual

 É CONSTITUCIONAL norma originária da Lei Orgânica do DF que preveja que “a


direção superior das empresas públicas, autarquias, fundações e sociedades de
economia mista terá representantes dos servidores”. A Lei Orgânica do DF é uma

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manifestação do poder constitucional derivado decorrente, ou seja, ela possui o mesmo


status jurídico ostentado pelas Constituições estaduais.
Segundo o STF, a norma em questão, por ser oriunda do “poder constituinte originário
decorrente” (também chamado de “poder constituinte decorrente inicial/instituidor”: aquele
que cria a CE), não sofre vício de reserva de iniciativa legislativa do chefe do Poder
Executivo.
Importante não confundir:
· Normas originárias da Constituição estadual: não estão limitadas ao art. 61, § 1º,
da CF/88.
· Emendas à Constituição estadual: não podem contrariar a iniciativa reservada do art.
61, § 1º, da CF/88.

 É INCONSTITUCIONAL norma da Constituição Estadual que preveja a isonomia de


vencimentos entre os membros das Polícias Civil e Militar. Tal regra viola o art. 61, § 1º, II,
“a”, da CF/88. Além disso, ofende também o art. 37, XIII, da CF/88, que proíbe equiparações
entre servidores de carreiras distintas.

 CE pode prever que o servidor público eleito para um cargo de dirigente sindical
terá direito de ficar afastado do serviço, recebendo sua remuneração, enquanto durar
seu mandato. (Art. 37 (...) VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação
sindical;)

 É INCONSTITUCIONAL norma da Constituição estadual que preveja que o


Deputado Estadual perderá o mandato em caso de condenação criminal nos crimes
apenados com reclusão, atentatórios ao decoro parlamentar. Isso porque a CE, ao tratar
sobre perda de mandato do parlamentar estadual, deverá seguir as mesmas regras impostas
pela CF/88 aos deputados federais (art. 27 §1º). Segundo o art. 55, VI, da CF/88, o Deputado
Federal deverá perder o mandato sempre que sofrer condenação criminal transitada em
julgado, independentemente da natureza da pena e do tipo de crime. Logo, a CE viola a
CF/88 ao limitar a perda aos casos em que o parlamentar for condenado por crime apenado
com reclusão e atentatório ao decoro parlamentar.

 É incompatível com a CF/88 norma da Constituição estadual que imponha limites à


remuneração do Poder Judiciário, considerando que isso já é feito pelo art. 93, V, da CF/88,
que é quem tem competência para dispor sobre o tema.

 É CONSTITUCIONAL norma da Constituição estadual que preveja que “compete


privativamente à Assembleia Legislativa autorizar e resolver definitivamente sobre
empréstimo, acordos e convênios que acarretem encargos ou compromissos gravosos
ao patrimônio estadual.” ATENÇÃO MPPB: De fato, o art. 49, I, da CF/88 prevê, como
competência exclusiva do Congresso Nacional, resolver sobre acordos ou tratados
internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional.

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A CE/PB vai além e prevê que a Assembleia Legislativa tem o poder de autorizar e resolver
empréstimos, acordos e convênios que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao
patrimônio estadual.
Os Ministros entenderam que a intenção do constituinte estadual em conferir maior controle
dessas operações à Assembleia Legislativa não é irrazoável.
De igual forma, essa previsão não viola a separação dos poderes. Ao contrário, o fortalecimento
do controle desses atos implica prestigiar os mecanismos de checks and balances, não
caracterizando invasão de competências.
Princípio da simetria não é absoluto O Min. Gilmar Mendes faz a ressalva de que:
“Esse princípio da simetria, contudo, não deve ser compreendido como absoluto.” O ex-Ministro
Cezar Peluso afirmava que “a invocação da regra da simetria não pode, em síntese, ser produto
de uma decisão arbitrária ou imotivada do intérprete.” (ADI 4.298-MC). Só se pode alegar
violação a esse princípio quando a regra estadual gerar uma contradição insuperável com a
CF/88. Na opinião dos Ministros, a inovação da constituição paraibana não atenta contra os
marcos fundamentais da Carta Magna, mas, antes, procura tornar ainda mais efetivos os
comandos constitucionais do equilíbrio entre os poderes e do controle republicano dos
compromissos públicos.

Art. 125. § 1º A competência dos tribunais será definida na Constituição do


Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal de
Justiça.
Súmula 649-STF: É inconstitucional a criação, por Constituição estadual, de
órgão de controle administrativo do Poder Judiciário do qual participem
representantes de outros Poderes ou entidades.

 É INCONSTITUCIONAL norma da Constituição estadual que preveja que a


iniciativa da Lei de organização judiciária é do Governador do Estado. É inconstitucional
norma da Constituição estadual que institua a criação de órgão de controle
administrativo do Poder Judiciário do qual participem representantes de outros
Poderes ou entidades. STF. Plenário. ADI 197/SE, rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
3/4/2014 (O STF considerou que essas normas violam a autonomia e a independência do Poder
Judiciário, o que afronta o princípio da separação dos Poderes. Segundo o § 1º do art. 125 da
CF/88, a lei de organização judiciária nos Estados é de iniciativa do Tribunal de Justiça. Logo,
não pode a Constituição estadual atribuí-la ao Governador. Segundo o § 1º do art. 125 da CF/88,
a lei de organização judiciária nos Estados é de iniciativa do Tribunal de Justiça. Logo, não pode
a Constituição estadual atribuí-la ao Governador. Deve-se esclarecer que o raciocínio dessa
Súmula 649 não pode ser aplicado para o Conselho Nacional de Justiça, uma vez que, segundo
decidiu o STF, o CNJ é um órgão interno do Poder Judiciário (art. 92, I-A, da CF/88) e em sua
composição apresenta maioria qualificada de membros da magistratura (art. 103-B). . O STF
afirmou que o Poder Judiciário é nacional e, nessa condição, rege-se por princípios unitários
enunciados pela CF.
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
III — autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se
ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias;

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 É INCONSTITUCIONAL norma da Constituição estadual que exija autorização da


Assembleia Legislativa para que o Governador e o Vice possam se ausentar do país
por menos de 15 dias. A CE somente poderia prever a autorização se a ausência fosse
superior a esse prazo. (O STF entendeu que tais previsões violam o princípio da separação dos
poderes.)

Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal,


Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-
ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios
e à conta dos créditos respectivos(...).

 É INCONSTITUCIONAL norma da Constituição estadual que preveja que os


recursos recebidos pelo Estado, da União, a título de indenização ou pagamento de
débito, serão destinados ao pagamento de precatórios decorrentes de condenações
judiciais da mesma origem da indenização ou do pagamento. Tal previsão gera uma fila
preferencial de precatórios, em detrimento da ordem cronológica, o que ofende o art. 100 da
CF/88.
Art. 103. § 3º Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a
inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato normativo, citará,
previamente, o Advogado-Geral da União, que defenderá o ato ou texto
impugnado.
Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, (...), exercerão
a representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades
federadas.

 É válida norma da Constituição do Estado que atribui ao Procurador da Assembleia


Legislativa ou, alternativamente, ao Procurador-Geral do Estado, a incumbência de
defender a constitucionalidade de ato normativo estadual questionado em controle
abstrato de constitucionalidade na esfera de competência do Tribunal de Justiça. Essa
previsão não afronta o art. 103, § 3º da CF/88 já que não existe, quanto a isso, um dever de
simetria para com o modelo federal. Ademais, essa norma estadual não viola o art. 132 da
CF/88 uma vez que a atuação do Procurador-Geral da ALE nos processos de controle de
constitucionalidade não se confunde com o papel de representação judicial do Estado, esse
sim de exclusividade da Procuradoria-Geral do Estado.
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,
aeronáutico, espacial e do trabalho;

 É INCONSTITUCIONAL norma da Constituição estadual que disponha sobre o


regime trabalhista dos servidores das empresas públicas e sociedades de economia
mista. Isso porque tais entidades estão sujeitas ao regime das empresas privadas (art. 173,
§ 1º da CF/88). Logo, a CE estaria legislando sobre direito do trabalho.

 É INCONSTITUCIONAL norma da Constituição estadual que impõe obrigações


relacionadas com servidores municipais. Há, no caso, violação à autonomia municipal. É

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INCONSTITUCIONAL norma da Constituição estadual que impõe obrigações de


natureza civil, comercial ou trabalhista às empresas públicas e às sociedades de
economia mista. Isso porque tais entidades estão sujeitas ao regime das empresas
privadas (art. 173, § 1º da CF/88).

Art. 41 § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será


ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo
de origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em
disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de serviço.
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável ficará
em disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu
adequado aproveitamento em outro cargo.

 É INCONSTITUCIONAL a garantia da disponibilidade remunerada ao ex-detentor


de mandato eletivo, com a opção pelo retorno ou não às atividades, se servidor
público, após o encerramento da atividade parlamentar. Tal previsão ofende o art. 41, §§ 2º
e 3º da CF/88, além de violar as regras sobre afastamento do titular de cargo público para o
exercício de mandato eletivo (art. 38, CF/88). A disponibilidade remunerada do servidor público
somente pode ocorrer nas hipóteses do art. 41, § 2º. Se a Constituição estadual estipula
situações de disponibilidade do servidor fora desses casos, incidirá em inconstitucionalidade.

 É incompatível com a CF/88 norma da Constituição estadual que afirme que o


servidor público em disponibilidade ficará recebendo remuneração INTEGRAL. Isso porque
o § 3º do art. 41 da CF/88 estabelece que o servidor em disponibilidade terá remuneração
PROPORCIONAL ao tempo de serviço. É também incompatível com a CF/88 norma da
Constituição estadual que afirme que o servidor público em disponibilidade deverá ser
aproveitado em outro cargo NO PRAZO MÁXIMO de 1 ano. Isso porque a CF/88, ao tratar
sobre o tema, não estipulou tal interregno.

XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias


para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público;

 É incompatível com a CF/88 norma da Constituição estadual que preveja que os


servidores públicos estaduais não poderão receber remuneração inferior ao piso salarial
profissional (salário mínimo profissional) estabelecido em lei federal. Tal regra viola o art. 37,
XIII, da CF/88 e a autonomia dos estados para fixar os vencimentos de seus servidores (arts.
2º e 25). (Trata-se de uma espécie de “gatilho salarial”, que fere o próprio princípio federativo e
a autonomia dos estados para fixar os vencimentos de seus servidores.)

 É INCONSTITUCIONAL norma da Constituição estadual que impõe prazos para que


o chefe do Poder Executivo apresente proposições legislativas ou pratique atos
administrativos. (Há, nesse caso, uma interferência indevida na independência e harmonia
entre os Poderes)

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5. Questões de Concurso:

FCC DPE AP 2018: Lei municipal que proíbe a cobrança de consumação mínima em bares da
cidade é, segundo a jurisprudência do STF, inconstitucional, pois cabe à União e ao Estado legislar
sobre direito do consumidor de forma concorrente.

FCC DELEGADO 2017: Súmula Vinculante 46: A definição dos crimes de responsabilidade
e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento são de competência legislativa
privativa da União. Logo, não poderiam ser definidas pela AL.

FCC TJSC 2017: A respeito da competência legislativa sobre normas gerais em matéria
tributária: Trata-se de competência exclusiva da União. Para legislar sobre Direito Tributário, a
competência é concorrente entre União, Estados e DF (art. 24, I). No entanto, a questão se refere à
normas gerais em matéria tributária, que é competência (exclusiva) da União, consoante o §1º
do mesmo artigo.

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