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Competências Legislativas
1. Competências da União:
A competência para editar lei fixando o piso salarial das categorias profissionais
(art. 7º, V, da CF/88) é privativa da União por se tratar de direito do trabalho (art. 22, I). A
União editou a LC federal 103/2000 autorizando que os Estados-membros e o DF editem
leis fixando o piso salarial dos profissionais de acordo com suas realidades regionais.
Ocorre que a União exigiu, dentre outros requisitos, que essa lei seja de iniciativa do chefe
do Poder Executivo estadual (Governador). Se uma lei estadual/distrital de iniciativa
parlamentar fixa o piso salarial, essa lei ultrapassa os limites impostos pela LC federal
103/2000 e, em última análise, viola diretamente o art. 22, I e parágrafo único, da CF/88,
sendo considerada INCONSTITUCIONAL. Assim, a extrapolação dos limites da
competência legislativa delegada pela União aos Estados e ao Distrito Federal representa a
usurpação de competência legislativa da União para legislar sobre direito do trabalho (art.
22, I e parágrafo único) e, consequentemente, a inconstitucionalidade formal da lei delegada.
STF. Plenário. ADI 5344 MC/PI, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 11/10/2018 (Info 919).
(Obs. – há inconstitucionalidade ou mera ilegalidade? O STF entende que a lei estadual que
extrapola a autorização conferida pela Lei Federal, usurpa, em última análise, a competência
legislativa privativa da União e, por isso, é inconstitucional.)
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Paulo Victor Oliveira Silva Santos – Última Atualização: 24/06/2019 – até o informativo 939 do STF
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É INCONSTITUCIONAL lei estadual que verse sobre este tema, como é o caso de lei
estadual que dispõe sobre a organização dos serviços de telecomunicações, a criação
e funcionamento de um órgão regulador e outros aspectos institucionais.
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Conforme você pode observar, as Leis do ES e do RN eram parecidas, mas receberam decisões diferentes.
Fica difícil dizer a vocês qual posição seguir nas provas de concurso. Na dúvida, vocês deverão buscar os
detalhes que diferenciam uma lei da outra e perceber se o enunciado da questão menciona alguma destas
peculiaridades. Obs: a única diferença que visualizo é o fato de que, no primeiro exemplo, não se sabe quem
são os proprietários, enquanto no segundo caso estes são identificados.
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a suas peculiaridades. O STF entendeu que essa lei do Estado do Rio Grande do Sul significou
uma verdadeira “renúncia” ao exercício da competência legislativa concorrente prevista no art.
24, V, VIII e XII, da CF/88. Em outras palavras, o Estado abriu mão de sua competência
suplementar prevista no art. 24, § 2º da CF/88. O ente federado não pode se recusar a
implementar as providências impostas a ele pelo legislador constituinte. Essa Lei do RS foi uma
lei remissiva, ou seja, ela falou o seguinte: a competência para tratar sobre esse assunto é minha
também, mas façam aí tudo o que a legislação federal determinar. Para o STF, “a banalização
de normas estaduais remissivas fragiliza a estrutura federativa descentralizada, e
consagra o monopólio da União, sem atentar para nuances locais.”)
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filas de estabelecimentos empresariais. Vale ressaltar que essa lei municipal não obriga a
contratação de pessoal, e sim sua colocação suficiente no setor de caixas para o
atendimento aos consumidores. STF. 1ª Turma. ARE 809489 AgR/SP, Rel. Min. Rosa
Weber, julgado em 28/5/2019 (Info 942)
As normas gerais sobre educação foram editadas pela União na Lei 9.394/96 (LDB).
Determinado Estado-membro editou uma lei prevendo o número máximo de alunos que
poderiam estudar nas salas de aula das escolas, públicas ou particulares, ali existentes. O
STF entendeu que essa lei é CONSTITUCIONAL e que não usurpa a competência da União
para legislar sobre normas gerais de educação.
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É INCONSTITUCIONAL lei estadual que exija que o pescador, para exercer sua
atividade, cadastre-se em entidade privada (Federação de Pescadores) que cobra taxa por
essa fiscalização
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
XXIX - propaganda comercial.
Art. 61. (...) § 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República as
leis que: (...) II - disponham sobre:
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública,
observado o disposto no art. 84, VI;
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patrocinados por empresas envolvidas no comércio dessas substâncias. Impõe restrição que
recai sobre a Administração Pública municipal e não sobre as empresas comercializadoras)
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I – Direito... comercial...
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre:
V - produção e consumo;
Art. 30. Compete aos Municípios:
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
Os Municípios com mais de 20 mil habitantes e o Distrito Federal podem legislar sobre
programas e projetos específicos de ordenamento do espaço urbano por meio de leis que
sejam compatíveis com as diretrizes fixadas no plano diretor. Isso significa que nem sempre
que o Município for legislar sobre matéria urbanística, ele precisará fazê-lo por meio
do Plano Diretor. O Plano Diretor é o instrumento legal que dita a atuação do Município ou
do Distrito Federal quanto ao ordenamento urbano, traçando suas linhas gerais, porém a
sua execução pode se dar mediante a expedição de outras lei e decretos, desde que
guardem conformidade com o Plano Diretor. (A Constituição prevê que compete
concorrentemente à União, aos Estados-membros, ao DF e aos Municípios legislar sobre direito
urbanístico (art. 24, I e § 1º, e 30, II).)
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Em regra, a competência para dar nome a logradouros públicos é do Prefeito, por meio de
decreto; contudo, a lei orgânica poderá prever essa competência também para a Câmara Municipal,
por meio de lei, desde que não exclua a do Prefeito. Coabitação normativa entre os poderes executivos e
o legislativo. STF. Plenário. RE 1151237/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 3/10/2019 (Info 954)
CE não pode exigir autorização da ALE para que o Governador (ou o Vice) se
ausente do país qualquer que seja o prazo. A exigência de prévia autorização da
assembleia legislativa para o governador e o vice-governador do Estado ausentarem-se, “em
qualquer tempo”, do território nacional mostra-se incompatível com os postulados da
simetria e da separação dos Poderes. A Constituição Federal, em seu art. 49, III e em seu
art. 83, prevê que é da competência do Congresso Nacional autorizar o Presidente e o Vice-
presidente da República a se ausentarem do País quando a ausência for por período
superior a 15 dias. Logo, afronta os princípios da separação dos Poderes e da simetria a
norma da Constituição estadual que exige prévia licença da Assembleia Legislativa para que
o Governador e o Vice-governador se ausentem do País por qualquer prazo. Os Estados-
membros não podem criar novas ingerências de um Poder na órbita de outro que não
derivem explícita ou implicitamente de regra ou princípio previsto na Constituição Federal.
STF. Plenário. ADI 5373 MC/RR, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 9/5/2019 (Info 939).
Essa regra de “por qualquer tempo” está em desacordo com o parâmetro estabelecido pela CF/88,
considerando que, para o Presidente da República, somente se exige autorização do Congresso Nacional
se a ausência for superior a 15 dias. Desse modo, houve violação ao princípio da simetria.
Constituição estadual só pode exigir que o Prefeito (ou o Vice) peça autorização da Câmara
Municipal para viajar se a viagem for superior a 15 dias: A CE/AP trouxe regra dizendo que se o
Prefeito ou o Vice-Prefeito for viajar ao exterior, “por qualquer tempo”, ele deverá pedir uma
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CE pode prever que a Lei Orgânica da Polícia Civil tenha status de lei
complementar. Seria uma demasia (um exagero) negar à Constituição estadual a
possibilidade de escolher determinados temas como mais sensíveis, exigindo, para eles,
uma aprovação legislativa mais qualificada por meio de lei complementar, não violando o
princípio da simetria.
A CF/88, em seu art. 144, § 4º, estabelece o requisito necessário para ocupar a
direção da Polícia Civil (deverá ser um Delegado de Polícia de carreira). As
Constituições estaduais não poderão prever regras diferentes desse modelo (princípio da
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simetria). Assim, é inconstitucional a CE que preveja que o chefe da Polícia Civil possa ser
alguém que não integre a carreira. De igual forma, é inconstitucional a CE que estabeleça
que o chefe da Polícia Civil deverá ser um Delegado de Polícia integrante da classe final da
carreira, considerando que a CF/88 não faz tal exigência. STF. Plenário. ADI 3038/SC, rel.
Min. Marco Aurélio, julgado em 11/12/2014 (Info 771). Cuidado. Existe julgado em sentido
contrário.
Art. 61. § 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis
que: II - disponham sobre:
a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração
direta e autárquica ou aumento de sua remuneração;
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CE pode prever que o servidor público eleito para um cargo de dirigente sindical
terá direito de ficar afastado do serviço, recebendo sua remuneração, enquanto durar
seu mandato. (Art. 37 (...) VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação
sindical;)
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A CE/PB vai além e prevê que a Assembleia Legislativa tem o poder de autorizar e resolver
empréstimos, acordos e convênios que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao
patrimônio estadual.
Os Ministros entenderam que a intenção do constituinte estadual em conferir maior controle
dessas operações à Assembleia Legislativa não é irrazoável.
De igual forma, essa previsão não viola a separação dos poderes. Ao contrário, o fortalecimento
do controle desses atos implica prestigiar os mecanismos de checks and balances, não
caracterizando invasão de competências.
Princípio da simetria não é absoluto O Min. Gilmar Mendes faz a ressalva de que:
“Esse princípio da simetria, contudo, não deve ser compreendido como absoluto.” O ex-Ministro
Cezar Peluso afirmava que “a invocação da regra da simetria não pode, em síntese, ser produto
de uma decisão arbitrária ou imotivada do intérprete.” (ADI 4.298-MC). Só se pode alegar
violação a esse princípio quando a regra estadual gerar uma contradição insuperável com a
CF/88. Na opinião dos Ministros, a inovação da constituição paraibana não atenta contra os
marcos fundamentais da Carta Magna, mas, antes, procura tornar ainda mais efetivos os
comandos constitucionais do equilíbrio entre os poderes e do controle republicano dos
compromissos públicos.
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5. Questões de Concurso:
FCC DPE AP 2018: Lei municipal que proíbe a cobrança de consumação mínima em bares da
cidade é, segundo a jurisprudência do STF, inconstitucional, pois cabe à União e ao Estado legislar
sobre direito do consumidor de forma concorrente.
FCC DELEGADO 2017: Súmula Vinculante 46: A definição dos crimes de responsabilidade
e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento são de competência legislativa
privativa da União. Logo, não poderiam ser definidas pela AL.
FCC TJSC 2017: A respeito da competência legislativa sobre normas gerais em matéria
tributária: Trata-se de competência exclusiva da União. Para legislar sobre Direito Tributário, a
competência é concorrente entre União, Estados e DF (art. 24, I). No entanto, a questão se refere à
normas gerais em matéria tributária, que é competência (exclusiva) da União, consoante o §1º
do mesmo artigo.
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