MANUAL
DE
MANOBRAS DE CORDAS
PARA EQUIPAS DE
SALVAMENTO
EM ALTURA
Autor:
Alexandre Gonçalo Cruz Ferreira Santos, Bombeiro Técnico/Formador de
Resgate.
Nº Mecanográfico 06 98 0904
Índice
Ambiente de possíveis obstáculos
em Salvamentos em Altura ------------------------------------ 7
Segurança ---------------------------------------------------------10
Nós ----------------------------------------------------------------- 13
Ancoragens ------------------------------------------------------ 24
Tirolesas -------------------------------------------------------- 54
Bibliografia ----------------------------------------------------- 58
não é utilizada para protecção em caso de queda, mas sim para a própria
progressão.
Esta actividade também é conhecida por “Técnicas Mono-Corda” (TMC).
Embora a espeleologia vertical não tenha sido um desporto de grande
divulgação, teve uma influência marcada no desenvolvimento de equipamentos
e de técnicas empregadas noutras actividades verticais, muito em especial no
salvamento.
Um dos mais importantes destes desenvolvimentos foi o de uma corda
extremamente durável e que estica muito pouco (corda semi-estática).
O sistema de ambiente de
salvamento em altura
compõe-se de diversos
elementos: Cordas,
utensílios, ferramentas,
ancoragens (amarrações) e outros que não podem ser considerados
isoladamente. Para se conseguir bons resultados, todos estes factores devem
ser considerados em conjunto, fazendo parte integrante de um sistema.
Tal como uma corrente é tão resistente como o seu elo mais fraco, a totalidade
de um sistema de salvamento em altura limita-se a ser tão eficaz como o seu
componente mais fraco.
Vamos supor, por exemplo, que no sistema que se está a utilizar está incluída
uma corda com carga de rotura certificada de 2000 kg e uma ancoragem com
uma carga máxima de 500 kg. A capacidade da carga de todo o sistema será
respectivamente de 500 kg…
O pisar uma corda faz com que partículas de pó entrem no seu núcleo, onde
vai danificar as fibras que suportam a carga. Para além disto há quem
considere que a pessoa que pisa uma corda manifesta desprezo por quem a
vai utilizar.
SEGURANÇA
Conceitos mentais:
Ö Caso alguém não se sinta em plena forma numa intervenção, seja por
fadiga, calor, frio, etc., deve-se afastar de qualquer actividade
potencialmente perigosa, colocando-se em
“segunda linha”.
Conceitos físicos:
à Amarrações.
à União de cordas.
Os nós numa corda devem ser desfeitos antes de esta ser recolhida e
guardada, pelos seguintes motivos:
Nós de reforço:
Uma corda deve ser correctamente enrolada e armazenada (em local fresco e
seco, nunca em contacto com raios solares) devido a ficar sempre pronta para
utilização, deve-se tomar especial atenção ao enrolamento para que na altura
de uma utilização rápida esta não fique emaranhada nem com nós…
Amarrações de alta
Nove
resistência
União
Bloqueio
Substituição de
Prussik
bloqueadores mecânicos
Substituição de
Machard
bloqueadores mecânicos
Especiais
Transferência de carga.
Mariner
Afastador regulável
Nó de Nove:
Nó de Pescador Duplo:
Nó de Fita:
Nó “Prussik”:
Nó “Machard”:
Nó de Lontra:
Nó Dinâmico:
Nó de Mula:
Nó Estático:
Nó Borboleta:
Nó de Oito Simples:
Nó “Mariner”:
3 De origem ambiental:
- Árvores
- Rochas
- Etc…
3 De origem tecnológica:
- Pilares
- Colunas
- Corrimãos
- Varandas
- Vigas
- Etc…
Condições da Ancoragem. Uma árvore viva suportará maiores cargas que uma
seca e morta.
Localização da força. Uma árvore o qual se aplique uma força junto das raízes
aguentará melhor do que se a carga for aplicada perto da copa.
Deve-se considerar sempre a direcção da força que vai agir sobre o ponto de
ancoragem.
As ancoragens devem estar alinhadas com as forças que vão actuar sobre
elas.
Considerar também, desde logo, o que pode acorrer caso as forças mudem de
direcção.
Em condições ideais a Ancoragem deve ficar por cima e tão próxima do local
onde queremos ter acesso.
Ter em atenção:
Afastadores (Desvios):
É uma técnica que se destina a levar uma corda para uma posição ou ângulo
mais favorável.
Ancoragens de Reforço:
Ancoragens em linha:
Os cuidados a ter com este tipo de ancoragem é que devemos colocar o ponto
de segurança de modo a que, em caso de falha do ponto principal, este não
sofra uma sobrecarga devido a um choque ou cause demasiado pêndulo no
sistema, o que viria a poder cortar a corda por roçamento ou danificar qualquer
outro equipamento.
- Cordas.
• Oito de seguimento
• Laçada sem tensão (Mínimo 6 voltas e diâmetro mínimo de 4 vezes a espessura da corda)
- Fitas (cintas).
Roupa de protecção:
A roupa de protecção deve proteger o
Técnico das condições ambientais que
lhe sejam adversas, ao mesmo tempo
que deve proporcionar o máximo
conforto em qualquer trabalho no
ambiente de salvamento em altura.
O corte e desenho do vestuário devem
ser estudado para que quando o
Técnico se esticar completamente, com
os braços acima da cabeça, não exista
inibição dos seus movimentos.
Uma vez que pessoas envolvidas em
trabalhos de salvamento estão sujeitas
a ficar ao ar livre por longos períodos,
durante os quais ficam expostos às
Calçado:
Luvas:
Usam-se luvas no ambiente de salvamento em
altura para proteger as mãos do tempo
atmosférico e mais importante de queimaduras
de fricção com as cordas. São de facto, um
escudo das mãos e evitam situações de
incomodo ao Técnico, que pode até perder o
controlo da corda.
Embora protegidas, as mãos têm de reter a
sensibilidade necessária para que os dedos
possam manipular os equipamentos.
Joalheiras/Cotoveleiras:
De extrema importância em trabalhos nos
espaços confinados ou zonas de bastante
irregularidade.
O seu uso nos espaços confinados proporciona
não só uma protecção eficaz contra impactos nas
zonas do corpo com articulações, isto porque são
zonas de grande sensibilidade, como são uma
protecção eficaz contra o elevado desgaste que
sofre a roupa de protecção nesse tipo de
espaços devido a roçamentos.
Já em áreas de grande irregularidade, por
exemplo escombros de superfície, o perigo
de queda é maior sendo este tipo de
equipamento um meio eficaz mais uma vez contra os impactos que possam
advir dessas quedas.
Arnês:
Fontes de luz:
As intervenções de salvamento em
altura com equipas especializadas,
podem ocorrer durante a noite, pelo
que todo o pessoal deve estar
equipado com uma fonte de luz
segura.
Uma vez que é necessário utilizar
as duas mãos para o trabalho, estas
fontes de luz deverão ser sob a
forma frontais, ou seja luzes que se
colocam sobre o capacete
apontando sempre na direcção que
o Técnico olhe.
Alguns capacetes já trazem fontes de luz incorporadas, outros, saliências que
permitem a sua colocação de modo eficaz e seguro.
Neste último caso ter o cuidado de escolher um frontal com uma banda
elástica.
Devem também os frontais ter foco regulável e um interruptor seguro que não
possa ser ligado ou desligado involuntariamente.
Em termos de autonomia, a que de longe tem maior duração e que é mais
resistente ás influências do frio é a célula de lítio. A escolha a seguir, em
termos de duração e resistência às temperaturas reinantes nas intervenções, é
a bateria alcalina.
altura são uma ameaça de morte devido à facilidade com que podem destruir
equipamentos vitais.
De uma forma geral todo material deve ser guardado em local seco, arejado e
protegido da luz solar (raios UV danificam as fibras e descoloram metais) e de
qualquer fonte de calor.
Todos os equipamentos devem estar em perfeitas condições de limpeza.
Devido a cuidados diferentes que os equipamentos têm, seguidamente
salienta-se alguns desses cuidados em particular, contudo é OBRIGATÓRIA a
leitura de instruções e avisos que acompanham os diversos
equipamentos.
Cordas/Fitas:
A evitar:
-Sujidade ou contaminação por qualquer tipo de químico e/ou hidrocarbonetos.
-Sobrecarga (atenção Factor de Queda tem que ser <2).
-Deixar nós após trabalho.
Cuidados a ter.
-Inspecção obrigatória após qualquer utilização.
-Limpeza exclusivamente com produtos recomendados.
Mosquetões
A evitar:
-Choques
-Forças axiais
-Efeito de alavanca
-Sobrecargas (trancar o fecho)
Cuidados a ter:
-Lubrificação do fecho e da mola.
-Inspecção cuidada para detecção de desgaste e/ou fissuras, fecho ou mola
danificados.
Ligadores de Rosca:
A evitar:
-Choques.
-Efeito de alavanca.
-Sobrecargas (enroscar o fecho na totalidade).
Cuidados a ter:
-Similares aos mosquetões (excepto mola).
Descensores “simples”:
A evitar:
-Choques.
Cuidados a ter:
-Inspecção cuidada para detecção de desgaste e/ou
fissuras.
Descensores “mecânicos”:
A evitar:
-Choques.
Cuidados a ter:
-Inspecção cuidada para detecção de
desgaste e peças desapertadas ou com
folga.
Cuidados a ter:
-Limpeza minuciosa das partes móveis (“cam”).
-Inspecção cuidada para detecção de desgaste.
Bloqueadores:
A evitar:
-Similares aos ascensores.
Cuidados a ter:
-Similares aos ascensores.
Roldanas:
A evitar:
-Choques.
-Sujidade entre placas.
Cuidados a ter:
-Inspecção cuidada da polia e dos rolamentos e/ou
casquilhos para detecção de desgaste e/ou peças
desapertadas.
Roldanas Bloqueadoras:
A evitar:
-Similar ás roldanas normais.
-Similar ás “cam” dos ascensores.
Cuidados a ter:
-Similar ás roldanas normais.
-Similar ás “cam” dos ascensores.
Roldanas passa-nós:
A evitar:
-Similar ás roldanas normais.
Cuidados a ter.
-Similar ás roldanas normais
Uma descida individual apenas deve ser feita, quando a pessoa que o estiver a
fazer, pode dispor de fricção ou atrito mais do que o necessário (isto significa
em termos práticos: dispor de controlo)
Rebordos salientes
O aperfeiçoamento, a aquisição
dos conhecimentos e a prática das
disciplinas do rapel e da subida na
corda, implica uma maior
capacidade de se poder transferir, enquanto se está na corda, de um modo de
descida para subida e vice-versa.
Podemos utilizar estes conhecimentos, por exemplo, para sair de uma situação
de dispositivo de rapel encravado, sem a necessidade do sempre perigoso,
recurso a facas, como referido anteriormente, apresenta grandes riscos.
Como já referido existem imensos sistemas diferentes para subir nas cordas e
que podem ser usados de acordo com as seguintes necessidades principais:
ª Escombros de grandes
dimensões
ª Fábricas
ª Pisos no subsolo
ª Escarpas
ª Locais de acessibilidade
restrita
ª Etc.….
3:1 5:1
3:1 4:1
A diferença principal entre descida e rapel é que na maior parte das vezes
durante uma descida, o dispositivo de atrito permanece estacionário enquanto
a corda passa através dele. No caso do rapel, o dispositivo desloca-se e a
corda permanece estática.
Numa pessoa consciente esta sincope não aparecerá, já que esta modificará
os pontos de apoio no seu arnês á medida que vá ficando desconfortável.
Logo, para iça-lo e liberta-lo da sua fixação á grua pode usar-se um sistema de
desmultiplicação e como se aprecia no desenho, é usado um bloqueador de
punho, juntamente com um mosquetão para o efeito roldana e um estribo de
fita.
Sobrecarga
Montagem demorada
Passagem inicial da corda e pessoal
Montagem demorada
É de notar que uma das coisas mais difíceis de determinar é a tensão correcta
que uma corda deve ter.
Como tal as cordas nunca devem ser fortemente esticadas e depois
submetidas a cargas. Isto pode dar origem a sobrecarga e falha ou colapso da
corda e outros equipamentos.
A regra dos Dez Por Cento significa que a corda deve ter um abaixamento de
dez por cento em relação ao seu comprimento, quando lhe for submetida uma
carga.
Por exemplo, se esticarmos uma corda com 30 metros para montarmos uma
tirolesa, quando lhe colocarmos a carga esta deve baixar cerca de 3 metros,
para que as forças que existem no sistema baixem para valores toleráveis e
assim não haja falhas no sistema.
O espaço a cruzar, que deve ser o mais curto que for possível encontrar.
Exemplos de montagens:
Tom Vines & Steve Hudson, “High Angle Rescue Techniques” 2ª Ed.
Mosby Inc., 1999