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encontro

O Evangelho de
João e você
Nestes próximos três meses, quando estaremos celebrando o mês da EBD, somos
contemplados com o estudo do Evangelho de João que é uma das mais belas pági-
nas da revelação bíblica e será de grande proveito para o nosso crescimento espiritu-
al, trazendo-nos um profundo conhecimento das Escrituras.
O Evangelho de João é fundamental para o entendimento da “teologia de Jesus”,
apresentada por ele mesmo. O propósito é mostrar que Jesus é o Messias, o Filho de
Deus e todos que acreditam nele terão vida eterna.
Broadus David Hale, em seu livro Introdução ao Estudo do Novo Testamento, apresen-
ta com muita propriedade que “nenhum outro livro levou tantas pessoas a Cristo e
inspirou tantos a segui-lo e servi-lo como o Evangelho de João. A teologia foi coloca-
da em termos tais, que até uma criança pode compreender a visão da grandeza do
amor de Deus, como mostrado em Jesus”.
João trata de temas tais como: Jesus como único Filho de Deus, vida eterna, o Espíri-
to Santo, luz versus trevas, as declarações “Eu sou” de Jesus e tantos outros.
Suas ênfases teológicas – revelação – Deus – cristologia – salvação – igreja – per-
meiam todo o conteúdo do livro.
Desafio a você, querido aluno, a neste período estudar com profundidade este maravilho-
so Evangelho. Em cada estudo proposto em sua revista você encontrará os textos bíblicos
“Dia a dia com a Bíblia”. Ao fazer essas leituras você poderá observar atentamente a quem
Jesus se dirige quando fala. É aos seus discípulos? É aos seus oponentes? É às multidões?
Jesus se dirige a cada grupo de ouvintes de uma forma específica. Durante a leitura dire-
cione também sua atenção à forma como o escritor preparou a narrativa e seu significado.
Ao final de cada estudo seu professor apresentará a frase-chave, resumo do estudo
em questão, para que você possa compartilhar com alguém que ainda não teve a
experiência de encontrar-se com Jesus. Esta atividade encontra-se também na parte
final da sua revista. Será uma oportunidade para você cumprir o “ide” de Jesus.
Que Deus o abençoe nesta caminhada.

COMPROMISSO 1
LITERATURA BATISTA • ANO CX • Nº 438 ISSN 1984-7475

COMPROMISSO Editor
Destina-se a adultos (36 a 64 anos), contendo Sócrates Oliveira de Souza
lições para a Escola Bíblica Dominical. Os adultos
de 65 anos em diante podem, obviamente, usar Coordenação Editorial
esta revista, mas a CBB destina a eles a revista Solange Cardoso de Abreu d’Almeida (RP/16897)
REALIZAÇÃO, cuidadosamente preparada
para a faixa etária da terceira idade Redação
Eva Souza da Silva Evangelista
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por quaisquer meios (mecânicos, eletrônicos, Produção e Distribuição
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Rio de Janeiro, RJ da Igreja Batista Missionária do Maracanã, Rio de
Telegráfico – BATISTAS Janeiro, RJ; Diretor Geral do Colégio Batista Shepard
Eletrônico – literatura@batistas.com da Convenção Batista Carioca. Sua formação acadêmica
consta de: Magistério/Professor; Bacharel em Teologia;
Pós-graduado (Stricto Sensu); Mestre em Teologia;
Bacharel em Psicanálise Clínica; Pós-graduado (Lato
Sensu) em Capelania Educacional, Hospitalar e Prisional;
Pós-graduado (Lato Sensu) em Aconselhamento Bíblico;
Tecnólogo em Gestão Financeira; Pós-graduado (Lato
Sensu) em Administração Escolar; Pós-graduado (Lato
Sensu) em Supervisão Escolar; Pós-graduando (Lato
Sensu) em Orientação Pedagógica – em curso.

2 COMPROMISSO
sumário

ESTUDOS DA ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL

Introdução aos estudos da EBD ___________________________________ 7

EBD 1 – A revelação de Deus ____________________________________10


EBD 2 – As primeiras ações no ministério terreno de Jesus_________________ 14
EBD 3 – O novo nascimento_____________________________________18
EBD 4 – A missão de Cristo_____________________________________22
EBD 5 – O ministério de Jesus se amplia ____________________________ 26
EBD 6 – Graça e cura________________________________________ 30
EBD 7 – Jesus, o Bom Pastor___________________________________ 34
EBD 8 – O início do fim – chegada a Jerusalém________________________ 38
EBD 9 – Um momento difícil ____________________________________42
EBD 10 – A promessa do Espírito Santo_____________________________ 46
EBD 11 – A missão do Consolador _________________________________50
EBD 12 – Sofrimento e morte de Jesus_____________________________ 54
EBD 13 – Ressurreição e vida___________________________________ 58

VARIEDADES

Para você pensar: Suprassumo de toda experiência cristã – Romanos 12.1_________ 4


Hino da EBD: Não sei por que – 377 do Cantor cristão _____________________ 5
Ênfase do ano: Palavras de Jesus sobre o reino de Deus____________________ 6
Para saber mais: Crescimento é trabalho_____________________________62
Lazer __________________________________________________63
Atividades do suplemento______________________________________64

COMPROMISSO 3
Para você pensar

Suprassumo de toda
experiência cristã
Romanos 12.1-8
Paulo inicia o capítulo 12 de Romanos com uma conjunção conclusiva, dando a ideia de
que, uma vez que o ensino doutrinário teórico estava definido era, agora, a oportunidade
de aplicá-lo na vida cotidiana. Em outras palavras, temos neste trecho os objetivos essen-
ciais a serem almejados. Ele mostra o que a formação cristã deve visar:
1. Vida pessoal consagrada (12.1) – Entregar o corpo em sacrifício vivo significa desen-
volver uma vida piedosa de inteira e incondicional submissão a Deus. O sacrifício, por sua
natureza própria, indica morte, mas o texto informa que o sacrifício é vivo. Desta forma, o
crente submete sua vida a Deus, considerando-a como morta, mas reconhece que está vivo
para servi-lo em toda esfera ou âmbito de sua vida. Seus membros devem ser entregues
como instrumentos da justiça, da retidão de Deus (Rm 6.13,19). Este tipo de vida é o verda-
deiro culto a Deus. Um culto racional, isto é, um culto feito com autoconsciência.
2. Mudança dos valores éticos (12.2) – O cristão não forma os seus valores éticos pes-
soais à luz dos valores deste mundo. Além de piedosa, a sua vida será transformada bem
como o seu modo de pensar, a sua mente. A vontade de Deus somente estará à disposição
de quem tiver uma mente transformada. Esta transformação é promovida pela interação da
Palavra de Deus na estrutura mental e emocional da pessoa. Somente assim será possível
que o crente seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra (2Tm 3.16,17).
3. Autoimagem e relacionamentos equilibrados (12.3) – O cristão deve ter equilíbrio
espiritual na piedade, na mente, nas emoções, na ética e também em sua autoimagem.
4. Interdependência comunitária (12.4,5) – A igreja é comparada metaforicamente
a um corpo, cujas partes, embora tenham funções diferentes, são interdependentes. Em
1Coríntios 12.26, Paulo nos ensina que se um membro sofre, todos sofrem com ele e, se um
deles é honrado, com ele todos regozijam.
5. Ministério dedicado e aperfeiçoado (12.6-8) – Este trecho demonstra que os cren-
tes são possuidores de diversos dons a serem exercidos com dedicação, esmero e aperfeiço-
amento. Comparando-se com Efésios 4.7-16 e 1 Coríntios 12, temos a compreensão de que
a estratégia de funcionamento da igreja é o exercício dos diversos dons para o crescimento
equilibrado do corpo (extraído e adaptado de Diretrizes para o Plano Diretor da Educação
Religiosa Batista no Brasil – Convenção Batista Brasileira).

4 COMPROMISSO
Hino da EBD

Não sei por que

Daniel Webster Whittle (1840-1901) EL NATHAN


Trad. Justus Henry Nelson (1819-1931) James McGranahan (1840-1907)
377, CC

COMPROMISSO 5
ênfase do ano

Palavras de Jesus
sobre o Reino de Deus
Os ensinamentos de Jesus concentravam-se principalmente na questão do reino de
Deus. Mike Beaumont no Guia Prático da Bíblia afirma que assim como os judeus daquela
época, a geração atual continua imaginando o reino de Deus como um lugar. Entretanto,
não era nesse sentido que Jesus se referia a ele. O termo grego significa “governo”, e não
“reino”, de modo que o reino de Deus se refere ao governo espiritual de Deus, e não a um
governo terreno. Conforme declarou Jesus, quando Deus reina, tudo muda.
Entretanto, Jesus também disse que, embora seu reino estivesse “próximo”, era necessá-
rio que as pessoas procurassem por ele, e uma vez encontrado, assim como a um tesouro,
abandonassem tudo para adquiri-lo (Mt 13.44-46), participando dele e confiando em
Deus do mesmo modo como as crianças confiam em seus pais (Mt 18.3).
No Evangelho de Mateus encontramos uma sequência de discursos de Jesus cha-
mados parábolas. Essas parábolas proferidas por Jesus e registradas por Mateus
ilustram o reino. Em cada parábola podemos observar a natureza do ministério de
Jesus como Messias e a chegada do seu reino entre os homens.
Embora tenha iniciado a implantação do reino de Deus, Jesus disse que o melhor
ainda estava por vir, quando ele retornasse, ao final da história do mundo. Mateus
também faz uma alusão a esse reino que ainda
Ênfase: O reino de Cristo está entre nós está por vir. Jesus, como “o Filho do homem”, virá
Tema: Transformados pelo poder do novamente com grande poder e em juízo, e isto
reino de Cristo acontecerá logo. “Em verdade vos digo que alguns
Divisa: “Porque o reino de Deus não aqui se encontram que de maneira nenhuma pas-
consiste em palavras, mas em poder” – sarão pela morte até que vejam vir o Filho do ho-
1Coríntios 4.20 mem no seu reino” (Mt 16.28).
Hino do trimestre: Não sei por que Eva Souza da Silva Evangelista
– 377 do Cantor cristão Redatora

6 COMPROMISSO
Introdução aos estudos
da EBD

João - Um Evangelho
Diferente

Já nos primeiros parágrafos, percebe-se que João se diferencia notavelmente do


estilo de Mateus, Marcos e Lucas. Os escritores dos outros Evangelhos fixaram a sua
atenção nos acontecimentos e seguiam Jesus pelos ruidosos mercados e aldeias.
Diferentemente deles, João dava por certo que seus leitores conheciam os fatos
fundamentais acerca de Jesus. Por isso, em vez de centrar sua atenção neste ou
naquele fato, ele se aprofunda no significado do que Jesus dissera ou fizera.
Em seu primeiro parágrafo, salienta a natureza de Cristo. Não aparecem aí presépios,
nem estábulos, nem pastores, nem sábios do Oriente. João nada conta do nascimento

COMPROMISSO 7
nem da infância de Jesus. Quando o apre-
senta, ele já é o amadurecido Filho de Deus.
Terminado o eloquente prólogo, este livro Jesus dá provas de sua
apresenta João Batista apontando humilde- identidade, diagnostica
mente para Jesus “do qual eu não sou digno os problemas da
de desatar a correia da alparca” (Jo 1.27). humanidade e descreve
pura e simplesmente o
que é preciso fazer para se
OBJETIVOS converter, para mudar de
Ao lermos o livro de João percebemos que atitude diante de Deus
ele especifica com muita clareza os ele-
mentos fundamentais da fé. Jesus dá pro-
vas de sua identidade, diagnostica os pro-
blemas da humanidade e descreve pura e 20 dias da vida de Jesus, e as reuniu de forma
simplesmente o que é preciso fazer para se a apresentar um Messias que sabe “donde
converter, para mudar de atitude diante de vim, e para onde vou” (Jo 8.14). Jesus não
Deus. É muito provável que ao ler o Evan- é simplesmente um homem que apareceu
gelho de João, você reconheça certos versí- na terra, mas, sim, o Filho de Deus, enviado
culos e frases deste extraordinário livro que para completar a obra do Pai. As repetidas
chegaram a ser de conhecimento quase referências àquele “que me enviou” impri-
universal como, por exemplo, as sentenças mem uma cadência especial a este livro.
iniciadas por “Eu sou”, que Jesus usa de vez Segundo João, Cristo participou do ato ori-
em quando. João escolheu sete “sinais” ou ginal da criação. Mas no tempo próprio foi
milagres de Jesus (cinco dos quais não figu- também enviado à terra como o Verbo – a
ram em nenhum outro escrito). No decorrer Palavra divina – que resume tudo o que
destes próximos três meses você entrará Deus desejava dizer. Deus se expressou na
em contato com esses milagres, cada um única forma com que realmente podemos
com suas peculiaridades. compreendê-lo: tornando-se um de nós.

JESUS FOI ENVIADO PARA PROPÓSITOS TEOLÓGICOS


CUMPRIR UMA MISSÃO
Dr. Broadus Hale (1983) apresenta alguns
João limitou-se a escolher determinadas propósitos teológicos do Evangelho de João
cenas que não abrangem, no total, mais que que certamente o leitor há de perceber no

8 COMPROMISSO
conteúdo descrito no texto do aluno. Es- relação devida entre a vida contemporânea
ses propósitos parecem ter influenciado o e o ministério histórico de Jesus.
conteúdo do livro nos vários estágios de
sua composição. A intenção do livro não foi
perpetuar um corpo imutável de doutrinas, 3. Interesses apologéticos – O Evan-
mas relatar algumas convicções cristãs, em gelho de João parece demonstrar um in-
face dos desafios surgidos na comunidade. teresse especial na relação do velho Israel
Alguns desses propósitos são: com o novo, particularmente nos capítulos
2-12. A superioridade do cristianismo não
é uma substituição do judaísmo, mas sua
1. Interesses evangelísticos – O pro- verdadeira realização. Mais do que renun-
pósito declarado do Evangelho em 20.31 ciar ao templo, no momento em que cor-
é bem claro: “Estes, porém, foram escritos ria perigo mortal, a igreja foi o verdadeiro
para que creiais”. O verbo “crer” é funda- templo, como o corpo de Jesus, em que a
mental não só para o contexto imediato, glória de Deus se tabernaculou na terra
mas para o livro todo. Esta fé, dirá depois o (1.14; 2.19-21). Para um povo privado de
autor, conduz à “vida” (eterna), outra ênfa- suas festas tradicionais, desenvolveu-se
uma apresentação de Cristo como a páscoa,
se importante do Evangelho. De modo bem
os tabernáculos e a dedicação verdadeiros.
claro, o objetivo primordial do livro foi faci-
A igreja rejeitava somente as dimensões
litar um relacionamento pessoal com Jesus
raciais e políticas de Israel, não sua identi-
que transformará o sentido da existência
dade espiritual autêntica. Desse modo, os
da pessoa. Ao mesmo tempo, o Evangelho
judeus foram convidados a aceitar Cristo, a
está preocupado em estabelecer também a
fim mais de cumprir do que de rejeitar sua
fé em Jesus, como o “Filho de Deus”.
vocação bíblica.

2. Interesses eclesiásticos – João não se REFERÊNCIAS


preocupou com as necessidades internas
da igreja. O cristianismo estava penetrando Bíblia Devocional de Estudo – Velho e Novo
em novas culturas. Novas pressões surgi- Testamento. Tradução de João Ferreira de
ram: formas sutis de heresia, aumento de Almeida. Versão revista e corrigida. Com
atividades hostis da parte dos inimigos e referências. Revisão de 1997. Fecomex.
desunião interna provocaram, em parte, Hale, Broadus D. Introdução ao Novo Tes-
uma crise na liderança ministerial. A pre- tamento. Junta de Educação Religiosa e
ocupação maior da igreja era descobrir a Publicações: Rio de Janeiro, 1983.

COMPROMISSO 9
EBD 1

TEXTO BÍBLICO
João 1.1-51
A revelação
TEXTO ÁUREO
João 1.14
de Deus

JESUS, TODO PODEROSO ONTEM, HOJE E


DIA A DIA ETERNAMENTE (1.1-5)
COM A BÍBLIA
Quando lemos os primeiros versículos do Evangelho de João nos im-
SEGUNDA
pressiona o quanto Deus quer que saibamos que sua presença no Filho
João 1.1-7 é de eternidade em eternidade.
TERÇA A declaração de que no princípio era o Verbo poderia ser classificada
João 1. 8-14
como antes de Gênesis 1.1. Moisés inicia sua exposição da revelação
QUARTA de Deus dizendo que no princípio Deus criou, porém, João relata o que
João 1.15-18
era antes da criação. A afirmação de que Jesus estava no princípio,
QUINTA no ato da criação e sendo tudo realizado por ele (Jesus, o Verbo) é de
João 1.19-27
causar uma emoção muito forte naquele que crê.
SEXTA
João 1.18-34 Por causa dessa declaração podemos sustentar muitas de nossas
SÁBADO declarações doutrinárias, entre elas, a Trindade. Nestes versículos po-
João 1.35-42 demos entender a mente e a percepção de João. Jesus não era um
DOMINGO homem que foi ensinado a ser Deus, ou convencido que era Deus, ou
João 1.43-51 que buscou ser Deus e, por isso, se declarou Deus, mas Jesus é Deus,
indubitavelmente.
Há uma história a ser contada e ensinada que se instala com o nas-
cimento virginal do Cristo, se desenvolve com sua vida entre nós e
ascende com sua morte e ressurreição. Contudo, a história não aca-

10 COMPROMISSO
bou, pois Jesus virá. Devemos anunciar que
Jesus é esse poderoso narrado por João;
Verbo eterno, pelo qual tudo foi feito por Jesus não era um homem
sua Palavra. que foi ensinado a ser
Deus, ou convencido
que era Deus, ou que
JOÃO, O BATISTA, O TODO buscou ser Deus e, por
DEPENDENTE DE DEUS (1.6-28) isso, se declarou Deus,
João escreve com muita propriedade a res- mas Jesus é Deus,
peito de João Batista, chamado assim para indubitavelmente
diferenciar e marcar a respeito de quem se
fala. É um personagem relevante na passa-
gem de Jesus entre nós.
Detalhes interessantes de João, o Batista, rem bons e produtivos. Nós os preparamos
aguçam as discussões teológicas. Contudo, para viverem nesse mundo de maneira
dois destaques podem ser práticos na vida honrada e honesta. Investimos a fim de
cristã. que vençam na vida, obtendo saúde, con-
forto e realização. Mas, na prática, a vida
O primeiro destaque de João vem antes cristã não tem sido prioridade no ensino
de seu próprio nascimento. Anunciado ao de muitos pais. Crianças crescem sem a
seu pai Zacarias que muitos se alegrariam educação cristã de berço. Nossos filhos são
no seu nascimento, seria grande diante do para glória de Deus. Nós somos para glória
Senhor, converteria muitos dos filhos de de Deus. Nossos filhos e netos serão adul-
Israel ao SENHOR seu Deus e iria adiante tos, mas desde crianças devem entender
dele no espírito e virtude de Elias, para que suas vidas são para servir a Deus. João
converter os corações dos pais aos filhos, aprendeu isto em casa. Os propósitos de
e os rebeldes à prudência dos justos, com Deus foram, inicialmente, ensinados por
o fim de preparar ao Senhor um povo bem seus pais. Certamente, ao longo da vida,
disposto (Lc 1.14-17). o próprio Deus falou de muitas maneiras
O nascimento de uma criança deve trazer com João. Contudo, João cresceu sob uma
benefícios ao reino de Deus. Existimos para atmosfera de compromisso com Deus e
a glória de Deus. Nossos filhos devem ser seus objetivos.
criados para esse mesmo propósito. O pro- Podemos imaginar João refletindo a res-
blema é que criamos nossos filhos para se- peito da mensagem que Deus entregou

COMPROMISSO 11
a seus pais. Recebendo instrução da pro- manecer com a Palavra de Deus, apesar
messa de Deus à nação e dos propósitos das formulações e tratados humanos. Em
divinos à humanidade inteira. João sabia, muitas épocas, em muitos lugares, em
desde o berço, da importância da sua vida muitas culturas, cristãos mudaram sua
na sua própria existência. Deus tem falado crença por causa dos conceitos humanos.
conosco; nós devemos ensinar nossos fi- Não é incomum encontrarmos pessoas
lhos a respeito da grande comissão deixada defendendo o aborto porque alguém pro-
por Jesus. Um dia, eles ouvirão do próprio vou que só é considerado vida após quan-
Deus a confirmação do que aprenderam e tidade “X” de semanas (e entre eles não
receberão novas instruções e passarão para há uma data exata). O crente deve pautar
seus próprios filhos e estes aos filhos dos sua convicção nos propósitos de Deus,
filhos até a volta de Jesus. ainda que a humanidade diga coisas em
O segundo destaque é igualmente im- contrário.
pressionante. Está em torno da discus-
são do início da vida. Alguns defendem
que é preciso um coração pulsando e um A CONVICÇÃO DO PLANO
cérebro funcionando, ou seja, a presença REDENTOR DE DEUS – A
de sistema circulatório e nervoso em tor- IMPORTÂNCIA DAS PESSOAS
no do segundo mês de gestação para que (1.29-51)
o feto seja considerado um ser vivo. Na “O Cordeiro de Deus que tira o pecado do
contramão de muitos que dizem que não mundo”. Essa declaração de João deve ter
é um ser vivo antes de um determinado confundido muitos que ouviram, pois o
período, a Bíblia narra que João, com três cordeiro tirava o pecado do indivíduo, ou da
meses de vida uterina, identifica Jesus família ou do judeu. Mas, tiraria de todos?
na barriga de Maria, que vai se encontrar Muitas perguntas estavam para serem fei-
com Isabel a fim de compartilhar o evento tas, o próprio João não compreendeu tudo
milagroso em sua vida. Significa que Je- e nem entendeu todas as questões. João
sus estava presente completamente no sabia apenas o necessário para cumprir sua
evento inicial dos primeiros dias de gra- missão. Quando interrogado, demonstrou
videz de Maria. Os primeiros dias de vida que tinha mais convicção a respeito do que
são completamente vida; assim, diga não não era: não era o Cristo; não era o Elias;
ao aborto. não era o Profeta. Apenas refletia ser o que
Nossa discussão não deve estar pautada disse Isaías 40.3: “Voz do que clama no de-
nas concepções humanas. Devemos per- serto”.

12 COMPROMISSO
Apesar de serem primos, pela leitura bí­ as coisas da carne. Enquanto Deus quer se
blica, entendemos que João não reconhe- mostrar descortinado, a fim de conduzir
ceria Jesus depois de adultos (ambos com o homem de volta à intimidade no Éden,
30 anos). Para os íntimos da família, havia o homem quer ver aquilo que lhe traz
muitas histórias em torno de Jesus, desde proveito próprio, na semelhança de Adão.
sua concepção pelo Espírito Santo, até as Enquanto Deus nos quer em obediência, a
revelações que o próprio Nazareno dava humanidade quer voltar à árvore para co-
no templo desde seus 12 anos. Mas, como mer de frutos de pouco proveito.
identificá-lo? Por isso, Deus dá o sinal per-
O objetivo de Deus para criar o homem foi
feito para identificar quem seria o Cristo
interrompido pelo pecado. O pecado conce-
(1.31-34). Daí seu espanto em batizar o
bido provocou a exclusão do homem, não
Cristo (Mt 3.14). João Batista não tinha
só da presença de Deus, não só do paraíso,
todas as respostas, mas tinha convicção
mas para longe do projeto original. O peca-
da missão de fazer a vontade de Deus.
do não arruinou os planos de Deus, mas o
Obedecia incondicionalmente. Precisamos
interrompeu por um breve momento.
de muitos como João, o Batista, mais obe-
dientes que questionadores. Deus quer comunhão com o homem. Ape­
sar do pecado, o Senhor agracia a huma-
Aliás, ressalto o que ouvi de um pregador:
nidade com a possibilidade de elevá-lo
“Se Adão e Eva permanecessem sem ques-
à condição de criatura, a serem filhos de
tionar, apenas obedecessem incondicional-
Deus. Para isso, habita entre nós, na for-
mente, ainda estaríamos no Éden”.
ma humana, abrindo mão de sua glória a
Hoje reunimos mais respostas que todos os fim de nos resgatar definitivamente em
apóstolos somados com João Batista. Te- sacrifício vivo, sendo o último e definitivo
mos às mãos muito mais que o necessário Cordeiro que tira o pecado de todo aquele
para cumprir a vontade de Deus. Aqueles que nele crer.
homens obedeceram, mesmo tendo mais
Por alguma razão, Deus não quer executar
perguntas que respostas. Hoje, apesar das
seus planos sem o homem. Poderia, mas
respostas e dos fatos, homens e mulheres
não quer. Há uma frase que utilizo que
ficam aquém daquelas convicções. Alguns
entendo ser uma atitude de Deus: “Pessoas
declaram as palavras de João, mas não
são mais importantes que coisas, fatos e
professam a mesma incondicionalidade.
frases”. Ora, se é assim para Deus, deve ser
Querem o melhor de Deus, mas também
para nós também.
querem a sincronização humana. Que-
rem seguir o Cristo sem deixar a carne e E você, querido leitor, tem esta convicção?

COMPROMISSO 13
EBD 2

As primeiras ações
TEXTO BÍBLICO
João 2

no ministério
TEXTO ÁUREO
João 2.11

terreno de jesus
“ Jesus percorria todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas,
DIA A DIA pregando o evangelho do reino e curando todo tipo de doenças e enfer-
COM A BÍBLIA midades. Vendo as multidões, compadeceu-se delas, porque andavam
atribuladas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor. Então disse a
SEGUNDA seus discípulos: Na verdade, a colheita é grande, mas os trabalhadores
João 2.1-4 são poucos; rogai ao Senhor da colheita que mande trabalhadores para
TERÇA a sua colheita” (Mt 9.35-38).
João 2.5-8
QUARTA
João 2.9-12 O TERCEIRO DIA
QUINTA O terceiro dia do ministério de Jesus entre nós deve ter sido muito ani-
João 2.13-15
mador, principalmente porque os dois dias que antecederam a festa
SEXTA de casamento foram totalmente diferentes daqueles que ele tinha
João 2.16-19
vivido até então: um adolescente falando com doutores da lei admi-
SÁBADO rados com sua inteligência e respostas; um jovem que trabalhava na
João 2.20-22
carpintaria junto com o pai numa vila de pouca expressão social; e um
DOMINGO adulto que, provavelmente, após a morte do pai, cuidara de sua mãe
João 2.23-25
e de seus queridos irmãos.
O que mais Jesus poderia esperar nessa nova estrada que se apresen-
tava? E a resposta foi perfeita! “Ainda não é chegada a minha hora!” Ou
seja, ainda há um longo e árduo caminho para trilhar.

14 COMPROMISSO
OS DOIS DIAS ANTERIORES Os discípulos de João já estavam ouvindo,
do próprio João os ensinamentos proféti-
Os dois dias anteriores foram marcados
cos a respeito do Cristo, e repentinamen-
por encontros que mudaram a história
te ele está diante dos olhos. A reação foi
da vida de alguns homens. A expressão
rápida e clara: “Achamos Jesus de Nazaré”.
“Eis aqui o Cordeiro de Deus”, articulada
E a resposta de Jesus também foi rápida:
pela boca de João Batista, soava de for-
“Eu te vi debaixo da figueira, Natanael”;
ma semelhante à expressão de Jesus ao
“Segue-me, Mateus”; “Desce depressa des-
proclamar “Arrependei-vos porque está
sa figueira, Zaqueu”; “Vinde a mim todos
próximo o reino de Deus”. De origem le-
os que estais cansados e oprimidos e eu vos
vítica, podendo exercer, como seu pai
aliviarei”; “Hoje mesmo estarás comigo no
Zacarias, o ofício de sacerdote, João Ba-
paraíso”; “Pedro, tu me amas?”
tista preferiu morar nas montanhas e no
deserto vestido de peles, alimentando-se Jesus sempre tem uma resposta para cada
de gafanhotos e mel e definitivamente ocasião, quem tem ouvidos para ouvir,
decidido a obedecer à vontade de Deus ouça.
que o escolhera antes dele nascer, e que
respondia a inquietação de todos que em
A FAMÍLIA SE ENCONTRA
seus corações perguntavam “quem será,
pois este menino?” A emoção de Jesus foi muito forte ao en-
contrar num casamento os seus irmãos e
A resposta é resultado da criação dos seus
a sua mãe Maria, os quais, provavelmen-
pais, do conhecimento das Escrituras que
te, não via há algum tempo. Entretanto,
foram iniciadas em casa e continuadas no
mesmo que houvesse muitas dúvidas nos
templo e da influência do Espírito Santo
corações dos discípulos e de seus irmãos
na vida de João. Este é o resultado de uma
– alguns dos quais não criam nele – no
série de ações.
coração de Maria ainda permanecia viva
Todos eles – André, João, Pedro, Filipe, a visão e a promessa do anjo Gabriel:
Natanael e milhares de outros – ao ou- “Salve, agraciada! O Senhor é contigo!
virem a expressão “Eis aqui o Cordeiro de Bendita tu entre as mulheres! Não temas
Deus” entenderam que era um convite porque achaste graça diante de Deus. E
para considerar que a vida que levavam eis que em teu ventre conceberás e darás à
estava completamente diferente da vida luz um filho, e por-lhe-ás o nome de Jesus.
que agora Jesus oferecia de forma perfei- Este será grande, e será chamado filho do
ta e abundante. Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono

COMPROMISSO 15
de Davi, seu pai. E reinará eternamente na encheram-nas até em cima. Tirai agora e
casa de Jacó, e o seu reino não terá fim” (Lc levai ao mestre-sala! E levaram.” E obede-
1.28-33). Ela ainda guardava todas essas ceram, e viram, e provaram, e glorificaram,
coisas, conferindo-as em seu coração (Lc e divulgaram sem entender a grandeza do
2.19). Jesus é Deus e sempre soube disso, que aconteceu verdadeiramente. Viram um
Maria também, nós também; o mundo milagre, mas ainda não enxergaram o Se-
precisa saber disso. Estar em família é nhor do milagre.
bom, mas compor a família de Deus é me-
O milagre aconteceu! Cerca de 700 litros de
lhor ainda (Ef 2.19-22).
água transformaram-se em vinho.
O sinal aconteceu: o mineral (água)
REBOLIÇO NO CASAMENTO transformou-se em vegetal (vinho). Deus
pode transformar pedras em homens,
Que grande turbulência deve ter acontecido
barro em homens. Não há impossível
entre os demais convidados quando Jesus
para Deus.
Cristo e seus primeiros discípulos chegaram
ao casamento em Caná da Galileia! O alvo- “Tudo foi feito por ele e sem ele nada do que
roço ficou intensificado quando percebe- foi feito se fez.”
ram que o vinho tinha acabado. Apesar das
boas intenções de Maria, Jesus esclarece
seu foco e transmite uma verdade implíci- O MINISTÉRIO DE
ta: “mulher, o momento é oportuno, mas o TRANSFORMAÇÃO
meu compromisso é com o Pai”. Foi nessa Assim Jesus iniciou o seu ministério ma-
circunstância que ele iniciou o seu intenso nifestando a sua glória. E os seus discípu-
e breve ministério. Seu primeiro milagre los entenderam que seria o ministério de
depois de encarnado. Não podemos perder transformação de vidas porque as suas
de vista que Jesus sempre existiu. Sempre próprias vidas estavam em processo de
fez milagres, ainda faz milagres, mas ficou transformação. Quando transcreveram os
interrompido por breve momento. textos, suas vidas eram outras por causa do
poder de serem transformadas. Os sinais
ou milagres continuaram: mortos foram
OBEDECER É MELHOR ressuscitados, endemoninhados foram li-
Os serventes, percebendo a autoridade di­ bertos, leprosos ficaram limpos, cegos en-
vina em Jesus e considerando a soberania xergaram, mudos falaram, surdos ouviram,
divina, obedeceram em tudo o que ele paralíticos foram curados.
pediu. “Enchei d’água essas talhas! E eles

16 COMPROMISSO
A PROFECIA ficou tremendamente decepcionado com
os homens que vendiam bois, ovelhas e
Mas Jesus já sabia que o seu ministério se-
pombos e outros homens cambistas. Ira-
ria de transformação. Havia uma profecia a
do e com um tipo de chicote ele expulsou
respeito disso. E ele aguardou 30 anos para
todos do templo alegando que o templo
que ela se cumprisse. Ele esperou desde
– casa do Pai – não era lugar para aquelas
o dia em que Adão pecou. Antes de tudo,
coisas.
aquele dia já era um fato. Não há surpresa
para Deus. O templo do corpo de Cristo (v. 18-
22) – Quando os judeus indagaram com
“Chegando a Nazaré, onde fora criado,
entrou na sinagoga no dia de sábado, se- que autoridade Jesus expulsava aqueles
gundo o seu costume, e levantou-se para homens ele, referindo-se ao seu próprio
fazer a leitura. Entregaram-lhe o livro do corpo, declara que independentemente
profeta Isaías; ele o abriu e achou o lugar de destruírem esse templo, conforme
em que estava escrito: O Espírito do Senhor estavam destruindo o templo de Jerusa-
está sobre mim, porque me ungiu para lém, ele o reconstruiria em três dias. Isto
anunciar boas novas aos pobres; enviou- ele dizia com relação à sua ressurreição
me para proclamar libertação aos presos e que aconteceria cerca de três anos de-
restauração da vista aos cegos, para pôr em pois.
liberdade os oprimidos e para proclamar o O templo do nosso corpo (v. 23-25)
ano aceitável do Senhor. E fechando o livro, – Assim como Jesus conhecia cada um
devolveu-o ao assistente e sentou-se; e os daqueles homens e sabia das suas in-
olhares de todos na sinagoga estavam fixos tenções, ele também nos conhece e sabe
nele. Então ele começou a dizer-lhes: Hoje muito bem o que há em cada um de nós:
se cumpriu esta passagem da Escritura que “Mas tu, ó Senhor, me conheces, tu me vês
acabais de ouvir” (Lc 4.16-21). e provas o meu coração para contigo” (Jr
12.3; Sl 139).

OS TRÊS TEMPLOS As primeiras ações designam os obje-


tivos gerais. Tudo tem um tempo de-
Em João 2.13-25 encontramos três templos terminado e Jesus está no controle de
distintos: todas as coisas. Deus quer reconciliar
O templo de Jerusalém (v. 14-16) – Por consigo o pecador, restaurar a imagem
ocasião da festa da Páscoa dos judeus, decaída por meio de uma transforma-
Jesus Cristo decidiu ir a Jerusalém, onde ção genuína.

COMPROMISSO 17
EBD 3

TEXTO BÍBLICO
João 3
O novo
nascimento
TEXTO ÁUREO
João 3.16

O NOVO NASCIMENTO
DIA A DIA As muitas leituras e mensagens que acompanhamos ao longo da jor-
COM A BÍBLIA
nada cristã nos fazem, não poucas vezes, ignorar outros detalhes e
pontos importantes que trazem ensinamentos significativos. Dentro
SEGUNDA dos grandes ensinos também residem partículas que devem ser con-
João 3.1-5
sideradas a fim de fortificar as aprendizagens do grande cenário. Às
TERÇA vezes, na vida é assim, só valorizamos os grandes milagres, as grandes
João 3. 6-10
vitórias e desconsideramos o real fato de que Deus, a todo momento,
QUARTA
abençoa em detalhes.
João 3.11-15
QUINTA
João 3.16-21
POR TRÁS DA MÁSCARA (3.1,2)
SEXTA
João 3.22-26 Ninguém pode ser filho de Deus sem fundamentação em Deus. Nico-
SÁBADO demos, um fariseu, nome dado a um grupo de judeus devotos à Torá,
João 3.27-30 surgidos no século II a.C. Opositores dos saduceus, acreditavam numa
DOMINGO lei oral, em conjunto com a lei escrita, e foram os criadores da insti-
João 3.31-36 tuição da sinagoga.
Portanto, para conhecermos esse doutor Nicodemos, precisamos ob-
servar em que se baseava sua fé, suas convicções, seus conceitos reli-
giosos, suas expectativas políticas e espirituais. Ele defendia algumas
ideias e ideais que denotam sua personalidade, tais como:

18 COMPROMISSO
1) Expulsão de todos os estrangeiros dos Há muitos “Nicodemos” entre nós, que de-
arraiais judaicos; fendem uma ideia, um conceito, do qual
o fazem por tradição ou porque sempre
2) Preservação e conservação da religião e
foi assim, aprenderam sem questionar, ou
cultura judaica;
pelo menos, sem pesquisar na Bíblia. Con-
3) Manutenção e organização das sinago- tudo, no fundo do seu coração está insegu-
gas; ro. Portanto, nosso olhar não deve estar fi-
4) Poder como ferramenta de governo e de xado em homens, mas na Palavra de Deus.
preservação do judaísmo; Lembro-me de quando escrevi e dirigi a
5) A lei e os mandamentos de Moisés como primeira peça teatral natalina, pesquisan-
base fundamental da vida judaica; do nos Evangelhos e nos livros que falavam
do Cristo. Meses de ensaio, equipamentos
6) Defendia a ressurreição; para a apresentação, mesa de iluminação,
7) Confiava que Deus restauraria e salvaria enfim, chega o dia da apresentação. Des-
Israel no modelo davídico. de Simeão e Ana até a morte de Herodes.
Palmas! Ao final, fui questionado: “todos
Portanto, dentro do coração, em meio ao
sabem que os pastores e os magos estavam
caos, confiava que o Messias estava por
presentes no nascimento de Jesus. Por que
vir com a missão inicial de expulsar os ro-
você os separou? De onde você tirou essa
manos de forma definitiva e cabal. Ele era
história de que os magos chegaram depois
indubitavelmente fariseu. Se nos nossos
do dia do nascimento? É só olhar para os
dias a palavra fariseu é sinônimo de here-
presépios. Você quer mudar o evangelho”?
ge, em seu tempo, era sinônimo de zeloso.
Foi muito difícil, com 21 anos, explicar que
Diante daquele povo, Nicodemos era uma eles estavam equivocados.
autoridade de grande respeito e de promis-
Apesar das certezas religiosas, o coração de
sora carreira religiosa. Algumas pessoas em
Nicodemos carregava dúvidas que os seus
nossos dias também são assim. Por causa
pares, seus estudos na Torá, suas orações e
de seus pontos de vista, das suas crenças
jejuns não respondiam. Em dado momen-
e discursos, usufruem do nosso respeito.
to, ele ouve a respeito de Jesus, seus feitos,
Principalmente aqueles que comungam da
seus milagres, suas palavras que certamen-
nossa fé e ordem. Alguns se esquecem do
te abalaram suas convicções.
próprio Cristo a fim de apoiar essas pesso-
as, mesmo em detrimento, em prejuízo, do Possivelmente, Nicodemos tenha olhado
próprio evangelho, pois falam em nome de e admitido em seu coração que mesmo
Deus, apesar de contrariá-lo. alcançando e preservando suas persua-

COMPROMISSO 19
séculos, em todas as eras e gerações era:
Quem é o Messias?
Não basta nascer numa
família crente, crescer na Alguns já comentavam e anunciavam a
igreja, viver num mundo divindade e autoridade de Jesus como, por
cristão; é necessário ter exemplo, Lucas 3.12; João 1.29-34; João
1.37 a 39; João 1.41; João 1.44,45.
o próprio nascimento
espiritual, a própria Os fatos narrados pela população alvoroça-
experiência de conversão vam todos, tanto os que estão nos átrios,
quanto aqueles que são candidatos ao
Santo dos santos. Para um melhor entendi-
mento, ler: Mateus 3.1-3; 3.11-12; Marcos
1.7,8; Lucas 3.1-6; 3.15-18; João 1.6-28;
sões, ainda que houvesse uma maneira Mateus 3.7-10; Lucas 3.7-14; Mateus 3.13-
de expulsar os romanos e o pleno esta- 17; Marcos 1.9-11; João 1.29-34; João 2.1-
belecimento do judaísmo em seu máximo 11; João 2.13-20.
exercício, o grande problema não seria
Nicodemos cria coragem, precisa ele mes-
resolvido. É bem possível que ele tenha
mo ouvir, ver e perguntar. São muitas ques-
contemplado uma nação livre e dominan-
tões, mas ainda tem receios. Então monta
te. Com isso, ele pode ter lembrado que
uma estratégia que vai poupá-lo de alguns
na era de Davi e Salomão o grande pro-
desconfortos: um encontro à noite, com
blema não estava no poder, na religião ou
menos possibilidade de ser visto. Durante
na cultura. Não duvido que tenha surgido o dia teria que concorrer com a multidão,
em seu coração uma grande interrogação. entrar na fila e dar explicações da sua pre-
Então, ele ouve a respeito de Jesus. Seria sença, da sua consulta. Afinal, Nicodemos
ele o Cristo? não deseja explicar nada, mas entender
Muito antes do nascimento de Jesus, Deus algumas coisas. E é assim que saúda Jesus,
prometeu o seu Cristo. É interessante fri- reconhecendo-o como Rabi, mestre.
sar que “Messias” (de uma palavra hebrai-
ca) como “Cristo” (de uma palavra grega),
significa “ungido”. Este Prometido seria CAINDO A MÁSCARA (3.3-21)
ungido, isto é, designado por Deus para Jesus não censura Nicodemos pelo título de
um ofício especial, não por um sacerdo- Mestre. E por causa dessa saudação, Jesus
te ou profeta, mas pelo próprio Deus. A propõe: “Então vamos falar de Mestre para
pergunta que todos faziam, em todos os mestre: tudo visto e ouvido por você até

20 COMPROMISSO
aqui não é suficiente para fazer parte do argumentativo, lógico, racional, afinal,
reino de Deus”. Nicodemos vê os milagres, eram dois mestres. Tantas perguntas; pas-
ouve as palavras, mas não vê o mais impor- mou diante da simplicidade objetiva de
tante, a beleza, o poder, a autoridade, a paz Jesus. É preciso fé. É preciso nascer nova-
e a eternidade do reino de Deus. As ideias, mente. Jesus foi direto ao assunto: nascer
as convicções, as crenças, podem encher a do Espírito.
mente e o pensamento, mas não satisfa-
Então, depois de impactar Nicodemos com
zem a alma.
a simplicidade, pois o evangelho é simples
Nicodemos sabe que sua religião não o mesmo, Jesus, a partir do versículo 16 a
liberta, não dá paz, não satisfaz, mas é a 21, apresenta verdades nunca antes ditas a
única coisa que tem. Sinceramente, ele não ninguém. Diante de Cristo tudo se fez novo.
tem esperança. Precisa do Ungido de Deus. Sim, ele é o Messias prometido. O caminho. A
Jesus sacramenta esse sentimento ao afir- verdade. A vida. Não há outro caminho. Não
mar: de Mestre para mestre, “Digo a verda- há outra verdade. Não há vida fora de Cristo.
de: ninguém pode ver o reino de Deus, se
Jesus vai embora, ou Nicodemos se retira,
não nascer de novo”.
ou há uma despedida consensual. Contudo,
Posso ver o olhar de perplexidade do fari- as narrativas bíblicas em João 7.45-51 e
seu, ele que é nascido de Abraão, também João 19.39-42 demonstram que Nicode-
é alcançado com aquela verdade dita aos mos encontrou uma razão para permane-
seus colegas fariseus e aos saduceus: “Não cer entre os fariseus.
pensem que vocês podem dizer a si mes-
Se no primeiro encontro foi às escuras,
mos: Abraão é nosso pai. Pois eu digo que
na crucificação, foi abertamente. Sua in-
destas pedras Deus pode fazer surgir filhos
fluência, sua atitude a favor do Mestre.
a Abraão”. Isto não basta! Pena que muitos
Num extraordinário privilégio, tratou do
em nossos dias não se lembram disso. Não
corpo de Jesus. Ninguém mais que esses
basta nascer numa família crente, crescer
dois homens para dizer sobre a morte de
na igreja, viver num mundo cristão; é ne-
Jesus e sua ressurreição. Nicodemos en-
cessário ter o próprio nascimento espiri-
controu o que procurava, nasceu da água
tual, a própria experiência de conversão.
e do Espírito. Ao contrário de Arimateia,
Nicodemos precisava ter essa experiência
a Bíblia não fala que Nicodemos era dis-
de conversão.
cípulo de Jesus, mas certamente a vida
O conhecimento de Nicodemos não foi su- de Nicodemos havia sido alterada para
ficiente. O principal dos fariseus esperava, sempre e não temos por que duvidar de
penso eu, um debate teológico, filosófico, sua conversão.

COMPROMISSO 21

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