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Plano Diretor Participativo

m i n i s t é r i o d a s c i d a d e s
Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva

Ministro de Estado das Cidades


Marcio Fortes de Almeida

Secretária Nacional de Programas Urbanos


Raquel Rolnik

Diretor de Planejamento Urbano


Benny Schasberg

Diretora de Apoio à Gestão Municipal e Territorial


Otilie Macedo Pinheiro

Diretor de Assuntos Fundiários


Celso Santos Carvalho
Plano Diretor Participativo

Foto da capa:
Assentamento da
Rocinha • Rio de
Janeiro (RJ)

Juca Martins/Pulsar Imagens

m i n i s t é r i o d a s c i d a d e s
Chefe da Assessoria de Comunicação Redator Diagramação e Arte Final
Regina Pires Cláudio Antonio Silva Marcelo Terraza

Repórter Coordenação de Conteúdo


EDIÇÃO Júnia Lima Fonseca Raquel Rolnik
Benny Schasberg
Coordenadora Editorial Consultor de Informática Otilie Macedo Pinheiro
Dalva Helena de Souza Jonil Voiski Junior
Assistente de Produção
Editor Geral e Jornalista Responsável Projeto Gráfico Júlia Lins Bittencourt
Márcio Lima | DRT/MG 2.080 Prêmio Propaganda

Elaboração
Anderson Kazuo Nakano, Antônia Lídia Freitas Espíndola, Arquimedes Belo Paiva, Heloísa Pereira Lima Azevedo, Marcel Cláudio Sant’Ana, Marina Amorim Cavalcanti de
Oliveira, Nathan Belcavello de Oliveira, Regina Maria Pozzobon, Yêda Virgínia Barbosa

Colaboração
Evaniza Lopez Rodrigues, Grazia de Grazia, Luciano Canez, Luiz Gustavo Vieira Martins, Mariana Levy Piza, Raul Fontoura, Simone Gueresi e Weber Sutti

Apoio Administrativo
Aline Melo Nascimento, Claudia Nascimento Melo, Claudilene Alves Oliveira, Fábio Monteiro Rigueira, Marcos Venícius Leite Vasconcelos, Renato Souza, Rhayra B. Cirqueira
dos Santos, William de Castro Feitosa, Letícia Marins (Estagiária)

Parcerias Institucionais
Casa Civil – Secretaria Geral e Secretaria do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social • Caixa Econômica Federal – Superintendência Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (SUDEN), Superintendência Nacional de Parcerias e Apoio ao Desenvolvimento Urbano SUDUP), Gerências de Filiais de Apoio ao Desenvolvimento
Urbano (GIDURs) e Representações de Apoio ao Desenvolvimento Urbano (REDURs) • Eletronorte – Centrais Elétricas do Norte do Brasil • Furnas Centrais Elétricas SA •
Ministério da Ciência e Tecnologia - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e (CNPq) • Ministério da Cultura – Programa Monumenta • Ministério da Fazenda
- Programa Nacional de Apoio à Gestão Fiscal e Administrativa dos Municípios (PNAFM) • Ministério da Integração – Programa Faixa de Fronteira • Ministério do Meio
Ambiente – Secretaria Executiva, Secretaria de Qualidade Ambiental (SQA) Secretaria de Políticas para o Desenvolvimento Sustentável (SDS), Subprograma de Política de
Recursos Naturais (SPRN) e Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) • Ministério do Turismo – Programa Prodetur • Nações Unidas – Programa das Nações Unidas para
Assentamentos Humanos (HABITAT) e Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA)

Brasil. Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Programas Urbanos


Plano Diretor Participativo/Coordenação Geral de Raquel Rolnik, Benny Schasberg e Otilie Macedo Pinheiro – Brasilia: Ministério das Cidades, dezembro de 2005 – 92 p.

1. Política Urbana. 2. Planejamento Territorial. 3. Gestão de Cidades. 4. Plano Diretor. 5. Participação Cidadã
I. Título. II Secretaria Nacional de Programas Urbanos. III.Ministério das Cidades

www.cidades.gov.br • cidades@cidades.gov.br • telefone 61 2108-1602 • Esplanada dos Ministérios • Bloco A, 2º andar • 70050-901 • Brasília, DF
Índice
5 Mensagem do Presidente

9 Apresentação

11 Introdução

13 Cidade é a casa de todos e por todos organizada

27 Apoio técnico e financeiro para planejar toda cidade

33 Equilíbrio entre ecologia e economia nas cidades

41 Foco na identidade cultural

45 Turismo para o bem de todos

49 O olhar para a fronteira

51 Técnica e conhecimento levados às comunidades

53 Experiências pelo Brasil entram em banco de dados

73 Tira-dúvidas sobre o Plano Diretor Participativo

77 Anexos

Belo horizonte (mg) • renato Balbim

plano diretor participativo


Florianópolis (SC) • Rui Faquini
Mensagem do Presidente

A
história das cidades brasileiras é um pouco a história de milhões de pedreiros
de fim de semana; gente que descansa batendo laje nos domingos e feriados;
gente que faz das tripas coração para transformar madeira em barraco; barraco
em alvenaria, e alvenaria em abrigo, aconchego, dignidade e, portanto, num lar.
Essa conquista de um lugar próprio para morar na cidade às vezes consome todo
um ciclo de vida de uma família. A casa sobe aos poucos com o casamento; cresce um
cômodo na chegada das crianças; ganha pintura na adolescência dos filhos, mas às vezes
só fica pronta mesmo quando começa o choro dos netos.
Ainda assim, freqüentemente, para a maioria dos brasileiros, falta um acabamento
que não se resolve na base da tinta ou do reboco.
O nome desse acabamento é direito à cidade e à cidadania. Ele inclui, entre outras
coisas, a rua limpa e iluminada; a segurança pública, o transporte acessível, o posto de
saúde, a escola próxima; a natureza protegida; a praça das crianças.
Essa cidade democrática e republicana ainda é privilégio de poucos e um sonho de
muitos. Milhões de brasileiros espalhados nos 5.562 municípios, vivem comprimidos em
espaços periféricos onde falta de tudo um pouco.

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É justamente para ampliar essa fronteira da cidadania nacio- vimento que já está em curso. Não como uma simples embala-
nal que precisamos planejar – e estamos planejando – o futuro gem de processos econômicos vindos de fora e decididos por
das nossas cidades. cima. Mas com poder para induzir e modelar o próprio desen-
Esse é o objetivo da campanha que lançamos em maio de volvimento, estabelecendo critérios locais condizentes com as
2005. Investimos desde então mais de R$ 60 milhões de reais necessidades da comunidade, com o potencial dos seus recursos
para apoiar 1.684 municípios com mais de 20 mil habitantes, que e com a sua vocação ao longo da história.
deverão elaborar seu plano diretor até 6 de outubro deste ano. Até hoje muitos municípios sequer incluem as favelas, os lote-
Firmamos convênios; capacitamos gestores e técnicos; amentos periféricos e até a área rural nos mapas do seu território.
treinamos lideranças sociais; repassamos recursos diretamente Esse desconhecimento tem causa e nome. O planejamento demo-
a quase 500 municípios – tudo isso para ajudar cada prefeitura crático foi hostilizado em todas as instâncias da gestão nacional até
a fazer desse processo um verdadeiro mutirão participativo e há poucos anos, descolando o Brasil verdadeiro do país oficial.
democrático. Durante vinte anos o Brasil não teve política habitacional. A
Um mutirão que lançou as bases de uma cidade mais justa, e omissão pública permitiu que a oferta e a demanda batessem
democrática – a cidade de todos, obra que junto ao crescimento cabeça em inúmeras frentes. Mas foi nas cidades que ela se reve-
econômico, requer planejamento. lou ainda mais perniciosa, empurrando gente pobre para áreas
Um plano diretor – como todos sabem – é acima de tudo um sem recursos e deixando imóveis bem localizados completa-
pacto entre a população e o seu território. Trata-se de ferramenta mente ociosos.
valiosa para compartilhar a gestão do espaço local, democratizar A população das favelas brasileiras cresceu, nos anos 90, a
os equipamentos urbanos, usufruir com racionalidade dos recursos uma taxa duas vezes e meia superior ao crescimento médio do
naturais e fortalecer o potencial de renda e emprego de cada lugar. país. A área central de São Paulo, por exemplo, perdeu 20% dos
Se conduzido dessa forma, o plano diretor prepara cada seus moradores nesse período, enquanto as periferias explodiram
município para participar ativamente do novo ciclo de desenvol- ganhando mais de um milhão de habitantes. A mesma despro-

 plano diretor participativo


porção se repetiu em outras treze grandes capitais, com inchaço lizar recursos, prioritariamente, à faixa de renda de até cinco salários
periférico e esvaziamento central. mínimos, onde se concentra 92% do déficit habitacional brasileiro.
Foge da verdade quem disser que tem uma solução rápida e A destinação dos recursos do FGTS para o atendimento
fulminante para o gigantesco passivo acumulado nesse processo de famílias nesta faixa de renda vem crescendo e em 2005 eles
de segregação urbana. atingiram 78%.
Por isso mesmo, um plano diretor participativo e democrático É gratificante ter implantado um programa que regulariza a
tem importância equivalente à de uma bússola, imprescindível às posse das famílias de baixa renda que habitam favelas, loteamentos
grandes jornadas. É ele que vai orientar as linhas de cooperação e conjuntos habitacionais irregulares. É o programa Papel Passado
e as parcerias indispensáveis entre a esfera municipal, o governo que, atende 1,05 milhão famílias que tiveram seus processos de
estadual e o poder federal, na longa equação desse desafio. regularização fundiária iniciados superando a meta do governo.
Ao criar o Ministério das Cidades, uma das atribuições que Dessas, 222 mil receberam os títulos de posse definitiva.
lhe dei foi a de coordenar essa difícil arquitetura, considerando Vivíamos num país que estava sendo desenhado por poucos
inclusive as boas experiências de plano diretor municipais já rea- e para poucos. E que, portanto, obedecia à lógica dos interesses
lizadas no nosso país e no exterior. fragmentados, que se impõe de cima para baixo na sociedade. O
Outra foi a de continuar regenerando a política habitacional resultado dessa lógica ficou estampado na brutal desigualdade
brasileira, devolvendo-lhe cada vez mais fôlego financeiro e sin- da malha urbana nacional que contribuimos para mudar.
tonia social. É assim que os recursos federais estão chegando de O plano diretor participativo é a contrapartida local de uma
fato a quem mais precisa, enquanto incentivamos o mercado a nova racionalidade que governo e sociedade estão fazendo
ampliar a oferta, facilitando o acesso à casa própria também para acontecer.
a classe média. Ele valoriza o espaço público; consagra os valores da con-
Programas habitacionais existentes foram reformulados e vivência e concebe o desenvolvimento, e a cidade, como um
outros novos foram criados pelo Ministério das Cidades para cana- projeto solidário a ser compartilhado por todos.

Luiz in ácio lul a da silva


Presidente da república

plano diretor participativo 


Prefeitura municipal de ponta porã
Belém (PA) • Rui Faquini
Apresentação

P
ela primeira vez na História, o mundo terá mais gente vivendo nas cidades do que no
campo. A previsão é da ONU e acontecerá dentro de alguns meses, já em 2007. Ao rom-
per-se a barreira dos 50% de habitantes nas cidades, a demanda por recursos e serviços
aumentará consideravelmente.
No Brasil já temos mais de 80% da população residindo em cidades, segundo o IBGE.
Desde 2003, com a criação do Ministério das Cidades, o Governo Federal vem aplicando o
Estatuto da Cidade em busca de soluções para o crescimento desordenado das cidades. Nossa
política neste sentido tem sustentação no incentivo à elaboração de Planos Diretores, na Regu-
larização Fundiária e na Reabilitação de Centros Urbanos.
As cidades brasileiras vivem momento decisivo para o seu crescimento urbano e econô-
mico. É hora de planejar o futuro dos municípios. O objetivo do Plano Diretor é encontrar solu-
ções para cidades em crescimento ou que cresceram de maneira desordenada e excludente,
penalizando principalmente pessoas de menor renda.
Promovemos ao mesmo tempo ações de Regularização Fundiária, com o objetivo de
melhorar as condições de habitabilidade em assentamentos precários, seja por meio de urbani-
zação e recuperação ambiental, seja concedendo títulos de propriedades de imóveis.
A Reabilitação de Centros Urbanos, junto com os programas habitacionais, é fator determi-
nante para a mudança do quadro preocupante que enfrentamos com um déficit habitacional de
7,2 milhões de moradias. Ainda mais sabendo que nos centros das cidades, existem 4,5 milhões
de moradias ociosas.
Quando decidimos pela publicação dos três livros – Plano Diretor, Regularização Fundiária
e Reabilitação de Centros Urbanos – buscamos levar a todas as partes do Brasil as informações
sobre esses programas. Ao mesmo tempo fazemos um balanço da atuação do Ministério das
Cidades.
Cabe agora a todos nós, unidos, seguir nessa longa caminhada.

M arcio for t e s de almeida


m i n i s t r o da s ci da d e s

plano diretor participativo 


Piracicaba (SP) • Carlos Felipe Abirached
Diamantina (MG) • Marcelo Terraza/stock.XChng
Introdução

A
Secretaria Nacional de Programas Urbanos do Ministério das Cidades foi criada com o
desafio de estruturar nacionalmente o planejamento territorial urbano e a política de
gestão do solo urbano, na direção apontada pela Constituição de 1988 e pelo Estatuto
das Cidades.
Esse desafio significava implementar uma política para ampliar o acesso à terra urbana para
a população de baixa renda em condições adequadas, elemento fundamental para enfrentar
o passivo de destruição ambiental e exclusão social existentes nas cidades do País. Significava
estabelecer uma nova agenda de planejamento e gestão do solo urbano que possibilitasse
incluir os mercados de baixa renda nos temas e estratégias contidos nos planos e projetos. Uma
agenda que superasse o descrédito e a falta de cultura de planejamento das cidades e enfren-
tasse o desafio de fazer cidades para todos, sobrepondo-se à dualidade entre cidade formal e
informal; urbanizada e precária; incluída e excluída dos plenos direitos de cidadania.
Registramos em três volumes as políticas e ações implementadas pela Secretaria Nacional
de Programas Urbanos. Um trabalho construído pela equipe da Secretaria em amplo diálogo
com gestores públicos, com o Conselho
Nacional das Cidades, com os mais diversos segmentos em todos os estados do País. Atua-
mos em políticas e ações complementares à obras de urbanização para alcançar a plena regula-
rização dos assentamentos de baixa renda, bem como, realizamos ações preventivas para evitar
a formação de novos aglomerados desse tipo. As ações preventivas abrangeram o fomento à
atividade de planejamento municipal – Plano Diretor, planos municipais de redução de risco e
de reabilitação de áreas consolidadas degradadas ou subutilizadas.
Nossas ações procuram também impedir ocupações e uso predatório do solo e do patri-
mônio cultural e ambiental, por meio do planejamento territorial municipal e do estímulo ao
aproveitamento mais intenso das infra-estruturas instaladas, reabilitando-se áreas degradadas
ou subutilizadas.
Buscamos, dessa forma, estimular os municípios e cidadãos a construírem novas práticas
de planejamento e de gestão democráticas, includentes, redistributivas e sustentáveis. Os três
volumes abordam o Plano Diretor Participativo, a Regularização Fundiária e a Reabilitação de
Centros Urbanos. É o registro de experiências que mostra como as sementes plantadas na Cons-
tituição de 1988 germinaram e cresceram em cada canto do País.

R aquel Rol nik


s e cr e tá r i a N aci o n a l d e P r o g r a m a s U r b a n o s

plano diretor participativo 11


Washington Alves / Light Press
1
Cidade é a casa de todos
e por todos organizada

A
ocupação das terras no Brasil se dá de uma forma paradoxal. A maioria das pessoas é de baixa renda, mas

nas áreas urbanizadas e bem localizadas, continua a produção de frentes imobiliárias voltadas para as clas-

ses mais altas. E aos segmentos de baixa renda restam ocupar terrenos nas periferias, a maioria em áreas

ambientalmente frágeis. Ou os assentamentos e cortiços.

Esta cultura de exclusão territorial urbana é um dos principais desafios para a criação de Planos Diretores com

a participação de todos, obrigatório até outubro de 2006 para os municípios com mais de 20 mil habitantes ou

que façam parte de Regiões Metropolitanas ou Aglomerações Urbanas. Com o Estatuto da Cidade, a antiga visão

tecnocrática de que Plano Diretor só pode ser feito por “quem entende”, está ultrapassada.

Parte do Aglomerado
Santa Lúcia e ao fundo o
bairro Santo Antônio, em
Belo Horizonte (MG)
Estatuto da Cidade E, 13 anos depois, com a aprovação do Estatuto da Cidade pelo
Congresso Nacional é que este instrumento se materializa. Na

A
luta por uma nova visão das cidades e de planejamento redemocratização um conjunto de participantes como entida-
vem de longe. Em 1988, a Constituição do Brasil estabele- des de luta pela moradia, sindicatos de trabalhadores, entidades
ceu uma nova política urbana para o país, mas só 13 anos técnicas, acadêmicas, entre outros, impulsionou um movimento
depois, em 2001, os instrumentos para implementar essa política para inserir na Constituição um capítulo de política urbana no
foram regulamentados com a aprovação do projeto de lei, origina- qual se consagram os princípios da reforma urbana, especial-
riamente proposto pelo senador Pompeu de Souza e largamente mente o conceito de função social da propriedade.
negociado por vários segmentos sociais: o Estatuto da Cidade. Este conceito é inovador no entendimento de que a proprie-
A partir do Estatuto da Cidade rompe-se com esta prática dade deve cumprir uma função social, o que se aplica tanto para
que sempre prevaleceu, de que o Plano Diretor é instrumento áreas urbanas quanto para zonas rurais: a propriedade tem de ser
exclusivamente técnico, dominado somente por engenheiros, produtiva, socialmente útil, isto é, que garanta o pleno exercício
arquitetos, geógrafos e “sábios” que com seus conhecimentos do direito à cidade por todos os seus habitantes.
iriam organizar a cidade ideal. Portanto, é o Plano Diretor que tem de dizer qual é a desti-
O Plano Diretor é a principal lei do município que trata da nação de cada pedaço do território do município. A ocupação de
organização e ocupação do seu território. Mais do que isso, no todas as áreas deverá considerar o bem estar coletivo, de todos os
Estatuto da Cidade o Plano Diretor é resultado de um processo habitantes do município, seja ela residência, comércio, indústria,
político, dinâmico e participativo que mobiliza o conjunto da serviços, área pública, área para equipamentos coletivos.
sociedade, todos os segmentos sociais, para discutir e estabele- No entanto, a prevalência do caráter autoritário e excludente
cer um pacto sobre o projeto de desenvolvimento do município. do desenho das cidades se deu, principalmente, pela falta de
Este é um processo político de formação da cidadania. acesso dos segmentos de menor renda à moradia digna, aos
A idéia de que o Plano Diretor pode ser um instrumento de equipamentos, serviços e infra-estrutura urbana, enfim ao direito
reforma urbana, de mudança da cidade, emerge após a redemo- à cidade. Com isto, os imediatamente mais interessados, com
cratização do País na década de 80, com a Constituição de 1988. interesses concretos em valorizar suas áreas, em garantir seus

Materiais de sensibilização e divulgação do Estatuto da Cidade e de planos diretores participativos produzidos por diferentes instituições e municípios do País.
direitos imobiliários que sempre predominaram nas cidades bra- hotéis? E moradia? Onde estão as áreas mais valorizadas, com
sileiras, sempre “de poucos e para poucos”, excluíram a maioria, melhores condições de habitar, de implantar um determinado
jogando-a para a periferia. tipo de comércio? Os espaços comerciais devem ser para gran-
Infelizmente, o mercado imobiliário no Brasil continua traba- des, médios ou pequenos empreendimentos? Se está permi-
lhando apenas para as classes média e alta, uma parcela pequena tindo shopping centers? Em qualquer lugar? Posto de gasolina
na pirâmide social das cidades. E mesmo já donas de amplas nas áreas mais valorizadas da cidade? Não está reservando áreas
moradias, a elas são oferecidos mais e mais lançamentos imobili- para moradias populares nas áreas centrais onde existe maior
ários, que são adquiridos como “investimento”. Afinal, imóvel não possibilidade de emprego e maior acessibilidade? Daí os conflitos
desvaloriza. Resultado: grande estoque de imóveis vazios e de começam a aparecer, a se desnudarem.
outro lado, o déficit habitacional que continua predominante. Em 2003 foi criado o Ministério das Cidades, exatamente para
começar a enfrentar este problema, dando uma nova dimensão,
Como dividir escala e sentido ao planejamento urbano no País. Por isso, uma
das tarefas principais do Ministério das Cidades ao ser criado foi
Mesmo os segmentos sociais que não dominam o linguajar botar na rua o Estatuto da Cidade disseminando a idéia de uma
técnico, que esconde muito da natureza do processo, acabam cidade de todos.
entendendo que o Plano Diretor trata de definir “quem vai ficar Era o momento de fazer chegar a cada um dos 1.700 muni-
com o quê” nas cidades: é um espaço de disputa. cípios o conhecimento e a potencialidade do Plano Diretor como
Quem fica com a parte urbanizada, com infra-estrutura, instrumento de planejamento e gestão do território. O momento
arborizada, legalizada, com as melhores condições de habitabili- de se aplicar o Estatuto foi a oportunidade de transformar a elabo-
dade? E as experiências mostram que é uma disputa muito acir- ração do Plano num processo democrático. No qual a população
rada, quando o que está em jogo começa a aparecer. E começa pensa e discute a cidade onde mora, trabalha e sonha, e faz pro-
a aparecer o que está em jogo. postas para corrigir as distorções existentes no desenvolvimento
Na discussão, por exemplo, sobre o uso da orla marítima. do município.
Aumentar o gabarito? Criar espaços públicos de lazer? Se permitir O Ministério não queria que se repetisse o que ocorreu na
Área portuária de Santana (AP) 1
São Mateus (ES) 2
II Conferência das Cidades - 2005 3
Trecho do Mapa de Diretrizes Viárias Centro do Recife (PE) 4
– Plano Diretor de São Carlos (SP) Vista do Plano Piloto em Brasília (DF) 5

Prefeitura Municipal de Santana


2

Prefeitura municipal de são mateus


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Leopoldo silva
década de 1970, em razão da exigência de que as prefeituras só
receberiam recursos federais se tivessem um Plano Diretor. Para
continuarem recebendo, o que se viu foi um festival de planos
feitos por atacado e vendidos por consultores a administradores
coniventes ou inexperientes.
Isso produzia documentos que ignoravam a realidade e
necessidades de cada cidade. E tinha coisas absurdas como a
de vários planos iguais: o município era do interior e tinha um
capítulo sobre as praias, porque copiou de outro. Era “normal”
encontrar no meio do plano de uma cidade, o nome trocado
pelo nome da cidade que primeiro criou o documento.

Diversidade regional

Cada cidade tem suas questões mais importantes, suas


particularidades. Por exemplo, uma cidade pequena que vem
perdendo população por falta de perspectivas de futuro, deverá
elaborar um Plano Diretor que defina alternativas para que a popu-
lação permaneça lá, e gere opções para o seu desenvolvimento.
Já uma cidade histórica que tem em seu patrimônio artístico
e histórico uma riqueza a ser preservada, mas que dia após dia
está sendo degradado pelo abandono ou pelas tentativas de
substituí-lo por prédios modernos e mais altos, deverá buscar um
Plano Diretor que concilie as duas tendências.
Outra cidade pode ter um problema de crescimento
acelerado provocando a destruição de seu meio ambiente e a
Rui Faquini

disseminação de assentamentos precários. Para esta cidade, o


4
tema da regularização fundiária aliada à recuperação ambiental
5
é fundamental!
Na prática, o que se inova com o advento do Estatuto da
Cidade, é o chamamento da população para discutir e/ou definir
as alternativas para esses contextos locais diferenciados.
Estes exemplos, a diversidade dos contextos e da definição
dos temas prioritários, são fundamentais para a elaboração de
um Plano Diretor. E o quanto é importante que sejam visualiza-
dos, entendidos e definidos pelos seus habitantes.
Rui Faquini

O foco das atenções, da busca de soluções e alternativas para


minimizar os problemas e potencializar o que de melhor tem cada

plano diretor participativo 17


uma dessas cidades, deverá ser uma construção coletiva. Assim Mesmo a classe média, muitas vezes, vive em condomínios
cada cidade tem seu próprio tema, seu próprio Plano Diretor. de parcelamento irregular. Ou seja, estas pessoas vivem numa
cidade ilegal, clandestina. Esta é uma questão generalizada em
Questões de todos todo o País. Então o Plano Diretor deverá ser elaborado de forma
a criar condições de trazer essas pessoas para a cidadania.
No entanto, três questões são comuns a praticamente O segundo problema é conseguir estabelecer uma regra
todos os municípios: moradia popular e regularização fundiária; mais clara sobre quem perde e quem ganha com o crescimento
distribuição de ônus e benefícios do crescimento; e como imple- das cidades. Por exemplo, quando se aumenta o perímetro
mentar uma gestão democrática das cidades. urbano e uma gleba antes na zona rural passa a poder ser lote-
Na primeira, como garantir espaços para os segmentos de ada, seu valor muda. Antes era vendida por hectares, agora passa
baixa renda com boa infra-estrutura e bem localizados, evitando a ser vendida por metros. Mas ao incorporar esta área à cidade,
a proliferação de aglomerados e loteamentos clandestinos? Isto vai ser preciso equipá-la com espaços e equipamentos públicos
é uma questão muito séria, pois tem uma parte grande das cida- para todos.
des brasileiras em que as pessoas vivem fora das regras do jogo, A pergunta então é: quem ganha com a valorização? Quem
seja morando em locais inadequados, seja construindo de forma paga o custo de situá-la na zona urbana? O mesmo exemplo pode
errada, enfim, ninguém tem segurança onde mora, onde vive, ou ser dado, no caso das cidades maiores, para as áreas que obtém
mesmo onde trabalha. a licença para fazer prédios altos. Em qualquer cidade, quando a

Península ipase em são luís/MA • Programa UAS-HBB


lei permite fazer prédios mais altos, vai ocorrer uma valorização determinada quantidade de anos, o custo para manter é alto. No
destes terrenos. Mas, com os prédios mais altos, vem mais gente final o Poder Público faz a desapropriação pagando com títulos
e mais carros para esta região. Quem paga pela necessidade de da dívida pública.
melhorar a infra-estrutura para esta demanda maior? É uma forma de se fazer justiça social, porque toda a socie-
O terceiro problema comum a todos os municípios é o de dade pagou pela infra-estrutura que está colocada naquele
se fazer uma cidade democrática. Processo pelo qual todos os terreno. Então lá tem esgoto, água, rede de drenagem, asfalto,
segmentos terão a chance de decidir sobre a melhor forma de passeios, ônibus passando perto, tem escola. Isto tudo incide no
utilizar cada parte do território do município, de forma que todas valor da propriedade, tornando-a mais valorizada. E quem pagou
as atividades e todos os segmentos sociais que estão na cidade por tudo isto? Se o proprietário não destina um uso a ela, está
(ou que esta considere adequado atrair) possam ter um lugar dando um prejuízo para toda a sociedade. Não está cumprindo
bom para se desenvolver. com a função social.
Outro instrumento é a outorga onerosa. O Poder Público
Instrumentos permite uma ampliação de gabarito numa área que não podia,
por exemplo, mas o proprietário do imóvel é obrigado a uma
O Estatuto traz dezenas de instrumentos tributários, finan- contrapartida. Essa diferença vai para um fundo de desenvolvi-
ceiros, jurídicos e políticos para apoiar o município no planeja- mento urbano e habitação a ser aplicado em áreas mais carentes,
mento e controle do seu território. Mas o Estatuto é uma caixa por exemplo, na urbanização de uma comunidade ou construir
de ferramentas que cada município pode usar em função da habitação popular.
sua realidade. Alguns são obrigatórios e indispensáveis para Um outro instrumento é o Direito de Preempção. O Plano
todos, como o planejamento, a definição do perímetro urbano, Diretor detecta áreas onde faltam escolas, postos de saúde,
o cadastro e a cobrança do IPTU. Este é um grande instrumento creches e grava os imóveis vazios daquela região na planta da
de distribuição de ônus e benefícios, mas é muito mal utilizado. cidade. Seus proprietários estarão, a partir desta medida, obriga-
O Estatuto traz também alguns instrumentos novos, que fortale- dos, quando quiserem vender seus terrenos, a dar preferência na
cem o município. compra ao Poder Público.
Um deles é o do parcelamento e edificação compulsórios, Outro instrumento é o Estudo de Impacto de Vizinhança
pelo qual o proprietário é obrigado a dar uma destinação de seu (EIV), que vai estabelecer quais os empreendimentos, antes de ser
terreno vazio ou subutilizado num prazo definido por lei muni- instalados num lugar, devem ser apresentados e discutidos com
cipal. Se ele não cumpre o prazo, ele é onerado com o IPTU pro- os usuários do entorno em virtude do que vão gerar, tipo baru-
gressivo. Esse imposto cresce a cada ano, aquele galpão ocioso lho, trânsito, valorização imobiliária, impacto no meio ambiente
passa a pagar um IPTU crescente de tal maneira que passada uma ou no patrimônio cultural.
Península ipase em são luís (MA) • Programa UAS-HBB
Península ipase em são luís (MA) • Programa UAS-HBB

Sossego / Guarujá (sp) • Programa UAS-HBB


Ações concretas

Para divulgar o Estatuto e apoiar os municípios que tem


obrigatoriedade de elaborar Planos Diretores até outubro de
2006, o Ministério das Cidades montou uma grande estratégia,
mobilizando parceiros dentro e fora do Governo Federal que se
concretizou em várias ações, todas elas inéditas:

1| Apoio Técnico e Financeiro aos Municípios: o Governo 5| Criou a Rede do Plano Diretor, hoje com mais de 40 mil
Federal destinou cerca de R$ 60 milhões de vários ministérios, e-mails de todo o País, espaço de informação, reflexão e crí-
com a mesma metodologia, para apoio direto a cerca de 550 tica e se tornou um dinâmico canal de discussão e troca de
municípios, aproximadamente 30% do total dos municípios experiências.
obrigatórios. 6| Inaugurou no mês de março o Banco de Experiências
2| Montou um Programa de Capacitação e Sensibilização do Plano Diretor Participativo no site do Ministério das
em todas as regiões do País. Sejam gestores e técnicos muni- Cidades, que tem por objetivo registrar as soluções, ações e
cipais (priorizados em 2003), sejam lideranças de movimentos estratégias utilizadas em cada etapa de elaboração do Plano.
sociais (priorizados em 2004), e em 2005 e 2006 com todos os Soluções que traduzam como municípios, em situações tão
segmentos sociais que desejam contribuir para construção de diversas, estão implementando os instrumentos do Estatuto
uma cidade melhor. da Cidade.
3| Lançou um KIT do Plano Diretor participativo, com material 7| No site do Ministério foi criada a Página da Campanha que
didático sobre PD e realiza a Campanha Nacional Plano mostra seu histórico, fontes de recursos, dados e informações,
Diretor Participativo: Cidade de Todos. Oferece bolsas kit da campanha, boletins, cadastrados, etc. Especialmente é
para equipes de universidades, em convênio com o CNPq um espaço para os núcleos estaduais da Campanha do Plano
para projetos de assistência técnica aos municípios. Diretor enviarem diretamente, com sua senha exclusiva, as
4| Formou e divulgou um Cadastro de Profissionais de cada notícias do seu estado.
região do País com experiência na capacitação ou na elabora-
ção de Plano Diretor e implementação do Estatuto da Cidade.
387 profissionais conseguiram cumprir todas as etapas, num
processo seletivo que mobilizou 1.417 pessoas físicas e jurídi-
cas e compõem hoje o cadastro nacional.

20 plano diretor participativo


Integração de Apoio à Gestão Ambiental Urbana, em parceria com Habi-
tat e Pnuma, organismos da ONU, para articular e harmonizar
O Governo Federal tem feito um esforço na construção de metodologias envolvendo quatro experiências pilotos.
uma política pública, desde 2003, que busca estimular e integrar ‡ Ministério do Turismo, com recursos do Prodetur II/ Nordeste,
as ações, programas e recursos no apoio técnico e financeiro aos Sul e Projeto JK, para elaboração de Planos Diretores em muni-
municípios, para o planejamento territorial urbano. cípios turísticos.
O passo inicial foi a reformulação do antigo Programa de ‡ Ministério da Fazenda e CAIXA, com recursos do Programa
Gestão Urbana e Metropolitana, que continha uma ação de Nacional de Apoio à Gestão Administrativa e Fiscal dos Muni-
apoio aos planos diretores municipais. Também foi criado o Pro- cípios (PNAFM), reestruturado para o atendimento dos muni-
grama de Fortalecimento da Gestão Municipal Urbana que traz cípios com demandas para elaboração de Planos Diretores.
na sua concepção uma nova ordem urbanística, redistributiva e ‡ Ministério da Integração, no apoio à elaboração de Planos Dire-
includente com a incorporação de processos, participativos na tores em cidades gêmeas, localizadas em faixas de fronteira.
elaboração e implementação de Planos Diretores. ‡ Ministério da Ciência e Tecnologia, tendo como órgão executivo
O estabelecimento de parcerias com os demais órgãos o CNPq, para estimular Grupos de Extensão Universitária de Ins-
federais envolvidos direta e indiretamente no tema, procuraram tituições de Ensino Superior em todo o País, no esforço de apoio
racionalizar os recursos e articular diferentes ações do Governo técnico aos municípios que estão elaborando seus planos.
Federal no que se refere à elaboração de Planos Diretores. Estas ‡ Eletronorte, para elaborar ou revisar Planos Diretores dos
iniciativas coexistiam fragmentadas em diversos ministérios, com municípios a montante da hidrelétrica de Tucuruí.
enfoques e públicos diferenciados. ‡ Furnas, acordo de cooperação, para apoiar os planos de 52
Como parte deste processo de discussão e negociação, foi municípios no entorno do lago da hidrelétrica.
construído um Documento de Referência único para todos os
programas, com a consolidação e unificação das intenções, dire- Ministério e sociedade
trizes e princípios conceituais e metodológicos a serem obser-
vados na elaboração dos Planos Diretores pelos municípios, em O Ministério foi criado em janeiro e a partir de março de
consonância com o Estatuto da Cidade. 2003, chamou a sociedade, estados e municípios para discutir a
A materialização efetiva destes esforços envolve parcerias no Política Nacional de Desenvolvimento Urbano.
âmbito do Governo Federal com os seguintes ministérios: Cerca de 320 mil representantes da sociedade e do Poder
Público, entre junho e agosto daquele ano, participaram das
‡ Ministério da Cultura, por intermédio do Programa Monu- conferências municipais e estaduais, para formação dos Conse-
menta para elaboração de Planos Diretores em cidades com lhos Municipais e Estaduais e elegeram os 2.700 delegados para
patrimônio histórico tombado. a Primeira Conferência Nacional das Cidades. Na Conferência foi
‡ Ministério do Meio Ambiente, na utilização de recursos do eleito o Conselho das Cidades, formado por 80 entidades dos
Fundo Nacional de Meio Ambiente, para elaboração de Planos diversos segmentos que constroem as cidades.
Diretores Participativos integrados à Agenda 21 e Zoneamento Entre as deliberações do Conselho foi aprovada a realização de
Ecológico Econômico nos municípios da área de influência da “uma Campanha Nacional de Sensibilização e Mobilização visando
BR-163; no Projeto de Assistência Técnica para a Agenda da a elaboração e implementação dos Planos Diretores Participativos” E
Sustentabilidade Ambiental (TAL Ambiental) com recursos para ainda, as resoluções 25 e 34, que tratam da participação da sociedade
o apoio metodológico de 13 municípios; no Projeto Estratégia civil e do conteúdo mínimo do Plano Diretor, respectivamente.

plano diretor participativo 21


A campanha

A partir de uma coordenação nacional composta de membros


de diversas entidades do Conselho das Cidades, a campanha foi
montada em duas frentes. Uma campanha de massa voltada para
o conjunto dos cidadãos e uma campanha dirigida ao público alvo:
gestores e técnicos municipais, vereadores, lideranças sociais, que
se dissemina por meio de núcleos formados em todos os estados
do País e pelo grau de penetração das entidades do Conselho.
Para divulgação da importância do Plano Diretor Participa-
tivo foram produzidos comerciais para rádio e TV e produzidos 6
mil “kits campanha”, contendo materiais em vídeo, livros, folhetos
e curso em cd.
Em um ano a campanha conseguiu atingir aproximada-
mente 1.600 cidades. Vinte e seis núcleos multiplicadores esta-
duais foram instalados.
A criação dos núcleos foi a melhor forma de se chegar aos
municípios considerando a diversidade do País. O grupo inicial
foi constituído com o apoio dos conselheiros das cidades, que
mobilizaram as entidades em cada estado com conhecimento
da realidade dos municípios.
Ou ainda com capacidade de mobilização e, importante
nesse processo, que teriam interesse em apoiar as prefeituras
nessa nova forma de tratar a cidade.
A diversidade dos núcleos surpreende, se formam as mais ricas
e inusitadas parcerias. São formados por associações de municípios
e de vereadores; entidades ligadas ao Fórum Nacional da Reforma
Urbana, governos estaduais, representações regionais de órgãos
públicos federais e estaduais, sindicatos e entidades profissionais
(como CREA e sindicatos de arquitetos, engenheiros e geógrafos);
ONGs, universidades; Ministério Público e Judiciário; e outras enti-
dades da sociedade civil, que variam de estado a estado.
Em quase todos, os movimentos populares estão presentes
representados por lideranças ligadas a quatro movimentos nacio-
nais de luta por moradia: Confederação Nacional de Associações Alguns itens do kit da campanha “Plano Diretor Participativo: Cidade de Todos”, que
contém cartaz, embalagem, folheto, curso em CD, livro “Plano Diretor Participativo:
de Moradores (Conam), Movimento Nacional de Luta por Mora- Guia para elaboração pelos municípios e cidadãos”, livro “Estatuto da Cidade” e vídeo

dia (MNLM), Central dos Movimentos Populares (CMP) e União


Nacional por Moradia Popular (UNMP).

22 plano diretor participativo


Conteúdo Após a realização das oficinas, cada Núcleo fez um planeja-
mento de atividades de capacitação e sensibilização para dentro
Para alcançar a cidade de todos a campanha definiu três do próprio estado, apresentando-o ao Ministério e à Coordenação
eixos estruturadores, que como já apontamos, são questões Nacional da Campanha. Nestas propostas cada núcleo apontava os
comuns a todas as cidades brasileiras: parceiros e seus aportes, bem como apresentava uma demanda de
apoio financeiro ao Ministério. Foi elaborada então uma proposta
‡ Inclusão territorial – assegurar aos pobres o acesso à terra urba- de distribuição dos recursos e estabelecida uma cota por núcleo.
nizada e bem localizada, garantindo também a posse segura Ficou estabelecido o que era e o que não era financiável, e
e inequívoca da moradia das áreas ocupadas, por população quais os conteúdos mínimos obrigatórios nessa capacitação. As
de baixa renda. atividades foram realizadas em convênio do Ministério das Cida-
‡ Justiça social – distribuição mais justa dos custos e dos bene- des com a Fundação Universitária de Brasília (Fubra). Os Núcleos
fícios do desenvolvimento urbano. Estaduais construíram estratégias de mobilização e capacitação
‡ Gestão democrática – aplicar instrumentos que assegurem com a previsão de realização de oficinas, elaboração de cartilhas,
a participação efetiva de quem vive e constrói a cidade nas atividades de monitoramento, etc.
decisões e na implementação do Plano.
Resultados
Um mês depois do lançamento da campanha “Plano Diretor
Participativo - Cidade de Todos”, representantes do Ministério das Os núcleos têm ampliado de forma contínua as suas ativida-
Cidades rodaram o Brasil durante quatro des e a sua rede de apoio na sociedade. 250 oficinas realizadas
meses, de junho a setembro de 2005, sensibilizaram mais de 10 mil pessoas em quase 1.600 municípios
para realizar as oficinas de capacitação de num movimento crescente e surpreendente para um tema des-
multiplicadores, pessoal que iria difundir a conhecido e distante das necessidades cotidianas.
idéia nos estados. Era preciso capacitar os A forma de organização de cada oficina foi muito diversifi-
núcleos inclusive sobre a utilização do kit cada, mas dois conteúdos sempre estiveram presentes em todas
campanha. elas: a inclusão territorial e a gestão democrática. Outro ponto
Foram feitas 45 oficinas com os comum tem sido a pluralidade dos participantes. A metade deles
temas Plano Diretor Participativo e Regu- é dos movimentos populares e associações de moradores que
larização Fundiária que formaram 3.150 participaram em igualdade de condições com gestores públicos
multiplicadores, de todos os estados e dos dos três níveis de governo, professores, parlamentares, dirigentes
mais diversos setores. Somente o Acre e sindicais, prefeitos, procuradores.
Roraima não tiveram as oficinas locais. Mas A riqueza da troca de experiências, seus múltiplos olhares
o Acre já havia feito uma capacitação com sobre a mesma cidade e região, as dificuldades comuns e solu-
o Ministério e o governo do estado já vinha ções encontradas estão permitindo a análise da aplicabilidade do
São Paulo (sp) • Jonatha Jünge

trabalhando nesse sentido desde 2003. Estatuto nas várias regiões do País e em municípios de diversos
Roraima recebeu recursos para participar portes e situações.
da oficina de Manaus (Amazonas) e o Acre Foram muitas as dificuldades, tais como o grande número
da oficina de Porto Velho (Rondônia). de municípios a serem envolvidos num prazo tão curto e a con-

plano diretor participativo 23


Oficina do Ministério
das Cidades em
Campo Grande (MS)

Acervo sNPU
Rui Faquini

Porto das Barcas – Parnaíba (PI)


Rodolfo Clix/stock.XChng

Prédio COPAN em
São Paulo (SP)
seqüente dificuldade de deslocamento num país tão vasto. Havia A campanha mobilizou do Oiapoque ao Chuí, literalmente. O
também falta de interesse de algumas prefeituras, o caráter polê- Oiapoque, mesmo não tendo a obrigatoriedade, está fazendo o
mico do Plano Diretor Participativo, a sobrecarga dos membros Plano Diretor com recursos próprios e grande mobilização social.
dos núcleos e a demora na chegada de recursos financeiros. Em maio de 2006, mais de 1.500 dos municípios com obri-
Apesar de todas estas dificuldades, a resposta surpreendeu gatoriedade estão elaborando o plano dos quais 249 declaram já
e foi além da expectativa. Os 30 mil exemplares do livro “Plano tê-lo concluído.
Diretor Participativo: Guia para Elaboração pelos Municípios e Cida- A qualidade dos planos e a sua concretização em cidades
dãos” tem enorme procura pelos setores mais variados: prefeituras, mais justas, democráticas e sustentáveis dependerá, logica-
Ministério Público, empresários, sindicatos, movimentos populares, mente, de cada cidade, do nível de organização e mobilização
comunidades acadêmicas e institutos de pesquisas. Seria um “best da sociedade e das práticas de participação locais. Vai depender
seller” se fosse vendido. Mais que isto a metodologia nele proposta do compromisso de cada prefeito, vereador, técnico, procurador,
vem sendo debatida, assimilada, difundida, reproduzida. empresário e liderança social.

Capacitação e Sensibilização dos Municípios para Elaboração dos Planos Diretores

Oficina de Multiplicadores MCidades


Município presente nas reuniões de monitoramento
Município presente nas oficinas do MCidades e do Núcleo
Município presente nas oficinas do MCidades
Município presente nas oficinas do Núcleo Estadual

plano diretor participativo 25


Luiz Baltar/stock.XChng
2
Apoio técnico e financeiro
para planejar toda cidade

O
Ministério das Cidades foi criado em 1º janeiro de 2003 pelo Governo Federal para combater as desigual-

dades sociais, transformar as cidades em espaços mais humanizados e ampliar o acesso da população à

moradia, saneamento e transporte. Para isto ele estimula os municípios a construírem novas práticas de

planejamento territorial e de gestão democrática, liberando às cidades recursos financeiros e apoio técnico.

A implementação do Estatuto da Cidade em 2001 resultou na necessidade de um organismo federal em nível

ministerial para sua aplicabilidade. Uma exigência chave do Estatuto é a obrigatoriedade dos municípios elaborarem

Planos Diretores com a participação efetiva da sociedade e órgãos públicos.

É tarefa do Ministério tratar da política de desenvolvimento urbano integrando as políticas setoriais de habi-

tação, saneamento ambiental, transporte urbano e trânsito. Através da Caixa Econômica Federal, operadora dos

recursos, o MCidades trabalha de forma articulada e solidária com os estados e municípios, além dos movimentos

sociais, organizações não-governamentais, setores privados e demais segmentos da sociedade.

No ano da criação do Ministério, o orçamento da antiga Secretaria de Desenvolvimento Urbano Sustentável

(SEDU-PR), extinta em 1º de janeiro de 2003, disponibilizou R$ 589.547,00 ao “Programa Gestão Urbana e Metropoli-

tana”, por meio da Ação Estudos para a Formulação de Planos Municipais de Desenvolvimento Urbano Sustentável.

Isso permitiu que o Ministério das Cidades repassasse recursos para, apenas oito municípios, em sete estados brasi-

leiros, elaborarem seus Planos Diretores.

Rio de
Janeiro (RJ)
Chamadas públicas Investimentos em planos diretores | governo federal 2003•2005

A
partir de 2004 o Ministério das Cidades promoveu a rees-
truturação do Programa, que passou a ter um novo en-
foque, dessa vez voltado para a busca da construção de
uma nova ordem urbanística, redistributiva e includente, com a
incorporação da concepção de processos participativos na ela-
boração e implementação de Planos Diretores. O nome acabou
sendo alterado para “Programa de Fortalecimento da Gestão
Municipal Urbana” e foram modificados os conteúdos e procedi-
mentos para solicitação de recursos do Programa.
Os pedidos passaram a acontecer através de chamadas públi-
SNPU- 2005
cas, denominadas “Sistemáticas”, compostas pelo manual e formu- SNPU-2004
lários do Programa adaptados à nova política e disponibilizados SNPU-2003
CNPQ/MCIDADES
de modo que os municípios apresentassem suas consultas prévias DI HBB-MCIDADES
EMENDAS
ao Ministério. Foram estabelecidos então, critérios para seleção PNAFM – Caixa
PRODETUR/MCIDADES
dos municípios que seriam apoiados. Após análise das propostas TAL – MMA/MCIDADES

encaminhadas, selecionaram-se 56 municípios, com investimentos MONUMENTA/MCIDADES


FURNAS/MCIDADES
de R$ 4.849.768,00 em cidades de 23 estados. Para poder atender BR 163 – FNMA/MCIDADES/MMA

ao maior número possível de municípios, o MCidades limitou o


aporte máximo de recursos a R$ 200.000,00 para cada cidade.
Paralelamente foram desenvolvidas propostas de apoio a Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara Federal, que
estados e atividades de capacitação para técnicos dos municípios viabilizaram o atendimento a 14 cidades.
e da Caixa Econômica Federal, que continuou sendo o agente que Em 2006 o repasse inicial de recursos foi de R$ 4.965.711,50,
operacionaliza o Programa. Em 2004, então, Minas Gerais, Paraná que viabilizou o atendimento de 72 municípios.
e São Paulo receberam recursos para capacitação de dezenas de Como resultado, a demanda apresentada ao MCidades para
municípios com obrigatoriedade de elaborar Planos Diretores até realização de Planos Diretores, aumentou significativamente. Sal-
outubro de 2006, conforme critérios do Estatuto da Cidade. tou de 648 municípios, em 2004, para 1.996 em 2005 e 1.394 em
2006, registrados em consultas prévias para análise. Demonstra
Campanha que, apesar de se tratar de um programa de lançamento recente,
os municípios se esforçam no sentido de obter apoio do Governo
Já no ano de 2005, junto com a Campanha Nacional “Plano Federal para elaborar seus Planos Diretores.
Diretor Participativo: Cidade de Todos”, o método de atendimento As prefeituras assimilaram a idéia de que a confecção dos
das solicitações de recursos continuou sendo implementado, Planos é um instrumento imprescindível para o adequado orde-
desta vez em 143 municípios de 24 estados selecionados. O namento do território e a decorrente transformação das cidades
repasse dos recursos foi de R$ 14.302.284,70 em 2005, dos quais em lugares socialmente inclusivos e de acesso a todos. Isso
R$ 828.750,00 vinham de emendas parlamentares individuais indica a importância do planejamento e de uma estrutura de
para seis municípios. Outros R$ 1.462.890,00 de emendas da apoio financeiro e metodológico aos municípios para promover

28 plano diretor participativo


1

2
Kazuo Nakano

Kazuo Nakano
3

4
1 a 3 Município de São Gabriel da Cachoeira (AM)

4 Trecho do Mapa de Vazios Urbanos •


Plano Diretor de Terenos (MS)

5 Comunidade Ivaporunduva, remanescente


quilombola, em Eldorado (SP)

acervo secretaria Especial políticas de promoção da igualdade racial


o fortalecimento do planejamento, ordenamento e da gestão (Interministerial); Programa de Faixa de Fronteira, Semi-Árido e
municipal de forma participativa. Este é, sem dúvida, o principal Mesorregiões Prioritárias (MI); Programa de Gerenciamento Cos-
objetivo do Programa. teiro (MMA); Programa de Prevenção à Ocupação de Áreas de
Risco (MCidades); Programas de apoio às populações tradicionais
Prioridades (quilombolas, indígenas) e ribeirinhas especificamente das Bacias
do Amazonas, Tocantins, Tapajós, São Francisco e Pantanal.
A seleção dos municípios baseada nos critérios estabeleci- E ainda com Programas e Ações interinstitucionais integra-
dos pelo Ministério, trata o processo de escolha em sintonia com das, de âmbito supramunicipal, mediante a celebração de Termo
os objetivos da política pública de desenvolvimento urbano. Por de Cooperação Técnica com o Ministério das Cidades. Também
causa da maior facilidade na captação de recursos para realização as ações voltadas às unidades de conservação federais, segundo
dos Planos Diretores, a grande maioria das capitais de estados a Lei 985/2000 - Sistema Nacional de Unidades de Conservação
não ganhou prioridade na seleção. (SNUC), e municípios das áreas prioritárias para conservação, uti-
Desta forma, foram priorizados os municípios com taxas de lização sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade
crescimento superiores às médias regionais; os que apresentassem brasileira; Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da
os menores índices de desenvolvimento humano (IDH menos do Biodiversidade Biológica Brasileira (PROBIO), ou municípios que
que 0,65); as cidades submetidas a situações de iminente risco ou possuam sítios históricos de preservação do patrimônio cultural,
degradação ambiental (conforme declaração de órgão ambiental no âmbito Federal (Decreto – Lei 25/37).
estadual ou da Defesa Civil); os inseridos em planos de ação arti- No critério para seleção, entram também cidades que cons-
culados entre vários ministérios (como mesorregiões prioritárias tam do Arco de Desmatamento, conforme relação estabelecida
para o desenvolvimento regional, Arco do Desmatamento, etc.). pelo Ministério do Meio Ambiente. E ainda as que atuam através
Numa segunda etapa foram agregados critérios indicativos de Prática Democrática e Participativa (demonstrada pela existên-
de existência de gestão democrática nas cidades, de instâncias cia e funcionamento efetivo de Conselhos das Cidades e similares,
de participação, que demonstrassem sua intenção em traba- como formas de participação e controle social das políticas urba-
lhar o Plano Diretor de forma participativa e também de forma nas) e que observem a Associatividade Intermunicipal (cidades
associativa entre vários municípios da mesma região. Tiveram de mesma região que se propõe a atuar de forma consorciada e
prioridade na seleção aqueles municípios que deveriam cumprir integrada na elaboração de seus Planos Diretores Participativos).
as exigências do Estatuto da Cidade até outubro de 2006: os com Dessa maneira, na seleção dos municípios que apresentaram
mais de 20.000 habitantes e os integrantes de regiões metropoli- consulta prévia, tiveram prioridade para receber apoio financeiro
tanas e aglomerados urbanos. com recursos do OGU aqueles envolvidos na parceria do Habitat/
PNUMA/ MMA; na parceria junto ao MMA/ FNMA para municípios
Fator da BR-163; na parceria do Programa Faixa de Fronteiras (cidades
gêmeas), no Acordo de Cooperação do Comlago; no Diálogo de
Outro fator de peso foi o trabalho na integração das Políticas Concertação envolvendo os 52 Municípios Lindeiros do Lago de
Públicas. Selecionou-se então as cidades alvos de Programas prio- Furnas; no Projeto-Orla, dentre outros.
ritários das políticas de governo com impactos sobre o planeja- Em outra situação, alguns Programas de outros ministérios,
mento territorial e desenvolvimento urbano, tais como, Plano de como no caso do Ministério da Cultura e do Ministério do Turismo,
Ação Metropolitana (MCidades); Plano de Ordenamento Territorial absorveram o atendimento da demanda feita ao MCidades para
da BR-163 (Interministerial); Programa do Arco do Desmatamento elaboração de Planos Diretores em seus territórios municipais.

30 plano diretor participativo


Seminário e elaboração de Planos Diretores.
A seleção de 2006, conforme definido no Manual da Siste-
Foi realizado um seminário, em conjunto com a Câmara dos mática, mantém a lógica de atendimento aos municípios priori-
Deputados, através da Comissão de Desenvolvimento Urbano e Inte- tários. Para avaliar a implantação da política, sob o ponto de vista
rior (CDUI), importante no processo de aprofundamento do debate operacional, metodológico e qualitativo, está em construção uma
sobre os conceitos envolvidos na formulação da política e na meto- estratégia de monitoramento, que envolve diferentes segmentos
dologia adotadas pelo Programa. A meta foi a de esmiuçar assuntos envolvidos no processo.
polêmicos no processo de planejamento, por meio de debates em A construção dessa estratégia visa garantir não apenas a
grupos, com representantes da área técnica, acadêmica, gestores execução, mas também a qualidade dos processos apoiados
municipais, movimentos populares e entidades profissionais. para a implementação do Estatuto da Cidade.
Em seguida, o resultado foi trabalhado e sistematizado em Portanto, é fundamental, além da interação entre as diver-
uma publicação intitulada “Plano Diretor Participativo: Guia para sas áreas do Ministério envolvidas, a participação dos diferentes
Elaboração pelos Municípios e Cidadãos”. Este documento serve Núcleos Estaduais organizados durante a Campanha, as represen-
como material de apoio aos técnicos municipais e demais seg- tações da Caixa Econômica Federal nas diversas regiões atendidas
mentos sociais na condução de seus processos de planejamento e os parceiros institucionais e da sociedade civil envolvidos.

Acervo • Programa UAS-HBB


Leopoldo silva

II Conferência das Cidades/2005 Vila Ranço, no Guarujá (SP)

plano diretor participativo 31


Júlia Bittencourt
3
Equilíbrio entre ecologia
e economia nas cidades

O
Ministério das Cidades estabeleceu como uma de suas metas a articulação e integração das políticas pú-

blicas de ordenamento, planejamento e gestão territorial, por meio de parcerias construídas para tratar

das diferentes temáticas prioritárias.

A questão ambiental ganha especial ênfase para o alcance desta meta, por se tratar de tema destaque no

Estatuto da Cidade, onde estão contempladas as diretrizes gerais do desenvolvimento urbano com base na política

de planejamento e desenvolvimento sustentável para esta e as futuras gerações.

Neste sentido, nos Programas e nas Ações do Ministério estão presentes as iniciativas que viabilizam a sua

implementação, com base na articulação entre os diferentes níveis de governo – federal, estadual e municipal – e a

sociedade civil. Por meio delas foram desencadeadas experiências com o intuito de estabelecer e consolidar projetos

e metodologias articuladas, tais como:

1| Acordo de Cooperação entre Ministério do Meio Ambiente, Ministério das Cidades e Ministério da Cultura.

2| Cooperação Técnica entre o Ministério das Cidades, Furnas Centrais Elétricas e Alago.

3| Cooperação Técnica entre MCidades e Eletronorte.

4| Projeto Estratégia de Gestão Ambiental e Urbana – Habitat / Pnuma / ONU, Ministério das Cidades e Ministério

do Meio Ambiente.

5| Projeto TAL (Empréstimo de Assistência Técnica) Ambiental.

Paisagem de
cerrado (GO)
Impacto ambiental

O
impacto socioambiental causado pela criação de usinas
hidrelétricas no Brasil incluiu algumas regiões atingidas
na obrigatoriedade de elaboração de Plano Diretor Par-
ticipativo. Nesse critério se enquadram as cidades circunvizinhas
ao lago da Hidrelétrica de Tucuruí, no estado do Pará, e aquelas à
beira do Lago da Hidrelétrica de Furnas, em Minas Gerais.
Para dar suporte à elaboração do PDP nessas áreas, o Governo
Federal, através do Ministério das Cidades, instituiu convênios de
cooperação técnica em parceria com os poderes públicos locais,
empresas e representantes da sociedade civil.
Buscando uma coordenação compartilhada nessas regi-
ões, o MCidades tratou os Planos Diretores dessas cidades sob
a ótica de um consórcio intermunicipal, para trabalhar de forma
conjunta as questões comuns e individualmente aquelas que são
peculiares a cada um dos municípios.
Em Furnas são 52 cidades na bacia do lago que é a maior
extensão de águas no estado e considerado o “Mar de Minas”, pois
equivale ao tamanho de quase 30 praias de Copacabana em seu
perímetro. Alimentado por nascentes e rios, cobre uma superfície

Fonte: Alago
de 1.457,48 km², com uma extensão de perímetro de 3,7 mil km, e foi
projetado para mover a Hidrelétrica de Furnas, construída em 1958.
Como embrião dos planos diretores nesses municípios teve Os 52 municípios que compõem a bacia do Lago
da Hidrelétrica de Furnas, em Minas Gerais.
início em setembro de 2003, o processo denominado “Diálogo de
Morro Branco, em Beberibe (CE), que faz parte
Concertação para o Desenvolvimento Sustentável”, coordenado do projeto Estratégia Ambiental Urbana
pelo Governo Federal, com a participação de outros parceiros

Acervo Habitat
como o estado de Minas Gerais e instituições locais. O objetivo
desse encontro foi a articulação de políticas de governo na região,
para enfrentar as dificuldades principais de saneamento e os pro-
blemas gerados pelo rebaixamento do nível de água do lago.
Foram realizadas oficinas, em diferentes municípios do
conjunto, como estratégia de aproximação, para o conheci-
mento da realidade local e articulação das políticas públicas
na região.
Nelas se estabeleceram os princípios gerais de atuação do
grupo, possibilitando a articulação de ações que garantissem o
Desenvolvimento Econômico e Estrutura de Gestão do Entorno

34 plano diretor participativo


do Lago de Furnas. Dentre as prioridades estabelecidas foi des- Para a operacionalização do Termo de Cooperação Técnica
tacada a necessidade de elaboração de Planos Diretores nos foi adotada a metodologia do Programa de Fortalecimento da
52 municípios que compõe a bacia do lago como um fator de Gestão Municipal Urbana para elaboração e revisão dos Planos
desenvolvimento. Diretores Participativos do Ministério das Cidades. O Núcleo de
Minas Gerais supervisionará a sua implementação.
Realidade Os 52 municípios da bacia do Lago de Furnas contam ainda
com apoio de equipes que irão acompanhar as atividades a
A compreensão do Plano Diretor como um instrumento de serem desenvolvidas, os cronogramas de execução e os produ-
planejamento e gestão, além do reconhecimento da importância tos a serem alcançados. A Alago contratará um apoio técnico sob
da leitura da realidade regional como elemento articulador, pro- a orientação do MCidades e o Núcleo Estadual, que fará a análise
piciou a implementação da proposta do Ministério das Cidades e aprovação dos Planos de Trabalho, Metodologia e produtos
de um consorciamento intermunicipal. resultantes de cada uma das etapas do Plano.
Como resultado destas ações, foi estabelecido o Termo de A previsão é que até outubro de 2006, pelo menos os 19
Cooperação Técnica, que visa a elaboração e revisão dos Planos municípios com obrigatoriedade de elaborar seus Planos Direto-
Diretores Participativos dos municípios no entorno do Lago de res possam ter esta meta cumprida.
Furnas, com recursos de Furnas Centrais Elétricas S.A. (Furnas),
empresa que atua há quase meio século nas áreas de geração, MCidades e Eletronorte
transmissão e comercialização de energia elétrica e garante o for-
necimento de energia em uma região onde estão situados 51% No Pará, os sete municípios à beira do lago da Hidrelétrica de
dos domicílios brasileiros. Tucuruí têm obrigatoriedade de apresentar seus Planos Diretores
Além de Furnas e do MCidades, o Termo de Cooperação até outubro deste ano também por causa do impacto socio-
Técnica envolve outros parceiros como a Associação dos Municí- ambiental causado pela construção da usina, que ocasionou o
pios do Lago de Furnas (Alago), o Núcleo Estadual da Campanha alagamento de uma grande área.
para Elaboração de Planos Diretores, representado pelo Crea-MG, Maior lago artificial do Brasil, com 2.875 km², duas vezes o
o governo do estado, através da Secretaria de Estado de Desen- tamanho do Lago de Furnas, o Lago de Tucuruí foi originado do
volvimento Regional e Política Urbana (SEDRU), e o Fórum das represamento do Rio Tocantins para a geração de energia da
Instituições de Ensino, Pesquisa e Extensão para a revitalização hidrelétrica de Tucuruí, inaugurada em 1984 e que pertence a
do lago de Furnas (Fórum-Lago). Centrais Elétricas do Norte (Eletronorte).
Participam do Fórum-Lago a Universidade Federal de Lavras O processo de execução do PDP nessas cidades se desen-
(UFLA); Universidade José do Rosário Vellano (Unifenas), de Alfe- volve a partir de um plano regional e tem como tarefa a promo-
nas; Universidade Federal de Alfenas (Unifal-MG); Universidade ção do desenvolvimento sustentável da área, sendo um essencial
Federal de Itajubá (Unifei), e Centro Universitário do Sul de Minas instrumento para o controle do impacto socioambiental causado
(Unis-MG), em Varginha. Também fazem parte órgãos como pelo empreendimento na região.
Alago, Ibama e Emater, escolas agrotécnicas da região, Comitê de Para isso, foi instituída uma cooperação técnica entre o
Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago de Furnas (CBH Furnas), Ministério das Cidades, Eletronorte e as prefeituras, com partici-
entre outros. As instituições participantes trabalham no levan- pação do Conselho Gestor Participativo (CONGEP) do Plano de
tamento de dados, trocam informações de interesse comum e Desenvolvimento Sustentável dos Municípios à Montante da
apresentam projetos para o lago e seu entorno. Hidrelétrica de Tucuruí (PDST) (CONGEP). O processo prevê inves-

plano diretor participativo 35


timentos públicos articulados e privados de R$ 2 bilhões durante de uso. Esta avaliação, juntamente com o relatório “GEO Cidades”,
vinte anos. dará subsídios à elaboração do Plano Diretor Municipal.
O sistema de planejamento em desenvolvimento possui um Em decorrência desses processos, serão elaborados um
padrão de gestão participativa por meio do CONGEP e comitês Plano de Ações Prioritárias e um portfólio de projetos. O Projeto
municipais, tendo executado várias ações coordenadas. conta com a participação fundamental de um conjunto de orga-
Os Planos Diretores deverão articular outros processos de nizações nacionais: Parceria 21, parceiros locais de apoio técnico a
planejamento existentes nos municípios e na região, como o cada um dos municípios, além das quatro prefeituras. Esta parceria
Plano de Desenvolvimento Regional, Agenda 21, Zoneamento é integrada pelo Instituto Brasileiro de Administração Municipal
Ecológico Econômico, Conselho do Mosaico de Unidades de (Ibam), pelo Instituto de Estudos da Religião (Iser) e pela Rede de
Preservação e Conservação Ambiental do Lago Tucuruí, CON- Desenvolvimento Humano (Redeh).
GEP, Companhia de Desenvolvimento e Administração da Área Os objetivos comuns a estas instituições buscam atuar no
Metropolitana de Belém (CODEM) e outros. fortalecimento das capacidades institucionais de planejamento e
Para atender aos parâmetros estabelecidos pelo Estatuto da gestão urbana ambiental das cidades e de promover o desenvol-
Cidade e pelo Conselho das Cidades, a leitura da realidade local vimento social e ambientalmente sustentável, o acesso de todos
com seus problemas e potencialidades será fruto de um diagnós- à moradia adequada e a inclusão social e territorial das camadas
tico elaborado tanto pelos técnicos quanto pelas comunidades de baixa renda. Com base nas questões colocadas, estas institui-
locais. ções decidiram integrar os programas e firmar um Memorando
de Entendimento para um projeto integrado operado em asso-
Quatro cidades ciação com os governos locais. A melhor aplicação de recursos
e a convergência de ações e investimentos nas cidades são os
O Projeto Estratégia Ambiental e Urbana está sendo apli- objetivos do projeto para transformar a realidade local, notada-
cado em quatro municípios brasileiros: Piranhas, no estado de mente os processos de planejamento e gestão dessas cidades.
Alagoas; Beberibe, no estado do Ceará; Ponta Porã, no Mato Para a escolha dos municípios foram definidos os seguintes
Grosso do Sul; e Marabá, no estado do Pará. A experiência critérios: a) municípios das regiões Norte, Nordeste e Centro-
inovadora é proveniente de iniciativa das duas agências da Oeste, as regiões brasileiras menos desenvolvidas; b) cidades
ONU responsáveis em promover o desenvolvimento urbano e pequenas com população superior a 20.000 habitantes, cidades
ambiental, UN-HABITAT e PNUMA, e dos Ministérios das Cidades médias e grandes; c) municípios que apresentem vulnerabilidade
e do Meio Ambiente. ambiental no que se refere a: inundação, deslizamento de terra,
O Projeto integra diferentes metodologias voltadas ao erosão, erosão costeira ou ocupação de áreas de preservação
planejamento e gestão ambiental urbana. À metodologia “GEO permanente; d) municípios que tenham pontuação mínima den-
Cidades” integrada ao Plano Diretor Participativo e a “Avaliação tro dos critérios do Programa de Apoio à Elaboração de Planos
de Vulnerabilidade Ambiental”, respectivamente, metodologias Diretores Municipais.
desenvolvidas pelo Ministério das Cidades e pelo Ministério do O Projeto iniciou-se com a articulação metodológica e logo
Meio Ambiente. após realizou-se no município de Piranhas (AL) a primeira oficina
O Relatório “GEO Cidades” consiste na realização de avalia- de capacitação nas metodologias, em abril de 2005. A capaci-
ções da situação do meio ambiente. A “Avaliação de Vulnerabi- tação foi feita pelos parceiros nacionais e contou com a participa-
lidade Ambiental” tem por objetivo analisar a vulnerabilidade ção do sociotécnico local, de técnicos municipais, representantes
ambiental do município e avaliar seus conflitos e potencialidades de organizações não-governamentais locais e representantes da

36 plano diretor participativo


comunidade. Esta capacitação, de cunho participativo, permitiu

josé Raiol
1
que todos os atores entrassem em contacto com as metodologias
e, ao mesmo tempo, iniciassem a leitura dos principais problemas
socioambientais e potencialidades do município.
As oficinas tiveram continuidade com a capacitação nos
municípios de Ponta Porã (em julho) e de Beberibe e Marabá (em
agosto). Os relatórios GEO foram concluídos nos quatro muni-
cípios em outubro de 2005. Atualmente estão sendo realizadas
as leituras técnicas e comunitárias. A depender dos resultados
alcançados, pretende-se ampliar a atuação para um número
maior de municípios.

Projeto TAL

Regina Lins
2

O Projeto de Assistência Técnica para a Sustentabilidade


Ambiental, denominado TAL Ambiental (Technical Assistance
Loan), busca contribuir com os objetivos da agenda ambiental
sustentável do Governo brasileiro. Ações de apoio direto à gestão
de recursos naturais serão desenvolvidas com vistas a melhorar
a situação institucional da dimensão ambiental e apoiar políticas
correlacionadas cruciais para uma melhor qualidade de vida. Visa
também um melhor conhecimento da questão ambiental nos
diversos aspectos das políticas econômicas, culturais, territoriais
e sociais.
3 O TAL Ambiental é a primeira de três fases, do Programa de
Empréstimo de Reforma Programática para a Sustentabilidade,
realizado entre o Governo brasileiro e o Banco Mundial. Trata-
se de um programa que envolve a parceria de sete ministérios:
Ministério do Meio Ambiente (instituição proponente e gestora
do Programa), Ministério das Cidades, Ministério de Minas e
Energia, Ministério do Turismo, Ministério da Integração Nacional,
Ministério do Desenvolvimento Agrário e Ministério da Fazenda.
Eles estão comprometidos formalmente em uma Carta de Política
apresentada pelo Governo em julho de 2004 ao BIRD. É integrado,
ainda, pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, e
pelo Ministério das Relações Exteriores, como convidados.
1 e 2 Marabá (PA) e Piranhas (AL), integrantes do projeto Estratégia Ambiental Urbana O Ministério das Cidades participa deste Projeto, no com-
Detalhe do Mapa de Proposta de Intervenção: Mirantes
ponente denominado Inserção da Sustentabilidade Ambiental
3 de Retorno - Plano Diretor de Pombos (PE).

plano diretor participativo 37


nos Setores Governamentais Selecionados, que apóia a susten- apoio técnico na aplicação da metodologia de Planos Diretores
tabilidade ambiental e sua correlação em setores definidos do Participativos aos Municípios, por meio da contratação de con-
Governo Federal. sultoria, com ênfase na sustentabilidade ambiental de 16 muni-
A proposta inserida pelo Ministério das Cidades considera cípios selecionados pelo Ministério das Cidades, sendo previstos
a construção e aplicação de metodologia para elaboração de o acompanhamento, orientação e avaliação dos resultados de
Planos Diretores Participativos, fortalecendo os processos de cada uma das etapas de elaboração dos Planos Diretores.
planejamento e gestão do território dos municípios, a serem
implementados de maneira participativa e includente. Amazônia
Os Planos Diretores deverão reforçar a correlação entre o
urbano e o ambiental, propiciando uma integração de enfoques O asfaltamento da BR-163, que vai de Cuiabá (MT) a San-
e de instrumentos eficazes e adaptados às realidades específicas tarém (PA), e que atravessa o santuário ecológico localizado na
locais. O objetivo é apoiar os municípios, responsáveis legais pela Amazônia Legal, merece a atenção especial do Governo Federal.
elaboração dos Planos Diretores. Além disto, as populações locais dependem economicamente
Neste sentido, a proposta prevê o desenvolvimento e o da região, de onde tiram seu provento.
Rui Faquini

Floresta Amazônica (AM)


A delimitação desta área de atendimento deu-se em função Ministério das Cidades e ao Ministério do Meio Ambiente. Publi-
da prioridade do Governo Federal em atender os 71 municípios que caram um Edital, tendo o Fundo Nacional do Meio Ambiente
se encontram hoje sob forte impacto do asfaltamento da Rodovia. (FNMA) como agente operacionalizador, a fim de selecionar
Por isso os municípios desta região estão obrigados pelo Estatuto projetos de municípios que tivessem interesse em promover o
da Cidade a elaborarem seus Planos Diretores. A Rodovia atravessa desenvolvimento sustentável, mediante a integração metodo-
uma das áreas mais importantes da Amazônia Legal nos aspectos lógica do Plano Diretor Participativo, Agenda 21 e Zoneamento
econômicos e de diversidade ambiental, onde estão representa- Ecológico-Econômico.
dos os biomas do cerrado e da floresta amazônica, abrangendo Na discussão da Agenda 21 Estadual e Regional da Agenda
um estoque de biodiversidade e compondo um cenário com Brasileira, a participação e o conhecimento dos conceitos do pro-
três bacias hidrográficas importantes: Teles Pires/Tapajós, Xingu e cesso de elaboração de políticas para o desenvolvimento susten-
Amazonas, da qual dependem as populações tradicionais, urba- tável, foi certamente o grande avanço. O produto mais imediato,
nas, agricultores familiares e mais de 30 povos indígenas. a ser visualizado, foi o incremento das experiências de Agenda 21
De outro lado, abriga, em especial no centro-norte do Mato locais no País.
Grosso, um dos pólos agrícolas mais produtivos do País, com No caso do Plano Diretor Participativo, especialmente para
destaque para a produção de soja. Esta lavoura é responsável aquele com obrigatoriedade estabelecida pelo Estatuto da
por significativos impactos ambientais e sociais na região, como Cidade, o município passa a contar com um instrumento com
a explosão de crescimento dos municípios à beira da rodovia, e a força de lei, que pode auxiliá-lo na incorporação e implementa-
disseminação desordenada de novos acampamentos precários, ção dos resultados alcançados pelos processos da Agenda 21 e
decorrentes da forte migração populacional. Zoneamento Ecológico-Econômico.
Na busca de apoio ao fortalecimento do ordenamento e Trata-se, portanto, de uma ação estruturante que visa dotar o
gestão territorial e ambiental para os municípios localizados município, poder público e suas instâncias de participação social,
na área de influência desta rodovia, e segundo a proposta de de uma base técnica, de recursos humanos e instrumentos legais.
articular metodologias que tratem destas questões, se aliaram o Tudo isto necessário para aumentar suas capacidades de planeja-
mento, formulação de políticas e estratégias voltadas para ordenar
Reprodução

as formas de acesso e uso do território e de seus recursos naturais


no plano local. Os recursos destinados para este Edital provêm
do Orçamento Geral da União (OGU) e de doações internacionais
voltadas aos municípios da Amazônia, para tal finalidade.
Ao longo do processo de lançamento do Edital foram reali-
zadas diversas oficinas que esclareceram o público alvo sobre os
objetivos e de que forma o município deveria proceder para se
candidatar a tais recursos.
O resultado deste Edital atendeu, com apoio financeiro, a
cerca de 22 municípios que tiveram seus projetos aprovados e
encontram-se hoje em fase inicial de elaboração. É a tradução
da correlação que faz o Governo entre uma política integrada do
território com vistas ao desenvolvimento sustentável.
Mineração na divisa de Belo Horizonte e Nova Lima (MG)

plano diretor participativo 39


Rui Faquini
4
Foco na identidade cultural

O
que um brasileiro sente ao caminhar por ladeiras, entre becos e vielas de uma cidade histórica do Bra-

sil? O que um estrangeiro sente caminhando entre igrejas e casarios do século 18 no Brasil? A identidade

que une todos os habitantes do país está preservada nesses locais.

O patrimônio cultural de um povo é ingrediente de sua identidade e da diversidade cultural. Pode também se tornar

um importante fator de desenvolvimento sustentado, de promoção do bem-estar social, de participação e de cidadania.

Durante os anos de 2003 e 2004 o Governo Federal incentivou a integração de seus programas no âmbito de

todos os ministérios que tratam de planejamento e ordenamento territorial, destinando aportes financeiros, apoio

técnico, capacitação, etc.

Em 2003 foi assinado o Acordo de Cooperação Técnica entre o Ministério das Cidades, Ministério da Cultura e

Ministério do Meio Ambiente. O documento estabelece a cooperação para atividades de planejamento e gestão
relacionadas ao desenvolvimento territorial e urbano, patrimônio cultural e preservação do meio ambiente.

A conservação de sítios de valor patrimonial artístico e cultural é de fundamental importância. Estas áreas estão,

geralmente, sujeitas a fortes processos de especulação ou degradação, deixando-as vulneráveis para a manutenção

de sua integridade. Também são frágeis os movimentos da sociedade no sentido de sua preservação, porque geral-

mente se contrapõem a fortes interesses econômicos.

São Luís (MA)


Estratégia Inserção

A
ssim, no momento de se definir a estratégia de apoios por Dentre as principais atividades realizadas pelo Programa,
parte do Ministério da Cultura e do Ministério das Cidades encontram-se: conservação e restauro de monumentos e con-
estabeleceu-se por intermédio do Programa Monumenta juntos tombados; educação patrimonial e promoção da impor-
a construção de um processo metodológico que incorporasse a tância do patrimônio cultural e dos benefícios de sua preserva-
gestão do patrimônio cultural para os municípios inscritos na lis- ção; promoção do turismo cultural e de eventos culturais nos
ta de bens tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Ar- locais abrangidos. E ainda formação, treinamento e capacitação
tístico Nacional - Iphan - Ministério da Cultura. de mão-de-obra para a conservação e o restauro; fortalecimento
O Programa Monumenta é realizado pelo Ministério da das instituições do campo do patrimônio; fortalecimento insti-
Cultura e pelo Iphan, em parceria com a UNESCO. O Programa tucional do Iphan, estudos e projetos multidisciplinares para a
é executado com recursos de empréstimo do Banco Interameri- estruturação do Programa e durante sua execução.
cano de Desenvolvimento (BID), da União, estados e municípios. O Programa Monumenta cont empla 82 cidades, que con-
Sua finalidade é revitalizar, de maneira sustentada, os principais tém conjuntos urbanos tombados pelo Iphan, muitas delas ins-
conjuntos patrimoniais urbanos do País. Por recuperação sus- critas na lista do Patrimônio Mundial da UNESCO, representando
tentável entende-se um conjunto de ações que vão desde as a diversidade brasileira e referências essenciais no quadro da
intervenções de conservação e restauro até a implementação formação cultural do Brasil.
de medidas educativas, gerenciais e administrativas, capazes de A inserção da questão do patrimônio histórico e artístico
ampliar o retorno econômico e social dos investimentos públicos como foco dos Planos Diretores Participativos dos municípios
aplicados na conservação do patrimônio cultural brasileiro. tombados pelo Iphan e integrantes do Programa Monumenta
O Programa propõe uma ação permanente e compartilhada tem dois sentidos : de um lado a metodologia proposta pelo
entre os três níveis do setor público, a comunidade e a iniciativa Ministério das Cidades para a elaboração de Planos Diretores
privada, para manterem conservados e socialmente apropriados Participativos incorpora a dimensão do patrimônio histórico. De
os bens tombados nos municípios atendidos. outro, recursos do Programa Monumenta são disponibilizados
Cada projeto municipal é baseado na manifestação da para custear a elaboração de Planos Diretores para as 82 cida-
população interessada. Para isso, são realizadas oficinas de plane- des do Programa. Esta disponibilidade foi comunicada a todos
jamento participativo, nas quais a maioria dos representantes é os municípios e os 27 que demonstraram interesse já estão com
originária da comunidade e da iniciativa privada. Assim, os gran- os recursos garantidos. São eles: Alcântara (MA), Corumbá (MS),
des atores do Monumenta são os moradores, os comerciantes e Santa Bárbara (MG), Ouro Preto (MG), Santa Luzia (MG), São João
os interessados na dinamização econômica, cultural, turística e Del Rei (MG), Caeté (MG), Sabará (MG),Cataguases (MG),Tiradentes
imobiliária. (MG),Aracati (CE), Icó (CE), Sobral (CE), Laranjeiras (SE), São Cristo-
vão (SE), Penedo (AL), Oeiras (PI), Pelotas (RS), Antonio Prado (RS),
Rio Grande (RS), Paranaguá (PR), Nazaré (BA), Santo Amaro (BA),
Igarassu (PE), Vassouras (RJ), Laguna (SC) e Itú (SP). Consolida-se
Olinda (pe) • Weber Sutti

assim mais uma parceria da esfera federal para aplicação da polí-


tica nacional de desenvolvimento urbano implementada pelo
Ministério das Cidades.

42 plano diretor participativo


1

Rui Faquini
2 3

1 Porto do Jacaré,
Alcantara (MA)
2 Olinda (PE)
3 Serro (MG)

Izabel Chumbinho-IEPHA
Weber Sutti
Rui Faquini
5
Turismo para o bem de todos

D
e repente uma pequena cidade do litoral ou uma vila histórica no interior do País, são descobertas pelos

turistas, ávidos por novidades, sossego, sol e mar. Num piscar de olhos a comunidade se vê diante de uma

questão que pode mudar as suas vidas. A invasão pode trazer dinheiro para o comércio e serviços, novos

empreendimentos, empregos para muita gente. Mas este movimento de turistas também pode significar problemas

como poluição das águas, sujeira das ruas, trânsito barulhento e desordenado, e saturação da infra-estrutura.

Alcantara (MA)
O
s municípios considerados turísticos são obrigados a ter Ao longo do processo de capacitação realizado pelo Minis-
Plano Diretor, exatamente para prevenir problemas e para tério das Cidades, com relação aos municípios turísticos, dois
canalizar os benefícios da atividade. Dependendo do grau momentos são marcados pela realização de Oficinas de Trabalho
de desarticulação e despreparo da cidade para absorver os impac- junto aos municípios turísticos, no sentido de orientar a elabora-
tos da transformação, bem como das pressões para implementa- ção do Plano Diretor, promovendo uma padronização de concei-
ção dos investimentos, pode haver uma descaracterização acele- tos e de métodos de trabalho.
rada que implica até, em curto prazo, em resultados danosos. O primeiro, foi uma oficina realizada na sede do Banco do
O Ministério das Cidades, dentro da política de parceria com Nordeste do Brasil (BNB), que envolveu diversos municípios que
os diferentes Ministérios, estabeleceu com o Ministério do Turismo integravam o Programa Prodetur, com ações voltadas à realização
um Acordo de Cooperação para encaminhamento de ações de de Planos Diretores. O segundo momento envolveu além das
planejamento e gestão relativos à elaboração, ou revisão, imple- prefeituras municipais, movimentos sociais, profissionais especia-
mentação e acompanhamento de Planos Diretores Participativos lizados e equipes técnicas das prefeituras, uma vez que se tratava
e das iniciativas de saneamento ambiental através do Programa de uma Oficina da Campanha Nacional para elaboração do Plano
de Desenvolvimento do Turismo – Prodetur. Diretor Participativo.
O Acordo observa os seguintes princípios: contribuir para a Neste encontro foi amplamente discutida a metodologia
sustentabilidade do turismo, a proteção, a preservação e conser- orientada pelo MCidades, que repensa o processo tradicionalmente
vação dos atrativos turísticos, dos aspectos culturais e do meio estabelecido que, de modo geral, terceiriza integralmente a ela-
ambiente e a melhoria da capacidade de participação e gestão boração dos Planos Diretores Municipais. Essa prática geralmente
dos governos municipais; trabalhar em cooperação para a ela- incorre na ausência de pessoal fundamental para o processo, bem
boração e/ou revisão dos Planos Diretores Municipais a serem como certo distanciamento da realidade do município.
adotados no Regulamento Operacional do Prodetur. O universo desta ação conjunta abrange cerca de 64 muni-
E ainda exercer conjuntamente a cípios, especialmente dos estados do
supervisão técnica da elaboração dos Nordeste e do Sul, que apresentam
Planos Diretores Municipais, finan- potencial para serem beneficiados
ciados pelo Ministério do Turismo com recursos do Prodetur para elabo-
no âmbito do Prodetur, verificando rar ou rever seus Planos Diretores.
o adequado cumprimento dos Ter- Na oficina realizada em Fortaleza
mos de Referência específicos para (CE), com a participação dos agentes
tanto estabelecidos; proceder ao operacionalizadores dos contratos do
acompanhamento e avaliação, entre Prodetur NE e alguns dos municípios
as instituições, das ações realizadas e que estão sendo atendidos por este
difusão de resultados obtidos, con- Programa, foi formulada uma carta
forme definições acordadas; prestar onde, a partir de um entendimento
informações, fornecer dados e apoiar comum da questão, foram estabele-
as ações necessárias ao pleno desen- cidos os parâmetros para balizar esta
volvimento dos trabalhos. proposta de trabalho.

Rui Faquini

46 plano diretor participativo


Rui Faquini

2
3

Rui Faquini Rui Faquini

1 Barra do Maxaranguape (RN)


2 Divisa entre Santarém e Alter do Chão (PA)
3 Artesã cearense

plano diretor participativo 47


Delfim Martins/Pulsar Imagens
6
O olhar para a fronteira

O
Brasil é mesmo terra de diversidades. Existe Assim sendo foi estabelecida parceria entre dois
na fronteira com o Uruguai, uma cidade que programas: Programa de Desenvolvimento da Faixa de
ocupa dois países. Em Santana do Livramen- Fronteira (Ministério da Integração – MI) e o Programa de
to, no Rio Grande do Sul, você pode, ao mesmo tempo, Fortalecimento da Gestão Urbana (Ministério das Cidades-
colocar um pé no Brasil e o outro no Uruguai. Gêmea MCid). O MI destina recursos e o MCid dá apoio metodo-
com Rivera, no lado uruguaio, Santana do Livramento – lógico e técnico para a elaboração de Planos Diretores.
e outras cidades gêmeas das 10 fronteiras do país –, têm O Plano Diretor das cidades gêmeas permitirá, na
necessidade de Plano Diretor que enfoque políticas es- realidade, novas práticas para solução de questões que
pecíficas, considerando a agenda Mercosul e, ao mesmo sejam importantes para mais de um município. É vital que
tempo, o desenvolvimento regional. os intsrumentos do PD visem a integração sul-americana,
Por demandar políticas voltadas para o envolvi- permitindo a discussão de problemas comuns e solução
mento de seus habitantes com comunidades estrangei- participativa. Através desta ação estão sendo apoiados
ras, no seu cotidiano, o Programa de Desenvolvimento os seguintes municípios para elaboração de seus Planos
da Faixa de Fronteira foi articulado à Política de Desen- Diretores: Tabatinga (AM), Barracão (PR), Dionísio Cerqueira
volvimento Regional. Faixas contíguas entre países são (SC), Santana do Livramento (RS) e Ponta Porã (MS).
pontos críticos para catalisar processos de integração de
blocos econômicos regionais.
Em função deste enfoque estratégico e da necessi-
dade de resgate da dívida social com parte desta popu-
lação, o Governo Federal passou a entender como prio-

Prefeitura Municipal de Dionisio Cerqueira


ridade à dinamização da economia, o apoio a Arranjos
Produtivos Locais, melhoria de condições de cidadania
Rivera, Uruguai,
e Santana do e incentivo a empreendimentos de pequeno/médio
Livramento
(RS), Brasil portes na faixa de fronteira.
Vinícius Sgarbe/stock.XChng 7
Técnica e conhecimento
levados às comunidades
O
utra importante iniciativa do Governo Federal foi nando o fortalecimento institucional, o desenvolvimento
adotada para dar suporte à concepção, elabo- da capacidade de planejamento dos municípios e a valo-
ração, execução, acompanhamento e avaliação rização dos recursos e potencialidades locais e regionais.
de Planos Diretores Participativos. Grupos de extensão Diante das dificuldades das prefeituras, existe
universitária com atividades de pesquisa das instituições a necessidade de ampliar o apoio já oferecido pelo
de ensino superior, públicas ou privadas, foram convoca- MCidades com recursos do Orçamento Geral da União
dos a apresentar projetos para o fortalecimento da Ges- (OGU) para garantir que as novas concepções e práticas
tão Municipal, através de edital publicado pelo Ministé- de planejamento e elaboração de Planos Diretores pos-
rio das Cidades (MCidades) e o Ministério da Ciência e sam ser de domínio tanto das equipes técnicas, quanto
Tecnologia (MCT). dos segmentos sociais das cidades.
O lançamento do edital, por intermédio do Con-
selho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecno- Projetos
lógico (CNPq), órgão do MCT, aconteceu em outubro
de 2005. Os resultados foram divulgados na primeira O julgamento das propostas foi feito por um
quinzena de fevereiro deste ano e as contratações se comitê formado por membros de instituições vincula-
iniciaram dia 20 de fevereiro. das ao Planejamento Urbano e Territorial no Brasil.
Os projetos visam o desenvolvimento de atividades A comissão era composta pela Associação Nacio-
de suporte conceitual e metodológico aos municípios, nal de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais
orientando e fortalecendo a participação popular no (ANPOCS); Federação de Órgãos para Assistência Social e
planejamento e gestão territorial e urbana, de forma Educacional (FASE), Instituto de Pesquisa e Planejamento
integrada com as prefeituras, organizações do terceiro Urbano da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPUR/
setor e diversos segmentos sociais. UFRJ); Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universi-
Além disso, atende às prioridades estratégicas do dades Brasileiras; Associação Nacional de Pesquisa e Pós-
Governo Federal por meio da parceria entre os dois Graduação em Planejamento Urbano (ANPUR); e por um
Ministérios. No MCT através do Departamento de Ações representante das universidades particulares.
Regionais da Secretaria de Ciência e Tecnologia para O resultado da análise foi divulgado na página
Inclusão Social (SECIS). E, no MCidades, pela Diretoria de do CNPq (www.cnpq.br) e escolhidas 50 propostas
Planejamento Urbano da Secretaria Nacional de Progra- de projetos espalhados em todas as regiões do País,
mas Urbanos (SNPU), que implementa as ações do Pro- coordenados por professores com experiência na área.
grama de Fortalecimento da Gestão Municipal Urbana. O apoio direto consiste no pagamento de bolsas de
A parceria disponibiliza tecnologias de gestão parti- Fomento Tecnológico e Extensão Inovadora, além de
cipativa para a sua apropriação pela sociedade, proporcio- recursos para custeio dos projetos
Leopoldo Silva 8
Experiências pelo Brasil
entram em banco de dados

A
s comunidades do Brasil que estão elaboran- São 65 experiências sistematizadas envolvendo
do seus Planos Diretores Participativos podem 162 municípios. Algumas experiências envolvem
contar com a referência de experiências desen- articulações intermunicipais como, por exemplo, a
volvidas em diversas partes do país. O Banco de Experi- aglomeração urbana de Cuiabá e Várzea Grande, os
ências disponibilizado no site do Ministério das Cidades 11 municípios da região serrana do Espírito Santo e
(www.cidades.gov.br/planodiretorparticipativo) e nesta 88 municípios goianos. As fichas retratam o processo
publicação é orientação segura para prefeituras e socie- de mobilização, participação, capacitação, debates e
dades locais para a realização desse projeto. Obviamen- pactuação de propostas de planejamento e gestão ter-
te as características das cidades divergem, mas as com- ritorial a partir de leituras técnicas e comunitárias sobre
parações sempre trazem lições úteis. as potencialidades e problemas de cada realidade
O trabalho foi realizado por uma equipe de 17 pro- local. Os documentos de cada ação têm um cabeça-
fissionais de diferentes estados, com largas experiências lho padrão com informações básicas sobre a cidade,
em planejamento participativo, que atuam em univer- tais como nome do município, Unidade da Federação,
sidades, ONGs, assessorias técnicas, entre outros. Este número de habitantes, entre outras. Depois relata-se a
grupo começou o trabalho de sistematização de expe- experiência enfatizando, entre outros aspectos, a des-
riências de elaboração de Planos Diretores Participativos crição das ações realizadas, metodologias de trabalho,
em novembro do ano passado. Nesse período, os 17 materiais, instrumentos e soluções técnicas. Em seguida,
profissionais foram chamados a Brasília e, em conjunto apresenta-se recomendações, alertas e lições extraídos
com o MCidades, foi traçada a metodologia empregada da própria experiência que analisam dificuldades, lacu-
na organização dos relatos e análises do Banco de Experi- nas, resultados, insuficiências e conquistas do trabalho
II Encontro dos ências. Definiram-se quais as questões importantes para realizado. Nas fichas constam também as fontes das
núcleos estaduais
durante a II um instrumento de coleta de informações em comum. informações e outros contatos utilizados.
Conferência das
Cidades (2005) Com isto em mãos partiu-se para a pesquisa de campo.
Critérios A capacitação foi feita por segmento, por bairro e através
de cursos à distância. Enfim, trabalhos junto a esses grupos para

P
ara se chegar aos 162 municípios retratados, o MCidades que entendessem o que é o Estatuto da Cidade, o que é Plano
usou três canais de informações. O primeiro foi a realiza- Diretor, como este instrumento de política territorial funciona no
ção de análises e discussões com a equipe de planejamen- município. E seu conteúdo e objetivos. Eles utilizaram linguagem
to territorial do próprio Ministério responsável pela gestão dos popular, através de jogos de papéis, palestras, material didático,
contratos de repasse de recursos do Governo Federal para as mu- metodologia de capacitação popular.
nicipalidades elaborarem seus Planos Diretores Participativos. Os À medida que se definiam as propostas, capacitava-se as
membros dessa equipe viajaram para diversas regiões, contata- pessoas. Isto foi determinante para que a população compare-
ram dezenas de pessoas em vários estados. cesse às reuniões públicas sabendo o que estava sendo discutido.
Outro canal foi a realização de uma chamada pública do Este processo transcorreu durante 2004 e no começo de 2005,
Ministério no ano passado, para coleta de experiências de Planos quando a Câmara de Vereadores local aprovou o Plano Diretor
Diretores em curso. Cinqüenta e três experiências foram apresen- de Santo André. Hoje a cidade já instituiu inclusive o Conselho
tadas por prefeituras e técnicos responsáveis pela elaboração dos Municipal previsto no Plano.
planos. E o terceiro canal foram as informações colhidas pelos Vale relatar a maneira pela qual mobilizou-se um importante
profissionais contratados para a sistematização das experiências. setor da sociedade, como os movimentos sociais e o empresa-
Muitos desses profissionais já acompanham os processos em riado. Quando se percebeu que os empresários não estavam
curso a partir dos seus respectivos campos de atuação. Alguns participando das discussões públicas, procurou-se realizar deba-
estão envolvidos diretamente em núcleos estaduais da campa- tes específicos com esse segmento nos seus próprios espaços
nha pelo Plano Diretor, portanto com vasto conhecimento sobre políticos, em suas entidades e representações.
o assunto em seus estados de origem.
Nessa etapa de construção do Banco de Experiências optou- Água e esgoto
se por processos concluídos ou não, cujas ações realizadas e solu-
ções formuladas pudessem auxiliar de uma maneira ou outra. Outra ficha interessante é a de Mossoró, no Rio Grande do
Norte, região Nordeste do Brasil. Lá estabeleceu-se no Plano Dire-
Experiências tor que a densidade construtiva e populacional de uma determi-
nada área deve estar de acordo com a capacidade de suporte
Uma experiência considerada importante pelo MCidades do sistema de abastecimento de água e de esgoto da região
é a de Santo André, no ABC paulista, região Sudeste do País. em questão. A partir da vazão média desses sistemas, definiram-
Um fator que pesou na escolha desta cidade é o fato de que se coeficientes de aproveitamento máximo na área edificável.
lá já se faz administração participativa há quatro gestões. Este Este parâmetro de ocupação ajudou na definição das regras de
acúmulo de práticas democráticas de implementação de política aplicação da outorga onerosa do direito de construir, pelo qual
pública em diálogo com a sociedade propiciou fazer o processo modifica-se gabaritos ou outros itens em troca de algum desem-
participativo que culminasse na pactuação de propostas com bolso financeiro do empresário em favor da comunidade.
diferentes setores da comunidade, ao longo do processo do A proposta de Mossoró é importante, pois concretiza uma
Congresso da Cidade. A chave da experiência de Santo André das diretrizes do Estatuto da Cidade quanto ao controle da urba-
foi a maneira como a prefeitura local preparou as equipes para nização a partir da capacidade da infra-estrutura existente. Esta
realizar o trabalho. ficha traz a descrição detalhada desta proposta.

54 plano diretor participativo


Acervo UAS-HBB

É importante que um Plano Diretor incida diretamente no


uso do território, nas questões mais práticas do cotidiano das
pessoas. Que seja de fato uma lei que “pegue”. Em Mossoró se
trabalhou com este objetivo, com instrumentos e regras de uso
para ocupação do solo. A metodologia adotada nessa cidade é
bastante simples e utiliza dados e informações muito acessíveis
para se definir seu Plano Diretor.

Participação

Outra experiência útil como parâmetro é a de Belo Hori-


zonte, capital de Minas Gerais. Mesmo antes de sancionado
o Estatuto da Cidade, em 2001, o município já aplicava alguns
dos princípios e instrumentos previstos nessa Lei Federal, como
a gestão urbana democrática e as zonas especiais de interesse
social. Belo Horizonte tem realizado conferências municipais
desde 1994, conforme determina seu Plano Diretor. A ficha desta
Crianças brincando no conjunto Dênisson Menezes em Maceió (AL) cidade mostra a evolução na metodologia da primeira para a
segunda conferência. Especialmente no que diz respeito ao apro-
fundamento da capacitação dos delegados para as discussões
sobre os rumos da política urbana local e às definições das zonas
Cartilha do Plano Diretor de Lagoa Seca (PB)
especiais de interesse social.
O processo da capital de Minas é importante porque mostra
como se cria um instrumento de gestão democrática efetivo,
capaz de influir na implementação da lei do Plano Diretor e nos
rumos da cidade. Comprova-se que, se o processo for democrá-
tico, a lei pega. Outro aspecto que pode ser tirado da experiência
de Belo Horizonte é o da continuidade administrativa por quatro
gestões consecutivas.
Na região Centro-Oeste do Brasil destaca-se a experiência
coordenada pela Secretaria das Cidades do Estado de Goiás.
Essa Secretaria apóia a formação, institucionalização e capaci-
tação de Grupos Comunitários em 88 municípios através do
programa Cidade pra Gente, integrante da campanha nacional
“Plano Diretor Participativo: Cidade de Todos”. Estes Grupos são
compostos por membros das prefeituras e das sociedades civis
locais, responsáveis pela coordenação do processo de elaboração
do Plano Diretor em seus respectivos municípios.

plano diretor participativo 55


Estes membros participam de seminários para equalização A busca por empregos em razão do crescimento populacional
conceitual e oficinas temáticas, promovidas por aquela Secretaria e conseqüente necessidade de moradias, além de pequenos
Estadual, voltadas para o cumprimento do papel de coordena- agricultores buscando terras, somados à ocupação de latifúndios
ção. As atividades visam transmitir os novos conceitos presentes ilegais por grandes posseiros, transformam a região em uma
nos marcos da política urbana brasileira, sua interação com as verdadeira panela de pressão, com explosões de vários conflitos
questões ambientais e fornecer instrumentos e metodologias graves.
para a realização de discussões públicas. Foi produzido um kit O processo do Plano Diretor de Belterra é significativo por-
com vários instrumentos para a divulgação, mobilização e capa- que mostra exatamente todo este problema. O Plano busca,
citação social. A ficha dessa experiência goiana traz as descrições corretamente, discutir os conflitos socioambientais. Foi imple-
detalhadas das programações das atividades e dos instrumentos mentada uma metodologia de mapeamento desses conflitos e,
distribuídos. a partir deste documento, estabeleceram-se as prioridades para
Ainda no Centro-Oeste, a prefeitura de Palmas, capital do as diretrizes de desenvolvimento da cidade. Como a região Norte
Tocantins, assinou um convênio com as Faculdades Integradas do Brasil tem poucas referências de planejamento e gestão ter-
Católicas de Palmas para a criação de um curso de especialização ritorial, o processo do PD de Belterra pode ser considerado um
em Plano Diretor. marco no estado do Pará.
O grupo de alunos foi formado por cerca de 50 pessoas dos Um dos processos mais marcantes relatados no Banco de
mais diferentes segmentos da sociedade e da prefeitura, como Experiências é a luta travada pela sociedade civil de Fortaleza,
movimentos sociais, ambientalistas, empresários, funcionários capital do Ceará, na região Nordeste, durante os anos de 2003
públicos, associações de moradores e movimentos de luta pela e 2004. Essa luta reivindicou da prefeitura a democratização do
moradia. Este grupo acabou assumindo a coordenação do Plano processo de elaboração do Plano Diretor acionando as instâncias
Diretor do município, refletindo exatamente uma resolução do estaduais e Federal do Ministério Público. Merece destaque a
Conselho Nacional das Cidades, o de se constituir uma coordena- descrição do processo de “capacitação em massa” realizado pelo
ção compartilhada com representantes do governo e sociedade Núcleo de Habitação que envolveu cerca de 2 mil pessoas nas
para a elaboração do Plano Diretor. atividades e a mobilização da mídia local.
Em Araucária, no Paraná, região Sul, funcionou a criativi- Os temas tratados nessa capacitação foram abordados nos
dade. Foi elaborado um jogo que se passa em uma cidade ima- diferentes locais da cidade onde os problemas aparecem con-
ginária pelo qual se exercita a pactuação coletiva em torno de cretamente. É interessante perceber a estratégia de tradução das
propostas de intervenção no processo da formulação do Plano propostas questionáveis do Plano Diretor para o cotidiano dos
Diretor. Este jogo foi difundido na rede pública de ensino da moradores. Foram usadas faixas fixadas nos locais de interven-
cidade, envolvendo os estudantes e professores. ções propostas que mostravam os impactos na vida das pessoas.
Outro processo que compõe o Banco de Experiências é o de Milhares de pessoas buscaram informações sobre o Plano Diretor.
Belterra, no Pará, na região Norte do Brasil. Até hoje na região,
a povoação de terras urbanas e rurais se assemelha à do período Recursos federais
colonial, quando fazendeiros ocupavam terras de maneira infor-
mal, sem definir-se a propriedade. Esta questão se junta a uma Das 47 experiências de elaboração de Plano Diretor Partici-
outra: a do intenso crescimento populacional local. pativo, várias delas são de municípios que estão fazendo o plano
Belterra vive de agronegócios com cultivo de soja e reflete diretamente com recursos financeiros do Governo Federal. Um
o que, em geral, ocorre em algumas partes do estado do Pará. bom exemplo aconteceu na cidade de Lagoa Seca, na região

56 plano diretor participativo


do agreste paraibano. Situada a 129 km da capital do estado,

Acervo da Equipe Consultora do Plano Diretor


1
João Pessoa, Lagoa Seca teve o processo de elaboração de seu
primeiro plano iniciado ainda em 2003, com o saneamento como
tema principal para a mobilização da sociedade.
Com a economia baseada na produção agrícola, Lagoa Seca
faz parte da Microrregião de Campina Grande e, embora dois ter-
ços de sua população viva na zona rural, o município apresenta
uma densidade demográfica de 221,19 pessoas por km².
O escoamento da produção é bem complicado, por causa
da topografia da área, de 109 km², e pelo fato de que quase 70%
das propriedades são minifúndios. A geração de emprego e
renda foi um dos problemas mais citados, já que a população do
município (24.154 habitantes*) é maciçamente jovem e sem ocu-
pação. A cidade sofreu um processo de urbanização no campo,
com a formação de bairros rurais precários.
2
Há um movimento social consolidado e atuante no setor
rural, com destaque para o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de
Lagoa Seca, que contribui para o bom nível de organização do
produtor rural. São articuladores da Associação do Semi-Árido.

Núcleo Estadual de RO
No meio urbano a formação de associações de moradores ocor-
reu no decorrer das etapas de discussões do Plano Diretor.
O processo de elaboração desse plano teve como tema prin-
cipal o saneamento e a questão de destaque foi a mobilização
social, a partir dos trabalhadores rurais, dos agentes de saúde, de
programa de rádio comunitário e da parceria com professores da
rede pública municipal.
Os agentes de saúde orientaram a população chamando a 1 São Paulo de Potengi (RN)
atenção para a importância da participação social e divulgaram datas 2 Oficina do Plano Diretor em Mesquita (RJ)
3 Goiânia (GO)
e resultados das reuniões sobre a elaboração do Plano Diretor.
Mais de 30 representantes comunitários foram nomeados
pela prefeitura para se juntar aos técnicos do Governo e aos
membros da equipe técnica, constituindo um grupo de traba- 3

lho. Para que a divulgação atingisse seus objetivos, elaboraram


folheto e cartilha.
Foram realizadas reuniões com as secretarias e a cidade se
Nathan Belcavello de Oliveira

dividiu em setores para a organização do processo participativo,


baseados em uma regionalização feita pelo Sindicato dos Traba-
lhadores Rurais a partir de um Diagnóstico Rápido Participativo
(DRP). O processo foi feito pelo movimento popular que atua no À elaboração do PDP foram articulados os processos de
campo com apoio de uma ONG local. Os representantes comu- elaboração do Zoneamento Ecológico Econômico e da Agenda
nitários de cada setor foram os responsáveis pela mobilização 21 da região.
social na sua área. Quanto ao marco institucional, a prefeitura local contou com
O município foi dividido em seis regiões: Região das Frutas; um órgão gestor responsável pelo planejamento, a Secretaria de
Região do Encontro dos Rios; Região dos Roçados; Região das Planejamento e Controle lnterno de Bayeux (Seplan). Como não
Verduras; Região das Ladeiras; Região da Sede Municipal. havia um órgão específico para a gestão com a comunidade, foi
A Rádio Ipuarana difundiu os temas relacionados à elabora- constituído um Grupo Técnico integrado por 11 membros entre
ção do PDP de Lagoa Seca através de um programa de uma hora especialistas da prefeitura e da empresa consultora que elaborou
de duração, veiculado todos os sábados. A emissora é uma ONG a agenda do Programa de Participação Popular. O Grupo Técnico
que compõe a comissão de comunicação do Grupo de Trabalho foi formado por arquitetos, engenheiros, economista e estagiárias
do Plano Diretor. A Rádio Ipuarana foi fundamental para demo- de nível superior.
cratizar o processo, divulgar os eventos e sensibilizar a população
para uma participação efetiva nas diversas etapas de elaboração Tema
do plano.
Uma parceria com as escolas municipais possibilitou a capa- Um tema prioritário na elaboração do plano foi a delimita-
citação de 250 professores e foi de vital importância porque em ção de 23 Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS), expostas a
algumas comunidades esses professores eram mais atuantes do alagamentos, contaminação química e biológica e outros riscos,
que as associações de moradores. abrigando 7.136 domicílios. Para a definição das ZEIS utilizou-se o
O principal aprendizado que se percebe em Lagoa Seca é levantamento do Plano Estratégico Municipal de Assentamentos
que a convocação da população para participar das discussões é Subnormais (PEMAS). Foram realizadas reuniões com as comuni-
considerado, por muitos moradores, como a única maneira de se dades em área de risco e moradores de habitações subnormais
garantir que a Lei Municipal seja implementada. Atualmente no da cidade, que conta com 87.561 habitantes* e tem a segunda
município, qualquer ação do Plano Diretor que não for pública menor área territorial da Paraíba.
gera muita cobrança da população. Percebe-se claramente que Embora o processo de participação ainda possa ser con-
o trabalho do PDP foi um fator de incentivo aos movimentos siderado embrionário, a discussão na cidade gerada pelo PDP
associativistas. despertou a sociedade para a sua importância. E com a discus-
são do Orçamento Participativo, do Plano Plurianual (PPA) e da
Problemas ambientais 2a Conferência das Cidades, realizada em 2005, este processo de
participação comunitária, iniciado em 2004, se fortaleceu ainda
Ainda na Paraíba há uma outra ficha que merece destaque. mais, com maior engajamento das lideranças de movimentos
Trata-se do processo realizado na cidade de Bayeux, uma das populares.
principais do estado, e que fica a apenas 6 km de João Pessoa, no Já em São Paulo de Potengi, situado na zona agreste do
litoral norte. Em dezembro de 2004 a Câmara Municipal aprovou Rio Grande do Norte, a 70 km a oeste da capital Natal, um dos
o Plano Diretor. principais fatores nas discussões públicas de elaboração do Plano
A experiência de elaboração desse plano se destacou pelo Diretor Participativo foi o histórico de organização e de lutas
conjunto de procedimentos adotados para sensibilizar a socie- populares na área rural, com destaque para a Igreja Católica e o
dade e pelo tratamento dado aos problemas ambientais. Sindicato dos Trabalhadores Rurais.

58 plano diretor participativo


Mapa de Conflitos Ambientais – Plano Diretor de Belterra (PA)

plano diretor participativo 59


Interessante também é que o município foi pioneiro na

Prefeitura Municipal de Bayeux


mobilização para a elaboração de Planos Diretores no Rio Grande
do Norte, dentre aqueles que não têm obrigatoriedade para rea-
lizá-lo até outubro de 2006, conforme estabelece o Estatuto da
Cidade. São Paulo de Potengi tem menos de 20 mil habitantes
– 13.922* –, não é integrante de região metropolitana e aglome-
rações urbanas. Não está em áreas de especial interesse turís-
tico, de influência de empreendimentos e nem de significativo
impacto ambiental.
As estratégias do processo participativo na elaboração do
plano se constituíram numa referência importante desde o início
dos trabalhos em meados de 2005, para terminarem até outubro
deste ano. A participação popular em São Paulo do Potengi con-
tou com a importante contribuição da Igreja Católica.
O Sindicato dos Trabalhadores Rurais surge como uma força
articuladora da sociedade civil e tem conseguido mobilizar mais
de 2 mil trabalhadores rurais filiados, em torno da discussão de
políticas públicas. Com características predominantemente rurais,
São Paulo do Potengi tem mais de 40 associações de moradores Seminário sobre Leitura Técnica e
da zona rural em debates com as lideranças dos sindicatos sobre Comunitária, em Bayeux (PB) e abaixo,
Curso para lideranças em Belterra (PA)
as perspectivas de desenvolvimento local.
Levando-se em conta que a agricultura familiar é a mais
importante atividade do município, aponta-se a experiência par-
acervo COMOVA

ticipativa nos espaços de deliberação de políticas públicas para o


meio rural, como um saldo positivo da mobilização social local.
Uma das idéias centrais foi de que, no decorrer das atividades,
representantes da sociedade civil passariam a integrar a equipe.
Para construir o planejamento das ações, usou-se metodologias
de moderação e facilitação baseadas no manuseio de mapas do
município, possibilitando a localização de problemas e identifica-
ção das diversas visões da comunidade local.
Além disso, para o planejamento do PDP, identificou-se as
principais dificuldades a serem superadas, os conflitos latentes e
as carências de ordem material e institucional da prefeitura.
Diversas iniciativas foram tomadas. Dentre elas a construção
de espaços de negociação em torno da gestão compartilhada,
o aprofundamento sobre o que é o processo participativo e a
formação de um Grupo de Responsabilidade. Este grupo foi um

60 plano diretor participativo


embrião do Fórum de Entidades, eleito em reunião da comu- PDP, na sede da Agência de Desenvolvimento Municipal (ADM).
nidade, e organizou as atividades que marcaram o processo A comunidade foi mobilizada para a etapa preparatória da
participativo. 2ª Conferência Nacional das Cidades, na qual houve a eleição
Outra questão relevante foi a construção da leitura técnica dos delegados. Foi feito o lançamento oficial da elaboração do
e comunitária, tendo como tema central a identificação das con- PDP de Batalha e formou-se o Núcleo Gestor Local, composto de
dições que contribuem para a consolidação da função social da 42 pessoas. A consultoria contratada realizou a capacitação do
propriedade, estimulando a democratização dos usos do solo. Núcleo Gestor.
Durante o período da leitura comunitária foram feitas visitas Após a segunda etapa da capacitação foram criadas comis-
pela comunidade, para identificar as desigualdades entre a zona sões temáticas ocupadas pelos membros do Núcleo Gestor: Edu-
rural e urbana. Organizou-se grupos temáticos que conduziram cação, Cultura e Lazer; Desenvolvimento Econômico, Agricultura e
as etapas de leitura e propostas. Até a versão final do plano, o Pecuária; Saúde; Infra-estrutura, Meio Ambiente e Turismo; Política e
documento preliminar será submetido a grupos de discussão Administração; Regularização Fundiária. Essas comissões temáticas
antes da Audiência Pública. fizeram as análises para subsidiar as oficinas de leitura comunitária.
O passo seguinte foi a realização de seis oficinas de trabalho
Economia informal pelo Núcleo Gestor, acompanhado de técnicos da consultoria,
uma em cada comunidade-pólo do município. Ao mesmo
Ainda no Nordeste há vários outros processos relevantes e tempo, a prefeitura conduziu a leitura técnica e, posteriormente,
que foram incluídos no Banco de Experiências, como no muni- foi realizada uma audiência de sistematização das leituras técnica
cípio de Batalha, no Piauí, localizado a 167 km ao norte de e comunitária.
Teresina. Uma das dez principais cidades do estado Batalha tem Este processo é considerado um ponto de mutação na cultura
como base de sua economia a agricultura e o comércio. política do município, embora ainda se observe incredulidade por
O setor de comércio é o responsável pela maior parte da parte de alguns setores ainda não envolvidos no processo. Está
arrecadação e uma parcela da classe produtiva vive da economia abrindo espaço para o aprendizado do planejamento integrado e
informal e o desemprego já aparece como um problema social a otimização dos recursos, da importância da sustentabilidade do
emergente. município e da conservação do patrimônio da cidade.
Com 24.127 habitantes*, Batalha conta com 54 associações
de moradores organizadas, duas delas associações de produtores Cidade nova
rurais. Além de sua sede, está dividida em outras seis comuni-
dades-pólos localizadas na área rural: Vitória de Baixo, Serra de No estado do Rio de Janeiro houve experiência diferente, em
Dentro, Catombo, Descoberta, Caraíbas e Cacimbas. um município recém emancipado, em processo de construção
A elaboração do Plano Diretor Participativo inaugurou o institucional e de identidade cultural, com forte dependência de
processo de gestão democrática. A prefeitura impulsionou a municípios vizinhos. Trata-se de Mesquita, localizado na Baixada
mobilização e sensibilização dos gestores e da comunidade, Fluminense, região metropolitana do Rio de Janeiro.
através de sete reuniões (uma na sede e seis nas comunidades- Com 166.080 habitantes* e cerca de 66% do seu território
pólos), amplamente divulgadas através de rádio, faixas, cartazes, incluído no Maciço de Gericinó, que compreende áreas de prote-
som volante e cartas-convites personalizadas. ção ambiental, parque municipal e extensa área verde, Mesquita
Paralelamente, foi aberta uma sala para consulta comunitá- foi emancipado do município de Nova Iguaçu em 1999, e iniciou
ria, a Sala do Cidadão, especialmente destinada aos trabalhos do em janeiro de 2005, a segunda gestão.

plano diretor participativo 61


Trecho do Mapa de Zoneamento e MacroZoneamento – Plano Diretor de São José (SC)

62 plano diretor participativo


A economia do município é sustentada pelo setor industrial da Leitura Comunitária e da etapa de Propostas.
(fábrica de guarda-chuvas e sombrinhas de praia, de plásticos, Os agentes comunitários de planejamento formados no
brindes em metal, etc.), além do Porto Seco. Também chamado curso foram estimulados a participar ativamente dos grupos
de Aduaneira Interior, o Porto Seco é um terminal alfandegário de constituídos em sua localidade de referência. No mesmo período
uso público, destinado à prestação dos serviços de movimenta- em que se desenvolvem as oficinas regionalizadas, as questões
ção e armazenagem de mercadorias sobre controle aduaneiro. gerais da cidade foram discutidas em reuniões abertas a toda a
Com uma estrutura administrativa ainda em formação, população.
Mesquita apresenta as mesmas precariedades de saneamento Na segunda oficina regionalizada foram apresentados os
ambiental compartilhadas por boa parte das cidades da Bai- resultados dos trabalhos realizados pelos Grupos de Planejamento
xada Fluminense. Tem uma população pobre que depende dos com o apoio, se solicitado, da prefeitura e da assessoria do plano.
municípios vizinhos, Rio de Janeiro e Nova Iguaçu, em relação a Isso demonstra a apropriação do processo e compartilhamento
emprego, equipamentos públicos, comércio e serviços. de poder por estes grupos.
Todas as suas questões fundamentais estão intimamente Outro destaque em relação à participação foi a capacitação
ligadas a estas cidades e à dinâmica metropolitana. A relação entre desses Agentes Comunitários de Planejamento. No curso aconte-
a condição de município metropolitano periférico e a condição ceram cinco encontros para levar os participantes a uma reflexão
de município novo influencia todo o processo de elaboração do crítica sobre as questões de Mesquita e da região metropolitana
plano. do Rio de Janeiro, e a desenvolver uma compreensão mais ampla
O Plano Diretor foi iniciado em meados de 2005 e o que sobre o processo de elaboração e a metodologia do PDP. Os
se ressalta é o processo de participação e compartilhamento de participantes seriam eventuais multiplicadores junto aos seus
poder na sua elaboração. Foi contratada uma consultoria para segmentos e à população dos seus bairros.
apoio metodológico a todo o processo e instituiu-se um Núcleo
Gestor, formado por representantes da prefeitura e da sociedade Resistência
civil, para supervisionar e monitorar os trabalhos.
Dentre os métodos no processo participativo, destaca-se, na Em Nova Friburgo, região serrana do estado do Rio de
etapa inicial, ainda na discussão da metodologia, o envolvimento Janeiro, um dos aspectos de maior destaque na experiência local
do Núcleo Gestor e da sociedade civil, além da consultoria e da são os procedimentos utilizados para implantar a participação
coordenação técnica. e superar a resistência da comunidade. Isto porque a sociedade
Durante a etapa de leitura, o município foi dividido em já estava desgastada por outros processos participativos, que
quatro áreas, cada uma delas abrangendo duas ou mais localida- foram interrompidos sem uma conclusão satisfatória, como o
des, com o objetivo de discutir o Plano Diretor a partir da leitura Orçamento Participativo e o Projeto Desenvolvimento Local Inte-
dos conflitos, problemas, potencialidades e prioridades de cada grado e Sustentável.
localidade. Localizada a uma altitude de 846 metros e com 173.418 habi-
Nas oficinas, além de exposições sobre a metodologia do tantes*, Nova Friburgo tem como principal atividade econômica a
PDP e sobre as informações disponíveis, foram realizadas dinâ- indústria de moda íntima ao lado de outras atividades industriais,
micas de grupo com a utilização de mapas e questionários. Em em especial têxteis e metalúrgicas, da olericultura, floricultura e
cada área elegeu-se um representante para o Núcleo Gestor e caprinocultura.
formou-se Grupos de Planejamento Comunitário, compostos por No início dos anos 90, após um período de forte crescimento
pessoas responsáveis pela condução do processo de realização industrial e de serviços no período de 1940 a 1990, o modelo

plano diretor participativo 63


Folhetos, cartilhas, cartazes produzidos pelos núcleos estaduais e oficinas de sensibilização e capacitação. As oficinas atingiram quase 1.200 municípios.

de grande indústria de Nova Friburgo entrou em decadência. O elaboração da metodologia, etapa normalmente construída por
fluxo migratório dos municípios agrícolas vizinhos foi estancado, setores técnicos e pelas consultorias.
um dos responsáveis pelo crescimento populacional da segunda O envolvimento entre alguns técnicos e determinados
metade do século 20, hoje reduzido a uma taxa anual de 0,41%*. setores da prefeitura permite a integração dos diversos projetos
A população que migrou para Nova Friburgo antes da e planos em andamento, como o de prevenção e erradicação de
década de 90, hoje enfrenta grave problema habitacional, com riscos, de macrodrenagem e prevenção e redução de enchentes,
muitos domicílios em ocupações de áreas públicas da RFFSA e implementação da Agenda 21, atualização do Código de Postu-
em áreas de risco, por causa da tomada desordenada das encos- ras, entre outros. A equipe conseguiu resolver o problema da falta
tas e das faixas de proteção marginais de rios e córregos. de base cartográfica, a baixo custo, com trabalho dos próprios
Ao lado de políticas voltadas para o desenvolvimento eco- técnicos a partir de dados do IBGE.
nômico e para a promoção de habitação de baixa renda em áreas
regulares e bem servidas, uma outra questão que provoca grande Núcleos estaduais
debate no processo de elaboração do PDP é a relação entre rural
e urbano. Principalmente em relação à revisão do perímetro Parte fundamental no processo de divulgação do Plano
urbano, à ocupação e parcelamento irregular das áreas rurais, à Diretor Participativo, os Núcleos Estaduais planejam as atividades
provisão de serviços públicos na zona rural e à delimitação de de capacitação e sensibilização com os municípios. Disseminam a
zonas de proteção natural. campanha e aplicam as mais variadas estratégias de mobilização,
O processo do Plano Diretor de Nova Friburgo iniciou em 2005 em parcerias com diversos segmentos da sociedade.
e utilizou várias estratégias para resgatar a confiança nos processos
participativos, como a criação de um programa de rádio “A Hora Região Norte
do Plano Diretor”, o livro “Conhecendo Friburgo” (obra interativa
que requer um passeio pela cidade) e a inauguração da “Casa do Organizado e bem comprometido com os princípios da
Plano Diretor”, em área de fácil acesso no centro da cidade. Reforma Urbana, o núcleo do Pará, na região Norte, sempre
Outra questão importante no processo é o fato de ser um conseguiu uma forte mobilização e participação dos municípios
dos poucos casos que contou com uma ampla participação na na campanha de divulgação do Plano Diretor Participativo.

64 plano diretor participativo


Coordenado pela Universidade Federal do Pará (UFPA), Fede- Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina no
ração de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE-PA) e Trabalho (FUNDACENTRO), CDP e a Federação de Órgãos para
pelo Movimento Nacional de Luta por Moradia (MNLM), o núcleo a Assistência Social e Educacional (FASE), ONG que faz a ligação
realizou 10 oficinas regionalizadas que capacitaram 459 gestores entre o Grupo de Trabalho e o núcleo.
técnicos e lideranças de 93 municípios. O Pará é um estado com O Grupo de Trabalho produziu um cd especial para cada
municípios muito extensos e com grande parte dos seus terri- município com os mapas e informações que servem de base
tórios sob gestão de órgãos federais (IBAMA, INCRA), ou perten- para as cidades elaborarem seus Planos Diretores Participativos.
centes a reservas indígenas, extrativistas, e a grandes empresas, o Segundo informações do núcleo, o Pará tem 84 municípios
estado é marcado por graves conflitos fundiários. E vários de seus obrigados a fazer seus planos, sendo que um deles já tem o plano
municípios alegam ter governabilidade apenas sobre pequena aprovado, outro está em fase de revisão, 21 em elaboração. O desa-
parcela do seu território. fio do núcleo é sensibilizar os municípios que ainda não iniciaram.
Diante das dificuldades em divulgar a Campanha, o núcleo Ainda na região Norte, no Amapá, o núcleo é conduzido pela
inovou e articulou a criação de um Grupo de Trabalho inédito, o Confederação Nacional de Associação de Moradores (CONAM),
GTAM. Formado por 14 órgãos federais para subsidiar os núcleos além da Faculdade do Amapá (FAMAP), da Universidade Federal
e os municípios com informações sobre o seu território, o GTAM do Amapá (UNIFAP), do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecno-
é base indispensável para a elaboração dos Planos Diretores e lógicas do estado do Amapá (IEPA) e da ONG Eco Vida.
Agenda 21 no estado. A idéia é de que essa experiência possa ser Os trabalhos do núcleo do Amapá estão acontecendo em
aplicada no Amazonas e depois no restante do País. Macapá, Santana e Laranjal do Jarí, os três municípios do estado
O GTAM é composto pelo Sistema de Vigilância da Amazô- com obrigatoriedade de elaborar seus planos, além de Oiapo-
nia e Sistema de Proteção da Amazônia (SIVAM/SIPAM), INCRA, que, que tem apenas 16.222 habitantes* e não se enquadra nos
Agência de Desenvolvimento da Amazônia (ADA), Universidade critérios de obrigatoriedade.
Federal do Pará (UFPA), IBAMA, Universidade Rural da Amazônia Apesar disso, com recursos próprios e vontade política, Oia-
(URAM), Gerência Regional do Patrimônio da União (GRPU), Caixa poque está mobilizando 150 pessoas na elaboração de seu Plano
Econômica Federal, Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), Diretor Participativo. O núcleo realizou 5 oficinas mobilizando
FUNAI, Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), mais de 200 pessoas.

plano diretor participativo 65


O núcleo do Amazonas foi criado a partir da articulação do estado do Acre e pelo Ministério das Cidades em 2003, antes
entre a Associação dos Municípios do Amazonas (AMA), da mesmo de iniciada a Campanha. Rio Branco e Sena Madureira
Secretaria das Cidades (governo do estado) e Ministério Público são exemplos de participação na elaboração do plano.
do Amazonas e participou da Oficina de Formação de Multiplica-
dores do Plano Diretor Participativo, coordenada pelo Ministério Região Nordeste
das Cidades.
Em Roraima, o núcleo é coordenado pelo Fórum Popular No núcleo da Paraíba, região Nordeste, o destaque maior foi
em Defesa da Cidade e pelo CREA, com participação do Grupo ter conseguido reunir diversos segmentos nas discussões. Dentre
de Trabalho da Amazônia (GTA), Caixa Econômica Federal, Câmara eles estão a Federação das Associações dos Municípios (Famup),
Municipal de Boa Vista, Comitê de Cidadania de Roraima, Central o Fórum Estadual de Reforma Urbana (Ferurb), o Conselho
Única dos Trabalhadores (CUT), Sindicato da Saúde, a Federação Regional de Corretores de Imóveis da Paraíba (Creci-PB), a Caixa
dos Trabalhadores Rurais, Colegiado das Associações dos Porta- Econômica Federal e o Instituto de Desenvolvimento Municipal
dores de Deficiências, entre outras instituições. e Estadual (Ideme), órgão ligado à Secretaria de Planejamento do
Apesar de só um município ter obrigatoriedade, a capital Estado, além de movimentos sociais.
Boa Vista, o núcleo já realizou atividades em outros três: Bonfim, O núcleo realizou uma ampla divulgação da Campanha,
Iracema e Caracaranã. Em Boa Vista promoveu duas oficinas e se utilizando de espaços como reuniões regionais da Famup ou
diversas palestras e seminários principalmente para capacitar os promovidas pelo governo do estado para discutir o PPA – Plano
segmentos populares da cidade. Ao todo realizaram oito oficinas, Plurianual de Investimentos Estadual, e encontros dos movimen-
mobilizando em torno de 500 pessoas. tos populares como o MNLM – Movimento Nacional de Luta pela
Em Rondônia, as atividades começaram com muita mobi- Moradia, a UNMP – União Nacional de Moradia Popular, a CMP
lização, com o apoio dos movimentos sociais, como a Central – Central de Movimentos Populares, entre outros. O núcleo tam-
de Movimentos Populares (CMP) e a Federação Rondoniense de bém recorreu a entrevistas em rádio, jornais, tv e mídia eletrônica
Mulheres (FEROM), da prefeitura de Porto Velho, Caixa Econômica sobre os Planos Diretores Participativos e sobre os temas das Con-
Federal, deputados, vereadores e algumas ONGs. Foram reali- ferências das Cidades. Para aprofundar a discussão e promover a
zadas todas as atividades previstas, com visitas aos municípios troca de experiências entre os técnicos e representantes do setor
que o núcleo considerava importante capacitar independente público e da sociedade civil, criou-se um grupo de discussão na
da obrigatoriedade. No estado são 17 municípios obrigatórios. A Internet. Segundo levantamento do núcleo existem na Paraíba 30
estratégia adotada foi realizar 4 oficinas regionais, devido à grande municípios obrigatórios, mas o núcleo, em 6 oficinas, capacitou
extensão do estado. Ao todo foram mobilizados 19 municípios 254 pessoas de 61 municípios. Desde o princípio acompanhou o
dos 52 do estado, que participaram das 11 oficinas, incluindo a andamento dos planos diretores nos municípios e colheu subsí-
oficina do Ministério. Vária delas em bairros de Porto Velho, fruto dios para poder fornecer um quadro inicial de monitoramento.
de reuniões com as lideranças populares e voltadas para capa- Um desses municípios, Bayeux, teve seu plano aprovado, quatro
citação de líderes comunitários, de associações de moradores encontram-se em fase de elaboração, três em negociação, outros
e de ouvintes de programas das rádios locais que discutem os quatro em articulação e nove ainda não iniciaram.
problemas urbanos. O núcleo de Alagoas começou com uma grande articu-
Já o núcleo do Acre, que possui cinco municípios com lação, com apoio da Caixa Econômica Federal, Universidade
obrigatoriedade de elaborar seus Planos Diretores até outubro Federal de Alagoas (UFAL), Associação dos Municípios Alagoanos
de 2006, recebeu uma capacitação promovida pelo governo (AMA) e governo do estado. Realizou sete oficinas que tiveram

66 plano diretor participativo


como público alvo o poder público municipal, representantes reforma urbana, estruturadas em torno do Nuhab, dentre as
dos movimentos sociais e populares e vereadores dos municípios quais a ONG Cearah Periferia, com participação da Associação
de oito regiões do estado. As oficinas alcançaram 65 municípios. dos Municípios e Prefeitos do Estado do Ceará (Aprece), Caixa
Na Bahia participam da coordenação do núcleo a Secre- Econômica Federal e representantes da Assembléia Legislativa.
taria de Desenvolvimento Urbano do estado da Bahia (Sedur), a Realizou 9 atividades de sensibilização e capacitação, além da
Confederação Nacional de Associações de Moradores (Conam) oficina de multiplicadores promovida pelo Ministério.
e União Nacional por Moradia Popular (UNMP). As oficinas têm Já o núcleo do Maranhão se destaca pela integração dos
tido participação expressiva, tanto do poder público quanto da movimentos sociais, governo do estado e a Universidade Estadual
sociedade civil organizada. Foram realizadas 9 oficinas, em que do Maranhão (Uema). Participam do núcleo a União por Mora-
participaram 704 representantes de 107 municípios. A Oficina de dia Popular (UMP), a Central de Movimentos Populares (CMP), o
Sensibilização e Capacitação em Ilhéus, por exemplo, reuniu em MNLM, o Sindicato dos Professores, o Sindicato dos Servidores
torno de 100 participantes em dois dias de oficina. A participação Públicos Estaduais, as ONGs, Associação de Saúde da Periferia e
do governo do estado no núcleo e na Campanha Reforça o Pro- Moradia e Cidadania, a UEMA, o Fórum Maranhense das Cidades,
grama de Desenvolvimento Urbano (PRODUR) que, até setembro o Fórum da Moradia, o Instituto dos Geólogos e o Sindicato dos
de 2004, havia financiado e apoiado a elaboração de 96 Planos Urbanitários. Entre oficinas, cursos e seminários, realizaram 50 ativi-
Diretores no estado da Bahia. dades, mobilizando 2.100 pessoas de 38 municípios. O Maranhão,
No Ceará, o núcleo é coordenado por ONGs ligadas à segundo o núcleo, possui 77 municípios com obrigatoriedade.
Otilie macedo pinheiro

Oficina sobre plano diretor com


lideranças do movimento hip-hop
durante o Fórum Social Mundial
(2005), Porto Alegre (RS)

Trecho do Mapa de ZEIS


Áreas de Reabilitação
- Plano Diretor de
Piracicaba (SP)

plano diretor participativo 67


As atividades em Pernambuco começaram com duas ofici- das oficinas de capacitação das Prefeituras Municipais e do Ser-
nas do Ministério das Cidades em 2005. Em função de problemas viço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
na assinatura do convênio com o governo do estado, as ativida- Realizaram seis oficinas de capacitação, em Tibau do Sul, Pau dos
des no estado, coordenadas pela Secretaria de Desenvolvimento Ferros, Caicó, Currais Novos e Natal (2), e já iniciaram atividades de
Urbano, foram retomadas no início de 2006. No dia 9 de março monitoramento dos Planos Diretores no estado. Mobilizaram 50
foi realizado um seminário de capacitação com os municípios da municípios no estado.
região metropolitana do Recife. O governo do estado, que tam- Já em Sergipe, após participar da oficina de multiplica-
bém apóia a elaboração de planos diretores em Pernambuco, dores promovida pelo Ministério, o núcleo estadual teve uma
com programas como o PROMATA, disponibilizou uma base de ação mais direta levando campanha aos diversos municípios
dados para os municípios presentes no seminário. As 2 oficinas com obrigatoriedade de elaboração dos planos diretor. Aracajú,
promovidas pelo Ministério das Cidades e a ação de capacitação Lagarto e Nossa Senhora do Socorro são citados como municípios
do governo do estado com o material da campanha já alcança- sergipanos em que a população está participando ativamente da
ram quase 100 municípios. elaboração do plano.
No Piauí, o núcleo é conduzido pela Secretaria Estadual
de Administração (SEAD) e pela Companhia de Habitação do Região Centro-Oeste
Piauí (Cohab-PI), também conta com a participação da Secretaria
Estadual de Planejamento (Seplan), da Associação Piauiense de No Centro-Oeste a elaboração simultânea de 88 Planos
Municípios (APPM), do Tribunal de Contas do Estado do Piauí, Diretores em todo o estado de Goiás é a principal particularidade
da Federação das Associações de Moradores do Estado do Piauí na campanha do núcleo deste estado. Em estratégia da Secre-
(Famepi), da Federação de Entidades Comunitárias do Piauí taria de Estado das Cidades, a campanha se soma a e fortalece
(Fecepi), do Ministério Público, do CREA e da Caixa Econômica o “Cidade pra Gente”, programa da secretaria, e também conta
Federal, entre outras entidades. Já concluiu suas atividades, oito com forte presença do Fórum Nacional pela Reforma Urbana
oficinas de capacitação, privilegiando o envolvimento de lideran- (FNRU) e outros parceiros, como a Caixa Econômica Federal e a
ças sociais. Foram envolvidos 443 participantes de 72 municípios Frente Municipalista.
do estado. Também já estão acompanhando alguns processos Após a assinatura de uma carta de adesão pelos prefeitos, o
de elaboração dos Planos Diretores, auxiliando-os nas dificulda- próximo passo foi a criação de Grupos de Trabalho (GT Comunitá-
des e coletando dados. rio) em cada cidade, formado por lideranças comunitárias, repre-
O núcleo do Rio Grande do Norte é coordenado pelo sentantes do Legislativo, Executivo e dos Conselhos Municipais.
CREA e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Os GTs Comunitários passaram por quatro oficinas de capa-
com participação do Legislativo Estadual, Central de Movi- citação, ocorridas em Goiânia entre agosto e dezembro de 2005.
mentos Populares (CMP), Centro de Estudos, Pesquisas e Ação Houve ainda a realização de oficinas de nivelamento conceitual,
Cidadã (Cepac), Secretaria de Planejamento do Governo do voltadas para equipes técnicas da prefeitura e profissionais da
Estado (Seplan), Centro Federal de Educação Tecnológica do área de planejamento urbano. A participação nas oficinas soma
Rio Grande do Norte (Cefet-RN), Instituto de Arquitetos do Brasil pontos no processo de licitação pública, para a contratação dos
(IAB-RN) e Sindicato da Indústria de Construção Civil (Sinduscon). profissionais que irão elaborar os Planos Diretores em Goiás.
O núcleo se divide em comissões de Articulação e Divulgação; Apesar de ter apenas 42 cidades obrigatórias, 88 municípios
Capacitação e Apoio Técnico; e Base de Dados, Sistematização realizaram a leitura comunitária e continuam a elaboração de
e Monitoramento. Receberam apoio logístico para a realização seus Planos Diretores.

68 plano diretor participativo


Núcleo Estadual de Rondônia

Oficina de capacitação promovida pelo núcleo


estadual de Rondônia, Porto Velho (RO)

plano diretor participativo 69


Em Mato Grosso, o pontapé inicial para a formação do e Habitação de Palmas (Seduh). Elas dividem a responsabilidade
núcleo foi a capacitação da equipe de técnicos estaduais atra- pela realização das oficinas entre si, cada qual ficando responsá-
vés da contratação de um consultor pelo governo do estado. vel por uma região do estado. Em alguns casos, foram realizadas
A Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação Geral oficinas municipais e regionais em separado. As municipais para
(Seplan) coordena o núcleo, além de fornecer apoio administra- atender as cidades com mais de 20 mil habitantes, que têm obri-
tivo e suporte técnico. As atividades foram iniciadas em dezem- gatoriedade de elaborar o Plano Diretor, e as oficinas regionais
bro de 2005, com a realização de uma oficina de Envolvimento e para o conjunto de municípios menores. No Tocantins, 10 muni-
Participação Social, da qual participaram membros do núcleo e cípios precisam elaborar seus planos até outubro de 2006. Foram
representantes de 16 dos 21 municípios que têm obrigatoriedade. realizadas 11 oficinas que alcançaram 35 municípios.
Foram realizadas ainda 15 oficinas de capacitação para as equipes Já no Distrito Federal, o núcleo é coordenado pelo Movi-
técnicas e grupos de acompanhamento dos Planos Diretores nos mento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM) e congrega vários
municípios como Colíder, Marcelândia, Barra do Bugres e Jaciara. outras entidades como cooperativas, associações de moradores,
Ao total 558 participantes estiveram presentes nas oficinas. A movimentos sociais, o Instituto de Educação Profissional (IPEP) e
Seplan distribuiu nestas oficinas um cd com mapas do Zonea- os comitês oficiais dos Planos Diretores locais. Realizou mais 12
mento Ecológico Econômico do Mato Grosso (ZEE–MT). oficinas em cada uma das cidades satélites, com uma média de
Já no Mato Grosso do Sul (MS), a mobilização inicial para 100 participantes em cada cidade.
a criação do núcleo no estado foi feita pela Federação Nacional
dos Arquitetos (FNA) e o Movimento Nacional de Luta por Mora- Região Sudeste
dia (MNLM). As primeiras oficinas de capacitação contaram com
presença de representantes do Tribunal de Contas da União (TCU) No núcleo de Minas Gerais, no Sudeste, o maior desafio é
e de lideranças indígenas. Outras entidades bastante atuantes no o grande número de municípios do estado. São 853, dos quais
núcleo são o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e 208 têm a obrigatoriedade e 184 deles não elaboraram seus
Agronomia do Mato Grosso do Sul (Crea-MS), a Caixa Econômica planos. Os destaques desse núcleo foram a pluralidade e a des-
Federal e o Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento do centralização, que possibilitaram uma regularidade de encontros
Mato Grosso do Sul (IAB-MS). semanais de mais de 30 entidades e fez com que cada entidade
Dentre as atividades do núcleo estão um livro relatando a assumisse um papel nos grupos temáticos e posteriormente nas
experiência de planejamento urbano em Terenos, um município capacitações regionalizadas.
de pequeno porte, e a distribuição dos kits disponibilizados pelo O núcleo de Minas é coordenado pela Secretaria de Estado de
Ministério das Cidades para todos os 21 municípios que têm Desenvolvimento Regional e Política Urbana, o Conselho Regio-
obrigatoriedade. Além da realização de três oficinas regionais, em nal de Engenharia e Arquitetura (CREA), Assembléia Legislativa de
Campo Grande, Dourados e Aquidauana, e do monitoramento Minas Gerais, movimentos sociais, universidades e ONGs. Outro
de cinco municípios que recebem recursos federais para elabo- fator aglutinador foi a secretaria executiva, financiada pelo Crea
rar seus Planos Diretores. O núcleo acredita que cerca de 300 (MG). Em 19 atividades realizadas, o núcleo capacitou quase 1.800
lideranças e gestores de mais da metade municípios que tem pessoas, dentre as quais 500 vereadores, em 130 municípios.
obrigatoriedade participaram das atividades. O núcleo de São Paulo, liderado pelo Sindicato dos Arqui-
Em Tocantins, as entidades que atuam no núcleo são tetos e pelo CREA (SP), é composto por inúmeras entidades, entre
a Caixa Econômica Federal, a Sociedade de Apoio à Luta pela as quais institutos de pesquisa, entidades profissionais e sindicais,
Moradia e a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano ONGs movimentos populares, entidades do poder público e

70 plano diretor participativo


empresários. Com o maior número de municípios obrigatórios,

Núcleo estadual de são paulo


251, a forma de sucesso encontrada pelo núcleo de São Paulo foi
a formação de 13 núcleos regionais (Baurú, Sorocaba, Ribeirão
Preto, Campinas, São José dos Campos, São José do Rio Preto,
Santos, Barretos, Marília, Ubatuba, Avaré, Registro e Itapeva) e
4 núcleos sub-regionais (Ubatuba, Assis, itapevi e Fartura). Aos
núcleos é delegada a responsabilidade pela campanha na sua
região e são estimulados a criar, quando necessário, subnúcleos
regionais para conseguir acompanhar todos os municípios. Desde
o início da campanha, em maio de 2005, já foram realizados 41
eventos: entre seminários regionais de sensibilização, oficinas
regionais e oficinas locais de capacitação de multiplicadores.
Marcou sua presença em 13 regiões atingindo mais de 240
municípios. O Núcleo Estadual já montou uma estratégia de
monitoramento basead a na estrutura e capilaridade dos Núcleos
Regionais, com vistas a conhecer o andamento dos planos dire- Oficina promovida pelo Ministério das Cidades em São Paulo (SP)
tores no estado e a sua qualidade. Entre os materiais produzidos
pelo núcleo está uma cartilha didática, “Plano Diretor: Participar é
um Direito”, elaborada pelo Instituto Pólis.
Já o núcleo do Rio de Janeiro, coordenado pelo Sindicato
dos Arquitetos do Rio de Janeiro – SARJ, tem centrado suas ativi-
dades na formação de lideranças para assegurar o processo parti- Grupo de Trabalho Comunitário de Goiandira (GO)

cipativo. Também participam prefeituras de diversos municípios, a


Secretaria de estado das cidades – Goiás

Instituto de Política Publica Urbana (URBES), a Comitê Nova Friburgo


de Incentivo e Apoio ao Desenvolvimento (CONFIA), o Pensar Tere-
sópolis, o Fórum da Agenda 21/Prefeitura Rio, a Caixa Econômica
Federal, o Sindicato dos Engenheiros (SENGE), o Fórum Popular
de Acompanhamento do Plano Diretor do Rio e a Confederação
Nacional de Associações de Moradores (CONAM). O núcleo inovou
ao realizar duas oficinas de sensibilização para crianças e adoles-
centes de comunidades carentes através da mobilização da rede
escolar, ambas em Teresópolis. Nas oficinas as crianças/adolescen-
tes foram estimuladas a refletir e expor “a cidade que eu quero”
(primeira oficina) e sobre as realidades das comunidades onde
moram (segunda oficina). A primeira oficina foi realizada em três
etapas, com intervalo de uma semana, onde os conteúdos seriam
aprofundados em sala e em casa, com os pais, que participaram da
última etapa. Na segunda oficina distribui-se um questionário para

plano diretor participativo 71


subsidiar o processo do Plano Diretor Participativo da Cidade. Foram formados diversos Grupos de Trabalhos, com enfoque
Além destas oficinas, o núcleo realizou 17 oficinas de orien- na agenda, monitoramento, comunicação e imagem, capacitação
tação sobre o Plano Diretor em todo o estado. Dos 60 municípios e sensibilização e captação de recursos. A Frente Popular de Luta
com obrigatoriedade, 57 participaram das Oficinas de Orienta- pela Reforma Urbana (FPLRF), uma das entidades que compõem
ção, num total de 779 participantes. O núcleo já está realizando o núcleo, ajuda a garantir as abordagens dos conteúdos da
atividades de monitoramento em 66 municípios. Reforma Urbana.
No Espírito Santo, o núcleo é coordenado pelo Instituto O núcleo tem uma secretaria executiva formada pela Coo-
Jones dos Santos Neves (IPES), pelo Movimento Nacional de perativa Ambiens, pelo Sindicato dos Arquitetos do Paraná (ARQ-
Luta por Moradia (MNLM) e pela Federação das Associações de PR), pela Associação do Bairro Vila Isabel (AASOBEL), Organização
Moradores e Movimento Popular do Espírito Santo (FAMOPES). Nacional dos Gestores Técnicos do Meio Urbano (ONGPLAN),
A Associação de Municípios do Espírito Santo (AMUNES), a Caixa Centro de Estudos, Defesa e Educação Ambiental (Cedea) e
Econômica Federal e a Companhia de Abastecimento de Água Observatório de Políticas Públicas (Orbis). Em suas atividades o
do Estado (CESAM) são parceiros. Apesar do início tardio, realizou núcleo capacitou 591 pessoas de 67 municípios.
6 oficinas de sensibilização e capacitação e conseguiu reunir nes- Um programa do governo do estado, o PARANACIDADES
tas atividades 418 pessoas de 42 municípios. As oficinas foram estimula e apóia a elaboração dos planos diretores nos municí-
realizadas em pólos regionais (Grande Vitória, Cachoeiro de Ita- pios paranaenses já tendo financiado 64 planos no estado. Além
pemirim, Colatina, Caparaó e Nova Venécia), para conseguir atin- destes, 12 municípios recebem recursos federais para apoiar a
gir todos os 32 municípios do estado que têm obrigatoriedade elaboração de seus planos e 86 os estão fazendo com recursos
de elaborar seus planos diretores até outubro de 2006. O núcleo próprios.
também distribui um kit de apoio aos planos diretores, elaborado Em Santa Catarina, na primeira etapa da Campanha,
pelo IPES, que contém, além do material da campanha, um cd o núcleo foi conduzido pelo Centro de Apoio à Auto-Gestão
com mapas base para o planejamento territorial. Popular (CAAP) e pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento
Sustentável. Realizaram 9 reuniões de sensibilização, que mobili-
Região Sul zaram 70 municípios e duas oficinas de multiplicadores promo-
vidas pelo Ministério. Criaram ainda Núcleos Regionais, mas que
No Paraná, região Sul, a inovação fica por conta da regiona- estão em fase de consolidação. Em Santa Catarina 113 municípios
lização proposta para realizar as atividades da campanha. Foram têm obrigatoriedade de elaborar seus planos até outubro.
definidas dez regiões no estado, onde o núcleo enviou caravanas No Rio Grande do Sul, o núcleo coordenado pelo Con-
para mobilizar os municípios a participarem das atividades de selho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA) com partici-
capacitação, realizadas numa cidade sede. pação da CONAM e do IAB, entre outras entidades, realizou 14
Neste processo são mobilizadas a mídia e artistas locais, oficinas de capacitação de multiplicadores, com participantes de
como na cidade de Umuarama, que contou com a colaboração de 120 municípios dos 496 municípios do estado. São 122 os muni-
grupos de hip-hop. A pluralidade, tanto na formação e na descen- cípios gaúchos que têm obrigatoriedade até outubro de 2006.
tralização das atividades das diversas entidades que assumem a O núcleo elaborou um diagnóstico da situação dos planos no
campanha, é também fator muito marcante no núcleo do Paraná. estado.

*Censo IBGE, de 2000

72 plano diretor participativo


1. O que é o Plano Diretor Participativo?
É um instrumento para garantir a todos os cida-
dãos do município um lugar adequado para mo-
rar, trabalhar e viver com dignidade. O Plano Dire-
tor é uma lei em que vai estar registrada a melhor
forma de ocupar o território do município, o desti-
no de cada parcela do território, para garantir que o
interesse coletivo prevaleça sobre os interesses in-
dividuais ou de grupos. Como diz a Constituição
Federal (art. 182), é o instrumento básico da políti-
ca de desenvolvimento e de expansão urbana do
município.

2. Qual a diferença entre o Plano Diretor tradi-


cional e o Plano Diretor Participativo?
O Plano Diretor tradicional era um documento
exclusivamente técnico. O Plano Diretor Participa-
tivo é um pacto da sociedade para, a partir de uma
leitura coletiva da realidade, traçar as diretrizes, os

Tira-dúvidas instrumentos e os meios para alterar esta realidade


e alcançar os objetivos acordados.

3. Para que serve o Plano Diretor?

sobre o Para definir a função social da cidade e da pro-


priedade, e com isso conseguir soluções para os
problemas que afligem os moradores das cidades
brasileiras que cresceram de forma excludente e de-

Plano Diretor sequilibrada, penalizando principalmente a popula-


ção mais pobre e destruindo o meio ambiente.

4. Quais as conseqüências do Plano Diretor Par-

Participativo ticipativo sobre o cotidiano da cidade?


• Alterar a dinâmica imobiliária, valorizando ou
desvalorizando áreas e propriedades e reduzindo
desigualdades.
• Ajudar a gerar oportunidades de trabalho e
emprego.
• Democratizar o acesso à moradia digna, à infra-
estrutura, aos equipamentos urbanos e espaços
públicos e à mobilidade urbana.
• Serve como base legal e estímulo para a gestão
participativa e cidadã do município.

5. Quais municípios têm a obrigatoriedade de


elaborar e aprovar seus Planos Diretores?
• Com mais de 20 mil habitantes.
• Integrantes de regiões metropolitanas e aglome-
rações urbanas.
• Onde o Poder Público municipal pretende utilizar
os instrumentos previstos pelo art. 182 da Constitui-
ção Federal, que ordena a função social da cidade.
• Com áreas de especial interesse turístico. Planos Diretores sejam anteriores a 2006, têm tam- Na indução do desenvolvimento urbano; no fi-
• Inseridos na área de influência de empreendi- bém até outubro de 2006 para revisá-los. nanciamento da cidade; na democratização da ges-
mentos ou atividades com significativo impacto tão; na regularização fundiária; no combate à es-
ambiental na região ou no País. 10. Quais leis e recomendações tratam do Pla- peculação imobiliária; na inclusão da maioria dos
No caso das duas primeiras categorias (mais de no Diretor? moradores em áreas com serviços e infra-estrutura.
20.000 habitantes e/ou integrantes de regiões me- O Plano Diretor é fruto de uma longa discussão
tropolitanas e aglomerados urbanos) o prazo é travada sobre as políticas urbanas desde os anos 14. Qual é a relação dos Planos Diretores Parti-
outubro de 2006. As cidades que têm Plano Dire- 60 que se consolida no Capítulo II, da Política Ur- cipativos com as Agenda 21 locais?
tor aprovado há mais de 10 anos, têm de obriga- bana da Constituição Federal de 1988. Em 2001, As Agenda 21 locais são o compromisso assumido
toriamente rever seus planos; se forem maiores de entrou em vigor a lei denominada Estatuto da Ci- por alguns municípios de planejar integradamente
20.000 ou integrantes de RMs, devem fazê-lo tam- dade (lei 10.257/01) que surgiu para normatizar e o desenvolvimento econômico, social e ambiental
bém até outubro de 2006. consolidar as diretrizes presentes neste capítulo da – o chamado desenvolvimento sustentável – num
Constituição. grande pacto para proteger o meio ambiente. A
6. Se a cidade não se enquadrar em nenhum Com a criação do Ministério das Cidades foi ins- Agenda 21 é um documento assinado por 180 paí-
desses critérios, ela pode elaborar um Plano tituído o Conselho das Cidades (ConCidades), que ses em 1992 para o desenvolvimento sustentável do
Diretor? emite orientações e recomendações sobre a aplica- planeta.
Sim. Qualquer município do País pode e deve ção do Estatuto da Cidade e da Política de Desen- Plano Diretor e Agenda 21 são, portanto, instru-
ter seu Plano Diretor. Atualmente alguns já plane- volvimento Urbano. Sua resolução 25 orienta o pro- mentos de planejamento complementares sendo
jam seu território por um cuidado com a cidade e cesso participativo, a 34 define o conteúdo mínimo que o Plano Diretor, por determinação da Constitui-
a boa gestão. do Plano e a 15 cria a Campanha do Plano Diretor ção Federal tem força de lei e instrumentos concre-
Participativo. tos para concretizar estas intenções. Por outro lado
7. E essas cidades podem pedir recursos para as experiências da Agenda 21 já têm um acúmulo
elaboração do projeto? 11. Qual o conteúdo mínimo do Plano Diretor importante na mobilização da comunidade para
Sim, desde que o Plano Diretor esteja sendo fei- Participativo? discutir o seu futuro.
to de acordo com as normas contidas nas respos- O Plano Diretor Participativo deve indicar, no mí-
tas das perguntas 19 e 21, mais abaixo. A obtenção nimo: as ações e medidas para que a função so- 15. O Plano Diretor só abrange a área urbana?
de recursos está definida na resposta da pergunta cial da cidade seja cumprida, tanto na área urbana Não. O Plano Diretor Participativo deve englobar
26. Em função do prazo de outubro de 2006 foram quanto na rural; para que a função social da proprie- o território do município em toda sua totalidade,
priorizadas em 2004/2005 e 2006 as cidades que dade seja também cumprida seja ela pública ou pri- tanto a área urbana quanto a área rural.
têm este prazo limite. vada; os objetivos e estratégias de desenvolvimento
da cidade e da reorganização territorial do municí- 16. Os Planos devem conter todos os instru-
8. Qual o prazo máximo para a elaboração e pio, levando em conta os territórios adjacentes; e mentos do Estatuto da Cidade?
aprovação do Plano Diretor? os instrumentos da política urbana, dentre aqueles Cada Plano Diretor dialoga com realidades dis-
Outubro de 2006 é o prazo limite para os muni- previstos no Estatuto das Cidades, que serão usados tintas e, portanto, utiliza instrumentos diferencia-
cípios obrigatórios terem seu Plano Diretor elabora- para alcançar os objetivos definidos no Plano. dos para respeitar as diferenças entre municípios,
do ou revisto e aprovado na Câmara como deter- seu porte, economia, a estrutura e concentração
mina o art. 50 do Estatuto da Cidade, com exceção 12. Qual é a importância de definir os instru- fundiária, as tendências de expansão e verticaliza-
dos municípios com especial interesse turístico, ou mentos adequados no Plano Diretor. ção, a capacidade de gestão do município, a região
aqueles com impacto ambiental, que, embora obri- Os instrumentos do Estatuto contidos no Plano onde se insere, etc. Cada cidade tem suas peculiari-
gatórios, não tem prazo definido para que trabalho possibilitam que as estratégias e intenções expres- dades e por isso seu Plano precisa ser diferenciado
esteja terminado. Os demais municípios não têm sas no Plano Diretor se concretizem, e transformem e individualizado
prazo ainda definido conforme resolução nº 25 do a realidade, tornando a cidade um lugar mais justo e
Conselho das Cidades. mais includente. Para cada estratégia é importante 17. Quais são os instrumentos de indução do
verificar se há algum instrumento do Estatuto que desenvolvimento do Estatuto da Cidade?
9. E quando o município já tem Plano Diretor? possa ser aplicado. A área da cidade onde vai ser A) Parcelamento e edificação compulsória de áre-
O Estatuto da Cidade determina que o Plano Di- aplicado deve estar demarcada nos mapas anexos as e imóveis urbanos – este instrumento dá à prefei-
retor seja revisado, no máximo, a cada 10 anos. Uma à Lei do Plano e as regras de aplicação devem estar tura o poder de exigir que o proprietário parcele ou
Lei Municipal (o próprio Plano existente ou a Lei Or- descritas com clareza no próprio Plano. construa no seu imóvel vago ou subutilizado e loca-
gânica) pode determinar prazos menores para revi- lizado em área com infra-estrutura.
são. Os municípios considerados obrigatórios, sobre 13. Em que aspectos do cotidiano e da gestão B) IPTU Progressivo – quando o proprietário não
os quais incide o prazo de outubro de 2006 e cujos da cidade os instrumentos podem interferir? construiu ou parcelou no prazo determinado, o va-

74 plano diretor participativo


lor do IPTU pode ser aumentado a cada ano até a deve ser conduzido pela equipe técnica e política zo limite? E se não for participativo?
ocupação do imóvel. da prefeitura, em conjunto com a Câmara de Verea- Caso o prazo não seja atendido ou o Plano não
C) Desapropriação para fins de reforma urbana – dores envolvendo todos os segmentos sociais pre- for construído de maneira participativa, o prefeito
se o proprietário não cumpriu os dois itens anterio- sentes na cidade. Estes devem compartilhar a coor- pode ser julgado por improbidade administrativa,
res a prefeitura pode desapropriar pagando com tí- denação de todo o processo, ou seja, da preparação conforme o artigo 52 do Estatuto da Cidade que
tulos da dívida pública. à implantação e gestão. pode, dependendo do resultado do julgamento, le-
D) Direito de preempção – confere ao poder pú- var prefeitos e/ou vereadores à perda de mandato.
blico o direito de preferência na aquisição de imóvel 20. Qual é o papel das consultorias técnicas ? É a própria comunidade que, através de ação civil
urbano para a construção de moradia de interesse Os municípios devem contratar consultorias pública denuncia os gestores que não tomaram as
social, equipamentos e espaços públicos. quando avaliam que seu quadro técnico não é su- providências necessárias para que os prazos e pro-
E) Outorga Onerosa do Direito de Construir – ficiente ou não é capacitado para elaborar o Plano cedimentos sejam cumpridos.
mais conhecido como “solo criado” pelo qual o po- Diretor no seu todo ou em algum aspecto. A con-
der público concede o direito de construir acima do tratação de consultoria não exclui a participação da 24. E se, em outubro de 2006, o Plano estiver
permitido em determinada região da cidade exigin- equipe técnica permanente do município. O con- iniciado e não concluído?
do do interessado uma contrapartida financeira, na trato deve prever a transferência do conhecimento Se os gestores tomaram todas as providências
construção de moradias populares, na urbanização e a efetiva capacitação da equipe local. para a elaboração do Plano, se o processo estiver
de áreas de interesse coletivo, etc. sendo participativo e envolvendo toda a sociedade
F) Estudo de Impacto de Vizinhança – para todo 21. Como envolver os diversos grupos que e se o processo estiver a pleno vapor – e com pers-
empreendimento de grande porte deverá ser apre- constroem a cidade na discussão do Plano Di- pectivas de ser concluído brevemente – não existi-
sentado e discutido com os vizinhos os impactos retor Participativo? rão razões objetivas para denunciar os gestores!
que vai gerar no tráfego, poluição, na sobrecarga Das mais diversas formas em função das práticas
da infra-estrutura, na valorização ou desvalorização locais e do porte do município. É necessário reali- 25. O Ministério das Cidades ou os núcleos da
imobiliária. zar atividades de sensibilização, mobilização e ca- campanha do Plano Diretor podem obrigar o
pacitação sobre o tema para os gestores, técnicos município a elaborar o Plano Diretor?
18. Quais os instrumentos do Estatuto da Cida- municipais e lideranças sociais. Os debates com a Não, podem no máximo incentivá-lo. A respon-
de para regularizar as áreas habitadas por po- sociedade civil podem ser organizados por gru- sabilidade é do poder local: prefeitura, Câmara e so-
pulação de baixa renda? pos sociais, por temas e por divisões territoriais, tais ciedade organizada, que pode atuar inclusive pro-
A) Usucapião Urbano – permite regularizar a pos- como bairros, distritos, setores, para que as pesso- curando apoio por parte do Ministério Público.
se das famílias que morem há mais de 5 anos em as se identifiquem e tenham vontade de participar.
terrenos particulares menores que 250 m², e não Também é importante criar canais permanentes e 26. Como o Ministério das Cidades e o Governo
possuam outro terreno no município. Pode ser in- regras claras de participação e deliberação. Federal podem ajudar os municípios na elabo-
dividual ou coletivo. ração do Plano Diretor Participativo?
B) Concessão de Direito Real de Uso – permite re- 22. Como será garantida a participação social O Ministério das Cidades repassa recursos finan-
gularizar a posse das famílias que morem há mais de na elaboração do Plano Diretor? ceiros diretamente aos municípios, através de pro-
5 anos em terrenos públicos menores que 250 m², e Os instrumentos mínimos obrigatórios para efe- gramas do próprio Ministério e de parcerias com
não possuam outro terreno no município. Pode ser tivar a participação social na elaboração do Plano organismos internacionais e outros ministérios do
individual ou coletivo. Diretor, de acordo com o artigo 40, parágrafo 4º, do Governo Federal. Além disso, apóia as cidades atra-
C) Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) – Estatuto da Cidade, são as audiências públicas e de- vés de publicações, atividades de sensibilização e
são áreas ocupadas por população de baixa renda bates, publicidade dos documentos e informações capacitação e assistência aos técnicos de prefeitu-
(como assentamentos) ou mesmo terrenos vazios produzidas, com acesso a todos. Caso estas garan- ras e às lideranças populares. Para isto lançou em
de propriedade pública ou privada que são delimi- tias não estejam sendo cumpridas, o cidadão e os 2005, a campanha “Plano Diretor Participativo: Cida-
tados por decreto, lei municipal ou pelo Plano Dire- grupos sociais têm o direito e o dever de buscar o de de Todos”.
tor, com o objetivo de permitir a regularização fun- Poder Público Municipal (prefeitura e Câmaras Mu-
diária ou a construção de novos loteamentos ou nicipais) ou a Justiça. Também o Ministério Público 27. Quais critérios definem os municípios com
moradias de interesse social. tem atuado para garantir a participação da socie- prioridade na obtenção de recursos do Progra-
dade civil na elaboração do Plano Diretor. Mas os ma de Fortalecimento da Gestão Urbana?
19. Quem faz o Plano Diretor? principais instrumentos são a vontade política dos • Municípios com prazo limite em outubro de 2006,
Ele deve ser elaborado e implementado com a governantes e a capacidade de mobilização da co- definido pelo Estatuto da Cidade, para aprovação
participação efetiva de todos os cidadãos do muni- munidade para garantir os interesses coletivos. do Plano Diretor.
cípio para que se torne realidade e seja um instru- • Comprovar gestão democrática e participativa.
mento eficaz de gestão e planejamento. O processo 23. Se o Plano Diretor não for aprovado no pra- • Aqueles que tenham iniciado ações integra-

plano diretor participativo 75


das com outros municípios para planejamento de organização. Alguns ainda estão trabalhando O Cadastro de Profissionais é uma lista de téc-
do território e elaboração ou revisão dos Planos com a sensibilização, outros estão realizando capa- nicos que têm experiência em elaboração de Pla-
Diretores. citações técnicas, outros já estão discutindo como nos Diretores Participativos, organizada por estado,
• Os que estejam localizados em regiões defini- irão fazer o monitoramento e alguns já concluíram com o objetivo de oferecer às prefeituras que estão
das como prioritárias em programas de Políti- as atividades programadas na primeira etapa e pla- elaborando seus Planos um leque de profissionais
cas Públicas integradas do Governo Federal. São nejam novas atividades. da região qualificados para capacitar, oferecer con-
eles: Plano de Ordenamento Territorial da BR 163; sultoria especializada, ou mesmo integrar as equi-
Programa do Arco de Desmatamento; Progra- 32. As atividades dos núcleos se encerram com pes técnicas locais.
ma de Faixa de Fronteira, Semi-Árido e Mesorre- o início da elaboração dos Planos Diretores?
giões Prioritárias; e Programa de Gerenciamento Não. Após o início dos trabalhos pelos municí- 37. Como foi feito o cadastro?
Costeiro. pios, os núcleos irão acompanhar e monitorar a ela- O Ministério lançou 2 editais públicos, um para
boração dos planos, colaborando e incentivando pessoas físicas e outro para pessoas jurídicas, que
28. O que é a campanha “Plano Diretor Partici- que sejam de fato participativos e promovam a jus- passaram por um processo de seleção em 3 eta-
pativo: Cidade de Todos”? tiça social. pas: pré-inscrição eletrônica, comprovação de do-
A campanha foi criada pelo Ministério, o Conse- cumentos e participação em curso de formação de
lho das Cidades e parceiros para fazer chegar aos 33. As atividades dos núcleos terminam com a multiplicadores conduzido pelo ministério. 415 pro-
municípios esta nova visão de planejamento, de conclusão dos Planos? fissionais cumpriram estas etapas e integram o ca-
Plano Diretor. Uma nova maneira de tratar as cida- Não. Após a conclusão dos trabalhos e aprovação dastro como especialistas em capacitação ou ela-
des e seus moradores. Para chegar aos municípios, do Plano, ainda permanece a tarefa de acompanhar boração de Planos Diretores Participativos.
a campanha foi descentralizada em Núcleos Esta- a implementação desses Planos.
duais que receberam materiais e apoio financeiro 38. Se o profissional não estiver cadastrado, ele
do Ministério. 34. Como obter informações sobre as ativida- pode fazer o Plano Diretor?
des dos Núcleos Estaduais? Pode. Mesmo aqueles que não se cadastraram
29. Quais são as funções dos Núcleos Há várias informações sobre os núcleos no site da podem participar da elaboração de Planos Direto-
Estaduais? campanha www.cidades.gov.br/planodiretorparti- res, cuja contratação é feita pelas prefeituras. O Ca-
Sensibilizar as prefeituras, movimentos sociais, or- cipativo, como e-mails e telefones para contato, e dastro é somente uma forma de aproximar as pre-
ganizações civis e demais participantes que cons- notícias sobre as atividades que cada Núcleo vem feituras e os profissionais técnicos que cumpriram
troem a cidade, oferecendo as informações neces- exercendo. todas as etapas da seleção nacional. E não implica
sárias para que todos entendam e sejam capazes em nenhuma obrigatoriedade por parte das prefei-
de elaborar o Plano Diretor. Para isso, são feitas car- 35. Como o Plano Diretor Participativo será turas e nem dispensa os procedimentos legais de
tilhas, oficinas de capacitação, peças teatrais e as implantado? seleção para contratação de prestação de serviços
mais diversas atividades, dependendo da criativi- Para que o Plano saia do papel e transforme a re- no setor público.
dade e das possibilidades de cada Núcleo, que deve alidade como proposto, o Estatuto da Cidade no ar-
registrá-las, assim como seus gastos, para informar a tigo 40, determina que sua lei deverá direcionar to- 39. Onde posso conseguir referências biblio-
Coordenação Geral da Campanha. das as leis orçamentárias – Plano Plurianual (PPA), gráficas sobre Plano Diretor?
Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orça- • No livro “Plano Diretor Participativo: Guia para a
30. Quem pode ou deve participar do Núcleo? mentária Anual (LOA) – e todos os planos setoriais, Elaboração pelos Municípios e Cidadãos”.
A composição dos núcleos é pautada na diver- assegurando que os investimentos públicos incor- • No cd “Planejamento Territorial e Plano Diretor
sidade de entidades estaduais comprometidas na porem as prioridades nele contidas. Além disso, a Participativo”.
Campanha. Portanto, incentiva-se a participação própria Lei do Plano Diretor deve estabelecer a es- • No Banco de Experiências.
dos mais variados segmentos sociais: associações trutura de gestão que integre as diversas ações mu- • Outros produtos, artigos e livros disponí-
de prefeitos e de vereadores; movimentos popula- nicipais no território e assegure o processo partici- veis nas páginas do Ministério das Cidades
res de luta por moradia; entidades regionais do Fó- pativo na concretização e fiscalização do Plano. E o www.cidades.gov.br, ver biblioteca, e da campa-
rum Nacional da Reforma Urbana; universidades; Plano deve conter as sanções para os casos de des- nha www.cidades.gov.br/planodiretorparticipati-
ONGs; órgãos públicos federais e estaduais; sindica- cumprimento. Mas o mais importante é que quanto vo, ver kit campanha.
tos e entidades profissionais; Ministério Público, as- mais ele foi participativo e fruto de um pacto da so- E em muitos outros sites como www.forumrefor-
sociações empresariais; etc. ciedade mais ele terá chance que cada um assuma maurbana.org.br e www.estatutodacidade.org.br, e
sua responsabilidade e garanta sua execução. das diversas universidades, instituições de ensino
31. Em que fase de trabalho se encontram os e pesquisa, órgãos públicos, ONGs que trabalham
Núcleos Estaduais? 36. O que é Cadastro de Profissionais do Minis- com a gestão urbana, etc.
Os núcleos se encontram em diferentes estágios tério das Cidades?

76 plano diretor participativo


Leopoldo Silva

Anexos
ma a evitar: mentos e atividades relativos ao processo de ur- a) desapropriação;
Estatuto da Cidade a) a utilização inadequada dos imóveis banização, atendido o interesse social. b) servidão administrativa;
Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001 urbanos; c) limitações administrativas;
b) a proximidade de usos incompatíveis ou Art. 3º. Compete à União, entre outras atribui- d) tombamento de imóveis ou de mobiliário
Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição inconvenientes; ções de interesse da política urbana: urbano;
Federal estabelece diretrizes gerais da política c) o parcelamento do solo, a edificação ou o e) instituição de unidades de conservação;
urbana e dá outras providências. uso excessivos ou inadequados em relação I - legislar sobre normas gerais de direito f) instituição de zonas especiais de interes-
à infra-estrutura urbana; urbanístico; se social;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA d) a instalação de empreendimentos ou ativi- II - legislar sobre normas para a cooperação en- g) concessão de direito real de uso;
dades que possam funcionar como pólos tre a União, os Estados, o Distrito Federal e os h) concessão de uso especial para fins de
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e geradores de tráfego, sem a previsão da in- Municípios em relação à política urbana, tendo moradia;
eu sanciono a seguinte Lei: fra-estrutura correspondente; em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do i) parcelamento, edificação ou utilização
e) a retenção especulativa de imóvel urba- bem-estar em âmbito nacional; compulsórios;
CAPÍTULO I no, que resulte na sua subtilização ou não III - promover, por iniciativa própria e em con- j) usucapião especial de imóvel urbano;
DIRETRIZES GERAIS utilização; junto com os Estados, o Distrito Federal e os Mu- k) direito de superfície;
f) a deterioração das áreas urbanizadas; nicípios, programas de construção de moradias l) direito de preempção;
Art. 1º. Na execução da política urbana, de que g) a poluição e a degradação ambiental. e a melhoria das condições habitacionais e de m) outorga onerosa do direito de construir e
tratam os arts. 182 e 183 da Constituição Federal saneamento básico; de alteração de uso;
será aplicado o previsto nesta Lei. VII - integração e complementaridade entre as IV - instituir diretrizes para o desenvolvimento n) transferência do direito de construir;
atividades urbanas e rurais, tendo em vista o de- urbano, inclusive habitação, saneamento bási- o) operações urbanas consorciadas;
Parágrafo único. Para todos os efeitos, esta senvolvimento socioeconômico do Município e co e transportes urbanos: p) regularização fundiária;
Lei, denominada Estatuto da Cidade, estabele- do território sob sua área de influência; V - elaborar e executar planos nacionais e regio- q) assistência técnica e jurídica gratuita para
ce normas de ordem pública e interesse social VIII - adoção de padrões de produção e consu- nais de ordenação do território e de desenvolvi- as comunidades e grupos sociais menos
que regulam o uso da propriedade urbana em mo de bens e serviços e de expansão urbana mento econômico e social. favorecidos;
prol do bem coletivo, da segurança e do bem- compatíveis com os limites da sustentabilidade r) referendo popular e plebiscito.
estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental, social e econômica do Município e
ambiental. do território sob sua área de influência; CAPÍTULO II VI - estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e
IX - justa distribuição dos benefícios e ônus de- DOS INSTRUMENTOS DA POLÍTICA URBANA estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV).
Art. 2º. A política urbana tem por objetivo orde- correntes do processo de urbanização;
nar o pleno desenvolvimento das funções so- X - adequação dos instrumentos de política eco- § 1º Os instrumentos mencionados neste artigo
ciais da cidade e da propriedade urbana, me- nômica, tributária e financeira e dos gastos pú- SEÇÃO I regem-se pela legislação que lhes é própria, ob-
diante as seguintes diretrizes gerais: blicos aos objetivos do desenvolvimento ur- Dos instrumentos em geral servado o disposto nesta Lei.
bano, de modo a privilegiar os investimentos
I - garantia do direito a cidades sustentáveis, en- geradores de bem-estar geral e a fruição dos Art. 4º. Para os fins desta Lei, serão utilizados, § 2º Nos casos de programas e projetos habita-
tendido como o direito à terra urbana, à mora- bens pelos diferentes segmentos sociais; entre outros instrumentos: cionais de interesse social, desenvolvidos por
dia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutu- XI - recuperação dos investimentos do Poder órgãos ou entidades da Administração Pública
ra urbana, ao transporte e aos serviços públicos, Público de que tenha resultado a valorização de I - planos nacionais, regionais e estaduais de com atuação específica nessa área, a concessão
ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futu- imóveis urbanos; ordenação do território e de desenvolvimento de direito real de uso de imóveis públicos pode-
ras gerações; XII - proteção, preservação e recuperação do econômico e social; rá ser contratada coletivamente.
II - gestão democrática por meio da participa- meio ambiente natural e construído, do patri- II - planejamento das regiões metropolitanas,
ção da população e de associações representa- mônio cultural, histórico, artístico, paisagístico aglomerações urbanas e microrregiões; § 3º Os instrumentos previstos neste artigo que
tivas dos vários segmentos da comunidade na e arqueológico; III - planejamento municipal, em especial: demandam dispêndio de recursos por parte do
formulação, execução e acompanhamento de XIII - audiência do Poder Público municipal e a) plano diretor; Poder Público municipal devem ser objeto de
planos, programas e projetos de desenvolvi- da população interessada nos processos de im- b) disciplina do parcelamento, do uso e da controle social, garantida a participação de co-
mento urbano; plantação de empreendimentos ou atividades ocupação do solo; munidades, movimentos e entidades da socie-
III - cooperação entre os governos, a iniciativa com efeitos potencialmente negativos sobre o c) zoneamento ambiental; dade civil.
privada e os demais setores da sociedade no meio ambiente natural ou construído, o confor- d) plano plurianual;
processo de urbanização, em atendimento ao to ou a segurança da população; e) diretrizes orçamentárias e orçamento
interesse social; XIV - regularização fundiária e urbanização de anual; SEÇÃO II
IV - planejamento do desenvolvimento das ci- áreas ocupadas por população de baixa renda f) gestão orçamentária participativa; Do parcelamento, edificação
dades, da distribuição espacial da população e mediante o estabelecimento de normas espe- g) planos, programas e projetos setoriais; ou utilização compulsórios
das atividades econômicas do Município e do ciais de urbanização, uso e ocupação do solo e h) lanos de desenvolvimento econômico e
território sob sua área de influência, de modo edificação, consideradas a situação socioeconô- social. Art. 5º. Lei municipal específica para área incluí-
a evitar e corrigir as distorções do crescimento mica da população e as normas ambientais; da no plano diretor poderá determinar o parce-
urbano e seus efeitos negativos sobre o meio XV - simplificação da legislação de parcelamen- IV - institutos tributários e financeiros: lamento, a edificação ou a utilização compulsó-
ambiente; to, uso e ocupação do solo e das normas edilí- a) imposto sobre a propriedade predial e ter- rios do solo urbano não edificado, subutilizado
V - oferta de equipamentos urbanos e comuni- cias, com vistas a permitir a redução dos cus- ritorial urbana - IPTU; ou não utilizado, devendo fixar as condições
tários, transporte e serviços públicos adequa- tos e o aumento da oferta dos lotes e unidades b) contribuição de melhoria; e os prazos para implementação da referida
dos aos interesses e necessidades da população habitacionais; c) incentivos e benefícios fiscais e financeiros. obrigação.
e às características locais; XVI - isonomia de condições para os agentes pú-
VI - ordenação e controle do uso do solo, de for- blicos e privados na promoção de empreendi- V - institutos jurídicos e políticos: § 1º Considera-se subutilizado o imóvel:

78 plano diretor participativo


I - cujo aproveitamento seja inferior ao mínimo a alíquota máxima de quinze por cento. SEÇÃO V maioria de votos dos condôminos presentes,
definido no plano diretor ou em legislação dele Da usucapião especial obrigando também os demais, discordantes ou
decorrente; § 2º Caso a obrigação de parcelar, edificar ou uti- de imóvel urbano ausentes.
II - (VETADO) lizar não esteja atendida em cinco anos, o Muni-
cípio manterá a cobrança pela alíquota máxima, Art. 9º. Aquele que possuir como sua área ou Art. 11. Na pendência da ação de usucapião es-
§ 2º O proprietário será notificado pelo Poder até que se cumpra a referida obrigação, garanti- edificação urbana de até duzentos e cinqüenta pecial urbana, ficarão sobrestadas quaisquer
Executivo municipal para o cumprimento da da a prerrogativa prevista no art. 8º. metros quadrados, por cinco anos, ininterrup- outras ações, petitórias ou possessórias, que ve-
obrigação, devendo a notificação ser averbada tamente e sem oposição, utilizando-a para sua nham a ser propostas relativamente ao imóvel
no cartório de registro de imóveis. § 3º É vedada a concessão de isenções ou de moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o do- usucapiendo.
anistia relativas à tributação progressiva de que mínio, desde que não seja proprietário de outro
§ 3º A notificação far-se-á: trata este artigo. imóvel urbano ou rural. Art. 12. São partes legítimas para a propositura
da ação de usucapião especial urbana:
I - por funcionário do órgão competente do § 1º O título de domínio será conferido ao ho-
Poder Público municipal, ao proprietário do SEÇÃO IV mem ou à mulher, ou a ambos, independente- I - o possuidor, isoladamente ou em litisconsór-
imóvel ou, no caso de este ser pessoa jurídi- Da desapropriação com mente do estado civil. cio originário ou superveniente;
ca, a quem tenha poderes de gerência geral ou pagamento em títulos II - os possuidores, em estado de composse;
administração; § 2º O direito de que trata este artigo não será III - como substituto processual, a associa-
II - por edital quando frustrada, por três vezes, a Art. 8º. Decorridos cinco anos de cobrança do reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma ção de moradores da comunidade; regular-
tentativa de notificação na forma prevista pelo IPTU progressivo sem que o proprietário tenha vez. mente constituída, com personalidade jurídi-
inciso I. cumprido a obrigação de parcelamento, edifi- ca, desde que explicitamente autorizada pelos
cação ou utilização, o Município poderá proce- § 3º Para os efeitos deste artigo, o herdeiro legí- representados.
§ 4º Os prazos a que se refere o caput não pode- der à desapropriação do imóvel, com pagamen- timo continua, de pleno direito, a posse de seu
rão ser inferiores a: to em títulos da dívida pública. antecessor, desde que já resida no imóvel por § 1º Na ação de usucapião especial urbana é
ocasião da abertura da sucessão. obrigatória a intervenção do Ministério Público.
I - um ano, a partir da notificação, para que § 1º Os títulos da dívida pública terão prévia
seja protocolado o projeto no órgão municipal aprovação pelo Senado Federal e serão resga- Art. 10. As áreas urbanas com mais de duzentos § 2º O autor terá os benefícios da justiça e da as-
competente; tados no prazo de até dez anos, em prestações e cinqüenta metros quadrados, ocupadas por sistência judiciária gratuita, inclusive perante o
II - dois anos, a partir da aprovação do projeto, anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor população de baixa renda para sua moradia, cartório de registro de imóveis.
para iniciar as obras do empreendimento. real da indenização e os juros legais de seis por por cinco anos, ininterruptamente e sem opo-
cento ao ano. sição, onde não for possível identificar os terre- Art. 13. A usucapião especial de imóvel urba-
§ 5º Em empreendimentos de grande porte, em nos ocupados por cada possuidor, são susceptí- no poderá ser invocada como matéria de defe-
caráter excepcional, a lei municipal específica a § 2º O valor real da indenização: veis de serem usucapidas coletivamente, desde sa, valendo a sentença que a reconhecer como
que se refere o caput poderá prever a conclusão que os possuidores não sejam proprietários de título para registro no cartório de registro de
em etapas, assegurando-se que o projeto apro- I - refletirá o valor da base de cálculo do IPTU, outro imóvel urbano ou rural. imóveis.
vado compreenda o empreendimento como descontado o montante incorporado em fun-
um todo. ção de obras realizadas pelo Poder Público na § 1º O possuidor pode, para o fim de contar o Art. 14. Na ação judicial de usucapião especial
área onde o mesmo se localiza após a notifica- prazo exigido por este artigo, acrescentar sua de imóvel urbano, o rito processual a ser obser-
Art. 6º. A transmissão do imóvel, por ato inter vi- ção de que trata o § 2º do art. 5º desta Lei; posse à de seu antecessor contanto que ambas vado é o sumário.
vos ou causa mortis, posterior à data da notifi- II - não computará expectativas de ganhos, lu- sejam contínuas.
cação, transfere as obrigações de parcelamento, cros cessantes e juros compensatórios.
edificação ou utilização previstas no art. 5º des- § 2º A usucapião especial coletiva de imóvel ur- SEÇÃO VI
ta Lei, sem interrupção de quaisquer prazos. § 3º Os títulos de que trata este artigo não terão bano será declarada pelo juiz, mediante senten- Da concessão de uso especial
poder liberatório para pagamento de tributos. ça, a qual servirá de título para registro no car- para fins de moradia
tório de registro de imóveis.
SEÇÃO III § 4º O Município procederá ao adequado apro- Art. 15. (VETADO)
Do IPTU progressivo no tempo veitamento do imóvel no prazo máximo de cin- § 3º Na sentença, o juiz atribuirá igual fração
co anos, contado a partir da sua incorporação ideal de terreno a cada possuidor, independen- Art. 16. (VETADO)
Art. 7º. Em caso de descumprimento das con- ao patrimônio público. temente da dimensão do terreno que cada um
dições e dos prazos previstos na forma do ca- ocupe, salvo hipótese de acordo escrito entre Art. 17. (VETADO)
put do art. 5º desta Lei, ou não sendo cumpri- § 5º O aproveitamento do imóvel poderá ser os condôminos, estabelecendo frações ideais
das as etapas previstas no § 5º do art. 5º desta efetivado diretamente pelo Poder Público ou diferenciadas. Art. 18. (VETADO)
Lei, o Município procederá à aplicação do im- por meio de alienação ou concessão a terceiros,
posto sobre a propriedade predial e territorial observando-se, nesses casos, o devido procedi- § 4º O condomínio especial constituído é indi- Art. 19. (VETADO)
urbana (IPTU) progressivo no tempo, median- mento licitatório. visível, não sendo passível de extinção, salvo
te a majoração da alíquota pelo prazo de cinco deliberação favorável tomada por, no mínimo, Art. 20. (VETADO)
anos consecutivos. § 6º Ficam mantidas para o adquirente de imó- dois terços dos condôminos, no caso de execu-
vel nos termos do § 5° as mesmas obrigações de ção de urbanização posterior à constituição do
§ 1º O valor da alíquota a ser aplicado a cada ano parcelamento, edificação ou utilização previs- condomínio. SEÇÃO VII
será fixado na lei específica a que se refere o ca- tas no art. 5° desta Lei. Do direito de superfície
put do art. 5º desta Lei e não excederá a duas ve- § 5º As deliberações relativas à administração
zes o valor referente ao ano anterior, respeitada do condomínio especial serão tomadas por Art. 21. O proprietário urbano poderá conceder

plano diretor participativo 79


a outrem o direito de superfície do seu terre- SEÇÃO VIII § 3º Transcorrido o prazo mencionado no caput Art. 31. Os recursos auferidos com a adoção da
no, por tempo determinado ou indeterminado, Do direito de preempção sem manifestação, fica o proprietário autoriza- outorga onerosa do direito de construir e de al-
mediante escritura pública registrada no cartó- do a realizar a alienação para terceiros, nas con- teração de uso serão aplicados com as finalida-
rio de registro de imóveis. Art. 25. O direito de preempção confere ao Po- dições da proposta apresentada. des previstas nos incisos I a IX do art. 26 desta
der Público municipal preferência para aquisi- Lei.
§ 1º O direito de superfície abrange o direi- ção de imóvel urbano objeto de alienação one- § 4º Concretizada a venda a terceiro, o proprie-
to de utilizar o solo, o subsolo ou o espaço aé- rosa entre particulares. tário fica obrigado a apresentar ao Município,
reo relativo ao terreno, na forma estabelecida no prazo de trinta dias, cópia do instrumento SEÇÃO X
no contrato respectivo, atendida a legislação § 1º Lei municipal, baseada no plano diretor, de- público de alienação do imóvel. Das operações urbanas consorciadas
urbanística. limitará as áreas em que incidirá o direito de pre-
empção e fixará prazo de vigência, não superior § 5º A alienação processada em condições di- Art. 32. Lei municipal específica, baseada no
§ 2º A concessão do direito de superfície poderá a cinco anos, renovável a partir de um ano após versas da proposta apresentada é nula de ple- plano diretor, poderá delimitar área para aplica-
ser gratuita ou onerosa. o decurso do prazo inicial de vigência. no direito. ção de operações consorciadas.

§ 3° O superficiário responderá integralmen- § 2º O direito de preempção fica assegurado du- § 6º Ocorrida a hipótese prevista no § 5º o Mu- § 1º Considera-se operação urbana consorciada
te pelos encargos e tributos que incidirem so- rante o prazo de vigência fixado na forma do § nicípio poderá adquirir o imóvel pelo valor da o conjunto de intervenções e medidas coorde-
bre a propriedade superficiária, arcando, ainda, 1º, independentemente do número de aliena- base de cálculo do IPTU ou pelo valor indica- nadas pelo Poder Público municipal, com a par-
proporcionalmente à sua parcela de ocupa- ções referentes ao mesmo imóvel. do na proposta apresentada, se este for infe- ticipação dos proprietários, moradores, usuá-
ção efetiva, com os encargos e tributos sobre a rior àquele. rios permanentes e investidores privados, com
área objeto da concessão do direito de super- Art. 26. O direito de preempção será exercido o objetivo de alcançar em uma área transforma-
fície, salvo disposição em contrário do contra- sempre que o Poder Público necessitar de áre- ções urbanísticas estruturais, melhorias sociais
to respectivo. as para: SEÇÃO IX e a valorização ambiental.
Da outorga onerosa do
§ 4º O direito de superfície pode ser transferi- I - regularização fundiária; direito de construir § 2º Poderão ser previstas nas operações urba-
do a terceiros, obedecidos os termos do contra- II - execução de programas e projetos habitacio- nas consorciadas, entre outras medidas:
to respectivo. nais de interesse social; Art. 28. O plano diretor poderá fixar áreas nas
III - constituição de reserva fundiária; quais o direito de construir poderá ser exercido I - a modificação de índices e características de
§ 5º Por morte do superficiário, os seus direitos IV - ordenamento e direcionamento da expan- acima do coeficiente de aproveitamento básico parcelamento, uso e ocupação do solo e sub-
transmitem-se a seus herdeiros. são urbana; adotado, mediante contrapartida a ser prestada solo, bem como alterações das normas edilí-
V - implantação de equipamentos urbanos e pelo beneficiário. cias, considerado o impacto ambiental delas
Art. 22. Em caso de alienação do terreno, ou do comunitários; decorrente;
direito de superfície, o superficiário e o proprie- VI - criação de espaços públicos de lazer e áre- § 1º Para os efeitos desta Lei, coeficiente de II - a regularização de construções, reformas ou
tário, respectivamente, terão direito de prefe- as verdes; aproveitamento é a relação entre a área edificá- ampliações executadas em desacordo com a le-
rência, em igualdade de condições à oferta de VII - criação de unidades de conservação ou pro- vel e a área do terreno. gislação vigente.
terceiros. teção de outras áreas de interesse ambiental;
VIII - proteção de áreas de interesse histórico, § 2º O plano diretor poderá fixar coeficiente de Art. 33. Da lei específica que aprovar a operação
Art. 23. Extingue-se o direito de superfície: cultural ou paisagístico; aproveitamento básico único para toda a zona urbana consorciada constará o plano de opera-
IX - (VETADO) urbana ou diferenciado para áreas específicas ção urbana consorciada, contendo, no mínimo:
I - pelo advento do termo; dentro da zona urbana.
II - pelo descumprimento das obrigações con- Parágrafo único. A lei municipal prevista no § 1º do I - definição da área a ser atingida;
tratuais assumidas pelo superficiário. art. 25 desta Lei deverá enquadrar cada área em § 3º O plano diretor definirá os limites máximos II - programa básico de ocupação da área;
que incidirá o direito de preempção em uma ou a serem atingidos pelos coeficientes de apro- III - programa de atendimento econômico e so-
Art. 24. Extinto o direito de superfície, o proprie- mais das finalidades enumeradas por este artigo. veitamento, considerando a proporcionalidade cial para a população diretamente afetada pela
tário recuperará o pleno domínio do terreno, entre a infra-estrutura existente e o aumento de operação;
bem como das acessões e benfeitorias introdu- Art. 27. O proprietário deverá notificar sua inten- densidade esperado em cada área. IV - finalidades da operação;
zidas no imóvel, independentemente de inde- ção de alienar o imóvel, para que o Município, V - estudo prévio de impacto de vizinhança;
nização, se as partes não houverem estipulado no prazo máximo de trinta dias, manifeste por Art. 29. O plano diretor poderá fixar áreas nas VI - contrapartida a ser exigida dos proprietá-
o contrário no respectivo contrato. escrito seu interesse em comprá-lo. quais poderá ser permitida alteração de uso rios, usuários permanentes e investidores pri-
do solo, mediante contrapartida a ser prestada vados em função da utilização dos benefícios
§ 1º Antes do termo final do contrato, extinguir- § 1º À notificação mencionada no caput será pelo beneficiário. previstos nos incisos I e II do § 2° do art. 32 des-
se-á o direito de superfície se o superficiário der anexada proposta de compra assinada por ter- ta Lei;
ao terreno destinação diversa daquela para a ceiro interessado na aquisição do imóvel, da Art. 30. Lei municipal específica estabelecerá as VII - forma de controle da operação, obrigato-
qual for concedida. qual constarão preço, condições de pagamen- condições a serem observadas para a outorga riamente compartilhado com representação da
to e prazo de validade. onerosa do direito de construir e de alteração sociedade civil.
§ 2º A extinção do direito de superfície será de uso, determinando:
averbada no cartório de registro de imóveis. § 2º O Município fará publicar, em órgão oficial § 1º Os recursos obtidos pelo Poder Público mu-
e em pelo menos um jornal local ou regional de I - a fórmula de cálculo para a cobrança; nicipal na forma do inciso VI deste artigo serão
grande circulação, edital de aviso da notificação II - os casos passíveis de isenção do pagamen- aplicados exclusivamente na própria operação
recebida nos termos do caput e da intenção de to da outorga; urbana consorciada.
aquisição do imóvel nas condições da propos- III - a contrapartida do beneficiário.
ta apresentada. § 2º A partir da aprovação da lei específica de

80 plano diretor participativo


que trata o caput, são nulas as licenças e auto- SEÇÃO XII § 2º O plano diretor deverá englobar o território CAPÍTULO IV
rizações a cargo do Poder Público municipal ex- Do estudo de impacto de vizinhança do Município como um todo. DA GESTÃO DEMOCRÁTICA DA CIDADE
pedidas em desacordo com o plano de opera-
ção urbana consorciada. Art. 36. Lei municipal definirá os empreendi- § 3º A lei que instituir o plano diretor deverá ser Art. 43. Para garantir a gestão democrática da ci-
mentos e atividades privados ou públicos em revista, pelo menos, a cada dez anos. dade, deverão ser utilizados, entre outros, os se-
Art. 34. A lei específica que aprovar a operação área urbana que dependerão de elaboração de guintes instrumentos:
urbana consorciada poderá prever a emissão estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV) § 4º No processo de elaboração do plano di-
pelo Município de quantidade determinada de para obter as licenças ou autorizações de cons- retor e na fiscalização de sua implementação, I - órgãos colegiados de política urbana, nos ní-
certificados de potencial adicional de constru- trução, ampliação ou funcionamento a cargo do os Poderes Legislativo e Executivo municipais veis nacional, estadual e municipal;
ção, que serão alienados em leilão ou utilizados Poder Público municipal. garantirão: II - debates, audiências e consultas públicas;
diretamente no pagamento das obras necessá- III - conferências sobre assuntos de interesse ur-
rias à própria operação. Art. 37. O EIV será executado de forma a contem- I - a promoção de audiências públicas e debates bano, nos níveis nacional, estadual e municipal;
plar os efeitos positivos e negativos do empre- com a participação da população e de associa- IV - iniciativa popular de projeto de lei e de pla-
§ 1º Os certificados de potencial adicional de endimento ou atividade quanto à qualidade de ções representativas dos vários segmentos da nos, programas e projetos de desenvolvimento
construção serão livremente negociados, mas vida da população residente na área e suas pro- comunidade; urbano;
conversíveis em direito de construir unicamen- ximidades, incluindo a análise, no mínimo, das II - a publicidade quanto aos documentos e in- V - (VETADO)
te na área objeto da operação. seguintes questões: formações produzidos;
III - o acesso de qualquer interessado aos docu- Art. 44. No âmbito municipal, a gestão orça-
§ 2º Apresentado pedido de licença para cons- I - adensamento populacional; mentos e informações produzidos. mentária participativa de que trata a alínea f do
truir, o certificado de potencial adicional será II - equipamentos urbanos e comunitários; inciso III do art. 4º desta Lei incluirá a realização
utilizado no pagamento da área de construção III - uso e ocupação do solo; § 5º (VETADO) de debates, audiências e consultas públicas so-
que supere os padrões estabelecidos pela legis- IV - valorização imobiliária; bre as propostas do plano plurianual, da lei de
lação de uso e ocupação do solo, até o limite fi- V - geração de tráfego e demanda por transpor- Art. 41. O plano diretor é obrigatório para diretrizes orçamentárias e do orçamento anual,
xado pela lei específica que aprovar a operação te público; cidades: como condição obrigatória para sua aprovação
urbana consorciada. VI - ventilação e iluminação; pela Câmara Municipal.
VII - paisagem urbana e patrimônio natural e I - com mais de vinte mil habitantes;
cultural. II - integrantes de regiões metropolitanas e Art. 45. Os organismos gestores das regiões me-
SEÇÃO XI aglomerações urbanas; tropolitanas e aglomerações urbanas incluirão
Da transferência do Parágrafo único. Dar-se-á publicidade aos do- III - onde o Poder Público municipal pretenda obrigatória e significativa participação da po-
direito de construir cumentos integrantes do EIV, que ficarão dis- utilizar os instrumentos previstos no § 4º do art. pulação e de associações representativas dos
poníveis para consulta, no órgão competen- 182 da Constituição Federal; vários segmentos da comunidade, de modo a
Art. 35. Lei municipal, baseada no plano diretor, te do Poder Público municipal, por qualquer IV - integrantes de áreas de especial interesse garantir o controle direto de suas atividades e o
poderá autorizar o proprietário de imóvel urba- interessado. turístico; pleno exercício da cidadania.
no, privado ou público, a exercer em outro local, V - inseridas na área de influência de empreendi-
ou alienar, mediante escritura pública, o direito Art. 38. A elaboração do EIV não substitui a ela- mentos ou atividades com significativo impacto
de construir previsto no plano diretor ou em le- boração e a aprovação de estudo prévio de im- ambiental de âmbito regional ou nacional. CAPÍTULO V
gislação urbanística dele decorrente, quando o pacto ambiental (EIA), requeridas nos termos da DISPOSIÇÕES GERAIS
referido imóvel for considerado necessário para legislação ambiental. § 1º No caso da realização de empreendimen-
fins de: tos ou atividades enquadrados no inciso V do Art. 46. O Poder Público municipal poderá facul-
caput, os recursos técnicos e financeiros para a tar ao proprietário de área atingida pela obriga-
I - implantação de equipamentos urbanos e CAPÍTULO III elaboração do plano diretor estarão inseridos ção de que trata o caput do art. 5º desta Lei, a
comunitários;  . DO PLANO DIRETOR entre as medidas de compensação adotadas. requerimento deste, o estabelecimento de con-
II - preservação, quando o imóvel for considera- sórcio imobiliário como forma de viabilização fi-
do de interesse histórico, ambiental, paisagísti- Art. 39. A propriedade urbana cumpre sua fun- § 2º No caso de cidades com mais de quinhen- nanceira do aproveitamento do imóvel.
co, social ou cultural; ção social quando atende às exigências funda- tos mil habitantes, deverá ser elaborado um pla-
III - servir a programas de regularização fundi- mentais de ordenação da cidade expressas no no de transporte urbano integrado, compatível § 1º Considera-se consórcio imobiliário a for-
ária, urbanização de áreas ocupadas por popu- plano diretor, assegurando o atendimento das com o plano diretor ou nele inserido. ma de viabilização de planos de urbanização
lação de baixa renda e habitação de interesse necessidades dos cidadãos quanto à qualidade ou edificação por meio da qual o proprietário
social. de vida, à justiça social e ao desenvolvimento Art. 42. O plano diretor deverá conter no transfere ao Poder Público municipal seu imó-
das atividades econômicas, respeitadas as dire- mínimo: vel e, após a realização das obras, recebe, como
§ 1º A mesma faculdade poderá ser concedida trizes previstas no art. 2º desta Lei. pagamento, unidades imobiliárias devidamen-
ao proprietário que doar ao Poder Público seu I - a delimitação das áreas urbanas onde poderá te urbanizadas ou edificadas.
imóvel, ou parte dele, para os fins previstos nos Art. 40. O plano diretor, aprovado por lei muni- ser aplicado o parcelamento, edificação ou uti-
incisos I a III do caput. cipal, é o instrumento básico da política de de- lização compulsórios, considerando a existên- § 2º O valor das unidades imobiliárias a serem
senvolvimento e expansão urbana. cia de infra-estrutura e de demanda para utili- entregues ao proprietário será corresponden-
§ 2º A lei municipal referida no caput estabele- zação, na forma do art. 5º desta Lei; te ao valor do imóvel antes da execução das
cerá as condições relativas à aplicação da trans- § 1º O plano diretor é parte integrante do pro- II - disposições requeridas pelos arts. 25, 28, 29, obras, observado o disposto no § 2° do art. 8º
ferência do direito de construir. cesso de planejamento municipal, devendo o 32 e 35 desta Lei; desta Lei.
plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e III - sistema de acompanhamento e controle.
o orçamento anual incorporar as diretrizes e as Art. 47. Os tributos sobre imóveis urbanos, assim
prioridades nele contidas. como as tarifas relativas a serviços públicos ur-

plano diretor participativo 81


banos, serão diferenciados em função do inte- 31 desta Lei; 38) (VETADO)
resse social. V - aplicar os recursos auferidos com operações § 1oA concessão de uso especial para fins de
consorciadas em desacordo com o previsto no § 39) da constituição do direito de superfície de moradia será conferida de forma gratuita ao ho-
Art. 48. Nos casos de programas e projetos habi- 1º do art. 33 desta Lei; imóvel urbano; “ (NR) mem ou à mulher, ou a ambos, independente-
tacionais de interesse social, desenvolvidos por VI - impedir ou deixar de garantir os requisitos mente do estado civil.
órgãos ou entidades da Administração Pública contidos nos incisos I a III do § 4º do art. 40 des- Art. 57. O art. 167, inciso II, da Lei nº 6.015, de
com atuação específica nessa área, os contratos ta Lei; 1973, passa a vigorar acrescido dos seguintes § 2o O direito de que trata este artigo não será
de concessão de direito real de uso de imóveis VII - deixar de tomar as providências necessárias itens 18, 19 e 20: reconhecido ao mesmo concessionário mais de
públicos: para garantir a observância do disposto no § 3º uma vez.
do art. 40 e no art. 50 desta Lei; “Art. 167................................................................................
I - terão, para todos os fins de direito, caráter de VIII - adquirir imóvel objeto de direito de pre- § 3o Para os efeitos deste artigo, o herdeiro legí-
escritura pública, não se aplicando o disposto empção, nos termos dos arts. 25 a 27 desta Lei, II -............................................................................................. timo continua, de pleno direito, na posse de seu
no inciso II do art. 134 do Código Civil; pelo valor da proposta apresentada, se este for, antecessor, desde que já resida no imóvel por
II - constituirão título de aceitação obrigatória comprovadamente, superior ao de mercado. 18) da notificação para parcelamento, edificação ocasião da abertura da sucessão.
em garantia de contratos de financiamentos ou utilização compulsórios de imóvel urbano;
habitacionais. Art. 53. O art. 1º da Lei nº 7.347, de 24 de julho Art. 2o Nos imóveis de que trata o art. 1o, com
de 1985, passa a vigorar acrescido de novo in- 19) da extinção da concessão de uso especial mais de duzentos e cinqüenta metros quadra-
Art. 49. Os Estados e Municípios terão o pra- ciso III, renumerando o atual inciso III e os para fins de moradia; dos, que, até 30 de junho de 2001, estavam ocu-
zo de noventa dias, a partir da entrada em vi- subseqüentes: pados por população de baixa renda para sua
gor desta Lei, para fixar prazos, por lei, para a 20) da extinção do direito de superfície do imó- moradia, por cinco anos, ininterruptamente e
expedição de diretrizes de empreendimentos “Art. 1º .................................................................................. vel urbano. “ (NR) sem oposição, onde não for possível identificar
urbanísticos, aprovação de projetos de parce- os terrenos ocupados por possuidor, a conces-
lamento e de edificação, realização de vistorias III - à ordem urbanística;.................................... “ (NR) Art. 58. Esta Lei entra em vigor após decorridos são de uso especial para fins de moradia será
e expedição de termo de verificação e conclu- noventa dias de sua publicação. conferida de forma coletiva, desde que os pos-
são de obras. Art. 54. O art. 4º da Lei nº 7.347, de 1985, passa a suidores não sejam proprietários ou concessio-
vigorar com a seguinte redação: Brasília, 10 de julho de 2001; 180º da Indepen- nários, a qualquer título, de outro imóvel urba-
Parágrafo único. Não sendo cumprida a deter- dência e 113° da República. no ou rural.
minação do caput, fica estabelecido o prazo de “Art. 4º. Poderá ser ajuizada ação cautelar para
sessenta dias para a realização de cada um dos os fins desta Lei, objetivando, inclusive, evitar Publicação: § 1o O possuidor pode, para o fim de contar o
referidos atos administrativos, que valerá até o dano ao meio ambiente, ao consumidor, à or- Diário Oficial da União - Seção 1 - Eletrônico - prazo exigido por este artigo, acrescentar sua
que os Estados e Municípios disponham em lei dem urbanística ou aos bens e direitos de valor 11/07/2001, Página 1 (Publicação). posse à de seu antecessor, contanto que ambas
de forma diversa. artístico, estético, histórico, turístico e paisagís- sejam contínuas.
tico (VETADO). “ (NR)
Art. 50. Os Municípios que estejam enquadra- § 2o Na concessão de uso especial de que tra-
dos na obrigação prevista nos incisos I e II do Art. 55. O art. 167, inciso 1, item 28, da Lei nº ta este artigo, será atribuída igual fração ide-
art. 41 desta Lei que não tenham plano diretor 6.015, de 31 de dezembro de 1973, alterado pela MEDIDA PROVISÓRIA no 2.220, al de terreno a cada possuidor, independente-
aprovado na data de entrada em vigor desta Lei Lei nº 6.216, de 30 de junho de 1975, passa a vi- DE 4 DE SETEMBRO DE 2001. mente da dimensão do terreno que cada um
deverão aprová-lo no prazo de cinco anos. gorar com a seguinte redação: ocupe, salvo hipótese de acordo escrito en-
Dispõe sobre a concessão de uso especial de tre os ocupantes, estabelecendo frações ideais
Art. 51. Para os efeitos desta Lei, aplicam-se ao “Art. 167................................................................................ que trata o § 1º do art. 183 da Constituição, cria diferenciadas.
Distrito Federal e ao Governador do Distrito Fe- o Conselho Nacional de Desenvolvimento Urba-
deral as disposições relativas, respectivamente, I -.............................................................................................. no - CNDU e dá outras providências. § 3o A fração ideal atribuída a cada possuidor
a Município e a Prefeito. não poderá ser superior a duzentos e cinqüenta
28) das sentenças declaratórias de usu- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atri- metros quadrados.
Art. 52. Sem prejuízo da punição de outros capião, independente da regularida- buição que lhe confere o art. 62 da Constitui-
agentes públicos envolvidos e da aplicação de de do parcelamento do solo ou da edifica- ção, adota a seguinte Medida Provisória, com Art. 3o Será garantida a opção de exercer os di-
outras sanções cabíveis, o Prefeito incorre em ção;............................................................... “ (NR) força de lei: reitos de que tratam os arts. 1o e 2o também aos
improbidade administrativa, nos termos da Lei ocupantes, regularmente inscritos, de imóveis
n° 8.429, de 2 de junho de 1992, quando: Art. 56. O art. 167, inciso I, da Lei nº 6.015, de CAPÍTULO I públicos, com até duzentos e cinqüenta metros
1973, passa a vigorar acrescido dos seguintes DA CONCESSÃO DE USO ESPECIAL quadrados, da União, dos Estados, do Distrito
I - (VETADO) itens 37, 38 e 39: Federal e dos Municípios, que estejam situados
II - deixar de proceder, no prazo de cinco anos, o Art. 1o Aquele que, até 30 de junho de 2001, pos- em área urbana, na forma do regulamento.
adequado aproveitamento do imóvel incorpo- “Art. 167................................................................................. suiu como seu, por cinco anos, ininterrupta-
rado ao patrimônio público, conforme o dispos- mente e sem oposição, até duzentos e cinqüen- Art. 4o No caso de a ocupação acarretar risco à
to no § 4º do art. 8°desta Lei; I -.............................................................................................. ta metros quadrados de imóvel público situado vida ou à saúde dos ocupantes, o Poder Público
III - utilizar áreas obtidas por meio do direito de em área urbana, utilizando-o para sua moradia garantirá ao possuidor o exercício do direito de
preempção em desacordo com o disposto no 37) dos termos administrativos ou das sentenças ou de sua família, tem o direito à concessão de que tratam os arts. 1o e 2o em outro local.
art. 26 desta Lei; declaratórias da concessão de uso especial para uso especial para fins de moradia em relação ao
IV - aplicar os recursos auferidos com a outor- fins de moradia, independente da regularidade bem objeto da posse, desde que não seja pro- Art. 5o É facultado ao Poder Público assegurar o
ga onerosa do direito de construir e de altera- do parcelamento do solo ou da edificação; prietário ou concessionário, a qualquer título, exercício do direito de que tratam os arts. 1o e 2o em
ção de uso em desacordo com o previsto no art. de outro imóvel urbano ou rural. outro local na hipótese de ocupação de imóvel:

82 plano diretor participativo


I - de uso comum do povo; § 1o A autorização de uso de que trata este arti- técnicos não será remunerada. RESOLVE:
II - destinado a projeto de urbanização; go será conferida de forma gratuita.
III - de interesse da defesa nacional, da preser- Art. 14. As funções de membro do CNDU e dos Art. 1º. Realizar uma Campanha Nacional de
vação ambiental e da proteção dos ecossiste- § 2o O possuidor pode, para o fim de contar o comitês técnicos serão consideradas prestação Sensibilização e Mobilização visando a elabora-
mas naturais; prazo exigido por este artigo, acrescentar sua de relevante interesse público e a ausência ao ção e implementação de Planos Diretores Par-
IV - reservado à construção de represas e obras posse à de seu antecessor, contanto que ambas trabalho delas decorrente será abonada e com- ticipativos, com o objetivo de construir cidades
congêneres; ou sejam contínuas. putada como jornada efetiva de trabalho, para includentes, democráticas e sustentáveis.
V - situado em via de comunicação. todos os efeitos legais.
§ 3o Aplica-se à autorização de uso prevista no Art. 2º. A Campanha terá os seguintes eixos
Art. 6o O título de concessão de uso especial caput deste artigo, no que couber, o disposto estruturadores:
para fins de moradia será obtido pela via admi- nos arts. 4o e 5o desta Medida Provisória. CAPÍTULO III
nistrativa perante o órgão competente da Ad- DAS DISPOSIÇÕES FINAIS I – a ampliação do acesso á terra urbanizada, le-
ministração Pública ou, em caso de recusa ou galizada e bem localizada para todos;
omissão deste, pela via judicial. CAPÍTULO II Art. 15. O inciso I do art. 167 da Lei no 6.015, de 31 II - a justa distribuição dos ônus e benefícios do
DO CONSELHO NACIONAL DE de dezembro de 1973, passa a vigorar com as se- crescimento urbano;
§ 1o A Administração Pública terá o prazo máxi- DESENVOLVIMENTO URBANO guintes alterações: III - a participação de todos os segmentos no
mo de doze meses para decidir o pedido, conta- planejamento e na gestão das cidades.
do da data de seu protocolo. Art. 10. Fica criado o Conselho Nacional de De- “I -............................................................................................
senvolvimento Urbano - CNDU, órgão delibe- Art. 3º. A Campanha visa atingir o seguinte
§ 2o Na hipótese de bem imóvel da União ou dos rativo e consultivo, integrante da estrutura da 28) das sentenças declaratórias de usucapião; público-alvo:
Estados, o interessado deverá instruir o reque- Presidência da República, com as seguintes
rimento de concessão de uso especial para fins competências: ................................................................................................. I – prefeitos, vereadores, lideranças sociais, po-
de moradia com certidão expedida pelo Poder pulares e comunitárias, Ministério Público e Ju-
Público municipal, que ateste a localização do I - propor diretrizes, instrumentos, normas e 37) dos termos administrativos ou das senten- diciário, por meio de ações específicas;
imóvel em área urbana e a sua destinação para prioridades da política nacional de desenvolvi- ças declaratórias da concessão de uso especial II – sociedade em geral, por meio de ações com
moradia do ocupante ou de sua família. mento urbano; para fins de moradia; ampla divulgação.
II - acompanhar e avaliar a implementação da
§ 3o Em caso de ação judicial, a concessão de política nacional de desenvolvimento urbano, ................................................................................................. Art. 4º. Os meios para atingir os objetivos da
uso especial para fins de moradia será declara- em especial as políticas de habitação, de sanea- campanha são:
da pelo juiz, mediante sentença. mento básico e de transportes urbanos, e reco- 40) do contrato de concessão de direito real de
mendar as providências necessárias ao cumpri- uso de imóvel público.” (NR) I – Estruturação de um núcleo coordenador na-
§ 4o O título conferido por via administrativa ou mento de seus objetivos; cional, composto pelo Ministério das Cidades
por sentença judicial servirá para efeito de re- III - propor a edição de normas gerais de direito Art. 16. Esta Medida Provisória entra em vigor e por entidades e instituições integrantes do
gistro no cartório de registro de imóveis. urbanístico e manifestar-se sobre propostas de na data de sua publicação. ConCidades;
alteração da legislação pertinente ao desenvol- II – Estruturação de núcleos mobilizadores esta-
vimento urbano; Brasília, 4 de setembro de 2001; 180o da Inde- duais e ou regionais coincidentes com os fóruns
Art. 7 O direito de concessão de uso especial
o
IV - emitir orientações e recomendações sobre pendência e 113o da República. ou núcleos pró-Conselho Estadual e pró-2ª Con-
para fins de moradia é transferível por ato inter a aplicação da Lei no 10.257, de 10 de julho de ferência Nacional das Cidades;
vivos ou causa mortis. 2001, e dos demais atos normativos relaciona- III – Fortalecimento dos movimentos sociais e
dos ao desenvolvimento urbano; populares, de âmbito nacional, estadual, regio-
Art. 8o O direito à concessão de uso especial V - promover a cooperação entre os governos nal e local, como interlocutores do processo de
para fins de moradia extingue-se no caso de: da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos MINISTÉRIO DAS CIDADES sensibilização e mobilização;
Municípios e a sociedade civil na formulação e CONSELHO DAS CIDADES IV – Cada grupo mobilizador definirá suas estra-
I - o concessionário dar ao imóvel destinação di- execução da política nacional de desenvolvi- RESOLUÇÃO Nº 15 DE 03 DE SETEMBRO DE tégias e parcerias;
versa da moradia para si ou para sua família; ou mento urbano; e 2004 V – Caberá aos segmentos do ConCidades esta-
II - o concessionário adquirir a propriedade ou VI - elaborar o regimento interno. Edição Número 187 Página 103 de 28/09/2004 belecer estratégias de capilaridade entre suas
a concessão de uso de outro imóvel urbano ou entidades;
rural. Art. 11. O CNDU é composto por seu Presidente, O Conselho das Cidades no uso de suas atribui- VI – Os núcleos mobilizadores, além de reunir
pelo Plenário e por uma Secretaria-Executiva, ções estabelecidas pelo Decreto nº 5.031, de 2 os representantes dos segmentos do ConCida-
Parágrafo único. A extinção de que trata este cujas atribuições serão definidas em decreto. de abril de 2004 por encaminhamento do Co- des, deverão fazer esforços para integrar atores
artigo será averbada no cartório de registro de mitê Técnico de Planejamento Territorial Urba- de outros canais institucionais, tais como Minis-
imóveis, por meio de declaração do Poder Pú- Parágrafo único. O CNDU poderá instituir comi- no, e considerando: tério Público, Comitês de Bacias Hidrográficas,
blico concedente. tês técnicos de assessoramento, na forma do re- a) que o prazo de cinco anos, determina- Agenda 21, Associações de Prefeitos e de outros
gimento interno. do pelo Estatuto da Cidade, Lei Federal nº agentes Públicos, membros de conselhos seto-
Art. 9o É facultado ao Poder Público competente 10.257/01, para os municípios elaborarem riais, entre outros.
dar autorização de uso àquele que, até 30 de ju- Art. 12. O Presidente da República disporá sobre seus Planos Diretores Participativos se en-
nho de 2001, possuiu como seu, por cinco anos, a estrutura do CNDU, a composição do seu Ple- cerra em 2006; Art. 5º. Recomendar ao Ministério das Cidades
ininterruptamente e sem oposição, até duzen- nário e a designação dos membros e suplentes b) as diretrizes da 1ª Conferência Nacional das apoiar materialmente as atividades dos núcleos
tos e cinqüenta metros quadrados de imóvel do Conselho e dos seus comitês técnicos. Cidades; mobilizadores.
público situado em área urbana, utilizando-o c) a renovação das administrações municipais
para fins comerciais. Art. 13. A participação no CNDU e nos comitês a partir de janeiro de 2005. Art. 6º. Esta resolução entra em vigor na data de

plano diretor participativo 83


sua publicação. Dê-se ciência aos Governos Es- de observar os princípios de participação a definição dos mecanismos para a tomada de ção local;
taduais, Distrito Federal, aos Municípios, Minis- social e de publicidade, que devem presi- decisões. II – ocorrer em locais e horários acessíveis à
tério Público registre-se e publique-se. dir o processo de elaboração dos planos maioria da população;
diretores; § 2º Nas cidades onde houver Conselho das Ci- III – serem dirigidas pelo Poder Público Munici-
dades ou similar que atenda os requisitos da Re- pal, que após a exposição de todo o conteúdo,
RESOLVE emitir as orientações e recomenda- solução Nº 13 do CONCIDADES, a coordenação abrirá as discussões aos presentes;
ções que se seguem: de que trata o §1º, poderá ser assumida por esse IV – garantir a presença de todos os cidadãos e
MINISTÉRIO DAS CIDADES colegiado; cidadãs, independente de comprovação de re-
CONSELHO DAS CIDADES Art. 1º Todos os Municípios devem elaborar seus sidência ou qualquer outra condição, que assi-
RESOLUÇÃO Nº 25, DE 18 DE MARÇO DE 2005 Planos Diretores de acordo com o determinado Art. 4º No processo participativo de elaboração narão lista de presença;
DOU Seção 1, Edição nº 60 pela Lei Federal 10.257/01 (Estatuto da Cidade). do plano diretor, a publicidade, determinada pelo V – serem gravadas e, ao final de cada uma, la-
Pág. 102 de 30/03/2005 inciso II, do § 4º do art. 40 do Estatuto da Cidade, vrada a respectiva ata, cujos conteúdos deverão
Art. 2º Os Municípios que devem obrigatoria- deverá conter os seguintes requisitos: ser apensados ao Projeto de Lei, compondo me-
O Conselho das Cidades, no uso de suas atribui- mente elaborar seus planos diretores até outu- morial do processo, inclusive na sua tramitação
ções estabelecidas pelo Decreto nº 5.031, de 2 bro de 2006 são aqueles que não possuem pla- I – ampla comunicação pública, em linguagem legislativa.
de abril de 2004, por encaminhamento do Co- no diretor, ou tendo aprovado seu plano diretor acessível, através dos meios de comunicação
mitê Técnico de Planejamento Territorial Urba- há mais de 10 anos, enquadram-se em pelo me- social de massa disponíveis; Art. 9º A audiência pública poderá ser convoca-
no, e considerando: nos uma das seguintes condições: II - ciência do cronograma e dos locais das reu- da pela própria sociedade civil quando solicita-
a) que compete ao Conselho das Cidades, niões, da apresentação dos estudos e propostas da por no mínimo 1 % (um por cento) dos elei-
emitir orientações e recomendações sobre I – tenham mais de 20 mil habitantes; sobre o plano diretor com antecedência de no tores do município.
a aplicação da Lei nº 10.257, de 2001 (Es- II - integrem regiões metropolitanas ou aglome- mínimo 15 dias;
tatuto da Cidade), e dos demais atos nor- rações urbanas. III - publicação e divulgação dos resultados dos Art.10. A proposta do plano diretor a ser subme-
mativos relacionados ao desenvolvimen- debates e das propostas adotadas nas diversas tida à Câmara Municipal deve ser aprovada em
to urbano; §1º Considera-se a população total do Municí- etapas do processo; uma conferência ou evento similar, que deve
b) que as diretrizes gerais da política urbana, pio para fins do inciso I, o número definido pelo atender aos seguintes requisitos:
nos termos do art. 182, caput, da Constitui- Censo de 2000 do IBGE. Art.5º A organização do processo participati-
ção Federal, vinculam as ações municipais vo deverá garantir a diversidade, nos seguin- I – realização prévia de reuniões e/ou plenárias
na execução da política de desenvolvimen- § 2º Consideram-se municípios integrantes de tes termos: para escolha de representantes de diversos seg-
to urbano; regiões metropolitanas e aglomerações urba- mentos da sociedade e das divisões territoriais;
c) que, entre as mencionadas diretrizes gerais, nas para fins do inciso II, aqueles localizados I – realização dos debates por segmentos so- II – divulgação e distribuição da proposta do
fixadas no art. 2º do Estatuto da Cidade, en- em regiões metropolitanas e aglomerações ur- ciais, por temas e por divisões territoriais, tais Plano Diretor para os delegados eleitos com an-
contra-se a “gestão democrática por meio banas criadas por lei federal anterior à Consti- como bairros, distritos, setores entre outros; tecedência de 15 dias da votação da proposta;
da participação da população e de associa- tuição de 1988 ou as instituídas por lei estadu- II -garantia da alternância dos locais de III – registro das emendas apresentadas nos
ções representativas dos vários segmentos al nos termos do art. 25, § 3º, da CF, bem como discussão. anais da conferência;
da comunidade na formulação, execução e aqueles incluídos em Regiões Integradas de De- IV – publicação e divulgação dos anais da
acompanhamento de planos, programas e senvolvimento (RIDEs), instituídas por legisla- Art.6º O processo participativo de elaboração conferência.
projetos de desenvolvimento urbano”; ção federal. do plano diretor deve ser articulado e integrado
d) que a efetividade dos instrumentos previs- ao processo participativo de elaboração do or- Art. 10 Esta Resolução entra em vigor na data
tos no Estatuto da Cidade, destinados a or- III - Estão ainda obrigados a elaborar planos dire- çamento, bem como levar em conta as propo- de sua publicação. Dê-se ciência às Prefeituras
denar o pleno desenvolvimento das fun- tores, sem prazo definido por lei, os Municípios: sições oriundas de processos democráticos tais Municipais e Governos Estaduais, registre-se e
ções sociais da cidade e da propriedade a) onde o Poder Público pretenda utilizar os como conferências, congressos da cidade, fó- publique-se.
“em prol do bem coletivo, da segurança e instrumentos de combate à ociosidade da runs e conselhos.
do bem-estar dos cidadãos, bem como do propriedade urbana, previstos no art. 182,
equilíbrio ambiental”, dependem em gran- § 4º, da CF; Art.7º No processo participativo de elaboração
de medida da elaboração dos planos dire- b) integrantes de áreas de especial interesse do plano diretor a promoção das ações de sensi-
tores municipais; turístico; bilização, mobilização e capacitação devem ser MINISTÉRIO DAS CIDADES
e) que os planos diretores devem conter me- c) inseridos na área de influência de empre- voltadas, preferencialmente, para as lideranças CONSELHO DAS CIDADES
canismos que assegurem sua efetiva im- endimentos ou atividades com significati- comunitárias, movimentos sociais, profissionais RESOLUÇÃO Nº 34, DE 01 DE JULHO 2005
plementação e permanente monitoramen- vo impacto ambiental de âmbito regional especializados, entre outros atores sociais. DOU de 14/07/2005, Seção 1, pág.89
to e atualização por meio, inclusive, de sua ou nacional.
incorporação à legislação orçamentária Art. 8º As audiências públicas determinadas O Conselho das Cidades, no uso de suas atribui-
municipal; Art. 3º O processo de elaboração, implementa- pelo art. 40, § 4º, inciso I, do Estatuto da Cida- ções estabelecidas pelo Decreto nº 5.031, de 2
f) que o prazo de cinco anos para atender a ção e execução do Plano diretor deve ser parti- de, no processo de elaboração de plano diretor, de abril de 2004, por encaminhamento do Co-
obrigação constitucional de elaboração de cipativo, nos termos do art. 40, § 4º e do art. 43 têm por finalidade informar, colher subsídios, mitê Técnico de Planejamento Territorial Urba-
planos diretores, fixado pelo art. 50 do Es- do Estatuto da Cidade. debater, rever e analisar o conteúdo do Plano no, e considerando:
tatuto da Cidade, esgota-se no mês de ou- Diretor Participativo, e deve atender aos seguin- a) que compete ao Conselho das Cidades,
tubro de 2006; §1º A coordenação do processo participativo tes requisitos: emitir orientações e recomendações sobre
g) que, nos termos do art. 52, VI e VII, do Es- de elaboração do Plano Diretor deve ser com- a aplicação da Lei nº 10.257, de 2001 (Es-
tatuto da Cidade, incorrem em improbida- partilhada, por meio da efetiva participação de I – ser convocada por edital, anunciada pela im- tatuto da Cidade), e dos demais atos nor-
de administrativa os prefeitos que desaten- poder público e da sociedade civil, em todas prensa local ou, na sua falta, utilizar os meios de mativos relacionados ao desenvolvimen-
derem o mencionado prazo ou deixarem as etapas do processo, desde a elaboração até comunicação de massa ao alcance da popula- to urbano;

84 plano diretor participativo


b) que o objetivo fundamental do Plano Dire- pio bem como da identificação dos imóveis não Parágrafo único. Na exposição dos motivos, o I - o conselho da cidade ou similar, com repre-
tor é definir o conteúdo da função social da edificados, subutilizados e não utilizados, no Plano Diretor deverá apresentar a justificativa sentação do governo, sociedade civil e das di-
cidade e da propriedade urbana, de forma caso de sua existência, de forma a garantir: de aplicação de cada um dos instrumentos pre- versas regiões do município, conforme es-
a garantir o acesso a terra urbanizada e re- vistos no art. 4º desta Resolução, com vincula- tabelecido na resolução 13 do Conselho das
gularizada, o direito à moradia, ao sanea- I – espaços coletivos de suporte à vida na cida- ção às respectivas estratégias e objetivos. Cidades;
mento básico, aos serviços urbanos a todos de, definindo áreas para atender as necessida- II - conferências municipais;
os cidadãos, e implementar uma gestão de- des da população de equipamentos urbanos e Art. 5º. A instituição das Zonas Especiais, consi- III - audiências públicas, das diversas regiões do
mocrática e participativa; comunitários, mobilidade, transporte e serviços derando o interesse local, deverá: município, conforme parâmetros estabelecidos
c) que a efetividade dos instrumentos previs- públicos, bem como áreas de proteção, preser- na Resolução nº 25 do Conselho das Cidades;
tos no Estatuto da Cidade, destinados a or- vação e recuperação do meio ambiente natural I - destinar áreas para assentamentos e em- IV - consultas públicas;
denar o pleno desenvolvimento das fun- e construído, do patrimônio cultural, histórico, preendimentos urbanos e rurais de interesse V - iniciativa popular;
ções sociais da cidade e da propriedade artístico, paisagístico e arqueológico; social; VI - plebiscito;
“em prol do bem coletivo, da segurança e II – a acessibilidade e a mobilidade sustentável II - demarcar os territórios ocupados pelas co- VII -referendo.
do bem-estar dos cidadãos, bem como do de todos os cidadãos por meio do desenho dos munidades tradicionais, tais como as indíge-
equilíbrio ambiental”, dependem em gran- espaços públicos e do sistema viário básico; nas, quilombolas, ribeirinhas e extrativistas, de Art. 8º Nos casos previstos pelo art. 41, § 2º do
de medida da elaboração dos planos dire- III – a universalização do acesso à água potável, modo a garantir a proteção de seus direitos; Estatuto da Cidade, o plano de transporte urba-
tores municipais; aos serviços de esgotamento sanitário, a cole- III – demarcar as áreas sujeitas a inundações e no integrado, ora denominado de Plano Diretor
d) que o prazo de cinco anos para atender a ta e disposição de resíduos sólidos e ao mane- deslizamentos, bem como as áreas que apre- de Transporte e da Mobilidade, deverá contem-
obrigação legal de elaboração ou adequa- jo sustentável das águas pluviais, de forma in- sentem risco à vida e à saúde; plar os seguintes princípios e diretrizes gerais:
ção de planos diretores, fixado pelo art. 50 tegrada às políticas ambientais, de recursos IV - demarcar os assentamentos irregulares
do Estatuto da Cidade, esgota-se no dia 10 hídricos e de saúde. ocupados por população de baixa renda para I - garantir a diversidade das modalidades de
de outubro de 2006; IV – terra urbanizada para todos os segmentos a implementação da política de regularização transporte, respeitando as características das ci-
e) que o plano diretor deve conter conteúdos sociais, especialmente visando a proteção do fundiária; dades, priorizando o transporte coletivo, que é
diferenciados, de forma a respeitar o porte direito à moradia da população de baixa renda V - definir normas especiais de uso, ocupação e estruturante, sobre o individual, os modos não-
do município, sua história e a região onde e das populações tradicionais; edificação adequadas à regularização fundiária, motorizados e valorizando o pedestre;
se insere; V – áreas para todas as atividades econômicas, à titulação de assentamentos informais de bai- II - garantir que a gestão da Mobilidade Urba-
f) que, de acordo com a Lei 8.080/90, é dever especialmente para os pequenos empreen- xa renda e à produção de habitação de interes- na ocorra de modo integrado com o Plano Di-
do Estado prover condições indispensá- dimentos comerciais, industriais, de serviço e se social, onde couber; retor Municipal;
veis para o pleno exercício da saúde; e que agricultura familiar; VI - definir os instrumentos de regularização III - respeitar às especificidades locais e
a saúde tem como fatores determinantes fundiária, de produção de habitação de interes- regionais;
e condicionantes, entre outros, a alimen- Art. 3º. Definidas as funções sociais da cidade e se social e de participação das comunidades na IV - garantir o controle da expansão urbana, a
tação, a moradia, o saneamento básico, o da propriedade urbana, nos termos do artigo 2º, gestão das áreas; universalização do acesso à cidade, a melhoria
meio ambiente, o trabalho, a renda, a edu- o Plano Diretor deverá: VII – demarcar as áreas de proteção, preserva- da qualidade ambiental, e o controle dos im-
cação, o transporte, o lazer, e o acesso aos ção e recuperação do meio ambiente natural e pactos no sistema de mobilidade gerados pela
bens e serviços essenciais; I – determinar critérios para a caracterização construído, do patrimônio cultural, histórico, ar- ordenação do uso do solo;
de imóveis não edificados, subutilizados, e não tístico, paisagístico e arqueológico.
RESOLVE emitir as orientações e recomenda- utilizados; Art 9º. Os princípios e diretrizes expostos no ar-
ções que seguem quanto ao conteúdo mínimo II - determinar critérios para a aplicação do ins- Art.6º. O Sistema de Acompanhamento e Con- tigo 8º. deverão ser considerados na elaboração
do Plano Diretor: trumento estudo de impacto de vizinhança; trole Social previsto pelo art. 42, inciso III, do Es- dos Planos Diretores municipais ao tratar dos
III - delimitar as áreas urbanas onde poderão ser tatuto da Cidade deverá: temas da mobilidade urbana.
Art. 1º O Plano Diretor deve prever, no mínimo: aplicados o parcelamento, a edificação e a utili-
zação compulsórios, considerando a existência I - prever instâncias de planejamento e gestão Art 10º. Além do conteúdo mínimo exigido, o
I – as ações e medidas para assegurar o cumpri- de infraestrutura e de demanda para utilização; democrática para implementar e rever o Plano Plano Diretor poderá inserir outros temas rele-
mento das funções sociais da cidade, conside- IV - definir o prazo para notificação dos proprie- Diretor; vantes, considerando a especificidade de cada
rando o território rural e urbano; tários de imóveis prevista pelo art. 5º, § 4 º, do II - apoiar e estimular o processo de Gestão De- município.
II - as ações e medidas para assegurar o cumpri- Estatuto da Cidade; mocrática e Participativa, garantindo uma ges-
mento da função social da propriedade urbana, V – delimitar as áreas definidas pelo art. 2º des- tão integrada, envolvendo poder executivo, le- Art. 11º.Esta Resolução entra em vigor na data
tanto privada como pública; ta Resolução e respectivas destinações nos ma- gislativo, judiciário e a sociedade civil; de sua publicação.
III - os objetivos, temas prioritários e estratégias pas, e descrição de perímetros, consolidando III - garantir acesso amplo às informações terri-
para o desenvolvimento da cidade e para a re- no plano diretor toda a legislação incidente so- toriais a todos os cidadãos;
organização territorial do município, conside- bre o uso e ocupação do solo no território do IV – monitorar a aplicação dos instrumentos do
rando sua adequação aos espaços territoriais município; Plano Diretor e do Estatuto da Cidade, especial-
adjacentes; mente daqueles previstos pelo art. 182, § 4º, da
IV - os instrumentos da política urbana previs- Art. 4º. Nos termos do art. 42, inciso II do Estatu- Constituição Federal;
tos pelo art. 42 do Estatuto da Cidade, vinculan- to da Cidade, caso o plano diretor determine a
do -os aos objetivos e estratégias estabelecidos aplicação dos instrumentos: direito de preemp- Art.7º. O Plano Diretor deverá definir os instru-
no Plano Diretor; ção, outorga onerosa do direito de construir mentos de gestão democrática do Sistema de
e de alteração de uso, operações urbanas e a Acompanhamento e Controle Social, sua fina-
Art. 2º As funções sociais da cidade e da pro- transferência do direito de construir; estes só lidade, requisitos e procedimentos adotados
priedade urbana serão definidas a partir da des- poderão ser aplicados se tiverem sua área de para aplicação, tais como:
tinação de cada porção do território do municí- aplicação delimitada no Plano Diretor.

plano diretor participativo 85


$ MUNICÍPIO $ MUNICÍPIO $ MUNICÍPIO $ MUNICÍPIO
ACRE Manaus Caetité (BA) Itamaraju
Municípios com 2 Rio Branco Autazes (AM) Camacan Itambé
Cruzeiro do Sul (AC) Barcelos (AM) Camaçari Itanhém (BA)
obrigatoriedade, 1 Sena Madureira Barreirinha Camamu Itaparica

com e sem 1 Feijó


Tarauacá (AC) 1
Benjamin Constant (AM)
Boca do Acre
Campo Alegre de Lourdes (BA)
Campo Formoso 1
Itapetinga
Itapicuru (BA)

Recurso Maceió (AL)


ALAGOAS
1
Borba (AM)
Carauari
Canarana (BA)
Canavieiras
1
1
Itiúba (BA)
Ituberá (BA)
Federal Arapiraca
Atalaia (AL)
Careiro (AM)
Coari (AM)
Candeias
Cândido Sales (BA)
Jacobina
Jaguaquara
4 Barra de Santo Antônio (AL) Eirunepé (AM) Cansanção (BA) Jaguarari (BA)
Barra de São Miguel (AL) Fonte Boa Capim Grosso (BA) 2 Jequié (BA)
Boca da Mata (AL) Humaitá 1 Caravelas 1 Jeremoabo (BA)
Campo Alegre (AL) Iranduba (AM) 1 Carinhanha (BA) Jitaúna (BA)
Coqueiro Seco (AL) Itacoatiara (AM) Casa Nova Juazeiro
Coruripe (AL) Jutaí Castro Alves 1 Lapão (BA)
Craíbas (AL) Lábrea Catu 1 Lauro de Freitas
Delmiro Gouveia (AL) 11 Manacapuru (AM) Cícero Dantas (BA) Livramento do Brumado (BA)
Feira Grande (AL) Manicoré Coaraci Macaúbas (BA)
Girau do Ponciano (AL) 8 Maués Conceição do Coité Madre de Deus
Igaci (AL) Nova Olinda do Norte (AM) Conceição do Jacuípe (BA) Mairi (BA)
Igreja Nova (AL) 8 Parintins Conde Maracás (BA)
Joaquim Gomes (AL) Santo Antônio do Içá 1 Coração de Maria (BA) Maragojipe
Junqueiro (AL) 1 São Gabriel da Cachoeira (AM) Correntina (BA) Mata de São João
Limoeiro de Anadia (AL) São Paulo de Olivença (AM) 5 Cruz das Almas Medeiros Neto (BA)
Maragogi (AL) 1 Tabatinga (AM) 1 Curaçá Miguel Calmon (BA)
1 Marechal Deodoro Tapauá (AM) 1 Dias d’Ávila Monte Santo (BA)
Mata Grande (AL) Tefé (AM) Encruzilhada (BA) Morro do Chapéu
Matriz de Camaragibe (AL) AMAPÁ 7 Entre Rios Mucuri
Messias (AL) 1 Macapá Esplanada Mundo Novo (BA)
Murici (AL) Santana Euclides da Cunha Muritiba (BA)
1 Palmeira dos Índios (AL) 1 Laranjal do Jari (AP) Eunápolis 1 Mutuípe (BA)
1 Pão de Açúcar (AL) BAHIA Feira de Santana 6 Nazaré
4 Paripueira (AL) Salvador Guanambi (BA) Nova Soure (BA)
6 Penedo (AL) Alagoinhas Guandu Nova Viçosa
Pilar (AL) Alcobaça Guaratinga (BA) Olindina (BA)
1 Piranhas 1 Amargosa (BA) Iaçu Oliveira dos Brejinhos (BA)
Porto Calvo (AL) Amélia Rodrigues (BA) Ibicaraí Palmas de Monte Alto (BA)
LEGENDA dos recursos ($) 2 Rio Largo (AL) Anagé (BA) Ibirapitanga Paratinga (BA)
OGU-SNPU 1 Santa Luzia do Norte (AL) Araci Ibirataia (BA) Paripiranga (BA)
DIHBB 2 1 Santana do Ipanema (AL) Baixa Grande (BA) Ibotirama Paulo Afonso
FURNAS 3 São José da Laje (AL) Barra Iguaí (BA) Pilão Arcado (BA)
PRODETUR 4 São José da Tapera (AL) Barra da Estiva (BA) 2 Ilhéus Pindobaçu (BA)
OGU-EMENDA PARLAMENTAR 5 São Luís do Quitunde (AL) Barra do Choça 1 Inhambupe (BA) Planalto (BA)
MONUMENTA 6 São Miguel dos Campos (AL) 11 Barreiras Ipiaú Poções
CNPQ 7 São Sebastião (AL) Belmonte Ipirá Pojuca
BR 163 8 Satuba (AL) Boa Nova (BA) Irará (BA) Porto Seguro
HABITAT 9 Teotônio Vilela (AL) 1 Bom Jesus da Lapa 5 Irecê (BA) Prado
CIDADES GÊMEAS 10 Traipu (AL) 5 Boquira (BA) Itabela (BA) Queimadas (BA)
TAL 11 1 União dos Palmares (AL) Brumado Itaberaba Quijingue (BA)
PNAFM 12 Viçosa (AL) Cachoeira 2 Itabuna Rafael Jambeiro (BA)
Amazonas Caculé (BA) Itajuípe Remanso (BA)

86 plano diretor participativo


$ MUNICÍPIO $ MUNICÍPIO $ MUNICÍPIO $ MUNICÍPIO $ MUNICÍPIO
Riachão das Neves (BA) Barro (CE) 1 Pacajus Pedro Canário (ES) Pirenópolis
Riaçhão do Jacuípe Baturité (CE) 1 Pacatuba Pinheiros (ES) Pires do Rio (GO)
1 Riacho de Santana (BA) 9 Beberibe 4 Paracuru (CE) Santa Maria de Jetibá (ES) 2 Planaltina
Ribeira do Pombal Bela Cruz (CE) 4 Paraipaba (CE) Santa Teresa (ES) 1 Porangatu (GO)
Rio Real (BA) Boa Viagem (CE) Parambu (CE) São Gabriel da Palha (ES) Posse (GO)
Ruy Barbosa Brejo Santo (CE) Pedra Branca (CE) 4 São Mateus (ES) Quirinópolis (GO)
Santa Cruz de Cabrália Camocim (CE) Pentecoste (CE) 1 Serra (ES) Rio Verde (GO)
Santa Maria da Vitória Campos Sales (CE) Quixadá (CE) Viana (ES) Santa Helena de Goiás (GO)
Santa Rita de Cássia (BA) Canindé (CE) Quixeramobim (CE) Vitória Santo Antônio de Goiás (GO)
Santaluz (BA) Caririaçu (CE) 11 Redenção (CE) Goiás Santo Antônio do Descoberto
1 Santana (BA) Cascavel (CE) Reriutaba (CE) Goiânia (GO) 1 São Luís de Montes Belos (GO)
2 Santo Amaro Caucaia Russas (CE) Abadia de Goiás (GO) São Miguel do Araguaia (GO)
Santo Antônio de Jesus Cedro (CE) Santa Quitéria (CE) Abadiânia Senador Canedo (GO)
Santo Estêvão (BA) 11 Chorozinho 11 Santana do Acaraú (CE) Água Fria de Goiás Trindade (GO)
São Felipe (BA) Crateús (CE) São Benedito (CE) Águas Lindas de Goiás Uruaçu (GO)
São Francisco do Conde 1 Crato (CE) 4 São Gonçalo do Amarante Alexânia Valparaíso de Goiás
São Gonçalo dos Campos (BA) 1 Eusébio Senador Pompeu (CE) 11 Anápolis (GO) Maranhão
São Sebastião do Passé (BA) Farias Brito (CE) 6 Sobral Aparecida de Goiânia (GO) 1 São Luis
1 Seabra (BA) 1 Granja Tabuleiro do Norte (CE) Aragoiânia (GO) Açailândia
Senhor do Bomfim Guaiúba Tamboril (CE) Cabeceiras 4 Alcântara
Sento sé Guaraciaba do Norte (CE) 7 Tauá (CE) Caldas Novas (GO) Alto Alegre do Maranhão (MA)
Serra do Ramalho (BA) 1 Horizonte Tianguá (CE) Catalão (GO) Alto Alegre do Pindaré
Serrinha Ibiapina (CE) Trairi (CE) Cidade Ocidental Amarante do Maranhão
2 Simões Filho 6 Icó (CE) Ubajara (CE) Cocalzinho de Goiás 1 Anajatuba (MA)
Sobradinho (BA) Iguatu (CE) Várzea Alegre (CE) Corumbá de Goiás Araioses (MA)
Tanhaçu (BA) Independência (CE) 4 Viçosa do Ceará (CE) Cristalina Arame (MA)
Teixeira de Freitas Ipu (CE) Distrito Federal Formosa Arari (MA)
Teofilândia (BA) Ipueiras (CE) 1 Brasília Goianápolis (GO) Bacabal (MA)
Tremedal (BA) Itaitinga EspÍrito Santo Goianésia (GO) Balsas (MA)
Tucano Itapagé (CE) 1 Vila Velha Goianira (GO) 1 Barra do Corda (MA)
Uauá (BA) 4 Itapipoca (CE) Afonso Claúdio (ES) Goiás (GO) Barreirinhas (MA)
Ubaíra (BA) 4 Itarema (CE) Alegre (ES) Goiatuba (GO) Bom Jardim
Ubaitaba (BA) Jaguaribe (CE) Aracruz (ES) 1 Hidrolândia 1 Brejo
Ubatã (BA) Jaguaruana (CE) Baixo Guandu (ES) Inhumas (GO) Buriti (MA)
1 Una (BA) Jardim (CE) Barra de São Francisco (ES) Ipameri (GO) Buriti Bravo (MA)
Uruçuca (BA) 1 Juazeiro do Norte (CE) Cachoeiro de Itapemirim (ES) Iporá (GO) Buriticupu
Valença Jucás (CE) 1 Cariacica (ES) Itaberaí (GO) Carolina
Vera cruz Lavras da Mangabeira (CE) Castelo (ES) Itapuranga (GO) Caxias (MA)
Vitória da Conquista Limoeiro do Norte (CE) 4 Colatina (ES) 1 Itumbiara (GO) Chapadinha (MA)
Wenceslau Guimarães (BA) 1 Maracanaú Conceição da Barra (ES) 1 Jaraguá (GO) Codó (MA)
Xique-Xique Maranguape 1 Domingos Martins (ES) Jataí (GO) Coelho Neto (MA)
Ceará Marco (CE) Ecoporanga (ES) 1 Jussara (GO) Colinas (MA)
Fortaleza Massapê (CE) Fundão (ES) Luziânia Coroatá (MA)
Acaraú (CE) Mauriti (CE) Guaçuí (ES) Mimoso de Goiás 1 Cururupu (MA)
1 Acopiara (CE) Milagres (CE) Guarapari (ES) Minaçu (GO) Dom Pedro (MA)
1 Amontada Missão Velha (CE) Itapemirim (ES) Mineiros (GO) Esperantinópolis (MA)
4 Aquiraz Mombaça (CE) Iúna (ES) Morrinhos (GO) Estreito
6 Aracati (CE) Morada Nova (CE) 4 Linhares (ES) Nerópolis (GO) Governador Nunes Freire (MA)
Aracoiaba (CE) Nova Russas (CE) Marataízes Niquelândia (GO) Grajaú (MA)
Assaré (CE) 1 Novo Oriente (CE) Mimoso do Sul (ES) Novo Gama 1 Humberto de Campos (MA)
Aurora (CE) 11 Ocara (CE) Nova Venécia (ES) Padre Bernardo 1 Icatu (MA)
Barbalha (CE) Orós (CE) 4 Pancas (ES) Piracanjuba (GO) Imperatriz

plano diretor participativo 87


$ MUNICÍPIO $ MUNICÍPIO $ MUNICÍPIO $ MUNICÍPIO $ MUNICÍPIO
Imperatriz (MA) Araxá (MG) 2 Governador Valadares 3 Nepomuceno (MG) Sarzedo
1 Itapecuru Mirim (MA) Arcos (MG) Guanhães (MG) 1 Nova Lima 4 Serro (MG)
Itinga do Maranhão Baldim 3 Guaxupé (MG) Nova Serrana (MG) Sete Lagoas (MG)
João Lisboa 5 Bambuí (MG) Ibiá (MG) Nova União Taiobeiras (MG)
Lago da Pedra (MA) Barão de Cocais (MG) 1 Ibirité 1 Novo Cruzeiro (MG) Taquaraçu de Minas
Matões (MA) Barbacena (MG) Igarapé 1 Oliveira (MG) 1 Teófilo Otoni (MG)
1 Monção (MA) Bela Vista de Minas (MG) Inhapim (MG) 1 Ouro Branco (MG) Timóteo
Paço do Lumiar (MA) Betim 2 Ipatinga (MG) Ouro Fino (MG) Três Corações (MG)
Parnarama (MA) Boa Esperança (MG) Itabira (MG) 6 Ouro Preto (MG) 11 Três Marias (MG)
Pedreiras (MA) Bocaiúva (MG) Itabirito (MG) Pará de Minas (MG) 3 Três Pontas (MG)
1 Penalva (MA) Bom Despacho (MG) Itaguara Paracatu (MG) Tupaciguara (MG)
1 Pindaré Mirim (MA) Brasília de Minas (MG) Itajubá (MG) Paraopeba (MG) Ubá (MG)
Pinheiro Brumadinho 4 Itamarandiba (MG) Passos (MG) 2 Uberaba (MG)
Pio XII (MA) Buritis 1 Itambacuri (MG) Patos de Minas (MG) Uberlândia (MG)
Poção de Pedras (MA) Buritizeiro (MG) Itaobim (MG) Patrocínio (MG) Unaí
Presidente Dutra (MA) 6 Caeté 3 Itapecerica (MG) Pedra Azul (MG) 1 Varginha (MG)
Raposa (MA) Camanducaia (MG) 5 Itatiaiuçu 1 Pedro Leopoldo Várzea da Palma (MG)
Riachão (MA) Cambuí (MG) 1 Itaúna (MG) Pirapora (MG) 1 Vespasiano
1 Rosário (MA) 3 Campestre (MG) Ituiutaba (MG) 7 Pitangui (MG) Viçosa (MG)
Santa Helena 3 Campo Belo (MG) Iturama (MG) 3 Piuí (MG) Visconde do Rio Branco (MG)
Santa Inês (MA) 3 Campos Gerais (MG) 1 Jaboticatubas Poços de Caldas (MG) Mato Grosso do Sul
Santa Luzia 4 Capelinha (MG) Jaíba (MG) 11 Pompéu (MG) 2 Campo Grande
Santa Luzia do Paruá Capim Branco 1 Janaúba (MG) Ponte Nova (MG) Amambai (MS)
1 Santa Quitéria do Maranhão (MA) 1 Caraí (MG) Januária (MG) Porteirinha (MG) 1 Anastácio (MS)
Santa Rita (MA) Carandaí (MG) Jequitinhonha (MG) 1 Pouso Alegre (MG) 1 Aquidauana (MS)
São Bento (MA) Carangola (MG) João Monlevade (MG) Prata (MG) Bela Vista (MS)
São Bernardo (MA) Caratinga (MG) João Pinheiro (MG) Raposos Caarapó (MS)
São Domingos do 1 Carlos Chagas (MG) Juatuba Raul Soares (MG) Cassilândia (MS)
Maranhão (MA)
São João dos Patos (MA) Carmo do Paranaíba (MG) Juiz de Fora (MG) Ribeirão das Neves 6 Corumbá
4 São José de Ribamar (MA) 6 Cataguases (MG) 1 Lagoa da Prata Rio Acima Coxim (MS)
São Luís Gonzaga do Caxambu (MG) Lagoa Santa Rio Manso Dourados
Maranhão (MA) Cláudio (MG) 3 Lavras (MG) Rio Pardo de Minas (MG) Ivinhema (MS)
São Mateus do Maranhão (MA)
Confins 7 Leopoldina (MG) 6 Sabará 4 Jardim (MS)
Timbiras (MA)
Congonhas (MG) 3 Machado (MG) Sacramento (MG) Maracaju
1 Timon (MA)
Conselheiro Lafaiete (MG) Manga (MG) Salinas (MG) Miranda (MS)
Tuntum (MA)
Conselheiro Pena (MG) Manhuaçu (MG) 6 Santa Bárbara (MG) Naviraí (MS)
Turiaçu (MA)
1 Contagem 7 Manhumirim (MG) 6 Santa Luzia Nova Andradina (MS)
Tutóia (MA)
Coração de Jesus (MG) Mantena (MG) 7 Santa Rita do Sapucaí (MG) Paranaíba (MS)
1 Vargem Grande (MA)
Corinto (MG) Mariana (MG) Santana do Paraíso (MG) 9 Ponta Porã
1 Viana (MA)
Coromandel (MG) Mário Campos Santo Antônio do Monte (MG) Rio Brilhante (MS)
Vitória do Mearim (MA)
5 Coronel Fabriciano (MG) 1 Mateus Leme Santos Dumont (MG) Sidrolândia (MS)
Vitorino Freire (MA)
11 Curvelo (MG) Matozinhos São Francisco (MG) Três Lagoas (MS)
Zé Doca
4 Diamantina (MG) Medina (MG) São Gonçalo do Sapucaí (MG) MATO GROSSO
Minas Gerais
Divinópolis (MG) Minas Novas (MG) São Gotardo (MG) Cuiabá (MT)
Belo Horizonte
3 Elói Mendes (MG) Monte Azul (MG) São João da Ponte (MG) Alta Floresta
7 Abaeté (MG)
Esmeraldas Monte Carmelo (MG) 6 São João del Rei (MG) Barra do Bugres (MT)
Aimorés (MG)
Espera Feliz (MG) Monte Santo de Minas (MG) São João do Paraíso (MG) Barra do Garças (MT)
Além Paraíba (MG)
Espinosa (MG) Montes Claros (MG) São João Nepomuceno (MG) Cáceres (MT)
3 Alfenas (MG)
Florestal Muriaé (MG) São Joaquim de Bicas Colíder
Almenara (MG)
3 Formiga (MG) Mutum (MG) São José da Lapa Guarantã do Norte
Andradas (MG)
Francisco Sá (MG) 3 Muzambinho (MG) São Lourenço (MG) Jaciara (MT)
1 Araçuaí (MG)
Frutal (MG) 1 Nanuque (MG) São Sebastião do Paraíso (MG) Juara (MT)
Araguari (MG)

88 plano diretor participativo


$ MUNICÍPIO $ MUNICÍPIO $ MUNICÍPIO $ MUNICÍPIO $ MUNICÍPIO
1 Juína 1 Juruti 1 Cabedelo Canhotinho (PE) Salgueiro (PE)
Mirassol d’Oeste (MT) Mãe do Rio (PA) Cajazeiras (PB) Carpina (PE) Santa Cruz do Capibaribe (PE)
Peixoto de Azevedo 1 Marabá 1 Campina Grande (PB) Caruaru (PE) Santa Maria da Boa Vista
7 Poconé (MT) Maracanã (PA) Catolé do Rocha (PB) Catende (PE) 1 São Bento do Una (PE)
Pontes e Lacerda (MT) Marapanim (PA) 4 Conde (PB) Condado (PE) 1 São Caetano
Poxoréo (MT) 1 Marituba Cruz do Espírito Santo (PB) Cumaru (PE) São José do Belmonte (PE)
Primavera do Leste (MT) 8 Medicilândia Esperança (PB) Cupira (PE) São José do Egito (PE)
1 Rondonópolis (MT) Melgaço (PA) Guarabira (PB) Custódia (PE) São Lourenço da Mata
1 Sinop Mocajuba Itabaiana (PB) Escada (PE) Serra Talhada (PE)
1 Sorriso Moju Itaporanga (PB) 1 Exu (PE) Sertânia (PE)
Tangará da Serra (MT) Monte Alegre 1 Lagoa seca 1 Flores (PE) Sirinhaém
2 Várzea Grande (MT) 7 Muaná (PA) Lucena (PB) Floresta (PE) Surubim (PE)
PARÁ Novo Progresso Mamanguape (PB) Gameleira (PE) Tabira (PE)
Soure 1 Novo Repartimento Mari (PB) 1 Garanhuns (PE) Timbaúba (PE)
Abaetetuba 1 Óbidos 1 Monteiro (PB) Glória do Goitá (PE) Toritama (PE)
Acará (PA) Oeiras do Pará Patos (PB) Goiana 1 Trindade (PE)
Afuá (PA) Oriximiná 12 Pedras de Fogo 1 Gravatá (PE) Tupanatinga
Água Azul do Norte Pacajá (PA) Pombal (PB) Gravatá (PE) Vicência (PE)
Alenquer Paragominas Queimadas (PB) Ibimirim (PE) Vitória de Santo Antão (PE)
Almeirim 1 Parauapebas Rio Tinto (PB) 6 Igarassu PIAUí
1 Altamira Portel (PA) 1 Santa Rita (PB) 4 Ipojuca Teresina (PI)
Ananindeua 1 Porto de Moz São Bento (PB) 1 Ipubi (PE) 1 Altos
Augusto Corrêa (PA) Prainha 7 Sapé (PB) Itaíba Barras (PI)
Baião Redenção Solânea (PB) 4 Itamaracá 1 Batalha
Barcarena Rondon do Pará Sousa (PB) Itambé (PE) Beneditinos (PI)
2 Belém Rurópolis PERNAMBUCO 4 Itapissuma Campo Maior (PI)
1 Benevides Salinópolis (PA) Recife 1 Jaboatão dos Guararapes Cocal (PI)
Bragança (PA) Santa Bárbara do Pará 11 Abreu e Lima João Alfredo (PE) Coivaras (PI)
1 Breu Branco Santa Isabel do Pará (PA) Afogados da Ingazeira (PE) Lagoa do Itaenga (PE) Corrente (PI)
Breves (PA) Santa Maria do Pará (PA) Agrestina (PE) 1 Lagoa Grande (PE) Curralinhos (PI)
Bujaru (PA) Santana do Araguaia Água Preta (PE) Lajedo (PE) Demerval Lobão (PI)
Cametá 1 Santarém Águas Belas Limoeiro (PE) 1 Esperantina (PI)
Capanema (PA) São Domingos do Araguaia Aliança (PE) Macaparana (PE) Floriano (PI)
Capitão Poço São Domingos do Capim (PA) Altinho (PE) 2 Moreno 1 José de Freitas
Castanhal (PA) 8 São Félix do Xingu Amaraji (PE) Nazaré da Mata (PE) Lagoa Alegre (PI)
Conceição do Araguaia São Geraldo do Araguaia Araçoiaba 2 Olinda Lagoa do Piauí (PI)
Concórdia do Pará (PA) São Miguel do Guamá (PA) 1 Araripina Orobó (PE) 4 Luís Correia
Curralinho (PA) Tailândia (PA) Arcoverde (PE) 1 Orocó (PE) Luzilândia (PI)
Curuçá (PA) Tomé-Açu Barreiros 1 Ouricuri (PE) Miguel Alves (PI)
Dom Eliseu Tracuateua (PA) Belém de São Francisco (PE) Palmares (PE) Miguel Leão (PI)
Eldorado dos Carajás Tucumã Belo Jardim (PE) Panelas (PE) Monsenhor Gil (PI)
Garrafão do Norte 1 Tucuruí Bezerros (PE) Passira (PE) 6 Oeiras (PI)
Goianésia do Pará 8 Uruará Bodocó (PE) Paudalho (PE) Parnaíba
Gurupá (PA) 7 Vigia (PA) Bom Conselho (PE) 2 Paulista Pedro II (PI)
Igarapé-Açu (PA) Viseu (PA) Bom Jardim (PE) Pedra (PE) Picos (PI)
Igarapé-Miri 7 Xinguara 7 Bonito (PE) 1 Pesqueira (PE) Piracuruca (PI)
Ipixuna do Pará PARAÍBA Brejo da Madre de Deus (PE) Petrolândia (PE) Piripiri (PI)
Irituia (PA) João Pessoa Buíque (PE) 1 Petrolina 7 São Raimundo Nonato (PI)
8 Itaituba Alagoa Grande (PB) Cabo de Santo Agostinho Pombos (PE) 1 União
1 Itupiranga Areia (PB) Cabrobó (PE) Quipapá (PE) PARANÁ
8 Jacareacanga Bananeiras (PB) Caetés Ribeirão (PE) Curitiba
1 Jacundá 1 Bayeux (PB) Camaragibe Rio Formoso Adrianópolis (PR)

plano diretor participativo 89


$ MUNICÍPIO $ MUNICÍPIO $ MUNICÍPIO $ MUNICÍPIO $ MUNICÍPIO
Agudos do Sul 1 Londrina Arraial do Cabo Três Rios (RJ) Araricá
Almirante Tamandaré Mandaguaçu (PR) 5 Barra do Piraí (RJ) Valença (RJ) Arroio do Padre
Andirá (PR) Mandaguari (PR) Barra Mansa (RJ) 6 Vassouras (RJ) Arroio do Sal
7 Ângulo (PR) Mandirituba 5 Belford Roxo 1 Volta Redonda (RJ) Arroio dos Ratos
Apucarana (PR) 4 Marechal Cândido Rondon (PR) Bom Jardim (RJ) RIO GRANDE DO NORTE 5 Bagé (RS)
Arapongas (PR) Marialva (PR) Bom Jesus do Itabapoana (RJ) Natal (RN) Balneário Pinhal (RS)
Arapoti (PR) Maringá (PR) Cabo Frio Açu (RN) Bento Gonçalves (RS)
1 Araucária Matinhos Cachoeiras de Macacu (RJ) Apodi (RN) 1 Butiá (RS)
Assis Chateaubriand (PR) Medianeira (PR) Campos dos Goytacazes 7 Areia Branca (RN) Caçapava do Sul (RS)
Astorga (PR) Nova Esperança (PR) Casimiro de Abreu Caicó (RN) Cachoeira do Sul (RS)
Balsa Nova Ortigueira (PR) 1 Duque de Caxias Canguaretama (RN) 1 Cachoeirinha
Bandeirantes (PR) Paiçandu (PR) Guapimirim 4 Ceará-Mirim (RN) Camaquã (RS)
Bela Vista do Paraíso (PR) Palmas (PR) Iguaba Grande 1 Currais Novos (RN) Campo Bom
Bocaiúva do Sul Palmeira (PR) 1 Itaboraí 4 Extremoz (RN) 1 Candelária (RS)
Cambará (PR) 1 Palotina (PR) Itaguaí (RJ) 7 João Câmara (RN) Canela (RS)
Cambé (PR) 6 Paranaguá (PR) Itaocara (RJ) Macaíba (RN) Canguçu (RS)
2 Campina Grande do Sul Paranavaí (PR) 1 Itaperuna (RJ) Macau (RN) Canoas
Campo Largo Pato Branco (PR) Itatiaia (RJ) Mossoró (RN) Capão da Canoa
1 Campo Magro Pinhais (PR) Japeri 4 Nísia Floresta (RN) Capão do Leão (RS)
Campo Mourão (PR) Pinhão (PR) Macaé Nova Cruz (RN) Capela de Santana
Cascavel (PR) Piraí do Sul (PR) 2 Magé 4 Parnamirim (RN) Capivari do Sul (RS)
Castro (PR) Piraquara Mangaratiba Pau dos Ferros (RN) Caraã (RS)
Cerro Azul Pitanga (PR) 5 Maricá (RJ) Santa Cruz (RN) Carazinho (RS)
Chopinzinho (PR) Ponta Grossa (PR) 1 Mesquita Santo Antônio (RN) Carlos Barbosa (RS)
Cianorte (PR) Prudentópolis (PR) 1 Miguel Pereira (RJ) 4 São Gonçalo do Amarante (RN) Caxias do Sul (RS)
Colombo Quatro Barras Miracema (RJ) 1 São José de Mipibu (RN) 7 Charqueadas (RS)
1 Colorado (PR) Quedas do Iguaçu (PR) 5 Nilópolis São Miguel (RN) Cidreira
Contenda Quitandinha 1 Niterói Touros (RN) Cruz Alta (RS)
Cornélio Procópio (PR) Reserva (PR) 1 Nova Friburgo (RJ) RONDÔNIA Dois Irmãos (RS)
1 Coronel Vivida (PR) Rio Branco do Sul 1 Nova Iguaçu Porto Velho Dom Pedrito (RS)
1 Cruzeiro do Oeste (PR) Rio Negro (PR) Paracambi 1 Alta Floresta d’Oeste (RO) Dom Pedro de Alcântara
1 Dois Vizinhos (PR) Rolândia (PR) Paraíba do Sul (RJ) 5 Ariquemes 7 Eldorado do Sul (RS)
Doutor Ulysses Santa Helena (PR) Parati 1 Buritis Encruzilhada do Sul (RS)
Fazenda Rio Grande Santo Antônio da Platina (PR) Paty do Alferes (RJ) Cacoal (RO) Erechim (RS)
Foz do Iguaçu (PR) São José dos Pinhais Petrópolis (RJ) Colorado do Oeste (RO) Estância Velha
Francisco Beltrão (PR) São Mateus do Sul (PR) Piraí (RJ) Espigão d’Oeste (RO) 1 Esteio
Goioerê (PR) São Miguel do Iguaçu (PR) Queimados Guajará-Mirim (RO) Estrela (RS)
4 Guaíra (PR) Sarandi (PR) 2 Resende (RJ) Jaru Farroupilha (RS)
Guarapuava (PR) Sertanópolis (PR) 1 Rio Bonito (RJ) 1 Ji-Paraná Flores da Cunha (RS)
Guaratuba Tamarana (PR) Rio das Ostras 1 Machadinho d’Oeste 1 Frederico Westphalen (RS)
Ibaiti (PR) Telêmaco Borba (PR) Santo Antônio de Pádua (RJ) 1 Ouro Preto do Oeste Garibaldi
Ibiporã (PR) Tijucas do Sul São Fidélis (RJ) 1 Pimenta Bueno (RO) Glorinha
Iguaraçu (PR) Toledo (PR) São Francisco de Itabapoana (RJ) Presidente Médici (RO) Gramado (RS)
Imbituva (PR) Tunas do Paraná São Gonçalo 1 Rolim de Moura (RO) Gravataí
Irati (PR) Ubiratã (PR) 7 São João da Barra (RJ) São Miguel do Guaporé (RO) Guaíba
7 Itaperuçu Umuarama (PR) 2 São João do Meriti Vilhena (RO) 1 Guaporé (RS)
Ivaiporã (PR) União da Vitória (PR) São Pedro da Aldeia RORAIMA Igrejinha (RS)
Jacarezinho (PR) RIO DE JANEIRO 5 Saquarema (RJ) Boa Vista Ijuí (RS)
Jaguariaíva (PR) Rio de Janeiro Seropédica RIO GRANDE DO SUL Imbé (RS)
Jataizinho (PR) Angra dos Reis 1 Silva Jardim (RJ) Porto Alegre Itaqui (RS)
Lapa 5 Araruama 1 Tanguá (RJ) Alegrete (RS) Itati
Laranjeiras do Sul (PR) Armação de Búzios Teresópolis (RJ) Alvorada Ivoti

90 plano diretor participativo


$ MUNICÍPIO $ MUNICÍPIO $ MUNICÍPIO $ MUNICÍPIO $ MUNICÍPIO
7 Jaguarão (RS) Torres Fraiburgo (SC) 7 Santo Amaro da Imperatriz (SC) Americana (SP)
Júlio de Castilhos (RS) Tramandaí (RS) Garopaba (SC) São Bento do Sul (SC) Américo Brasiliense (SP)
Lagoa Vermelha (RS) Três Cachoeiras Garuva (SC) 7 São Bonifácio (SC) Amparo (SP)
Lajeado (RS) 1 Três de Maio (RS) 1 Gaspar (SC) São Francisco do Sul (SC) Andradina (SP)
Mampituba (RS) Três Forquilhas (RS) 4 Governador Celso Ramos (SC) São João Batista (SC) 1 Aparecida (SP)
Maquiné (RS) Três Passos (RS) Grão Pará (SC) São João do Itaperiú (SC) 1 Apiaí (SP)
Marau (RS) Triunfo Gravatal (SC) São Joaquim (SC) Araçatuba (SP)
Monte Belo do Sul (RS) 1 Tupanciretã (RS) Guabiruba (SC) 2 São José Araraquara (SP)
Montenegro Uruguaiana (RS) Guaramirim (SC) São Ludgero (SC) Araras (SP)
Morrinhos do Sul (RS) Vacaria (RS) 1 Herval d’Oeste (SC) São Martinho (SC) 1 Artur Nogueira (SP)
1 Nova Hartz Venâncio Aires (RS) Içara (SC) São Miguel d’Oeste (SC) Arujá
Nova Pádua (RS) Vera Cruz (RS) Ilhota (SC) São Pedro de Alcântara (SC) Assis (SP)
1 Nova Santa Rita Viamão Imaruí (SC) Schroeder (SC) Atibaia (SP)
Novo Hamburgo Xangri-lá (RS) Imbituba (SC) Siderópolis (SC) Avaré (SP)
Osório (RS) SANTA CATARINA 1 Indaial (SC) Sombrio (SC) 5 Bady Bassitt (SP)
Palmares do Sul (RS) 1 Joinville Itaiópolis (SC) 7 Tijucas (SC) Bariri (SP)
1 Palmeira das Missões (RS) Águas Mornas (SC) 2 Itajaí Timbó (SC) 1 Barra Bonita (SP)
1 Panambi (RS) 7 Alfredo Wagner (SC) Itapema Treviso (SC) Barretos (SP)
1 Parobé Angelina (SC) Itapoá (SC) Treze de Maio (SC) Barrinha (SP)
Passo Fundo (RS) 7 Anitápolis (SC) Jaguaruna (SC) Tubarão (SC) Barueri
6 Pelotas Antônio Carlos (SC) 1 Jaraguá do Sul Urussanga (SC) Bastos (SP)
Portão Apiúna (SC) Joaçaba (SC) 1 Videira (SC) Batatais (SP)
Quaraí (RS) Araquari (SC) Lages (SC) Xanxerê (SC) Bauru (SP)
6 Rio Grande (RS) Araranguá (SC) 6 Laguna Xaxim (SC) Bebedouro (SP)
Rio Pardo (RS) Armazém (SC) Lauro Muller (SC) SERGIPE Bertioga (SP)
Rosário do Sul (RS) Ascurra (SC) Leoberto Leal (SC) Aracaju Birigui (SP)
Santa Cruz do Sul (RS) 4 Balneário Barra do Sul (SC) Luiz Alves (SC) Barra dos Coqueiros (SE) Biritiba-Mirim
Santa Maria Balneário Camboriú (SC) 1 Mafra (SC) Boquim (SE) Boituva (SP)
Santa Rosa (RS) Barra Velha (SC) Major Gercino (SC) Capela (SE) 1 Botucatu (SP)
Santa Tereza (RS) Benedito Novo (SC) Massaranduba (SC) 4 Estância Bragança Paulista (SP)
1 Santa Vitória do Palmar (RS) 1 Biguaçu Monte Castelo (SC) 1 Itabaiana (SE) Cabreúva (SP)
1 Santana do Livramento (RS) 1 Blumenau Morro da Fumaça (SC) Itabaianinha (SE) Caçapava (SP)
Santiago (RS) 4 Bombinhas Navegantes Itaporanga d’Ajuda (SE) Cachoeira Paulista (SP)
Santo Ângelo (RS) Botuverá (SC) Nova Trento (SC) 1 Lagarto 1 Caieiras
1 Santo Antônio da Patrulha 1 Braço do Norte (SC) Nova Veneza (SC) 4 Laranjeiras (SE) Cajamar
São Borja (RS) Brusque (SC) Orleans (SC) Maruim (SE) Cajati (SP)
1 São Francisco de Assis (RS) 1 Caçador (SC) 2 Palhoça 7 Nossa Senhora da Glória (SE) Cajuru (SP)
São Gabriel (RS) 7 Camboriú (SC) Papanduva (SC) Nossa Senhora das Dores (SE) Campinas (SP)
1 São Jerônimo Campo Alegre (SC) Paulo Lopes (SC) Nossa Senhora do Socorro (SE) Campo Limpo Paulista (SP)
7 São José do Norte (RS) Campos Novos (SC) Pedras Grandes (SC) Poço Redondo (SE) Campos do Jordão (SP)
1 São Leopoldo Canelinha (SC) 4 Penha (SC) 1 Porto da Folha (SE) Canas (SP)
7 São Lourenço do Sul (RS) Canoinhas (SC) 4 Pomerode (SC) 1 Propriá (SE) Cândido Mota (SP)
São Luiz Gonzaga (RS) Capivari de Baixo (SC) 4 Porto Belo (SC) 6 São Cristóvão Capâo Bonito (SP)
São Marcos (RS) Chapecó (SC) Porto União (SC) Simão Dias (SE) 1 Capivari (SP)
São Sepé (RS) Cocal do Sul (SC) Rancho Queimado (SC) Tobias Barreto (SE) Caraguatatuba (SP)
Sapiranga Concórdia (SC) Rio do Sul (SC) SÃO PAULO 1 Carapicuíba
Sapucaia do Sul Corupá (SC) 7 Rio dos Cedros (SC) São Paulo Casa Branca (SP)
Soledade (RS) 1 Criciúma Rio Fortuna (SC) Adamantina (SP) Catanduva (SP)
Taquara Curitibanos (SC) Rio Negrinho (SC) Aguaí (SP) Cerquilho (SP)
Taquari (RS) Doutor Pedrinho (SC) Rodeio (SC) 1 Agudos (SP) Conchal (SP)
Terra de Areia 4 Florianópolis Sangão (SC) Alumínio (SP) Cordeirópolis (SP)
Teutônia (RS) Forquilhinha (SC) Santa Rosa de Lima (SC) Álvares Machado (SP) Cosmópolis (SP)

plano diretor participativo 91


$ MUNICÍPIO $ MUNICÍPIO $ MUNICÍPIO $ MUNICÍPIO
Cotia Itatiba (SP) 1 Pereira Barreto São José do Rio Pardo (SP)
Cravinhos (SP) 6 Itu (SP) 1 Peruíbe (SP) 2 São José do Rio Preto (SP)
Cruzeiro (SP) Itupeva (SP) Piedade (SP) 2 São josé dos Campos
Cubatão 1 Ituverava (SP) Pilar do Sul (SP) São Lourenço da Serra
7 Cunha (SP) Jaboticabal (SP) Pindamonhangaba (SP) São Manuel (SP)
Descalvado (SP) Jacareí (SP) Piquete (SP) São Miguel Arcanjo (SP)
Diadema Jaguariúna (SP) Piracaia (SP) 1 São Pedro (SP)
Dois Córregos (SP) Jales (SP) Piracicaba (SP) São Roque (SP)
Dracena (SP) Jandira Piraju (SP) São Sebastião (SP)
Dumont (SP) Jardinópolis (SP) Pirajuí (SP) 1 São Vicente (SP)
Embu (SP) Jaú (SP) Pirapora do Bom Jesus Serra Negra (SP)
1 Embu-Guaçu 1 José Bonifácio (SP) Pirapozinho (SP) 1 Serrana (SP)
Engenheiro Coelho (SP) Jundiaí (SP) Pirassununga (SP) Sertãozinho (SP)
Espírito Santo do Pinhal (SP) Juquiá (SP) Pitangueiras (SP) Socorro (SP)
Estiva Gerbi (SP) 1 Juquitiba Poá Sorocaba (SP)
1 Fernandópolis (SP) Laranjal Paulista (SP) Pontal (SP) 1 Sumaré
1 Ferraz de Vasconcelos Leme (SP) Porto Feliz (SP) 5 Suzano
Franca (SP) Lençóis Paulista (SP) Porto Ferreira (SP) 1 Taboão da Serra
1 Francisco Morato Limeira (SP) Pradópolis (SP) 7 Tambaú (SP)
1 Franco da Rocha Lins (SP) Praia Grande (SP) Tanabi (SP)
7 Garça (SP) Lorena (SP) Presidente Epitácio (SP) Taquaritinga (SP)
Guaíra (SP) Louveira (SP) Presidente Prudente (SP) Taquarituba (SP)
Guararapes (SP) Mairinque (SP) Promissão (SP) Tatuí (SP)
Guararema Mairiporã Rancharia (SP) Taubaté (SP)
Guaratinguetá (SP) Marília (SP) 1 Registro (SP) Teodoro Sampaio (SP)
Guariba (SP) Martinópolis (SP) Ribeirão Branco (SP) Tietê (SP)
2 Guarujá Matão (SP) Ribeirão Pires 7 Tremembé (SP)
Guarulhos Mauá Ribeirão Preto (SP) Tupã (SP)
Guatapará (SP) 1 Miracatu (SP) Rio Claro (SP) Ubatuba (SP)
Holambra (SP) Mirandopólis (SP) Rio das Pedras (SP) Valinhos (SP)
Hortolândia (SP) 2 Mirassol 1 Rio Grande da Serra Vargem Grande do Sul (SP)
Ibaté (SP) Mococa (SP) Rosana (SP) Vargem Grande Paulista
Ibitinga (SP) Mogi Guaçu (SP) Salesópolis 1 Várzea Paulista (SP)
Ibiúna (SP) Moji das Cruzes Salto (SP) Vinhedo (SP)
Igaraçu do Tietê (SP) Moji-Mirim (SP) 1 Salto de Pirapora (SP) Votorantim (SP)
Igarapava (SP) 1 Mongaguá Santa Bárbara d’Oeste (SP) Votuporanga (SP)
1 Iguape (SP) Monte Alto (SP) 1 Santa Cruz das Palmeiras (SP) TOCANTINS
Ilha Solteira (SP) Monte Mor (SP) Santa Cruz do Rio Pardo (SP) 2 Araguaína
Ilhabela (SP) Morro Agudo (SP) Santa Fé do Sul (SP) Araguatins
Indaiatuba (SP) Nova Odessa (SP) Santa Isabel 1 Colinas do Tocantins
Iperó (SP) 1 Novo Horizonte (SP) 1 Santa Rita do Passa Quatro (SP) Guaraí
Iracemápolis (SP) Olímpia (SP) Santa Rosa de Viterbo (SP) Gurupi (TO)
Itaí (SP) Orlândia (SP) Santana de Parnaíba Miracema do Tocantins
Itanhaém (SP) Osasco Santo Anastácio (SP) 2 Palmas
2 Itapecerica da Serra 1 Osvaldo Cruz (SP) Santo André (SP) Paraíso do Tocantins
Itapetininga (SP) Ourinhos (SP) Santo Antônio de Posse (SP) Porto Nacional (TO)
Itapeva (SP) Palmital (SP) Santos (SP) Tocantinópolis
Itapevi Paraguaçu Paulista (SP) 2 São Bernardo do Campo
2 Itapira Paulínia (SP) São Caetano do Sul
Itápolis (SP) Pederneiras (SP) 2 São Carlos
Itaquaquecetuba Pedreira (SP) São João da Boa Vista (SP)
Itararé (SP) Penápolis (SP) 1 São Joaquim da Barra (SP)

92 plano diretor participativo

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