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Muita gente confunde uma com a outra porque, no passado, foram

uma coisa só. Hoje, a ciência explica porque elas não estão mais no
mesmo ringue

Astrologia e astronomia nasceram com o mesmo objetivo: trazer


respostas do céu. Por muito tempo caminharam juntas, entre
cálculos matemáticos, predições e influências sobretudo na
agricultura e, sim, na medicina. Até surgir uma bifurcação, a
revolução científica do século XVII, quando o método experimental
escanteou a dedução abstrata.

Curiosamente, um divórcio decretado por alguém que conviveu com


a astrologia por um período de sua vida acadêmica: Galileu Galilei.
“A observação sistemática do céu por Galileu certamente levou o
estudo do cosmos a um novo patamar de sua compreensão. Ao
usar pela primeira vez uma luneta pra observar o céu, ele pôde
derrubar o geocentrismo”, explica o astrônomo Ricardo Ogando,
pesquisador do Observatório Nacional, do Rio de Janeiro.

Astrologia é ciência? Uma incontestável questão de ponto de vista

Geocentrismo é a tese de Ptolomeu (do século II a.C.) de que a


Terra estaria no centro do universo. Foi referência por quase um
milênio, até Galileu reforçar a teoria de Copérnico, o heliocentrismo,
que coloca o sol como protagonista da nossa galáxia. Uma
ressalva: claro que os astrólogos compreendem que o movimento
do sol (e dos demais astros) é apenas aparente, a partir da
perspectiva terrena. Esse “trajeto” do sol (chamado de eclíptica) é
fundamental para a elaboração dos mapas astrais e das previsões.
Eles consideram a passagem dos corpos celestes (e as influências
atribuídas a cada um deles) pelas constelações (os signos). Faz
sentido, mas, definitivamente, afasta qualquer possibilidade de
chamar a astrologia de ciência.

E é bom mesmo que a astrologia não reivindique ser considerada


uma ciência. Do contrário, sua estrutura milenar (que faz belo
diálogo com a mitologia grega) já estaria desconstruída há tempos.
Houve adaptações — Urano, Netuno e Plutão foram descobertos
recentemente (nos séculos XVIII, XIX e XX, respectivamente) e
incorporados ao zodíaco —, mas singelas perto das infinitas
possibilidades da Via Láctea. Tivesse que considerar todas as
evidências científicas, o período correspondente a cada signo
mudaria. Seja pela mudança do eixo da Terra no decorrer dos
séculos, seja por existir uma 13ª constelação, Serpentário. Ela é
solenemente ignorada nos horóscopos, assim como a
reclassificação de Plutão, agora apenas um planeta-anão.

Astrologia e astronomia

O fato é que a astrologia é fruto da sabedoria humana que habita a


Terra — esse pálido ponto azul no universo, como brilhantemente
refletiu o astrônomo Carl Sagan. “Imagine considerar a influência
dos milhares de exoplanetas que estamos descobrindo agora. Se
existir uma civilização inteligente em um desses planetas, como
será seu mapa astral? Não há uma resposta satisfatória para essa
pergunta”, comenta Ogando. Ele escolheu a astronomia por “culpa”
de Sagan e sua série de TV Cosmos, vista por mais de meio bilhão
de pessoas mundo afora desde 1980.

Mas entre astrologia e astronomia, nada que vem do céu impacta


nossas vidas, afinal? E tudo o que se fala das fases da Lua, por
exemplo? “A astronomia primordial se tratava de entender o dia e a
noite, as estações do ano. Entendemos tudo isso hoje graças à
gravitação universal de Isaac Newton: os planetas orbitam o Sol, a
Lua orbita a Terra, e a interação gravitacional entre eles causa as
marés, por exemplo. E a relatividade geral de Albert Einstein
expandiu nossa compreensão da natureza, com embasamento
físico matemático. Mas não existe nenhuma força planetária
atuando que influencie as personalidades na Terra”, decreta
Ogando, que vê a astrologia com um corpo de conhecimento antigo.
E tudo bem. “Não existe uma motivação lógica, científica, para rever
ou adaptar a astrologia. Quem quiser apreciá-la como era, ótimo”,
completa.

Astrologia: doses de emoção

Segundo a astróloga do jornal O Globo, Claudia Lisboa, o


horóscopo é uma pílula espiritual que deve ser tomada todos os
dias. “O mundo não deu conta da racionalidade. Somos infelizes,
ansiosos e angustiados”, reflete Lisboa, em entrevista à revista
Galileu. Sendo assim, quem aprecia pode seguir consultando seu
signo. Mas ciente de que astrologia e astronomia desvendam
mistérios cada uma à sua maneira, sem fazerem questão de se
misturar.
Artigo de opinião encontrado no site :http://4lab.co/combate-astrologia-e-astronomia/
Como cultivar o foco mental em nossas crianças e em nós mesmos

Por: Delaney Ruston, produtora do filme “Screenagers”

Como atingimos o máximo de nosso foco mental em um mundo


excessivamente conectado? Essa é a questão que o professor da
Universidade de GeorgeTown, autor e pai, Cal Newport, faz em seu
novo livro “Minimalismo Digital”. Ele escreve sobre os modos para
se diminuir a vida digital, mantendo as tecnologias que realmente
nos ajudam a pensar mais profundamente e criam um foco mental
maior.

Eu frequentemente falo sobre novas estratégias para ajudar as


crianças a focar nessa revolução tecnológica, seja impondo uma
regra para não utilização de celulares nas escolas ou meios de se
permanecer firme nas tarefas de casa. Então, eu sempre fico
animada para ouvir ideias de outras pessoas sobre ajudar a
pensarmos de maneira mais profunda.

Uma das razões de querer discutir esse tópico é ter a chance de


compartilhar com as nossas crianças algumas das estratégias que
usamos para manter o nosso foco mental. Quando falo com os mais
jovens, eles constantemente reclamam sobre adultos estarem
distraídos em seus celulares e nós estamos sempre trabalhando
nos dispositivos. Então, sutilmente reforçar esse ponto, bem como
permanecer nesta tarefa, é fundamental.

Cal Newport argumenta que nós devemos ser muito mais seletivos
sobre as tecnologias que adotamos para nossas vidas pessoais. Ele
também diz que devemos “reduzir radicalmente o tempo que
passamos online. Com isso, focar em um número menor de
atividades, pois estas são as coisas que valorizamos
profundamente”. Além disso, ele comenta algo que eu concordo: A
tecnologia não é, intrinsecamente, nem boa nem ruim. A chave é
usá-la para ajudar a alcançar os nossos objetivos e valores ao invés
de deixar-se ser usado por ela.”

Modos de como conseguir foco mental


Em uma entrevista para o New York Times, Newport conversa com
o escritor Tim Herrera sobre como conseguir foco mental. Aqui
estão alguns pontos principais que Newport aponta:

Deixar a tecnologia temporariamente para voltar à tecnologia útil

Primeiramente, ele sugere algo bem radical: Desistir de todas as


suas tecnologias, como mídias sociais, por um mês para refletir
sobre os seus valores. Após isso, ele sugere voltar apenas com as
coisas que de fato te ajudam a alcançar estes valores. A base da
ideia é que a pessoa precisa tomar decisões intencionalmente e de
forma seletiva em relação aos aplicativos e serviços que permitirão
ser utilizados em sua vida digital.

Eu acho muito interessante o procedimento usado por Newport


durante a pesquisa para “Minimalismo Digital”. Ele perguntou aos
membros inscritos em sua Newsletter se algum deles já havia
tentado esta ideia. Newport pensou que apenas algumas pessoas
poderiam já ter tentado, mas na verdade 1600 disseram que já
tinham feito isso. Eu não estou propondo que você vá tão longe. No
entanto, eu realmente acredito que quanto mais falarmos com
nossas crianças sobre esses valores e os objetivos de todos será
melhor. Além disso, será mais claro será para eles que muito tempo
na frente das telas pode atrapalhar.

Construir conscientemente os horários de trabalho

Newport diz a Herrera, “Você não pode apenas esperar até ter
tempo livre e cabeça para se concentrar. Você tem que lutar para
incorporar estas coisas na sua agenda. Isso ajuda, por exemplo, a
incluir trabalho concentrado no seu calendário, como se fossem
reuniões ou encontros. Após isso, você precisa proteger estas
tarefas como faria se tivesse marcado uma reunião para aquilo.”

Abraçar o tédio ajuda a ter reflexões profundas.

O autor diz a Herrera: “A habilidade de se concentrar é algo que


deve ser treinado se você quer fazer isso bem. Se você sempre
pega o seu celular e produz estímulos com o menor dos indícios de
tédio, o seu cérebro vai construir um condicionamento Pavloviano
entre o tédio e o estímulo. Isso significa que toda vez que você
estiver pensando profundamente, seu cérebro não irá tolerar isso.”

Inicialmente eu não concordo com a maneira como ele coloca o


pensamento como algo entediante. Entretanto, concordo que se
você constantemente interrompe o fluxo do seu cérebro, novas
conexões e conclusões mentais podem ser prejudicadas.

Como criar um fluxo de pensamentos sem distração?

Aqui estão três exemplos de coisas que eu faço para ajudar a criar
momentos de pensamento sem me distrair:

Eu desligo todas as notificações do meu celular, salvo mensagens


de texto. Por muito tempo, eu nem ao menos presto atenção em
notificações de pessoas que não precisem genuinamente de mim
no momento. Recentemente eu liguei novamente as notificações de
som, mas tenho pretendo desligá-las novamente.

Eu vou bastante a cafés para poder pensar, fazer pesquisas


escrever. Para ter um bom momento nestes cafés, eu ainda desligo
meu Wifi para evitar qualquer outra atividade.

Mantenho um caderninho ao lado do meu computador para que eu


possa escrever ideias que surjam repentinamente. Eu escrevo as
tarefas para lembrar de fazer elas mais tarde. Por exemplo,
enquanto eu escrevo tive vários pensamento sobre as coisas que
ainda preciso fazer, como encontrar a melhor rota para o local da
minha gravação hoje. Ao invés de pesquisar imediatamente eu
escrevo rapidamente estes pensamentos no caderninho. Assim, me
mantenho focada escrevendo este texto.

Em uma sociedade, é essencial que possamos discutir como


podemos criar pensamento com foco nas nossas crianças e
estudantes. Eu acho tão gratificante que educadores e
responsáveis pela tecnologia nas escolas estejam nos contatando
sobre o Screenagers. Elas são as responsáveis por integrar
tecnologias nas escolas, e demonstram que querem fazer isso da
melhor maneira possível.
Além disso, outra razão de eu querer falar disso é que os jovens
também estão pensando sobre essas questões. Quando eu as
pergunto sobre suas estratégias para se manterem no foco mental
elas compartilham comigo o que estão tentando. Hoje mesmo eu
estava filmando alguns estudantes do Ensino Fundamental e os
perguntei sobre este assunto. Usar um cronômetro ou colocar o
celular em modo avião enquanto fazem o dever de casa são alguns
dos truques mais usados.

Conclusão

Dessa forma, com base na Conversa de Terça sobre Tecnologia


desta semana, vamos explorar o “minimalismo digital” em
nossas crianças:

Quais são os seus valores e objetivos neste momento da sua vida?


Quanto destes objetivos requerem atenção e foco?

Quais são as estratégias que você tem tentado para criar um


momento livre de distrações?

Imagine que as telas desaparecessem do mundo e você tivesse


que escolher somente 3 atividades que dependam de computador,
celular ou aplicativos, quais você escolheria?

Você concorda com a seguinte frase? “Para poder pensar


profundamente, é necessário estar aberto a tolerar e abraçar
momentos de tédio.”

Artigo de opinião encontrado no site : http://4lab.co/foco-mental/

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