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DOI: 10.1590/1413-81232018237.

21152016 2327

Estratégias de redução de danos no uso prejudicial de álcool

REVISÃO REVIEW
e outras drogas: revisão de literatura

Harm reduction strategies regarding the misuse of alcohol


and other drugs: a review of the literature

Thaísa Borges Gomes 1


Marcelo Dalla Vecchia 1

Abstract The present study attempts to systemi- Resumo O presente estudo traz uma sistemati-
ze the experiences of those that have been treated zação acerca de experiências de atenção à saúde
in the primary health care system for alcohol and a pessoas que fazem uso prejudicial de álcool e
drug abuse with a view to obtaining reductions outras drogas que têm por base as diretrizes da
in the damages caused to Brazil and the world at redução de danos no Brasil e no mundo. Foi re-
large. A bibliographical study was conducted of alizado um levantamento bibliográfico em publi-
publications in Portuguese and in English over the cações de língua portuguesa e inglesa dos últimos
past ten years on the following databases SciE- dez anos hospedadas nas bases de dados SciELO,
LO, Lilacs, Medline and PsycINFO. After the se- Lilacs, Medline e PsycINFO. Após a seleção do cor-
lection of the corpus, meta-synthesis was carried pus, recorreu-se à metassíntese a fim de integrar o
out in order to integrate the material obtained. material obtido. Foi possível identificar e analisar
It was possible to identify and analyze advances avanços e impasses na implantação de estratégias
and impasses in the implementation of harm re- de redução de danos, bem como comparar as di-
duction strategies, and to compare the different ferentes abordagens identificadas nos serviços e
approaches identified in the services and care ac- ações de cuidado oferecidas aos usuários. Nota-se
tivities offered to users. We noticed that Harm Re- que a Redução de Danos tem se consolidado como
duction has become consolidated as a prevention estratégia de prevenção e tratamento e, dessa for-
and health care strategy; therefore, it is essential ma, torna-se imprescindível ampliar as produções
that more academic and scientific research in this acadêmica e científica na área.
area is conducted. Palavras-chave Redução de danos, Substâncias
Key words Harm reduction, Psychoactive drugs, psicoativas, Metassíntese, Políticas de Saúde
Meta-synthesis, Health policy

1
Departamento de
Psicologia, Universidade
Federal de São João Del-
Rei. Pç. Dom Helvécio 74,
Dom Bosco. 36301-160 São
João del-Rei MG Brasil.
thabog@gmail.com
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Gomes TB, Dalla Vecchia M

Introdução A meta de banimento das substâncias psico-


ativas tornadas ilícitas foi instituída como modo
Para compreender a relação do ser humano com de lidar com os problemas advindos do uso por
as substâncias psicoativas é necessário apreender a meio da “Guerra às Drogas”2. A I Conferência In-
historicidade desta relação nos âmbitos social, eco- ternacional do Ópio, ocorrida em Haia no ano de
nômico, político e cultural. Neste sentido, assim 1912, foi um marco fundador da ordem proibi-
como a sociedade se transforma ao longo da histó- cionista internacional, porém seu plano de ação
ria, as formas de consumir drogas também foram foi abandonado no decorrer do entre-guerras.
se modificando. O uso de substâncias psicoativas Em 1961, os Estados Unidos da América (EUA)
não é um fenômeno estritamente atual1-3. Seu ca- e a Organização das Nações Unidas (ONU) apro-
ráter milenar está atrelado a um comportamento vam a Convenção Única sobre Entorpecentes,
de aprendizado sobre o conhecimento e utilização estabelecendo as bases para o paradigma vigente.
de plantas e substratos de origens vegetal e animal O objetivo da Convenção é a aplicação de duras
para produzir alterações no estado de consciência4. sanções penais a quem comercializa substâncias
A utilização do ópio e de bebidas alcoólicas, por psicoativas proscritas. Esta abordagem orienta-
exemplo, esteve associado a rituais festivos e reli- se prioritariamente à redução da oferta, incen-
giosos presentes em diversas culturas2. tivando a escassez dos produtos, a veiculação de
A partir do final do século XV, marcado pelas informações pautadas pelo amedrontamento e o
grandes navegações, inicia-se a formação de um apelo moral de slogans tais como “Diga Não às
sistema mundial de difusão comercial e cultural. Drogas”5.
Pode-se registrar, desde aquela época, o tráfico es- O insucesso do modelo proibicionista foi
pecializado de certos gêneros, dentre eles o ópio e atestado pelo aumento mundial do tráfico e do
o tabaco. A América e o Oriente, novos continen- consumo de drogas6. Nesse âmbito, compreen-
tes, integram-se ao mundo moderno fornecendo de-se o usuário de drogas em termos de duas
tais insumos aos países europeus1. perspectivas: a moral/criminal e a da doença.
As mudanças sociais da Revolução Industrial O processo de estigmatização decorrente destas
desde fins do século XVIII geram mudanças nos perspectivas cria barreiras para a inclusão social e
padrões de consumo das substâncias psicoativas. também para o próprio tratamento, ao passo que
Surgem as drogas sintéticas, como por exemplo a o rótulo atrelado aos usuários de drogas dificulta,
cocaína. A oferta de novos psicoativos concomi- por exemplo, o acesso às instituições de saúde7.
tante à ascensão do capitalismo como modo de Em 1926, na Inglaterra, é divulgado o Rela-
produção hegemônico no século XX posiciona de tório Rolleston, recomendando aos médicos a
forma estratégica o comércio de drogas. Centenas prescrição de heroína e morfina como ato mé-
de milhões de dólares advêm como lucro da co- dico para pessoas que não reuniam condições
mercialização de substâncias ilegais e legais, como de cessar o uso, sendo a primeira vez que se tem
café, chás e fármacos. O álcool e o tabaco come- registro da indicação oficial de uma prática de re-
çam a ser produzidos em larga escala2. A difusão dução de danos (RD). Havia administração mo-
e a circulação desses produtos se tornou mais nitorada dessas drogas com dosagens prescritas
abundante com a expansão comercial e a produ- legalmente pelos médicos responsáveis, visando
ção em larga escala1. possibilitar uma vida mais estável e produtiva5.
Não obstante a relação perene do ser humano Porém, somente a partir da década de 1980 a RD
com as substâncias psicoativas, o padrão de con- passou a ser levada em conta como estratégia a
sumo de álcool e outras drogas iniciado no século ser adotada em sistemas de atenção à saúde. Sua
XX se diferencia dos modos de uso pretéritos. As viabilidade foi atestada pelas inovações e impor-
drogas alcançaram status comercial e regulação tantes resultados obtidos, inicialmente na pre-
econômica de âmbito estatal, com a distinção venção da AIDS8.
entre drogas ilícitas e lícitas obedecendo às con- A partir da implantação da política de RD na
junturas políticas, culturais e econômicas1. Junta- Holanda, em 1984, vários países do continente
mente com a maior disponibilidade e incentivo europeu passaram a adotar estas práticas, como
ao consumo das substâncias psicoativas por meio a Inglaterra, em 1985. Em seu primeiro momen-
da propaganda, os problemas associados ao uso to, a RD focava o controle da epidemia de AIDS
dessas substâncias atingiram abrangência popu- que assolava os usuários de drogas injetáveis. A
lacional, relacionando-se com o aumento da cri- maior parte dos projetos estava sendo norteada
minalidade, do narcotráfico, da marginalização e pela trocas de seringas e pela informação entre
de outros problemas sociossanitários5. pares. Além das doenças sexualmente transmis-
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síveis, registrava-se uma proliferação de casos de trabalho. O conceito é fruto da Carta de Ottawa,
hepatite entre usuários e dependentes5. oriunda da I Conferência Internacional sobre
Vale ressaltar o protagonismo dos junkie Promoção da Saúde, em 19866.
bonds na Holanda durante o processo de implan- Repudia-se, assim, o abandono e a discrimi-
tação dos programas, entidades auto-organiza- nação de pessoas que vivem problemas por faze-
das de usuários que ofereciam serviços de troca rem uso de álcool e outras drogas, que passaram
de seringas e informações à comunidade-alvo. ou passam por fracassos quanto à impossibilida-
Os programas foram sendo aprimorados com de de abstinência imediata, ou que ainda não se
a prescrição de drogas injetáveis como heroína vêem em condições de aderir a um tratamento6.
e cocaína com qualidade e dosagem controlada Em suma, dá-se maior visibilidade ao usuário
para indivíduos altamente dependentes, inclusão como sujeito de direitos, colocando-se em dis-
no trabalho e moradia, e tratamento para a de- cussão a responsabilidade individual e penal, a
pendência visando à desintoxicação3. liberdade de escolha, o autocuidado, a diversifi-
A RD não é só atraente no ponto de vista cação das modalidades de atenção (pluralização
humano, mas também é menos custosa e mais terapêutica) etc. como elementos fundamentais
eficiente quando comparada às abordagens tra- da conquista de direitos humanos e de cidadania.
dicionais, tornando-se um movimento interna- Busca-se qualificar a interface da saúde com a
cional3. Em alguns programas de RD são ofere- justiça, esporte, lazer, cultura e trabalho, atuando
cidos serviços de aconselhamento e informação sobre os fatores que predispõem ao uso, abuso e
não somente para o usuário como para a família dependência de substâncias psicoativas, e inse-
e cônjuges, além de grupos de ajuda mútua, assu- rindo a dinâmica social de forma ativa tanto no
mindo uma dimensão comunitária. Campanhas auxílio às pessoas que vivem problemas quanto
de vacinação contra as Hepatites A e B, e ações de nas ações preventivas. As práticas de prevenção
informação sobre direitos à saúde, são realizadas propostas pela RD abrangem a adoção de medi-
junto de pessoas em situação de vulnerabilidade das prévias ao surgimento e/ou agravamento da
como travestis, prostitutas, pessoas em situação situação, visando eliminar ou diminuir a pro-
de rua e homens que fazem sexo com outros ho- babilidade de ocorrência de danos individuais e
mens, além dos usuários de drogas injetáveis5. coletivos9.
No Brasil, as primeiras iniciativas de RD da- Não obstante, considera-se fundamental di-
tam do final da década de 1980 nas cidades de ferenciar política, programa e estratégia. As polí-
Santos, Rio de Janeiro e Salvador. Porém, a RD só ticas consistem em princípios norteadores, são as
passou a ser compreendida como uma estratégia diretrizes do sistema, apontando as concepções
no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) após que o embasam. Os programas, por sua vez, têm
o lançamento da Política de Atenção Integral a o intuito de produzir novas tecnologias, opera-
Usuários de Álcool e outras Drogas (PAIUAD) cionalizando as diretrizes propostas pelas políti-
do Ministério da Saúde em 2003. Essa Política cas indicando, por exemplo, como se dará o aces-
preconiza ações preventivas e de redução de da- so aos dispositivos e aos serviços assistenciais. As
nos, bem como o entrelaçamento das iniciativas estratégias, finalmente, são as ações cotidianas
de RD com os serviços do SUS, principalmente que definem, orientam e operam as políticas, in-
com os serviços da Rede de Atenção Psicosso- terpelando a atividade de trabalhadores, gestores
cial (RAPS) nos Centros de Atenção Psicossocial e cidadãos8.
(CAPS) e nos serviços de atenção básica à saúde, Ao se apreciar o panorama apresentado an-
como a Estratégia de Saúde da Família (ESF)5. teriormente, nota-se que a RD vem desfrutando
Um dos principais pontos dessa prática é par- de indiscutível consolidação, o que se reflete na
tir da singularidade do sujeito e de seus direitos produção de aportes teóricos e na divulgação de
enquanto cidadão. Os programas de RD invo- inovações no âmbito técnico-assistencial e de
cam em seu favor razões éticas e humanitárias, gestão. Porém, há dificuldades na transferência
a promoção da saúde e os direitos humanos6. A de conhecimento e/ou aprendizagem em políti-
promoção da saúde implica o protagonismo dos cas públicas, uma vez que os responsáveis pela
atores sociais em sua qualidade de vida e saúde, sua elaboração recorrem a recursos escassos. É
como um contraponto à medicalização da assis- importante caracterizar os programas de RD
tência, visando à autonomia e emancipação. In- quanto à situação política de implementação,
divíduos e grupos devem constituir meios para financiamento, histórico, relações de trabalho,
identificar aspirações, necessidades e modificar contexto legal, atividades desenvolvidas, parce-
favoravelmente suas condições de vida, saúde e rias e distribuição geográfica9. Nesta oportunida-
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de são revisados relatos de experiências de RD a ciar a pré-análise e considerações preliminares.


partir da produção científica indexada em bases Nesse processo, os textos foram organizados se-
de dados como meio para compreender os avan- gundo o seu país de origem. A Tabela 1 apresenta
ços e os entraves da implantação da RD no Brasil o número de artigos selecionados a partir das ba-
e no mundo. ses indexadas segundo a nacionalidade.
Foram analisados os problemas, as estratégias
e os conceitos abordados nas experiências rela-
Metodologia tadas, sistematizando as principais característi-
cas de cada trabalho. Registraram-se as técnicas
A metassíntese possibilita investigar relações e de RD utilizadas, a população-alvo e o local de
interações humanas, sem desconsiderar as expe- atuação. Nesse terceiro momento (metamétodo
riências singulares, e abarcando o sentido pró- e metanálise), visando identificar e interpretar as
prio de cada vivência10. É uma modalidade de semelhanças e as diferenças entre os diferentes
pesquisa qualitativa que possibilita, por meio da modelos de RD, a análise e a integração dos con-
análise e síntese de resultados, valorizar a evidên- teúdos se deu de forma mais direcionada, geran-
cia científica do processo de investigação quali- do a primeira síntese de resultados.
tativa11. Na síntese final apresenta-se uma sistematiza-
Desenvolve-se em quatro etapas. A primei- ção das técnicas adotadas, das peculiaridades dos
ra diz respeito à definição da amostra que será locais de atuação e das características do público
pesquisada e ao delineamento de um objeto de -alvo, exprimindo divergências, convergências e
estudo. Na fase subsequente, em que se reali- tendências das experiências de RD relatadas.
zam leituras minuciosas visando à produção dos
fichamentos, são detalhados os estudos e os le-
vantados dos primeiros resultados11. A terceira Resultados e Discussão
etapa, também conhecida como metanálise e me-
tamétodo, consiste na elaboração de uma síntese Na pesquisa realizada no SciELO utilizaram-se os
inicial dos resultados, com estabelecimento de descritores: “redução de danos”, “álcool e outras
critérios de interpretação do conteúdo e classi- drogas”, “estratégias”, “políticas públicas”, “saú-
ficação dos principais temas e subtemas. Por fim, de coletiva”, “usuários de drogas”, “drogadição”,
na quarta etapa, de metateoria e metassíntese harm reduction, harm reduction – model, harm
propriamente dita, o pesquisador irá descrever o reduction approach, public heath – harm reduction
fenômeno e redigir a síntese dos resultados11. e drug users. A Tabela 2 apresenta os resultados
Foram incluídos relatos de experiência pro- obtidos na busca.
fissional e de gestão, de cunho quantitativo ou Foram utilizadas as opções de busca ofere-
qualitativo, cujo conteúdo consistia na descrição cidas pelo Lilacs, e selecionados os artigos em
de serviços de RD publicados de 2005 a 2015. Fo- português e inglês que contemplassem os seguin-
ram excluídos trabalhos que não estavam escritos tes termos-chave: “redução de danos”, “abuso de
em português ou inglês. substâncias por via intravenosa”, “infecções por
Os termos procurados em língua portuguesa
foram: “redução de danos” com “estratégia”, “mo-
delo”, “práticas”, “metodologia” ou outros equiva-
lentes, e em língua inglesa: harm reduction com
strategies, model e approach. A seleção dos artigos
Tabela 1. Resultado das buscas realizadas nas bases de
ocorreu em três etapas: seleção pelo título, segui- dados selecionadas, segundo a nacionalidade, entre
da pela leitura do resumo e, finalmente, leitura 2005 e 2015.
do artigo na íntegra. A busca desses artigos se deu
País Número de Artigos
nas seguintes bases de indexação: Scientific Elec-
Brasil 13
tronic Library Online (SciELO), Literatura Lati-
Outros Países 13
no-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
Europa 9
(Lilacs), Medical Literature Analysis and Retrieval
EUA 5
System Online (Medline) e PsycINFO.
Irã 4
A segunda etapa consistiu na leitura minu-
Canadá 3
ciosa do material selecionado. Devido à grande
Nacionalidade múltipla 3
quantidade de artigos, foi adotado um agrupa-
Índia 2
mento inicial a fim de facilitar a leitura e propi-
Fontes: SciELO, Lilacs, Medline e PsycINFO.
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HIV”, “programa de troca de agulhas”, “drogas ilí- riormente citados, sete artigos foram excluídos
citas”, “álcool/política de saúde”, “usuário de dro- por não se enquadrarem, oito não foram locali-
gas”, “saúde pública” e “política social”. A seleção zados, e três eram repetidos. Assim, 51 artigos se-
totalizou 38 artigos, e seis cumpriram os critérios guiram aptos para a próxima etapa da pesquisa.
de inclusão. As mesmas opções de pesquisa fo- Posteriormente à leitura individual, realizou-
ram utilizadas no Medline, retornando um total se nova análise comparativa. Foram estabelecidos
de 4.982 artigos, sendo incluídos 31 trabalhos no critérios que possibilitaram agrupamento des-
corpus. se material, respeitando os elementos-chave e a
Por fim, no PsycINFO, foram utilizadas com- metodologia da metassíntese. A partir da síntese
binações entre: harm reduction, drugs, human, do material analisado, três aspectos principais so-
journal, peer reviewed journal, governament po- bressaltaram: (1) as técnicas adotadas, (2) o local
licy, public health, empirical study e quantitative/ de atuação e (3) a população-alvo.
qualitative study. Utilizando-se esses parâme-
tros, foram encontrados 120 artigos, sendo que Técnicas de RD
19 estavam em consonância com os objetivos da
pesquisa. A síntese desses resultados encontra-se Os programas de RD são sensíveis ao contex-
descrita na Tabela 3. to social, econômico e político nos quais estão
Após essa primeira seleção de artigos, foi re- inseridos. Essas singularidades propiciam dife-
alizada uma análise individual. Nesse momento, renças na forma de abordagem, na formação dos
orientando-se pelos critérios de inclusão ante- profissionais, na configuração das equipes e nos
serviços e produtos oferecidos12-15.
Além das diferenças culturais e socioeconô-
micas, a abrangência da cobertura também pro-
picia heterogeneidade entre os programas de RD,
podendo ser baixa ou alta. Os programas de baixa
Tabela 2. Resultado da busca realizada no SciELO cobertura atingem um número reduzido de usu-
entre 2005 e 2015. ários e, em sua maioria, encontram-se em fase de
Artigos Artigos implantação, como se pode observar em relatos
Termos Pesquisados do Nepal16, Camboja13, Brasil17 e Tailândia18. Os
encontrados utilizados
Drug Users 36 2 programas de alta cobertura, por sua vez, assis-
Harm Reduction 24 2 tem grandes extensões territoriais e contemplam
Políticas Públicas/Drogas 23 3 maior contingente de pessoas, como são os casos
Redução de Danos 19 4 do Reino Unido12, Alemanha19 e Austrália20. Em
Harm Reduction/Drugs 17 - países com alta cobertura a RD é uma estratégia
Estratégias/Drogas 12 1 consolidada há mais tempo12.
Drogadição 8 - No que tange ao financiamento, várias ex-
Saúde Coletiva 5 - periências relatadas recorrem ao orçamento pú-
Usuários de Drogas 3 1 blico, vinculando as políticas de RD às políticas
Álcool e Outras Drogas 1 - públicas de saúde, assistência social e segurança.
Total de Artigos 148 13 Este modelo de financiamento ocorreu em re-
latos do Brasil4,9,21,22, Canadá14, EUA (estado de
Fonte: SciELO.
Utah)23, Suiça24 e Espanha25,26, oportunizando
avanços na arena legislativa12,22,27,28.
A presença de organizações não governa-
mentais (ONGs) é comum, principalmente nos
Tabela 3. Resultado das buscas realizadas nas bases de países em que as estratégias de RD têm baixa
dados selecionadas entre 2005 e 2015. cobertura. As ONGs podem estar articuladas à
Bases Artigos Artigos política pública ou não, caso em que recorrem
Indexadas encontrados utilizados ao financiamento privado. A presença da parti-
Medline 4.982 31 cipação privada e modelos mistos ocorreram na
SciELO 148 13 Índia29, Brasil9, Espanha25, Canadá30 e em alguns
PsycINFO 120 19 países asiátiacos28. Os recursos advindos de em-
Lilacs 38 6 presas, fundações e corporações propiciam que
Total 5.288 69 esses serviços mantenham-se ativos16,29,31-33. Or-
Fontes: SciELO, Lilacs, Medline e PsycINFO.
ganizações internacionais multilaterais, como,
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por exemplo, a Organização das Nações Unidas cias da Tailândia e Espanha18,25. As seringas são
(ONU), também subsidiam a implantação e ma- insumos incluídos nos kits de RD na experiência
nutenção de alguns desses programas28,31. tailandesa32.
Os Agentes Redutores de Danos (ARD) e suas A oferta desses materiais tem levado a resul-
condições de trabalho também são ressaltados em tados positivos em termos de RD14,25. Os estudos
vários relatos4,6,9,17,21,22,34-37. Parte importante des- comprovam que essa oferta não aumenta a inci-
ses trabalhadores mantém um vínculo informal, dência de novos usuários e, não obstante, reduz
sendo, em sua maioria, voluntários, enquanto o consumo17. O serviço de troca de seringas está
outros são lideranças locais e ex-usuários, o que associado a uma gama maior de atividades junto
se observa em relatos do Brasil4,6,9,17,21,34,37, EUA36 dos usuários, tais como ações informativas, acon-
e Inglaterra35. A precariedade e instabilidade dos selhamento e testagem para o vírus HIV, dentre
vínculos de trabalho dificulta o desenvolvimen- outros9,12-14,17,18,25,28,29,32-34,38,39.
to profissional e a perenidade dos programas de Alguns estudos apontaram aspectos negati-
RD, relatada de forma explícita nas experiências vos, como a distância dos pontos de troca com
brasileiras6,9,17. os locais de uso, demandando grandes desloca-
Relata-se sobrecarga dos ARDs no cumpri- mentos dos usuários para a realização da troca
mento de sua atividade assistencial35. Dificulda- de suas seringas e agulhas ou entrega nos pontos
des relacionadas ao planejamento dessas ativi- de descarte, como ocorreu na Tailândia18. Outro
dades geram prejuízos ao serviço36. Além disso, fator inconveniente ao acesso a práticas de RD é
lacunas na capacitação interferem na qualidade o assédio da polícia próximo a esses ambientes,
da oferta assistencial aos usuários de álcool e ou- gerando medo e desconforto, conflitos descritos
tras drogas9,17,36. A proximidade das atividades nos relatos oriundos do Brasil12, Canadá14, Tai-
de RD com o tráfico de drogas ilícitas também é lândia18 e Espanha25.
indicada como um desafio a ser enfrentado coti- As salas de uso protegido são, também, uma
dianamente6. alternativa para o consumo, reduzindo fatores
A multiplicidade de saberes e de práticas tem de risco comuns nas cenas de uso. Esses locais
possibilitado a adaptação de modelos consolida- propiciam ambientes assépticos e seguros, dimi-
dos, bem como o desenvolvimento de inovações, nuindo o risco de contaminação e dispensando
que propõem intervenções mais adequadas aos o policiamento ostensivo, disponibilizados em
contextos locais17. Porém, não obstante à singula- experiências do Canadá14, Tailândia18, Espanha25
ridade das experiências, observa-se que as técni- e nos países europeus com alta cobertura20. Outra
cas descritas a seguir têm sido mais comumente vantagem é que não há o compartilhamento de
adotadas, devido às características de custo-be- seringas devido à disponibilidade de material e
nefício, custo-efetividade e benefícios às pessoas informações.
atendidas.
Informações e Aconselhamento
Troca de Seringas e Material Esterilizado
Serviços de informação e aconselhamento
A troca ou fornecimento de seringas continua são parte integrante da maioria das estratégias
sendo uma das práticas de RD mais amplamen- de RD. As informações podem ser repassadas
te adotadas, e utilizada em diversos países, como verbalmente aos usuários do serviço, bem como
Brasil9,12,17,34, Bangladesh12, China12,38, Ucrania12, em grupos de ajuda mútua. Irã15,40, EUA23, Tailân-
Rúsia12,33, Bielorússia12, Camboja13, EUA14,39, Tai- dia18, Suiça24, Índia29 Inglaterra35,41, Tanzânia32 e
lândia18, Índia29, Espanha25 , Canadá14, Tanzânia32 China38 adotaram intervenções informativas as-
e no continente asiático28. Isso se dá pelo seu bai- sociadas a outros serviços de RD. As informações
xo custo em relação a outros dispositivos, além preventivas também são difundidas por meio de
da comprovada eficácia. materiais impressos que acompanham, usual-
O acesso a esse serviço ocorre de maneira mente, os insumos fornecidos, como é o caso das
diferenciada, respeitando as características lo- seringas, cachimbos e os kits de RD ofertados em
cais12,17. As seringas podem ser trocadas ou dis- experiências no Brasil4,21,32 e na Tanzânia42.
tribuídas em serviços de saúde como ocorre na A informação entre pares, ou seja, entre usu-
Ásia e China28,38; nas próprias cenas de uso, como ários e ex-usuários, continua sendo indicada
descrito na experiência canadense14; em unida- como a forma mais eficiente de se oportunizar
des volantes ou em farmácias cadastradas nos troca de conhecimentos9,21,29,34,35,37. Sua eficácia
programas de RD, como é o caso das experiên- decorre tanto por ser realizada entre os pares
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quanto pelo caráter informal35. A oferta e a tro- da em diversos países tais como EUA45, Nepal16,
ca de informações sobre as drogas bem como a Índia46, Tailândia18, Indonésia31, Irã47,48, Brasil8,
respeito de formas de uso seguro previne riscos China38 e Malásia49.
evitáveis. Momentos informativos também pos- Um dos empecilhos apontados na utilização
sibilitam intervenções voltadas à autoestima e da Terapia de Substituição da heroína por meta-
ao autocuidado, proporcionando, consequen- dona é o seu alto custo8. Além disso, os usuários
temente, o reconhecimento de necessidades de do serviço apontam que o tratamento é demora-
saúde negligenciadas43. do e, muitas vezes, as doses padronizadas ofere-
A oferta de informações também contempla cidas são insuficientes. Esses aspectos dificultam
familiares e comunidade, visando superar ou a adesão ao tratamento46,49. Em uma experiência
pelo menos minimizar o estigma em torno do iraniana de RD, o alto custo da metodona foi
usuário de drogas e das propostas de RD, como contornado pela prescrição da naloxona, que
indicado em relatos dos EUA23, Suiça24 e Indoné- também minimiza os riscos de overdose por opi-
sia31. Ao receberem informações apropriadas so- áceos48. A disponibilização de medicamentos e
bre o uso prejudicial de drogas, família e comu- as orientações para seu uso têm sido uma forma
nidade podem protagonizar a oferta de cuidados de prevenir o risco de intoxicações agudas. Nesse
e de ações preventivas43. sentido, permanece uma alternativa a ser consi-
Serviços de aconselhamento beneficiam tan- derada para cessar o consumo, obter estabilidade
to usuários quanto familiares e podem ser aliados no uso ou prevenir as doenças relacionadas46.
ao apoio psicológico. No Brasil, o atendimento Novas opções vêm surgindo com o intuito
psicológico tem sido comumente utilizado9,34,43,44. de reduzir os danos causados pelas formas de
Além das experiências brasileiras, Irã15,40 , Tanzâ- administração das drogas. Na República Tche-
nia32 e China38 também o adotam como estratégia ca50, cápsulas de gelatina contendo a quantida-
de intervenção. A testagem do vírus HIV, serviço de desejada de metanfetamina são dispensadas
que compõe estratégias de RD, também é acom- para consumo via oral. Em experiências chinesas
panhada de aconselhamento38. ofereceu-se heroína fumada como possibilidade
para a diminuição do consumo ou para usuários
Kits de Redução de Danos com veias danificadas, reduzindo também o risco
de overdose51.
Os kits são uma oferta abrangente no que
tange aos cuidados de saúde do usuário, poden- Acesso aos Serviços de Saúde
do ter composições distintas de acordo com o e Assistência Social
público assistido. Comumente, os kits são com-
postos de: folhetos informativos, materiais para Algumas experiências envolveram a implan-
o tratamento de feridas, água destilada, preserva- tação de programas multidisciplinares e interse-
tivos e lubrificantes. Agulhas, seringas e cachim- toriais visando o acesso a cuidados de saúde e a
bos também são inclusos em alguns kits. A distri- serviços de assistência social, considerando a re-
buição desses materiais ocorre das mais variadas levância da atenção integral em face de situações
maneiras: em espaços de cuidado com a saúde, de vulnerabilidade. Além das informações sobre
nas cenas de uso por ARD ou em grupos de ajuda drogas e o fornecimento de cachimbos, seringas,
mútua e aconselhamento, sendo relatada nas ex- potes de diluição e outros materiais para o con-
periências do Brasil4,21,42 e Tanzânia32. sumo de drogas, os cuidados básicos também
são foco dessas intervenções. Nesse sentido essas
Terapias de Substituição propostas oferecem alimentação, higiene e/ou re-
pouso.
As Terapias de Substituição possuem uma Aspectos sociais também são trabalhados
longa trajetória como estratégia de RD. Inicial- através de oficinas de capacitação, rodas de con-
mente, a técnica se restringia à prescrição contro- versa e escuta terapêutica. Ressalta-se também
lada de heroína e morfina, ocorrendo principal- o acesso aos cuidados biomédicos por meio de
mente no continente europeu20,24. Com os avan- serviços ambulatoriais e hospitalares. Essas ações
ços farmacológicos, novas substâncias começa- inserem o sujeito em uma rede de cuidados, bus-
ram a fazer parte do rol de drogas de substitui- cando abarcar também lazer, cultura e educação.
ção, como é o caso da metadona e do composto Este tipo de estratégia pauta as experiências bra-
buprenorfina-naloxona, utilizadas no tratamento sileiras9,21,22,34,37,44, porém países como Tânzania32,
para a dependência de opiáceos, estratégia adota- Canadá14 e EUA39 também utilizam tais recursos.
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Gomes TB, Dalla Vecchia M

Locais de atuação e população-alvo considerar os riscos da proximidade com o tráfi-


co em seu planejamento e desenvolvimento6.
O mapeamento do território é uma impor- No que tange aos serviços de prevenção, re-
tante etapa dos programas de RD, que comu- corre-se a espaços formais ou informais de edu-
mente é feita pelos ARDs. Por meio do mapea- cação. Neles, é possível fazer intervenções de
mento, realizado em experiências da China12, cunho educativo e preventivo, e atividades visan-
Brasil4,22,34,37 e continente asiático28, é possível de- do à oferta de informações apropriadas sobre os
limitar a população-alvo e as cenas de uso, assim programas de RD, além de criar oportunidades
como as substâncias cujo consumo é mais fre- de formação para os profissionais da saúde e edu-
quente. Esse processo permite o desenvolvimento cação. A preocupação com a capacitação dos pro-
de atividades consistentes com a realidade local e fissionais é descrita em um relato da Indonésia31 e
condizentes com a demanda dos assistidos, deli- em experiências brasileiras22,52.
mitando as melhores estratégias e locais para a
atuação dos ARDs12,28.
A maioria das estratégias teve como popula- Considerações Finais
ção-alvo pessoas em situação de vulnerabilidade
social e que sofrem com a estigmatização socio- As estratégias de RD analisadas colaboraram
espacial39. As pessoas em situação de rua, os pro- para a melhoria das condições de vida e saúde e
fissionais do sexo, os homens que fazem sexo com a sobrevivência, visando manter os dependentes
outros homens e os moradores de áreas com in- de drogas inseridos na rede de atenção à saúde e
fraestrutura urbana precária são a população mais de assistência social, evitando a marginalização.
frequentemente assistida. Os cônjuges e os par- Buscam propiciar oportunidades de inclusão so-
ceiros sexuais dos usuários são também incluídos cial e oferecer condições para que o sujeito possa
nos programas de RD, bem como crianças e ado- repensar sua relação com as drogas. Tais medidas
lescentes em situação de exploração sexual4,9,15,29,39. destacam a multiplicidade de caminhos possíveis
Os locais de atuação variam de acordo com o para alterar a relação problemática que as pessoas
serviço prestado e o público que se deseja atingir. podem ter com as drogas.
As farmácias, como pontos de troca de agulhas e A RD ressalta a necessidade de reconhecer,
seringas e oferta de materiais esterilizados, foram em seu público-alvo, a singularidade da relação
utilizadas por programas da Tailândia18 e Espa- que as pessoas têm com suas drogas de preferên-
nha25. cia. Ao considerá-las a partir desta perspectiva,
Programas situados em instituições fechadas, torna-se possível traçar estratégias juntamente
como é o caso das prisões, requerem a atuação de do dependente de drogas que visem promover a
ARDs. Nesse caso, o agente realiza atividades de saúde, assegurando-lhe respeito à sua dignidade.
cunho informativo para o detento e funcionários A oferta de tratamento, então, ocorre como uma
do estabelecimento, oferecendo também terapias perspectiva de ganhos em termos de liberdade e
de substituição. Nos presídios do Irã40 e da Ma- autonomia, enfatizando a corresponsabilização
lásia49 recorreu-se às terapias de substituição. Há do sujeito pelo seu próprio tratamento21.
extensa variação e amplitude das atividades pro- Por maior que seja o rigor metodológico, a
postas, variando de acordo com as características metassíntese encontra-se sujeita aos vieses dos
e necessidades locais. A parceria com ONGs é re- pesquisadores em virtude de se tratar de síntese
latada em experiências brasileiras9,21,22,34, havendo e interpretação de resultados. No entanto, enten-
também propostas de atividades de RD em ins- de-se ter sido possível verificar que a RD vem se
tituições fechadas dos EUA14, Tailândia18, Suiça24, consolidando como estratégia de saúde no ce-
Índia29, Indonésia31 e Espanha26. nário internacional, sendo ainda tímidas as ini-
No caso das intervenções voltadas para cenas ciativas de governo em âmbito nacional. Apesar
de uso e áreas com precária infraestrutura ur- das especificidades devido às distintas realidades
bana é central a construção do vínculo do ARD socioeconômicas e culturais, os princípios éti-
com o usuário. O serviço pode ser oferecido em cos subjacentes às experiências de RD analisadas
unidades volantes e por meio de visitas aos domi- apontam para a garantia dos direitos humanos e
cílios e locais de uso. No Irã15, Espanha25, EUA39, a inclusão social dos usuários de drogas, ao pas-
Brasil4,9,22,37 e Canadá30 recorreu-se a espaços pú- so que programas e estratégias logram resultados
blicos comunitários para a oferta de ações de RD. sanitários dignos da atenção dos policy makers.
Nessa estratégia, a aproximação do ARD com a Apesar dos bons resultados, muitas barreiras
realidade do uso é mais estreita, porém, é preciso ainda são encontradas em sua implantação. Esses
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impedimentos estão atrelados às opções políticas ça das práticas de atenção aos usuários de álcool e
e aos valores morais tanto dos gestores quanto outras drogas, a institucionalização das ações de
dos próprios técnicos e profissionais responsá- RD é fundamental para assegurar a pluralização
veis por ações de cuidado. Várias experiências da oferta terapêutica a essas pessoas nos marcos
analisadas registram tais dificuldades e manifes- da atenção integral3,8.
tam a carência de apoio comunitário e político Vários trabalhos pontuam as dificuldades de
na implantação das propostas de RD. Outro fator mensuração dos resultados, abrangência e eficá-
é a própria capacitação dos profissionais da área, cia das estratégias de RD, apontando a necessi-
que é avaliada como insuficiente, assim como o dade de avaliações que supram essa lacuna18,22,28.
número de publicações referentes ao tema. O presente estudo não incluiu uma caracteriza-
Não obstante, além do caráter assisten- ção mais apurada das políticas e programas que
cial stricto sensu das estratégias de RD de baixa presidiram a proposição das estratégias adotadas,
abrangência, nota-se nos relatos revisados que os o que seria fundamental em estudos avaliativos.
programas de RD que receberam financiamento Um acompanhamento mais detalhado da im-
público e têm alta abrangência conquistaram ins- plantação desses serviços e pesquisas avaliativas
titucionalização legal. Sem desconsiderar a im- que investiguem o impacto sanitário das estra-
portância da dimensão sociocultural na mudan- tégias e técnicas utilizadas são perspectivas que
devem ser consideradas em estudos futuros.

Colaboradores

TB Gomes trabalhou na pesquisa e na redação e


M Dalla Vecchia na concepção, na metodologia e
na redação final.

Agradecimentos

À Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Ge-


rais (FAPEMIG) pela bolsa de Iniciação Cientí-
fica.
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Gomes TB, Dalla Vecchia M

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Artigo apresentado em 15/04/2016


Aprovado em 05/09/2016
Versão final apresentada em 07/09/2016

CC BY Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons

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