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O novo CPC afirma que o MP também pode propor a incompetência relativa
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O novo CPC acaba com a forma, simplificando, afirmando que tudo deve ser colocado na contestação
Se a forma for desrespeitada, a jurisprudência adota uma postura formalista, dizendo que tal não
deve ser recebida. Ou seja, se não excepcionar, excepcionar de forma errada ou fora do prazo é
a mesma coisa. Temos, assim, a prorrogação da competência do órgão/do juízo, ou seja, por
causa da inércia do réu o juiz que esta com a causa se torna competente, sanando o vício.
Se for excepcionado no prazo certo, de forma certa, o juiz analisa se esta tem a mínima
condição de prosseguir (se não, indefere de plano). Após isso, instaura-se a exceção e o próprio
juiz julga se ele é competente (aqui temos o princípio alemão da Kompentenz-Kompentenz), o
que não traz problemas pois aí são analisados apenas questões técnicas. Nesse ponto abre-se um
contraditório, para que as partes possam trazer provas relativas a isso e temos a decisão final de
primeiro grau. A ela cabe agravo de instrumento, que não tem efeito suspensivo. Na decisão o
juiz já define qual o foro competente, remetendo os autos para tal (este tem que aceitar, podendo
isso mudar somente com decisão do tribunal no agravo). É, portanto, uma defesa ditatória, ou
seja, aquela que não extingue o processo, só alonga seu curso.
A incompetência, quando acolhida, gera uma nulidade aos atos praticados ao juiz incompetente,
porém somente com arguição e comprovação do prejuízo da parte; tais atos são reavaliados pelo
juiz competente, que pode manter ou não tais atos. Atos somente procedimentais, que visam a
continuação do processo, não são tidas como nulas. Já os decisórios, como as liminares, podem
ser.
Outra regra de competência relativa é a conexão, ou seja, ações que são propostas por causas
muito parecidas ou questões derivadas do mesmo ato, podem ser juntadas. Isso para ter uma
economia processual e decisões não contraditórias. Porém, reforçando, isso só vale para
competência relativa.
Passamos, então, para as regras de competência absoluta, que servem para garantir que o
serviço jurisdicional funcione bem. Existem três regras para identificar quais são regras de
competência absoluta:
- Regras superiores são de competência absoluta, as inferiores podem ser ou não.
Portanto, todas as regras da CF são de competência absoluta.
- Das normas infraconstitucionais, a própria regra diz se ela é ou não. Ex: art. 94 ou 95,
CPC.
- Da análise da sistemática se conclui. É a competência que tem que se analisar. Portanto,
a maioria das vezes isso é fixado pela jurisprudência. Ex: falência- criação do juízo
universal da falência; é absoluta pois é preciso que o órgão jurisdicional saiba de todo o
passivo da empresa para que se possa julgar, sendo assim, é de ordem pública.
É muito comum estabelecer a regra de que a competência por pessoa (que juiz deve julgar por
causa do réu ou do auto), por matéria e a funcional são absolutas, ao passo que a territorial e de
valor da causa são relativas. Isso é afirmado pela maioria da doutrina, mas contém furos (ex:
juízo universal da falência é competência territorial; imóveis- foro competente é o do local do
imóvel; ambas são relativas).
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Essa determinação, ou seja, que pode ser protocolada no domicilio do réu, veio com a mudança do art.
305, parágrafo único do CPC, em 2006. Isso se deu devido discussões relativas ao Código de Defesa do
Consumidor, pois nos contratos de adesão (contratos em que a outra parte só “aceita”), normalmente
define-se o foro de eleição (ou seja, o foro é tido como consenso entre as partes), o que para a maioria da
jurisprudência é uma cláusula abusiva. O juiz podia, então, reconhecer de oficio essa cláusula, porém não
poderia remeter os autos ao domicilio do réu, pois não pode reconhecer sua incompetência relativa de
oficio. O réu deveria, então, se deslocar até o lugar em que os autos já estavam correndo, o que fazia com
que, muitas vezes, isso o impossibilitasse de exercer seu direito. Essa discussão também se deu no âmbito
de direito de família, em questões relativas à alimentos.
A competência absoluta pode ser arguida, por ser fixada para o bom funcionamento da justiça,
por qualquer um, portanto, o juiz pode arguir de ofício. A forma para isso é a preliminar de
contestação, ou seja, vem arguida na própria peça de defesa do réu, na parte preliminar a que
se fala no mérito (ou seja, na parte que se fala de defesas relativas a defeitos processuais). Caso
não seja alegada aí, pode-se alegar de qualquer forma a qualquer tempo (até depois de 2 anos da
coisa julgada) porque a norma é cogente, não podendo ser afastada, não havendo preclusão. Se
for comprovada má-fé, ou seja, proposta depois somente para alongar o processo, quem fez
pode ser penalizado. Aqui também é o próprio juiz que julga sua incompetência, e caso ele
decida que sim, remete os autos para o juiz competente. Isso muda nos JECs, se extingue o
processo porque a forma de petição inicial, a constituição ou não de advogado entre outras
coisas é muito diferente, sendo necessário que o autor proponha outra causa no juízo
competente. Os atos que foram praticados antes de declarada a competência absoluta, os atos
decisórios se tornam nulos, já os atos procedimentais continuam válidos.
Resumindo:
Absoluta Relativa
Inércia Prorrogação
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Agravo de instrumento é um tipo de agravo que é julgado imediatamente pelo tribunal, não tendo
necessidade de se esperar a apelação para se julgar, como o agravo retido.
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O atual Código de Processo Civil fala em competência, porém, com o sentido de jurisdição. O novo
Código traz expressa a palavra “jurisdição”, em seus arts. 21 e ss, deixando a questão mais precisa.
No estado, temos a divisão em comarcas ou foros, que são os âmbitos territoriais. Na
federal, temos as sessões judiciárias. A regra é a de foro do domicílio do réu, mas
existem uma série de regras específicas relativas aisso.
3.7. Quantos juízos (ou varas) há dentro dessa comarca?
Se for vara única, descobrimos a vara.
Se tiver mais de uma vara, precisamos primeiro saber se há especificação por matéria
(Ex: existem varas cíveis, ou varas cíveis e de família). Se não há especificação,
endereçamos para qualquer vara, e dentro das varas é feita a destruição. Se há, deve-se
respeitar a divisão por matéria, endereçando para aquelas varas específicas e lá dentro
faz-se a distribuição.
Atenção! As perguntas devem ser respondidas em ordem! Sendo assim, deve-se
determinar PRIMEIRO O FORO, E DEPOIS SE HÁ JUIZO ESPECIAL ALI OU
NÃO; se não há juízo especial, não se pode alegar que deve-se mudar o foro, sendo o
caso julgado naquela vara, mesmo que ela não seja especializada.
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O novo CPC traz em sua redação esse entendimento doutrinária unânime.
Art. 5º da lei: “A União poderá intervir nas causas em que figurarem, como autoras ou rés,
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autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas federais. Parágrafo
único. As pessoas jurídicas de direito público poderão, nas causas cuja decisão possa ter reflexos, ainda
públicos, afirmando que o modo de ingresso poderia se dar por meio de interesse
econômico. A jurisprudência e a doutrina afirmam que o modo de ingresso até pode ser
esse, mas se o interesse for meramente econômico, não se desloca o julgamento para
competência federal.
Quem verifica se a União e seus entes podem ingressar ou não, aferindo as condições de
ingressos, se se trata de interesse jurídico ou não é o foro federal. Se este deferir, o
processo fica ali mesmo, caso contrário volta para o juízo estadual. Isso acontece por que a
justiça federal existe por se mais especializada, e portanto, produz decisões melhores, tendo
que ser ela quem analise o interesse jurídico da União, por isso ser uma matéria
especializada. Caso seja um interesse econômico, e o juiz estadual que avalia as condições
de ingresso. Temos aí a súmula 150 do STJ.
Dentro da justiça federal, a competência de foro está determinada nos §1 e 2 do artigo:
“§ 1º - As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver
domicílio a outra parte”
“§ 2º - As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em
que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à
demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal”8
O parágrafo primeiro, então, define o foro competente quando a União é autora,
prevalecendo a regra do domicílio do réu. Já o parágrafo segundo traz quatro
competências, a escolha do autor, pois é o caso em que a União é réu; por serem passíveis
de escolha chamam competência concorrente. Uma vez escolhido, concentra a competência
naquele foro. A jurisprudência e doutrina majoritária interpreta que esses parágrafos só se
aplicam a União, portanto, quando esta for réu e alguém peticionar na justiça estadual a
professora acha que serão aplicadas às regras do CPC.
O parágrafo terceiro traz a chamada competência delegada.
“§ 3º - Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos
segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência
social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e se
verificada essa condição a lei poderá permitir que outas causas sejam também
processadas e julgadas pela justiça estadual.
A preocupação de tal parágrafo é o de acesso à justiça para questões previdenciárias, isso
porque logo no pós 88 tínhamos uma justiça federal precária, pouco estruturada e
capilarizada. Assim, se um hipossuficiente, principalmente econômico, quisesse propor
uma ação contra o INSS, deveria fazê-lo em sua sessão judiciária, porém essa sessão na
maioria dos casos não corresponde ao município que ele mora, pois, como já tido, a justiça
federal não é tão capilariza, tendo ele que se deslocar para propor a ação. A justiça estadual
costuma a ser muito mais capilarizada, não precisando o hipossuficiente se deslocar.
Portanto, o parágrafo afirma que nessas questões é permitido o autor propor na justiça
estadual. Por isso chama competência delegada. Porém, o quarto afirma que o recurso irá
para o TRF, pois estes estão na capital do Estado assim como os TJs, não tendo sentido
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Tais regras são copiadas para o novo CPC
manter a regra do terceiro.
5.2. Competência material (outros incisos): Matéria residual em caso civil, professora só leu o
artigo.
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Aqui se incluem também casos que tenham entes públicos que não sejam a União. Neles, é como se
estivesse tratando com outro particular
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O novo CPC, porém, muda isso, em seu art. 56, definindo que o domicílio passa a ser o de quem
estiver (de fato) com o filho incapaz. Caso não haja filho incapaz, será no foro que o casal por último
habitou, se nenhum deles habitar ali, é o foro do domicílio do réu.
não é possível. As causas da modificação são duas:
A. Vontade das partes (27/08/1411):
- Eleição de foro (foro eleitoral)
- Escolha de uma das competências concorrentes
Seria a prorrogação voluntaria. A vontade das partes pode ser manifestada por meio de
uma clausula chamada de clausula de eleição de foro, que é a forma expressa exigida
em lei12. O principal problema que temos aqui são em contratos de adesão, onde consta
tal clausula. A jurisprudência entende que em tais clausulas que não tem verdadeira
anuência do contratante, temos uma clausula abusiva, que pode ser assim considerada
por causado CDC ou mesmo do CC. Então essa discussão tomou tamanha importância
que hoje ela está no CPC, afirmando que o juiz pode declarar de ofício essa clausula
abusiva, e remeter tal processo para outro juiz13. Temos aqui uma exceção do fato do
juiz não poder declarar de oficio sua própria incompetência, pois isso seria a
decorrência da nulidade da clausula abusiva. Dois exemplos que são bastantes presentes
na jurisprudência são:
i. Demanda das concessionárias de veículo, pois estas não tem a menor
possibilidade de discussão com as fabricantes sobre as condições do
contrato, sendo eles somente contratos de adesão14. Por serem duas
empresas, não há aí uma relação de hipossuficiência que justifique essa
proteção que o sistema dá, não podendo o juiz dar de ofício a declaração de
cláusula abusiva. Afinal, a empresa tinha condições de conhecer o contrato
e se preparar para cumprir as cláusulas, não havendo um desequilíbrio
tamanho que justifique tal proteção. Aqui temos a necessidade, portanto,
da análise do mérito. O que acontece aqui, na maioria dos casos, é que
mesmo alegando essa dificuldade, as partes conseguem se defender de
forma adequada.
ii. Contrato de franquia; aqui existem decisões pros dois lados, mas a maioria
é no mesmo sentido do que os casos das concessionárias de veículos. Em
caso de pequenos franqueadores, isso se aproxima dos consumidores.
B. Para possibilitar uma melhor prestação jurisdicional, ou seja, na maioria das vezes um
juiz incompetente pelas regras de fixação passa a ser competente. Acontece nos casos:
- Quando se perde o prazo para excepcionar ou erra a forma. (prorrogação de
incompetência involuntária).
➢ Nesses três primeiros caso temos exercício da autonomia da vontade, portanto, a
prorrogação é voluntária.
C. Casos de conexão ou continência (art. 103 a 105,CPC):
- Temos aqui um caso de prorrogação legal, pois esta fundada no melhor
julgamento da causa. Temos nos artigos 103 e 104 a definição do que é conexão e
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Aula ministrada pelos monitores
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Lembrando aqui que essa é uma escolha do território, da comarca ou foro, pois a escolha dentro desses
territórios dos juízos é feito pelo regimento interno de cada local, o que é tido como competência absoluta
por tratar de questões de ordem pública, não podendo se facilitar a escolha de juízes para evitar
julgamentos tendenciosos.
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Isso vem de uma construção jurisprudencial de que o juiz poderia declarar de ofício que a clausula era
abusiva, mas como ele não pode fazer o mesmo em questões de competência relativa, isso não resolvia,
pois o consumidor teria de ir até o foro determinado pelo contrato para excepcionar.
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Lembrando, novamente, contratos de adesão em si são lícitos, porém, podem ter clausulas abusivas.
continência:
o Demandas conexas são demandas que tem objeto (pedido) ou a causa de
pedir que tenham alguma afinidade, sejam ligadas. Ou seja, em toda causa
temos o pedido, que se divide em pedido imediato (a tutela jurisdicional) e
o pedido mediato (o bem da vida. Ex: dinheiro, mudança do estado civil,
etc). É por meio do primeiro que se chega ao segundo. A causa de pedir é o
motivo pelo qual você pede, que abrange fundamentos fáticos e jurídicos.
o Continência é uma espécie de conexão, que tem as mesmas partes, objeto
ou causa de pedir com afinidade, em que o pedido da segunda contém a
primeira.
- O artigo 105 define que conexão e contingência podem fazer com que as causas
sejam julgadas em conjunto. Isso melhora o funcionamento judicial pois há aí uma
economia processual e se evita, assim, decisões conflitantes sobre coisas
semelhantes. A jurisprudência tem mitigado isso pois nenhum juiz quer chamar a
demanda para si. A súmula 235 do STJ afirma que quando os autos já estão em
segundo grau e a conexão é proposta ela não é aceita.
A partir do momento em que se prorroga a competência de um juiz, quaisquer outros
juízes que tivessem competência concorrente a perdem, tendo a derrogação da
competência daquele que no início seria competente. A fixação da competência assim
como é feita se procura proteger o interesse de alguma das partes, e aí pode vir a
prevalecer o principio da disponibilidade. Ou seja, se quem for o beneficiado abrir
mão de propor a demanda no foro especial (ex: réu que tem a demanda proposta no seu
domicílio, mesmo a empresa tendo colocado uma cláusula falando que deve ser em
outra cidade) tal beneficiário não pode propor uma exceção de incompetência, pois a
proteção se dá ao interesse, não podendo alguém querer uma coisa pior do que a já
determinada. Aí se presume má-fé de se postergar o processo
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