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ASSISTENTE
DE
DIREÇAO
CINEMATOGRÁFICA
Pierre Malfille
Álvaro Pacheco
editor
O ASSISTENTE
DE DIREÇAO CINEMATOGRÁFICA
Em convénio com a EMBRAFILME PIERRE MALFILLE
Copyright © 1970 Pierre Malfille/IDHEC Diretor de Cinema e Televisão
Copyright da edição brasileira © 1979 Editora Artenova graduado pelo l DHEC e
ex-professor do mesmo Instituto
S/A
Tradução de Jorge Monclar
Revisão de Jorge Uranga e Paulo Roberto Uranga
Capa de Eugênio Hirsch
O ASSISTENTE DE DIREfiAO
CINEMATOGRÁFICA
4? Edição
VOLUMES PUBLICADOS
Ministro
FILME E REALIDADE PROFESSOR EURO BRAMDAO
Alberto Cavalcanti, 1977
CENOGRAFIA E VIDA EM FOGO MORTO Diretor Geral
Rachel Sisson, 1977 Do Departamento de Assuntos Culturais
MERCADO COMUM DE CINEMA PROFESSOR MANUEL DIEGUES JÚNIOR
(uma proposta brasileira
aos países de expressão portuguesa e espanhola), 1977
A TÉCNICA DA MONTAGEM CINEMATOGRÁFICA EMPRESA BRASILEIRA DE FILMES S/A
Karel Reisz e Gavin Millar, 1978 EMBRAFILME
HUMBERTO MAURO:
SUA VIDA, SUA ARTE, SUA TRAJETÔRIA NO CINEMA Diretor Geral ROBERTO
(Depoimentos sobre a riqueza da filmografia maureana FIGUEIRA DE FARIAS
e sua importância na moderna cultura brasileira), 1978
O CINEMA EM FESTIVAIS E OS CAMINHOS Diretor Administrativo
DO CURTA-METRAGEM NO BRASIL ANTONIOSÉRGIO LOUREIRO
Míriam Alencar, 1978
LEGISLAÇÃO DO CINEMA BRASILEIRO Diretor de Operações Não-Comerciais
(Vols. l e II), Alcino Teixeira de Mello, 1978 LEANDRO GÓES TOCANTINS
MACUNAl'MA:DA LITERATURA AO CINEMA
Heloísa Buarque de Hollanda, 1978
MINHAS MEMÓRIAS DE CINEASTA
LuizdeBarros, 1978 A EXPERIÊNCIA
BRASILEIRA NO CINEMA DE ANIMAÇÃO
António Moreno, 1978
BIBLIOGRAFIA DE CINEMA
(Catalogação do acervo bibliográfico da Embrafilme), 1978
MANUAL DO ASSISTENTE DE CÂMERA
Jorge Mondar, 1979
Capítulo II - O detalhamento
Definição. Qualidade de um bom detalha-
mento
Estudo detalhado dos 4 principais docu-
mentos de um detalhamento Resumo da
ação Lista geral das locações Detalhamento
por locação e cenário Lista das roupas por
ator e personagens Como se realiza um
detalhamento Que recebe um detalhamento
e utiliza-o na equipe Outras formas de O aparecimento deste segundo "manual" (o primeiro foi o de
detalhamento assistente de câmera) vem comprovar nossa preocupação de oferecer
aos que trabalham no cinema brasileiro opções, caminhos, especiali-
Capítulo II l - O plano de trabalho dades várias: desde a História, à Estética, à Política, à Crítica, à Filo-
Algumas ressalvas sobre a elaboração de sofia Artística, aos assuntos essencialmente técnicos. Nestes se incluem:
um plano de trabalho "A Técnica da Montagem Cinematográfica", de Karel Reisz, "A Técnica
O plano de trabalho e as fichas técnicas do Cinema de Animação", de John Halas, ''Manual do Assistente de
Câmera", de Jorge Mondar, e, por último, "O Assistente de Direção
Capítulo IV - A folha de serviço Cinematográfica", de Pièrre Ma ffiflê, tradução e adaptação a situações
Ressalvas sobre adaptação l DHEC da folha brasileiras, de Jorge Mondar.
d Pela primeira vez, entre nós, tenta-se estabelecer uma bibliografia
e especializada, em selecionamento de ordem prática, objetiva, para que o
A ficha de locação "Exteriores" cineasta brasileiro aperfeiçoe sua visão, seu conhecer, seu sentir, seu
s trabalhar. Na verdade, representa nossas preocupações com os destinos
eA ficha de ator da arte cinematográfica brasileira — como arte, como cultura, como
rviço e do plano de trabalho indústria, como comércio.
Nem só de pão vive o homem — dizem os Evangelhos. E nem só
Capítulo V de arte pode viver o cinema. Não será arbitrária a afirmação, porque o
cinema, como o entendemos, e outros países, de economia forte, enten-
Capítulo Vt dem do mesmo modo, é um instrumento hábil na movimentação de
recursos. Além de seu peso social, cultural, de pronta comunicação, tem 3
CapítuloVIM- A figuração sua grande importância na geração de rendas, e precisa, assim, de uma
justa consideração para encará-lo também na estrutura económica e fi-
Bibliografia nanceira do país.
São as fronteiras: a arte, a cultura, a educação social, o económico,
onde não deve haver choques nem retraimentos no terreno cinema-
tográfico. Fronteiras de atrações, nunca de repulsão.
Este é o ritmo de comportamento que marca a ação do Estado,
em seu papel de estimular, conciliar, cooperar, jamais interferir na cria-
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cão artística. Se/a ela qual for. Ritmo de comportamento que sempre
O cinema, comunicação social por excelência, dentro de um com-
desejamos manter integro em nossa ação à frente de responsabilidades
plexo de arte e de técnica de expressão, um instrumento de cultura, de
administrativas na EMBRAFILME.
educação, de boa informação. Ele reúne parte do capital criativo da
A tradução de "O Assistente de Dírecão Cinematográfica", com o
Nação. Atinge de modo direto o público, produz o impacto da imagem
devido consentimento do Institute dês Hautes Études Cinématographi-
sensitiva. Daí sua magna importância no contexto político e social de um
ques, está entregue ao cineasta (e admirável fotógrafo) Jorge Mondar,
que, por sinal, foi aluno do IDHEC e nos aconselhou a edição em língua país.
portuguesa. Jorge Mondar, além de traduzir a obra, adaptou-a às condi- Por isso, quando entrávamos em contacto com o Instituto Luce,
ções brasileiras, pois ela faz parte do currículo profissionalizante do em Roma, espécie de IDHEC italiano, vimos em grandes letras a defi-
IDHEC. nição da lei nacional: "O cinema é meio de expressão artística, educa-
Por coincidência, visitamos o IDHEC, em Paris, no mês de novem- cional, cultural e de comunicação social".
bro passado, sob o patrocínio do /tamaraty. Lá estivemos observando, Depois de excursionarmos em maratona cultural pela Itália, Franca
analisando e aprendendo. e Alemanha, vendo, ouvindo, observando instituições culturais cine-
matográficas, fortaleceu-nos a convicção de que o Brasil não está tão
No IDHEC há cursos regulares para estudantes, com um currí-
aquém das attvidades lá desenvolvidas.
culo definido em dois campos distintos: o da formação de atores para o
Temos iniciativas que, ainda, modestas, nos dão o melhor cunho
cinema e o da formação de técnicos. Além de organizar cursos notur-nos
filosófico em matéria de desenvolvimento cultural e educacional cine-
para operários de cinema que desejam ascender a um posto de técnico,
matográfico. Uma das provas, entre tantas outras, é a lista de obras que
cursos de aperfeiçoamento para os próprios cineastas e também para os
professores de liceus, interessados no cinema. compõe a Cl N E BIBLIOTECA EMBRAFILME. A essa lista incorpora-se,
agora, um livro essencial: "O Assistente de Díreção Cinematográfica".
Ouvimos de um de seus diretores, durante a visita, em companhia
do Conselheiro da Embaixada do Brasil, J. Villa Lobos, que a postura
LEANDRO TOCANTINS
do IDHEC vai além da formação profissional: ele procura exercer em
Franca uma irradiação cultural por intemédio do Cinema. E enfatizou: a
dupla missão de formar novos técnicos, novos artistas e de assegurar
uma inteligente propaganda a favor da Sétima Arte.
Verificamos que as tarefas que pretendíamos dar ao
CENTRO-CINE (Fundação Centro Modelo do Cinema), por nós redigido
em anteprojeto na Comissão Interministerial, mas posto de lado por ser
desaconsethável, naquela ocasião, quase se ajustam às do IDHEC. Aliás,
chegam a se identificar em princípios gerais, que foram incorporados ao
anteprojeto da EMBRAFILME, também por nós redigido e relatado,
princípios dos quais resultou a atual Díretoria de Operações
Não-Co-merciais.
Há, na Franca, como também propusemos aqui, uma cooperação
do IDHEC com cinematecas, cinedubes, instituições culturais, re-
sultando numa saudável política global de cinema.
Esperemos que, em breve, ressuscite a ideia da criação do
CEN-TROCINE, adaptado aos tempos novos que começamos a viver,
quando o próximo Governo Federal inteligentemente compreendeu o
valor e a necessidade de uma Comunicação Social ajustável aos fatores
psicossociais deste continente Brasil, tão essencialmente longe e vário em
suas expressões regionais. Comunicação social nem de longe naquele
molde propagandístico, ufanfstico — e até em distorções políticas.
Afinal, coisas estas passadas e enterradas.
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APRESENTAÇÃO
Aspectos Gerais
— Descrição da Função
do Assistente de Direçâb
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CAPITULO l
Advertências iniciais e objetivos da obra
Definição:
— São os técnicos da equipe de filmagem que comporta ela mes- 1) Operários de Montagem
ma 6 setores (cada um deles sob a direcão de um responsável geral) e a) Marcenaria: Carpinteiros, Carpinteiros especializados (esca
um ou dois subsetores ou cargos auxiliares. das, esquadrisas etc.). Marceneiro especialista em móveis de
1} Direção — Diretor. Assistente de Direção, Continuísta. É o época.
setor ao qual pertence o Assistente de Direção e nós b) trabalhadores em gesso
voltaremos a falar e desenvolver. c) escultores e pedreiros
2) Administração — Produção — Diretor de Produção (Admi d) pintores (a pistola, letristas de cenários)
nistrador de Produção), Produtor Executivo, Assistente de e) Maquinistas de montagem de cenários
Produtor Executivo, Secretário de Produção, Caixa-Conta- Todos estes operários dependem do estúdio e sâb contratados
dor. pela produção. Eles estão a serviço do Cenógrafo.
3) Imagem - Diretor de Fotografia - Operador de Câmera, f) Eletricista de equipamentos do cenário: passarelas ou pon
Assistente de Câmera (foguista), 29Assistente de Câmera - tes (dependem igualmente do estúdio mas sob a supervisão do Diretor
Agente Técnico de ligação com o laboratório e o Fotógrafo de Fotografia).
de Cena {que está também vinculado ao Diretor de Produ
ção), além dos subsetores Maquinistas e Eletricístas. N.B. — Todos estes operários estão em princípio em parte ou não em
contato direto com o Assistente de Direção.
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Aiilitinto do Dlreçlo. A Convenção Coletiva a define: "Auxiliar do
2) Operários de Filmagem: Diiitt ......( |< i I hi i- i ur di- l'ro(lu(;ao. TUi t:onlroki ;i continuidade do Filme
(relaçío antre os planos) e estabelece essa mesma continuidade a tudo
Eles estão em contacto permanente com a equipe de filmagem da
que compõe a locação filmada. Faz o relatório artístico diário (para
qual eles fazem parte e estão em relação constante com o Assistente (so-
montagem) e administrativo (gasto de negativo, rendimento e planos
bretudo os maquinistas)
rodados etc.. .}.
a) Maquinistas: Chefe Maquinista, Maquinista auxiliar.
b) Eletricista: Chefe Eletricista, Eletricista (à disposição do
Diretor de Fotograria}
I l l - A COLABORAÇÃO DO DIRETOR
-ASSISTENTE DE D1REÇAO
E — A Interpretação: Todos os atores do filme, atores principais aos
figurantes.
Pareceria que a fórmula ideal seria a constituição e uma corrente
O Assistente de Direcão está em contacto permanente com todos e
permanente, homogénea e eficaz porque são consequência de afinidades
rnais diretamente encarregado das silhuetas e figuração.
comuns e de uma confiança recíproca e que o rendimento crescerá de
filme para filme. Algumas vezes isso acontece e dá excelentes resultados.
F — Os Vendedores ou Locadores de Equipamento e Materiais: Mas, infelizmente, não é sempre possível e não acontece de maneira
regular e sistemática. A causa principal é que o Assistente de Direcão
Negativo, Cârnera, Estúdio, Auditório, Móveis, Accessórios etc. . . . necessita de um ritmo de trabalho três vezes maior do que o Diretor. Se um
Em princípio sem relação com o Assistente de Direcão. Diretor faz em média um filme por ano, o Assistente de Direcão necessita
fazer ao menos três. Ora, então acontece frequentemente do Assistente
não poder dispor das datas para os filmes desejados. E, em alguns casos,
G — Laboratórios: (trabalhos e tratamentos da película de imagem e ele exerce pressões externas ao Diretor: quando por exemplo ele é
som) imposto no filme.
Mas, uma coisa é certa, quando o Diretor forma sua equipe com o
Em princípio sern relação com o Assistente de Direcão. seu Assistente e que ele tem plena confiança nele, o trabalho do Assistente
O Assistente de Direcão pertence então à Equipe Técnica ligado de Direcão se enriquece de maneira extraordinária: o diretor pode lhe
ao setor de Direcão Artística que está assim composta: pedir conselhos ou sugestões sobre seus próprios problemas de dire-ção e
O Diretor — Alma da equipe e criador do filme, o seu encargo está fazê-lo participar. O papel do Assistente então se duplica de auxiliar e de
assim definido pela Convenção Coletiva: Colaborador contratado pelo conselheiro.
Produtor — sua atividade tem início quando adapta
cinematografica-mente sobre o ponto de vista artístico e técnico um tema.
Elabora o de-talhamento técnico desta adaptação. Terá a responsabilidade IV-PRI NCIP AIS QUALID ADES NECESSÁRI AS P ARA FORM AR
de determinar as tomadas de imagem e som, da montagem e da UM BOM ASSISTENTE
sonorização do filme, segundo o que determinou no roteiro e no
detalhamento técnico e no plano de trabalho estabelecido em comum
acordo com o produtor. Quais são as qualidades que merecem ser sublinhadas entre as que
19Assistente de Direcão (que já definimos) podem delinear como o retraio do Assístente-padrão?
29Assistente de Direcão — que a Convenção Coletiva diz
laconica-rnente: "Ajuda o IPAssistente de Direcão em todas as suas a) Ao n ível de formação geral e de conhecimento
funções."
39Assístente de Direcão (raro: existe somente em grandes pro- — Conhecimentos do conjunto geral do trabalho técnico,
duções) material e artístico do filme.
Os Assistentes Estagiários. Oficialmente somente h^á um (assalaria- — Cultura e formação geral bem ampla mas que deve lhe
do) mas de fato ocorre haver dois, três, quatro ou mais. . . Suas complementar de uma maneira inteligente, discreta e
respon-sabilidades e encargos são relativos a sua capacidade de realizá-los.
A Continuísta — Hierarquicamente depois do Diretor do Filme e o 31
Assistente de Direcão é ela que está posicionada, acima mesmo do 29
1) Hti|il<ln/ do compreensão e execução:
bem organizada permitindo-lhe reunir e assimilar O Assistente de Direção deve ser claro, rápido e preciso.
rapidamente toda a informação sobre qualquer tema Seus reflexos devem lhe permitir a perceber instantanea-
útil à realização do filme (por exemplo: documentação mente a situação e reagir bem rápido . . , na boa direção.
sobre a vida dos marinheiros se o filme se passa num
5) Autoridade:
barco: hábitos, termos da marinhagem, manobras, rou-
Sendo o Assistente de Direção um pouco o chefe do canteiro
pas, usos a bordo. ... ~ ou questionar sobre os meios da
de atividades, que é a locação poder impor aos membros da
época se o filme se trata de um filme histórico etc.). Deve
equipe e ao pessoal do estúdio o bom método, isto de-
não somente reunir informações mas também poder
terminado mais pela liderança do que pela rigidez da disci-
selecioná-las guardando o espírito geral e os detalhes
plina mantendo uma boa atmosfera necessária ao local de
aplicáveis sob o ponto de vista prático e que poderão ser
úteis à filmagem. filmagem.
6} Grande resistência física e moral:
b) Qualidades Profissionais: É uma profissão que supõe período de desemprego e logica-
mente descanso forçado entre dois filmes, mas que durante
Além do entusiasmo e a consciência profissional que são as filmagens necessita um esforço constante e muito duro. É
necessários em qualquer profissão sobretudo o cinema, necessário ao mesmo tempo uma saúde de ferro e um perfeito
podemos citar: equilíbrio físico e moral e também sangue-frio e filosofia.
7) Um senso crítico desenvolvido mas sempre voltado para as soluções
1) Iniciativa, senso prático e espírito "virador" positivas:
A crítica negativa é estéril e o Assistente não tem tempo de
Esta profissão coloca o profissional diante da realidade con- se retratar.
creta da vida e defrontar-se-á o tempo todo com inúmeras 8} Agilidade, Adaptação às circunstâncias, diplomacia e tato:
dificuldades sempre novas e imprevisíveis as quais deverá A profissão do Assistente de Direção é por excelência aquela
sempre rapidamente resolver de forma inteligente e eficaz. onde nos encontramos constantemente entre "a cruze a
espada". Deve saber enfrentar as perdas de humor donde
2) Sentido de organização, de método, de ordem, de precisão e objeti- quer que elas tenham origem (Diretor, atores, produção. . .) e
vidade do detalhe : se proporem todas as ocasiões a conciliar o inconciliável. O
As complexidades dos encargos do Assistente de Direção e a influência Assistente de Direção deve ser o diplomata da locação.
considerável de seu trabalho sobre o ritmo da filmagem — e logicamente 9) Dom de observação e memória visual e auditiva:
sobre o custo do filme — exigem a utilização de um método rigoroso São as qualidades mestras da continuísta e do Assistente e
baseado sob um estudo aprofundado de todos os elementos da produção. durante o trabalho e, como nós já vimos, muito se tocam
Para o assistente não há problemas menores: cada urn tem sua im- em vários postos. Deve saber tudo, tudo ver, tudo escutar e
portância própria e deve ser examinado e resolvido racionalmente e no tudo guardar.
tempo desejado. 3} Senso de Antecipação: 10) Enfim, gosto e senso artístico:
O Assistente de Direção deve saber imaginar e prever todas Isto é tão evidente que nós não insistiremos ou desenvolve-
as dificuldades que podem surgir e então dar a maior margem remos.
possível, resolvê-las antecipadamente ou pelo menos preparar
uma alternativa. O Assistente deve sempre pensar ao mesmo
tempo no momento presente e segundo os problemas — na V - FORMAÇÃO DOS ASSISTENTES
hora, no dia ou na semana que vem: (por exemplo: as folhas
a desmontar e a praticabilidade dos accessórios a serem Antes da criação das escolas de cinema e particularmente o IDHEC
previstos para o plano seguinte, as dificuldades de filmagem (na França) a única via de acesso possível à profissão de Assistente de
do dia seguinte etc...}. Direção era o aprendizado na prática das filmagens propriamente dita. O
estagiário que integrava então uma equipe de cinema não sabia abso-
32 lutamente nada sobre o assunto e devia apenas ter um pouco de curiosi-
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dade, obstinação e uma vontade de ferro para se manter nesta profissão e lizador e outros começarem diretamente com diretores premiados em
adquirir alguns conhecimentos. Mas efetivamente não basta boa vontade filmes de curta metragem.
ea experiência mesmo renovada não é suficiente. Sobretudo no cinema
onde os técnicos são ciumentos de seus conhecimentos e de seus cargos, VI - MERCADO DE TRABALHO DO ASSISTENTE DE DIREÇÃO
e por outro lado o ritmo de produção é tão violento que durante o tra-
balho torna-se impossível formar verdadeiramente "alunos". É por isso Convém agora sublinhar um ponto importante. A profissão de
que 3/4 dos estagiários desaparecem da profissão desgostosos no final Assistente de Direção contrariamente ao que poderíamos acreditar numa
de dois filmes, e muitas vezes durante o primeiro. primeira abordagem, não prepara diretamente e automaticamente para a
Aliás, devemos ainda assinalar um outro handicap da profissão de função de Direção. Função que representa portanto a ambição normal de
Assistente de Direção. Como considerávamos e ainda infelizmente acha- quase todos os Assistentes de Direção. Em certos países como a América
mos que o Assistente de Direção é um cara que faz tudo e de nada en- do Norte, onde as funções são ainda mais especializadas, a profissão de
tende é um lugar ideal para "encaixar" a namorada do produtor, ou do Assistente é uma função nitidamente diferenciada da do diretor e cada
ator. É mesmo comum ouvir-se dizer: "Ele não dá pra nada.. . nem no um admite que pode trabalhar toda a vida naquela função. Na França,
Comércio nem na Indústria e se a gente colocasse ele no cinema.. . salvo raras exceções, todos os Assistentes consideram esta função como
como Assistente de Direção, é lógico!" Isso durante muito tempo deu um período transitório que lhes permitirá ascender a Direção. O que é
uma visão errada sobre a função e sobretudo dos bons assistentes que afinal de contas bem compreensível e legítimo!
não se sentiam valorizados e esbarrando em incompetentes "com pisto- Mas o problema é que há uma descontinuidade entre as duas fun-
lão" que atravancam a profissão. E por isso que um diretor ou produtor ções (como aliás acontece por exemplo entre as do Assistente de Câme-ra
que foi servido por um desses "assistentes" em outras produções extingui- e a de Diretor de Fotografia).
ram essa função e que nós sabemos ser um elemento capital para o bom Podemos ser um perfeito Assistente de Direção e após muitos anos
andamento do filme e consequente mente uma fonte de economia consi- de experiência realizar um medíocre filme como Diretor. Inversamente
derável. porém podemos ser um Assistente de Direção de qualidades médias e ma-
nifestar rapidamente qualidades incontestáveis no nível de criação. Infe-
O IDHEC (na França) compreendeu essa situação, e como era o
lizmente, neste último caso somos em geral obrigados primeiramente a
seu papel, bastante contribuiu para normalizar essa situação. Os estu-
"sobreviver" como assistente esperando um dia ter chance como diretor ou
dantes recebem uma formação cinematográfica ao mesmo tempo geral e
então adotar outra via de acesso o roteiro ou a montagem, por exemplo.
especializada que lhes coloca em condições de se apresentarem para o seu
Enfim, ter aqueles que reúnem qualidades enumeradas anteriormente
primeiro estágio como técnicos sérios e competentes tendo apenas que ser
para um perfeito assistente e que demonstrarão suas qualidades para ser
colocados em contacto com a realidade concreta do cinema. A experiência
diretor. É evidente que o ideal é que um diretor possua todas as boas
demonstra em numerosas ocasiões que eles estavam antes a depositarem
qualidades de um Assistente de Direção.
confiança isso é uma honra para eles para o IDHEC,
Eles podem efetivamente se impor rapidamente tendo sobre os
outros, mesmo os veteranos, uma vantagem que lhes dão o estudoteorico
Quais são, brevemente descritas, as aptidões
racional e a visão de conjunto dos problemas de uma profissão. Efetiva-
mente o que demonstra o aprendizado somente pela prática é que ele é suplementares do Diretor?
lento, trabalhoso, empírico e fragmentado. Não é suficiente conhecer as - Uma grande cultura geral associada a uma maturidade de
coisas, temos primeiramente de compreendê-las de uma maneira espírito.
aprofundada e saber porque devemos dominá-la. Para perfeita
eficacida-de devemos poder situar exatamente nosso trabalho dentro do - As capacidades de autor dramático (senso de construção,
complexo conjunto das atividades da equipe. de proporção no desenvolvimento, de ritmo, das leis dramá
A regra oficial para os antigos alunos do IDHEC é um filme como ticas, da situações dramáticas, da psicologia dos personagens
"estagiário" no fim dos estudos, em seguida a ascensão ao cargo de se- de uma história de ficção e também. . . da psicologia do pú
gundo e em geral rapidamente ao de 19 Assistente de Direção. Mas as blico a quem tudo isto se destina)
excecÔes brilhantes são numerosas e nós já vimos estudantes terminando - um conhecimento aprofundado (e não geral) da técnica
em uma superprodução seu primeiro estágio com o título deco-rea de expressão quer dizer da linguagem cinematográfica (de-
34 35
CAPITULO V
talhamento em planos, direcão técnica da filmagem, monta-
gem) PANORAMA DAS ATIVIDADES DE UM ASSISTENTE DE
— as qualidades do diretor de interpretação (direcão de ato- DIRECÃO NO PERÍODO DE PRODUÇÃO DE UM FILME
res que um aspecto essencial da direcão)
— um senso artístico desenvolvido supondo temperamento,
sensibilidade, personalidade, originalidade criadora.
— qualidades de líder: autoridade moral sobre a equipe, sen
so de responsabilidade (que são um peso sobre o plano mo
ral, artístico e financeiro).
Qualidades diferentes que a do Assistente e que este não a possui
necessariamente em potencial. Os produtores sabem e é por isso, como
eles acham que já correm suficientemente riscos filmando com o máximo
de segurança, eles hesitarão sempre em confiar em um estreante, mesmo
aparentemente capacitado, sua primeira direcão. Há um enorme vazio
entre as duas funções de Assistente de Direcão e Diretor que sempre será
l) PRÉ-PRODUÇÃO E PERÍODO INICIAL DE SUAS ATIVIDADES
muito difícil de saltar.
O DETALHAMENTO
Operação que se faz habitualmente com a continuísta e que con-
Definição: É a operação que consiste, a partir da découpage definitiva siste em, a partir de detalhamento em planos, avaliar com a maior preci-
levantar e determinar, em seguida classificando de maneira metódica to- são possível a duração do futuro filme: isto tendo em vista adaptar o
dos os elementos necessários às filmagens. Seuobjetivo é duplo: mais exatamente possível a duração efetiva do filme e a duração prevista
a) antes da filmagem: serve de guia aos diversos trabalhos pre pela Produção e pelo Diretor.
paratórios e fornece dados úteis para a elaboração do plano É um trabalho muito delicado e muito importante: é evidente-
de trabalho. mente preferível (tanto do ponto de vista dramático como financeiro)
b) durante a filmagem: permite colocar em funcionamento e modificar o roteiro antes de rodar do que ser obrigado a cortar ou acres-
controlar todos os elementos que condicionam um bom an centar cenas no fim das filmagens).
damento do trabalho de Direção. Realiza-se a pré-minutagem cena por cena, esforçando-se por levar
O detalhamento requer sobretudo a precisão, o método e bastante em conta todos os elementos de apreciação de que podemos dispor:
imaginação na valorização das previsões, é o trabalho essencial do Assis- ritmo geral desejado pelo diretor, ritmo particular de cada ator, ações
tente de Direcão durante a preparação. De sua qualidade dependerá o descritas em algumas palavras mas que necessitam de um mínimo de
bom andamento das filmagens. Este trabalho se efetua em ligação es- tempo para os movimentos de cãmera (neste caso se revive a interpreta-
treita com o Diretor de Produção e a Produção Executiva. ção) etc. . .
Logo que o detalhamento é terminado deve ser distribuído a cada Enfim, para obter o máximo de precisão, é recomendável expor
serviço técnico interessado. sua própria avaliação com outras pessoas (continu(sta, 29 assistente)
A teoria e a técnica do detalhamento serão o tema na 2? parte tendo feito um trabalho anterior separadamente.
onde estudaremos mais detalhadamente o assunto. Esta pré-minutagem será durante as filmagens comparada pelo
continuísta com a minutagem real obtida e informada ao Diretor quando
apresentarem diferenças gritantes.
Para o SOM:
Trata-se essencialmente de gravação de piay back que servirá de
guia no momento das filmagens em estúdio. Essas filmagens se O ELENCO
efetua-rão sem o som, mas sincronizadas com o play back gravado
anteriormente.
A necessidade do play back se faz sentir quando é fundamental a Casting, que significa distribuição em inglês, quer dizer no jargão
r:ominuidade sonora em sincronismo com a imagem que será detalhada técnico francês a distribuição de pequenos papéis, silhuetas e figuração.
cm planos descontínuos. É o caso das canções (sincronismo dos lábios) As vedetes e papéis principais são escolhidas pelo Produtor e o Diretor,
ou tias danças (sincronismo dos movimentos) quando elas de comum acordo com o distribuidor. Mas é habitualmente o Assistente
correspon-(lurri o um detalhamento em vários planos. Essas gravações de Direção (com o Produtor-Executivo) que dá busca em fichários
são realiza-dir. <li> utriri maneira geral em estúdio. diversos cursos de atores, anuários de cinema, agentes e agências tendo
40
Estudaremos na 2? parte de$te livro a elaboração e redação do pia
como objetivo montar o elenco secundário, que submeterá em seguida á
no de trabalho.
aprovação do Diretor. Ele apresenta os atores, convoca-os para fazer um
julgamento prévio e apresenta-os em seguida ao Diretor. Para os fi-
gurantes, dependendo da quantidade decidida pelo Diretor do filme e o OS TESTES
Produtor, solicita ao Produtor Executivo para ele mesmo escolher,
contratar e convocar para as filmagens, escolhendo logicamente aqueles Há dois tipos de testes antes das.filmagens.
cujo estilo e apresentação correspondem ao desejado pelo Diretor. Para o
elenco, um fichário pessoal, regularmente atualizado e constante mente
A) Testes Para Escolha de Atores
enriquecido com novos atores que ele teve a oportunidade de notar,
ajudará as atividades do Assistente de Direção na montagem do elenco.
Estes testes são feitos pelo diretor do filme, e o Assistente de Dire-
Nós estudaremos na 2? parte deste livro a elaboração de uma ficha de
ção, neste caso, assume o mesmo papel que na filmagem (observador e
ator.
conselheiro).
B) Testes Técnicos
O PLANO DE TRABALHO
Geralmente destinados a que o Diretor de Fotografia e o
Maquia-dor encontrem a melhor fórmula de iluminação e maquiagem em
relação ao tipo de ator e a natureza do seu papel. Há também os testes
Com o detalhamento técnico o plano de trabalho é a peça-mestra
para julgamento do resultado de uma roupa ou de uma maquiagem de
do trabalho de preparação do Assistente de Direção.
composição (barbas, cavanhaques etc.}. É comum chamar o Assistente de
Ele é elaborado pelo Assistente de Direção, em estreita ligação
Direção para dirigir este tipo de teste.
com o Diretor de Produção, o Diretor de Produção Executiva e os outros
Os testes técnicos do equipamentos sâb feitos pelo Diretor de Fo-
chefes de setor da equipe.
tografia e Assistente de Câmera, sem participação dos Assistentes de
Direção.
Na sua redação deve-se levar em conta duas etapas:
A) Folhas preparatórias do Plano de Trabalho Durante todo este período de "Preparação-Assistência", cada
Primeiras selecão e classificação por grupo das indicações for- técnico realiz^ por seu lado os trabalhos que lhes concernem e a produ-
necidas pelo detalhamento. Previsão das linhas gerais. Apreciação e di- ção controla todos os problemas financeiros (contratos de toda a natu-
visão por cenário dos tempos de filmagem. Avaliação aproximativa dos reza: distribuidor, atores e técnicos, estúdios etc. . .),'administrativos
planos por dia de filmagem. Revisão final do plano de trabalho para as (autorização definitiva do C.N.C.* e de material [aluguel de càmera,
modificações possíveis o mais rápido possível, pois o presente plano compra de negativo etc. . .]}. Quando a preparação termina, começa o
condicionará todo o resto do trabalho. segundo período, o da filmagem.
B) Redação Definitiva do Plano de Trabalho
Trata-se de um imenso quadro, dividido em dias de trabalho, com
Ill -O ASSISTENTE DURANTE A FILMAGEM
a planificação geral das filmagens e todas as previsões úteis (cenários,
atores, planos, equipamentos especiais etc.)
Nós retomaremos na 2? parte deste trabalho uma Jornada-padrão do
O próprio Assistente de Direção deve desenhá-lo, mas pode ser
Assistente de Direção em estúdio. Mas queremos demonstrar aqui o
feito também pelo Assistente do Cenógrafo, ou um de seus desenhis-
panorama geral das atividades do Assistente e uma pequena mostra das'
tas, em comum acordo com o Diretor de Produção. Após este trabalho a
diferentes incumbências.
Produção manda fazer as cópias (reduzidas e mais funcionais) para
Primeiramente, notemos que existem duas categorias de fil-
serem distribuídas aos principais chefes de setor. magem:
Observaremos diferenças inevitáveis entre o plano de trabalho e
a realidade das filmagens. Por isso, é recomendável (embora pouco fre-
quente na França) a utilização de fichas que podem ser constantemente * N.' do T.: C.N.C. — Centro Nacional da Cinematografia, É o órgão estatal que
controla a atividade cinematográfica francesa.
modificadas.
42 43
— a parte "estúdio" (no ,estúdio propriamente dito ou nos nuísta).*São planos em geral muito fechados e curtos de duração (por
seus terrenos); f exemplo; close ou plano próximo sobre uma folha de árvore ou flor do
— a parte "exteriores" (fora do estúdio, ou seja, na natureza cenário, um relógio etc. para servir como plano de corte} e cuja necessi-
ou em locações reais). dade é sentida uma vez pré-montado o filme. (Normalmente o
Para definir o trabalho do Assistente, devemos iniciar pelas condi- monta-dor prepara a montagem pouco a pouco durante as filmagens.)
ções normais que são as do estúdio. Em exterior, o princípio é o mesmo, O Assistente de Direção pode ser convocado para filmar estes
mas cpm todas as adaptações necessárias às condições particulares do planos com as indicações feitas pelo Diretor e o montador. Os trabalhos
local. posteriores sobre o filme pertencem unicamente ao setor da montagem
O Assistente de Direcão, durante a filmagem, tem múltiplas tarefas e do som, a saber:
bastante complexas e variadas: — Pós-sincronização eventual (planos filmados mudos
— organização gerai do trabalho e da disciplina do set em
— preparação material e técnica dos planos e seu primeiro exteriores com diálogos de certa duração, textos de peque
ensaio nos papéis mal interpretados, má qualidade do som direto
— contacto permanente com os atores (maquiagem no tempo provocado pelas condições naturais como o vento, ator com
desejado, presença no set, texto decorado previamente) sotaque estrangeiro. . .)'
— ligação entre todos os serviços técnicos — Montagem da imagem definitiva sobre o copião com indica
— direcão da figuração (e as ligações em continuidade que ela ções das trucagens (fusões, superposições etc., acompanha
comporte) das da pista de som n9 1 [sincronizada - diálogos])
— a colaboração atenta sob o ponto de vista direcão e conti- — Acompanhamento das cópias em laboratório das trucagens
dade entre os planos de ligação (fusões, cortinas ou janelas, superposições etc.)
— um perpétuo espírito de antecipação tendo em vista — Montagem do negativo-imagem após a cópia de trabalho.
o — Gravação separada de outros elementos sonoros comple
perfeito desenrolar das operações a serem realizadas (con mentares:
trole e verificação incessante de todos os elementos) sons individuais ou só em parte gravados pelo Assis-
— preparação da "folha de serviço" do dia seguinte (cujas
tente durante as filmagens
modalidades estudaremos na 2? parte)
ruídos ou efeitos sonoros quaisquer a serem acrescidos
— atendimento a jornalistas, convidados etc. . ..
— gravação dos sons ambientais para a mixagem a ser realizada (raios, gritos, tiros)
entre dois planos de filmagem (a ser feita imediatamente, se ambientes (vento, multidão, pássaros etc.
possível, após a filmagem do plano). . . .) gravação feita em direto ou transcrito em sonotecas
— durante a projeção "dos copiões" à noite, conferência do música.
trabalho de cada setor realizado na véspera. — Mixagem de todas as pistas sonoras para obter a pista de
Não se pode esquecer que em exteriores tudo que será acrescido: som definitiva rnixada
organização dos veículos e meios de transporte nos locais de filmagem, e ~ Trabalhos de marcação de luz em laboratório chegando à
uma orientação para proteger o material e equipe de câmera etc. . . . primeira cópia (cópia 0)
O trabalho do Assistente de Direção durante a filmagem é imenso — Copiagem das "cópias de exibição".
e fatigante.
CONCLUSÃO
53
30 planos por dia ou mesmo por hora (quando com 2 uma visão geral do trabalho desejado; informações insuficientes para lhe
câ-meras) permitir de dar seu máximo e em particular descarregar o Diretor da or-
b) A concepção do detalhamento da ação {découpage) mais ou ganização de cada plano, tal qual nós exporemos mais adiante.
menos picada (segundo o estilo do filme e do diretor) que 3) E, finalmente, aqueles que preparam de uma maneira mais pro-
conduz a uma média de planos mais ou menos difíceis e(de funda seu trabalho graças a um estudo minucioso seja sobre um cenário à
uma duração variável. O único referencial de comparação e escada real ou sobre maquete, ou nas locações externas, com a ajuda de
"minutagem útil filmada" que segundo a duração dos planos um esboço dos principais enquadramentos e ás vezes ensaios com o visor
será entre 10 a 45 segundos para 3 minutos de plano filmado. em cenário real ou em cenário desenhado. Eles dispõem então um
Corresponderão então a 8 ou 4 planos, c) No interior de um detalhamento dramático (découpage) preciso, bem pensado e mais ou
filme qualquer que contenha graus de dificuldade diferente menos definitivo que o Assistente de Direção conhece e estuda com
entre um plano e outro. Por exemplo: entre um simples close de descanso e graças ao qual pode prever de maneira precisa todos os elementos
3 segundos e um plano de 1 minuto com movimentos de cámera materiais necessários e descarregar o Diretor de toda parte preliminar de
e grande figuração. preparação e ensaio dos planos previstos.
É o método que parece-nos mais racional e o mais "rentável". Ele
Isto quer dizer, apenas para uma indicação, a média de
dia de trabalho oscila entre 10 a 12 planos (podendo as parece corresponder cada vez mais à tendência geral na Produção fran-
vezes ficar entre 8 a 15 planos). Tendo em vista então as di- cesa como no estrangeiro. De qualquer maneira é o método que começa a
ferenças de natureza e dificuldades década plano,éo mesmo se impor nas escolas como pedagogia.
trabalho que a cada plano se repete durante o dia de trabalho. As vantagens de tal método são numerosas:
Nós definiremos mais adiante o trabalho do Assistente de a) Para a Direção:
Direção durante a preparação e a filmagem de um des-fes — É de poder estudar e escolher com antecedência, com a ca-
planos. Porém, anteriormente, devemos sublinhar que o beça fria e não uma atmosfera pesada da filmagem — as me-
trabalho do Assistente de Direção pode variar em proporção lhores soluções técnicas para transposição e da valorização
segundo o método de trabalho do Diretor. A este sujeito de seu roteiro cinematográfico.
existem vários tipos de diretores:
NOTA: Isto não impede em hipótese alguma que o Diretor conserve
1} Aqueles que improvisam quase totalmente seu trabalho técnico à uma imagem inteligente de aplicações e incorpore as suas pre-
medida que a filmagem avança a partir de um vago pré-detalhamento que visões incidentes involuntários ou a reação inesperada que
lhe serve apenas como guia de continuidade dramática. É um método que acontece na hora da filmagem e que ele acha boa. Geralmente
tem seus defensores entre os que negligenciam em preparar com certa estas descobertas acrescentam ao trabalho dos ato-res e os
margem de tempo seu trabalho e os que em geral acreditam na necessidade detalhes de direção se forem bem preparados e pensados. Não ao
de uma liberdade total para a sua criação. Isto pode ser válido para Diretores nível da concepção e estruturação técnica dos planos
experientes, tecnicamente capacitados, mas de qualquer maneira é um propriamente ditos.
método discutível no ponto de vista material-, tendo em vista as
dificuldades que provocam para toda a equipe ser obrigada a resolver os Deve ficar claro que a partir de previsões rigorosas que possibilitam
problemas quando eles surgem sem ter sido previsto nem preparado uma base sólida de trabalho teremos condições de improvisação Hm
suficientemente. Ora, quando sabemos da importância do trabalho de dificuldades na filmagem definitiva (lugar da cãmera, enquadra-iiHiMit),
equipe na criação cinematográfica, compreendemos facilmente que tal tamanho dos planos, lentes etc.) Portanto, uma modificação axcnpcional
método nos aparenta materialmente discutível em relação a outros mais pode ser realizada em uma construção mais precisa. Pois, vinrt com mais
racionais e próximos ás exigências técnicas atuais. E os custos elevados de facilidade os incidentes e seu rendimento dramático efe-llvo. Pode-se sem
produção dos filmes.. , riscos de erros monstruosos acrescentar eventualmente nos outros planos
2} Aqueles (mais numerosos} que têm um detalhamento dramático as correções que esta modificação provocará, ao liivA* de colocar o
mais preciso, acrescentando modificações de última hora (geralmente na Diretor numa situação de prisioneiro de uma preparado minuciosamente
noite que antecede a filmagem). Eles preparam seu trabalho soba forma realizada, numa liberdade ampliada. E uma série de linthlomas solúveis
de notas e que eles são os únicos capazes de decifrar e o Assistente de com antecedência. Ele se colocará então diante de lunhlnmas que
Direção, na melhor das hipóteses, tem no início do dia de trabalho 54 resolverá diante das cá meras: a interpretação dos atores,
55
ENCARGOS GERAIS DO DIRETOR
inspiração súbita durante as filmagens, controle do ritmo geral da conti-
nuidade dramática. . .
O diretor passa a seu Assistente as explicações gerais do que con-
A preparação bem feita possibilita ao Assistente de Direção de en- cerne ao plano seguinte. Ele explica a partir de seu detalhamento pessoal
saiar e preparar os locais dos planos previstos. Isto possibilitará ao (découpage}, mais ou menos anotada com esquemas dos ângulos de
Dire-tor, após cada plano, um período de relaxamento que ele pode
câmera no cenário e às vezes com os enquadramentos desejados.
aproveitar para conversas com seus atores sobre os futuros planos e sua
interpretação. Ou simplesmente como descanso e fazer uma Ele dá as instruções de lente e altura de câmera (quando a escolha
retrospectiva para não perder a visão de conjunto do seu filme tendo em de lente não interfere no seu trabalho ele deixa que o Diretor de
vista a constante agitação de um trabalho técnico e fracionado. Além do Foto-cjrafia e Operador de Câmera o faça).
mais, isto conduz a um ganho de tempo considerável na duração da Ele encarrega o Assistente de Direção da organização e preparação
filmagem e esta rentabilidade pode ser empregada numa direção de atores
mais bem cuidada (clima, interpretação), ou para reduzir o custo do técnica do plano e se retira para trabalhar com os atores ou descansar. O
filme. Assistente de Direção então assume momentaneamente o comando
Enfim, isto libera o diretor do eterno problema de minúcias técnico do sei.
técnicas e a continuidade correta (raccords) de todos os planos filmados NOTA: Se a cena é particularmente difícil do ponto de vista interpretação
isolados e fora de ordem. A preparação rigorosa no papel permite con- e se o desenvolvimento da interpretação e movimentação dos atores no
trolar em todos os momentos cada detalhe, substituindo-os sem possíveis plano só podem ser determinados em função do seu estilo pessoal, então o
erros, em sua perspectiva de conjunto (por ex.:direção de olhar, dos
Diretor inicia ensaiando cornos atores para determinar o detalhamento
atores, direção das entradas e saídas de campo visual etc.).
técnico exato que ado-tará (que às vezes está sujeito a modificações). A
partir daí então as coisas desenvolvem-se da mesma maneira que anterior-
b) Para o Assistente e o resto da equipe
mente descrita. 2 - INDICAÇÃO DO CAMPO VISUAL E DO LOCAL DA
É a possibilidade de trabalhar com segurança, sobre uma es-
trutura sólida sabendo com antecedência e com precisão CÂMERA
tudo o que deseja exatamente o Diretor. Cada um pode então
a) O Assistente de Direção indica de uma maneira geral aos
fazer o que necessita no tempo desejado para que tudo esteja
responsáveis (29 Assistente de Direção, contra-regra, maqui-
pronto no momento preciso.
nistas etc.) a parte do cenário que entra em cena (ou estará
em campo) e que é necessário recompor e aprontar (tapa-
c) Para o Produtor
deiras que devem ser montadas, material técnico a ser reti-
As vantagens que resultam na economia de tempo, graças a rado, móveis e accessórios a ser dispostos no lugar. . . . etc.)
preparação rigorosa, são evidentes — redução do custo do
filme.
OBSERVAÇÃO:
Em particular, uma preparação precisa permite, para a con-
Um cenário de cinema jamais é utilizado em todos os ângulos ao
tinuidade ou a progressão da interpretação dos atores, gru-
par para a filmagem em um só cenário os planos por direção tiiiismo tempo. Passamos, na verdade, nosso tempo de um plano para
de eixo de filmagem (ganha tempo na regulagem das luzes, outro liberando a parte que entra em cena e reunindo todo o material
na montagens de cenário e aparelhos de câmera). l*t:nico (câmera, refletores, praticáveis, cabos, microfones etc.), na
unira parte do cenário fora de campo. O mais interessante do estúdio «in
Tendo em vista, como nós acabamos de explicar, as variantes que relação ao cenário real é poder recuar as tapadeiras que desejamos imrii
podem resultar os métodos diferentes e a confiança maior ou menor criar o recuo suficiente para a câmera e o material técnico, sobre-indo os
que o Diretor deposita em seu Assistente de Direção, podemos tentar refletores. Estas tapadeiras devem ser logicamente remontadas nos
soparar o método-tipo de direção de um plano. contraplanos.
Tomaremos como exemplo um plano que apresenta certas b) Em seguida, dando continuidade ao trabalho o Assistente
dificul-diidos (com movimentos de câmera e figuração). É evidente que um de Direção procura, em comum acordo com o Operador de
sim-|)|ON close facilita bastante as operações definidas acima e o diretor Câmera, o melhor local (para o carrinho caso seja usado)
atara o cllrotamente.
57
Ml
um determinado enquadramento desejado pelo Diretor (sem a
assim como a melhor focal e altura de câmera para obter o enquadramento
parada do carrinho), convém então fixar várias referências para o
mais próximo ao desejado e previsto pelo Diretor. O método racional — e
movimento do carro. Procuramos como anteriormente vimos para o
que evita qualquer perda de tempo — consiste para o Assistente de
plano sem carrinho o bom lugar para a partida (atores nos seus
Direcao certíficar-se se os lugares previstos são bons com certa
lugares e suas marcas) e traçamos uma cruz; em seguida o born lugar
antecedência evitando a montagem do material pesado e que leva tempo
para o final do plano (atores em seu lugar no final do plano) com
para deslocar e regular (tripé, câmera, trilhos de carrinho etc.). Para isto
o Assistente de Direcão utiliza um visor de múltiplas focais que'é uma uma outra cruz. Em seguida verificamos se as posições
pequena lente regulável a diversas fontes (como um pequeno zoomí. Uma intermediárias importantes previstas são válidas ou não, e se
vez com a lente escolhida, delimita-se exatamente o campo visual e a coincidem igualmente (câmera e atores). Então só resta
profundidade de foco da lente a ser empregada pela câmera. Este visor determinar o eixo de deslocamento do carrinho com certeza.
sendo mais leve, prático e portátil do que a pesada câmera de estúdio, Eliminamos risco de modificações que serão inevitáveis quando o
permite rapidamente escolher o melhor local que corresponda aos material estiver todo montado e que nos fazem perder tempo
desenhos ou indicações do Diretor. Para um plano sem carrinho este inutilmente.
lugar é único (mesmo que se trate de um plano fixo ou panorâmica). A Durante a montagem do plano, o Assistente de Direcao (ou o 29
operação consiste então (tendo sido escolhida a lente e altura de câmera Assistente) revê rapidamente com os seus atores as indicações de inter-
em comum acordo com o operador de câmera) em colocar o(s) ator(es) ou pretação e verifica se os atores conhecem perfeitamente seu texto.
seus doubles nas posições principais que eles deverá ocupar no plano, para
ver se no lugar da câmera escolhida e o enquadramento está de acordo e 3 - DESDE QUE O TRABALHO DE
satisfaz. Deve-se verificar os diferentes lugares ou posições dos atores PREPARAÇÃO ESTÁ TERMINADO:
tomando o cuidado de marcar no chão (com giz ou fita gomada) em volta
dos pés, o local. Quer dizer:
NOTA: As marcas no chão em relevo ajudarão os atores durante sua - parte do cenário "em campo" em condições de filmar (ta-
interpretação a se situarem nos lugares precisos sem olhar para o padeiras, móveis e accessórios) — local da câmera
chão. Se tudo está em ordem, o Assistente de Direcao risca uma determinado e preparado (tripé montado
cruz com giz no chão do lugar que ele ocupa, É o lugar da câmera ou carrinho e trilhos).
que solicitará à equipe, imagem e aos maquinistas instalarem o O Assistente de Direcao ensaia com os doubles ou os atores eles
material. Notemos que se trata do lugar da câmera mas subentende incumos, uma ou várias vezes visando "colocar no ponto" os movimen-
também a parte frontal e traseira do campo. O enquadramento final
logicamente deverá ser feíto pelo operador de câmera que, a partir IIIN dosplanos.
dessas informações técnicas precisas, deverá equilibrar e compor Trata-se de simples ensaios "mecânicos" mais ou menos sem
harmoniosamente seu quadro modificando ligeiramente a câmera ou dra-innil/acSo que têm apenas como objetivo encadear os diferentes
deslocando os atores ou accessórios que "falseamos". movi-mtmlos previstos (câmeras e atores) para ver se o conjunto do plano
Normalmente estamos sempre "falseando" de um plano a outro em é vAtlilo o tecnicamente satisfatório.
função do enquadramento os lugares reais das pessoas e das coisas. N*) IA: Um dos pontos importantes no método racional de trabalho do
Neste tipo de trabalho a única regra que não deve ser esquecida set consiste em não intervir na ordem cronológica na qual de-
quando efetuamos as modificações é a continuidade (visual) dos vemos atacar os diferentes problemas do plano.
planos. Quer dizer, não sentiremos o falseamento na tela. Quando Devemos conservar uma progressão sistemática nos
se trata de um carrinho que comporta uma acao de 3 problemas mais florais (organização e preparação do local)
"posicoes-cha-vês": o ínfcio e o final do movimento (que são antes de abordar problemas mais restritos, mesmo que eles
sempre em um carrinho as posições-chaves a serem determinadas sejam os mais importantes (por ex: entonação de um ator sobre
precisamente) e, entre as duas, uma posição intermediária que uma frase, atitu-dns, expressões). Se alterarmos a ordem de
necessita trabalho de prepa-inçfío técnica de um plano bloqueamos toda a
equipe que deve nyunrdar obrigatoriamente as definições para
saber as condi-çfiefl oxatas do seu próprio trabalho (quantos
refletores serão micnssórios, luzes a regular, microfones a
58 colocar etc. . . .),
59
provocando consequente mente uma imensa perda de tempo. elétrico a ser colocado para a entrada do ator, isqueiro que
Se, no entanto, respeitarmos uma ordem lógica correspondente "funcione", maço de cigarro pronto para renovar o que
a uma concentração progressiva, o diretor poderá aprimorar os fuma o ator em cena, efeitos de chuva a serem instalados
detalhes de interpretação enquanto seus colaboradores assu- etc. ...).
mem por seu lado diferentes encargos técnicos. d) Ele acompanha de perto cada ensaio para os quais solicita
Desde que o "ensaio mecânico" é suficiente, o Assistente de Direção sempre "silêncio" na locação. Em seguida ele deve ficar atento
lembra ao Diretor que em seguida ele terá tempo para realizar os ensaios a tudo que é dito ou se faz para facilitar o ensaio (por ex: ajudar
que quiser para valer e ajustar o seu plano. A primeira parte do trabalho do um ator a cair, soprar o texto quando há esquecimento, corrigir os
Assistente de Direção estará terminada (isto se a preparação for bem lugares que foram predeterminados para as falas, dar a fala do ator
compreendida para o bom andamento do trabalho).
ausente, ou ler a "narração", liberar o campo de tudo que possa
O Diretor de Fotografia e o Técnico de Som {ou microfonista) v
incomodar a interpretação dos atores, distribuir pessoas fora de
assistiram a este primeiro trabalho, eventualmente solicitaram ao Assis- campo para facilitar correta direçao de olhar e sua interpretação), e)
tente de Direção as informações complementares e poderão agora realizar Deve em cada ensaio velar pela recolocação imediata dos
o seu trabalho específico até o momento da filmagem do plano:
accessórios e elementos do cenário deslocados durante o
— Regulagem das luzes para o Diretor de Fotografia, a partir ensaio, preparando-os para o ensaio em seguida. (Isso pode
dos primeiros ensaios com o Diretor. Direção do ajuste dos
também ser feito por um 29 Assistente de Direção ou estagiário
refletores com o Chefe Eletricista e seus auxiliares (nas pon
desta função.) Logicamente esta operação será realizada entre as
tes e no solo) sobre o cenário e os atores.
duas tomadas,
— Teste pelo microfonista e técnico de som, durante ensaios,
dos locais para a perche e o microfone que apresentam os Ex: A janela que o ator abre deverá ser novamente fechada
melhores resultados para a captação do som, sem marcar após o plano; o copo de vinho que foi bebido, deve-se tor-
sombras em campo. nar a enchê-lo, o revólver que acaba de atirar, ser recarre-
Enquanto o Diretor ensaia até se dar como satisfeito para filmar gado.
os planos, os técnicos especializados trabalham paralelamente no ajuste f) Assegura durante os ensaios (e durante as filmagens do plano)
e preparação e o Assistente de Direção supervisiona todos os elementos as campainhas, sinais e ruídos especiais etc., necessários ao
secundários.
bom desempenho do plano. Ex: a campainha do telefone, a
a) Primeiramente se há figuração ele organiza a movimenta- porta de entrada. Esses sinais serão acionados em um
ção da mesma, procurando assegurar uma continuidade pequeno quadro móvel preparado pela maquinaria, eletricis-
de um plano a outro, É um trabalho delicado, porém in-
tas ou cenografia.
teressante, onde o Assistente de Direção pode exercitar um
Isso pode ser o acender de uma lâmpada que indica ao ator o
pouco direçao de ator (sob as coordenadas do Díretor). A
momento de sua entrada (ou mesmo um sinal de braço se o
figuração tem como objetivo criar uma movimentação, e são
ator está visível). Outros comandos podem ser feitos tais
certas fórmulas simples que nós aprofundaremos no capítulo
como: comando dos eletricistas da equipe para acender os
Figuração. A única dificuldade para o Assistente de Direção
é que os dias de filmagem com figuração são sempre agitados refletores em sincronismo com o toque do ator sobre o
e sobrecarregados. interruptor em cena, de um ventilador ou ainda ao técnico
de som do início dop/ay back.
b) Ele controla com a continuísta o lugar dos objetos e acces-
sórios em relação à continuidade dramática. g) Enfim, ele é o responsável pela disciplina geral do sei no
que concerne aos problemas diretamente ligados à filma-
c) Ele, mesmo antes de terminar o plano que está sendo roda
gem: liberação do campo a ser filmado, silêncio etc. . ..
do, consulta suas anotações onde estão contidos os proble
mas e "observações técnicas" a serem pensadas para o plano
Após certo número de ensaios tendo sido conduzido
seguinte, e com certa antecedência relembra os profissionais.
progressiva-.... ..i- pulo Diretor o ajuste dos menores detalhes todos os
Ele tem de fiscalizar para que tudo seja realizado no tempo
previsto (ex: bebida f umegante que deve ser aquecida, sinal elementos
1*1 Mirou oslando prontos, as luzes reguladas, os microfones bem
instala-ilm, i» aitquadramentos bem ensaiados e tudo visto pelo
operador de 1'ênwm, n continuidade bem assegurada pelas indicações da
continuísta,
c 61
e todas as outras funções prontas o último retoque de maquiagem, dado o o outro — no início e no final do plano) e se desenvolve até o fim
diretor se dizendo pronto para filmar, os atores se colocam em seus tlu plano previsto.
lugares de início e os técnicos aguardam o sinal. Eis, então, o processo Durante todo o desenrolar da acão do plano, o Assistente de
tradicional de comando. O Assistente de Direcão libera o campo (cenário,
tapadeira.. . e às vezes pessoas ou sombras) e em seguida solicita que Dire-vffo assume a responsabilidade sobre a qual falamos durante os
cada um se coloque em seus lugares, dirigindo-se às pessoas da locação: ensaios (nçfio dos figurantes, sinais etc.. . .) e, ainda, controla coma
continufsta n continuidade de início e fim deplano.
Assistente: — Silêncio! Vamos filmar! 'No final do plano o Diretor dá sua ordem: "Corta!" Caso ele ttinha
— Silêncio geral! Ninguém se mexe! visto algo que não lhe agrade interrompe imediatamente a tomada. A
Em seguida determina que se fechem as portas da locação, que se câmera e o gravador são paralisados. A "tomada" terminou. O Assistente
apaguem as luzes parasitas ou de serviço, desligue o ar condicionado de Direção comanda: "Corta o vermelho." O circuito de lâm-piidas
ou ventiladores que não estão em cena ou qualquer fonte de ruído: vermelhas no exterior é apagado. É dado o alarme (2 toques curiós). O
Assistente — Vermelho, por favor! (É o sinal convencional em Diretor pergunta ao câmera e ao técnico de som se a tomada foi l toa para
estúdio para as pessoas que estão no exterior.) As lâmpadas verme- eles e, em caso contrário, faz suas observações para que a toma-Un seguinte
lhas se acendem em todos os serviços do estúdio solicitando a interrupção seja melhorada. O Assistente de Direção, que eventualmente lhos fornece
de Judo que faz barulho. Então, o eletricista que acende o vermelho sugestões, acrescenta observações aos técnicos e assegura HIIU os objetos
aciona um alarme (um sinal longo). de cena sejam recolocados no lugar. E repete-se então o nmsmo processo
Assistente de Direcão: — Clmera, pronto? acima descrito. Repete-se às vezes por plano 2, 3, 5 nu mesmo 10 vezes
Operador de Cârnera: — Pronto! Assistente a mesma acão até que o Diretor obtenha uma toma-<ln "boa" (sempre duas
de Direção: — Som, pronto? para sua segurança). Em seguida passa-se ao pla-iin seguinte previsto da
Técnico de som: — Pronto! (resposta que pode ser dada por interfone mesma maneira.
quando trabalha na cabine de som). Diretor do filme: — Motor! Antes que sejam desmanchados a iluminação e os elementos
Os assistentes acionam seus aparelhos (som e imagem). Às vezes o da-i|tmle plano, o Assistente de Direção viabiliza o trabalho do
Assistente de Câmera aciona tudo junto, pois ambos (câmera e gravador) Fotógrafo du Cena, que realiza as fotos destinadas à publicidade e aos
são alimentados (em motores sincronizados) juntos eletrícamente. Se o cartazes do filme para as portas do cinema. Solicita a colaboração do
câmera deverá ligar ele mesmo seu material independente do som, uma Diretor de Fo-lugrafia para a colocação de alguma luz complementar (sob
troca de sinal ou comando oral é feito entre os dois técnicos. Operador a orientação tio Fotógrafo de Cena) e para a colocação dos atores em
de Câmera: — Rodando! Claquete! O Técnico de som: — Gravando! atitudes sele-lilunadas entre os diversos momentos do plano.
Em seguida, o claquetista que estava preparado aguardando ao A foto deve ser feita, em princípio, com as mesmas luzes de cena a
lado da câmera entra diante dela com sua claquete (com nome do filme, no mesmo local da câmera que será apenas deslocada.
nQ do. plano, n° da tomada, nome do fotógrafo, observações técnicas Algumas vezes aproveita-se para fotografar a continuidade (ver licmi a
etc.) e anuncia o nome do filme, nPdo plano e tomada. continuísta), o cenário, accessórios ou roupas, caso estes apresen-litn
Ex: Claquetista: — "Noite Americana." 18A, primeira! Após o anúncio dificuldades para serem remontados. Por ex: continuidade a ser intimida
aciona a vareta da claquete contra o corpo, fazendo um ruído
entre a cena rodada em estúdio e a ser continuada em exterior. Para isto,
característico.
cada vez mais, a continuísta utiliza uma câmera fotográ-tltm Polaroid
A parte móvel da claquete permitirá em seguida a montagem sin- registrando imediatamente o necessário.
cronizada da pista de som com a da imagem. Após a operação, o claquetista
O Assistente de Direção aproveita esses segundos para se atualizar
sai rapidamente do campo para evitar perda inútil de negativo.
O Diretor aguarda um segundo, deixa os atores se concentrarem e ntt ilácoupage e eventualmente consultar seu detalhamento ou livro de
em seguida comanda: "Açâb!" iihimvuções. (Ele tem todo o interesse em manter seus documentos que
A ação propriamente dita do plano começa aqui (deixando uma n njudiim a seguir seu trabalho.)
certa margem para a montagem — acavalamento de acão de um plano 62 Ele risca no seu roteiro os planos já filmados e acrescenta algumas
imiir, no página esquerda do roteiro, algumas informações que poderão
•uxlllor eventualmente a continuísta: croquis de cena, continuidades
di-tíowli, notadamente nas atitudes ou gestos de momento (raccords) a
vHlncidtide de entrada ou saída em campo dos atores, as expressões do
63
rosto, as entonações etc. e evidentemente sua própria continuidade - a dos no filme e possibilitem a maior autenticidade possível ao clima filmado.
figuração (nomes, endereços e lugares dos figurantes), Ocorre às vezes que estes sons são grupados e gravados no final da jornada
de filmagem. 7) Realizar duas horas antes do fim das filmagens do dia (por
O bom Assistente de Direção deve, durante o curso da filmagem volta das 18 h) a redacão da "folha de serviço" (que explicaremos melhor
do plano já organizado, começar a pensar no plano seguinte (sem se mais adiante) e que deverá ser batida à maquina e distribuída
perder logicamente) e nas dificuldades que se apresentarão. Quando o individualmente pela produção a todos os participantes do dia seguinte
plano estiver terminado ele já estará mais ou menos preparado, sern perda (atores e técnicos). Baseando-se no plano de trabalho, tendo em vista a
de tempo, para comandar a organização da locação seguinte. filmagem do dia seguinte e o que podemos supor que será feito na hora
Quando, no plano em filmagem, ele sentir que os comandos estão restante, a folha de serviço menciona os planos previstos para o dia
organizados, passa ao 29 assistente essa função ou determina que o assis-
tente vá preparar o próximo plano ou locação. seguinte, pessoas envolvidas (com as horas de convocação) e todas as coisas
necessárias à filmagem.
A jornada de trabalho apresenta-se então como uma sucessão de
planos e embora as dificuldades variem de plano para plano, o processo
de imagem será sempre o mesmo.
Ill - APÓS O DIA DE FILMAGEM
Diversos Trabalhos Suplementares O Assistente de Direcão pode ser chamado (como já foi dito) a
realizar certos planos simples ou acompanhar a gravação de sons indivi-
Nas filmagens
duais ou ambientais.
Além das atividades anteriormente descritas o Assistente de Dire-ção Após uma conversa com o Diretor ele chama atenção oralmente,
devera' se organizar de forma a suprir algumas obrigações tais como: 1) •a; lhe é possível, aos técnicos especializados e pessoas envolvidas, dos
Assumir seu papel de ligação durante o dia de trabalho, o que supõe iiens importantes da "folha de serviço" para o dia seguinte (ex. prepa-
boas pernas. Notemos que essas funções ingratas são asseguradas pelos
ração de um p/a/ back, montagem de praticáveis etc.).
segundos assistentes ou estagiários, Correr pelos quatro cantos do
Assiste então ao lado do Diretor à projeção dos "copiões" do dia
estúdio ou locação para procurar em todos os momentos os atores em
anterior (projeção feita em ordem de detalhamento de todo o trabalho
seus camarins, quase sempre o maquiador para retoques, às vezes o
considerado bom com suas claquetes e pontas). Isto permite
Diretor ou a contínufsta momentaneamente ausentes, a Direcão de
objetiva-munte ao Assistente de Direcão controlar o resultado do trabalho
Produção se há um problema material importante a ser resolvido, ou
o Fotógrafo de Cena para o fim" do plano. e colher informações para melhorar o trabalho em certos detalhes
2) Recepcionar e informar os jornalistas e visitas convidados futuros.
pela Produção. Após isto, o Assistente está livre para pensar nos problemas do
3) Manter frequentes contatos com a Produção Executiva para «liii seguinte!
verificar se as previsões e encomendas determinadas no de-
Ihamento técnico estáío sendo providenciadas, sem dificul
dades nem erros.
1'ROBLEMAS PARTICULARES EM EXTERIOR
4) Recepcionar os pequenos papéis dos dias posteriores, expli
car-lhes o que se espera deles e, eventualmente, apresentá-los Teoricamente o trabalho em exterior se realiza na mesma base do
ao Diretor do Filme. i|uo o feito em estúdio (ou locação interna), na medida que se trata de
5) Em caso de nova locação no dia seguinte, fazer uma visita niinijir os mesmos resultados. Mas deve ficar bem entendido que no ex-i
ao local para verificar se tudo estará pronto conforme o pre m lor não dispomos dos recursos e comodidades que o estúdio (lugar
visto. pú-lillco, ruídos, parasitas, luz natural que não podemos controlar etc.) e
6) Encarregar-se de dirigir certos planos simples (objetos, ítcuisconte-se a isto um grande número de surpresas suplementares que w
flashs, inserções) e de dirigir entre dois planos, coma cola juntam às dificuldades existentes habitualmente no trabalho de estúdio.
boração da continufsta, a gravação de certos sons individu São elas notadamente:
ais a sincronizar fsem prazo) para que eles sejam incorpora- a necessidade de estar exposto às condições atmosféricas. Daí
65
64
o horário de filmagem variar segundo as cenas de dia ou de noite, neces-
sidade de um sol total para filmar ou determinada posição do sol em re-
CAPÍTULO 11
lação ao cenário utilizado (influenciando diretamente na ordem de fil-
magem dos planos naquele eixo), continuidade de cenário não muito fácil O Detailhamento
a manter de um dia para o outro (nuvens, ventos, ondas do mar, ele-
mentos do cenário etc.).
O AUTOR DO DETALHAMENTO
67
que certos técnicos sejam levados a fazer seus próprios detaíhamentos III — Um resumo da acão com as indicações sobre a cronologia
parciais sobre problemas que lhes tocam diretamente (contra-regra,
produção, continuidade etc.), mas isto não impede de maneira alguma e a minutagem prevista.
que o Assistente de Direção seja a base oficial do trabalho material de Ex. folhas amarelas.
toda a equipe. IV — Lista geral dos cenários (classificados por estúdio e exterio
res) e aqueles que comportam atores e accessórios impor
COMPOSIÇÃO DO DETALHAMENTO tantes.
Ex. folhas verdes
0 detalhamento se parece em linhas gerais com dêcoupage e V — O detalhamento separado por cenário e por cena
comporta um certo número de capítulos e notas.
Ex. folhas brancas
Observação importante: É aconselhável, para dar funcionalidade Este documento será estudado mais à frente e constitui a
e comodidade de utilização, prever para cada capítulo do detalhamento
peça fundamental, o núcleo do detalhamento.
folhas de cores diferentes que permitam localizar rapidamente as infor-
mações procuradas. VI — O detalhamento das roupas por ator (comporta igualmente
as indicações sobre a maquiagem). Este documento será
Logo que consultamos um detalhamento completo encontramos
sucessivamente títulos, sobre os quais retomaremos em detalhe: estudado também mais adiante. No que toca a atores principais
1 — Págína-título e o índice dos assuntos que nos indica a organi serão divididos em duas partes: homens (ex. folhas azuis) e
zação do detalhamento. mulheres (folhas rosas).
ex: folhas brancas
II — Informações gerais sobre o filme
ex: folhas azuis TRÊS TIPOS DE RECAPITULAÇAO
a) A produção e seus serviços (produtor, distribuidor, publi
VII — Resumo "SOM" (por exemplo, folhas verdes)
cidade, fornecedores de materiais, laboratórios). Para cada
um: CGC, endereço, telefone, razão social da empresa e Comporta sobretudo os sons individuais classificados por categoria,
conta to. e todas as particularidades do filme do ponto de vista sonoro {p/a/
b) As locações de filmagem (estúdios, locações em exterior) back etc.) VIII— Resumo "Imagem"
com os endereços exatos e telefones (para exteriores, os Tudo que diz respeito aos detalhes técnicos da imagem:
pontos de contato). transparência, trucagens, imagens de arquivo, planos com
c) Lista de equipe técnica do filme: nome, função, endereço e zoom, maquetes, efeitos especiais na imagem etc.
telefone.
IX - Resumo "Material"
d) Elenco (nome, personagem, endereço e telefone) separando
os papéis principais antes do início das filmagens e Uma lista com os principais accessórios e os problemas ma-
os teriais importantes.
pequenos papéis eventuais recrutados ou anotados durante X
— Folhas em branco que permitirão anotar algumas informa-
as filmagens.
ções necessárias que surgirão durante as filmagens, mas sem
Neste capítulo, o que devemos reter é que é extremamente
NOTA: importante ter sempre à mão a possibilidade de encontrar a perdê-las do conjunto do detalhamento.
qualquer momento todo elemento da equipe do qual de- NOTA: Estes 10 títulos constituem o detalhamento normal. Pode
pende a realização do filme (produção, estúdios, técnicos, acontecer que em certos filmes acrescentemos alguns
artistas etc.). Por isso a informação mais importante ainda é o deta-ihamentos parciais ou recapitulacão relativa a problemas
número do telefone. Devemos conferi-lo e eventualmente especiais que se imporão pela própria natureza do filme.
anotar vários que possam facilitar a localização durante os Ex: no filme "A bela e a fera" de Jean Cocteau (ou "Renato
diferentes horários do dia (atores principalmente). O telefone Aragão no Planalto dos Macacos" entre nós) os setores de
é uma ferramenta de primeira necessidade na vida maquiagem e máscaras obrigaram um detalhamento à
cinematográfica.
parte.
Filmes que comportem um linguajar especial, gíria ou língua
68 estran-Ijokfl nos seus diálogos obrigam um detalhamento à parte para a
conti-
"",. M poder acompanhar.
69
— Enfim, os anos passam, conduzindo a mudanças (que se de-
II: ESTUDO DO DETALHAMENTO DOS OUTROS vem levar em conta) no físico dos personagens (maquiagem).
PRINCIPAIS DOCUMENTOS DO DETALHAMENTO
Para crianças, particularmente, não podemos forçar a
veros-similhança, com um mesmo intérprete em uma ação
Abordaremos agora, especialmente, os parágrafos III, IV, V e VI que se estenda em mais do que 2 ou 3 anos.
que necessitam de explicação mais detalhada:
A - Resumo da Ação (Documento III) Quase sempre é necessário fixar um ponto de partida da
Este documento se apresenta da seguinte forma; o roteiro resumindo cronologia do filme. Diremos então que o 1°dia de ação é o
sucintamente cena por cena. Cada cena toma o lugar na ordem natural "dia J". Duas semanas mais tarde, tratar-se-á de "J + 15"
do roteiro sendo completada por um certo número de indicações.
e assim por diante.
(1) Colocamos aqui os números dos planos da cena, inscrevendo todos, No caso de utilização de flash-back no roteiro tais referências
como nome e indicando: "de 189 a 196" pois:
cronológicas serão particularmente úteis. (3) Nesta coluna, indicamos
a) Isto permite eliminar os números à medida que forem sendo simplesmente as condições de filmagem.
filmados e termos, então, a qualquer momento, uma posi
ção exata do que foi filmado e o que falta ser feito. S
Q) o local: Estúdio:
b) Acontece sempre no transcorrer da cena, haver números Set ST
suplementares (ex. 193 A) ou números suprimidos (ex. Terreno STR
195) e a redação "de ............ a ........ " não permite observar Transferência
isso. X Ir
Exterior
(2) Esta coluna serve para indicar as informações cronológicas da ação do
filme. Sua importância e sua natureza variam de um filme para outro. Em Natureza
certos temas, género revista, ou filmes que se passam em qualquer lugar Interior real
ou época e com uma duração indeterminada não é tão importante. Para
outros filrfies, ao contrário, o elemento tempo pode ter grande importância
e, de qualquer maneira, trata-se de determinar o esquema cronológico do b) Iluminação
filme partindo-se das indicações explícitas do roteiro (horas, dias indicados Dia..................................... D
no texto} ou implícitas (ex. o tempo de gravidez de uma mulher ou a Entardecer ........................ E
duração de um trajeto conhecido) e, completá-los de comum acordo com o Crepúsculo ........................ C
Diretor, adotando uma duração "realista" entre cada cena. Para certos Noite................................. N
filmes quando a ação se passa, por exemplo, inteiramente à noite, as Madrugada ......................... M
referências cronológicas serão feitas em horas e minutos. . . Para outros
filmes, pode tratar-se de dias, de meses, ou de anos. .. Denominamos um cenário "Noturno" se supomos que ele é
— A estação (verão, inverno.. .} que transforma o comporta NOTA: iluminado por luz artificial (no cenário haverá luzes acesas).
mento, o cenário, as roupas etc. Muitos filmes se desenvol Reservamos geralmente o termo "Noite" para os exteriores
vem em uma só estacão indicada; outros em várias estações. rodados à noite (ruas iluminadas por lâmpadas ou efeitos de
E tal ano supõe tal moda (roupas, divertimentos etc.). luar) ou por peças na penumbra (somente iluminadas pelo
— O dia da semana, conforme se trata de um dia de trabalho luar vindo do exterior).
ou de domingo ou feriado, sendo necessário talvez levar em
conta que devemos evitar certas inverossimilhanças nas ati- (4) Para esta coluna, não há problema: é suficiente indicar o n9da cena
vidades dos personagens. (habitualmente em algarismos romanos, para evitar confusão com o n9
— A hora (se dizemos que são 6 horas da noite no inverno, de tios planos}.
duzimos automaticamente que se trata de uma cena notur-
na). — Quando passamos "por corte" ou "plano ligando plano" de
uma cena para outra, quer dizer sem trucagem (fusão, faz
70
etc.) não indicamos nada. - Quando entre duas cenas há uma
trucagem indicamos entre
as linhas que separam as duas cenas o tipo de trucagem. (h)
Aqui colocamos o resumo da cena. Para sua redação há dois princf-
ploi:
71
— ser o mais conciso possível para definir a cena com o míni
(6) O total parcial dos planos por cenário caso o cenário com
mo de palavras.
— começar sistematicamente pelo nome do cenário (que subli porte várias cenas.
nhamos) (7) O total dos planos por cenário.
Ex. No Escritório de Roberto, Francoise pede a seu patrão (8) Esta coluna fica em branco até o fim do detalhamento. Será
etc. . . . preenchida após definirmos o plano de trabalho. Primeira
Isto permite imediatamente localizar onde se situa a cena. (6) mente indicaremos a duração aproximada prevista para cada
Esta coluna é a da Mínutagem: filmagem de cada cenário, levando em conta outras infor
a) Anotamos primeiramente a minutagem prevista tal qual re mações contidas no plano de trabalho (ver mais adiante).
sultou da média das minutagens realizadas antes das filma Constará então se o cenário pode ser filmado em um dia
gens {como foi explicado anteriormente: pré-minutagem). (1 D), em dois dias (2 D), em um dia e meio de trabalho
b) Embaixo escrevemos, à medida que filmamos, a minutagem (1 D 1/2), ou se há apenas alguns planos filmáveis em meta
real que realizamos. Isto permite controlar a duração real de ou 1/4 de jornada de trabalho (1/2, 1/4 D) ou ainda se
sobre a qual nos orientamos e eventualmente nos esforça deve ser filmado realmente à noite 1/4 D (n). Depois que a
mos para aproximar da duração prevista. ordem de filmagem de todos os cenários estiver estabeleci
(7) Finalmente, nesta última coluna (que preenchemos logo da, poderemos indicar em cima do cenário correspondente a
que o detalhamento fica pronto, grampeando e numerando 6a a filmar ("6"); ia ("l") etc.
por páginas) inscrevemos o número da página de referência (9) Finalmente, a última coluna comporta a importância dos
para cada cena, tendo o detalhamento como base que forne- atores que participam da cena (atores principais, pequenos
cerá todas as informações sobre os elementos e as dificuldades papéis, silhuetas e figuração), assim como eventualmente os
da cena. accessórios importantes com os quais se deve contar (ex. os
carros, os animais etc.). Este documento será completado
B - LISTA GERAL DOS CENÁRIOS {Documento IV)
com duas folhas-resumo:
Este documento fixa o quadro geral do documento seguinte, o 1) Uma folha constando de uma listagem dos números
mais importante (detalhamento minucioso por cenário e por cena), e é acrescentados (ex. 187 A, 187 B, 192 A) e uma lista dos nú
também interessante para a preparação do Plano de Trabalho que forne- meros suprimidos da découpage (que deverá ser mantida em
cerá os principais elementos construtivos (cenários, planos, atores). dia nas filmagens).
Fazemos uma soma total de cada uma dessas categorias de
{1} e (2) — Nome do cenário que é colocado em uma coluna ou noutra
segundo for exterior ou estúdio. Os cenários são catalogados plano: uma subtracão entre os dois totais indicará o número
na ordem que reencontramos na découpage. Se o cenário real de planos ainda a serem filmados.
contém várias cenas durante o filme, grupamo-las em uma
após as outras. Ex. "Escritório de Roberto"
Caso se trate de um conjunto (vários cenários em um só) NOTA: Acontece quase todos os dias a supressão ou o acréscimo de
grupamos eventualmente as cenas que se passam neste am- números na découpage. Isto ocorre quando se efetuam mu-
biente. danças de última hora na découpage, mesmo antes de
Ex. Hall de um hotel {portaria, porta do elevador, sala de mi-meografar, e não se faz a correção da numeração.
espera, bar do hall etc.). Mas se o ambiente representa um Contente-mo-nos então em acrescentar "A", "B" ou indicar
só cenário todas as cenas serão rodadas em seguida. "140 -
(3) O número da cena (em algarismos romanos, de preferência, suprimido".
para não confundir com os números dos planos). 2) Uma folha indicando o n9total de planos por locação:
(4) A iluminação (dia, noite, entardecer etc.) com a precedente.
a) estúdio
(5) Os números dos planos (indicando-os todos).
b) exteriores (acrescentando-se exterior "natureza" e sepa
72
rando-se interior real). 73
Isto permite se ter uma ideia exata do todo do filme em
relação à divisão e à proporção das diversas categorias de fil-
magem (interna, externa, estúdio etc.).
Sr. Alain .... roupa 2 cartas ...
C - O DETALHAMENTO MINUCIOSO POR CENÁRIO E POR CENA roupa 4 papéis ...
Jacques ..
(Documento Vi Contador roupa de arquivos
empregado
Este é o documento de base, a parte essencial do detalhamento. cinzeiros
Utilizamos por cenário uma folha (ou várias, se necessário). Em cada abajures
uma distinguimos 2 partes: pacote de cigarros
Indicamos primeiramente, cena por cena, tudo que é necessário isqueiro
do ponto de vista do ator, roupas e accessórios. Em seguida, reunimos caneta do Sr. Alain
todas as "Notas Técnicas" destinadas a chamar a atenção de cada cate- 2 x f caras de café quente
goria de técnicos sobre os problemas que são colocados na filmagem l bandeja para as xícaras
para cada especialista.
Eis aqui a disposição deste documento neste exemplo de detalha-
C •— XXI — O protesto de António Accessórios
mento. Nós daremos, em seguida, um outro exemplo completo a partir
5 N9 S 164-165-166-167 idem ao anterior (menos o café)
de uma découpage.
168
Noite
Alain ......... roupa 2
António ....... roupa 3 v 2
"CORRIDA" Françoise .... roupa 3
Estúdio Ambiente de Escritório
Mesa de secretária..................... Accessórios
Verão D — XXV — Françoise pede
3
explicações
Mesa do Sr. Alain.....................
20 8N9S 193-189-190-191
Dia 192-193 A-194- idem ao anterior
196 + chavezinha da gaveta
Total . . .....................
A— Sá Ia da Secretária Alain .......... roupa rf? 2
23 pacote de cartas
a) XII — Jacques vem
procurar Françoise
Accessórios Máquina NOTAS TÉCNICAS
3N9 101 -103-105 de escrever
Dia Jacques.. .roupa nP. 3 Cenógrafo
Françoise. . . roupa n° 5 vi. documentos arquivados — Prever um degrau entre a sala da secretária e o escritório
do Sr. Alain, donde o escritório do Sr. Alain deve ser
papéis construído em nível mais elevado com diferença de apro-
carbonos ximadamente 20 cm.
telefones Pintar na porta do escritório do Sr. Alain "Diretor" Produção Executiva -
B- Sala do Sr. Alain accessórios habituais de sala de Mandar fazer foto 18 X 24 de Jacques para porta-retrato da mesa do Sr.
secretária Alain — preparar um envelope colocado no Correio da Espanha
b) XIV — Sr. Alain avisa ao para Françoise. Contra-Regra — Preparar o café quente (plano 132)
seu filho sua decisão Accessórios de escritório de um Conferir se a fechadura da gaveta funciona (chavinha)
executivo
(191)
7N9S Rosto de António sujo de carvão (cena XXI)
1 2 7 - 1 2 8 - 1 2 9 - Dia vários telefones Maquiador
Lágrimas no rosto de Françoise (a partir do 193 A)
130-131 -132- 133 interfone
75
mapa na parede
foto de mesa com a fotografia de
Jacques
74
Eletricistas — lâmpada do abajur da mesa do escritório do Sr. Alain
é acesa pelo Assistente de Direcão em um quadro móvel
(cena XXI)
junto a câmera, avisando da sua entrada. O carro de um
Maquinista — Carrinho circular (130) Som — Som Só
164 sirene de final de trabalho na mina. personagem que mora numa cidade definida no roteiro deve
estar emplacado com a localidade correspondente. Deve-se
então pedir ao cenógrafo que o faca executar porque se isto
NOTAS ESCLARECEDORAS SOBRE
só for percebido no momento da filmagem poderá provocar
A REDAÇÃO DO DOCUMENTO V:
uma grande perda de tempo e normalmente a culpa recairá
1) Colocamos sempre no alto, à esquerda, o título do filme. Em sobre o Assistente de Direcão. Uma pessoa casada supõe-se
baixo, o local de filmagem e, eventualmente, uma indicação que use aliança, o que deverá ser providenciado com
cronológica (estacão do ano por exemplo) antecedência (modelo, tamanho etc.).
2) Realçar o título do cenário para que ele seja facilmente lido. Se o ator vai lavar as mãos, prevê-se a existência de torneiras
3) Dispor a indicação "3 NP S Dia", "5 N° Noite" de forma clara e uma pia no cenário que "funcionem", o que quer dizer
e bem destacada na margem. Os textos de cada parágrafo (por instalação especial (na parte exterior do cenário uma caixa
cena) dispostos em alinhamento e bem paginados (ver reda- d'água e uma canalização para dar vazão.)
cãc-padrão)
4) Manter um espacejamento entre os parágrafos As "Notas Técnicas" são infinitas segundo a natureza do filme
5) Indicar à direita os accessórios, alinhando-os em frente à cena e as dificuldades da cena. De qualquer maneira, podemos tentar dis-
correspondente. Os accessórios usados na acão dramática de correr sobre algumas clássicas e que várias vezes se repetem. . .
vem estar sublinhados. Os accessórios de ambiente e comple-
mentacão do cenário não precisam ser sublinhados. - Os estofados de palha (que em geral são sempre brancos)
6) Os números das roupas devem ser os mesmos nas suas fichas de devem ser envelhecidos ou escurecidos (com chá)
roupa (de que nós falaremos mais adiante) Observação: Assim como o preto, e pela mesma razão, se bem que por
7) As notas técnicas são grupadas por especialidade. Caso sejam problemas fotográficos opostos, o branco é condenado
sucintas demais elas indicam apenas o plano ou cena empre pelos Diretores de Fotografia quando filmam em "preto e
gada. Não se trata de ensinar aos técnicos o que eles devem fa branco", pois uma iluminação normal come os detalhes,
zer mas apenas chamar-lhes a atenção de dificuldades particula apenas restando uma massa branca. Um vestido de casa-
res que eles não tenham por acaso percebido na leitura da dé- mento no set nunca é branco. Ele é azul-claro ou
coupage e em vista da qual o Assistente de Direcão toma suas amarelo-pálido, que rende na tela branco, mas com volume e
garantias. sem estourar. Com as cores, o problema é logicamente
diferente, mas evitamos igualmente os brancos e pretos.
IMPORTÂNCIAS DAS NOTAS TÉCNICAS — Tudo o que deve parecer quente, como café, sopa etc., supõe
As notas técnicas constituem um dos aspectos mais importantes e uma pequena instalação para esquentar ou manter entre os
também'dos mais difíceis do detalhamento. Para maior parte dos outros planos o líquido que deve fumegar no momento da filma
setores do detalhamento são suficientes boa atenção e métodos para le- gem.
vantar sem erros nem esquecimentos as informações na découpage. Para - Para as entradas de atores de pontos encobertos a equipe
as "Notas Técnicas", no entanto, necessitamos de explicações precisas, deve instalar, como já foi dito, uma lãmpada-sinal.
temos que pôr a imaginação para funcionar e conseguir visualizar antes — Tudo que é escrito no cenário: tabuletas, bandeiras, placas,
da filmagem a cena tentando prever todas as dificuldades de realização emblemas supõe uma conferência do texto de comum acor
que estão implícitas numa découpage aparentemente fácil. Exemplos do com o Diretor e a confecção pela equipe de cenografia.
Um ator deve entrar em acão num momento preciso e não
há "deixa" ou ruído como referência para a sua entrada A foto de um ator numa moldura de mesa ou parede supõe que
em cena. Supõe-se, então, a instalação de um sinal luminoso deva ser feita especialmente para o filme antes da filmagem, na pose,
{uma lâmpada) sobre a porta, camuflada no cenário, que atitude e roupas desejadas pelo Diretor, e cabe ao Produtor Executivo
assegurar sua execução. Um artigo de jornal que deve ser visto em plano
76
77
Não esquecer de chamar a atenção sobre ã preparação dos "efei-
de detalhe supõe uma impressão especial nas oficinas gráficas de um tos": chuva, neve, vento, fumaça, neblina, teias de aranha, vapor, geadas
jornal. etc., pois cada um necessita de uma técnica e instalação especiais.
— Deve-se, caso se faça necessário, notificar os responsáveis sobre Prever sempre accessórios sobressalentes que deverão ser consu-
quais os elementos de cenário que deverão ser removíveis e "funcionar" midos ou estragados por estes efeitos (mesmo que só haja apenas risco).
pois isto necessitará logicamente de uma instalação especial. Os accessórios que deverão ser consumidos, tais como doces, vi-
Ex. a) Chaminé — isolamento térmico, condutor de fumaça etc. nhos, devem ser renovados, pois podem ser necessários para cada nova
b)TorneÍra — reservatório, encanamento e ralo de filmagem do mesmo plano (novo doce ou garrafa com o líquido intacto).
Os accessórios que serão quebrados devem ser renovados ou
escoamento
subs-tituídos a cada novo plano em que apareçam e várias duplicatas
c) Fechadura — deve funcionar com a chave
devem ser providenciadas, caso a filmagem se realize fora da ordem
d) Lâmpadas — equipadas habitualmente com photo-floods, dramática do roteiro.
em resistência, com interruptor desligado.
Não esquecer de indicar os locais e os personagens, placas dos
carros, letreiros dos ônibus, organograma de camisas (com iniciais do
NOTA: Na maioria das vezes instalamos um interruptor desligado so-
mente para composição do cenário e para auxiliar na interpretação do personagem do filme e não as do ator) etc.
ator. Quando um ator acende um abajur ou ponto de luz em cena, Lembrar-se dos doublés nas cenas necessárias (brigas, quedas,
acendemos não somente esta lâmpada, mas um conjunto de refletores piano! ou mesmo conduzir veículos se o ator não souber
com a quantidade de luz calculada para produzir o efeito correspondente dirigir). Há evidentemente outras coisas a assinalarmos.
ao acender esse ponto luminoso. Logicamente que a lâmpada que entra Essas servem
em cena deve ser acesa em sincronismo com os refletores corres- apenas como exemplo porque ocorrem com mais frequência.
pondentes. É por isso que não podemos instalar tal intensidade de cor- NOTA: Deve-se atentar que "as transparências" supõem um
rente num intervalo do cenário. No momento que o ator tocar no inter- duplo
ruptor, sob o comando do Assistente de Direção o eletricista bate a detalhamento.
"faca" ou caixa de luz onde estão reunidas as "linhas" daqueles refle- 19) Indicações precisas para gravar antes da filmagem propria-
tores, para acender ou apagar o conjunto de luzes correspondente ao mente dita as pistas que servirão para a projeção do fundo do
ponto de luz visto em cena e os refletores fora do campo visual {ou en- estúdio. Para isso, é necessário definir bem, a partir do roteiro
quadramento). e com Diretor, as condições das filmagens do cenário em
estúdio. Deve-se criar condições análogas nas duas locações
— Controlar para que elementos do cenário tais como grades, ja (sobretudo em relação à perspectiva), por exemplo: nas cenas
nelas correspondam à cena do roteiro. clássicas de interior de carro saber antes de ir filmar a rua ou
estrada que servirá de fundo, os eixos de filmagem em estúdio,
Obs: Para as alianças, verificar se deverão ser usadas pelo ator durante
suas posições e a duração dos planos. (Os que devem ser
todo o filme ou durante uma grande parte dele e ainda se fazem
filmados de frente para os atores, sentados no banco traseiro,
parte das fichas de roupas. correspondentes à estrada que desfila pelo vidro traseiro, os
— Lembrar da "manutenção" de determinados elementos duran que serão filmados com os atores de 3/4 lado esquerdo da
te o transcorrer da filmagem prevendo: câmera que sugerem uma paisagem desfilando no vidro direito
I) água e vaporizador para as flores (ou substituição por outras idên e que portanto devem ser filmados de um carro com a câmera
ticas pois elas não resistem ao calor dos refletores). voltada reta para trás diretamente) Estas indicações serão
II) comida apropriada para os animais domésticos (cães, gatos, pássa especialmente revistas no resumo imagem.
ros) pois às vezes é o melhor método de fazè-los "interpretar".
III) balas ou bombons para as crianças (pelo mesmo motivo) 29) O Detalhamento Habitual da cena de estúdio, mencionando o
Providenciar a presença de pessoas especializadas nos seguintes trabalho com o espelho de transparência.
casos: Agora veremos, apenas como ilustração, uma cena completa com
sua découpage e o detalhamento minucioso correspondente. Esta cena
— conselheiros técnicos: religiosos (missas); lutadores (brigas);
foi imaginada tendo como objetivo reunir o maior número de pequenos
cavaleiros (montarias), amieiros (lutas de espada ou esgrima).
problemas clássicos. É evidente, felizmente, que em média normalmente
— bombeiros para as cenas com fogo ou chuva.
79
78
137 - Glose (de inserção) do Jornal, em
as cenas têm bem menos problemas difíceis reunidos como estes. Tal seguida, superclose de Micheline — Música suave vinda do rádio
qual como está achamos que será possível ter uma ideia exata de tudo TRAVàRé.PlanoAmda 1?janela,
que acabamos de explicar. TRAV à frente* PANO
Close (inserção) da parte inversa
do jornal "France Soir" que
CENA TIPO PARA SERVIR DE EXEMPLO DE DETALHAMENTO Micheline está lendo. Lê-se o título
inicial de uma reportagem que
{detalhamento minucioso por cenário e por cena) trata das buscas do assassino
Julien Semart (com uma foto ao
Título do filme: Última Curva lado). Micheline acaba de ler e
deixa o jornal cair. TRAV à Ré
Descrição da acão: A cena se passa no campo. É noite. Estamos no até plano próximo, 3/4 do rosto Música suave vinda do rádio
outono. Chuva e violento temporal no exterior. Micheline, de Micheline. Ela está sentada na
gripada, está deitada. Ela está sozinha em seu quarto de cama. Seu rosto aparenta desânimo
hotel, esperando há horas Francois, seu marido, que deverá vir e palidez. Bebe uma xícara de
encontrá-la vindo de carro de Paris. Julien, assassino pro- chá, desliga o rádio e desliga a luz Fim da música do rádio,
curado pela Polícia, ex-sócio de Francois, sabe que ele não para dormir. O ambiente (na penumbra) fica apenas iluminado pe-
está. Após uma perseguição através das ruas da cidade ele la claridade da rua, o fogo da lareira e os raios. Micheline
conseguiu esconder-se no hotel sem ser percebido. escorrega para debaixo das cobertas. A Câ-mera panorâmica
com carrinho até enquadrar a 1ajanela: No exterior uma chuva
grossa: o vento espalha a chuva e agita as ávores.
FUSÃO
CENA XXII 138 — Plano Médio em seguida P. Am. de
Julien P. Am. de Julien e do vigia,
Ambiente Hotel: Escada, Corredor e Recepção P. Am de Julien com TRA V. lateral
Quarto — Estúdio / Noite, de acompanhamento. Julien em
Um quarto retangular de aproximadamente 5m X 4m, no 19 andar de Plano Médio sobe as escadas do
um confortável hotel do interior. A cama, à esquerda de quem entra, hotel e chega ao 19 andar (em P.
porta no meio da parede. Em frente à cama, duas janelas que dão sobre Am}. No canto do corredor
uma avenida arborizada. Ao fundo, uma chaminé onde arde um fogo a avistamos a janela do vigia. Julien
lenha. Perto da cama uma mesa de escritório, com gaveta, sobre a qual dá um passo. A carne-rã segue-lhe
estão dois romances policiais, um pequeno rádio de pilha, um abajur, em curto carrinho â freme. Ele
alguns vidros e medicamentos. Do outro lado da cama, ao fundo do hesita antes de passar em frente à
janela envidraçada do vigia que, no
quarto, um ramo de rosas em um vaso e um porta-retrato com a foto de
interior de sua sala, engraxa os
François. Uma penteadeira entre as duas janelas, com um vaso de
sapatos. Julien toma a iniciativa e
porcelana dourada sobre ela. Uma pia ao fundo entre a chaminé e a
passa diante da luz da janela...
janela. Um armário e uma poltrona de couro. Sobre o cobertor, um pe-
queno cão dorme enroscado. A porta do quarto dá num corredor que 81
serve aos dois quartos e no fim do qual se encontra, perto da escada, a
sala envidraçada do porteiro da noite. 80
Retomamos o carrinho Julien imóvel saca o revólver e aponta
.. . procurando não chamar a atenção. Mas o vigia para Micheline. MICHEUNE: (Voz
percebe-o e o interpela-o VIGIA:- Senhor?! TRAV ótico rápido de p. médio a Off) (aterrorizada)
Julien faz-se de apressado. Mas o vigia continua... VIGIA: - Ah,.. .É close. Julien faz um movimento em — Julien!
o senhor... seu dírecãoa câmera.
Leroux?.. . Que
tempo horrível,
não é?
Julien apressa-se em concordar. VIGIA: - . . . 139 — B — Plano Am. dos dois na mesma relação
Ma-dame Leroux de enquadramento. Julien entra em
esperou-o à noite campo pela esquerda
toda! Ela deve JULIEN: - Um
estar dormindo. . . barulhinho e eu
Ele procura no quadro de chaves uma chave. VIGIA:-O 18. te "fecho"! Enten-
Tome, uma deu? (irónico) Esta-
outra chave para va esperando
não a-corda-Ia. Fran-çois... que
surpresa
Julien segura a chave e sem nada dizer dirige-se
Micheline paralisada desagradável, não
para o lado do corredor indicado pelo vigia.
é?
Retomamos o carrinho de acompanhamento em
P.Am. JULIEN: (mudan-
Julien chega diante da porta do quarto de do de tom) — Va-
Miche-line. Hesita e em seguida, introduz mos, rápido, a gra-
suavemente a chave na fechadura e abre a porta na!
sem fazer barulho. Ao fundo, percebe-se vagamente MICHELINE:
na penumbra o quarto de Micheline onde ela (assustada) —
dorme, Julien penetra furtivamente no ambiente Eu não tenho
(R. d. m.) nada aqui, juro!
Julien encosta-lhe o revólver JULIEN: (brutal)
— Eu disse rápido!
139 — P. Geral de Julien {do outro lado do quarto}. Eu estou sabendo
P. Am. de Micheline e PANO em chicote. de tudo! Vamos, a
Julien entra {R. d. m.), encosta a porta grana!
docemente sem fechá-la e parece pensar Micheline, apavorada, aponta a gaveta da pentea-
um instante na penumbra. PANO chicote deira. Julien se aproxima, abre a gaveta e pega em
enquadrando a cama onde o cãozinho seu interior um pacote de notas de 100 francos.
começa a rosnar. Micheline acorda,
sobressaltada, se endireita e acende o
abajur, iluminando todo o ambiente.
140 — (suprimido)
PANO D.G. acompanha François
141 — Close de Micheline ... ele toma-a em seus braços (P. Médio)
Ouve-se no corredor pessoas do hotel que chamam
Apavorada, acompanha a luta entre os
(já se escutava há algum tempo baterem na porta), gritos assustados,
dois homens
Na rua, a sirene de um carro de polícia se aproxi- batidas na porta e
ma. . . sirene de polícia.
142 -
143 -
144 -
145 -
146 - INDICAÇÕES DAS ROUPAS
147 — Planos de briga a ajustar entre os dois
homens (socos, golpes de judo etc.) Essas indicações não são as "fichas de roupas" que serão explica-
NOTA: 1) Durante a briga um vaso é utilizado das mais adiante. Somente servem aqui de indicações gerais, supondo
como projétil e voa em pedaços sobre as que haverá uma ficha de roupa para cada ator.
costas de Julien.
2} O pacote de notas cai na boca da lareira MICHELINE pijama n 9 4 n9
e começa a queimar-se. Blusão e
JULIEN Calça de Veludo 3vl
148 - (Pianos de corte durante B briga) P. Am.
da Micheline seguida por PANO da acom- Paletó bege claro
FRANÇOIS Calça marron nP 1 Roupa
panhamento, pula da cama em direcSo à única
Roupa de empregado
84 VIGIA 85
18n9S 23
NOITE
(virada Total
86 ttt
femininos (produtos de be- NOTAS TÉCNICAS
5n9S leza e toalete, lingerie, ves-
tido de Micheline n?3) DIREÇÃO: Acertos da briga com os atores (planos 142- 147) (treino
DIA Roupa em antes das filmagens). Possibilidades de utilizar doublés?
continuidade com a cena Redação do texto do artigo de "Franca Soir" e sua distri-
anterior a esta buição na página (foto, texto, corpo das letras etc.). Prever
com a maior antecedência possível filmagem, na ordem
cronológica, do 142 ao 147 o desenvolvimento da briga:
29) Na recepção atitudes, roupas, maquiagem etc.
Accessórios habituais
DIREÇÃO DE PRODUÇÃO E PRODUÇÃO EXECUTIVA:
numa portaria noturna:
quadro de chaves, chaves.
Mandar imprimir, de preferência em papel jornal, 2 ou 3
Uma duplicata da
exemplares especiais de "France Soir" nas oficinas gráficas
chave n918
do jornal (texto, foto de Julien estilo registro policial:
Vários pares de sapato a
conversar com a Direção)
serem engraxados (limpos
e sujos), material de Mandar fazer ou escolher fotos de Francois para o
engraxar (flanelas, porta-retrato (pose, estilo, formato: conversar com a
graxa, escova) Uma mesa Direção) Prever bombeiros contra incêndio (chaminé) e
Um banquinho Caixa de efeito chuva (exterior do cenário)
cartas (com jornais e Locação e preparação das máquinas de efeito: mangueiras,
cartas) ou escaninho pipas, bombas, ventiladores silenciosos. Preparar notas
Quadro de avisos Vassoura, artificiais de 100 francos (mais ou menos 50.000 Frs),
espanador, balde e pano de tendo em vista a renovação nas filmagens: queima.
chão Telefone interno e Comprar vários vasos, em porcelana dourada, idênticos, a
externo Lista telefónica serem quebrados (entender-se com a Direção}. Providenciar
Mapa da região na parede cão ensinado e manso (se possível acompanhado de seu
Um porta-casaco (com um treinador ou dono).
casaco e o chapéu do vigia)
Um livro de registro Fichas DECORAÇÃO:
do hotel Tinteiro e
porta caneta Construção do cenário de um complexo de entrada de
hotel em nível elevado (escada do hotel e queda de Julien
do 19andar)
Equipamento para o exterior (lado de fora da janela do
XXIX: Discussão de Michelinc quarto) para receber a chuva soprada pelo vento (colocar
com Francois vidros das janelas).
Tapadeira com foto: Avenida arborizada no outono, vista
182-183-184-185 noturna no nível do 19andar.
idem accessórios gerais de Porta do quarto abrindo-se para o interior (dobradiças à
quarto (cena a) menos: . .. direita de quern entra) para o plano 138.
Acrescente-se: ... Fechadura da porta funcionando (com duas
188 chaves).
Micheline: roupa n95
Francois: roupa n92 88
Prever vaporizador para manutenção das flores e molhar as
Cenário bem fixo para briga, principalmente a parede das
roupas dos atores (chuva)
janelas (sobretudo o beiral de apoio da janela reforçado
Julien: ensopado (ver com a Maquiagem)
para a queda de Julien).
Françoís: algumas gotas
Prever chaminé que funcione {equipamento de chaminé e
Mandar pregar os números nas portas e os letreiros indica-
com exaustor para a fumaça).
tivos no cenário
Prever pia que funcione — encanamento para água e ralo
Prever protecão para a queda de Julien Preparar o maço
de escoamento no exterior do cenário.
das notas falsas e renová-las durante as filmagens (plano
Mandar pintar os n9s dos quartos nas portas (nP18 para a
148)
porta de Micheline)
As alianças de Micheline e François (tirar medida com os
Quadro de chaves numerado (de 1 a 20) atores)
Plaquetas numeradas para as chaves (sobretudo 2 O anel de Julien com as iniciais: JS Comida para
do atrair o cãozinho Verniz especial para disfacar
n918). reflexos do vaso
Placas indicativas de portaria, corredor, quartos.
Tapadeiras desmontáveis: 1) entre as 2 janelas í plano 148) MAQUINISTAS:
2) canto da porta (plano
151) Instalar efeito de chuva e vento (conversar com a Direção e
3) fundo, atrás da os bombeiros)
cama (plano 149) Lona para recuperar a água (protecão do cenário) Chaminés
e pias que funcionem Reforço da varanda para a queda de
Julien Porta e janela do fundo (perfeito funcionamento)
CONTINUIDADE E MONTAGEM: Galhos de árvores (conversar com a Cenografia) da mesma
espécie que as encontradas na tapadeira-foto. Elas serão
Comprimento dos planos: fim do plano 137 e início do agitadas pelo vento atrás das janelas. Parte da cama
plano 138 para fusão. (vinheta) a ser colocada no lugar da verdadeira referência
Fim do plano 151 para fechamento em preto (FAD IN). (para o plano 137: câmera no pé da cama) Tapadeira com
Sequência da briga (continuidade) acabamento para forjar o corredor em frente à porta nos
planos 139 e 139 D.
CONTRA-REGRA
ELETRICISTAS:
Revólver de Julien: 2 tiros a serem disparados no mesmo
plano, com carga de festim, fumaça visível para a imagem Refletores conjugados (conversar com o Diretor de Foto-
e cápsulas-reserva. grafia}, lâmpadas visíveis em quadro, todos em uma só
Chá fumegante (que possa ser bebido) para ser preparado "faca" para:
na hora e conservado quente. 19) apagara lâmpada de cabeceira (pano 137) 29) acender
Escurecer a palha dos encostos a luz geral (plano 139) Lâmpada de cabeceira que funcione
Preparar vários vasos idênticos para a briga (conversar com (photo f lood em resistência com interruptor em fio não
com a Produção Executiva) ligado) Farrapos de pano para efeito de cintilamento da
Preparar placa protetora para as costas de Julien a ser luz da chaminé
colocada sob a roupa quando o vaso quebra-se em suas Instalar no dial do rádio pequena lâmpada sobrevoltada
costas. visível e que funcione (para desligar)
Preparar porta-retrato com a foto de Francoís (conversar 91
com a Produção)
Instalar as madeiras e acender o fogo da chaminé (buchas,
gasolina ou álcool)
Preparar o fogão de bujão a gás
90
Instalar interruptor de cabeceira da luz geral (em fio não
ligado) ruídos da queda de Julien
Arcos para raios de temporal (conversar com o Diretor de gritos aflitos das pessoas do hotel no corredor e ba-
Fotografia) tidas na porta do quarto. Aproximação da sirene
Instalar lâmpada vermelha, sinal, na parte externa da porta policial.
para a entrada de François (plano 139 D)
D: FICHAS DE ROUPAS POR ATOR
DIRETOR DE FOTOGRAFIA: (Documento VI)
O último documento a ser estudado é a ficha roupa por ator: para
Iluminação da locação por lâmpada de cabeceira (plano cada ator importante (que entra em cena várias vezes no filme), redigi-
137) somente o luar do exterior, raios e fogo da chaminé mos uma ficha com as seguintes informações e características:
Iluminação geral do quarto 19) Uma cor para os homens (azul, por exemplo) e outra para
Efeitos de raios e fogo de chaminé para toda a duração da as mulheres (rosa, por exemplo)
cena 2?) Uma (ou várias folhas, caso seja necessário) por ator e nun-
Utilização de zoom (plano 139 A) ca colocar vários atores sobre a mesma folha. Eis um exemplo de
ficha de roupa:
MAQUIAGEM:
"CORRIDA"
Micheline durante toda a cena: pálida (doentia) + lágrimas AtorJ.P. Befmondo - Papel: Sr. Allain (Robert)
a partir do plano 139 D (tudo noite) Personagem: Diretor de uma mina. Sério, reservado
Rosto ensopado de Julien autoritário. 35 anos. Casado Obs. Gerais: Sempre
Marcas de sangue e socos, cabelos desalinhados durante a bem vestido, mas com uma certa austeridade. Não
briga para Julien e François há enfeites ou jóias. Bigode. Relógio de bolso (tipo
cronometro). Anel com as iniciais R.A. e aliança de
GUARDA-ROUPEIRA: casamento.
(16) (17) (18) (19) (20): Lembretes das principais indicações do outro
lado da ficha (para evitar que se vire a toda
hora).
r 3mK
= normal = alta 0,5.1 = baixa
J.
=
= normal Y~
eixo 1\ = em mergulho contramergulho
j;
{27} (28) (29) Lembrete das indicacões-imagens
(27) Dia = D; Noite = N; Madrugada = M; Crespúsculo = C
(28) Transparente (Tr)
(29) Maquete (Mq)
{30) {31) Lembrete das indicações do Som
(30) Mudo = M; Sonoro = S
(31) Play-back = PB
(32) Som a ser gravado sincronizado (ruídosdifíceis)
A = diálogo
(33} Som que será mixado na montagem = ambiente, música etc. . . . {34}
Maquiagem especial {35) Efeitos chuvas, vento etc. (36) Minutagem prevista
CONCLUSÃO DO DETALHAMENTO
NOTA: De uma maneira geral e desde que seja possível, o ideal é guardar
Carrinho Circular Sr. Allain a ordem de filmagem dentro da progressão dramática do roteiro.
Jacques Isso facilitará o trabalho da Direção e apresentará melhor
Contador rendimento artístico e, assim, procurar-se-á o melhor método de
(3) filmagem.
3 6 3
10 9 08 \* e s k 5 Z T 2 3 5Í
— Lista de cenários (extraída das carteias) que compõem o qua
Estúdio
dro abaixo:
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DURAÇÃO DE
ORDEM FINAL
Construçã
CENÁRIO o Filmagem Demolição ESTABELECIDA
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ETC. INFORMAÇÕES INICIAIS RESULTADO
DO QUADRO
TERMINADO
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iMil M DE FILMAGEM
i- MA SEMANA
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Mil 31 1 2 3 4 15
Floresta de Vincennes 16 — Um M JUNHO |
canteiro no campo (1/2 dia) 17-No llfiiUE FILMAGEM H»
STUDIO
FIGURAÇÃO
i >• -' • nin M| M necessário, sobretudo em locações externas, e se os M.
M!«»; » ninnis ostiverem de acordo, poderemos filmar nos ACCESSORIOS
Total Números.. 10
Escola Fitier
M. do T.: Aqui deixamos de citar as fontes francesas, pois seriam inúteis para o
Assistente de Direçao brasileiro. Seguem, em substituição, bases fontes em nosso
país.
125
Minas Gerais: FICHA DÊ ATOR
TV
Foto (6 x 9) F
Rosto oto (6 x 9) OUTROS
Corpo Inteiro TALENTOS VARIADOS ROUPAS ESPECIAIS
(Indicar com letras Valorativas)
Idade Aparente- FÍSICO P=Pouco; MB =MuÍto Bem; B =Bem
Manequim- ----- Sinais Particulares-
Altura- -----------
Cabelos- -------
Olhos -------------
Observações Gerais Características
Gerais, tipo, estilo, aparência,
personalidade, memória,
temperamento, presença, maleabili-
dade, sociabilidade etc.
126 127
C AP Í T U LOV I I
OBSERVAÇÕES
A Figuração
1) Para cada ficha duas fotos (sem retoques) do rosto e corpo
inteiro para se ter uma ideia do tipo do físico. Caso o for
mato seja 13x18 ou 18x24 cm grampeamos na
ficha.
2) Podemos adotar duas cores diferentes: uma para as fichas
"homens" e outra para as fichas "mulheres", o que facilita
a organização e a busca. No interior de cada categoria as fi
chas poderão ser classificadas por especialidade ou emprego
e em ordem alfabética.
3) Repetimos no verso o sobrenome, nome, e emprego, para
que se evite virar a ficha quando consultamos na busca de
um ator a partir de suas fotos e descrições. Para terminar, algumas palavras sobre a FIGURAÇÃO, que, como
Finalmente, é interessante sugerir aos Assistentes de Direção que havíamos assinalado, constitui a principal oportunidade que se oferece
reservem em seu caderno (ou em um outro caderno) algumas páginas de ao Assistente de Direção de participar na direção de atores propriamente
endereços, telefones e informações diversas classificadas por categoria, dita.
e que deverão ter ao alcance da mão, de estúdios, laboratórios, lo-
cadores de equipamentos, roupas e accessorios, produtoras, distribuido- NOTA Por razões psicológicas, a denominação oficial do figurante ori-
ras, órgãos oficiais de cinema, sindicatos, e técnicos com os quais trabalha gina-se de "ator de complemento", mas no meio profissional, o
com maior frequência, aos quais poderemos acrescentar algumas in- termo figurante é o mais utilizado.
formações técnicas úteis, tais como: tabela de metragem e suas corres-
pondências {em segundos) 24 imagens (cinema) e 25 imagens (TV). 7 — Escolha dos Figurantes
133
e) Logo após filmado o plano exigir que os figurantes fiquem
exatamente em seus lugares para poder demarcá-los em suas exatas
respectivas posições. (Uma pequena planta com nome e endereço) no
caso de haver continuidade com o plano seguinte. Fica então claro que
para o plano seguinte as funções iniciais serão as posições finais do plano
anterior. Estas posições utilizarão na montagem parte da margem
normal de ação que existe entre o final de um plano com a parte inicial
do outro e que se acavalam para corte na montagem. Eis aí uma
exposição bem completa das responsabilidades e dos documentos de
trabalho do Assistente de Direção Cinematográfica. Seria necessário
ainda acrescentar pequenas coisas que desejaríamos tentar descrever, ao
menos parcialmente, sobre determinados conhecimentos necessários ao
bom Assistente: conhecimento de uma língua estrangeira (no momento
atual, o inglês), um pouco de aptidão para desenho (riscar um croquis
de cenário, roupa, enquadramento), um certo bom gosto e informação
de regras de etiqueta (organização de uma mesa de jantar, determinados
estilos de móveis, de decoração, redacâfo de convites, diferenciar
roupas de garçom e maftre, roupas de gala etc.), um certo
conhecimento sobre jogos sociais (ex. organização de um tabuleiro de
xadrez, um jogo de cartas, sinuca etc.).
Como percebemos são necessárias bastantes qualidades para o
Assistente perfeito,.. o que, na verdade, não existe.
Tentamos expor aqui o que é necessário para se tornar um bom
Assistente e dar as informações que permitirão a melhor atuação nesta
profissão às vezes ingrata, mas sempre apaixonante.
134
ASSISTENTRÉALISATEUR
TRADUÇÃO
E ADAPTAÇÃO BRASILEIRA DE '
JORGE MONCLAR
ARTENOVA
EMBRAFILME