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o

ASSISTENTE
DE
DIREÇAO
CINEMATOGRÁFICA

Pierre Malfille

Procurando ampliar e preocupan-


do-se cada vez mais com os rumos do
mercado cinematográfico brasileiro, a
Artenova/Embrafilme lança o "AS-
SISTENTE DE DIREÇAO CINEMA-
TOGRÁFICA", no qual se conjungam
expoentes de várias especialidades
como Karel Reisz, John Halas, o brasi-
leiro Jorge Monclar e o próprio autor
Pierre Malfille.
Uma das metas prioritárias do
tradutor foi a adaptação da obra à
realidade cinematográfica brasileira,
pretendendo oferecer mais recursos
técnicos uma vez que, dentro da área,
são poucos os livros encontrados sobre
a temática, contendo poucas informa-
ções ou fragmentários embasamentos
teórico e prático.
A luta do cineasta é grande e esta
obra vem fortalecer caminhos abertos
por vários diretores brasileiros, que
realizaram filmes de carater competiti-
vo internacional.
O tradutor Jorge Monclar tem
curso de especialização em assistente
de direção pelo Instltute dês Hautes
Etudes Cinematographiques, ministra-
do em Paris, e um livro editado pela
Artenova, cujas finalidades são tam-
bém a de acrescentar e aprimorar os
conhecimentos técnicos adquiridos
por nossos diretores.

Álvaro Pacheco
editor
O ASSISTENTE
DE DIREÇAO CINEMATOGRÁFICA
Em convénio com a EMBRAFILME PIERRE MALFILLE
Copyright © 1970 Pierre Malfille/IDHEC Diretor de Cinema e Televisão
Copyright da edição brasileira © 1979 Editora Artenova graduado pelo l DHEC e
ex-professor do mesmo Instituto
S/A
Tradução de Jorge Monclar
Revisão de Jorge Uranga e Paulo Roberto Uranga
Capa de Eugênio Hirsch

Reservados todos os direitos. Reprodução proibida, mesmo


parcial, sem expressa autorização da Editora artenova S/A

O ASSISTENTE DE DIREfiAO
CINEMATOGRÁFICA
4? Edição

tradução e adaptação de Jorge MONCLAR

Instituto de Altos Estudos Cinematográficos


RuaChamps Elysées, 92
Paris — Franca

ccBtora artenova SÁ | editora artenova SÁ


riu «ipitlo atxjala ctiam*. 25í
Composto e ímprvsso no Brasil — Prínted in Bruil «U.. 23S-S198 / 24B~Sy67 . rio
dep. joriulutico
d*p. gráfico
dep. rdiioriil
iludia de iru
CINEBIBLIOTECA EMBRAFILME MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA

VOLUMES PUBLICADOS
Ministro
FILME E REALIDADE PROFESSOR EURO BRAMDAO
Alberto Cavalcanti, 1977
CENOGRAFIA E VIDA EM FOGO MORTO Diretor Geral
Rachel Sisson, 1977 Do Departamento de Assuntos Culturais
MERCADO COMUM DE CINEMA PROFESSOR MANUEL DIEGUES JÚNIOR
(uma proposta brasileira
aos países de expressão portuguesa e espanhola), 1977
A TÉCNICA DA MONTAGEM CINEMATOGRÁFICA EMPRESA BRASILEIRA DE FILMES S/A
Karel Reisz e Gavin Millar, 1978 EMBRAFILME
HUMBERTO MAURO:
SUA VIDA, SUA ARTE, SUA TRAJETÔRIA NO CINEMA Diretor Geral ROBERTO
(Depoimentos sobre a riqueza da filmografia maureana FIGUEIRA DE FARIAS
e sua importância na moderna cultura brasileira), 1978
O CINEMA EM FESTIVAIS E OS CAMINHOS Diretor Administrativo
DO CURTA-METRAGEM NO BRASIL ANTONIOSÉRGIO LOUREIRO
Míriam Alencar, 1978
LEGISLAÇÃO DO CINEMA BRASILEIRO Diretor de Operações Não-Comerciais
(Vols. l e II), Alcino Teixeira de Mello, 1978 LEANDRO GÓES TOCANTINS
MACUNAl'MA:DA LITERATURA AO CINEMA
Heloísa Buarque de Hollanda, 1978
MINHAS MEMÓRIAS DE CINEASTA
LuizdeBarros, 1978 A EXPERIÊNCIA
BRASILEIRA NO CINEMA DE ANIMAÇÃO
António Moreno, 1978
BIBLIOGRAFIA DE CINEMA
(Catalogação do acervo bibliográfico da Embrafilme), 1978
MANUAL DO ASSISTENTE DE CÂMERA
Jorge Mondar, 1979

EMBRAFILME — Diretoria de Operações Nao-Comerciais


Departamento de Documentação e Divulgação Av.
13 de Maio 41/l49andar - Rio de Janeiro
l ÍNDICE

tf Parto: Aspectos Gerais - Descrição da função do Assistente de


Direcao
Capítulo l — Advertências iniciais e objetivos da obra

Capftulo II — Apresentação da f unção do 19 Assistente


de Direcao

Capítulo III — Dificuldades da limitação das funções do


Assistente de Direcao

Capítulo IV - A profissão de Assistente de Direcao:


Resumo histórico O assistente na equipe Sua
relação com o diretor do filme Principais
qualidades de um bom Assistente de Direcao
Formação de Assistentes
Mercado de trabalho

Capítulo V — Panorama das atividades do Assistente de


Direcao na pós-produção de um filme.
Período de preparação e da contratação do
assistente
O assistente durante as filmagens O
assistente na pós-produção

/c/Vfrffl: Estudo detalhado dos aspectos ou documentos mais Impor-


tantes do trabalho de um Assistente de Direcao

Capítulo l — Uma jornada de trabalho de um Assistente


de Direcao durante as filmagens.
Antes do início das filmagens PREFACIO
Durante as filmagens propriamente ditas
Após um dia de filmagem
Problemas particulares de filmagens exter-
nas

Capítulo II - O detalhamento
Definição. Qualidade de um bom detalha-
mento
Estudo detalhado dos 4 principais docu-
mentos de um detalhamento Resumo da
ação Lista geral das locações Detalhamento
por locação e cenário Lista das roupas por
ator e personagens Como se realiza um
detalhamento Que recebe um detalhamento
e utiliza-o na equipe Outras formas de O aparecimento deste segundo "manual" (o primeiro foi o de
detalhamento assistente de câmera) vem comprovar nossa preocupação de oferecer
aos que trabalham no cinema brasileiro opções, caminhos, especiali-
Capítulo II l - O plano de trabalho dades várias: desde a História, à Estética, à Política, à Crítica, à Filo-
Algumas ressalvas sobre a elaboração de sofia Artística, aos assuntos essencialmente técnicos. Nestes se incluem:
um plano de trabalho "A Técnica da Montagem Cinematográfica", de Karel Reisz, "A Técnica
O plano de trabalho e as fichas técnicas do Cinema de Animação", de John Halas, ''Manual do Assistente de
Câmera", de Jorge Mondar, e, por último, "O Assistente de Direção
Capítulo IV - A folha de serviço Cinematográfica", de Pièrre Ma ffiflê, tradução e adaptação a situações
Ressalvas sobre adaptação l DHEC da folha brasileiras, de Jorge Mondar.
d Pela primeira vez, entre nós, tenta-se estabelecer uma bibliografia
e especializada, em selecionamento de ordem prática, objetiva, para que o
A ficha de locação "Exteriores" cineasta brasileiro aperfeiçoe sua visão, seu conhecer, seu sentir, seu
s trabalhar. Na verdade, representa nossas preocupações com os destinos
eA ficha de ator da arte cinematográfica brasileira — como arte, como cultura, como
rviço e do plano de trabalho indústria, como comércio.
Nem só de pão vive o homem — dizem os Evangelhos. E nem só
Capítulo V de arte pode viver o cinema. Não será arbitrária a afirmação, porque o
cinema, como o entendemos, e outros países, de economia forte, enten-
Capítulo Vt dem do mesmo modo, é um instrumento hábil na movimentação de
recursos. Além de seu peso social, cultural, de pronta comunicação, tem 3
CapítuloVIM- A figuração sua grande importância na geração de rendas, e precisa, assim, de uma
justa consideração para encará-lo também na estrutura económica e fi-
Bibliografia nanceira do país.
São as fronteiras: a arte, a cultura, a educação social, o económico,
onde não deve haver choques nem retraimentos no terreno cinema-
tográfico. Fronteiras de atrações, nunca de repulsão.
Este é o ritmo de comportamento que marca a ação do Estado,
em seu papel de estimular, conciliar, cooperar, jamais interferir na cria-
11
cão artística. Se/a ela qual for. Ritmo de comportamento que sempre
O cinema, comunicação social por excelência, dentro de um com-
desejamos manter integro em nossa ação à frente de responsabilidades
plexo de arte e de técnica de expressão, um instrumento de cultura, de
administrativas na EMBRAFILME.
educação, de boa informação. Ele reúne parte do capital criativo da
A tradução de "O Assistente de Dírecão Cinematográfica", com o
Nação. Atinge de modo direto o público, produz o impacto da imagem
devido consentimento do Institute dês Hautes Études Cinématographi-
sensitiva. Daí sua magna importância no contexto político e social de um
ques, está entregue ao cineasta (e admirável fotógrafo) Jorge Mondar,
que, por sinal, foi aluno do IDHEC e nos aconselhou a edição em língua país.
portuguesa. Jorge Mondar, além de traduzir a obra, adaptou-a às condi- Por isso, quando entrávamos em contacto com o Instituto Luce,
ções brasileiras, pois ela faz parte do currículo profissionalizante do em Roma, espécie de IDHEC italiano, vimos em grandes letras a defi-
IDHEC. nição da lei nacional: "O cinema é meio de expressão artística, educa-
Por coincidência, visitamos o IDHEC, em Paris, no mês de novem- cional, cultural e de comunicação social".
bro passado, sob o patrocínio do /tamaraty. Lá estivemos observando, Depois de excursionarmos em maratona cultural pela Itália, Franca
analisando e aprendendo. e Alemanha, vendo, ouvindo, observando instituições culturais cine-
matográficas, fortaleceu-nos a convicção de que o Brasil não está tão
No IDHEC há cursos regulares para estudantes, com um currí-
aquém das attvidades lá desenvolvidas.
culo definido em dois campos distintos: o da formação de atores para o
Temos iniciativas que, ainda, modestas, nos dão o melhor cunho
cinema e o da formação de técnicos. Além de organizar cursos notur-nos
filosófico em matéria de desenvolvimento cultural e educacional cine-
para operários de cinema que desejam ascender a um posto de técnico,
matográfico. Uma das provas, entre tantas outras, é a lista de obras que
cursos de aperfeiçoamento para os próprios cineastas e também para os
professores de liceus, interessados no cinema. compõe a Cl N E BIBLIOTECA EMBRAFILME. A essa lista incorpora-se,
agora, um livro essencial: "O Assistente de Díreção Cinematográfica".
Ouvimos de um de seus diretores, durante a visita, em companhia
do Conselheiro da Embaixada do Brasil, J. Villa Lobos, que a postura
LEANDRO TOCANTINS
do IDHEC vai além da formação profissional: ele procura exercer em
Franca uma irradiação cultural por intemédio do Cinema. E enfatizou: a
dupla missão de formar novos técnicos, novos artistas e de assegurar
uma inteligente propaganda a favor da Sétima Arte.
Verificamos que as tarefas que pretendíamos dar ao
CENTRO-CINE (Fundação Centro Modelo do Cinema), por nós redigido
em anteprojeto na Comissão Interministerial, mas posto de lado por ser
desaconsethável, naquela ocasião, quase se ajustam às do IDHEC. Aliás,
chegam a se identificar em princípios gerais, que foram incorporados ao
anteprojeto da EMBRAFILME, também por nós redigido e relatado,
princípios dos quais resultou a atual Díretoria de Operações
Não-Co-merciais.
Há, na Franca, como também propusemos aqui, uma cooperação
do IDHEC com cinematecas, cinedubes, instituições culturais, re-
sultando numa saudável política global de cinema.
Esperemos que, em breve, ressuscite a ideia da criação do
CEN-TROCINE, adaptado aos tempos novos que começamos a viver,
quando o próximo Governo Federal inteligentemente compreendeu o
valor e a necessidade de uma Comunicação Social ajustável aos fatores
psicossociais deste continente Brasil, tão essencialmente longe e vário em
suas expressões regionais. Comunicação social nem de longe naquele
molde propagandístico, ufanfstico — e até em distorções políticas.
Afinal, coisas estas passadas e enterradas.
12
13
APRESENTAÇÃO

Com os meus companheiros da Comissão de Técnicos de Cinema,


através de nosso órgão de classe, o Sindicato dos Artistas Técnicos em
Espetácuíos e Diversões do Rio de Janeiro, procuramos fortalecer o
cinema brasileiro na sua luta de sobrevivência perante a invasão em
massa do cinema internacional que não deixa lugar para a expressão de
nossa cultura. O fortalecimento deste cinema, ao nosso ver, deveria ser
atacado em duas frentes. No âmbito mais geral uma defesa política do
nosso cinema lutando com as outras entidades que trabalham pelo cinema
na defesa do mercado de exibição para o filme nacional, o
curta-me-tragem, o espaço para formação de novos valores e de
manutenção de um cinema cultural, sem ob/etivos puramente
comerciais. Por outro lado para realizarmos filmes em nível de
competição com o produto importado que realiza um "dumping" em nossa
produção é necessário manter o nível de formação profissional para que
possamos elaborar um produto cultural bem acabado e resistir na
competição comercial que se estabelece com o produto importado. Não
fabricar um similar nacional mas um com elementos que possam resistir a
essa invasão. Esse problema só poderia ser atacado procurando realizar
cursos de formação profissional onde as informações fossem dadas pelos
profissionais que militam na realidade concreta de nosso cinema.
Juntamos nossos esforços aos da Empresa Brasileira de Filmes S/A
através da sua Diretoria de Operações Não-Comerciais e estabelecemos
um programa para esses cursos, sobretudo nas áreas mais deficitárias da
mão-de-obra. Em seguida constatamos quanto a literatura em língua
portuguesa sobre o assunto era minguada e como isto elitizava o nosso
cinema. Este livro é a tradução df? um livro de Assistente de Direção do
Instituto de Altos Estudos Cinematográficos adaptado ao nosso processo
de produção e o resumo Í/O.Y encontros dos profissionais de nosso cinema
durante o Curso de Assistente de Direção realizado em 1978. Esperamos
que nosso esforço
15
se/a co-empreendido por todos os que amam o cinema como atividadè, os
que dele vivem profissionalmente e para todos os que defendem o cinema
nacional como meio de expressão democrática de nosso povo,

Jorge Mondar Tradutor e


adaptador da obra

Aspectos Gerais
— Descrição da Função
do Assistente de Direçâb

16
CAPITULO l
Advertências iniciais e objetivos da obra

Nós trataremos aqui essencialmente do IPAssistente de Direção


das grandes produções, na produção francesa atual, supondo que ele é o
único Assistente de Direção do filme.
Diremos então que:
a) 1? Assistente ÚNICO: o 19 Assistente único torna-se feliz
mente cada vez mais frequente. Trabalhando com ele um
segundo ou mais assistentes estagiários. É evidente que o 19
Assistente se encarrega e é o responsável pela divisão de
suas obrigações com estes colaboradores. Mais adiante de
monstraremos quais dessas obrigações são
normalmente
confiadas aos demais assistentes.
b) Nós definiremos apenas o Assistente de Direção do longa-
metragem porque no caso do curta-metragem suas tarefas são
muito imprecisas para que se delimite numa definição. O
Assistente de Direção em filmes de curta metragem ocupa
efetivamente uma função mais simples pois todos os proble
mas se apresentam numa escala mais reduzida mas ao mes
mo tempo mais envolvente pelo fato de acumular (nesse ti
po de filme) mais funções, tendo em vista ser uma equipe
mais reduzida. Ele torna-se às vezes Assistente de Direção,
Contra-Regra e Guarda-Roupa, um pouco cenógrafo, Dire-
tor de Produção, Continufsta. . . e em alguns casos Fotógra
fo, Maquiador ou mesmo maquinista! No entanto, nós esta
mos convencidos que as indicações aqui fornecidas para o
Assistente de Direção do filme de longa metragem são per
feitamente válidas para os Assistentes de Direção em filmes
de curta metragem. Elas podem servir de base para as fun
ções propriamente ditas de "Assistente" no seu trabalho,
19
CAPITULOU
c) O 19 ASSISTENTE NA PRODUÇÃO ATUAL FRANCESA:
efetivamente, estas considerações são válidas para outros Apresentação da função do Assistente de Direção
países, sobretudo os europeus, que possuem sensivelmente
o mesmo tipo de produção. Mas existem também os países
onde a divisão das responsabilidades é um pouco diferente; e
"atualizadas", pois, sabe-se, o cinema está em perpétua evo-
lução. Por exemplo, notamos particularmente de uns anos
para cá que certos filmes utilizam equipes mais leves dando
maior mobilidade tendo em vista o rendimento do filme, em
função do tema. Percebe-se também o aumento gradual de
filmagens em exterior e locações naturais em relação às
realizadas em estúdio.

Definição:

Como definir o Assistente de Direção?


1
Robert Edward Lee, em "Silêncio, rodando!" denomina "o ho-
mem de ligação da produção". E acrescenta que "o assistente é pratica-
mente o responsável por tudo o que acontece no local de filmagem,
exce-to da direção de atores propriamente dita e do estilo de
interpretação dos atores principais".
"Atrasos de qualquer origem, interrupções das filmagens, falhas
dos equipamentos ou humanas, erros de roupas ou maquiagem, atrasos
nas locações, pequenos papéis ou figurantes incapazes de realizarem o
que a eles solicitamos: não importa qual o esquecimento cometido por
qualquer pessoa, recaem todos nas costas do Assistente".
Apesar de fora de moda podemos aqui repetir que muitas de suas
atribuições são um tanto quanto militarizadas. Daí o aspecto delicado,
complexo e ingrato do trabalho de Assistente de Direção e a dificuldade
de uma definição precisa de sua função.
A convenção Coletiva de Trabalho é, por seu lado lacónica. EJa
diz somente: "O 19 Assistente de Direção auxilia o Diretor na preparação
e na realização artística do filme. Ele está subordinado diretamente ao
diretor do filme".
Nós propomos aqui uma definição um pouco mais completa:
DEFINIÇÃO: O Assistente de Direção é, como o seu nome indica, o co-
laborador imediato do Diretor que lhe assiste do triplo ponto de vista
material, técnico e artístico durante a preparação e filmagem. Mas é
também, antes de tudo, o homem de ligação e de coordenação entre a
Direção de um

Edições Payot- 1938.


21
lado, a Produção e o conjunto da equipe do outro lado. Seu papel é CAPITULO III
prever, organizar e pôr em execução tudo que é necessário para criar as
Dificuldades da limitação precisa
condições de trabalho as mais favoráveis possíveis para a direção
das funções do Assistente de Direção.
e realização do filme. Esta definição sublinha o lado da "organização do
trabalho" que não parece ficar muito evidente no próprio título do
Assistente de Direção. Efetivamente, como percebeu René
2
LEPROHONI: "na medida onde sua competência é real, o assistente
parece convocado a assumir cada vez mais tarefas até então reservadas a
Produção e notadamente ao Diretor de Produção."

No cinema, existe, no nível da divisão das responsabilidades, dois


tipos técnicos:
a) os que se ocupam de funções técnicas mais especializadas,
com limites bem determinados: eles realizam um trabalho,
que o tema se renova de um filme para outro, mas que sem
pre será idêntico o campo de atuação e intervenção e que
ninguém poderá dificultar ou intervir. É o caso por exemplo
do Diretor de Fotografia, do operador de câmera, do ma-
quiador, do técnico de som, do fotógrafo de cena. ..
b) aqueles que a função técnica tem sua atividade mais amplia
da do ponto de vista responsabilidades. Existem entre as fun
ções vizinhas e sua própria atividade numerosas possibilida
des de interferência. Por esta razão (o Assistente de Direção
é o tipo específico dessa 2a. categoria) o limite de suas res
ponsabilidades é bem elástico e varia de filme para filme.
Cada equipe necessita entre seus membros de um equilí-
brio que lhe é próprio e que resulta da interacão de um com
outros de diferentes personalidades que as compõe. Cada
equipe é um caso particular onde a fórmula de trabalho é
determinada pelo que podemos chamar de "relações de
forças presentes".

FÓRMULA DA "RELAÇÃO DE FORÇAS" ENTRE OS


MEMBROS DE UMA EQUIPE DE UM FILME
4
"Los mille et un métiers du cinema" (Meloj, 1947) Tomemos como exemplo um caso evidente: o filme em que o Di-
22 retor é por princípio, por definição, "o criador da obra" e o criador ar-
tístico do filme. Efetivamente seria ele sempre isto? Entre outras quali-
23
dades, o verdadeiro Diretor deve conseguir contrabalançar um certo nú- inicialmente um acavalamento bem normal das responsabi-
mero de forças exteriores que tendem naturalmente a dificultar cada lidades do Assistente de Direção com as funções vizinhas se
qual por seu lado suas funções. Ora, mesmo que o Diretor, por uma razão dará.
qualquer, não exerça o peso suficiente para se impor realmente, e que Particularmente.quais são?
diante dele trabalhe com pessoas mais preparadas (por exemplo: um 1) com o Diretor: Certos diretores que depositam uma imensa
produtor intransigente, com ideias fixas, ou um autor invasor), o equilí- confiança em seu Assistente de Direção podem em certas situações
brio, que é a base da divisão das responsabilidades-padrão, é rapidamente transferir-lhes suas próprias responsabilidades. Por exemplo: frequente-
rompido em benefício de um outro equilíbrio próprio a esta equipe e que mente, a filmagem de planos secundários (planos de ambientação ou si-
influenciará consideravelmente sobre as características do trabalho de tuação, detalhes, inserções etc.). E nos filmes com figuração, sobretudo
cada um. É assim, segundo por quem ele se deixar dominar (pelo nas grandes figurações, é comum que o Assistente de Direcão assuma,
produtor, pelo autor literário ou os atores), o Diretor pode, de criador nos planos de fundo onde se realiza a ação dramática principal uma
responsável, ser levado no caso extremo, a um simples empregado de verdadeira direção dos elementos secundários (evidentemente em har-
fabricação comercial, ou a função de tradutor técnico anónimo de um monia com as intenções gerais do diretor). Em certos casos, onde o diretor
romancista, ou ainda aquele que valoriza uma vedete. A profissão de é mais autor que técnico, o assistente assume essa deficiência ou
di-retor tão rica e extraordinária pode ser diminuída, empobrecida se rea- complementa este trabalho que é uma das prerrogativas do diretor. Ele
lizada sob forma truncada, segundo fórmulas e acomodações. Em outros pode mesmo nesta situação ser chamado a atuar como um "conselheiro
aspectos o trabalho do Assistente de Direcão muito se assemelha de técnico" (oficial ou oficiosamente). Nestes casos as responsabilidades
um filme para outro. são um pouco deslocadas e o 29 Assistente assume um papel mais
importante atuando onde o l P Assistente de Direção deveria fazê-lo (e o
Principais fatores que alteram as responsabilidades de um Assis-
assistente estagiário passa então a receber o título de assistente de direção).
tente de Direcão:
1
Como afirma precisamente Pierre LEPROHON a propósito do Enfim, em casos excepcionais, o Assistente poderá ser chamado
Assistente de Direcão: (e isso poderá ser a chance de sua vida) a continuar o trabalho de um filme
"Esta profissão vai do melhor ao pior segundo o interesse que lhe em curso onde o diretor afastou-se (por doença ou qualquer imprevisto) e
atribui o Diretor do filme" — e acrescentemos — "e a qualidade desta assumindo assim o lugar do diretor. O Assistente de Direção ideal deve
pessoa que desempenha tal função". poder eventualmente substituir o seu diretor.
Efetivamente dois fatores principais influenciam a determinação
da área e a importância efetiva do Assistente de Direcão: 2) Com a continuísta
a) a confiança que lhe deposita o Diretor (que na maioria das A colaboração do Assistente de Direção e a continuísta é perma-
vezes é ele mesmo que escolhe o seu assistente) nente tanto durante o período de preparação (detalhamento,
Ela resulta de um recíproco entendimento (método de trabalho, pré-mi-nutagem, previsão de equipamentos técnicos, pesquisas.. .) como
afinidades comuns, personalidades coincidentes) e também a maneira co- durante a filmagem propriamente dita (problemas de encadeamento
mo o Assistente demonstrará suas qualidades pessoais. técnico, continuidade de acao dramática, figuração, sons ambientais,
b) A verdadeira competência do Assistente de Direcão que o acces-sórios de cena). Suas preocupações são quase sempre comuns ou
levará não somente a obter a confiança do seu diretor e de paralelas e o bom entendimento tradicional entre o Assistente de Direção
toda a equipe, mas também a da produção com a qual ele e a Continuísta éumelemento importante para o bom andamento do
deve constantemente e estreitamente colaborar. Se ele é filme. Aliás, um boa continuísta deve estar suficientemente informada do
realmente competente, a produção perceberá as vantagens trabalho do Assistente de Direção, a recíproca é verdadeira e o bom Assis-
de lhe permitir grande parte da iniciativa de organização, tente deve poder em caso de ausência (curto afastamento: doença) subs-
em função dos imperativos da direção e que ele é o melhor tituir momentaneamente a continuísta.
situado para saber os detalhes de organização material do
trabalho. É a condição sine qua non da total atuação da b) No setor administração — produção
função do Assistente de Direção. Acrescentemos a isto que É certamente nesta área que o problema de acavalamento das res-
ponsabilidades se apresentam mais concretamente.
"Lês rnilleet un métiers du cinema" (Ed. Melot, 1947)
25
24
1} Com o Diretor de Produção: o acavalamento se dá quando se CAPITULO l V
realiza o "detalhamento" e tudo que toca a elaboração do "plano de A Profiasffo do Assistente de Direcão
trabalho" e a organização da filmagem.
2) Com o cenógrafo, contra-regra e seus auxiliares:
É igualmente na elaboração do "plano de trabalho" que se misturam
as funções, sobretudo no "detalhamento", na escolha dos atores de
segundo plano, pequenos papéis e figuração e certos elementos mate-
riais especiais para a direcão {escolha de accessórios importantes para a
construção dramática) OLJ ainda nas visitas e procura de locações e pre-
paração dos exteriores (condições materiais de hospedagem e de filma-
gem etc.).
Tudo isto permite compreender as variações bem desconcertantes
que observamos com frequência de uma produção a outra relativas às
responsabilidades das quais se incumbem os Assistentes de Direcão.
No caso extremo, as responsabilidades podem ser imensas. Sua
responsabilidade pode ser reduzida ao mínimo quando o Diretor, o Di-
l -RESUMO HISTÓRICO:
retor de Produção, o Contra-Regra.. . que têm a tendência de absorver
em suas funções uma parte mais ou menos importante das funções do
Assistente de Direcão
A função Assistente de Direcão não é daquelas que se impôs de
Eis porque é difícil definir precisamente uma vez por todas de
uma maneira evidente desde o início do cinema (como foi a de operador
maneira rígida as responsabilidades-padrão do Assistente de Direcão.
de câmera),
Mas, face a este equilíbrio de responsabilidades que se cria em cada pro-
Nas épocas heróicas, tudo conduzia a duas áreas comportando
dução e que nós acabamos de explicar, uma das qualidades primordiais
cada uma um responsável: a de direcão artística {roteiro, direcão de
do Assistente de Direcão será de se adaptar e ser capaz de dosar o peso
atores e os atores propriamente ditos) e a da imagem. Para todo o resto,
das coisas em qualquer circunstância. Aliás, se ele é realmente compe-
ou os dois responsáveis se encarregavam eles mesmo de realizarem, ou
tente e para que ele saiba se fazer ao mesmo tempo simpático e eficiente,
então eles comandavam — sem que existisse nenhuma regra precisa
o Assistente conseguirá logo se impor, e sentirá o apoio quando lhes são
sobre isso — aos seus colaboradores, "pau para toda obra", que podiam
confiadas as máximas responsabilidades. É o que nós suporemos em todo o
se ocupar tanto da maquiagem como da construção dos cenários, sem
caso para o estudo que faremos aqui. Sobretudo porque é normal que
falar da colocação dos móveis ou da procura de atores e figurantes: o
cada profissional apresente sua especialidade sob o seu aspecto o mais
todo aliás ainda muito ligado aos métodos teatrais.
completo e também é bom lembrar a expressão popular "quem tudo faz,
Depois, pouco a pouco, os Diretores se habituaram a trabalhar
pouco faz.. ."
com a ajuda de um colaborador nomeado mas se tratava efetivamente
de um "braço direito", de um secretário particular que de um Assistente
P.S. De qualquer maneira não nos devemos impressionar que nas, con-
de Direcão técnico tal qual se concebe nos dias de hoje.
dições apresentadas, entre as diversas funções desenvolvidas segundo seu
A complexidade crescente da técnica cinematográfica conduzia
fator máximo de atuação, existam (nas matérias de uma escola de cinema
progressivamente a uma especialização cada vez mais acentuada. A apa-
por exemplo) certos acavalamentos de atividades reproduzindo na-
rição do cinema sonoro no início dos anos 30, com todas as complica-
turalmente o que ocorre na produção.
ções técnicas que o som traz, fez desaparecer definitivamente os que po-
É por isto, para apenas citar um exemplo, que o "plano de trabalho"
diam ainda subsistir dos primitivos métodos artesanais, ou familiares de
será abordado e explicado nas aulas de Assistente de Direcão, Dire-de
produção cinematográfica, e fez deslocar o Assistente da área das secre-
Produção ou mesmo de Cenógrafo {ordem de construção dos cenários).
tárias, quase sempre "ajudante submisso", a de um verdadeiro colabo-
rador técnico. Então se estabeleceram as funções oficiais do cargo de
Assistente ou mais habitualmente, como no momento atual, o Assistente
26 de Direcão.
27
- O ASSISTENTE NA EQUIPE
4) Cenografia - Cenógrafo ou Diretor de Arte. Assistente de
Cenografia, Desenhista, Maquetista, Contra-Regra, Tapetei-
De uma maneira esquemática, a produção de um filme supõe a ro, Decorador, Contra-Regra de Externa. (Os 4 últimos tra
reunião de 7 categorias de serviços ou colaboradores (ver o quadro). A — balham diretamente com a Produção através do Produtor
Administração — O produtor e seus financiadores Executivo).
— Os serviços Administrativos e de contabilidade 5) Som — Técnico de som, microfonista.
contratados fixos na produtora. 6} Montagem — montador, assistente de montagem.
— O distribuidor (em regra geral Existem outros dois subsetores:
co-produtor} 7) Guarda-Roupa (ligado ao Cenógrafo) Tem uma função mui
— O agente de publicidade (quase sempre ligado to importante nos filmes históricos, comédia musical ou
ao distribuidor) ficção científica etc.. . .; figurinistas (criador de roupas),
B — os Autores — roteiristas, adaptadores, dialoguistas a quem costureiras e guarda-roupeiras (no caso onde esta última
devemos acrescentar trabalhe só — filmes sem roupas especiais — elas estão dire
— o diretor do filme que inspira e coordena o con tamente ligadas aos Diretor de Produção e ao Cenógrafo).
junto do trabalho apoiando-se no roteiro 8) Maquiagem (ligado ao Diretor de Produção sobre o plano
— o autor da música original administrativo e ao Diretor de fotografia no nível técnico-
artístico) Maquiador - Maquiadores auxiliares, cabeleireiros
Salvo o que compete evidentemente ao Diretor, o Assistente de e peruqueiros.
Direção em princípio pouco tem a fazer com essas duas categorias. Ha-
bitualmente para o Administrador os contactos são feitos pelo interme-
diário da Direção de Produção. Algumas vezes, o Assistente de Direção Nesta categoria "Equipe Técnica", o Assistente de Direção como
pode manter contacto direto com o agente de publicidade (fotos, docu- se desenvolveu na definição tem um papel importante de ligação e coor-
mentos, anedotas, jornalistas). Quanto aos autores literários e o músico denação no seio da equipe técnica, com uma ligação com todo os
o Assistente de Direção trava conhecimento e tem um contacto através seto-res técnicos.
do Diretor do Filme.

D — O Pessoal do Estúdio (Operários):


C — A Equipe Técnica

— São os técnicos da equipe de filmagem que comporta ela mes- 1) Operários de Montagem
ma 6 setores (cada um deles sob a direcão de um responsável geral) e a) Marcenaria: Carpinteiros, Carpinteiros especializados (esca
um ou dois subsetores ou cargos auxiliares. das, esquadrisas etc.). Marceneiro especialista em móveis de
1} Direção — Diretor. Assistente de Direção, Continuísta. É o época.
setor ao qual pertence o Assistente de Direção e nós b) trabalhadores em gesso
voltaremos a falar e desenvolver. c) escultores e pedreiros
2) Administração — Produção — Diretor de Produção (Admi d) pintores (a pistola, letristas de cenários)
nistrador de Produção), Produtor Executivo, Assistente de e) Maquinistas de montagem de cenários
Produtor Executivo, Secretário de Produção, Caixa-Conta- Todos estes operários dependem do estúdio e sâb contratados
dor. pela produção. Eles estão a serviço do Cenógrafo.
3) Imagem - Diretor de Fotografia - Operador de Câmera, f) Eletricista de equipamentos do cenário: passarelas ou pon
Assistente de Câmera (foguista), 29Assistente de Câmera - tes (dependem igualmente do estúdio mas sob a supervisão do Diretor
Agente Técnico de ligação com o laboratório e o Fotógrafo de Fotografia).
de Cena {que está também vinculado ao Diretor de Produ
ção), além dos subsetores Maquinistas e Eletricístas. N.B. — Todos estes operários estão em princípio em parte ou não em
contato direto com o Assistente de Direção.
28
29
Aiilitinto do Dlreçlo. A Convenção Coletiva a define: "Auxiliar do
2) Operários de Filmagem: Diiitt ......( |< i I hi i- i ur di- l'ro(lu(;ao. TUi t:onlroki ;i continuidade do Filme
(relaçío antre os planos) e estabelece essa mesma continuidade a tudo
Eles estão em contacto permanente com a equipe de filmagem da
que compõe a locação filmada. Faz o relatório artístico diário (para
qual eles fazem parte e estão em relação constante com o Assistente (so-
montagem) e administrativo (gasto de negativo, rendimento e planos
bretudo os maquinistas)
rodados etc.. .}.
a) Maquinistas: Chefe Maquinista, Maquinista auxiliar.
b) Eletricista: Chefe Eletricista, Eletricista (à disposição do
Diretor de Fotograria}
I l l - A COLABORAÇÃO DO DIRETOR
-ASSISTENTE DE D1REÇAO
E — A Interpretação: Todos os atores do filme, atores principais aos
figurantes.
Pareceria que a fórmula ideal seria a constituição e uma corrente
O Assistente de Direcão está em contacto permanente com todos e
permanente, homogénea e eficaz porque são consequência de afinidades
rnais diretamente encarregado das silhuetas e figuração.
comuns e de uma confiança recíproca e que o rendimento crescerá de
filme para filme. Algumas vezes isso acontece e dá excelentes resultados.
F — Os Vendedores ou Locadores de Equipamento e Materiais: Mas, infelizmente, não é sempre possível e não acontece de maneira
regular e sistemática. A causa principal é que o Assistente de Direcão
Negativo, Cârnera, Estúdio, Auditório, Móveis, Accessórios etc. . . . necessita de um ritmo de trabalho três vezes maior do que o Diretor. Se um
Em princípio sem relação com o Assistente de Direcão. Diretor faz em média um filme por ano, o Assistente de Direcão necessita
fazer ao menos três. Ora, então acontece frequentemente do Assistente
não poder dispor das datas para os filmes desejados. E, em alguns casos,
G — Laboratórios: (trabalhos e tratamentos da película de imagem e ele exerce pressões externas ao Diretor: quando por exemplo ele é
som) imposto no filme.
Mas, uma coisa é certa, quando o Diretor forma sua equipe com o
Em princípio sern relação com o Assistente de Direcão. seu Assistente e que ele tem plena confiança nele, o trabalho do Assistente
O Assistente de Direcão pertence então à Equipe Técnica ligado de Direcão se enriquece de maneira extraordinária: o diretor pode lhe
ao setor de Direcão Artística que está assim composta: pedir conselhos ou sugestões sobre seus próprios problemas de dire-ção e
O Diretor — Alma da equipe e criador do filme, o seu encargo está fazê-lo participar. O papel do Assistente então se duplica de auxiliar e de
assim definido pela Convenção Coletiva: Colaborador contratado pelo conselheiro.
Produtor — sua atividade tem início quando adapta
cinematografica-mente sobre o ponto de vista artístico e técnico um tema.
Elabora o de-talhamento técnico desta adaptação. Terá a responsabilidade IV-PRI NCIP AIS QUALID ADES NECESSÁRI AS P ARA FORM AR
de determinar as tomadas de imagem e som, da montagem e da UM BOM ASSISTENTE
sonorização do filme, segundo o que determinou no roteiro e no
detalhamento técnico e no plano de trabalho estabelecido em comum
acordo com o produtor. Quais são as qualidades que merecem ser sublinhadas entre as que
19Assistente de Direcão (que já definimos) podem delinear como o retraio do Assístente-padrão?
29Assistente de Direcão — que a Convenção Coletiva diz
laconica-rnente: "Ajuda o IPAssistente de Direcão em todas as suas a) Ao n ível de formação geral e de conhecimento
funções."
39Assístente de Direcão (raro: existe somente em grandes pro- — Conhecimentos do conjunto geral do trabalho técnico,
duções) material e artístico do filme.
Os Assistentes Estagiários. Oficialmente somente h^á um (assalaria- — Cultura e formação geral bem ampla mas que deve lhe
do) mas de fato ocorre haver dois, três, quatro ou mais. . . Suas complementar de uma maneira inteligente, discreta e
respon-sabilidades e encargos são relativos a sua capacidade de realizá-los.
A Continuísta — Hierarquicamente depois do Diretor do Filme e o 31
Assistente de Direcão é ela que está posicionada, acima mesmo do 29
1) Hti|il<ln/ do compreensão e execução:
bem organizada permitindo-lhe reunir e assimilar O Assistente de Direção deve ser claro, rápido e preciso.
rapidamente toda a informação sobre qualquer tema Seus reflexos devem lhe permitir a perceber instantanea-
útil à realização do filme (por exemplo: documentação mente a situação e reagir bem rápido . . , na boa direção.
sobre a vida dos marinheiros se o filme se passa num
5) Autoridade:
barco: hábitos, termos da marinhagem, manobras, rou-
Sendo o Assistente de Direção um pouco o chefe do canteiro
pas, usos a bordo. ... ~ ou questionar sobre os meios da
de atividades, que é a locação poder impor aos membros da
época se o filme se trata de um filme histórico etc.). Deve
equipe e ao pessoal do estúdio o bom método, isto de-
não somente reunir informações mas também poder
terminado mais pela liderança do que pela rigidez da disci-
selecioná-las guardando o espírito geral e os detalhes
plina mantendo uma boa atmosfera necessária ao local de
aplicáveis sob o ponto de vista prático e que poderão ser
úteis à filmagem. filmagem.
6} Grande resistência física e moral:
b) Qualidades Profissionais: É uma profissão que supõe período de desemprego e logica-
mente descanso forçado entre dois filmes, mas que durante
Além do entusiasmo e a consciência profissional que são as filmagens necessita um esforço constante e muito duro. É
necessários em qualquer profissão sobretudo o cinema, necessário ao mesmo tempo uma saúde de ferro e um perfeito
podemos citar: equilíbrio físico e moral e também sangue-frio e filosofia.
7) Um senso crítico desenvolvido mas sempre voltado para as soluções
1) Iniciativa, senso prático e espírito "virador" positivas:
A crítica negativa é estéril e o Assistente não tem tempo de
Esta profissão coloca o profissional diante da realidade con- se retratar.
creta da vida e defrontar-se-á o tempo todo com inúmeras 8} Agilidade, Adaptação às circunstâncias, diplomacia e tato:
dificuldades sempre novas e imprevisíveis as quais deverá A profissão do Assistente de Direção é por excelência aquela
sempre rapidamente resolver de forma inteligente e eficaz. onde nos encontramos constantemente entre "a cruze a
espada". Deve saber enfrentar as perdas de humor donde
2) Sentido de organização, de método, de ordem, de precisão e objeti- quer que elas tenham origem (Diretor, atores, produção. . .) e
vidade do detalhe : se proporem todas as ocasiões a conciliar o inconciliável. O
As complexidades dos encargos do Assistente de Direção e a influência Assistente de Direção deve ser o diplomata da locação.
considerável de seu trabalho sobre o ritmo da filmagem — e logicamente 9) Dom de observação e memória visual e auditiva:
sobre o custo do filme — exigem a utilização de um método rigoroso São as qualidades mestras da continuísta e do Assistente e
baseado sob um estudo aprofundado de todos os elementos da produção. durante o trabalho e, como nós já vimos, muito se tocam
Para o assistente não há problemas menores: cada urn tem sua im- em vários postos. Deve saber tudo, tudo ver, tudo escutar e
portância própria e deve ser examinado e resolvido racionalmente e no tudo guardar.
tempo desejado. 3} Senso de Antecipação: 10) Enfim, gosto e senso artístico:
O Assistente de Direção deve saber imaginar e prever todas Isto é tão evidente que nós não insistiremos ou desenvolve-
as dificuldades que podem surgir e então dar a maior margem remos.
possível, resolvê-las antecipadamente ou pelo menos preparar
uma alternativa. O Assistente deve sempre pensar ao mesmo
tempo no momento presente e segundo os problemas — na V - FORMAÇÃO DOS ASSISTENTES
hora, no dia ou na semana que vem: (por exemplo: as folhas
a desmontar e a praticabilidade dos accessórios a serem Antes da criação das escolas de cinema e particularmente o IDHEC
previstos para o plano seguinte, as dificuldades de filmagem (na França) a única via de acesso possível à profissão de Assistente de
do dia seguinte etc...}. Direção era o aprendizado na prática das filmagens propriamente dita. O
estagiário que integrava então uma equipe de cinema não sabia abso-
32 lutamente nada sobre o assunto e devia apenas ter um pouco de curiosi-
33
dade, obstinação e uma vontade de ferro para se manter nesta profissão e lizador e outros começarem diretamente com diretores premiados em
adquirir alguns conhecimentos. Mas efetivamente não basta boa vontade filmes de curta metragem.
ea experiência mesmo renovada não é suficiente. Sobretudo no cinema
onde os técnicos são ciumentos de seus conhecimentos e de seus cargos, VI - MERCADO DE TRABALHO DO ASSISTENTE DE DIREÇÃO
e por outro lado o ritmo de produção é tão violento que durante o tra-
balho torna-se impossível formar verdadeiramente "alunos". É por isso Convém agora sublinhar um ponto importante. A profissão de
que 3/4 dos estagiários desaparecem da profissão desgostosos no final Assistente de Direção contrariamente ao que poderíamos acreditar numa
de dois filmes, e muitas vezes durante o primeiro. primeira abordagem, não prepara diretamente e automaticamente para a
Aliás, devemos ainda assinalar um outro handicap da profissão de função de Direção. Função que representa portanto a ambição normal de
Assistente de Direção. Como considerávamos e ainda infelizmente acha- quase todos os Assistentes de Direção. Em certos países como a América
mos que o Assistente de Direção é um cara que faz tudo e de nada en- do Norte, onde as funções são ainda mais especializadas, a profissão de
tende é um lugar ideal para "encaixar" a namorada do produtor, ou do Assistente é uma função nitidamente diferenciada da do diretor e cada
ator. É mesmo comum ouvir-se dizer: "Ele não dá pra nada.. . nem no um admite que pode trabalhar toda a vida naquela função. Na França,
Comércio nem na Indústria e se a gente colocasse ele no cinema.. . salvo raras exceções, todos os Assistentes consideram esta função como
como Assistente de Direção, é lógico!" Isso durante muito tempo deu um período transitório que lhes permitirá ascender a Direção. O que é
uma visão errada sobre a função e sobretudo dos bons assistentes que afinal de contas bem compreensível e legítimo!
não se sentiam valorizados e esbarrando em incompetentes "com pisto- Mas o problema é que há uma descontinuidade entre as duas fun-
lão" que atravancam a profissão. E por isso que um diretor ou produtor ções (como aliás acontece por exemplo entre as do Assistente de Câme-ra
que foi servido por um desses "assistentes" em outras produções extingui- e a de Diretor de Fotografia).
ram essa função e que nós sabemos ser um elemento capital para o bom Podemos ser um perfeito Assistente de Direção e após muitos anos
andamento do filme e consequente mente uma fonte de economia consi- de experiência realizar um medíocre filme como Diretor. Inversamente
derável. porém podemos ser um Assistente de Direção de qualidades médias e ma-
nifestar rapidamente qualidades incontestáveis no nível de criação. Infe-
O IDHEC (na França) compreendeu essa situação, e como era o
lizmente, neste último caso somos em geral obrigados primeiramente a
seu papel, bastante contribuiu para normalizar essa situação. Os estu-
"sobreviver" como assistente esperando um dia ter chance como diretor ou
dantes recebem uma formação cinematográfica ao mesmo tempo geral e
então adotar outra via de acesso o roteiro ou a montagem, por exemplo.
especializada que lhes coloca em condições de se apresentarem para o seu
Enfim, ter aqueles que reúnem qualidades enumeradas anteriormente
primeiro estágio como técnicos sérios e competentes tendo apenas que ser
para um perfeito assistente e que demonstrarão suas qualidades para ser
colocados em contacto com a realidade concreta do cinema. A experiência
diretor. É evidente que o ideal é que um diretor possua todas as boas
demonstra em numerosas ocasiões que eles estavam antes a depositarem
qualidades de um Assistente de Direção.
confiança isso é uma honra para eles para o IDHEC,
Eles podem efetivamente se impor rapidamente tendo sobre os
outros, mesmo os veteranos, uma vantagem que lhes dão o estudoteorico
Quais são, brevemente descritas, as aptidões
racional e a visão de conjunto dos problemas de uma profissão. Efetiva-
mente o que demonstra o aprendizado somente pela prática é que ele é suplementares do Diretor?
lento, trabalhoso, empírico e fragmentado. Não é suficiente conhecer as - Uma grande cultura geral associada a uma maturidade de
coisas, temos primeiramente de compreendê-las de uma maneira espírito.
aprofundada e saber porque devemos dominá-la. Para perfeita
eficacida-de devemos poder situar exatamente nosso trabalho dentro do - As capacidades de autor dramático (senso de construção,
complexo conjunto das atividades da equipe. de proporção no desenvolvimento, de ritmo, das leis dramá
A regra oficial para os antigos alunos do IDHEC é um filme como ticas, da situações dramáticas, da psicologia dos personagens
"estagiário" no fim dos estudos, em seguida a ascensão ao cargo de se- de uma história de ficção e também. . . da psicologia do pú
gundo e em geral rapidamente ao de 19 Assistente de Direção. Mas as blico a quem tudo isto se destina)
excecÔes brilhantes são numerosas e nós já vimos estudantes terminando - um conhecimento aprofundado (e não geral) da técnica
em uma superprodução seu primeiro estágio com o título deco-rea de expressão quer dizer da linguagem cinematográfica (de-
34 35
CAPITULO V
talhamento em planos, direcão técnica da filmagem, monta-
gem) PANORAMA DAS ATIVIDADES DE UM ASSISTENTE DE
— as qualidades do diretor de interpretação (direcão de ato- DIRECÃO NO PERÍODO DE PRODUÇÃO DE UM FILME
res que um aspecto essencial da direcão)
— um senso artístico desenvolvido supondo temperamento,
sensibilidade, personalidade, originalidade criadora.
— qualidades de líder: autoridade moral sobre a equipe, sen
so de responsabilidade (que são um peso sobre o plano mo
ral, artístico e financeiro).
Qualidades diferentes que a do Assistente e que este não a possui
necessariamente em potencial. Os produtores sabem e é por isso, como
eles acham que já correm suficientemente riscos filmando com o máximo
de segurança, eles hesitarão sempre em confiar em um estreante, mesmo
aparentemente capacitado, sua primeira direcão. Há um enorme vazio
entre as duas funções de Assistente de Direcão e Diretor que sempre será
l) PRÉ-PRODUÇÃO E PERÍODO INICIAL DE SUAS ATIVIDADES
muito difícil de saltar.

— ponto de partida: ideia original e sinopse ou obra literária de um lado


e fonte de financiamento do outro.

— contratação do diretor: contrato pelo filme (ele pode já, neste mo


mento, solicitar o seu Assistente de Direcão) e o acordo comum sobre a
vedete ou vedetes do filme.

— Desenvolvimento literário e ajuste do roteiro entre os autores (rotei-


ristas, adaptadores, dialoguistas, diretor} daí sairá: adaptação final, diá
logos definitivos e a primeira versão do roteiro — a "continuidade dia
logada" (19 tratamento)
— desenvolvimento paralelo a estes trabalhos os problemas financeiros
e administrativos serão tratados (documentos para o Órgão Público fi-
nanciador e obrigações legais etc.. .} e os contratos, laboratórios, estú
dios etc.. .
— contratação do pessoal técnico de base: diretor de produção executi
va, diretor de produção, Cenógrafo, Diretor de Fotografia e o ASSIS
TENTE DE DIRECÃO. (19)
— os artistas principais
— o Assistente de Direcão (IP)
contrato baseado sobre a convenção coletiva. Contrato por sema-
na para a duração prevista do filme:
Preparação (mínima de duas semanas) dependendo do filme poder
ser de 3 ou 4. Prorrogação (prevista caso se ultrapasse o plano de
trabalho)
37
36
OS TRABALHOS DE PESQUISA E DOCUMENTAÇÃO
H -TRABALHO DO ASSISTENTE DE DIREÇAO DURANTE
O PERÍODO DE PREPARAÇÃO (Pré-Produção)
São efetuados pelo Diretor e podem incluir o estudo de documen-
Durante as 2 ou 4 semanas que precedem a filmagem o Assistente tos em bibliotecas sobre meios, accessórios, comportamento de uma
manter-se-á em perfeita ligação com o Diretor e a Produção. Terá inú- época ou local ou ainda pesquisas, estudos e ajuste de accessórios delica-
meras responsabilidades que enumeraremos abaixo. Na grande parte das dos, de pequenas trucagens práticas etc. . .
vezes será obrigado a assumir simultaneamente diversas frentes de traba-
lho.
PREVISÃO DE MINUTAGEM

O DETALHAMENTO
Operação que se faz habitualmente com a continuísta e que con-
Definição: É a operação que consiste, a partir da découpage definitiva siste em, a partir de detalhamento em planos, avaliar com a maior preci-
levantar e determinar, em seguida classificando de maneira metódica to- são possível a duração do futuro filme: isto tendo em vista adaptar o
dos os elementos necessários às filmagens. Seuobjetivo é duplo: mais exatamente possível a duração efetiva do filme e a duração prevista
a) antes da filmagem: serve de guia aos diversos trabalhos pre pela Produção e pelo Diretor.
paratórios e fornece dados úteis para a elaboração do plano É um trabalho muito delicado e muito importante: é evidente-
de trabalho. mente preferível (tanto do ponto de vista dramático como financeiro)
b) durante a filmagem: permite colocar em funcionamento e modificar o roteiro antes de rodar do que ser obrigado a cortar ou acres-
controlar todos os elementos que condicionam um bom an centar cenas no fim das filmagens).
damento do trabalho de Direção. Realiza-se a pré-minutagem cena por cena, esforçando-se por levar
O detalhamento requer sobretudo a precisão, o método e bastante em conta todos os elementos de apreciação de que podemos dispor:
imaginação na valorização das previsões, é o trabalho essencial do Assis- ritmo geral desejado pelo diretor, ritmo particular de cada ator, ações
tente de Direcão durante a preparação. De sua qualidade dependerá o descritas em algumas palavras mas que necessitam de um mínimo de
bom andamento das filmagens. Este trabalho se efetua em ligação es- tempo para os movimentos de cãmera (neste caso se revive a interpreta-
treita com o Diretor de Produção e a Produção Executiva. ção) etc. . .
Logo que o detalhamento é terminado deve ser distribuído a cada Enfim, para obter o máximo de precisão, é recomendável expor
serviço técnico interessado. sua própria avaliação com outras pessoas (continu(sta, 29 assistente)
A teoria e a técnica do detalhamento serão o tema na 2? parte tendo feito um trabalho anterior separadamente.
onde estudaremos mais detalhadamente o assunto. Esta pré-minutagem será durante as filmagens comparada pelo
continuísta com a minutagem real obtida e informada ao Diretor quando
apresentarem diferenças gritantes.

A DIVISÃO E A COLOCAÇÃO E AÇAO DE


DIVERSOS TRABALHOS PREPARATÓRIOS A PROCURA DE LOCAÇÕES EM EXTERIOR
EASPRÉ-FILMAGENS
Com a Direcão de Produção e a partir da découpage e do detalha-
mento: a) Visita às locações: É um trabalho que pode tomar dimensões
Cenários, roupas, maquetes, transparências a serem filmadas. . . muito variáveis, segundo a importância dos exteriores no filme e o cui-
Cada especialista deve receber em tempo hábil os documentos e incum- dado dedicado pela produção á preparação. Se os planos em "exteriores"
bências sobre o plano de trabalho preparatório que lhes toca. forem numerosos, é provável que quando o Assistente for engajado, a es-
É a partir dai' que cada um assume suas responsabilidades. O As- colha dessas locações já estejam definidas em linhas gerais. Neste caso, o
sistente deve ser informado de que cada um recebeu todas as informa- trabalho do Assistente será sobretudo o de escolher entre locações mais ou
ções necessárias para os trabalhos terem início sem erro.
39
38
menos definidas, o que mais se adequa à escolha definitiva do diretor, do O Assistente de Direcão recebe quase sempre a incumbência de su-
qual ele conhece os desejos e os imperativos (sobretudo de ordem pervisionar (play back) ou de dirigir pessoalmente essas pré-fílmagens
técnica). Se por acaso nenhum estudo prévio das locações foi feito pela (as tomadas para transparência são efetuadas pelo Assistente de Direcão
Produção, seja uma certa precipitação na preparação ou seja por terem com uma equipe reduzida de um Assistente de Câmera e um Diretor de
esses exteriores importância secundária, o Assistente poderá procurar Fotografia). Em certos casos, pode se tornar necessário a busca de docu-
diretamente os lugares convenientes, segundo as indicações da mentos filmados (stock shots — imagens de arquivo) planos de cinema-
découpa-ge. O Assistente de Direção pode atuar sozinho {numa pequena tecas colhidos nas imagens de cine-jornalismo (ex: explosão de um avi-
produção) ou ser acompanhado de outros técnicos interessados, como o ão), os quais o Assistente de Direção deverá procurar entre várias
diretor de Fotografia, Diretor de Produção, Produtor Executivo e proje-ções para apresentar ao Diretor uma selecSo de documentos
Cenógrafo (numa produção grande). possíveis entre os quais ele fará a seleção.
Nós estudaremos os dados das fichas de locação de exteriores na
2a parte deste trabalho.
b) Prê-fi!magem ~ Trata-se habitualmente de tomadas (algumas
vezes com som direto) que efetuamos antes das filmagens ESTUDO COM OS ATORES DO SEU GUARDA-ROUPA
propriamente ditas e que por motivos óbvios tornar-se-iam
muito caras se reconstruídas.
(Por exemplo; cenas de rua no Carnaval — Filme "Lira do No caso de tratar-se de um filme histórico ou de época, o setor
Delírio"). "guarda-roupa" se encarregará inteiramente deste problema e o Assistente
de Direção assume apenas o papel de supervisão e de ligação com o
Essas filmagens podem ser feitas exclusivamente para o Setor IMAGEM: Diretor. Mas nos casos mais frequentes que são os de roupa contem-
— Planos gerais de arnbientação (sem atores) ou para situar a cena em porânea, e a equipe de guarda-roupa fica apenas reduzida à roupeira, é o
determinado local, sobretudo os planos em que o aspecto ajuda a dar Assistente de Direção que deverá estudar com os atores, a partir das
credibilidade aos cenários construídos em estúdio. indicações do Diretor e dos meios de produção, o problema dos costu-
- Planos de Exteriores destinados às trucagens de transparência mes que cada ator deverá vestir durante as várias cenas do filme. O de-
que serão utilizados em estúdio durante as filmagens propriamente talhamento técnico deverá prever o número e a natureza deles, de maneira
ditas. Para estes planos é necessário ter informações precisas sobre as precisa. Segundo o orçamento do filme, as roupas masculinas podem ser
filmagens definitivas em estúdio. Por exemplo: para as clássicas imagens fornecidas pelos atores (será apenas necessário então escolhê-las, determinar
de uma paisagem que desfilam no vidro traseiro de um automóvel, deverá detalhes e numerá-las), caso sejam executadas especialmente para o
se saber qual o vidro em que veremos estas paisagens (lado direito, filme. Neste caso o Assistente de Direção deve determinar definiti-
esquerdo, traseiro), a velocidade suposta do veículo, os elementos exte- vamente o nome e organizar as encomendas e os testes de roupa procu-
riores necessários ou a serem eliminados, a inclinação do eixo da rando observar que os atores não façam prevalecer seu gosto pessoal em
câmera, a lente etc. , . detrimento do desejado pelo Diretor do filme.

Para o SOM:
Trata-se essencialmente de gravação de piay back que servirá de
guia no momento das filmagens em estúdio. Essas filmagens se O ELENCO
efetua-rão sem o som, mas sincronizadas com o play back gravado
anteriormente.
A necessidade do play back se faz sentir quando é fundamental a Casting, que significa distribuição em inglês, quer dizer no jargão
r:ominuidade sonora em sincronismo com a imagem que será detalhada técnico francês a distribuição de pequenos papéis, silhuetas e figuração.
cm planos descontínuos. É o caso das canções (sincronismo dos lábios) As vedetes e papéis principais são escolhidas pelo Produtor e o Diretor,
ou tias danças (sincronismo dos movimentos) quando elas de comum acordo com o distribuidor. Mas é habitualmente o Assistente
correspon-(lurri o um detalhamento em vários planos. Essas gravações de Direção (com o Produtor-Executivo) que dá busca em fichários
são realiza-dir. <li> utriri maneira geral em estúdio. diversos cursos de atores, anuários de cinema, agentes e agências tendo
40
Estudaremos na 2? parte de$te livro a elaboração e redação do pia
como objetivo montar o elenco secundário, que submeterá em seguida á
no de trabalho.
aprovação do Diretor. Ele apresenta os atores, convoca-os para fazer um
julgamento prévio e apresenta-os em seguida ao Diretor. Para os fi-
gurantes, dependendo da quantidade decidida pelo Diretor do filme e o OS TESTES
Produtor, solicita ao Produtor Executivo para ele mesmo escolher,
contratar e convocar para as filmagens, escolhendo logicamente aqueles Há dois tipos de testes antes das.filmagens.
cujo estilo e apresentação correspondem ao desejado pelo Diretor. Para o
elenco, um fichário pessoal, regularmente atualizado e constante mente
A) Testes Para Escolha de Atores
enriquecido com novos atores que ele teve a oportunidade de notar,
ajudará as atividades do Assistente de Direção na montagem do elenco.
Estes testes são feitos pelo diretor do filme, e o Assistente de Dire-
Nós estudaremos na 2? parte deste livro a elaboração de uma ficha de
ção, neste caso, assume o mesmo papel que na filmagem (observador e
ator.
conselheiro).

B) Testes Técnicos
O PLANO DE TRABALHO
Geralmente destinados a que o Diretor de Fotografia e o
Maquia-dor encontrem a melhor fórmula de iluminação e maquiagem em
relação ao tipo de ator e a natureza do seu papel. Há também os testes
Com o detalhamento técnico o plano de trabalho é a peça-mestra
para julgamento do resultado de uma roupa ou de uma maquiagem de
do trabalho de preparação do Assistente de Direção.
composição (barbas, cavanhaques etc.}. É comum chamar o Assistente de
Ele é elaborado pelo Assistente de Direção, em estreita ligação
Direção para dirigir este tipo de teste.
com o Diretor de Produção, o Diretor de Produção Executiva e os outros
Os testes técnicos do equipamentos sâb feitos pelo Diretor de Fo-
chefes de setor da equipe.
tografia e Assistente de Câmera, sem participação dos Assistentes de
Direção.
Na sua redação deve-se levar em conta duas etapas:
A) Folhas preparatórias do Plano de Trabalho Durante todo este período de "Preparação-Assistência", cada
Primeiras selecão e classificação por grupo das indicações for- técnico realiz^ por seu lado os trabalhos que lhes concernem e a produ-
necidas pelo detalhamento. Previsão das linhas gerais. Apreciação e di- ção controla todos os problemas financeiros (contratos de toda a natu-
visão por cenário dos tempos de filmagem. Avaliação aproximativa dos reza: distribuidor, atores e técnicos, estúdios etc. . .),'administrativos
planos por dia de filmagem. Revisão final do plano de trabalho para as (autorização definitiva do C.N.C.* e de material [aluguel de càmera,
modificações possíveis o mais rápido possível, pois o presente plano compra de negativo etc. . .]}. Quando a preparação termina, começa o
condicionará todo o resto do trabalho. segundo período, o da filmagem.
B) Redação Definitiva do Plano de Trabalho
Trata-se de um imenso quadro, dividido em dias de trabalho, com
Ill -O ASSISTENTE DURANTE A FILMAGEM
a planificação geral das filmagens e todas as previsões úteis (cenários,
atores, planos, equipamentos especiais etc.)
Nós retomaremos na 2? parte deste trabalho uma Jornada-padrão do
O próprio Assistente de Direção deve desenhá-lo, mas pode ser
Assistente de Direção em estúdio. Mas queremos demonstrar aqui o
feito também pelo Assistente do Cenógrafo, ou um de seus desenhis-
panorama geral das atividades do Assistente e uma pequena mostra das'
tas, em comum acordo com o Diretor de Produção. Após este trabalho a
diferentes incumbências.
Produção manda fazer as cópias (reduzidas e mais funcionais) para
Primeiramente, notemos que existem duas categorias de fil-
serem distribuídas aos principais chefes de setor. magem:
Observaremos diferenças inevitáveis entre o plano de trabalho e
a realidade das filmagens. Por isso, é recomendável (embora pouco fre-
quente na França) a utilização de fichas que podem ser constantemente * N.' do T.: C.N.C. — Centro Nacional da Cinematografia, É o órgão estatal que
controla a atividade cinematográfica francesa.
modificadas.
42 43
— a parte "estúdio" (no ,estúdio propriamente dito ou nos nuísta).*São planos em geral muito fechados e curtos de duração (por
seus terrenos); f exemplo; close ou plano próximo sobre uma folha de árvore ou flor do
— a parte "exteriores" (fora do estúdio, ou seja, na natureza cenário, um relógio etc. para servir como plano de corte} e cuja necessi-
ou em locações reais). dade é sentida uma vez pré-montado o filme. (Normalmente o
Para definir o trabalho do Assistente, devemos iniciar pelas condi- monta-dor prepara a montagem pouco a pouco durante as filmagens.)
ções normais que são as do estúdio. Em exterior, o princípio é o mesmo, O Assistente de Direção pode ser convocado para filmar estes
mas cpm todas as adaptações necessárias às condições particulares do planos com as indicações feitas pelo Diretor e o montador. Os trabalhos
local. posteriores sobre o filme pertencem unicamente ao setor da montagem
O Assistente de Direcão, durante a filmagem, tem múltiplas tarefas e do som, a saber:
bastante complexas e variadas: — Pós-sincronização eventual (planos filmados mudos
— organização gerai do trabalho e da disciplina do set em
— preparação material e técnica dos planos e seu primeiro exteriores com diálogos de certa duração, textos de peque
ensaio nos papéis mal interpretados, má qualidade do som direto
— contacto permanente com os atores (maquiagem no tempo provocado pelas condições naturais como o vento, ator com
desejado, presença no set, texto decorado previamente) sotaque estrangeiro. . .)'
— ligação entre todos os serviços técnicos — Montagem da imagem definitiva sobre o copião com indica
— direcão da figuração (e as ligações em continuidade que ela ções das trucagens (fusões, superposições etc., acompanha
comporte) das da pista de som n9 1 [sincronizada - diálogos])
— a colaboração atenta sob o ponto de vista direcão e conti- — Acompanhamento das cópias em laboratório das trucagens
dade entre os planos de ligação (fusões, cortinas ou janelas, superposições etc.)
— um perpétuo espírito de antecipação tendo em vista — Montagem do negativo-imagem após a cópia de trabalho.
o — Gravação separada de outros elementos sonoros comple
perfeito desenrolar das operações a serem realizadas (con mentares:
trole e verificação incessante de todos os elementos) sons individuais ou só em parte gravados pelo Assis-
— preparação da "folha de serviço" do dia seguinte (cujas
tente durante as filmagens
modalidades estudaremos na 2? parte)
ruídos ou efeitos sonoros quaisquer a serem acrescidos
— atendimento a jornalistas, convidados etc. . ..
— gravação dos sons ambientais para a mixagem a ser realizada (raios, gritos, tiros)
entre dois planos de filmagem (a ser feita imediatamente, se ambientes (vento, multidão, pássaros etc.
possível, após a filmagem do plano). . . .) gravação feita em direto ou transcrito em sonotecas
— durante a projeção "dos copiões" à noite, conferência do música.
trabalho de cada setor realizado na véspera. — Mixagem de todas as pistas sonoras para obter a pista de
Não se pode esquecer que em exteriores tudo que será acrescido: som definitiva rnixada
organização dos veículos e meios de transporte nos locais de filmagem, e ~ Trabalhos de marcação de luz em laboratório chegando à
uma orientação para proteger o material e equipe de câmera etc. . . . primeira cópia (cópia 0)
O trabalho do Assistente de Direção durante a filmagem é imenso — Copiagem das "cópias de exibição".
e fatigante.
CONCLUSÃO

Em resumo, o que notamos é que a atividade de Assistente de


IV - O ASSISTENTE APÓS AS FILMAGENS (PÓS-PRODUCÃO) Direção é difícil, muitas vezes ingrata, com múltiplas responsabilidades
e diversas vezes mal definidas, mas que não deixa de ser apaixonante
Em princípio, a colaboração do Assistente termina com o último por esta variedade e dificuldades.
dia de filmagem. Algumas vezes é encarregado da direcão das filmagens
de planos de continuidade (planos que faltaram na montagem e que não * N. do T.: — planos que o Diretor deveria ter realizado mas não realizou pois
devem ser confundidos com continuidade ao nível do trabalho da tinha uma outra concepção da construção dramática da cena e que foi modificada eo
conti-44 curso da montagem.
45
2? PARTE

•ilhados dos Aspectos


Estudos detíortgntes no Trabalho
ou documentos mais impe. sistente de Direçâo
do r
CAPITULO l
Um d ia-padrão do Assistente de Direção durante as filmagens

As indicações que nós daremos constituem a base do trabalho do


Assistente de Direção durante uma jornada de trabalho em estúdio. De
qualquer maneira é bom relembrar que:
1) Os problemas variam de um filme para outro em grau de
importância e segundo a natureza do tema. Por exemplo:
a um filme histórico acrescentaremos o problema das indu
mentárias, cenários e o comportamento da figuração (hábi
tos de época) etc. . . .
2) Num determinado filme certas cenas são mais difíceis ou es
peciais do que as outras. Por exemplo: a presença de ani
mais, uma numerosa figuração, cenas aquáticas etc. ...
3) Adaptações suplementares podem ser técnicas cinematográ
ficas empregadas (formato targo, relevo, som estereofónico)
4) As filmagens em exterior que inicialmente reúnem os mes
mos princípios de trabalho, mas que podem se tornar mais
complicadas e com problemas suplementares e sobre as
quais diremos algumas palavras no fim deste capítulo.

O aprofundamento da "jornada-padrão de um Assistente de


Dire-V*n" Moverá servir de lembrete tendo em vista o trabalho prático
de
In,l«> ,iv,i-,tente.

ANO I AÇOES SOBRE OS HORÁRIOS DE PRODUÇÃO

A duração de uma semana de produção é de 6 dias de 8 horas,


i|iini t|i/«i todos os dias, exceto domingos.
l xinifim atualmente na França dois horários possíveis para o
tra-liiillm um nitúdio:
49
1) de 9 h às 12 h e de 13 h às 18 h (ou 9 h - 13he 14hàs 18 o lhes dá a "deixa" em seus camarins ou durante a maquiagem. Enfim, o
h). Assistente de Direcão assegura-se com os atores ou sua guarda-roupeira da
2} das 12 h às 20 h (de fato até as 19,30 h tendo em vista a sua presença e das boas condições das roupas previstas. Ele controla o
jornada contínua de trabalho - Convenção Coletivai. O número (do detalhamento e da folha de serviço) e a descrição para que
horário corrido tende cada vez mais a se generalizar, poís, não haja nenhum engano a este respeito. Observe-se que em princípio as
de uma maneira geral, de todos é o mais conveniente para: roupas que entram no filme devem permanecer nos camarins dos atores
O.produtor que constata um melhor rendimento (mesmo (ou numa sala especialmente preparada), mesmo que elas lhes portencam,
com 30 minutos a menos) pela continuidade do trabalho durante toda a filmagem. Uma perda, esquecimento ou lístrago dos
(não se interrompe para a refeição). costumes podem trazer graves consequências para as filmagens.
Os atores que trabalham também à noite em teatro, cabaré ou Quanto aos figurantes, nos dias com figuração, o Assistente de
televisão se deitam tarde e ná"o gostam de se apresentar ás 8 Direcão (com o Diretor de Produção) conduz a maquiagem (geralmente
horas da manha" ou mesmo mais cedo (para poderem se vestir há uma equipe de maquiadores extras contratados) e fiscaliza para que
e maquiar e estarem prontos para filmar às 9 h), pios permaneçam fora da locação, mas prontos a responder a qualquer
Ols técnicos que preferem eles também um esforço contínuo e ganhar chamada.
meia hora. É a partir deste horário que estabeleceremos união nosso Condições do cenário
estudo: O Assistente de Direcão vai ao local de filmagem verificar se o (os)
cenário (os) do dia estão efetivamente pronto (os) e em condições. Sobre
este assunto, ele confere se os accessórios que devem entrar em cena ou
serem acionados estão também em condições. NB: Diz-se que um
l - ANTES DA HORA DE FILMAGEM
elemento "interpreta um papel" (cenário, móvel ou accessório) quando ele
é utilizado durante a acão: uma escada que utilizamos, uma poltrona na
Chegada do Assistente
qual o ator senta-se. . . Se ela não entra na cena, apenas faz parte pacffica
Se tudo deve estar pronto ao meio-dia (para o horário corrido) o do cenário. Ele não "interpreta papel", é somente "ambiente" ou "clima".,
Assistente deve chegar no estúdio por volta das 10 horas. Note-se que o
Assistente de Direcão é um dos primeiros a chegar e um dos últimos a sair. Além disto, certos elementos que "interpretam um papel" devem
"funcionar". Afirma-se então (cenário, móvel ou accessório) que deve
Presença e preparação dos atores funcionar e não somente ter aparência de objeto. Por exemplo: um isqueiro de
Logo que chega ele começa a verificar (junto ao Diretor de Produção época deve acender, uma torneira verter água, uma chaminé pode ser ncosa,
que é o responsável) se os atores convocados para as primeiras cenas na uma bebida pode ser ingerida, ou seja, estes elementos devem
"folha de serviço" que foi estabelecida na véspera (ver mais adiante) estão
efetivamente presentes em seus camarins, vestindo-se ou maquiando-se. "funcionar".
Confere-se a maquiagem correspondente á ordem de trabalho prevista, O Assistente de Direcão então certifica-se em relação às previsões
começando pelos atores que deverão filmar o primeiro plano do dia. ii desejos do diretor sobre a exatidão dos móveis de sua distribuição em
cuna, a natureza dos cenários falsos, das instalações elétricas com lâmpa-
NB: Este último plano é muito importante para o bom andamento da ilns que deverão ser acesas em cena, das possibilidades de desmonte das
produção. Acontece com frequência que todos os atores sejam
"inpadeiras" para recuos desejáveis de câmeras etc...
convocados na mesma hora. Isto deve ser evitado e é preciso
NB: Denominamos "tapadeiras" os elementos do cenário que com-
sobretudo orientar sobre os horários de filmagem dos planos, mesmo põem as paredes do cenário. Em várias situações elas^ão
que eles sejam convocados em conjunto. Desconfie sempre da iniciativa desmontadas para se possibilitar um
pessoal dos atores e maquiadores. O Assistente de Direcão passa em ntcuo necessário de câmera. É uma vantagem do cenário de estúdio
revista e orienta os atores sobre *ts cenas do dia em que participarão e
sobretudo seus diálogos. Para isso »l(i (ou eventualmente seu segundo nobre o cenário real.
assistente) ensaia o texto dos atores Denominamos "cenário falso" fotografias ampliadas que coloca-
MI mos no fundo do cenário, muito utilizado atrás das janelas, para dar a
ilusffo que elas se abrem para o exterior real (rua, jardim, mar ou campo).
Denominamos também "cenário falso" quando falamos simples-
51
mente de uma "tapadeira" móvel do cenário que colocamos atrás de
uma porta para simular uma parede de corredor ou de um outro có- a) os atores estejam completamente prontos para filmar ao
modo. meio-dia.
Accessóríos b) a decoração dos cenários esteja feita (móveis, tapetes e acces
Em sala própria ficam guardados os accessóríos que serão usados na sórios no lugar)
locação pelo Cenógrafo, sob s responsabilidade do contra-regra ou c) Prepara-se o campo visual do 19 planr a ser filmado (parte
Assistente de Cenografia, baseando-se no deíalhamento do Assistente de da locação a ser utilizada)
Direção. O posicionamento dos objetos na locação deve ser conferido Então, as diferentes técnicas de outros setores que prepararam
pelo Assistente de Direçao com o cenógrafo ou Assistente deste. Verifica |Kir seu lado seu material (o Assistente de Câmera testa a câmera e
se todos os accessóríos estão presentes, o aspecto e o bom funcionamento car-Mifjfi os chassis, o microfonista prepara a perche e testa o nível do seu
para aquele dia de trabalho e se certifica sobretudo da funcionalidade dos microfone, os eletricistas preparam os refletores etc.), o trabalho
accessórios de cena (os~que serão utilizados diretamente na açao, os efetiva-ritmiie pode e começa na hora. Deve-se observar que a filmagem
que entram em cena} e a exatidão dos accessórios "em continuidade" exige |it(»:isa"o e pontualidade absoluta de todos. O minuto de filmagem
(quer dizer: accessórios que já vimos em cena ou em outro momento custa muito caro para que possamos admitir uma perda de tempo e cada
do filme, mas que devem necessariamente ser os mesmos durante o um »nl»! (técnicos e atores) que cada um deve observar uma pontualidade
desenvolver da ação). Ex: uma mala que está no quarto com o ator, que na ilgorosa. Os atrasos e as eventuais ausências são raramente perdoados.
cena anterior desembarcou na estacão com ela, deverá ser a mesma. Não Cinco minutos antes do início, toda a equipe, sob o comando do
se trata, do ponto de vista accessório, de uma mala mas a mala em Dlrntor, estará reunida na locação de filmagem. O Assistente vai então
continuidade. piocurar, nos camarins, os atores ou eles mesmo vêm para o set, quando
for o caso, alguns minutos mais tarde.
Outros problemas. ...
NOTA: Os atores "medalhões" têm quase sempre "um doublé" para
Antes de partir para o almoço o Assistente de Díreção demora-se ensaios de iluminação (não confundir com os doubles para ce-
um tempo para acertar alguns pequenos problemas técnicos com os di- nas perigosas de que são especialistas). E um figurante especial,
versos responsáveis que deverão assegurar a sua precisão na continuidade ligado â vedete durante todo o filme e que possui aproximada-
do trabalho do dia (câmera, som, eletricistas, maquinistas, contra-regra mente o mesmo corpo e linhas de rosto com as do ator. Vestido
etc.). Após isto ele não deve negligenciar com os problemas para o
com uma roupa a mais parecida possível com a que o ator
bom andamento dos dias posteriores (estado dos cenários em constru-
utilizará, toma o lugar do ator durante toda a parte mais ingrata e
ção; procura de accessórios difíceis ou complexos de encontrar, figurantes
fatigante que é o ensaio e preparação do plano (enquadramento
ou pequenos papéis de um tipo particular a serem convocados pela
e movimentos de câmera, ensaio de foco, luz e outros efeitos).
Produção etc.).
M - DURANTE A FILMAGEM PROPRIAMENTE DITA
ALMOÇO
O dia de filmagem é constituído do ponto de vista técnico de um
É por volta das 11 horas que o Assistente de Direçao se reserva imrto número de planos a serem filmados {segundo as previsões do pla-iii)
1/2 hora para fazer sua refeição no local (geralmente no restaurante do es- do trabalho} revisados e colocados em dia cada noite para o dia se-Utilnie
túdio). Se possível ele organiza seu almoço com o Diretor para poder na "folha de serviço").
{se bem que a tradição diz que não devemos conversar sobre trabalho à
mesa) fazer-lhe algumas perguntas caso seja necessário sobre certos A quantidade de planos pode variar segundo: a) as ambições e o
problemas pendentes de explicação. orçamento do filme (geralmente em relação à categoria do
Diretor). Quanto mais caro é o filme maior é a sua preparação e
ÚLTIMAS VERIFICAÇÕES acabamento: então, o ritmo de filmagem é mais lento (por ex.: 5
planos em média por dia). Quanto mais o filme é de consumo
O Assistente de Direçao volta então 1/2 hora antes do reinicio das imediato ("Comercial") e mais barato deve-se simplificar e andar
filmagens e ele procede então a uma rápida verificação geral recapi-tulativa. rápido. É quase como uma linha de montagem (muito plano e
Verifica o que necessita ser apressado para que: 52 contraplano} de 25 ou

53
30 planos por dia ou mesmo por hora (quando com 2 uma visão geral do trabalho desejado; informações insuficientes para lhe
câ-meras) permitir de dar seu máximo e em particular descarregar o Diretor da or-
b) A concepção do detalhamento da ação {découpage) mais ou ganização de cada plano, tal qual nós exporemos mais adiante.
menos picada (segundo o estilo do filme e do diretor) que 3) E, finalmente, aqueles que preparam de uma maneira mais pro-
conduz a uma média de planos mais ou menos difíceis e(de funda seu trabalho graças a um estudo minucioso seja sobre um cenário à
uma duração variável. O único referencial de comparação e escada real ou sobre maquete, ou nas locações externas, com a ajuda de
"minutagem útil filmada" que segundo a duração dos planos um esboço dos principais enquadramentos e ás vezes ensaios com o visor
será entre 10 a 45 segundos para 3 minutos de plano filmado. em cenário real ou em cenário desenhado. Eles dispõem então um
Corresponderão então a 8 ou 4 planos, c) No interior de um detalhamento dramático (découpage) preciso, bem pensado e mais ou
filme qualquer que contenha graus de dificuldade diferente menos definitivo que o Assistente de Direção conhece e estuda com
entre um plano e outro. Por exemplo: entre um simples close de descanso e graças ao qual pode prever de maneira precisa todos os elementos
3 segundos e um plano de 1 minuto com movimentos de cámera materiais necessários e descarregar o Diretor de toda parte preliminar de
e grande figuração. preparação e ensaio dos planos previstos.
É o método que parece-nos mais racional e o mais "rentável". Ele
Isto quer dizer, apenas para uma indicação, a média de
dia de trabalho oscila entre 10 a 12 planos (podendo as parece corresponder cada vez mais à tendência geral na Produção fran-
vezes ficar entre 8 a 15 planos). Tendo em vista então as di- cesa como no estrangeiro. De qualquer maneira é o método que começa a
ferenças de natureza e dificuldades década plano,éo mesmo se impor nas escolas como pedagogia.
trabalho que a cada plano se repete durante o dia de trabalho. As vantagens de tal método são numerosas:
Nós definiremos mais adiante o trabalho do Assistente de a) Para a Direção:
Direção durante a preparação e a filmagem de um des-fes — É de poder estudar e escolher com antecedência, com a ca-
planos. Porém, anteriormente, devemos sublinhar que o beça fria e não uma atmosfera pesada da filmagem — as me-
trabalho do Assistente de Direção pode variar em proporção lhores soluções técnicas para transposição e da valorização
segundo o método de trabalho do Diretor. A este sujeito de seu roteiro cinematográfico.
existem vários tipos de diretores:
NOTA: Isto não impede em hipótese alguma que o Diretor conserve
1} Aqueles que improvisam quase totalmente seu trabalho técnico à uma imagem inteligente de aplicações e incorpore as suas pre-
medida que a filmagem avança a partir de um vago pré-detalhamento que visões incidentes involuntários ou a reação inesperada que
lhe serve apenas como guia de continuidade dramática. É um método que acontece na hora da filmagem e que ele acha boa. Geralmente
tem seus defensores entre os que negligenciam em preparar com certa estas descobertas acrescentam ao trabalho dos ato-res e os
margem de tempo seu trabalho e os que em geral acreditam na necessidade detalhes de direção se forem bem preparados e pensados. Não ao
de uma liberdade total para a sua criação. Isto pode ser válido para Diretores nível da concepção e estruturação técnica dos planos
experientes, tecnicamente capacitados, mas de qualquer maneira é um propriamente ditos.
método discutível no ponto de vista material-, tendo em vista as
dificuldades que provocam para toda a equipe ser obrigada a resolver os Deve ficar claro que a partir de previsões rigorosas que possibilitam
problemas quando eles surgem sem ter sido previsto nem preparado uma base sólida de trabalho teremos condições de improvisação Hm
suficientemente. Ora, quando sabemos da importância do trabalho de dificuldades na filmagem definitiva (lugar da cãmera, enquadra-iiHiMit),
equipe na criação cinematográfica, compreendemos facilmente que tal tamanho dos planos, lentes etc.) Portanto, uma modificação axcnpcional
método nos aparenta materialmente discutível em relação a outros mais pode ser realizada em uma construção mais precisa. Pois, vinrt com mais
racionais e próximos ás exigências técnicas atuais. E os custos elevados de facilidade os incidentes e seu rendimento dramático efe-llvo. Pode-se sem
produção dos filmes.. , riscos de erros monstruosos acrescentar eventualmente nos outros planos
2} Aqueles (mais numerosos} que têm um detalhamento dramático as correções que esta modificação provocará, ao liivA* de colocar o
mais preciso, acrescentando modificações de última hora (geralmente na Diretor numa situação de prisioneiro de uma preparado minuciosamente
noite que antecede a filmagem). Eles preparam seu trabalho soba forma realizada, numa liberdade ampliada. E uma série de linthlomas solúveis
de notas e que eles são os únicos capazes de decifrar e o Assistente de com antecedência. Ele se colocará então diante de lunhlnmas que
Direção, na melhor das hipóteses, tem no início do dia de trabalho 54 resolverá diante das cá meras: a interpretação dos atores,
55
ENCARGOS GERAIS DO DIRETOR
inspiração súbita durante as filmagens, controle do ritmo geral da conti-
nuidade dramática. . .
O diretor passa a seu Assistente as explicações gerais do que con-
A preparação bem feita possibilita ao Assistente de Direção de en- cerne ao plano seguinte. Ele explica a partir de seu detalhamento pessoal
saiar e preparar os locais dos planos previstos. Isto possibilitará ao (découpage}, mais ou menos anotada com esquemas dos ângulos de
Dire-tor, após cada plano, um período de relaxamento que ele pode
câmera no cenário e às vezes com os enquadramentos desejados.
aproveitar para conversas com seus atores sobre os futuros planos e sua
interpretação. Ou simplesmente como descanso e fazer uma Ele dá as instruções de lente e altura de câmera (quando a escolha
retrospectiva para não perder a visão de conjunto do seu filme tendo em de lente não interfere no seu trabalho ele deixa que o Diretor de
vista a constante agitação de um trabalho técnico e fracionado. Além do Foto-cjrafia e Operador de Câmera o faça).
mais, isto conduz a um ganho de tempo considerável na duração da Ele encarrega o Assistente de Direção da organização e preparação
filmagem e esta rentabilidade pode ser empregada numa direção de atores
mais bem cuidada (clima, interpretação), ou para reduzir o custo do técnica do plano e se retira para trabalhar com os atores ou descansar. O
filme. Assistente de Direção então assume momentaneamente o comando
Enfim, isto libera o diretor do eterno problema de minúcias técnico do sei.
técnicas e a continuidade correta (raccords) de todos os planos filmados NOTA: Se a cena é particularmente difícil do ponto de vista interpretação
isolados e fora de ordem. A preparação rigorosa no papel permite con- e se o desenvolvimento da interpretação e movimentação dos atores no
trolar em todos os momentos cada detalhe, substituindo-os sem possíveis plano só podem ser determinados em função do seu estilo pessoal, então o
erros, em sua perspectiva de conjunto (por ex.:direção de olhar, dos
Diretor inicia ensaiando cornos atores para determinar o detalhamento
atores, direção das entradas e saídas de campo visual etc.).
técnico exato que ado-tará (que às vezes está sujeito a modificações). A
partir daí então as coisas desenvolvem-se da mesma maneira que anterior-
b) Para o Assistente e o resto da equipe
mente descrita. 2 - INDICAÇÃO DO CAMPO VISUAL E DO LOCAL DA
É a possibilidade de trabalhar com segurança, sobre uma es-
trutura sólida sabendo com antecedência e com precisão CÂMERA
tudo o que deseja exatamente o Diretor. Cada um pode então
a) O Assistente de Direção indica de uma maneira geral aos
fazer o que necessita no tempo desejado para que tudo esteja
responsáveis (29 Assistente de Direção, contra-regra, maqui-
pronto no momento preciso.
nistas etc.) a parte do cenário que entra em cena (ou estará
em campo) e que é necessário recompor e aprontar (tapa-
c) Para o Produtor
deiras que devem ser montadas, material técnico a ser reti-
As vantagens que resultam na economia de tempo, graças a rado, móveis e accessórios a ser dispostos no lugar. . . . etc.)
preparação rigorosa, são evidentes — redução do custo do
filme.
OBSERVAÇÃO:
Em particular, uma preparação precisa permite, para a con-
Um cenário de cinema jamais é utilizado em todos os ângulos ao
tinuidade ou a progressão da interpretação dos atores, gru-
par para a filmagem em um só cenário os planos por direção tiiiismo tempo. Passamos, na verdade, nosso tempo de um plano para
de eixo de filmagem (ganha tempo na regulagem das luzes, outro liberando a parte que entra em cena e reunindo todo o material
na montagens de cenário e aparelhos de câmera). l*t:nico (câmera, refletores, praticáveis, cabos, microfones etc.), na
unira parte do cenário fora de campo. O mais interessante do estúdio «in
Tendo em vista, como nós acabamos de explicar, as variantes que relação ao cenário real é poder recuar as tapadeiras que desejamos imrii
podem resultar os métodos diferentes e a confiança maior ou menor criar o recuo suficiente para a câmera e o material técnico, sobre-indo os
que o Diretor deposita em seu Assistente de Direção, podemos tentar refletores. Estas tapadeiras devem ser logicamente remontadas nos
soparar o método-tipo de direção de um plano. contraplanos.
Tomaremos como exemplo um plano que apresenta certas b) Em seguida, dando continuidade ao trabalho o Assistente
dificul-diidos (com movimentos de câmera e figuração). É evidente que um de Direção procura, em comum acordo com o Operador de
sim-|)|ON close facilita bastante as operações definidas acima e o diretor Câmera, o melhor local (para o carrinho caso seja usado)
atara o cllrotamente.
57
Ml
um determinado enquadramento desejado pelo Diretor (sem a
assim como a melhor focal e altura de câmera para obter o enquadramento
parada do carrinho), convém então fixar várias referências para o
mais próximo ao desejado e previsto pelo Diretor. O método racional — e
movimento do carro. Procuramos como anteriormente vimos para o
que evita qualquer perda de tempo — consiste para o Assistente de
plano sem carrinho o bom lugar para a partida (atores nos seus
Direcao certíficar-se se os lugares previstos são bons com certa
lugares e suas marcas) e traçamos uma cruz; em seguida o born lugar
antecedência evitando a montagem do material pesado e que leva tempo
para o final do plano (atores em seu lugar no final do plano) com
para deslocar e regular (tripé, câmera, trilhos de carrinho etc.). Para isto
o Assistente de Direcão utiliza um visor de múltiplas focais que'é uma uma outra cruz. Em seguida verificamos se as posições
pequena lente regulável a diversas fontes (como um pequeno zoomí. Uma intermediárias importantes previstas são válidas ou não, e se
vez com a lente escolhida, delimita-se exatamente o campo visual e a coincidem igualmente (câmera e atores). Então só resta
profundidade de foco da lente a ser empregada pela câmera. Este visor determinar o eixo de deslocamento do carrinho com certeza.
sendo mais leve, prático e portátil do que a pesada câmera de estúdio, Eliminamos risco de modificações que serão inevitáveis quando o
permite rapidamente escolher o melhor local que corresponda aos material estiver todo montado e que nos fazem perder tempo
desenhos ou indicações do Diretor. Para um plano sem carrinho este inutilmente.
lugar é único (mesmo que se trate de um plano fixo ou panorâmica). A Durante a montagem do plano, o Assistente de Direcao (ou o 29
operação consiste então (tendo sido escolhida a lente e altura de câmera Assistente) revê rapidamente com os seus atores as indicações de inter-
em comum acordo com o operador de câmera) em colocar o(s) ator(es) ou pretação e verifica se os atores conhecem perfeitamente seu texto.
seus doubles nas posições principais que eles deverá ocupar no plano, para
ver se no lugar da câmera escolhida e o enquadramento está de acordo e 3 - DESDE QUE O TRABALHO DE
satisfaz. Deve-se verificar os diferentes lugares ou posições dos atores PREPARAÇÃO ESTÁ TERMINADO:
tomando o cuidado de marcar no chão (com giz ou fita gomada) em volta
dos pés, o local. Quer dizer:
NOTA: As marcas no chão em relevo ajudarão os atores durante sua - parte do cenário "em campo" em condições de filmar (ta-
interpretação a se situarem nos lugares precisos sem olhar para o padeiras, móveis e accessórios) — local da câmera
chão. Se tudo está em ordem, o Assistente de Direcao risca uma determinado e preparado (tripé montado
cruz com giz no chão do lugar que ele ocupa, É o lugar da câmera ou carrinho e trilhos).
que solicitará à equipe, imagem e aos maquinistas instalarem o O Assistente de Direcao ensaia com os doubles ou os atores eles
material. Notemos que se trata do lugar da câmera mas subentende incumos, uma ou várias vezes visando "colocar no ponto" os movimen-
também a parte frontal e traseira do campo. O enquadramento final
logicamente deverá ser feíto pelo operador de câmera que, a partir IIIN dosplanos.
dessas informações técnicas precisas, deverá equilibrar e compor Trata-se de simples ensaios "mecânicos" mais ou menos sem
harmoniosamente seu quadro modificando ligeiramente a câmera ou dra-innil/acSo que têm apenas como objetivo encadear os diferentes
deslocando os atores ou accessórios que "falseamos". movi-mtmlos previstos (câmeras e atores) para ver se o conjunto do plano
Normalmente estamos sempre "falseando" de um plano a outro em é vAtlilo o tecnicamente satisfatório.
função do enquadramento os lugares reais das pessoas e das coisas. N*) IA: Um dos pontos importantes no método racional de trabalho do
Neste tipo de trabalho a única regra que não deve ser esquecida set consiste em não intervir na ordem cronológica na qual de-
quando efetuamos as modificações é a continuidade (visual) dos vemos atacar os diferentes problemas do plano.
planos. Quer dizer, não sentiremos o falseamento na tela. Quando Devemos conservar uma progressão sistemática nos
se trata de um carrinho que comporta uma acao de 3 problemas mais florais (organização e preparação do local)
"posicoes-cha-vês": o ínfcio e o final do movimento (que são antes de abordar problemas mais restritos, mesmo que eles
sempre em um carrinho as posições-chaves a serem determinadas sejam os mais importantes (por ex: entonação de um ator sobre
precisamente) e, entre as duas, uma posição intermediária que uma frase, atitu-dns, expressões). Se alterarmos a ordem de
necessita trabalho de prepa-inçfío técnica de um plano bloqueamos toda a
equipe que deve nyunrdar obrigatoriamente as definições para
saber as condi-çfiefl oxatas do seu próprio trabalho (quantos
refletores serão micnssórios, luzes a regular, microfones a
58 colocar etc. . . .),
59
provocando consequente mente uma imensa perda de tempo. elétrico a ser colocado para a entrada do ator, isqueiro que
Se, no entanto, respeitarmos uma ordem lógica correspondente "funcione", maço de cigarro pronto para renovar o que
a uma concentração progressiva, o diretor poderá aprimorar os fuma o ator em cena, efeitos de chuva a serem instalados
detalhes de interpretação enquanto seus colaboradores assu- etc. ...).
mem por seu lado diferentes encargos técnicos. d) Ele acompanha de perto cada ensaio para os quais solicita
Desde que o "ensaio mecânico" é suficiente, o Assistente de Direção sempre "silêncio" na locação. Em seguida ele deve ficar atento
lembra ao Diretor que em seguida ele terá tempo para realizar os ensaios a tudo que é dito ou se faz para facilitar o ensaio (por ex: ajudar
que quiser para valer e ajustar o seu plano. A primeira parte do trabalho do um ator a cair, soprar o texto quando há esquecimento, corrigir os
Assistente de Direção estará terminada (isto se a preparação for bem lugares que foram predeterminados para as falas, dar a fala do ator
compreendida para o bom andamento do trabalho).
ausente, ou ler a "narração", liberar o campo de tudo que possa
O Diretor de Fotografia e o Técnico de Som {ou microfonista) v
incomodar a interpretação dos atores, distribuir pessoas fora de
assistiram a este primeiro trabalho, eventualmente solicitaram ao Assis- campo para facilitar correta direçao de olhar e sua interpretação), e)
tente de Direção as informações complementares e poderão agora realizar Deve em cada ensaio velar pela recolocação imediata dos
o seu trabalho específico até o momento da filmagem do plano:
accessórios e elementos do cenário deslocados durante o
— Regulagem das luzes para o Diretor de Fotografia, a partir ensaio, preparando-os para o ensaio em seguida. (Isso pode
dos primeiros ensaios com o Diretor. Direção do ajuste dos
também ser feito por um 29 Assistente de Direção ou estagiário
refletores com o Chefe Eletricista e seus auxiliares (nas pon
desta função.) Logicamente esta operação será realizada entre as
tes e no solo) sobre o cenário e os atores.
duas tomadas,
— Teste pelo microfonista e técnico de som, durante ensaios,
dos locais para a perche e o microfone que apresentam os Ex: A janela que o ator abre deverá ser novamente fechada
melhores resultados para a captação do som, sem marcar após o plano; o copo de vinho que foi bebido, deve-se tor-
sombras em campo. nar a enchê-lo, o revólver que acaba de atirar, ser recarre-
Enquanto o Diretor ensaia até se dar como satisfeito para filmar gado.
os planos, os técnicos especializados trabalham paralelamente no ajuste f) Assegura durante os ensaios (e durante as filmagens do plano)
e preparação e o Assistente de Direção supervisiona todos os elementos as campainhas, sinais e ruídos especiais etc., necessários ao
secundários.
bom desempenho do plano. Ex: a campainha do telefone, a
a) Primeiramente se há figuração ele organiza a movimenta- porta de entrada. Esses sinais serão acionados em um
ção da mesma, procurando assegurar uma continuidade pequeno quadro móvel preparado pela maquinaria, eletricis-
de um plano a outro, É um trabalho delicado, porém in-
tas ou cenografia.
teressante, onde o Assistente de Direção pode exercitar um
Isso pode ser o acender de uma lâmpada que indica ao ator o
pouco direçao de ator (sob as coordenadas do Díretor). A
momento de sua entrada (ou mesmo um sinal de braço se o
figuração tem como objetivo criar uma movimentação, e são
ator está visível). Outros comandos podem ser feitos tais
certas fórmulas simples que nós aprofundaremos no capítulo
como: comando dos eletricistas da equipe para acender os
Figuração. A única dificuldade para o Assistente de Direção
é que os dias de filmagem com figuração são sempre agitados refletores em sincronismo com o toque do ator sobre o
e sobrecarregados. interruptor em cena, de um ventilador ou ainda ao técnico
de som do início dop/ay back.
b) Ele controla com a continuísta o lugar dos objetos e acces-
sórios em relação à continuidade dramática. g) Enfim, ele é o responsável pela disciplina geral do sei no
que concerne aos problemas diretamente ligados à filma-
c) Ele, mesmo antes de terminar o plano que está sendo roda
gem: liberação do campo a ser filmado, silêncio etc. . ..
do, consulta suas anotações onde estão contidos os proble
mas e "observações técnicas" a serem pensadas para o plano
Após certo número de ensaios tendo sido conduzido
seguinte, e com certa antecedência relembra os profissionais.
progressiva-.... ..i- pulo Diretor o ajuste dos menores detalhes todos os
Ele tem de fiscalizar para que tudo seja realizado no tempo
previsto (ex: bebida f umegante que deve ser aquecida, sinal elementos
1*1 Mirou oslando prontos, as luzes reguladas, os microfones bem
instala-ilm, i» aitquadramentos bem ensaiados e tudo visto pelo
operador de 1'ênwm, n continuidade bem assegurada pelas indicações da
continuísta,
c 61
e todas as outras funções prontas o último retoque de maquiagem, dado o o outro — no início e no final do plano) e se desenvolve até o fim
diretor se dizendo pronto para filmar, os atores se colocam em seus tlu plano previsto.
lugares de início e os técnicos aguardam o sinal. Eis, então, o processo Durante todo o desenrolar da acão do plano, o Assistente de
tradicional de comando. O Assistente de Direcão libera o campo (cenário,
tapadeira.. . e às vezes pessoas ou sombras) e em seguida solicita que Dire-vffo assume a responsabilidade sobre a qual falamos durante os
cada um se coloque em seus lugares, dirigindo-se às pessoas da locação: ensaios (nçfio dos figurantes, sinais etc.. . .) e, ainda, controla coma
continufsta n continuidade de início e fim deplano.
Assistente: — Silêncio! Vamos filmar! 'No final do plano o Diretor dá sua ordem: "Corta!" Caso ele ttinha
— Silêncio geral! Ninguém se mexe! visto algo que não lhe agrade interrompe imediatamente a tomada. A
Em seguida determina que se fechem as portas da locação, que se câmera e o gravador são paralisados. A "tomada" terminou. O Assistente
apaguem as luzes parasitas ou de serviço, desligue o ar condicionado de Direção comanda: "Corta o vermelho." O circuito de lâm-piidas
ou ventiladores que não estão em cena ou qualquer fonte de ruído: vermelhas no exterior é apagado. É dado o alarme (2 toques curiós). O
Assistente — Vermelho, por favor! (É o sinal convencional em Diretor pergunta ao câmera e ao técnico de som se a tomada foi l toa para
estúdio para as pessoas que estão no exterior.) As lâmpadas verme- eles e, em caso contrário, faz suas observações para que a toma-Un seguinte
lhas se acendem em todos os serviços do estúdio solicitando a interrupção seja melhorada. O Assistente de Direção, que eventualmente lhos fornece
de Judo que faz barulho. Então, o eletricista que acende o vermelho sugestões, acrescenta observações aos técnicos e assegura HIIU os objetos
aciona um alarme (um sinal longo). de cena sejam recolocados no lugar. E repete-se então o nmsmo processo
Assistente de Direcão: — Clmera, pronto? acima descrito. Repete-se às vezes por plano 2, 3, 5 nu mesmo 10 vezes
Operador de Cârnera: — Pronto! Assistente a mesma acão até que o Diretor obtenha uma toma-<ln "boa" (sempre duas
de Direção: — Som, pronto? para sua segurança). Em seguida passa-se ao pla-iin seguinte previsto da
Técnico de som: — Pronto! (resposta que pode ser dada por interfone mesma maneira.
quando trabalha na cabine de som). Diretor do filme: — Motor! Antes que sejam desmanchados a iluminação e os elementos
Os assistentes acionam seus aparelhos (som e imagem). Às vezes o da-i|tmle plano, o Assistente de Direção viabiliza o trabalho do
Assistente de Câmera aciona tudo junto, pois ambos (câmera e gravador) Fotógrafo du Cena, que realiza as fotos destinadas à publicidade e aos
são alimentados (em motores sincronizados) juntos eletrícamente. Se o cartazes do filme para as portas do cinema. Solicita a colaboração do
câmera deverá ligar ele mesmo seu material independente do som, uma Diretor de Fo-lugrafia para a colocação de alguma luz complementar (sob
troca de sinal ou comando oral é feito entre os dois técnicos. Operador a orientação tio Fotógrafo de Cena) e para a colocação dos atores em
de Câmera: — Rodando! Claquete! O Técnico de som: — Gravando! atitudes sele-lilunadas entre os diversos momentos do plano.
Em seguida, o claquetista que estava preparado aguardando ao A foto deve ser feita, em princípio, com as mesmas luzes de cena a
lado da câmera entra diante dela com sua claquete (com nome do filme, no mesmo local da câmera que será apenas deslocada.
nQ do. plano, n° da tomada, nome do fotógrafo, observações técnicas Algumas vezes aproveita-se para fotografar a continuidade (ver licmi a
etc.) e anuncia o nome do filme, nPdo plano e tomada. continuísta), o cenário, accessórios ou roupas, caso estes apresen-litn
Ex: Claquetista: — "Noite Americana." 18A, primeira! Após o anúncio dificuldades para serem remontados. Por ex: continuidade a ser intimida
aciona a vareta da claquete contra o corpo, fazendo um ruído
entre a cena rodada em estúdio e a ser continuada em exterior. Para isto,
característico.
cada vez mais, a continuísta utiliza uma câmera fotográ-tltm Polaroid
A parte móvel da claquete permitirá em seguida a montagem sin- registrando imediatamente o necessário.
cronizada da pista de som com a da imagem. Após a operação, o claquetista
O Assistente de Direção aproveita esses segundos para se atualizar
sai rapidamente do campo para evitar perda inútil de negativo.
O Diretor aguarda um segundo, deixa os atores se concentrarem e ntt ilácoupage e eventualmente consultar seu detalhamento ou livro de
em seguida comanda: "Açâb!" iihimvuções. (Ele tem todo o interesse em manter seus documentos que
A ação propriamente dita do plano começa aqui (deixando uma n njudiim a seguir seu trabalho.)
certa margem para a montagem — acavalamento de acão de um plano 62 Ele risca no seu roteiro os planos já filmados e acrescenta algumas
imiir, no página esquerda do roteiro, algumas informações que poderão
•uxlllor eventualmente a continuísta: croquis de cena, continuidades
di-tíowli, notadamente nas atitudes ou gestos de momento (raccords) a
vHlncidtide de entrada ou saída em campo dos atores, as expressões do
63
rosto, as entonações etc. e evidentemente sua própria continuidade - a dos no filme e possibilitem a maior autenticidade possível ao clima filmado.
figuração (nomes, endereços e lugares dos figurantes), Ocorre às vezes que estes sons são grupados e gravados no final da jornada
de filmagem. 7) Realizar duas horas antes do fim das filmagens do dia (por
O bom Assistente de Direção deve, durante o curso da filmagem volta das 18 h) a redacão da "folha de serviço" (que explicaremos melhor
do plano já organizado, começar a pensar no plano seguinte (sem se mais adiante) e que deverá ser batida à maquina e distribuída
perder logicamente) e nas dificuldades que se apresentarão. Quando o individualmente pela produção a todos os participantes do dia seguinte
plano estiver terminado ele já estará mais ou menos preparado, sern perda (atores e técnicos). Baseando-se no plano de trabalho, tendo em vista a
de tempo, para comandar a organização da locação seguinte. filmagem do dia seguinte e o que podemos supor que será feito na hora
Quando, no plano em filmagem, ele sentir que os comandos estão restante, a folha de serviço menciona os planos previstos para o dia
organizados, passa ao 29 assistente essa função ou determina que o assis-
tente vá preparar o próximo plano ou locação. seguinte, pessoas envolvidas (com as horas de convocação) e todas as coisas
necessárias à filmagem.
A jornada de trabalho apresenta-se então como uma sucessão de
planos e embora as dificuldades variem de plano para plano, o processo
de imagem será sempre o mesmo.
Ill - APÓS O DIA DE FILMAGEM
Diversos Trabalhos Suplementares O Assistente de Direcão pode ser chamado (como já foi dito) a
realizar certos planos simples ou acompanhar a gravação de sons indivi-
Nas filmagens
duais ou ambientais.
Além das atividades anteriormente descritas o Assistente de Dire-ção Após uma conversa com o Diretor ele chama atenção oralmente,
devera' se organizar de forma a suprir algumas obrigações tais como: 1) •a; lhe é possível, aos técnicos especializados e pessoas envolvidas, dos
Assumir seu papel de ligação durante o dia de trabalho, o que supõe iiens importantes da "folha de serviço" para o dia seguinte (ex. prepa-
boas pernas. Notemos que essas funções ingratas são asseguradas pelos
ração de um p/a/ back, montagem de praticáveis etc.).
segundos assistentes ou estagiários, Correr pelos quatro cantos do
Assiste então ao lado do Diretor à projeção dos "copiões" do dia
estúdio ou locação para procurar em todos os momentos os atores em
anterior (projeção feita em ordem de detalhamento de todo o trabalho
seus camarins, quase sempre o maquiador para retoques, às vezes o
considerado bom com suas claquetes e pontas). Isto permite
Diretor ou a contínufsta momentaneamente ausentes, a Direcão de
objetiva-munte ao Assistente de Direcão controlar o resultado do trabalho
Produção se há um problema material importante a ser resolvido, ou
o Fotógrafo de Cena para o fim" do plano. e colher informações para melhorar o trabalho em certos detalhes
2) Recepcionar e informar os jornalistas e visitas convidados futuros.
pela Produção. Após isto, o Assistente está livre para pensar nos problemas do
3) Manter frequentes contatos com a Produção Executiva para «liii seguinte!
verificar se as previsões e encomendas determinadas no de-
Ihamento técnico estáío sendo providenciadas, sem dificul
dades nem erros.
1'ROBLEMAS PARTICULARES EM EXTERIOR
4) Recepcionar os pequenos papéis dos dias posteriores, expli
car-lhes o que se espera deles e, eventualmente, apresentá-los Teoricamente o trabalho em exterior se realiza na mesma base do
ao Diretor do Filme. i|uo o feito em estúdio (ou locação interna), na medida que se trata de
5) Em caso de nova locação no dia seguinte, fazer uma visita niinijir os mesmos resultados. Mas deve ficar bem entendido que no ex-i
ao local para verificar se tudo estará pronto conforme o pre m lor não dispomos dos recursos e comodidades que o estúdio (lugar
visto. pú-lillco, ruídos, parasitas, luz natural que não podemos controlar etc.) e
6) Encarregar-se de dirigir certos planos simples (objetos, ítcuisconte-se a isto um grande número de surpresas suplementares que w
flashs, inserções) e de dirigir entre dois planos, coma cola juntam às dificuldades existentes habitualmente no trabalho de estúdio.
boração da continufsta, a gravação de certos sons individu São elas notadamente:
ais a sincronizar fsem prazo) para que eles sejam incorpora- a necessidade de estar exposto às condições atmosféricas. Daí
65
64
o horário de filmagem variar segundo as cenas de dia ou de noite, neces-
sidade de um sol total para filmar ou determinada posição do sol em re-
CAPÍTULO 11
lação ao cenário utilizado (influenciando diretamente na ordem de fil-
magem dos planos naquele eixo), continuidade de cenário não muito fácil O Detailhamento
a manter de um dia para o outro (nuvens, ventos, ondas do mar, ele-
mentos do cenário etc.).

— Os problemas de deslocamento dos técnicos e atores do seu


hotel até a locação (sobretudo na natureza), serviços de transporte a
serem organizados pela Produção e seus assistentes com as indicações
feitas na "folha de serviço".
— Os problemas das condições de trabalho da equipe durante a fil
magem (para a Produção e Assistentes).
Deve-se proteger a filmagem:
— Dos ruídos parasitas (tráfego, gado, serras elétricas etc.)
— Do público que quer "ver" e faz barulho ou está em campo.
Nesses casos às vezes torna-se necessário pedir auxílio à polícia
para controlar a multidão ou paralisar o tráfego e fazer áreas de isolamento
com cordas. 1, Definição — Qualidades de um bom detalhamento
Nesse último caso cabe ao Assistente de Direcâb indicar o mo-
mento certo aos policiais para as interrupções e colocação em movimento Lembre mo-nos antes de mais nada da definição que nós fizemos na
primeira parte.
do tráfego. Ele deve ser rápido, prático e hábil para se adaptar rapidamente
às mil situações imprevisíveis que surgirão consta n te mente nas filmagens Definição — O detalhamento é a operação que consiste em, a partir
externas e encontrar soluções rápidas, sem perda de tempo, eficazes e i\adécoupage definitiva, listar, separar e em seguida classificar,
justas para cada novo problema. grupando-os metodicamente, todos os elementos necessários às filmagens.
Seu obje-livo é duplo:
a) antes das filmagens: servir de guia aos diversos trabalhos prepa
ratórios e fornecer dados úteis à elaboração do plano de trabalho.
b) durante as filmagens: permitir pôr à disposição e controlar to
dos os elementos materiais que condicionam a boa marcha do trabalho
de direção.
Um bom detalhamento deve ser:
— Exato e completo. Um erro ou esquecimento de aparência mí
nima, se não localizado a tempo, pode ter graves consequências. O deta
lhamento deve conter absolutamente todos os elementos necessários ao
filme e as previsões de todas as dificuldades a serem resolvidas.
— uma leitura cómoda e prática. B uma ferramenta de trabalho de
utilidade permanente que deve ser claramente apresentada para que seja
fácil de datilografar e consultar.
As informações que ele contém devem ser claras, expostas de uma
maneira racional e prática, levando em conta todas as necessidades da
técnica.

O AUTOR DO DETALHAMENTO

O Assistente de Direção é normalmente seu autor, visto que será


essa a base do seu trabalho e de toda produção. Algumas vezes ocorre

67
que certos técnicos sejam levados a fazer seus próprios detaíhamentos III — Um resumo da acão com as indicações sobre a cronologia
parciais sobre problemas que lhes tocam diretamente (contra-regra,
produção, continuidade etc.), mas isto não impede de maneira alguma e a minutagem prevista.
que o Assistente de Direção seja a base oficial do trabalho material de Ex. folhas amarelas.
toda a equipe. IV — Lista geral dos cenários (classificados por estúdio e exterio
res) e aqueles que comportam atores e accessórios impor
COMPOSIÇÃO DO DETALHAMENTO tantes.
Ex. folhas verdes
0 detalhamento se parece em linhas gerais com dêcoupage e V — O detalhamento separado por cenário e por cena
comporta um certo número de capítulos e notas.
Ex. folhas brancas
Observação importante: É aconselhável, para dar funcionalidade Este documento será estudado mais à frente e constitui a
e comodidade de utilização, prever para cada capítulo do detalhamento
peça fundamental, o núcleo do detalhamento.
folhas de cores diferentes que permitam localizar rapidamente as infor-
mações procuradas. VI — O detalhamento das roupas por ator (comporta igualmente
as indicações sobre a maquiagem). Este documento será
Logo que consultamos um detalhamento completo encontramos
sucessivamente títulos, sobre os quais retomaremos em detalhe: estudado também mais adiante. No que toca a atores principais
1 — Págína-título e o índice dos assuntos que nos indica a organi serão divididos em duas partes: homens (ex. folhas azuis) e
zação do detalhamento. mulheres (folhas rosas).
ex: folhas brancas
II — Informações gerais sobre o filme
ex: folhas azuis TRÊS TIPOS DE RECAPITULAÇAO
a) A produção e seus serviços (produtor, distribuidor, publi
VII — Resumo "SOM" (por exemplo, folhas verdes)
cidade, fornecedores de materiais, laboratórios). Para cada
um: CGC, endereço, telefone, razão social da empresa e Comporta sobretudo os sons individuais classificados por categoria,
conta to. e todas as particularidades do filme do ponto de vista sonoro {p/a/
b) As locações de filmagem (estúdios, locações em exterior) back etc.) VIII— Resumo "Imagem"
com os endereços exatos e telefones (para exteriores, os Tudo que diz respeito aos detalhes técnicos da imagem:
pontos de contato). transparência, trucagens, imagens de arquivo, planos com
c) Lista de equipe técnica do filme: nome, função, endereço e zoom, maquetes, efeitos especiais na imagem etc.
telefone.
IX - Resumo "Material"
d) Elenco (nome, personagem, endereço e telefone) separando
os papéis principais antes do início das filmagens e Uma lista com os principais accessórios e os problemas ma-
os teriais importantes.
pequenos papéis eventuais recrutados ou anotados durante X
— Folhas em branco que permitirão anotar algumas informa-
as filmagens.
ções necessárias que surgirão durante as filmagens, mas sem
Neste capítulo, o que devemos reter é que é extremamente
NOTA: importante ter sempre à mão a possibilidade de encontrar a perdê-las do conjunto do detalhamento.
qualquer momento todo elemento da equipe do qual de- NOTA: Estes 10 títulos constituem o detalhamento normal. Pode
pende a realização do filme (produção, estúdios, técnicos, acontecer que em certos filmes acrescentemos alguns
artistas etc.). Por isso a informação mais importante ainda é o deta-ihamentos parciais ou recapitulacão relativa a problemas
número do telefone. Devemos conferi-lo e eventualmente especiais que se imporão pela própria natureza do filme.
anotar vários que possam facilitar a localização durante os Ex: no filme "A bela e a fera" de Jean Cocteau (ou "Renato
diferentes horários do dia (atores principalmente). O telefone Aragão no Planalto dos Macacos" entre nós) os setores de
é uma ferramenta de primeira necessidade na vida maquiagem e máscaras obrigaram um detalhamento à
cinematográfica.
parte.
Filmes que comportem um linguajar especial, gíria ou língua
68 estran-Ijokfl nos seus diálogos obrigam um detalhamento à parte para a
conti-
"",. M poder acompanhar.
69
— Enfim, os anos passam, conduzindo a mudanças (que se de-
II: ESTUDO DO DETALHAMENTO DOS OUTROS vem levar em conta) no físico dos personagens (maquiagem).
PRINCIPAIS DOCUMENTOS DO DETALHAMENTO
Para crianças, particularmente, não podemos forçar a
veros-similhança, com um mesmo intérprete em uma ação
Abordaremos agora, especialmente, os parágrafos III, IV, V e VI que se estenda em mais do que 2 ou 3 anos.
que necessitam de explicação mais detalhada:
A - Resumo da Ação (Documento III) Quase sempre é necessário fixar um ponto de partida da
Este documento se apresenta da seguinte forma; o roteiro resumindo cronologia do filme. Diremos então que o 1°dia de ação é o
sucintamente cena por cena. Cada cena toma o lugar na ordem natural "dia J". Duas semanas mais tarde, tratar-se-á de "J + 15"
do roteiro sendo completada por um certo número de indicações.
e assim por diante.
(1) Colocamos aqui os números dos planos da cena, inscrevendo todos, No caso de utilização de flash-back no roteiro tais referências
como nome e indicando: "de 189 a 196" pois:
cronológicas serão particularmente úteis. (3) Nesta coluna, indicamos
a) Isto permite eliminar os números à medida que forem sendo simplesmente as condições de filmagem.
filmados e termos, então, a qualquer momento, uma posi
ção exata do que foi filmado e o que falta ser feito. S
Q) o local: Estúdio:
b) Acontece sempre no transcorrer da cena, haver números Set ST
suplementares (ex. 193 A) ou números suprimidos (ex. Terreno STR
195) e a redação "de ............ a ........ " não permite observar Transferência
isso. X Ir
Exterior
(2) Esta coluna serve para indicar as informações cronológicas da ação do
filme. Sua importância e sua natureza variam de um filme para outro. Em Natureza
certos temas, género revista, ou filmes que se passam em qualquer lugar Interior real
ou época e com uma duração indeterminada não é tão importante. Para
outros filrfies, ao contrário, o elemento tempo pode ter grande importância
e, de qualquer maneira, trata-se de determinar o esquema cronológico do b) Iluminação
filme partindo-se das indicações explícitas do roteiro (horas, dias indicados Dia..................................... D
no texto} ou implícitas (ex. o tempo de gravidez de uma mulher ou a Entardecer ........................ E
duração de um trajeto conhecido) e, completá-los de comum acordo com o Crepúsculo ........................ C
Diretor, adotando uma duração "realista" entre cada cena. Para certos Noite................................. N
filmes quando a ação se passa, por exemplo, inteiramente à noite, as Madrugada ......................... M
referências cronológicas serão feitas em horas e minutos. . . Para outros
filmes, pode tratar-se de dias, de meses, ou de anos. .. Denominamos um cenário "Noturno" se supomos que ele é
— A estação (verão, inverno.. .} que transforma o comporta NOTA: iluminado por luz artificial (no cenário haverá luzes acesas).
mento, o cenário, as roupas etc. Muitos filmes se desenvol Reservamos geralmente o termo "Noite" para os exteriores
vem em uma só estacão indicada; outros em várias estações. rodados à noite (ruas iluminadas por lâmpadas ou efeitos de
E tal ano supõe tal moda (roupas, divertimentos etc.). luar) ou por peças na penumbra (somente iluminadas pelo
— O dia da semana, conforme se trata de um dia de trabalho luar vindo do exterior).
ou de domingo ou feriado, sendo necessário talvez levar em
conta que devemos evitar certas inverossimilhanças nas ati- (4) Para esta coluna, não há problema: é suficiente indicar o n9da cena
vidades dos personagens. (habitualmente em algarismos romanos, para evitar confusão com o n9
— A hora (se dizemos que são 6 horas da noite no inverno, de tios planos}.
duzimos automaticamente que se trata de uma cena notur-
na). — Quando passamos "por corte" ou "plano ligando plano" de
uma cena para outra, quer dizer sem trucagem (fusão, faz
70
etc.) não indicamos nada. - Quando entre duas cenas há uma
trucagem indicamos entre
as linhas que separam as duas cenas o tipo de trucagem. (h)
Aqui colocamos o resumo da cena. Para sua redação há dois princf-
ploi:
71
— ser o mais conciso possível para definir a cena com o míni
(6) O total parcial dos planos por cenário caso o cenário com
mo de palavras.
— começar sistematicamente pelo nome do cenário (que subli porte várias cenas.
nhamos) (7) O total dos planos por cenário.
Ex. No Escritório de Roberto, Francoise pede a seu patrão (8) Esta coluna fica em branco até o fim do detalhamento. Será
etc. . . . preenchida após definirmos o plano de trabalho. Primeira
Isto permite imediatamente localizar onde se situa a cena. (6) mente indicaremos a duração aproximada prevista para cada
Esta coluna é a da Mínutagem: filmagem de cada cenário, levando em conta outras infor
a) Anotamos primeiramente a minutagem prevista tal qual re mações contidas no plano de trabalho (ver mais adiante).
sultou da média das minutagens realizadas antes das filma Constará então se o cenário pode ser filmado em um dia
gens {como foi explicado anteriormente: pré-minutagem). (1 D), em dois dias (2 D), em um dia e meio de trabalho
b) Embaixo escrevemos, à medida que filmamos, a minutagem (1 D 1/2), ou se há apenas alguns planos filmáveis em meta
real que realizamos. Isto permite controlar a duração real de ou 1/4 de jornada de trabalho (1/2, 1/4 D) ou ainda se
sobre a qual nos orientamos e eventualmente nos esforça deve ser filmado realmente à noite 1/4 D (n). Depois que a
mos para aproximar da duração prevista. ordem de filmagem de todos os cenários estiver estabeleci
(7) Finalmente, nesta última coluna (que preenchemos logo da, poderemos indicar em cima do cenário correspondente a
que o detalhamento fica pronto, grampeando e numerando 6a a filmar ("6"); ia ("l") etc.
por páginas) inscrevemos o número da página de referência (9) Finalmente, a última coluna comporta a importância dos
para cada cena, tendo o detalhamento como base que forne- atores que participam da cena (atores principais, pequenos
cerá todas as informações sobre os elementos e as dificuldades papéis, silhuetas e figuração), assim como eventualmente os
da cena. accessórios importantes com os quais se deve contar (ex. os
carros, os animais etc.). Este documento será completado
B - LISTA GERAL DOS CENÁRIOS {Documento IV)
com duas folhas-resumo:
Este documento fixa o quadro geral do documento seguinte, o 1) Uma folha constando de uma listagem dos números
mais importante (detalhamento minucioso por cenário e por cena), e é acrescentados (ex. 187 A, 187 B, 192 A) e uma lista dos nú
também interessante para a preparação do Plano de Trabalho que forne- meros suprimidos da découpage (que deverá ser mantida em
cerá os principais elementos construtivos (cenários, planos, atores). dia nas filmagens).
Fazemos uma soma total de cada uma dessas categorias de
{1} e (2) — Nome do cenário que é colocado em uma coluna ou noutra
segundo for exterior ou estúdio. Os cenários são catalogados plano: uma subtracão entre os dois totais indicará o número
na ordem que reencontramos na découpage. Se o cenário real de planos ainda a serem filmados.
contém várias cenas durante o filme, grupamo-las em uma
após as outras. Ex. "Escritório de Roberto"
Caso se trate de um conjunto (vários cenários em um só) NOTA: Acontece quase todos os dias a supressão ou o acréscimo de
grupamos eventualmente as cenas que se passam neste am- números na découpage. Isto ocorre quando se efetuam mu-
biente. danças de última hora na découpage, mesmo antes de
Ex. Hall de um hotel {portaria, porta do elevador, sala de mi-meografar, e não se faz a correção da numeração.
espera, bar do hall etc.). Mas se o ambiente representa um Contente-mo-nos então em acrescentar "A", "B" ou indicar
só cenário todas as cenas serão rodadas em seguida. "140 -
(3) O número da cena (em algarismos romanos, de preferência, suprimido".
para não confundir com os números dos planos). 2) Uma folha indicando o n9total de planos por locação:
(4) A iluminação (dia, noite, entardecer etc.) com a precedente.
a) estúdio
(5) Os números dos planos (indicando-os todos).
b) exteriores (acrescentando-se exterior "natureza" e sepa
72
rando-se interior real). 73
Isto permite se ter uma ideia exata do todo do filme em
relação à divisão e à proporção das diversas categorias de fil-
magem (interna, externa, estúdio etc.).
Sr. Alain .... roupa 2 cartas ...
C - O DETALHAMENTO MINUCIOSO POR CENÁRIO E POR CENA roupa 4 papéis ...
Jacques ..
(Documento Vi Contador roupa de arquivos
empregado
Este é o documento de base, a parte essencial do detalhamento. cinzeiros
Utilizamos por cenário uma folha (ou várias, se necessário). Em cada abajures
uma distinguimos 2 partes: pacote de cigarros
Indicamos primeiramente, cena por cena, tudo que é necessário isqueiro
do ponto de vista do ator, roupas e accessórios. Em seguida, reunimos caneta do Sr. Alain
todas as "Notas Técnicas" destinadas a chamar a atenção de cada cate- 2 x f caras de café quente
goria de técnicos sobre os problemas que são colocados na filmagem l bandeja para as xícaras
para cada especialista.
Eis aqui a disposição deste documento neste exemplo de detalha-
C •— XXI — O protesto de António Accessórios
mento. Nós daremos, em seguida, um outro exemplo completo a partir
5 N9 S 164-165-166-167 idem ao anterior (menos o café)
de uma découpage.
168
Noite
Alain ......... roupa 2
António ....... roupa 3 v 2
"CORRIDA" Françoise .... roupa 3
Estúdio Ambiente de Escritório
Mesa de secretária..................... Accessórios
Verão D — XXV — Françoise pede
3
explicações
Mesa do Sr. Alain.....................
20 8N9S 193-189-190-191
Dia 192-193 A-194- idem ao anterior
196 + chavezinha da gaveta
Total . . .....................
A— Sá Ia da Secretária Alain .......... roupa rf? 2
23 pacote de cartas
a) XII — Jacques vem
procurar Françoise
Accessórios Máquina NOTAS TÉCNICAS
3N9 101 -103-105 de escrever
Dia Jacques.. .roupa nP. 3 Cenógrafo
Françoise. . . roupa n° 5 vi. documentos arquivados — Prever um degrau entre a sala da secretária e o escritório
do Sr. Alain, donde o escritório do Sr. Alain deve ser
papéis construído em nível mais elevado com diferença de apro-
carbonos ximadamente 20 cm.
telefones Pintar na porta do escritório do Sr. Alain "Diretor" Produção Executiva -
B- Sala do Sr. Alain accessórios habituais de sala de Mandar fazer foto 18 X 24 de Jacques para porta-retrato da mesa do Sr.
secretária Alain — preparar um envelope colocado no Correio da Espanha
b) XIV — Sr. Alain avisa ao para Françoise. Contra-Regra — Preparar o café quente (plano 132)
seu filho sua decisão Accessórios de escritório de um Conferir se a fechadura da gaveta funciona (chavinha)
executivo
(191)
7N9S Rosto de António sujo de carvão (cena XXI)
1 2 7 - 1 2 8 - 1 2 9 - Dia vários telefones Maquiador
Lágrimas no rosto de Françoise (a partir do 193 A)
130-131 -132- 133 interfone
75
mapa na parede
foto de mesa com a fotografia de
Jacques
74
Eletricistas — lâmpada do abajur da mesa do escritório do Sr. Alain
é acesa pelo Assistente de Direcão em um quadro móvel
(cena XXI)
junto a câmera, avisando da sua entrada. O carro de um
Maquinista — Carrinho circular (130) Som — Som Só
164 sirene de final de trabalho na mina. personagem que mora numa cidade definida no roteiro deve
estar emplacado com a localidade correspondente. Deve-se
então pedir ao cenógrafo que o faca executar porque se isto
NOTAS ESCLARECEDORAS SOBRE
só for percebido no momento da filmagem poderá provocar
A REDAÇÃO DO DOCUMENTO V:
uma grande perda de tempo e normalmente a culpa recairá
1) Colocamos sempre no alto, à esquerda, o título do filme. Em sobre o Assistente de Direcão. Uma pessoa casada supõe-se
baixo, o local de filmagem e, eventualmente, uma indicação que use aliança, o que deverá ser providenciado com
cronológica (estacão do ano por exemplo) antecedência (modelo, tamanho etc.).
2) Realçar o título do cenário para que ele seja facilmente lido. Se o ator vai lavar as mãos, prevê-se a existência de torneiras
3) Dispor a indicação "3 NP S Dia", "5 N° Noite" de forma clara e uma pia no cenário que "funcionem", o que quer dizer
e bem destacada na margem. Os textos de cada parágrafo (por instalação especial (na parte exterior do cenário uma caixa
cena) dispostos em alinhamento e bem paginados (ver reda- d'água e uma canalização para dar vazão.)
cãc-padrão)
4) Manter um espacejamento entre os parágrafos As "Notas Técnicas" são infinitas segundo a natureza do filme
5) Indicar à direita os accessórios, alinhando-os em frente à cena e as dificuldades da cena. De qualquer maneira, podemos tentar dis-
correspondente. Os accessórios usados na acão dramática de correr sobre algumas clássicas e que várias vezes se repetem. . .
vem estar sublinhados. Os accessórios de ambiente e comple-
mentacão do cenário não precisam ser sublinhados. - Os estofados de palha (que em geral são sempre brancos)
6) Os números das roupas devem ser os mesmos nas suas fichas de devem ser envelhecidos ou escurecidos (com chá)
roupa (de que nós falaremos mais adiante) Observação: Assim como o preto, e pela mesma razão, se bem que por
7) As notas técnicas são grupadas por especialidade. Caso sejam problemas fotográficos opostos, o branco é condenado
sucintas demais elas indicam apenas o plano ou cena empre pelos Diretores de Fotografia quando filmam em "preto e
gada. Não se trata de ensinar aos técnicos o que eles devem fa branco", pois uma iluminação normal come os detalhes,
zer mas apenas chamar-lhes a atenção de dificuldades particula apenas restando uma massa branca. Um vestido de casa-
res que eles não tenham por acaso percebido na leitura da dé- mento no set nunca é branco. Ele é azul-claro ou
coupage e em vista da qual o Assistente de Direcão toma suas amarelo-pálido, que rende na tela branco, mas com volume e
garantias. sem estourar. Com as cores, o problema é logicamente
diferente, mas evitamos igualmente os brancos e pretos.
IMPORTÂNCIAS DAS NOTAS TÉCNICAS — Tudo o que deve parecer quente, como café, sopa etc., supõe
As notas técnicas constituem um dos aspectos mais importantes e uma pequena instalação para esquentar ou manter entre os
também'dos mais difíceis do detalhamento. Para maior parte dos outros planos o líquido que deve fumegar no momento da filma
setores do detalhamento são suficientes boa atenção e métodos para le- gem.
vantar sem erros nem esquecimentos as informações na découpage. Para - Para as entradas de atores de pontos encobertos a equipe
as "Notas Técnicas", no entanto, necessitamos de explicações precisas, deve instalar, como já foi dito, uma lãmpada-sinal.
temos que pôr a imaginação para funcionar e conseguir visualizar antes — Tudo que é escrito no cenário: tabuletas, bandeiras, placas,
da filmagem a cena tentando prever todas as dificuldades de realização emblemas supõe uma conferência do texto de comum acor
que estão implícitas numa découpage aparentemente fácil. Exemplos do com o Diretor e a confecção pela equipe de cenografia.
Um ator deve entrar em acão num momento preciso e não
há "deixa" ou ruído como referência para a sua entrada A foto de um ator numa moldura de mesa ou parede supõe que
em cena. Supõe-se, então, a instalação de um sinal luminoso deva ser feita especialmente para o filme antes da filmagem, na pose,
{uma lâmpada) sobre a porta, camuflada no cenário, que atitude e roupas desejadas pelo Diretor, e cabe ao Produtor Executivo
assegurar sua execução. Um artigo de jornal que deve ser visto em plano
76
77
Não esquecer de chamar a atenção sobre ã preparação dos "efei-
de detalhe supõe uma impressão especial nas oficinas gráficas de um tos": chuva, neve, vento, fumaça, neblina, teias de aranha, vapor, geadas
jornal. etc., pois cada um necessita de uma técnica e instalação especiais.
— Deve-se, caso se faça necessário, notificar os responsáveis sobre Prever sempre accessórios sobressalentes que deverão ser consu-
quais os elementos de cenário que deverão ser removíveis e "funcionar" midos ou estragados por estes efeitos (mesmo que só haja apenas risco).
pois isto necessitará logicamente de uma instalação especial. Os accessórios que deverão ser consumidos, tais como doces, vi-
Ex. a) Chaminé — isolamento térmico, condutor de fumaça etc. nhos, devem ser renovados, pois podem ser necessários para cada nova
b)TorneÍra — reservatório, encanamento e ralo de filmagem do mesmo plano (novo doce ou garrafa com o líquido intacto).
Os accessórios que serão quebrados devem ser renovados ou
escoamento
subs-tituídos a cada novo plano em que apareçam e várias duplicatas
c) Fechadura — deve funcionar com a chave
devem ser providenciadas, caso a filmagem se realize fora da ordem
d) Lâmpadas — equipadas habitualmente com photo-floods, dramática do roteiro.
em resistência, com interruptor desligado.
Não esquecer de indicar os locais e os personagens, placas dos
carros, letreiros dos ônibus, organograma de camisas (com iniciais do
NOTA: Na maioria das vezes instalamos um interruptor desligado so-
mente para composição do cenário e para auxiliar na interpretação do personagem do filme e não as do ator) etc.
ator. Quando um ator acende um abajur ou ponto de luz em cena, Lembrar-se dos doublés nas cenas necessárias (brigas, quedas,
acendemos não somente esta lâmpada, mas um conjunto de refletores piano! ou mesmo conduzir veículos se o ator não souber
com a quantidade de luz calculada para produzir o efeito correspondente dirigir). Há evidentemente outras coisas a assinalarmos.
ao acender esse ponto luminoso. Logicamente que a lâmpada que entra Essas servem
em cena deve ser acesa em sincronismo com os refletores corres- apenas como exemplo porque ocorrem com mais frequência.
pondentes. É por isso que não podemos instalar tal intensidade de cor- NOTA: Deve-se atentar que "as transparências" supõem um
rente num intervalo do cenário. No momento que o ator tocar no inter- duplo
ruptor, sob o comando do Assistente de Direção o eletricista bate a detalhamento.
"faca" ou caixa de luz onde estão reunidas as "linhas" daqueles refle- 19) Indicações precisas para gravar antes da filmagem propria-
tores, para acender ou apagar o conjunto de luzes correspondente ao mente dita as pistas que servirão para a projeção do fundo do
ponto de luz visto em cena e os refletores fora do campo visual {ou en- estúdio. Para isso, é necessário definir bem, a partir do roteiro
quadramento). e com Diretor, as condições das filmagens do cenário em
estúdio. Deve-se criar condições análogas nas duas locações
— Controlar para que elementos do cenário tais como grades, ja (sobretudo em relação à perspectiva), por exemplo: nas cenas
nelas correspondam à cena do roteiro. clássicas de interior de carro saber antes de ir filmar a rua ou
estrada que servirá de fundo, os eixos de filmagem em estúdio,
Obs: Para as alianças, verificar se deverão ser usadas pelo ator durante
suas posições e a duração dos planos. (Os que devem ser
todo o filme ou durante uma grande parte dele e ainda se fazem
filmados de frente para os atores, sentados no banco traseiro,
parte das fichas de roupas. correspondentes à estrada que desfila pelo vidro traseiro, os
— Lembrar da "manutenção" de determinados elementos duran que serão filmados com os atores de 3/4 lado esquerdo da
te o transcorrer da filmagem prevendo: câmera que sugerem uma paisagem desfilando no vidro direito
I) água e vaporizador para as flores (ou substituição por outras idên e que portanto devem ser filmados de um carro com a câmera
ticas pois elas não resistem ao calor dos refletores). voltada reta para trás diretamente) Estas indicações serão
II) comida apropriada para os animais domésticos (cães, gatos, pássa especialmente revistas no resumo imagem.
ros) pois às vezes é o melhor método de fazè-los "interpretar".
III) balas ou bombons para as crianças (pelo mesmo motivo) 29) O Detalhamento Habitual da cena de estúdio, mencionando o
Providenciar a presença de pessoas especializadas nos seguintes trabalho com o espelho de transparência.
casos: Agora veremos, apenas como ilustração, uma cena completa com
sua découpage e o detalhamento minucioso correspondente. Esta cena
— conselheiros técnicos: religiosos (missas); lutadores (brigas);
foi imaginada tendo como objetivo reunir o maior número de pequenos
cavaleiros (montarias), amieiros (lutas de espada ou esgrima).
problemas clássicos. É evidente, felizmente, que em média normalmente
— bombeiros para as cenas com fogo ou chuva.
79
78
137 - Glose (de inserção) do Jornal, em
as cenas têm bem menos problemas difíceis reunidos como estes. Tal seguida, superclose de Micheline — Música suave vinda do rádio
qual como está achamos que será possível ter uma ideia exata de tudo TRAVàRé.PlanoAmda 1?janela,
que acabamos de explicar. TRAV à frente* PANO
Close (inserção) da parte inversa
do jornal "France Soir" que
CENA TIPO PARA SERVIR DE EXEMPLO DE DETALHAMENTO Micheline está lendo. Lê-se o título
inicial de uma reportagem que
{detalhamento minucioso por cenário e por cena) trata das buscas do assassino
Julien Semart (com uma foto ao
Título do filme: Última Curva lado). Micheline acaba de ler e
deixa o jornal cair. TRAV à Ré
Descrição da acão: A cena se passa no campo. É noite. Estamos no até plano próximo, 3/4 do rosto Música suave vinda do rádio
outono. Chuva e violento temporal no exterior. Micheline, de Micheline. Ela está sentada na
gripada, está deitada. Ela está sozinha em seu quarto de cama. Seu rosto aparenta desânimo
hotel, esperando há horas Francois, seu marido, que deverá vir e palidez. Bebe uma xícara de
encontrá-la vindo de carro de Paris. Julien, assassino pro- chá, desliga o rádio e desliga a luz Fim da música do rádio,
curado pela Polícia, ex-sócio de Francois, sabe que ele não para dormir. O ambiente (na penumbra) fica apenas iluminado pe-
está. Após uma perseguição através das ruas da cidade ele la claridade da rua, o fogo da lareira e os raios. Micheline
conseguiu esconder-se no hotel sem ser percebido. escorrega para debaixo das cobertas. A Câ-mera panorâmica
com carrinho até enquadrar a 1ajanela: No exterior uma chuva
grossa: o vento espalha a chuva e agita as ávores.

FUSÃO
CENA XXII 138 — Plano Médio em seguida P. Am. de
Julien P. Am. de Julien e do vigia,
Ambiente Hotel: Escada, Corredor e Recepção P. Am de Julien com TRA V. lateral
Quarto — Estúdio / Noite, de acompanhamento. Julien em
Um quarto retangular de aproximadamente 5m X 4m, no 19 andar de Plano Médio sobe as escadas do
um confortável hotel do interior. A cama, à esquerda de quem entra, hotel e chega ao 19 andar (em P.
porta no meio da parede. Em frente à cama, duas janelas que dão sobre Am}. No canto do corredor
uma avenida arborizada. Ao fundo, uma chaminé onde arde um fogo a avistamos a janela do vigia. Julien
lenha. Perto da cama uma mesa de escritório, com gaveta, sobre a qual dá um passo. A carne-rã segue-lhe
estão dois romances policiais, um pequeno rádio de pilha, um abajur, em curto carrinho â freme. Ele
alguns vidros e medicamentos. Do outro lado da cama, ao fundo do hesita antes de passar em frente à
janela envidraçada do vigia que, no
quarto, um ramo de rosas em um vaso e um porta-retrato com a foto de
interior de sua sala, engraxa os
François. Uma penteadeira entre as duas janelas, com um vaso de
sapatos. Julien toma a iniciativa e
porcelana dourada sobre ela. Uma pia ao fundo entre a chaminé e a
passa diante da luz da janela...
janela. Um armário e uma poltrona de couro. Sobre o cobertor, um pe-
queno cão dorme enroscado. A porta do quarto dá num corredor que 81
serve aos dois quartos e no fim do qual se encontra, perto da escada, a
sala envidraçada do porteiro da noite. 80
Retomamos o carrinho Julien imóvel saca o revólver e aponta
.. . procurando não chamar a atenção. Mas o vigia para Micheline. MICHEUNE: (Voz
percebe-o e o interpela-o VIGIA:- Senhor?! TRAV ótico rápido de p. médio a Off) (aterrorizada)
Julien faz-se de apressado. Mas o vigia continua... VIGIA: - Ah,.. .É close. Julien faz um movimento em — Julien!
o senhor... seu dírecãoa câmera.
Leroux?.. . Que
tempo horrível,
não é?
Julien apressa-se em concordar. VIGIA: - . . . 139 — B — Plano Am. dos dois na mesma relação
Ma-dame Leroux de enquadramento. Julien entra em
esperou-o à noite campo pela esquerda
toda! Ela deve JULIEN: - Um
estar dormindo. . . barulhinho e eu
Ele procura no quadro de chaves uma chave. VIGIA:-O 18. te "fecho"! Enten-
Tome, uma deu? (irónico) Esta-
outra chave para va esperando
não a-corda-Ia. Fran-çois... que
surpresa
Julien segura a chave e sem nada dizer dirige-se
Micheline paralisada desagradável, não
para o lado do corredor indicado pelo vigia.
é?
Retomamos o carrinho de acompanhamento em
P.Am. JULIEN: (mudan-
Julien chega diante da porta do quarto de do de tom) — Va-
Miche-line. Hesita e em seguida, introduz mos, rápido, a gra-
suavemente a chave na fechadura e abre a porta na!
sem fazer barulho. Ao fundo, percebe-se vagamente MICHELINE:
na penumbra o quarto de Micheline onde ela (assustada) —
dorme, Julien penetra furtivamente no ambiente Eu não tenho
(R. d. m.) nada aqui, juro!
Julien encosta-lhe o revólver JULIEN: (brutal)
— Eu disse rápido!
139 — P. Geral de Julien {do outro lado do quarto}. Eu estou sabendo
P. Am. de Micheline e PANO em chicote. de tudo! Vamos, a
Julien entra {R. d. m.), encosta a porta grana!
docemente sem fechá-la e parece pensar Micheline, apavorada, aponta a gaveta da pentea-
um instante na penumbra. PANO chicote deira. Julien se aproxima, abre a gaveta e pega em
enquadrando a cama onde o cãozinho seu interior um pacote de notas de 100 francos.
começa a rosnar. Micheline acorda,
sobressaltada, se endireita e acende o
abajur, iluminando todo o ambiente.

139 — C — Planos de inserção em close das notas de


139 - A - Plano Médio, Plano Próximo de dinheiro, entre os dedos de Julien.
Julien (visto por Micheline) TRAV. Julien conta-as rapidamente (reconhe-
Ôtico. cemos o anel visto no início do filme)
82 83
chaminé para salvar as notas que come-
139 - D - (retomamos o plano 139 B) P. çam a queimar.
Americano dos dois. P. Médio François 149 — P. Médio dos dois homens, sobre a janela
com PANO (carne-rã em chicote) Julien do fundo.
coloca o dinheiro no bolso exterior de . .. François dominou Julien e abre a
seu blusão enquanto Micheline explode janela. Julien é (PM) lançado por um
em soluços. PANO (câmera chicote) em forte soco de François. A chuva e o vento
direção da porta que é aberta e surge penetram fortemente no quarto.
François. Fecha a porta violentamente
com o pé e lança-se sobre Julien. Um 150 - Plano Próximo de Micheline que volta
estampido de revólver, vindo da direita para a cama, senta-se e se descontrai, ali-
do quadro, em direção a François, mas viada.
não acerta o alvo. François salta
sobre Julien (que entra em campo pela 151 — Planos Médio de François
direita) procurando se proteger, Plano Médio dos dois com PANO de
contornando a cama em direção ao acompanhamen to.
fundo do quarto. Julien tenta atirar uma François, (em Plano Médio) bem calmo,
segunda vez, mas François alcança-o e fecha a janela, se aproxima da pia, lava o
torce-lhe o punho. O revolver dispara rosto um pouco sujo de sangue. Volta-se
para o ar. Tem início uma luta. para Micheline...

140 — (suprimido)
PANO D.G. acompanha François
141 — Close de Micheline ... ele toma-a em seus braços (P. Médio)
Ouve-se no corredor pessoas do hotel que chamam
Apavorada, acompanha a luta entre os
(já se escutava há algum tempo baterem na porta), gritos assustados,
dois homens
Na rua, a sirene de um carro de polícia se aproxi- batidas na porta e
ma. . . sirene de polícia.
142 -
143 -
144 -
145 -
146 - INDICAÇÕES DAS ROUPAS
147 — Planos de briga a ajustar entre os dois
homens (socos, golpes de judo etc.) Essas indicações não são as "fichas de roupas" que serão explica-
NOTA: 1) Durante a briga um vaso é utilizado das mais adiante. Somente servem aqui de indicações gerais, supondo
como projétil e voa em pedaços sobre as que haverá uma ficha de roupa para cada ator.
costas de Julien.
2} O pacote de notas cai na boca da lareira MICHELINE pijama n 9 4 n9
e começa a queimar-se. Blusão e
JULIEN Calça de Veludo 3vl
148 - (Pianos de corte durante B briga) P. Am.
da Micheline seguida por PANO da acom- Paletó bege claro
FRANÇOIS Calça marron nP 1 Roupa
panhamento, pula da cama em direcSo à única
Roupa de empregado
84 VIGIA 85
18n9S 23
NOITE
(virada Total

OUTRAS INDICAÇÕES Julien: roupa n93 v 1 Escrivaninha com


gaveta
Fica também compreendido que aqui se trata de uma cena isolada Micheline: roupa n94 que funcione
do filme. Pode haver, por exemplo, na découpage duas cenas no mesmo O jornal "France Soir" es-
cenário, como cena que acabamos de indicar e uma outra (cena nPXXIX: Vigia: roupa de empregado pecial
planos 182-183-184-185- 188) que é uma cena de discussão entre Uma chave com o n9 18
Micheline e Francois, na parte da manhã. (fechadura do quarto deve
Micheiine (roupa n? 5} funcionar)
Francois (roupa n9 2) Revólver de Julien
com
carga de festim
ÚLTIMA CURVA O cãozinho
O rádio de cabeceira
Interior (estúdio) O abajur (com lâmpada)
A xícara de chá
Outono quente
(com pires, bule,
colher
AMBIENTE HOTEL
etc.}.
Interruptor da luz na mesa
Escada — Corredor
de cabeceira
Recepção — Quarto
0 pacote de notas de 100
para noite) francos
22
Vasos em porcelana {para
quebrar)
ACCESSÓRIOS Sabonete e toalha de rosto
para o lavatório
19} Para o quarto: Os Anel de Julien (em conti-
móveis previstos (deco- nuidade)
XXII: Julien surpreende
ração) cama de casat, mesa Roupa de cama completa
Micheline, depois briga com
de cabeceira, penteadeira, para a cama
Francois No Ambiente 138
cómoda, lareira, pia com Accessórios de
espelho, armário, poltrona chaminó
de couro, janelas com cor- (madeira, pás, foles etc.)
tinas duplas abertas, tape- Dois romances policiais d<>
tes, alguns quadros, enfei- bolso
No quarto
tes etc. . . . Produtos farmacêuticos «
137-139-139A-139B
outros accessórios
139C-139D-141-148-149
c l»
150-151
doente
142-143-144-145-
Os accessórios habituais Um despertador
146-147-(briga)
em um quarto: cinzeiros, Um vaso com uni rnnm Mu
posters, arcos, tabelas etc. rosas
Alianças de M,, i,, i, ,,
u
Francois
Porta rohíiln I.OMI n
)<>i<> de F ranço (s 1Mr.r. IM . I ! . (ruil < iMlIllinl (Indo rum 114 i|||(l ">"• M" d HH|«i l" ')" Miiliil)

86 ttt
femininos (produtos de be- NOTAS TÉCNICAS
5n9S leza e toalete, lingerie, ves-
tido de Micheline n?3) DIREÇÃO: Acertos da briga com os atores (planos 142- 147) (treino
DIA Roupa em antes das filmagens). Possibilidades de utilizar doublés?
continuidade com a cena Redação do texto do artigo de "Franca Soir" e sua distri-
anterior a esta buição na página (foto, texto, corpo das letras etc.). Prever
com a maior antecedência possível filmagem, na ordem
cronológica, do 142 ao 147 o desenvolvimento da briga:
29) Na recepção atitudes, roupas, maquiagem etc.
Accessórios habituais
DIREÇÃO DE PRODUÇÃO E PRODUÇÃO EXECUTIVA:
numa portaria noturna:
quadro de chaves, chaves.
Mandar imprimir, de preferência em papel jornal, 2 ou 3
Uma duplicata da
exemplares especiais de "France Soir" nas oficinas gráficas
chave n918
do jornal (texto, foto de Julien estilo registro policial:
Vários pares de sapato a
conversar com a Direção)
serem engraxados (limpos
e sujos), material de Mandar fazer ou escolher fotos de Francois para o
engraxar (flanelas, porta-retrato (pose, estilo, formato: conversar com a
graxa, escova) Uma mesa Direção) Prever bombeiros contra incêndio (chaminé) e
Um banquinho Caixa de efeito chuva (exterior do cenário)
cartas (com jornais e Locação e preparação das máquinas de efeito: mangueiras,
cartas) ou escaninho pipas, bombas, ventiladores silenciosos. Preparar notas
Quadro de avisos Vassoura, artificiais de 100 francos (mais ou menos 50.000 Frs),
espanador, balde e pano de tendo em vista a renovação nas filmagens: queima.
chão Telefone interno e Comprar vários vasos, em porcelana dourada, idênticos, a
externo Lista telefónica serem quebrados (entender-se com a Direção}. Providenciar
Mapa da região na parede cão ensinado e manso (se possível acompanhado de seu
Um porta-casaco (com um treinador ou dono).
casaco e o chapéu do vigia)
Um livro de registro Fichas DECORAÇÃO:
do hotel Tinteiro e
porta caneta Construção do cenário de um complexo de entrada de
hotel em nível elevado (escada do hotel e queda de Julien
do 19andar)
Equipamento para o exterior (lado de fora da janela do
XXIX: Discussão de Michelinc quarto) para receber a chuva soprada pelo vento (colocar
com Francois vidros das janelas).
Tapadeira com foto: Avenida arborizada no outono, vista
182-183-184-185 noturna no nível do 19andar.
idem accessórios gerais de Porta do quarto abrindo-se para o interior (dobradiças à
quarto (cena a) menos: . .. direita de quern entra) para o plano 138.
Acrescente-se: ... Fechadura da porta funcionando (com duas
188 chaves).
Micheline: roupa n95
Francois: roupa n92 88
Prever vaporizador para manutenção das flores e molhar as
Cenário bem fixo para briga, principalmente a parede das
roupas dos atores (chuva)
janelas (sobretudo o beiral de apoio da janela reforçado
Julien: ensopado (ver com a Maquiagem)
para a queda de Julien).
Françoís: algumas gotas
Prever chaminé que funcione {equipamento de chaminé e
Mandar pregar os números nas portas e os letreiros indica-
com exaustor para a fumaça).
tivos no cenário
Prever pia que funcione — encanamento para água e ralo
Prever protecão para a queda de Julien Preparar o maço
de escoamento no exterior do cenário.
das notas falsas e renová-las durante as filmagens (plano
Mandar pintar os n9s dos quartos nas portas (nP18 para a
148)
porta de Micheline)
As alianças de Micheline e François (tirar medida com os
Quadro de chaves numerado (de 1 a 20) atores)
Plaquetas numeradas para as chaves (sobretudo 2 O anel de Julien com as iniciais: JS Comida para
do atrair o cãozinho Verniz especial para disfacar
n918). reflexos do vaso
Placas indicativas de portaria, corredor, quartos.
Tapadeiras desmontáveis: 1) entre as 2 janelas í plano 148) MAQUINISTAS:
2) canto da porta (plano
151) Instalar efeito de chuva e vento (conversar com a Direção e
3) fundo, atrás da os bombeiros)
cama (plano 149) Lona para recuperar a água (protecão do cenário) Chaminés
e pias que funcionem Reforço da varanda para a queda de
Julien Porta e janela do fundo (perfeito funcionamento)
CONTINUIDADE E MONTAGEM: Galhos de árvores (conversar com a Cenografia) da mesma
espécie que as encontradas na tapadeira-foto. Elas serão
Comprimento dos planos: fim do plano 137 e início do agitadas pelo vento atrás das janelas. Parte da cama
plano 138 para fusão. (vinheta) a ser colocada no lugar da verdadeira referência
Fim do plano 151 para fechamento em preto (FAD IN). (para o plano 137: câmera no pé da cama) Tapadeira com
Sequência da briga (continuidade) acabamento para forjar o corredor em frente à porta nos
planos 139 e 139 D.
CONTRA-REGRA
ELETRICISTAS:
Revólver de Julien: 2 tiros a serem disparados no mesmo
plano, com carga de festim, fumaça visível para a imagem Refletores conjugados (conversar com o Diretor de Foto-
e cápsulas-reserva. grafia}, lâmpadas visíveis em quadro, todos em uma só
Chá fumegante (que possa ser bebido) para ser preparado "faca" para:
na hora e conservado quente. 19) apagara lâmpada de cabeceira (pano 137) 29) acender
Escurecer a palha dos encostos a luz geral (plano 139) Lâmpada de cabeceira que funcione
Preparar vários vasos idênticos para a briga (conversar com (photo f lood em resistência com interruptor em fio não
com a Produção Executiva) ligado) Farrapos de pano para efeito de cintilamento da
Preparar placa protetora para as costas de Julien a ser luz da chaminé
colocada sob a roupa quando o vaso quebra-se em suas Instalar no dial do rádio pequena lâmpada sobrevoltada
costas. visível e que funcione (para desligar)
Preparar porta-retrato com a foto de Francoís (conversar 91
com a Produção)
Instalar as madeiras e acender o fogo da chaminé (buchas,
gasolina ou álcool)
Preparar o fogão de bujão a gás
90
Instalar interruptor de cabeceira da luz geral (em fio não
ligado) ruídos da queda de Julien
Arcos para raios de temporal (conversar com o Diretor de gritos aflitos das pessoas do hotel no corredor e ba-
Fotografia) tidas na porta do quarto. Aproximação da sirene
Instalar lâmpada vermelha, sinal, na parte externa da porta policial.
para a entrada de François (plano 139 D)
D: FICHAS DE ROUPAS POR ATOR
DIRETOR DE FOTOGRAFIA: (Documento VI)
O último documento a ser estudado é a ficha roupa por ator: para
Iluminação da locação por lâmpada de cabeceira (plano cada ator importante (que entra em cena várias vezes no filme), redigi-
137) somente o luar do exterior, raios e fogo da chaminé mos uma ficha com as seguintes informações e características:
Iluminação geral do quarto 19) Uma cor para os homens (azul, por exemplo) e outra para
Efeitos de raios e fogo de chaminé para toda a duração da as mulheres (rosa, por exemplo)
cena 2?) Uma (ou várias folhas, caso seja necessário) por ator e nun-
Utilização de zoom (plano 139 A) ca colocar vários atores sobre a mesma folha. Eis um exemplo de
ficha de roupa:
MAQUIAGEM:
"CORRIDA"
Micheline durante toda a cena: pálida (doentia) + lágrimas AtorJ.P. Befmondo - Papel: Sr. Allain (Robert)
a partir do plano 139 D (tudo noite) Personagem: Diretor de uma mina. Sério, reservado
Rosto ensopado de Julien autoritário. 35 anos. Casado Obs. Gerais: Sempre
Marcas de sangue e socos, cabelos desalinhados durante a bem vestido, mas com uma certa austeridade. Não
briga para Julien e François há enfeites ou jóias. Bigode. Relógio de bolso (tipo
cronometro). Anel com as iniciais R.A. e aliança de
GUARDA-ROUPEIRA: casamento.

Roupa n93 de Micheline colocada em cima da cadeira no


quarto (com as roupas íntimas femininas) Cenas e planos Total aprox. Roupas NP Descrição das Maquiagem
de planos Obs. roupas
Roupa de Julien molhada (capa de chuva)
XXV-Expli- 6 2 Terno sem.
Roupas rasgadas de Julien e François durante a briga (a escuro
partir do plano 142) cação de Fran- (paletó cruza-
coise 189a do) camisa
SOM: 196 social branca.
Prever nfvel de gravação para várias mixagens gravata borbo-
Ambientes: chuva e vento (mais fortes quando a janela abre) leta de boli-
Crepitação do fogo da chaminé nhas e sapatos
Trovoadas pretos com
Música suave para o rádio (com interrupção). meias listradas.
XXVII -Passeio 5 3 temo cinza Na Flo-
na floresta claro, listrado resta
209 a 21 6 (paletó corte ensola-
Sons individuais: retoí com bol- rada pri-
rosnar do cão seguido de latidos (durante a briga) so, chapéu de mavera.
tiros de revólver (caso em direto não fique bom) Panamá, ca-
ruídos de socos durante a briga misa social
ruídos de fechadura clara, gravata
ruídos de vasos que se quebram 93
92
como: orçamento previsto para esta roupa, manutenção por
borboleta escura, parte da guarda-roupeira etc.)
sapatos de couro, (3} Aqui indicamos o n° da roupa, nP que encontraremos ao lado
bengala de do nome do personagem no detalhamento minucioso. As
bambu.
roupas são fichadas com um nP dado, á medida que o en-
XXXII -Sessão do noite de dia de semana 2 contramos na ordem dramática do roteiro. Se por acaso o
Conselho administrativo idem XXV
personagem torna a usar a mesma roupa mais adiante reu-
231-243
10 tilizamos a descrição da primeira cena em que foi empregada.
Ex:Cena XXXII: idem XXV - roupa n° 2 Caso a mesma
X X XI I I -N a saída do idem XXV + chuva rosto roupa receba ligeiras modificações acrescentamos uma
Conselho 244-247 ligeira-sobretudo cin- mente indicação nos n°.s "y 1", "v 2" etc. {que quer dizer variante
3 molha-2 v 1 za, chapéu es-
do pela chu-curo
1, variante 2). Por exemplo: um terno 1 com a calca da roupa
vá. 2
roupa 2 v 1
(2) (3) (4) (5) (6)
O personagem em mangas de camisa (sem o paletó) da roupa
(1) 4 poderá ser indicado (no caso 12, 3? modificação} 4 v 3 etc.
A natureza destas modificações é evidentemente definida na
coluna "descrição das roupas" (4).
NOTAS SOBRE O CONTIDO NOS TÍTULOS E NAS (4) A descrição da roupa é feita da maneira mais precisa possí
DIVERSAS COLUNAS (Ver página 112) vel. Ela pode ser apenas indicada quando começamos o de
talhamento, quando ainda não temos todas as informações
NO TITULO: necessárias, mas deve ser completada em seguida com todos
os elementos de cada roupa.
Como sempre, colocamos no alto e â esquerda o título do filme, (5) A coluna "observações" permite indicar todas as informa
deixamos o lugar para o nome do ator (que pode não estar escolhido ções úteis à roupa, seu estado, a maneira de usá-la. Notare
quando for feito o detalhamento). mos, por exemplo, as indicações cronológicas: durante a se
mana, fim de semana, estação, assim como diversas indica
ções que podem indicar o local (cidade, campo) ou o tempo
Em seguida: o papel (nome do personagem no filme} meteorológico (chuva, neve etc.} ou as circunstâncias do
o personagem (o que é no filme, seu tipo geral e sua idade) momento {roupa rasgada em um acidente)
observações (indicações sobre o estilo do comportamento, (6) A coluna "maquiagem" aponta os problemas particulares da
a postura, a maneira de vestir-se, assim como maquiagem em relação à cena;
elementos pessoais tais como bigode, aliança Ex: lágrimas no rosto do intérprete
etc.). rosto molhado pela chuva rosto
umedecido pela briga rosto pálido
Isto permitirá um conhecimento exato do personagem e facilitará
de um doente machucado
em seguida quaisquer problemas que surjam durante a escolha de ele-
barba artificial ou barba raspada
mentos para as roupas.
envelhecimento ou rejuvenescimento
(1) Indicamos nesta coluna, colocando-as em ordem como na
découpage, todas as cenas em que o personagem entra, ano-
tando: COMO REALIZAR O DETALHAMENTO
o n9 da cena e algumas palavras que a resumam o n9 dos planos Suponhamos que o Assistente de Díreção disponha, no momento
correspondentes (aqui é inútil colocar todos os no? intermediários que vai iniciar o detalhamento, de uma découpage precisa e definitiva
— escreve-se "189 a 196"} (2} Indicação do total aproximado
dos planos onde o personagem entra durante a cena. Isto 95
permitirá a classificação da importância de cada roupa. (Há
roupas para 3 planos ou 150 planos que colocam problemas
práticos diferentes, tais
94
para que o seu trabalho seja exato e útil. Se a découpage é modificada, o cada cena (atores, pequenos papéis e figuração, accessórios importantes
detalhamento sofrerá repercussões em vários setores e etc.)
conseqúente-mente também terá modificações. Neste caso, logo que Começamos então por um rascunho do documento Lista Geral
possível, será necessário atualizar o detalhamento ou fazê-lo dos Cenários pois não sabemos ainda o número exato de cenas que fil-
constantemente. Note-se também que mesmo as découpages precisas (o maremos em cada cenário. Anotamos os cenários e cenas nestes cenários à
que não é sempre o caso) apresentam sempre, para o Assistente de medida que eles vão surgindo no roteiro (veja o modelo anteriormente
Direcão que realizou o detalhamento, pontos insuficientemente explicado). Separamos numa folha à parte, em duas colunas, os "números
esclarecidos {cronologia, roupas, cenários, por exemplo). Sobre eles o acrescentados" e os "números suprimidos".
Assistente de Direção deve, no início e durante o detalhamento, se 49) Quarta leitura: Nova leitura voltada agora para os atores
documentar junto ao Diretor e outros técnicos responsáveis. principais e suas roupas. Estabelecemos, como já foi dito, as "fichas ato-
Exemplificando, será preciso definir o aspecto exato de um cenário sobre res" (1 para ator principal) especificando a roupa utilizada em cada cena.
o qual o diretor deu as linhas gerais, tendo em vista a opinião do Anota mós tudo o que surge na découpage (mencionada ou não). Por
Cenógrafo. Ou, ainda, precisar o detalhe de cada roupa onde o estilo geral exemplo, uma festa à noite supõe automaticamente uma roupa de noite,
é definido pelo Diretor mas os elementos são quase sempre escolhidos uma cena de equitação uma roupa de montaria, e assim por diante.
em função do guarda-roupa dos intérpretes (filmes com roupas Utilizamos então todos os elementos de que dispomos, deixando para
modernas). completá-los ou precisá-los mais tarde.
Isto demonstra que, como já definimos nos capítulos precedentes,
Em seguida determinamos para cada roupa um número roupa,
os trabalhos habituais do detalhamento conduzirão â ordem lógica de um
detalhamento definitivo. Não fazemos um detalhamento de maneira como foi explicado nas fichas de ator.
a
contínua, começando da 1 e chegando à última página indicada. Há
NOTA: Caso a Produção necessite, como na maioria das vezes, dispor
uma ordem prática, que entrelaça vários trabalhos e que sugere uma tripla
do detalhamento, passaremos diretamente ao VI, invertendo a
operação:
ordem das operações entre V e VI. Caso contrário, é preferível
19) Notas (para o detalhamento)
se fazer como foi indicado anteriormente. 59) Quinta leitura:
2P) Um rascunho (de um detalhamento)
Redigir pouco a pouco o documento "resumo da ação".
39) Uma redacão definitiva
Lembremos que ele deverá ter:
Eis aqui, aproximadamente, o caminho habitual dos trabalhos:
—um resumo da ação, cena por cena, o mais breve possí
19) Primeira leitura geral: ler a découpage inteira sem tomar nota
vel, começando sua redacão pelo nome do cenário
alguma, unicamente tomando conhecimento do tema e situando-se bem.
—as indicações cronológicas a partir do que foi definido
29) Segunda leitura; retoma-se a découpage tentanto primeira-
no II
mente definir as grandes "partes" do filme e as diferentes sequências,
— a pré-minutagem pela qual indicamos o tempo previsto
(grupo de cenas que apresentam um denominador comum de tempo,
e que resulta (como já foi explicado) em uma outra opera
ação ou lugar) esforçando-se em precisar as indicações cronológicas,
ção que se realiza paralelamente, ou melhor anteriormen
levando em consideração época, ano, estação, dia, hora da ação e
te, no detalhamento. Deixamos espaço para poder anotar
duração intermediárias.
ao lado, à medida que filmamos, a minutagem
Para chegar a essas informações devemos nos basear nas indica-
real.
ções fornecidas direta ou indiretamente pela découpage (ação ou diá-
69) Sexta leitura: supõe uma grande atenção e perspicácia,
logo). Ou então, caso seja conveniente, determinar com o Diretor as dura-
evitando nada esquecer e relacionar tudo o que deve ser
ções ou as datas que adotaremos como reais, tendo em vista a ação.
previsto e assinalado. Trata-se de redigir a parte central do
Tomar nota na découpage e aproveitar para sublinhar com lápis
detalhamento para o qual possuímos agora todos os ele-
colorido as passagens e certas indicações a assinalar (cenários por loca-
mentos gerais (cenários, roupas etc.) e fazemo-lo segundo
ção, mesma sequência etc.), e separar com um traço vermelho as cenas
o método explicado anteriormente.
uma das outras.
79) Resta-nos apenas efetuar as várias recapitulações:
39) Terceira leitura: relacionar, cena por cena, os cenários com
seus n°.s de planos, suas condições de iluminação (dia/noite) e sua loca- a) a soma por locação (estúdio - exteriores) que acrescen-
ção (estúdio, exterior) assim como os elementos materiais e humanos de taremos à lista geral de cenários;
96
97
b) a recapitulacão "imagem" OUTRAS FORMAS DE DETALHAMENTO
c) a recapitulação "som"
O princípio e o fim do detalhamento completo do Assistente de
d) a recapitulação accessórios e materiais importantes
Direção é o mesmo em todos os casos e para todos os filmes. Há, no
e) o detalhamento "especial" eventual de que pode neces
entanto, variantes metodológicas nas formas de apresentação e disposi-
sitar o filme.
ção. A que indicamos aqui parece-nos objetivamente, após compará-las
89} Redigimos então (deixando espaço para os elementos ainda
a todas, a mais prática e eficaz.
imprecisos) toda a documentação da 1 a parte: lista de
endereços, produção, técnicos, atores. Em seguida, elabo- Eis aqui apenas a título de informação detalhes sobre outras fór-
ramos o índice dos assuntos e as páginas e colocamos no mulas:
final as folhas em branco, a página-título, a capa, restando A- Encontramos as fórmulas de detalhamento por colunas e por
apenas encadernar o conjunto. plano que apresentam dois inconvenientes:
1) a disposição datilográfica das informações espalhadas em
QUEM RECEBE E UTILIZA O DETALHAMENTO? várias colunas é muito confusa. A necessidade de distribuir
um exemplar do detalhamento a cada um exige uma forma
Certos técnicos recebem um exemplar completo do detalhamento, que não apresente dificuldades.
tal qual acabamos de definir. Outros necessitam apenas da parte que lhes 2) ela aumenta o volume (e logicamente o trabalho) do deta
concerne diretamente. lhamento, dificultando sua funcionalidade, clareza e preci
são pois as découpages, mesmo precisas, raras vezes são fiel
A — Utilizam o detalhamento completo: mente respeitadas e o detalhamento plano por plano não
— O Diretor de Produção corresponde ao que se faz na realidade (técnica modificada,
- O Assistente de Direção (19) ator que não estava previsto em referência no quadro etc.).
— O Produtor Executivo O plano a nível de detalhamento é uma unidade de trabalho
eventualmente: — O Produtor muito frágil, muito incerta, somente a cena é um elemento
— O Diretor {caso lhe interesse) certo e definitivo. Além disso, muitos elementos se encon
- 29Assistente de Direção (bastante desejável) tram inutilmente repetidos várias vezes. Por exemplo, uma
- O Assistente de Produção (Executiva) cena de 20 planos entre 2 personagens leva a repetir quase
20 vezes os mesmos nomes, os mesmos accessórios etc. Em
— A Continuísta (desejável)
relação ao material — que é precisamente o detalhamento —
— A Secretária de Produção
uma só citação dos 2 atores e dos accessórios úteis à cena é
(podem receber se dispomos de exemplares suficientes).
o suficiente. E muito mais claro e mais exato e por isso en
contramos também o método misto que consiste em clas
B - Recebem uma pane do detalhamento: sificar em colunas, mas grupando por cena ou parte da cena.
~ Os Diretoresde Fotografia: detalhamento minucioso por cenário e
por cena + recapitulação imagem. OBS.: O que acabamos de dizer:
- Os Cenógrafos: detalhamento + lista geral dos cenários e recapitula- 1) Aplica-se essencialmente ao Detalhamento minucioso por
ção "imagem" — O Som: cenário e por cena (a base do detalhamento)
detalhamento + recapitulação Som. 2) Concerne exclusivamente ao detalhamento geral de produ
- O Contra-Regra; detalhamento + recapitulação material e accessórios ção realizada pelo Assistente de Direção e não a certos de-
~ A Maquiagem: detalhamento + conjunto das fichas-atores (roupas, talhamentos especializados (tal qual o da continuísta, por
maquiagem) exemplo) que tomam uma outra forma (plano por plano e
- Os Atores: (ou suas guarda-roupeiras) sua ficha ator-roupa em colunas) na medida que ele corresponde a preocupações
de interesses diferentes (continuidade dramática para conti-
NOTA: Se dispomos de meios para mimeografar, distribuímos um nufsta) e feito em apenas um exemplar com utilização
exemplar completo para cada um, o que será evidentemente a apenas por este profissional.
melhor solução.
99
98
B- Encontra-se também o detalhamento por fichas individuais, NA FRENTE DA FICHA
plano por plano, que tem a vantagem de evitar as recapitulações, dando a
liberdade de destacar a que nos interessa. Apresenta, por outro lado, o (1) Tftulo do filme
mesmo inconveniente do método precedente, acrescido do problema de (2) Cenário ou locação
duplicação das letras-sfmbolos convencionais que somente os iniciados (3) Número do cenário ou cena (no detalhamento: "lista geral Hos
poderão ler. De qualquer maneira, mostraremos uma dessas fichas. cenários")
{4} Sequências A, B, C.
(5) Número do plano
(6) Estúdio = S Exterior = X
(7) R = papel ou importância do artista
V = Vedetes
R = 1°s papéis PR =
pequenos papéis S =
Silhueta F = Figurante
(8) Artistas: seu nome no filme
(Ô) Observações: O = Voz off
D = doublé
(10) Roupas: para os atores, indicados pelo n° de ordem do detalha
mento "roupa" para os figurantes, indicação direta
(11) e (12) Indicações gerais sonoras
(11) Mudo = M;
Sonoro = S
(12) Play-back = PB
(13) e (14) Indicações gerais-imagem
(13) Dia = D; Noite = N; Madrugada - M; Crepúsculo = C
(14) Transparência no plano = Tr
(15) Dificuldades na filmagem do plano
MD = muito dif fcil D -
difícil N = normal F =
fácil
100 NO VERSO DA FICHA

(16) (17) (18) (19) (20): Lembretes das principais indicações do outro
lado da ficha (para evitar que se vire a toda
hora).

(16) Número do cenário ou cenas


(17) Sequências A, B, C.. .
(18) Número do plano
(19) Estúdio = S; Exterior = X
é (20) Dificuldades do plano (MD, D, N, F)
101
realizar da melhor mineira possível o detalhamento do qual está encar-
(21) Lista de accessórios regado. O método proposto foi particularmente estudado com este
(22) Técnica do plano I) Tamanho do plano (e se o plano comporta objetivo. Logicamente está sujeito a certas modificações que correspon-
movimentos), se modifica o enquadramento dem ao temperamenio do Assistente de Direção ou às necessidades de
(GP,PG,PMé-dio, PA etc.). uma produção especifica. Tat método adapta-se facilmente e de forma
2) Movimentos eficaz.
a) câmera: — carrinho
à frente (Ex. PG à PM) â
ré vertical
f
* «C *
Panoràmica^Tnorizontal
SM vertical
b) ator: avançando PA~*P.R.P se
afastando PM«~PDE
(23) NO do plano precedente caso seja necessário corte em continuida
de
(24) NP do plano seguinte caso seja necessário corte direto. Corte no
movimento
(25) Indicação da iluminação {efeitos especiais)
(26) Altura e eixo da câmera

r 3mK
= normal = alta 0,5.1 = baixa
J.
=
= normal Y~
eixo 1\ = em mergulho contramergulho
j;
{27} (28) (29) Lembrete das indicacões-imagens
(27) Dia = D; Noite = N; Madrugada = M; Crespúsculo = C
(28) Transparente (Tr)
(29) Maquete (Mq)
{30) {31) Lembrete das indicações do Som
(30) Mudo = M; Sonoro = S
(31) Play-back = PB
(32) Som a ser gravado sincronizado (ruídosdifíceis)
A = diálogo
(33} Som que será mixado na montagem = ambiente, música etc. . . . {34}
Maquiagem especial {35) Efeitos chuvas, vento etc. (36) Minutagem prevista

CONCLUSÃO DO DETALHAMENTO

O método de detalhamento que expusemos minuciosamente pode


ser considerado como base para permitir a cada Assistente de Direção 103
102
CAPITULO IIl O sãs. De qualquer maneira, diremos algumas palavras das adaptações que
podemos realizar nestes dados e que são válidas em todos os casos de
Plano de Trabalho elaboração de um plano de trabalho. As fichas avulsas das quais propo-
remos aqui um modeJo são aparentemente a forma mais racional, prática
e cada vez mais utilizada (no cinema americano já são um hábito).

ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE TRABALHO

/ — Ritmo médio de um dia de filmagem

A primeira operação consiste em estabelecer o ritmo médio de um


dia de filmagem e aqui dois casos podem se apresentar: a duração total
da filmagem poderá ser fixada após a preparação do plano de trabalho,
como ocorre com frequência, e a duração total da filmagem já está mais ou
Definição menos determinada anteriormente pelo produtor, que a estabeleceu a
partir de uma visão geral do filme, levando em consideração os recursos
de que dispõe para a produção (sabemos, por exemplo, de infcio, que se
O Plano de trabalho é o documento principal para a produção.
trata de "um filme de 8 semanas"). Efetivamente a duração total da
Ele é apresentado sob a forma de um grande quadro sinótico, esquema-
filmagem tem uma grande influência no orçamento (que é, de fato, quase
tizando a organização e o andamento geral das filmagens. Sua função é
sempre estabelecido paralelamente ao plano de trabalho) no que toca a
indicar o dia a dia do início ao fim da filmagem, o trabalho previsto,
salários dos técnicos, contratos de aluguel etc. E por isso que, na
especificando as características (datas, tipo, locais) assim como diversos
elementos do detalhamento que devem intervir (cenário, cena, n9 de maioria das vezes, o Assistente de Direcão está pressionado pelo prazo de
planos, intérpretes etc.). duração das filmagens imposto. Não se trata, então, de estimar o tempo
necessário às f i Imagens de cada cena, mas sim de quantos dias dispomos
Responsável no total para realizar o filme e de como repartir esse tempo cor-retamente,
segundo as dificuldades inerentes ao filme, para que ele seja realizável.
Começamos então por mesurar o número de planos por dia de
Como nós dissemos, é o Assistente de Direcão que deve redigir o filmagem, dividindo o n9 total da découpage pelo número de dias pre-
plano de trabalho e em certos casos extremos ele assume a incumbência vistos:
total de elaborá-lo. Mas o mais comum é que o Assistente de Direcão o Ex.: Découpage de 480 planos
realize em ligação estreita com outros profissionais interessados; a Filmagem prevista: S semanas, ou seja 48 dias úteis reduzi-
produção, que fornece dados gerais e supervisiona o trabalho, o Dire-tor, o dos (4 folgas e deslocamentos da equipe) total: 44 dias úteis
Cenógrafo (no que toca aos cenários) e finalmente a Produção Executiva.
O plano de trabalho é, então, o resultado de todas essas colaborações. Por dia: 480 planos -r 44 dias = 11 planos (em média) Logicamente
Para as explicações que se seguem suporemos que, variando seu poder não se trata de uma média rígida. Certas cenas poderão facilmente
de atuação, o Assistente de Direcão seja o Principal responsável pela permitir a filmagem de 15 ou 18 planos por dia, mas em situações mais
elaboração do plano de trabalho. difíceis deve-se prever 5 ou 6 planos. Ê ai' que intervirá o julgamento e a
experiência do Assistente de Direcão.

Forma NOTA: A duração total das filmagens determinada pela Produção é


consequência do género do nível de acabamento do filme (certos
Estudaremos aqui, como base, o plano de trabalho clássico tal temas são mais fáceis de filmar que outros) Os filmes mais
qual ele se apresenta atualmente em quase todas as produções
105
france-104
ambiciosos supõem em geral diretores mais gabaritados, que (1) Nome do cenário ou locação
exigem um melhor acabamento e para tal será necessário mais (2) Número, resumo e planos por cena
tempo de trabalho. Isso já não ocorre com Diretores de menos (3) Os personagens (atores, pequenos papéis, figuração)
prestígio ou experiência, seja para filmes "comerciais" ou "ex-
(4) Os accessórios difíceis ou elementos materiais ou técnicas impor
perimentais".
tantes
0 FATOR DURAÇÃO DAS FILMAGENS (5) Local de filmagem: (S) Estúdio, (X) exteriores etc.
DETERMINADO À (6) Iluminação: (D) Dia, {N} Noite etc. e o n9 total dos planos da cena
PRIORI É ENTÃO O PRIMEIRO DADO IMPORTANTE PARA A (7)
ELABORAÇÃO DO PLANO DE TRABALHO (7) Estimativa da duração necessária para as filmagens (partindo-se da
média e levando em conta as dificuldades da cena). Indicação em
1 f — Reunião dos pianos por cena dias (1 dia, 2 dias) ou fracão de dia. Quando em exterior, se a cena
necessita de um horário especial, como noite, domingo, madrugada,
Para realizar este trabalho, é conveniente utilizar pequenas carte- colocamos entre parênteses.
ias que permitirão em seguida, colocando-as uma ao lado da outra, testar
várias fórmulas para a melhor ordem de filmagem, levando em conta todos /// — Ordem de filmagem dos diferentes cenários
os imperativos.
Eis como se organizam essas carteias: com as dimensões 8 X Para determinar esta ordem deve-se tentar conciliar, na medida do
12 cm, tamanho ideal para poder colocá-las uma ao lado da outra em possível, um grande número de dados mais ou menos prioritários e quase
uma mesa grande ou no chão. São redigidas a partir do detalhamento: 1 sempre contraditórios. É exatamente aí que está a grande função do plano
cartão por cena (e não por cenário) de trabalho. Estes dados são de dois níveis:

a) Dados gerais da produção


Eis os principais:
AMBIENTE HALL DO HOTEL
CD
1) a necessidade de respeitar as exigências do Diretor que deseja
B - Escritório do Sr. Allain filmar em ordem as cenas difíceis antes das outras, guardando
a progressão dramática de interpretação do roteiro. Ordem
XIV — Sr. Allain avisa sua decisão
(1 2 7-1 33 )
imposta pela ação. Ex. Um cenário que é destruído
progressivamente durante as filmagens.

NOTA: De uma maneira geral e desde que seja possível, o ideal é guardar
Carrinho Circular Sr. Allain a ordem de filmagem dentro da progressão dramática do roteiro.
Jacques Isso facilitará o trabalho da Direção e apresentará melhor
Contador rendimento artístico e, assim, procurar-se-á o melhor método de
(3) filmagem.

(4) 2) A disponibilidade dos atores em datas determinadas, devido


a outros motivos, obriga-nos a grupar os cenários onde eles entram em
cena.

NOTA: De qualquer maneira, a Produção quase sempre deseja que gru-


pemos todas as cenas de um determinado ator, porque isso
possibilita pagar-se um salário menos oneroso devido à curta
(6) 3/4 J (7) ocupação do profissional.
107
106
Passamos em seguida a examinar os problemas do filme propria-
3) As cenas que têm a participação de um grande número de mente dito. Temos por exemplo: Os dois grandes cenários só poderão
figurantes são grupadas, pois eles são pagos por dia, seja qual for a ser construídos (tendo em vista as dimensões do sei) no estúdio C
duração do seu trabalho. O mesmo pode ocorrer quando equipamentos (hall da estação) e no C ou D (sala de espera). Os cenários com trans-
técnicos (grua, helicóptero, carrinho) ou accessórios (carros antigos, parência devem evidentemente ser localizados no C ou D (sala de espera,
carruagens etc.) para os quais o preço de aluguel é muito alto. interior, veículo); a fossa (desnível do cenário ou piscina) só existe

4) Para escolha das datas em exterior e estúdio, tentamos no estúdio C.


grupá-las para dividir em dois blocos que serão filmados no início ou Visto os problemas acima, passamos então a redigir novas carteias,
final das filmagens. A escolha das datas para os exteriores dependerá desta vez por cenário (e não mais por cena), para as quais nos esforçaremos
de um grande número de elementos que poderão estar acrescidos aos em determinar — sem esquecer os dados gerais de produção
precedentes (disponibilidade dos atores) e outros, tais como as condi apresentados anteriormente — qual a melhor ordem de filmagem e,
ções da natureza (sol, vegetal da estacão, atividades locais etc.) conseqúentemente, da construção dos cenários.
Este trabalho deve ser feito em estreita ligação com o Cenógrafo
NOTA: É interessante começar pelos exteriores, pois torna-se mais fácil que fornecerá as informações complementares precisas (duração de
manter a continuidade com os elementos do estúdio do que construção e de demolição) e quase sempre apresentará suçestões para o
inversamente. Mas, por outro lado, estaremos sujeitos às condi- conjunto do problema Cenografia. Eis como são redigidas estas carteias:
ções atmosféricas que nos forcarão ultrapassar o tempo previsto
e, conseqúentemente acarretarão despesas inúteis como aluguel
de estúdio sem utilização. Caso o estúdio náo esteja alugado
anteriormente, corremos o risco de não poder terminar o filme
se o estúdio estiver alugado a outra Produção. Por isso, cada
filmagem é um problema particular a ser estudado.

De qualquer maneira, logo que o período "exteriores" esteja de-


terminado no conjunto geral da duração da filmagem é que determina-
mos a ordem conveniente de trabalho em relação às contingências
apresentadas. Resta somente determinar a ordem de filmagem do período
estúdio e para isso temos que considerar agora:

b) Os dados ligados aos problemas do estúdio, do set, dos cená-


rios;

1) Anotamos todos os imperativos do estúdio alugado pela


Produção. Eis um exemplo típico de problema que pode surgir — o
aluguel do estúdio começa 10 dias antes do início das filmagens.
2) Disposição dos 4 estúdios:
C é grande
D é médio (mais para grande) A
é médio (mais para pequeno) B é
pequeno.

Só é possível realizar a transparência nos estúdios C ou D. (7)

3) Quando não dispomos de duas equipes de trabalhadores


] > . n . i simultaneamente montar e desmontar os cenários.
108
(6)
(2)
(5)

Seguem abaixo as explicações das indicações na ordem em que


devem ser estabelecidas:

(1) O nome do cenário


(2) As observações relativas ao cenário (necessidade de
um
grande estúdio, transparência etc.)
109
(3) A duração da filmagem determinada pelos cartões preceden Legenda do quadro anterior:
tes (a soma total do tempo das várias cenas no mesmo
cenário) Cenário a ser filmado NOTA:Não estão
(4) Tempo necessário para a construção do cenário (4) SALÃO in-clufdos os
(5) Demolição do cenário (informações fornecidas pelo cenó (pintar de vermelho)
sábados, domingos e
grafo) feriados.
(6) Estúdio (6) ordem de filmagem escolhida
(7) Esta ordem será indicada após várias informações, imperati
vos e rascunhos testados. — Construção do cenário
seguinte (pintar de azul)
IV — Plano de rodízio dos cenários no estúdio
Veremos agora como se apresenta o quadro quando tudo já está — Demolição do cenário
definido com soluções que satisfaçam ao conjunto de exigências e im-
perativos. (É bom lembrar que dispomos no caso de duas equipes, uma precedente (pintar de amarelo)
de construção e outra de demolição dos cenários, trabalhando simulta- Nós havíamos suposto que devíamos nos ater às condições im-
neamente).
postas no parágrafo precedente, Além do mais, partimos dos seguintes
dados específicos:

— Início de filmagens segunda, 31 maio (locação do estúdio 10


DATAS 1 1 2 l li N K K 2 29031 \ 2 46 dias úteis antes das filmagens)

3 6 3
10 9 08 \* e s k 5 Z T 2 3 5Í
— Lista de cenários (extraída das carteias) que compõem o qua
Estúdio
dro abaixo:
*
™1 ft
A c
DURAÇÃO DE
ORDEM FINAL
Construçã
CENÁRIO o Filmagem Demolição ESTABELECIDA
quarto 3 4 1
1
$ L
DALI
restaurante
hall da gare
cozinha Françoise
5
8
2
5
3
1
2
3
1
49
19

C
C
sala de espera 7 1 3 29
WR€ escritório 5 2 2 39

D £.
ETC. INFORMAÇÕES INICIAIS RESULTADO
DO QUADRO
TERMINADO

OBS. Notaremos que, dentro das possibilidades,


ao organizar o Plano de Rotação dos Cenários nos estúdios
deixaremos uma margem de segurança entre o planejado e a
realidade. É por isso que deixaremos uma margem de dois dias de
sobra entre a data prevista de
110 111
término das construções e a filmagem {prevendo-se então os atra- 113
sos) assim como entre o fim das filmagens e a demolição do cenário legislação). O mesmo ocorre com as filmagens noturnas e as extras
(prevendo-se atrasos e o fato do Diretor assistir aos copiões da suplementares na jornada de trabalho normal. 4) Dispomos, graças
cena). Em geral, a partir das informações fornecidas pelo Cenó- ao detalhamento, das pequenas carteias (por cena) e de todas as
grafo - que é sempre prudente — são sempre contados os prazos indicações relativas à cena e organização da filmagem propriamente
com folga. dita (n9 dos planos, atores, figuração etc.).
Temos, então, tudo que é necessário para redigir o quadro
A — Estúdio geral do andamento dos trabalhos: plano de trabalho.
1) HalldaGare (3 dias) 2} Embora ocorram variações de uma produção para outra, o
Sala de recepção (1 dia) plano de trabalho tem mais ou menos sempre a mesma disposição e
3) Escritório (3 dias) método. Alguns itens podem ser suprimidos ou acrescidos, mas no
4) Restaurante (5 dias) cômputo em geral pouco se muda. Disposição em colunas verticais (1
5) Etc. por dia) e as sessões horizontais, e chegamos então a um imenso quadro
com a disposição que segue abaixo.
aos quais acrescentaremos a ordem de filmagem dos exteriores redigida
paralelamente, levando-se em conta vários imperativos dos quais depen-
FBIHHIKIMA:.,
demos. Suponhamos, por exemplo, que nós os grupemos para o final
das filmagens, na seguinte ordem:

B) — Exteriores
• - ...... '•!!
iMil M DE FILMAGEM

i- MA SEMANA
19

S
29 39

T O
4° 59

Q S
6?
| S

l
Mil 31 1 2 3 4 15
Floresta de Vincennes 16 — Um M JUNHO |
canteiro no campo (1/2 dia) 17-No llfiiUE FILMAGEM H»
STUDIO

lago (1/2 dia)


\
M
ALDEFIL MAGEM
liunAmo N
C NÉDIA
N N
HALL
N W N
1
bS
Lentes i c. 8
Praça do Mercado (1 dia) M 1! 1
18 INARIO
etc. N° DE CENA x XI 1
19 ~8
9l
NUMERO 10 M 100 1U1 90 1
Organizamos, então, da seguinte forma: nos 11 21 111 102
'1 ANOS 14 22 112
1) Uma lista determinando a ordem de filmagem de todos os ce 17 23 113
141
nários do primeiro ao último dia, com a duração determinada TOTAL DE PLANOS 4 4 5 1

de cada um. MINUTAGEM PREVISTA


MINUTAGEM REAL
2) Os locais de filmagem destes cenários (estúdios,
IOTAL DE MINUTAGEM DO DIA
diferentes E TOTAL S
ATO PERSONAGE
locações em exteriores) L E DE
R M T
NC DIAS M
;i) AB indicações dos tempos: duração total (8 semanas, por exem- O < R
O
a
plo), iniciando dia 31 de maio. Ou seja, 8 vezes 6-48 dias *x
D
-manos dois dias de feriado e dois dias de deslocamento nas
externas (ida e volta). Sobram efetivamente, 44 dias do
filmagem. PEQUENOS
PAPÉIS

FIGURAÇÃO
i >• -' • nin M| M necessário, sobretudo em locações externas, e se os M.
M!«»; » ninnis ostiverem de acordo, poderemos filmar nos ACCESSORIOS

firliilni • domingos (com preços dobrados de acordo com a í


1
NOTAS
TÉCNICAS
III
OBSERVAÇÕES SOBRE A REDAÇAO DO colunas são evidentemente preenchidas pouco a pouco à medida
PLANO DE TRABALHO que a filmagem avança, permitindo manter em dia o andamento
do filme.
A — Disposição Geral: 4) Coluna interpretação (De quem precisamos?)
Dispomos primeiramente os atores que correspondem aos
1} Este método de Plano de Trabalho é um modelo-padrão que primeiros papéis (em geral os que tem várias cenas do filme) na
responde às necessidades de "produção" da maior parte dos coluna "atores", grupando (por ordem decrescente de impor-
filmes. De qualquer forma, alguns filmes podem determinar tância) de uma parte os homens, de outro lado as mulheres e
certas adaptações ou acréscimos de sessões suplementares, o dando nome do ator e do personagem.
que é sempre possível fazer. Quando de cada sessão e as di- Uma pequena coluna, na extrema direita, indica para cada
mensões dependerão, logicamente, das características do filme. ator um símbolo distinto (formas e cores diferentes).
Realizamos, então, um rascunho para estudar a melhor dispo-
sição (sobretudo o n9de planos segundo a quantidade máxima NOTA: Símbolos de formas iguais e de cores diferentes não são sufi-
de planos previstos em 1 dia de trabalho e a dos atores segundo o cientes, pois do Plano de Trabalho original se faz cópias xerox
número dos grandes papéis). Para as colunas verticais, a (preto e branco) e corre-se o risco de confusão entre dois
quantidade e a sua largura serão calculadas em função do n9de atores que estão próximos.
dias. Na primeira coluna à esquerda marcamos o número de
2) No rascunho é possível reunir em determinadas colunas cachets (dias presentes às filmagens), se o ator não fez contrato
parcialmente, várias colunas para escrever de uma só vez as para o filme. Os outros p"ápéis (pequenos papéis ou figuração
indicações que coincidem em várias Jornadas de trabalho (ce- com fala) são colocados com letras na coluna especializada, assim
nário, local de filmagem, mês etc.). como a figuração com indicação numerada (ex. 20 con-
sumidores).
B - Observações A Propósito das Colunas e sua Função: 5) Coluna Diversos (Do que precisamos?)
1) Coluna Data (Quando filmamos?): Indicamos todos os dias, Indicamos, em todas gs letras, os accessórios ou problemas
assim como os dias de folga (que são em seguida riscados na técnicos e materiais importantes.
coluna toda }.
2) Coluna Condições de filmagem (Por onde começamos?)
A utilização de cores diferentes (e as letras indicativas) permitem O PLANO DE TRABALHO EM FICHAS INDIVIDUAIS
imediatamente se ter uma visão geral da filmagem no que toca
às locações. A coluna Horário é utilizada, sobretudo, para os Um dos inconvenientes mais graves do Plano de Trabalho em sua
"exteriores" onde estes horários geralmente são diferentes dos forma clássica, e mais comum durante a filmagem são as dificuldades
turnos de "estúdio" (cenas noturnas ou de madrugada etc.) e, imprevistas (atores, cenários, incidentes variados) que obrigam a deslocar
de qualquer maneira, diferentes do horário normal fmeio-dia às as previsões e os meios estabelecidos. A reprodução dos resultados são
8 h). em continuidade —o bonito plano de trabalho do início logo torna-se
3) Coluna Filmagem (O que filmamos?) inutilizável e temos então que começar um novo. Observamos então
Para a cena anotamos duas palavras, uma indicando a refe- produções que refazem várias vezes o plano de trabalho sem se deixar
rência que permite diferenciar as cenas em um mesmo cenário. ficar a reboque dos acontecimentos. Parece-nos então que o método de
Para os planos, dispomos na ordem do roteiro (ordem de
fichas avulsas permite uma regular colocação em dia, e este método se
filmagem de planos no dia em que será determinado poste-
impõe cada vez mais para a comodidade de um trabalho racionalmente
riormente). Na mesma jornada os n9s das cenas de um mesmo
organizado.
cenário serão separados por um traço, mas se há uma mudança
No momento atual, na França, este método é ainda muito pouco
de cenário, separamos por dois traços.
utilizado. De qualquer maneira após ter cuidadosamente estudado o
Somente a minutagem prevista (total da pré-minutagem dos
problema nós pessoalmente propomos o método que nos parece o mais
planos do dia) é indicada antes da filmagem. As duas outras
prático e que serve de base para nosso modelo.
114
115
1) A estrutura do quadro deve ser rígida, com medidas aproxima- filmagens) e a final (com o filme terminado) permitem à produção com-
das entre 100 X 75 cm, comportando cantoneiras para sustentar as fi- parar o que foi previsto com o que realmente foi realizado.
chas em ordem de trabalho. 3) A redação deste tipo de plano de trabalho é mais fácil, clara e
2} O princípio geral da distribuição por sessão e colunas é o mesmo rápida. Uma vez construído, poderá servir sucessivamente a vários filmes
que o método clássico. As sessões são exatamente as mesmas. Quanto ás de uma produtora, apenas modificando-se o nome do filme e as sessões
colunas, por jornada de trabalho, apresentam uma única diferença: não necessárias. Resta então, apenas, preencher as fichas individuais prepa-
possuem uma largura uniforme. Cada cena possui sua ficha que contém as radas anteriormente e organizá-las. Daí a economia de tempo e esforço
informações correspondentes. Se no caso de uma jornada de trabalho com um resultado melhor (vide foto abaixo.)
estiver prevista apenas uma cena, a coluna deste dia terá a largura de uma
ficha. No caso de comportar várias cenas, a coluna do dia terá a largura de
1, 2 ou 3 fichas e a separação entre os dias de trabalho será estabelecida
por fichas estreitas de separação (preta por exemplo).
Entre uma semana e outra separemos, como nos modelos clássicos
de plano de trabalho, com uma ficha especial de largura normal mas de
aspecto diferente (vermelho, por ex.)
3) Verticalmente, cada jornada de trabalho será dividida em 3
partes, supondo cada uma das fichas independentes; uma dando conti-
nuidade às informações fornecidas pela anterior, uma para as informações
"datas"', uma outra para as informações "condições de filmagem" (tipo,
locais, horário) e uma terceira, a mais longa, comportando todas as indi-
cações retiradas do roteiro e de seu detalhamento: cenário, cena, n9 dos
planos, atores, accessórios etc). Isto tem a vantagem de permitir uma
atualizacão rápida e funcional no caso de transferência, adiamentos ou
modificações das atividades de filmagem. A terceira ficha (a ficha "filme")
não se modificará, mesmo que mudemos as datas ou condições de
filmagem. Apenas retiramos a ficha e colocamo-la em outra ordem, em
vez de refazê-la, corrigindo datas e locações segundo as modificações
que se apresentaranVcomo necessárias.

As vantagens do Plano de Trabalho em fichas móveis e individuais


são triplas:
1) Modificá-lo à medida que as necessidades se apresentam e du
rante os trabalhos da filmagem, daí a possibilidade de manter o plano
constante mente atualizado.
2) Esta atualizacão constante permite a utilização do plano de
trabalho, não apenas como uma previsão de programa de trabalho, mas
também como um testemunho do trabalho já realizado. Ele se divide
constantemente em duas partes que se articulam em torno da jornada
de trabalho em andamento: na primeira parte o resumo de tudo que já
foi efetivamente realizado, em seguida a previsão dos dias vindouros
com o restante do trabalho a ser feito. O documento geral, o plano de
trabalho propriamente dito (um organograma de parede), fica afixado
no escritório da produção, mas cópias xerox (reduzidas) distribuídas no
início do filme possibilitam a vários técnicos ter acesso durante as filma
gens à programação geral e precisa. A primeira visão (antes do início das
116 117
CENAS: 1) Jacquesvem procurar Françoise (A) (XII) 101 a 105.
CAPITULO IV
2) Allain anuncia à Jaques sua decisão
A Folha de Serviço (B) (XIV) 127 a 133...

Total Números.. 10

ORDEM NÚMEROS: 101 - 105 - 103 - 127 - 129 - 131 - 130


-1 2 8 - 1 3 2 - 1 3 3 .

ATORES PAPÉIS ROUPAS MAQUIAGEM HORÁRIO PRONTO


N N À ORDEM PARA FILMAR
Dany Robin Françoise 5 vi (1) 10.30 12 H
George Jacques 3 depois 4 10.30 12 H
Definição; A "folha de serviço" ou "quadro de serviço" é um do- Marchai
Balpétré Allain 2 12.30 14H
cumento preparado diariamente a partir do plano de trabalho
Pierre Rivois Contador única (4) 14.00 15 H
e do detalhamento com o objetivo de fornecer a cada
participante das filmagens (técnicos, atores, trabalhadores)
todas as informações práticas e úteis às filmagens do dia se- ACCESSÓRIOS: Os accessórios previstos para os escritórios (máquinas
guinte: elementos a prever, horas de convocação etc. É o documentos, telefones. . .) e notadamenteo mapa na
plano de trabalho da jornada de trabalho. parede, o porta-retrato de Jacques, cigarros, um is-
queiro, a caneta do Sr. Allain, 2 xícaras de café na lo-
Elaboração:
cação.
A "folha de serviço" é redigida pelo Assistente de Direção uma ou
duas horas antes do fim das filmagens do dia, mais ou menos às 17 horas OBS: Decoração: letreiro "DIREÇÃO"
(numa jornada de meio-dia às 20 horas). Deve ser feita o mais tarde Maquinistas: carrinho circular (130)
possível, para poder se avaliar o que não foi feito na jornada em curso e O 1P Assistente
que eventualmente seja deslocado para o dia seguinte mas não tarde para PRODUÇÃO GERAL Assinatura
dar tempo à Produção de aprovar a folha de serviço, mandar copiá-la e Assinatura
entregar a cada chefe de setor das filmagens, antes que se ausentem dos
estúdios ou locação.
Apresentamos abaixo um exemplo de folha de serviço correspon- Esta folha comporta em princípio 5 partes:
dente a uma jornada de trabalho em estúdio:
1) Indicações gera/s: Produção — local de filmagem — título do filme —
Data da folha de ser viço-hora rio previsto e o np da ordem do dia da
FILME: TI TU L O " 59 DIA filmagem
ESTÚDIO CINÉDIA 2) Indicações que filmamos: Cenários, cenas e números com seu total
ESTÚDIO A
SERVIÇOS DASÊXTA-FEIRA 4 DE NOTA:
JUNHO DE 1978 FILMAGEM 12 h, às Eventualmente (se temos possibilidade de fazer na véspera) indica-
19,30 mos a ordem de filmagem dos números. Senão, deixamos lugar para
fazê-lo posteriormente, no dia mesmo de filmagem.
CENÁRIO: Ambiente Escritório A - Sala da Secretária 3) Indicações sobre os intérpretesa serem convocados: Disposição em 5
B — Escritório do Patrão colunas: atores — papéis — nP das roupas — hora da chegada para ma
118 quiar-se e, se necessário, levar em consideração a ordem de maquia-
gem (a partir da ordem de filmagem dos números); ordem de entrada
FOLHA DE SERVIÇO
dos atores e duração necessária à maquiagem (as mulheres são ge-
ralmente as que levam mais tempo para maquiar). Enfim, hora de
início de filmagem para cada ator, adotando uma margem suficiente
FILME ................................. ESTÚDIO
de segurança.
..
DIRETOR ............................
SEQUÊNCIA
EQUIPE................. ., ..... CENÁRIO

SERVIÇO DO DIA .............. / ................. / ............


HORÁRIO DAS . . . . . . . . AS .................
NOTA: H
A ordem de maquiagem assume uma grande importância quando se FILMAGEM DAS . . , . AS ......... H
trata de estar pronto (maquiado) para filmar o IP plano do dia (evitar
que os atores entre si disputem a prioridade da maquiagem). PLANOS A SEREM RODADOS......................................
NA ORDEM DE FILMAGEM TOTAL N9

4) Indicações sobre os problemas materiais e técnicos:


— Primeiramente a lista dos accessórios mais importantes (cenário, ATORES PAPÉIS ORDEM DE PRONTO A ROUPAS ACCESSÓ-
ambiente) mas sobretudo os accessórios de cena (sublinhados). Em MAQUIA- FILMAR ÀS RIOS
seguida, uma sessão "observações", destinada a recolher as informa- GEM
ções diversas e sobretudo as primeiras notas técnicas do
detalhamen-to. Em estúdio, esta sessão é geralmente pouco
importante, mas em exteriores é sempre muito desenvolvida. Aos
problemas habituais em estúdio vêm se reunir uma quantidade de
outros que o Assistente de Direção deve mencionar na folha de
serviço. O horário de trabalho que quase sempre é variável (depende
do sol, da iluminação desejada, da atmosfera de cena, de suas
necessidades etc.) e os principais pontos suplementares determinam:
- Organização do transporte, pessoal e atores, do hotel (s) e PESSOA L TÉCNICA OBS. DIVERSAS
das locações de filmagem. Divisão dos veículos previstos
segundo o horário determinado em função do circuito "car-
regamento"
— A citação do material necessário que não fica no estúdio VISTO DO ASSIST. DE DIREÇÃO VISTO DO DIR. DE PRODUÇÃO:
e que informa sobre o carregamento do caminhão (refleto-
res, telas, carrinho) assim como a utilização eventual de ge
radores etc.
— Os horários e as disposições relativas ao horário de almo
ço.
— A organização do serviço de policiamento para afastar e
controlar os curiosos.
— Os pontos de contatos (moto, telefones) a serem organi
zados entre diversos grupos e com os escritórios da Produ
ção.
5} A 5? parte é reservada â assinatura do Assistente de Direção e do
Di-retor de Produção Executiva que se responsabilizam diante de toda
a Produção.
120 121
paredes) que condicionam a iluminação das diferentes partes do cenário
CAPITULO V nos diferentes horários do dia. Este levantamento supõe notadamen-te
A Ficha de Locação "Exteriores" uma metragem, assim como um meio de orientar (bússola). Sendo
possível, respeitar a escala dada (2 cm por metro = 1/50 que é cómoda
para a leitura e manuseio).

I11 — Fotos da locação


Fotos (feita com um aparelho 24 X 36 que permite uma fácil
utilização) ajudarão a completar e ilustrar o plano de trabalho, forne-
cendo informações sobre os aspectos mais característicos e sobretudo
aqueles que eventualmente sejam o ponto central da cena. Por isso, fazer
primeiramente alguns trabalhos de pesquisa, distribuindo pessoas nos
locais escolhidos e examinando no "visor portátil" se tudo é compatível
com o desejado para o desenrolar da cena, tal qual previsto na
dê-coupage,
Nós afirmamos que uma das funções do Assistente de Direção du-
rante a preparação é o de visita às locações "externas". O Assistente de
IV — Características e Utilização:
Direção concretiza o seu trabalho de pesquisa e documentação sob a
Deve-se perceber e anotar com cuidado após amplo levanta-
forma de ficha de locação "exteriores".
mento todos os detalhes e vantagens de locação que poderão intervir
Cada locação feita (eventualmente cenário) faz parte em princípio
nas filmagens do ponto de vista estético, técnico e materiaj.
de uma ficha com 4 partes: l - Indicações Gerais:
Quando o Assistente de Direção está acompanhado por outros técnicos
A) Relativas ao filme;
(Diretor de Fotografia ou do Diretor de Produção Executiva, por
I) Título do filme
exemplo), cada um deles se ocupará em registrar os detalhes que lhes
11) Cenário do filme procurado
concernem. Senão o Assistente de Direção sozinho deverá se encarregar
II) Cena e nQs correspondentes.
de levantar todas as informações necessárias sobre todos os setores:
B) Relativas ao local; I) Nome do lugar
DIREÇÃO: Observações sobre o tipo de cenário, sua cor, suas
II)
qualidades plásticas, sua funcionalidade em relação á direção e atores
Localização precisa (região, esta-
prevista pela découpage. Anotações sobre o estado da locação na época
'do, cidade, rua ou referência da
prevista da filmagem (ex. cor da natureza ou estação) e informações
estrada, referências para locali-
colhidas com as pessoas do lugar.
zação etc.) Ex. Fazenda
DIREÇÃO Horário de iluminação natural (na época das filmagens),
Igarapa-va.
DE FOTO- ver plano (parágrafo II). Fonte elétrica disponível
Interior do Estado do Rio, Mu-
(potên-GRAFIA: cia em kw ou em amperes). Indicação da
nicípio de Petrópolis 18 km de
voltagem. Natureza da corrente (alternada ou contínua). Distância
Petrópolis.
da fonte ao quadro de luz eventualmente instalado no cenário
No km 20 da Estrada
(metragem de cabos necessários para cobrir esta distância).
Petrópo-lis-Tèresópolis. Tomar
DIREÇÃO — Autorizações a serem solicitadas à Prefeitura, Polícia,
estrada para Araras.
DE PRODU- particulares etc. (com nome, endereço, horário, onde
III) Meios de transportes locais os
po-ÇÃO EXE- demos contactar os responsáveis etc.). OUTIVA:
mais próximos (com horários, local de partida, paradas e duração do
— Autorizações gerais para objetivos diversos a solicitar: eletricidade
trajeto. Preços das passagens) 11 - Planos dos locais
(Light, ou particular), emprego de animais (de guarnição militar ou de
E um levantamento mais exato possível dos locais (cenários even-
uma fazenda particular) — Locais ou garagens a serem utilizados como
tuais) com todas as indicações úteis, sem esquecer de assinalar com uma
depósitos
seta ("Norte") de orientação e, eventualmente, os obstáculos (árvores,
123
122
CAPfTULOVI A
dos equipamentos ou camarins (para os atores e
maquia-gem). FICHA DE ATOR
— Empréstimo ou fornecimento de materiais {tábuas, fer
ramentas, veículos, accessórios variados. ..)
— Possibilidades de conseguir alguma figuração
local.
— Condições de alojamento (hotéis), alimentação (restau
rantes) e transporte no local ou nas proximidades.
— Telefone mais próximo.
— Gorjetas ou remunerações a serem previstas.
DÍVERSOS:— Filmagens; Informações diversas que poderão atrapa-
lhar a filmagem ou sua organização, tais como:
— Fontes de rufdos próximos, permanentes ou inter A constituição de um fichário de ator é muito mais um trabalho de
mitentes — trens, cachoeira, aeroporto, estrada eauto- Produtor Executivo do que de um Assistente dê Direçao. De qualquer
estrada, animais, fábrica. forma nas produções onde o Assistente de Direçao assume as máximas
— Horário de trabalho e saída das empregadas de uma responsabilidades, ele tem interesse em saber organizar e manipular um
grande empresa próxima (curiosos). fichário de atores. Por outro lado, será sempre útil ao Assistente de
— Cabo de alta tensão próximo ou vento frequente po
Direçao manter ao menos um caderno de endereços sobre o qual anotará
dendo incomodar a tornada de som direto.
um certo número de informações e observações de todo tipo de atores
— Não há disposição-padrão para estas fichas, pois isso
(secundários, jovens atores, papéis de composição), figuração especial
dependerá do bom senso e das circunstâncias. Diremos
(cor, língua, estilo, competência). Este caderno facilitará em rápida
apenas, como o fizemos para os outros documentos,
consulta localizar um certo tipo de ator que havia sido anotado em outra
que elas devem ser claras, completas e práticas.
ocasião.
— As fichas, uma vez completamente redigidas e com
fotos, planos etc. serão grupadas e em seguida encami NOTA; Logicamente essas observações não são para os atores conhe-
nhadas ao Diretor e â Produção que poderão escolher, cidos onde só o seu nome já nos traz uma ideia completa sobre
a partir das informações dos exteriores e que lhe pare
o profissional.
cem fornecer o máximo de vantagens do ponto de vis
Em seu caderno, o Assistente de Direçao poderá anotar um certo número
ta artístico, técnico e material. . . Na maioria das vezes
é a partir destes documentos que se faz a escolha defi de endereços importantes (que manterá atualizados) e fontes para
nitiva para, na locação, o Diretor perder o mínimo recrutamento de atores de segundo nível ou estreantes. Eis aqui algumas*:
de tempo.
no Rio de Janeiro: Escola de Teatro Martins Pena

Escola Fitier

São Paulo: Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos e Di-


versões SP.

M. do T.: Aqui deixamos de citar as fontes francesas, pois seriam inúteis para o
Assistente de Direçao brasileiro. Seguem, em substituição, bases fontes em nosso
país.
125
Minas Gerais: FICHA DÊ ATOR

Organizações oficiais: Trabalhando em—


Serviço Nacional de Teatro ^mpresa Ocupado nos dias:-
Brasileira de Filmes S.A.
IDENTIDADE Nome (e
NOTA: A televisão, por se tratar de uma empresa de espetáculos, possui sobrenome)- -Emprego Dramático—
os fichários mais completos e é uma fonte interessante de Nome Artístico -----
consulta. As informações podem ser obtidas no Departamento Data de Nascimento-
de Elenco, ou a partir de informações, observando-se os pro- Nacionalidade- --------
gramas. Endereço •
-Tel.
A segunda parte do caderno de atores deverá conter informa-
ções individuais de atores famosos. Eis aqui a organização de Referências Artísticas -Ano—
uma ficha de ator com todas as colunas e sessões para um fi- Curso de Ator ----------
chário completo e que servirá de ponto de partida para as Ativictades profissionais (Algumas referências)
notas simplificadas de um caderno de atores:
CINEMA —
FICHA DO A TOfí

TV

NOME— -EMPREGO- TEATRO

Foto (6 x 9) F
Rosto oto (6 x 9) OUTROS
Corpo Inteiro TALENTOS VARIADOS ROUPAS ESPECIAIS
(Indicar com letras Valorativas)
Idade Aparente- FÍSICO P=Pouco; MB =MuÍto Bem; B =Bem
Manequim- ----- Sinais Particulares-
Altura- -----------
Cabelos- -------
Olhos -------------
Observações Gerais Características
Gerais, tipo, estilo, aparência,
personalidade, memória,
temperamento, presença, maleabili-
dade, sociabilidade etc.

PARTICIPOU EM: DATA ROUPAS DE


GALA OBS:

126 127
C AP Í T U LOV I I
OBSERVAÇÕES
A Figuração
1) Para cada ficha duas fotos (sem retoques) do rosto e corpo
inteiro para se ter uma ideia do tipo do físico. Caso o for
mato seja 13x18 ou 18x24 cm grampeamos na
ficha.
2) Podemos adotar duas cores diferentes: uma para as fichas
"homens" e outra para as fichas "mulheres", o que facilita
a organização e a busca. No interior de cada categoria as fi
chas poderão ser classificadas por especialidade ou emprego
e em ordem alfabética.
3) Repetimos no verso o sobrenome, nome, e emprego, para
que se evite virar a ficha quando consultamos na busca de
um ator a partir de suas fotos e descrições. Para terminar, algumas palavras sobre a FIGURAÇÃO, que, como
Finalmente, é interessante sugerir aos Assistentes de Direção que havíamos assinalado, constitui a principal oportunidade que se oferece
reservem em seu caderno (ou em um outro caderno) algumas páginas de ao Assistente de Direção de participar na direção de atores propriamente
endereços, telefones e informações diversas classificadas por categoria, dita.
e que deverão ter ao alcance da mão, de estúdios, laboratórios, lo-
cadores de equipamentos, roupas e accessorios, produtoras, distribuido- NOTA Por razões psicológicas, a denominação oficial do figurante ori-
ras, órgãos oficiais de cinema, sindicatos, e técnicos com os quais trabalha gina-se de "ator de complemento", mas no meio profissional, o
com maior frequência, aos quais poderemos acrescentar algumas in- termo figurante é o mais utilizado.
formações técnicas úteis, tais como: tabela de metragem e suas corres-
pondências {em segundos) 24 imagens (cinema) e 25 imagens (TV). 7 — Escolha dos Figurantes

A quantidade de figurantes em um cenário é fixada anteriormente


pelo Assistente de Direção durante o detalhamento, após a aprovação
de comum acordo com o Diretor por um lado e por outro do Diretor de
Produção. Mas pode também depender do tamanho do cenário e supo-
mos então a opinião do Cenógrafo.
O número definitivo dos figurantes é geralmente o resultado da
disputa entre a Direção, que quer o máximo, e a Produção que procura
dar o mínimo, evidentemente por razões de economia. O Diretor de
Produção a partir das indicações (do detalhamento plano de trabalho —
folha de serviço), encarrega-se de recrutá-los e convocá-los para as filma-
gens.
O Diretor de Produção geralmente possui um fichário pessoal
bem completo que permite-lhe contactar rapidamente as pessoas que
lhes são solicitadas. Ele tem à mão um anuário-padrão com os endereços
de homens gordos, gigantescos, anões, barbudos, acrobatas, negros, para
todos os fins desejados. Poderá também solicitar a vários organismos
diferentes, como escola de atores (anteriormente citadas, circos, agências
de emprego especializadas que poderão facilmente reunir um grande
número de pessoas, sobretudo para figuração "atuante" dita "inteligente"
e que supõe uma certa interpretação.
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O Diretor de Produção poderá em certos casos de figuração carac- 3) As Categorias de Figuração
terística ser obrigado .a recorrer a "reais figurantes" em locais conhecidos
(busca de verdadeiros "bandidos", mendigos, "caras de povão") ou em No nível de utilização da figuração há dois tipos de figurantes:
bairros famosos* Bairro da Liberdade, em São Paulo, para os asiáticos. normal especial. Os primeiros servem sobretudo para criar a sensação de
Mangueira, no Rio, para negros e sambistas, Arpoador, no Rio, para massa anónima: espectadores de um cinema, passageiros de uma estação,
surfistas ou então estabelecimentos especializados: Socila-ma-nequins; transeuntes, fregueses de um bar popular etc.
Escola de Belas-Artes — para modelos nus ou, como último recurso, Os outros são utilizados de maneira mais precisa. As categorias
anúncios classificados nos jornais populares. são infindáveis: os negros, os japoneses, os machões, os carecas, os gor-
Quando o filme dispõe de autorizações oficiais quase sempre é dos, os anões, os aleijados, as senhoras etc. Cada Diretor de Produção
possível utilizar os próprios guardas da Polícia Militar, soldados do procura rapidamente organizar e reunir as fichas dos que correspondem
Exército etc. Utilizamos quase sempre os "recomendados" ou pessoas aos interesses do roteiro e da Direeão.
com iniciativa que não são figurantes profissionais de agência, masque Quanto à importância de seu papel, podemos distinguir também
querem momentaneamente assistir a uma filmagem e ganhar um pouco vários casos:
de dinheiro. Há dois tipos de figurantes; os que o fazem profissional-
mente (carteira profissional, sindicalizados) e os outros que praticam — a apresentação de uma massa anónima de multidão em plano
por diletantismo (aposentados, estudantes, donas de casa). geral
Pode também acontecer que solicitemos, sobretudo em exterior e
— os grupos que realizam uma atividade determinada (transeun
determinadas locações, a participação de figuração diretamente recolhida
tes, fregueses de um bar)
no local (camponeses, pescadores, favelados etc.). O sistema tem suas
— o figurante que notamos uma vez (pequena ação ou algumas
vantagens e desvantagens. Ganhamos em autenticidade, mas por outro
palavras gozadas)
lado encontramos muita dificuldade em dirigir tais figurantes, pois pe-
— figurantes (pequenos papéis quase sempre mudos) que em vá
dimos-lhes outra coisa que não o seu comportamento habitual (perso-
rios planos são vistos em uma atividade determinada (um en-
nagens históricos por exemplo). Além do mais, com os figurantes profis-
graxate, o carteiro, o jornaleiro, o guarda de trânsito etc.)
sionais o trabalho vai mais rápido pois conhecem as condições gerais da
técnica cinematográfica (entrada e sã ídade campo, conversação "muda",
NOTA: Não se trata de um pequeno papel. De fato, não há barreira
não olhar para a câmera etc.). Como percebemos, ao utilizarmos figura-
ção, o sistema empregado deverá ser estudado em cada filme em relação â entre o figurante profissional e o pequeno papel (ponta) que
locação, o género de filme e as possibilidades reais. os figurantes procuram. Os mais dotados serão utilizados mo-
mentaneamente ou na primeira oportunidade.
2) O Problema Humano da Figuração
Há também outras formas de distinguir os figurantes. É a partir
das roupas que recebem (roupa comum, roupa de gala etc.) ou partir
Existe logicamente o problema humano da figuração, pois da ma-
neira como é utilizada na Franca é praticamente impossível viver desta de competência específica: cavaleiros (roupas de equitação}, lutadores
profissão. Sem contar as "Agências", a maior parte dos figurantes vive (judocasou Karatês)
como pode de outras atividades, as mais diferentes possíveis. Recebem Notemos que, para os filmes de época, os figurantes mais bem co-
um bom cache para o dia de trabalho, mas é certo que não trabalham locados em quadro devem experimentar sua roupa na véspera, acompa-
todos os dias. O Assistente de Direeão não deve desconhecer esta si- nhados pelo Diretor de Produção ou Assistente.
tuação e levá-la em conta no seu relacionamento com a figuração, tendo Cada caso preciso está previsto em uma tabela oficial que corres-
em vista a maneira como se comportam. ponde a uma tarifa precisa.
É, por exemplo, muito difícil e compreensível que sejam elegantes
ou bem vestidos. Esforçam-se ao máximo para serern convocados no 4) Comportamento na Locação com a Figuração
dia seguinte, o que é contrário aos interesses da produção.
O Assistente de Direeão é, na locação, o chefe da figuração. Ele
* N. do T.: As referências francesas somente serviriam àquela realidade e as substi-
deve ser ajudado por seus auxiliares (outros assistentes ou estagiários)
tuímos por exemplos nacionais.
na tarefa de conter seu grupo de figurantes (o que não é muito fácil
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quando são muito numerosos. Ex. "Batalha dos Guararapes", "Como
era Gostoso meu Francês"). Deve obter a disciplina se impondo com 2} Deve-se organizar ou dispor a figuração em função do en-
geqtileza, mas firmeza. Eis algumas "dicas" para este trabalho: quadramento da câmera; parte do cenário e de que maneira
ele é visto no plano, disposição dos atores principais etc.
— grupar os figurantes não utilizados no exterior afastados da lo Não se esquecer de que o quadro visto pela câmera é apenas
cação, mas de maneira que possamos convocá-los e reuni-los uma pequena parcela do que o olho percebe na locação.
3) A figuração nunca deve ter mais importância que o seu próprio
rapidamente, assim que for preciso.
valor dentro da ação principal e quanto aos atores principais.
— não perder no seu próprio trabalho, que é o da continuidade.
Não deve incomodar e sirr^ contribuir para valorizar,
Cuidado com as sugestões da figuração mais preocupada con
enriquecendo o ambiente correspondente ao enquadramento
sigo mesmo do que com o filme na sua totalidade.
da ação.
— desconfiar sempre dos que gostam de aparecer
(cabotinos, Do ponto de vista prático não há grandes dificuldades
oportunistas) assim como, ao contrário, dos que pensam em se basearmo-nos em princípios básicos, tais como:
esconder (estudantes que não querem ser reconhecidos). Lem 1) Para a distribuição de figurantes fixos (por exemplo, fregue
brar-se sempre que cada figurante sabe que sua participação ses de um bar): distribuí-los no quadro, evitando simetria ou
depende da aproximação com o Assistente de Direção. regularidade; procurar criar grupos verossímeis e dar a cada
— explicar claramente o que esperamos deles e fornecer-lhes in grupo uma função (casal de namorados, discussão de ami
formações claras e precisas. gos, conversa de negócios. . .) que quase sempre é apenas
— obter um trabalho silencioso e disciplinado dos figurantes para mímica (silêncio necessário) mas que contribuirá para criar
que o Diretor consiga ensaiar os atores principais e a movimen a impressão de "verdadeiro".
tação geral da cena. 2) Para a movimentação de figuração (transeuntes, passageiros
— prever a utilização dos meios materiais de comunicação (mega numa estação etc. . .}
fone, walkie talkie). a) Organizar os movimentos, evitando a simetria e a regularida
de das passagens em quadro sem deixar "buracos"
5) Técnica da Movimentação ou da Disposição da Figuração na
ação visual. Sempre trabalhar em relação ao enquadramen
Para colocar no lugar ou dirigir a figuração, deve-se levar em conta to, utilizando figurantes isolados ou criando casais, grupos
algumas regras básicas: etc., se possível com accessórios válidos segundo o caso: pas
ta de couro, malas, sacas, bolsas, guarda-chuvas, cães, bici
cletas etc. . .)
1) Deve-se a partir de elementos fictícios (cenário, persona- b) Aproveitar, o melhor possível, todas as direçSes do espaço:
gens, situação) recriar um ambiente "natural", o que é mais "à direita, à esquerda, em profundidade, enviesado etc. sem
difícil do que podemos acreditar à primeira vista. Quando necessariamente utilizá-los todos e, sobretudo, insistente
se quer obter uma movimentação de rua, não é suficiente mente um após outro.
dizer aos figurantes para passearem de qualquer maneira, c) Distribuir os figurantes em borda de quadro, alguns metros
como eles fazem comumente todos os dias. De fato, se fi- fora do campo visual da câmera (para que eles assumam a
zéssemos assim obteríamos um péssimo resultado porque tempo uma atitude natural quando estiverem em quadro).
provocaríamos com certeza uma falsa impressão para o es-
d) Indicar a cada figurante ou cada grupo (sempre dar o co
pectador. Sabemos que arte do filme de ficção é exatamen-te
mando a um figurante do grupo) o momento preciso de par
criar uma perfeita impressão de autenticidade, a partir de
tir (numa palavra do texto dos atores principais, no momen
elementos recriados, donde o "natural" é totalmente dirigido.
to da ação ou no sinal do Assistente de Direção}, assim co
.. É a arte do Diretor, em que o Assistente de Direçao deverá
mo tudo que deverão eventualmente fazer (trajeto, paradas,
se inspirar para atingir grande parte da direção de atores, O
mudanças de velocidade, comportamento etc.. .)
Assistente de Direção deverá criar uma organização de sua
Tudo isso é determinado e ajustado durante vários ensaios
figuração, determinando com cuidado todos os elementos.
com o Diretor, que permitirão ao Assistente de Direção ir
132 aperfeiçoando a movimentação da figuração.

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e) Logo após filmado o plano exigir que os figurantes fiquem
exatamente em seus lugares para poder demarcá-los em suas exatas
respectivas posições. (Uma pequena planta com nome e endereço) no
caso de haver continuidade com o plano seguinte. Fica então claro que
para o plano seguinte as funções iniciais serão as posições finais do plano
anterior. Estas posições utilizarão na montagem parte da margem
normal de ação que existe entre o final de um plano com a parte inicial
do outro e que se acavalam para corte na montagem. Eis aí uma
exposição bem completa das responsabilidades e dos documentos de
trabalho do Assistente de Direção Cinematográfica. Seria necessário
ainda acrescentar pequenas coisas que desejaríamos tentar descrever, ao
menos parcialmente, sobre determinados conhecimentos necessários ao
bom Assistente: conhecimento de uma língua estrangeira (no momento
atual, o inglês), um pouco de aptidão para desenho (riscar um croquis
de cenário, roupa, enquadramento), um certo bom gosto e informação
de regras de etiqueta (organização de uma mesa de jantar, determinados
estilos de móveis, de decoração, redacâfo de convites, diferenciar
roupas de garçom e maftre, roupas de gala etc.), um certo
conhecimento sobre jogos sociais (ex. organização de um tabuleiro de
xadrez, um jogo de cartas, sinuca etc.).
Como percebemos são necessárias bastantes qualidades para o
Assistente perfeito,.. o que, na verdade, não existe.
Tentamos expor aqui o que é necessário para se tornar um bom
Assistente e dar as informações que permitirão a melhor atuação nesta
profissão às vezes ingrata, mas sempre apaixonante.

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ASSISTENTRÉALISATEUR

TRADUÇÃO
E ADAPTAÇÃO BRASILEIRA DE '
JORGE MONCLAR
ARTENOVA
EMBRAFILME

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