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Já Cabral (2006) coloca que não devemos definir o Terceiro Setor de forma segmentada
e por meio das características que constituem essa parte:
Sendo assim, é necessário também se ter o cuidado para não permitir que os processos
de gestão do terceiro setor sejam pautados em função do Estado ou pela lógica do
mercado (gestão estratégica). Precisa ser mantida a lógica da solidariedade comunitária
(gestão social).
Segundo Tenório (1998 p.17) “sob uma perspectiva macro, a deficiência gerencial na
implementação de políticas públicas agravada pela escassez crônica de recursos
financeiros, fomenta o caráter competitivo das organizações do terceiro setor, já que
elas têm de concorrer por recursos junto ao primeiro e/ou ao segundo setor. Sob um
enfoque micro, esta demanda por recursos pode provocar também o distanciamento de
sua maneira de atuar com as questões sociais, de um gerenciamento centrado na
intersubjetividade da pessoa humana para aquele determinado pelo cálculo egocêntrico
de meios e fins. Adiciona-se a isto o fato que estas organizações da sociedade civil, na
ânsia de “profissionalizarem-se”, na “luta pela sobrevivência”, passem a utilizar os
mesmos mecanismos gerenciais daqueles empregados pelo setor privado nos seus
processos de tomada de decisão.”
Coloco ainda que nessa “corrida por recursos financeiros” junto ao primeiro e/ou
segundo setor corre-se o risco de perder-se a essência social, mas também, o foco, o
objetivo da organização atuando em áreas ou propondo atuações que satisfaçam
exclusivamente aos editais de financiamento. Ao invés, de levantar as demandas,
necessidades ou objetivos do público alvo ou da comunidade foco do projeto proposto.
Para finalizar, acredito que o Terceiro Setor deve-se sim profissionalizar-se, realizar
parcerias com o segundo setor e com o poder público, utilizar-se das políticas públicas e
ferramentas administrativas, porém sob a perspectiva social, de bem comum, de uma
gestão comunitária, sem ações assistencialistas e paternalistas.
Referências:
SOBOTTKA, Emil A. Organizações Civis: Buscando uma definição para além de ONGs e “terceiro setor”, Civitas – Revista de
Ciências Sociais Ano 2, nº 1, junho 2002.
SALAMON, Lester M. (1995). Partners in public service: government-monprofit relations in the modern welfare state. Baltimore:
The Jhonhs Hopkins University Press, citado por SOBOTTKA, Emil A. Civitas – Revista de Ciências Sociais Ano 2, nº 1, junho
2002.
IPEA/PNUD. Relatório sobre o desenvolvimento humano no Brasil. Rio de Janeiro, IPEA; Brasília, PNUD, 1996.
CABRAL, Eloisa Helena de Souza. Espaço público e controle para a gestão social no Terceiro Setor. Serviço Social e Sociedade,
86, 30-55, 2006.
JEREZ, Ariel; REVILLA Blanco, Marisa (1998). El tecer sector: uma introducción a um concepto polémico. Sociedade em Debate,
Pelotas, v.4, n.2, p. 3-22. ago. citado por SOBOTTKA, Emil A. Civitas – Revista de Ciências Sociais Ano 2, nº 1, junho 2002.
TENÓRIO, Fernando G. Gestão Social: uma perspectiva conceitual. In: Revista de Administração Pública. Rio de Janeiro,
Fundação Getulio Vargas, Vol. 32, nº 5, set./out. 1998, pgs.07-23.