Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
Certo dia nasceu uma menina que era igual aos outros meninos
que nasceram nesse dia, com apenas uma diferença, ela era azul.
- Terá sido daqueles comprimidos azuis que tomei? Ou por ter
vestido muitas vezes aquela camisola azul durante a gravidez? –
perguntava a mãe admirada e aflita.
- Nunca vimos uma coisa assim! – exclamavam os médicos.
Os pais puseram-lhe o nome de Azulada e com o passar do tempo
foram-se habituando.
Azulada era mesmo toda azul, um azul claro que fazia lembrar o mar.
Tinha o cabelo comprido e também azul e até os olhos eram azuís.
Na escola, ela brincava sempre às escondidas e não havia
ninguém que soubesse brincar melhor do que ela. Escondia-se ao pé
de tudo o que era azul e os amigos não a viam.
Tudo o que ela tinha era azul: a mochila, a roupa, o quarto e só
escrevia com caneta azul.
Quando estava sozinha ela pensava: - Porque será que eu sou
diferente dos outros meninos? Porque é que não nasci com a cor
deles?
Mas a Azulada tinha uma família e muitos amigos que gostavam
muito dela e, por isso, estas dúvidas desapareciam por completo
porque no fundo ela sabia que era igual a todos, apenas um bocadinho
mais azul.
Um dia um menino novo entrou para a escola e para surpresa de
todos era amarelo.
A Azulada ficou muito contente por não ser a única menina de
outra cor. Tornaram-se grandes e inseparáveis amigos e todos lhes
chamavam “ os amigos Arco-Iris”.
A Menina Vermelha
A menina vermelha
A menina cor-de-rosa
O menino Laranja
O Menino Vermelho
A menina branca
A menina Amarela
Aquela menina nasceu amarela, amarela, amarela.
-Seria de eu beber muita limonada? – perguntava a mãe.
-Seria de eu beber muita cerveja? – perguntava o pai.
Mas os médicos não sabiam. Nunca tinha estudado meninas amarelas.
Puseram-na dentro de água a ver se descorava, ficou ainda mais amarela.
Puseram-na ao sol a ver se corava mas nada, ficou ainda mais amarela.
Ninguém jogava às escondidas melhor que ela. Nos campos de girassóis quem
conseguia encontrá-la? Quando ia para a escola avisavam-na sempre: – Tem
cuidado não te confundam com uma folha velha e te aspirem. És tão amarela!
Quando a levavam à praia andavam sempre numa aflição. O seu corpo
ondeava nas ondas com aos peixinhos amarelos, os seus cabelos
despenteavam-se como reflexos de sol radioso e os seus dedos brincavam nas
rochas como grãozinhos de areia amarela.
Trepava aos limoeiros sem que o dono dos limões lhe ralhasse. Os
próprios pássaros, ao senti-la passar no meio dos limões amarelos, a
confundiam com o vento e deixavam-se apanhar.
Assim foi crescendo, linda e amarela
-Amarela como o Outono! – diziam os jardineiros.
- Amarela como as bananas! - diziam os comilões.
- Amarela como as camisolas da equipa da nossa terra! - diziam os
amigos da bola.
- Amarela como o centro da bandeira nacional! - diziam os patriotas.
-Amarela como o sol! – diziam os astronautas.
- Amarela como os papagaios! - exclamou apaixonadamente o
Presidente do Jardim Zoológico.
Foram viver para uma casa amarela e, em vez de um cão de guarda,
compraram um leão. Amarelo.
A Menina Vermelha
Aquela menina nasceu vermelha, vermelha, mesmo vermelha.
- Seria de eu comer muitos morangos? - perguntava a mãe.
- Seria de eu beber muita groselha? - perguntava o pai .
Mas os médicos não sabiam. Nunca tinham estudado meninas
vermelhas.
Puseram-na ao sol a ver se corava. Ficava mais vermelha.
Puseram-na à sombra a ver se descorava. Ficou ainda mais vermelha.
Ninguém jogava às escondidas melhor do que ela. Nas flores
vermelhas, nas folhas vermelhas, quem conseguia encontrá-la?
Quando ia para a escola avisavam-na sempre:
- Tem cuidado, não vá um pássaro comer-te a pensar que és um
fruto. És tão vermelha!
Se a levavam aos campos de tomate os pais andavam sempre numa
aflição. O seu corpo vermelho não se via ao pé dos tomates, os seus
dedos vermelhos brincavam na terra como vermelhas joaninhas.
Trepava às cerejeiras sem que o dono das cerejas lhe ralhasse.
Os próprios pássaros, ao senti-la passar no meio dos frutos
vermelhos, a confundiam com o vento e deixavam-se apanhar.
Assim foi crescendo, linda e vermelha.
- Vermelha como o Outono. - diziam os sonhadores.
- Como as cerejas - diziam os comilões.
- Como um escaldão no corpo - diziam os banhistas.
- Como metade da bandeira portuguesa - diziam os patriotas.
- Vermelha como o sangue. - diziam os que sabem que o
sangue tem cor.
- Vermelha como o Benfica! - exclamou apaixonadamente o
Presidente do Clube dos Vermelhos. Amaram-se Vermelha e
verdadeiramente.
Foram viver para uma casa vermelha às riscas brancas. Em
vez de cão de guarda, compraram um pássaro. Vermelho.