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1. Introdução
A missão primordial dos profissionais liberais que vivenciam a presente sociedade de risco é
alertar seus semelhantes dos riscos que correm de perder bens de natureza intangível, como bem-
estar, saúde, liberdade e direitos e demais bens materiais que incluem as obras da Engenharia Civil
criados pelo homem para servir seus semelhantes. Na área de Construção Civil a determinação desse
risco tem sofrido contínua evolução desde a abordagem tradicional em termos de fator de segurança
até o presente estágio em que se avalia a probabilidade e risco associado de ruína da obra.
Neste contexto, no caso particular de uma fundação o risco de ruína é medido pelo risco
geotécnico expresso em termos financeiros que a sociedade está disposta a assumir e que pode ser
avaliado pela fórmula:
Risco geotécnico = pf x C x V
Onde pf = probabilidade de ruína da fundação;
C = custo de reparação do dano causado pela ruína;
V = vulnerabilidade
A avaliação deste risco depende da variabilidade dos eventos que podem levar a ruína mesmo
que os fatores de segurança prescritos nas normas tenham sido obedecidos. Estes eventos podem
ser classificados em previsíveis e imprevisíveis. No Brasil, os cenários de eventos adversos
imprevisíveis encontram-se codificados no CODAR - Codificação de desastres, ameaças e riscos,
publicados pela Secretaria Nacional de Defesa Civil e, os eventos considerados previsíveis pela
sociedade encontram-se prescritos nas Normas Brasileiras da ABNT, e.g. NBR8681 e NBR6122.
O cenário de análise deste curso limita-se à determinação do risco da fundação de uma obra
de Engenharia Civil a partir de uma abordagem estatística simples baseada na hipótese fundamental
de distribuição normal gaussiana das variáveis envolvidas.
A obra de engenharia civil é formada pela superestrutura parte acima do nível do terreno e pela
fundação parte enterrada no maciço geotécnico que é o suporte final do sistema. Neste cenário a
fundação é o subsistema constituído pelo maciço geológico-geotécnico do local da obra mais os
elementos estruturais de fundação nele imersos. A estrutura da obra submetida à ação das cargas
ambientais e funcionais se deforma acumulando energia interna e apresenta uma reação
denominada solicitação ou efeito das cargas.
Assim, em uma fundação, entende-se por solicitação ao tensor de tensão ou deformação que
surge em pontos dos elementos contínuos de solos e rochas, que compõem o maciço geológico
geotécnico e/ou, aos deslocamentos, rotações e esforços solicitantes, na direção dos diversos graus
de liberdade de movimento de pontos e seções transversais dos elementos estruturais que compõem
a fundação.
As cargas podem crescer indefinidamente, mas a reação é limitada e não pode ser maior que:
a) a resistência dos materiais que constituem o sistema ou,
b) os valores limites de deslocamentos e rotações que impedem o uso da obra.
No caso de uma fundação por estacas esta resistência é denominada capacidade de carga
última (ou carga de ruptura da estaca) ou tensão de ruptura do solo no caso de uma fundação direta.
Para ambos os tipos de fundação existem valores limites de movimentos indesejados
(recalque absoluto, recalque diferencial e rotações), derivados da experiência, que impedem o uso
ou funcionalidade dos diferentes tipos de obras.
A determinação das curvas estatísticas de distribuição de solicitação e resistência que
resultam da variabilidade de cargas, geometria e propriedades dos materiais da superestrutura são
efetuadas pela projetista da estrutura considerando a interação solo-estrutura (Aoki, 1997) e os
métodos utilizados não serão abordados no presente curso.
Por modelo geotécnico mental (Aoki, 2009) entende-se o modelo geométrico adotado na
análise do conjunto de perfis de solos reais inferido nas sondagens e em outros ensaios disponíveis,
mais o conjunto de perfis de solos extrapolados entre sondagens vizinhas.
O objeto de estudo da fundação analisada é a superfície resistente tridimensional,
representada pelo lugar geométrico das superfícies das bases dos elementos estruturais de
fundação, localizada no maciço de geológico-geotécnico idealizado (Aoki e Cintra, 1996).
No Brasil, até a década de 2010, o projeto e execução de fundações eram considerados
atividades da área das ciências exatas por serem fundamentados em conceitos da matemática e no
determinismo da física clássica newtoniana.
Entretanto, esta situação mudou com a publicação da Norma Brasileira NBR 6122:2010 de
Projeto e Execução de Fundações. De fato, em seu escopo a atual Norma admite que:
“NOTA 1. Reconhecendo que a engenharia de fundações não é uma ciência exata e que riscos
são inerentes a toda e qualquer atividade que envolva fenômenos ou materiais da natureza,
os critérios e procedimentos constantes nesta Norma procuram traduzir o equilíbrio entre
condicionantes técnicos, econômicos e de segurança usualmente aceitos pela sociedade na
data da sua aplicação.”
Por outro lado, o Código de Defesa do Consumidor declara que o consumidor de produtos e
serviços tem direito básico de tomar conhecimento de:
“... a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação
correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os
riscos que apresentem...”.
Portanto, além da tradicional especificação de quantidade, características, composição,
qualidade e preço dos produtos e serviços geotécnicos torna-se obrigatório determinar os riscos que
a fundação apresenta. Este Código define ainda que:
“... § 1º - Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.”
Assim, para fins de aplicação deste código entende-se que a fundação é parte de um bem
material imóvel sujeito ao risco de ruir conforme prescrito na NBR 6122:2010.
Pode-se traçar um paralelo com a atividade de médicos e advogados, profissionais liberais
que se preocupam com os riscos de perda dos bens imateriais saúde e liberdade, enquanto
engenheiros civis preocupam-se com a ruína de bens materiais e imóveis.
O valor do bem imóvel é medido por um determinado valor monetário e, portanto, para fins
de tomada de decisão, o risco deve ser expresso em termos econômico-financeiro. Por ser leigo, o
consumidor tem o direito de saber o risco financeiro de seu empreendimento.
Neste contexto, o engenheiro geotécnico deve determinar e informar ao consumidor o risco
que o produto ou serviço de fundação apresenta, e não tentar apenas provar que ela é segura e não
vai ruir porque atende aos fatores de segurança mínimos prescritos em normas.
Na prática, o valor do risco geotécnico deve ser adicionado ao custo de material e mão de
obra e o valor total vai permitir a comparação entre duas soluções de fundações igualmente
satisfatórias do ponto de vista de segurança.
O risco no estado limite geotécnico último é determinado a partir das solicitações devidas às
cargas ambientais e funcionais e das resistências geotécnicas, comandadas pelo cenário geológico-
geotécnico local, comprovadas nas provas de carga estáticas e dinâmicas.
Para cada tipo e profundidade da fundação, ou seja, para cada superfície resistente de
assentamento das bases da fundação adotada corresponde um fator de segurança global e uma
probabilidade de ruína que condicionam o risco geotécnico do estaqueamento analisado.
Assim, o risco geotécnico de uma dada fundação é condicionado por:
(a) Diferentes geometrias dos modelos estrutural e geotécnico e variadas propriedades dos
materiais componentes;
(b) Diversas combinações e tempos de recorrência das cargas atuantes;
(c) Diferentes modelos de interação solo-estrutura que permitem determinar a solicitação
decorrente da ação das cargas atuantes na fase de execução e durante a vida útil da obra;
(d) Diferentes equipamentos, procedimentos de instalação e controle da execução.
Sob a ação de cargas crescentes as solicitações crescem, mas são limitadas pela resistência
e/ou rigidez limite dos materiais que compõem o sistema, e conduzem ás verificações do estado
limite último (ELU) e do estado limite de serviço (ELS).
Denomina-se solicitação limite ao valor da resistência última ou da deformação limite e, a
probabilidade de ocorrência desta solicitação denomina-se probabilidade de ruína. O risco de
ocorrência evento é então determinado pelo produto da probabilidade de ruína vezes a
vulnerabilidade vezes o custo de reparação dos danos materiais e pessoais ocasionados pela ruína.
A presente análise de risco não contempla a ocorrência imprevisível de erro humano que deve
ser mitigado e tratado no âmbito legal jurídico como um evento fortuito decorrente de negligência,
imperícia ou imprudência do profissional liberal. Note-se que a verificação da segurança aos estados
limites que consta das normas é mandatória e seu não atendimento constitui erro atribuído à
imperícia profissional.
Desta forma, para cada superfície resistente escolhida no projeto ou executada na realidade
corresponde um risco que deve ser determinado pelo engenheiro e informado ao proprietário da
obra que pode, então, decidir se aceita ou não o risco inerente ao seu investimento,
independentemente do seu grau de conhecimento técnico de engenharia.
Conclui-se que compete ao engenheiro prever o risco geotécnico e à sociedade decidir sobre a
aceitação ou não do risco que corre.
Prof. Nelson Aoki - EESC-USP 28 de agosto de 2018 Página 3
XIX CONGRESSO BRASILEIRO MECÂNICA DOS SOLOS E ENGNHARIA GEOTÉCNICA – SALVADOR/BA
MINICURSO: APLICAÇÃO DE MÉTODOS PROBABILÍSTICOS EM FUNDAÇÕES
1st
Neste caso as formas das curvas R e S são determinadas pelos coeficientes de variação vR e vS
números que passam a representar as formas das duas curvas.
De modo geral, a cada par de pontos Ri e Si das curvas corresponde um valor de fator de
segurança Fi,j e a ruptura não ocorre se a resistência Rj for maior que a solicitação Si:
Rj > Si
Dividindo-se ambos os termos desta inequação por Si temos:
Rj/Si > Si/Si
Denominando-se Rj/Si = Fij resulta a inequação:
Fij > 1
Portanto, pode-se afirmar que não ocorre ruptura se o fator de segurança Fij for maior que
um (1,0), paradigma que aceitamos como dogma na Engenharia.
A Figura 3 mostra que, em particular, esta inequação aplica-se aos pontos médios
representativos das curvas e neste caso:
FS >1
Considerando o infinito número de pontos das curvas R e S pode-se afirmar que a quantidade
de fatores de segurança de uma obra é infinitamente grande.
A análise de segurança pelo método dos valores admissíveis apresentado na Figura 4 foi
introduzida na prática brasileira a partir dos anos 1960 e é muito utilizada até os dias de hoje.
Neste método definia-se a carga ou tensão admissível pela relação:
Padm ≤ R/FS,trad
O dimensionamento era satisfatório se:
Padm ≥ Sk
O fator de segurança tradicional era dado pela relação:
FS,trad = R/Padm
Os fatores de segurança recomendados para diferentes materiais encontram-se na Tabela 1.
Tabela 1. Comparação fatores de segurança 1862 e 1960
Rankine ABNT Tensões (kgf/cm2)
FATORES DE SEGURANÇA EVOLUÇÃO
(1862) (1960) Admissível Ruptura
Materiais e mão de obra FS FS,trad adm e S vS vR
Aço 3 2 1200 2400 1,50 0,30 ?
Boa qualidade Concreto 4 3 60 180 1,33 0,20 ?
Madeira 5 5 50 250 1,00 0,00 ?
O fator variava porque na flexão a ruptura era comandada pela resistência do aço, que
apresenta menor variabilidade e nos pilares comprimidos a ruptura era comandada pela resistência
do concreto, com maior variabilidade.
A evolução que ocorreu nesta década de 1960/1970 deve ser creditada, entre outros, às
pesquisas do Professor Lobo Carneiro no INT do Rio de Janeiro e do Professor Telêmaco Van
Langendonck da USP em São Paulo.
A atenção dos pesquisadores concentrou-se na variabilidade da resistência do concreto uma
vez que no método dos valores admissíveis havia a perigosa probabilidade de 50% de ocorrência de
resistências menores que o valor médio de resistência aos 28 dias.
A intervenção na confecção do concreto permitiu evidenciar a importância de controlar a
medida do cimento, agregado e água em massa ou volume, a correção do teor de umidade, etc.
A Tabela 3, apresenta a forma de se quantificar a resistência característica R com 5% de
probabilidade de ocorrência de valor menor, em função da resistência média f cm aos 28 dias e do
procedimento de controle adotado na obra.
Tabela 3. Controle para garantir resistência característica mínima R
A Tabela 3 apresenta o fator de segurança parcial R que define o ponto de resistência R valor
mínimo com 5% de probabilidade de ocorrência de valor menor. A tabela mostra que para os três
tipos de controle do concreto resultam as seguintes faixas de variabilidades da curva de resistência:
- Fator parcial forma da curva: 1,33 < R < 1,67
- Coeficiente variação resistência: 0,15 < vR < 0,24
A tabela 4 compara o fator de segurança na ruptura com os valores calculados indiretamente
pela variabilidade dos três tipos de controle do concreto:
A tabela 4 mostra que o antigo fator de segurança na ruptura =2,0 para concreto na
compressão da EB3/67 correspondia a um concreto de controle razoável.
Considerando os diferentes graus de controle de variabilidade da EB3/67 o fator de segurança
na ruptura variaria entre:
1,80 < < 2,26
Para o aço ao fator =1,65 corresponderia um coeficiente de variação da resistência vR = 0,11
e um fator parcial R = 1,21 para a curva de resistência.
R d > Ad
Rd = Rk/m
Sd = Sk. f
Tabela 6. Comparação fatores de segurança Rankine, ABNT 1960, EB3/67 e ABNT 2010
O fator de segurança de segurança relaciona o afastamento entre dois pontos das curvas de
solicitação S e de resistência R da obra.
Entretanto, a confiabilidade da fundação exige a análise do afastamento entre as curvas R e S
cujas formas são representadas por seus coeficientes de variação vR e vS.
No caso da análise de segurança analisa-se este afastamento entre os pontos notáveis das
curvas R e S pelo fator de segurança médio FS = R/S:
FS = R / S
No caso da análise de confiabilidade analisa-se o afastamento entre as curvas R e S definido
pela margem de segurança média M, pelo desvio padrão da curva M = R-S e pela correlação :
M = (R - S)
2 2
= √ + - 2.. .S
M R S R
A probabilidade de ocorrer ruína para todos os valores de (x) no intervalo ∞ < (x) < +∞, vale:
A esta expressão denomina-se convolução das curvas S e R que define a probabilidade de ruína.
A Tabela 7 apresenta diversas formas de distribuição da função f x(x) previstos pelo Eurocode
(2001).
Tabela 7. Funções estatísticas EUROCODE (2001)
A Tabela 8 ressalta que a crença comum de que fator de segurança infinitamente grande
conduz a uma probabilidade de ruína igual a zero não é real.
De fato, para uma obra com vR =0,50 e FS = ∞ resultaria:
= 1/0,5 = 2,0
pf =0,02275 → 1 ruina em 44 eventos.
No exemplo clássico do problema da cor de um táxi de uma cidade em que a cor dos táxis é
azul ou verde sabe-se a priori que a probabilidade de a cor ser azul vale:
P(A) = Probabilidade de um táxi ser azul – probabilidade a priori (0,15)
Portanto, a probabilidade de a cor ser verde será o complemento para 100%:
P(NãoA) = Probabilidade de um táxi ser verde (0,85)
Conhecida a probabilidade de ser verdadeira a informação adicional de uma testemunha que
viu a cor do táxi vale:
P(B|A) = Probabilidade de a testemunha dizer que o táxi é azul, dado que o táxi é
de fato azul (Likelihood) (0,80)
Portanto, a probabilidade de o táxi ser verde apesar da testemunha dizer que ele é azul
vale:
P(B|NãoA) = Probabilidade de um táxi ser verde (0,85) x Probabilidade da
testemunha dizer que o táxi é azul, dado que o táxi é de fato verde (0,20)
Portanto, a probabilidade de o táxi ser azul, dado que a testemunha disse que ele é azul é:
P(A|B) = Probabilidade de o táxi ser azul, dado que a testemunha disse que ele é
azul – probabilidade a posteriori.
Neste exemplo tem-se:
Portanto, a probabilidade de o táxi ser azul dado que a testemunha disse que ele é azul é de:
P(A/B) = 41%
Note-se que, sem a informação da testemunha a probabilidade de ser azul era:
P(A) = 15%
A principal dificuldade de se aplicar esta metodologia subjetiva ou bayesiana é a
determinação do valor a priori da probabilidade de ocorrência do evento analisado.
Uma vez determinado o valor desta probabilidade pode-se aplicar o teorema de Bayes.
No exemplo que se segue o cenário de análise de risco pressupõe que:
- Solicitação média S = 1000;
- Fator de segurança médio F = 2,00;
- Coeficiente variação da solicitação vS = 0,10;
- Coeficiente de variação da resistência vR = 0,10;
- Grau de certeza desejada no valor de probabilidade de ruína → P(B/A) = 95%.
A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos aplicando-se o método FOSM:
Tabela 9. Determinação direta (FOSM) da probabilidade de ruína
CURVAS S F R M DETERMINISTA
1000 2,00 2000 1000 1,72
100 0,28 200 224 4,47
v 0,10 0,14 0,10 0,22 pf 3,87211E-06
Característico k 1165 1,53 1671 1368 1/pf 258.257
Verifica-se que no cenário de análise pelo FOSM tem-se:
- Fator de segurança médio FS = 2,00;
- Fator de confiabilidade = 4,47;
- Inverso da probabilidade de ruína 1/pf = 258.257;
- Fator de segurança tradicional = 1,72.
Se quem julga o valor de probabilidade de ruína não se contenta com a certeza P(B/A)=50%
implícito no cálculo pelo método direto do FOSM e pode aplicar o teorema de Bayes que permite
estabelecer valores de fator de segurança e probabilidade de ruína para qualquer grau de (in)certeza
P(B/A) que se deseje adotar.
A Tabela 10 apresenta a análise de probabilidade de ruína considerando certo grau P(B/A) de
(in)certeza subjetiva nos cálculos.
Por exemplo, a última coluna da Tabela 10 apresenta os resultados para P(B/A) = 95%:
- Fator de segurança médio F = 1,77;
- Fator de confiabilidade = 3,80;
- Inverso da probabilidade de ruína 1/pf = 13.593;
Tabela 10. Probabilidade de ruína considerando certo grau de (in)certeza subjetiva no cálculo.
TEOREMA DE BAYES NO CÁLCULO DA PROBABILIDADE DE RUÍNA (considerando o grau de confiança no cálculo)
P(A) = Probabilidade de ruina calculada 0,000004 0,000004 0,000004 0,000004 0,000004 0,000004 0,000004 0,000004 0,000004
P(AC) = Probabilidade de sucesso calculado 0,999996 0,999996 0,999996 0,999996 0,999996 0,999996 0,999996 0,999996 0,999996
P(B/A) = Probabilidade de certeza (% ou mais) 5% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 95%
P(B/AC) = Probabilidade de incerteza 95% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 5%
P(B/A) = Probabilidade de certeza 0,0000002 0,0000010 0,0000017 0,0000026 0,0000039 0,0000058 0,0000090 0,0000155 0,0000736
Conclui-se que graus de certeza maiores que 50% no cálculo implicam em menores
valores de fator de confiabilidade e de segurança e de maiores riscos.
A interpretação motivacional leva em conta as conveniências pessoais do julgador ao
julgar a probabilidade de ruína calculada convencionalmente.
7. Conclusão
A causa fundamental da variabilidade da resistência de fundações rasas e profundas é a
geometria da superfície resistente que se origina na longa história da formação geológica das
camadas de solos. Como resultado desse processo essa geometria e a curva de resistência de solos
sedimentares tendem a apresentar menor variabilidade que a de solos saprolíticos.
Fato relevante é que o fator de segurança não mede o risco geotécnico de uma obra de
fundação porque relaciona pontos das curvas de solicitação e resistência e, a probabilidade de ruína
depende da forma representada pelos coeficientes de variação vS e vR.
A interrelação entre os fatores de segurança, a probabilidade de ruína e os coeficientes de
variação vS e vR facilita a verificação dos valores mínimos de fatores de segurança tradicional e dos
fatores de segurança parciais exigidos pelas normas da ABNT.
Verificou-se que os atuais fatores parciais de segurança são coerentes com os fatores de
segurança do método de ruptura (estádio III), do método da carga admissível (estádio II) e com os
fatores globais de segurança recomendados em Rankine (1862).
A análise desta evolução mostrou que o coeficiente de variação máximo da solicitação foi de
30%. Os coeficientes máximos de variação de resistência do concreto foram de 24% e do aço de 11%.
Conclui-se que a análise de risco de uma fundação é comandada pela superfície resistente e
sua análise exige a descrição precisa do cenário correspondente à:
- Geometria das estruturas e maciço geotécnico, as propriedades dos materiais componentes,
as combinações e tempos de recorrência das cargas atuantes, os modelos de interação solo-
estrutura, os equipamentos e procedimentos de instalação e controle do projeto e execução;
- Procedimento de determinação das superfícies resistentes nas fases de concepção, projeto
e execução e verificação do desempenho;
- Comprovação de adequação dos fatores de segurança tradicional, global e parciais e eventual
necessidade de adoção de valores maiores que os mínimos das normas;
- Procedimento de interpretação subjetiva da probabilidade de ruína e do risco inerente.
Finalmente, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor o risco geotécnico deve ser
informado ao proprietário da obra.
REFERÊNCIAS
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ABNT – NBR 6122:2010 – Projeto e execução de fundações: Procedimento.
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Risco geotécnico = pf x C x V
Onde pf = probabilidade de ruína da fundação;
C = custo de reparação do dano causado pela ruína;
V = vulnerabilidade
Relação 1,007620
Numero estacas Numero estacas 36
Custo unitario fundação (R$/estaca) 8.346
Custo fundação (R$) 6.309.576
Relação custo/invest (%) 12,6
Risco aceitavel (consultar investidor ) (‰) 1,0
Valor risco aceitavel (R$) 50.000
Ocorrência de ruína Provável
Tempo recorrência meses 3
CONCLUSÃO ARRISCADO