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MÉTODOS DE RECOLHA DE DADOS

Análise de uma dissertação de mestrado

Ana Marmeleira, António Pedro Pereira, Eduarda Rondão, Joaquim Pinto, Margarida Marmeleira

Metodologia de Investigação em Contextos Online


Universidade Aberta
Novembro de 2010
INTRODUÇÃO
No âmbito do Tema 2 da unidade curricular Metodologia de Investigação em Contextos
Online – Métodos de Recolha de Dados – procedemos à análise da dissertação de
mestrado O Papel da Internet no processo de construção do conhecimento, de Cidália
Neto.

O objectivo central deste tema é adquirirmos conhecimentos gerais sobre os métodos


de recolha de dados, seja em pesquisas relacionadas com a investigação positivista e
quantitativa, seja em pesquisas relacionadas com a investigação interpretativa e
qualitativa. A partir das pesquisas que efectuámos, procuraremos aprofundar o nosso
conhecimento sobre a utilização do questionário enquanto técnica quantitativa de
recolha de dados e a utilização da entrevista enquanto técnica de recolha de dados
usada em investigação qualitativa.

A nossa investigação foi organizada em tópicos:

1. Análise da dissertação relativamente ao uso de questionários como técnica de


recolha de dados:
a) Explicitação dos objectivos;
b) Passos subjacentes à construção do questionário;
c) Identificação da amostra;
d) Método para a definição da amostra;
e) Validação prévia do questionário;
f) Modo de tratamento dos dados obtidos com a aplicação do questionário

2. Questionários online: que ferramentas utilizar?

3. Tipos, estruturação e características das entrevistas numa investigação

4. Processos para a realização de entrevistas através da Internet

Atendendo a que a abordagem destes temas se processou por etapas, decidimos


apresentar, nesta primeira fase as conclusões a que chegámos relativamente ao uso do
questionário, em particular na tese que analisámos, e às ferramentas que poderemos
utilizar para este método de recolha de dados.

Numa segunda fase, apresentaremos as nossas conclusões relativamente ao uso da


entrevista, fazendo um balanço da discussão que se processou em grupo. Atendendo a
que a discussão só agora está a terminar, contamos apresentar estas conclusões no
decorrer desta semana.

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1. Análise da dissertação relativamente ao uso de
questionários como técnica de recolha de dados
Com base na informação que pesquisámos previamente e depois de alguma discussão
em grupo, apresentamos as conclusões a que chegámos a partir da análise da tese O
papel da internet no processo de construção do conhecimento: uma perspectiva crítica
sobre a relação dos alunos do 3º ciclo com a internet, de Cidália Neto.

Explicitação dos objectivos

Logo no início da tese, a autora apresentou os objectivos de investigação a que se


propôs, os quais seriam mais adequadamente atingidos a partir de questionários, como
podemos verificar na página 3: «Este trabalho tem como objectivos verificar a
representação que professores e alunos têm acerca da Internet, bem como caracterizar
a utilização que fazem deste meio de aceder à informação.»
Mais adiante, nas páginas 64 e 65, especifica de forma mais pormenorizada estes
mesmos objectivos:
«Tendo em conta estas considerações e os objectivos gerais que presidiram à
realização deste trabalho (ver Capítulo 1), este estudo visou dois grupos de sujeitos,
professores e alunos do 3º Ciclo do Ensino Básico, e na sua génese estiveram os
seguintes objectivos:
- Verificar a facilidade de acesso (ou não) à Internet.
- Verificar a frequência de acesso à rede.
- Apurar as razões de uma fraca navegação na Internet (se for o caso).
- Identificar os interesses que motivam o acesso à rede.
- Caracterizar a relação dos dois grupos com a Internet, em termos técnicos.
- Identificar as representações que os actores educativos têm acerca dos
conteúdos presentes na Rede e sua organização.
- Verificar o grau de importância atribuída à Internet.
- Aquilatar o grau de confiança relativamente aos conteúdos que circulam na
Internet.
- Comparar as perspectivas e práticas dos dois grupos alvo.
Relativamente ao grupo de professores, pretende-se ainda:
- Caracterizar a relação dos alunos com a Internet, sob o ponto de vista dos
professores, em termos técnicos e cognitivos.
- Verificar se os professores ajudam os alunos nas suas pesquisas realizadas na
Internet.»

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Passos subjacentes à construção do questionário

Nesta dissertação, são-nos dadas poucas indicações quanto aos passos seguidos para a
construção dos questionários utilizados no estudo. Não ficamos a saber se houve a
preocupação de adequar o questionário ao público-alvo no que diz respeito à extensão e
à dificuldade da linguagem, por exemplo, nem sobre o que levou à selecção do tipo de
questões. As únicas indicações que são dadas são a composição dos questionários e a
existência de um processo de validação dos mesmos antes da sua aplicação.

«Os instrumentos de investigação utilizados foram dois questionários, um destinado


a professores e outro aos alunos, constituídos por perguntas fechadas e por
questões de escolha múltipla, pretendendo-se que satisfizessem os objectivos
propostos.» (pág. 66)

Também não encontramos qualquer referência à selecção de escalas para os


questionários - de Likert , Visual Analogue Scales (VAS), Numérica ou de Guttman –
nem às razões pelas quais se decidiu optar ou não por alguma delas. É só ao consultar
os questionários apresentados nos anexos que poderemos verificar que escala foi usada
em determinadas questões.

Identificação da amostra

A amostra é claramente identificada pela autora da tese, nas páginas 65 e 66, onde
ficamos a saber que esta é constituída por 350 alunos e 110 professores, de várias
escolas, sendo os alunos jovens entre os 13 e os 15 anos, do 8º ano de escolaridade:
«A área de aplicação do questionário foram escolas da DREN, do distrito do Porto e
Bragança, (...) [sendo escolas do litoral e do interior] (…). Desta forma, as escolas
seleccionadas foram as que se seguem:
Distrito do Porto:
• Escola Secundária de Lousada;
• Escola Básica 2,3 da Agrela;
• Escola Secundária de Felgueiras.
Distrito de Bragança:
• Escola Secundária de Carrazeda de Ansiães;
• Escola Básica 2,3 de Vila Flor.

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O total de inquéritos realizados aos alunos foi de 350. No grupo dos professores
foram realizados 110, sem que se tivesse estabelecido qualquer distinção entre
zonas geográficas (…).
Os alunos têm entre 13 e 15 anos e frequentavam o 8º ano.»

Método para a definição da amostra

Embora a autora não refira explicitamente a expressão “amostragem por conveniência”,


refere a forma como constituiu a sua amostra, que corresponde exactamente a esse
método. Neste caso, a participação no estudo foi voluntária e os elementos que
responderam aos questionários foram professores que se disponibilizaram para auxiliar a
autora no seu estudo e, por extensão, os seus alunos.

«O critério de selecção das escolas foi a existência de professores aí colocados que


mostraram interesse em colaborar na aplicação dos inquéritos junto dos alunos e
colegas, bem como a presença de computadores ligados à Internet para uso dos
alunos» (pág. 65)

Além disso, é também referido que houve a preocupação de que a amostra fosse
constituída por alunos de zonas diferentes do país (litoral/interior), para que os dados
não reflectissem apenas a visão de uma zona específica do país.

«A área de aplicação do questionário foram escolas da DREN, do distrito do Porto e


Bragança, para permitir uma comparação dos resultados entre o litoral e o interior,
que pela situação geográfica desfavorável e diferentes estilos de vida poderiam
apresentar resultados diferentes.» (pág. 65)

Uma outra indicação que é dada quanto ao método de constituição da amostra tem a
ver com o ano de escolaridade dos alunos implicados. Seleccionou-se o 8º em
particular, por uma razão específica:

«Os alunos têm entre 13 e 15 anos e frequentavam o 8º ano. A escolha por estas
idades teve a ver com a entrada no período da adolescência.» (pág. 66)

Validação prévia do questionário

De acordo com a autora, os questionários aplicados a professores e alunos foram


sujeitos a um processo de validação prévio que passou pela aplicação dos mesmos a
um grupo restrito de alunos e professores, o que permitiu proceder a algumas
correcções pontuais. No entanto, não nos são dadas mais indicações quanto às
alterações efectivamente feitas. Também não sabemos se, depois dessas alterações, os

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questionários voltaram a ser aplicados de modo a verificar se as alterações feitas foram
as mais adequadas.

«A fim de validar o questionário, foi elaborada uma primeira versão e submetida à


apreciação de 20 alunos e 10 professores. As dificuldades, dúvidas e sugestões dos
intervenientes permitiram corrigir aspectos de forma e conteúdo. Assim, foi
reformulada a redacção das questões 11 e 12 e acrescentados tópicos às opções da
pergunta 12.» (pág. 66)

Modo de tratamento dos dados obtidos com a aplicação do questionário

Tal como no que diz respeito aos aspectos anteriores, há alguma referência ao modo de
tratamento dos dados que a autora obteve a partir da aplicação dos questionários, no
entanto são informações relativamente superficiais. Na página 67 lemos o seguinte:

«Os dados foram tratados e analisados tendo em vista os objectivos de investigação


previamente definidos. Para análise estatística recorreu-se ao programa de
computador Excel, sendo os resultados apresentados, sempre que útil, na sua
perspectiva percentual.»

Assim, a única indicação dada é que houve uma análise estatística (efectuada com o
auxílio do programa Excel) e que os dados serão apresentados em percentagens quando
isso for mais conveniente para transmitir determinada ideia. Não sabemos, por exemplo,
se foi feito um cruzamento das informações resultantes do questionário ou se cada
questão foi analisada independentemente.

2. Questionários online: que ferramentas utilizar?

Para realizar questionário online, existe um número enorme de ferramentas.

No entanto, a maioria delas dispõe de uma versão mais completa que é paga e uma
versão mais limitada que é gratuita.

Existe uma grande variedade e diversidade de opções. Umas que são pagas por cada
mês que o questionário está activo, outras são gratuitas mas têm limitações quanto ao
número de questões e de inquiridos, outras ainda são gratuitas mas necessitam de um
servidor que pode ser ou não pago.

Opções não faltam, há que conhecer e experimentar para se encontrar a mais adaptada
ao que se pretende.

De todas as ferramentas que se apresentam na tabela destacamos 4, por serem nossas


conhecidas (enquanto produtores de questionários ou inquiridos).

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As que destacamos são: Lime Survey; Google Doc(Formulários), Acividades de
Feedback - Plataforma Moodle e ProProf.

A tabela que se segue é um resumo que resultou da pesquisa efectuada.

Lime Survey É uma ferramenta feita em PHP que pode ser descarregada para
instalação num servidor.
Podemos igualmente utilizar a ferramenta directamente sem termos de
possuir um servidor através do serviço disponibilizado.

Google Doc É uma boa ferramenta para a criação de questionários online.


Permite ao investigador criar máscaras de introdução de dados de
(Formulários) forma simples e intuitiva.
Permite ainda a consulta rápida dos dados, uma vez que passam
directamente para uma folha de cálculo e existe a possibilidade de
fazer análise profunda dado que os dados podem ser rapidamente
canalizados para um programa tipo Excel ou para um programa como o
SPSS.

Feedback - Permite construir questionários online com um número ilimitado de


Moodle questões e de inquiridos.

Proprofs É uma ferramenta grátis, onde se pode realizar quiz, testes online,
formação, recrutamento, exames, curiosidades ou apenas testes de
puro divertimento.

encuestafacil Ferramenta em português gratuita.

Survs Permite que vários utilizadores, trabalhem de forma colaborativa na


construção questionário. Permite analisar em tempo real as respostas
recebidas.

paxonta Na versão grátis, permite questionários até 100 perguntas, com 18


modalidades diferentes.

questionform É uma aplicação grátis para criar, publicar e analisar inquéritos online e
formulários.
Tem uma versão grátis, mas com poucas funcionalidades.

SurveyMonkey Tem a finalidade de permitir a qualquer pessoa criar inquéritos online


profissionais, de forma rápida e fácil.
Existe uma versão grátis que permite criar um número ilimitado de
inquéritos, até 10 perguntas por inquérito e 100 respostas.
Permite ainda a utilização qualquer língua.

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Thesis Tools Ferramenta para quem está a trabalhar numa dissertação.
O serviço é gratuito, mas pedem que se apresente os resultados no
site (num ficheiro do Word ou PDF).
Em português.

2Ask Serviço comercial, com uma versão de teste grátis que pode ser
utilizada durante um mês.
Esta versão gartuita permite criar três inquéritos (até 100 perguntas).
Tem o inconveniente de apenas poderem responder 10 pessoas.

Zoomerang Tem uma versão gratuita que permite até 30 perguntas por inquérito.

Surveygizmo Tem uma versão gratuita que dura 14 dias e permite um número
ilimitado de inquéritos e perguntas (250 respostas por mês).

QuestionPro Tem uma versão gratuita muito elementar.

Magicsurveytool Tem uma versão gratuita que dura um mês.

Survey Methods Tem uma versão gratuita que normalmente durante uma semana.

Zoho Challenge

Quibblo

FormStack

MyStudiyo

Quizinator

Email me Form

ClassMarker

Form Site

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