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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

BIOMA PAMPA ECOLOGIA, PROJETOS E


CONSTRUÇÕES LTDA.

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Treinamento nas áreas de licenciamento,


fiscalização e monitoramento ambiental
para os técnicos lotados na UIGA Caruaru e
Diretorias

Disciplina: LICENCIAMENTO AMBIENTAL:


ATIVIDADES FLORESTAIS E ATIVIDADES
FINANCIADAS PELO BANCO MUNDIAL

Professor: Luciano Weber Scheeren

Fevereiro de 2014
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................ 4
GESTÃO AMBIENTAL ................................................................................................................. 5
1. LICENCIAMENTO AMBIENTAL - DEFINIÇÃO E FUNDAMENTOS LEGAIS ........................ 6
CARACTERÍSTICAS DOS EMPREENDIMENTOS QUE NECESSITAM DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL....... 7
TIPOS DE LICENÇA AMBIENTAL (CONAMA 237/97) ...................................................................... 8
Licença Prévia - LP .................................................................................................................. 8
Licença de Instalação – LI ..................................................................................................... 10
Licença de Operação – LO .................................................................................................... 10
PROCEDIMENTOS PARA OBTENÇÃO DA LICENÇA AMBIENTAL ........................................................ 11
REGULARIZAÇÃO DE EMPREENDIMENTO NÃO LICENCIADO............................................................ 18
ESTUDOS AMBIENTAIS ............................................................................................................... 19
Estudo de Impacto Ambiental - EIA ....................................................................................... 21
Relatório De Impacto Ambiental – Rima ................................................................................ 22
CONSEQUÊNCIAS DA AUSÊNCIA OU FALHA NO LICENCIAMENTO .................................................... 24
CUSTO DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL ...................................................................................... 26
2. CARACTERIZAÇÃO DA VEGETAÇÃO ................................................................................ 29
FLORA....................................................................................................................................... 29
NOMENCLATURA CIENTÍFICA ...................................................................................................... 30
TIPOS DE VEGETAÇÃO ............................................................................................................... 31
REGIÕES FITOGEOGRÁFICAS ...................................................................................................... 36
REGIÕES FITOGEOGRÁFICAS DE PERNAMBUCO ........................................................................... 44
Zona do Litoral ....................................................................................................................... 44
Zona da Mata ......................................................................................................................... 44
Zona da Caatinga ................................................................................................................... 44
Zona das Savanas ................................................................................................................. 45
LEGISLAÇÃO RELACIONADA À MATA ATLÂNTICA ........................................................................... 46
BACIAS HIDROGRÁFICAS ............................................................................................................ 51
ESTÁGIOS SUCESSIONAIS DA VEGETAÇÃO ................................................................................... 54
ESPÉCIES PROTEGIDAS ............................................................................................................. 58
AVALIAÇÃO AMBIENTAL .............................................................................................................. 61
PROGRAMA MUNICÍPIOS VERDES ............................................................................................... 62
3. ATIVIDADES FLORESTAIS SUJEITAS AO LICENCIAMENTO AMBIENTAL .................... 63
EXPLORAÇÃO FLORESTAL (LEI FEDERAL 12.651/2012)............................................................... 63
EXPLORAÇÃO FLORESTAL (LEI ESTADUAL 11.206/1995)............................................................. 66
EXPLORAÇÃO FLORESTAL (DECRETO FEDERAL 5.975/2006)....................................................... 68
UTILIZAÇÃO DE MATÉRIA-PRIMA FLORESTAL (DECRETO 5.975/2006) ........................................... 71
REPOSIÇÃO FLORESTAL E PIF(LEI ESTADUAL 11.206/1995) ........................................................ 72
REPOSIÇÃO FLORESTAL (DECRETO 5.975/2006) ......................................................................... 74
LICENÇA PARA TRANSPORTE DE PRODUTOS E SUBPRODUTOS FLORESTAIS DE ORIGEM
NATIVA (DECRETO 5.975/2006) .................................................................................................. 77
PUBLICIDADE DAS INFORMAÇÕES (DECRETO 5.975/2006) ............................................................ 78
4. GEORREFENCIAMENTO ...................................................................................................... 79
CONCEITOS BÁSICOS ................................................................................................................. 79
SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS ................................................................................. 82
CARACTERÍSTICAS DE SIG E DADOS GEORREFERENCIADOS ........................................................ 82
IMAGENS DE SATÉLITE ............................................................................................................... 84
SENSORIAMENTO REMOTO ......................................................................................................... 84
FERRAMENTAS DE GEORREFENCIAMENTO ................................................................................... 86

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LOCALIZAÇÃO - SISTEMAS DE REFERÊNCIA .................................................................................. 89


Posição e Orientação do Elipsóide de Referência ................................................................. 90
O SISTEMA GEODÉSICO BRASILEIRO .......................................................................................... 91
Sistema com Datum Córrego Alegre ..................................................................................... 91
Datum Sul Americano de 1969 (SAD 69) .............................................................................. 92
Sistema de Referência Geocêntrico para a América do Sul.................................................. 93
5. ASPECTOS LEGAIS .............................................................................................................. 96
MATA ATLÂNTICA .................................................................................................................. 96
POLÍTICA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE (LEI 6.938/1981) .............................................. 96
CÓDIGO FLORESTAL FEDERAL- LEI 12.651/2012 - DA ATIVIDADE FLORESTAL ............. 97
CONTROLE DO DESMATAMENTO ...................................................................................... 97
SUPRESSÃO DE VEGETAÇÃO PARA USO ALTERNATIVO DO SOLO ............................. 98
EXPLORAÇÃO FLORESTAL - PMFS .................................................................................... 99
REPOSIÇÃO FLORESTAL ................................................................................................... 101
PLANO DE SUPRIMENTO SUSTENTÁVEL (PSS) ............................................................. 102
CONTROLE DA ORIGEM DOS PRODUTOS FLORESTAIS - DOF .................................... 103
LICENÇA E COMERCIALIZAÇÃO DE MOTOSSERRA........................................................ 107
SILVICULTURA EQUIPARADA À ATIVIDADE AGRÍCOLA ................................................. 107
MEDIDAS DE PRECAUÇÃO................................................................................................. 107
INCENTIVO À RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS ............................................. 108
RESERVA LEGAL ................................................................................................................. 112
DA DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE RESERVA LEGAL ........................................................... 112
EXCEDENTE DA RESERVA LEGAL .................................................................................... 115
EXIGÊNCIA DE RESERVA LEGAL....................................................................................... 115
AVERBAÇÃO, REGISTRO E TRANSFERÊNCIA DA RESERVA LEGAL ............................ 116
ÁREAS CONSOLIDADAS EM ÁREA DE RESERVA LEGAL ............................................... 117
ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE ...................................................................... 120
DELIMITAÇÃO E PROTEÇÃO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE ............ 120
ÁREAS CONSOLIDADAS EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE ..................... 123
LICENCIAMENTO PELO ÓRGÃO AMBIENTAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO (LEI
14.249/10 E LEI 14.549/2011) ................................................................................................ 127
6. POLÍTICAS DE SALVAGUARDAS AMBIENTAIS DO BANCO MUNDIAL ........................ 131
POLÍTICAS OPERACIONAIS (OP) DO BANCO MUNDIAL ................................................................ 131
AVALIAÇÃO AMBIENTAL (OP 4.01) ............................................................................................ 132
Instrumentos da Análise Ambiental (AA) ............................................................................. 133
DEFINIÇÕES – ANEXO A (OP 4.01) ........................................................................................... 139
CONTEÚDO DE RELATÓRIO – ANEXO B (OP 4.01) ......................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
PLANO DE GESTÃO - ANEXO C (OP 4.0) ................................................................................... 143
ANEXOS ................................................................................................................................... 146

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APRESENTAÇÃO

O meio ambiente permeia diretamente a vida humana e não há como


dissociá-los. No entanto, as forças de mercado nem sempre atingem o ponto
de equilíbrio ideal para atender às necessidades de todos os elementos
envolvidos.
Nesse momento, cabe a atuação do Estado, de forma a determinar
limites e a preservar o bem comum. A Constituição Federal alçou a direito
fundamental do povo tanto o meio ambiente equilibrado como o
desenvolvimento econômico e social. Esses três elementos formam o tripé do
chamado desenvolvimento sustentável.
O equilíbrio desses interesses resultará na prosperidade almejada. O
licenciamento ambiental é instrumento fundamental na busca do
desenvolvimento sustentável. Sua contribuição é direta e visa a encontrar o
convívio equilibrado entre a ação econômica do homem e o meio ambiente
onde se insere.
Com esse instrumento estabelecido pela Política Nacional do Meio
Ambiente, instituída pela Lei 6.938/1981, busca-se a compatibilidade do
desenvolvimento econômico e da livre iniciativa com o meio ambiente,
considerando os limites de sua capacidade de regeneração.
O Licenciamento Ambiental, de utilização compartilhada entre a União e
os estados da federação, o Distrito Federal e os municípios, em conformidade
com as respectivas competências, tem o objetivo de regular as atividades e os
empreendimentos que utilizam os recursos naturais e podem causar
degradação ambiental.
Por meio dele, os órgãos ambientais adquirem a estatura legal para
avaliar os eventuais impactos ao meio ambiente de uma determinada atividade.
Trata-se de um importante mecanismo de nossa sociedade e proporciona
ganhos de qualidade ao meio ambiente e à vida das comunidades numa
melhor perspectiva de desenvolvimento.
A qualidade do licenciamento ambiental depende, em grande parte, da
disponibilidade e da produção de informação básica acerca dos recursos
naturais (solos, minerais, fauna, flora, ecossistemas etc.) de uma determinada
região. Investir na produção de conhecimento é fundamental, portanto. Tarefa
que cabe a todas as instituições, em especial às de pesquisa e às
universidades. Depende, também, do conhecimento pela maioria dos
interessados quanto aos procedimentos e trâmites requeridos para a sua
concessão.
O curso de licenciamento ambiental em atividades florestais tem por
objetivo contribuir com a divulgação desse importante instrumento da Política
Nacional de Meio Ambiente, buscando a discussão de conceitos e
procedimentos, visando a preservação do meio ambiente para as presentes e
futuras gerações.

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GESTÃO AMBIENTAL

A Gestão Ambiental possui caráter multidisciplinar, de forma que


profissionais dos mais diversos campos podem atuar na área, desde que
devidamente habilitados.
No início do movimento preservacionista do meio ambiente existia uma
divisão nítida entre os defensores da natureza (ditos ecologistas) e os que
pregavam a exploração irrestrita dos recursos naturais.
Com o advento do termo “desenvolvimento sustentável” tornou-se
necessária a formação de pessoas com um diferente perfil, profissionais que
agregassem a visão ambientalista à exploração “racional” dos recursos
naturais, aí surgiram os gestores ambientais.
A Gestão Ambiental visa ordenar as atividades humanas para que estas
originem o menor impacto possível sobre o meio. Esta organização vai desde a
escolha das melhores técnicas até o cumprimento da legislação e a alocação
correta de recursos humanos e financeiros.
O que deve ficar claro é que “gerir” ou “gerenciar” significa saber
manejar as ferramentas existentes da melhor forma possível e não
necessariamente desenvolver a técnica ou a pesquisa ambiental em si. Pode
estar aí o foco da confusão de conceitos entre a enorme gama de profissionais
em meio ambiente. Pois, muitos são parte das ferramentas de Gestão (ciências
naturais, pesquisas ambientais, sistemas e outros), mas não desenvolvem esta
como um todo, esta função pertence aos gestores ou gerentes ambientais que
devem ter uma visão holística apurada.
Existe também uma outra discussão sobre o que é “Gestão Ambiental” e
o que é “Gerenciamento Ambiental”, alguns defendem que a “gestão” é
inerente à assuntos públicos (gestão de cidades, bacias, zonas costeiras,
parques) e que gerenciamento refere-se ao meio privado (empresas, indústrias,
fazendas e outros).
Esta diferença de significados, na verdade, não é importante, o que é
realmente importante é promover a Gestão Ambiental em todos os seus
aspectos.
Pode-se então concluir que a Gestão Ambiental é consequência natural
da evolução do pensamento da humanidade em relação à utilização dos
recursos naturais de um modo mais sábio, onde se deve retirar apenas o que
pode ser reposto ou caso isto não seja possível, deve-se, no mínimo, recuperar
a degradação ambiental causada.

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1. LICENCIAMENTO AMBIENTAL - DEFINIÇÃO E FUNDAMENTOS LEGAIS

A Constituição Federal previu, em seu art. 225, que “todos têm direito ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.”
Com isso, o meio ambiente tornou-se direito fundamental do cidadão,
cabendo tanto ao governo quanto a cada indivíduo o dever de resguardá-lo. A
defesa do meio ambiente apresenta-se também como princípio norteador e
inseparável da atividade econômica na Constituição Federal.
Desse modo, não são admissíveis atividades da iniciativa privada e
pública que violem a proteção do meio ambiente. O licenciamento é também
um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), cujo
objetivo é agir preventivamente sobre a proteção do bem comum do povo - o
meio ambiente – e compatibilizar sua preservação com o desenvolvimento
econômico-social. Ambos, essenciais para a sociedade, são direitos
constitucionais.
A meta é cuidar para que o exercício de um direito não comprometa
outro igualmente importante. A previsão do licenciamento na legislação
ordinária surgiu com a edição da Lei 6.938/81, que em seu art. 10 estabelece:
A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e
atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva ou
potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de
causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento por órgão
estadual competente, integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente -
SISNAMA, e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renováveis - Ibama, em caráter supletivo, sem prejuízo de outras licenças
exigíveis.
A Resolução Conama 237/97 traz o seguinte conceito de licenciamento
ambiental: Procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental
competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de
empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais,
consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras; ou aquelas que, sob
qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as
disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.
Por procedimento entende-se um encadeamento de atos que visam a
um fim – a concessão da licença ambiental. Esse procedimento é conduzido no
âmbito do Poder Executivo, na figura de seus órgãos ambientais nas várias
esferas, e advém do regular exercício de seu poder de polícia administrativa.
A licença ambiental é definida pela Resolução Conama 237/97 como:
Ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente estabelece as
condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser
obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar,
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instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos


recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou
aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental. A
licença ambiental é, portanto, uma autorização emitida pelo órgão público
competente.
Ela é concedida ao empreendedor para que exerça seu direito à livre
iniciativa, desde que atendidas as precauções requeridas, a fim de resguardar
o direito coletivo ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Importante
notar que, devido à natureza autorizativa da licença ambiental, essa possui
caráter precário.
Exemplo disso é a possibilidade legal de a licença ser cassada caso as
condições estabelecidas pelo órgão ambiental não sejam cumpridas.
O licenciamento é composto por três tipos de licença: prévia, de
instalação e de operação. Cada uma refere-se a uma fase distinta do
empreendimento e segue uma sequencia lógica de encadeamento.
Essas licenças, no entanto, não eximem o empreendedor da obtenção
de outras autorizações ambientais específicas junto aos órgãos competentes, a
depender da natureza do empreendimento e dos recursos ambientais
envolvidos.
Atividades que se utilizam de recursos hídricos, por exemplo, também
necessitarão da outorga de direito de uso desses, conforme os preceitos
constantes da Lei 9.433/97, que institui a Política Nacional de Recursos
Hídricos.
Outros exemplos para a concessão prévia de licenças relacionadas com
o tema do curso são apresentados a seguir:
A concessão de licença de para atividades que realizem a supressão da
vegetação nativa para uso alternativo do solo depende também de
autorização específica do órgão ambiental (Lei 12651/2012 - Art.);
Autorização para supressão de área de preservação permanente para a
execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública
ou interesse social (Código Florestal, Lei 12.651/2012 - Art 8º);
Licença para transportar e comercializar produtos florestais de origem
nativa (LEI 12651/2012 - Art 36, Portaria MMA 253/06 e Instrução
Normativa Ibama 112/06, que dispõem sobre o Documento de Origem
Florestal - DOF);

Características dos Empreendimentos que necessitam de Licenciamento


Ambiental

As licenças não são exigidas para todo e qualquer empreendimento. A


Lei Federal 6.938/81 determina a necessidade de licenciamento para as
atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva e
potencialmente poluidoras, bem como as capazes, sob qualquer forma, de
causar degradação ambiental.
Os conceitos de poluição e degradação trazem termos abstratos que
deixam abertura para a determinação da necessidade, ou não, de
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licenciamento. A definição legal do termo poluição é a degradação da


qualidade ambiental resultante de atividades humanas.
O termo degradação é traduzido pela legislação como a alteração
adversa das características do meio ambiente. Considerando que não há como
fixar, de forma definitiva, as atividades que causam degradação ou mesmo o
grau de alteração adversa ocasionado, caberá consulta ao órgão ambiental
para determinar se o empreendimento necessita de licenciamento. Há, porém,
atividades que, conforme a legislação vigente, já se sabe que devem ser
necessariamente licenciadas.
A Resolução Conama 237/97 traz, em seu Anexo I, um rol de atividades
sujeitas ao licenciamento ambiental. Para as atividades lá listadas, o
licenciamento é essencial. No entanto, essa relação é exemplificativa e não
pretende esgotar todas as possibilidades, o que seria impossível, mas funciona
como norteador para os empreendedores.
Atividades comparáveis ou com impactos de magnitude semelhante têm
grande probabilidade de também necessitarem de licenciamento. Novamente,
a consulta ao órgão ambiental elucidará essa dúvida.
Muitas vezes, o empreendedor acaba também procurando o órgão
ambiental por exigência de outros órgãos da administração pública
responsáveis por autorizações de atividades em geral, tais como:
∙ Prefeituras, para loteamentos urbanos e construção civil em geral;
∙ INCRA, para atividades rurais;
∙ DNER e DER, para construção de rodovias;
∙ DNPM, para atividade de lavra e/ou beneficiamento mineral;
∙ IBAMA ou órgão ambiental estadual, para desmatamento.

Um fator que aumentou o interesse dos empreendedores em verificar a


necessidade de licenciamento foi a possibilidade de incorrer nas penalidades
previstas na Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/98). Art. 60. Construir,
reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território
nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores sem
licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as
normas legais e regulamentares pertinentes: Pena - detenção, de um a seis
meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Tipos de Licença Ambiental (CONAMA 237/97)

Para cada etapa do processo de licenciamento ambiental, é necessária


a licença adequada: no planejamento de um empreendimento ou de uma
atividade, a licença prévia (LP); na construção da obra, a licença de instalação
(LI) e na operação ou funcionamento, a licença de operação (LO).

Licença Prévia - LP
Deve ser solicitada na fase preliminar do planejamento da atividade. É
ela que atestará a viabilidade ambiental do empreendimento, aprovará sua

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localização e concepção e definirá as medidas mitigadoras e compensatórias


dos impactos negativos do projeto.
Sua finalidade é definir as condições com as quais o projeto torna-se
compatível com a preservação do meio ambiente que afetará. É também um
compromisso assumido pelo empreendedor de que seguirá o projeto de acordo
com os requisitos determinados pelo órgão ambiental.
Para as atividades consideradas efetiva ou potencialmente causadoras
de significativa degradação ambiental, a concessão da licença prévia
dependerá de aprovação de estudo prévio de impacto ambiental e respectivo
relatório de impacto sobre o meio ambiente (EIA/Rima).
Esses instrumentos também são essenciais para solicitação de
financiamentos e obtenção de incentivos fiscais.
A licença prévia possui extrema importância no atendimento ao princípio
da prevenção. Esse princípio se desenha quando, diante da ineficácia ou
pouca valia em se reparar um dano e da impossibilidade de se recompor uma
situação anterior idêntica, a ação preventiva é a melhor solução.
Nesse conceito se encaixam os danos ambientais, cujo impacto negativo
muitas vezes é irreversível e irreparável.
Durante o processo de obtenção da licença prévia, são analisados
diversos fatores que definirão a viabilidade ou não do empreendimento que se
pleiteia. É nessa fase que:
∙ são levantados os impactos ambientais e sociais prováveis do
empreendimento;
∙ são avaliadas a magnitude e a abrangência de tais impactos;
∙ são formuladas medidas que, uma vez implementadas, serão capazes
de eliminar ou atenuar os impactos;
∙ são ouvidos os órgãos ambientais das esferas competentes;
∙ são ouvidos órgãos e entidades setoriais, em cuja área de atuação se
situa o empreendimento;
∙ são discutidos com a comunidade, caso haja audiência pública, os
impactos ambientais e respectivas medidas mitigadoras e compensatórias; e
∙ é tomada a decisão a respeito da viabilidade ambiental do
empreendimento, levando-se em conta sua localização e seus prováveis
impactos, em confronto com as medidas mitigadoras dos impactos ambientais
e sociais.
O prazo de validade da Licença Prévia deverá ser, no mínimo, igual ao
estabelecido pelo cronograma de elaboração dos planos, programas e projetos
relativos ao empreendimento ou atividade, ou seja, ao tempo necessário para a
realização do planejamento, não podendo ser superior a cinco anos.
Para convênios celebrados com a Administração Pública Federal, o
licenciamento está previsto nas normas que regem a matéria como pré-
requisito para sua celebração.
O interessado deverá expor proposta de convênio ao Ministério
pertinente, mediante a apresentação de plano de trabalho que conterá, dentre
outros pontos, a licença prévia ambiental, quando o convênio envolver obras,
instalações ou serviços que exijam estudos ambientais – EIA/ Rima. Além
disso, o projeto básico que integrará o plano de trabalho já deverá contemplar a
implantação das medidas sugeridas nos estudos ambientais.
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Ainda, a liberação de recursos para convênios em que haja


condicionantes ambientais também está condicionada à existência da licença
prévia.

Licença de Instalação – LI
Após a obtenção da licença prévia, inicia-se então o detalhamento do
projeto de construção do empreendimento, incluindo nesse as medidas de
controle ambiental determinadas. Antes do início das obras, deverá ser
solicitada a licença de instalação junto ao órgão ambiental, que verificará se o
projeto é compatível com o meio ambiente afetado.
Essa licença dá validade à estratégia proposta para o trato das questões
ambientais durante a fase de construção. Ao conceder a licença de instalação,
o órgão gestor de meio ambiente terá:
autorizado o empreendedor a iniciar as obras;
concordado com as especificações constantes dos planos,
programas e projetos ambientais, seus detalhamentos e
respectivos cronogramas de implementação;
verificado o atendimento das condicionantes determinadas na
licença prévia;
estabelecido medidas de controle ambiental, com vistas a garantir
que a fase de implantação do empreendimento obedecerá aos
padrões de qualidade ambiental estabelecidos em lei ou
regulamentos;
fixado as condicionantes da licença de instalação (medidas
mitigadoras e/ou compensatórias).

O órgão ambiental realizará o monitoramento das condicionantes


determinadas na concessão da licença. O acompanhamento é feito ao longo do
processo de instalação e será determinado conforme cada empreendimento.
O prazo de validade da licença de instalação será, no mínimo, igual ao
estabelecido pelo cronograma de instalação do empreendimento ou atividade,
não podendo ser superior a seis anos.

Licença de Operação – LO
A licença de operação autoriza o interessado a iniciar suas atividades.
Tem por finalidade aprovar a forma proposta de convívio do empreendimento
com o meio ambiente e estabelecer condicionantes para a continuidade da
operação. Sua concessão é por tempo finito.
A licença não tem caráter definitivo e, portanto, sujeita o empreendedor
à renovação, com condicionantes supervenientes.
O prazo de validade da licença de operação deverá considerar os planos
de controle ambiental e será, em regra, de, no mínimo, quatro anos e, no
máximo, dez anos.
Cada ente da federação determinará, dentro desse limite, seus prazos.
O ideal é que esse prazo termine quando terminarem os programas de controle

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ambiental, o que possibilitará uma melhor avaliação dos resultados bem como
a consideração desses resultados no mérito da renovação da licença.
No entanto, o órgão ambiental poderá estabelecer prazos de validade
específicos para a licença de operação de empreendimentos que, por sua
natureza e peculiaridades, estejam sujeitos a encerramento ou modificação em
prazos inferiores.
A renovação da LO deverá ser requerida pelo empreendedor com
antecedência mínima de 120 dias do prazo de sua expiração. O pedido de
renovação deverá ser publicado no jornal oficial do estado e em um periódico
regional ou local de grande circulação.
Caso o órgão ambiental não conclua a análise nesse prazo, a licença
ficará automaticamente renovada até sua manifestação definitiva.
Na renovação da licença de operação, é facultado ao órgão ambiental,
mediante justificativa, aumentar ou reduzir seu prazo de validade, mantendo os
limites mínimo e máximo de quatro e dez anos. A decisão será tomada com
base na avaliação do desempenho ambiental da atividade no período anterior.
A licença de operação possui três características básicas:
1. é concedida após a verificação, pelo órgão ambiental, do efetivo
cumprimento das condicionantes estabelecidas nas licenças anteriores
(prévia e de instalação);
2. contém as medidas de controle ambiental (padrões ambientais) que
servirão de limite para o funcionamento do empreendimento ou
atividade; e
3. especifica as condicionantes determinadas para a operação do
empreendimento, cujo cumprimento é obrigatório, sob pena de
suspensão ou cancelamento da operação.
O licenciamento é um compromisso, assumido pelo empreendedor junto
ao órgão ambiental, de atuar conforme o projeto aprovado. Portanto,
modificações posteriores, como, por exemplo, redesenho de seu processo
produtivo ou ampliação da área de influência, deverão ser levadas novamente
ao crivo do órgão ambiental. Além disso, o órgão ambiental monitorará, ao
longo do tempo, o trato das questões ambientais e das condicionantes
determinadas ao empreendimento.

Procedimentos para Obtenção da Licença Ambiental

Para obtenção do licenciamento de empreendimento ou atividade


potencialmente poluidores, o interessado deverá dirigir sua solicitação ao órgão
ambiental competente para emitir a licença, podendo esse ser o Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), os
órgãos de meio ambiente dos estados e do Distrito Federal (Oemas) ou os
órgãos municipais de meio ambiente (Ommas).
O órgão ambiental poderá estabelecer prazos de análise diferenciados
para cada modalidade de licença, em função das peculiaridades da atividade
ou empreendimento, bem como para a formulação de exigências
complementares, desde que observado o prazo máximo de seis meses a
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contar do ato de protocolar o requerimento até seu deferimento ou


indeferimento, ressalvados os casos em que houver Estudo de Impacto
Ambiental – EIA e Relatório de Impacto Ambiental - Rima e/ou audiência
pública, quando o prazo será de até doze meses.

1ª Etapa: Identificação da competência para licenciar

De acordo com o art. 23, incisos III, VI e VII da Constituição Federal, é


competência comum da União, dos estados, do Distrito Federal e dos
municípios proteger o meio ambiente, combater a poluição em qualquer de
suas formas e preservar as florestas, a fauna e a flora.
No âmbito do licenciamento, essa competência comum foi delimitada
pela Lei 6.938/81. Esse normativo determinou que a tarefa de licenciar é, em
regra, dos estados, cabendo ao Ibama uma atuação supletiva, ou seja,
substituir o órgão estadual em sua ausência ou omissão. Portanto, não cabe ao
órgão federal rever ou suplementar a licença ambiental concedida pelos
estados.
Ao Ibama também foi dada pelo dispositivo legal competência originária
para licenciar. Coube a esse órgão a responsabilidade pelo licenciamento de
atividades e obras com significativo impacto ambiental, de âmbito nacional ou
regional.
A Resolução Conama 237/97 enquadra nessa situação os
empreendimentos:
localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país
limítrofe;
no mar territorial;
na plataforma continental;
na zona econômica exclusiva;
em terras indígenas ou
em unidades de conservação do domínio da União; ∙
localizados ou desenvolvidos em dois ou mais estados; ∙
cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites
territoriais do País ou de um ou mais estados; ∙
destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar ou
armazenar material radioativo ou dele dispor, em qualquer
estágio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer de suas
formas e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de
Energia Nuclear (CNEN); ∙
bases ou empreendimentos militares, quando couber, observada
a legislação específica.

A Lei de Gestão de Florestas Públicas (Lei 11.284/06) incluiu novas


competências originárias de licenciamento. A exploração de florestas e
formações sucessoras, tanto de domínio público como de domínio privado,
dependerá de prévio licenciamento, em regra, dos órgãos ambientais
estaduais. Mas será de responsabilidade do Ibama quando se tratar
especificamente de:
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

florestas públicas de domínio da União;


unidades de conservação criadas pela União;
exploração de florestas e formações sucessoras que envolvam
manejo ou supressão de espécies enquadradas no Anexo II da
Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e
Fauna Selvagens em Perigo de Extinção-CITES, promulgada pelo
Decreto 76.623/75, com texto aprovado pelo Decreto Legislativo
54/75;
exploração de florestas e formações sucessoras que envolvam
manejo ou supressão de florestas e formações sucessoras em
imóveis rurais que abranjam dois ou mais estados;
supressão de florestas e outras formas de vegetação nativa em
área maior que:
a) dois mil hectares em imóveis rurais localizados na Amazônia
Legal;
b) mil hectares em imóveis rurais localizados nas demais
regiões do país;
supressão de florestas e formações sucessoras em obras ou
atividades potencialmente poluidoras licenciadas pelo Ibama;
manejo florestal em área superior a cinqüenta mil hectares.

A Resolução CONAMA 237/97 relaciona também as situações em que a


competência pelo licenciamento recai sobre os órgãos estaduais e distrital. São
de sua responsabilidade os empreendimentos e atividades:
localizados ou desenvolvidos em mais de um município ou em
unidades de conservação de domínio estadual ou do Distrito
Federal;
localizados ou desenvolvidos nas florestas e demais formas de
vegetação natural de preservação permanente relacionadas no
art. 2º da Lei 4.771/65 e em todas as que assim forem
consideradas por normas federais, estaduais ou municipais;
cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites
territoriais de um ou mais municípios;
delegados pela União aos estados ou ao Distrito Federal por
instrumento legal ou convênio.

Aos órgãos ambientais municipais compete o licenciamento ambiental


de empreendimentos e atividades de impacto ambiental local e daqueles sobre
os quais houve delegação pelo estado por instrumento legal ou convênio.
Recente alteração na competência legal municipal para licenciar também
foi introduzida pela Lei de Gestão de Florestas Públicas. Na exploração de
florestas e formações sucessoras, tanto de domínio público como de domínio
privado, será competência dos municípios licenciar quando se referir a:
florestas públicas de domínio do município;
unidades de conservação criadas pelo município,

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

casos que lhe forem delegados por convênio ou outro instrumento


admissível, ouvidos, quando couber, os órgãos competentes da
União, dos estados e do Distrito Federal.

A distribuição de competências realizada pelos normativos é matéria


que, por vezes, gera dúvidas e discussões acerca de qual esfera é responsável
pelo licenciamento frente a situações concretas.
No Parecer 312/CONJUR/MMA/2004, a consultoria jurídica do Ministério
do Meio Ambiente examina um caso concreto de conflito de competência entre
o IBAMA e o órgão estadual e traz esclarecimentos sobre o tema. A conclusão
do parecer afirma que o fundamento para repartição da competência para
licenciamento entre os entes da federação é o impacto ambiental do
empreendimento. Não é relevante para essa repartição se o bem é de domínio
da União, dos estados ou dos municípios. O que se considera é a
predominância do interesse, com base no alcance dos impactos ambientais
diretos (e não indiretos) da atividade.
Essa distribuição de competências, no entanto, ainda gera dúvidas e
somente será plenamente esclarecida quando houver a regulamentação das
competências comuns da União, dos estados e dos municípios, previstas no
art. 23 da Constituição Federal.

2ª Etapa - Licença Prévia - LP

Para a obtenção da licença prévia de um empreendimento, o


interessado deverá procurar o órgão ambiental competente ainda na fase
preliminar de planejamento do projeto. Inicialmente, o órgão ambiental definirá,
com a participação do empreendedor, os documentos, projetos e estudos
ambientais necessários ao início do processo de licenciamento. Em seguida, o
empreendedor contratará a elaboração dos estudos ambientais, que deverão
contemplar todas as exigências determinadas pelo órgão licenciador.
O Tribunal de Contas da União já firmou entendimento de que o órgão
ambiental não poderá admitir a postergação de estudos de diagnóstico próprios
da fase prévia para as fases posteriores sob a forma de condicionantes do
licenciamento (Acórdão 1.869/2006-Plenário-TCU, item 2.2.2).
O empreendedor deverá requerer formalmente a licença e apresentar os
estudos, documentos e projetos definidos inicialmente. Nessa fase ainda não é
apresentado o projeto básico, que somente será elaborado após expedida a
licença prévia. O pedido de licenciamento deverá ser publicado em jornal oficial
do ente federativo e em periódico regional ou local de grande circulação.
No procedimento de licenciamento ambiental deverá constar,
obrigatoriamente, a certidão da Prefeitura Municipal, declarando que o local e o
tipo de empreendimento ou atividade estão em conformidade com a legislação
aplicável ao uso e ocupação do solo e, quando for o caso, a autorização para
supressão de vegetação e a outorga para o uso da água, emitidas pelos órgãos
competentes.
Após receber a solicitação de licença e a documentação pertinente, o
órgão ambiental analisará o processo e realizará, se necessário, vistoria
técnica no local onde será implantado o empreendimento. O órgão ambiental
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

poderá solicitar esclarecimentos e complementações das informações


prestadas uma única vez, cabendo reiteração do pedido, caso aqueles não
tenham sido satisfatórios.
O empreendedor deverá atender à solicitação de esclarecimentos e
complementações formuladas pelo órgão ambiental, dentro do prazo máximo
de quatro meses, a contar do recebimento da respectiva notificação. Esse
prazo poderá ser prorrogado, desde que justificado e com a concordância do
empreendedor e do órgão ambiental. Caso as informações não sejam
prestadas no prazo legal, o empreendedor poderá ter seu pedido de licença
arquivado. Isso ocasionará a necessidade de iniciar outro processo de
licenciamento, com novos custos de análise, se for do interesse do particular.
Poderá haver, em algumas situações, audiência pública nessa etapa,
quando a comunidade é chamada a avaliar os impactos ambientais e sociais
do empreendimento e as medidas mitigadoras de cada um deles. As aludidas
audiências estão disciplinadas pela Resolução Conama 09/87 e têm por
objetivo expor aos interessados o conteúdo do Estudo de Impacto Ambiental –
EIA e do Relatório de Impactos sobre o Meio Ambiente – Rima, esclarecendo
dúvidas e recolhendo críticas e sugestões a respeito.
Se ocorrer audiência, abre-se novo prazo para esclarecimentos e
complementações decorrentes dos debates e questões levantadas pelo
público. A definição da necessidade de audiência pública, no caso concreto, é
feita:
a) a critério do órgão ambiental;
b) por solicitação de entidade civil;
c) por solicitação do Ministério Público; ou
d) por abaixo-assinado de pelo menos 50 cidadãos.

De qualquer forma, o órgão ambiental deve abrir prazo de 45 dias para


a solicitação de audiência pública, a partir da data do recebimento do Rima. No
caso de haver solicitação na forma regimental e o órgão ambiental negar a
realização, a licença prévia concedida será considerada nula.
Finalizada a análise, o órgão licenciador emite parecer técnico
conclusivo e, quando couber, parecer jurídico, decidindo pelo deferimento ou
indeferimento do pedido de licença, dando-se a devida publicidade. Conforme
entendimento firmado pelo Tribunal de Contas da União no Acórdão
1.869/2006-Plenário-TCU, o órgão ambiental deverá emitir parecer técnico
conclusivo que exprima de forma clara suas conclusões e propostas de
encaminhamento bem como sua opinião sobre a viabilidade ambiental do
empreendimento. Ao expedir a licença prévia, o órgão ambiental estabelecerá
as medidas mitigadoras que devem ser contempladas no projeto de
implantação. O cumprimento dessas medidas é condição para se solicitar e
obter a licença de instalação. Após pagamento e retirada da licença prévia, o
empreendedor deve publicar informativo comunicando a concessão no diário
oficial da esfera de governo que licenciou e em jornal de grande circulação.
Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos com
significativo impacto ambiental - assim considerado pelo órgão ambiental, com
fundamento em estudo de impacto ambiental e respectivo relatório (EIA/Rima),
o empreendedor é obrigado a apoiar financeiramente a implantação e
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral. Para


tanto, o órgão licenciador estabelecerá esse montante com base em percentual
sobre os custos totais previstos do empreendimento, de acordo com o grau de
impacto ambiental. Este percentual será de, no mínimo, 0,5%.

3ª Etapa - Elaboração do Projeto Básico

De posse da LP, o próximo passo do empreendedor é elaborar o projeto


básico do empreendimento (projeto de engenharia). O projeto básico é o
conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão
adequado para caracterizar a obra, o serviço, o complexo de obras ou o
complexo de serviços objeto da licitação. Ele é elaborado com base nas
indicações dos estudos técnicos preliminares, de forma a assegurar a
viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do
empreendimento. O projeto deve possibilitar a avaliação do custo da obra e a
definição dos métodos e do prazo de execução.
O adequado tratamento da questão ambiental no projeto básico significa
adotar, na sua elaboração, a localização e a solução técnica aprovadas na
licença prévia e incluir as medidas mitigadoras e compensatórias definidas
como condicionantes na licença prévia no item “identificação dos tipos de
serviços a executar e de materiais e equipamentos a incorporar à obra”.
A elaboração do projeto básico antes da concessão da licença prévia
não deve ser adotada. Ao solicitar essa licença, o empreendedor não tem
garantia de que ela será outorgada.
Também é possível que, para ser autorizada, o projeto tenha que sofrer
modificações em itens como localização e solução técnica. Por isso, não faz
sentido gastarem-se recursos com a elaboração de projeto básico que pode
não ser autorizado ou possivelmente tenha de ser modificado na sua essência.
Recomenda-se assim que ele seja elaborado após a concessão da licença
prévia, quando estará atestada a viabilidade ambiental no que concerne à
localização e à concepção do empreendimento.
Reconhecendo a necessidade da existência de licença prévia anterior ao
projeto básico, o TCU proferiu o Acórdão 516/2003-TCU Plenário, qualificando
como indício de irregularidade grave, para efeitos de suspensão de repasses
de recursos federais, a juízo do Congresso Nacional, a contratação de obras
com base em projeto básico elaborado sem a existência de licença ambiental
prévia (subitem 9.2.3.1).

4ª Etapa - Licença de Instalação - LI

A solicitação da licença de instalação deverá ser dirigida ao mesmo


órgão ambiental que emitiu a licença prévia. Quando da solicitação da licença
de instalação, o empreendedor deve:
comprovar o cumprimento das condicionantes estabelecidas na
licença prévia;
apresentar os planos, programas e projetos ambientais
detalhados e respectivos cronogramas de implementação;

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

apresentar o detalhamento das partes dos projetos de


engenharia que tenham relação com questões ambientais. Os
planos, programas e projetos ambientais detalhados serão objeto
de análise técnica no órgão ambiental, com manifestação, se for o
caso, de órgãos ambientais de outras esferas de governo.

Após essa análise, é elaborado parecer técnico com posicionamento a


favor ou contra a concessão da licença de instalação. Concluída a análise, o
empreendedor efetua o pagamento do valor cobrado pela licença, recebe-a e
publica anúncio de sua concessão no diário oficial da esfera de governo que
concedeu a licença e em periódico de grande circulação na região onde se
instalará o empreendimento. Durante a vigência da licença de instalação, o
empreendedor deve implementar as condicionantes determinadas, com o
objetivo de prevenir ou remediar impactos sociais e ambientais que possam
ocorrer durante a fase de construção da obra, por meio de medidas que devem
ser tomadas antes do início de operação. O cumprimento das condicionantes é
indispensável para a solicitação e obtenção da licença de operação.
O início das obras sem a devida licença de instalação é considerado
indício de grave irregularidade, conforme Acórdão 516/2003-TCUPlenário
(subitem 9.2.3.2), ensejando a interrupção do repasse de recursos financeiros
federais. As licitações de obras, instalações e serviços que demandem licença
ambiental somente devem ocorrer após a obtenção da licença de instalação,
conforme Acórdão 26/2002-Plenário-TCU, item 8.2, subitem ‘e’.
Nesse momento, o empreendimento já tem sua viabilidade ambiental
atestada pelo órgão competente bem como sua concepção, localização e
projeto de instalação devidamente aprovados.

5ª Etapa - Licença De Operação - LO

Ao requerer a licença de operação, o empreendedor deve comprovar


junto ao mesmo órgão ambiental que concedeu as licenças prévia e de
instalação:
a implantação de todos os programas ambientais que deveriam
ter sido executados durante a vigência da licença de instalação;
execução do cronograma físico-financeiro do projeto de
compensação ambiental;
o cumprimento de todas as condicionantes estabelecidas quando
da concessão da licença de instalação.

Caso esteja pendente alguma condicionante da licença prévia, sua


implementação também deverá ser comprovada nessa oportunidade. Após
requerer a licença de operação, e antes da sua obtenção, o interessado poderá
realizar testes pré-operacionais exclusivamente após autorização do órgão
ambiental.
Com base nos documentos, projetos e estudos solicitados ao
empreendedor, em pareceres de outros órgãos ambientais porventura
consultados e em vistoria técnica no local do empreendimento, o órgão

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

ambiental elabora parecer técnico sobre a possibilidade da concessão da


licença de operação.
Em caso favorável, o interessado deve efetuar o pagamento da licença e
providenciar a publicação de comunicado a respeito do fato no diário oficial da
esfera de governo que licenciou e em jornal regional ou local de grande
circulação.
Concedida a licença de operação, fica o empreendedor obrigado a
implementar as medidas de controle ambiental e as demais condicionantes
estabelecidas, sob pena de ter a LO suspensa ou cancelada pelo órgão
outorgante.
Normalmente as condicionantes visam à implementação correta dos
programas de monitoramento e acompanhamento ambiental do
empreendimento. Também objetivam prevenir riscos à saúde e ao meio
ambiente.
A importância do correto licenciamento igualmente é reafirmada pelo
Tribunal de Contas da União. Para essa Corte, o início das operações do
empreendimento sem a devida licença de operação é considerado indício de
grave irregularidade, conforme Acórdão 516/2003- TCU-Plenário (subitem
9.2.3.2), acarretando a suspensão de repasse de recursos federais. No que se
refere à renovação da LO, esta deve ser requerida com antecedência mínima
de 120 dias da expiração do prazo de validade da licença anterior, mediante
publicação do pedido em diário oficial e jornal de grande circulação.

Regularização de Empreendimento não Licenciado

Caso as obras se iniciem sem a competente licença de instalação ou as


operações comecem antes da licença de operação, o empreendedor incorre
em crime ambiental, conforme previsto no art. 60 da Lei de Crimes Ambientais
(Lei 9.605/98).
Para permitir a regularização de empreendimentos, foi estabelecido pelo
art. 79-A da Lei de Crimes Ambientais (introduzido pela MP 2.163-41, de 23 de
agosto de 2001) o instrumento denominado Termo de Compromisso.
É importante observar que o Termo de Compromisso não tem por
finalidade aceitar o empreendimento irregular. Ao contrário, serve
exclusivamente para permitir que as pessoas físicas ou jurídicas responsáveis
por empreendimentos irregulares promovam as necessárias correções de suas
atividades, mediante o atendimento das exigências impostas pelas autoridades
ambientais competentes.
No caso de obras já iniciadas, o órgão ambiental, ao considerar o caso
particular, levando em conta o cronograma da obra, os impactos ambientais e
os necessários programas de controle ambiental, celebrará Termo de
Compromisso com o empreendedor. Nesse caso, será emitida a licença de
instalação, sem a necessidade de recorrer ao licenciamento prévio. Ao celebrar
o Termo, o empreendedor beneficia-se da suspensão da multa porventura
aplicada em decorrência da ausência de licenciamento. Ficam também
suspensas as sanções administrativas impostas ao empreendedor que tiverem
como causas fatos contemplados no acordo firmado.
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

Estudos Ambientais

A Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA enfatizou a necessidade


de compatibilizar o desenvolvimento socioeconômico com a qualidade
ambiental, tendo como objetivo precípuo a preservação, melhoria e
recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar as
condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança
nacional e à proteção da dignidade da vida humana.
Para garantir esse objetivo, o art. 9º da Lei 6.938/81 relacionou os
instrumentos da PNMA, entre os quais se destacam o licenciamento ambiental
e a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA).
Por AIA entende-se um conjunto de procedimentos capaz de assegurar,
desde o início do processo, que se faça um exame sistêmico dos impactos
ambientais de uma ação proposta e de suas alternativas, e que os resultados
sejam apresentados de forma adequada ao público e aos responsáveis pela
tomada de decisão, e por eles considerados.
Além disso, os procedimentos devem garantir a adoção das medidas de
proteção ao meio ambiente determinadas, no caso de decisão sobre a
implantação do projeto39.
Destaca-se que a Lei 6.938/81 não relaciona esses dois instrumentos da
PNMA. Somente a partir da Resolução Conama 01/86 que a AIA vincula-se ao
licenciamento ambiental de atividades potencialmente poluidoras.
Essa resolução consagrou o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) como o
principal documento de avaliação de impactos de empreendimentos sujeitos ao
licenciamento, determinando que o EIA deve trazer a “definição das medidas
mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os equipamentos de controle e
os sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada uma
delas”.
Dessa forma, definições, responsabilidades, critérios básicos e diretrizes
gerais para o uso e implementação da AIA só foram estabelecidas a partir da
Resolução Conama 01/86.
A necessidade de EIA para o licenciamento é reforçada pela
Constituição Federal de 1988 que incumbiu ao Poder Público “exigir, na forma
da lei, para instalação de obra ou de atividade potencialmente causadora de
significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto
ambiental, a que se dará publicidade”.
Além disso, segundo o art. 3º da Resolução Conama 237/97, todas as
atividades e empreendimentos considerados, efetiva ou potencialmente,
causadores de significativa degradação do meio ambiente dependerão de
estudo de impacto ambiental (EIA) e de respectivo relatório de impacto sobre o
meio ambiente (Rima).
Para identificar atividades e empreendimentos que demandam o EIA, a
Resolução Conama 01/86 apresentou uma lista com alguns deles considerados
potencialmente causadores de significativo impacto ambiental. Destaca-se que
essa lista é apenas exemplificativa e que, por isso, poderá ser ampliada, mas
não reduzida.
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

Cabe destacar que o inciso IV, § 1º do art. 225 da Constituição Federal


de 1988 não tornou o EIA exigível em todos os casos, permitindo àqueles
relacionados a empreendimento ou atividade não “potencialmente causadora
de significativa degradação ambiental” a possibilidade de dispensa da
realização desse estudo.
O que não significa que a Carta Magna tenha dispensado o órgão
licenciador competente de proceder à avaliação do impacto ambiental (AIA) do
empreendimento a ser licenciado por meio de outros estudos ambientais.
Nesses casos, quando o impacto ambiental de determinada atividade for
considerado não-significativo, o órgão ambiental competente poderá demandar,
como subsídio ao processo decisório, outros estudos ambientais que não o
EIA, tais como relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental,
relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano
de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco.
Assim, a Resolução Conama 237/97, no parágrafo único de seu art. 3º,
assevera que “o órgão ambiental competente, verificando que a atividade ou
empreendimento não é potencialmente causador de significativa degradação
do meio ambiente, definirá os estudos ambientais pertinentes ao respectivo
processo de licenciamento.” Dessa forma, quando da solicitação de licença
prévia, ou da regularização de empreendimento em fase de instalação ou de
operação que não disponha da correspondente licença, o órgão ambiental
especifica os estudos ambientais que devem ser apresentados como condição
para a concessão de licença.
Por estudos ambientais entende-se aqueles que avaliam os aspectos
ambientais relacionados a localização, instalação, operação e ampliação de
uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise
da licença requerida.
A definição da necessidade desses estudos é feita pela legislação ou de
acordo com critérios do próprio órgão ambiental, ao analisar o caso concreto.
Destaca-se que, no âmbito federal, ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Renováveis (Ibama) cabe apenas determinar a feitura e realizar
a análise de estudos de impacto ambiental (EIA) e de relatórios de impacto
ambiental (Rima).
Contudo, é importante destacar que os estudos ambientais supracitados
compõem a avaliação de impactos ambientais (AIA) e não se confundem com a
avaliação ambiental estratégica (AAE). A principal diferença entre a AIA e a
AAE é que, no Brasil, a AIA é empregada usualmente na avaliação ambiental
de projetos de obras e atividades, e a AAE, na avaliação ambiental de políticas,
planos e programas. Assim, apesar de o licenciamento de empreendimentos e
atividades potencialmente poluidores, que utilizam a AIA em suas análises, ser
um instrumento importante para inserir a variável ambiental no processo de
tomada de decisão, esse possui uma ação limitada, pois subsidia apenas as
decisões de aprovação de projetos individuais.
Dessa forma, entre os benefícios da AAE, ressalta-se que sua realização
gera um contexto de decisão mais amplo e integrado com a proteção ambiental
e uma melhor capacidade de avaliação de impactos cumulativos de diferentes
projetos. Além disso, a AAE traz o benefício de fortalecer e facilitar a avaliação
de impacto ambiental (AIA), por meio da antecipação da identificação dos
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

impactos potenciais das políticas, planos e programas de governo, permitindo


reduzir o tempo e os recursos para avaliação ambiental de projetos individuais.
Destaca-se que o Acórdão 464/2004 – Plenário – TCU recomenda à
Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos do Ministério do
Planejamento e Orçamento e à Secretaria Executiva da Casa Civil que
analisem a oportunidade e a relevância da adoção da Avaliação Ambiental
Estratégica no processo de elaboração do Plano Plurianual (PPA) e no
planejamento de políticas, planos e programas setoriais, respectivamente.
Essa recomendação foi acatada, e o PPA 2008-2011 já contempla esse
instrumento. Na seção seguinte, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o
Relatório de Impacto Ambiental (Rima) serão os únicos estudos a ser
apresentados, haja vista que esses estão presentes na avaliação de
empreendimentos e atividades com maior dano ao meio ambiente.

Estudo de Impacto Ambiental - EIA

O estudo de impacto ambiental (EIA) é o exame necessário para o


licenciamento de empreendimentos com significativo impacto ambiental.
Apesar de a Resolução Conama 01/86, em seu art. 2º, listar, a título
exemplificativo, os casos de empreendimentos ou atividades sujeitas ao EIA e
ao Rima, caberá ao órgão ambiental competente identificar as atividades e os
empreendimentos causadores de “impactos significativos”. Cabe salientar que
o termo “significativo” é alvo de grande subjetividade. Contudo, seria impossível
o estabelecimento de um critério objetivo único que pudesse vigorar em todo o
território nacional. O que é significativo, importante, relevante, em um grande
centro, poderá não ter a mesma significação na zona rural. Há
empreendimentos perfeitamente suportáveis, do ponto de vista do controle
ambiental, em certos lugares, mas absolutamente inadmissíveis em outros.
O EIA deve ser elaborado por profissionais legalmente habilitados e
deve:

contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização de


projeto, confrontando-as com a hipótese de não execução do
projeto;
identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais
gerados nas fases de implantação e operação da atividade;
definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente
afetados pelos impactos, denominados área de influência do
projeto, considerando, em todos os casos, a bacia hidrográfica na
qual se localiza;
considerar os planos e programas governamentais propostos e
em implantação na área de influência do projeto e sua
compatibilidade.

De acordo com o art. 6º da Resolução Conama 237/97, o EIA deve ser


composto obrigatoriamente por quatro seções:

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

diagnóstico ambiental da área de influência do empreendimento: deve


descrever e analisar as potencialidades dos meios físico, biológico e
socioeconômico da área de influência do empreendimento, inferindo
sobre a situação desses elementos antes e depois da implantação do
projeto;
análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas:
contempla a previsão da magnitude e a interpretação da importância dos
prováveis impactos relevantes do empreendimento, discriminando os
impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e
indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários e
permanentes; o grau de reversibilidade desses impactos; suas
propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e
benefícios sociais;
medidas mitigadoras dos impactos negativos: devem ter sua eficiência
avaliada a partir da implementação dos programas ambientais previstos
para serem implementados durante a vigência da LI; e
programa de acompanhamento e monitoramento: deve abranger os
impactos positivos e negativos, indicando os padrões de qualidade a
serem adotados como parâmetros.

Considerando a extensão, o nível de detalhamento do EIA e o fato de


ele ser redigido em linguagem técnica, o Relatório de Impacto Ambiental
(Rima) é elaborado, em linguagem mais acessível, com o objetivo de atender à
demanda da sociedade por informações a respeito do empreendimento e de
seus impactos.

Relatório De Impacto Ambiental – Rima

O Rima é exigido nos mesmos casos em que se exige o EIA.


Diferentemente do que vem ocorrendo em muitos casos, o Rima não é,
e nem deve ser, um resumo do EIA. O EIA e o Rima são dois documentos
distintos com focos diferenciados.
O EIA tem como objeto o diagnóstico das potencialidades naturais e
socioeconômicas, os impactos do empreendimento e as medidas destinadas a
mitigação, compensação e controle desses impactos. Já o Rima oferece
informações essenciais para que a população tenha conhecimento das
vantagens e desvantagens do projeto e as consequências ambientais de sua
implementação. Em termos gerais, pode-se dizer que o EIA é um documento
técnico e que o Rima é um relatório gerencial. O Rima deve conter, de acordo
com os incisos I a VIII do art. 9º da Resolução Conama 01/86:

os objetivos e as justificativas do projeto, sua relação e sua


compatibilidade com as políticas setoriais, planos e programas
governamentais;
a descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e
locacionais, especificando para cada um deles, nas fases de
construção e operação, a área de influência, as matérias primas e
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

mão-de-obra, as fontes de energia, os processos e técnica


operacionais, os prováveis efluentes, emissões, resíduos de
energia e os empregos diretos e indiretos a serem gerados;
a síntese dos resultados dos estudos de diagnóstico ambiental da
área de influência do projeto;
a descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e
da operação da atividade, considerando o projeto, suas
alternativas, os horizontes de tempo de incidência dos impactos e
indicando métodos, técnicas e critérios adotados para sua
identificação, quantificação e interpretação;
a caracterização da qualidade ambiental futura da área de
influência, comparando as diferentes situações da adoção do
projeto e suas alternativas e a hipótese de sua não-realização;
a descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas
em relação aos impactos negativos, mencionando aqueles que
não puderam ser evitados, e o grau de alteração esperado;
o programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos;
a recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusões
e comentários de ordem geral).

A análise dos itens anteriores permite concluir que o Rima é um conjunto


de informações destinadas a possibilitar a avaliação do potencial impactante do
empreendimento. O Rima deve ser apresentado de forma objetiva e adequada
à compreensão do público em geral. As informações devem ser produzidas em
linguagem acessível, ilustradas por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais
técnicas de comunicação visual, de modo que se possa entender as vantagens
e as desvantagens do projeto e todas as consequências ambientais de sua
implementação.

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

Consequências da Ausência ou Falha no Licenciamento

O licenciamento ambiental é processo complexo que envolve a obtenção


de três licenças ambientais, além de demandar tempo e recursos. Entretanto,
os custos e o prazo para a obtenção do devido licenciamento não se
contrapõem aos requisitos de agilidade e racionalização de custos de
produção, inerentes à atividade econômica.
Ao contrário, atender à legislação do licenciamento implica
racionalidade. Ao agir conforme a lei, o empreendedor tem a segurança de que
pode gerenciar o planejamento de sua empresa no atendimento às demandas
de sua clientela sem os possíveis problemas de embargos e paralisações, além
de garantir que sua atuação será compatível com o meio ambiente.
O licenciamento é condição essencial para se obter financiamento junto
a entidades e órgãos bem como conseguir incentivos governamentais para o
empreendimento. Sem as devidas licenças, o projeto pode ficar comprometido
pela falta de recursos financeiros ou por ter incentivos fiscais, a que faria jus,
negados.
Solicitar ao órgão ambiental competente o licenciamento é condição
essencial para o bom andamento do processo. O requerimento de licenças em
órgão que não tenha competência originária para emiti-las ocasionará a
consequente interrupção do processo de licenciamento ou a realização de novo
licenciamento, com assunção da competência originária ou avocação da
competência pelo órgão adequado.
A realização de projeto básico e projeto executivo antes da expedição da
licença prévia pode acarretar prejuízos desnecessários e deve ser evitada. O
encadeamento correto é obter a licença prévia e, posteriormente, elaborar os
projetos de engenharia, pois, caso a licença imponha mudanças na localização
ou na concepção do empreendimento, o projeto deverá ser necessariamente
refeito para se adaptar ao que foi aprovado. Iniciar as obras antes de
concedida a competente licença de instalação acarretará a paralisação da
construção.
Além da interrupção dos trabalhos, atraso no cronograma e aumento dos
custos da obra, a falta da licença acarretará prováveis alterações do projeto
para adaptá-los às condicionantes, atraso no início da operação do
empreendimento e prejuízos financeiros, dentre outros.
A ausência das licenças ambientais relativas a cada fase do
empreendimento configura irregularidade grave perante o Tribunal de Contas
da União (itens 9.2.3.1 e 9.2.3.2 do Acórdão 516/2003-TCU-Plenário).
A consequência direta é a interrupção do repasse de recursos federais
para custear a obra pública. A falha ou ausência de licenciamento ambiental é
crime e pode ocasionar também as seguintes consequências:

pena de detenção de um a seis meses, ou multa, ou ambas as


penas cumulativamente aos empreendedores, na hipótese de
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em


qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou
serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização
dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas
legais e regulamentares pertinentes (Lei 9.605/98, art. 60).
Haverá agravamento de pena, no caso de abuso do direito obtido
mediante o licenciamento ambiental (Lei 9.605/98, art. 15, II, “o” e
art. 29, § 4º, IV);
pena de detenção de um a três anos e multa, quando aquele que
tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo deixar de cumprir
obrigação de relevante interesse ambiental. Se o crime é culposo,
a pena é de três meses a um ano, sem prejuízo da multa (Lei de
crimes ambientais, art. 68);
pena de reclusão de três a seis anos e multa para aquele que
elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão florestal ou
qualquer outro procedimento administrativo, estudo, laudo ou
relatório ambiental total ou parcialmente falso ou enganoso,
inclusive por omissão. Se o crime é culposo, pena de detenção,
de um a três anos. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3
(dois terços) se há dano significativo ao meio ambiente, em
decorrência do uso da informação falsa, incompleta ou enganosa
(Lei de crimes ambientais, art. 69-A);
sanções administrativas: suspensão de venda e fabricação do
produto; embargo de obra ou atividade; demolição de obra e
suspensão parcial ou total de atividades (Lei de Crimes
Ambientais, art. 72, § 7º);
suspensão ou cancelamento da licença ambiental pelo órgão
ambiental, nas hipóteses de (Resolução Conama 237/97, art. 19):
- violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou
normas legais;
- omissão ou falsa descrição de informações relevantes que
subsidiaram a expedição da licença;
- superveniência de graves riscos ambientais e de saúde;
denúncia do empreendimento pelo Ministério Público, atuando na
defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses
sociais e individuais indisponíveis (caput do art. 127 da CF), nos
casos de verificação de ilegalidade no procedimento de
licenciamento ou na implementação de condicionantes.

O não-cumprimento das medidas necessárias à preservação ou


correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade
ambiental acarretará também:

multa simples ou diária;


perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais;
perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento
em estabelecimentos oficiais de crédito; e
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

suspensão de sua atividade.

Caberá também ao poluidor, independente da existência de culpa,


indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros.
Incorre no mesmo crime a autoridade competente que deixar de promover as
medidas tendentes a impedir essas práticas.

Custo do Licenciamento Ambiental

O licenciamento envolve as seguintes despesas, todas a cargo do


empreendedor:
contratação da elaboração dos estudos ambientais (EIA, Rima,
etc.);
contratação, se necessário, de empresa de consultoria para
interagir com o órgão ambiental (acompanhando a tramitação do
processo de licenciamento), podendo ou não ser a mesma
empresa que elaborou o EIA/Rima;
despesas relativas à realização de reuniões e/ou audiências
públicas, caso necessárias;
despesas com publicações na imprensa de atos relacionados com
o processo de licenciamento;
pagamento da compensação ambiental;
pagamento das taxas (emissão das licenças e da análise dos
estudos e projetos) cobradas pelo órgão licenciador; e
despesas relativas à implementação dos programas ambientais
(medidas mitigadoras).

Os valores despendidos para a elaboração dos estudos ambientais e a


contratação de empresa especializada para interagir com o órgão ambiental
variam de acordo com os fatores envolvidos, com o tamanho e a localização do
empreendimento e com a magnitude dos seus impactos.
O pagamento de taxas de emissão de licença ambiental envolve dois
componentes de custo: o valor da licença e o custo da análise. O primeiro é
uma taxa cobrada pela emissão da licença ambiental. O segundo é o valor que
o órgão ambiental cobra pela análise dos estudos ambientais necessários para
fundamentar a decisão de emitir a licença pleiteada. Importante destacar que o
pagamento é feito para cada uma das licenças ambientais (LP, LI e LO) e
respectivas renovações.
Assim, para receber a LP, paga-se pela sua emissão e pela análise dos
estudos que nortearam a decisão do órgão ambiental para a outorga dessa
licença, quais sejam, o EIA, o Rima e outros estudos exigidos pelo órgão
ambiental. Na LI, o valor cobrado por ela refere-se ao valor exigido pela análise
dos planos e programas ambientais detalhados, apresentados pelo
empreendedor quando da solicitação da LI, e outros documentos porventura
requeridos pelo órgão ambiental. Na LO, paga-se o valor da licença e o valor
devido ao órgão ambiental pela análise do relatório de implementação dos
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

programas ambientais e demais documentos apresentados quando da


solicitação dessa licença.
O custo da análise dos documentos necessários para a obtenção da
licença ambiental inclui as despesas com viagens para fins de vistoria do
empreendimento (diárias e passagens) e os custos da análise propriamente
dita, que considera os salários e os respectivos encargos da equipe do órgão
responsável, no período em que durar a análise dos estudos ambientais.
O valor de cada licença, a depender do potencial poluidor e/ ou porte do
empreendimento, é fixo para cada um dos tipos de licença ambiental (LP, LI,
LO), em função da categoria em que o empreendimento se enquadra na
classificação do órgão ambiental.
A título de ilustração, o Ibama disponibiliza em seu sítio o valor cobrado
pelas licenças, que dependerá do tipo de licença e do tamanho do
empreendimento (pequeno, médio, grande).
O pronunciamento de outros órgãos ambientais não deve implicar ônus
adicional ao empreendedor, pois o fato de um órgão consultar o outro não
significa multiplicidade de licenciamento, e sim cooperação entre esferas de
governo, prevista no art. 23 da Constituição Federal de 1988.
A multiplicidade de licenciamento está proibida pelo art. 7º da Resolução
Conama 237/97. Do contrário, o licenciamento poderia tornar-se por demais
oneroso, se viesse a depender da manifestação de várias instâncias e esferas
de governo.
Outro custo presente no licenciamento refere-se à compensação
ambiental. Como alguns impactos não são possíveis de serem mitigados, entre
eles a perda da biodiversidade e de áreas representativas do patrimônio
cultural, histórico e arqueológico, o ordenamento jurídico que regra o
licenciamento estabeleceu a possibilidade da compensação ambiental.
Nesse sentido, a compensação ambiental passou a ser obrigatória para
empreendimentos causadores de significativo impacto ambiental, sendo
empregada para compensar os efeitos de impactos não mitigáveis ocorridos
quando da implantação de empreendimentos e identificados no processo de
licenciamento ambiental.
Estes recursos são destinados às Unidades de Conservação do grupo
de proteção integral. A escolha de unidades de conservação a serem
beneficiadas será definida pelo órgão ambiental licenciador, considerando as
propostas apresentadas no EIA/Rima e ouvido o empreendedor, podendo,
inclusive, ser contemplada a criação de novas unidades de conservação.
O valor da compensação ambiental será sempre igual ou superior a
0,5% do custo total previsto para a implantação do empreendimento. A base de
cálculo da compensação ambiental é o custo considerado para execução das
obras civis, tecnologia a ser adotada na atividade, aquisição de terreno,
instalações prediais, equipamentos, insumos, infra-estrutura geral, etc. A
gradação da alíquota, a partir de meio por cento, é feita com base no grau de
impacto ambiental estabelecido pelo órgão ambiental.
Em relação à regulamentação da compensação ambiental, alguns dos
principais pontos destacados pela Resolução Conama 371/2006 são:
os empreendedores públicos e privados se submetem às mesmas
exigências no que se refere à compensação ambiental;
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

para estabelecimento do grau de impacto ambiental serão considerados


somente os impactos ambientais causados aos recursos ambientais,
excluindo riscos da operação do empreendimento, não podendo
haver redundância de critérios (Lei 9.985/00, art. 2º, IV);
para o cálculo da compensação ambiental, serão considerados os
custos totais previstos para implantação do empreendimento e a
metodologia de gradação de impacto ambiental definida pelo órgão
ambiental competente;
os investimentos destinados à melhoria da qualidade ambiental e à
mitigação dos impactos causados pelo empreendimento, exigidos
pela legislação ambiental, integrarão os seus custos totais para
efeito do cálculo da compensação ambiental;
os investimentos destinados à elaboração e implementação dos planos,
programas e ações não exigidos pela legislação ambiental, mas
estabelecidos no processo de licenciamento ambiental para
mitigação e melhoria da qualidade ambiental não integrarão os
custos totais para efeito do cálculo da compensação ambiental;
os custos referidos no item anterior deverão ser apresentados e
justificados pelo empreendedor e aprovados pelo órgão ambiental
licenciador;
para efeito do cálculo da compensação ambiental, os empreendedores
deverão apresentar a previsão do custo total de implantação do
empreendimento antes da emissão da licença de instalação,
garantidas as formas de sigilo previstas na legislação vigente;
o percentual estabelecido para a compensação ambiental de novos
empreendimentos deverá ser definido no processo de licenciamento,
quando da emissão da licença prévia, ou quando esta não for
exigível, da licença de instalação;
não será exigido o desembolso da compensação ambiental antes da
emissão da licença de instalação;
a fixação do montante da compensação ambiental e a celebração do
termo de compromisso correspondente deverão ocorrer no momento
da emissão da licença de instalação;
o valor da compensação ambiental fica fixado em meio por cento dos
custos previstos para a implantação do empreendimento até que o
órgão ambiental estabeleça e publique metodologia para definição
do grau de impacto ambiental.

A contratação de empresa de consultoria fica a critério da conveniência


do empreendedor, já que o andamento da solicitação de licença ambiental
pode ser acompanhado pelo próprio empreendedor. 56. Art. 13 da Resolução
Conama 237/97.
Há a possibilidade de o órgão ambiental incluir no custo da análise uma
parcela a título de “Despesas Administrativas”, destinada a cobrir gastos como
fotocópias, energia elétrica e outros custos administrativos.

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

2. CARACTERIZAÇÃO DA VEGETAÇÃO

Flora
Em botânica, flora é o conjunto de táxons de plantas (geralmente,
apenas as plantas verdes) características de uma região. É possível elaborar
uma flora de gêneros, famílias ou, mais normalmente, espécies botânicas de
um determinado local ou região.
A palavra flora é também utilizada para designar as obras que
descrevem as espécies vegetais que ocorrem em determinado território ou
região (por exemplo: Flora Brasiliensis e Flora Europaea).
A Flora brasiliensis foi produzida entre 1840 e 1906 pelos editores Carl
Friedrich Philipp von Martius, August Wilhelm Eichler e Ignatz Urban, com a
participação de 65 especialistas de vários países. Contém tratamentos
taxonômicos de 22.767 espécies, a maioria de angiospermas brasileiras,
reunidos em 15 volumes, divididos em 40 partes, com um total de 10.367
páginas.
O projeto tem por objetivo desenvolver um sistema de informação on-line
sobre a flora brasileira, tendo como base as imagens digitalizadas em alta
resolução das pranchas de famílias selecionadas descritas na Flora brasiliensis
de Martius. A digitalização das imagens está sob a responsabilidade do Jardim
Botânico de Missouri . Os trabalhos referentes à atualização dos nomes estão
sendo coordenados por pesquisadores do Departamento de Botânica do
Instituto de Biologia da Unicamp. O CRIA (Centro de Referência em Informação
Ambiental) é responsável pelo desenvolvimento do sistema on-line.

O sistema de informação é composto pelos seguintes módulos:

a. banco de imagens das pranchas digitalizadas em alta


resolução;
b. banco de metadados1 com informações sobre o conteúdo das
imagens (nome científico da planta, volume, número, página,
etc.);
c. banco de dados com todos os nomes citados na obra;
d. sistema com ferramentas adequadas para que especialistas
possam de forma colaborativa contribuir na elaboração de um
catálogo de nomes atualmente aceitos, citando, quando for o

1
Metadados são dados sobre outros dados.
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

caso, a sua correspondência na obra Flora brasiliensis (o


sistema Flora brasiliensis revisitada.

O Brasil possui a maior biodiversidade vegetal do planeta, com mais de


55 mil espécies de plantas superiores e cerca de 10 mil de briófitas, fungos e
algas, um total equivalente a quase 25% de todas as espécies de plantas
existentes. A cada ano, cientistas adicionam dezenas de espécies novas a
essa lista, incluindo árvores de mais de 20 metros de altura. Acredita-se que o
número atual de plantas conhecidas represente apenas 60% a 80% das
plantas realmente existentes no país. Essa diversidade é tão grande que em
cerca de um hectare da floresta amazônica ou da Mata Atlântica encontram-se
mais espécies de árvores (entre 200 e 300 espécies) que em todo o continente
europeu.
A flora brasileira está distribuída por diversos habitats, desde florestas
de terra firme com cerca de 30 metros de altura de copa e com uma biomassa
de até 400 toneladas por hectare, até campos rupestres e de altitude, com sua
vegetação de pequenas plantas e musgos que frequentemente congelam no
inverno; e matas de araucária, o pinheiro brasileiro no sul do país. Alguns
desses habitats são caracterizados por uma flora endêmica característica. Os
campos rupestres e de altitude que dominam as montanhas do Brasil central,
por exemplo, apresentam uma grande variedade de espécies de velosiáceas,
eriocauláceas, bromeliáceas e xiridáceas que só ocorrem nesse habitat. A
maior parte da flora brasileira, entretanto, encontra-se na Mata Atlântica e na
floresta amazônica, embora o Pantanal mato-grossense, o cerrado e as
restingas também apresentem grande diversidade vegetal.

Nomenclatura Científica

A nomenclatura binomial ou nomenclatura binária designa, nas ciências


biológicas, o conjunto de normas que regulam a atribuição de nomes científicos
às espécies de seres vivos. Chama-se binominal porque o nome de cada
espécie é formado por duas palavras: o nome do gênero e o restritivo
específico, normalmente um adjectivo que qualifica género.
A utilização do sistema de nomenclatura binomial é um dos pilares da
classificação científica dos seres vivos sendo regulada pelos códigos
específicos da nomenclatura botânica, zoológica e bacteriológica.
Foi primeiramente proposta pelo naturalista suíço Gaspard Bauhin, no
século XVII e formalizada por Carlos de Lineu no século seguinte. Os nomes
utilizados são em latim, ou numa versão latinizada da palavra ou das palavras
que se pretende utilizar.
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

O nome genérico e o epíteto específico devem sempre ser escritos em


tipo itálico, ou, na sua indisponibilidade, ser sublinhados, sendo, sempre que
possível, seguidos pelo autor ou autores da descrição (em geral, referido como
a "autoridade"). Quando usado em conjunção com o nome vernáculo da
espécie (vulgar), o nome científico normalmente aparece imediatamente a
seguir no texto, incluído em parêntesis. Por exemplo, "A população de cedro
(Cedrela fissilis) está decrescendo na Mata Atlântica,"
A abreviatura "sp." (zoologia) ou "spec." (botânica) é usada quando o
nome da espécie não pode ou não interessa ser explicitado. A abreviatura
"spp." (plural) indica "várias espécies".
As principais vantagens da nomenclatura binomial derivam
essencialmente da sua economia descritiva, do seu uso generalizado e da
estabilidade de nomes que é favorecida:

Todas as espécies podem ser identificadas, sem risco de ambiguidade,


por apenas duas palavras.
O mesmo nome é de uso universal, independente da língua de trabalho,
evitando erros e problemas de tradução.
Apesar da estabilidade dos nomes estar longe de ser uma regra
absoluta, os procedimentos estabelecidos em relação à renomeação de
espécies favorecem fortemente a estabilidade. Por exemplo, quando
uma espécie é transferida para um género diferente, o que não é
incomum face aos avanços da ciência, sempre que possível o descritor
específico é mantido. O mesmo acontece quando uma espécie é
desqualificada como independente e é integrada noutra pré-existente,
situação em que o descritor é mantido ao nível subespecífico.

Tipos de Vegetação

A grande extensão territorial e latitudinal e a diversidade climática do


Brasil explicam a extraordinária riqueza vegetal que o país possui. Situado
quase totalmente dentro da Zona Neotropical, podemos dividi-lo para fins
geográficos em dois territórios: o amazônico e o extra-amazônico.
No amazônico (área equatorial ombrófila) o sistema ecológico vegetal
decorre de um clima de temperatura média em torno de 25°C com chuvas
torrenciais bem distribuídas durante o ano.
No extra-amazônico (área inter-tropical), o sistema ecológico vegetal
responde a dois climas: o tropical com temperaturas médias por volta de 22°C

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

e precipitação estacional, com período seco, e o subtropical com temperatura


média anual próxima dos 18°C, com chuvas bem distribuídas.
A grande quantidade de espécies vegetais nativas e exóticas de
importância econômica, conhecida e descrita em trabalhos científicos,
representa apenas uma amostra das que provavelmente existem. Não
podemos esquecer que grande parte da cobertura vegetal primitiva já foi e
continua sendo impiedosamente devastada, criando sérios riscos de acidentes
e desequilíbrios ecológicos.
A ação do homem como devastador da vegetação original se iniciou com
a colonização do Brasil, sendo acentuada nas regiões Sul, Sudeste, Nordeste e
parte do Centro-Oeste. Estados como São Paulo, Paraná e Minas Gerais já
devastaram a maior parte da cobertura primitiva.
Na Região Norte a ação depredadora data da década de 60, com
crescimento nos anos 70/80, provocando o quase desaparecimento de
espécies raras e já sendo motivo de preocupação em áreas como Rondônia,
oeste do Tocantins e sul do Pará, enquanto o reflorestamento e a preservação
são incipientes.
A classificação dos diferentes tipos de formações florestais utilizadas
pelo Serviço Florestal Brasileiro é a estabelecida pelo IBGE. Essa classificação
dá-se pelo Sistema Primário Natural, que apresenta uma hierarquia de
formações florestais, sendo detalhadas primeiro pela fitossociologia e em
seguida por estudos ecológicos.
Nesse sistema estão incluídos todos os tipos de vegetação ou Regiões
Fitoecológicas brasileiras, as Formações pioneiras, os Refúgios Vegetacionais
e as faixas de Tensão Ecológica entre duas ou mais Regiões Fitoecológicas.

Florestal Ombrófila

A palavra ombrófila tem origem grega e significa "amigo das chuvas", o


mesmo que pluvial de origem latina, e caracteriza uma formação vegetal
cujo desenvolvimento depende de regime de águas pluviais abundantes
e constantes.

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

Floresta Ombrófila Densa

Também conhecida como florestal pluvial tropical; possui uma vegetação


densa em todos os estratos (arbóreo, arbustivo, herbáceo e lianas);
ocorre em regiões dos biomas Amazônia e zona costeira da Mata
Atlântica onde o período biologicamente seco é praticamente inexistente.

Floresta Ombrófila Aberta

É uma variação da floresta ombrófila densa, sendo uma formação


florestal mais aberta, onde é comum observar combinações de espécies
particulares em associações (fasciações ou fascies); ocorre nas regiões
de transição entre o bioma Amazônico e as áreas vizinhas com mais
dias secos do que nas regiões onde ocorre Floresta Ombrófila Densa.

Floresta Ombrófila Mista

Caracteriza-se como uma floresta ombrófila, porém com predomínio da


espécie Araucaria angustifolia, e por isso é também conhecida como
Mata de Araucária; ocorre no Planalto Meridional (sul do Brasil), onde as
chuvas são regularmente distribuídas ao longo do ano e as temperaturas
são mais baixas em relação às outras regiões com formações
ombrófilas.
Floresta Estacional Semidecidual

É também denominada Floresta Tropical Subcaducifólia. Apresenta


vegetação condicionada pela dupla estacionalidade climática: uma
tropical com época de intensas chuvas de verão, seguida por estiagem
acentuada e outra subtropical sem período seco, mas com seca
fisiológica provocada pelo intenso frio do inverno, quando parte da
vegetação perde suas folhas. Ocorre em várias regiões do Brasil.

Floresta Estacional Decidual

É também denominada Floresta Tropical Caducifólia. Sua vegetação


caracteriza-se por duas estações climáticas bem demarcadas: uma
chuvosa seguida de outro longo período biologicamente seco, onde a
maior parte das espécies perde suas folhas. Ocorre em várias regiões
do Brasil.

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

Campinarana

Sinônimo de campina, significa "falso campo"; caracteriza-se por


vegetação lenhosa aberta dos pântanos com umidade. Ocorre na
Amazônia.

Savana

Termo sinônimo de Cerrado; caracteriza-se por vegetação xeromorfa


(adaptada a regiões com pouca água) que ocorre preferencialmente em
regiões de clima estacional, podendo ocorrer também em clima
ombrófilo. Caracteriza-se por árvores baixas e arbustos espaçados,
associados a gramíneas e geralmente apresentam troncos e ramos
acentuadamente tortuosos e acinzentados. Ocorre no Planalto Central
Brasileiro e em certas áreas da Amazônia e do Nordeste, em terreno
geralmente plano.

Savana Estépica

O termo designa formações vegetais como a Caatinga, Campos de


Roraima, Chaco Sul-Mato-Grossense e Parque de Espinilho da Barra do
Rio Quaraí (RS); vegetação tropical de características estépicas (vide
Estepe). Ocorre em regiões com clima que se caracteriza por dupla
estacionalidade.

Estepe

Vegetação submetida a dupla estacionalidade, uma fisiológica,


provocada pelo frio das frentes polares e outra seca, mais curta, com
déficit hídrico; apresenta composição florística gramíneo-lenhosa. Ocorre
em regiões próximas aos pólos ou regiões que apresentem homologia
ecológica, como no extremo sul do Brasil, correspondendo às
Campanhas Gaúchas e Campos Gerais Planálticos.

Formações Pioneiras

Vegetação de primeira ocupação em solos anteriormente sem vegetação


alguma, causada por processos naturais (solos arenosos ou litólicos).

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

Subformação Aluvial

Não varia topograficamente, apresentando sempre ambientes repetitivos


nos terraços aluviais dos flúvios (margens dos cursos d'água).

Subformação Terras baixas

Ocorre geralmente em planícies costeiras, altitude variando de 5 a


100m.

Subformação Submontana

Situada nas encostas dos planaltos e/ou serras.

Subformação Montana

Situada no alto dos planaltos e/ou serras.

Alto-montana

Situada acima da formação Montana, cume das serras.

Áreas de tensão ecológica

Regiões de contato entre duas ou mais tipologias vegetacionais onde as


floras se interpenetram, formando comunidades indiferenciadas.

Refúgios Vegetacionais

Também denominados "comunidades relíquias", define-se como toda e


qualquer vegetação floristicamente e fisionômico-ecologicamente
diferente do contexto geral da flora dominante, ocorrendo em situações
especialíssimas como o caso de comunidades em altitudes acima de
1.800m.

Fascies

Caracteriza-se por apresentar uma combinação de espécies


particulares, mais ou menos casuais, dentro de uma associação.

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

Regiões Fitogeográficas

A história da fitogeografia brasileira é antiga e teve início com a


classificação do naturalista alemão Carl Friedrich Philipp von Martius, em 1824,
que usou nomes de divindades gregas para sua divisão botânica. Após
Martius, houve várias tentativas de novas classificações, sem que nenhuma
alcançasse completa aceitação e consenso.
Mesmo após as tentativas de universalização terminológica realizadas
por meio dos trabalhos Fitogeografia brasileira: classificação fisionômico-
ecológica da vegetação neotropical (VELOSO; GÓES-FILHO, 1982);
Classificação da vegetação brasileira, adaptada a um sistema universal
(VELOSO; RANGEL FILHO; LIMA, 1991); e o Manual técnico da vegetação
brasileira (MANUAL..., 1992), o consenso no tema “classificação fitogeográfica”
ainda não foi alcançado.
Acredita-se que tal diversidade esteja presa ao tipo de escala
trabalhada e à terminologia empregada, o que resultou na nova proposta com
abrangência para todas as escalas, na qual se procura usar uma nomenclatura
compatível com as classificações fitogeográficas mundiais.
Segundo o IBGE, Bioma é um conjunto de vida (vegetal e animal)
constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e identificáveis
em escala regional, com condições geoclimáticas similares e história
compartilhada de mudanças, o que resulta em uma diversidade biológica
própria.
O Brasil abriga seis biomas continentais, apresentados no quadro e
figura apresentados a seguir:

Área dos biomas do Brasil


Bioma Área aproximada (em km²) % Brasil
Amazônia 4.196.943 49,29
Cerrado 2.036.448 23,92
Mata Atlântica 1.110.182 13,04
Caatinga 844.453 9,92
Pampa 176.496 2,07
Pantanal 150.355 1,76
Total 8.514.877 100

Fonte: IBGE (2009).

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

Mapa dos biomas do Brasil.

Amazônia

O bioma Amazônia abrange uma área de 4,2 milhões de km 2 (49,3% do


território nacional). Representa aproximadamente 30% de todas as florestas
tropicais remanescentes do mundo e detém grande parte da biodiversidade
global.
É formado principalmente por florestas densas e abertas, porém abriga
uma diversidade de outros ecossistemas, como florestas estacionais, florestas
de igapó, campos alagados, várzeas, savanas, refúgios montanhosos,
campinaranas e formações pioneiras. Esse bioma abriga vastos estoques de
madeira comercial e de carbono, possui uma grande variedade de produtos
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

florestais não madeireiros que permite a manutenção de diversas comunidades


locais. Abriga a maior rede hidrográfica do mundo e concentra 15% das águas
doces superficiais não congeladas do planeta.
Bioma Amazônia (2012)
Total % do Brasil
População estimada (habitantes) (2009) 16.926.831 9,2
Área do bioma (em ha) 419.694.300 49,3
Cobertura florestal (em ha) 325.469.969 77,5*
Área protegida em Unidades de Conservação
110.964.400 26,4*
Federal e Estadual (em ha)

* Em relação à área do bioma.

Cerrado
O Cerrado é o segundo maior bioma do País. Ocupa principalmente a
região mais central do Brasil e atinge cerca de 2 milhões de quilômetros
quadrados (24% do território). O Cerrado é uma das savanas de maior
biodiversidade do planeta e com grande concentração de espécies endêmicas.
É caracterizado por uma vegetação tipo savana, subclassificada em
cerradão (maior porte arbóreo), cerrado, campo sujo e campo limpo,
entremeados por matas de galerias, florestas estacionais, campos rupestres e
veredas de buritis. O Cerrado possui grande diversidade biológica e presta
serviços ambientais essenciais na regulação do ciclo hidrológico. De fato, as
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

cabeceiras das principais bacias hidrográficas do Brasil (Araguaia, Tocantins,


Xingu, Tapajós, Paraguai e São Francisco) estão situadas nesse bioma. O
Cerrado está fortemente ameaçado pela expansão agrícola desordenada.
Bioma Cerrado (2012)
Total % do Brasil
População estimada (habitantes) (2009) 29.805.941 16,2
Área do bioma (em ha) 203.644.800 23,9
Cobertura florestal (em ha) 66.397.252 29,2*
Área protegida em Unidades de Conservação
16.532.900 8,1*
Federal e Estadual (em ha)

* Em relação à área do bioma.

Mata Atlântica
O Bioma Mata Atlântica e seus ecossistemas associados envolvem uma
área de 1,1 milhão de km2 (13% do território brasileiro). Contudo, em virtude de
séculos de destruição ambiental, a área florestal da Mata Atlântica foi reduzida
a apenas cerca de 300 mil km2, altamente fragmentados.
Não obstante, a Mata Atlântica ainda abriga parcela significativa da
diversidade biológica do Brasil. Esse bioma é composto por diversas formações
florestais, como floresta ombrófila (densa, mista e aberta), floresta estacional
semidecidual e estacional decidual, manguezais, restingas e campos de
altitude associados e brejos interioranos no Nordeste. As florestas com
Araucária (ombrófila mista) ocorrem nos planaltos da região Sul situados a
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

oeste da Serra do Mar. Há um grande número de espécies ameaçadas de


extinção nesse bioma.
Bioma Mata Atlântica (2012)
Total % do Brasil
População estimada (habitantes) (2009) 106.896.616 58,1
Área do bioma (em ha) 111.018.200 13,0
Cobertura florestal (em ha) 19.705.243 17,7*
Área protegida em Unidades de Conservação
10.738.600 9,6*
Federal e Estadual (em ha)

* Em relação à área do bioma.

Caatinga
A Caatinga é o bioma exclusivamente brasileiro. Localizada na região
nordeste do país, ocupa área de aproximadamente 85.500 km 2, o que
representa cerca de 10% do território nacional e se estende por grande parte
da região Nordeste e Norte de Minas Gerais. A Caatinga é dominada pela
vegetação do tipo "savana estépica", vegetação com predomínio de árvores
baixas e arbustos que, em geral, perdem as folhas no período seco (espécies
caducifólias) e muitas espécies de cactáceas. Apesar de ser uma região
semiárida, com índices pluviométricos baixos (entre 300 e 800 milímetros por
ano), a Caatinga é extremamente heterogênea, com pelo menos uma centena
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

de diferentes tipos de paisagens únicas, onde se destacam as lagoas ou áreas


úmidas temporárias, os refúgios montanhosos e os rios permanentes como o
São Francisco.
A Caatinga sofre alto grau de degradação ambiental, particularmente no
que se refere aos processos de desertificação, e altos índices de pobreza
humana.
Bioma Caatinga (2012)
Total % do Brasil
População estimada (habitantes) (2009) 23.734.361 12,9
Área do bioma (em ha) 84.445.300 9,9
Cobertura florestal (em ha) 37.998.339 44,9*
Área protegida em Unidades de Conservação
6.312.300 7,5*
Federal e Estadual (em ha)

* Em relação à área do bioma.

Pampa
O Pampa, também conhecido como campos sulinos, ocorre no estado
no Rio Grande do Sul e se estende pelo Uruguai e Argentina. A vegetação
dominante é de gramíneas entremeadas por florestas mesófilas, florestas
subtropicais (especialmente floresta com araucária) e florestas estacionais.
Caracteriza-se pela grande riqueza de espécies herbáceas e várias
tipologias campestres, compondo em algumas regiões, ambientes integrados
com a floresta de araucária. Atualmente, este bioma sofre forte pressão sobre

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

seus ecossistemas, com introdução de espécies forrageiras e com a atividade


pecuária.
Bioma Pampa (2012)
Total % do Brasil
População estimada (2009) 6.255.568 3,4
Área do bioma (em ha) 17.649.600 2,1
Cobertura florestal (em ha) 2.817.169 15,9*
Área protegida em Unidades de Conservação Federal
475.409 2,7*
e Estadual (em ha)

* Em relação à área do bioma.

Pantanal
O bioma Pantanal, com mais de 150 mil Km 2 nos estados do Mato
Grosso e Mato Grosso do Sul, é a maior planície inundável do mundo e contém
uma importante riqueza de diversidade biológica terrestre e aquática. Com
altitude de aproximadamente 150 metros sobre o nível do mar e relevo plano, o
Pantanal, no período de chuvas, modifica-se drasticamente, com a formação
de grandes áreas alagadas (até 80% da planície se inunda). No período seco,
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

o Pantanal se assemelha a um cerrado. Sua vegetação é um mosaico de


florestas baixas, cerradões, cerrados e campos inundáveis.
Os ecossistemas que o bioma abriga são extremamente frágeis e estão
sob a ameaça das novas tendências de desenvolvimento econômico e de
construção de infraestrutura.
Bioma Pantanal (2012)
Total % do Brasil
População estimada (habitantes) (2009) 367.975 0,2
Área do bioma (em ha) 15.035.500 1,8
Cobertura florestal (em ha) 9.242.592 61,4*
Área protegida em Unidades de Conservação
440.100 2,9*
Federal e Estadual (em ha)

* Em relação à área do bioma.

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

Regiões Fitogeográficas de Pernambuco

Pernambuco situa–se na região equatorial do Brasil. A extensão leste–


oeste é grandemente superior à norte–sul, sendo naquela direção onde as
variações de vegetação mais fortemente se fazem sentir. Para isso, interferem
vários fatores, entre os quais destacam–se a salinidade marinha, variações de
pluviosidade, de altitude e de solo, podendo esses fatores atuar isoladamente
ou, o que é mais comum, em graus variáveis de inter–relações.
Ocorrem em Pernambuco 4 zonas fítogeográficas: do litoral, da mata, da
caatinga e das savanas.

Zona do Litoral
Sampaio (1945) denomina a vegetação da costa, atlântica brasileira
corno “zona marítima”. Vasconcelos Sobrinho (1949) embora colocando–a
como uma subdivisão da zona da mata, emprega a denominação Marítima ou
do Litoral.

Zona da Mata
A zona da mata em Pernambuco representa o ponto de ligação das
Florestas Orientais Brasileiras que vêm do sul, com as Florestas Equatoriais
Brasileiras, vindas da Amazônia, porém, presentemente, com o grande hiato
correspondente aos Estados do Ceará e Piauí e partes do Rio Grande do Norte
e Maranhão.
A mata pernambucana divide–se em três subzonas: a) mata úmida, b)
mata seca e c) matas serranas. Nos dois primeiros casos, baseia–se esta
divisão, como indicam os adjetivos na maior ou menor exuberância da
vegetação, motivadas pela maior ou menor umidade ambiente, bem como
altitude, permeabilidade do solo e proximidade da zona da caatinga. A mata
úmida, perenifólia, é exuberante, de folhagem verde–escuro, rica em cipós. As
árvores, têm diâmetro do caule maior, em relação ao comprimento. Na mata
seca, caducifólia, há um maior número de indivíduos arbóreos por área, os
caules são relativamente longos e o número de cipós vigorosos é menor. As
matas serranas são perenifólias e ocorrem em muitas das serras dos três–
quartos ocidentais do Estado.

Zona da Caatinga
É a maior das zonas fitogeográficas pernambucanas. Caracteriza–se por
uma vegetação de porte médio a baixo, tipicamente tropófila (decídua) rica de
espinhos, na qual se interpõem Cactáceas e Bromeliáceas. O clima é seco. O
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

solo em grande parte é raso. Fatores de solo, pluviosidade e altitude fazem


variar de modo apreciável o aspecto da caatinga. Baseia–se nessas variações
a divisão da zona em subzonas e estas em regiões. A zona da caatinga
compreende duas subzonas: a) agreste e b) sertão.

Zona das Savanas


Como nas demais savanas Sul Americanas (“cerrados”, “cobertos”, etc.), a
vegetação nesta zona se caracteriza por um manto herbáceo, com
predominância de gramíneas, onde se intercalam arboretas tortuosas, de súber
espesso e folhas mais ou menos coriáceas. Compreende duas subzonas: a)
tabuleiros e b) agrestes do Araripe.
A figura apresentada a seguir mostra a localização das regiões
fitogeográficas de Pernambuco, permitindo inferir acerca da superfície ocupada
por cada tipologia de vegetação.

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

Legislação relacionada à Mata Atlântica

A Lei 11.428/2006 - Dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa


do Bioma Mata Atlântica, e dá outras providências.

Decreto n° 6.660/08, regulamentador da Lei nº. 11.428/08.

Resolução CONAMA 31/94 - Define vegetação primária e secundária nos


estágios inicial, médio e avançado de regeneração da Mata Atlântica, a fim de
orientar os procedimentos de licenciamento de atividades florestais no Estado
de Pernambuco.

Resolução CONAMA 388/2007 - Dispõe sobre a convalidação das resoluções


que definem a vegetação primária e secundária nos estágios inicial, médio e
avançado de regeneração da Mata Atlântica para fins do disposto no art. 4o §
1o da Lei no 11.428, de 22 de dezembro de 2006.

O bioma Mata Atlântica é um dos mais relevantes elementos que


compõem a nossa flora, cuja distribuição – quando da chegada dos
colonizadores portugueses – estendia-se por cerca de 15% pelo território
nacional.
O processo de assentamento, com o surgimento dos primeiros
agrupamentos urbanos; o corte das espécies florestais mais valiosas e a
formação dos pastos e lavouras imprimiram um ritmo de desmatamento que
culminou, atualmente, com a supressão de cerca de 93% dos remanescentes
florestais, situação ainda mais preocupante quando se sabe que este bioma é
considerado um dos mais ricos em biodiversidade do mundo.
A necessidade de proteção dos últimos exemplares desse relevante
bioma levou o Constituinte a erigir a Mata Atlântica ao patamar de patrimônio
nacional (artigo 225, § 4º [02]), determinando que sua utilização ocorra "dentro
de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive
quanto ao uso dos recursos naturais".
Visando concretizar a prescrição constitucional, após longa tramitação
no Congresso Nacional, adveio a Lei nº. 11.428/08, cujo teor consiste na
determinação de regras e condicionamentos para a exploração dos recursos
naturais do bioma Mata Atlântica, visando garantir-se sua exploração
sustentável, em respeito ao direito fundamental ao meio ambiente
ecologicamente sadio e ao princípio do desenvolvimento sustentável.
A questão referente à competência e requisitos para a supressão da
vegetação no Bioma Mata Atlântica é bastante confusa, especialmente diante

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

da redação conturbada da Lei n° 11.428/08, sendo necessária a sistematização


das regras ali expostas.
A legislação definiu as prescrições sobre a supressão da vegetação não
apenas em função do estágio sucessional da mata – com prescrições
diferenciadas para a vegetação primária e secundária, esta última em relação
ao nível de regeneração – mas ainda em relação à localização urbana ou rural
da atividade.
Em primeiro lugar, portanto, deve-se esclarecer que a vegetação em
estágio primário corresponde àquela ainda intocada pela ação antrópica,
correspondendo as chamadas florestas antigas. De outro lado, a vegetação
secundária já sofreu alguma espécie de intervenção humana, podendo seu
estágio de regeneração ser inicial, médio ou avançado.
Assim, com base na disciplina legal, pode-se afirmar que, para as
supressões em áreas rurais: a) somente serão admitidas, quando se tratar de
vegetação primária ou em estado avançado de regeneração, na hipótese de
utilidade pública, atestada pelo órgão estadual competente; b) quando se tratar
de vegetação secundária em estágio médio de regeneração, além da hipótese
acima, também nos casos de interesse social, em ambos os casos
devidamente caracterizados e motivados em procedimento administrativo
próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento
proposto, a juízo do órgão estadual (artigo 19 da Lei n° 11.428/08).
No que tange às áreas rurais de vegetação secundária em estágio inicial
de regeneração, a supressão depende do juízo de viabilidade realizado pelo
ente estadual, inexistindo condicionantes e requisitos específicos, conforme
dispõe o artigo 25 da lei.
Tratando-se de áreas urbanas, o regramento legal, mediante
autorização estadual: a) proíbe a supressão de áreas primárias; b) caso se
trate de vegetação secundária em estado avançado, serão proibidas as
supressões que não tenham sido aprovadas até a data de vigência da lei,
admitindo-se aquelas previamente aprovadas, desde que garantida a
preservação de, no mínimo, 50% (cinqüenta por cento) da vegetação (artigo 30
da Lei n° 11.428/08).
Em áreas urbanas com vegetação secundária em estágio médio, a
supressão pode ocorrer com a autorização do Estado, desde que: a) tratando-
se de áreas aprovadas antes da lei, mantenham-se 30% (trinta por cento) da
vegetação; e b) naquelas áreas aprovadas após o advento da legislação, seja
assegurada a permanência de 50% (cinqüenta por cento) da mata.
A regra, portanto, é que a competência para supressão é do ente
estadual do meio ambiente, que pode necessitar da autorização do órgão
federal ou municipal, nos casos a serem minudenciados no decreto, nos termos
do artigo 14, §1°, da Lei n° 11.428/08, abaixo colacionado:

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

Art. 14. A supressão de vegetação primária e secundária no estágio


avançado de regeneração somente poderá ser autorizada em caso de utilidade
pública, sendo que a vegetação secundária em estágio médio de regeneração
poderá ser suprimida nos casos de utilidade pública e interesse social, em
todos os casos devidamente caracterizados e motivados em procedimento
administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional ao
empreendimento proposto, ressalvado o disposto no inciso I do art. 30 e nos §§
1º e 2º do art. 31 desta Lei.
§ 1º A supressão de que trata o caput deste artigo dependerá de
autorização do órgão ambiental estadual competente, com anuência prévia,
quando couber, do órgão federal ou municipal de meio ambiente, ressalvado o
disposto no § 2º deste artigo.
§ 2º A supressão de vegetação no estágio médio de regeneração
situada em área urbana dependerá de autorização do órgão ambiental
municipal competente, desde que o município possua conselho de meio
ambiente, com caráter deliberativo e plano diretor, mediante anuência prévia do
órgão ambiental estadual competente fundamentada em parecer técnico.

Assim, no caso de supressão de vegetação secundária em estágio


médio de regeneração localizada em áreas urbanas, a competência para
autorização será do "órgão ambiental municipal competente, desde que o
município possua conselho de meio ambiente, com caráter deliberativo e plano
diretor, mediante anuência prévia do órgão ambiental estadual competente
fundamentada em parecer técnico" (artigo 19, §2°, da Lei n° 11.428/08).
Por sua vez, a participação auxiliar do ente federal é esmiuçada pelo
Decreto n° 6.660/08, regulamentador da Lei nº. 11.428/08, nos seguintes
termos:
Art. 19. Além da autorização do órgão ambiental competente, prevista
no art. 14 da Lei nº 11.428, de 2006, será necessária a anuência prévia do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis -
IBAMA, de que trata o § 1º do referido artigo, somente quando a supressão de
vegetação primária ou secundária em estágio médio ou avançado de
regeneração ultrapassar os limites a seguir estabelecidos:
I - cinquenta hectares por empreendimento, isolada ou cumulativamente;
ou
II - três hectares por empreendimento, isolada ou cumulativamente,
quando localizada em área urbana ou região metropolitana.
§ 1º A anuência prévia de que trata o caput é de competência do
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico
Mendes quando se tratar de supressão, corte ou exploração de vegetação
localizada nas unidades de conservação instituídas pela União onde tais
atividades sejam admitidas.
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

§ 2º Para os fins do inciso II do caput, deverá ser observado o disposto


nos arts. 30 e 31 da Lei nº 11.428, de 2006.
Observado o dispositivo do regulamento, apreciamos a participação dos
entes federais.
Em primeiro lugar, pode-se afirmar que a ausência de referência na
norma a situações de específica relevância ambiental – tais como mananciais
d’água, beleza cênica, dentre outros – leva à conclusão de que o simples
critério quantitativo é suficiente para atribuir a necessidade de anuência do
IBAMA, independentemente da qualidade ambiental do remanescente da flora.
Ao prescrever a Lei n° 11.428/08 que a anuência prévia do órgão federal
ocorreria "quando couber", remeteu o esclarecimento da questão ao decreto,
cujos termos se limitam a trazer critérios quantitativos, não sendo dado ao
intérprete ressalvar onde a lei não o faz.
Sendo assim, nas hipóteses em que a supressão de vegetação superar
3 ha em área urbana ou região metropolitana e 50 ha nas demais áreas,
imprescindível se mostra a participação do órgão federal, para fins de
anuência prévia, em relação à supressão autorizada pelo órgão estadual
ordinariamente responsável pela autorização.
A questão, todavia, ainda merece algumas considerações.
Dispõe o artigo 14 da lei, acima colacionado, que a anuência prévia, do
órgão federal ou municipal de meio ambiente, quando couber, incidirá
"ressalvado o disposto no § 2º deste artigo".
A disciplina legal, portanto, nos remete à seguinte sistemática: quando a
competência for reservada ao ente estadual, poderá ser necessária a anuência
prévia do ente federal ou municipal, nos casos esmiuçados no decreto e acima
comentados – atente-se –, ressalvada a hipótese do parágrafo segundo.
Isso porque, quando o poder público municipal é o competente para
autorizar a supressão – na hipótese e sob as condições previstas na lei (artigo
14, § 2º) –, a concomitante participação de um segundo ente de meio ambiente
– qual seja o órgão estadual – já está necessariamente prevista na norma,
inexistindo a necessidade de participação do ente federal, daí a ressalva
prevista no parágrafo primeiro.
Em outras palavras, o parágrafo primeiro só se aplica – por força de
expressa ressalva legal – quando não estivermos diante da competência
municipal. Sendo assim, nas supressões em áreas urbanas de vegetação
secundária em estágio médio de regeneração autorizadas pelo ente
municipal (artigo 19, §2°, da Lei n° 11.428/08), ainda que estejamos acima
dos 3 ha previsto no Decreto n° 6.660/08, não se faz necessária a
anuência prévia do ente federal, bastando a concomitante participação do
órgão estadual.
O próprio texto do decreto, em seu artigo 19, conspira a favor da
interpretação acima, ao expressamente afirmar que a disciplina do decreto se
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

refere à anuência de que trata o parágrafo primeiro do artigo 14 da lei, e não ao


parágrafo segundo. Ademais, pensar na necessidade da manifestação dos três
níveis de competência para a autorização de supressão de vegetação implica
em desconsiderar o princípio constitucional da eficiência (artigo 37 da
Constituição).
Noutro giro, necessário também o esclarecimento sobre a competência
dos entes federais de meio ambiente, na medida em que, após o advento da
Lei nº. 11.516/07, a Administração Indireta Federal conta não apenas com o
Ibama, mas também com o ICMBio, como entes de atuação diretamente
voltada à tutela ambiental.
Prosseguindo no exame da questão, observamos que o decreto
expressamente conferiu ao ICMBio, e não ao Ibama, a competência para
realizar a anuência prévia nas hipóteses de supressão, corte ou exploração de
vegetação localizada nas unidades de conservação instituídas pela União onde
tais atividades sejam admitidas.
A literalidade da norma não abre espaço para interpretações
divergentes, na medida em que imperativa a assertiva legal: "a anuência prévia
de que trata o caput é de competência do Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico Mendes quando se tratar de
supressão, corte ou exploração de vegetação localizada nas unidades de
conservação instituídas pela União onde tais atividades sejam admitidas" (g.n.)
(artigo 19, §1°, do Decreto n° 6.660/08).
Dessa forma, tratando-se de supressão, corte ou exploração de
vegetação localizada em unidade de conservação – localização esta que
abrange a zona de amortecimento e o entorno da unidade, haja vista a
identidade finalística de proteção ao espaço territorial especialmente protegido
–, a anuência prévia ao ato de autorização do ente estadual é competência
exclusiva do ICMBio, não sendo dado ao Ibama participar concomitantemente
da questão.
Ademais, o escopo de garantir a manutenção do espaço protegido, com
a intervenção da União na questão, já está assegurado com a participação da
autarquia federal privativamente responsável pela gestão das unidades de
conservação.

CONCLUSÕES

O arrazoado acima mostra o quanto confusa é a disciplina legal para a


definição das regras de competência para a supressão da vegetação no bioma
Mata Atlântica, fato que torna imprescindível a sistematização do tema, sob
pena de dificultar-se a proteção desse valioso remanescente de nossa flora.
Em suma, pode-se afirmar que a anuência prévia do IBAMA é
necessária quando se tratar de supressão de vegetação primária ou secundária
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

em estágio médio ou avançado de regeneração que ultrapasse cinqüenta


hectares por empreendimento, isolada ou cumulativamente; ou três hectares
por empreendimento, isolada ou cumulativamente, quando localizada em área
urbana ou região metropolitana, independentemente da qualidade ambiental da
área.
Nas supressões em áreas urbanas de vegetação secundária em estágio
médio de regeneração autorizadas pelo ente municipal (artigo 19, §2°, da Lei
n° 11.428/08), ainda que estejamos acima dos 3 ha. previsto no Decreto n°
6.660/08, não se faz necessária a anuência prévia do ente federal, bastando a
concomitante participação do órgão estadual.
Por outro lado, tratando-se de supressão, corte ou exploração de
vegetação localizada em unidade de conservação, a anuência prévia ao ato de
autorização do ente estadual é competência exclusiva do ICMBio.

Bacias Hidrográficas

Bacia Hidrográfica pode ser definida como o território cujos escoamentos


hídricos superficiais confluem para um só ponto, caracterizado pelo encontro
com outro manancial.
A Lei 9.433/1997 instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos e
criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, baseando-
se nos seguintes fundamentos:

Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes


fundamentos:

I - a água é um bem de domínio público;

II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;

III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o


consumo humano e a dessedentação de animais;

IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso


múltiplo das águas;

V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da


Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos;

VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com


a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

De acordo com os órgãos governamentais, existem no Brasil doze


Regiões Hidrográficas, representadas por grandes bacias hidrográficas,
sendo que sete têm o nome de seus rios principais: Amazonas, Paraná,
Tocantins, São Francisco, Parnaíba, Paraguai e Uruguai; as outras são
agrupamentos de vários rios, não tendo um rio principal como eixo, por isso
são chamadas de bacias agrupadas. Veja abaixo as doze macro bacias
hidrográficas brasileiras:

No Brasil, predomina a drenagem exorréica, ou seja, os rios correm


em direção ao mar, como o Amazonas, o São Francisco, o Tocantins, o
Parnaíba, etc. Pouquíssimos são os casos de drenagem endorréica, em que
os rios se dirigem para o interior do país, desaguando em outros rios, como o
Negro, o Purus, o Paraná, o Iguaçu, o Tietê, entre outros.

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

Bacia do São Francisco

A área da bacia em estudo, abrange parte do território dos estados de


Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Alagoas. A mesma está compreendida
entre as latitudes 7º 00´ e 21º 00´ S e longitudes 35º 00´ e 47º 40’ W.
A bacia do rio São Francisco possui uma vazão média anual de
3.360m3/s, volume médio anual de106 Km3 e uma área de drenagem de
631.000 Km2 , que representa 7,5% do território nacional; onde 83% da área da
bacia distribuem-se nos Estados de Minas Gerais e Bahia, 16% nos Estados de
Pernambuco, Alagoas e Sergipe, e o restante 1% no Estado de Goiás e Distrito
Federal.
O rio São Francisco é o mais importante da bacia, com uma extensão de
2.700 Km, tem suas nascentes na Serra da Canastra, em Minas Gerais,
atravessando a longa depressão encravada entre o Planalto Atlântico e as
Chapadas do Brasil Central, segue a orientação sul-norte até aproximadamente
a cidade de Barra, dirigindo-se então para Nordeste até atingir a cidade de
Cabrobó, quando inflete para Sudeste para desembocar no Oceano Atlântico.
A sua importância se deve não só pelo volume de água transportado numa
região semi-árida mas, principalmente, pela sua contribuição histórica e
econômica na fixação das populações ribeirinhas e na criação das cidades hoje
plantadas ao longo do vale, bem como pelo potencial hídrico passível de
aproveitamento em futuros planos de irrigação dos excelentes solos situados à
sua margem.
As grandes bacias hidrográficas de Pernambuco possuem duas
vertentes: o rio São Francisco e o Oceano Atlântico. As bacias que escoam
para o rio São Francisco formam os chamados rios interiores sendo os
principais: Pontal, Garças, Brígida, Terra Nova, Pajeú, Moxotó, Ipanema, além
de grupos de pequenos rios interiores. As bacias que escoam para o Oceano
Atlântico, constituem os chamados rios litorâneos, e os principais são: Goiana,
Capibaribe, Ipojuca, Sirinhaém, Una e Mundaú e GL’s.
O Plano Estadual de Recursos Hídricos (1998) dividiu o Estado em 29
Unidades de Planejamento (UP), caracterizando assim, a Divisão Hidrográfica
Estadual, composta de 13 Bacias Hidrográficas, 06 Grupos de Bacias de
Pequenos Rios Litorâneos (GL1 a GL6), 09 Grupos de Bacias de Pequenos
Rios Interiores (GI1 a GI9) e uma bacia de pequenos rios que compõem a rede
de drenagem do arquipélago de Fernando de Noronha. É importante salientar
que a bacia GI-1 drena parte para o rio São Francisco (Riacho Traipu) e parte
para o Oceano Atlântico (Rio Paraíba),
A maior parte das grandes bacias hidrográficas pernambucanas situa-se
integralmente dentro dos limites do Estado, exceto as bacias dos rios Una,
Mundaú, Ipanema e Moxotó que possuem parte de sua área de drenagem no

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

Estado de Alagoas. Além destas, há pequenas bacias compartilhadas com os


Estados do Ceará (GI-9), Paraíba (GL-6) e Alagoas (GL-5).

Estágios sucessionais da vegetação

Estudos com respeito a estágios sucessionais em florestas tropicais têm


sido intensificados nas últimas décadas, não apenas com relação à descrição
da sua composição florística e estrutura fitossociológica, mas também
buscando entender a dinâmica desses ecossistemas.
Um dos aspectos dinâmicos que se tem pesquisado é a sucessão
florestal (Gandolfi, 1991). De acordo com Horn (1974) sucessão ecológica
consiste em um fenômeno que envolve gradativas variações na composição
específica e na estrutura da comunidade, iniciando-se o processo em áreas
que, mediante ações perturbatórias ou não, se apresentam disponíveis à
colonização de plantas e animais, prosseguindo até determinado período onde
tais mudanças se tornam bastante lentas, sendo a comunidade resultante
designada como clímax.

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

Odum (1988) salienta que, quando a sucessão não é interrompida por


forças externas, é bastante direcional e previsível; envolvendo modificação do
ambiente físico pelos fatores bióticos, no sentido de aumentar a complexidade
estrutural e atingir um grau máximo de biomassa e de função simbiótica entre
organismos por unidade de fluxo energético disponível.
Com relação ao conceito ecológico de sucessão, Gómez-Pompa &
Wiechers (1976) comentam que uma das características universais de todo o
ecossistema é a troca contínua a que está submetido. A seqüência inteira de
comunidades que se substituem uma às outras numa determinada área
chama-se sere; as comunidades relativamente transitórias são chamadas de
estágios serais (ou subseres); o sistema estabilizado terminal e
autoperpetuante é denominado de clímax.
Quando o processo de formação de uma comunidade se dá sobre um
substrato parcialmente desocupado, é denominado sucessão primária,
enquanto que aquele que começa num local anteriormente ocupado por uma
comunidade é denominado sucessão secundária (Odum, 1988). A sucessão
florestal sempre inicia com etapas pioneiras e culmina com a de clímax.
Conforme Daubenmire (1968), a progressão de uma sere acarreta:

mudanças na dominância de plantas de pequeno porte e de posições


inferiores na escala filogenética por plantas grandes, no alto desta
escala;
aumento na longevidade das dominantes;
convergência para um tipo fisionômico prevalecente e característico
da região;
diversificação das formas de vida;
substituição de espécies com amplitudes ecológicas similares e
amplas, por grupos com limites estreitos e necessidades
complementares;
aumento do número de dependências interespecíficas;
aumento na massa de tecidos vivos e de matéria orgânica morta por
unidade de área;
aumento na regularidade da composição florística e estrutura entre
os grupos que representam uma associação;
aumento do número de possíveis “patamares” ao longo dos quais a
matéria circula e a energia flui;
amenização dos extremos microambientais;
maturação do perfil do solo;
maior resistência do ecossistema a distúrbios externos.

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

A compartimentalização do processo de sucessão secundária em fases


ou estágios sucessionais distintos, mesmo arbitrários, é um artifício utilizado na
busca do entendimento sobre a dinâmica funcional das florestas (Kageyama et
al., 1986).
Dessa forma, Klein (1979 e 1980), no estudo da ecologia do Vale do
Itajaí/SC, caracterizou a dinâmica da Floresta Ombrófila Densa, especialmente
em relação a períodos subseqüentes à ação antrópica sobre a comunidade.
Demonstrou que o processo de regeneração dessa floresta está intimamente
associado ao grau de degradação das condições locais e caracterizou a
diversidade vegetal de espécies em estágios de sucessão secundária
classificados como: estágios pioneiros, capoeirinha, capoeira, capoeirão e
floresta secundária.
De acordo com Vaccaro (1997), o que se observa, na germinação,
estabelecimento, desenvolvimento e reprodução de espécies florestais, é a
existência de um grande espectro de variação nas respostas apresentadas a
esses processos em razão da intensidade luminosa presente no sítio. Assim,
encontram-se de um lado espécies que dependem de luminosidade e
temperatura para sua germinação, estabelecimento, desenvolvimento e
reprodução. No extremo oposto deste espectro de respostas, situam-se
espécies que não suportam as condições de plena exposição a altas
intensidades luminosas e de temperatura, necessitando germinarem e
desenvolverem-se à sombra de outras árvores. Entre os dois extremos,
entretanto, existe um grande número de espécies que apresentam
características ou adaptações ecológicas intermediárias, quanto às exigências
e tolerâncias à luz, variando também em relação ao aspecto considerado, seja
a germinação, o estabelecimento, o desenvolvimento ou a reprodução.
Dessa maneira, muitos autores têm agrupado as espécies florestais em
grupos ecológicos com base na estratégia de regeneração que cada uma
apresenta. Budowski (1965) apresentou um modelo para as florestas tropicais
em que a sucessão secundária é formada por um conjunto de estágios
sucessionais distintos e as espécies, por sua vez, são agrupadas em função de
sua ocorrência preferencial em cada um destes estágios.
Nesse modelo, aponta a conveniência de denominar os estágios serais
em pioneiro, secundário inicial, secundário tardio e clímax.
Rodrigues (1995) comenta que as espécies pioneiras têm função
cicatrizadora de ambientes perturbados. No outro extremo das pioneiras, têm-
se as clímax que são as espécies finais na substituição sequencial de espécies
na sucessão. Entre os dois extremos, existe um grande número de espécies
com características ou adaptações ecológicas intermediárias. Quando as
características são mais parecidas com as pioneiras estas espécies são
chamadas de secundárias iniciais; quando apresentam características mais
próximas das espécies clímax são denominadas secundárias tardias.
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

Para Whitmore (1989), as espécies tropicais pertencem somente a dois


grandes grupos ecológicos, sendo um grupo formado pelas espécies
intolerantes à sombra e outro formado pelas espécies tolerantes à sombra.
As demais variações, que eventualmente se observam, estariam
abrangidas por toda essa dicotomia.
São consideradas espécies intolerantes à sombra aquelas incapazes de
se desenvolverem sob o dossel da floresta madura, necessitando, assim, de
clareiras ou fases sucessionais da floresta onde as condições de luz sejam
propícias. Espécies tolerantes à sombra são aquelas capazes de se
desenvolverem sob o dossel da floresta até atingirem o estágio reprodutivo no
qual necessitam condições mais adequadas de luminosidade.
De acordo com Rodrigues (1995), a classificação sucessional de
espécies florestais tem sido um ponto muito polêmico em estudos de florestas
tropicais, pois pouco se conhece da autoecologia das espécies, que forneceria
os dados necessários para sua classificação mais adequada. Essa
classificação das espécies auxiliaria na compreensão da dinâmica florestal e na
adoção de práticas adequadas de manejo e recuperação de florestas.
Quanto aos métodos de estudo da sucessão secundária em
ecossistemas florestais, Gómez-Pompa & Wiechers (1976) comentam que se
pode seguir vários caminhos: um primeiro método consiste em estudar através
do tempo o que se sucede em uma área determinada após esta ter sido
perturbada; porém, esse método apresenta sérias limitações, já que requer um
espaço de tempo demasiado grande para se obterem resultados sobre o
processo geral de sucessão. Outro método consiste em estudar, em uma
mesma zona ecológica, diversos estágios sucessionais de idade conhecida;
pois, com base na informação obtida por tais amostras no espaço, podem-se
interpretar as trocas no tempo.
Outra maneira de abordar a sucessão é buscando informações
biológicas para poder interpretar, em relação ao tempo, os possíveis
mecanismos dos processos de regeneração. Com relação ao método de
comparação de áreas de diferentes estágios sucessionais, Kuniyoshi (1989)
confirma que o tipo de clima e solo das áreas deve ser o mesmo; e ressalta a
importância de se conhecer ecologicamente muito bem as áreas de estudo,
pois comunidades diferentes podem ser interpretadas

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

Espécies Protegidas

A Convenção de Washington sobre o Comércio Internacional das


Espécies da Flora e da Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (CITES), da
qual o Brasil é signatário, foi ratificada pelo Brasil por meio do Decreto Lei nº
54/75 e promulgada pelo Decreto nº 76.623, de novembro de 1975. A CITES
estabelece proteção para um conjunto de plantas e animais, por meio da
regulação e monitoramento de seu comércio internacional, particularmente
aquelas ameaçadas de extinção, de modo a impedir que este atinja níveis
insustentáveis.
A Convenção sobre Diversidade Biológica - CDB, por sua vez, foi
ratificada pelo Brasil por meio do Decreto Legislativo nº 2, de 8 de fevereiro de
1994. Em seu artigo 8º (alínea f), a CDB define que os países devem
"recuperar e restaurar ecossistemas degradados e promover a recuperação de
espécies ameaçadas por meio da elaboração e da implementação de planos e
outras estratégias de gestão".
A preocupação e a necessidade de ações voltadas à recuperação de
espécies ameaçadas consta, também, dos princípios e diretrizes para a
implementação da Política Nacional de Biodiversidade, instituídos por meio do
Decreto nº 4.339, de 22 de agosto de 2002. Esta necessidade está expressa
nos componentes "Conservação da Biodiversidade e Monitoramento,
Avaliação, Prevenção e Mitigação de Impactos sobre a Biodiversidade".
Instrução Normativa MMA nº 06, de 23 de setembro de 2008 - Reconhece
como espécies da flora brasileira ameaçada de extinção aquelas constantes do
Anexo I e reconhece como espécies da flora brasileira com deficiência de
dados aquelas constantes do Anexo II da referida Instrução Normativa.
http://www.mma.gov.br/estruturas/179/_arquivos/179_05122008033615.pdf

Como resultado da pressão sobre as florestas, muitos ecossistemas


são alterados ou até mesmo destruídos, o que leva muitas espécies a
condições criticas de sobrevivência. Para avaliar quais e quantas espécies
encontram-se ameaçadas, pesquisas sobre a ecologia e estado da arte de
espécies da fauna e da flora são desenvolvidas através de parcerias entre
governos, instituições de pesquisas e ONGs. Periodicamente são
divulgadas listas de espécies ameaçadas. A Lista Vermelha da União
Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) é divulgada
anualmente, sendo uma das mais conhecidas em todo o mundo.

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

Esta lista divide as espécies em categorias de ameaça, em ordem


decrescente:

Extinta - não existe dúvida que o último indivíduo da espécie


morreu;
Extinta na natureza - existem indivíduos vivos da espécie
somente em cativeiro;
Criticamente ameaçada - espécie enfrenta riscos de extinção
na natureza extremamente altos;
Ameaçada - espécie enfrenta riscos de extinção na natureza
muito altos;
Vulnerável - espécie enfrenta riscos de extinção na natureza
alto;
Ameaça próxima - espécie próxima de se enquadrar nas
categorias acima;
Menor preocupação - espécie não se enquadra em nenhuma
das categorias acima;
Dados deficientes - não existem informações adequadas ou
suficientes sobre a espécie;
Não avaliada - espécie não avaliada.

As espécies são classificadas em cada categoria segundo dados


quantitativos e qualitativos que resultam de pesquisas. O Ministério do
Meio Ambiente do governo brasileiro divulga sua própria lista de espécies
ameaçadas. A última lista de espécies da flora ameaçadas foi divulgada
através da Instrução Normativa nº 6, de 23 de setembro de 2008. Neste
documento, as espécies estão divididas nas categorias "ameaçadas de
extinção" e "com deficiência de dados". Nesta IN são propostas políticas
para cada categoria, com o objetivo de conservação dessas espécies.
Lamentavelmente, 472 espécies compõem a "Lista oficial das espécies da
flora brasileira ameaçadas de extinção". Os biomas com maior número de
espécies ameaçadas são: a Mata Atlântica (276), o Cerrado (131) e a
Caatinga (46). A Amazônia aparece com 24 espécies, o Pampa com 17 e
o Pantanal com duas (*algumas espécies aparecem em mais de um
bioma).
Espécies madeireiras ameaçadas de extinção (2008)

Nome Popular Nome científico Família Bioma

Myracrodruon
Aroeira, Aroeira do Sertão Anacardiaceae Cerrado/Caatinga
urundeuva

Baraúna Schinopsis brasiliensis Anacardiaceae Cerrado/Caatinga

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

Espécies madeireiras ameaçadas de extinção (2008)

Nome Popular Nome científico Família Bioma

Pinheiro-do-paraná /
Araucaria angustifolia Araucariaceae Mata Atlântica
Pinheiro brasileiro

Amburana cearensis
Cerejeira Fabaceae Amazônia
var. acreana

Pau-brasil Caesalpinia echinata Fabaceae Mata Atlântica

Jacarandá-da-Bahia Dalbergia nigra Fabaceae Mata Atlântica

Braúna Melanoxylon brauna Fabaceae Mata Atlântica

Pau-roxo Peltogyne maranhensis Fabaceae Amazônia

Canela-preta Ocotea catharinensis Lauraceae Mata Atlântica

Canela-sassafrás Ocotea odorifera Lauraceae Mata Atlântica

Imbuia Ocotea porosa Lauraceae Mata Atlântica

Castanheira Bertholletia excelsa Lecythidaceae Amazônia

Mogno Swietenia macrophylla Meliaceae Amazônia

Pau-amarelo Euxylophora paraensis Rutaceae Amazônia

Fonte: Brasil/MMA (2008) adaptado.

O Brasil possui espécies florestais protegidas por legislação federal,


sendo proibido o seu corte. São elas:

Castanheira (Bertholetia excelsa) (Decreto 5.975/2006);


Seringueira (Hevea spp) (Decreto 5.975/2006);
Mogno (Swietenia macrophylla) (Decreto 6.472/2008)

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

Avaliação Ambiental

Avaliação ambiental consiste no levantamento de dados de um


determinado local com a aplicação de diferentes metodologias, visando gerar
um diagnóstico ambiental, geralmente descrevendo os níveis de contaminação,
distúrbio ou preservação de uma determinada área.
Como qualquer processo avaliativo, a Avaliação Ambiental é
fundamentada em critérios ou referenciais de qualidade que permitirão
classificar o ambiente sob avaliação em função de seu grau de conservação,
contaminação ou qualidade.
A primeira etapa de uma Avaliação Ambiental é a identificação de áreas
potencialmente impactantes (APIs) no interior do site alvo da investigação.
Define-se como API “local onde são manipuladas ou foram manipuladas
substâncias, cujas características físico-químicas, biológicas e toxicológicas
possam causar danos aos bens ambientais e onde ocorreram distúrbios”.
Uma Avaliação Ambiental é composta pelas seguintes etapas:

Levantamento de informações e Análise de Documentação;


Inspeção de Reconhecimento e Entrevistas;
Elaboração de Relatório de Investigação.

Etapa importante dos trabalhos de Avaliação Ambiental com o objetivo


de definir as APIs é a análise de fotografias aéreas (foto-interpretação) ou
imagens de satélite do local, abrangendo o terreno alvo da investigação e seu
entorno. Através dessa técnica, considerando a disponibilidade de imagens
distribuídas no tempo, é possível resgatar o histórico de ocupação e utilização
das áreas de investigação antes da aquisição pelo atual proprietário, mesmo
não se dispondo de registros, documentos ou pessoal com tais informações.
A análise de imagens é recomendada durante a etapa de Avaliação
Ambiental como primeiro passo para a identificação de possíveis impactos
ambientais ocorridos, mapeando-se as redes de drenagem, os tipos de
vegetação, ocupações agrícolas, urbanas e industriais.
As principais consequências do desmatamento são apresentadas a seguir:

– Diminuição da biodiversidade;
– Erosão e empobrecimento dos solos;
– Enchente e assoreamento dos rios;
– Aumento da evaporação e diminuição dos índices pluviométricos;
– Elevação da temperatura do ar;
– Desertificação;

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

Programa Municípios Verdes

Devido às altas taxas de desmatamento registradas na Amazônia Legal


no início da década passada, em 2007, o Governo Federal editou Decreto2 que
municipalizou o combate ao desmatamento ilegal e determinou que
anualmente o MMA deverá elaborar a lista dos municípios críticos onde ocorre
a maior parte do desmatamento na Amazônia. Os seguintes critérios foram
adotados pelo MMA para definir os municípios críticos:

(i) área total desmatada;


(ii) área desflorestada nos últimos três anos; e
(iii) aumento da taxa de desmatamento em, pelo menos, três dos últimos
cinco anos.

Posteriormente esses critérios foram complementados pela Portaria


102/2009 do MMA com inclusão de dois novos critérios:

i) - Desmatamento em 2008 igual ou superior a 200 quilômetros


quadrados e
ii) - Ocorrência de quatro aumentos do desmatamento nos últimos cinco
anos e cuja soma do desmatamento nos últimos três anos tenha sido igual
ou superior a 90 quilômetros quadrados.

Embora tal programa seja especificamente dirigido para a realidade da


região amazônica, trata-se de iniciativa positivo no sentido de direcionar as
ações do poder público para os focos de desmatamento, intensificando
fiscalização, fortalecendo a recuperação de áreas degradadas e aplicando
sanções aos municípios que não apresentarem resultados no sentido de
reverter o processo de degradação. Tal iniciativa poderia ser um modelo a ser
seguido pelos Estados no sentido de controlar regiões com altos índices de
desmatamento.

2
Decreto nº 6.321, de 21 de dezembro de 2007. Dispõe sobre ações relativas à prevenção,
monitoramento e controle de desmatamento no Bioma Amazônia, bem como altera e acresce
dispositivos ao Decreto no 3.179, de 21 de setembro de 1999, que dispõe sobre a
especificação das sanções aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá
outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 21 dez. 2007.
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

3. ATIVIDADES FLORESTAIS SUJEITAS AO LICENCIAMENTO AMBIENTAL

O Decreto Federal 5.975/2006 regulamentou artigos da Lei no 4.771/1965,


consistindo normas precursoras relacionada à exploração de florestas e de
formações sucessoras, estabelecendo que tal prática compreende o regime de
manejo florestal sustentável e o regime de supressão de florestas e formações
sucessoras para uso alternativo do solo, sendo o tema tratado posteriormente em
Legislação Federal e Estadual.
De acordo com essa norma o manejo florestal sustentável consiste na
administração da floresta para obtenção de benefícios econômicos e sociais,
respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do
manejo. As atividades que obrigam o uso alternativo do solo, são aquelas
destinadas à implantação de projetos de colonização de assentamento de
população, agropecuários, industriais, florestais, de geração e transmissão de
energia, de mineração e de transporte.
Destaca-se que a exploração de vegetação primária ou nos estágios
avançado e médio de regeneração da Mata Atlântica observará o disposto no
Lei Federal Nº 11.428/2006 e Decreto nº 6.660/2008.
A exploração florestal é tratada pela Lei Federal 12.651/2012, que
manteve a necessidade de Plano de Manejo Florestal Sustentável, bem como
os fundamentos técnicos e científicos que deverão ser atendidos para a
aprovação do mesmo, apresentados nos artigos 31 a 34 da referida Lei.
De acordo com a Lei Estadual 11.2006/1995, que dispõe sobre a política
florestal do Estado de Pernambuco, a Exploração Florestal (Capítulo IX)
dependerá de autorização prévia do órgão ambiental competente, sendo a
seguir especificada a regulamentação estabelecida pela referida Lei, nos
artigos 46 a 54.

Exploração Florestal (Lei Federal 12.651/2012)

Art. 31. A exploração de florestas nativas e formações sucessoras, de


domínio público ou privado, ressalvados os casos previstos nos arts. 21, 23 e
24, dependerá de licenciamento pelo órgão competente do Sisnama, mediante
aprovação prévia de Plano de Manejo Florestal Sustentável - PMFS que
contemple técnicas de condução, exploração, reposição florestal e manejo
compatíveis com os variados ecossistemas que a cobertura arbórea forme.

§ 1o O PMFS atenderá os seguintes fundamentos técnicos e científicos:

I - caracterização dos meios físico e biológico;

II - determinação do estoque existente;

III - intensidade de exploração compatível com a capacidade de suporte


ambiental da floresta;
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

IV - ciclo de corte compatível com o tempo de restabelecimento do


volume de produto extraído da floresta;

V - promoção da regeneração natural da floresta;

VI - adoção de sistema silvicultural adequado;

VII - adoção de sistema de exploração adequado;

VIII - monitoramento do desenvolvimento da floresta remanescente;

IX - adoção de medidas mitigadoras dos impactos ambientais e sociais.

§ 2o A aprovação do PMFS pelo órgão competente do Sisnama confere


ao seu detentor a licença ambiental para a prática do manejo florestal
sustentável, não se aplicando outras etapas de licenciamento ambiental.

§ 3o O detentor do PMFS encaminhará relatório anual ao órgão ambiental


competente com as informações sobre toda a área de manejo florestal
sustentável e a descrição das atividades realizadas.

§ 4o O PMFS será submetido a vistorias técnicas para fiscalizar as


operações e atividades desenvolvidas na área de manejo.

§ 5o Respeitado o disposto neste artigo, serão estabelecidas em ato do


Chefe do Poder Executivo disposições diferenciadas sobre os PMFS em escala
empresarial, de pequena escala e comunitário.

§ 6o Para fins de manejo florestal na pequena propriedade ou posse rural


familiar, os órgãos do Sisnama deverão estabelecer procedimentos
simplificados de elaboração, análise e aprovação dos referidos PMFS.

§ 7o Compete ao órgão federal de meio ambiente a aprovação de PMFS


incidentes em florestas públicas de domínio da União.

Art. 32. São isentos de PMFS:

I - a supressão de florestas e formações sucessoras para uso alternativo


do solo;

II - o manejo e a exploração de florestas plantadas localizadas fora das


Áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal;

III - a exploração florestal não comercial realizada nas propriedades rurais


a que se refere o inciso V do art. 3o ou por populações tradicionais.

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

Art. 33. As pessoas físicas ou jurídicas que utilizam matéria-prima


florestal em suas atividades devem suprir-se de recursos oriundos de:

I - florestas plantadas;

II - PMFS de floresta nativa aprovado pelo órgão competente do Sisnama;

III - supressão de vegetação nativa autorizada pelo órgão competente do


Sisnama;

IV - outras formas de biomassa florestal definidas pelo órgão competente


do Sisnama.

§ 1o São obrigadas à reposição florestal as pessoas físicas ou jurídicas


que utilizam matéria-prima florestal oriunda de supressão de vegetação nativa
ou que detenham autorização para supressão de vegetação nativa.

§ 2o É isento da obrigatoriedade da reposição florestal aquele que utilize:

I - costaneiras, aparas, cavacos ou outros resíduos provenientes da


atividade industrial

II - matéria-prima florestal:

a) oriunda de PMFS;

b) oriunda de floresta plantada;

c) não madeireira.

§ 3o A isenção da obrigatoriedade da reposição florestal não desobriga o


interessado da comprovação perante a autoridade competente da origem do
recurso florestal utilizado.

§ 4o A reposição florestal será efetivada no Estado de origem da matéria-


prima utilizada, mediante o plantio de espécies preferencialmente nativas,
conforme determinações do órgão competente do Sisnama.

Art. 34. As empresas industriais que utilizam grande quantidade de


matéria-prima florestal são obrigadas a elaborar e implementar Plano de
Suprimento Sustentável - PSS, a ser submetido à aprovação do órgão
competente do Sisnama.

§ 1o O PSS assegurará produção equivalente ao consumo de matéria-


prima florestal pela atividade industrial.

§ 2o O PSS incluirá, no mínimo:

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

I - programação de suprimento de matéria-prima florestal

II - indicação das áreas de origem da matéria-prima florestal


georreferenciadas;

III - cópia do contrato entre os particulares envolvidos, quando o PSS


incluir suprimento de matéria-prima florestal oriunda de terras pertencentes a
terceiros.

§ 3o Admite-se o suprimento mediante matéria-prima em oferta no


mercado:

I - na fase inicial de instalação da atividade industrial, nas condições e


durante o período, não superior a 10 (dez) anos, previstos no PSS, ressalvados
os contratos de suprimento mencionados no inciso III do § 2o;

II - no caso de aquisição de produtos provenientes do plantio de florestas


exóticas, licenciadas por órgão competente do Sisnama, o suprimento será
comprovado posteriormente mediante relatório anual em que conste a
localização da floresta e as quantidades produzidas.

§ 4o O PSS de empresas siderúrgicas, metalúrgicas ou outras que


consumam grandes quantidades de carvão vegetal ou lenha estabelecerá a
utilização exclusiva de matéria-prima oriunda de florestas plantadas ou de
PMFS e será parte integrante do processo de licenciamento ambiental do
empreendimento.

§ 5o Serão estabelecidos, em ato do Chefe do Poder Executivo, os


parâmetros de utilização de matéria-prima florestal para fins de enquadramento
das empresas industriais no disposto no caput.

Exploração Florestal (Lei Estadual 11.206/1995)

Art. 46. A exploração de florestas e demais formas de vegetação nativas


objetivando o uso alternativo do solo, em qualquer hipótese, dependerá de
autorização prévia do órgão competente, observadas técnicas de condução,
exploração, reposição florestal e manejo, compatíveis com os variados
ecossistemas que a cobertura arbórea forme.
Parágrafo único - É proibida a substituição de florestas nativas por
plantios silviculturais.

Art. 47. A exploração de florestas nativas com o objetivo de fornecer


matéria-prima florestal só será permitida mediante previa aprovação do plano
de manejo.

Art. 48. São passíveis de exploração:


I - as florestas plantadas;
II - as florestas nativas enriquecidas; e
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

III - as florestas nativas, excetuando-se aquelas de preservação


permanente estabelecidas na Legislação em vigor.
§ 1º. As áreas desmatadas para implantação de pastagens herbáceas
devem conter no mínimo 30% (trinta por cento) de área coberta com espécies
florestais distribuídas uniformemente em toda a área utilizada.
§ 2º. A exploração de matéria-prima de florestas plantadas vinculadas
somente será permitida desde que contemplada no plano de manejo florestal,
observando o regime sustentado e o uso múltiplo.
§ 3º. Nas florestas plantadas não vinculadas é livre a exploração,
transporte e comercialização de matéria-prima florestal, desde que
acompanhada de documentação fiscal e florestal exigida por Lei.
§ 4º. A exploração e manejo de espécies frutíferas para fins energéticos
serão disciplinadas no ato da regulamentação desta Lei.
§ 5º. Uma vez autorizado o corte de árvores, nos termos desta Lei, será
obrigatória a comunicação do início do corte, para que o órgão competente,
diretamente, ou através de entidades conveniadas, possa exercer a
fiscalização, sendo obrigatória a vistoria após a realização do corte.
§ 6º. A autorização para utilização dos recursos florestais fica
condicionada ao cumprimento desta Lei e à quitação de débitos oriundos de
infrações florestais, comprovadas através de certidão negativa de dívidas
florestais.

Art. 49. A extração, produção, industrialização, beneficiamento,


comércio, exportação e consumo de produtos e subprodutos florestais de
qualquer forma de vegetação dependerão de registro e cadastro no órgão
competente.
Parágrafo único - Compete ao órgão competente relacionar as
espécies ameaçadas de extinção, estabelecendo parâmetros para consumo
de madeiras, até que sejam desenvolvidos estudos com vistas a disciplinar e
ordenar a exploração em bases sustentáveis.

Art. 50. A autorização para a utilização dos recursos florestais oriundos


de florestas nativa, em propriedades onde tenha ocorrido a destruição da
cobertura vegetal considerada de preservação permanente fica condicionada
à apresentação e a aprovação de projeto de recuperação ambiental, visando
ao retorno do ecossistema original, independente das sanções cabíveis aos
infratores.

Art. 51. A coleta, comércio e/ou transporte oriundos do extrativismo de


produtos de florestas nativas dependerão de autorização prévia do órgão
competente, que estimulará a implantação de projetos de plantio e manejo
florestal sustentado das espécies produtoras.
Parágrafo único - A coleta e comercialização de plantas ornamentais
serão disciplinadas no ato da regulamentação desta Lei.

Art. 52. O fracionamento da propriedade rural somente poderá ser


autorizado pela autoridade ambiental competente, mediante comprovação da
adequada distribuição da cobertura floresta, mínima na forma desta Lei.
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

Art. 53. Os fornecedores e ou consumidores de produtos e subprodutos


florestais estão obrigados a manter florestas próprias para exploração racional
ou a formar, diretamente, ou que participem de empreendimentos de terceiros
vinculados ao seu suprimento.
Parágrafo único - O Poder Público estabelecerá normas e
procedimentos relativos ao programa de formação de estoques para
abastecimento das empresas referidas no caput deste artigo.

Art. 54. O corte de árvores destinadas a projetos de pesquisas e estudos


científicos será previamente autorizado pelo órgão competente

Exploração Florestal (Decreto Federal 5.975/2006)

Art. 2o A exploração de florestas e formações sucessoras sob o regime de


manejo florestal sustentável, tanto de domínio público como de domínio
privado, dependerá de prévia aprovação do Plano de Manejo Florestal
Sustentável- PMFS pelo órgão competente do Sistema Nacional do Meio
Ambiente - SISNAMA, nos termos do Art. 19 da Lei no 4.771, de 1965
(revogada pela 12.651/2012).

Art. 3o O PMFS atenderá aos seguintes fundamentos técnicos e científicos:

I - caracterização do meio físico e biológico;

II - determinação do estoque existente;

III - intensidade de exploração compatível com a capacidade da floresta;

IV - ciclo de corte compatível com o tempo de restabelecimento do


volume de produto extraído da floresta;

V - promoção da regeneração natural da floresta;

VI - adoção de sistema silvicultural adequado;

VII - adoção de sistema de exploração adequado;

VIII - monitoramento do desenvolvimento da floresta remanescente; e

IX - adoção de medidas mitigadoras dos impactos ambientais e sociais.

Parágrafo único. A elaboração, apresentação, execução e avaliação


técnica do PMFS observarão ato normativo específico do Ministério do Meio
Ambiente.

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

Art. 4o A aprovação do PMFS, pelo órgão ambiental competente,


confere ao seu detentor a licença ambiental para a prática do manejo florestal
sustentável.

Art. 5o O detentor do PMFS submeterá ao órgão ambiental competente


o plano operacional anual, com a especificação das atividades a serem
realizadas no período de doze meses e o volume máximo proposto para a
exploração neste período.

Art. 6o Anualmente, o detentor do PMFS encaminhará ao órgão


ambiental competente relatório, com as informações sobre toda a área de
manejo florestal sustentável, a descrição das atividades realizadas e o volume
efetivamente explorado no período anterior de doze meses.

Art. 7o O PMFS será submetido a vistorias técnicas para acompanhar e


controlar rotineiramente as operações e atividades desenvolvidas na área de
manejo.

Art. 8o O Ministério do Meio Ambiente instituirá procedimentos


simplificados para o manejo exclusivo de produtos florestais não-madeireiros.

Art. 9o Estão isentas de PMFS:

I - a supressão de florestas e formações sucessoras para uso alternativo


do solo, devidamente autorizada; e

II - o manejo de florestas plantadas localizadas fora de áreas de reserva


legal.

Supressão para Uso Alternativo do Solo (Art. 26 Lei 12.651/2012)

Art. 26. A supressão de vegetação nativa para uso alternativo do solo,


tanto de domínio público como de domínio privado, dependerá do
cadastramento do imóvel no CAR, de que trata o art. 29, e de prévia
autorização do órgão estadual competente do Sisnama.

§ 1o (VETADO).

§ 2o (VETADO).

§ 3o No caso de reposição florestal, deverão ser priorizados projetos que


contemplem a utilização de espécies nativas do mesmo bioma onde ocorreu a
supressão.

§ 4o O requerimento de autorização de supressão de que trata o caput


conterá, no mínimo, as seguintes informações:

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

I - a localização do imóvel, das Áreas de Preservação Permanente, da


Reserva Legal e das áreas de uso restrito, por coordenada geográfica, com
pelo menos um ponto de amarração do perímetro do imóvel;

II - a reposição ou compensação florestal, nos termos do § 4o do art. 33;

III - a utilização efetiva e sustentável das áreas já convertidas;

IV - o uso alternativo da área a ser desmatada.

Art. 27. Nas áreas passíveis de uso alternativo do solo, a supressão de


vegetação que abrigue espécie da flora ou da fauna ameaçada de extinção,
segundo lista oficial publicada pelos órgãos federal ou estadual ou municipal do
Sisnama, ou espécies migratórias, dependerá da adoção de medidas
compensatórias e mitigadoras que assegurem a conservação da espécie.

Art. 28. Não é permitida a conversão de vegetação nativa para uso


alternativo do solo no imóvel rural que possuir área abandonada.

Supressão para Uso Alternativo do Solo (Decreto 5.975/2006)

Art. 10. A exploração de florestas e formações sucessoras que implique


a supressão a corte raso de vegetação arbórea natural somente será permitida
mediante autorização de supressão para o uso alternativo do solo expedida
pelo órgão competente do SISNAMA.

§ 1o Entende-se por uso alternativo do solo a substituição de florestas e


formações sucessoras por outras coberturas do solo, tais como projetos de
assentamento para reforma agrária, agropecuários, industriais, de geração e
transmissão de energia, de mineração e de transporte.

§ 2o O requerimento de autorização de supressão de que trata o caput


será disciplinado em norma específica pelo órgão ambiental competente,
devendo indicar, no mínimo, as seguintes informações:

I - a localização georreferenciada do imóvel, das áreas de preservação


permanente e de reserva legal;

II - o cumprimento da reposição florestal;

III - a efetiva utilização das áreas já convertidas; e

IV - o uso alternativo a que será destinado o solo a ser desmatado.

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

§ 3o Fica dispensado das indicações georreferenciadas da localização


do imóvel, das áreas de preservação permanente e da reserva legal, de que
trata o inciso I do § 2o, o pequeno proprietário rural ou possuidor familiar, assim
definidos no art. 1o, § 2o, inciso I, da Lei no 4.771, de 1965 (Revogada pela
12651/2012).

§ 4o O aproveitamento da matéria-prima nas áreas onde houver a


supressão para o uso alternativo do solo será precedido de levantamento dos
volumes existentes, conforme ato normativo específico do IBAMA.

Utilização de Matéria-Prima Florestal (Decreto 5.975/2006)

Art. 11. As empresas que utilizarem matéria-prima florestal são


obrigadas a se suprir de recursos oriundos de:

I - manejo florestal, realizado por meio de PMFS devidamente aprovado;

II - supressão da vegetação natural, devidamente autorizada;

III - florestas plantadas; e

IV - outras fontes de biomassa florestal, definidas em normas específicas


do órgão ambiental competente.

Parágrafo único. As fontes de matéria-prima florestal utilizadas,


observado o disposto no caput, deverão ser informadas anualmente ao órgão
competente.

Art. 12. As empresas, cujo consumo anual de matéria-prima florestal


seja superior aos limites a seguir definidos, devem apresentar ao órgão
competente o Plano de Suprimento Sustentável para o atendimento ao
disposto nos arts. 20 e 21 da Lei no 4.771, de 1965:

I - cinqüenta mil metros cúbicos de toras;

II - cem mil metros cúbicos de lenha; ou

III - cinqüenta mil metros de carvão vegetal.

§ 1o O Plano de Suprimento Sustentável incluirá:

I - a programação de suprimento de matéria-prima florestal;

II - o contrato entre os particulares envolvidos quando o Plano de


Suprimento Sustentável incluir plantios florestais em terras de terceiros;

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

III - a indicação das áreas de origem da matéria-prima florestal


georreferenciadas ou a indicação de pelo menos um ponto de azimute para
áreas com até vinte hectares.

§ 2o A apresentação do Plano de Suprimento Sustentável não exime a


empresa de informar as fontes de matéria-prima florestal utilizadas, nos termos
do parágrafo único do art. 11, e do cumprimento da reposição florestal, quando
couber.

Reposição Florestal e PIF (Lei Estadual 11.206/1995)

Art. 55. Fica obrigada à reposição florestal a pessoa física ou jurídica


que explore, utilize, transforme ou consuma matéria-prima florestal.
Parágrafo único - A reposição florestal de que trata o caput deste artigo
será efetuada no Estado de Pernambuco, mediante o plantio de espécies
florestais adequadas, preferencialmente nativas, cuja produção seja, no
mínimo, igual ao volume anual necessário à plena sustentação da atividade
desenvolvida, cabendo ao órgão competente estabelecer os parâmetros para
esses fins.

Art. 56. A pessoa física ou jurídica que, comprovadamente, venha a ter


prova dos resíduos ou da matéria-prima florestal a seguir mencionadas, fica
isenta da reposição florestal relativa a esse suprimento:
I - matéria-prima proveniente de área submetida a manejo florestal
sustentável;
II - matéria-prima florestal própria, em benfeitoria dentro da
propriedade, na qualidade de proprietário rural e detentor da
competente autorização de desmatamento;
III - matéria-prima proveniente da floresta plantada com recursos
próprios e daquela não vinculada pelo órgão florestal;
IV - matéria-prima florestal oriunda de projeto de relevante interesse
público, assim declarado pelo poder público, com posterior
autorização de desmatamento emitida pelo órgão competente;
V - resíduos provenientes da atividade industrial costaneras, aparas,
cavacos e similares;
VI - resíduos oriundos de exploração florestal em áreas de
reflorestamento;
VII - resíduos oriundos de desmatamento autorizado pelo órgão
competente, raízes, tocos e galhas;
VIII - o material lenhoso proveniente de tratos silviculturais, como
desbaste e poda aplicados em florestas plantadas;
Parágrafo único - A isenção não desobriga o interessado da
comprovação junto à autoridade competente da origem da matéria-prima
florestal e resíduos.

Art. 57. Observadas as peculiaridades estaduais ou regionais, a pessoa


física ou jurídica que necessite de grande quantidade de matéria-prima
florestal manterá ou formará, diretamente ou em participação de terceiros,
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

florestas destinadas à plena sustentação da atividade, conforme critérios e


parâmetros a serem fixados pelo órgão competente.
Parágrafo único - O Plano Integrado Florestal - PIF, a ser
apresentado ao órgão florestal, pela pessoa física ou jurídica de que trata este
artigo incluirá, obrigatoriamente, programação anual de suprimento de
matéria-prima florestal visando a assegurar a plena sustentação da atividade
desenvolvida.

Art. 58. Os exploradores e consumidores classificam-se em:


I - pequenos consumidores - os que consomem menos de 1.500 (hum
mil e quinhentos) st/ano;
II - médios consumidores - os que consomem de 1.500 (hum mil e
quinhentos) a 5.999 (cinco mil novecentos e noventa e nove) st/ano;
III - grandes consumidores os que consomem mais de 6.000(seis mil)
st/ano.

Art. 59. A pessoa física ou jurídica consumidoras de matéria-prima


florestal, tais como siderúrgicas, fábricas de celulose, aglomerados e
similares, cerâmica, cimenteiras, indústrias processadoras de madeiras, cujo
consumo anual seja igual ou superior a 6.000 st/ano (seis mil) estéreos por
ano ou a 2.000 mdc/ano (dois mil) metros cúbicos de carvão vegetal por ano
ou a 3.000 m/ano (três mil) metros cúbicos de toras por ano, ou qualquer
outra matéria-prima florestal, são obrigadas a manter, ou formar diretamente
e/ou em participação com terceiros, florestas próprias destinadas a plena
sustentação da atividade desenvolvida, inclusive em suas futuras expansões.

Art. 60. As pessoas físicas ou jurídicas não enquadradas no Art. 59 e


que utilizam matéria-prima florestal, obrigadas a reposição florestal deverão
optar pelas seguintes modalidades:
I - Apresentação de levantamento circunstanciado de florestas plantadas
próprias ou de terceiros, para fins de vinculação; e
II - Execução ou participação em programas de fomento florestal,
preferencialmente com espécies nativas.

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

Reposição Florestal (Decreto 5.975/2006)

Art. 13. A reposição florestal é a compensação do volume de matéria-


prima extraído de vegetação natural pelo volume de matéria-prima resultante
de plantio florestal para geração de estoque ou recuperação de cobertura
florestal.

Art. 14. É obrigada à reposição florestal a pessoa física ou jurídica que:

I - utiliza matéria-prima florestal oriunda de supressão de vegetação


natural;

II - detenha a autorização de supressão de vegetação natural.

§ 1o O responsável por explorar vegetação em terras públicas, bem


como o proprietário ou possuidor de área com exploração de vegetação, sob
qualquer regime, sem autorização ou em desacordo com essa autorização, fica
também obrigado a efetuar a reposição florestal.

§ 2o O detentor da autorização de supressão de vegetação fica


desonerado do cumprimento da reposição florestal efetuada por aquele que
utiliza a matéria-prima florestal.

§ 3o A comprovação do cumprimento da reposição por quem utiliza a


matéria-prima florestal oriunda de supressão de vegetação natural, não
processada ou em estado bruto, deverá ser realizada dentro do período de
vigência da autorização de supressão de vegetação.

§ 4o Fica desobrigado da reposição o pequeno proprietário rural ou


possuidor familiar, assim definidos no art. 1º, § 2º, inciso I, da Lei no 4.771, de
1965, detentor da autorização de supressão de vegetação natural, que não
utilizar a matéria-prima florestal ou destiná-la ao consumo.

Art. 15. Fica isento da obrigatoriedade da reposição florestal aquele que


comprovadamente utilize:

I - resíduos provenientes de atividade industrial, tais como costaneiras,


aparas, cavacos e similares;

II - matéria-prima florestal:

a) oriunda de supressão da vegetação autorizada, para benfeitoria ou


uso doméstico dentro do imóvel rural de sua origem;

b) oriunda de PMFS;

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

c) oriunda de floresta plantada; e

d) não-madeireira, salvo disposição contrária em norma específica do


Ministério de Meio Ambiente.

Parágrafo único. A isenção da obrigatoriedade da reposição florestal


não desobriga o interessado da comprovação junto à autoridade competente
da origem do recurso florestal utilizado.

Art. 16. Não haverá duplicidade na exigência de reposição florestal na


supressão de vegetação para atividades ou empreendimentos submetidos ao
licenciamento ambiental nos termos do art. 10 da Lei no 6.938, de 31 de agosto
de 1981.

Art. 17. A reposição florestal dar-se-á no Estado de origem da matéria-


prima utilizada, por meio da apresentação de créditos de reposição florestal.

Art. 18. O órgão competente verificará a adoção de técnica de reposição


florestal, de que trata o art. 19 da Lei nº 4.771, de 1965, por meio das
operações de concessão e transferência de créditos de reposição florestal, de
apuração de débitos de reposição florestal e a compensação entre créditos e
débitos, registradas em sistema informatizado e disponibilizado por meio da
Rede Mundial de Computadores - Internet.

Parágrafo único. A geração do crédito da reposição florestal dar-se-á


somente após a comprovação do efetivo plantio de espécies florestais
adequadas, preferencialmente nativas.

Art. 19. O plantio de florestas com espécies nativas em áreas de


preservação permanente e de reserva legal degradadas poderá ser utilizado
para a geração de crédito de reposição florestal.

Parágrafo único. Não será permitida a supressão de vegetação ou


intervenção na área de preservação permanente, exceto nos casos de utilidade
pública, de interesse social ou de baixo impacto, devidamente caracterizados e
motivados em procedimento administrativo próprio, quando não existir alternativa
técnica e locacional ao empreendimento proposto, nos termos do art. 4º da Lei no
4.771, de 1965.

Controle da Origem dos Produtos Florestais (Lei Federal 12.651/2012)

Art. 35. O controle da origem da madeira, do carvão e de outros produtos


ou subprodutos florestais incluirá sistema nacional que integre os dados dos
diferentes entes federativos, coordenado, fiscalizado e regulamentado pelo
órgão federal competente do Sisnama. (Redação dada pela Lei nº 12.727, de
2012).

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

§ 1o O plantio ou reflorestamento com espécies florestais nativas ou


exóticas independem de autorização prévia, desde que observadas as
limitações e condições previstas nesta Lei, devendo ser informados ao órgão
competente, no prazo de até 1 (um) ano, para fins de controle de origem.

§ 2o É livre a extração de lenha e demais produtos de florestas plantadas


nas áreas não consideradas Áreas de Preservação Permanente e Reserva
Legal.

§ 3o O corte ou a exploração de espécies nativas plantadas em área de


uso alternativo do solo serão permitidos independentemente de autorização
prévia, devendo o plantio ou reflorestamento estar previamente cadastrado no
órgão ambiental competente e a exploração ser previamente declarada nele
para fins de controle de origem.

§ 4o Os dados do sistema referido no caput serão disponibilizados para


acesso público por meio da rede mundial de computadores, cabendo ao órgão
federal coordenador do sistema fornecer os programas de informática a serem
utilizados e definir o prazo para integração dos dados e as informações que
deverão ser aportadas ao sistema nacional.

§ 5o O órgão federal coordenador do sistema nacional poderá bloquear a


emissão de Documento de Origem Florestal - DOF dos entes federativos não
integrados ao sistema e fiscalizar os dados e relatórios respectivos. (Incluído
pela Lei nº 12.727, de 2012).

Art. 36. O transporte, por qualquer meio, e o armazenamento de madeira,


lenha, carvão e outros produtos ou subprodutos florestais oriundos de florestas
de espécies nativas, para fins comerciais ou industriais, requerem licença do
órgão competente do Sisnama, observado o disposto no art. 35.

§ 1o A licença prevista no caput será formalizada por meio da emissão do


DOF, que deverá acompanhar o material até o beneficiamento final.

§ 2o Para a emissão do DOF, a pessoa física ou jurídica responsável


deverá estar registrada no Cadastro Técnico Federal de Atividades
Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais, previsto no
art. 17 da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981.

§ 3o Todo aquele que recebe ou adquire, para fins comerciais ou


industriais, madeira, lenha, carvão e outros produtos ou subprodutos de
florestas de espécies nativas é obrigado a exigir a apresentação do DOF e
munir-se da via que deverá acompanhar o material até o beneficiamento final.

§ 4o No DOF deverão constar a especificação do material, sua volumetria


e dados sobre sua origem e destino.

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

5o O órgão ambiental federal do Sisnama regulamentará os casos de


dispensa da licença prevista no caput. (Incluído pela Lei nº 12.727, de
2012).

Art. 37. O comércio de plantas vivas e outros produtos oriundos da flora


nativa dependerá de licença do órgão estadual competente do Sisnama e de
registro no Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras
ou Utilizadoras de Recursos Ambientais, previsto no art. 17 da Lei n o 6.938, de
31 de agosto de 1981, sem prejuízo de outras exigências cabíveis.

Parágrafo único. A exportação de plantas vivas e outros produtos da flora


dependerá de licença do órgão federal competente do Sisnama, observadas as
condições estabelecidas no caput.

Licença para Transporte de Produtos e Subprodutos Florestais de Origem


Nativa (Decreto 5.975/2006)

Art. 20. O transporte e armazenamento de produtos e subprodutos


florestais de origem nativa no território nacional deverão estar acompanhados
de documento válido para todo o tempo da viagem ou do armazenamento.

§ 1o O documento para o transporte e o armazenamento de produtos e


subprodutos florestais de origem nativa, de que trata o caput, é a licença
gerada por sistema eletrônico, com as informações sobre a procedência
desses produtos, conforme resolução do CONAMA.

§ 2o O modelo do documento a ser expedido pelo órgão ambiental


competente para o transporte será previamente cadastrado pelo Poder Público
federal e conterá obrigatoriamente campo que indique sua validade.

§ 3o Para fins de fiscalização ambiental pela União e nos termos de


resolução do CONAMA, o Ministério do Meio Ambiente e o IBAMA manterão
sistema eletrônico que integrará nacionalmente as informações constantes dos
documentos para transporte de produtos e subprodutos florestais de origem
nativa.

§ 4o As informações constantes do sistema de que trata o § 3 o são de


interesse da União, devendo ser comunicado qualquer tipo de fraude ao
Departamento de Polícia Federal para apuração.

Art. 21. O órgão competente para autorizar o PMFS ou a supressão de


florestas e formações sucessoras para o uso alternativo do solo, nos termos do
art. 19 da Lei nº 4.771, de 1965, emitirá a licença para o transporte e
armazenamento de produto e subproduto florestal de origem nativa por
solicitação do detentor da autorização ou do adquirente de produtos ou
subprodutos.

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

Art. 22. Para fins de controle do transporte e do armazenamento de


produtos e subprodutos florestais de origem nativa, entende-se por:
I - produto florestal aquele que se encontra em seu estado bruto; e
II - subproduto florestal aquele que passou por processo de
beneficiamento.
Art. 23. Ficam dispensados da obrigação prevista no art. 20, quanto ao
uso do documento para o transporte e armazenamento, os seguintes produtos
e subprodutos florestais de origem nativa:
I - material lenhoso proveniente de erradicação de culturas, pomares ou
de poda em vias públicas urbanas;
II - subprodutos acabados, embalados e manufaturados para uso final,
inclusive carvão vegetal empacotado no comércio varejista;
III - celulose, goma, resina e demais pastas de madeira;
IV - aparas, costaneiras, cavacos, serragem, paletes, briquetes e demais
restos de beneficiamento e de industrialização de madeira e cocos, exceto para
carvão;
V - moinha e briquetes de carvão vegetal;
VI - madeira usada e reaproveitada;
VII - bambu (Bambusa vulgares) e espécies afins;
VIII - vegetação arbustiva de origem plantada para qualquer finalidade; e
IX - plantas ornamentais, medicinais e aromáticas, fibras de palmáceas,
óleos essenciais, mudas, raízes, bulbos, cipós, cascas e folhas de origem
nativa das espécies não constantes de listas oficiais de espécies ameaçadas
de extinção.
Publicidade das Informações (Decreto 5.975/2006)

Art. 24. Em cumprimento ao disposto na Lei no 10.650, de 16 de abril de


2003, os dados e informações ambientais, relacionados às normas previstas
neste Decreto, serão disponibilizados na Internet pelos órgãos competentes, no
prazo máximo de cento e oitenta dias da publicação deste Decreto.

§ 1o Os dados, informações e os critérios para a padronização,


compartilhamento e integração de sistemas sobre a gestão florestal serão
disciplinados pelo CONAMA.

§ 2o Os órgãos competentes integrantes do SISNAMA disponibilizarão,


mensalmente, as informações referidas neste artigo ao Sistema Nacional de
Informações Ambientais - SINIMA, instituído na forma do art. 9o, inciso VII, da
Lei no 6.938, de 1981, conforme resolução do CONAMA.
Art. 25. As operações de concessão e transferência de créditos de
reposição florestal, de apuração de débitos de reposição florestal e a
compensação entre créditos e débitos serão registradas em sistema
informatizado pelo órgão competente e disponibilizadas ao público por meio da
Internet, permitindo a verificação em tempo real de débitos e créditos
existentes.
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

4. GEORREFENCIAMENTO

Conceitos básicos

O Sistema de Posicionamento Global (GPS) é um sistema de navegação


baseado em satélite, composto de uma rede de 24 satélites colocada em órbita
pelo Departamento Norte-Americano de Defesa.
O GPS foi originalmente planejado para aplicações militares, mas nos
anos oitenta, o governo fez o sistema disponível para uso civil. GPS trabalha
em qualquer condição de tempo, em qualquer lugar no mundo, 24 horas por
dia, e não é cobrada nenhuma taxa para se usar o GPS.
Satélites de GPS circundam a terra duas vezes por dia, em uma órbita
muito precisa, transmitindo informações precisas para a Terra. Receptores de
GPS levam esta informação e, triangulação de uso, para calcular o local exato
do usuário.
Essencialmente, o receptor de GPS compara o tempo em que um sinal
foi transmitido por um satélite, com o tempo que foi recebido. A diferença de
tempo é transmitida para o receptor de GPS, o quão longe o satélite está.
Agora, com medidas de distância de mais alguns satélites, o receptor
pode determinar a posição do usuário e pode exibir isto no mapa eletrônico da
unidade.
Um receptor de GPS deve receber um sinal de pelo menos três satélites,
para calcular uma posição 2D (latitude e longitude) e movimento de rastro.
Com quatro ou mais satélites visíveis, o receptor pode determinar a posição 3D
do usuário (latitude, longitude e altitude). Uma vez que a posição do usuário foi
determinada, a unidade de GPS pode calcular outras informações, como:
velocidade, proa, rastro, distância de viagem, distância ao destino, tempo de
viagem, nascer e pôr-do-sol e muito mais.
Os receptores de GPS de hoje são extremamente precisos, graças ao
design de multi-canais paralelos. O receptor de 12 canais paralelos da
GARMIN é rápido para localizar os satélites. Após a aquisição dos satélites, os
sinais são mantidos até mesmo em mata densa ou locais urbanos, com
edifícios altos.
Certos fatores atmosféricos e outras fontes de erro podem afetar a
precisão de receptores de GPS. Os receptores de GPS GARMIN são precisos
numa faixa de 15 metros em média.
Os receptores de GPS GARMIN mais modernos vem equipados com
WAAS (Wide Area Augmentation System), que tem a capacidade de melhorar
a precisão, a menos de três metros em média. Não é exigido nenhum
equipamento adicional ou pagamento de taxas, para utilização do WAAS. Os
usuários também podem melhorar a precisão com o GPS Diferencial (DGPS),
que corrige os sinais de GPS para uma média de três a cinco metros. A Guarda
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

Costeira norte-americana, opera comumente com DGPS. Este sistema consiste


em uma rede de torres que recebem os sinais de GPS e transmitem os sinais
corrigidos, através de transmissores de rádio. Para adquirir o sinal corrigido, os
usuários têm que ter um receptor DGPS, além do GPS convencional.
Os 24 satélites no espaço que compõem
o segmento GPS, estão na órbita da Terra a
aproximadamente 12.000 milhas de altitude.
Eles estão se movendo constantemente,
fazendo duas órbitas completas em menos de
24 horas. Estes satélites viajam à velocidades
de aproximadamente 7.000 milhas por hora.
Satélites de GPS são alimentados por
energia solar.
Eles tem baterias de back-up para os
manter funcionando no caso de um eclipse
solar, ou quando não houver sol. Pequenos
propulsores de foguete em cada satélite, os
mantêm voando no caminho correto.
Alguns fatos interessantes sobre os
satélites de GPS (também chamados de
NAVSTAR, pelo Departamento de Defesa
Norte-Americano, nome oficial dado ao GPS )
são apresentados a seguir:

O primeiro satélite de GPS foi lançado em 1978.


Uma constelação de 24 satélites foi alcançada em 1994.
Cada satélite é construído para durar aproximadamente 10 anos.
Constantemente são construídas substituições e lançadas em órbita.
Um satélite de GPS pesa aproximadamente 2.000 libras (907,19 Kg) e tem
aproximadamente 17 pés (5,18 m.) com os painéis solares estendidos.
O poder do transmissor é de só 50 watts ou menos.

Satélites de GPS transmitem dois sinais de rádio de baixa frequência


denominados: L1 e L2. GPS de uso civil usa a frequência L1 de 1575.42 MHz
na faixa de UHF. Os sinais viajam por linha de visada; o que significa que eles
atravessam nuvens, vidros e plástico mas não passarão pela maioria dos
objetos sólidos como edifícios e montanhas. Um sinal de GPS contém três
diferentes dados de informação — um código de pseudorandom, dados de
ephemeris e dados de almanaque.
O código de pseudorandom é simplesmente um código de RG que
identifica qual satélite está transmitindo informação. Você pode ver este
número em seu aparelho GPS, na página de satélite que identifica quais
satélites está recebendo.
Dados de Ephemeris que constantemente são transmitidos por cada
satélite, contém informações importantes sobre o estado do satélite (forte ou
fraco), data atual e tempo. Este dado do sinal é essencial para determinar uma
posição.
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

Os Dados de Almanaque transmitem para o receptor de GPS, onde


cada satélite de GPS deve estar, a qualquer hora ao longo do dia. Cada satélite
transmite dados de almanaque, que mostram a informação orbital, para aquele
satélite e para todos os outros satélites no sistema.
Os seguintes fatores podem degradar os
sinais de GPS e assim afetar a sua precisão :
* Atraso na Ionosfera e Troposfera--
O sinal de satélite reduz a velocidade quando
atravessa a atmosfera. O GPS usa um padrão
de sistema embutido, que calcula parcialmente
o tempo comum de demora, para corrigir este
tipo de erro.
* Sinal Multipath—Isto ocorre quando o sinal de GPS é refletido em objetos;
como edifícios altos ou superfícies com pedras grandes, antes de localizar o receptor.
Isto aumenta o tempo de viagem do sinal, causando erros.
* Erros no receptor de relógio — o relógio embutido de um receptor não é
tão preciso quanto o relógio atômico dos satélites de GPS. Então, podem haver erros
de cronometragem muito leves.
* Erros orbitais—Também conhecido como erros de ephemeris, são
inexatidões do local informado do satélite.
* Número de satélites visíveis—Quanto maior o número de satélites que um
receptor de GPS puder captar, tanto melhor será a precisão. Edifícios, terrenos,
interferência eletrônica, ou às vezes até mesmo folhagem densa, podem bloquear
notoriamente a recepção, causando erros de posição ou possivelmente nenhuma
leitura de posição. Tipicamente, unidades de GPS não funcionarão em lugar fechado,
subaquático ou subterrâneo.
* Sombreamento Geométrico de Satélite — Isto ocorre em posição relativa
dos satélites, a qualquer momento. A Geometria ideal do satélite some, quando os
satélites ficarem situados a grandes ângulos, relativos de um para o outro. Geometria
pobre resulta, quando os satélites ficarem situados em uma mesma linha ou em um
agrupamento apertado.
* Degradação intencional do sinal de satélite — Disponibilidade Seletiva
(SA) é a degradação intencional do sinal imposta pelo Departamento de Defesa Norte-
Americano. Era pretendido que o SA impedisse os adversários militares de usar os
sinais altamente precisos de GPS. O governo retirou o SA em maio de 2000, o que
melhorou significativamente, a precisão dos receptores de GPS civil.

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

Sistema de Informações Geográficas

Um sistema de informação geográfica (SIG) é um conjunto de softwares,


métodos, dados e usuários integrados, possibilitando o desenvolvimento de
uma aplicação capaz de coletar, armazenar e processar dados
georreferenciados. A utilização de SIG tomou uma proporção muito grande
sendo possível melhorar o gerenciamento de informações e evoluir nos
processos de tomada de decisão, nas áreas de transporte, proteção ambiental,
planejamento municipal, estadual e federal.

As áreas que mais tem se aplicado esta tecnologia são:

Administração Municipal, Estadual e Federal;


Concessionárias de Águas, Telefonia e Energia;
Saúde Pública;
Meio Ambiente, Área Florestal e Agrícola;
Planejamento de Vendas,
Distribuição;
Transportes;
Agricultura;
Projeto e Administração de Polidutos;
Roteamento de Veículos.

Características de SIG e Dados Georreferenciados

Os SIGs se caracterizam por permitir ao usuário, a realização de


operações complexas de análises sobre dados espaciais. Um sistema de
informação geográfica pode manipular dados gráficos e não gráficos,
permitindo a integração de informações para análise e consulta de informações
geográficas. Um exemplo seria a localização de uma viatura policial através da
posição geográfica.
Atualmente o desenvolvimento de SIG é feito de forma integrada e seus
dados podem ser armazenados em Sistemas Gerenciadores de Banco de
Dados que possuem funções e comandos para manipulação dos dados
espaciais.

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As principais características de um Sistema de Informações Geográficas


são:
· Possui a capacidade de inserir e integrar, numa única base de dados,
informações espaciais provenientes de dados cartográficos, dados censitários
e cadastros urbano e rural, imagens de satélite, redes e modelos numéricos de
terreno;
· Oferecer mecanismos para combinar as várias informações, através
de algoritmos de manipulação e análise, bem como para consultar, recuperar,
visualizar e plotar o conteúdo da base de dados georreferenciados.
Dados georreferenciados podem ter representação gráfica (pontos,
linhas e polígonos) bem como numérica ou alfanumérica (letras e números).
Estes dados, também chamados de dados referenciados geograficamente,
detalham e expõem fenômenos geográficos. O dado georreferenciado
descreve a localização do fenômeno geográfico ligado a uma posição sobre ou
sob a superfície da terra.
O armazenamento e a manipulação de dados georreferenciados não é
uma tarefa comum. Várias técnicas para projetar um banco de dados para SIG
já foram desenvolvidas e aplicadas com êxito. Por muitos anos, os
pesquisadores desta área focaram em encontrar soluções para estruturação de
dados para SIG, e após várias experiências chegaram a dois tipos de
estruturas de dados: vetoriais e matriciais.
Em um banco de dados geográficos podem existir dados descritivos ou
convencionais, dados espaciais ou pictóricos.
Os dados convencionais ajudam a descrever características existentes
no objeto espacial. Contém atributos como nome da rua, número do lote,
quantidade de habitantes etc.
Os dados espaciais são caracterizados pela localização geográfica
sobre a superfície terrestre em certo instante. Dados espaciais são modelados
para representar uma área ou polígono, linha, ponto ou algum objeto complexo,
como por exemplo, uma rede de esgoto ou malha rodoviária. Este tipo de dado
é armazenado através de um sistema de coordenadas.
Os dados pictóricos são figuras armazenadas no banco de dados
usadas na exibição de alguma área, como, por exemplo, imagem de satélite ou
de um mapa.

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Imagens de Satélite

As imagens de satélite permitem visualizar e descobrir a superfície do


planeta Terra de uma posição privilegiada. Através delas, os ambientes mais
distantes ou de difícil acesso tornam-se mais acessíveis.
As imagens de satélites tem grande aplicação para o estudo e
monitoramento do meio ambiente terrestre. Elas podem contribuir para o
estudo dos fenômenos ambientais, de ambientes naturais e daqueles
transformados pelo homem.
As imagens obtidas de satélites, de aviões (fotografias aéreas) ou
mesmo na superfície ou próximo a ela como, por exemplo, uma fotografia da
sua casa, escola ou de uma paisagem qualquer, tirada com uma maquina
fotográfica comum, são dados obtidos por sensoriamento remoto.

Sensoriamento Remoto

É a tecnologia que permite obter imagens e outros tipos de dados, da


superfície terrestre, através da captação e do registro de energia refletida ou
emitida pela superfície.

SENSORIAMENTO: Obtenção de dados.

REMOTO: distante.

A primeira imagem do espaço foi obtida em vôo sub-orbital. O U.S-


launched V-2 em 24 de Outubro de 1946 registrou uma imagem a cada 1,5
segundos. Com um ápice de 65 milhas (105 km), essas fotos foram de cinco
vezes a altura do récorde anterior, as 13,7 milhas (22 km) do balão Explorer II
em missão em 1935. A primeira fotografia da Terra retirada de um satélite
obtital ocorreu em 14 de Agosto de 1959 pelo U.S. Explorer 6. A primeira
imagem de satélite da Lua pode ter sido obtida em 6 de Outubro de 1959 pelo
satélite soviético Luna 3, em uma missão para registrar o lado oculto da lua. A
fotografia da terra conhecida como "The Blue Marble" foi feita do espaço em
1972 e se tornou popular na mídia e entre o público. Também em 1972 os
Estados Unidos iniciou o programa Landsat, o maior programa de aquisição, do
espaço, de imagens da Terra. O último satélite Landsat, o Landsat 7, foi
lançado em 1999. Em 1977, a primeira imagem de satélite em tempo real foi
adquirida pelo satelite norte americano KH-11.

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A Imagem de satélite é um arquivo de imagem obtido por sensoriamento


remoto a partir de um satélite artificial. Esse processo poderia ser explicado de
maneira simplista como a obtenção de uma fotografia da Terra de uma
máquina localizada no espaço dentro de um satélite.

Na antiga URSS os primeiros satelites imageadores da terra utilizavam-


se de máquinas fotográficas com filmes analógicos, que eram utilizados apenas
quando caíam na terra e os filmes podiam ser revelados.
Atualmente esses satélites imagiadores usam máquinas digitais. Assim é
possível receber os arquivos na Terra por meio de sinais eletromagnéticos que
são tratados em estações receptoras.
São poucos os países do mundo que detém a tecnologia de gerar imagens de
satélite, entre os quais podem ser citados EUA, França, Israel, Brasil, China e
Índia.
Os satélites imageadores mais populares são: Quick Bird, Ikonos,
Landsat e Spot.
As técnicas de interpretação de imagens de satélite e de fotografias
aéreas são de amplo uso, especialmente para análise estruturada de diversos
fatores relacionados a grandes espaços e áreas de difícil acesso. Através de
imagens de satélites e fotografias aéreas de diferentes épocas, avaliam-se as
alterações ocorridas no meio ambiente (positivas ou negativas), indicando
medidas para maximização e/ou minimização de seus efeitos.

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Ferramentas de georrefenciamento

A introdução do geoprocessamento no Brasil inicia-se a partir do esforço


de divulgação e formação de pessoal feito pelo prof. Jorge Xavier da Silva
(UFRJ), no início dos anos 80. A vinda ao Brasil, em 1982, de Roger Tomlinson
- responsável pela criação do primeiro SIG (o Canadian Geographical
Information System)-,para participar do Congresso da União Geográfica
Internacional, no Rio de Janeiro, incentivou o aparecimento de vários grupos
interessados em desenvolver tecnologia, entre os quais podemos citar:
UFRJ: O grupo do Laboratório de Geoprocessamento do Departamento
de Geografia da UFRJ, sob a orientação do professor Jorge Xavier,
desenvolveu o SAGA (Sistema de Análise GeoAmbiental). O SAGA tem seu
forte na capacidade de análise geográfica e vem sendo utilizado com sucesso
como veículo de estudos e pesquisas.
MaxiDATA: Os então responsáveis pelo setor de informática da empresa
de aerolevantamento AeroSul criaram, em meados dos anos 80, um sistema
para automatização de processos cartográficos. Posteriormente, constituíram
empresa MaxiDATA e lançaram o MaxiCAD, software largamente utilizado no
Brasil, principalmente em aplicações de Mapeamento por Computador. Mais
recentemente, o produto dbMapa permitiu a junção de bancos de dados
relacionais a arquivos gráficos MaxiCAD, produzindo uma solução para
desktop mapping para aplicações cadastrais.
CPqD/TELEBRÁS: O Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da
TELEBRÁS iniciou, em 1990, o desenvolvimento do SAGRE (Sistema
Automatizado de Gerência da Rede Externa), uma extensiva aplicação de
Geoprocessamento no setor de telefonia. Construído com base num ambiente
de um SIG (VISION) com um banco de dados cliente-servidor (ORACLE), o
SAGRE envolve um significativo desenvolvimento e personalização de
software.
INPE: Em 1984, o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espacias)
estabeleceu um grupo específico para o desenvolvimento de tecnologia de
geoprocessamento e sensoriamento remoto (a Divisão de Processamento de
Imagens - DPI). De 1984 a 1990 a DPI desenvolveu o SITIM (Sistema de
Tratamento de Imagens) e o SIG (Sistema de Informações Geográficas), para
ambiente PC/DOS, e, a partir de 1991, o SPRING (Sistema para
Processamento de Informações Geográficas), para ambientes UNIX e
MS/Windows.
O SPRING (Sistema de Processamento de Informações Geográficas)
unifica o tratamento de imagens de Sensoriamento Remoto (ópticas e
microondas), mapas temáticos, mapas cadastrais, redes e modelos numéricos
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de terreno. A partir de 1997, o SPRING passou a ser distribuido via Internet e


pode ser obtido através do website www.dpi.inpe.br/spring. É uma aplicação
gratuita e indicada para quem precisa aprender os conceitos do
Geoprocessamento.
O Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento
(LAPIG) da Universidade Federal de Goiás / Instituto de Estudos Sócio-
Ambientais (UFG/IESA) iniciou suas atividades em 1995 (sob a orientação do
professor Laerte Guimarães Ferreira Júnior). Ultimamente, o LAPIG vem
contribuindo com as pesquisas na área de Geoprocessamento e
Sensoriamento Remoto, direcionando suas análises para o bioma Cerrado.
Dentre as várias iniciativas do LAPIG, destaca-se o desenvolvimento do
Sistema Integrado de Alerta de Desmatamento (SIAD), desenvolvido pelo
professor Nilson Clementino Ferreira, com o apoio de outros pesquisadores do
LAPIG. Hoje, este sistema é utilizado para monitorar os desmatamentos no
Cerrado.
No decorrer dos anos 80, com a grande popularização e barateamento
das estações de trabalho gráficas, além do surgimento e evolução dos
computadores pessoais e dos sistemas gerenciadores de bancos de dados
relacionais, ocorreu uma grande difusão do uso de GIS. A incorporação de
muitas funções de análise espacial proporcionou também um alargamento do
leque de aplicações de SIG/GIS. Na década atual, observa-se um grande
crescimento do ritmo de penetração do SIG/GIS nas organizações, sempre
alavancado pelos custos decrescentes do hardware e do software, e também
pelo surgimento de alternativas menos custosas para a construção de bases de
dados geográficas.
Os anos 90 consolidaram definitivamente o uso do Geoprocessamento
como ferramenta de apoio à tomada de decisão, tendo saído do meio
acadêmico para alcançar o mercado com um velocidade tremenda. Instituições
do Governo e grandes empresas começaram a investir no uso de aplicativos
disponíveis no mercado como o ArcGIS da ESRI, AutoCAD MAP da Autodesk,
gvSIG, GRASS, dentre outros. Consolidam-se ai as aplicações desktop que
agregavam diversas funções no mesmo sistema (modelagem 3D, analise
espacial, processamento digital de imagens, etc). Os usuários são especialistas
e a difusão dos beneficios do uso de aplicações de geoprocessamento ainda
estão engatinhando.
No fim dos anos 90 e início desse século o uso da WEB já está
consolidado e as grandes corporações passam a adotar o uso de intranet. O
GIS em busca de mais popularização (por demandas do próprio mercado),
evolui e passa a fazer uso também do ambiente WEB. Os aplicativos são
simples, com funcionalidades básicas de consulta à mapas e a bases
alfanuméricas. Os usuários já não precisam mais ser especialistas, facilitando o

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

acesso de pessoas não ligadas à área em questão. Tem-se ai um salto no


número de usuários, o surgimento de sites especializados, revistas, etc.
Houve também uma aproximação entre as grandes empresas de
SIG/GIS e as tradicionais empresas de Tecnologia da Informação como a
Oracle, Microsoft, Google, etc.
Após o surgimento do Google Maps, do Google Earth e do WikiMapia
uma verdadeira revolução está acontecendo. Pessoas que até então não
tinham qualquer contato com ferramentas GIS, de uma hora para outra podem
ter acesso à qualquer parte do planeta por meio de aplicações que misturam
imagens de satélite, modelos 3D e GPS, sendo que o usuário necessita apenas
ter conexão à internet.
A Microsoft possui também a sua solução de visualização do Globo
terreste em 3D, chamado de Virtual Earth.(Hoje denominado Bing Maps). A
NASA oferece o NASA World Wind um globo virtual destinado ao segmento de
pesquisadores, programável por um SDK Java. Outra aplicação existente é o
Arc Globe da Environmental Systems Research Institute (ESRI) com o Arc
Globe, um visualizador de dados em 3D.
Fabricantes de aparelhos de celular já estão lançando telefones
equipados com GPS e mapas. Montadoras já fabricam carros com sistemas de
rastreamento por satélite.
A cada dia fica mais comum estar em contato com o
Geoprocessamento, mesmo que não saibamos que ele está de alguma forma
sendo usado.

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

Localização - Sistemas de referência

Um Sistema Geodésico de Referência (SGR), do ponto de vista prático,


permite que se faça a localização espacial de qualquer feição sobre a
superfície terrestre. O SGR é definido a partir da adoção de um elipsóide de
referência, posicionado e orientado em relação à superfície terrestre. A
evolução tecnológica propiciou o melhoramento dos diversos SGRs existentes,
tanto no aspecto de definição quanto no de realização do sistema (a definição
do SGR caracteriza-se por um conjunto de convenções junto a um elipsóide
ajustado às dimensões da Terra e devidamente orientado, já por realização
entende-se um conjunto de pontos implantados sobre a superfície física da
Terra com coordenadas conhecidas). Sob este ponto de vista, tanto as
instituições e empresas voltadas à produção cartográfica quanto os usuários de
dados georeferenciados utilizam informações baseadas nos diferentes
sistemas de referência e suas realizações que coexistem no Brasil. Logo, é de
extrema importância o conhecimento das características e restrições de cada
um destes sistemas.
Existem diferentes tipos de modelos usados na Geodésia para
representar física e matematicamente a superfície terrestre. Um modelo com
significado físico é o geóide, cuja superfície é a equipotencial “que mais se
aproxima do nível médio dos mares” (GEMAEL, 1999, p. 87). A adoção do
geóide como superfície matemática de referência esbarra no conhecimento
limitado do campo da gravidade terrestre. Além disso, o equacionamento
matemático do geóide é complexo, o que o distancia de um uso mais prático
como referência geométrica. Logo, não é conveniente para servir como
superfície de referência para as chamadas redes geodésicas horizontais
Um modelo matematicamente viável, do ponto de vista geométrico, é o
elipsóide de revolução ou biaxial, que fica definido por apenas dois parâmetros,
usualmente o semi-eixo maior a e o achatamento f.
A evolução da Geodésia Espacial proporcionou uma evolução no
estabelecimento dos modelos representativos da Terra, possibilitando uma
associação entre os parâmetros geométricos e os parâmetros físicos do campo
gravitacional terrestre. Uma solução está no modelo chamado de Terra Normal,
que é um elipsóide de revolução ao qual se atribui a mesma massa da Terra
incluindo a massa da atmosfera, a mesma velocidade de rotação da Terra real,
além de sua superfície ser equipotencial.
Logo, os elipsóides de revolução baseados em observações de satélites
são definidos por parâmetros geométricos e por parâmetros físicos, como o
semi-eixo maior (a), constante gravitacional geocêntrica (GM), velocidade
angular (ω) e fator dinâmico de forma (J2) o qual pode ser convertido no
achatamento do elipsóide.
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Posição e Orientação do Elipsóide de Referência

A posição e a orientação do elipsóide adotado como de referência pode


ser com relação à Terra como um todo, geralmente estes elipsóides são
geocêntricos, ou seja, o seu centro geométrico é definido como coincidente
com o centro de massa da Terra para uma dada época.
Existe, entretanto, uma outra família de elipsóides cujo propósito não é
representar a Terra como um todo e sim se ajustar a uma certa região, como
por exemplo, a um país, grupo de países ou continente. Devido a isto o
elipsóide não é geocêntrico. Neste caso, o posicionamento e a orientação são
feitos através de seis parâmetros topocêntricos:

coordenadas de um ponto origem (2),


orientação (azimute inicial),
separação geóide-elipsóide (ondulação geoidal),
e as componentes do desvio da vertical (componente meridiana ξ e
componente primeiro vertical η).

No Sistema Córrego Alegre a orientação do elipsóide deu-se de maneira


totalmente arbitrária, ou seja, estabelecendo-se valores nulos para a ondulação
geoidal e para as componentes do desvio da vertical no Datum, pois na época
era a única forma de realização possível na prática. As coordenadas do vértice
Córrego Alegre foram determinadas astronomicamente e estas coordenadas
astronômicas foram transformadas em coordenadas geodésicas através de
equações matemáticas. Devido à orientação arbitrária, existia uma boa
adaptação elipsóide-geóide na região de Minas Gerais e São Paulo, porém à
medida que se caminhava para o Norte ou para o Sul, distanciando-se da
origem, as discrepâncias ficavam bastante evidenciadas.
No SAD 69 a orientação do elipsóide deu-se de forma parcialmente
arbitrária, determinando-se os valores das componentes do desvio da vertical e
estabelecendo-se valor nulo para a ondulação geoidal no Datum (vértice
Chuá). Através de uma determinação astronômica em Chuá e conhecendo-se
os valores das componentes ξ e η foi possível calcular as coordenadas
geodésicas do vértice por meio de equações. Neste caso procurou-se
posicionar e orientar o elipsóide de forma a obter uma boa adaptação entre a
superfície do elipsóide e o geóide na América do Sul e, principalmente, de
forma a obter um melhor ajustamento entre as altitudes elipsóidicas e
ortométricas nas bordas oceânicas.
O elipsóide devidamente ajustado às dimensões da Terra e orientado
torna-se um referencial adequado para a atribuição de coordenadas a pontos
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

sobre a superfície física da Terra. As coordenadas de um ponto P, referidas ao


elipsóide, são ditas coordenadas geodésicas: latitude (φP), longitude (λP) e
altitude geométrica ou elipsoidal (hP).
Pode-se dizer então, que a materialização ou realização do Sistema
Geodésico de Referência dá-se através do conjunto de pontos implantados
sobre a superfície física da Terra cujas coordenadas são conhecidas. A
realização do sistema de referência é disponibilizada ao usuário através da
divulgação do conjunto de coordenadas.
O conjunto de estações terrestres cujas posições foram determinadas
com respeito a um sistema coordenado constitui as chamadas malhas ou redes
geodésicas, que proporcionam uma forma de representação pontual da
superfície física do planeta.

O Sistema Geodésico Brasileiro

O estabelecimento do Sistema Geodésico Brasileiro (SGB) foi iniciado


na década de 40. O SGB caracteriza-se pelo conjunto de estações que
representam o controle horizontal e vertical necessários à localização e
representação cartográfica no território brasileiro, seu estabelecimento e
manutenção são atribuições do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística) através de seu Departamento de Geodésia (IBGE, 2000, p. 5). A
materialização do Sistema Geodésico Brasileiro dá-se através das Redes
Geodésicas Brasileiras (RGB): Rede Horizontal, Rede Vertical e Rede
Tridimensional (Rede Nacional GPS, Rede Brasileira de Monitoramento
Contínuo - RBMC), que são formadas pelos conjuntos de estações e
coordenadas geodésicas.

Sistema com Datum Córrego Alegre

O Sistema com Datum Córrego Alegre, oficialmente adotado pelo Brasil


da década de 50 até a década de 70, foi definido a partir de um ajustamento,
pelo método dos correlatos ou equações de condição, da Rede Horizontal do
SGB. Na definição deste sistema adotou-se como superfície de referência o
Elipsóide Internacional de Hayford de 1924, com semi-eixo maior a = 6 378 388
m e achatamento f = 1/297 (IBGE, 1996, p. 4). Como ponto origem foi
escolhido o vértice Córrego Alegre, no qual o posicionamento e a orientação do
elipsóide de referência foram feitos astronomicamente. Neste vértice adotaram-
se valores nulos para as componentes do desvio da vertical e para a ondulação
geoidal, com isso as coordenadas geodésicas (φ, λ) do ponto ficam iguais às
suas coordenadas astronômicas (φA, λA): Latitude φ = φA = 19º 50’ 14,91” S e

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

Longitude λ = λA = 48º 57’ 41,98” W,a altitude ortométrica do vértice Córrego


Alegre é 683,81 m (IBGE, 1996, p. 4).
O sistema Córrego Alegre é ainda de grande importância, pois ainda
existe no país um grande número de documentos cartográficos e coordenadas
referidas a ele.

Datum Sul Americano de 1969 (SAD 69)

A utilização do SAD 69 como sistema de referência único para a


América do Sul, foi recomendada em 1969 devido à aprovação do relatório final
do Grupo de Trabalho sobre o Datum Sul Americano, pelo Comitê de Geodésia
reunido na XI Consultoria Pan-americana sobre Cartografia, em Washington,
EUA (CASTAÑEDA, 1986, p. 68). O Projeto do Datum Sul Americano
subdividiu-se em duas etapas (FISCHER, 1973, p. 6):
a) estabelecimento de um sistema geodésico cujo elipsóide apresentasse boa
adaptação regional ao geóide;
b) ajustamento de uma rede planimétrica de âmbito continental referenciada ao
sistema definido.
Atualmente a Rede Horizontal do SGB é composta por mais de 5.000
estações cujas coordenadas geodésicas estão referidas ao SAD 69, que foi
oficialmente adotado no Brasil no final da década de 70 (IBGE, 2000, p. 5). Na
definição do sistema adotou-se como modelo geométrico da Terra o Elipsóide
de Referência Internacional de 1967, recomendado pela Associação
Internacional de Geodésia (International Association of Geodesy - IAG).
a) semi-eixo maior a = 6 378 160,000 m; b) com o achatamento
(1/298,247167427) aproximado para o valor f = 1/298,25.
A definição da origem e a orientação do elipsóide de referência foram
feitas de forma a minimizar as diferenças em relação ao geóide no continente
sul-americano.
A partir de 1994, com uma efetiva aplicação do GPS, começaram a ser
implantadas redes estaduais de alta precisão, vinculadas ao SAD 69, com
precisões relativas das linhas de base entre 1 e 3 ppm (partes por milhão).
Um dos benefícios alcançados com essas redes é o de proporcionar
melhor atendimento aos diferentes usuários da Cartografia, da Geodésia e do
Sensoriamento Remoto, nos mais variados setores de atividade, tanto do
Serviço Público, como da iniciativa privada.
Quando um ponto é rastreado com GPS, utilizando as efemérides
transmitidas e injuncionando uma estação base cuja coordenada é conhecida
em WGS 84 (World Geodetic System 1984) no caso de posicionamento
relativo, este ponto tem também suas coordenadas referidas ao WGS 84,
tornando necessária sua transformação para o sistema geodésico oficial do
país.
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

Sistema de Referência Geocêntrico para a América do Sul

Até o advento da Geodésia por satélites, nas décadas de 60 e 70, a


diferença entre os centros dos elipsóides de referência, adotados nos mais
diversos SGRs nacionais, e o centro de massa da Terra não era realmente
conhecida. Devido a isto, eram determinadas orientações locais para cada
sistema geodésico de referência. Esta era a única forma de realização possível
na prática e foi válida para vários sistemas de referência nacionais que foram
desenvolvidos nesta mesma época em todo o mundo.
No final da década de 80 e na década de 90, o uso crescente do GPS e
as distorções causadas na materialização dos sistemas de referência nacionais
evidenciaram as inconsistências existentes entre estes e os sistemas de
referência internacionais (sistemas baseados na adoção de elipsóides
geocêntricos). Além disto, as demais técnicas de posicionamento geodésico
atingiram um alto grau de precisão o que tornou necessária a adoção de
sistemas de referência que possibilitem um georeferenciamento global, de
forma a compatibilizar e promover a integração das informações
internacionalmente e que considerem a variação temporal das coordenadas de
acordo com a dinâmica terrestre, de forma a tomar vantagem da alta precisão
oferecida pelos atuais sistemas de posicionamento global.
Desta maneira, um sistema geodésico de referência moderno deve ser
definido com base na adoção de um elipsóide de revolução cuja origem
coincida com o centro de massas da Terra e deve ser materializado através de
uma rede de estações com coordenadas geodésicas tridimensionais
conhecidas. Atualmente, o modelo geométrico de referência recomendado pela
Associação Internacional de Geodésia (IAG) é o GRS80 (Geodetic Reference
System, 1980) e o referencial mais preciso é o ITRS [IERS (International Earth
Rotation Service) Terrestrial Reference System] cuja materialização é chamada
de ITRF [IERS (International Earth Rotation Service) Terrestrial Reference
Frame]. O ITRS é materializado periodicamente devido à variação temporal das
coordenadas das estações, com isso sua denominação vem sempre
acompanhada do ano em que foi estabelecido (IBGE, 2000, p. 10).
Tendo em vista os aspectos evidenciados acima, muitos países já
adotaram sistemas de referência geocêntricos, como por exemplo: Austrália,
Estados Unidos, Canadá, países da Europa, África do Sul, Nova Zelândia e
Argentina.
Neste sentido, o projeto SIRGAS (Sistema de Referência Geocêntrico
para a América do Sul) foi criado na Conferência Internacional para Definição
de um Datum Geocêntrico para a América do Sul, realizada em outubro de
1993 em Assunção, Paraguai, e teve estabelecidos os seguintes objetivos:

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

a) definir um sistema de referência geocêntrico para a América do Sul;


b) estabelecer e manter uma rede de referência, e
c) definir e estabelecer um datum geocêntrico.

Com vistas a atender os objetivos acima foram adotadas, durante a


conferência, as seguintes definições:

a) sistema de referência SIRGAS: Materialização do International


Terrestrial Reference System (ITRS) na América do Sul via estações
GPS, propiciando uma rede continental vinculada a um International
Terrestrial Reference Frame (ITRF) em dada época;
b) modelo geométrico geocêntrico: eixos coordenados baseados no
ITRS e parâmetros do elipsóide GRS80.

A realização inicial do sistema SIRGAS foi composta por 58 estações


distribuídas pelo continente Sul Americano, onze destas estações estão
localizadas no Brasil, sendo que nove delas coincidem com estações da RBMC
(Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo). As coordenadas das estações
SIRGAS foram determinadas através de uma campanha GPS realizada no
período de 26 de maio a 4 de junho de 1995 e referidas ao ITRF94, época
1995.
No período de 10 a 19 de maio de 2000 foi realizada a campanha
SIRGAS2000, tendo em vista a manutenção do SIRGAS como “referencial
geodésico capaz de atender aos padrões atuais de posicionamento”, além de
atender à componente altimétrica do SIRGAS. Esta componente altimétrica
surgiu visando a definição e implantação de um sistema altimétrico único para
a América do Sul. Na campanha de 2000 foram reocupadas as estações da
campanha de 1995, ocupadas estações próximas aos marégrafos que definem
o referencial altimétrico em cada país e ocupadas estações altimétricas
próximas às fronteiras entre os países. Esta nova campanha é composta por
184 estações situadas na América do Sul, América Central e América do Norte.
De acordo com resolução tomada durante o IAG Symposium on Vertical
Reference Systems, Cartagena 2001, o Sistema SIRGAS passou a ser
denominado Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas.
Segundo FORTES (2000), a rede SIRGAS constitui-se numa das redes
geodésicas continentais mais precisas do mundo. O WGS 84 (G873) possui
características muito próximas ao SIRGAS, podendo ambos, para efeitos
práticos da Cartografia, serem considerados como equivalentes, o que não é
válido quando se trata de fins científicos.

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

O WGS 84 já sofreu duas atualizações, desde o estabelecimento do


sistema GPS, nessas atualizações o objetivo foi aproximá-lo ao ITRF, por ser
este último o mais preciso.
Para fins cartográficos, a realização atual do WGS 84 pode ser
considerada coincidente com as realizações do ITRS, uma vez que a diferença
entre coordenadas de um ponto referidas aos dois sistemas está estimada em
algo menor do que cinco centímetros.
Tendo em vista que o SIRGAS constitui uma densificação do ITRF94 na
América do Sul, a mesma coincidência com o WGS 84 pode ser assumida,
conforme o exposto anteriormente.
A adoção do SIRGAS segue uma tendência atual tendo em vista as
potencialidades do GPS e facilidades para os usuários, pois com um sistema
geocêntrico as coordenadas obtidas com GPS relativamente a esta rede
podem ser aplicadas diretamente a todos os levantamentos, evitando a
necessidade de transformações e integração entre os dois referenciais.

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

5. ASPECTOS LEGAIS

MATA ATLÂNTICA

A Lei 11.428/2006 - Dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa


do Bioma Mata Atlântica, e dá outras providências

Decreto n° 6.660/08, regulamentador da Lei nº. 11.428/08

Resolução CONAMA 31/94 - Define vegetação primária e secundária nos


estágios inicial, médio e avançado de regeneração da Mata Atlântica, a fim de
orientar os procedimentos de licenciamento de atividades florestais no Estado
de Pernambuco.

Resolução CONAMA 388/2007 - Dispõe sobre a convalidação das resoluções


que definem a vegetação primária e secundária nos estágios inicial, médio e
avançado de regeneração da Mata Atlântica para fins do disposto no art. 4o §
1o da Lei no 11.428, de 22 de dezembro de 2006.

POLÍTICA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE (Lei 6.938/1981)

Servidão ambiental (alterada pela Lei 12.651/2012)

Art. 78. O art. 9o-A da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, passa a


vigorar com a seguinte redação:

“Art. 9o-A. O proprietário ou possuidor de imóvel, pessoa natural ou jurídica,


pode, por instrumento público ou particular ou por termo administrativo firmado
perante órgão integrante do Sisnama, limitar o uso de toda a sua propriedade
ou de parte dela para preservar, conservar ou recuperar os recursos
ambientais existentes, instituindo servidão ambiental.

§ 1o O instrumento ou termo de instituição da servidão ambiental deve incluir,


no mínimo, os seguintes itens:

I - memorial descritivo da área da servidão ambiental, contendo pelo menos um


ponto de amarração georreferenciado;

II - objeto da servidão ambiental;

III - direitos e deveres do proprietário ou possuidor instituidor;

IV - prazo durante o qual a área permanecerá como servidão ambiental.

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

§ 2o A servidão ambiental não se aplica às Áreas de Preservação Permanente


e à Reserva Legal mínima exigida.

§ 3o A restrição ao uso ou à exploração da vegetação da área sob servidão


ambiental deve ser, no mínimo, a mesma estabelecida para a Reserva Legal.

§ 4o Devem ser objeto de averbação na matrícula do imóvel no registro de


imóveis competente:

I - o instrumento ou termo de instituição da servidão ambiental;

II - o contrato de alienação, cessão ou transferência da servidão ambiental.

§ 5o Na hipótese de compensação de Reserva Legal, a servidão ambiental


deve ser averbada na matrícula de todos os imóveis envolvidos.

§ 6o É vedada, durante o prazo de vigência da servidão ambiental, a alteração


da destinação da área, nos casos de transmissão do imóvel a qualquer título,
de desmembramento ou de retificação dos limites do imóvel.

§ 7o As áreas que tenham sido instituídas na forma de servidão florestal, nos


termos do art. 44-A da Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965, passam a ser
consideradas, pelo efeito desta Lei, como de servidão ambiental.” (NR)

Art. 78-A. Após 5 (cinco) anos da data da publicação desta Lei, as


instituições financeiras só concederão crédito agrícola, em qualquer de suas
modalidades, para proprietários de imóveis rurais que estejam inscritos no
CAR. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).

CÓDIGO FLORESTAL FEDERAL- Lei 12.651/2012 - DA ATIVIDADE


FLORESTAL

CONTROLE DO DESMATAMENTO

Art. 51 O ÓRGÃO AMBIENTAL COMPETENTE, ao tomar conhecimento do


DESMATAMENTO EM DESACORDO COM O DISPOSTO NESTA LEI, deverá
EMBARGAR A OBRA OU ATIVIDADE que deu causa ao uso alternativo do
solo, como medida administrativa voltada a impedir a continuidade do dano
ambiental, propiciar a regeneração do meio ambiente e dar viabilidade à
recuperação da área degradada.

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

§ 1º O EMBARGO RESTRINGE-SE aos locais ONDE efetivamente OCORREU


O DESMATAMENTO ILEGAL, não alcançando as atividades de subsistência
ou as demais atividades realizadas no imóvel não relacionadas com a infração.

§ 2º O órgão ambiental responsável deverá disponibilizar publicamente as


informações sobre o imóvel embargado, inclusive por meio da rede mundial de
computadores, resguardados os dados protegidos por legislação específica,
caracterizando o exato local da área embargada e informando em que estágio
se encontra o respectivo procedimento administrativo.

§ 3º A pedido do interessado, o órgão ambiental responsável emitirá certidão


em que conste a atividade, a obra e a parte da área do imóvel que são objetos
do embargo, conforme o caso

SUPRESSÃO DE VEGETAÇÃO PARA USO ALTERNATIVO DO SOLO

Art. 26 A supressão de vegetação nativa para uso alternativo do solo, tanto de


domínio público como de domínio privado, dependerá do cadastramento do
imóvel no CAR, de que trata o art. 29, e de prévia autorização do órgão
estadual competente do Sisnama.

§ 3º No caso de reposição florestal, deverão ser priorizados projetos que


contemplem a utilização de espécies nativas do mesmo bioma onde ocorreu a
supressão.

§ 4º O requerimento de autorização de supressão de que trata o caput conterá,


no mínimo, as seguintes informações:

I - a localização do imóvel, das Áreas de Preservação Permanente, da


Reserva Legal e das áreas de uso restrito, por coordenada geográfica, com
pelo menos um ponto de amarração do perímetro do imóvel;
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

II - a reposição ou compensação florestal, nos termos do § 4º do Art. 33;


III - a utilização efetiva e sustentável das áreas já convertidas;
IV - o uso alternativo da área a ser desmatada.

Art. 27 Nas áreas passíveis de uso alternativo do solo, a supressão de


vegetação que abrigue espécie da flora ou da fauna ameaçada de extinção,
segundo lista oficial publicada pelos órgãos federal ou estadual ou municipal do
Sisnama, ou espécies migratórias, dependerá da adoção de medidas
compensatórias e mitigadoras que assegurem a conservação da espécie.

Art. 28 Não é permitida a conversão de vegetação nativa para uso alternativo


do solo no imóvel rural que possuir área abandonada.

EXPLORAÇÃO FLORESTAL - PMFS

Art. 31 A EXPLORAÇÃO DE FLORESTAS NATIVAS e formações sucessoras,


de domínio público ou privado, ressalvados os casos previstos nos arts. 21, 23
e 24, dependerá de licenciamento pelo órgão competente do Sisnama,
mediante aprovação prévia de Plano de Manejo Florestal Sustentável - PMFS
que contemple técnicas de condução, exploração, reposição florestal e manejo
compatíveis com os variados ecossistemas que a cobertura arbórea forme.

§ 1º O PMFS atenderá os seguintes fundamentos técnicos e científicos:

I - caracterização dos meios físico e biológico;


II - determinação do estoque existente;
III - intensidade de exploração compatível com a capacidade de suporte
ambiental da florestal;
IV - ciclo de corte compatível com o tempo de restabelecimento do volume
de produto extraído da floresta;

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

V - promoção da regeneração natural da floresta;


VI - adoção de sistema silvicultural adequado;
VII - adoção de sistema de exploração adequado;
VIII - monitoramento do desenvolvimento da floresta remanescente;
IX - adoção de medidas mitigadoras dos impactos ambientais e sociais.

§ 2º A aprovação do PMFS pelo órgão competente do Sisnama confere ao seu


detentor a licença ambiental para a prática do manejo florestal sustentável, não
se aplicando outras etapas de licenciamento ambiental.
§ 3º O detentor do PMFS encaminhará relatório anual ao órgão ambiental
competente com as informações sobre toda a área de manejo florestal
sustentável e a descrição das atividades realizadas.
§ 4º O PMFS será submetido a vistorias técnicas para fiscalizar as operações e
atividades desenvolvidas na área de manejo.
§ 6º Para fins de manejo florestal na pequena propriedade ou posse rural
familiar, os órgãos do Sisnama deverão estabelecer procedimentos
simplificados de elaboração, análise e aprovação dos referidos PMFS.
§ 7º Compete ao órgão federal de meio ambiente a aprovação de PMFS
incidentes em florestas públicas de domínio da União.

Art. 32 Estão isentos do PMFS:

I - a supressão de formações sucessoras para uso alternativo do solo;


II - manejo de floresta plantada fora da Resera Legal e Áreas de
Preservação Permanente;
III - a exploração florestal não comercial nas pequenas propriedades rurais
ou posse rural familiar ou por populações tradicionais (até 4 módulos fiscais).

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

REPOSIÇÃO FLORESTAL

Art. 33 Quem utilizar, pessoa física ou jurídica, matéria-prima florestal deve


garantir sua atividade mediante recursos oriundos de:
I - florestas plantadas;
II - PMFS de floresta nativa aprovado pelo órgão ambiental competente;
III - supressão de vegetação nativa autorizada pelo órgão ambiental
competente;
IV - outras formas de biomassa florestal definidas pelo órgão ambiental
competente.

§ 1º São obrigadas à reposição florestal as pessoas físicas ou jurídicas que


utilizam matéria-prima florestal oriunda de supressão de vegetação nativa ou
que detenham autorização para supressão de vegetação nativa.

§ 2º Fica isento da obrigatoriedade da reposição florestal, quem utilize:

I - costaneiras, aparas, cavacos ou outros resíduos provenientes da


atividade industrial;
II - matéria-prima florestal oriunda de:
a) de PMFS;
b) de floresta plantada;
c) não-madeireira
§ 3º A isenção da obrigatoriedade da reposição florestal não desobriga o
interessado da comprovação perante a autoridade competente da origem do
recurso florestal utilizado.

§ 4º A reposição florestal será efetivada no Estado de origem da matéria-prima


utilizada, mediante o plantio de espécies preferencialmente nativas, conforme
determinações do órgão competente do Sisnama.

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

PLANO DE SUPRIMENTO SUSTENTÁVEL (PSS)

Art. 34 As empresas industriais que utilizam grande quantidade de matéria-


prima florestal são obrigadas a elaborar e implementar Plano de Suprimento
Sustentável - PSS, a ser submetido à aprovação do órgão competente do
Sisnama.

§ 1º O PSS assegurará produção equivalente ao consumo de matéria-prima


florestal pela atividade industrial.

§ 2º O PSS incluirá, no mínimo:

I - programação de suprimento de matéria-prima florestal;


II - indicação das áreas de origem da matéria-prima florestal
georreferenciadas;
III - cópia do contrato entre os particulares envolvidos, quando o PSS
incluir suprimento de matéria-prima florestal oriunda de terras pertencentes a
terceiros.
§ 3º Admite-se o suprimento mediante matéria-prima em oferta no mercado:
I - na fase inicial de instalação da atividade industrial, nas condições e
durante o período, não superior a 10 (dez) anos, previstos no PSS, ressalvados
os contratos de suprimento mencionados no inciso III (item anteior);
II - no caso de aquisição de produtos provenientes do plantio de florestas
exóticas, licenciadas por órgão competente do Sisnama, o suprimento será
comprovado posteriormente mediante relatório anual em que conste a
localização da floresta e as quantidades produzidas.

§ 4º O PSS de empresas siderúrgicas, metalúrgicas ou outras que consumam


grandes quantidades de carvão vegetal ou lenha estabelecerá a utilização
exclusiva de matéria-prima oriunda de florestas plantadas ou de PMFS e será
parte integrante do processo de licenciamento ambiental do empreendimento.

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

CONTROLE DA ORIGEM DOS PRODUTOS FLORESTAIS - DOF

Art. 35 O CONTROLE DA ORIGEM DA MADEIRA, do carvão e de outros


produtos ou subprodutos florestais incluirá sistema nacional que integre os
dados dos diferentes entes federativos, coordenado, fiscalizado e
regulamentado pelo órgão federal competente do Sisnama.

§ 1º O plantio ou reflorestamento com espécies florestais nativas ou exóticas


independem de autorização prévia, desde que observadas as limitações e
condições previstas nesta Lei, devendo ser informados ao órgão competente,
no prazo de até 1 (um) ano, para fins de controle de origem.

§ 2º É livre a extração de lenha e demais produtos de florestas plantadas nas


áreas não consideradas Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal.

§ 3º O corte ou a exploração de espécies nativas plantadas em área de uso


alternativo do solo serão permitidos independentemente de autorização prévia,
devendo o plantio ou reflorestamento estar previamente cadastrado no órgão
ambiental competente e a exploração ser previamente declarada nele para fins
de controle de origem.

§ 4º Os dados do sistema nacional serão disponibilizados para acesso público


por meio da rede mundial de computadores, cabendo ao órgão federal
coordenador do sistema fornecer os programas de informática a serem
utilizados e definir o prazo para integração dos dados e as informações que
deverão ser aportadas ao sistema nacional.

§ 5º O órgão federal coordenador do sistema nacional poderá bloquear a


emissão de Documento de Origem Florestal - DOF dos entes federativos não
integrados ao sistema e fiscalizar os dados e relatórios respectivos.

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

Art. 36 O TRANSPORTE , por qualquer meio, e o ARMAZENAMENTO de


madeira, lenha, carvão e outros produtos ou subprodutos florestais oriundos de
florestas de espécies nativas, para fins comerciais ou industriais, REQUEREM
LICENÇA DO ÓRGÃO COMPETENTE do Sisnama, observado o disposto no
art. 35.

§ 1º A licença prevista será formalizada por meio da emissão do DOF, que


deverá acompanhar o material até o beneficiamento final.

§ 2º Para a emissão do DOF, a pessoa física ou jurídica responsável deverá


estar registrada no Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente
Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais, previsto no art. 17 da Lei
no 6.938, de 31 de agosto de 1981.

§ 3º Todo aquele que recebe ou adquire, para fins comerciais ou industriais,


madeira, lenha, carvão e outros produtos ou subprodutos de florestas de
espécies nativas é obrigado a exigir a apresentação do DOF e munir-se da via
que deverá acompanhar o material até o beneficiamento final.

§ 4º No DOF deverão constar a especificação do material, sua volumetria e


dados sobre sua origem e destino.

Art. 37 O comércio de plantas vivas e outros produtos oriundos da flora nativa


dependerá de licença do órgão estadual competente do Sisnama e de registro
no Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou
Utilizadoras de Recursos Ambientais, previsto no art. 17 da Lei no 6.938, de 31
de agosto de 1981, sem prejuízo de outras exigências cabíveis.

§ único A exportação de plantas vivas e outros produtos da flora dependerá de


licença do órgão federal competente do Sisnama, observadas as condições
estabelecidas no caput.
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

PROIBIÇÃO DO USO DO FOGO

Art. 38 É PROIBIDO O USO DE FOGO na vegetação EXCETO nas seguintes


situações:

I - em locais ou regiões cujas peculiaridades justifiquem o emprego do fogo


em práticas agropastoris ou florestais, mediante prévia aprovação do órgão
estadual ambiental competente do Sisnama, para cada imóvel rural ou de
forma regionalizada, que estabelecerá os critérios de monitoramento e controle;

II - emprego da queima controlada em Unidades de Conservação, em


conformidade com o respectivo plano de manejo e mediante prévia aprovação
do órgão gestor da Unidade de Conservação, visando ao manejo
conservacionista da vegetação nativa, cujas características ecológicas estejam
associadas evolutivamente à ocorrência do fogo;

III - atividades de pesquisa científica vinculada a projeto de pesquisa


devidamente aprovado pelos órgãos competentes e realizada por instituição de
pesquisa reconhecida, mediante prévia aprovação do órgão ambiental
competente do Sisnama.

§ 1º Na situação prevista no inciso I, o órgão estadual ambiental competente do


Sisnama exigirá que os estudos demandados para o licenciamento da atividade
rural contenham planejamento específico sobre o emprego do fogo e o controle
dos incêndios.
§ 2° Excetuam-se da proibição constante no caput as práticas de prevenção e
combate aos incêndios e as de agricultura de subsistência exercidas pelas
populações tradicionais e indígenas.
§ 3° Na apuração da responsabilidade pelo uso irregular do fogo em terras
públicas ou particulares, a autoridade competente para fiscalização e autuação
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

deverá comprovar o nexo de causalidade entre a ação do proprietário ou


qualquer preposto e o dano efetivamente causado.
§ 4° É necessário o estabelecimento de nexo causal na verificação das
responsabilidades por infração pelo uso irregular do fogo em terras públicas ou
particulares.
Art. 39 Os órgãos ambientais do Sisnama, bem como todo e qualquer órgão
público ou privado responsável pela gestão de áreas com vegetação nativa ou
plantios florestais, deverão elaborar, atualizar e implantar planos de
contingência para o combate aos incêndios florestais.

Art. 40 O Governo Federal deverá estabelecer uma Política Nacional de


Manejo e Controle de Queimadas, Prevenção e Combate aos Incêndios
Florestais, que promova a articulação institucional com vistas na substituição
do uso do fogo no meio rural, no controle de queimadas, na prevenção e no
combate aos incêndios florestais e no manejo do fogo em áreas naturais
protegidas.

§ 1° A Política mencionada deverá prever instrumentos para a análise dos


impactos das queimadas sobre mudanças climáticas e mudanças no uso da
terra, conservação dos ecossistemas, saúde pública e fauna, para subsidiar
planos estratégicos de prevenção de incêndios florestais.

§ 2° A Política mencionada deverá observar cenários de mudanças climáticas


e potenciais aumentos de risco de ocorrência de incêndios florestais.

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

LICENÇA E COMERCIALIZAÇÃO DE MOTOSSERRA

Art. 69 SÃO OBRIGADOS A REGISTRO no órgão federal competente do


Sisnama os ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS responsáveis pela
comercialização de MOTOSSERRA, bem como aqueles que as adquirirem.

§ 1º A LICENÇA PARA PORTE E USO DE MOTOSSERRAS será renovada a


cada 2 (dois) anos.

§ 2º Os fabricantes de motosserras são obrigados a imprimir, em local visível


do equipamento, numeração cuja sequência será encaminhada ao órgão
federal competente do Sisnama e constará nas correspondentes notas fiscais.

SILVICULTURA EQUIPARADA À ATIVIDADE AGRÍCOLA

Art. 72. Para efeitos desta Lei, A ATIVIDADE SILVICULTURA, quando


realizada em área apta ao uso alternativo do solo, É EQUIPARADA À
ATIVIDADE AGRÍCOLA, nos termos da Lei no 8.171, de 17 de janeiro de 1991
(estabelece ações e instrumentos da política agrícola), que “dispõe sobre a
política agrícola”.

MEDIDAS DE PRECAUÇÃO

Art. 70. Além do disposto nesta Lei e sem prejuízo da criação de unidades de
conservação da natureza, na forma da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, e
de outras ações cabíveis voltadas à proteção das florestas e outras formas de
vegetação, o poder público federal, estadual ou municipal poderá:

I - proibir ou limitar o corte das espécies da flora raras, endêmicas, em


perigo ou ameaçadas de extinção, bem como das espécies necessárias à
subsistência das populações tradicionais, delimitando as áreas compreendidas
no ato, fazendo depender de autorização prévia, nessas áreas, o corte de
outras espécies;
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

II - declarar qualquer árvore imune de corte, por motivo de sua


localização, raridade, beleza ou condição de porta-sementes;

III - estabelecer exigências administrativas sobre o registro e outras


formas de controle de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam à extração,
indústria ou comércio de produtos ou subprodutos florestais.

INCENTIVO À RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

1. É o Poder Executivo federal autorizado a INSTITUIR, sem prejuízo do


cumprimento da legislação ambiental, PROGRAMA DE APOIO E INCENTIVO
À CONSERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE, bem como para adoção de
tecnologias e boas práticas que conciliem a produtividade agropecuária e
florestal, com redução dos impactos ambientais, como forma de promoção do
desenvolvimento ecologicamente sustentável, observados sempre os critérios
de progressividade, abrangendo as seguintes categorias e linhas de ação: (Art.
41, Lei 12.651/12)

2. PAGAMENTO OU INCENTIVO A SERVIÇOS AMBIENTAIS como


retribuição, monetária ou não, às atividades de conservação e melhoria dos
ecossistemas e que gerem serviços ambientais, tais como, isolada ou
cumulativamente: (Art. 41, inciso I, Lei 12.651/12)
a) o sequestro, a conservação, a manutenção e o aumento do estoque e a
diminuição do fluxo de carbono;
b) a conservação da beleza cênica natural;
c) a conservação da biodiversidade;
d) a conservação das águas e dos serviços hídricos;
e) a regulação do clima;
f) a valorização cultural e do conhecimento tradicional ecossistêmico;
g) a conservação e o melhoramento do solo;
h) a manutenção de Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal
e de uso restrito;
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

3. COMPENSAÇÃO PELAS MEDIDAS DE CONSERVAÇÃO AMBIENTAL


necessárias para o cumprimento dos objetivos desta Lei, utilizando-se dos
seguintes instrumentos, dentre outros: (Art. 41, inciso II, Lei 12.651/12)
a) obtenção de crédito agrícola, em todas as suas modalidades, com taxas
de juros menores, bem como limites e prazos maiores que os praticados no
mercado;
b) contratação do seguro agrícola em condições melhores que as
praticadas no mercado;
c) dedução das Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de
uso restrito da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural
- ITR, gerando créditos tributários;
d) destinação de parte dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso
da água, na forma da Lei no 9.433, de 8 de janeiro de 1997, para a
manutenção, recuperação ou recomposição das Áreas de Preservação
Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito na bacia de geração da
receita;
e) linhas de financiamento para atender iniciativas de preservação
voluntária de vegetação nativa, proteção de espécies da flora nativa
ameaçadas de extinção, manejo florestal e agroflorestal sustentável realizados
na propriedade ou posse rural, ou recuperação de áreas degradadas;
f) isenção de impostos para os principais insumos e equipamentos, tais
como: fios de arame, postes de madeira tratada, bombas d’água, trado de
perfuração de solo, dentre outros utilizados para os processos de recuperação
e manutenção das Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de
uso restrito;
4. INCENTIVOS PARA COMERCIALIZAÇÃO, inovação e aceleração das
ações de recuperação, conservação e uso sustentável das florestas e demais
formas de vegetação nativa, tais como: (Art. 41, inciso III, Lei 12.651/12)

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

a) participação preferencial nos programas de apoio à comercialização da


produção agrícola;
b) destinação de recursos para a pesquisa científica e tecnológica e a
extensão rural relacionadas à melhoria da qualidade ambiental.
5. PARA FINANCIAR AS ATIVIDADES necessárias à regularização ambiental
das propriedades rurais, o PROGRAMA PODERÁ PREVER:(Art. 41, §1º, Lei
12.651/12)
I - destinação de recursos para a pesquisa científica e tecnológica e a
extensão rural relacionadas à melhoria da qualidade ambiental;
II - dedução da base de cálculo do imposto de renda do proprietário ou
possuidor de imóvel rural, pessoa física ou jurídica, de parte dos gastos
efetuados com a recomposição das Áreas de Preservação Permanente, de
Reserva Legal e de uso restrito cujo desmatamento seja anterior a 22 de julho
de 2008;
III - utilização de fundos públicos para concessão de créditos reembolsáveis
e não reembolsáveis destinados à compensação, recuperação ou
recomposição das Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de
uso restrito cujo desmatamento seja anterior a 22 de julho de 2008.
6. O programa previsto poderá, ainda, estabelecer diferenciação tributária para
empresas que industrializem ou comercializem produtos originários de
propriedades ou posses rurais que cumpram os padrões e limites estabelecidos
nos arts. 4º, 6º, 11 e 12 desta Lei, ou que estejam em processo de cumpri-los.
(Art. 41, §2º, Lei 12.651/12)
7. Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais inscritos no CAR,
inadimplentes em relação ao cumprimento do termo de compromisso ou PRA
ou que estejam sujeitos a sanções por infrações ao disposto nesta Lei, exceto
aquelas suspensas em virtude do disposto no Capítulo XIII, não são elegíveis

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

para os incentivos previstos nas alíneas "a" a "e" do item 3 deste página até
que as referidas sanções sejam extintas. (Art. 41, §3º, Lei 12.651/12)
8. As atividades de manutenção das Áreas de Preservação Permanente, de
Reserva Legal e de uso restrito são elegíveis para quaisquer pagamentos ou
incentivos por serviços ambientais, configurando adicionalidade para fins de
mercados nacionais e internacionais de reduções de emissões certificadas de
gases de efeito estufa. (Art. 41, §4º, Lei 12.651/12)
9. O programa relativo a serviços ambientais previsto no item 2 deverá integrar
os sistemas em âmbito nacional e estadual, objetivando a criação de um
mercado de serviços ambientais.(Art. 41, §5º, Lei 12.651/12)
10. Os proprietários localizados nas zonas de amortecimento de Unidades de
Conservação de Proteção Integral são elegíveis para receber apoio técnico-
financeiro da compensação prevista no art. 36 da Lei no 9.985, de 18 de julho
de 2000, com a finalidade de recuperação e manutenção de áreas prioritárias
para a gestão da unidade.(Art. 41, §6º, Lei 12.651/12)
11. O pagamento ou incentivo a serviços ambientais a que se refere o item 2
serão prioritariamente destinados aos agricultores considerados como pequena
propriedade ou posse rural familiar (até 4 módulos fiscais) (Art. 41, §7º, Lei
12.651/12)
12. O Governo Federal implantará programa para conversão da multa prevista
no art. 50 do Decreto no 6.514, de 22 de julho de 2008, destinado a imóveis
rurais, referente a autuações vinculadas a desmatamentos em áreas onde não
era vedada a supressão, que foram promovidos sem autorização ou licença,
em data anterior a 22 de julho de 2008. (Art. 42, Lei 12.651/12)

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

RESERVA LEGAL

DA DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE RESERVA LEGAL

1. Todo imóvel rural deve manter área de 20% com cobertura de vegetação
nativa, a título de Reserva Legal (Art. 12, inciso 2º, Lei 12.651/12).
2. Será admitido o cômputo das Áreas de Preservação Permanente no cálculo
do percentual da Reserva Legal do imóvel, desde que (Art. 15, Lei 12.651/12):
I - o benefício previsto neste artigo não implique a conversão de novas
áreas para o uso alternativo do solo;
II - a área a ser computada esteja conservada ou em processo de
recuperação, conforme comprovação do proprietário ao órgão estadual
integrante do Sisnama;
III - o proprietário ou possuidor tenha requerido inclusão do imóvel no
Cadastro Ambiental Rural - CAR, nos termos desta Lei.

3. O cômputo da APP aplica-se a todas as modalidades de cumprimento da


Reserva Legal, abrangendo a regeneração, a recomposição e a compensação.
(Art. 15, §3º, Lei 12.651/12).
4. A localização da área de Reserva Legal no imóvel rural deverá levar em
consideração os seguintes estudos e critérios (Art. 14, Lei 12.651/12):
I - o plano de bacia hidrográfica;
II - o Zoneamento Ecológico-Econômico;
III - a formação de corredores ecológicos com outra Reserva Legal, com
Área de Preservação Permanente, com Unidade de Conservação ou com outra
área legalmente protegida;
IV - as áreas de maior importância para a conservação da biodiversidade;
V - as áreas de maior fragilidade ambiental.

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

5. É obrigatória a suspensão imediata das atividades em área de Reserva


Legal desmatada irregularmente após 22 de julho de 2008 (Art. 17, §3º, Lei
12.651/12).
6. Sem prejuízo das sanções administrativas, cíveis e penais cabíveis, deverá
ser iniciado, nas áreas de que trata o item 5 anterior, o processo de
recomposição da Reserva Legal em até 2 (dois) anos contados a partir da data
da publicação desta Lei, devendo tal processo ser concluído nos prazos
estabelecidos pelo Programa de Regularização Ambiental - PRA (Art. 17, §4º,
Lei 12.651/12).
7. Em caso de fracionamento do imóvel rural, a qualquer título, inclusive para
assentamentos pelo Programa de Reforma Agrária, será considerada, para fins
do disposto do caput, a área do imóvel antes do fracionamento (Art. 12, §1º, Lei
12.651/12).
8. Os Estados que não possuem seus Zoneamentos Ecológico-Econômicos -
ZEEs segundo a metodologia unificada, estabelecida em norma federal, terão o
prazo de 5 (cinco) anos, a partir da data da publicação desta Lei, para a sua
elaboração e aprovação (Art. 13, §2º, Lei 12.651/12).

9. Admite-se a exploração econômica da Reserva Legal mediante manejo


sustentável, previamente aprovado pelo órgão competente do Sisnama, de
acordo com as modalidades (Art. 17, §1º, Lei 12.651/12 - Art 20: exploração
seletiva nas modalidades de manejo sustentável sem propósito comercial para
consumo na propriedade e manejo sustentável para exploração florestal com
propósito comercial.):

9.1. SEM PROPÓSITO COMERCIAL: (Art. 23, Lei 12.651/12)


► Para consumo no próprio imóvel, independe de autorização dos
órgãos competentes, devendo apenas ser declarados previamente ao órgão

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

ambiental a motivação da exploração e o volume explorado, limitada a


exploração anual a 20 (vinte) metros cúbicos.

9.2. COM PROPÓSITO COMERCIAL, depende de autorização do órgão


competente e deverá atender as seguintes diretrizes e orientações: (Art. 22, Lei
12.651/12)
I - não descaracterizar a cobertura vegetal e não prejudicar a conservação
da vegetação nativa da área;
II - assegurar a manutenção da diversidade das espécies;
III - conduzir o manejo de espécies exóticas com a adoção de medidas que
favoreçam a regeneração de espécies nativas.

10. É livre a coleta de produtos florestais não madeireiros, tais como frutos,
cipós, folhas e sementes, devendo-se observar:(Art. 21, Lei 12.651/12)
I - os períodos de coleta e volumes fixados em regulamentos
específicos, quando houver;
II - a época de maturação dos frutos e sementes;
III - técnicas que não coloquem em risco a sobrevivência de indivíduos e
da espécie coletada no caso de coleta de flores, folhas, cascas, óleos, resinas,
cipós, bulbos, bambus e raízes.
11. A inserção do imóvel rural em perímetro urbano definido mediante lei
municipal não desobriga o proprietário ou posseiro da manutenção da área de
Reserva Legal, que só será extinta concomitantemente ao registro do
parcelamento do solo para fins urbanos aprovado segundo a legislação
específica e consoante as diretrizes do plano diretor de que trata o § 1o do art.
182 da Constituição Federal. (Art. 19, Lei 12.651/12).
12. Nos imóveis rurais que detinham, em 22 de julho de 2008, área de até 4
(quatro) módulos fiscais e que possuam remanescente de vegetação nativa em

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

percentuais inferiores a 20%, a Reserva Legal será constituída com a área


ocupada com a vegetação nativa existente em 22 de julho de 2008, vedadas
novas conversões para uso alternativo do solo. (Art. 67, Lei 12.651/12).

EXCEDENTE DA RESERVA LEGAL

1. O proprietário ou possuidor de imóvel com Reserva Legal conservada e


inscrita no Cadastro Ambiental Rural - CAR, cuja área ultrapasse o mínimo
exigido por esta Lei, poderá utilizar a área excedente para fins de constituição
de servidão ambiental, Cota de Reserva Ambiental e outros instrumentos
congêneres previstos nesta Lei (CÓDIGO FLORESTAL - Art. 15, §2º, Lei
12.651/12)
2. A conservação, em imóvel rural ou urbano, da vegetação primária ou da
vegetação secundária em qualquer estágio de regeneração do Bioma Mata
Atlântica cumpre função social e é de interesse público, podendo, a critério do
proprietário, as áreas sujeitas à restrição de que trata esta Lei ser computadas
para efeito da Reserva Legal e seu excedente utilizado para fins de
compensação ambiental ou instituição de Cota de Reserva Ambiental - CRA
(LEI DA MATA ATLÂNTICA - Art. 35, Lei 11.428/2006)

EXIGÊNCIA DE RESERVA LEGAL

1. Os empreendimentos de abastecimento público de água e tratamento de


esgoto não estão sujeitos à constituição de Reserva Legal (Art. 12, §6º, Lei
12.651/12);
2. Não será exigido Reserva Legal relativa às áreas adquiridas ou
desapropriadas por detentor de concessão, permissão ou autorização para
exploração de potencial de energia hidráulica, nas quais funcionem
empreendimentos de geração de energia elétrica, subestações ou sejam

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

instaladas linhas de transmissão e de distribuição de energia elétrica (Art. 12,


§7º, Lei 12.651/12);
3. Não será exigido Reserva Legal relativa às áreas adquiridas ou
desapropriadas com o objetivo de implantação e ampliação de capacidade de
rodovias e ferrovias (Art. 12, §8º, Lei 12.651/12);

AVERBAÇÃO, REGISTRO E TRANSFERÊNCIA DA RESERVA LEGAL

1. A área de Reserva Legal deverá ser registrada no órgão ambiental


competente por meio de inscrição no CAR, sendo vedada a alteração de sua
destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, ou de
desmembramento, com as exceções previstas nesta Lei. (Art. 18, Lei
12.651/12)
2. A inscrição da Reserva Legal no CAR será feita mediante a apresentação
de planta e memorial descritivo, contendo a indicação das coordenadas
geográficas com pelo menos um ponto de amarração, conforme ato do Chefe
do Poder Executivo. (Art. 18, §1º, Lei 12.651/12)
3. Na posse, a área de Reserva Legal é assegurada por termo de
compromisso firmado pelo possuidor com o órgão competente do Sisnama,
com força de título executivo extrajudicial, que explicite, no mínimo, a
localização da área de Reserva Legal e as obrigações assumidas pelo
possuidor por força do previsto nesta Lei. (Art. 18, §2º, Lei 12.651/12)
4. A transferência da posse implica a sub-rogação das obrigações assumidas
no termo de compromisso. (Art. 18, §3º, Lei 12.651/12)
5. O registro da Reserva Legal no CAR desobriga a averbação no Cartório de
Registro de Imóveis, sendo que, no período entre a data da publicação desta
Lei e o registro no CAR, o proprietário ou possuidor rural que desejar fazer a
averbação terá direito à gratuidade deste ato. (Art. 18, §4º, Lei 12.651/12)

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

ÁREAS CONSOLIDADAS EM ÁREA DE RESERVA LEGAL

1. Proprietário ou possuidor de imóvel rural que detinha até 22 de julho de


2008, RL inferior ao limite estabelecido poderá regularizar sua situação,
independente da adesão ao PRA, adotando as seguintes alternativas, isolada
ou conjuntamente: (Art. 66, Lei 12.651/12)

I – Recompor a Reserva Legal;


II – Permitir a regeneração natural da vegetação da área de Reserva Legal;
III – Compensar a Reserva Legal;
2. A recomposição da Reserva Legal deverá atender os critérios estipulados
pelo órgão competente do Sisnama e ser concluída em até 20 (vinte) anos,
abrangendo, a cada 2 (dois) anos, no mínimo 1/10 (um décimo) da área total
necessária à sua complementação. (Art. 66, §2º, Lei 12.651/12)
3. A recomposição da Reserva Legal poderá ser realizada mediante o plantio
intercalado de espécies nativas com exóticas ou frutíferas, em sistema
agroflorestal, observados os seguintes parâmetros: (Incluído pela Lei nº
12.727, de 2012). (Art. 66, §3º, Lei 12.651/12)
I - o plantio de espécies exóticas deverá ser combinado com as espécies
nativas de ocorrência regional;
II - a área recomposta com espécies exóticas não poderá exceder a 50%
(cinquenta por cento) da área total a ser recuperada.
4. Os proprietários ou possuidores do imóvel que optarem por recompor a
Reserva Legal terão direito à sua exploração econômica, nos termos desta Lei.
(Art. 66, §4º, Lei 12.651/12)
5. A compensação da Reserva Legal deverá ser precedida pela inscrição da
propriedade no CAR e poderá ser feita mediante: (Art. 66, §5º, Lei 12.651/12)
I - aquisição de Cota de Reserva Ambiental - CRA;

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

II - arrendamento de área sob regime de servidão ambiental ou Reserva


Legal;
III - doação ao poder público de área localizada no interior de Unidade de
Conservação de domínio público pendente de regularização fundiária;
IV - cadastramento de outra área equivalente e excedente à Reserva Legal,
em imóvel de mesma titularidade ou adquirida em imóvel de terceiro, com
vegetação nativa estabelecida, em regeneração ou recomposição, desde que
localizada no mesmo bioma.
6. As áreas a serem utilizadas para compensação deverão: (Art. 66, §6º, Lei
12.651/12)
I - ser equivalentes em extensão à área da Reserva Legal a ser
compensada;
II - estar localizadas no mesmo bioma da área de Reserva Legal a ser
compensada;
III - se fora do Estado, estar localizadas em áreas identificadas como
prioritárias pela União ou pelos Estados.
7. A definição de áreas prioritárias buscará favorecer, entre outros, a
recuperação de bacias hidrográficas excessivamente desmatadas, a criação de
corredores ecológicos, a conservação de grandes áreas protegidas e a
conservação ou recuperação de ecossistemas ou espécies ameaçados. (Art.
66, §7º, Lei 12.651/12)
8. Quando se tratar de imóveis públicos, a compensação poderá ser feita
mediante concessão de direito real de uso ou doação, por parte da pessoa
jurídica de direito público proprietária de imóvel rural que não detém Reserva
Legal em extensão suficiente, ao órgão público responsável pela Unidade de
Conservação de área localizada no interior de Unidade de Conservação de

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

domínio público, a ser criada ou pendente de regularização fundiária. (Art.


66, §8º, Lei 12.651/12)
9. As medidas de compensação previstas neste artigo não poderão ser
utilizadas como forma de viabilizar a conversão de novas áreas para uso
alternativo do solo.(Art. 66, §9º, Lei 12.651/12)
10. Nos imóveis rurais que detinham, em 22 de julho de 2008, área de até 4
(quatro) módulos fiscais e que possuam remanescente de vegetação nativa em
percentuais inferiores ao previsto no art. 12, a Reserva Legal será constituída
com a área ocupada com a vegetação nativa existente em 22 de julho de 2008,
vedadas novas conversões para uso alternativo do solo. (Art. 67, Lei
12.651/12)
11. Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais que realizaram
supressão de vegetação nativa respeitando os percentuais de Reserva Legal
previstos pela legislação em vigor à época em que ocorreu a supressão são
dispensados de promover a recomposição, compensação ou regeneração para
os percentuais exigidos nesta Lei. (Art. 68, Lei 12.651/12)
12. Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais poderão provar essas
situações consolidadas por documentos tais como a descrição de fatos
históricos de ocupação da região, registros de comercialização, dados
agropecuários da atividade, contratos e documentos bancários relativos à
produção, e por todos os outros meios de prova em direito admitidos. (Art.
68, §1º, Lei 12.651/12)

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE

DELIMITAÇÃO E PROTEÇÃO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO


PERMANENTE

1. RIOS (RURAIS OU URBANOS)


As faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente,
excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura
mínima de: (Art. 4º, inciso I)
LARGURA DO RIO OU LARGURA DE MATA CILIAR DA CADA LADO DO
CÓRREGO RIO OU CÓRREGO
ATÉ 10 m 30 m
DE 10 a 50 m 50 m
DE 50 a 200 m 100 m
DE 200 a 600 m 200 m
ACIMA de 600 m 500 m

2. LAGOS E LAGOAS NATURAIS

► EM ÁREAS RURAIS

♦ LÂMINA D’ÁGUA ATÉ 20 ha – 50 m de mata ciliar (Art. 4º, inciso II a)


♦ LÂMINA D’ÁGUA ACIMA DE 20 ha – 100 m de mata ciliar (Art. 4º,
inciso II a)
♦ LÂMINA D'ÁGUA ATÉ 1 ha - fica dispensada a obrigatoriedade da
mata ciliar (Art. 4º § 4º)
► EM ÁREAS URBANAS

♦ Independente do tamanho da lâmina d'água - 30 m (Art. 4º, inciso II b)

3. RESERVATÓRIOS ARTIFICIAIS

► Não será exigida Área de Preservação Permanente no entorno de


reservatórios artificiais de água que não decorram de barramento ou
represamento de cursos d’água naturais (Art. 4º § 1º)

► Fica a critério do Licenciamento Ambiental a definição da faixa marginal em

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

reservatórios que não decorram de barramento ou represamento de cursos


d'águas naturais (Art. 4º, inciso III)
► Lâmina d'água até 1 ha - fica dispensada a obrigatoriedade da mata ciliar
(Art. 4º § 4º)

3.1. PARA IMPLANTAÇÃO DE EMPREENDIMENTOS

a) Na implantação de reservatórios d'água artificiais destinado a geração de


energia ou abastecimento público, é obrigatória a aquisição, desapropriação ou
instituição de servidão administrativa pelo empreendedor das APPs criadas em
seu entorno, conforme estabelecido no licenciamento ambiental, observando-
se a faixa mínima de 30 metros e máxima de 100 metros em área rural e a
faixa mínima de 15 metros e máxima de 30 metros em área urbana (Art. 5º)

b) Na implantação de reservatórios d’água artificiais de que trata o caput, o


empreendedor, no âmbito do licenciamento ambiental, elaborará Plano
Ambiental de Conservação e Uso do Entorno do Reservatório, em
conformidade com termo de referência expedido pelo órgão competente do
Sistema Nacional do Meio Ambiente - Sisnama, não podendo o uso exceder a
10% (dez por cento) do total da Área de Preservação Permanente. (Art. 5º § 1º)

c) O Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório


Artificial, para os empreendimentos licitados a partir da vigência desta Lei,
deverá ser apresentado ao órgão ambiental concomitantemente com o Plano
Básico Ambiental e aprovado até o início da operação do empreendimento, não
constituindo a sua ausência impedimento para a expedição da licença de
instalação (Art. 5º § 2º)

4. NASCENTES E OLHOS D'ÁGUA PERENES– 50 m de raio no entorno de


nascentes (Art. 4º, inciso IV)

5. ENCOSTAS ou parte destas, com declividade superior a 45°, equivalente a


100% na linha de maior declive (Art. 4º, inciso V)

6. RESTINGAS, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangue (Art.


4º, inciso VI)

7. MANGUEZAIS, em toda a sua extensão (Art. 4º, inciso VII)

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

8. BORDAS DOS TABULEIROS OU CHAPADAS, até a linha de ruptura do


relevo, em faixa nunca inferior a 100 m em projeções horizontais - (veja foto
ilustrativa) (Art. 4º, inciso VIII)

9. EM ALTITUDE SUPERIOR A 1.800 m, qualquer que seja a vegetação (Art.


4º, inciso X)

10. Em VEREDA a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima


de 50 m, a partir do espaço permanentemente brejoso e encharcado (Art. 4º,
inciso XI)

11. TOPO DE MORROS, MONTES, MONTANHAS E SERRAS, com altura


mínima de 100 m e inclinação média de 25°, em áreas delimitadas a partir da
curva de nível correspondente a 2/3 da altura mínima da elevação sempre em
relação à base, sendo esta definida pelo plano horizontal determinado por
planície ou espelho d’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do
ponto de sela mais próximo da elevação - (veja as ilustrações -

12. É ADMITIDO, para a pequena propriedade rural ou posse rural familiar, o


plantio de culturas temporárias e sazonais de vazante de ciclo curto, na faixa
de terra que fica exposta no período de vazante dos rios ou lagos, desde que
não impliquem em supressão de novas áreas, seja conservada a qualidade das
águas e proteção da fauna (Art. 4º § 5º)

13. AQUICULTURA - nos imóveis com até 15 módulos fiscais, é admitida, nas
áreas que tratam nos itens 1 e 2 desta página, a prática da aquicultura e da
infraestrutura física diretamente a ela associada, desde que: (Art. 4º § 6º)

I - sejam adotadas práticas sustentáveis de manejo de solo e água e de


recursos hídricos, garantindo sua qualidade e quantidade, de acordo com
norma dos Conselhos Estaduais do Meio Ambiente;

II - esteja de acordo com os respectivos planos de bacia ou planos de


gestão de recursos hídricos;

III - seja realizado o licenciamento pelo órgão ambiental competente;

IV - não implique em novas supressões de vegetação nativa;

V - o imóvel esteja inscrito no CAR

VI - não implique em novas supressões de vegetação nativa.


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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

14. CONSIDERAM-SE, AINDA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE - quando


declaradas de interesse social, por ato do Chefe do Poder Executivo, as áreas
cobertas com florestas ou outras formas de vegetação destinadas a uma ou
mais das seguintes finalidades (Art. 6º)

I - conter a erosão do solo, mitigar riscos de enchentes e deslizamentos de


terra e de rocha;

II - proteger áreas úmidas;

III - proteger várzeas;

IV - abrigar exemplares da fauna ou flora ameaçadas de extinção;

V - proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico, cultural ou


histórico;

VI - formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;

VII - assegurar condições de bem-estar público;

VIII - auxiliar a defesa do território nacional, a critério das autoridades


militares;

IX - proteger áreas úmidas, especialmente as de importância


internacional.

15. É PERMITIDO o acesso de pessoas e animais às Áreas de Preservação


Permanente para obtenção de água e para a realização de atividades de baixo
impacto ambiental (Art. 9º) .

ÁREAS CONSOLIDADAS EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE

PARA RIOS - nas APPs ficam autorizadas, exclusivamente, a continuidade


das atividades agrossilvipastoris, ecoturismo e turismo rural em áreas rurais
consolidadas até 22 de julho de 2008 (Art. 61-A)

MÓDULO FISCAL: Unidade de medida expressa em hectares, fixada para


cada município, considerando os seguintes fatores:
► Tipo de exploração predominante no município;
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

► Renda obtida com a exploração predominante;


► Outras explorações existentes no município que, embora não
predominantes, sejam significativas em função da renda ou da área utilizada;
► Conceito de propriedade familiar.

TAMANHO DA LARGURA DO LARGURA DA MATA CILIAR A SER


PROPRIEDADE RIO RECUPERADA
5 metros
Até 1 módulo fiscal Qualquer largura
(Art. 61-A, §1º, Lei 12.651/12)
Superior a 1 até 2 8 metros
Qualquer largura
módulos (Art. 61-A, §2º, Lei 12.651/12)
Superior a 2 até 4 15 metros
Qualquer largura
módulos (Art. 61-A, §3º, Lei 12.651/12)
20 metros
Supeiror a 4 até 10
Rios com até 10 m (Art. 61-A, §4º inciso II, Lei 12.651/12 e
módulos
Dec. 7830/12, Art. 19, §4º inciso I)
Metade da largura do rio, sendo no
Superior a 4 Independente da mínimo 30 m e máximo 100 m
módulos largura do rio (Art. 61-A, §4º inciso II, Lei 12.651/12 e
Dec. 7830/12, Art. 19, §4º inciso II)

OBSERVAÇÃO: A largura da mata ciliar é contada a partir da borda da calha


do leito regular.
► PARA NASCENTES E OLHOS D'ÁGUA PERENES, admitida a manutenção
de atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo ou de turismo rural sendo
obrigatória a recomposição de faixa marginal com largura mínima de 15
metros (Art. 61-A, §5º)
► PARA LAGOS E LAGOAS NATURAIS, será admitida a manutenção de
atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo ou de turismo rural, sendo
obrigatória a recomposição de faixa marginal com largura mínima de:

TAMANHO DA ENTORNO DAS NASCENTES E OLHOS D'ÁGUA A


PROPRIEDADE SER RECUPERADA
Até 1 módulo fiscal 5 metros (Art. 61-A, §6º Inciso I)
Superior a 1 até 2
8 metros (Art. 61-A, §6º Inciso II)
módulos
Superior a 2 até 4
15 metros (Art. 61-A, §6º Inciso III)
módulos
Superior a 4 módulos 30 metros (Art. 61-A, §6º Inciso IV)

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

► PARA VEREDAS consolidadas será obrigatória a recomposição das faixas


marginais, em projeção horizontal, delimitadas a partir do espaço brejoso e
encharcado, de largura mínima de:

TAMANHO DA FAIXA MARGINAL A SER RECUPERADA A PARTIR


PROPRIEDADE DO ESPAÇO BREJOSO E ENCHARCADO
Até 4 módulos 30 metros (Art. 61-A, §7º Inciso I)
Superior a 4 módulos 50 metros (Art. 61-A, §7º Inciso II)

►Será admitida a manutenção de residências e da infraestrutura associada às


atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo e de turismo rural, inclusive o
acesso a essas atividades, independentemente das determinações contidas
nos quadros acima, desde que não estejam em área que ofereça risco à vida
ou à integridade física das pessoas (Art. 61-A, §12º)
► A recomposição poderá ser feita, isolada ou conjuntamente, pelos seguintes
métodos: (Art. 61-A, §13º)

I - condução de regeneração natural de espécies nativas;

II - plantio de espécies nativas;

III - plantio de espécies nativas conjugado com a condução da


regeneração natural de espécies nativas;

IV - plantio intercalado de espécies lenhosas, perenes ou de ciclo longo,


exóticas com nativas de ocorrência regional, em até 50% (cinquenta por cento)
da área total a ser recomposta no caso dos imóveis considerados pequena
propriedade rural ou posse rural familiar.

► As Áreas de Preservação Permanente localizadas em imóveis inseridos nos


limites de Unidades de Conservação de Proteção Integral criadas por ato do
poder público até a data de publicação desta Lei não são passíveis de ter
quaisquer atividades consideradas como consolidadas nos termos do caput e
dos §§ 1º a 15º, ressalvado o que dispuser o Plano de Manejo elaborado e
aprovado de acordo com as orientações emitidas pelo órgão competente do
Sisnama, nos termos do que dispuser regulamento do Chefe do Poder
Executivo, devendo o proprietário, possuidor rural ou ocupante a qualquer título
adotar todas as medidas indicadas (Art. 61-A, §16º)
► Aos proprietários e possuidores dos imóveis rurais que, em 22 de julho de
2008, detinham até 4 (quatro) módulos fiscais e desenvolviam atividades
agrossilvipastoris nas áreas consolidadas em Áreas de Preservação
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

Permanente, é garantido que a exigência de recomposição, nos termos desta


Lei, somadas todas as Áreas de Preservação Permanente do imóvel, não
ultrapassará: (Art. 61-B)

I - 10% (dez por cento) da área total do imóvel, para imóveis rurais com área
de até 2 (dois) módulos fiscais; e (Art. 61-B, inciso I)
II - 20% (vinte por cento) da área total do imóvel, para imóveis rurais com
área superior a 2 (dois) e de até 4 (quatro) módulos fiscais (Art. 61-B, inciso II)
► Para reservatórios artificiais para geração de energia elétrica ou
abastecimento público, que tiveram seus contratos de concessão ou
autorização assinados anteriormente à Medida Provisória 2.166-67 de
24/08/2001, a faixa de APP será a distância entre o nível máximo operativo
normal e a cota máxima maximorum (Art. 62)
► Nas áreas rurais consolidadas consideradas como topos de morro,
encostas, serras, bordas de tabuleiro e em altitudes superiores a 1.800 m, será
admitida a manutenção de atividades florestais, culturas de espécies lenhosas,
perenes ou de ciclo longo, bem como a infraestrutura associada a estas
atividades, não se admitindo a conversão de novas áreas (Art. 63)
• nestas áreas o pastoreio extensivo deverá ficar restrito às áreas de
vegetação campestre natural admitindo-se o consórcio com vegetação lenhosa
perene ou de ciclo longo (Art. 63, §1º)
• a manutenção da cultura e infraestrutura fica condicionada à adoçao de
práticas conservacionistas de solo e água indicadas pelos órgãos de
assistencia técnica rural (Art. 63, §2º)
• Admite-se, nas Áreas de Preservação Permanente, previstas no inciso VIII
do art. 4o, dos imóveis rurais de até 4 (quatro) módulos fiscais, no âmbito do
PRA, a partir de boas práticas agronômicas e de conservação do solo e da
água, mediante deliberação dos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente ou
órgãos colegiados estaduais equivalentes, a consolidação de outras atividades
agrossilvipastoris, ressalvadas as situações de risco de vida (Art. 63, §3º)

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

LICENCIAMENTO PELO ÓRGÃO AMBIENTAL DO ESTADO DE


PERNAMBUCO (Lei 14.249/10 e Lei 14.549/2011)

A implantação, ampliação e funcionamento de empreendimentos ou


atividades potencialmente poluidoras ou degradadoras do Meio Ambiente
dependem de prévio licenciamento pela CPRH, sem prejuízo de outras
exigências legais.
A Lei Estadual prevê como instrumentos de intervenção prévia da
Administração Pública: a licença e a autorização.

Das licenças ambientais e da autorização

Art. 8º A Agência, no exercício de sua competência de controle ambiental,


expedirá os seguintes instrumentos de licenciamento ambiental:
I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do
empreendimento ou atividade, aprova sua concepção e localização, atestando
sua viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e
condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação,
observadas as diretrizes do planejamento e zoneamento ambiental e demais
legislações pertinentes;
II - Licença de Instalação (LI) - autoriza o início da implementação do
empreendimento ou atividade, de acordo com as especificações constantes
dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle
ambiental e demais condicionantes, das quais constituem motivo determinante;
III - Licença de Operação (LO) - autoriza o início da atividade, do
empreendimento ou da pesquisa científica, após a verificação do efetivo
cumprimento das medidas de controle ambiental e condicionantes
determinados para a operação, conforme o disposto nas licenças anteriores;
IV - Autorização Ambiental (AA) - autoriza, precária e discricionariamente, a
execução de atividades que possam acarretar alterações ao meio ambiente,
por curto e certo espaço de tempo, que não impliquem impactos significativos,
sem prejuízo da exigência de estudos ambientais que se fizerem necessários;
V - Licença Simplificada (LS) - concedida para localização, instalação e
operação de empreendimentos ou atividades de pequeno potencial poluidor ou
degradador conforme regulamentação;
VI – Consulta Prévia (CP) - Ato administrativo através do qual o órgão de
gestão ambiental fornece as orientações iniciais para o empreendedor que
pretende solicitar o licenciamento ambiental. (Incluído pela Lei nº 14.549/ 2011)
Parágrafo único. A Agência também pode submeter a processo simplificado o
empreendimento situado na mesma área de influência direta, desde que:
(Redação dada pela Lei nº 14.549, de 2011)
I – possua tipologia e porte semelhantes às de outro já licenciado pelo mesmo
empreendedor; (Incluído pela Lei nº 14.549, de 2011)

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

II – não seja considerado, nos termos desta Lei, como efetiva ou


potencialmente causador de significativa degradação do meio ambiente;
(Incluído pela Lei nº 14.549, de 2011)
III – adote sistema de gestão ambiental em seu processo operacional; e
(Incluído pela Lei nº 14.549, de 2011)
IV – haja aprovação prévia das medidas mitigadoras e/ou compensatórias dos
impactos identificados, assim como das ações de controle ambiental propostas
para o novo empreendimento. (Incluído pela Lei nº 14.549, de 2011)

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

Enquadramento das autorizações

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

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6. POLÍTICAS DE SALVAGUARDAS AMBIENTAIS DO BANCO MUNDIAL

As políticas de salvaguardas do Banco Mundial representam valores


básicos da instituição. Uma preocupação básica do Banco Mundial durante as
últimas décadas foi a maneira de avaliar e gerir efetivamente os impactos
sociais e ambientais dos projetos que financia, e muitas de suas políticas e
procedimentos operacionais refletem isso.
As políticas de salvaguarda contribuem para a sustentabilidade e
eficácia do desenvolvimento em projetos e programas do Banco Mundial,
ajudando a evitar ou atenuar danos às pessoas e ao meio ambiente.

Políticas Operacionais (OP) do Banco Mundial

Em 1997, o Banco Mundial reagrupou dez Políticas Operacionais como


políticas específicas de salvaguarda – seis políticas ambientais, duas sociais e
duas jurídicas – e instituiu procedimentos administrativos em apoio ao
cumprimento das políticas de salvaguarda durante a elaboração e execução de
projetos.
As políticas foram concebidas para ajudar o Banco a tratar das questões
sociais e ambientais resultantes principalmente de projetos de Empréstimos
para Investimento que financiavam bens, obras e serviços em uma ampla
gama de setores, que constituíam a principal linha de negócios do Banco
Mundial na época. Ademais, aplicavam-se às atividades de assistência técnica
apoiadas pelo Banco e aos Fundos Fiduciários por ele administrados. As
exigências ambientais e sociais dos outros principais instrumentos de
financiamento do Banco, especificamente os Empréstimos para Políticas do
Desenvolvimento (EPD) e Programa Para Resultados (PforR) estão incluídas
na declaração única de política operacional que rege todos os aspectos dos
respectivos instrumentos.

OP 4.01, Avaliação Ambiental; OP 4.04, Habitats Naturais; OP 4.09, Controle


de Pragas; OP 4.10, Povos Indígenas; OP 4.11, Recursos Culturais Físicos;
OP 4.12, Reassentamento Involuntário; OP 4.36, Florestas; OP 4.37,
Segurança de Represas; OP 7.50, Projetos em Cursos de Águas
Internacionais; OP 7.60, Projetos em Zonas de Controvérsia

Nota: Estas Políticas Operacionais aplicam-se a todos os projetos cujo PID (Project
Information Document) tenham sido emitidos pela primeira vez depois de 1º de Março de
1999. Quaisquer perguntas podem ser dirigidas ao Presidente do Conselho do Setor
Ambiental.

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Avaliação Ambiental (OP 4.01)

1. O Banco Mundial1 exige a avaliação ambiental (AA) dos projetos propostos


para financiamento de modo a assegurar que eles sejam ambientalmente
sólidos e sustentáveis, o que leva a uma melhoria do processo de decisão.
2. A avaliação ambiental é um processo cuja dimensão, profundidade e tipo de
análise depende da natureza, escala e impacto ambiental potencial do projeto
proposto. É realizada avaliação dos potenciais riscos ambientais do projeto na
sua área de influência2; examina alternativas ao projeto; identifica maneiras de
melhorar a seleção, localização, planejamento, concepção e execução do
projeto, através de medidas destinadas a evitar, minimizar, mitigar ou
compensar os efeitos ambientais adversos, e a realçar os impactos positivos; e
inclui o processo de mitigar e gerir os impactos ambientais adversos ao longo
de toda a execução do projeto. Sempre que possível, o Banco prefere a
adoção de medidas preventivas às medidas mitigadoras ou compensatórias.
3. A avaliação ambiental leva em conta o ambiente natural (ar, água e solo);
saúde e segurança humana; aspectos sociais (reassentamento involuntário,
povos indígenas e propriedade cultural)3; aspectos transfronteiriços e do meio
ambiente global4. A AA aborda os aspectos naturais e sociais de uma forma
integrada. Também leva em conta a variabilidade nas condições do projeto e
do país; as conclusões de outros estudos ambientais no país; planos de ação
nacionais para o meio ambiente; o conjunto de políticas do país, legislação
nacional e capacidades institucionais relacionadas com os aspectos ambientais
e sociais; e obrigações do país, relativas a atividades do projeto, no âmbito de
tratados e acordos internacionais relevantes sobre o meio ambiente. O Banco
não financia atividades de projetos que estejam em contravenção com tais
obrigações do país, conforme identificadas durante a AA. A AA inicia-se o mais
cedo possível na fase de processamento do projeto, e estreitamente integrada
com as análises econômica, financeira, institucional, social e técnica do projeto
proposto.

1. .Banco. inclui a IDA (Agência Internacional de Fomento); .AA. refere-se à totalidade do processo definido na OP/BP
4.01; .empréstimos. incluem os créditos; .mutuário. inclui, para as operações de garantia, um patrocinador privado ou
público do projeto que receba de outra instituição financeira um empréstimo garantido pelo Banco; .projeto. se refere a
todas as operações financiadas por empréstimos ou garantias do Banco, exceto os empréstimos para ajuste estrutural
(para os quais as cláusulas ambientais estão expressas na OP/BP 8.60, Adjustment Lending, a ser publicada) e
operações de dívida e de serviço da dívida, e inclui também projetos no âmbito de concessão de empréstimos
adaptáveis.empréstimos para programas adaptáveis (APLs) e empréstimos para aprendizagem e inovação (LILs).e
projetos e componentes financiados pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF). O projeto deve ser descrito no
Anexo 2 do Acordo de Empréstimo/Crédito. Esta política aplica-se a todos os componentes do projecto,
independentemente da sua fonte de financiamento.
2. Para definições, consultar o Anexo A. A área de influência de um projeto é determinada com o auxílio de
especialistas em meio ambiente e especificada nos termos de referência da AA.
3. Ver OP/BP/GP 4.12, Involuntary Resettlement (no prelo); OD 4.20, Indigenous Peoples; e OP 4.11, Safeguarding
Cultural Property in Bank-Financed Projects (no prelo).
4. Questões do meio ambiente global incluem mudanças climáticas, substâncias que danificam a camada de ozônio,
poluição de águas transfronteiriças, e impactos adversos na biodiversidade.

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4. O mutuário é responsável pela execução da AA. Para os projetos de


Categoria A5, o mutuário contrata especialistas em AA independentes, que não
estejam associados com o projeto, para a execução da AA6. Para os projetos
de Categoria A que sejam de alto risco ou muito controversos, e que envolvam
preocupações multidimensionais ou sérias de ordem ambiental, o mutuário
deverá, em geral, constituir um painel consultivo independente de especialistas
ambientais, reconhecidos internacionalmente, para dar o seu parecer sobre
todos os aspectos do projeto relevantes para a AA 7. O papel do painel
consultivo depende do grau de progresso da preparação do projeto, e da
extensão e qualidade de qualquer estudo da AA já concluído, no momento em
que o Banco começa a considerar o projeto.
5. O Banco comunica ao mutuário os seus requisitos em relação à AA. O
Banco revê as conclusões e recomendações da AA para determinar se elas
fornecem ou não uma base adequada para o processamento do projeto para
financiamento do Banco. Quando o mutuário tiver concluído total ou
parcialmente os estudos da AA antes do envolvimento do Banco num projeto, o
Banco revê a AA para garantir a sua conformidade com esta política. O Banco
pode, quando apropriado, solicitar estudos adicionais aos já realizados pela
AA, incluindo consultas públicas e divulgação dos resultados obtidos.
6. O Manual para a Prevenção e Redução da Poluição descreve medidas de
prevenção e redução da poluição, e os níveis de emissão que são
normalmente aceitáveis para o Banco. No entanto, levando em conta a
legislação do país mutuário e as condições locais, a AA pode recomendar
níveis alternativos de emissões e métodos para a prevenção e redução da
poluição para o projeto. O relatório AA deve fornecer uma justificativa
detalhada e exaustiva para os níveis de poluição e métodos escolhidos para
aquele projeto ou local específico.

Instrumentos da Análise Ambiental (AA)

7. Dependendo do projeto, uma gama de instrumentos podem ser utilizados


para satisfazer o requisito do Banco quanto a AA: Estudo de impacto ambiental
(EIA), AA regional ou setorial, auditoria ambiental, avaliação do perigo ou risco,
e plano de gestão ambiental (EMP)8. A AA faz uso de um ou mais destes
instrumentos, ou elementos dos mesmos, conforme seja adequado. Quando
existe a probabilidade de que o projeto tenha impactos setoriais ou regionais,
uma AA setorial ou regional é necessária9.
5. Para a avaliação de categoria, consultar item 8.
6. A AA está intimamente integrada com as análises econômica, financeira, institucional, social e técnica do projeto
para assegurar que (a) as considerações ambientais recebam o peso adequado nas decisões sobre a seleção,
localização e desenho do projeto; e (b) a AA não atrase o processamento do projeto. No entanto, o mutuário garante
que, quando forem contratados indivíduos ou entidades para executar as atividades da AA, se evitará qualquer conflito
de interesses. Por exemplo, quando for necessária uma AA independente, ela não será executada pelo mesmos
consultores contratados para prepararem o plano de engenharia.
7. O painel (que é diferente do painel para a segurança de barragens exigido pela OP/BP 4.37, Safety of Dams) dá
parecer ao mutuário especificamente sobre os aspectos seguintes: (a) os termos de referência para a AA, (b) questões
chave e métodos para a preparação da AA, (c) recomendações e conclusões da AA, (d) execução das recomendações
da AA, e (e) aumento da capacidade de gestão ambiental.
8. Estes termos estão definidos no Anexo A. Os Anexos B e C discutem o conteúdo de relatórios AA e de EMPs.
9. Orientação sobre o uso de AA setorial e regional encontra-se nas Atualizações 4 e 15 do EA Sourcebook.
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Análise Ambiental Preliminar

8. O Banco faz uma análise ambiental preliminar de cada um dos projetos


propostos para determinar o grau e o tipo apropriado de AA. O Banco classifica
o projeto proposto dentro de uma das quatros categorias, dependendo do tipo,
localização, sensibilidade e escala do projeto e a natureza e magnitude dos
potenciais impactos ambientais.

(a) Categoria A: Um projeto proposto é classificado na Categoria A se for


provável que resulte em impactos ambientais adversos significativos e de
caráter sensível10, diverso ou sem precedentes. Estes impactos podem afetar
uma área mais extensa do que os locais ou instalações onde ocorrem as
atividades físicas. A AA para um projeto de Categoria A examina os potenciais
impactos ambientais negativos e positivos, compara-os com os de outras
alternativas viáveis (incluindo a situação de “sem o projeto”), e recomenda
medidas necessárias para evitar, minimizar, mitigar ou compensar os impactos
adversos e melhorar o desempenho ambiental. Para um projeto de Categoria
A, o mutuário é responsável pela preparação de um relatório, geralmente um
EIA (ou uma AA regional ou setorial adequada e exaustiva) que inclua,
conforme necessário, elementos dos outros instrumentos referidos no item 7.

(b) Categoria B: Um projeto proposto é classificado Categoria B quando os


seus potenciais impactos ambientais adversos sobre as populações humanas
ou áreas ecologicamente importantes, incluindo ecossistemas aquáticos,
florestas, pastos e outros habitats naturais, sejam menos sérios do que os
previstos para os projetos de Categoria A. Estes impactos são específicos ao
local do projeto; poucos ou nenhum deles são irreversíveis, e na maioria dos
casos a identificação de medidas mitigadoras é mais rápida para projetos desta
Categoria do que para os da Categoria A. A abrangência de uma AA para um
projeto de Categoria B pode variar de projeto para projeto, mas é sempre
menos ampla do que uma AA para um de Categoria A. Do mesmo modo que
AAs para projetos de Categoria A, ela examina os potenciais impactos
ambientais negativos e positivos, e recomenda quaisquer medidas necessárias
para evitar, minimizar, mitigar ou compensar os impactos adversos, e para
melhorar o desempenho ambiental. As conclusões e resultados da AA de
Categoria B estão descritos na documentação do projeto (Documento de
Avaliação do Projeto - PAD e Documento de Informação do Projeto - PID)11.
10. Um impacto potencial é considerado .sensível. se ele puder ser irreversível (por exemplo, levar à perda de um
habitat natural de grande importância) ou levantar questões cobertas pela OD 4.20, Indigenous Peoples; OP 4.04,
Natural Habitats; OP 4.11,Safeguarding Cultural Property in Bank-Financed Projects (a ser publicada); ou OP 4.12,
Involuntary Resettlement (a ser publicada).
11. Quando o processo de análise determinar, ou a legislação nacional exigir, que alguma das questões ambientais
identificadas mereça atenção especial, as conclusões e resultados da AA de Categoria B podem ser tratadas num
relatório separado. Dependendo do tipo de projeto e da natureza e magnitude dos impactos, este relatório pode incluir,
por exemplo, uma avaliação limitada do impacto ambiental, um plano de gestão ambiental ou de mitigação de
impactos, uma auditoria ambiental, ou uma avaliação de perigo. Para os projetos de Categoria C que não estejam em
áreas ambientalmente sensíveis e que apresentam questões bem definidas e bem entendidas de âmbito restrito, o
Banco pode aceitar métodos alternativos para satisfazer os requisitos da AA: por exemplo, critérios ambientalmente
sólidos para a concepção, localização, ou definição de emissões para indústrias de pequena escala ou atividades
rurais; critérios ambientalmente sólidos para a localização, definição de padrões de construção, ou de procedimentos
de inspeção para projetos habitacionais; ou procedimentos operacionais ambientalmente sólidos para projetos de
recuperação de estradas.

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(c) Categoria C: Um projeto proposto é classificado de Categoria C se a


possibilidade de impactos ambientais adversos for mínima ou não existente.
Além da análise ambiental preliminar, não se exige nenhuma ação AA adicional
para um projeto de Categoria C.

(d) Categoria FI: Um projeto proposto classifica-se na Categoria FI se envolver


investimento de fundos do Banco através de um intermediário financeiro, em
subprojetos que possam resultar em impactos ambientais adversos.

Análise Ambiental para Projetos de Tipo Especial

Empréstimos para Investimento Setorial

9. Em relação aos empréstimos para investimento setorial (SILs) 12, durante a


fase de preparação de cada um dos sub-projetos propostos a entidade
encarregada da coordenação do projeto, ou a instituição executora, conduz a
AA apropriada de acordo com os requisitos do país e os requisitos impostos
por esta política13. O Banco faz a avaliação do projeto e, se necessário, inclui
no empréstimo (SIL) componentes para o reforço das capacidades da entidade
coordenadora ou da instituição executora com vista a (a) fazer a análise
preliminar dos subprojetos, (b) obter os conhecimentos necessários para
executar a AA, (c) rever todas as conclusões e resultados da AA para os sub-
projetos individuais, (d) assegurar a execução de medidas mitigadoras
(incluindo, quando se aplique, um EMP), e (e) monitorizar as condições
ambientais durante a implementação do projeto14. Se o Banco não estiver
convencido de que existe a capacidade necessária para executar a AA, todos
os sub-projetos de Categoria A e, quando for o caso, os sub-projetos de
Categoria B - incluindo quaisquer relatórios AA - ficam sujeitos à análise prévia
e aprovação do Banco.

Empréstimos para Ajuste Setorial

10. Os empréstimos para ajuste setorial (SECALs) estão sujeitos aos requisitos
desta política. A AA de um SECAL avalia os potenciais impactos ambientais
das ações planejadas de políticas, institucionais e regulatórias no âmbito do
empréstimo15.
12. SILs envolvem normalmente a preparação e execução de planos anuais de investimento ou sub-projetos, atividades essas que
ocorrem dentro de um espaço definido de tempo.
13. Além disso, se houver questões de cunho setorial que não possam ser solucionadas através de AA individual para cada sub-
projeto (e particularmente se o SIL tiver a probabilidade de incluir sub-projetos de Categoria A), pode ser pedido ao mutuário que
execute uma AA setorial antes de o Banco fazer a avaliação da SIL.
14. Quando, seguindo requisitos regulamentares ou acordos contratuais aceitáveis ao Banco, alguma destas revisões for efetuada por
uma entidade diferente da entidade coordenadora ou da instituição executora, o Banco avalia tais acordos alternativos; no entanto, o
mutuário/entidade coordenadora/instituição executora continua a ser responsável, em última instância, por assegurar que os
subprojetos satisfaçam os requisitos do Banco.
15 Dentre as ações que necessitariam esse tipo de avaliação contam-se, por exemplo, a privatização de empresas ambientalmente
sensíveis, mudanças na posse da terra em áreas com habitats naturais importantes, e mudanças de preço relativas em produtos tais
como pesticidas, madeira e petróleo.

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Empréstimos para Intermediação Financeira

11. Para uma operação de intermediação financeira (FI), o Banco exige que
cada FI faça a análise preliminar de cada um dos sub-projetos propostos, e que
se assegure que os submutuários conduzam uma AA adequada para cada um
dos sub-projetos. Antes da aprovação de um sub-projeto, a FI verifica (através
dos seus próprios funcionários, peritos externos ou instituições ambientais
existentes) que o sub-projeto cumpre todos os requisitos ambientais das
autoridades nacionais e locais apropriadas, e que está conforme com esta OP
e outras políticas ambientais aplicáveis do Banco16.

12. Ao fazer a avaliação de uma operação FI proposta, o Banco examina a


adequação dos requisitos ambientais do país relevantes para o projeto e os
acordos da AA propostos para os subprojetos, incluindo os mecanismos e
responsabilidades para a análise ambiental preliminar e revisão dos resultados
da AA. Quando necessário o Banco assegura que o projeto inclua
componentes destinados a reforçar os arranjos estipulados na AA. Para as
operações FI onde é provável a ocorrência de sub-projetos de Categoria A,
antes da avaliação do Banco cada um dos participantes da FI identificados
fornece ao Banco uma avaliação escrita dos mecanismos institucionais
(incluindo, conforme necessário, identificação de medidas para aumentar a
capacidade) para o trabalho de AA do sub-projeto17. Se o Banco não estiver
convencido que existe capacidade adequada para executar a AA, todos os sub-
projetos de Categoria A e os subprojetos de Categoria B pertinentes.incluindo
relatórios AA estão sujeitos a análise e aprovação prévia do Banco 18.

Projetos de Recuperação de Emergência

13. A política estabelecida na OP 4.01 aplica-se normalmente aos projetos de


recuperação de emergência processados no âmbito da OP 8.50, Emergency
Recovery Assistance. No entanto, quando o cumprimento de algum requisito
desta política impedir que sejam eficaz e pontualmente atingidos os objetivos
de um projeto de recuperação de emergência, o Banco pode isentar o projeto
desse requisito. A justificação de tal isenção é registrada nos documentos do
empréstimo. Contudo, em todos os casos o Banco exige no mínimo que (a)
seja determinado, como parte da preparação de tais projetos, em que grau o
caráter de emergência foi precipitado ou exacerbado por práticas ambientais
inapropriadas, e (b) quaisquer medidas corretivas necessárias sejam
incorporadas no projeto de emergência ou numa futura operação de
empréstimo.
16. Os requisitos para as operações FI derivam do processo AA e estão em conformidade com as disposições do para. 6 desta OP. O
processo AA leva em consideração o tipo de financiamento a ser considerado, a natureza e escala dos sub-projetos previstos, e os
requisitos ambientais da jurisdição onde vão se localizar os sub-projetos.
17. Qualquer FI incluída no projeto depois da sua avaliação obedece ao mesmo requisito, como condição prévia para a sua
participação.
18. Os critérios para análise prévia dos sub-projetos de Categoria B, que se baseiam em fatores tais como o tipo ou dimensão do
sub-projeto e a capacidade para AA do intermediário financeiro, estão estipuladas nos acordos jurídicos para o projeto.

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Capacidade Institucional

14. Sempre que a capacidade jurídica ou técnica do mutuário seja insuficiente


para executar as funções associadas com AA (tais como análise da AA,
monitorização, inspeções ou gestão de medidas mitigadoras) para um
determinado projeto, o projeto incluirá componentes destinados a reforçar essa
capacidade.

Consultas Públicas

15. Para todos os projetos de Categoria A e B propostos para financiamento do


BIRD ou da IDA (Agência Internacional de Fomento), durante o processo AA o
mutuário consulta grupos afetados pelo projeto e organizações não
governamentais (ONGs) acerca dos aspectos ambientais do projeto, e leva em
consideração as suas opiniões19. O mutuário inicia essas consultas o quanto
antes possível. Para os projetos de Categoria A, o mutuário consulta estes
grupos pelo menos duas vezes: (a) imediatamente após a análise ambiental
preliminar, e antes da finalização dos termos de referência para a AA; e (b)
assim que uma minuta do relatório AA esteja disponível. Além disso, o mutuário
consulta tais grupos ao longo de toda a execução do projeto, de acordo com a
necessidade de se resolverem questões que os afetem e que sejam relativas à
AA20.

Divulgação

16. Em todos os projetos de Categoria A e B propostos para financiamento do


BIRD ou da IDA, na realização de consultas significativas entre o mutuário e os
grupos afetados pelo projeto, e as ONGs locais, o mutuário fornece
pontualmente todo o material relevante antes das consultas e numa forma e
linguagem que sejam compreensíveis e acessíveis aos grupos consultados.

17. Para um projeto de Categoria A, o mutuário fornece para a consulta inicial


um resumo dos objetivos do projeto proposto, sua descrição, e impactos
potenciais; para as consultas após a preparação da minuta do relatório AA, o
mutuário fornece um resumo das conclusões da AA.
Adicionalmente, para um projeto de Categoria A, o mutuário põe a minuta do
relatório AA à disposição num local público acessível aos grupos afetados pelo
projeto e às ONGs locais. Para as operações de SIL e FI, o mutuário/FI garante
que os relatórios AA para os sub-projetos de Categoria A estejam à disposição
num lugar público acessível aos grupos afetados pelo projeto e ONGs locais.
19 Para as relações do Banco com as ONGs, ver GP 14.70, Involving Nongovernmental Organizations in Bank-
Supported Activities.
20 Para projetos com componentes sociais significativos, há necessidade de consultas no âmbito de outras políticas do
Banco- por exemplo, OD 4.20, Indigenous Peoples, e OP/BP 4.12, Involuntary Resettlement (a ser publicada).

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18. Qualquer relatório avulso para um projeto proposto para financiamento da


IDA, de Categoria B, será posto à disposição de grupos afetados pelo projeto e
ONGs locais. A disponibilização ao público no país do mutuário e a recepção
pelo Banco de relatórios de Categoria A para projetos propostos para
financiamento do BIRD ou da IDA, e de qualquer relatório AA para projetos de
Categoria B propostos para financiamento da IDA, são condições prévias para
a avaliação destes projetos pelo Banco.

19. Uma vez que o mutuário tenha transmitido oficialmente ao Banco o relatório
AA de Categoria A, o Banco faz a distribuição do resumo (em inglês) aos
Diretores Executivos (EDs) e disponibiliza o relatório ao público através da sua
InfoShop. Após o mutuário transmitir oficialmente ao Banco qualquer relatório
AA avulso de Categoria B, o Banco o disponibilizará ao público através da
InfoShop21. No caso do mutuário fazer objeções à divulgação pelo Banco de
um relatório AA através da InfoShop do Banco Mundial, os funcionários do
Banco (a) não darão continuidade ao processamento de um projeto da IDA, ou
(b) no caso de um projeto do BIRD, submeterão aos Diretores Executivos a
questão da continuação do seu processamento.

20. Durante a implementação do projeto, o mutuário prepara relatórios sobre


(a) o cumprimento das medidas acordadas com o Banco com base nas
conclusões e resultados da AA, incluindo a execução de algum EMP, conforme
estabelecido nos documentos do projeto; (b) a situação das medidas
mitigadoras; e (c) as conclusões dos programas de monitorização. O Banco
fundamenta a supervisão dos aspectos ambientais do projeto nas conclusões e
recomendações da AA, incluindo medidas estipuladas nos acordos jurídicos,
qualquer EMP e outros documentos do projeto22.

21 Para uma discussão mais aprofundada dos procedimentos de divulgação do Banco, consultar The World Bank
Policy on Disclosure of Information (Março 1994) e BP 17.50, Disclosure of Operational Information. Os requisitos
específicos para divulgação de planos de reassentamento e planos de desenvolvimento de povos indígenas
encontram-se na OP/BP 4.12, Involuntary Resettlement (a ser publicada), e OP/BP 4.10, revisão a ser publicada da OD
4.20, Indigenous Peoples.
22. Ver OP/BP 13.05, Project Supervision, a sair brevemente.

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Definições – Anexo A (OP 4.01)

1. Auditoria Ambiental: Um instrumento destinado a determinar a natureza e


grau de todas as questões ambientais relevantes para uma instalação
existente. A auditoria identifica e justifica medidas apropriadas para mitigar as
questões preocupantes, faz uma estimativa do custos dessas medidas, e
recomenda uma programação para a sua execução. Para certos projetos, o
relatório de avaliação ambiental (AA) pode consistir de uma auditoria ambiental
apenas; em outros casos, a auditoria é parte da documentação da AA.

2. Estudo de Impacto Ambiental (EIA): Um instrumento para identificar e avaliar


os potenciais impactos ambientais de um projeto proposto, avaliar alternativas,
e conceber medidas apropriadas de mitigação, gestão e monitorização. Tanto
os projetos como os sub-projetos precisam de um EIA para resolver questões
importantes que não estejam contempladas em qualquer AA regional ou
setorial relevantes.

3. Plano de Gestão Ambiental (EMP): Um instrumento que detalha (a) as


medidas a serem tomadas durante a execução e operação de um projeto para
eliminar ou compensar impactos ambientais adversos, ou reduzi-los a níveis
aceitáveis; e (b) as ações necessárias para por em prática estas medidas. O
EMP é uma parte integrante das AAs de Categoria A (independentemente de
outros instrumentos utilizados). As AAs para projetos de Categoria B podem
também resultar num EMP.

4. Avaliação de Perigo: Um instrumento para identificar, analisar e controlar os


perigos associados com a presença de materiais e condições perigosas no
local de um projeto. O Banco exige uma avaliação de perigo para os projetos
que envolvam certos materiais inflamáveis, explosivos, reativos, ou tóxicos
quando se encontram num local em quantidades acima de um limite
especificado. Em certos projetos a AA pode consistir apenas da avaliação de
perigo; em outros casos, a avaliação de perigo faz parte da documentação da
AA.

5. Área de Influência do Projeto: A área potencialmente impactada pelo projeto,


incluindo todos os seus aspectos associados, tais como corredores de
transmissão de energia, dutos exclusivos, canais, túneis, estradas de relocação
e de acesso, áreas de empréstimo e disposição de entulho, locais de
acampamentos, bem como empreendimentos não planejados provocados pelo
projeto (por exemplo colonizações espontâneas, desmatamento, ou agricultura
temporária ao longo das estradas de acesso). A área de influência pode incluir,
por exemplo, (a) a bacia hidrográfica onde se situe o projeto; (b) qualquer
estuário e zona costeira afetados; (c) áreas fora do local do projeto necessárias
para reassentamento ou para áreas de compensação; (d) a camada
atmosférica (por exemplo, onde a poluição do ar, como fumaça ou pó, pode
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

entrar ou sair da área de influência; (e) rotas migratórias de seres humanos,


organismos selvagens, ou peixes, especialmente no que se refere à saúde
pública, atividades econômicas, ou conservação ambiental; e (f) áreas
utilizadas para atividades de sobrevivência humana (caça, pesca, pastoreio,
agricultura, etc.) ou para fins religiosos ou de rituais de caráter tradicional.

6. AA Regional: Um instrumento que examina questões e impactos ambientais


associados a uma estratégia, política, plano ou programa particular, ou com
uma série de projetos para uma determinada região (por exemplo, uma área
urbana, uma bacia hidrográfica, ou uma zona costeira); avalia e compara os
impactos em relação àqueles originados por outras alternativas; avalia
aspectos jurídicos e institucionais relevantes às questões levantadas e
impactos; e recomenda medidas para fortalecer a gestão ambiental na região.
A AA regional presta uma atenção especial aos potenciais impactos
cumulativos de atividades múltiplas na região.

7. Avaliação de Risco: Um instrumento para estimar a probabilidade de ocorrer


algum dano devido à presença de condições ou materiais perigosos no local de
um projeto. Risco representa a probabilidade e a importância de que um perigo
potencial venha realmente a acontecer; assim sendo, a avaliação de perigo
normalmente precede a avaliação de risco, ou as duas poder ser efetuadas
num único exercício. A avaliação de risco é um método flexível de análise, um
método sistemático para organizar e analisar informações científicas acerca de
atividades potencialmente perigosas ou acerca de substâncias que, em
determinadas circunstâncias, possam representar um risco. O Banco exige
rotineiramente uma avaliação de risco para projetos que envolvam manuseio,
armazenagem ou eliminação de materiais ou resíduos perigosos, construção
de barragens, ou trabalhos de construção de grande dimensão em locais
vulneráveis a atividade sísmica ou outros eventos naturais potencialmente
perigosos. Para certos projetos, o relatório AA pode consistir apenas da
avaliação de risco; em outros casos, a avaliação de risco faz parte da
documentação AA.

8. AA Setorial: Um instrumento que examina questões e impactos ambientais


associados a uma determinada estratégia, política, plano ou programa, ou com
uma série de projetos para um setor específico (por exemplo, energia,
transportes ou agricultura); ); avalia e compara os impactos em relação àqueles
originados por outras alternativas; avalia aspectos jurídicos e institucionais
relevantes às questões levantadas e impactos; e recomenda medidas para
fortalecer a gestão ambiental na região. A AA setorial presta uma atenção
especial a potenciais impactos cumulativos de atividades múltiplas.

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

Conteúdo de Relatório – Anexo B (OP 4.01)


Estas regras foram preparadas para serem utilizadas pelos funcionários do Banco Mundial e
não representam necessariamente um tratamento completo do assunto.

1. Um relatório de Avaliação Ambiental (AA) para um projecto de Categoria A 1


centra-se nas questões ambientais significativas de um projeto. O âmbito e
nível dos detalhes do relatório deverão estar de acordo com os impactos
potenciais do projeto. O relatório apresentado ao Banco é preparado em Inglês,
Francês ou Espanhol e o sumário executivo em Inglês.

2. O relatório AA deverá incluir os pontos seguintes (não necessariamente


nesta ordem):

(a) Sumário Executivo. Discute, de forma concisa, as conclusões e ações


recomendadas mais significativas.

(b) Enquadramento de Políticas, Jurídico e Administrativo. Discute o


enquadramento de políticas, jurídico e administrativo no âmbito dos quais se
efetua a AA. Explica os requisitos ambientais de quaisquer cofinanciadores.
Identifica acordos ambientais internacionais relevantes dos quais o país faça
parte.

(c) Descrição do Projeto. Descreve de forma concisa o projeto proposto e o seu


contexto geográfico, ecológico, social e temporal, incluindo quaisquer
investimentos fora do local que possam ser necessários (por exemplo dutos
exclusivos, estradas de acesso, estações geradoras de energia, abastecimento
de água, alojamentos, instalações para armazenagem de matérias primas e
outros materiais). Indica a necessidade ou não de planos de reassentamento
ou de ações de desenvolvimento para povos indígenas2 (ver também subpara.
(h)(v) abaixo). Inclui geralmente um mapa mostrando o local do projeto e a área
de influência do mesmo.

(d) Dados Básicos. Avalia as dimensões da área do estudo e descreve as


condições físicas, biológicas e socioeconômicas relevantes, incluindo
quaisquer alterações previstas para antes do início do projeto. Também leva
em consideração as atividades de desenvolvimento em curso ou propostas
dentro da área do projeto, mas não diretamente ligadas ao mesmo. Os dados
deverão ser relevantes para as decisões acerca da localização, concepção, e
operação do projeto, bem como das respectivas medidas mitigadoras. A seção
indica a precisão, confiabilidade e fontes dos dados.

1. O relatório AA para um projeto Categoria A é normalmente uma avaliação do impacto ambiental, com elementos de
outros instrumentos que se incluem conforme necessário. Qualquer relatório de uma operação Categoria A utiliza os
componentes descritos neste Anexo, mas uma AA regional ou setorial de Categoria A exige uma perspectiva e ênfase
diferentes entre os componentes. O Conselho do Banco Mundial para o Setor de Ambiente pode fornecer uma
orientação mais detalhada quanto ao enfoque e componentes dos vários instrumentos AA.
2. Ver OP/BP 4.12, Involuntary Resettlement (a ser publicado), e OD 4.20, Povos Indígenas.

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

(e) Impactos Ambientais. Prevê e avalia os prováveis impactos positivos e


negativos do projeto, em termos quantitativos na medida do possível. Identifica
medidas mitigadoras e quaisquer impactos residuais negativos que não
possam ser mitigados. Explora oportunidades para melhoria ambiental.
Identifica e estima a amplitude e qualidade dos dados existentes, principais
lacunas de dados e incertezas associadas com as previsões elaboradas, e
especifica os tópicos que não requerem atenção adicional.

(f) Análise de Alternativas3. Compara, de forma sistemática, alternativas viáveis


ao local proposto para o projeto, tecnologia a ser utilizada, desenho e operação
do projeto.incluindo a situação “sem projeto” em termos dos seus potenciais
impactos ambientais; a viabilidade de atenuar esses impactos; seus custos de
investimento e de operação; sua adequação às condições locais; e seus
requisitos institucionais, de treinamento, e de monitoramento. Para cada uma
das alternativas, quantifica, na medida do possível, os impactos ambientais e
seus valores econômicos. Especifica os critérios adotados na seleção da
alternativa proposta para o projeto, e justifica os níveis de emissão
recomendados e os métodos para prevenção e redução da poluição.

(g) Plano de Gestão Ambiental (EMP). Especifica as medidas mitigadoras,


plano de monitoramento e de reforço institucional; ver descrição resumida em
OP 4.01, Anexo C.

(h) Apêndices
(i) Descrição da equipe de preparação do relatório AA. indivíduos e
organizações.
(ii) Referências. lista do material escrito, publicados e não publicados,
utilizados na preparação do estudo.
(iii) Registro das reuniões ocorridas entre os vários organismos e para
consultas, incluindo consultas para obtenção de opiniões informadas
da parte das pessoas afetadas pelo projeto e de organizações não-
governamentais (ONGs). O registro deve especificar quaisquer outros
meios, diferentes das consultas (por exemplo levantamentos) que
tenham sido utilizados para obter as opiniões dos grupos afetados e
das ONGs locais.
(iv) Tabelas que apresentem os dados relevantes referidos ou
resumidos no texto principal.
(v) Lista de relatórios associados (por exemplo, plano de
reassentamento ou de ações de desenvolvimento específicas para os
povos indígenas).
3. As implicações ambientais de opções de desenvolvimento para um setor (por exemplo, modos alternativos de
atender à demanda projetada de energia elétrica) são melhor analisadas através de uma análise de menor custo ou de
uma AA. setorial. As implicações ambientais de opções de desenvolvimento amplas para uma região (por
exemplo, estratégias alternativas para melhorar o nível de vida numa área rural) recebem um tratamento
mais adequado através de um plano de desenvolvimento regional ou de uma AA regional. Um EIA é
normalmente mais apropriado para a análise de alternativas dentro de um conceito de projeto específico
(por exemplo, uma estação geradora geotérmica, ou um projeto que vise atender à demanda local de
energia), incluindo alternativas detalhadas sobre o local, tecnologia, desenho e funcionamento do projeto

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

Plano de Gestão - Anexo C (OP 4.01)


Estas regras foram preparadas para serem utilizadas pelos funcionários do Banco Mundial e
não representam necessariamente um tratamento completo do assunto

1. O Plano de Gestão Ambiental (EMP) de um projeto abrange um conjunto de


medidas mitigadoras, de monitorização, e de cunho institucional a serem
tomadas durante a fase de implementação e de operação para eliminar,
compensar, ou reduzir para níveis aceitáveis os impactos ambientais e sociais
adversos do projeto. O plano inclui também as ações necessárias para
executar estas medidas1. Os planos de gestão são elementos essenciais dos
relatórios AA para os projetos de Categoria A; para muitos projetos de
Categoria B, a AA pode resultar apenas num plano de gestão. Para preparar
um plano de gestão, o mutuário e a equipe de concepção da AA deverão (a)
identificar o conjunto de respostas a potenciais impactos adversos; (b)
determinar os requisitos necessários para assegurar que essas respostas
sejam efetuadas de forma eficaz e no momento mais adequado; e (c)
descrever os meios para cumprir tais requisitos2. Mais concretamente, o EMP
inclui os componentes abaixo.

Medidas Mitigadoras

2. O EMP identifica as medidas viáveis e eficazes em função do custo, que


permitam reduzir os potenciais impactos ambientais adversos significativos
para níveis aceitáveis. O plano inclui medidas compensatórias no caso das
medidas mitigadoras não serem viáveis, de custo eficaz, ou suficientes.
Concretamente, o EMP
(a) identifica e resume todos os impactos ambientais adversos
significativos esperados (incluindo os que envolvam povos indígenas
ou reassentamento involuntário);
(b) descreve.com detalhes técnicos. cada uma das medidas mitigadoras,
incluindo o tipo de impacto a que diz respeito e em que condições são
exigidas (por exemplo, continuamente ou no caso de contingências),
juntamente com modelos, descrições de equipamentos, e
procedimentos de funcionamento aplicáveis;
(c) faz a estimativa de quaisquer potenciais impactos ambientais destas
medidas; e
(d) faz a ligação com quaisquer outros planos de mitigação necessários
para o projeto (por exemplo, reassentamento involuntário, povos
indígenas, ou propriedade cultural).

1. O plano de gestão é às vezes conhecido como .plano de ação.. O EMP pode ser apresentado como dois ou três
planos separados cobrindo aspectos de medidas mitigadoras, de monitoramento, e institucionais, dependendo dos
requisitos do país mutuário.
2. Para os projetos que envolvam recuperação, modernização, expansão ou privatização de instalações existentes,
remediar os problemas ambientais existentes pode ser mais importante do que mitigar ou monitorar os impactos
esperados. Para tais projetos, o plano de gestão centra-se nas medidas mais efetivas, e de custo adequado, para
remediar e gerir estes problemas.

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

Monitorização

3. A monitorização ambiental durante a execução do projeto fornece


informações sobre aspectos ambientais chave do projeto, especialmente os
impactos ambientais do mesmo e a eficácia das medidas mitigadoras
adotadas. Essas informações permitem ao mutuário e ao Banco avaliar o
sucesso das medidas mitigadoras como parte das atividades de supervisão do
projeto, e possibilitam a adoção de medidas corretivas quando necessário.
Assim, o EMP identifica os objetivos de monitorização e especifica o tipo de
monitorização, e sua relação com os impactos avaliados no relatório AA e com
as medidas mitigadoras descritas no EMP. Especificamente, a seção de
monitorização do EMP fornece

(a) uma descrição específica e detalhes técnicos das medidas de


monitorização, incluindo os parâmetros a serem medidos, métodos a
serem utilizados, locais das amostragens, frequência das medições,
limites de detecção (quando for o caso), e definição de patamares que
vão indicar a necessidade de medidas corretivas; e

(b) procedimentos de monitorização e de elaboração de relatórios para


(i) assegurar a detecção o mais cedo possível daquelas condições
que necessitam de medidas mitigadoras específicas, e (ii) fornecer
informações sobre o progresso e resultados das medidas mitigadoras.

Aumento da Capacidade e Treinamento

4. Com vista a apoiar a execução pontual e eficaz dos componentes ambientais


do projeto e das respectivas medidas mitigadoras, o EMP fundamenta-se no
parecer da AA relativo à existência, função, e capacidade das unidades
ambientais no local do projeto, em organismos e secretarias relacionados, ou a
nível do ministério3. Se necessário, o EMP recomenda a criação ou expansão
de tais unidades e o treinamento de seu pessoal, de modo a permitir a
execução das recomendações da AA. Mais especificamente, o EMP fornece
uma descrição concreta dos arranjos institucionais.quem é responsável pela
execução das medidas mitigadoras e de monitorização (por exemplo, pela
operação, supervisão, aplicação, monitorização da implementação, medidas
corretivas, financiamento, preparação de relatórios e formação do pessoal).
Para fortalecer a capacidade de gestão ambiental dos organismos
responsáveis pela implementação, a maioria dos EMPs cobrem um ou mais
dos seguintes tópicos adicionais: (a) programas de assistência técnica, (b)
aquisição de equipamentos e materiais, e (c) alterações na organização.

3. Para projetos com sérias implicações ambientais, é particularmente importante que exista, no ministério
ou organismo executor, uma unidade ambiental interna com orçamento adequado e quadros profissionais
com fortes conhecimentos nas áreas relevantes para o projeto (para os projetos que envolvam barragens
e reservatórios, ver BP 4.01, Anexo B).

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

Cronograma da Execução e Estimativas de Custos

5. Para todos os três aspectos (mitigação, monitorização e aumento de


capacidade) o EMP fornece (a) um cronograma de implementação das
medidas que devam ser executadas como parte do projeto, mostrando a sua
integração gradual e coordenação com os planos gerais de implementação do
projeto; e (b) as estimativas de custos de investimento e de operação, e as
fontes de financiamento para a execução do EMP. Estes valores são também
integrados nas tabelas dos custos totais do projeto.

Integração do EMP no Projeto

6. A decisão do mutuário de prosseguir com o projeto, e a decisão do Banco de


apoiá-lo, se baseiam em parte na expectativa de que o EMP será executado de
uma forma eficaz. Por conseguinte, o Banco exige que o plano seja específico
na descrição de cada medida mitigadora e de monitorização, e de seus
responsáveis, e também que o EMP esteja integrado no planejamento,
concepção, orçamento e execução global do projeto. Tal integração consegue-
se através da instituição do EMP dentro do projeto, de forma tal que o plano
venha a receber financiamento e supervisão simultaneamente com os outros
componentes.

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ANEXOS

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

LEI Nº 11.428, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2006.

Dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica, e dá


outras providências.

TÍTULO I

DAS DEFINIÇÕES, OBJETIVOS E PRINCÍPIOS DO

REGIME JURÍDICO DO BIOMA MATA ATLÂNTICA

o
Art. 1 A conservação, a proteção, a regeneração e a utilização do Bioma Mata Atlântica,
patrimônio nacional, observarão o que estabelece esta Lei, bem como a legislação ambiental
o
vigente, em especial a Lei n 4.771, de 15 de setembro de 1965.

CAPÍTULO I

DAS DEFINIÇÕES

o
Art. 2 Para os efeitos desta Lei, consideram-se integrantes do Bioma Mata Atlântica as
seguintes formações florestais nativas e ecossistemas associados, com as respectivas
delimitações estabelecidas em mapa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE,
conforme regulamento: Floresta Ombrófila Densa; Floresta Ombrófila Mista, também
denominada de Mata de Araucárias; Floresta Ombrófila Aberta; Floresta Estacional
Semidecidual; e Floresta Estacional Decidual, bem como os manguezais, as vegetações de
restingas, campos de altitude, brejos interioranos e encraves florestais do Nordeste.
(Regulamentado pelo Decreto 6.660/2008)

Parágrafo único. Somente os remanescentes de vegetação nativa no estágio primário e


nos estágios secundário inicial, médio e avançado de regeneração na área de abrangência
definida no caput deste artigo terão seu uso e conservação regulados por esta Lei.

o
Art. 3 Consideram-se para os efeitos desta Lei:

I - pequeno produtor rural: aquele que, residindo na zona rural, detenha a posse de gleba
rural não superior a 50 (cinqüenta) hectares, explorando-a mediante o trabalho pessoal e de
sua família, admitida a ajuda eventual de terceiros, bem como as posses coletivas de terra
considerando-se a fração individual não superior a 50 (cinqüenta) hectares, cuja renda bruta
seja proveniente de atividades ou usos agrícolas, pecuários ou silviculturais ou do extrativismo
rural em 80% (oitenta por cento) no mínimo;

II - população tradicional: população vivendo em estreita relação com o ambiente natural,


dependendo de seus recursos naturais para a sua reprodução sociocultural, por meio de
atividades de baixo impacto ambiental;

III - pousio: prática que prevê a interrupção de atividades ou usos agrícolas, pecuários ou
silviculturais do solo por até 10 (dez) anos para possibilitar a recuperação de sua fertilidade;

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

IV - prática preservacionista: atividade técnica e cientificamente fundamentada,


imprescindível à proteção da integridade da vegetação nativa, tal como controle de fogo,
erosão, espécies exóticas e invasoras;

V - exploração sustentável: exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade


dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e
os demais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável;

VI - enriquecimento ecológico: atividade técnica e cientificamente fundamentada que vise


à recuperação da diversidade biológica em áreas de vegetação nativa, por meio da
reintrodução de espécies nativas;

VII - utilidade pública:

a) atividades de segurança nacional e proteção sanitária;

b) as obras essenciais de infra-estrutura de interesse nacional destinadas aos serviços


públicos de transporte, saneamento e energia, declaradas pelo poder público federal ou dos
Estados;

VIII - interesse social:

a) as atividades imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação nativa, tais


como: prevenção, combate e controle do fogo, controle da erosão, erradicação de invasoras e
proteção de plantios com espécies nativas, conforme resolução do Conselho Nacional do Meio
Ambiente - CONAMA;

b) as atividades de manejo agroflorestal sustentável praticadas na pequena propriedade


ou posse rural familiar que não descaracterizem a cobertura vegetal e não prejudiquem a
função ambiental da área;

c) demais obras, planos, atividades ou projetos definidos em resolução do Conselho


Nacional do Meio Ambiente.

o
Art. 4 A definição de vegetação primária e de vegetação secundária nos estágios
avançado, médio e inicial de regeneração do Bioma Mata Atlântica, nas hipóteses de
vegetação nativa localizada, será de iniciativa do Conselho Nacional do Meio Ambiente.

o
§ 1 O Conselho Nacional do Meio Ambiente terá prazo de 180 (cento e oitenta) dias
para estabelecer o que dispõe o caput deste artigo, sendo que qualquer intervenção na
vegetação primária ou secundária nos estágios avançado e médio de regeneração somente
poderá ocorrer após atendido o disposto neste artigo.

o
§ 2 Na definição referida no caput deste artigo, serão observados os seguintes
parâmetros básicos:

I - fisionomia;

II - estratos predominantes;

III - distribuição diamétrica e altura;

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

IV - existência, diversidade e quantidade de epífitas;

V - existência, diversidade e quantidade de trepadeiras;

VI - presença, ausência e características da serapilheira;

VII - sub-bosque;

VIII - diversidade e dominância de espécies;

IX - espécies vegetais indicadoras.

o
Art. 5 A vegetação primária ou a vegetação secundária em qualquer estágio de
regeneração do Bioma Mata Atlântica não perderão esta classificação nos casos de incêndio,
desmatamento ou qualquer outro tipo de intervenção não autorizada ou não licenciada.

CAPÍTULO II

DOS OBJETIVOS E PRINCÍPIOS DO REGIME JURÍDICO DO

BIOMA MATA ATLÂNTICA

o
Art. 6 A proteção e a utilização do Bioma Mata Atlântica têm por objetivo geral o
desenvolvimento sustentável e, por objetivos específicos, a salvaguarda da biodiversidade, da
saúde humana, dos valores paisagísticos, estéticos e turísticos, do regime hídrico e da
estabilidade social.

Parágrafo único. Na proteção e na utilização do Bioma Mata Atlântica, serão observados


os princípios da função socioambiental da propriedade, da eqüidade intergeracional, da
prevenção, da precaução, do usuário-pagador, da transparência das informações e atos, da
gestão democrática, da celeridade procedimental, da gratuidade dos serviços administrativos
prestados ao pequeno produtor rural e às populações tradicionais e do respeito ao direito de
propriedade.

o
Art. 7 A proteção e a utilização do Bioma Mata Atlântica far-se-ão dentro de condições
que assegurem:

I - a manutenção e a recuperação da biodiversidade, vegetação, fauna e regime hídrico


do Bioma Mata Atlântica para as presentes e futuras gerações;

II - o estímulo à pesquisa, à difusão de tecnologias de manejo sustentável da vegetação e


à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de recuperação e manutenção
dos ecossistemas;

III - o fomento de atividades públicas e privadas compatíveis com a manutenção do


equilíbrio ecológico;

IV - o disciplinamento da ocupação rural e urbana, de forma a harmonizar o crescimento


econômico com a manutenção do equilíbrio ecológico.

TÍTULO II

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

DO REGIME JURÍDICO GERAL DO BIOMA MATA ATLÂNTICA

o
Art. 8 O corte, a supressão e a exploração da vegetação do Bioma Mata Atlântica far-se-
ão de maneira diferenciada, conforme se trate de vegetação primária ou secundária, nesta
última levando-se em conta o estágio de regeneração.

o
Art. 9 A exploração eventual, sem propósito comercial direto ou indireto, de espécies da
flora nativa, para consumo nas propriedades ou posses das populações tradicionais ou de
pequenos produtores rurais, independe de autorização dos órgãos competentes, conforme
regulamento.

Parágrafo único. Os órgãos competentes, sem prejuízo do disposto no caput deste


artigo, deverão assistir as populações tradicionais e os pequenos produtores no manejo e
exploração sustentáveis das espécies da flora nativa.

Art. 10. O poder público fomentará o enriquecimento ecológico da vegetação do Bioma


Mata Atlântica, bem como o plantio e o reflorestamento com espécies nativas, em especial as
iniciativas voluntárias de proprietários rurais.

o
§ 1 Nos casos em que o enriquecimento ecológico exigir a supressão de espécies
nativas que gerem produtos ou subprodutos comercializáveis, será exigida a autorização do
órgão estadual ou federal competente, mediante procedimento simplificado.

o
§ 2 Visando a controlar o efeito de borda nas áreas de entorno de fragmentos de
vegetação nativa, o poder público fomentará o plantio de espécies florestais, nativas ou
exóticas.

Art. 11. O corte e a supressão de vegetação primária ou nos estágios avançado e médio
de regeneração do Bioma Mata Atlântica ficam vedados quando:

I - a vegetação:

a) abrigar espécies da flora e da fauna silvestres ameaçadas de extinção, em território


nacional ou em âmbito estadual, assim declaradas pela União ou pelos Estados, e a
intervenção ou o parcelamento puserem em risco a sobrevivência dessas espécies;

b) exercer a função de proteção de mananciais ou de prevenção e controle de erosão;

c) formar corredores entre remanescentes de vegetação primária ou secundária em


estágio avançado de regeneração;

d) proteger o entorno das unidades de conservação; ou

e) possuir excepcional valor paisagístico, reconhecido pelos órgãos executivos


competentes do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA;

II - o proprietário ou posseiro não cumprir os dispositivos da legislação ambiental, em


especial as exigências da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, no que respeita às Áreas
de Preservação Permanente e à Reserva Legal.

Parágrafo único. Verificada a ocorrência do previsto na alínea a do inciso I deste artigo,


os órgãos competentes do Poder Executivo adotarão as medidas necessárias para proteger as

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

espécies da flora e da fauna silvestres ameaçadas de extinção caso existam fatores que o
exijam, ou fomentarão e apoiarão as ações e os proprietários de áreas que estejam mantendo
ou sustentando a sobrevivência dessas espécies.

Art. 12. Os novos empreendimentos que impliquem o corte ou a supressão de vegetação


do Bioma Mata Atlântica deverão ser implantados preferencialmente em áreas já
substancialmente alteradas ou degradadas.

Art. 13. Os órgãos competentes do Poder Executivo adotarão normas e procedimentos


especiais para assegurar ao pequeno produtor e às populações tradicionais, nos pedidos de
autorização de que trata esta Lei:

I - acesso fácil à autoridade administrativa, em local próximo ao seu lugar de moradia;

II - procedimentos gratuitos, céleres e simplificados, compatíveis com o seu nível de


instrução;

III - análise e julgamento prioritários dos pedidos.

Art. 14. A supressão de vegetação primária e secundária no estágio avançado de


regeneração somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública, sendo que a
vegetação secundária em estágio médio de regeneração poderá ser suprimida nos casos de
utilidade pública e interesse social, em todos os casos devidamente caracterizados e
motivados em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e
locacional ao empreendimento proposto, ressalvado o disposto no inciso I do art. 30 e nos §§
o o
1 e 2 do art. 31 desta Lei.

o
§ 1 A supressão de que trata o caput deste artigo dependerá de autorização do órgão
ambiental estadual competente, com anuência prévia, quando couber, do órgão federal ou
o
municipal de meio ambiente, ressalvado o disposto no § 2 deste artigo.

o
§ 2 A supressão de vegetação no estágio médio de regeneração situada em área
urbana dependerá de autorização do órgão ambiental municipal competente, desde que o
município possua conselho de meio ambiente, com caráter deliberativo e plano diretor,
mediante anuência prévia do órgão ambiental estadual competente fundamentada em parecer
técnico.

§ 3o Na proposta de declaração de utilidade pública disposta na alínea b do


inciso VII do art. 3o desta Lei, caberá ao proponente indicar de forma detalhada a alta
relevância e o interesse nacional.

Art. 15. Na hipótese de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa


degradação do meio ambiente, o órgão competente exigirá a elaboração de Estudo Prévio de
Impacto Ambiental, ao qual se dará publicidade, assegurada a participação pública.

Art. 16. Na regulamentação desta Lei, deverão ser adotadas normas e procedimentos
especiais, simplificados e céleres, para os casos de reutilização das áreas agrícolas
submetidas ao pousio.

Art. 17. O corte ou a supressão de vegetação primária ou secundária nos estágios médio
ou avançado de regeneração do Bioma Mata Atlântica, autorizados por esta Lei, ficam
condicionados à compensação ambiental, na forma da destinação de área equivalente à
extensão da área desmatada, com as mesmas características ecológicas, na mesma bacia
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

hidrográfica, sempre que possível na mesma microbacia hidrográfica, e, nos casos previstos
nos arts. 30 e 31, ambos desta Lei, em áreas localizadas no mesmo Município ou região
metropolitana.

o
§ 1 Verificada pelo órgão ambiental a impossibilidade da compensação ambiental
prevista no caput deste artigo, será exigida a reposição florestal, com espécies nativas, em
área equivalente à desmatada, na mesma bacia hidrográfica, sempre que possível na mesma
microbacia hidrográfica.

o
§ 2 A compensação ambiental a que se refere este artigo não se aplica aos casos
previstos no inciso III do art. 23 desta Lei ou de corte ou supressão ilegais.

Art. 18. No Bioma Mata Atlântica, é livre a coleta de subprodutos florestais tais como
frutos, folhas ou sementes, bem como as atividades de uso indireto, desde que não coloquem
em risco as espécies da fauna e flora, observando-se as limitações legais específicas e em
particular as relativas ao acesso ao patrimônio genético, à proteção e ao acesso ao
conhecimento tradicional associado e de biossegurança.

Art. 19. O corte eventual de vegetação primária ou secundária nos estágios médio e
avançado de regeneração do Bioma Mata Atlântica, para fins de práticas preservacionistas e
de pesquisa científica, será devidamente regulamentado pelo Conselho Nacional do Meio
Ambiente e autorizado pelo órgão competente do Sisnama.

TÍTULO III

DO REGIME JURÍDICO ESPECIAL DO BIOMA MATA ATLÂNTICA

CAPÍTULO I

DA PROTEÇÃO DA VEGETAÇÃO PRIMÁRIA

Art. 20. O corte e a supressão da vegetação primária do Bioma Mata Atlântica somente
serão autorizados em caráter excepcional, quando necessários à realização de obras, projetos
ou atividades de utilidade pública, pesquisas científicas e práticas preservacionistas.

Parágrafo único. O corte e a supressão de vegetação, no caso de utilidade pública,


obedecerão ao disposto no art. 14 desta Lei, além da realização de Estudo Prévio de Impacto
Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental - EIA/RIMA.

CAPÍTULO II

DA PROTEÇÃO DA VEGETAÇÃO SECUNDÁRIA EM

ESTÁGIO AVANÇADO DE REGENERAÇÃO

Art. 21. O corte, a supressão e a exploração da vegetação secundária em estágio


avançado de regeneração do Bioma Mata Atlântica somente serão autorizados:

I - em caráter excepcional, quando necessários à execução de obras, atividades ou


projetos de utilidade pública, pesquisa científica e práticas preservacionistas;

II - (VETADO)

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

III - nos casos previstos no inciso I do art. 30 desta Lei.

Art. 22. O corte e a supressão previstos no inciso I do art. 21 desta Lei no caso de
utilidade pública serão realizados na forma do art. 14 desta Lei, além da realização de Estudo
Prévio de Impacto Ambiental, bem como na forma do art. 19 desta Lei para os casos de
práticas preservacionistas e pesquisas científicas.

CAPÍTULO III DA PROTEÇÃO DA VEGETAÇÃO SECUNDÁRIA EM ESTÁGIO MÉDIO


DE REGENERAÇÃO

Art. 23. O corte, a supressão e a exploração da vegetação secundária em estágio médio


de regeneração do Bioma Mata Atlântica somente serão autorizados:

I - em caráter excepcional, quando necessários à execução de obras, atividades ou


projetos de utilidade pública ou de interesse social, pesquisa científica e práticas
preservacionistas;

II - (VETADO)

III - quando necessários ao pequeno produtor rural e populações tradicionais para o


exercício de atividades ou usos agrícolas, pecuários ou silviculturais imprescindíveis à sua
subsistência e de sua família, ressalvadas as áreas de preservação permanente e, quando for
o caso, após averbação da reserva legal, nos termos da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de
1965;

o o
IV - nos casos previstos nos §§ 1 e 2 do art. 31 desta Lei.

Art. 24. O corte e a supressão da vegetação em estágio médio de regeneração, de que


trata o inciso I do art. 23 desta Lei, nos casos de utilidade pública ou interesse social,
obedecerão ao disposto no art. 14 desta Lei.

Parágrafo único. Na hipótese do inciso III do art. 23 desta Lei, a autorização é de


competência do órgão estadual competente, informando-se ao Ibama, na forma da
regulamentação desta Lei.

CAPÍTULO IV

DA PROTEÇÃO DA VEGETAÇÃO SECUNDÁRIA EM

ESTÁGIO INICIAL DE REGENERAÇÃO

Art. 25. O corte, a supressão e a exploração da vegetação secundária em estágio inicial


de regeneração do Bioma Mata Atlântica serão autorizados pelo órgão estadual competente.

Parágrafo único. O corte, a supressão e a exploração de que trata este artigo, nos
Estados em que a vegetação primária e secundária remanescente do Bioma Mata Atlântica for
inferior a 5% (cinco por cento) da área original, submeter-se-ão ao regime jurídico aplicável à
vegetação secundária em estágio médio de regeneração, ressalvadas as áreas urbanas e
regiões metropolitanas.

Art. 26. Será admitida a prática agrícola do pousio nos Estados da Federação onde tal
procedimento é utilizado tradicionalmente.

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

CAPÍTULO V

DA EXPLORAÇÃO SELETIVA DE VEGETAÇÃO SECUNDÁRIA EM ESTÁGIOS


AVANÇADO, MÉDIO E INICIAL DE REGENERAÇÃO

Art. 27. (VETADO)

Art. 28. O corte, a supressão e o manejo de espécies arbóreas pioneiras nativas em


fragmentos florestais em estágio médio de regeneração, em que sua presença for superior a
60% (sessenta por cento) em relação às demais espécies, poderão ser autorizados pelo órgão
estadual competente, observado o disposto na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965.

Art. 29. (VETADO)

CAPÍTULO VI

DA PROTEÇÃO DO BIOMA MATA ATLÂNTICA NAS

ÁREAS URBANAS E REGIÕES METROPOLITANAS

Art. 30. É vedada a supressão de vegetação primária do Bioma Mata Atlântica, para fins
de loteamento ou edificação, nas regiões metropolitanas e áreas urbanas consideradas como
tal em lei específica, aplicando-se à supressão da vegetação secundária em estágio avançado
de regeneração as seguintes restrições:

I - nos perímetros urbanos aprovados até a data de início de vigência desta Lei, a
supressão de vegetação secundária em estágio avançado de regeneração dependerá de
prévia autorização do órgão estadual competente e somente será admitida, para fins de
loteamento ou edificação, no caso de empreendimentos que garantam a preservação de
vegetação nativa em estágio avançado de regeneração em no mínimo 50% (cinqüenta por
cento) da área total coberta por esta vegetação, ressalvado o disposto nos arts. 11, 12 e 17
desta Lei e atendido o disposto no Plano Diretor do Município e demais normas urbanísticas e
ambientais aplicáveis;

II - nos perímetros urbanos aprovados após a data de início de vigência desta Lei, é
vedada a supressão de vegetação secundária em estágio avançado de regeneração do Bioma
Mata Atlântica para fins de loteamento ou edificação.

Art. 31. Nas regiões metropolitanas e áreas urbanas, assim consideradas em lei, o
parcelamento do solo para fins de loteamento ou qualquer edificação em área de vegetação
secundária, em estágio médio de regeneração, do Bioma Mata Atlântica, devem obedecer ao
disposto no Plano Diretor do Município e demais normas aplicáveis, e dependerão de prévia
autorização do órgão estadual competente, ressalvado o disposto nos arts. 11, 12 e 17 desta
Lei.

o
§ 1 Nos perímetros urbanos aprovados até a data de início de vigência desta Lei, a
supressão de vegetação secundária em estágio médio de regeneração somente será admitida,
para fins de loteamento ou edificação, no caso de empreendimentos que garantam a
preservação de vegetação nativa em estágio médio de regeneração em no mínimo 30% (trinta
por cento) da área total coberta por esta vegetação.

o
§ 2 Nos perímetros urbanos delimitados após a data de início de vigência desta Lei, a
supressão de vegetação secundária em estágio médio de regeneração fica condicionada à
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

manutenção de vegetação em estágio médio de regeneração em no mínimo 50% (cinqüenta


por cento) da área total coberta por esta vegetação.

CAPÍTULO VII

DAS ATIVIDADES MINERÁRIAS EM ÁREAS DE VEGETAÇÃO SECUNDÁRIA EM


ESTÁGIO AVANÇADO E MÉDIO DE REGENERAÇÃO

Art. 32. A supressão de vegetação secundária em estágio avançado e médio de


regeneração para fins de atividades minerárias somente será admitida mediante:

I - licenciamento ambiental, condicionado à apresentação de Estudo Prévio de Impacto


Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental - EIA/RIMA, pelo empreendedor, e desde que
demonstrada a inexistência de alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto;

II - adoção de medida compensatória que inclua a recuperação de área equivalente à


área do empreendimento, com as mesmas características ecológicas, na mesma bacia
hidrográfica e sempre que possível na mesma microbacia hidrográfica, independentemente do
o
disposto no art. 36 da Lei n 9.985, de 18 de julho de 2000.

TÍTULO IV

DOS INCENTIVOS ECONÔMICOS

Art. 33. O poder público, sem prejuízo das obrigações dos proprietários e posseiros
estabelecidas na legislação ambiental, estimulará, com incentivos econômicos, a proteção e o
uso sustentável do Bioma Mata Atlântica.

o
§ 1 Na regulamentação dos incentivos econômicos ambientais, serão observadas as
seguintes características da área beneficiada:

I - a importância e representatividade ambientais do ecossistema e da gleba;

II - a existência de espécies da fauna e flora ameaçadas de extinção;

III - a relevância dos recursos hídricos;

IV - o valor paisagístico, estético e turístico;

V - o respeito às obrigações impostas pela legislação ambiental;

VI - a capacidade de uso real e sua produtividade atual.

o
§ 2 Os incentivos de que trata este Título não excluem ou restringem outros benefícios,
abatimentos e deduções em vigor, em especial as doações a entidades de utilidade pública
efetuadas por pessoas físicas ou jurídicas.

Art. 34. As infrações dos dispositivos que regem os benefícios econômicos ambientais,
sem prejuízo das sanções penais e administrativas cabíveis, sujeitarão os responsáveis a
multa civil de 3 (três) vezes o valor atualizado recebido, ou do imposto devido em relação a
cada exercício financeiro, além das penalidades e demais acréscimos previstos na legislação
fiscal.
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

o
§ 1 Para os efeitos deste artigo, considera-se solidariamente responsável por
inadimplência ou irregularidade a pessoa física ou jurídica doadora ou propositora de projeto ou
proposta de benefício.

o
§ 2 A existência de pendências ou irregularidades na execução de projetos de
proponentes no órgão competente do Sisnama suspenderá a análise ou concessão de novos
incentivos, até a efetiva regularização.

Art. 35. A conservação, em imóvel rural ou urbano, da vegetação primária ou da


vegetação secundária em qualquer estágio de regeneração do Bioma Mata Atlântica cumpre
função social e é de interesse público, podendo, a critério do proprietário, as áreas sujeitas à
restrição de que trata esta Lei ser computadas para efeito da Reserva Legal e seu excedente
utilizado para fins de compensação ambiental ou instituição de cota de que trata a Lei nº 4.771,
de 15 de setembro de 1965.

Art. 35. A conservação, em imóvel rural ou urbano, da vegetação primária ou da


vegetação secundária em qualquer estágio de regeneração do Bioma Mata Atlântica cumpre
função social e é de interesse público, podendo, a critério do proprietário, as áreas sujeitas à
restrição de que trata esta Lei ser computadas para efeito da Reserva Legal e seu excedente
utilizado para fins de compensação ambiental ou instituição de Cota de Reserva Ambiental -
CRA. (Redação dada pela Lei nº 12.651, de 2012).

Parágrafo único. Ressalvadas as hipóteses previstas em lei, as áreas de preservação


permanente não integrarão a reserva legal.

CAPÍTULO I

DO FUNDO DE RESTAURAÇÃO DO BIOMA MATA ATLÂNTICA

Art. 36. Fica instituído o Fundo de Restauração do Bioma Mata Atlântica destinado ao
financiamento de projetos de restauração ambiental e de pesquisa científica.

o
§ 1 (VETADO)

o
§ 2 (VETADO)

o
§ 3 (VETADO)

Art. 37. Constituirão recursos do Fundo de que trata o art. 36 desta Lei:

I - dotações orçamentárias da União;

II - recursos resultantes de doações, contribuições em dinheiro, valores, bens móveis e


imóveis, que venha a receber de pessoas físicas e jurídicas, nacionais ou internacionais;

III - rendimentos de qualquer natureza, que venha a auferir como remuneração


decorrente de aplicações do seu patrimônio;

IV - outros, destinados em lei.

Art. 38. Serão beneficiados com recursos do Fundo de Restauração do Bioma Mata
Atlântica os projetos que envolvam conservação de remanescentes de vegetação nativa,

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

pesquisa científica ou áreas a serem restauradas, implementados em Municípios que possuam


plano municipal de conservação e recuperação da Mata Atlântica, devidamente aprovado pelo
Conselho Municipal de Meio Ambiente.

o
§ 1 Terão prioridade de apoio os projetos destinados à conservação e recuperação das
áreas de preservação permanente, reservas legais, reservas particulares do patrimônio natural
e áreas do entorno de unidades de conservação.

o
§ 2 Os projetos poderão beneficiar áreas públicas e privadas e serão executados por
órgãos públicos, instituições acadêmicas públicas e organizações da sociedade civil de
interesse público que atuem na conservação, restauração ou pesquisa científica no Bioma
Mata Atlântica.

CAPÍTULO II

DA SERVIDÃO AMBIENTAL

Art. 39. (VETADO)

Art. 40. (VETADO)

CAPÍTULO III

DOS INCENTIVOS CREDITÍCIOS

Art. 41. O proprietário ou posseiro que tenha vegetação primária ou secundária em


estágios avançado e médio de regeneração do Bioma Mata Atlântica receberá das instituições
financeiras benefícios creditícios, entre os quais:

I - prioridade na concessão de crédito agrícola, para os pequenos produtores rurais e


populações tradicionais;

II - (VETADO)

III - (VETADO)

Parágrafo único. Os critérios, condições e mecanismos de controle dos benefícios


referidos neste artigo serão definidos, anualmente, sob pena de responsabilidade, pelo órgão
competente do Poder Executivo, após anuência do órgão competente do Ministério da
Fazenda.

TÍTULO V

DAS PENALIDADES

Art. 42. A ação ou omissão das pessoas físicas ou jurídicas que importem inobservância
aos preceitos desta Lei e a seus regulamentos ou resultem em dano à flora, à fauna e aos
demais atributos naturais sujeitam os infratores às sanções previstas em lei, em especial as
o
dispostas na Lei n 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, e seus decretos regulamentadores.

o
Art. 43. A Lei n 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, passa a vigorar acrescida do seguinte
art. 38-A:
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

“Art. 38-A. Destruir ou danificar vegetação primária ou secundária, em estágio avançado ou


médio de regeneração, do Bioma Mata Atlântica, ou utilizá-la com infringência das normas de
proteção:

Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.”

Art. 44. (VETADO)

TÍTULO VI

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 45. (VETADO)

Art. 46. Os órgãos competentes adotarão as providências necessárias para o rigoroso e


fiel cumprimento desta Lei, e estimularão estudos técnicos e científicos visando à conservação
e ao manejo racional do Bioma Mata Atlântica e de sua biodiversidade.

o
Art. 47. Para os efeitos do inciso I do caput do art. 3 desta Lei, somente serão
consideradas as propriedades rurais com área de até 50 (cinqüenta) hectares, registradas em
cartório até a data de início de vigência desta Lei, ressalvados os casos de fracionamento por
transmissão causa mortis.

o
Art. 48. O art. 10 da Lei n 9.393, de 19 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a
seguinte redação:

“Art. 10. ..............................................................

o
§ 1 .....................................................................

...........................................................................

II - ....................................................................

d) sob regime de servidão florestal ou ambiental;

e) cobertas por florestas nativas, primárias ou secundárias em estágio médio ou


avançado de regeneração;

...................................................................................

IV - ................................................................................

..........................................................................

b) de que tratam as alíneas do inciso II deste parágrafo;

.............................................................................. ” (NR)

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

o o
Art. 49. O § 6 do art. 44 da Lei n 4.771, de 15 de setembro de 1965, alterada pela
o
Medida Provisória n 2.166-7, de 24 de agosto de 2001, passa a vigorar com a seguinte
redação:

“Art. 44. ...................................................................................

.........................................................................................

o
§ 6 O proprietário rural poderá ser desonerado das obrigações previstas neste
artigo, mediante a doação ao órgão ambiental competente de área localizada no
interior de unidade de conservação de domínio público, pendente de regularização
fundiária, respeitados os critérios previstos no inciso III do caput deste artigo.” (NR)

Art. 50. (VETADO)

Art. 51. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

o o
Brasília, 22 de dezembro de 2006; 185 da Independência e 118 da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Márcio Thomaz Bastos

Guido Mantega

Marina Silva

Álvaro Augusto Ribeiro Costa

Este texto não substitui o publicado no DOU de 26.12.2006 - Retificado no DOU de 9.1.2007

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

RESOLUÇÃO CONAMA nº 31, de 7 de dezembro de 1994

Correlações:
・ Em cumprimento ao art. 6o do Decreto no 750/93 e art. 1o, § 1o da Resolução CONAMA no
10/93
・ Convalidada pela Resolução CONAMA no 388/07 para fins do disposto na Lei 11.428, de 22
de dezembro de 2006

Define vegetação primária e secundária nos estágios inicial, médio e avançado de regeneração
da Mata Atlântica, a fim de orientar os procedimentos de licenciamento de atividades florestais
no Estado de Pernambuco.

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA, no uso das atribuições que lhe
são conferidas pela Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, alterada pela Lei no 8.028, de 12
de abril de 1990, regulamentadas pelo Decreto no 99.274, de 6 de junho de 1990, e Lei no
8.746, de 9 de dezembro de 1993, considerando o disposto na Lei no 8.490, de 19 de
novembro de 199252, e tendo em vista o disposto em seu Regimento Interno, e
Considerando a necessidade de se definir vegetação primaria e secundaria nos estágios inicial,
médio e avançado de regeneração da Mata Atlântica em cumprimento ao disposto no artigo 6º
do Decreto no 750, de 10 de fevereiro de 1993, na Resolução CONAMA no 10, de 1º de
outubro de 1993, e a fim de orientar os procedimentos para licenciamento de atividades
florestais no Estado de Pernambuco, resolve:
Art. 1o Vegetação primaria e aquela de máxima expressão local, com grande diversidade
biológica, sendo os efeitos das ações antrópicas mínimos, a ponto de não afetar
significativamente suas características originais de estrutura e de espécies, onde são
observadas área basal media superior a 30 m²/ha, DAP médio superior a 0,18 m e altura total
média superior a 20 m.
Art. 2o Vegetação secundária ou em regeneração e aquela resultante dos processos naturais
de sucessão, apos supressão total ou parcial de vegetação primária por ações antrópicas ou
causas naturais, podendo ocorrer arvores remanescentes da vegetação primária.
Art. 3o Os estágios de regeneração da vegetação secundaria a que se refere o artigo 6º do
Decreto no 750/93, passam a ser assim definidos:
I - Estágio inicial de regeneração:
a) fisionomia herbáceo/arbustiva de porte baixo, altura media inferior a 6 m, com cobertura
vegetal variando de fechada a aberta;
b) espécies lenhosas com distribuição diamétrica de pequena amplitude; com DAP médio
inferior a 8 cm para todas as formações florestais;
c) epifitas, se existentes, sao representadas principalmente por liquens, briófitas e pteridófitas,
com baixa diversidade;
d) trepadeiras, se presentes, são geralmente herbáceas;
e) serapilheira, quando existente, forma camada fina pouco decomposta, continua ou não;
f ) diversidade biológica variável com poucas espécies arbóreas, podendo apresentar plântulas
de espécies características de outros estágios;
g) espécies pioneiras abundantes;
h) ausência de subosque;
i) a composição florística está representada principalmente pelas seguintes espécies
indicadoras:
Cecropia adenopus Mart. vel aff (imbaúba); Stryphnodendron pulcherrimum Hochr (favinha);
Byrsonima sericea DC (murici); Didymopanax morototoni Decne e Planch (sambaquim);
Cupania revoluta Radlk (cabatan-de-rego); Xylopia frutescens Aubl (imbira-vermelha);
Guazuma ulmifolia Lam (mutamba); Trema micrantha Blume (periquiteria); Himatanthus
bracteatus DC. Woods (angélica), Tapirira guianensis Aubl. (cupiúba), Mimosa sepiaria
(espinheiro), Cassia hoffmansegii (mata-pasto), Scleria braquiteata D.C. (tiririca), Heliconia
angustifolia Hook (paquevira), Cnidoscolus urens L. M. Arg. (urtiga-branca).
II - Estágio médio de regeneração:
a) fisionomia arbórea e/ou arbustiva predominando sobre a herbácea, podendo constituir
estratos diferenciados; a altura média é de 6 a 15 metros;
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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

b) cobertura arbórea variando de aberta a fechada, com ocorrência eventual de indivíduos


emergentes;
c) distribuição diamétrica apresentando amplitude moderada com DAP médio de 8 a 15 cm;
d) epífitas aparecendo com maior número de indivíduos e espécies em relação ao estágio
inicial;
e) trepadeiras, quando presentes, são predominantemente lenhosas;
f) serapilheira presente, variando de espessura de acordo com as estações do ano e a
localização;
g) diversidade biológica significativa;
h) subosque presente;
i) a composição florística está representada principalmente pelas seguintes espécies
indicadoras:
Bowdichia virgilioides H.B.K (sucupira); Sclerolobium densiflorum Benth (ingá-porco); Tapirira
guianensis Aubl. (cupiuba); Sloanea obtusifolia Moric. Scum (mamajuda); Caraipa densifolia
Mart. (camaçari); Eschweilera luschnathii Miers. (imbiriba); Inga spp (ingá); Didymopanax
morotoni Decne e Planch (sambaquim); Protion heptaphyllum Aubl. March. (amescla); Heliconia
angustifolis Hook (paquevira); Lasiaci divaricata Hitchc. (taquari); Costu aff. discolor Roscoe
(banana-de-macaco).
III - Estágio avançado de regeneração:
a) fisionomia arbórea dominante sobre as demais, formando dossel fechado e relativamente
uniforme no porte, podendo apresentar árvores emergentes; a altura média é superior a 15
metros;
b) espécies emergentes ocorrendo com diferentes graus de intensidade;
c) copas superiores horizontalmente amplas;
d) epífitas presentes em grande número de espécies e com grande abundância;
e) distribuição diamétrica de grande amplitude: DAP médio superior a 15 cm;
f) trepadeiras geralmente lenhosas;
g) serapilheira abundante;
h) diversidade biológica muito grande devido à complexidade natural;
i) estratos herbáceo, arbustivo e um notadamente arbóreo;
j) florestas neste estágio podem apresentar fisionomia semelhante à vegetação primária,
diferenciada pela intensidade do antropismo;
k) subosque normalmente menos expressivo do que no estágio médio;
l) poderá ocorrer espécies dominantes;
m) a composição florística está representada principalmente pelas seguintes espécies
indicadoras:
Parkia pendula Benth (visqueiro); Vizola gardneri (D.C.) Warb (urucuba); Ficus spp (gameleira);
Sloanea obtusifolia (Moric) Schum (mamajuda); Boudichia Virgilioides H.B.K. (sucupira);
Caraipa densifolia Mart. (camaçari); Manilkara salzmannii (A.DC.) Lam. (maçaranduba);
Simarouba amara Aubl (praíba); Didymopanax morototoni Decne et Planch (sambaquim);
Tabebuia sp (pau-d'arco-amarelo); Ocotea spp; (louro); Plathymenia foliolosa Benth; (amarelo);
Licania Kunthiana vel aff (oiti-da-mata); Sclerolobium densiflorum Benth (ingá-porco); Protium
heptaphyllum (Aubl.) March (amescla); Pterocarpus violaceus Vogel (pau-sangue);
Aspidosperma limac Wooks (gararoba); Coumaruna odorata Aubl. (cumaru-da-mata); Bombax
gracilipes Schum. (munguba).

Art. 4º A caracterização dos estágios de regeneração da vegetação definidos no artigo 3º


desta Resolução, não é aplicável para manguezais e restingas.

Parágrafo único - As restingas serão objeto de regulamentação especifica.

Art. 5º Esta Resolução entrará em vigor na data da sua publicação, revogadas as disposições
em contrário.

Este texto não substitui o publicado no DOU, de 30 de dezembro de 1994.

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RESOLUÇÃO CONAMA no 388, de 23 de fevereiro de 2007

Correlações:
・ Convalida as Resoluções CONAMA nos 10/93, 1, 2, 4, 5, 6, 25, 26, 28, 29, 30, 31, 32,33 e
34/94, 7/96 e 261/99 Dispõe sobre a convalidação das resoluções que definem a vegetação
primária e secundária nos estágios inicial, médio e avançado de regeneração da Mata Atlântica
para fins do disposto no art. 4o § 1o da Lei no 11.428, de 22 de dezembro de 2006.

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA, tendo em vista as


competências que lhe foram conferidas pela Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981,
regulamentada pelo Decreto no 99.274, de 6 de julho de 1990, e tendo em vista o disposto na
Lei no 11.428, de 22 de dezembro de 2006, resolve:
Art. 1o Ficam convalidadas para fins do disposto no art. 4o § 1o da Lei no 11.428, de 22 de
dezembro de 2006 ad referendun do Plenário do CONAMA, as seguintes resoluções que
dispõem sobre a vegetação primária e secundária nos estágios inicial, médio e avançado de
regeneração da Mata Atlântica:
I - Resolução no 10, de 1o de outubro de 1993 - que estabelece os parâmetros para análise
dos estágios de sucessão da Mata Atlântica;
II - Resolução no 1, de 31 de janeiro de 1994 - que define vegetação primária e secundária nos
estágios pioneiro, inicial, médio e avançado de regeneração da Mata Atlântica, a fim de orientar
os procedimentos de licenciamento de exploração da vegetação nativa no estado de São
Paulo;
III - Resolução no 2, de 18 de marco de 1994 - que define formações vegetais primárias e
estágios sucessionais de vegetação secundária, com finalidade de orientar os procedimentos
de licenciamento de exploração da vegetação nativa no estado do Paraná;
IV - Resolução no 4, de 4 de maio de 1994 - que define vegetação primária e secundária nos
estágios inicial, médio e avançado de regeneração da Mata Atlântica, a fim de orientar os
procedimentos de licenciamento de atividades florestais no estado de Santa Catarina;
V - Resolução no 5, de 4 de maio de 1994 - que define vegetação primária e secundária nos
estágios inicial, médio e avançado de regeneração da Mata Atlântica, a fim de orientar os
procedimentos de licenciamento de atividades florestais no estado da Bahia;
VI - Resolução no 6, de 4 de maio de 1994 - que estabelece definições e parâmetros
mensuráveis para analise de sucessão ecológica da Mata Atlântica no estado do Rio de
Janeiro;
VII - Resolução no 25, de 7 de dezembro de 1994 - que define vegetação primária e secundária
nos estágios inicial, médio e avançado de regeneração da Mata Atlântica, a fim de orientar os
procedimentos de licenciamento de atividades florestais no estado do Ceará;
VIII - Resolução no 26, de 7 de dezembro de 1994 - que define vegetação primária e
secundária nos estágios inicial, médio e avançado de regeneração da Mata Atlântica, a fim de
orientar os procedimentos de licenciamento de atividades florestais no estado do Piauí;
IX - Resolução no 28, de 7 de dezembro de 1994 – que define vegetação primária e secundária
nos estágios inicial, médio e avançado de regeneração da Mata Atlântica, a fim de orientar os
procedimentos de licenciamento de atividades florestais no estado de Alagoas;
X - Resolução no 29, de 7 de dezembro de 1994 - que define vegetação primária e secundária
nos estágios inicial, médio e avançado de regeneração da Mata Atlântica, considerando a
necessidade de definir o corte, a exploração e a supressão da vegetação secundária no
estágio inicial de regeneração no estado do Espírito Santo;
XI - Resolução no 30, de 7 de dezembro de 1994 - que define vegetação primária e secundária
nos estágios inicial, médio e avançado de regeneração da Mata Atlântica, a fim de orientar os
procedimentos de licenciamento de atividades florestais no estado do Mato Grosso do Sul;
XII - Resolução no 31, de 7 de dezembro de 1994 - que define vegetação primária e secundária
nos estágios inicial, médio e avançado de regeneração da Mata Atlântica, a fim de orientar os
procedimentos de licenciamento de atividades florestais no estado de Pernambuco;
XIII - Resolução no 32, de 7 de dezembro de 1994 - que define vegetação primária e
secundária nos estágios inicial, médio e avançado de regeneração da Mata Atlântica, a fim de

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Licenciamento Ambiental em Atividades Florestais

orientar os procedimentos de licenciamento de atividades florestais no estado do Rio Grande


do Norte;
XIV - Resolução no 33, de 7 de dezembro de 1994 - que define estágios sucessionais das
formações vegetais que ocorrem na região de Mata Atlântica no estado do Rio Grande do Sul,
visando viabilizar critérios, normas e procedimentos para o manejo, utilização racional e
conservação da vegetação natural;
XV - Resolução no 34, de 7 de dezembro de 1994 - que define vegetação primária e
secundária nos estágios inicial, médio e avançado de regeneração da Mata Atlântica, a fim de
orientar os procedimentos de licenciamento de atividades florestais no estado de Sergipe;
XVI - Resolução no 7, de 23 de julho de 1996 - que aprova os parâmetros básicos para análise
da vegetação de restingas no estado de São Paulo; e
XVII - Resolução no 261, de 30 de junho de 1999 - que aprova parâmetro básico para análise
dos estágios sucessivos de vegetação de restinga para o estado de Santa Catarina.
Art 2o Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
MARINA SILVA – Presidente do Conselho
Este texto não substitui o publicado no DOU, de 26 de fevereiro de 2007

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