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EMENTA
ACÓRDÃO
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APC-2004.01.1.056918-7
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RELATÓRIO
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Contra-razões e Recurso Adesivo do autor às fls.
261/280 e fls. 281/298, respectivamente. Nas razões do recurso adesivo, requer a
reforma da sentença para receber o valor da importância securitária contratada, ou
seja, R$ 158.799,18, bem como a condenação da ré ao pagamento de indenização por
danos morais e a integralidade dos honorários sucumbenciais.
Contra-razões da ré ao recurso adesivo do autor (fls.
341/346), reafirmando os termos de suas razões de apelação e pugnando pela
improcedência do recurso adesivo interposto. Requer, ainda, a condenação do autor
por litigância de má-fé, por pleitear benefício por morte acidental sem a ocorrência do
sinistro.
É o relatório.
VOTOS
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“Periciando militar reformado desde 2003, em
decorrência de luxação do ombro direito em serviço,
quando foi pegar uma caixa de madeira contendo
armamento em 24 de março de 2000. Atendido pelo
serviço médico do quartel, com imobilização do ombro e
fisioterapia. Realizou cirurgia em 27 de setembro de
2001, sem sucesso, apresentando luxações com
freqüência, crônica, em uso de tipóia em braço direto.
Afirma que se tirar a tipóia o ombro cai. Nega uso de
medicação. Faz fisioterapia no Hospital da Guarnição
do Exército em Rondônia onde mora. Foi solicitada
nova cirurgia, mas os médicos do Hospital Central do
Exército não querem fazer, com medo de agravar o
quadro” (fls. 183).
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“VII – CONCLUSÃO
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Art.46. O segurado aposentado por invalidez está obrigado, a qualquer tempo, sem prejuízo do
disposto no parágrafo único e independentemente de sua idade e sob pena de suspensão do benefício,
a submeter-se a exame médico a cargo da previdência social, processo de reabilitação profissional por
ela prescrito e custeado e tratamento dispensado gratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de
sangue, que são facultativos.
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insucesso do procedimento anterior. Com efeito, é sabido que, por mais que a medicina
esteja em avançado estado de desenvolvimento, não se pode afirmar, com certeza, se
um paciente, submetido a procedimento cirúrgico, ou mesmo a um tratamento
ambulatorial, responderá da forma esperada.
Acrescente-se o afirmado pelo autor à fls. 183, onde
relata que faz fisioterapia no Hospital da Guarnição do Exército em Rondônia, local
onde mora. Relata, ainda, que já foi solicitada nova cirurgia, contudo, os médicos do
Hospital Central do Exército não querem fazer, por receio de piorar o quadro
apresentado.
Diga-se, ainda, que o perito judicial concluiu que o autor
“apresenta capacidade laborativa para atividades profissionais da vida civil que não
exijam esforço físico com o braço direito” (fls. 185). Por outro lado, de acordo com o
relatado pelo autor, se retirar a tipóia que usa, o ombro “cai”.
Assim, não há como afirmar que o autor poderá realizar
outras tarefas que não exijam esforço com o braço direito.
A ré refuta, ainda, a obrigação de indenizar, alegando
que o fato que levou à invalidez do autor consiste num agravamento da LER (lesão por
esforço repetitivo) que já portava, o que afastaria a cobertura pelo seguro.
Conforme laudo da Junta de Inspeção de Saúde do
Hospital de Guarnição de Porto Velho (fls. 24), que concluiu ser o autor incapaz
definitivamente para o serviço do exército, “há relação de causa e efeito entre o
acidente sofrido e a condição mórbida atual, expressa pelo diagnóstico: M 75.9
(instabilidade multidirecional do ombro direito)”. E mais, a Solução de Sindicância
acostada à fl. 28, concordou com o parecer anteriormente emitido e concluiu: que “o
acidente sofrido pelo Cb ELISANDRO DESMAREST DE SOUZA, da Cia Cmdo / 17ª
Bda Inf S1, no dia 24 Mar 00, quando trabalhava na atividade de destruição de
armamento, caracterizou-se como acidente em serviço...”.
Dessa forma, não há como negar que o fato ocorrido
com o autor no dia 24 de março de 2000 caracteriza-se como acidente, não podendo
ser excluído da cobertura securitária que avençou com a ré.
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Ressalte-se que o juiz não está adstrito ao constante do
laudo pericial, quando houver nos autos outras provas capazes de elidir o afirmado pelo
signatário do laudo.
Apontando nesse sentido, posicionamento deste
egrégio Tribunal:
“DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS
À EXECUÇÃO. PRELIMINAR: DESCONSIDERAÇÃO
DO LAUDO PERICIAL OFICIAL. INOCORRÊNCIA.
MÉRITO: INOCORRÊNCIA DE INVALIDEZ
PERMANENTE E TOTAL. INAPLICABILIDADE DO
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS EXCESSIVOS.
DESACOLHIMENTO.
1. O juiz não se encontra adstrito ao laudo da perícia
médica, ainda que oficial, com a qual não concorda, por
considerá-la incompleta e confrontante com as demais
provas, como exames e laudos médicos.
2. É de ser considerada a invalidez permanente e total,
se o quadro clínico do autor, segundo relato do médico
que o vem acompanhando ao longo desses anos atesta
que o paciente é portador de hipertensão e diabético,
doenças essas, como se sabe, de natureza crônica e se
não tratadas adequadamente são capazes de fragilizar
sobremaneira a saúde.
3. Não é de se cogitar da aplicação do Código de
Defesa do Consumidor, se a sentença ao diploma não
se reportou.
4. Os honorários fixados na sentença devem ser
mantidos, se obedeceram a lei de regência.
5. Recurso improvido”.
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qualquer atividade laborativa que lhe garanta a
subsistência.
2. Sendo tal incapacidade oriunda de moléstia adquirida
na infância, é ainda imperiosa a concessão do benefício
quando sobrevier por motivo de progressão ou
agravamento dessa doença ou lesão. A análise dessa
circunstância não é possível no Recurso Especial –
Súmula 07/STJ.
3. Recurso não conhecido” (REsp 196821 / SP, Relator
Ministro Edson Vidigal, 5ª Turma, julgado em
21/09/1999, DJ 18.10.1999 p. 260).
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Realmente, os fundamentos consignados nas razões
recursais da apelante não merecem acolhimento.
Consoante salientou o e. relator, ficou demonstrado
que a incapacidade física permanente do apelado decorreu de evento ocorrido no
trabalho, caracterizado como acidente em serviço. Nesse passo, havendo cláusula de
indenização em caso de invalidez permanente, não há como a apelante negar o
pagamento, pois o segurado não está obrigado a ficar fazendo cirurgias sem fim,
correndo o risco de piora no seu estado incapacitante devidamente comprovado por
laudos médicos.
Assim, não há como dar provimento ao recurso de
apelação interposto pela CAPEMI.
DA APELAÇÃO ADESIVA
Presentes os pressupostos de admissibilidade,
conheço da apelação interposta adesivamente.
De fato, não há fundamentos para se elevar a
indenização, que tem como base o valor de R$79.399,59 (setenta e nove mil, trezentos
e noventa e nove reais e cinqüenta e nove centavos), para o caso de invalidez por
acidente. No caso dos autos, inclusive, conforme destacou o r. relator, a sentença foi
bastante favorável ao apelado, na medida em que deixou de considerar que, no caso
de perda total de um dos membros superiores, o valor da indenização seria de 70% da
referida importância segurada.
O recorrente não faz jus à reparação de danos morais,
pois não houve qualquer violação aos seus direitos da personalidade. De igual forma,
não há elementos que sustentem a condenação da apelada nas penas da litigância de
má-fé.
Por último, os honorários devem ser mantidos, pois
fixados com base no artigo 20, §4º, do Código de Processo Civil.
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Desse modo, NEGO PROVIMENTO ao recurso de
apelação e ao recurso adesivo, mantendo integralmente a r. sentença recorrida. É
como voto.
DECISÃO
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