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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”


FACULDADE DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA
MECÂNICA
CAMPUS ILHA SOLTEIRA

PEDRO RICARDO BEER PIRES

ANÁLISE DE MATRIZES DE TROCA DE CALOR PARA RADIADORES


VEICULARES

ORIENTADOR: PROF. DR. JOÃO BATISTA CAMPOS SILVA

Ilha Solteira
2016
PEDRO RICARDO BEER PIRES

TRABALHO DE GRADUAÇÃO

ANÁLISE DE MATRIZES DE TROCA DE CALOR PARA RADIADORES


VEICULARES

Trabalho de graduação apresentado à


Faculdade de Engenharia – UNESP -
Campus de Ilha Solteira, para
cumprimento do requisito para
obtenção do grau de Engenheiro
Mecânico.

Prof. Dr. JOÃO BATISTA CAMPOS


SILVA
Orientador

Ilha Solteira
2016
DEDICO

Primeiramente a Deus, a meu pai


José Carlos, minha mãe Vilma e a
minha mulher Daniela, cujo apoio foi
primordial para a realização deste
trabalho.
AGRADECIMENTOS

Os meus sinceros agradecimentos aos colegas, amigos, funcionários e todos


aqueles que colaboraram de forma significativa para a realização deste trabalho e à
Universidade Estadual Paulista “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”, por ter
proporcionado um ambiente estimulante.
Em especial ao meu orientador, Prof. Dr. João Batista Campos Silva, cuja
competência e conhecimento muito contribuíram para este trabalho.
Aos demais professores da Faculdade de Engenharia do Departamento de
Engenharia Mecânica do Campus de Ilha Solteira, cujos ensinamentos e dedicação
permitiram-me a construção de uma base sólida, sem a qual não seria possível a
realização deste trabalho.
Por último, mas não menos importante a todos aqueles que acreditaram em
mim e me deram coragem e força para concretizar mais uma etapa da minha vida.
Sem o apoio de vocês não teria chegado tão longe. Não tenho palavras para
expressar aqui sincera e profunda gratidão a minha família, em especial a meu pai,
minha mãe, minha mulher e principalmente a Deus, que sempre acreditaram em
mim mesmo quando eu tive dúvidas do caminho a seguir. Vocês me deram força e
orientação para tornar real mais um sonho que sem vocês não seria possível. Em
diversos momentos me espelhei no exemplo que me deram, tendo inúmeras
referências de ética, respeito ao próximo, solidariedade, doação e amor e que
fizeram de mim, sem sombra de dúvida, uma pessoa melhor e mais preparada para
a vida. Muito obrigado pelo apoio incondicional e irrestrito, em todos os sentidos da
palavra. Quero que saibam que o amo muito e que me sinto muito honrado em
compartilhar este momento que Deus escolheu para nos reencontrarmos.
“Viver é como andar de bicicleta: É
preciso estar em constante
movimento para manter o equilíbrio.”
Albert Einstein
RESUMO

Radiadores veiculares para resfriamento da água de arrefecimento do motor se


enquadram na categoria de trocadores de calor compactos. O projeto deste tipo de
trocador de calor é envolvente e requer o conhecimento de várias disciplinas de
Engenharia Mecânica. Neste trabalho fez-se um estudo de possíveis matrizes
(arranjo de tubos) para troca de calor considerando o projeto térmico e hidráulico e
os resultados obtidos foram comparados com os dados de um radiador real. A
análise foi desenvolvida para avaliar o desempenho de trocadores de calor
compactos de corrente cruzada de placas aletadas. Inicialmente, foi calculado ou,
em alguns casos, arbitrado os números de Reynolds necessários para se determinar
as características adimensionais da transferência de calor e fator de atrito das
matrizes do radiador, e com as temperaturas especificadas obteve-se as
propriedades dos fluidos e a velocidade mássica do lado do ar. Com esse valor e
usando gráficos, tabelas ou correlações determinou-se o fator de Colburn e assim, o
coeficiente de convecção do lado do ar e a eficiência global da matriz aletada
puderam ser calculados. E por meio de uma correlação para o número de Nusselt
calculou-se o coeficiente de troca de calor do lado da água. A resistência térmica da
parede foi estimada e, finalmente, se calculou o coeficiente global de troca de calor.
Foi assumido um comprimento de passagem do ar e estimou-se a razão entre área
de troca de calor e a frontal. Além disso, a diferença média logarítmica de
temperatura, o fluxo de calor e a diferença de temperatura do ar (por meio do
método da variação de entalpia) foram estimados, comparando-os com os valores
inicialmente propostos. A perda de pressão de cada matriz também é calculada. Os
resultados mostraram que trocadores de calor compactos de tubos achatados,
dispostos alternadamente na matriz, possuem uma transferência de calor mais
elevada, quando comparados com as demais configurações. Além disso, observou-
se também uma menor perda de pressão nesta configuração.

Palavras-chave: Radiador automotivo. Transferência de calor. Trocador de calor


compacto. Coeficiente global de troca de calor. Aletas
ABSTRACT

Vehicle radiators for water cooling that receive heat from the engine can be placed
into the category of compact heat exchangers. The design of this type of heat
exchanger is challenging and requires knowledge of various disciplines of
mechanical engineering. In this work, a study of possible matrices (arrangement of
tubes) for heat exchange considering the thermal and hydraulic project was
accomplished and the results were compared with the data of a real radiator. The
analysis was developed to assess the performance of finned plates cross-current
compact heat exchanger. Initially, it was calculated or, in some cases, stipulated the
Reynolds numbers necessary to determine the dimensionless heat transfer
characteristics and friction factor of the radiator and with the specified temperatures it
was obtained the properties of the fluid and the air-side mass velocity. With this value
and using charts, tables or correlations was determined the factor of Colburn and so
the convection coefficient of the air side and the overall efficiency of the finned matrix
of tubes could be calculated. And through a correlation for the Nusselt number, the
heat exchange coefficient on the water side was calculated. The thermal resistance
of the wall has been estimated and, finally, the global heat exchange coefficient was
calculated. It was assumed a length of passage of air and the ratio of heat exchange
area to the frontal area has been estimated. In addition, the logarithmic mean
temperature difference, heat flow and the difference in air temperature (through the
method of variation of enthalpy) were estimated by comparing them with the values
originally proposed. The pressure loss of each array it was also calculated. The
results showed that compact heat exchangers of flattened tubes, arranged alternately
in the array have a higher heat transfer coefficient when compared with the other
settings. In addition, there was also a smaller loss of pressure in this configuration.

Keywords: Vehicular radiator. Heat transfer. Compact heat exchanger. Global


coeficient of heat transfer. Fins.
Lista de Figuras

Figura 1 - Classificação dos trocadores de calor.


Figura 2 - Trocador de calor de fluxo paralelo e de fluxo cruzado.
Figura 3 - Diferentes configurações de escoamento em trocadores de calor de
escoamento cruzado. (a) Aletado com ambos fluidos não misturados. (b) Não
aletado com um fluido misturado e outro não misturado
Figura 4 - Detalhes dos tubos no interior do radiador
Figura 5 - Detalhes das aletas em um radiador
Figura 6 - Figura esquemática com exemplos de arranjos de tubos e aletas
Figura 7 - Figura esquemática com exemplos de arranjos de tubos e aletas
(continuação)
Figura 8 - Tipos de Matrizes aletadas. (a) retangular; (b) trapezoidal; (c) ondulada;
(d) serrada; (e) “persiana”; (f) perfurada.
Figura 9 - Características da matriz 8.0-3/8T
Figura 10 - Efetividade de um trocador de calor de fluxos cruzados e fluidos não
misturados
Figura 11 - Balanços de energia globais para os fluidos quente e frio de um trocador
de calor com dois fluidos.
Figura 12- Desenho esquemático do método da diferença média logarítmica de
temperaturas.
Figura 13 - Fator de correção para um trocador de calor de escoamento cruzado
com passe único, e os dois fluidos não misturados.
Figura 14 - Componentes básicos do sistema de arrefecimento de um carro
Figura 15 - Radiador veicular
Figura 16 - Desenho esquemático do radiador RV12542 Visconde para Fiat Uno.
Figura 17 - Gráfico da distribuição de energia térmica de um motor ciclo Otto
Figura 18 - Informações técnicas do motor
Lista de Tabelas

Tabela 1- Fatores de deposição representativos


Tabela 2 - Eficiência de perfis de aletas comuns.
Tabela 3 - Eficiência de perfis de aletas comuns (continuação)
Tabela 4 - Dados do radiador comercial utilizado
Tabela 5- Propriedades termofísicas da água em uma temperatura média de 90°C
Tabela 6 - Propriedades termofísicas do ar em uma temperatura média de 40°C
Tabela 7 - Dados do material do radiador (alumínio)
Tabela 8 - Valores iniciais utilizados no desenvolvimento do trabalho
Tabela 9 - Temperaturas finais calculadas
Lista de símbolos

A Área livre de passagem do ar [m²]


A Largura do radiador [m²]
A1 Área da Matriz frontal da primeira fila de tubos [m²]
A2 Área da Matriz frontal de todas as aletas [m²]
Af Área frontal [m²]
Ai Área de troca de calor do lado da água [m²]
Ar Área da Matriz interna dos reservatórios [m²]
At Área total de troca de calor [m²]
Ata Área total da Matriz radiante das aletas [m²]
Atd Área de troca térmica da interface [m²]
Att Área total da matriz lateral dos tubos [m²]
Atvr Área transversal dos tubos [m²]
B Altura do radiador [m]
ca Comprimento da aleta [m]
Cf Calores específicos dos fluidos frios
Cmín Menor valor entre Cq e Cf
Cp Calor específico do fluido de trabalho
Cq Capacidade térmica do fluido quente
d Profundidade do radiador [m]
Dh Diâmetro hidráulico [m]
ea Espessura da aleta [m]
et Espessura do tubo [m]
f Fator de atrito
G Velocidade mássica de escoamento [kg/m²s]
h Coeficiente de transmissão de calor [W/m²K]
hm Coeficientes convectivos médios [W/m².K]
hmf Coeficiente convectivo médio do fluido frio [W/m².K]
hmq Coeficiente convectivo médio do fluido quente [W/m².K]
i Entalpia [kJ/kg]
ηo Eficiência global do conjunto de aletas
k Condutividade térmica [W/mK]
km Condutividade térmica do material [W/mK]
Lt Largura dos tubos [m]
ṁ Vazão do fluido de trabalho [kg/s]
na Número total de aletas
nfil Número de fileiras
nt Número total de tubos
ntf Número total de tubos por fila
Nu Número de Nusselt
P Passo da aleta [m]
Per Perímetro molhado [m]
Plt Passo longitudinal dos tubos [m]
Pr Número de Prandtl
Ptt Passo transversal do tubo [m]
Q̇ Calor dissipado no radiador [W]
Q̇i Calor total do motor [W]
Rf Fator de incrustação [W/mK]
Rd Fator de deposição
Re Número de Reynolds
Rw Resistência térmica na condução [W/m²K]
Sar Matriz de troca de calor do lado do ar [m²]
Sr Área da matriz do reservatório de água [m²]
St Área da matriz lateral dos tubos [m²]
sta Área total da matriz radiante das aletas [m²]
stt Área total da matriz lateral dos tubos [m²]
T Temperatura dos fluidos [°C]
t Espessura das paredes que separam os fluidos [m]
Tf,e temperatura de entrada do fluido frio [°C]
Tf,s temperatura de saída do fluido frio [°C]
Tq,e temperaturas de entrada do fluido quente [°C]
Tq,s temperaturas de saída do fluido quente [°C]
U Coeficiente global de transferência de calor [W/m²K]
V Velocidade [m/s]
xt Espessura da parede do tubo [m]
ΔT Diferença de temperatura [°C]
ΔTml média logarítmica das diferenças de temperatura
ν Velocidade do fluido [m/s]

Símbolos gregos

αa razão entre a área da matriz aletada e a área total de troca de calor


α razão entre a área total das aletas e a área total de troca
β razão entre a área total de troca de calor e o volume total de transferência
ε Efetividade
ηo Eficiência global
ηf Eficiência da aleta
µ Viscosidade [m²/s]
ρ Densidade do fluido de trabalho [kg/m³]
σ razão entre a área livre e a área frontal
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 14

1.1 Objetivos ............................................................................................................................... 16

2 FUNDAMENTOS DE PROJETOS DE TROCADORES DE CALOR ........................................................ 16

2.1 Trocadores de Calor .............................................................................................................. 16

2.2 Coeficiente Global de Transferência de Calor ....................................................................... 27

2.3 Fator de incrustação.............................................................................................................. 28

2.4 Método da efetividade .......................................................................................................... 31

2.5 Coeficiente global pelo balanço de energia .......................................................................... 35

2.6 Método da média logarítmica das diferenças de temperatura ............................................ 37

2.7 Número de Reynolds ............................................................................................................. 41

2.8 Área livre de passagem do ar pelo radiador ......................................................................... 42

2.9 Matriz de troca de calor do lado do ar .................................................................................. 42

2.10 Matriz de troca de calor do lado da água ............................................................................. 43

2.11 Cálculo da diferença de temperatura do ar para a condição de maior carga térmica. ........ 44

2.12 Coeficiente de transferência de calor do lado do ar ............................................................. 44

2.13 Coeficiente de transferência de calor do lado da água......................................................... 45

2.14 Coeficiente de transferência de calor entre a parede externa dos tubos e o ar. ................. 48

2.15 Componentes do sistema de arrefecimento......................................................................... 50

2.16 Radiador ................................................................................................................................ 51

2.17 Carga térmica ........................................................................................................................ 53

2.18 Metodologia de cálculo ......................................................................................................... 55

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................................... 59

3.1 Cálculo da quantidade de calor dissipada por um motor veicular........................................ 61

3.2 Matriz 8.0 – 3/8T (Tubos cilíndricos alinhados) .................................................................... 63

3.3 Matriz 9.68 – 0.87 (Tubos achatados alinhados) .................................................................. 65

3.4 Matriz 9.1 – 0.737 S (Tubos achatados alternados) .............................................................. 67


4 CONCLUSÕES E SUGESTÕES .......................................................................................................... 72

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................. 73

APÊNDICE .............................................................................................................................................. 75
14

1 INTRODUÇÃO

Encontrado em várias aplicações, um trocador de calor é um dispositivo que,


conforme seu próprio nome diz, permite a troca de calor entre dois fluidos (quente e
frio). Esta troca pode ser feita por meio de elementos que separam os fluidos ou
diretamente em um processo de mistura. Radiadores, condensadores,
economizadores e evaporadores são exemplos de trocadores de calor.
Existem trocadores de calor dos mais diversos tipos: aqueles onde há uma
parede entre os fluidos, de modo que eles nunca se misturam, e aqueles onde existe
mistura efetiva; aqueles onde as correntes de fluido correm paralelas e na mesma
direção, paralelas e em direções contrárias, e em direções perpendiculares; aqueles
onde um ou ambos os fluidos dividem-se em seções da estrutura do trocador e não
se misturam mais, e aqueles em que isso não ocorre e todas as partículas dos
fluidos estão sempre em contato; e, por fim, aqueles onde cada fluido possui apenas
um passe no trocador, e aqueles onde pelos menos um dos fluidos tem mais de um
passe dentre outras possíveis variações na construção do trocador.
Estudos detalhados sobre diversas geometrias de trocadores de calor
compactos foram desenvolvidos por Kays e London (1984), especificando em seu
trabalho os principais fatores que influenciam no projeto. Também são ressaltadas
as vantagens que poderiam se obter na redução considerável da relação entre
volume ocupado e área de troca de calor. Pode-se considerar que é um dos
trabalhos mais completos já realizados sobre trocadores de calor compactos.
Em seus estudos incluem-se trocadores de calor compactos com feixes de
tubos na matriz, com feixes de tubos aletados, com tubos retangulares e aletas
planas contínuas, aletas triangulares, além de superfícies aletadas para trocadores
de calor ar-ar. Além da influência no aumento na área de transferência de calor, eles
também estudaram a perda de pressão, comum nesses trocadores de calor,
desenvolvendo diversas curvas comparando o desempenho térmico com a perda de
pressão para as diversas geometrias de matrizes de trocadores de calor compactos.
O estudo de trocadores de calor tem como finalidade selecionar um tipo
adequado e determinar sua área superficial de transferência de calor, necessária
para obter uma taxa estipulada de troca térmica entre os fluidos ou atingir as
temperaturas de saída desejada.
15

Outra situação é quando o tipo de trocador de calor e o tamanho são


conhecidos e o objetivo é, então, determinar a taxa de transferência de calor e as
temperaturas de saída dos fluidos para uma determinada condição de escoamento.
Nas duas situações, um parâmetro imprescindível na análise térmica de qualquer
trocador de calor é o coeficiente global de transferência de calor. Ele é determinado
em função da resistência térmica total à transferência de calor entre os dois fluidos,
quente e frio, escoando no trocador. Ele engloba as resistências convectivas
associadas ao escoamento de cada fluido e a resistência condutiva na placa de
separação entre os fluidos.
As três principais características que afetam o desempenho de um trocador
de calor são as seguintes:
 Material de que é feita a estrutura do trocador, em especial a característica da
condutividade térmica deste material;
 Geometria do trocador, que afeta como estão em contato os fluidos
envolvidos e em que temperatura ocorre esse contato;
 Características do escoamento dos fluidos: vazão, temperatura e
propriedades como viscosidade e condutividade térmica dos fluidos
envolvidos na troca de calor.
Para se determinar o coeficiente médio de convecção podem ser utilizados
métodos analíticos.
No caso de trocadores de calor compactos, este coeficiente é determinado
por meio de informações empíricas ou medidas experimentais (KAYS e LONDON,
1984).
Diversos métodos têm sido aplicados no projeto e análise dos trocadores de
calor. Vários argumentos foram listados por Kays e London (1984) a favor do
método da efetividade ( - NUT) em relação ao da média logarítmica da diferença de
temperaturas (ΔTml). Um dos argumentos mais significativos é de que o método  -
NUT apresenta solução mais direta para o cálculo do trocador de calor enquanto o
ΔTml requer iterações sucessivas. Como regra geral pode-se adotar que o método  -
NUT mostra-se útil para o projeto de trocadores de calor (KAYS e LONDON, 1984).
Uma análise abrangente de métodos utilizados para a relação entre a
efetividade “” e o número de unidades de transferência NUT para trocadores de
16

calor possuindo arranjos de escoamento simples ou complexos foram realizados por


SEKULIC e SHAH (2003).

1.1 Objetivos

Fazer um estudo de projeto térmico e hidráulico de radiadores veiculares


dando ênfase à análise de arranjo de tubos (matriz de troca de calor) e comparar os
resultados obtidos entre si, a fim de se determinar o trocador de calor com maior
coeficiente global de troca de calor e, ainda, o que apresenta a menor perda de
pressão.

2 FUNDAMENTOS DE PROJETOS DE TROCADORES DE CALOR

Este capítulo tem como objetivo apresentar as bases teóricas de transferência


de calor empregadas no desenvolvimento deste trabalho. Também são
apresentados os procedimentos mais usuais para avaliação do desempenho dos
trocadores de calor compactos. Por meio dessas ferramentas obteve-se o apoio
necessário para tratamento e discussão dos resultados.

2.1 Trocadores de Calor

Trocadores de calor são dispositivos utilizados para transferir energia térmica


entre dois ou mais fluidos a diferentes temperaturas que podem estar separados por
uma interface sólida. Eles são classificados de diversas maneiras: quanto ao
mecanismo de transferência de calor, quanto ao número de fluidos utilizados no
processo de troca térmica, tipo de construção, arranjo do escoamento, etc. Pode-se
definir trocador de calor como um equipamento usado para executar a troca de calor
entre dois fluidos ou mais sujeito a diferentes temperaturas.
A circulação dos fluidos é usada para aumentar a troca por convecção, uma
vez que este tipo de troca de calor, em geral, ocorre mais rapidamente do que as
trocas por condução e radiação, sobretudo quando as temperaturas envolvidas são
baixas.
17

Os trocadores de calor são usados em várias aplicações que incluem


produção de energia, processos metalúrgicos, química, indústrias alimentícias,
indústrias de transformação, condicionamento de ar, refrigeração e aplicações
espaciais, (KAKAÇ e LIU, 2002).
Segundo Çengel e Ghajar (2015) o calor é uma forma de transferência de
energia de um sistema para outro como resultado de uma diferença de temperatura.
Esse fenômeno pode acontecer de três modos diferentes: a condução, a convecção
e a radiação.
Como regra geral, o trocador de calor envolve convecção em cada fluido e
condução por meio das paredes que separam os fluidos, podendo ser classificados
de diversas maneiras, como mostra a Figura 1 - Classificação dos trocadores de
calor.

Figura 1 - Classificação dos trocadores de calor.

Classificação dos
trocadores de
calor

Conforme
processo de Conforme tipo
transferência de de construção
calor

Contato direto Contato indireto Tubular Placa

Transferência Tipo
Carcaça e tubo Duplo tubo Serpentina
direta Armazenamento

Fonte: Elaboração do próprio autor.

Com relação ao mecanismo de transferência de calor, os trocadores podem


ser de contato direto e indireto, sendo que no primeiro os dois fluidos se misturam, e
no segundo, os fluidos escoam em compartimentos separados, sendo que o calor é
transferido através de uma parede.
18

Aplicações comuns de um trocador de contato direto envolvem transferência


de massa além da de calor. Como exemplo, pode-se citar uma torre de resfriamento.
Nos trocadores de calor de contato indireto, do tipo transferência direta, há
um fluxo contínuo de calor do fluido quente ao frio por meio de uma parede que os
separa. Não há mistura entre eles, pois cada corrente permanece em passagens
separadas. Este trocador é designado como um trocador de calor de recuperação,
ou simplesmente como um recuperador.
Em trocadores de calor de contato indireto do tipo armazenamento, ambos os
fluidos percorrem alternativamente as mesmas passagens de troca de calor.
A superfície de transferência de calor geralmente é de uma estrutura
chamada matriz. Para aquecimento, o fluido quente atravessa a superfície de
transferência de calor e a energia térmica é armazenada na matriz. Posteriormente,
quando o fluido frio passa pelas mesmas passagens, a superfície “libera” a energia
térmica (em refrigeração o caso é inverso). Este trocador também é chamado
regenerador.
Os trocadores tubulares de carcaça e tubo são construídos com tubos e uma
carcaça. Um dos fluidos passa por dentro dos tubos, e o outro pelo espaço entre a
carcaça e os tubos. São os mais usados para quaisquer capacidades e condições
operacionais, tais como pressões e temperaturas altas, atmosferas altamente
corrosivas, fluidos muito viscosos, etc.
O trocador de duplo tubo consiste de dois tubos concêntricos. Um dos fluidos
escoa pelo tubo interno e o outro pela parte anular entre tubos, em uma direção de
contra fluxo. Este é talvez o mais simples de todos os tipos de trocador de calor pela
fácil manutenção envolvida. É geralmente usado em aplicações de pequenas
capacidades.
Trocador de calor em serpentina consiste em uma ou mais serpentinas (de
tubos circulares) ordenadas em uma carcaça. Uma grande superfície pode ser
acomodada em um determinado espaço utilizando as serpentinas. As expansões
térmicas não são nenhum problema, mas a limpeza é muito problemática.
Trocador de calor tipo placa, normalmente, é estruturado com placas planas
lisas ou com alguma forma de ondulação. Em geral, este trocador não pode tolerar
pressões muito altas, comparado ao trocador tubular equivalente. São trocadores de
calor tipo compactos.
19

De acordo com o tipo de construção, trocadores de calor de placa aletada são


construídos de forma que aletas sejam separadas por chapas planas. Obtêm-se,
assim, arranjos de correntes cruzadas, contracorrente ou correntes paralelas.
Trocadores de calor de tubo aletado são geralmente construídos com tubos
cilíndricos ou chatos onde são instaladas aletas.
Os trocadores tubulares, comumente construídos com tubos circulares, são
empregados nas aplicações que envolvem transferência de calor líquido/líquido, em
uma ou duas fases. Eles também podem ser utilizados na transferência de calor
gás/gás quando as pressões ou as temperaturas operacionais são muito altas, onde
é mais viável este tipo de trocador. Eles podem ser classificados em trocadores de
casco e tubo, duplo tubo e de espiral.
Trocadores de calor regenerativos são associados a sistemas térmicos como
o de refrigeração ou então a turbinas a gás. Um trocador de calor regenerativo pode
usar qualquer abastecimento de energia térmica disponível. Tal suprimento pode ser
oriundo de gases de escape de automóveis, emissões industriais e ainda energia
solar, etc. Quando associada à turbina a gás, estes trocadores empregam os gases
de exaustão da turbina para pré-aquecer o ar após o compressor.
Com relação ao arranjo do escoamento, os trocadores podem ser de
correntes paralelas, em contracorrente ou de correntes cruzadas. No caso de
correntes paralelas, configuração da Figura 2a, os fluidos entram no mesmo lado do
trocador de calor e escoam paralelamente até o ponto de saída. Quando o trocador
opera em contracorrente (Figura 2b), o sentido do escoamento é invertido e os
fluidos escoam em sentidos opostos, saindo em lados diferentes do trocador.
Se o trocador de calor tem configuração de correntes cruzadas, um fluido
escoa perpendicularmente em relação ao outro, conforme mostrado na Figura 3.
20

Segundo Kays e Crawford, 1993, p. 426:


As temperaturas dos fluidos dentro do trocador de calor são ambas funções de duas
coordenadas espaciais. Uma suposição básica neste caso é que não há mistura
lateral dos fluidos, de forma que cada “tubo de fluxo” permanece independente de
seus vizinhos. Há assim um gradiente de temperatura lateral em cada fluido no plano
onde emerge. Quando falamos de eficácia neste trocador de calor estamos
implicando que cada fluido mistura completamente consigo mesmo após sua saída e
a eficácia é definida baseada nas temperaturas médias misturadas

Os trocadores de calor de correntes cruzadas têm ampla aplicação na


engenharia, sendo muito utilizados como evaporadores, no resfriamento a ar de
condensadores em equipamentos de ar-condicionado e da água dos motores de
automóveis.
O principal requisito para qualquer trocador de calor é que ele seja capaz de
transferir a quantidade de calor necessária com uma elevada eficácia.
O estudo de trocadores de calor tem como objetivo selecionar um tipo
adequado e determinar sua área superficial de transferência de calor, necessária
para obter uma taxa estipulada de troca térmica entre os fluidos ou atingir as
temperaturas de saída desejada.

Figura 2 - Trocador de calor de fluxo paralelo e de fluxo cruzado.

a)Fluxo paralelo b)Contracorrente

Fonte: Adaptado de Incropera et al. (2008, pg. 425).


21

Figura 3 - Diferentes configurações de escoamento em trocadores de calor de


escoamento cruzado. (a) Aletado com ambos fluidos não misturados. (b) Não
aletado com um fluido misturado e outro não misturado

Fonte: Adaptado de ÇENGEL e GHAJAR (2015, p.651).

Para que a transferência de calor seja aumentada, partindo-se do princípio de


que o coeficiente de transferência de calor não pode ser alterado, a área ou a
diferença de temperatura têm que ser aumentadas.
Normalmente, a melhor solução é que a área da superfície de transferência
de calor seja estendida. O acréscimo na diferença de temperatura não pode ser
muito expressivo, pois para isso um fluido mais quente deve ser provido para o
trocador de calor ou o calor deve ser cedido para um fluido mais frio, onde nenhum
dos dois está na maioria das vezes disponível. Seja para fornecer o fluido quente a
uma temperatura maior ou o fluido frio a uma temperatura menor deve ser feito um
trabalho adicional. Além disso, o aumento na diferença de temperatura mais do que
o necessário irá causar tensões térmicas indesejáveis sobre as superfícies metálicas
entre dois fluidos e entre a interface metal/plásticos do radiador. Isto, normalmente,
resulta na deformação e na diminuição do tempo de vida desses materiais.
Assim, aumentar a superfície de troca de calor e não a diferença de
temperatura geralmente é a melhor abordagem de engenharia.
Um grupo particular e importante de trocador de calor é utilizado para atingir
matrizes de calor muito grandes (maior que 400 m 2/m3 para líquidos e 700 m2/m3
para gases) por unidade de volume. (INCROPERA et al, 2008, p.426). Eles são
usados quando pelo menos um dos fluidos é um gás. Um bom exemplo é o radiador
do sistema de arrefecimento dos motores de veículos.
22

Trocador de calor com aletas é um tipo de trocador de calor compacto onde a


área da matriz de transferência de calor é otimizada, acomodando uma interface
metálica entre os dois fluidos. Dentre os vários trocadores de calor compactos, os de
aletas são únicos devido à sua construção e desempenho. Eles são indicados por
uma elevada efetividade, compacidade, baixo peso e custo moderado.
São constituídos por um feixe de tubos interligados por aletas externas. Seu
funcionamento se resume pela passagem de fluido líquido, gasoso ou em mudança
de fase por meio dos tubos, enquanto o lado das aletas recebe a passagem do gás,
na maioria das vezes ar e em geral de maneira forçada por um ventilador. As
Figuras 4 e 5 ilustram este tipo de trocador de calor.

Figura 4 - Detalhes dos tubos no interior do radiador

Fonte: http://www.speedwaymotors.com/Tech/Radiator-Basics.html
23

Figura 5 - Detalhes das aletas em um radiador

Fonte: http://honda-tech.com/forums/forced-induction-16/***high-performance-cooling-
system***-3062009/

O escoamento do fluido no tubo ao longo do trocador de calor pode variar


com o número de passes, o número de circuitos e o arranjo dos tubos em relação às
linhas e fileiras.
Podem ser construídos com tubos aletados ou chapas formando um conjunto
compacto. Existem muitas configurações diferentes de tubos e de placas, cujas
diferenças se devem principalmente ao modelo e à disposição das aletas, como
mostrado nas Figuras 6 e 7.

Figura 6 - Figura esquemática com exemplos de arranjos de tubos e aletas

Fonte: Adaptado de Incropera et al. (2008)


24

Figura 7 - Figura esquemática com exemplos de arranjos de tubos e aletas


(continuação)

Fonte: Adaptado de Incropera et al. (2008)

Vantagens e desvantagens dos trocadores de calor compactos aletados

Trocadores de calor aletados oferecem várias vantagens sobre os outros


tipos, como por exemplo:
1. Compacidade: grande superfície de transferência de calor por unidade de volume
(tipicamente 1000 m2 / m3). Isto, por sua vez, acarreta em um alto coeficiente global
de transferência devido à permuta de calor associada com as passagens estreitas e
superfícies onduladas.
2. Eficácia: eficácia térmica muito alta, podendo ser maior que 95%.
3. Controle de temperatura: o trocador de calor pode operar com pequenas
diferenças de temperatura. Isto é uma vantagem quando as temperaturas elevadas
devem ser evitadas. Superaquecimento local e probabilidade de zonas de perda de
fluidez, também podem ser restringidos pela forma do fluxo de passagem.
4. Flexibilidade: as alterações podem ser feitas na eficiência do permutador de calor
por meio da utilização de uma ampla variedade de fluidos e condições que podem
ser modificadas para se adaptarem às diferentes especificações do projeto.

As principais desvantagens são:


1. Variedade limitada de temperatura e pressão.
2. Dificuldade na limpeza das passagens.
3. Dificuldade de manutenção em caso de falha ou vazamento entre as passagens.
25

Um trocador de calor de placa aletado tem seu desempenho determinado,


entre outras coisas, pela geometria das aletas. As configurações mais comuns de
aletas são: (1) plana (reta e ininterrupta) com aletas retangular, trapezoidal ou
triangular; (2) ondulada sem interrupção e (3) interrompidas tais como a “serrada”,
“louvered” e perfurada. Veja figura 8 a seguir.

Figura 8 - Tipos de Matrizes aletadas. (a) retangular; (b) trapezoidal; (c) ondulada;
(d) serrada; (e) “persiana”; (f) perfurada.

Fonte: Adaptado de Shah e Sekulic (2003, p.39).

Alguns modelos de geometrias presentes na composição de trocadores de


calor compactos foram resumidos em KAYS e LONDON (1984).
Cada superfície aletada é designada por um número, que indica quantas
aletas ela possui por polegada, que pode ser seguida ou não por uma letra,
indicando o modelo do canal. Assim, a matriz 11.11a tem 11,11 aletas por polegada,
formando canais retangulares entre si, enquanto que a matriz 15.08T possui 15,08
aletas por polegada e a letra “T” indica que o canal formado pelas aletas é triangular.
Para cada matriz aletada, são fornecidos a quantidade de aletas por polegada, o
espaço entre as aletas, o diâmetro hidráulico do canal, a espessura da parede, a
razão entre a área total de troca de calor e o volume total de transferência de calor
(β) e a razão entre a área total das aletas e a área total de troca de calor, (α). Na
Figura 9 está ilustrado um tipo de configuração de matriz de troca de calor.
26

Figura 9 - Características da matriz 8.0-3/8T

Fonte: Adaptado de Kays e London (1984)

Os dados contidos em Kays e London (1984), para o cálculo térmico de um


trocador de calor compacto podem ser usados para a determinação do coeficiente
convectivo médio (hm) das matrizes e do atrito médio.
No cálculo do coeficiente global de transferência de calor (U) utilizam-se os
valores de (hm) e com o método ε-NUT, por exemplo, analisa-se o desempenho e as
características térmicas do trocador de calor.
Na análise térmica de qualquer trocador de calor, um parâmetro indispensável
é o coeficiente global de transferência de calor (U). Este é determinado em função
da resistência térmica total à transferência de calor entre os dois fluidos, quente e
frio, presentes no trocador. Ele engloba as resistências convectivas associadas ao
escoamento de cada fluido, a resistência das aletas e a reação exercida pelos
fluidos na placa que os separa.
Para se determinar o coeficiente global (U) é necessário saber, entre outros
parâmetros, os coeficientes convectivos médios (hm) relacionados ao escoamento
dos fluidos quente e frio e a geometria do trocador. Contudo, a complexidade de
27

algumas geometrias torna inviável a avaliação do coeficiente global de troca de calor


(U) por meio de métodos analíticos, especialmente a obtenção dos coeficientes
convectivos.
Estas dificuldades são geralmente contornadas efetuando-se medidas
experimentais nos canais utilizados nos trocadores de calor (KAYS e LONDON,
1984).

2.2 Coeficiente Global de Transferência de Calor

O coeficiente global de transferência de calor é o parâmetro mais importante


na análise de um trocador de calor. Com ele pode-se qualificar o equipamento em
estudo frente aos demais disponíveis no mercado. O coeficiente global do trocador é
uma variável que depende do tempo de vida do equipamento e de sua atual
condição operacional.
Um trocador de calor, em geral, apresenta dois fluidos separados por uma
parede. O calor é transferido por convecção para a parede, atravessa-a por
condução e é transferido para o segundo fluido novamente por convecção. As trocas
por radiação são, em geral, incluídas no coeficiente de transferência de calor por
convecção. (ÇENGEL e GHAJAR, 2015). É conveniente expressar todas as
resistências térmicas como apenas a resistência equivalente e utilizar um coeficiente
global de transferência de calor (U) conforme a equação (3).

𝑸̇ = 𝑼. 𝑨. 𝜟𝑻 (1)

É importante ressaltar que deve ser especificado em relação a qual área o


coeficiente global de transferência de calor foi calculado. Em geral trocadores de
calor apresentam áreas interna e externa bastante diferentes, sobretudo em
trocadores aletados, levando ao cálculo de coeficientes globais distintos.
28

2.3 Fator de incrustação

Conforme Incropera et al. (2008), ao longo da operação normal de trocadores


de calor, ocorre sempre de as superfícies estarem sujeitas à deposição de
impurezas dos fluidos, à formação de ferrugem ou à outras reações entre o fluido e o
material que compõe a parede. Pode-se inferir que a formação de um filme ou de
incrustações sobre a matriz pode majorar em muito a resistência à transferência de
calor entre os fluidos.
Em decorrência deste fato, é necessária a introdução de uma resistência
térmica adicional, conhecida por fator de deposição (Rd). O seu valor depende da
temperatura de operação, da velocidade do fluido e do tempo de vida do trocador.
Na Tabela 1- Fatores de deposição representativos encontram-se valores
típicos de deposição.

Tabela 1- Fatores de deposição representativos

Fluido R d (m 2. K/W)

Água do mar e água de alimentação


0,0001
tratada para caldeira (abaixo de 50 °C)
Água do mar e água de alimentação
0,0002
tratada para caldeira (acima de 50 °C)
Água de rio (abaixo de 50 °C) 0,0002 - 0,001
Óleo combustível 0,0009
Líquidos de refrigeração 0,0002
Vapor d´água (sem arraste de óleo) 0,0001
Fonte: Adaptado de Incropera et al. (2011 p.709).

Comumente são adicionadas aletas às superfícies expostas a um ou a ambos


os fluidos que, ao aumentarem a área superficial, consequentemente aumentam a
transferência de calor por convecção. Nesse sentido, com a inclusão dos efeitos
relativos à deposição e às aletas (superfícies estendidas), o coeficiente global de
transferência de calor pode ser representado por (INCROPERA et al, 2011):

𝟏 𝟏 𝟏
= = , (2)
𝑼𝑨 𝑼𝒇 𝑨𝒇 𝑼𝒒 𝑨𝒒
29

𝟏 𝟏 𝑹𝒅,𝒇 𝑹𝒅,𝒒 𝟏
= + + 𝑹𝒘 + + , (3)
𝑼𝑨 (𝒐 𝒉𝑨)𝒇 (𝒐 𝑨)𝒇 (𝒐 𝑨)𝒒 (𝒐 𝒉𝑨)𝒒

em que f e q indicam respectivamente os fluidos frio e quente. Note que o produto


UA não exige a especificação do lado quente ou frio (UfAf = UqAq). Entretanto, o
cálculo de um coeficiente global depende se está baseado na área superficial no
lado do fluido quente ou frio, uma vez que Uf  Uq, se Af  Aq.

A grandeza o na equação (3) é conhecida como eficiência global da matriz


ou efetividade da temperatura de uma matriz aletada. Ela é definida de tal modo que
para a superfície do lado quente ou do lado frio sem deposição, a taxa de
transferência de calor é:

𝑸̇ = 𝒐 . 𝒉. 𝑨(𝑻𝒃 − 𝑻∞ ) (4)

Em que Tb é a temperatura da matriz na qual as aletas estão instaladas (base) e A é


a área superficial total (aletas mais a base exposta).
A eficiência global do conjunto de aletas em cada configuração de
escoamento é determinada por:

𝒐 = 𝟏– 𝑨𝒂/𝑨(𝟏– 𝒇 ) (5)

Na qual Aa é a área superficIal de todas as aletas e f é a eficiencia de uma


única aleta. Para as construções de aletas mais usuais a eficiência pode ser
encontrada nas Tabela 2 - Eficiência de perfis de aletas comuns.
30

Tabela 2 - Eficiência de perfis de aletas comuns.


31

Tabela 3 - Eficiência de perfis de aletas comuns (continuação)

am = (2h/kt)1/2
bm = (4h/kD)1/2

Fonte: Adaptado de Incropera et al. (2011, p.168).

O coeficiente global de transferência de calor pode ser determinado a partir


do conhecimento dos coeficientes de calor nos fluidos quente e frio, dos fatores de
deposição e de parâmetros geométricos apropriados. (INCROPERA et al, 2011).
Para configurações padronizadas de aletas, os coeficientes podem ser
obtidos a partir de resultados compilados por KAYS e LONDON (1984).

2.4 Método da efetividade

Na análise térmica de um trocador de calor, quando são conhecidas somente


as temperaturas de entrada dos fluidos quente e frio, é possível utilizar o método da
efetividade (INCROPERA et al, 2011). A efetividade (ε) de um trocador de calor é a
razão entre a troca de calor real (q) e a máxima possível (qmáx).

𝒒 𝑪𝒒 (𝑻𝒒,𝒆 −𝑻𝒒,𝒔 ) 𝑪𝒇 (𝑻𝒇,𝒔 −𝑻𝒇,𝒆)


𝜺= = = ; (6)
𝒒𝒎𝒂𝒙 𝑪𝒎í𝒏 (𝑻𝒒,𝒆−𝑻𝒇,𝒆) 𝑪𝒎í𝒏 (𝑻𝒒,𝒆−𝑻𝒇,𝒆)
32

Cq é a capacidade térmica do fluido quente; Cq = mqcpq [W/K], Cf é a capacidade


térmica do fluido frio; Cf = mfcpf [W/K], Cmín é o menor valor entre Cq e Cf [W/K] e
T é a temperatura dos fluidos [°C].

Os índices “e” e “s” referem-se respectivamente à entrada e saída dos fluidos e os


índices “f” e “q” ao fluido frio e quente, respectivamente.

A efetividade é função de dois parâmetros:

ε = f (NUT, R)

O parâmetro (R) indica a razão entre as capacidades térmicas dos fluidos


(Cmín/Cmáx). O parâmetro (NUT) indica uma grandeza adimensional denominada
número de unidades de transferência, definida como:

𝑼𝑨𝒕𝒅
𝑵𝑼𝑻 = (7)
𝑪𝒎í𝒏

O coeficiente global de transferência de calor é indicado por (U) e (Atd)


representa a área de troca térmica da interface entre os fluidos quente e frio.
Desconsiderando os efeitos de incrustação nas superfícies dos canais, o coeficiente
global de transferência de calor pode ser determinado pela equação 8:

𝟏 𝟏 𝒕 𝟏
= + + ; (8)
𝑼𝑨𝒕𝒅 𝒐𝒇 𝑨𝒕𝒅 𝒉𝒎𝒇 𝒌𝒎 𝒐𝒒 𝑨𝒕𝒅 𝒉𝒎𝒒

na qual:
U é o coeficiente global de transferência de calor [W / m2K],
Atd é a área de troca térmica da interface [m2],
hmf o coeficiente convectivo médio do fluido frio [W / m2K],
hmq o coeficiente convectivo médio do fluido quente [W / m 2K],
t a espessura das paredes que separa os fluidos [m],
km a condutividade térmica do material [W / mK],
o eficiência global do conjunto de aletas.
33

Numa primeira aproximação, como do lado da água a resistência térmica será


bem menor do lado do ar e para radiador com materiais de alta condutividade
térmica, pode-se desconsiderar aquelas resistências térmicas no cálculo do U
global:

𝟏 𝑨𝒕 −𝟏
𝑼𝒐 = ( + 𝑹𝒘 + ) (9)
𝜼𝒐 𝒉𝒐 𝒉𝑨
𝒊 𝒊

A eficiência global do conjunto de aletas em cada configuração de escoamento é


determinada por:

𝒐 = 𝟏 − 𝒂 (𝟏 − 𝒇 ) (10)

Onde a é a razão entre a área da matriz aletada e a área total de troca de


calor e a eficiência de cada aleta esta indicada por (f).

a = Af / A, substituindo em (10), tem-se:

𝒐 = 𝟏 − 𝑨𝒇/𝑨(𝟏 − 𝒇 ) (11)

𝒕𝒂𝒏𝒉(𝒎𝑳)
𝒇 = 𝒎𝑳
(12)

𝟐𝒉
𝒎 = √ (13)
𝒌𝒕

Na Tabela 2 - Eficiência de perfis de aletas comuns. são apresentadas


soluções para o cálculo de (f) para diversos tipos de aletas.
Para um trocador de calor de correntes cruzadas, com ambos os fluidos não
misturados, a efetividade térmica pode ser expressa (KAYS e CRAWFORD, 1993);
(HESSELGREAVES, 2001) por:
34

𝒆𝒙𝒑(−𝑵𝑻𝑼𝟎,𝟕𝟖 𝑪𝒎í𝒏 /𝑪𝒎á𝒙 )−𝟏


𝜺 = 𝟏 − 𝒆𝒙𝒑 [ ] (14)
𝑵𝑻𝑼−𝟎,𝟐𝟐 𝑪𝒎í𝒏 /𝑪𝒎á𝒙

Com ela é possível relacionar a efetividade e o número de unidades de


transferência, conforme pode ser visto na figura 10:

Figura 10 - Efetividade de um trocador de calor de fluxos cruzados e fluidos não


misturados

Fonte: Adaptado de Kays e Crawford (1993, p.433).

Com a efetividade conhecida é possível avaliar as temperaturas de saída dos


dois fluidos no trocador e a taxa de troca entre eles, como a seguir:
𝜺 𝑪𝐦𝐢𝐧 (𝑻𝒒,𝒆 −𝑻𝒇,𝒆 )
𝑻𝒒,𝒔 = 𝑻𝒒,𝒆 − ; (15)
𝑪𝒒

𝜺 𝑪𝐦𝐢𝐧 (𝑻𝒒,𝒆 −𝑻𝒇,𝒆 )


𝑻𝒇,𝒔 = 𝑻𝒇,𝒆 − ; (16)
𝑪𝒇

q =  qmáx = 𝜺𝑪𝐦𝐢𝐧 (𝑻𝒒,𝒆 − 𝑻𝒇,𝒆 ) ; (17)

na quais Tf,s e Tf,e são as temperaturas de saída e entrada do fluido frio,


respectivamente, e Tq,s e Tq,e são as temperaturas de saída e entrada do fluido
35

quente, respectivamente. Cf e Cq são os calores específicos dos fluidos frio e


quente, respectivamente.
Para os radiadores, a temperatura global média do refrigerante pode ser
assumida como a média das temperaturas de entrada e saída, enquanto que para o
ar se aproximará mais com o cálculo da diferença de temperatura média logarítmica
(KAYS e LONDON, 1984).

2.5 Coeficiente global pelo balanço de energia

Para que o desempenho de um trocador de calor seja previsto ou projetado é


essencial relacionar a taxa de transferência de calor à algumas grandezas, tais
como temperaturas de entrada e saída dos fluidos, coeficiente global de
transferência de calor e área superficial total disponível para sua transferência.
Duas dessas relações podem ser obtidas de imediato, com a aplicação de
balanços globais de energia nos fluidos quente e frio, como mostrado na Figura 11.
(INCROPERA et al, 2008).

Figura 11 - Balanços de energia globais para os fluidos quente e frio de um trocador


de calor com dois fluidos.

m?q q i q,s T q,s


i q,e T q,e
A, área da superficie de transferencia de calor
m?f
i f,e T fq,e q i f,s T fq,s

Fonte: Adaptado de Incropera et al. (2008, p.428).

Em particular se q é a taxa total de transferência de calor entre os fluidos


quente e frio e a transferência de calor entre o trocador e a vizinhança é desprezível,
assim como as mudanças nas energias potencial e cinética do sistema, a aplicação
da equação de energia para processos contínuos em regime estacionário é
fornecido pelas equações 𝒒̇ = 𝒎(𝒊𝒒,𝒆 – 𝒊𝒒,𝒔 ) ;
(18)𝒒̇ = 𝒎(𝒊𝒇,𝒆 – 𝒊𝒇,𝒔 )
; (19):
36

𝒒 = 𝒎(𝒊𝒒,𝒆 – 𝒊𝒒,𝒔 ) ; (18)


e
𝒒 = 𝒎(𝒊𝒇,𝒆 – 𝒊𝒇,𝒔 ) ; (19)

em que i é a entalpia dos fluidos e “q” e “f” referem-se respectivamente aos fluidos
quente e frio, enquanto “e” e “s” indicam as condições dos fluidos, respectivamente
entrada e saída.
Se os fluidos não passam por uma mudança de fase e se forem admitidos
calores específicos constantes, essas expressões se reduzem a:

𝒒 = 𝒎𝒒 . 𝑪𝒑𝒒 (𝑻𝒒,𝒆 – 𝑻𝒒,𝒔 )


(20)
e
𝒒 = 𝒎𝒇 . 𝑪𝒑𝒇 (𝑻𝒇,𝒔 – 𝑻𝒇,𝒆 )
(21)
ou pode-se obter a temperatura de saída do ar por

𝒒
𝑻𝒇,𝒔 = ( . 𝑪𝒑𝒇 ) + 𝑻𝒇,𝒆 (22)
𝒎𝒇

Sendo que as temperaturas que aparecem nas expressões se referem às


temperaturas médias dos fluidos nas localizações indicadas.
Outra expressão útil pode ser obtida relacionando-se a taxa de transferência
de calor total, q, à diferença de temperatura, ΔT, entre os fluidos quente e frio, em
que:

𝜟𝑻 = 𝑻𝒒 – 𝑻𝒇 (23)

Tal expressão seria uma extensão da Lei do resfriamento de Newton, com o


coeficiente global de transferência de calor, U, usado no lugar do coeficiente de
transferência de calor h. (INCROPERA et al, 2011). Entretanto, como ΔT varia com a
37

posição no trocador de calor, torna-se necessário trabalhar com uma equação para
a taxa na forma:

𝒒 = 𝑼. 𝑨. 𝜟𝑻𝒎𝒍 ; (24)

em que ΔTml é uma média apropriada de diferenças de temperaturas.·

2.6 Método da média logarítmica das diferenças de temperatura

Devido à troca de calor sensível entre os fluidos, a diferença de temperatura


em um trocador de calor não permanece constante. (INCROPERA et al, 2008) A
Figura 12 ilustra a diferença de temperatura ao longo do trocador de calor.

Figura 12- Desenho esquemático do método da diferença média logarítmica de


temperaturas.

Fonte: Adaptado de Çengel e Ghajar (2015, pág. 663).

Este método relaciona a taxa total de transferência de calor o produto entre o


coeficiente global de transferência de calor e a área de troca, UA, e um valor médio
adequado das diferenças de temperatura entre os fluidos.
Um balanço de energia global para todo o trocador fornece:
38

𝒒 = 𝑪𝒒 (𝑻𝒒,𝒆 – 𝑻𝒒,𝒔 ) (25)

𝒒 = 𝑪𝒇 (𝑻𝒇,𝒆 – 𝑻𝒇,𝒔 ) (26)

Estas equações independem do arranjo dos escoamentos por meio do trocador de


calor, sendo função apenas das temperaturas de entrada e saída e das taxas de
capacidades térmicas dos fluidos.
Consideremos agora um trocador de calor com correntes paralelas. O balanço
de energia em um elemento diferencial de área do trocador, dA, nos dá:

𝒒 = 𝑪𝒒 . 𝒅𝑻𝒒 (27)

𝒒 = 𝑪𝒇 . 𝒅𝑻𝒇 (28)
A taxa de transferência de calor por meio da área infinitesimal também pode
ser expressa por:

𝒅𝒒 = 𝑼(𝑻𝒒 – 𝑻𝒇 )𝒅𝑨 (29)

Tomando o diferencial de Tq – Tf e usando as equações acima:

𝟏 𝟏
𝒅(𝑻𝒒 – 𝑻𝒇 ) = 𝒅𝑻𝒒 – 𝒅𝑻𝒇 = − 𝒅𝒒 ( + ) (30)
𝑪𝒒 𝑪𝒇

Substituindo dq da equação (29) na equação (30), temos:

∆𝑻𝟐 𝒅(𝑻𝒒 −𝑻𝒇 ) 𝟏 𝟏 𝑨


∫∆𝑻 = −𝑼 ( + ) ∫𝟎 𝒅𝑨 (31)
𝟏 𝑻𝒒 −𝑻𝒇 𝑪𝒒 𝑪𝒇

∆𝑻𝟐 𝟏 𝟏
𝒍𝒏 = −𝑼𝑨 ( + )
∆𝑻𝟏 𝑪𝒒 𝑪𝒇
(32)
39

Utilizando Cq e Cf das equações, temos:

∆𝑻𝟐 −∆𝑻𝟏
∆𝑻𝒎𝒍 = ∆𝑻 (33)
𝒍𝒏( 𝟐 )
∆𝑻𝟏

Para um trocador de calor qualquer, valem as equações mostradas a seguir,


aplicadas segundo o sentido de escoamento:

Correntes paralelas:

∆𝑻𝟏 = 𝑻𝒒,𝒆 − 𝑻𝒇,𝒆


(34)

∆𝑻𝟐 = 𝑻𝒒,𝒔 − 𝑻𝒇,𝒔


(35)

Correntes contrárias:

∆𝑻𝟏 = 𝑻𝒒,𝒆 − 𝑻𝒇,𝒔


(36)

∆𝑻𝟐 = 𝑻𝒒,𝒔 − 𝑻𝒇,𝒆


(37)

Para diferentes configurações de escoamentos, com arranjos cruzados e


múltiplos passes, o valor de ∆𝑇𝑚𝑙 deve ser corrigido por um fator F:

𝒒 = 𝑼. 𝑨. 𝜟𝑻𝒎𝒍 . 𝑭 (38)

Nesta equação, ΔTml deve ser calculado para trocador de calor de correntes
contrárias.
40

As curvas utilizadas para a obtenção de F são conhecidas como cartas de


Bowman e podem ser encontradas em TEMA (1999, p.134), ou utilizando a Figura
13:

Figura 13 - Fator de correção para um trocador de calor de escoamento cruzado


com passe único, e os dois fluidos não misturados.

Fonte: Adaptado de ÇENGEL e GHAJAR (2015, p.666).


41

2.7 Número de Reynolds

O número de Reynolds pode ser interpretado como a razão entre as forças de


inércia e as viscosas em uma região de dimensões características L. (INCROPERA
et al, 2008, p.235). É um adimensional que relaciona as propriedades físicas do
fluido, sua velocidade e a geometria do duto por onde flui e é dado por

𝑫𝒉 .𝝂.𝝆
𝑹𝒆 = (39)
𝝁

na qual Re é o número de Reynolds, Dh é o diâmetro do tubo [m], ν é a velocidade do


fluido [m/s], ρ é a massa específica do fluido [kg/m³] e µ é a viscosidade dinâmica do
fluido [m²/s].
Quando o tubo é circular, Dh representa o diâmetro interno do tubo. Quando
não se trata de circular, o diâmetro hidráulico é calculado conforme a equação:

𝟒.Á𝒓𝒆𝒂 𝒕𝒓𝒂𝒏𝒔𝒗𝒆𝒓𝒔𝒂𝒍 𝒅𝒐 𝒕𝒖𝒃𝒐


𝑫𝒉 = . (40)
𝒑𝒆𝒓í𝒎𝒆𝒕𝒓𝒐 𝒎𝒐𝒍𝒉𝒂𝒅𝒐 𝒅𝒐 𝒕𝒖𝒃𝒐

Pode-se também utilizar a equação abaixo:

𝑮 𝒙 𝑫𝒉
𝑹𝒆 = , (41)
𝝁

em que G é a velocidade mássica do escoamento calculada por meio da equação:

𝒎
𝑮 = (42)
𝒂𝒓𝒆𝒂

e ṁ é calculado pela equação:

𝒒
𝒎= (43)
𝒄𝒑.𝜟𝑻

area = área de fluxo do fluido em circulação.


42

2.8 Área livre de passagem do ar pelo radiador

A área livre de passagem do ar pelo radiador é igual à área total frontal do


radiador menos a área ocupada pelas aletas e tubos, dada pela equação abaixo,
(PENIDO, 1983, p.639):

𝑨 = 𝑨𝒇(𝑨𝟏 + 𝑨𝟐) (44)

sendo Af a área frontal, A1 a área da matriz frontal da primeira fila de tubos e A2 a


área da matriz frontal de todas as aletas.

𝑨𝟏 = (𝒆𝒕. 𝒃 . 𝒏𝒕𝒇) (45)


𝑨𝟐 = (𝒆𝒂. 𝒄𝒂. 𝒏𝒂) (46)

2.9 Matriz de troca de calor do lado do ar

A área da superfície de transferência de calor do lado do ar pode ser


calculada por meio da soma das áreas radiantes das aletas com a dos tubos,
conforme a equação abaixo, (PENIDO, 1983, p.639):

𝑨𝒂𝒓 = 𝑨𝒕𝒂 + 𝑨𝒕𝒕 (47)

Em que Ata: área total da Matriz radiante das aletas e Att: área total da Matriz lateral
dos tubos. Considerando as dimensões do radiador tem-se
𝑨𝒕𝒂 = 𝟐(𝒂 . 𝒅 𝒆𝒕. 𝑳𝒕. 𝒏𝒕) (48)

𝑨𝒕𝒕 = 𝟐(𝒆𝒕. 𝒃 + 𝑳𝒕. 𝒃)– 𝟐(𝒆𝒂. 𝒆𝒕 + 𝒆𝒂. 𝑳𝒕). 𝒏𝒕. 𝒏𝒂


(49)
43

2.10 Matriz de troca de calor do lado da água

A área da matriz de transferência de calor do lado da água é igual à soma das


áreas da superfície dos tubos e dos reservatórios, conforme a equação abaixo,
(PENIDO, 1983, p.640):

𝑨𝑯𝟐𝑶 = 𝑨𝒕 + 𝑨𝒓 (50)

na qual Ar é a área da matriz interna dos reservatórios e At é a área da Matriz lateral


dos tubos.

Considerando os dois reservatórios iguais e de formato retangular a sua área total


será:
𝑨𝒓 = 𝟐(𝒂. 𝒉 + 𝒅. 𝒉) + 𝟐(𝒂. 𝒈 + 𝒅. 𝒈) + 𝟐. 𝒂. 𝒅 (51)
A área dos tubos será:

𝑨𝒕 = 𝟐{[(𝒆𝒕– 𝟐𝒕)𝒃] + [(𝑳𝒕– 𝟐𝒕)𝒃]}𝒏𝒕 (52)

A área transversal interna de um tubo é dada por:

𝝅(𝒃𝒊𝒕)𝟐
𝑨𝒊𝟏𝒕 = (𝒂𝒊𝒕. 𝒃𝒊𝒕) + (53)
𝟐𝒕

em que ait = maior dimensão interna do tubo [m] e bit = menor dimensão interna do
tubo [m].

A área de troca de calor do lado da água (Ai) é dada por:

𝑨𝒊 = 𝟐𝒃(𝒂𝒆𝒕 − 𝒃𝒆𝒕 + 𝝅. 𝒃𝒆𝒕) (54)

em que aet = maior dimensão externa do tubo [m] e bet = menor dimensão externa
do tubo [m].
44

A área total de troca de calor do lado da água (At) é calculada por:

𝑨𝒕 = 𝝈. 𝑨𝒇 (55)

Depois de definidas todas as dimensões do radiador são calculados os


principais parâmetros para dimensionamento do sistema de refrigeração.

2.11 Cálculo da diferença de temperatura do ar para a condição de maior carga


térmica.

Para a situação de maior carga térmica calcula-se o ΔT do ar por meio do


seguinte balanço de energia:

𝒎𝑯𝟐𝟎 . 𝑪𝒑𝑯𝟐𝟎 . 𝜟𝑻𝑯𝟐𝟎 = 𝒎𝒂𝒓 . 𝑪𝒑𝒂𝒓 . 𝜟𝑻𝒂𝒓 (56)

Para o cálculo da vazão de ar (kg/s), utiliza-se a equação:

𝒎𝒂𝒓 = 𝝆𝒂𝒓 𝑽𝒂𝒓 𝑨 (57)

2.12 Coeficiente de transferência de calor do lado do ar

O coeficiente de transferência de calor do lado do ar pode ser obtido a partir


do procedimento apresentado abaixo (ÖZISIK, 1990). O cálculo da velocidade
mássica do escoamento, por meio da equação:

𝒎𝒂𝒓
𝑮𝒂𝒓 = (58)
𝑨
45

A grandeza diâmetro hidráulico pode ser definida como:

𝑨𝒎𝒊𝒏
𝑫𝒉 = 𝟒. 𝑳. (59)
𝑨

na qual A é a área total de transferência de calor e o produto L.Amin pode ser


considerado como sendo o volume mínimo de passagem da corrente livre, uma vez
que L é o comprimento do percurso do fluido no miolo do trocador de calor. E para o
escoamento do ar, a expressão do diâmetro hidráulico pode ser escrito por meio da
equação.

𝟒.𝒅.𝑨
𝑫𝒂𝒓 = ; (60)
𝑨𝒂𝒓

na qual A é a área livre de passagem do ar [m2], d é a profundidade do radiador [m]


e Aar é a superfície de troca de calor do lado do ar [m²].

Número de Reynolds

O número de Reynolds para o escoamento do ar é dado por

𝑮.𝑫𝒉
𝑹𝒆 = (61)
𝝁

Com o número de Reynolds e pelos dados de Kays e London (1984), pode-se


obter o fator de Colburn (j) e calcular o coeficiente de transferência de calor do lado
do ar, por meio da equação:

𝒋.𝑮.𝑪𝒑
𝒉𝒂𝒓 = (62)
𝑷𝒓𝟐/𝟑

2.13 Coeficiente de transferência de calor do lado da água

O coeficiente de troca de calor do lado da água pode ser obtido por meio da
seguinte equação (INCROPERA et al, 2008):
46

𝒌𝑯𝟐𝑶 .𝑵𝒖𝑯𝟐𝑶
𝒉𝑯𝟐𝑶 = (63)
𝑫𝒉𝑯𝟐𝑶

Em que hH20 é o coeficiente de transferência de calor entre a água e a parede dos


tubos [W/m2°C], kH20 é a condutibilidade termica da água nos tubos [W/m.°C], NuH20
o número de Nusselt para a água e DH20 o diâmetro hidráulico da água [m].

O número de Reynolds para a água pode ser obtido por:


𝐷𝐻20 .𝑉𝐻20 .𝜌𝐻20
𝑅𝑒 = (64)
𝜇𝐻20

O diâmetro hidráulico da água pode ser obtido por:

𝟒.𝒃.𝒏𝒕.𝒂𝒕𝒕
𝑫𝑯𝟐𝟎 = (65)
𝑨𝑯𝟐𝑶

com

𝒂𝒕𝒕 = á𝒓𝒆𝒂 𝒕𝒓𝒂𝒏𝒔𝒗𝒆𝒓𝒔𝒂𝒍 𝒅𝒐𝒔 𝒕𝒖𝒃𝒐𝒔 = (𝒆𝒕– 𝟐𝒙𝒕)(𝑳𝒕 – 𝟐 𝒙𝒕)


(66)

em que b é a altura do radiador [m], et é a espessura do tubo [m], nt é o número de


tubos, xt é a espessura da parede do tubo [m] e Lt é a largura dos tubos [m].

A velocidade da água ao atravessar os tubos pode ser obtida por:

𝑮𝑯𝟐𝟎
𝑽𝑯𝟐𝟎 = (67)
𝒂𝒕𝒕.𝒏𝒕

em que GH20 é o vazão da água [m3/s], att é a área transversal dos tubos [m²] e
nt é o número de tubos.

Para o cálculo do coeficiente de convecção da água, pode-se utilizar do


n
ú
m
e
r
47

𝒉𝑯𝟐𝑶=𝒌𝑯𝟐𝑶.𝑵𝒖𝑯𝟐𝑶𝑫𝒉𝑯𝟐𝑶

(63).
Calcula-se então o número de Nusselt para o escoamento de água pela
correlação de Gnielinski para escoamento turbulento no interior de tubos:
𝒇
( )(𝑹𝒆 −𝟏𝟎𝟎𝟎)𝑷𝒓
𝟖
𝑵𝒖𝑯𝟐𝟎 = 𝒇
𝟏 𝟐 (68)
𝟏,𝟎𝟕+𝟏𝟐,𝟕( )𝟐 (𝑷𝒓𝟑 −𝟏)
𝟖

em que Pr é o número de Prandtl da água e f é o fator de atrito de Darcy. Esta


correlação é valida para 0,5 < Pr < 2000 e 3000 < Re < 5 x 106.

Conforme Incropera et al. (2011, p. 522), O fator de atrito de Darcy é dado


pela correlação de Petukhov para tubos contínuos:

𝑓 = (0,79. ln 𝑅𝑒 – 1,64)−2 (69)

Esta correlação também é valida para 0,5 < Pr < 2000 e 3000 < Re < 5 x 106.

Conforme Incropera et al (2011, p. 549), o coeficiente de troca de calor do


lado da água pode ser obtido utilizando-se a equação:

𝑵𝒖𝑯𝟐𝑶
𝒉𝑯𝟐𝟎 = 𝒌𝑯𝟐𝟎 . (70)
𝑫𝒉𝑯𝟐𝑶

em que hH20 é o coeficiente de transferência de calor entre a água e a parede dos


tubos [kcal/m2h°C] e kH20 é a condutividade termica da água nos tubos [W/m°C]

A velocidade mássica de escoamento da água é dada por:

𝒎
𝑮= (71)
𝟐.𝑵𝒕𝒕.𝑨𝒊𝟏𝒕
48

2.14 Coeficiente de transferência de calor entre a parede externa dos tubos e o


ar.

O coeficiente de transferência de calor depende do arranjo dos tubos. Para


tubos não alinhados:

𝟎,𝟑𝟗𝟓 𝑷𝒑𝒕 𝟒 𝑽𝒂𝒓 𝟎,𝟔𝟏


𝒉𝒂𝒓 = (𝟏, 𝟐𝟎𝟓 + 𝑷𝒑𝒕 + 𝟎, 𝟏𝟏𝟔 ) 𝒙 √𝒕 𝒙 (72)
( )𝟐 𝑫𝒂𝒓 𝑫𝒂𝒓 𝟎,𝟑𝟗
𝑫𝒂𝒓

Para tubos alinhados:

𝑷𝒑𝒕 𝟏,𝟓
𝟎,𝟗𝟎( ) 𝑽𝒂𝒓 𝟎,𝟔𝟏
𝑫𝒂𝒓 𝟒
𝒉𝒂𝒓 = (𝟏, 𝟒𝟖 – 𝟒 ) √𝒕 𝒙 (73)
𝑷𝒑𝒕 𝑫𝒂𝒓 𝟎,𝟑𝟗
( )
𝑫𝒂𝒓

em que har é o coeficiente de transferência de calor entre as paredes externas dos


tubos e o ar [W/m2.°C], Dar é o diâmetro hidráulico do ar ao atravessar a massa
radiante [m], Var e a velocidade do ar ao atravessar a massa radiante [m/s] e t é a
temperatura absoluta média do ar [°C].

O diâmetro hidráulico do ar “Dar” pode ser obtido pela seguinte fórmula (PENIDO,
1983 p.641):

𝟒𝒅.𝑨
𝑫𝒂𝒓 = (74)
𝑨𝒂𝒓

A velocidade do ar pode ser obtida pela fórmula (PENIDO, 1983 p.641):

𝑮𝒂𝒓
𝑽𝒂𝒓 = (75)
𝑨

A temperatura absoluta pode ser obtida por (PENIDO, 1983 p.641):


49

𝒕 +𝒕𝒆,𝒂𝒓
𝒕 = 𝟐𝟕𝟑 + ( 𝒔,𝒂𝒓 ) (76)
𝟐

A velocidade da água ao atravessar os tubos pode ser obtida por (PENIDO,


1983 p.643):

𝑮𝑯𝟐𝑶
𝑽𝑯𝟐𝑶 = (77)
𝒂𝒕𝒕.𝒏𝒕

Como a vazão de água que atravessa o radiador é igual a

𝑮𝑯𝟐𝑶 = 𝑸̇𝒌/(𝑪𝑯𝟐𝑶 . 𝜸. 𝜟𝑻) (78)

substituindo temos:

𝑸̇𝒌
𝑽𝑯𝟐𝟎 = (79)
𝑪𝑯𝟐𝟎 .𝜸.(𝒕𝒔𝑯𝟐𝟎 − 𝒕𝒆𝑯𝟐𝟎 )𝒂𝒕𝒕.𝒏𝒕

em que CH20 é o calor específico da água [kcal/kg°C], γ é o peso específico da água


(na temperatura média) [kg/m³] e Qk é o calor a ser retirado [kcal/h].

Calculado o fluxo de calor baseando-se na área frontal pela equação 2.38 e,


ainda, de acordo com Incropera et al (1984, p. 64) tem-se o fluxo térmico:

𝒒" = 𝒒/𝑨𝒇𝒓 = 𝑼𝒐 𝜶𝑳𝑹 ∆𝑻𝒍𝒎 (80)

 T  q /  Gc p  (81)

Para a determinação da queda de pressão utiliza-se a equação abaixo


encontrada em FRAAS (1989):

𝟒.𝒇.𝒅.𝑮𝟐
∆𝒑 = (82)
𝟐.𝝆.𝑫𝒉
50

2.15 Componentes do sistema de arrefecimento

Um sistema de arrefecimento de um motor de combustão interna típico é


composto por: uma bomba de água, uma válvula termostática, mangueiras,
ventoinha, reservatório de água, um radiador e fluido refrigerante, como mostrado na
Figura 14.

Figura 14 - Componentes básicos do sistema de arrefecimento de um carro

Fonte: www.paradaobrigatoria7.com.br

A bomba d’água está integrada ao bloco do motor e é acionada pela correia


de sincronismo ou pela correia de acessórios do motor. Isto garante que a rotação
da bomba e sua vazão sejam proporcionais à rotação do motor. Isto favorece o
sistema de arrefecimento, uma vez que ao se aumentar a rotação do motor, e
consequentemente a potência disponível, a vazão de refrigerante também é
aumentada.
A válvula termostática se expande ao ser aquecida forçando sua abertura.
Sua função é promover o aquecimento rápido do motor na partida e impedir que ele
esfrie demasiadamente em situações de baixa temperatura externa.
Um motor quente traz consigo algumas vantagens como: vaporizar melhor o
combustível, proporcionando uma combustão mais eficiente e, assim, reduzindo
emissões; bem como diminuir a viscosidade do óleo lubrificante, minimizando perdas
por atrito e reduzindo o desgaste entre as peças.
51

O fluido refrigerante utilizado no sistema de arrefecimento pode ser uma


solução de água e etileno glicol, cuja função principal é a redução da temperatura de
congelamento e a elevação da temperatura de ebulição. O etileno glicol diminui o
calor específico da água, obrigando o sistema trabalhe com uma vazão maior e
consequentemente aumenta as perdas no bombeamento do fluido. A solução
também age como inibidor de corrosão, protegendo os componentes do sistema de
arrefecimento.
Neste trabalho está sendo utilizado como fluido refrigerante somente água,
por questões de simplificação no desenvolvimento teórico.

2.16 Radiador
Um radiador veicular é mostrado na Figura 15.

Figura 15 - Radiador veicular

Fonte: www.renascerradiadoressp.com.br
52

Um grupo particular e importante de trocador de calor do tipo tubos aletados é


utilizado para atingir Matrizes de calor muito grandes (maior que 400 m 2/m3 para
líquidos e 700 m2/m3 para gases) por unidade de volume, (INCROPERA et al., 2008
p.426). Eles são usados quando pelo menos um dos fluidos é um gás. Um bom
exemplo é o radiador do sistema de arrefecimento dos motores de veículos.
É um dispositivo utilizado para troca de calor entre o ar atmosférico e outra
substância (geralmente um líquido de arrefecimento) contida em um sistema
fechado. Seu núcleo é constituído por uma série de canais (em forma de tubos ou de
colmeia) que permitem a passagem de ar entre eles retirando o calor do líquido.
Portanto quanto maior a área de contato com o ar mais rápida é a troca e
mais eficiente é o radiador.
O radiador é um trocador de calor de corrente cruzada entre ar e água. O ar
escoa por um duto na parte da frente do carro, seja pelo próprio movimento do carro
em relação ao ar, seja pela ação da ventoinha, que usualmente permanece ligada
até que o carro atinja uma determinada velocidade. O radiador de um motor é
responsável pela rejeição do calor para o ar.
A água flui num sistema de mangueiras, passando por uma bomba centrífuga
acionada por uma correia ligada ao virabrequim. Após a bomba, a água passa para
os pistões do motor de modo a resfriá-los. Após isso, a água flui para o radiador em
si, para ser resfriada e volta para o começo do circuito.
Um radiador, como o mostrado na Figura 16 é um tipo de trocador de calor
que promove a troca térmica entre o ar externo ao carro e o fluido de refrigeração do
motor, em geral água (como será considerado nesse trabalho). É um sistema de
enorme importância para o bom funcionamento do automóvel, uma vez que é
responsável pelo resfriamento do motor, e sua falha pode ocasionar o
superaquecimento, e consequente comprometimento da integridade física do motor.

Na figura 16 tem-se o desenho das dimensões principais de um radiador


comercial utilizado em veículos UNO 1.0 / 1.4 8V FLEX do fabricante FIAT, que foi
utilizado como base do trabalho.
53

Figura 16 - Desenho esquemático do radiador RV12542 Visconde para Fiat


Uno.

Fonte: Catalogo Radiadores Visconde.

2.17 Carga térmica

Para o dimensionamento do sistema de arrefecimento, é essencial a


determinação da carga térmica a ser dissipada. Segundo Pulkrabek (2003), a
energia perdida para o refrigerante em carga alta é cerca de metade da potência de
eixo, subindo para cerca do dobro em baixa carga.
54

Heywood (1988) apresenta valores bastante próximos, afirmando que entre


25% e 28% da energia do combustível é transformada em potência de eixo,
enquanto 17% a 26% da energia do combustível devem ser retirado do motor pelo
sistema de arrefecimento.
Da mesma forma, Penido (1949), apresenta a distribuição de energia térmica
em um motor do ciclo Otto, como mostrado na Figura 17.

Figura 17 - Gráfico da distribuição de energia térmica de um motor ciclo Otto

REFRIGERAÇÃO 25%

DESCARGA DE GASES 30%

RESISTENCIAS PASSIVAS 7%
ORGÃOS AUXILIARES 8%
TROCA DE CALOR 3%

TRABALHO UTIL 27%

Fonte: Adaptado de Penido (1983. p. 272).

Como há pequena variação entre os autores, referente ao rendimento do


motor, adotar-se-á 33%. (PULKRABEK, 2003; HEYWOOD, 1988 e PENIDO, 1983).
A quantidade de calor a ser retirada do motor pela água de refrigeração é
aproximadamente 25% do triplo da potência máxima do motor (assumindo um
rendimento do motor de 33%, ou seja, um terço da energia do combustível).

𝑸̇ = 𝟎, 𝟐𝟓. 𝑸̇𝒊 (83)


55

em que Q̇ e a quantidade máxima de calor dissipado no radiador e Q̇i é o calor total


introduzido no motor por meio do combustível, que é estimada como sendo
aproximadamente 3,0 vezes a potência máxima do motor; admitindo que a eficiência
global seja da ordem de 33%.
O passo inicial para o dimensionamento do sistema é a determinação da
carga térmica gerada pelo motor. É possível estimar esta carga a partir da curva de
potência do motor, conforme equação (83) e Figura 18.
Após a determinação da carga térmica, deve ser dimensionado um sistema
capaz de rejeitar esta carga térmica.
Como a diferença média logarítmica de temperatura é determinada pelas
temperaturas do líquido de arrefecimento e do ar externo, deve-se encontrar um
conjunto (U.A) que permita a troca de calor requerida.
É possível selecionar um radiador capaz de rejeitar esta carga térmica em
condições semelhantes às que o motor será submetido. Esta seleção pode ser feita
a partir do catálogo de aplicações do fabricante do radiador, onde é indicada a faixa
de potência para cada radiador.
A partir dos dados também é possível relacionar a perda de carga com a
velocidade de escoamento do ar sobre o radiador.

2.18 Metodologia de cálculo

A capacidade térmica de um radiador, visto como um trocador de calor de


fluxo cruzado com ambos os fluidos sem mistura, pode ser calculada por meio do
roteiro detalhado abaixo.
Este tipo de trocador de calor se insere na categoria de compactos com troca
de calor gás-líquido (água - ar) e, portanto, do lado do ar para melhorar o coeficiente
de troca de calor, a superfície deve ser aletada. Também, por razões de economia
de espaço, no caso de radiadores automotivos, os tubos por onde escoa a água de
refrigeração do motor, geralmente são achatados (parte retangular com
extremidades em semicírculo).
Kays e London (1984) apresentam diversas matrizes clássicas do núcleo do
radiador; entre elas, as mais comuns são as matrizes: 9.68-0.87 (9,68 aletas por
polegada seção transversal com 0,87 polegadas de comprimento externo na direção
56

do escoamento); 9.61-0.737-S (S significa que os tubos são desalinhados,


“staggered”); 9.68-0.87-R (aletas enrugadas, “ruffled”); 9.29-0.737-SR e 11.32-0.737-
SR.
Para cada matriz aletada, são fornecidos a quantidade de aletas por
polegada, o espaço entre as aletas, o diâmetro hidráulico do canal, a espessura da
parede, a razão entre a área total de troca de calor e o volume total de transferência
de calor (β) e a razão entre a área total das aletas e a área total de troca de calor
(α).
Normalmente, se encontra em gráficos ou tabelas informações do fator de
Colburn e fator de atrito em função do número de Reynolds.
A escolha de uma matriz de troca de calor, além de definir o arranjo dos
tubos; número de aletas por unidade de comprimento; também especifica os
seguintes parâmetros: razão de compactação (área total de troca de calor pelo
volume do trocador de calor),   At / V ; razão da área livre de escoamento pela

área frontal,   Ac / Afr ; razão da área superficial das aletas pela área total de troca

de calor, A fin / At  c1 . Pode-se demonstrar também que a razão da área total de

troca de calor pela área frontal é igual a  LR .


Calculam-se pela equação (41) ou arbitram-se inicialmente os números de
Reynolds necessários para determinar as características adimensionais de
transferência de calor e de fricção das matrizes do radiador.
E ao final é verificado se a diferença de temperatura especificada para o ar,
por exemplo, foi satisfeita. Se não se deve repetir o cálculo até a convergência.
57

Apresenta-se a seguir, o roteiro utilizado.

1. Com as temperaturas especificadas determinam-se as propriedades dos fluidos;


2. Calcula-se a velocidade mássica do lado do ar pela definição do número de
Reynolds e equação (58), uma vez que se escolheu a matriz do núcleo do radiador;
3. Com o número de Reynolds e usando um gráfico encontrado em Incropera et al
(1984) determina-se o fator de Colburn;
4. Calcula-se o coeficiente de convecção do lado do ar pela equação (62);
5. Calcula-se a eficiência global da matriz aletada por meio da equação (9) na qual a
razão da área total da aletas pela área total de troca de calor do lado do ar é um
parâmetro definido pela matriz do núcleo do radiador escolhida. A equação para o
cálculo da eficiência das aletas pode ser encontrada na Tabela 2.
6. Calcula-se o coeficiente de troca de calor do lado da água por meio da equação
(70), utilizando-se da correlação de Nusselt Nu, equação (68), dentro dos limites
estabelecidos. O fator de atrito é dado pela equação (69).
7. Calcula-se a resistência térmica da parede, Rw (espessura do tubo dividido pelo
coeficiente de condução térmica) (INCROPERA et al, 2008).

𝑹𝒘 = 𝒆𝒕 / 𝒌𝑨𝒍 (84)

8. Calcula-se o coeficiente global de troca de calor por meio da equação (9);


9. Assuma um comprimento de passagem do ar, LR , caso não tenha ainda sido
feito;
10. Estime a razão da área de troca de calor pela área frontal, que é igual a αLR;
( At / Afr   LR ).

11. Calcula-se a diferença média logarítmica de temperatura, por meio da equação


(33) corrigida por um fator dado na Figura 13;
12. Calcula-se o fluxo de calor baseando-se na área frontal, equação (38);
13. Calcula-se a diferença de temperatura do ar a partir da variação de entalpia,
equação (80);
14. Verifica-se se a diferença de temperatura do item 13 é igual à especificada
originalmente para o processo, caso contrário, repete-se o procedimento até a
convergência;
58

15. Calcula-se a área frontal por Afr  q / q ;

16. Calcula-se a perda de pressão do lado do ar por meio da equação (82).


59

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capítulo são apresentados os resultados obtidos por meio dos cálculos
baseados nos fundamentos teóricos e suas equações do capítulo 2 e nas hipóteses
devidamente detalhadas no transcorrer do trabalho.
As hipóteses abaixo foram consideradas em todo o trabalho e nos cálculos
efetuados:
1. O trocador de calor opera em regime permanente;
2. Perdas de calor para o ambiente são desprezíveis (paredes externas são
adiabáticas);
3. Não existem fontes de calor nas paredes do trocador nem nos fluidos, como
aquecimento elétrico, reações químicas ou quaisquer outros processos;
4. A temperatura de cada fluido é uniforme em uma dada seção;
5. A resistência térmica das paredes é distribuída uniformemente por todo o
trocador;
6. Condução de calor longitudinal nos fluidos e nas paredes é desprezível.
Para o início do desenvolvimento do projeto de um radiador, foram retiradas
dimensões de um radiador real. O radiador utilizado foi com bloco de refrigeração
com duas carreiras de 22 e 23 tubos cilíndricos alternados, com aletas tipos placa,
conforme a figura 4 e a Tabela 4:
60

Tabela 4 - Dados do radiador comercial utilizado


Distancia entre laterais 0,643 m
Largura do radiador 0,48 m
Altura do radiador 0,3774 m
Espessura do bloco 0,021 m
Numero de carreiras de tubos 2
Numero de tubos da primeira fila ntf1 23
Numero de tubos da segunda fila ntf2 22
Numero total de tubos ntt 45
Diametro externo dos tubos 0,006 m
Espessura dos tubos et 0,00032 m
Passo longitudinal entre tubos Plt 0,0105 m
Passo transversal entre tubos Ptt 0,0157 m
Quantidade de aletas na 454
Densidade de aletas 20 FPI
Espessura das aletas ea 0,000075 m
Fonte: Radiadores Visconde (Modine)

Os valores de temperatura adotados para cálculo das propriedades foram


baseados em informações do fabricante de radiadores Visconde (Modine).
61

3.1 Cálculo da quantidade de calor dissipada por um motor veicular

Figura 18 - Informações técnicas do motor

Fonte: Revista Mecânica online. 2010. Edição 12


62

Características técnicas:

Uno Fire 1.0 – EVO


Combustível: Gasolina / Etanol
Potencia máxima: 73 cv @ 6.250 rpm (gasolina)
75 cv @ 6.250 rpm (álcool)
Assim, a potência máxima considerada, por ser o pior caso é de 75 cv que
nos fornece 55,1624 kW (75 cv x 0,7355kW) que multiplicada por três fornece (o
calor total introduzido no motor por meio do combustível, que é estimada como
sendo aproximadamente 3,0 vezes a potencia máxima do motor; admitindo que a
eficiência global seja da ordem de 33%, conforme detalhado na página 54 figura 17.
Q̇i = 165,4875 kW e Q̇ = 41,4 kW (0,25 x 204,3), sendo todos os valores
arredondados para a casa superior.

Nas Tabelas 5 e 6 são fornecidas as propriedades termofísicas adotadas em


função das temperaturas e dos fluidos em estudo. Na Tabela 7 tem-se a
condutividade térmica do alumínio.

Tabela 5- Propriedades termofísicas da água em uma temperatura média de 90°C

ρ (kg/M³) Cp (J/kg.K) µ (N.s/m²) k (W/m.K) Pr


963 4209 3,06 x 10-4 0,673 1,91
Fonte: Incropera et al (2008 p.608)

Tabela 6 - Propriedades termofísicas do ar em uma temperatura média de 40°C

ρ (kg/M³) Cp (J/kg.K) µ (N.s/m²) k (W/m.K) Pr


1,1 1007 -5 -2 0,7
1,93 x 10 2,80 x 10
Fonte: Incropera et al (2008 p.600)

Tabela 7 - Dados do material do radiador (alumínio)

k (W/m.K)
175
Fonte: Incropera et al (2008 p.589)
63

Três matrizes com os dados obtidos de Kays e London (1984) foram


estudadas, sendo que a matriz 8.0 – 3/8T tem tubos circulares e as outras duas,
tubos chatos alongados, e na figura 9 são encontrados os valores utilizados. Os
dados das matrizes de tubos usadas são mostrados na Tabela 8.

Tabela 8 - Valores iniciais utilizados no desenvolvimento do trabalho

SUPERFICIE 8.0-3/8T 9.68-0.87 9.1-0.737-S


Dext tubo 0,006 m
Densidade de aleta 315 381 358
Dh ar (4rh) 0,003632 0,003597 0,004206 m
espessura das aletas ea 0,000330 0,000102 0,000102 m
σ (sigma) area livre/area frontal 0,534 0,697 0,788
α (alfa) area de troca de calor/volume 587 751 735
area aletada/area total 0,913 0,795 0,813
Passo transversal dos tubos Ptt 0,01 0,0110744 0,01397 m
espessura dos tubos et 0,00032 0,00032 0,00032 m
Passo longitudinal dos tubos Plt 0,0127 0,026924 0,020066 m
f 0,024 0,014 0,02
St.Pr2/3 0,0068 0,004 0,006
aet (maior dimensao externa do tubo) 0,022098 0,022098 m
bet (menor dimensao externa do tubo) 0,003048 0,003048 m
ait (maior dimensao interna do tubo) 0,021778 0,021778 m
bit (menor dimensao interna do tubo) 0,002728 0,002728 m
Fonte: Kays e London (1984)

3.2 Matriz 8.0 – 3/8T (Tubos cilíndricos alinhados)

Com informações obtidas de Kays e London (1984, p.270) e um valor de


Reynolds adotado de 3000 para efeito de cálculo, obteve-se para o ar:

Da Tabela 8: f = 0,024 e St.Pr2/3 = 0,0068


St do ar = 0,0086
Por meio da equação (58) obteve-se:
Gar = 15,94 kg/m2 s
Usando a equação (62) obteve-se har = 138,4647036 W/m²K
Pela equação (12) f = 0,999972748
64

E pela equação (11) o = 0,999975


A vazão do ar é calculada pela equação (57) e resulta em ṁ = 2,957713273 kg/s
A área livre de passagem do ar é calculada pela equação (47) resultando Alivre =
0,185533931 m²

Para o lado da água e por meio da equação (43) o cálculo da vazão da água
(ṁ) é igual a 0,546448087 kg/s e os demais resultados estão apresentados abaixo.
Pela equação (67) obteve-se V = 22,39 m/s
Pela equação (71) obteve-se G = 173,92 kg/m2 s
Por meio da equação (64) Re = 3228,25
Utilizando-se a equação (53) obtém-se o valor da área transversal interna de um
tubo Ai1t que é igual a 2,53388 x 10-5 m²
Com a equação (69) calcula-se f, tendo como resultado f = 0,038638034.
Em seguida, por meio da equação (68) calcula-se o número de Nusselt resultando
em Nu = 13,92547938.
O diâmetro hidráulico neste caso de tubo circular é igual ao diâmetro interno do tubo
que é o diâmetro externo menos a espessura, resultando em:
Dh = 0,006 – 0,000032 = 0,00568 m
E com o valor de Nusselt, o diâmetro hidráulico e a condutividade térmica da água
pode-se calcular o coeficiente de troca de calor pela equação (63) chegando-se em
h = 1649,97 W/m2K.

Cálculos adicionais necessários foram obtidos conforme abaixo:

Pela equação (84) a resistência térmica da parede Rw = 1,828 x 10-6 m.K/W.


Pela tabela 2, adequada ao tipo de aleta do caso, tem-se:
Lc = (Ptt – et + ea) / 2 e, portanto, seu valor é Lc = 0,005005 m e m = 1,806602023.
E multiplicando-se os valores acima (Lc x m) = 0,009042043 m
E a quantidade de tubos foi de 62.
Por meio da equação (54) é calculada a área de troca de calor do lado da água Ai =
7,11 x 10-3 m²
Pela equação (52) calcula-se a área total de troca de calor At = 0,096735168 m²
65

O coeficiente global de calor (U) foi calculado pela equação (9), obtendo-se:
U = 64,66 W/m²K
A profundidade do radiador (Lr) para todas as Matrizes é de 0,021 m.
A relação da área total sobre a área frontal (At/Afr) é dada por α (área de troca de
calor por volume) vezes Lr.
At/Afr = 12,327.

A diferença média logarítmica de temperatura ΔTml é dada pela equação (33)


corrigida por um fator dado pela figura 13 e resulta em 50,98 °C.

O fluxo de calor (q) é calculado pela equação (24) e fornece q = 4,06 x 104 W.

“O fluxo de calor baseado na área frontal é dado pela equação (80) e fornece q” =
2,24 x 105 W.

A área frontal Afr dada por q / qmáx é igual a 0,1811520 m²

A queda de pressão, calculada pela equação (82) fornece Δp = 103,23 Pa.

3.3 Matriz 9.68 – 0.87 (Tubos achatados alinhados)

Da mesma forma que a Matriz anterior com informações obtidas de Kays e


London (1984, p.271) um valor de Reynolds adotado de 3000 para efeitos de cálculo
os resultados para o ar são apresentados abaixo:

Da Tabela 8: f = 0,014 e St.Pr2/3 = 0,004


St do ar = 0,0051
Por meio da equação (58) obteve-se:
Gar = 16,10 kg/m2 s
Por meio da equação (62) obteve-se har = 82,24235942 W/m²K
Pela equação (12) f = 0,999972748

E pela equação (11) o = 0,999978


A vazão do ar é calculada pela equação (57) e resulta em ṁ = 2,957713273 kg/s
66

A área livre de passagem do ar é calculada pela equação (47) resultando Alivre =


0,183746021m²

Para o lado da água e por meio da equação (43) o cálculo da vazão da água
(ṁ) é igual a 0,546448087 kg/s e os demais resultados estão apresentados abaixo.
Pela equação (67) obteve-se V = 8,70 m/s
Pela equação (71) obteve-se G = 161,04 kg/m2 s
Por meio da equação (64) Re = 2802,73
Utilizando-se a equação (53) obtém-se o valor da área transversal interna de um
tubo Ai1t que é igual a 6,52553E-05 x 10-5 m²
Com a equação (69) calcula-se f. O resultado é f = 0,040391707.

Em seguida, por meio da equação (68) calcula-se o número de Nusselt obtendo-se


Nu = 11,69289294.

O diâmetro hidráulico é calculado por meio da equação (40) resultando em


0,005325659 x 10-3

E com o valor de Nusselt, o diâmetro hidráulico e a condutividade térmica da água


pode-se calcular o coeficiente de troca de calor pela equação (63) resultando em h =
1477,62 W/m2K.

Cálculos adicionais necessários foram obtidos conforme abaixo:


Pela equação (84), a resistência térmica da parede Rw = 1,8286 x 10-6 m.K/W.
Pela tabela 2 adequada ao tipo de aleta do caso, tem-se:
Lc = (Ptt – et + ea) / 2 e, portanto seu valor é Lc = 0,0054282 m e m = 0,774076439.
E multiplicando-se os valores acima (Lc x m) = 0,004201842 m
E a quantidade de tubos foi de 26.
Por meio da equação (54) é calculada a área de troca de calor do lado da água Ai =
2,16 x 10-2 m²
Pela equação (52) calcula-se a área total de troca de calor At = = 0,126262944 m²

O coeficiente global de calor (U) foi calculado pela equação (9), obtendo-se:
U = 62,05 W/m²K
67

A profundidade do radiador (Lr) para todas as Matrizes é de 0,021 m.


A relação da área total sobre a área frontal (At/Afr) é dada por α (área de troca de
calor por volume) vezes Lr.
At/Afr = 15,771.

A diferença média logarítmica de temperatura ΔTml é dada pela equação (33)


corrigida por um fator dado pela figura 13 e resulta em 49,59 °C.

O fluxo de calor (q) é calculado pela equação (24) e fornece q = 4,99 x 104 W.

“O fluxo de calor baseado na área frontal é dado pela equação (80) e fornece q” =
2,75 x 105 W.

A área frontal Afr dada por q / qmáx é igual a 0,2224078 m²

A queda de pressão, calculada pela equação (82) fornece Δp = 111,09 Pa.

3.4 Matriz 9.1 – 0.737 S (Tubos achatados alternados)

E finalmente, com as informações obtidas de Kays e London (1984, p.271) um


valor de Reynolds adotado de 3000 para efeitos de cálculo os resultados para o ar
são apresentados abaixo:

Da tabela 8: f = 0,02 e St.Pr2/3 = 0,006


St do ar = 0,0076
Por meio da equação (58) obteve-se:
Gar = 13,77 kg/m2 s
Por meio da equação (62) obteve-se har = 105,5013434 W/m²K
Pela equação (12) f = 0,999972748

E pela equação (11) o = 0,999978


A vazão do ar é calculada pela equação (57) e resulta em ṁ = 2,957713273 kg/s
A área livre de passagem do ar é calculada pela equação (47) resultando Alivre =
0,214855648 m²
68

Para o lado da água e por meio da equação (43) o cálculo da vazão da água
(ṁ) é igual a 0,546448087 kg/s e os demais resultados estão apresentados abaixo.
Pela equação (67) obteve-se V = 8,70 m/s
Pela equação (71) obteve-se G = 149,54 kg/m2 s
Por meio da equação (64) Re = 2602,54
Utilizando-se a equação (53) obtém-se o valor da área transversal interna de um
tubo Ai1t que é igual a 6,52553E-05 x 10-5 m²
Com a equação (69) calcula-se f. O resultado é f = 0,041359268

Em seguida, por meio da equação (68) calcula-se o número de Nusselt, Nu =


10,60204922

O diâmetro hidráulico é calculado por meio da equação (40) resultando em


0,005325659 x 10-3

E com o valor de Nusselt, o diâmetro hidráulico e a condutividade térmica da água


pode-se calcular o coeficiente de troca de calor pela equação (63) resultando em h =
1339,77 W/m2K.

Cálculos adicionais necessários foram obtidos conforme abaixo:


Pela equação (84), a resistência térmica da parede Rw = 1,8286 x 10-6 m.K/W
Pela tabela 2, adequada ao tipo de aleta do caso, tem-se:
Lc = (Ptt – et + ea) / 2 e portanto seu valor é Lc = 0,006876 m e m = 0,876728376
E multiplicando-se os valores acima (Lc x m) = 0,006028384 m
E a quantidade de tubos foi de 28.
Por meio da equação (54) é calculada a área de troca de calor do lado da água Ai =
2,16 x 10-2 m²
Pela equação (52) calcula-se a área total de troca de calor At = 0,1427478 m²

O coeficiente global de calor (U) foi calculado pela equação (9), obtendo-se:
U = 69,39 W/m²K

A profundidade do radiador (Lr) para todas as Matrizes é de 0,021 m.


69

A relação da área total sobre a área frontal (At/Afr) é dada por α (área de troca de
calor por volume) vezes Lr.
At/Afr = 15,435.

A diferença média logarítmica de temperatura ΔTml é dada pela equação (33)


corrigida por um fator dado pela figura 13 e resulta em 46,73 °C.

O fluxo de calor (q) é calculado pela equação (24) e fornece q = 5,46 x 104 W.

“O fluxo de calor baseado na área frontal é dado pela equação (80) e fornece q” =
3,01 x 105 W.

A área frontal Afr dada por q / qmáx é igual a 0,2434106 m²

A queda de pressão, calculada pela equação (82) fornece Δp = 71,15 Pa.

A diferença de temperatura do ar não foi igual à especificada originalmente


para o processo, então o procedimento foi repetido até a convergência, conforme
abaixo:
A temperatura inicial do ar considerada foi de 30°C e a entalpia do ar na
temperatura inicial é obtida pelo programa “Computer Aided Thermodynamic Tables
3” encontrado no site https://drive.google.com/file/d/0B-
jQTQiLRcQ6NFBTQ3YyLUtYRjQ/edit?pref=2&pli=1 – acesso em 05 de maio de
2016 e vale 303,6°C, para todas as Matrizes.

Matriz 8.0 – 3/8 T

Passo 1
A variação de temperatura dada pela de entalpia do ar pode ser calculada por meio
da equação (81) e fornece 13,97363234 (kJ/kg.K).
A entalpia do ar na nova temperatura é igual à soma da entalpia anterior com a
variação e fornece 316,7597932 kJ/kg.
Com esse valor volta-se ao programa e calcula-se, reversamente, a nova
temperatura que no caso é igual a 43,1°C
70

Passo 2
A variação de temperatura dada pela de entalpia do ar pode ser calculada por meio
da equação (81) e fornece 14,0780536 (kJ/kg.K).
A entalpia do ar na nova temperatura é igual à soma da entalpia anterior com a
variação e fornece 317,6780536 kJ/kg.
Com esse valor volta-se ao programa e calcula-se reversamente a nova temperatura
que no caso é igual a 43,9°C

Passo 3
A variação de temperatura dada pela de entalpia do ar pode ser calculada por meio
da equação (81) e fornece 13,97363234 (kJ/kg.K).
A entalpia do ar na nova temperatura é igual à soma da entalpia anterior com a
variação e fornece 317,5736323 kJ/kg.
Com esse valor volta-se ao programa e calcula-se reversamente a nova temperatura
que no caso é igual a 43,9°C

Passo 4
A variação de temperatura dada pela de entalpia do ar pode ser calculada por meio
da equação (81) e fornece 13,97363234 (kJ/kg.K).
A entalpia do ar na nova temperatura é igual à soma da entalpia anterior com a
variação e fornece 317,5736323 kJ/kg.
Com esse valor volta-se ao programa e calcula-se reversamente a nova temperatura
que no caso é igual a 43,9°C

Portanto, a temperatura convergiu e é o resultado final. O mesmo processo foi


aplicado nas outras matrizes.

Na tabela 9 é apresentado um resumo das temperaturas finais calculadas


para cada matriz e as respectivas diferenças de temperatura. Em seguida, as
diferenças médias logarítmicas devidamente corrigidas.
71

Tabela 9 - Temperaturas finais calculadas

AR
Te Ts ΔT
8.0-3/8T 30 43,9 13,9
9.68-0.87 30 46,8 16,8
9.1-0.737-S 30 51,6 21,6
Fonte: autor

Com as temperaturas acima, as diferenças médias logarítmicas são recalculadas


conforme abaixo:

Matriz 8.0 – 3/8T


ΔT1 = 54,1 ΔT2 = 50,0 ΔTml = 52,02

Matriz 9.68 – 0.87


ΔT1 = 51,2 ΔT2 = 50,0 ΔTml = 50,60

Matriz 9.1 – 0.737 S


ΔT1 = 46,4 ΔT1 = 50,0 ΔTml = 48,18

E utilizando-se a Figura 13 para a correção das temperaturas têm-se as


diferenças médias logarítmicas das temperaturas ajustadas, conforme a abaixo:

Matriz 8.0 – 3/8T


F = 0,98
ΔTml* = 50,98

Matriz 9.68 – 0.87


F = 0,98
ΔTml* = 49,59

Matriz 9.1 – 0.737 S


F = 0,97
ΔTml* = 46,73
72

4 CONCLUSÕES E SUGESTÕES

Foi feito um estudo de projeto térmico e hidráulico de radiador veicular dando


ênfase à análise do arranjo de tubos (matriz de troca de calor). As dimensões iniciais
foram baseadas em dados de um radiador existente comercialmente.
Adotando-se uma matriz de tubos disponível na literatura e seguindo-se um
roteiro foram realizados cálculos obtendo-se o coeficiente de convecção do lado do
ar e a eficiência global da matriz aletada. Utilizando-se da correlação de Nusselt foi
calculado o coeficiente de troca de calor do lado da água. Foi calculado o coeficiente
global de transferência de calor. Obteve-se a diferença de temperatura do ar a partir
da variação de entalpia, e alguns cálculos foram repetidos até que se chegasse a
uma convergência de temperatura.
Com os resultados chega-se na distribuição dos tubos e aletas de um
radiador, por meio da configuração de maior troca de calor com formato de tubos
achatados intercalados e aletas em placas continuas.
Devido à maior seção livre nos tubos redondos e ovais, existe uma maior
velocidade do fluxo no interior desses tubos, em relação aos tubos chatos, e por
consequência uma menor transferência de calor.
Numa simulação teórica pode-se observar que ao diminuirmos o número de
tubos consegue-se um resultado melhor, porém verifica-se que a partir de um
determinado número o valor de Reynolds assume uma característica exponencial,
tornando o processo inviável.
Assim, como sugestão, a análise e estudo da quantidade de tubos deve ser
feita para que se determine a quantidade ótima, sabendo-se que é possível
considerar que uma diminuição dessa quantidade pode apresentar um resultado
melhor tanto no aspecto de troca de calor quanto no de custo, porém deve existir um
limite.
73

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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New York, 2003, p 1480

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2013. 999 p.

FRAAS, A.P. Heat Exchanger Design. New York: 2 ed. John Wiley and Sons, 1989.
547 p.

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de simulação numérica. 2008. 97 f. Dissertação de mestrado em Térmica e
Fluidos. Faculdade de Engenharia Mecânica. Escola de Engenharia de São Carlos.
São Carlos. Disponível em <www.teses.usp.br/teses/Dissertacao> acesso em janeiro
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McGraw-Hill, 1988. 917 p.

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KAKAÇ S. LIU K.; Heat Exchangers. Selection, Rating and Thermal Design. Boca
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KAYS, W. M.; LONDON, A. L. Compact Heat Exchangers. New York: 3 ed.


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http://www.industriahoje.com.br/radiador-automotivo. Acesso em 06 de janeiro de
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74

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Guanabara. 1990. 661p

PENIDO, P. F. Motores de combustão interna. Belo Horizonte: 1 ed. Ed. Lemi.


1983. 695 p.

PULKRABEK, W. W. Engineering Fundamentals of the Internal Combustion


Engine. New Jersey: 2 ed. Prentice Hall, 2003. 411 p.

RADIADORES VISCONDE. Catalogo eletrônico. Disponível em


http://www.radiadoresvisconde.com.br/produtos.html. Acesso em 07 de janeiro de
2016. Ultima atualização 31 de março de 2016.

REVISTA MECANICA ON LINE. Inovação completa é a marca do novo Uno.2010.


Edição 125.Disponível em
http://www.mecanicaonline.com.br/rodando/2010/05+maio/01+fiat+novo+uno/fiat+no
vo+uno.html; Acesso em 24 de fevereiro de 2016.

SHAH, R.K., SEKULIC, D.P. Heat Exchanger Design. New York: John Wiley and
Sons, 2003. 941 p.

THE ENGINEERING TOOL BOX. Ethylene Glycol Heat-Transfer Fluid. Disponível


em <http://www.engineeringtoolbox.com/ethylene-glycol-d_146.html> acesso em 24
de fevereiro 2016.

TUBULAR EXCHANGERS MANUFACTURERS ASSOCIATION. 1999. Standards


of Tubular Exchangers Manufacturers Association. 8ª Ed. New York. 294 p.
APÊNDICE

Planilhas utilizadas para os cálculos.


AR UNIDADES
Superfície 8.0-3/8T 9.68-0.87 9.1-0.737-S
Reynolds ar (estimado) 3000
G ar = μ*Re/4rh 15,94 16,10 13,77 kg/m^2 s
St ar = j/Pr^(2/3) 0,0086 0,0051 0,0076
h ar 138,4647036 82,24235942 105,5013434 W/m^2K
η = tanh (Lc*m) / Lc*m 0,999972748 0,999972748 0,999972748
η global = 1-(Af/At)(1-η) 0,999975 0,999978 0,999978

ÁGUA
Superfície 8.0-3/8T 9.68-0.87 9.1-0.737-S
0,546448087 kg/s
velocidade V 22,39 8,70 8,70 m/s
G 173,92 161,04 149,54 kg/m^2 s
Re = G*Dh/μ 3228,25 2802,73 2602,54
f = (0,79*ln (Re)-1,64)^-2 0,038638034 0,040391707 0,041359268
f/8 0,004829754 0,005048963 0,005169908
Nu = (f/8)(Re-1000)*Pr /
1+12,7*(f/8)^0,5 * (Pr^2/3 - 1 ) ) 13,92547938 11,69289294 10,60204922
h 1649,97 1477,62 1339,77 W/m^2K
Re estimado

CALCULOS ADICIONAIS
SUPERFÍCIES 8.0-3/8T 9.68-0.87 9.1-0.737-S
Rw = L/k = et/k Al 1,8286E-06 1,8286E-06 1,8286E-06
Ai = 2*b[(aet - bet) + π * bet] 7,11E-03 2,16E-02 2,16E-02
At = Area total de troca de calor = σ x area frontal do radiador0,096735168 0,126262944 0,1427478
U 64,66 62,05 69,39
Lr 0,021
At/Afr = alfa*Lr 12,327 15,771 15,435
ΔT lm 50,98 50,98 50,98
q - fluxo de calor baseado na area frontal = U*alfa*lr*dtml 4,06E+04 4,99E+04 5,46E+04
q'' = q/Afr 2,24E+05 2,75E+05 3,01E+05
variação de entalpia do ar = q'' / (G* Cp) 13,97363234 16,99068498 21,743486
Afr = q/q'' 0,1811520 0,2224078 0,2434106
Δp (Pa) 64,12 38,51 34,41
1
 1 A 
Uo    Rw  t 
o ho hi Ai 

q ponto do motor 41400


Radiador - dimensões em metros

largura 0,48
comprimento 0,3774
profundidade 0,021
area frontal 0,181152

SUPERFICIE 8.0-3/8T 9.68-0.87 9.1-0.737-S


Dh agua 5,68E-03 0,005325659 0,005325659
Dext tubo 6,00E-03
Densidade de aleta 315 381 358
Dh ar (4rh) 3,63E-03 3,60E-03 4,21E-03
espessura das aletas ea 3,30E-04 1,02E-04 1,02E-04
σ (sigma) area livre/area frontal 0,534 0,697 0,788
α (alfa) area de troca de calor/volume 587 751 735
area aletada/area total 0,913 0,795 0,813
Passo transversal dos tubos Ptt 0,01 0,0110744 0,01397
espessura dos tubos et 0,00032 0,00032 0,00032
Passo longitudinal dos tubos Plt 0,0127 0,026924 0,020066
f 0,024 0,014 0,02
j 0,0068 0,004 0,006
Ai1t 2,53388E-05 6,52553E-05 6,52553E-05
Perimetro 0,049012 0,049012
Diâmetro hidráulico 0,00568 0,005325659 0,005325659
2 * (ait - bit)*b+ pi * bit * b = A i 1 t

CALCULOS
Lc = (ptt-et+ea)/2 0,005005 0,0054282 0,006876
m= raiz(2h/k*ea) 1,806602023 0,774076439 0,876728376
Lc*mf 0,009042043 0,004201842 0,006028384
Quantidade de tubos 62 26 28

aet (maior dimensao externa do tubo) 0,022098


bet (menor dimensao externa do tubo) 0,003048
ait (maior dimensao interna do tubo) 0,021778
bit (menor dimensao interna do tubo) 0,002728
a = ntt*Ptt 0,62 0,2879344 0,39116
b = Alivre/a 0,299248276 0,527995121 0,353470673
A livre = mponto do ar / G ar 0,185533931 0,152027958 0,138263588
m ponto do ar 2,957713273 2,447155625 1,903343264
Ar
Água 8.0-3/8T 9.68-0.87 9.1-0.737-S
Te 98 30 30 30
Ts 80 43,9 46,8 51,6
43,9 46,8 51,6
ΔT 18 13,9 16,8 21,6
Calculo ΔTml
8.0-3/8T 9.68-0.87 9.1-0.737-S
ΔT1 54,1 51,2 46,4
ΔT2 50 50 50
ΔTml 52,02 50,60 48,18
fator de correção
8.0-3/8T 9.68-0.87 9.1-0.737-S
R 1,3 1,1 0,9
P 0,3 0,3 0,4
F 0,98 0,98 0,97
ΔTml* 50,98 49,59 46,73

Passo 1

8.0-3/8T 9.68-0.87 9.1-0.737-S


T_inicial do ar 30
Entalpia do ar a T_inicial 303,6
Variação de entalpia calculada 13,15979317 16,00112946 20,47712253
Entalpia do ar ao novo T_final 316,7597932 319,6011295 324,0771225
T correspondente (novo T_final) 43,1 45,88 50,36
Passo 2

8.0-3/8T 9.68-0.87 9.1-0.737-S


T_inicial do ar 30
Entalpia do ar a T_inicial 303,6
Variação de entalpia calculada 14,0780536 17,11765188 21,90596956
Entalpia do ar ao novo T_final 317,6780536 320,7176519 325,5059696
T correspondente (novo T_final) 43,9 46,97 51,75
Passo 3

8.0-3/8T 9.68-0.87 9.1-0.737-S


T_inicial do ar 30
Entalpia do ar a T_inicial 303,6
Variação de entalpia calculada 13,97363234 16,99068498 21,74348623
Entalpia do ar ao novo T_final 317,5736323 320,590685 325,3434862
T correspondente (novo T_final) 43,9 46,8 51,6
Passo 4 (convergiu!)

8.0-3/8T 9.68-0.87 9.1-0.737-S


T_inicial do ar 30
Entalpia do ar a T_inicial 303,6
Variação de entalpia calculada 13,97363234 16,99068498 21,74348623
Entalpia do ar ao novo T_final 317,5736323 320,590685 325,3434862
T correspondente (novo T_final) 43,9 46,8 51,6
Água Ar
Temperatura média considerada 90 Temperatura média considerada 40
ρ 963 ρ 1,1
μ 3,06E-04 μ 1,93E-05
Cp 4209 Cp 1007
k 0,673 k 2,80E-02
Pr 1,91 Pr 0,7
Pr^2/3 1,54 Pr^2/3 0,79

Material do radiador
k 175

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