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Renascimento Prof.

Gabriel Leopoldino

• Tem início aproximadamente no século XIV.


• O crescimento dos burgos (a partir das feiras medievais que perderam o caráter temporário e se transformaram nas
cidades mercantis) e a formação do pré–capitalismo, a burguesia (classe social ascendente) almejava um
comportamento similar à nobreza e investia seus bens em palácios, catedrais, estátuas, telas, afrescos etc.
• A Itália era o centro do comércio no Mediterrâneo. Possuía uma economia rica e dinâmica; a burguesia patrocinava
os artistas e pensadores que expressavam valores semelhantes aos seus, como o racionalismo e o humanismo.
• O Renascimento se espalhou por toda a Europa, assumindo características próprias em cada região.
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• Os artistas e pensadores queriam uma visão de mundo livre dos dogmas da igreja; deixavam de lado as
atitudes religiosas e focavam seus estudos na natureza e no homem. Opunham-se então ao
misticismo e ao teocentrismo, dentre outras formas de pensamento medievais, e passavam a expressar-
se através da razão e do pensamento lógico. Foi então que surgiram correntes de pensamento como o
Racionalismo (almejo do domínio completo da natureza através da matemática, dos cálculos; a convicção
de tudo se poderia explicar pela razão e pela ciência); o Naturalismo (exaltação da natureza e de seus
elementos, sendo o homem o elemento principal); Antropocentrismo e Heliocentrismo (o homem e o Sol
como centro do Universo); o Humanismo (preocupação com a reforma educacional através da Poesia, da
Filosofia, da História, da Matemática etc.)
• Destacaram-se Dante Alighieri, Francesco Petrarca, Giovanni Boccaccio, Maquiavel, Rabelais, Montaigne,
Thomas Morus, Francis Bacon, William Shakespeare, Miguel de Cervantes, Camões, entre outros).

• Outros fatos históricos que marcaram esse período foram: o término da Guerra dos Cem Anos (1453); a
formação das monarquias nacionais; o enfraquecimento da Igreja; a legalização da cobrança de juros;
o surgimento do Protestantismo; o surgimento da Tipografia; a expansão comercial e marítima
(descobrimento da América); o repúdio à Idade Medieval (considerada Idade das Trevas); o investimento
em conhecimentos científicos (onde se destacaram intelectuais como Galileu, Pomponazzi, Copérnico,
Leonardo da Vinci, Kepler etc);a invenção da perspectiva exata por Felipo Brunelleschi (1420); a
formulação dos primeiros decretos para preservação de edificações antigas;

La cittá ideale”, Luciano Laurana (1479), Galleria Nazionale delle Marche, Urbino.
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O Homem Vitruviano Monalisa


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“A criação de Adão”, Michelangelo (1511), Capela Sistina, Vaticano.


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Davi

Pietá
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O Nascimento de Vênus (Sandro Botticelli)


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O Renascimento teve como marcos iniciais os


concursos para a execução da cúpula da Catedral
de Santa Maria Del Fiori que foi feita por
Brunelleschi em 1419 e das portas do Batistério de
San Giovanni executadas por Ghiberti, ambos em
Florença, na Itália.

Renascimento: “voltar a nascer”, voltar às


formas de arte da antiguidade romana e grega
como motivos de inspiração.
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Catedral Santa Maria del Fiore - Florença, Italia - Sua cúpula foi projetada por Filipo Brunelleschi, em 1420, e sua construção foi
ate 1436. Tem uma nave central e duas laterais
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Divisão Histórica do Renascimento:

QUATROCENTO: referente ao século XV. O Renascimento se espalha pela Itália e atinge seu auge. Teve como
características principais a inspiração greco–romana, o racionalismo e o experimentalismo. Foi a época de Leonardo
da Vinci, Rafael e Michelangelo.

• Felipo Brunelleschi – considerado o pai do renascimento florentino. Principais obras: Cúpula da Catedral de Santa
Maria Del Fiori, Capela Pazzi, Igreja de San Lorenzo, Palácio Pitti, Igreja do Santo Espírito, Hospital dos Inocentes;
• Michelozzo – discípulo de Brunelleschi, destacou-se na criação das residências urbanas de famílias abastadas
(palácios). Principal obra: Palácio Médici-Ricardi (de arquitetura colossal, monumental, com três pavimentos em torno
de um pátio central aberto; possui aberturas simetricamente dispostas nas fachadas cujos pavimentos recebem
tratamento diferenciado);
• Leoni Batista Alberti – estudioso da arquitetura, produziu um tratado acerca da arquitetura renascentista. Principais
obras: Palácio Rucellai (Florença), Igreja de S. Francesco (Rimini), Igreja de Santo Andréa (Mantova);

CINQUECENTO: refere ao século XVI quando o Renascimento já espalhou – se por toda a Europa e mostra o inicio de
sua decadência. Encontramos as primeiras manifestações maneiristas e a contra – reforma abre espaço para a
chegada do Barroco.

• Donato Bramante – autor da planta inicial da Basílica de S. Pedro (Vaticano); do ‘Tempietto’ ou S. Pedro (Montório):
igreja de planta circular peristilada; e da Igreja de Santa Maria delle Grazie (Milão);
• Michelangelo Buonarotti – autor de célebres esculturas: Moisés, David, la Pietá, também projetou o Campidoglio
(palácio urbano em Roma), o palácio Farnesse (Roma), a Capela Sistina (Vaticano); a biblioteca Laurenziana
(Florença);
• Andréa Palladio – também produziu um tratado acerca da arquitetura renascentista (os 4 livros de Palladio) e
projetou o Teatro e a ‘Villa Retonda’ (Vicenza);

Outra divisão comum entre os historiadores:

Primeiro Renascimento: de 1420 a 1500 (restrito à Itália);


Renascimento Tardio: de 1500 a 1600;
Barroco, Rococó e Neoclássico: de 1600 a 1900 (datas variam de país para país).
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Villa Rotonda (Itália) – Andréa Palladio - É a construção mais famosa de Andréa Paladio, com sua construção iniciada em 1566.
O projeto resume–se em um domo que se eleva acima de um cubo, com amplos terraços. Situado no centro de um imenso jardim
recebeu reconhecimento imediato pela perfeita harmonia com a paisagem ao redor.
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Brunelleschi projeta, juntamente com a grande cúpula, a Basílica de San Lorenzo. Com três naves e capelas laterais, possui colunas
de ordem corintia, arcos de volta perfeita e o teto com lajotas esculpidas. A fachada permaneceu inacabada, recebeu um projeto de
Michelangelo mas também não foi concluído. A igreja continua ate hoje sem fachada
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Basílica de São Pedro, Vaticano - Sua construção começou em 1506 e foi ate 1626. Foi desenhada por Donato Bramante e teve a
contribuição de muitos outros artistas do Renascimento como Michelangelo, Rafael e Bernini.
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Basílica de São Pedro, Vaticano


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Características Gerais:

• Utilização de cânones (simetria, equilíbrio, proporção e harmonia), das ordens (dórica,


jônica e coríntia) e dos modelos da Antiguidade Clássica (descoberta em 1412 e
publicação em 1521 do Tratado de Vitruvius (arquiteto e engenheiro romano, século I
a.C.) - 10 obras intituladas “De Architectura”);
• Utilização de colunas isoladas, adossadas e pilastras;
• Utilização de arcos plenos, arcadas, abóbadas e cúpulas;
• Utilização da ordem colossal (colunas que perfazem mais de um pavimento);
• Uso de cornijas e balaustradas no arremate superior da edificação;
• Interesse na ornamentação em detrimento da estrutura; uso de cores nas fachadas;
• Utilização de lanternas sobre as cúpulas e de lunetas sobre as abóbadas;
• Aspecto imponente e sólido (embasamentos altos procurando anular o pavimento
térreo);
• Nos palácios utilizam-se as plantas regulares, os pátios internos, as aberturas
simétricas e ritmadas nos pavimentos superiores.
• Paredes revestidas com placas de mármores, granitos ou outros tipos de pedras.
• Desenhos imaginados pelos arquitetos: tratados; deixa-se de ser necessário construir e
realizar as obras para exemplificar as ideias arquitetônicas.
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Tempietto (Roma) – Donato Bramante – O ‘Tempietto de San Pietro’


é uma capela construída em 1502 a pedido do Papa Júlio II; é o
marco da Arquitetura do Alto Renascimento;
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Arcos plenos, abóbada e cúpula Sant’Andrea


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Palácio Rucellai, Florença


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Pallazo Farnese (Roma, Itália) – Projetado originalmente por Antonio de Sangallo, começou a ser construído por volta de 1514. Em
1546, Sangallo morreu e o projeto foi terminado por Michelangelo Buonarotti.
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Igreja de Sta Maria della Pace (Roma) – D. Bramante Santa Maria della Pace é uma igreja perto da Praça Navona; foi iniciada
em 1482 por ordem do papa Sisto IV; seu primeiro arquiteto pensa-se ter sido Baccio Pontelli, autor da nave única com capelas
dos dois lados. No início do século XVI, Bramante construiu o claustro por encomenda do cardeal Oliviero Carafa — sua primeira
encomenda em Roma. Foi provavelmente autor também do domo octogonal.
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Palácio Chiericati (Vicenza, Itália) – Andrea Palladio


Praça Campidoglio. Roma, Itália
Preocupação estética com paginação de piso.
Praça Campidoglio. Florença, Itália
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A atividade urbanística na Europa durante o


século XV e XVI consiste, em grande parte, em
alterações no interior das velhas cidades que,
geralmente, modificam muito pouco a estrutura
geral.
A abertura de algumas ruas novas,
valorizando edifícios importantes e a criação de
novas praças, regulares ou quase regulares,
para comportar um monumento destacado serão
características do período que o Barroco dará
continuidade.
Na Europa, as mudanças territoriais criadas
durante a Idade Média são suficientes para a
sociedade renascentista e são modificadas
apenas parcialmente.
No resto do mundo ocidental, ao contrário,
os conquistadores e mercadores encontram um
enorme espaço vazio onde podem realizar
novos grandes programas de colonização e
urbanização.
Plano Regulador para Roma, 1585-1590.
Ilustração mostrando o núcleo medieval, as muralhas
Aurelianas, as vias traçadas no Renascimento e as vias
traçadas por Sixto V
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No final do século XV, a dinâmica


da civilização europeia muda
radicalmente. Antes de 1500, contatos
ultramarinos tinham uma importância
reduzida, mas com o desenvolvimento
da navegação marítima e o comércio
com as novas colônias ultramarinas
desenvolveram o comércio. A
descoberta de metais preciosos nas
Américas fortaleceu o colonialismo e no
século XVI tem início o período das
grandes viagens marítimas.
Portugal e Espanha inicialmente
saem na frente, logo seguidos por
Holanda, Inglaterra e França.
A perspectiva – permitiu ao homem
renascentista estudar em terceira
dimensão o espaço a ser construído.
O estudo das proporções –
simetria, associação das partes e uso
de módulos (figuras geométricas) que
se repetem na composição.
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No campo do urbanismo, houveram


alguns avanços ligados sobretudo às
aos avanços tecnológicos da época:
como proteção contra invasões,
utilizavam-se complexos sistemas de
fossos, rampas, baluartes e muralhas.
A forma da cidade renascentista é
muito condicionada pelas fortificações,
que assumem grande importância física
e visual.
Nesse período, são elaboradas as
cidades ideais, nas quais predominam o
traçado regular, a simetria e proporção
rígidas no traçado de vias e praças.
Apenas algumas poucas chegaram a
ser efetivamente construídas.
Tinham forma poligonal e o plano
enfatizava o ponto central (praça com a
zona comercial e a sede do novo poder
civil) de onde partem as ruas principais
alcançando as portas e baluartes; os
quarteirões são módulos repetidos.
Vitry le François, França
Philippeville, Bélgica
Philippeville, Bélgica
Rocroi, França
Rocroi, França
Palmanova (1593)
Palmanova (2009)
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PRINCÍPIOS DO URBANISMO RENASCENTISTA

● Arquitetura, urbanismo, teorias estéticas: desejo de ordem e disciplina geométrica. Contraste com a
irregularidade urbana medieval (crescimento orgânico).

● Forma da cidade subordinada à unidade e racionalidade.

● A forma radiocêntrica traduz a perfeição geométrica. Cidades ideais: radiais ligam as portas da cidade
ao seu centro praça – lugar dos edifícios públicos.

● Integração entre arquitetura e urbanismo. Arquitetura assume primeiro as novas ideias nas realizações.
Urbanismo se desenvolve mais em termos teóricos, desde a concepção das cidades ideais até os tratados
de arquitetura e desenho da cidade.

● Princípios aplicados na expansão das cidades conformadas na Idade Média e na fundação de novos
núcleos urbanos, com funções militares.

● Manifesta-se, com maior intensidade, em alguns campos específicos: construção de sistemas de


fortificação, modificação de zonas da cidade com a criação de espaços públicos ou praças e
arruamentos retilíneos, reestruturação de cidades pelo rasgamento de nova rede viária, construção de
novos bairros e expansões urbanas (quadrículas).
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A CIDADE DO RENASCIMENTO – ELEMENTOS MORFOLÓGICOS


A rua renascentista é um percurso retilíneo que mantém a função de acesso aos edifícios, mas será,
pela primeira vez, eixo de perspectiva, traço de união e de valorização entre elementos urbanos. A rua
deixa de ser apenas um percurso funcional – como na Idade Média –, para se tornar também um percurso
visual, decorativo, de aparato, próprio à deslocação por carruagem e organizador de efeitos cênicos e
estéticos.
A praça é entendida como um recinto ou lugar especial, e não apenas um vazio na estrutura urbana. É
o lugar público, onde se concentram os principais edifícios e monumentos. A praça adquire valor
funcional e político-social, e também o máximo valor simbólico e artístico.

Ville de Richelieu (França)


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A CIDADE DO RENASCIMENTO – ELEMENTOS MORFOLÓGICOS


A praça é entendida como um recinto ou lugar especial, e não apenas um vazio na estrutura urbana. É
o lugar público, onde se concentram os principais edifícios e monumentos. A praça adquire valor
funcional e político-social, e também o máximo valor simbólico e artístico.
Os princípios arquitetônicos renascentistas são aplicados às fachadas como obras pictóricas, na busca
do equilíbrio, desenhado através da simetria, proporção e ritmo. Aplicados sistematicamente a vários lotes,
estes princípios conferirão ao espaço urbano grande unidade, produzindo requintados e elegantes
conjuntos.
A escultura, o obelisco, a fonte, o arco do triunfo, serão utilizados como meio de embelezamento
urbano, por vezes unindo-se a uma necessidade utilitária – como a fonte e o chafariz -, ou apenas com
significações religiosas, sociais, políticas e culturais.

Monumento na Piazza Annunziata, Florença, Itália


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Referências:

BENÉVOLO, L. História da cidade. 4 ed. São Paulo: Perspectiva, 2005.

DUBY, G. História da vida privada 2: da Europa feudal à renascença. São


Paulo: Companhia das Letras, 1990.

GOITIA, Fernando Chueca. Breve História do Urbanismo. Lisboa: Editorial


Presença, 1996

HAROUEL, Jean Louis. História do Urbanismo. 2. ed. Campinas: Papirus,


1998.

MUMFORD, L. A cidade na História: suas origens, transformações e


perspectivas. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
REFERÊNCIAS

BENÉVOLO, L. História da cidade. 4 ed. São Paulo: Perspectiva, 2005.

CARVALHO, Benjamim de. A História da Arquitetura. Rio de Janeiro: Ed.


Tecnoprint, 1964. Edições de Ouro.

DUBY, G. História da vida privada 2: da Europa feudal à renascença. São


Paulo: Companhia das Letras, 1990.

HAROUEL, Jean Louis. História do Urbanismo. 2. ed. Campinas: Papirus,


1998.

LAMAS, J. R. G. Morfologia urbana e desenho da cidade. 3ed. Porto:


Fundação Calouste Gulbenkian / Fundação para a ciência e tecnologia, 2004.

MORRIS, A. E. J. Historia de la forma urbana: desde sus orígenes hasta la


Revolución Industrial. 6 ed. Barcelona: Gustavo Gili, 1998.

MUMFORD, L. A cidade na História: suas origens, transformações e


perspectivas. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

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