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07/01/2020 OFICINA DE RECICLAGEM: UMA SOLUÇÃO PARA O APROVEITAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NA ESCOLA

OFICINA DE RECICLAGEM: UMA SOLUÇÃO PARA O APROVEITAMENTO DOS RESÍDUOS


SÓLIDOS NA ESCOLA

Jaqueline Pereira de Oliveira1, Maria Pessoa da Silva2.

1Graduanda em Licenciatura Plena em Ciências Biológicas. Universidade Estadual do Piauí –


UESPI/Campus Heróis do Jenipapo. Email de contato: jackjatoba@gmail.com

2Professora Substituta UESPI/Campus Heróis do Jenipapo. Doutora em Desenvolvimento e Meio


Ambiente

Resumo

O presente trabalho além de contribuir para a preservação dos bens naturais, também
auxilia na mudança de consciência e perspectiva sobre o lixo, que deixa de ser algo sem valor na
comunidade escolar, e se tornar matéria-prima de novos produtos, que poderão ser utilizados.
Tendo em vista a grande quantidade de lixo produzido nas escolas, a reciclagem tornou-se uma
atitude cada vez mais discutida e trabalhada nas comunidades escolares. A realização deste
trabalho visou apresentar aos educandos o problema do lixo, bem como despertar em cada um,
uma visão ambientalista, voltada para a busca de alternativas que reduzam os índices de
poluição. Dessa forma, objetivou-se desenvolver uma postura crítica, consciente e atuante em
relação às questões ambientais, priorizando ações de reciclagem e, em especial, reutilização de
materiais. O trabalho desenvolvido foi dividido em três etapas, uma teórica, com a conversa sobre
o tema e uma prática, com oficinas de puffs reaproveitamento de Pneus e garrafas PET. Buscou-
se promover nos discentes um conhecimento mais aprofundado sobre o tema, sensibilizá-los
quanto ao consumismo exagerado de produtos que podem ser substituídos por outros
ecologicamente sustentáveis.

Palavras-chave: Educação Ambiental, PET, Pneu, reutilização.

INTRODUÇÃO

A coleta, tratamento e destinação final dos resíduos sólidos urbanos tornaram - se um dos
problemas ambientais mais graves dos tempos atuais para as administrações municipais no
Brasil (SILVA e JOIA, 2008). O lixo tem diversas formas de percepção para os indivíduos, dentre
elas a visão sociopolítica, pela qual a coleta, o transporte, o tratamento e a eliminação dos
resíduos sólidos são considerados limpeza pública, portanto, atribuição que cabe ao Poder
Público Municipal (PEREIRA, 1993).

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A partir de alguns anos as questões ambientais têm ganhado mais visibilidade e espaço,
como um fator de preocupação: os bens naturais finitos, indispensáveis à vida humana mostram
que estão se esgotando. O crescimento econômico e populacional gera quase automaticamente
o aumento da poluição e do consumo desses bens naturais. A conservação do meio ambiente e o
desenvolvimento sustentável deixam, com o passar do tempo, de serem simples e se tornam
urgente e de grande importância na existência de todos os seres vivos.

Um dos problemas mais discutidos é o destino do lixo produzido pela sociedade,


principalmente nos centros urbanos, onde a concentração maior de pessoas e o crescimento
populacional favorece grande quantidade de lixo nas cidades e dificuldades para encontrar locais
de descarte correto destes materiais. Essa situação facilita a proliferação de ratos e de vários
tipos de insetos que transmitem doenças e geram epidemias, prejudicando a saúde humana.
Além disso, alguns locais se transformam em lixões, poluindo o solo e a água, como também
geram um problema social. Dessa forma, a reciclagem destes materiais torna-se a maneira mais
rápida e prática diminuindo a emissão de dejetos no meio ambiente.

O presente trabalho além de contribuir para a preservação dos bens naturais, também
auxilia na mudança de consciência e perspectiva sobre o lixo, que deixa de ser algo sem valor na
comunidade escolar, e se tornar matéria-prima de novos produtos, que poderão ser utilizados na
vida acadêmica, pois a escola tem papel fundamental e importante no processo de transmitir e
influenciar na educação ambiental e social de sua clientela.

Uma das propostas de Educação Ambiental é construir no indivíduo e na coletividade uma


conscientização na mudança de atitude que valorize a preservação do ambiente. Adotar a
reciclagem mostra novos comportamentos diante do ambiente ao qual estão inseridos. Assim a
reciclagem ensina a população a não desperdiçar, a ver o lixo como algo que pode ser útil e não
como uma ameaça (SCARLATO; PONTIN, 1992).

Uma forma de contribuição e ampliação da prática da coleta seletiva é a implantação de


trabalhos de Educação Ambiental nas escolas, pois os alunos conscientes de seu papel
ambiental podem transmitir aos seus pais, irmãos, vizinhos, ou seja, todos os integrantes da
comunidade.

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) a perspectiva ambiental


consiste num modo de ver o mundo em que se valorizam as inter-relações e interdependência do
homem com a natureza (BRASIL, 2001). Em termos a Educação Ambiental, nessa perspectiva
contribui para evidenciar a necessidade de fortalecer atitudes corretas de relação com o meio
ambiente ampliando a integração da escola com os processos que ocorrem na sociedade e
apresenta uma nova dimensão a ser incorporada ao processo educacional, trazendo toda uma
recente discussão sobre as questões ambientais e as consequentes transformações de
conhecimentos, valores e atitudes diante de uma nova realidade a ser construída (GUIMARÃES,
1995).

A escola desempenha um papel importante na formação de cidadãos conscientes. Diante


disso, veio à necessidade de por em prática um dos aspectos da Educação Ambiental que é a

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formação de cidadãos responsáveis pela instauração de uma sociedade consciente de seu papel
ambiental de reduzir, reutilizar e reciclar o lixo. As atividades foram desenvolvidas na Escola
Municipal Raio da Esperança tendo como público alvo os alunos da 8ª e 9ª ano do Ensino
Fundamental da rede publica de ensino.

O meio ambiente depende da relação existente entre homem e natureza. Os seres


humanos vivem em sociedade e, suas diferentes atividades, relacionam-se com o meio ambiente.
Cada sociedade tem um modo próprio de deixar marcas no meio ambiente, que são o resultado
de suas práticas econômicas, políticas e religiosas. E, dentro de cada sociedade, os diferentes
grupos também têm suas particularidades nessa relação com o ambiente (VIANNA et al, 1992).

Segundo Knechtel (2001), o futuro é mais do que nunca um desafio, pois o modelo
capitalista estimula o consumo crescente e irresponsável condenando a vida na terra a uma
rápida destruição, se não houver a opção por um mundo sustentável.

Os rápidos avanços tecnológicos possibilitaram exploração dos bens naturais pondo em


risco a sua existência, por isso é necessário saber mais sobre os limites da renovação de
materiais descartados sem que sejam reaproveitados. E, devido aos efeitos negativos causados
pelo modelo econômico capitalista, surgiram manifestações e movimentos que discutem sobre o
perigo que humanidade corre ao afetar de forma tão violenta o seu meio ambiente (BRASIL,
2001).

Diante deste problema ambiental, a sociedade atual está sendo questionada, surgindo à
necessidade de busca de novos valores e atitudes no relacionamento com o meio em que
vivemos. Hoje, esta realidade está sendo questionada na Educação Ambiental formal com os
PCNs (BRASIL, 2001), enfatizando a urgência da implantação de um trabalho de Educação
Ambiental, que não deve se preocupar em transmitir conhecimentos científicos, mas sim em
produzir conhecimentos a partir de experiências direta do dia-a-dia do aluno. A aprendizagem é
mais efetiva quando o ensino está relacionado com a realidade do aluno.

A abordagem interdisciplinar da problemática ambiental impõe a contribuição conjunta de


profissionais de diversos campos disciplinares. Essa perspectiva interdisciplinar defendida pelos
educadores ambientais tem o objetivo de superar a fragmentação do conhecimento para a melhor
compreensão globalizada do ambiente (GUIMARÃES, 1995).

As oficinas tiveram o objetivo de desenvolver uma postura crítica, consciente e atuante em


relação às questões ambientais, priorizando ações de reciclagem e, em especial, reutilização de
materiais. A realização de oficinas de reciclagem e reutilização do lixo é uma prática que permite
a participação dos alunos em todo o processo de aproveitamento do lixo. Dessa forma, a
aprendizagem é mais efetiva, pois o conhecimento é construído a partir de sua realidade (DIAS,
1994).

A escola é o elemento fundamental na constituição da cidadania, ou seja, deve voltar-se


para os valores e os problemas da comunidade, e a partir desses valores construírem uma
consciência crítica sobre a própria situação do local (ARAÚJO, 1997).

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Segundo Bailão (2001), lixo é todo resíduo que não presta mais para ninguém: é sujeira,
não cheira bem e não serve para nada além de poluir o meio ambiente e adoecer as pessoas,
atraindo insetos e bichos. O lixo é uma questão local, pois cada cidade tem seu lixo com uma
composição diferente. A questão dos resíduos é também cultural e, portanto, varia de acordo com
cada forma de pensar e agir de cada comunidade.

A Educação Ambiental deve ser abordada com interdisciplinaridade, envolvendo todos a


sua volta. A coleta seletiva tem importância fundamental, pois viabiliza e facilita a reciclagem. É
importante falar que a prática da coleta seletiva só se torna possível com a participação da
comunidade, que tem que estar consciente do seu papel ambiental de separar o lixo. A
separação dos resíduos pode ocorrer tanto na fonte geradora (residência, escolas) quanto nas
estações de coleta seletiva e reciclagem ou outros espaços (BAILÃO, 2001). Quanto mais limpo
os resíduos, mais valiosos são, pois a indústria exige o material limpo e separado para que possa
ser transformado novamente em algo útil. Por isso a grande importância de se buscar o material
na sua fonte geradora: residências e empresas.

A coleta seletiva é o processo de separação e recolhimento dos resíduos del acordo com a
sua constituição para a posterior reutilização ou reciclagem (BAILÃO, 2001). Neste contexto,
surgiu a necessidade de ampliar a prática da reciclagem do lixo e principalmente da Educação
Ambiental na escola vinculando o educando com os problemas da comunidade e com valores e
atitudes voltados para a conservação do meio ambiente.

LOGÍSTICA REVERSA

A logística reversa tem por objetivo a gestão e a distribuição do material descartado


tornando possível o retorno de recursos ou materiais constituintes ao ciclo produtivo agregando
valor econômico, ecológico, legal e de localização ao negócio. Onde se foi regida pela a Lei
Federal nº 12.305/2010 – Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS) regulamentada pelo
Decreto Nº. 7.404, de 23 de dezembro de 2010 a qual dispõe sobre os princípios, objetivos e
instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de
resíduos sólidos, incluída os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e
aos instrumentos econômicos aplicáveis (BRASIL, 2010).

Segundo o inciso XII do artigo 3º da Lei 12.305/2010 conceitua a logística reversa como:

[...] instrumento de desenvolvimento econômico e


social caracterizado por um conjunto de ações,
procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta
e a restituição dos resíduos sólidos ao setor
empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou
em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final
ambientalmente adequada.

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O artigo 30 da Lei 12.305/2010 informa que

[...] a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida


dos produtos, a ser implementada de forma
individualizada e encadeada, abrangendo os
fabricantes, importadores, distribuidores e
comerciantes, os consumidores e os titulares dos
serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de
resíduos sólidos.

De acordo com o artigo 33 da Lei 12.305/2010 são obrigados a estruturar e implementar


sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de
forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, os
fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de:
I – agrotóxicos;
II - pilhas e baterias;
III - pneus;
IV - óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;
V - lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista;
VI - produtos eletroeletrônicos e seus componentes.
§ 1º Na forma do disposto em regulamento ou em acordos setoriais e termos de compromisso
firmados entre o poder público e o setor empresarial, os sistemas previstos no caput serão
estendidos a produtos comercializados em embalagens plásticas, metálicas ou de vidro, e aos
demais produtos e embalagens, considerando, prioritariamente, o grau e a extensão do impacto à
saúde pública e ao meio ambiente dos resíduos gerados.

A partir da oficina de puffs a escola também contribuiu com a reutilização e redução


destes residos principalmente com pneus que tem um período de durabilidade prolongado.

GARRAFAS PET

As garrafas PET são de grande utilidade no setor comercial o PET é um dos plásticos mais
questionados pelos movimentos ambientalistas, sendo considerado o grande “vilão” dos resíduos
sólidos porque obstrui galerias, rios e córregos, prejudicando o sistema de drenagem das águas
das chuvas e agravando as consequências de enchentes (DIAS; TEODOSIO, 2006).

O grande consumo de garrafas PET e a necessidade de reduzir cada vez mais vieram à
vontade de promover nos ambientes escolares medidas que fossem capazes de diminuir os
possíveis danos causados pelas mesmas utilizando-as em oficinas puffs.

O CEMPRE (2005) contabilizou que somente as regiões metropolitanas do Brasil com 15


milhões de domicílios e 50 milhões de pessoas, consumiram em 2004, 6 bilhões de embalagens

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PET. Para esta instituição, o correto equacionamento da logística reversa das embalagens é que
vai viabilizar a reciclagem de diversos materiais, inclusive o PET. Como se sabe, a degradação do
resíduo plástico abandonado é extremamente lenta, podendo levar décadas ou mesmo séculos
(GORNI, 2004).

METODOLOGIA

A sociedade está apoiada em atividades industrializadas. Atividades estas que nos dão
empregos, lucros e produtos que nos proporcionam muitas vezes, uma vida de certa forma
confortável. Muito embora saibam que à medida que avançamos em termos de desenvolvimento
tecnológico e científico, poluímos mais o ar, usamos mais energia, jogamos fora mais lixo e
exploramos indiscriminadamente os recursos não renováveis. A metodologia adotada está de
acordo com os pressupostos da pesquisa qualitativa e foi dividida em três etapas, inicialmente
foram realizados levantamentos com livros do acervo particular de bibliotecas e sites acadêmicos
disponibilizados na internet, foram utilizadas também artigos, teses, monografias e revistas para o
uso do lixo como matéria prima para reciclagem, em seguida uma conversa com alunos a
respeito do descarte e reutilização destes materiais, além da realização de oficinas de utilizando
de materiais descartados e jogados no lixo.

A estratégia adotada para a realização deste trabalho foi de Educação Ambiental com
oficinas de reciclagem que foram realizadas na Escola Municipal Raio da Esperança (Figura 1)
localizada na Rua Bento Carvalho S/N Bairro de Flores pertencente à rede pública, tendo como
público alvo os alunos da 8ª e 9ª ano totalizando 40 alunos do Ensino Fundamental.

Figura 1: Mapa do Brasil com a localização da Escola Municipal Raio da Esperança, Campo
Maior, Piauí, Brasil (A); área externa e interna da escola (B – C).

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Fonte: IBGE (2008) adaptado por Silva A.P.S.(2016).

As atividades na escola foram desenvolvidas no horário das aulas extraclasse. Onde foram
realizadas as oficinas de reutilização de garrafas plásticas PET e de pneus para a confecção de
puffs.

Durante as oficinas distribuídas em três momentos que foram chamados de etapas onde
dois foram oficinas, os alunos aprenderam que os objetos descartados diariamente poderiam ser
reutilizados e reciclados. Os alunos confeccionaram puffs, que serviram de decoração para a
escola onde foram destinados à sala de educação especial, tornando o ambiente mais alegre e
aconchegante. Com a oficina, os alunos poderão refazer os objetos a partir de garrafas pets e
pneus velhos influenciando o uso de material reciclável.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

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A grande quantidade de resíduos sólidos que poderiam ser reaproveitados e reciclados é


inutilizada na forma de lixo, implicando perda ambiental devido ao potencial poluidor desses
resíduos que comprometem a qualidade do ar, do solo e das águas superficiais e subterrâneas
(AZEVEDO, 1996). É oportuno ressalta que a palavra “lixo” refere-se a todo resíduo humano que
não pode ser reciclado ou reutilizado, já resíduo sólido é o produto oriundo de atividades
humanas que pode ser transformado e agregado novo valor de mercado (GRIMBERG; BLAUTH,
1998; MANDARINO, 2000; PEREIRA, 2009).

Promover a Educação ambiental aos participantes inseridos no ambiente escolar para


possam transmitir e multiplicar e juntos sejamos possível restaurar os nossos bens naturais que
estão acabando levantando e dissipando possíveis soluções ambientais foi de extrema
importância. Mostrar que por meio de atividades simples como coleta seletiva, além de contribuir
significativamente para a sustentabilidade, vem incorporando gradativamente um perfil de
inclusão social e geração de renda para os setores mais carentes e excluídos do acesso aos
mercados formais de trabalho (SINGER, 2002).

1ª Etapa

Discutir Educação Ambiental, ou seja, educar-se ambientalmente é um processo lento.


Requer mudanças de hábitos, de pensamentos, de atitudes e de relações com os que estão ao
nosso redor. Esse é o maior desafio com os jovens, pois muitos deles chegam imaturos à oficina
e, às vezes, sem conhecimentos básicos de cuidados e de preservação à vida, de cuidados
consigo mesmo e de cuidados com os ambientes onde estão inseridos. Essa falta de olhar para si
e para aquilo ou aqueles que nos rodeiam é uma grande falha da educação.

Na primeira etapa foi realizada uma conversa com os alunos sobre a importância de
materiais reutilizáveis e recicláveis (figura 2), onde foram apresentadas as propostas das oficinas
e deixado um ponto de coleta com a finalidade de arrecadar materiais para a realização das
mesmas.

Figura 2: Conversa com alunos do 8ª e 9ª ano do ensino fundamental (D – E).

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Fonte: SILVA, S.S.F.

2ª Etapa Oficina de Pneu como prática de Educação Ambiental

Na segunda etapa foi realizada uma oficina de puffs de pneus, que foram arrecadados no
bairro, em oficinas onde os mesmos seriam descartados, os materiais necessários são: 3 pneus
usados, 12 faixas de 20 cm de largura por 2,20 cm de comprimento de tecido de lycra.

Primeiro passo para a confecção do puff: Estender a faixa por baixo do pneu. Em seguida
torça a faixa e continue com ela por baixo repetindo o procedimento ate não sobrar mais tecido
finalizando com nó. Use a segunda faixa de tecido pra cobrir o restante do pneu (da mesma
forma que a faixa anterior) e finalize com o tecido dando nó na parte que vai ficar para baixo.

Figura 3: Oficina de produção de puffs reutilizando de pneus (F – G).

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Fonte: SILVA, S.S.F.

3ª Etapa de Garrafa Pet como prática de Educação Ambiental

Na terceira etapa foi realizada a arrecadação das garrafas pet para a confecção dos puffs
(Figura 4).

Figura 4: Oficina de puff reutilizando garrafas PET, seleção do material (H), união das garrafas (I),
puff de PET (J).

Fonte: SILVA, S.S.F.

Os alunos foram levados para a quadra da escola, onde em pequenos grupos, sob a
orientação dos professores e estagiárias, se organizaram para separar as garrafas PET. Garrafas
pet são necessárias e ao mesmo tempo indesejáveis. Elas são imprescindíveis para o
armazenamento de bebidas, entretanto, depois de utilizadas se tornam um problema no meio
ambiente. Pensando no conceito de sustentabilidade e colocando em prática um pouco de
criatividade, vamos reutilizar as garrafas PET que temos em casa e que costumeiramente são
jogados no lixo. Surgiu a necessidade de confeccionar puffs práticos e úteis com o mesmo
material. Material necessário para quatro puffs: 128 garrafas PET (02 litros) limpas e secas;
tesoura; Fita adesiva grossa; Cola ; papelão para encapar seu puffs e tecido para cobrir.

Como fazer os puffs de garrafas PET? Corte a parte superior da garrafa pet. Como a
intenção é reutilizar tudo sem deixar resíduo no meio ambiente, a parte da tampa não será
desprezada. Você vai encaixá-la dentro da garrafa com a tampa virada para baixo colocando a no
fundo da garrafa. Depois disso feito, coloque uma garrafa inteira (sem corta a parte superior)
como se fosse encaixar essa garrafa dentro da outra. Após o encaixe, passe a fita adesiva grossa
para prender uma garrafa à outra. Repite esse passo com todas as garrafas. Depois agrupe todos
formando um quadrado. A fita vai segurar as garrafas e manter o formato do “quadrado” firme, a
fita adesiva grossa que dará estabilidade ao puff depois de pronto. A base do puff está pronta.
Depois é só encapá-lo com tecido. Esses materiais são bem confortáveis para o uso além de
muito bonitos. Também é possível variar no formato do puff.
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A partir das oficinas de confecção de puffs, com os alunos o reaproveitando garrafas


PETs, Pneus, abrindo espaço para outros materiais que são possíveis reciclar e reutilizar. Com o
hábito da coleta seletiva do lixo espera-se uma melhora na diminuição do acúmulo de lixo a ser
despejado nos aterros sanitários e uma maior geração de renda através da comercialização dos
recicláveis (PEREIRA NETO, 1999). Por meio das oficinas mostrou-se que reciclar, reutilizar e
reduzir faz se necessário, pois por meio da Educação Ambiental é que o educador trabalha a
integração ser humano e ambiente e conscientiza de que o ser humano é natureza e não apenas
parte dela.

Neste contexto, pôde-se inferir que a percepção ambiental do alunado sobre o lixo é,
relativamente, similar e está relacionada ao que é inútil e que provoca danos à natureza. De
acordo com MANDARINO (2000):

[...] o lixo está associado à noção da inutilidade de


determinado objeto, diferentemente de resíduo, que
permite pensar em nova utilização, quer como matéria-
prima para a produção de outros bens de consumo,
quer como composto orgânico para o solo.

Atualmente a natureza vem sendo muito degradada, desde as diversas práticas de


poluições até os desperdícios de seus recursos. Por isso preservar a natureza significa contribuir
com cada atitude que tomamos em nossa rotina pensando em não prejudicar mais ainda o meio
ambiente. Precisamos conscientizar cada ser humano para que conheça o meio ambiente em
que vive e crie vínculos emocionalmente positivos com a sobrevivência da Terra. Segundo Grippi
(2001), a Educação Ambiental é uma peça fundamental para o sucesso de qualquer programa de
coleta seletiva, pois é importante esclarecer ao cidadão do seu papel como gerador de lixo. Com
a conscientização da comunidade do seu dever e separar o lixo, fica mais fácil executar um
programa de coleta seletiva.

De acordo com Oliveira (1993), só defende o seu ambiente aquele que conhece, pois sabe
da sua importância para o seu bem estar. O homem só valoriza aquilo que conhece e esse
conhecimento se dá principalmente através da educação. Segundo Everelt (1975), “a educação é
uma força social vital, pois um homem educado compreende o mundo suficientemente bem para
enfrentá-lo racionalmente. E, se tais homens existissem em um número satisfatório, forçosamente
equacionaria os absurdos do mundo moderno”.

Por meio dos resultados obtidos e da relação entre a prática e as leituras prévias do tema
norteador do trabalho, reforçamos a necessidade de trabalhar mais o tema da educação
ambiental na escola, pois entendemos que o conhecimento adquirido na escola, é transmitido
pelos alunos aos amigos e familiares, disseminando a conscientização ambiental para a
comunidade. Segundo Gadotti (2000), o processo educativo por ela desencadeado visa à
formação de um cidadão cooperativo e ativo, contrariamente ao que vem sendo desenvolvido
pelas pedagogias tradicionais, o que busca é a constituição de uma sociedade sustentável.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A reciclagem é um conjunto de técnicas que tem por finalidade aproveitar os resíduos e


reutilizá-los no ciclo de produção de que saíram ou em um ciclo de produção paralelo. É uma
atividade pela qual, materiais que poderiam se tornar lixo, ou que já estão no lixo, são desviados,
coletados, separados e tratados para serem usados como matéria-prima na manufatura de novos
produtos. Como, para as empresas de reciclagens, esses materiais recuperados sempre têm um
custo mais conveniente que o da matéria prima original, cabe à logística viabilizar
economicamente o transporte e a armazenagem dos produtos, obtendo como efeito colateral
benéfico uma diminuição dos danos ambientais. Vários são os desafios encontrados ações para a
melhoria da qualidade de vida, muitos deles relaciona-se a mudanças de atitudes com o meio.

O processo de logística reversa revela-se como uma grande oportunidade de se


desenvolver a sistematização dos fluxos de resíduos, recursos e produtos descartados, seja pelo
fim de sua vida útil, seja por obsolescência tecnológica e o seu reaproveitamento, dentro ou fora
da cadeia produtiva de origem, contribuindo dessa forma para redução do uso de bens naturais e
dos demais impactos ambientais, isto é, o sistema logístico reverso consiste em uma ferramenta
organizacional com o intuito de viabilizar técnica e economicamente as cadeias reversas, de
forma a contribuir para a promoção da sustentabilidade de uma cadeia produtiva.

Como a grande parte do lixo das escolas é constituída por papéis e embalagens
descartáveis, as escolas podem ajudar a diminuir o desperdício desses materiais reaproveitáveis,
implantando a coleta seletiva. A escola sendo uma instituição voltada à produção do saber crítico
deve agir no sentido de mobilizar os alunos em prol do meio ambiente, promovendo atividades
que estimulem a sua criatividade como cartazes, peças de teatro e oficinas de reciclagem de lixo.
Uma forma de contribuir com a implantação da coleta seletiva é implantação de trabalhos de
Educação Ambiental nas escolas, pois os alunos conscientes de seu papel ambiental de diminuir,
de reaproveitar e de reciclar o lixo podem ensinar a seus familiares, ou seja, a comunidade em
geral.

Conclui-se que a sociedade atual é altamente consumista, causando danos ao meio


ambiente, com isso a educação ambiental busca implantar a todos sobre os impactos ambientais
que o planeta vem sofrendo. Na temática de reciclagem nas escolas, a educação ambiental visa
desenvolver em seus alunos interesse em preservar e cuidar do meio em que vivem. As oficinas
de garrafa PET são apenas uma das formas de incentivo aos educando em descobrir um dos
resíduos por eles descartados. Transmitir ideias sobre preservação ambiental, reciclagem,
poluição, cuidados com o planeta, respeito á vida, gentileza, educação e outros temas afins
requer muita paciência e crenças pessoais fortalecidas. Tudo porque maioria de nos não tem a
cultura e, consequentemente, o hábito de pensar sobre esses assuntos. E se há pensamentos
não há questionamentos e não há pratica. Às vezes podemos ser atingido pelo desanimo. E esse
nos engessa e nos faz questionar se de fato conseguiremos atingir alguém ou transformar
atitudes.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAÚJO, S. C. S. A Educação Ambiental e o contexto educacional brasileiro. Dissertação


(Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente). Núcleo de Pós-graduação e Estudos do
Semiárido, Programa Regional de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente-
PRODEMA, Universidade Federal de Sergipe. Documento sergipano. Aracaju: UFS, 1997.

AZEVEDO, C. J. C. Concepção e prática da população em relação ao lixo domiciliar na área


central da cidade de Uruguaiana- RS. 1996. 68 f. Monografia (Especialização em Educação
Ambiental). Pontifícia Universidade do Rio Grande do Sul, Uruguaiana, 1996.

BAILÃO, C. A. G. Gestão e educação Ambiental: reflexões sobre a questão ambiental e


sugestões de atividades pedagógicas. 2ª ed. Santo André: Semasa, 2001.

BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos;
altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm. Acesso em: 15 de mar.
2016.

BRASIL. Decreto nº. 7.404, de 23 de dezembro de 2010 – Regulamenta a Lei nº. 12.305, de 02
de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos, Cria o Comitê Interministerial da
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