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Aluno: Álvaro Vinícius Dias Batista

Obra: Teoria Geral do Estado


Autor: Darcy Azambuja
Capítulos: V VI e VII – Da Soberania

 Fichamento

 Toda sociedade é dotada de poder para que possam ser organizadas e hierarquizadas
para que ocorra o desenvolvimento e evolução do grupo;
 A forma política da sociedade é essencialmente ordem e hierarquia, pois, englobando
inúmeras sociedades, tem de conciliar-lhes a atividade e disciplinar a dos indivíduos
que as compõem;
 A ordem estatal ora é natural, por corresponder à necessidade do homem viver em
sociedade, ora é artificial, pois as sociedades não poderiam subsistir se
incessantemente a razão e a inteligência do homem não interviessem para aperfeiçoá-
las e adaptando-as inovações de cada período;
 O poder denomina-se governo, que é o terceiro elemento essencial do Estado;
 O poder estatal se distingue pelo fato de ser supremo dotado de coação irresistível em
relação aos indivíduos e grupos que formam sua população, e ser independente em
relação ao governo de outros Estados;
 Estado: É uma sociedade permanente de homens que habita um território fixo e
determinado e tem um governo independente;
 Quando se diz que o Estado é soberano, entende-se que, na sua esfera de autoridade,
na competência que é chamado a exercer para realizar a sua finalidade, ele representa
um poder que não depende de nenhum outro poder, nem é igualado dentro do seu
território;
 A soberania do Estado é considerada geralmente sob dois aspectos: internos e
externos;
 A soberania interna é o poder do Estado que por meio de leis e ordens dita para todos
os indivíduos e sociedades formadas por esses indivíduos, sem limites;
 A soberania externa significa que, nas relações recíprocas entre os Estados, não há
subordinação nem dependência e sim igualdade;
 A doutrina clássica da soberania é de origem francesa e, segundo ela, o caráter
distintivo do Estado é ser soberano;
 Na época feudal, não havia centralização de poder nas mãos do Rei, este tinha que
fazer, por meio da força, valer a sua soberania, dominando outros senhores feudais;
 Nesse aspecto, o rei, e não o Estado, é que era o soberano. A soberania deixou de ser
o poder do Estado para ser um poder existente dentro ou mesmo acima do Estado,
encarnado na pessoa do rei;
 A soberania se tornou uma prerrogativa do rei, um direito patrimonial do herdeiro de
certa família, a família real;
 A soberania é o grau máximo do poder político, e não o poder político, e este não é o
Estado, mas um dos elementos do Estado;
 Para os homens da Antiguidade, a origem do poder não foi questão que os
preocupasse de modo especial. Este, como o estado, aparecia-lhes como um
fenômeno natural e necessário;
 Na Idade Média, acreditava-se que todo poder emanava de Deus e a tendência da
Igreja era de estabelecer um Estado Universal, subordinado a ela;
 As doutrinas teocráticas, ou teorias do direito divino ensinam que todo o poder vem
de Deus, mas, na grande variedade que apresentam sobre os demais pontos é possível
dividi-las em: teoria do direito divino sobrenatural e providencial;
 O direito divino sobrenatural diz que, sendo Deus a causa primeira de todas as coisas,
é também nele que reide a origem do poder;
 A teoria do direito divino providencial diz que Deus não intervém diretamente para
indicar a pessoa que deve exercer o poder, mas indiretamente, pela direção
providencial dos acontecimentos humanos;
 Hobbes: O homem que se encontra totalmente livre e ao mesmo tempo inseguro cede
sua liberdade para que o Estado os controle e não admita o uso da força se não por ele
mesmo;
 Locke: Partindo também da idéia do estado de natureza, vê a necessidade de garantir
aos indivíduos os direitos à vida, liberdade e à propriedade;
 Rousseau: Partindo do estado de natureza, o homem passa a se encontrar em pé de
desigualdade devido ao desenvolvimento e cabe ao Estado impor uma ordem que
extinga essas desigualdades;
 A soberania inalienável é originariamente residente na multidão, no conjunto de todos
os indivíduos, pois sendo iguais, não há razão para que ela pertença a um ou alguns,
mas o povo não pode exercê-la diretamente, não se pode governar a si mesmo e não
se pode transferir tal competência a outrem;
 A doutrina clássica que substituiu o rei pelo povo como titular da soberania, dá a esta
algumas características essenciais: a indivisibilidade, a inalienabilidade e a
imprescritibilidade;
 Entende-se que, no mesmo território, não pode existir mais de uma soberania e que
todas as pessoas que o habitam devem estar sujeitas a uma única soberania;
 As doutrinas que consideram a nação como origem da soberania partem do postulado
de que os homens são iguais e que todos tem igual direito de exercer o poder;
 O postulado da igualdade dos homens é indesmontável e errôneo, pois os homens não
nascem iguais, e surgem no decorrer do seu crescimento social mais desigualdades;
 “Não podendo a soberania pertencer originariamente a ninguém deve
necessariamente pertencer a todos”
 A igualdade que se pode afirmar existente numa sociedade é a de direitos e não a de
fatos, no exercício da soberania;
 Duguit: A nação possui uma vontade superior e diferente da vontade dos indivíduos
que a formam, pois que soberania, em ultima analise, quer dizer uma vontade que se
determina por si mesma;
 Dizer que é o Estado o titular da soberania é fazer outra afirmação destituída de senso,
pois não é uma pessoa por não possuir vontade própria;
 Duguit: “A soberania é uma vontade, eis aí o ponto fundamental de toda a doutrina.
Ela é uma vontade que tem como característica própria, e sua exclusivamente, jamais
se determinar por si mesmo”;
 A soberania é um poder e um direito, e não uma vontade, e pertence à nação, ou se
quisermos permanecer estritamente na técnica usada Duguit, é o poder que a maioria
dos indivíduos de uma nação possui de governar o Estado;
 Bigne de Villeneuve: Força, beneficência e competência são elementos fundamentais
do Estado para ser legítimo, para ser realmente Estado e soberano;
 A soberania é a qualidade que o poder tem de ser supremo dentro dos limites de sua
ação, pertence ao Estado, enquanto este exercício pertencer aos governantes;
 As limitações da soberania são necessária ou contingentes. Necessárias são umas,
porque decorrem necessariamente da própria natureza das coisas, da própria natureza
da soberania e dos objetivos do Estado;
 Limitações necessárias são as que o poder soberano encontra como conseqüência de
sua própria natureza. Devendo ele realizar o bem comum, só poderá fazê-lo
respeitando os princípios do direito e da moral;
 O titular da soberania é a nação, porque é elemento humano do Estado, pois só o
elemento humano é capaz de vontade e de ação;

Obra: Elementos da Teoria Geral do Estado


Autor: Dalmo de Abreu Dallari
Capítulo: II – itens: III e VII – Da soberania e Poder político

 Fichamento:

 O conceito de soberania é uma das bases da idéia de Estado Moderno, tendo sido de
excepcional importância para que este se definisse, exercendo grande influência
prática nos últimos séculos, sendo ainda uma característica fundamental do Estado.

 No Estado da Antigüidade, desde a época mais remota até o fim do Império Romano,
não se encontra qualquer noção que se assemelhe à soberania. Em ARISTÓTELES, no
Livro I de "A Política", apontam-se as peculiaridades da Cidade, sobretudo aquelas que
a diferenciam da sociedade familiar, afirmando-se então a idéia de superioridade da
cidade-estado, por ser dotada de autarquia.

 As atribuições muito específicas do Estado, quase que limitadas exclusivamente aos


assuntos ligados à segurança, não lhe davam condições para limitar os poderes
privados. Sobretudo no âmbito econômico as intervenções verificadas eram apenas
para assegurar a ordem estabelecida e arrecadar tributos, não havendo, pois, a
ocorrência de conflitos que tornassem necessária a hierarquização dos poderes sociais.
No século XIII o monarca vai ampliando a esfera de sua competência exclusiva,
afirmando-se soberano de todo o reino, acima de todos os barões, adquirindo o poder
supremo de justiça e de polícia, acabando por conquistar o poder legislativo.

 A soberania é o poder absoluto e perpétuo de uma República, palavra que se usa tanto
em relação aos particulares quanto em relação aos que manipulam todos os negócios
de estado de uma República. Como se vê, a expressão República equivale ao moderno
significado de Estado.

 A soberania não é limitada nem em poder, nem pelo cargo, nem por tempo certo.
Nenhuma lei humana, nem as do próprio príncipe, nem as de seus predecessores,
podem limitar o poder soberano. Quanto às leis divinas e naturais, todos os príncipes
da Terra lhes estão sujeitos e não está em seu poder contrariá-las, se não quiserem ser
culpados de lesar a majestade divina, fazendo guerra a Deus, sob a grandeza de quem
todos os monarcas do mundo devem dobrar-se e baixar a cabeça com temor e
reverência.

 Embora não tenha mencionado a inalienabilidade como característica da soberania, o


que outros autores fariam depois escreve BODIN que, seja qual for o poder e a
autoridade que o soberano concede a outrem, ele não concede tanto que não retenha
sempre mais. Dessa forma, a soberania coloca o seu titular, permanentemente, acima
do direito interno e o deixa livre para acolher ou não o direito internacional, só
desaparecendo o poder soberano quando se extinguir o próprio Estado.

 Entre os autores há quem se refira a ela como um poder do Estado, enquanto outros
preferem concebê-la como qualidade do poder do Estado, sendo diferente a posição
de KELSEN, que, segundo sua concepção normativista, entende a soberania como
expressão da unidade de uma ordem.

 Para HELLER e REALE ela é uma qualidade essencial do Estado, enquanto JELLINEK
prefere qualificá-la como nota essencial do poder do Estado.

 Uma concepção puramente jurídica leva ao conceito de soberania como o poder de


decidir em última instância sobre a atributividade das normas, vale dizer, sobre a
eficácia do direito.

 Duguit: a) é um poder de vontade comandante, sendo este o seu aspecto principal. A


vontade soberana é, em essência, superior a todas as demais vontades que se
encontrem no território submetido a ela. As relações entre a vontade soberana e as
demais, não-soberanas, são relações entre vontades desiguais, entre superiores e
subordinadas; b) é um poder de vontade independente, o que se aproxima bastante
da característica de poder incondicionado, referida por ZANZUCCHI.
 O poder soberano se exerce sobre os indivíduos, que são a unidade elementar do
Estado, não importando que atuem isoladamente ou em conjunto. Uma diferença
importante a ressaltar é que os cidadãos do Estado estão sempre sujeitos ao seu poder
soberano, havendo mesmo inúmeras hipóteses em que esse poder é exercido além
dos limites territoriais do Estado.

 O Estado é poder, e por isso seus atos obrigam; mas ele é poder abstrato, e por isso
não é afetado pelas modificações que atingem seus agentes. Enfim, se ele dura tanto,
a despeito das contingências históricas, é porque encarna uma idéia, a imagem de
ordem que é o próprio fundamento do poder.

 Para a maior parte dos autores o poder é um elemento essencial ou uma nota
característica do Estado. Sendo o Estado uma sociedade, não pode existir sem um
poder, tendo este na sociedade estatal certas peculiaridades que o qualificam, das
quais a mais importante é a soberania.

 O poder dominante apresenta duas características básicas: é originário e irresistível.


Caracteriza-se como um poder originário porque o Estado Moderno se afirma a si
mesmo como o princípio originário dos submetidos. Isto se torna manifesto pelo
direito que ele próprio se atribui, de dispor, mediante suas leis, em seu território, de
todo o poder de dominação. Ainda que concedendo aos submetidos um relativo poder
de independência perante ele, o Estado tem um poder que lhe é próprio e do qual
derivam os demais poderes. O poder do Estado é também irresistível, por ser um
poder dominante.

 Fixando-se no poder, diz KELSEN que o poder do Estado, designado como poder de
império,submete os homens ligando sua conduta a um dever jurídico. Assim, portanto,
para assegurar a consecução de fins jurídicos é que o poder é exercido. Quanto à
afirmação de que se trata de poder originário, no sentido de força natural, parece lhe
falsa, pois, no seu entender, o poder do Estado acaba sendo visto, em última análise,
como um poder juridicamente qualificado, podendo-se concluir com segurança que o
chamado poder do Estado não é senão o direito do Estado.

 Quando se diz que o poder é jurídico isso está relacionado a uma graduação de
juridicidade, que vai de um mínimo, representado pela força ordenadamente exercida
como um meio para atingir certos fins, até a um máximo, que é a força empregada
exclusivamente como um meio de realização do direito e segundo normas jurídicas.
Dessa maneira, mesmo que o poder se apresente como aparência de mero poder
político, procurando ser eficaz na consecução de objetivos sociais, sem preocupação
com o direito, ele já participa, ainda que em grau mínimo, da natureza jurídica. E
mesmo quando tiver atingido o grau máximo de juridicidade, tendo sua legitimidade
reconhecida pela ordem jurídica e objetivando fins jurídicos, ele continuará a ser,
igualmente, poder político, capaz de agir com plena eficácia e independência para a
consecução de objetivos não jurídicos.

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