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A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA NO EGITO

INTRODUÇÃO

No ano 3200 a.C até os primeiros séculos da era cristã, na região noroeste do
continente Africano, no vale do rio Nilo, se desenvolveu a cultura egípcia. Este rio prestou-
se muito ao estabelecimento de grupos humanos. Suas margens férteis revelaram-se
propícias a agricultura e, ainda, suas águas caudalosas facilitavam a abertura de canais
de irrigação e a construção de diques. A cultura egípcia conservou-se em isolamento,
protegida de invasões devido a sua geografia e governada por um ciclo de dinastias.
Antes do quarto milênio a.C. uma forma primitiva de escrita estava em uso na
Mesopotâmia. Num processo gradual evoluíram os primitivos registros pictográficos para
uma ordem linear de símbolos mais simples. Surge a escrita cuneiforme, que dava
significado pelos arranjos das marcas em cunha. Na civilização Egípcia houve o
desenvolvimento de três formas de escrita: a hieroglífica, que era a mais usada pelos
sacerdotes nas inscrições em monumentos e tumbas, a hierática, derivada da forma
cursiva, usada nos papiros e posteriormente a demótica, que surgiu através da influência
grega no Próximo oriente.
Através destas formas de escrita iremos abordar o desenvolvimento da
matemática no Egito, através de inscrições em pedras e papiros, como a aritmética, a
geometria e a álgebra. A matemática Agrária e comercial,Assim como, o surgimento do
sistema de numeração e métodos de adição e multiplicação desenvolvidos por esta
cultura.
2. A MATEMÁTICA NO EGITO

O povoamento do Egito antigo se desenvolveu, ao longo de uma faixa de terra


fértil que margeava o rio Nilo. O Rio Nilo era, então, muito mais largo do que é hoje e
corria através de uma vasta planície. Ao longo do tempo, a largura do rio foi diminuindo e
seu leito ficando cada vez mais profundo.
O vale do Nilo compreendia o Alto Egito, ou Terra do Sul, e o Baixo Egito, ou
Terra do Norte. O Baixo Egito ocupava a vasta planície aluvial formada pelo delta.
A base da civilização Egípcia foi a agricultura, eles aplicavam conhecimentos
de matemática em suas atividades diárias. O bom funcionamento da economia do país se
fundamentava em uma ciência matemática desenvolvida de forma empírica (experiência)
não se baseava num sistema lógico deduzido a partir de axiomas e postulados.
A matemática Egípcia era aplicada a vários aspectos da vida cotidiana:
1. No campo administrativo, a geometria servia para restabelecer as fronteiras entre os
diferentes sepatu1 em que o país estava dividido.
2. Também permitia que se estabelecessem os limites das explorações agrícolas
quando aqueles desapareciam anualmente devido às cheias do Nilo.
3. A aritmética ajudava a calcular os recursos de que dispunha e a estabelecer impostos
que a produção devia pagar. Dessa forma, o estado podia fazer face às variações das
cheias do Nilo e proporcionar alimentos aos súditos quando as inundações provocassem
más colheitas.
4. Nas construções, a criação artística e a cartográfica, os arquitetos sabiam calcular a
área do quadrado, do retângulo, do triângulo e do círculo, assim como o volume de várias
figuras geométricas, em particular a pirâmide.
5. Os escultores e os pintores conheciam as proporções do corpo humano e
reproduziam-nas a partir de uma quadrícula, ou régua, enquanto os escribas traçavam
planos esquemáticos das povoações.
O Rio Nilo fornecia aos egípcios, água para beber e para irrigar as lavouras, e
peixes e aves aquáticas para a alimentação. Em suas margens cresciam muitas plantas,
entre as quais vários tipos de bambu, que serviam para inúmeros fins. Com um deles, o
papiro, fabricava-se uma espécie de papel.
O Nilo era tão generoso que os egípcios tinham um hino que começava com as
seguintes palavras: ”Salve, ´o Nilo, que sais da terra e conservas vivo o Egito”.

1
"Sepatu" Palavra de origem Indonésia que significa "sapato" em português.
Nem todas as dádivas do Nilo, porém, eram simpáticas e úteis. Havia os
crocodilos e os hipopótamos que tornavam o rio bastante perigoso. Além disso, às vezes,
as cheias inundavam as casas, afogando homens e animais.
Por volta do ano 4000 a.C, às margens do rio Nilo, surgiam cidades cada vez
mais complexas. E a agricultura de subsistência dava lugar a agricultura de excedente,
onde os agricultores passaram a produzir quantidades superiores às suas necessidades.
Como não havia a necessidade de todos produzirem, sobrava tempo para que
as demais pessoas se dedicassem a outras atividades, daí surgiriam funções como a de
artesãos, comerciantes, administradores, etc.
Com o surgimento destas novas funções apareceram outras dificuldades,
como, a necessidade de efetuar cálculos rápidos, precisos e em quantidades maiores,
onde a contagem que antes era efetuada com pedras e nós, pois eram em pequenas
quantidades, se tornaram ineficientes, devido ao aumento da quantidade do que deveria
ser produzido. Então os egípcios procuraram outra forma de contagem, baseada em
símbolos.
Foi desta dificuldade na contagem que surgiu Aahmesu, um súdito do faraó do
Egito, responsável pelo Papiro de Ahmes. Este documento é um antigo manual de
matemática contendo 80 problemas do dia a dia, todos resolvidos.
Aproximadamente no ano 3000 a.C o faraó Sesóstris repartiu o solo às
margens do rio Nilo entre seus habitantes mais ilustres. Durante as cheias, que iam de
junho a setembro, o rio inundava uma parte destas terras. Após este período, quando o
rio baixava, as terras deveriam ser medidas para se saber a quantidade perdida, e para
isso os esticadores de corda2 verificavam quantas vezes aquela unidade de medida
estava contida nos lados do terreno. Como esta unidade era imprecisa, uma vez que
nunca a medida coincidia com a distância exata entre os nós, foi necessário o
aperfeiçoamento desta unidade através da introdução de frações.
Os egípcios eram excelentes engenheiros e arquitetos, fato este comprovado
na construção das pirâmides. Na época as pirâmides foram construídas utilizando-se
grande tecnologia. Isto pode ser observado através dos cortes que eram feitos para que
os blocos se encaixassem com perfeição, bem como, o modo como estes blocos que,
pesavam cerca de 2,5 toneladas, eram levados até o local de encaixe.
3. PEDRA DE ROSETTA

Esta pedra foi encontrada próximo ao braço Rosetta (daí seu nome) do delta do
Nilo, no ano de 1799, durante uma campanha de Napoleão no Egito. Nela encontraram
um decreto em hieróglifos, demóticos e grego, gravado em 196 a.C. Suas dimensões são
de 109,22 cm por 76,2 cm.
A inscrição contida na pedra se referia a um decreto promulgado no ano de 196
a.C pelo rei Ptolomeu V na cidade de Mênfis. O seu conteúdo se refere ao agradecimento
ao rei por conceder ao povo a isenção de uma série de impostos.

4. A ESCRITA EGÍPCIA

A escrita egípcia, quase tão antiga quanto a escrita suméria (ou talvez ainda
mais antiga que esta), remonta ao final do 4o milênio a.C., de acordo com os registros
descobertos. A sua função variava de acordo com a grafia: os hieróglifos, a única maneira
de se conseguir nomear as coisas pela escrita, eram sagrados e tinham um grande poder
mágico; a escrita cursiva hierática era uma versão mais rápida, utilizada pelos escribas
nas suas tarefas administrativas. Enquanto a primeira tendia a ser desenhada com
pormenor e riqueza (a própria conjugação dos hieróglifos fazia-se por questões estéticas);
a segunda era usada no dia-a-dia e, por isso, tornou-se uma versão simplificada ao ponto
de perder o caráter pictográfico dos hieróglifos. A escrita demótica, que viria a suplantar a
hierática por volta do século VII a.C., era igualmente escrita com um pincel de junco, mas
apresentava-se ainda mais simplificada - distante quer do aspecto pictográfico dos
hieróglifos, quer do aspecto da hierática.
A escrita hierática foi desenvolvida mais ou menos ao mesmo tempo em que
a escrita hieroglífica e era usado em paralelo com ela para fins do quotidiano, tais como
manter registros e contas e escrever cartas. Foi usado até a 26 ª dinastia, embora por
essa altura, era usado somente para textos religiosos, enquanto o escrita demótica foi
usada para a maioria dos outros fins.

5. NOTAÇÃO HIEROGLÍFICA

Hieróglifo deriva da decomposição de duas palavras gregas – “hiero”= sagrado


e “glyfus” = escrita. Estes sinais eram utilizados em tumbas, sarcófagos e edifícios
religiosos ou outros ligados ao culto da eternidade, de modo que, somente membros da
realeza ou altos cargos e escribas conheciam e escreviam estes símbolos.
O sistema de numeração data de 5000 a.C e foi desenvolvido para suprir a
necessidade de manter registros de bens. Embora não conhecessem o zero, o sistema
egípcio se baseava no agrupamento com base 10. Onde um traço vertical valia 1; o osso
de calcanhar invertido valia 10; um laço seria o 100 e uma flor de lótus tinha o valor 1000;
um dedo dobrado valia 10.000; um peixe 100.000 e uma figura ajoelhada 1.000.000.
Não havia ordem de posição precisa (não era posicional), bem como o sentido,
uma vez que, ora eram colocados na vertical, ora na horizontal.
Os babilônios usavam um sistema semelhante ao egípcio, embora o primeiro
além do sistema de base 10, também tenha uma forma de cálculo na base sexagesimal, e
que usamos até hoje na contagem dos minutos.
Ao contrário do sistema de numeração grego, os babilônios apresentavam o
zero empregando duas cunhas inclinadas.

Egípcios

Sumérios

6. OS ESCRIBAS DO EGITO

Não existe no Egito profissão mais bem sucedida e sem esforço do que a do
escriba. Eles sendo altos funcionários a serviço do faraó tinham como dever, anotar o que
acontecia nos campos, contar os grãos, registrar as cheias do Nilo, calcular os impostos
que os camponeses deveriam pagar escrever contratos, atas judiciais, cartas, além de
registrar os outros produtos que entravam no armazém. Mas não para por aí. Alguns
sacerdotes também sabiam escrever e receitar fórmulas mágicas.
O principal material utilizado pelos escribas era o papiro, acompanhado de
pincéis, paletas, tinteiros e um pilão. Quando eles iam escrever esmagavam os pigmentos
no pilão e depois transferiam a tinta para o tinteiro, que tinha duas cavidades: Uma para
tinta vermelha e outra para a tinta preta. Os pincéis eram umedecidos com água que
ficava numa bolsa de couro. Algumas paletas tinham caráter espiritual para os escribas,
sendo guardadas em seus túmulos.

7. AS PIRÂMIDES E O PRIMEIRO CALENDÁRIO

As famosas pirâmides egípcias são enormes monumentos em forma de


pirâmides de base retangular que foram mandadas construir pelos reis das diversas
dinastias. A sua antigüidade, magnitude e esplendor davam-lhes uma glória imperecível,
cujo brilho perdurou, através dos longos éculos, até os nossos dias. Sabe-se que houve
mais de 170 pirâmides no Egito e na Núbia.
As maiores pirâmides egípcias são conhecidas pelo nome de ”Pirâmides de
Gere”, porque estão perto da cidade deste nome, situadas nas margens do Nilo e nas
proximidades das ruínas de Mênfis. São três essas pirâmides, e levam os nomes dos
mais notáveis reis da quarta dinastia: Khufu (ou Quéops), Krafre (ou Quéfren) e Menkaura
(ou Miquerinos).
A pirâmide de Quéops excede em muito as outras em tamanho e maravilhas.
Segundo Heródoto, a sua construção o exigiu 30 anos de trabalho, no qual foram
empregados cerca de cem mil operários. A sua altura e de 147 metros, e a base de
qualquer das faces laterais e de 234 metros. Era orientada esta pirâmide conforme os 4
pontos cardeais celestes, sendo a entrada na face norte. Atualmente está a 4 minutos de
grau, do Norte para Oeste; mas, como a posição do pólo terrestre varia no valor de um
minuto em mil anos, fica claro que a orientação da pirâmide era absolutamente exata
quando foi construída, cerca de 4.000 anos antes do Cristo. Esse colosso consta de dois
milhões e meio de blocos de pedra, todas pesadíssimas. No centro da pirâmide faltam
alguns blocos, omitidos para dar passagem ao corpo embalsamado do rei Khufu. Nas
paredes há séries de pinturas que representam esse rei em várias ocupações: comendo,
lavrando campo, conduzindo bois etc. O espaço interior da pirâmide é de tal tamanho que
nele caberia a igreja de S. Pedro, de Roma. Se a pirâmide fosse desmanchada, suas
pedras dariam material bastante para um muro que circulasse toda a França. As
dimensões das duas pirâmides que são vizinhas da pirâmide de Quéops são menores: a
de Quéfren tem 137 metros de altura, a de Miquerinos, 66 metros.
E quais foram as razões que levaram os faraós a construir as pirâmides?
Geralmente se pensa que unicamente para lhes servirem de mausoléus; é, porém,
impossível que os reis egípcios, cujos atos eram controlados pelo sacerdócio científico,
gastassem tanto dinheiro e tantos anos de trabalhos, feitos por milhares de operários,
com o único fim de satisfazer uma inútil vaidade. Ponderando as aludidas coincidências
astronômicas com os detalhes na construção, temos de aceitar a opinião daqueles que
dizem que, além de serem túmulos de reis, as pirâmides eram postos astronômicos e
sagrados redutos de grandes iniciados. Marsham Adams considera a pirâmide como
exemplo apresentado em pedra do que o ”Livro dos Mortos” ensina em palavras: que ali a
alma, livre do corpo físico, passava através de portas sucessivas; fazia diversas viagens
místicas e adquiria a posse de poderes conquistados sobre o seu ”eu” inferior; assim,
progredindo de uma iniciação para outra, o estudante das leis da Vida e da Morte aprende
os segredos da Vida Integral e entra no segredo da Mansão de Luz.

Figura: Pirâmides do Egito

O Primeiro calendário da história da humanidade começa com a enchente


anual do rio Nilo. Surge por volta de 3000 a.C. O ano tem 365 dias, divididos em 12
meses de 30 dias e mais cinco dias extras, dedicados aos deuses.
Os egípcios são os primeiros a utilizar um calendário solar, embora os 12
meses de 30 dias sejam de origem lunar. O ano tem 365 dias - e 6 horas a menos que o
ano solar, o que significa atraso de um dia a cada quatro anos.
Havia três estações determinadas pelo fluxo do rio Nilo: Cheias (akket); Semeio
(pert) e Colheita (shemu). A relação entre as estações definidas pelo Nilo e as estações
naturais era feita pelo nascer heliacal da estrela Sirius, conhecida dos egípcios pelo nome
de Sothis. A primeira aparição da estrela no céu da manhã, depois da sua conjunção com
o sol determinava o início da contagem das estações das Cheias.
O calendário egípcio foi reconhecido pelos astrônomos gregos e tornou-se o
calendário de referência da astronomia por muito tempo. Copérnico usou-o para construir
suas tábuas da lua e planetas.

8. O SURGIMENTO DAS FRAÇÕES

Os egípcios usavam cordas para medir o tamanho da perda de cada lote dos
habitantes devido às cheias do rio Nilo. Havia uma unidade de medida assinada na
própria corda. As pessoas encarregadas de medir o tamanho da perda, esticavam a corda
e verificavam quantas vezes aquela unidade de medida estava contida nos lados do
terreno. Esses encarregados eram chamados de estiradores de corda.
No entanto, a mais adequada que fosse a unidade de medida escolhida,
dificilmente cabia um número inteiro de vezes no lado do terreno.
Foi por essa razão que os egípcios criaram um novo tipo de número: o número
fracionário. Para representar os números fracionários, usavam frações. Como eram
representadas as frações egípcias?

O hieróglifo que indicava a fração era semelhante a uma boca, e significava


"parte":

As frações eram escritas com este hieróglifo, que funcionava como traço de
fração, onde 1 era, por padrão, o numerador e o número que ficava por baixo era o
denominador. Assim 1/3 era escrito do seguinte modo:

Se o denominador se tornasse muito grande, a "boca" era colocada sobre o


início do "denominador":

Havia símbolos especiais para 1/2 e para duas frações não unitárias,
nomeadamente 2/3 (menos freqüente) e 3/4 (ainda menos freqüente):
9. PAPIRO DE AHMES

Datado de 1650 a.C, neste é encontrado um texto matem ático elaborado no


formato de um manual, onde são encontrados 85 problemas em hierático copiado pelo
escriba Ahmes. Segundo Ahmes este papiro foi transcrito do original elaborado pelo
arquiteto Imhotep no período de 2000 a 1800 a.C.
Este papiro recebeu este nome em homenagem a um antiquário escocês,
Henry Rhind, que o comprou em 1858, em uma cidade próxima ao rio Nilo. Ainda
mantinha a base 10, mas apresentava alguns sinais de evolução que facilitaria o sistema
de contagem, como por exemplo, o quatro, que não seria mais representado por quatro
barras verticais, mas por apenas uma barra na horizontal.
Encontramos ainda neste documento, problemas envolvendo a comutatividade
da multiplicação. Assim como o conhecimento da regra de três e a utilização de
problemas algébricos na forma x + ax = b ou x + ax + bx + c, tendo a, b e c como termos
conhecidos e x é a incógnita.
No papiro encontramos indícios de que os egípcios já tinham conhecimento de
como calcular a área de um triângulo isósceles, através do Teorema de Pitágoras
(embora seja muito antes da descoberta de Pitágoras), tratando-o como dois triângulos
retângulos, afastando um deles de para que formem um retângulo.
No papiro de Ahmes encontramos:
Divisão de 1, 2, 6, 7, 8 e 9 pães por 10 homens;
Multiplicação de diferentes frações;
Problemas envolvendo equações do 1º grau com uma incógnita;
Problemas envolvendo capacidades, com equações do 1º grau com uma incógnita;
Divisão de Pães;
Volumes de contentores cilíndricos ou paralelepipédicos de cereais;
Áreas de triângulos, retângulos, trapézios e círculos;
Problemas relacionados com pirâmides;
Tabela de uma regra para encontrar 2/3 de números ímpares;
Problemas de proporções envolvendo metais preciosos e seu peso;
Divisão proporcional de Pães por um número de homens;
Problemas envolvendo progressão aritmética
Divisão proporcional de cereais entre grupos de homens;
Progressão geométrica de razão 7.
10. PAPIRO DE MOSCOVO (OU MOSCOU)

De autor desconhecido, escrito em


hierático por volta de 1850 a. C, adquirido pelo
egiptólogo V. S. Golenishchev em 1883, antes
conhecido por papiro de Golenishchev e
posteriormente passou a ser chamado de papiro de
Moscovo, devido ao fato de ser comprado pelo
Museu de Belas Artes de Moscovo.
Devido ao seu mau estado de
conservação, dos 25 problemas, apenas poucos
Figura: Papiro de Moscou
podem ser interpretados. Tais problemas se relacionam à vida
prática, mas dois se destacam, como por exemplo, o problema número 14, onde há uma
figura semelhante a um trapézio, outrora os cálculos demonstram que se refere na
verdade a um tronco de pirâmide. Relativo a este problema verificou-se que os egípcios
utilizaram, para resolver este problema, a fórmula ( V = h(a² + ab + b²)/3) usada hoje,
embora a demonstração não esteja descrita desta forma. O outro problema pede a área
da superfície do que parece ser cesto com um diâmetro 4 ½. O procedimento equivale a
usar a fórmula S = (1 – 1/9)²(2x)x, onde x é 4 ½, obtendo como resposta o 32 unidades
(BOYER, 1996).

Outros problemas são descritos:

Problemas envolvendo uma quantidade desconhecida;


Problemas envolvendo barco e altura de um mastro, respectivamente envolvendo a área
de um triângulo;
Área de um retângulo;
Volume de uma pirâmide;
Problema que dá origem à equação 2x + x = 9.
11. OPERAÇÕES ARITMÉTICAS

No Egito, a operação aritmética mais utilizada era a adição e a multiplicação.

11.1 Adição

Vamos tomar como exemplo uma adição bem simples: 28 + 5. Observe na


figura 1 como o conjunto das unidades foi agrupado e como um conjunto de 10 unidades
foi substituído pelo símbolo que corresponde a 10.

11.2 Subtração

A subtração obedecia ao critério inverso. Os símbolos que correspondiam ao


valor a ser subtraído eram retirados do valor original. Caso fosse necessário, alguns
símbolos do valor original podiam ser desmembrados em 10 símbolos do valor
imediatamente abaixo dele. A figura 2 mostra como o método era aplicado.

11.3 Multiplicação

A multiplicação Egípcia era feita através da duplicação sucessiva dos dois


termos da operação. A multiplicação é efetuada duplicando 42 até que a soma das
duplicações exceda 23.
Vamos multiplicar 42 x 23.
Coloquemos o fator 42 numa coluna e na outra o número 1.
42 1 (agora é só completar essas colunas, duplicando esses números)
84 2
168 4
336 8
672 16

Verifique que, na coluna da direita, os valores em negrito somam 23 (foi por


isso que paramos o processo nesse ponto). Agora é só efetuarmos a soma dos valores
correspondentes que surgiram na primeira coluna:
42 + 84 +168 + 672 = 966.

Verifique agora que o resultado de 42 x 23 é exatamente 966.

11.4 Divisão

A divisão Egípcia é um pouco diferente da multiplicação, também é utilizada uma


tabela com duas colunas, na primeira coluna colocamos duplicações a partir do um, e na
segunda coluna duplicações a partir do divisor, e não tem necessidade de passar do valor
do dividendo, por exemplo:

1 7 308 : 7
2 14
4 28 Primeira coluna: duplicação a partir do 1.
8 56 Segunda coluna: duplicação a partir do divisor 7 até o 224, pois o próximo
16 112 número seria 448, que é maior que 308, e não seria necessário.
32 224

Resultado: a soma dos correspondentes da segunda coluna, que somam 308,


são: 28,56 e 224, sobre a primeira coluna, assim:

308: 7 = 4 + 8 + 32 = 44
E se a divisão não for exata?
Nesse caso, efetue a divisão normalmente conforme visto acima, depois com o
resto, faça o mesmo procedimento, vamos fazer 364 : 9 como exemplo:

1 9 364: 9
2 18 Primeira coluna: duplicação a partir do 1.
4 36 Segunda coluna: duplicação a partir do divisor 9 até o 288, pois o próximo
8 72 número seria 448, que não é necessário, pois ultrapassa o 364.
16 144 Perceba que não há como conseguir com as combinações da segunda coluna, o
32 288 número 364, o mais próximo que se obtém é 360, com 288 e 72, e faltam 4, que
é o resto O resultado da divisão é só somar os correspondentes, assim:

364: 9 = 8 + 32 = 40
Resto: 4
Para continuar a divisão é só fazer o mesmo procedimento utilizando o resto,
multiplicado por dez, como dividendo, ou seja, o quarenta, e não há necessidade de fazer
outra tabela, olhando na mesma tabela, a combinação que se aproxima do 40, é o 36 e
seu correspondente na primeira coluna, é o quatro, assim:

1 9 40: 9 = 4
2 18 Resto: 4
4 36
8 72 Veja que o resto novamente é quatro, então se fizermos novamente, o
16 144 resto será sempre quatro, assim cairemos numa dízima periódica,
32 288 364: 9 = 40, 444...

12. OPERAÇÕES GEOMÉTRICAS.

Uma das maiores criações dos egípcios está na construção das pirâmides,
onde vários segredos de ordem geométrica ainda persistem a respeito de determinados
procedimentos tomados por esta civilização.
A precisão egípcia era muito grande, apesar das rudimentares ferramentas da
época. Este fato é notado nas dimensões da pirâmide de Gizé, que na época da
construção tinha 145,75 m e posteriormente perdeu 10 metros do seu cume. Sua base é
um quadrado de 229 m de lado, formando um quadrado quase perfeito com uma margem
de erro muito pequena de aproximadamente 2 cm. O ângulo de inclinação dos seus lados
é de 54º54’. Seus lados são alinhados quase exatamente para o norte, sul, leste e oeste,
isto foi feito sem o uso da bússola, uma vez que esta não havia sido descoberta.
Outro fato que chama a atenção é com relação ao perímetro da pirâmide, que
quando dividido por duas vezes a sua altura, tem como resultado o número pi (3,1415...)
até o décimo quinto dígito. Isto chama a atenção pelo fato, de até o século 6 d. C, o pi ter
sido calculado até o quarto dígito.

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