disciplina no Brasil.
Millena Sampaio Leite dos Santos
“Musicologia comparativa” : Primeiro nome dado à disciplina. Essa, por sua vez, inserida
primeiramente em 1884, por Guido Adler em seu artigo. Segundo Adler, a subdivisão
musicológica teria como principal objetivo a “análise da música dos povos extra-europeus e
das culturas ágrafas”, exclusivamente a música de tradição oral e não européia. Para tal, eram
observados os seguintes pontos:
fonógrafo: inventado em 1877 por Thomas Alva Edison, é o principal recurso técnico
O
utilizado para realizar as pesquisas e estudos. O fonógrafo era usado primordialmente para a
documentação acústica de idiomas e dialetos europeus, registro de falas, frases e discursos de
personalidades célebres. Mas ainda, para registrar a música, “a mais efêmera das artes”. Isso
possibilitou a criação de uma biblioteca sonora (arquivo) que viria a ser decisiva para a
continuidade dos trabalhos da área, o Berliner Phonogrammarchiv. O Berliner
Phonogrammarchiv cresce rapidamente e se torna uma importante instituição de pesquisa e
de produção de saber. As condições básicas para poder abrir o novo campo de pesquisa estão
garantidas com o método comparativo e com a invenção do fonógrafo de Edison.
Novos paradigmas:
A virada para o século XX influenciou a musicologia comparativa com suas teorias e novos
questionamentos. Foi incentivada pela teoria evolucionista, onde se vigora a preocupação em
se delinear uma história da humanidade, incluindo os seus vários estágios, dos supostamente
mais primitivos aos mais evoluídos. Também a “Teoria da Relatividade” de Einstein.
“Neste mesmo período, e em reação à postura evolucionista de história da humanidade,
propaga-se uma contra-corrente na antropologia, inicialmente através do chamado
difusionismo, que se opõe à idéia da linearidade única de uma evolução cultural.”
Com os novos conceitos, surge uma das características inerentes à etnomusicologia. Ela
prevê o final das convenções tradicionais de certas linhas de pesquisa, ou se opõe a opiniões
estéticas onde as artes são vistas unicamente em consequência do seu meio natural. Se
debruçando sobre o que muitas vezes é visto como o “exótico”.
É nesse período também que surgem obras emblemáticas das artes plásticas. Que
juntamente com a etnomusicologia, possui abertura e vontade de inovar, assim como e
utilizando o auxílio das descobertas tecnológicas.
As “Certidões de Nascimento” da musicologia: 2 artigos publicados em 1904 e 1905.
“Sobre a importância do fonógrafo para o trabalho musicológico comparativo” (O autor
enxerga claramente que o registro de campo não se pode restringir ao parâmetro sonoro, e
que também o filme teria de desempenhar função essencial na recolha de dados) e “A
importância de gravações fonográficas para a Antropologia”.
Vemos então que, rejeitada inicialmente pela musicologia e acolhida pela antropologia, a
etnomusicologia se constitui e logo ganha o perfil que lhe é próprio: “duplo” e “dividido”.