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SELETIVIDADE 1

SELETIVIDADE

1 - INTRODUÇÃO

Dentre os principais requisitos para a proteção atingir as suas finalidades, a


seletividade é, sem dúvida alguma, o item de maior importância. Pois a presença
de uma anormalidade no sistema deve ser isolada e removida, sem que as outras
partes do mesmo sejam afetadas. Em outras palavras, seletividade significa
isolar, tão depressa quanto possível, a parte do sistema afetada pela falta, e
deixar todas as demais energizadas, garantindo a confiabilidade e continuidade
no sistema elétrico em questão.

Podem ser implementados vários meios para assegurar uma boa seletividade na
proteção de uma rede elétrica, os mais conhecidos são:
• Seletividade amperimétrica (através de correntes)
• Seletividade cronométrica (por tempo)
• Seletividade através de troca de dados, chamada de seletividade lógica
• Seletividade pelo uso de proteção direcional ou diferencial.
• Seletividade energética
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2 - SELETIVIDADE AMPERIMÉTRICA

A seletividade amperimétrica baseia-se no fato que a corrente de falta diminui


de intensidade à medida que o local do curto "se afasta" da fonte de alimentação.

Desta forma, utiliza-se uma proteção amperimétrica em cada ramal de


alimentação, com ajuste inferior ao valor mínimo da corrente de curto-circuito
causada por uma falta na seção vigiada, e superior ao valor máximo da corrente
causada por uma falta a jusante. Ajustado deste modo, cada dispositivo de
proteção só atua para faltas localizadas imediatamente a jusante, e não é sensível
a faltas a montante. Todavia, na prática, quando não há redução notável na
corrente entre duas partes adjacentes, é difícil definir os ajustes para dois
dispositivos em cascata e, ainda, assegurar uma boa seletividade (o que acontece
nas redes de média tensão). Porém, para seções de linhas separadas por um
transformador, este sistema pode ser usado com grandes vantagens, por ser
simples, econômico e rápido (desarme sem demora). Algumas literaturas
definem esse tipo de procedimento como sendo uma seletividade por
escalonamento das correntes de curto-circuito.

A figura 1 ilustra um exemplo típico da instalação desses elementos envolvendo


os enrolamentos primário e secundário de transformadores. Neste caso, para
garantir a seletividade, o dispositivo de proteção de sobrecorrente instalado no
primário deve respeitar a seguinte condição:

ICCA > Ir ≥ ICCB,


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onde:
Ir é a corrente de ajuste;
ICCB, é a corrente de curto-circuito no secundário (ponto B), referida ao primário
do transformador.

Figura 1 - Exemplo de seletividade amperimétrica em transformadores.

3 - SELETIVIDADE CRONOMÉTRICA

A seletividade cronométrica consiste em ajustes diferentes nas temporizações


dos dispositivos de proteção distribuídos ao longo do sistema elétrico. Quanto
mais próximos da fonte supridora, as temporizações deverão ser ajustadas em
tempos superiores aos elementos de proteção a jusante, conforme pode ser
notado no diagrama unifilar indicado na figura 2.
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Figura 2 - Exemplo de seletividade cronométrica.

A falta mostrada neste diagrama é “enxergada” por todas as proteções


(localizadas em A, B, C e D). A temporização D fecha seus contatos mais
rapidamente que aquela instalada em C, que por sua vez, é mais rápida que a
proteção em B, e assim sucessivamente. Assim que o disjuntor D é aberto, e a
corrente de falta eliminada, as proteções nos pontos A, B e C, que estavam
sensibilizadas, voltam a condição original (de vigilância).
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A diferença dos tempos de atuação ∆t entre duas proteções sucessivas é o


intervalo de seletividade, definido a partir da seguinte inequação:

∆t ≥ tc + tr + 2dt
Onde:
tc - tempo de abertura dos disjuntores;
dt - tolerâncias da temporização;
tr - tempo de retorno à posição de espera das proteções.

Considerando o desempenho dos disjuntores e dos relês de proteção,


normalmente encontrados na prática, os valores adotados para o ∆t é de
aproximadamente 0,4 s.

Esta seletividade apresenta duas vantagens, pois além de ser um sistema


simples, assumi a sua própria retaguarda (salvaguardando-se a parte isenta de
falta da instalação). Porém, quando há um número elevado de proteções em
série, observa-se que a proteção localizada mais a montante está ajustada com
um tempo de atuação elevado. Dependendo do nível de curto-circuito e do
tempo de resposta do relé de proteção, pode-se em alguns casos, danificar os
componentes dos sistemas elétricos, tais como: cabos, TCs", etc, devido ao
aquecimento adicional a que ficam submetidos.
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3.1 - APLICAÇÃO DA SELETIVIDADE CRONOMÉTRICA

Existem dois tipos de relés cronométricos temporizados:


• Os relês de tempo independente – Observa-se na figura 3 que se o nível de
curto-circuito for inferior ao seu ajuste, este trabalha na região de não
operação. Por outro lado, para valores superiores a sua faixa de ajuste, o relé
atuará sempre com um valor de tempo constante e definido.

Figura 3 - Tempo independente do valor da corrente de curto.

• Os relês de tempo dependentes (tempo inverso) – Analogamente ao caso


anterior, a região de atuação dependerá do seu ajuste. No entanto, o tempo de
atuação não será constante, pois conforme mostrado na figura 4, o tempo
dependerá do valor da corrente de curto-circuito.
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Figura 4 - Tempo dependente do valor da corrente de curto.

A título de ilustração, a figura 5 esclarece um exemplo utilizando a proteção


envolvendo tempo independente e inverso.

Figura 5 - Exemplo de aplicação cronométrica.


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No caso particular desta figura, para assegurar a seletividade cronométrica entre


os dispositivos de proteção, devem ser respeitado os seguintes critérios:

• Relé de tempo independente: IrA > IrB > IrC, t A > tB > tC

Figura 6 - Ajustes dos relés do tipo tempo independente.

• Relé de tempo dependente ou inverso: IrA > IrB > IrC, IccA > IccB > IccC
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Figura 7 - Ajustes dos relés do tipo tempo dependente ou inverso.

Os ajustes das temporizações estão determinados para obter o intervalo de


seletividade ∆t para a máxima corrente vista pela proteção a jusante.

As temporizações para obter a seletividade cronométrica é ativada quando a


corrente excede o valor de ajuste dos relês. Por exemplo, na figura 5, o tempo de
atuação na proteção do disjuntor A deve ser maior que o de B, que por sua vez, é
maior que C.

4 - SELETIVIDADE LÓGICA

Este princípio é usado quando se deseja diminuir o tempo de eliminação da falta.


A troca de dados lógicos entre os dispositivos de proteção sucessivos elimina a
necessidade de intervalos de seletividade.

Com efeito, num sistema radial, são ativadas as proteções localizadas a


montante do ponto de falta e aquelas localizadas a jusante não são solicitadas.
Podem ser localizados o ponto de falta e o disjuntor a ser comandado sem
qualquer ambigüidade. Cada proteção sensibilizada pela falta envia:

• Uma ordem lógica de espera para o nível situado a montante (ordem para
aumentar a temporização própria do relê a montante);
• Uma ordem de abertura para o disjuntor associado, a menos que o mesmo
receba uma ordem lógica de espera do situado a jusante. Um desarme
temporizado é provido como retaguarda.
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A grande vantagem da seletividade lógica, quando comparado à seletividade


cronométrica, é que o tempo do desarme não depende da falta na cascata da
seletividade.

A figura 8 ilustra um sistema radial, onde os relés atuam baseados no princípio


da seletividade lógica.

Figura 8 - Exemplo de aplicação da seletividade lógica.


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5 - SELETIVIDADE DIRECIONAL

Numa rede em anel, na qual uma falta fica alimentada de ambas as


extremidades, é necessário usar um sistema de proteção sensível à direção do
fluxo da corrente de falta, para localizá-la e eliminá-la.

A figura 9 apresenta um exemplo de utilização de proteções direcionais.

Figura 9 - Exemplo de aplicação da seletividade direcional.

Os disjuntores D1 e D2 estão equipados com proteções direcionais instantâneas,


enquanto H1 e H2 são dotados de proteções de sobrecorrente temporizadas. No
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caso de uma falta no ponto (1), só as proteções em D1 (direcional), H1 e H2


"enxergam" a falta. A proteção em D2 não se sensibiliza, devido a direção de
seu sistema de detecção. Neste caso, D1 abre. A proteção H2 fica de fora e H1
abre.
tH1 = tH2, tD1 = tD2, tH = tD + ∆t

6 - SELETIVIDADE ATRAVÉS DE PROTEÇÃO DIFERENCIAL

Estas proteções comparam as correntes nas extremidades do trecho de rede a ser


vigiada. Qualquer diferença em amplitude e fase entre estas correntes indica a
presença de uma falta. Este sistema de proteção reage apenas às faltas dentro da
área monitorada e é insensível a qualquer falta fora desta área. É portanto
seletivo por natureza.

Esta proteção é usada para detectar correntes de falta com valores inferiores à
corrente nominal e para desarmar instantaneamente, já que a seletividade está
baseada sobre a detecção e não na temporização.

O equipamento protegido pode ser: um motor, um gerador, um transformador,


ou uma conexão (cabo ou linha). A figura 10 ilustra a aplicação da proteção
diferencial.
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Figura 10 - Aplicação da seletividade diferencial.

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