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1 Integração em paralelepípedos

Partições de Rd

Em R, uma partição de um intervalo [a, b] é da forma P = {a = t0 , t1 , ..., tn = b}, onde


ti ∈ [a, b] e ti < ti+1 , ∀i ∈ {0, 1, ..., n − 1}.
Desejamos generalizar o conceito para Rd , d ∈ N∗ . Para tal, ao invés de considerarmos
intervalos fechados na reta, vamos considerar d-paralelepípedos (ou d-retângulos) da
forma R = [a1 , b1 ] × [a2 , b2 ] × ... × [ad , bd ]. Note que para d = 2, temos um retângulo
no sentido usual.
Podemos, então, definir uma partição sobre cada um dos intervalos [ai , bi ], a qual segue
o molde Pi = {ai = t0i , t1i , ..., tni i = bi }, onde tji ∈ [ai , bi ] e tji < tj+1
i , ∀j ∈ {0, 1, ..., ni − 1}.
Assim, uma partição de R ⊂ Rd é dada por P = P1 × P2 × ... × Pd .
Aqui notamos que a partição P é formada de regiões d-retangulares (regiões tais que
alguns dos lados de alguns dos d-retângulos podem ou não ter borda) contidas em R.
Seja RJ cada uma dessas regiões. Podemos então enxergar a partição P em termos de
todos esses RJ ⊂ R (no caso da reta teríamos a forma RJ = (ti , ti+1 ); em Rd , os RJ seriam
cartesianos de intervalos deste tipo, cada um contido em cada Pi ). Note também que
segundo definimos deve haver uma quantidade finita dessas regiões RJ . Obs.: Vamos
denotar RJ ∈ P quando enxergarmos as partições do ponto de vista dos retângulos.
Dizemos que a partição Q refina P se Q = Q1 × ... × Qd satisfizer Pi ⊂ Qi , i = 1, .., d.
Ou seja, temos que os RJ ∈ P podem estar subdivididos em mais regiões retangulares,
digamos QJ ∈ Q (neste caso os RJ são formados por um ou por uma união finita de alguns
dos QJ ).
Obs.: P refina P .

1
Somas superiores e somas inferiores

Seja P ⊂ R ⊂ Rd (P -partição; R um d-paralelepípedo, d ≥ 1) tal que P é identificada


por regiões d-retangulares RJ = I1 × ... × Id (cartesiano de intervalos reais). Definimos o
Qd
volume d-dimensional de RJ por vol(RJ ) = |Ik |, onde |Ik | é comprimento do k-ésimo
k=1
intervalo.
Seja f : R → R limitada. Definimos os valores:
MRJ = M (f ; RJ ) = sup{f (x) : x ∈ RJ }
mRJ = m(f ; RJ ) = inf {f (x) : x ∈ RJ }
ωRJ = MRJ − mRJ = ω(f ; RJ ) = M (f ; RJ ) − m(f ; RJ ) (oscilação de f em RJ )
E também as seguintes somatórias:

X
S(f, P ) = MRJ vol(RJ )
RJ ∈P

X
s(f, P ) = mRJ vol(RJ )
RJ ∈P

Chamadas somas superior e inferior de f respectivamente.

Lema 1.1. s(f, P ) ≤ S(f, P ) para qualquer partição P de R.

Demonstração. Basta lembrar que mRJ ≤ MRJ , e acabou!

Lema 1.2. Se Q refina P (partições sobre R), então S(f ; Q) ≤ S(f ; P ) e s(f ; P ) ≤ s(f ; Q)

Demonstração. Vamos fazer o caso das somas superiores e daí o caso das somas inferiores
segue de forma análoga (verifique!).
P P
S(f ; P ) = MRJ vol(RJ ) e S(f ; Q) = MQJ vol(QJ ). Fixe RJ ⊂ R. Como
RJ ⊂R QJ ⊂R
m
S
Q refina P , então RJ = QJi (aqui, a menos de bordas, podemos supor que essa é
i=1

2
m
P
uma união disjunta, sem perda de generalidade). Assim temos vol(RJ ) = vol(QJi ).
i=1
Como A ⊂ B ⇒ supA ≤ supB, então MQJi ≤ MRJ , j = 1, ..., m. E daí temos que
m
P m
P m
P
MQJi vol(QJi ) ≤ MRJ vol(QJi ) = MRJ vol(QJi ) = MRJ vol(RJ ). Se repetirmos para
i=1 i=1 i=1
os demais RJ da partição e tomarmos a somatória, temos:
P P
MQJi vol(QJi ) ≤ MRJ vol(RJ ), isto é, S(f ; Q) ≤ S(f ; P )
QJi ⊂Q RJ ⊂R

Lema 1.3. s(f ; Q) ≤ S(f ; P ), ∀P, Q partições sobre R ⊂ Rd .

Demonstração. Seja P = P1 × ... × Pd e Q = Q1 × ... × Qd . Defina W = W1 × ... × Wd com


W i = Pi ∪ Qi partições na reta. Então W refina P e Q. Aplicando o lema anterior, temos:
s(f ; Q) ≤ s(f ; W ) ≤ S(f ; W ) ≤ S(f ; P )

3
Integral

Seja f : R −→ R limitada. Definimos:


Integral superior
Z −
f dx = inf S(f, P )
R P

Integral Inferior
Z
f dx = sup s(f, P )
−R P
R R−
Obs.: −R f dx ≤ R f dx

Demonstração. Tome P uma partição fixa, então s(f, P ) ≤ S(f, Q) para qualquer partição
Q, pelo Lema 1.3. Logo, s(f, P ) é uma cota inferior do conjunto {S(f, Q) : Q é partição}.
R−
Portanto, s(f, P ) ≤ inf Q S(f, Q) = R f dx.

Definição 1. Quando a integral superior e a integral inferior coincidirem, diremos que f


é integrável e denonotaremos o valor da integral por:

Z Z − Z
f dx = f dx = f dx
R R −R

Teorema 1.4. Seja f : R ⊂ Rd −→ R, dada por f (x) = c, constante. Então f é integrável e


R
Q
f dx = c vol(R) .

Demonstração. Seja P uma partição arbitrária sobre R formada por d-paralelepípedos RJ .


Como f é constante, temos que:
m(f ; RJ ) = c = M (f ; RJ ), ∀RJ ∈ P . Daí:
P P P
S(f ; P ) = MRJ vol(RJ ) = c vol(RJ ) = c vol(R) = mRJ vol(RJ ) = s(f ; P )
RJ ∈P RJ ∈P RJ ∈P
Assim temos {S(f ; P ) : P é partição de R} = {s(f ; P ) : P é partição de R} = {c vol(R)}

4
O que implica inf {S(f ; P ) : P é partição de R} = sup{s(f ; P ) : P é partição de R} =
c vol(R)
R− R R
Ou seja, R
f dx = −R
f dx = R
f dx = c vol(R)

Corolário 1.5. Seja R um paralelepípedo em Rn e seja {Qi }ki=1 uma coleção finita de retângulos
k
P
que cobre Q. Então vol(Q) ≤ vol(Qi )
i=1

Demonstração. Suponha que essa cobertura é disjunta e note que {Qi ∩ Q}ki=1 forma uma
k
P
partição de Q satisfazendo vol(Q) = vol(Qi ∩ Q). Como ∀j ∈ {1, ..., k}, tem-se
i=1
k
P k
P
Qj ∩ Q ⊂ Qj , então vol(Qj ∩ Q) ≤ vol(Qj ) ⇒ vol(Q) = vol(Qi ∩ Q) ≤ vol(Qi ).
i=1 i=1
Se supormos que tal cobertura de retângulos não é disjunta, podemos montar uma
 S 
0 k 0 0 k
cobertura disjunta {Qi }i=1 com Q1 = Q1 ∩ Q e Qk+1 = Qk+1 − j=1 Qj ∩ Q. Como
Q0i ⊂ Qi , ∀i, podemos repetir o mesmo procedimento para concluir a desigualdade do
enunciado.

Teorema 1.6. f é integrável se, e somente se, ∀ ε > 0 existe uma partição P de Q tal que
P
R∈P ω(f, R)vol(R) < ε

Demonstração. (⇐): Dado ε > 0 existe uma partição P de Q tal que

X
ω(f, R)vol(R) < ε
R∈P

Equivalentemente,

X X
sup f (x)vol(R) < ε + inf f (x)vol(R)
x∈R x∈R
R∈P R∈P

Então, segue que,

5
Z X 
f dx = inf sup f (x)vol(R)
Q P
R∈P
X
≤ sup f (x)vol(R)
R∈P
X
< + inf f (x)vol(R)
x∈R
R∈P
X 
≤  + sup inf f (x)vol(R)
P x∈R
R∈P
Z
≤ + f dx
Q

Z Z
Ou seja, f dx <  + f dx
Q Q
Z Z
Por outro lado, já sabemos que, f dx − f dx ≥ 0.
Q Q
Z Z
Logo, f dx = f dx
Q Q
(⇒): Suponha que f é integrável e existe um ε0 > 0 e uma partição P tais que
X
ω(f, R)vol(R) ≥ ε0 .
R∈P
Z Z
Como f dx = f dx, então existe P, P 0 partições de Q tais que,
Q Q

Z
X 0
sup f (x)vol(R) < f dx +
R∈P
x∈R Q 2
Z
ε0 X
f dx − < inf f (x)vol(R)
Q
2 R∈P 0
x∈R

Note que,
Z
X ε0
sup f (x)vol(R) < f dx +
R∈P
x∈R Q 2
Z
X ε0
− inf f (x)vol(R) < − f dx +
R∈P 0
x∈R
Q
2

6
X
Donde, segue que, ω(f, R)vol(R) < ε0 ,o que é absurdo.
R∈P

Teorema 1.7. Seja f : Q → R uma função limitada. Então f é integrável em Q se, e somente se,
dado ε > 0 existe δ > 0 tal que S(f, P ) − s(f, P ) < ε qualquer que seja a partição P com norma
menor que δ.

Demonstração. (⇒) : Suponha |f (x)| ≤ M , para algum M > 0, ∀x ∈ Q, seja P uma


partição de Q, tome P 0 um refinamento de P do seguinte modo, P 0 = P ∪ {x1 , ..., xd },
onde xi ∈]ai , bi [, então,

0 ≤ s(f, P 0 ) − s(f, P )
X X
= mR (f )vol(R) − mR (f )vol(R)
R∈P 0 R∈P
X
= mR vol(R)
R∈P 0

≤ 2M (normaP )(larguraQ)d−1

Analogamente,

0 ≤ S(f, P ) − s(f, P 0 )
X X
= MR (f )vol(R) − MR (f )vol(R)
R∈P R∈P 0
X
= MR vol(R)
R∈P 0

≤ 2M (normaP 0 )(larguraQ)d−1

7
(⇐) : Suponhamos f integrável em Q, dado ε > 0, tome P partição de Q tal que,

ε
S(f, P ) − s(f, P ) <
2

Consideremos P 0 um refinamento de P , dado por P 0 = P ∪ {x1 , ..., xd }, note que,


normaP 0 ≤ normaP
Assim,

S(f, P ) − s(f, P 0 ) ≤ 2M normaP 0 (largura Q)d−1

≤ 2M normaP (largura Q)d−1

ε
Tome δ = , então normaP < δ, o que implica em, S(f, P ) −
8M normaP (largura Q)d−1
s(f, P ) < ε

Definição 2. D ⊂ Rd é dito ter medida d-nula (ou simplesmente medida nula) quando
S
dado ε > 0 existir uma cobertura Rk de paralelepípedos (d-dimensionais) sobre D tal
k∈N
P
que vol(Rk ) < ε.
k∈N

Lema 1.8. Rn−1 ×{0} tem medida nula em Rn

S
Demonstração. Dado ε > 0, nosso objetivo é encontrar uma cobertura Rk de
k∈N
paralelepípedos (n-dimensional) sobre Rn−1 ×{0} tal que
P
vol(Rk ) < ε.
k∈N
Usando o fato que Qn−1 é enumerável e denso em Rn−1 , podemos construir uma
cobertura enumerável de paralelepípedos ((n-1)-dimensional) sobre Rn−1 ; digamos
{Qj }j∈N . E, além disso, podemos construí-la de tal forma que em Rn−1 , tenhamos
vol(Qj ) = V ; 0 < V < 1; ∀j ∈ N.

8
h k k
i
Defina Rk = Qk × − ε(1−V2 )V , ε(1−V2 )V . Temos que (Rk )k∈N forma uma cobertura sobre
 k k

Rn−1 ×{0} ⊂ Rn e vol(Rk ) = V ε(1−V2 )V − (− ε(1−V2 )V ) = ε(1 − V )V k+1 .
1
− 1 < ε(1−V )
P P k+1 
Logo vol(Rk ) = ε(1 − V ) V = ε(1 − V ) 1−V 1−V

k∈N k∈N

Obs.: Acima usamos a variação da série geométrica. Como 0 < V < 1, então temos que
1 1
P k P k+1
V = 1−V ⇒ V = 1−V −1
k∈N k∈N

Exercício 3. Mostre que nenhum conjunto aberto em Rn tem medida nula em Rn .


De fato, se U é aberto de Rn , então ∀x ∈ U, ∃εx > 0 tal que B(x, εx ) ⊂ U , o que implica
que, ] − εx , εx [×...×] − εx , εx [⊂ U . Então, vol(] − εx , εx [×...×] − εx , εx [) = (2εx )n ≥ 0,
implicando que, B(x, εx ) não tem medida nula, donde segue que U não tem medida nula.

9
Aδ = {f (x)/x ∈ Bδ }
Mδ = sup Aδ
mδ = inf Aδ
ω(f, Bδ (a)) = Mδ − mδ
ν(f, a) = inf δ>0 ω(f, Bδ (a))

Proposição 1.9. f é contínua em a ⇔ ν(f, a) = 0

P
Demonstração. Dado  > 0, ∃ partição P tal que R∈P ω(f, R)vol(R) < 
1
Dm = {a ∈ Q/ν(f, a) > m
}
∪m∈N = D
Dm ⊂ ki=1 Ri
S

Dm = Dm 0 t Dm 00
0
⊂ ki=1 ∂Ri ⇒ Dm0
S
Dm tem medida nula
0
⊂ ki=1 R̊i
S
Dm
0
ā ∈ Dm ∩ R̊i
ν(f, a) 6 Mg − mg , bδ (a) ⊂ R̊i
1
6 ν(f, a) 6 Mg − mg 6 M (f, R̊i ) − m(f, R̊i ) = ω(f, R̊i )
m

⇒ ki=1 m1 vol(Ri ) 6 ki=1 ω(f, R̊i )vol(Ri ) < 


P P

⇒ m1 ki=1 vol(Ri ) 6 ki=1 ω(f, R̊i )vol(Ri ) < 


P P

⇒ ki=1 vol(Ri ) <  · m


P

Proposição 1.10. Sejam f, g : [0, 1] → R crescentes e positivas, mostre que a função h : [0, 1]2 →
R dada por h(x, y) = f (x)g(y) é integrável em [0, 1]2 .

Demonstração. Seja P 0 a partição de [0, 1] dada por xi − xi−1 = 1/n. Temos que P = P 0 × P 0

10
é uma partição de [0, 1]2 . Seja  > 0, observe que

X X
U (h, P ) − L(h, P ) = sup {f (x)g(y)}vol(R) − inf {f (x)g(y)}vol(R)
(x,y)∈R
R⊂P (x,y)∈R R⊂P

n Pn 2
X 1 i=1 (xi − x2i−1 )
= (x2i − x2i−1 ) = <
i=1
n2 n2

para n suficientemente grande.

Teorema 1.11. i. Se B ⊂ A e A é um subconjunto de medida nula de Rn , então B também o é.

ii. Uma união enumerável de subconjuntos de medida nula de Rn também tem medida nula.

iii. Um subconjunto A de Rn tem medida nula se e somente se para todo  > 0 existe uma
cobertura enumeravel de A por retângulos abertos {Qi }i∈N tais que


X
vol(Qi ) < 
i=1

iv. Se Q é um retângulo em Rn , então ∂Q tem medida nula em Rn e Q não.

Demonstração. i. Como A tem medida nula em Rn , então para cada  > 0 existe uma
cobertura P de A tal que
X
vol(R) < 
R⊂P
S
eB ⊂ R⊂P R, e portanto B tem medida nula.

P
ii. Dado  > 0, seja {Qij }j∈N uma cobertura de Ai por retângulos tais que j∈N vol(Qij ) <
/2i . Então
[ [
Ai ⊂ Qij
i∈N i,j∈N

11
X X 
vol(Qij ) < i
=
i,j∈N i∈N
2

Ai tem medida nula em Rn .


S
E portanto

S S S
iii. Se A ⊂ i∈N Qi então A ⊂ Ā ⊂ i∈NQ̄i . Logo, os retângulos fechados
Qi = i∈N
P
Q̄i formam uma cobertura de A, e, por hipótese, i∈N vol(Qi ) < . Portanto A tem
medida nula em Rn .

Teorema 1.12. Seja f : Q → R limitada. Então f é integrável se, e somente se, o conjunto de
descontinuidade de f possui medida nula.

Demonstração.

(1) Primeiro demonstraremos a volta da implicação


Seja D = {x ∈ Q; f é descontinua em x}. Então por definição temos que dado 
existem Qi tais que

[
D⊂ Q̊i
i=1

onde

X
vol(Q̊i ) < 
i=1

podemos tomar ainda Q̊i com faces paralelas aos eixos. Deste modo Q̊i ∩ Q também são
retângulos. Agora toma ∀a ∈ Q \ D, ou seja, a onde a função f é contínua. Com isso, faça
Q̊δa o retângulo aberto tal que

∀x ∈ Q̊δa ∩ Q ⇒ |f (x) − f (a)| < 

Por uma questão de notação utilizaremos Q̊a = Q̊δa (a).

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Temos  

!
[ [
Q⊂ Q̊i ∪ Q̊a 
i=1 a∈Q\D

Formamos assim uma cobertura de Q, mas como Q é compacto então possui uma
subcobertura finita, diga-se

Q ⊂ Q̊1 ∪ . . . ∪ Q̊k ∪ Qa1 ∪ . . . ∪ Qar

Contrua uma partição P a partir desta cobertura finita Q̊1 , . . . , Q̊k , Qa1 , . . . , Qar
Seja ω(f, R) = MR − mR onde MR = supx∈R f (x) e mR = inf x∈R f (x). Defina
R : R se R ⊂ Q̊i nesse caso temos ω(f, R) < 2M
Ra : R se R ⊂ Qaj nesse caso temos ω(f, R) < 2
Então P = R t Ra . Finalmente temos
P P P
R∈P ω(f, R)vol(R) = ω(f, R)vol(R) + R∈Ra ω(f, R)vol(R)
R∈R
P P
≤ R∈R 2M vol(R) + R∈Ra vol(R)

Note que
[ k
[ X
⊂ Qi → vol(R) < 
R∈R i=1 R∈R

Além disso
X
vol(R) < vol(Q)
R∈Ra

Portanto
X
ω(f, R)vol(R) ≤ 2M  + vol(Q) = (2M + vol(Q))
R∈P

Caso preferir podemos tomar inicialmente 0 = 


2M +vol(Q)
R
(2) Agora iremos provar a ida, ou seja, supondo que Q
f (x)dx existe
Defina Aδ = f (x); x ∈ Bδ (a), Mδ = sup Aδ , mδ = inf Aδ , ω(f, Bδ (a)) = Mδ − mδ ,
definimos a oscilação da função f por ν(f, a) = inf δ>0 ω(f, Bδ (a)) que é não negativa por

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definição. Pelo Teorema CITAR TEOREMA temos que f é contínua em a se, e somente se,
ν(f, a) = 0
Dado ε, existe uma partição P tal que

X
ω(f, R)vol(R) < ε
R∈R

Seja D o conjunto das descontinuidades de f em Q.


S
Para cada m ∈ N defina Dm = {a ∈ Q; ν(f, a) ≥ 1/m}, então D = m∈N
0
Seja Dm os pontos de Dm que pertencem a ∂R(fronteira de R) para algum retângulo R
00
da partição. E seja Dm o restante de Dm .
0
Para Dm temos que, dado R, o conjunto ∂R tem medida nula em Rn , e disso R ∂R
S

0 S 0
também tem medida nula. Como Dm ⊂ R ∂R então podemos cobrir Dm por contáveis
retângulos tais que o volume total seja menor que ε/2
00
Para Dm , sejam R1 , . . . , Rk os subretângulos determinados por P que contém os pontos
00 00
de Dm . Dado i, o retângulo Ri contém um ponto a de Dm .

1
≤ ν(f, a) ≤ Mδ − mδ ≤ M (f, R̊i ) − m(f, R̊i ) = ω(f, R̊i )
m

Multiplicando a expressão por vol(Ri ) e somando

k k
X 1 X
vol(Ri ) ≤ ω(f, R̊i )vol(Ri ) < ε
i=1
m i=1

pois assumimos f integrável. Disto

k
X
vol(Ri ) < εm
i=1

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Teorema 1.13. Seja Q = [0, 1] × [0, 1]. Defina f : Q −→ R por f (x, y) = 1/q, se y ∈ Q e
x = p/q, fração de inteiros com mdc(p, q) = 1 (assuma sempre p, q positivos); caso contrário,
R
f (x, y) = 0. Nessas condições, Q f existe.

Demonstração. Defina A = {(x, y)|x, y ∈ Q} ∩ Q. A tem medida nula em Q. Vamos


provar que f é contínua em cada ponto fora de A, ou seja, fixado a = (a1 , a2 ) com
coordenadas irracionais (e portanto f (a) = 0) e dado ε > 0 queremos encontrar δ > 0
tal que x ∈ B(a, δ) satisfaça |f (x) − f (a)| = |f (x)| < ε. De fato, tome n0 ∈ N tal que
 
1 k s
n0
< ε. Existem k, s ∈ N, k, s ≤ n 0 tais que a 1 ∈ ,
n0 n0
⊂ [0, 1]. Sabemos também
n o
−1
que existem finitos termos no conjunto C = n10 , n20 , ..., nn00 , n01−1 , n02−1 , ..., nn00 −1 , ..., 12 , 11 ,
digamos C = {m1 , m2 , ..., mr }. Vamos tomar δ = min{|a1 − mj | : mj ∈ C} (note que
 
isso satisfaz (a1 − δ, a1 + δ) ⊂ nk0 , nr0 ⊂ [0, 1] ), então, em B(a, δ) ⊂ [0, 1] × [0, 1], não
há nenhum elemento x = (x1 , x2 ) tal que a primeira coordenada x1 seja uma fração de
p p
inteiros da forma n0
, ou n0 −1
, ..., ou 11 . Logo |f (x)| < 1
n0
< ε, conforme queríamos provar.
Portanto, fora do conjunto de medida nula A , f é contínua, segue pelo teorema/critério
da integrabilidade de Lebesgue a existência da integral do enunciado.

Obs.: (1) Vamos ver como se calcula

Z Z −
h(x) = f (x, y) e g(x) = f (x, y)
−y∈[0,1] y∈[0,1]

Resolução:

h(x): Fixando x ∈ [0, 1] e dada P = {t0 = 0, t1 , ..., tn = 1} uma partição real em [0, 1],
então ∀ 0 ≤ i ≤ n − 1, temos que m(f ; {x} × [ti , ti+1 ]) = 0, pois o intervalo [ti , ti+1 ] admite
valores irracionais. Denotando {x} × P como uma partição de {x} × [0, 1] temos que

15
R
s(f ; {x} × P ) = 0. Logo sup s(f ; {x} × P ) = −y∈[0,1]
f (x, y) = 0.
{x}×P

g(x): Utilizando as notações acima e fixando x ∈ [0, 1] irracional temos que M (f ; {x} ×
[ti , ti+1 ]) = 0, ∀i e daí a integral superior se anula. Se x ∈ Q, sob a forma, x = pq , com
1
p, q inteiros (sendo q positivo e mdc(p; q) = 1), então M (f ; {x} × [ti , ti+1 ]) = q
, ∀i, já
que podemos tomar um valor racional na segunda coordenada. Logo: S(f ; {x} × P =
1 1
R−
q
(1 − 0)) = q
e portanto: y∈[0,1]
f (x, y) = inf S(f ; {x} × P ) = 1q .
{x}×P

R−  0 , se x for irracional ou 0

Em suma, definimos uma função g(x) = y∈[0,1] f (x, y) =
 1 , se x da forma p acima.

q q

Obs.: (2) Vamos verificar o teorema de fubini para este caso.

Resolução:

f (x, y) ≤ 1, ∀(x, y) e f é integrável sobre Q conforme teorema acima.

Z Z
h(x) = 0 ⇒ f (x, y) = 0
x∈[0,1] −y∈[0,1]

Além disso,

Z Z − Z
f (x, y) = g(x)
x∈[0,1] y∈[0,1] x∈[0,1]

Como em [0, 1] há sempre pontos irracionais, segue de forma análoga à observação (1)
R
que − x∈[0,1] g(x) = 0.
R−
Para vermos que x∈[0,1] g(x) = 0, consideremos a seguinte construção: dado ε > 0,
1 1
existe n0 ∈ N tal que n0
< ε e dai ∀n > n0 , tem-se n
< ε. Notamos agora que

16
!
n o n0
q
g −1 ({ 1q }) ⊂ 1 2
para todo inteiro positivo q e que 1 ∈ g −1 { 1j } . Com
S
,
q q
, ..., q
= 1
j=1
isso essa pré-imagem tem um número finito de elementos digamos {k1 , k2 , ..., kr = 1} já
colocados em ordem crescente.
Tomemos agora m = min{|kj+1 − kj | : 1 ≤ j ≤ r − 1} ∪ { rε } e definamos os intervalos
Ij = kj − m2 , kj + m2 , 1 ≤ j ≤ r − 1 e Ir = [1 − m, 1]. Assim o comprimento de todos esses
 

intervalos é |Ij | = m. Como a função g é limitada com máximo 1 (e ínfimo 0), M (g; Ij ) ≤ 1.
Assim:
r r
|Ij | = rm ≤ r rε = ε
P P
M (g; Ij )|Ij | ≤
j=1 j=1
Por outro lado Pε = {0, k1 , ..., kr = 1} forma uma partição de [0, 1]. Os subintervalos da
partição restantes (fora dos Ij ) somam comprimento menor ! do que 1 pois particionam
n0
[0, 1] − rj=1 IJ e além disso estão fora de g −1 { 1j } . Então em cada subintervalo
S S
j=1
1
desses, o supremo é menor que < ε. Denotemos Jk tais subintervalos, desta forma
n0
P
M (g; Jk )|Jk | < ε.
Jk ∈P
P P
Por fim S(g; Pε ) = M (g; Jk )|Jk | + M (g; Ik )|Ik | < ε + ε = 2 ε. E daí como
Jk ∈Pε Ik ∈Pε
estamos trabalhando sempre com valores positivos, o ínfimo dessas somas superiores
deve ser 0, conforme desejávamos. Logo,

Z Z − Z Z
f (x, y) = f (x, y) = 0
x∈[0,1] y∈[0,1] x∈[0,1] −y∈[0,1]
R
Para ver que Q
f = 0, basta aplicar o teorema acima, o qual garante a existência desta
integral e portanto deve ser igual a integral inferior, que é 0 pois todo o elemento de um
sub-retângulo terá pontos com uma coordenada irracional, o que termina a verificação do
teorema de Fubini para este caso.

Teorema 1.14. (Fubini para regiões simples) Seja S = {(x, t)|x ∈ C e φ(x) ≤ t ≤ ψ(x)} ⊂ Rn ,
R
onde C 1 = vol(C) existe e φ, ψ são funções reais contínuas definidas no domínio C e ∀x ∈ C,

17
−M ≤ φ(x) ≤ ψ(x) ≤ M . E seja f : S −→ R contínua. Então f é integrável sobre S e:

Z Z Z t=ψ(x)
f= f (x, t)
S x∈C t=φ(x)

Demonstração. Seja Q × [−M, M ] um paralelepípedo que contém S. Como f é contínua e


limitada em S (também limitado, S é dito retificável) então f é integrável sobre S. Defina
para cada x ∈ Q fS (x, t) a extensão de f (x, t) tal que se x ∈
/ C, tenhamos fS (x, t) = 0. Daí,
pelo teorema de Fubini:

Z Z Z t=M
fS = fS (x, t)
Q x∈Q t=−M

Como fS se anula quando x ∈


/ C então:

Z Z Z t=M
f= fS (x, t)
S x∈C t=−M

Além disso fS (x, t) se anula a menos que φ(x) ≤ t ≤ ψ(x), o que implica

Z Z Z t=ψ(x) Z Z t=ψ(x)
f= fS (x, t) == f (x, t)
S x∈C t=φ(x) x∈C t=φ(x)

Lema 1.15. Seja Q e Q0 dois retângulos de Rn . Se f : Rn → R é uma função limitada e que se


anula fora de Q ∩ Q0 , então

Z Z
f= f
Q Q0

Isto é, uma integral existe se, e somente se, a outra integral existe.

Demonstração. Consideremos primeiramente o caso Q ⊂ Q0 . Seja D o conjuntos dos pontos

18
de descontinuidade de f o interior de Q. Então as aplicações f : Q → R e f : Q0 → R
são contínuas exceto nos pontos de D e possivelmente na fronteira de Q. Desse modo, a
existência de cada integral é equivalente a requerer que D tenha medida nula.
Suponhamos que as integrais existem, seja P uma partição de Q0 , e P 0 um refinamento
de P obtido por meio de P e adjunção dos pontos finais de cada intervalo que compoem
Q. Então Q é a união de subbretângulos R determinados por P 0 . Se R é um subretângulo
determinado por P 0 que não está contido em Q, então f desaparece nos pontos de R,
donde mR (f ) ≤ 0.
X Z Z
0
Isso mostra que, s(f, P ) ≤ f . Donde segue que, s(f, P ) ≤
mR (f )vol(R) ≤ f.
R⊂Q Q Q
Z
Com argumentação similar, mostra-se que S(f, P ) ≥ f , como P é uma partição
Z Z Q

arbitrária de Q0 , segue que, f= f.


Q Q0
A demonstração para um par de retângulos arbitrários Q, Q0 envolve a escolha de um
Z Z Z
00
retângulo Q contendo ambos, e notando que, f= f= f
Q Q00 Q0

Lema 1.16. Seja S um subconjunto de Rn , seja f, g : S → Rn . Seja F, G : S → Rn definidas


pelas equações
F (x) = max{f (x), g(x)}

G(x) = min{f (x), g(x)}

(a) Se f e g são contínuas em x0 , então F e G também o são.

(b) Se f e g são integráveis em S, então F e G também o são.

Demonstração. (a) Suponhamos f, g contínuas em x0 . Consideremos o caso, f (x0 ) =


g(x0 ) = r. Então F (x0 ) = G(x0 ) = r. Por continuidade, dado ε > 0, tomamos δ > 0
tal que,
|f (x) − r| < ε e |g(x) − r| < ε

19
Para |x − x0 | < δ e x ∈ S, para valores de x, segue que,

|F (x) − F (x0 )| < ε e |G(x) − G(x0 )| < ε

Por outro lado, suponhamos f (x0 ) > g(x0 ), por continuidade, tomemos U uma
vizinhança de x0 tal que f (x) − g(x) > 0, ∀x ∈ U e x ∈ S. Então F (x) = f (x) e G(x) = g(x)
em U ∩ S, o que mostra que F e G são contínuas em x0 . Similarmente, se f (x0 ) < g(x0 ).
(b) Suponha f e g integráveis sobre S. Seja Q um retângulo contendo S. Então fS , gS
são contínuas em Q exceto nos conjuntos dos pontos de descontinuidade de f, (D) em Q
e nos pontos de fronteira de S, (E), cada qual com medida nula. Assim,

FS (x) = max{fS (x), gS (x)} e GS (x) = min{fS (x), gS (x)}

Assim, FS , GS são contínuas em Q exceto em D ∪ E, que tem medida nula. Assim, FS


e GS são limitados pois fS , gS o são. Portanto, FS e GS são integráveis sobre Q.

20
2 Conjuntos J - mensuráveis e Conteúdo de Conjuntos

Sejam S ⊂ Rd limitado e uma função f : S → R. Considere Q um retângulo que


contém S.
n
f (x) ,x∈S
Defina fQ = 0 , x∈Q−S

Obs.: Se f for contínua em S então fQ será contínua em S e em Q − (S ∪ ∂S). Logo, os


pontos de descontinuidade de fQ , se existirem, estarão contidos no bordo ∂S.

Até o momento, sabemos definir a integral sobre d-paralelepípedos, agora vamos


expandir a noção para uma região mais arbitrária, como é o caso de S limitada. Se fQ
for integrável em Q, definimos:

Z Z
f= fQ
S Q
R
Obs.: a integral f está bem definida, pois independe da escolha de Q. De fato, basta
S

considerar d-retângulos que contém S, digamos Q e Q0 e mostrar que Q fQ = Q0 fQ0 =


R R

f . Se S ⊂ Q e S ⊂ Q0 , então S ⊂ Q ∩ Q0 . Como f (x) = 0 quando x ∈


R
Q∩Q0 Q
/ S, então
f = Q∩Q0 fQ + Q∩Q0 { fQ = Q∩Q0 fQ + 0 = Q∩Q0 fQ (analogamente para Q0 ).
R R R R R
Q Q

Teorema 2.1. Sejam S ⊂ Rn limitado e f : S → R contínua e limitada. Para qualquer retângulo


Q, S ⊂ Q, a função fQ é integrável se ∂S possui medida nula.

Demonstração. (Basta aplicar o teorema/critério da integrabilidade de Lebesgue)

Obs.: Se f ≡ 1 então o conjunto de descontinuidades de fQ coincide com ∂S e vale a


recíproca.
R
Definição 4. S é chamado J-mensurável quando S
1 existe.

21
Obs.: S é J-mensurável se, e somente se, ∂S possui medida nula.

R
Definição 5. O conteúdo de um conjunto S J-mensurável é definido por vol(S) = S
1

R k
S
Obs.:(1) Se S
1 = 0, então existem finitos retângulos Qi tais que S ⊂ Qi
i=1

Demonstração. Tome Q ⊃ S e f ≡ 1 definida em S. Assim:

Z
fQ = 0
Q

Logo, existe uma partição P tal que S(fQ ; P ) ≤ 0 + ε. Daí:

X
M (fQ , R)vol(R) < ε
R∈P


1 , se R ∩ S 6= ∅

M (fQ ; R) =
0 , caso contrário.

Note que:
[
S⊂ R
R∈P
eR∩S6=∅

Juntando com a informação anterior temos:

X
V ol(R) < ε
R∈P
eR∩S6=∅

Daí, devemos ter uma coleção finita de retângulos em P que cobrem S.

(2) Se S possui conteúdo nulo, então S possui medida nula; (segue direto da
demonstração em (1) ).

22
k
S k
P
(3) Se S é tal que, dado ε > 0, existem finitos Qi com S ⊂ Qi e V ol(Qi ) < ε, então
i=1 i=1
R
S
1 = 0; (também é direto).
(4) Se S é compacto e possui medida nula, então S possui conteúdo nulo;

Demonstração. Sejam Qi tais que



[
S⊂ Qi
i=1

e

X
V ol(Qi ) < ε
i=1

em que Qi são retângulos abertos.


Como S é compacto, temos que existem i1 , . . . , ik ∈ N

k
[
S⊂ Qij
j=1

e,
k
X ∞
X
V ol(Qij ) ≤ V ol(Qi ) < ε
j=1 i=1

Daí o resultado segue por (3).

Proposição 2.2. Nem todo conjunto Lebésgue mensurável é J-mensuravel

Demonstração.
[0, 1] ∩ Q = {q1 , q2 , . . . , qn , . . .}

ai
q1 ∈ (ai , bi ); bi − ai =
2i

[
A= (ai , bi )
i=1

23
Afirmação:∂A não tem medida nula

P
dos vol(ai , bi ) = a
i=1
∂A˚
∪A = Ā = [0, 1]

Suponha que ∂A possua medida nula

[ ∞
X
∂A ⊂ Qi , V ol(Qi ) < ε
i=1


S
Note que [0, 1] ⊂ A ∪ Qi
i=1

1 = V ol[(0, 1)] ≤ V ol(A) + ε ≤ a + ε

Como a e ε são arbitrários. Podem assumir valores tais que sua soma é menor que 1,
portanto temos um absurdo.

Teorema 2.3. (Propriedades da integral) Seja S um conjunto limitado em Rn ; sejam f, g : S → R


funções limitadas.

1. (Linearidade) Se f e g são integráveis sobre S, então af + bg também é integrável com


a, b ∈ R, e

Z Z Z
(af + bg) = a f +b g
S S S

2. (Comparação) Suponha que f e g são integrávis em S. Se f (x) ≤ g(x) para x ∈ S, então

Z Z
f≤ g
S S

24
Além disso, |f | é integrável sobre S e

Z Z
| f| ≤ |f |
S S

3. (Monotocidade) Seja T ⊂ S. Se f é não-negativa em S e integrável sobre T e S, então

Z Z
f≤ f
T S

4. (Aditividade) Se S = S1 ∪ S2 e f é integrável sobre S1 e S2 , então f é integrável sobre S e


S1 ∩ S2 ; além disso

Z Z Z Z
f= f+ f− f
S S1 S2 S1 ∩S2

Demonstração. 1. Como S é limitado então é suficiente mostrar este resultado para a


integral em um retângulo. Temos

(af + bg)S = afS + bgS

Suponha f e g integráveis em Q. Logo, PELO TEOREMA TAL, f e g são conítuas


exceto nos conjunto D e E, respectivamente, de medidas zero. Deste modo, a função
af + bg é contínua exceto no conjunto D ∪ E(que também tem medida nula) e assim
é integrável em Q.

Considerando o caso a, b ≥ 0. Seja P 00 uma partição arbitrária de Q. Se R é um


subretângulo determinado por P 00 , então

a mR (f ) + b mR (g) ≤ a f (x) + b g(x)

25
para todo x ∈ R. Segue que

a mR (f ) + b mR (g) ≤ mR (af + bg)

então

Z
00 00 00
a L(f, P ) + b L(g, P ) ≤ L(af + bg, P ) ≤ (af + bg)
Q

Similarmente temos

a MR (f ) + b MR (g) ≥ a f (x) + b g(x)

para todo x ∈ R. Segue que

a MR (f ) + b MR (g) ≥ MR (af + bg)

então

Z
00 00 00
a U (f, P ) + b U (g, P ) ≥ U (af + bg, P ) ≥ (af + bg)
Q

Agora sejam P e P 0 quaisquer duas partições de Q, e seja P 00 seu refinamento. Do


que nós já provamos segue queremos

Z
0
a L(f, P ) + b L(g, P ) ≤ (af + bg) ≤ a U (f, P ) + b U (g, P 0 )
Q

R R
Agora por definição sabemos que a Q
f +b Q
g também está entre a L(f, P ) +
b L(g, P 0 ) e a U (f, P ) + b U (g, P 0 ). Como tomamos P e P 0 arbitrários então

26
Z Z Z
(af + bg) = a f +b g
Q Q Q

Para completar a prova, ou seja com outras possibilidades para a e b, iremos mostrar
que

Z Z
(−f ) = − f
Q Q

Seja P uma partição de Q e seja R um subretângulo determinado por P . Para x ∈ R


temos

−MR (f ) ≤ −f (x) ≤ −mR (f )

então, por definição, sabemos que mR (−f ) deve ser a maior das cotas inferiores de
−f em R e MR (−f ) deve ser a menor das cotas superiores de −f em R, logo

−MR (f ) ≤ mR (−f ) e MR (−f ) ≤ −mR (f )

ficamos com

−MR (f ) ≤ mR (−f ) ≤ −f (x) ≤ MR (−f ) ≤ −mR (f )

Multiplicando a expressão acima por vol(R) e somando, obtemos

Z
−U (f, P ) ≤ L(−f, P ) ≤ (−f ) ≤ U (−f, P ) ≤ −L(f, P )
Q

R
Por definição − Q
f está entre −U (f, P ) e −L(f, P ). Mas como P é arbitrátio então

27
Z Z
− f= −f
Q Q

e a partir disto podemos extender a prova para outros valores de a e b que não
somente para os positivos.

2. Do mesmo modo que em (1), é suficiente mostrar a propriedade de comparação para


o caso da integral em um retângulo.

Suponha f (x) ≤ g(x) para x ∈ Q. Se R é um retângulo qualquer contido em Q, então

mR (f ) ≤ f (x) ≤ g(x)

para todo x ∈ R. Então mR (f ) ≤ mR (g). Assim, se P é qualquer partição de Q

Z
L(f, P ) ≤ L(g, P ) ≤ g
Q

Como P é arbitrátia e f é integrável, concluimos que

Z Z
f≤ g
Q Q

Sabemos que |f | é integrável em S pois

|f (x)| = max{f (x, −f (x))}

Para conseguirmos a desigualdade requirida podemos aplicar a propriedade da


compação à

−|f (x)| ≤ f (x) ≤ |f (x)|

28
e temos

Z Z Z
− |f | ≤ f≤ |f |
S S S

Logo

Z Z Z

| f | ≤ |f | = |f |
S S S

3. Se f é não-negativo e se T ⊂ S então fT (x) ≤ fS (x) para todo x. Pela propriedade


de comparação

Z Z
fT (x) ≤ fS (x)
T T

4. Seja T = S1 ∩ S2 . Provaremos que f é integrável sobre S e T . Primeiro considere o


caso onde f é não-negativo em S. Seja Q um retângulo contendo S. Então fS1 e fS2
são integráveis em Q por hipótese.

Segue das equações

fS (x) = max{fS1 (x), fS2 (x)} e fT (x) = min{fS1 (x), fS2 (x)}

que fS e fT são integráveis sobre Q.

No caso geral, faça

f+ (x) = max{f (x), 0} e f− (x) = max{−f (x), 0}

Como f é integrável sobre S1 e S2 , então f+ e f− também são integráveis. Pelo caso


especial considerado (f não-negativo), f+ e f− são integráveis sobre S e T .

29
f (x) = f+ (x) − f− (x)

e por linearidade temos que f é integrável em S e T .

Da equação

fS (x) = fS1 (x) + fS2 (x) − fT (x)

podemos aplicar a linearidade da integral e teremos

Z Z Z Z
f= f+ f− f
S S1 S2 S1 ∩S2

Teorema 2.4. Seja S um conjunto limitado em Rn , seja f → R uma função contínua e limitada,
R R
seja A = int(S). Se f é integrável sobre S então f é integrável sobre A, e S f = A f

Demonstração. 1. Primeiro iremos mostrar que se fS é contínua em x0 , então fA é


contínua, e coincide com fS , em x0

lembrando que:

•int(S) é a união de todos os conjuntos abertos de Rn que estão contidos em S

•Ext(S) é a união de todos os conjuntos abertos de R que são disjuntos de S

Se x0 ∈ int(S) ou x0 ∈ Ext(S) então fS e fA coincidem em uma vizinhança de x0 e o


resultado é trivial.

Se x0 ∈ ∂S, a continuidade de fS em x0 implica que fS (x) → fS (x0 ) quando x → x0 .

30
Tomados arbitrariamente, próximo de x0 estão pontos x que não estão em S, para
os quais fS (x) = 0, logo este limite deve ser 0 e assim fS (x0 ) = 0. Como fA (x) é
igual a fS (x) ou 0 pois A ⊂ S, devemos ter fA (x) → 0 quando x → x0 . Além disso,
fA (x0 ) = 0 pois x0 ∈
/ A. Portanto fA é contínua em x0 e coincide com fS em x0 .

2. Agora provaremos o teorema em si. Se f é integrável sobre S, então fS é contínua


exceto em um conjunto D de medida zero. Disto, fA é contínua em pontos que não
estão em D, então f é integrável sobre A. Como fS − fA se anula em pontos que
R
não estão em D, nós temos Q (fS − fA ) = 0, onde Q é um retângulo contendo S.
R R
concluimos que S f = A f

31
3 O Teorema da Mudança de Variável

Teorema 3.1. Sejam h :]a, b[→]c, d[ difeomorfismo e f : I → R uma função limitada, I ⊂]a, b[
compacto. Então,
Z Z
f (y)dy = f (h(x))|h0 (x)|dx
I=h(S) J

Demonstração. Suponhamos que f (y) ≤ 0 para todo y ∈ I

Teorema 3.2. Sejam h : Rd → Rd difeomorfismo do tipo 2. Para todo S ⊂ Rd Jordan mensurável


e f : S → R integrável vale,
Z Z
f (y)dy = f (h(x))| det(Dh(x))|dx
h(X)=S X

∂φ
Demonstração. Seja φ : Rd → R, tome h(x1 , ..., xd ) = (φ(x1 , ..., xd ), x2 , ..., xd ) onde 6= 0.
∂x1
Assim,

Z Z Z Z 
f (y)dy = fQ (y)dy = fQ (s, w)ds dw
S J×A A J

Com y = (s, w), s ∈ R, w ∈ Rd−1 , fw (s) := f (s, w)

Z Z  Z Z 
fQ (s, w)ds dw = fw (s)ds dw
A J A Iw
Z Z 
= fw (φ(t))|φ0 (t)|dt dw
A I
Z Z 
= f (φ(t, x2 , ..., xd ))| det Dh|dt dw
ZA I

= f (h(x))| det Dh(x)|dx


A×I

Definição 6. Defina o conjunto D = {h difeomorfismo de classe C 1 | vale o teorema da


mudança de variável sobre conjuntos J-mensuráveis }. Diremos que cada elemento h ∈ D

32
é um difeomorfismo admissível.

Observação 7. Até agora só sabemos que D admite difeomorfismos do Tipo 1 e do Tipo 2.

Proposição 3.3. Sejam h1 , h2 ∈ D (com h1 ◦ h2 definida) então h1 ◦ h2 ∈ D (i.e. D é fechado com


relação à operação de composição onde se possa defini-la).
Obs.: Se tomarmos h1 difeomorfismo do Tipo 1 essa composta sempre estará definida.

Demonstração. Naturalmente a composição de difeomorfismos de classe C 1 é um


difeomorfismo de classe C 1 . Assim, se X ⊂ Rn é J-mensurável então os conjuntos h1 (X),
h2 (X) = W e h1 ◦ h2 (X) = h1 (W ) são também J-mensuráveis. Dada f é integrável no
domínio h1 ◦ h2 (X) queremos verificar que vale a igualdade da mudança de variável.
Temos que:

Z Z
f (y)dy = f (y)dy
h1 (W ) h1 ◦h2 (X)

Como h1 ∈ D, temos que:

Z Z Z
f (y)dy = f (h1 (w))|detDh1 (w)|dw = f (h1 (w))|detDh1 (w)|dw
h1 (W ) W h2 (X)

Definindo g(w) = f (h1 (w))|detDh1 (w)|, como h2 ∈ D segue de forma análoga que:

Z Z Z
f (h1 (w))|detDh1 (w)|dw = g(w)dw = g(h2 (x))|detDh2 (x)|dx
h2 (X) h2 (X) X

Daí,

Z Z Z
g(w)dw = f (h1 (h2 (x)))|detDh1 (h2 (x))||detDh2 (x)|dx = f (h1 ◦h2 (x))|detDh1 ◦h2 (x))|dx
h2 (X) X X

33
Concluímos:

Z Z
f (y)dy = f (h1 ◦ h2 (x))|detDh1 ◦ h2 (x))|dx
h1 ◦h2 (X) X

Ou seja, h1 ◦ h2 ∈ D.

Obs.: O teorema acima já nos diz que podemos combinar (onde estiver bem definido)
difeomorfismos dos Tipos 1 e 2 e isso nos será útil para um resultado a seguir que nos
dirá que todo difeomorfimo de classe C 1 é, pelo menos, localmente admissível, mas antes
precisamos da forma local das submersões.

Teorema 3.4 (Forma Local das Submersões (1)). Seja f : U −→ Rn , onde U ⊂ Rn+m aberto,
h i
f ∈ C k e p = (a, b) ∈ U , onde ∂f∂yi (p)
j
, com 1 ≤ i, j ≤ n, é uma matriz inversível. e f (p) = c.
n×n
m n
Então existem abertos V ⊂ R , W ⊂ R , Z ⊂ U com a ∈ V, c ∈ W e p ∈ Z e existe também um
difeomorfismo C k , digamos h : V × W −→ Z satisfazendo f (h(x, w)) = w, ∀x ∈ V, ∀w ∈ W .

Demonstração. Defina ϕ(x, y) = (x, f (x, y)) sobre o aberto U .


Calculando Dϕ(p),
h i
concluímos que seu determinante coincide com o determinante da matrix ∂f∂yi (p)
j
,
n×n
portanto inversível. Pelo teorema da aplicação inversa, existem V × W e Z vizinhanças de
ϕ(p) e p respectivamente (como as do enunciado) tais que a restrição ϕ : Z −→ V × W é
um difeomorfismo C k . Basta tomarmos h = ϕ−1 difeomorfismo inverso e verificar que h
satisfaz a propriedade da tese do enunciado.

Teorema 3.5. (Forma Local das Submersões (2) ): Seja f : M m → N n uma aplicação diferenciável
que seja uma submersão num ponto p ∈ M . Então, dada uma parametrização Ψ : V → Ψ(V ) em
N , com f (p) ∈ Ψ(V ), existe ξ : V × W → Z difeomorfismo, com Z ⊂ M e p ∈ Z, f (Z) ⊂ Ψ(V ),
e W ⊂ Rm−n aberto, tais que:

(Ψ−1 ◦ f ◦ ξ)(x, y) = x ∀(x, y) ∈ V × W

34
Demonstração. Considere uma parametrização φ : U → φ(U) de M , com p ∈ φ(U) e
f (φ(U)) ⊂ Φ(V ). como df (p) é sobrejetora, segue que a diferencial df (a), da representação
f¯ = Φ−1 ◦ f ◦ φ de f , também é sobrejetora, na qual a = φ−1 (p), com a = (a1 , a2 ) ∈
Rn × Rm−n . Assim, pela forma local das submersões em espaços euclidianos, restringindo
os domínios, se necessário, existe um difeomorfismo h : V × W → U, no qual W ⊂ Rm−n
é um aberto contendo a2 , tal que

[(Φ−1 ◦ f ◦ φ) ◦ h](x, y) = x

para todo (x, y) ∈ V × W . Assim, basta considerar ξ = φ ◦ h e Z = φ(U).

Teorema 3.6. Seja h : V → U difeomorfismo de classe C 1 entre abertos do Rd .


Para todo x ∈ V existe uma vizinhança Vx de x tal que para toda f : h(Vx ) → R integrável
R R
vale h(X) f (y)dy = X f (h(x))|detDh(x)|dx em que X ⊂ Vx é J-mensurável (e portanto h(X)
também é); i.e. h é localmente admissível.

Demonstração. Sabemos que se h for do tipo 1 ou 2 (ou variações de composição), então h


é admissível. Ou seja o teorema vale se h for da forma
h(x) = h(x1 , . . . , xd ) = (h1 (x1 , . . . , xd ), x2 . . . , xd ). Por um argumento indutivo,
mostraremos que vale para h(x) = (h1 (x1 , . . . , xd ), . . . , hd (x1 , . . . , xd )) numa vizinhança
de x0 .
Se numa vizinhança de x0 , h for da forma:

h(x) = (h1 (x1 , . . . , xd ), . . . , hj (x1 , . . . , xd ), xj+1 , ..., xd ), j > 1

então basta mostrar que ∃k difeomorfismo C 1 composto de difeomorfismos dos tipos 1 e


2 e cuja imagem é uma vizinhança de x tal que:

(h ◦ k)(y) = (h1 ◦ k(y), . . . , hj−1 ◦ k(y), yj , ..., yd )

35
(assim pelo raciocínio indutivo será possível considerar o caso mais geral quando j = d
numa vizinhança suficientemente próxima de x0 )

Podemos supor sem perda de generalidade que h (x)
∂xj j
6= 0 (pois h em cada ponto
não pode ter Jacobiana nula já que é um difeomorfismo C 1 e podemos compor com
difeomorfismos do tipo 1).

hj : V ⊂ Rd−1 × R −→ R, (x1 , . . . , xd ) 7→ hd (x1 , . . . , xd )

Segue do teorema da forma local das submersões (1) que existe k difeomorfismo de
classe C 1 , cuja imagem é uma vizinhança Vx de x e satisfaz, em todo seu domínio:

hj ◦ k(y1 , . . . , yd ) = yj

Logo,
h(k(y)) = (h1 (k(y)), ..., hj−1 (k(y)), yj , ..., yd )

Conforme queríamos.

Teorema 3.7. (Teorema Global): Seja h : V → U difeomorfismo entre os abertos U e V ⊂ Rd .


Para X ⊂ V compacto e J-mensurável (portanto h(X) também é J-mensurável) e f : h(X) → R
R R
integrável vale h(X) f (y)dy = X f (h(x))|detDh(x)|dx.

Demonstração. Considere Vx , x ∈ X vizinhanças abertas dados pelo Teorema do


S
difeomorfismo localmente admissível provado anteriormente, X ⊂ Vx , então pelo
x∈X
teorema anterior, como toda cobertura aberta de um compacto possui número de
Lebesgue, então existe δ > 0 um número de Lebésgue associado a esta cobertura.
Construa uma partição P = {Rj }kj=1 sobre X tal que diâmetro de de Rj seja sempre menor
que δ e defina Xj = X ∩ Rj uma decomposição de X. Logo, o diâmetro de Xj também é

36
menor que δ.
k
S
Segue também que h(X) = h(Xi ).
i=1

Por fim,

Z k
X Z k Z
X Z
f (y)dy = f (y)dy = f (h(x))|detDh(x)|dx = f (h(x))|detDh(x)|dx
i=1 i=1 X X
h(X) h(Xi ) i

Conclusão: todo difeomorfismo de classe C 1 é admissível (inclusive globalmente).

37
4 Álgebra Multilinear

Seja V um espaço vetorial real com dimensão finita dim(V ) = n. Então f : V → R é


chamado de funcional linear e V ∗ = {f : V → R; f é linear} é chamado de espaço dual. O
espaço dos funcionais lineares satisfazem:

(f1 + f2 )(v) = f1 (v) + f2 (v)


(λf )(v) = λf (v), λ ∈ R

com isso, V ∗ é um espaço vetorial.

Lema 4.1. Seja V ∗ como citado acima, então dim(V ∗ ) = n, onde n = dim(V ).

Demonstração. Seja {vi }ni=1 uma base para V . Faça fj (vi ) = δij , então se v ∈ V , existem
αi ∈ R tais que

n
X
v= αi vi
i=1

Pelo modo como definimos fj temos

n
! n
X X
fj (v) = fj αi vi = αi fj (vi ) = αj
i=1 i=1

{fj }ni=1 é uma base para V ∗ , de fato, precisamos mostrar que é linearmente
independente e que gera o espaço V ∗ .

1. Primeiro mostraremos que {fj }ni=1 é linearmente independente.

n
X
βj fj = 0 ∈ V ∗ , βj ∈ R
i=1

Aplicando a equação acima em um vetor vi da base de V temos

38
n
! n n
X X X
βj f j (vi ) = βj fj (vi ) = βj δij = βi = 0)
j=1 j=1 j=1

para qualquer i = 1, . . . , n. Portanto para todo i temos βi = 0 e com isso {fj } é


linearmente independente.

2. Agora iremos provar que {fj } gera V ∗ . Tome f ∈ V ∗ , como f é linear então para
v ∈ V com v = ni=1 αi vi temos
P

f (v) = f ( ni=1 αi vi )
P
Pn
= i=1 αi f (vi )
Pn
= i=1 fi (v)f (vi )

Faça f (vi ) = ki então

n
X
f (v) = ki fi (v)
i=1

e portanto {fj } gera ∀f ∈ V ∗ .

Notação: {fj }nj=1 é a base dual associada à base {vi }ni=1 , onde algumas notações são

vi∗ = fi
v i = fi
dvi = fi

Definindo V ∗∗ ≡ (V ∗ )∗ e

39
J : V → V ∗∗
v 7→ J (v) : V ∗ → R
J (v)f = f (v)

Então J é um isomorfismo canônico.

Formas Bilineares

Seja V espaço linear, então B :→ R é chamado de forma bilinear em V quando para v


fixo, em V temos

B(v, u + αw) = B(v, u) + αB(v, w)

B(u + αw, v) = B(u, v) + αB(w, v)

onde α ∈ R.
OBS:
para cada v ∈ V

B(v, ·), B(·, v) ∈ V ∗

Defina

fv (u) = B(v, u)
f v (u) = B(u, v)

Lema 4.2. Seja V espaço vetorial, então B = {B : V xV → R;B é bilinear} é espaço vetorial com
as operações definidas abaixo e dim(B) = n2 , onde dim(V ) = n.

40
(B1 + B2 )(u, v) = B1 (u, v) + B2 (u, v)
(λB)(u, v) = λB(u, v)

Exemplo. Sejam f, h ∈ V ∗ e defina B(u, v) = f (u)h(v). Então claramente B é bilinear.

Seja n = dim(V ). A partir do exemplo anterior, se fi (vj ) = δij , onde {vj }ni=1 é uma base
de V . Então sabemos que se definirmos Bkm (u, v) = fk (u)fm (v) teremos Bkm bilinear com
u, v ∈ V . Se v = ni=1 αi vi e u = nj=1 βj vj temos
P P

Bkm (u, v) = fk (u)fm (v) = βk αm

Exemplo. Seja V = Rn e {ei }ni=1 sua base canôninca. Se v, u ∈ V então podemos escrevê-
los como combinação linear a base

n
X n
X
v= yi ei u= xi ei
i=1 i=1

Se B é uma forma bilinear temos:

B(u, v) = B( ni=1 xi ei , nj=1 yj ej ) = nj=1 yj B( ni=1 xi ei , ej )


P P P P
Pn Pn
= j=1 i=1 yj xi B(ei , ej )

Faça B(ei , ej ) = aij , ficamos com

n
X
B(u, v) = aij xi yi
i,j=1

Estes exemplos nos auxiliam a provar o Lema anterior

Demonstração. Seja {vi }ni=1 base de V e Bkm como antes

Bkm (vi , vj ) = fk (vi )fm (vj ) = δki δmj = δ(k,m) (i, j)

41
Queremos provar que {Bkm } é base de B, comecemos provando que é um conjunto L.I.
Seja

n
X
γkm Bkm = 0 ∈ B
k,m=1

Então ao aplicarmos em vetores da base de V

n
X n
X
γkm Bkm (vi , vj ) = γkm δ(k,m)(i,j) = γij = 0
k,m=1 k,m=1

para qualquer i, j ∈ 1, . . . , n. Agora provaremos que {Bkm } gera B, seja B ∈ B e


u = ni=1 βi vi , v = nj=1 αj vj
P P

Pn Pn
B(u, v) = i,j=1 βi αj B(vi , vj ) = i,j=1 fi (u)fj (v)aij
Pn
= i,j=1 aij Bij (u, v)

pois

Pn P
Bij (u, v) = k,m=1 βk αm Bij (vk , vm ) = βk αm fi (vk )fj (vm )
k,m=1
Pn Pn Pn
= k,m=1 fi (βk vk )fj (αm vm ) = fi ( k=1 βk vk ) fj ( m=1 αm vm )

= fi (u)fj (v)

Logo {Bkm } gera B e portanto B tem dimensão n2 .

42
5 Formas Alternadas

Um adendo sobre grupos de permutação

Os resultados a seguir são ferramentas de teoria de grupos, os quais serão úteis para
mais adiante construirmos e analisarmos as formas alternadas e posteriormente as formas
diferenciais.

Definição 8 (permutação). Seja In = {1, ..., n} e seja σ : In −→ In bijetiva. Então σ é dita


uma permutação (i.e. σ é um elemento do grupo de permutações Sn )

Definição 9 (permutação elementar). As permutações da forma


i+1 , se j = i





σi (j) = i , se j = i + 1



 j , demais casos.

são ditas elementares (cada σi troca apenas a posição i pela posição i + 1)


Obs.: se i = n, troca-se a posição de i pela posição 1. (vulgarmente enxerga-se n + 1
como 1, neste caso)

Constatação: Um resultado sobre grupos de permutação Sn , que não iremos provar


aqui, é que toda σ ∈ Sn pode ser escrita como composição (finita) de permutações
elementares.

Definição 10 (Inversão). Dada um permutação σ ∈ Sn , quando tivermos i < j


satisfazendo σ(i) > σ(j), diremos que {i, j} define uma inversão.

Definição 11 (sinal de uma permutação). Seja q a quantidade de inversões de uma


permutação σ ∈ Sn . O sinal de σ será dado por sgn(σ) = sinal(σ) = (−1)q

Propriedades:

43
1. sgn : (Sn , ◦) −→ ({1, −1}, .) é um homomorfismo de grupos. Ou seja sgn(σ ◦ τ ) =
sgn(σ)sgn(τ )

2. o sinal de uma permutação elementar é −1

3. Como toda permutação σ é composição de permutações elementares (digamos m


composições), ao juntarmos com as propriedades anteriores ( (1) e (2) ), temos a
seguinte igualdade: sgn(σ) = (−1)m

Formas Alternadas - Construção e Propriedades

Sejam V espaço vetorial com dimV = n, f ∈ Lr (V ) e σ ∈ Sr . Define-se (f σ )(u1 , ..., ur ) =


f (uσ(1) , ..., uσ(r) )

Proposição 5.1. Valem:


(i) A aplicação f 7→ f σ é linear sobre o espaço Lr (V )
(ii) (f σ )τ = f σ ◦ τ

Demonstração. (i) Aplique a definição sobre ((f + λg)σ )(u1 , ..., ur ); f, g ∈ Lr (V ), λ ∈ R,


juntamente a operação do espaço (f +λg)(.) := f (.)+λg(.) (Faça detalhes como exercício!).
(ii) Basta aplicar a definição duas vezes. (Verifique!)

Definição 12. (formas simétricas) Seja f ∈ Lr (V ), dimV = n. Se para toda permutação


elementar σi ∈ Sn valer que f σi = f , diremos que f é uma forma r−linear simétrica. (Note
que a definição coincide com as formas bilineares simétricas, tomando r=2).

Definição 13. (formas alternadas) Seja f ∈ Lr (V ), dimV = n. Se para toda permutação


elementar σi ∈ Sn valer que f σi = −f , diremos que f é uma forma r−linear alternada.
(Note que a definição coincide com as formas bilineares anti-simétricas ou alternadas,
tomando r=2).

44
Proposição 5.2. f é alternada ⇔ ∀σ ∈ Sn , f σ = sgn(σ)f

Demonstração. A volta é imediata, usando o fato que o sinal de toda permutação elementar
é (−1) (adendo sobre grupos de permutação).
Ida: Seja f alternada e σ ∈ Sn , então existem permutações elementares σi1 , ..., σim
tais que σ = σi1 ◦ ... ◦ σim . Como o sinal de cada permutação elementar é (−1), segue
da proposição anterior que f σi1 ◦...◦ σim = (−1)m f . Também pelo adendo de grupos de
permutação, sgn(σ) = (−1)m , o que completa a prova.

Denotaremos por Ar (V ) o espaço das formas r−lineares alternadas.


Vamos agora examinar alguns exemplos de formas alternadas em dimensões baixas
para fixar o conceito.

Exemplo (1). dimV = 2 e f ∈ L2 (V ) dada por: f (u, v) = Φ1 (u)Φ2 (v) − Φ2 (u)Φ1 (v), onde
Φ1 , Φ2 ∈ V ∗ . As únicas permutações possíveis são a identidade (denotaremos por τ ) e a
permutação que troca as duas coordenadas de posição (denotaremos por σ), a qual satisfaz
f (v, u) = −f (u, v). Se definimos I = (1, 2) e ΦI = Φ1 ⊗ Φ2 então ΦI (u, v) = Φ1 (u)Φ2 (v) e
−ΦI (v, u) = −Φ1 (v)Φ2 (u). Ou seja, temos que:
sgn(τ )(ΦI )τ (u, v) = sgn(τ )Φ1 (u)Φ2 (v) = Φ1 (u)Φ2 (v)
sgn(σ)(ΦI )σ (u, v) = sgn(σ)Φ2 (u)Φ1 (v) = −Φ2 (u)Φ1 (v)
S2 = {σ, τ }
O que nos permite reescrever f como:

X
f= sgn(σ)(ΦI )σ
σ∈S2

Obs.: Aqui σ é um índice (variável muda) que percorre todos os elementos de S2

Exemplo (2). dimV = 3 e f ∈ L3 (V ) dada por:


f (u, v, w) = Φ1 (u)Φ2 (v)Φ3 (w) − Φ2 (u)Φ1 (v)Φ3 (w) + Φ2 (u)Φ3 (v)Φ1 (w) −
Φ3 (u)Φ2 (v)Φ1 (w) + Φ3 (u)Φ1 (v)Φ2 (w) − Φ1 (u)Φ3 (v)Φ2 (w), onde Φ1 , Φ2 , Φ3 ∈ V ∗ .

45
Exercício: Verifique de forma análoga ao exemplo anterior que:

X
f= sgn(σ)(ΦI )σ , I = (1, 2, 3), ΦI = Φ1 ⊗ Φ2 ⊗ Φ3
σ∈S3

Exemplo (3). A2 (V ) com dimV = 3


Para i, j ∈ 1, 2, 3 com i 6= j, defina Φ(i,j) = Φi ⊗ Φj , onde {Φk }3k=1 é a base dual à base
de V dada por {ek }3k=1 , ou seja, Φk (el ) = δkl .
Definamos ainda:
ψ1 = Φ1 ⊗ Φ2 − Φ2 ⊗ Φ1
ψ2 = Φ2 ⊗ Φ3 − Φ3 ⊗ Φ2
ψ3 = Φ1 ⊗ Φ3 − Φ3 ⊗ Φ1
Afirmação: {ψi }3i=1 forma base de A2 (V )

Demonstração. Vamos verificar que são L.I. :


Escreva c1 ψ1 + c2 ψ2 + c2 ψ2 = 0. Então essa igualdade deve se verificar pra todo par de
vetores (v, w) ∈ V × V que aplicarmos.
I) Aplique a igualdade em (e1 , e2 ) e verifique que c1 = 0.
II) Aplique a igualdade em (e2 , e3 ) e verifique que c2 = 0.
III) Aplique a igualdade em (e1 , e3 ) e verifique que c3 = 0.
Vamos verificar que gera o espaço todo:
3
Seja f ∈ A2 (V ) determinada por f (ei , ej ) = a(i,j) ; vk =
P
cki ei ∈ V , k = 1, 2.
i=1
Então temos que:

3
X 3
X
f (v1 , v2 ) = c1i c2j a(i,j) = Φi (v1 ) Φj (v2 ) a(i,j)
i,j=1 i,j=1

46
3
X 3
X 3
X
f (v2 , v1 ) = − Φj (v1 ) Φi (v2 ) a(j,i) = Φj (v1 ) Φi (v2 ) (−a(j,i) ) = Φj (v1 ) Φi (v2 ) a(i,j)
i,j=1 i,j=1 i,j=1

1 1 1
f (v1 , v2 ) = (f (v1 , v2 ) − f (v2 , v1 )) + (f (v1 , v2 ) + f (v2 , v1 )) = (f (v1 , v2 ) − f (v2 , v1 ))
2 2 2

Combinando as três equações acima temos que:

3
X 1
(∗) f (v1 , v2 ) = a(i,j) (Φi (v1 )Φj (v2 ) − Φj (v1 )Φi (v2 ))
i,j=1
2

Obs.:
(1) quando i = j, a parcela é nula.
(2) Se i < j, as parcelas estão diretamente em termos de ψ1 , ψ2 e ψ3
(3) Se j > i, basta notar que as parcelas estão escritas em termos de −ψ1 , −ψ2 e −ψ3
(4) Conclusão: A equação (∗) mostra que f é combinação linear de ψ1 , ψ2 e ψ3

Exercício: Mostre que se {Φi } é a base dual à {ei }, base de V no exemplo 1,


então a função f definida lá gera o espaço das formas alternadas 2-lineares sobre V .
Analogamente, para o exemplo 2, mostre que f gera o espaço das formas alternadas 3-
lineares.

Sejam V um espaço vetorial tal que dim V = n, f ∈ Ak (V ) e σ ∈ Sk , recapitulando:


f σ = sinal(σ)f
f σ (u1 , ..., uk ) = sinal σf (u1 , ..., uk )

47
f σ (uσ(1) , ..., uσ(k) ) = (sinal σ)f (u1 , ..., uk )
f (vi1 , ..., vik ) = αi1 ...ik
{v1 , ..., vn } e {vi1 , ..., vik } com i1 < i2 < ... < ik

Lema 5.3. Sejam {v1 , ..., vn } base de V , f, g ∈ Ak (V ) e f (vi1 , ..., vik ) = g(vi1 , ..., vik ), para
qualquer i1 < i2 < ... < ik , então f = g.

Demonstração. Sejam f, g k-lineares tais que f (vi1 , ..., vik ) = g(vi1 , ..., vik ), com ij ∈
{1, ..., n}, j ∈ {1, ..., k} e j1 , ..., jk ∈ 1, ..., n uma esolha arbitrária.
Temos que f (vj1 , ..., vjk ) = 0 se algum índice se repetir, pois a forma é alternada e as
aplicações são trivialmente coincidentes.
Consideremos o caso em que os índices são todos distintos. Então, existe uma
permutação σ ∈ Sk que coloca a escolha j1 , ..., jk na ordem i1 , ..., ik com in < in+1 , ∀n ∈ N.
Assim,

f (vj1 , ..., vjk ) = f σ (vi1 , ..., vik ), com σ(il ) = jl , l = 1, ..., k

= sinal σf (vi1 , ..., vik )

= sinal σg(vi1 , ..., vik )

= g σ (vi1 , ..., vik ) = g(vj1 , ..., vjk )

Portanto, pelo Lema de determinação de Transformações r-lineares segue que, g =


f.

n!
Se dim V = n então dim(Ak (V )) = .
k!(n − k)!
Se k = 1, então dim(Ak (V )) = dim V ∗ = n
Se k = n, então dim(An (V )) = 1
i1 < i2 < ... < ik , I = (i1 , ..., ik )
X
ΦI = sinal σ(Φi1 ⊗ Φi2 ... ⊗ Φik )σ
σ

48
Vamos mostrar que ΦI é alternada.
De fato, seja τ ∈ Sk , j1 < j2 < ... < jk temos que,

X
ΦτI (vj1 , ..., vjk ) = sinal σ(Φi1 ⊗ Φi2 ... ⊗ Φik )σ◦τ
σ
X
= sinal τ sinal τ sinal σ(Φi1 ⊗ Φi2 ... ⊗ Φik )σ◦τ
σ
X
= sinal τ sinal(σ ◦ τ )(Φi1 ⊗ Φi2 ... ⊗ Φik )σ◦τ
σ◦τ
= (sinal τ )ΦI

Observação 14. Em Sk , ψ : Sk → Sk , dada por ψ(τ ) = σ ◦ τ , com σ fixa é um automorfismo.

Temos que, 
 1 se(j1 , ..., jk ) = I

ΦI (vj1 , ..., vjk ) =
 0 caso contrário

Exercício 15. Mostre que os ΦI são linearmente independentes e que geram o espaço.

Determinantes

Seja A uma matriz quadrada de ordem n. Definimos det A = ψ(A1 , ..., An ) ∈ An (Rn ),
onde Aj é a j-ésima coluna de A, e ψ(e1 , ..., en ) = 1.
Considere T : Rn → Rn , det T = det[T ]β , onde β é uma base de Rn .
Seja B ∈ Mn×n e consideremos i1 < i2 < ... < ik , I = (i1 , ..., ik ) e seja BI = [Bi1 ...Bik ] ∈
Mk×k , note que, em cada Bij comparecem apenas as linhas i1 , ..., ik .

Teorema 5.4. Sejam I = (i1 , i2 , ..., ik ), i1 < i2 < ... < ik e ΦI uma k-forma alternada elementar
em Rn . Então ∀B ∈ Mn×n vale detk BI = ΦI (Bi1 , ..., Bik ) em que Bij são vetores de Rn

Sejam φ ∈ Am (V ) e ψ ∈ Ak (V ) vamos definir φ ∧ ψ ∈ Am+k (V ) como segue,


1 X
φ∧ψ = A(φ ⊗ ψ), com Ah = sinal σhσ e h ∈ Ll (V ), essa operação é chamada
k!m! σ∈S l
de produto wedge.

49
Observação 16. Seja σ ∈ Sl , aplicação σ 7→ Lσh = hσ é uma ação de Sl em Ll (V ) ou
Representação de Sl em Ll (V ).

50
Superfícies Parametrizadas

Uma curva parametrizada α : I → Rd é dita regular quando sua derivada não se anula
em todo o seu traço, ou seja α0 6= 0∀t ∈ I. Uma superfície Φ : V0 ⊂ Rk → Rd é dita regular
quando DΦ(x) é injetiva em todo o domínio.M é uma parametrização de Φ.

M ⊂ Rd ∀p ∈ M . Existe um aberto V de Rd e uma parametrização de V ∩ M def:

51
6 Formas Diferenciais

Exercício: Mostre que o espaço tangente está bem definido, indenpendente da


parametrização escolhida. Isto é, se M, k − dimensional, variedade C K e ϕ, ψ são
parametrizações de uma vizinhança de p ∈ M com ϕ(x) = p = ψ(y), então a seguinte
igualdade se verifica:

{(p, Dϕ(x).v) | v ∈ Rk } = Tp M = {(p, Dψ(y).v) | v ∈ Rk }

Definição 17 (Pullback). Seja f : M −→ N , C k , entre superfícies, e ω definida em N , uma


forma diferencial de grau r, defina:

(f ∗ ω)(x).(v1 , ..., vr ) = ω(f (x)).(Df (x).v1 , ..., Df (x).vr ), x ∈ M, vj ∈ Tx (M )

(f ∗ ω) é chamada de pullback.

Proposição 6.1 (Propriedades do Pullback).

1. linearidade: f ∗ (aω1 + ω2 ) = af ∗ ω1 + f ∗ ω2 , a ∈ R

2. f ∗ (ω1 ∧ ω2 ) = f ∗ ω1 ∧ f ∗ ω2

3. (g ◦ f )∗ ω = f ∗ (g ∗ ω)
(Deixa-se ao leitor como exercício, aplicar a definição para mostrar as 3 propriedades acima)

Definição 18 (aplicação de inclusão). Seja i : M ⊂ N −→ N, i(x) = x, aplicação entre


superfícies e ω uma forma diferencial definida em N . A aplicação de inclusão é o pullback
de i, ou seja, a forma i∗ ω.

52
(Exercício: Mostre que a aplicação de inclusão acima coincide com a restrição de ω ao
domínio M , ou seja, i∗ ω = ω|M ).

53
0-formas (funções diferenciáveis)
1-formas (funcionais lineares)
2-formas (formas alternadas)

d - diferencial exterior

d : Λ0 (U ) → Λ1 (U )
f : U → R, U ⊂ Rd
Df (x) ∈ (Rd )∗
d
X ∂f (x)
df (x)v := Df (x)v = dxi (v)
i=1
∂xi
Pd
Se v = i=1 vi ei , vi ∈ R, então dxi (v) = vi
xi : U → R
xi (x1 , x2 , ..., xd ) = xi
dxi (v) = vi

Exemplo. d : Λ1 (U ) → Λ2 (U )
ω ∈ Λ1 (U )
Xd
ω(x) = ai (x)dxi
i=1
Xd
dω(x) = dai (x) ∧ dxi
i=1
d
X ∂ai
Como dai (x) = dxk , então,
k=1
∂x k

54
d
X
dω(x) := dai (x) ∧ dxi
i=1
d
X ∂ai
= dxk ∧ dxi
i,k=1
∂xk
d d
X ∂ai X ∂ai
= dxk ∧ dxi + dxk ∧ dxi
i>k
∂x k
i<k
∂x k

d h
X ∂ai ∂ai i
= − dxk ∧ dxi
i>k
∂xk ∂xk

Exemplo. Seja f : U → R
P ∂f (x)
df (x) = di=1 dxi
∂xi
Então,
X h ∂ 2f ∂ 2f i
d(df (x)) = − dxk ∧ xi = 0
i>k
∂x k xi ∂x i xk

d diferencial exterior
d : Γk (U ) → Γk+1 (U )
P
ω(x) = I aI (x)dxI
dxI = dxi1 ∧ dxi2 ∧ ... ∧ dxik , I = (i1 , i2 , ..., ik )
P
dω(x) = I daI (x) ∧ dxI

Lema 6.2. d(dω(x)) = 0

Pd ∂aI
Demonstração. Seja daI = k=1 dxk
∂xk

d
XX ∂ 2 aI
d(dω) = dxl ∧ dxk ∧ dxI
I l,k=1
∂xl ∂xk
d h
XX ∂ 2 aI ∂ 2 aI i
= − dxl ∧ dxk ∧ dxI
I l,k=1
∂xl ∂xk ∂xk ∂xl
= 0

55
Sejam ω e η duas formas, e seja k o grau de ω.
d(ω ∧ η) = d(ω) ∧ +(−1)k ω ∧ d(η)
P P
ω = I aI dxI , η = J bJ dxJ
P
ω ∧ η = I,J aI bJ dxI ∧ dxJ
P P ∂
d(ω ∧ η) = I,J k (aI bJ )dxk ∧ dxI ∧ dxJ
∂xk
P P ∂aI P P ∂bJ
= I,J k bJ dxk ∧ dxI ∧ dxJ + I,J k )aI dxk ∧ dxI ∧ dxJ
∂xk  ∂xk
P  P P ∂
Como ω ∧ d(η) = I aI dxI ∧ J k bJ dxk ∧ dxJ
∂xk
P P ∂bJ
= I,J k aI dxI ∧ dxk ∧ dxJ
∂xk
Portanto, d(ω ∧ η) = d(ω) ∧ +(−1)k ω ∧ d(η)
Φ : V → U, ω ∈ Λr (U )
Φ∗ ω(x) = ω(Φ(x)) (DΦ, ..., DΦ)
d(Φ∗ ω)(x) = Φ∗ (dω)(x)

7 Integral de Linha

Sejam w uma 1-forma definida em um aberto U ⊂ Rd e x = (x1 , . . . , xd ) ∈ U.


Considere {dxi }di=1 a base dual de (Rd )∗ dual a base canônica, então existem funções

ai : U → R tais que
w(x) = di=1 ai (x)dxi
P

Definição 19. Dizemos que w é C ∞ quando ai é C k .

OBS:
dw = 0

no caso de w = df , f : U → R de classe C 1

56
Definição 20. Seja w uma 1-forma de classe C 1 . Dizemos que w é fechada quando

dw = 0

Definição 21. Seja w uma 1-forma de classe C 1 tal que existe f : U → R com df = w. Tais
formas são chamadas exatas.

Logo se w é exata então é fechada.

Definição 22. Seja w uma 1-forma definida em um aberto U ⊂ Rd contínua e seja


γ : [a, b] → U um caminho de classe C 1 , então

Z Z b
w= w(γ(t))(γ 0 (t))dt
γ a
Pd
Sabemos que γ(t) = (x1 (t), . . . , xd (t)), como w(x) = i=1 ai (x)dxi ficamos com

d
0
X dxi
w(γ(t))(γ (t)) = ai (γ(t))
i=1
dt

e assim

Z Z bX
dxi
w= )di=1 ai (γ(t)) dt
γ a dt

Agora queremos provar que esta integral é invariante por parametrização

Proposição 7.1. Seja ϕ : [c, d] → [a, b] de classe C 1 e ϕ(c) = a e ϕ(d) = b. Então

R b=ϕ(d) Rd
a=ϕ(c)
w(γ(t))γ 0 (t)dt = c
w(γ(ϕ(s)))γ 0 (ϕ(s)) dϕ
ds
ds
Rd
= c
w(γ ◦ ϕ)(γ ◦ ϕ)0 ds

Exemplo. Seja A = R2 \{(0, 0)}, consideremos a 1-forma em A dada pela equação

x y
ω= dx + 2 dy
x2 +y 2 x + y2

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Mostraremos que tal forma é fechada e exata.
De fato, temos que,

 x   y 
dω = d 2 ∧ dx + d 2 ∧ dy
x + y2 x + y2
 y 2 − x2 −2xy   −2xy x2 − y 2 
= dx + 2 dy ∧ dx + dx + 2 dy ∧ dy
(x2 + y 2 )2 (x + y 2 )2 (x2 + y 2 )2 x + y2
 −2xy   −2xy 
= dy ∧ dx + dx ∧ dy
(x2 + y 2 )2 (x2 + y 2 )2
 2xy   −2xy 
= dx ∧ dy + dx ∧ dy
(x2 + y 2 )2 (x2 + y 2 )2
= 0

Portanto, segue que ω é fechada.


Para mostrarmos que ω é exata, precisamos mostrar que existe uma 0-forma θ : A → R
diferenciável tal que dθ = ω.
Como θ é uma 0-forma, temos que a diferencial exterior coincide com a noção usual de
diferenciabilidade em R2 , assim temos que,

∂θ ∂θ
dθ = dx + dy
∂x ∂y

Igualando a forma ω, segue que,

∂θ x

 = 2
x + y2

∂x
 ∂θ =
 y
∂y x + y2
2

Donde, segue que, integrando a primeira equação em relação a x obtemos θ(x, y) =


1
ln(x2 + y 2 ) + h(y), onde h(y) é uma função que depende apenas de y, derivando essa
2
igualdade em relação y é igualando a segunda equação, obetemos h0 (y) = 0, ou seja,

58
1
h(y) = k, onde k ∈ R é uma constante. Note que, θ(x, y) = ln(x2 + y 2 ) + k é contínua em
2
A, pois é composta de funções contínuas em A e é diferenciável em A.

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