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Fisiologia e patologia neuroclusal III

DEGLUTIÇÃO e FONAÇÃO

Patrícia FonsecaDMD, PhD


MIMD - Unidade Curricular de Oclusão - UCL IV
2018/2019

2019-01-18
Fisiologia e patologia neuroclusal III

DEGLUTIÇÃO

Patrícia Fonseca DMD, PhD


Fisiologia e patologia neuroclusal III

Deglutição
o Mecanismo da deglutição
 Fase oral
 Fase faríngea
 Fase esofágica
o Deglutição Infantil
o Deglutição Adulta
o Deglutição Disfuncional
 Etiologia
 Consequências Patrícia Fonseca DMD, PhD
Fisiologia e patologia neuroclusal III

Mecanismo da deglutição
A deglutição consiste numa série de contrações musculares coordenadas
que deslocam o bolo alimentar da cavidade oral para o estômago, através
do esófago.
É uma atividade muscular voluntária (1ª fase), involuntária e reflexa (2ª
fase). A deglutição está presente desde a oitava semana de gestação.

A decisão de engolir depende de:


• Tamanho do alimento
• Intensidade do sabor
• Grau de lubrificação do bolo alimentar

Patrícia Fonseca DMD, PhD


Fisiologia e patologia neuroclusal III

Mecanismo da deglutição

A deglutição acontece:
- Na fase final da mastigação
- No vazio

 Normaliza a pressão do ouvido médio


 Humidifica a boca e a faringe
FUNÇÕES
 Drena a nasofaringe
 Ajuda na posição fisiológica mandibular

Patrícia Fonseca DMD, PhD


Fisiologia e patologia neuroclusal III

Mecanismo da deglutição
• Durante a deglutição os lábios são fechados selando a cavidade oral

• Os dentes são levados até à sua posição de intercuspidação máxima

ESTABILIDADE DA MANDÍBULA
FERRAZ (1984), CANONGIA (1989), MOLINA (1989) e MARCHESAN (1998)
As crianças deglutem 600 a 1000 vezes por dia.
Adultos deglutem entre 2400 a 2600 vezes por dia.
OKESON (1992) e DOUGLAS (1998) constatam 590 deglutições/24horas
Não há concordância sobre estes valores, variando de autor para autor.

Deglutimos menos à noite e mais ao falar e mastigar por serem funções que
necessitam de maior produção de saliva.
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Fisiologia e patologia neuroclusal III

Estabilização da mandíbula
Prematuridades?

Supra-hióides
Infra-hióides

Osso hióide Disfagia

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FASE ORAL

A deglutição é uma ação contínua

1ª fase

 Voluntária
 Separação seletiva do alimento ( bolo alimentar)
 Bolo alimentar - dorso da língua - palato duro
 Apoio da ponta da língua no palato (atrás dos incisivos)
 Lábios unidos e dentes encostados
 Contração reflexa da língua (contacto do bolo alimentar na mucosa do palato)
 Bolo alimentar na parte posterior da língua - faringe
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FASE FARÍNGEA

1ª e 2ª fases da deglutição – 1sg.

2ª fase

• Onda peristáltica (constritores faríngeos) -esófago


• Fecho das vias nasais (contacto do palato mole com a parede posterior da
faringe)
• A epiglote fecha a via aérea faríngea até à traqueia (alimentos no esófago)
• Abertura dos orifícios faríngeos da trompa de Eustáquio (atividade faríngea)

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FASE ESOFÁGICA

3ª fase
Esófago
• Parte superior – músculos voluntários
• Parte inferior – músculos involuntários

• Passagem do bolo alimentar para o estômago


(ondas peristálticas – 6/7 sg)
• Abertura do esfíncter (cardia) – passagem ao
estômago
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Mecanismo da deglutição

Frequência – 590 ciclos/24 horas


• Refeições – 146 ciclos
• Entre refeições (vigília) – 394 ciclos
• Durante o sono – 50 ciclos

Flanagan JB et al. The 24-hour pattern of swallowing in man. J Dent Res.1963;42:1072

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Deglutição Infantil

Deglutição infantil – deglutição visceral (7ºp.craniano)

 A mandíbula é estabilizada pela interposição da língua


entre os arcos dentários
 Ocorre até à erupção dos dentes posteriores
 Quando os dentes posteriores entram em contacto
oclusal, estabilizam a mandíbula e inicia-se a deglutição
adulta

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Deglutição Adulta

Deglutição Adulta – deglutição somática (5ºp.craniano)

Mandíbula estabilizada pelos contactos dentários


683 ms (contacto médio entre os dentes durante a deglutição) – 3x mais que na
mastigação
30 Kg (força aplicada aos dentes)- 3,5 Kg a mais que na mastigação

Suit SR, Gibbs CH, Benz ST. Study of gliding tooth contacts during mastication. J
Periodontol.1975;47:331-334

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Deglutição Adulta

Deglutição Adulta – deglutição somática (5ºp.craniano)

Forças aplicadas
Deglutição – 30Kg
Mastigação – 20 a 30 Kg

Duração das forças


1/10 sg na mastigação
7/10 sg deglutição

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Deglutição Atípica
ETIOLOGIA
Persistência da deglutição infantil (além dos 10 anos)
Falta de estabilidade oclusal durante a deglutição
 Prematuridade em ORC
 Ausência de dentes posteriores (interposição da língua)
 Diminuição da DVO
 Trespasse horizontal exagerado
Anomalias de carácter genético
Dores ou hipersensibilidade dentária

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Deglutição Atípica

• Falta de apoio dentário (má posição dos dentes e/ou das arcadas dentárias)
• Deficiente contacto dentário (cáries e/ou sensibilidade dentária)

Persistência da deglutição atípica


• Deslocamento labial dos dentes anteriores
• Mordida aberta anterior

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Fisiologia e patologia neuroclusal III

Deglutição Disfuncional

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Deglutição Atípica

Consequências

Deslocamentos dentários

Lesões na língua ou lábios

Dor orofacial
Tratamento
Hipertonia muscular
Combater o hábito de deglutição atípica
Má-oclusão
Descobrir a causa e eliminá-la

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Fisiologia e patologia neuroclusal III

FONAÇÃO

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Fisiologia e patologia neuroclusal III

FONAÇÃO
O desenvolvimento da capacidade do ser humano falar está no centro do
antropomorfismo.
Os níveis da fala são (de acordo com Buhler e Popper):
1. Função expressiva
2. Função sinalética
3. Função descritiva
4. Função argumentativa

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FONAÇÃO

Função Expressiva
Expressa emoções; esta etapa inicial da comunicação expressa uma
comunicação interna (ex: rosnar, ronronar).
Função Sinalética
Serve para transmitir mensagens entre o transmissor e o receptor.

Ambas as formas de expressão são encontradas no ser humano e no reino


animal

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FONAÇÃO
Função descritiva
É a base da comunicação entre os seres humanos. Descreve as coisas, faz
declarações.
Função argumentativa
É a linguagem da hipótese, incluindo o diálogo e o pensamento racional
associado a este.

Ambas as funções são exclusivas do ser humano

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FALA
A 3ª função mais importante do sistema mastigatório é a Fala.

Aprender e praticar a fala são um importante estímulo formativo durante o


crescimento do crânio e especialmente durante o desenvolvimento da
dentição.

A influência da fala durante o desenvolvimento da dentição afeta a forma do


arco dentário e as estruturas maxilares, especialmente o arco palatino.

Afeta o desenvolvimento da morfologia da ATM durante o crescimento através


do movimento mandibular provocado pela dinâmica da fala.

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Articulação Verbal
Fisiologia e patologia neuroclusal III

FALA
Pontos de Articulação Verbal

Ex. prato, cara


ch j lh nh

Ex. carro, rato

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Fisiologia e patologia neuroclusal III

Oclusão e desvios na fala

A ausência de elementos dentários, apinhamento, a inclinação lingual ou vestibular


dos incisivos superiores, pode contribuir para uma alteração do espaço intra- oral,
alterando o posicionamento da língua para articular os sons de forma correta.

(Marchesan, 2004; Martinelli, 2011)

Patrícia Fonseca DMD, PhD


Fisiologia e patologia neuroclusal III

Oclusão e desvios na fala


As mordidas abertas, cruzadas e sobremordidas podem favorecer o aparecimento
de pontos de articulação desajustados, na produção dos sons da fala. Nas
mordidas cruzadas podemos encontrar o deslizamento da mandíbula para a
lateral, o que favorece a má produção das sibilantes, contribuindo para o
sigmatismo lateral.
As mordidas abertas podem favorecer o aparecimento de sigmatismo anterior,
assim como favorecer a anteriorização do ponto de articulação dos sons
linguodentais.

(Marchesan, 2004)
Patrícia Fonseca DMD, PhD
Fisiologia e patologia neuroclusal III

Oclusão e desvios na fala


Na má oclusão de classe II de Angle, observamos que os sons bilabiais são
produzidos com o lábio inferior, em contacto com os dentes incisivos superiores,
em vez do ponto de articulação normal que seria o lábio inferior em contacto com
o lábio superior.
O sigmatismo lateral também pode ocorrer pelo facto da parte média da língua se
manter próxima do palato duro, diminuindo desta forma, o espaço de saída do ar.

(Marchesan, 2004)

Patrícia Fonseca DMD, PhD


Fisiologia e patologia neuroclusal III

Oclusão e desvios na fala

Na classe III de Angle podemos observar a mudança do ponto articulatório das


fricativas /f/ e /v/, onde a produção das mesmas fica invertida, ou seja, o lábio
superior contacta com os dentes inferiores para produzir estes sons. Observamos
ainda, um maior uso do lábio superior nas explosivas e uma maior participação da
parte média da língua durante a fala.

(Martinelli, 2011)

Patrícia Fonseca DMD, PhD


Fisiologia e patologia neuroclusal III

Oclusão e desvios na fala

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2ª Avaliação Teórica

Patrícia FonsecaDMD, PhD


MIMD - Unidade Curricular de Oclusão - UCL IV
2018/2019

2019-01-25

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