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ACONSELHAI-VOS

UNS AOS OUTROS


INTRODUÇÃO

Pr. Tiago Abdalla T. Neto


ASPECTOS INTRODUTÓRIOS

 A tarefa de aconselhar é confiada aos crentes em quem a Palavra de Deus


habita de modo intenso (conhecimento e vida) (Cl 3.16).

 A Bíblia é clara em indicar que tipo de conselho devemos evitar (Sl 1.1) e qual
é a fonte segura para guiar nossa vida (1.2-3).

 Somente Deus é capaz de sondar de forma profunda e exata o coração


humano (Jr 17.9-10).
ACONSELHAMENTO E A IGREJA LOCAL
De quem é a tarefa do aconselhamento?
Qual é o ambiente para a sua realização?

 Todos os crentes são responsáveis pelo aconselhamento – Cl 3.16; Rm 15.14;


1Ts 5.14

 Especialmente os líderes – 1Ts 5.12 (cf. Ef 4.11-13,16)

 O ambiente para a realização do aconselhamento é a comunhão dos crentes


na igreja de Cristo – At 20.31; 1Ts 5.12; Hb 3.12-14; 10.24,25; 2Pe 1.3, 4
Quais são as qualidades exigidas de um conselheiro?

 Conhecimento espiritual e bondade – Rm 15.14

 Conhecimento e vivência abundantes da Palavra de Cristo – Cl 3.16


Sobre que base um conselheiro deve atuar?
Onde reside o poder de mudança na vida do aconselhado?

 A Escritura é a base suficiente que orienta o aconselhamento e cumpre o


propósito de modelar o aconselhado em direção à perfeição em Cristo – Sl
19.7-11; 112.1; Jo 17.17; Rm 15.4; 1Co 10.11, 13; 2 Tm 3.16, 17; Hb 4.12, 13
 O poder de mudança consiste na atuação do Espírito Santo, que habita no
crente, mediante o ensino das Escrituras – Jo 14.16-17; Rm 8.1-2; 2Co 3.18; Gl
5.16, 22-25
 A oração é um componente fundamental que expressa a dependência do
conselheiro em Deus para a mudança do aconselhado e não em suas próprias
técnicas ou habilidades – 2Co 9.8; Ef 1.15-19; 3.14-21; Fp 1.9-11; 2Ts 1.1-12;
2Pe 1.3, 4
Como se deve exercer o aconselhamento?

O exercício do aconselhamento deve-se desenvolver:


 Motivado pelo bem do outro – 1Co 4.14

 Orientado pela verdade bíblica – Pv 27.6; Ef 4.15-16


Qual é o propósito do aconselhamento?

Conduzir cada cristão rumo à perfeição em Cristo – Cl 1.28; Rm 8.29


Uma definição de “aconselhamento bíblico”

“O aconselhamento bíblico é um ministério na igreja local em que os crentes em Cristo (Jo


3.3-8), habitados, capacitados e guiados pelo Espírito Santo (Jo 14.26), ministram a outros
a Palavra viva e ativa de Deus (Hb 4.12), buscando evangelizar os perdidos e ensinar os
salvos (Mt 28.18-20). O aconselhamento bíblico está fundamentado na convicção de que
as Escrituras são suficientes para a tarefa de aconselhar e superiores a qualquer outro
material que o mundo tenha a oferecer (2Tm 3.16,17; Hb 4.12; 2Pe 1.3,4; Sl 119; Tg 4.4). Os
conselheiros bíblicos compreendem a importância do pecado (Rm 3.23; 6.23) e, após uma
autoconfrontação (Mt 7.5), confrontam amorosamente aqueles que estão em pecado (Lc
17.3,4) e os chamam ao arrependimento (2Tm 2.24-26). Os conselheiros bíblicos também
entendem que as pessoas, neste mundo caído, podem enfrentar crises significativas que
não são consequência direta de seu pecado (Jó 1.2). Quando for este o caso, os
conselheiros bíblicos, de maneira voluntária e paciente, caminham ao lado dessas pessoas
e as servem, amam, encorajam e ajudam (1Ts 5.14).” (J. Babler)
ACONSELHAI-VOS
UNS AOS OUTROS
AULA 1:
A PSICOLOGIZAÇÃO DA IGREJA E O RETORNO ÀS ESCRITURAS
Pr. Tiago Abdalla T. Neto
(Adaptado e ampliado de John MacArthur, “Redescobrindo o aconselhamento bíblico”)
Profissionalização do Ministério de Aconselhamento

“O que Atenas tem a ver com Jerusalém?


Ou a academia com a igreja?”
(Tertuliano de Cartago)
Profissionalização do Ministério de Aconselhamento

“Terá a igreja evangélica vendido seus direitos de primogenitura por um


prato de sopa psicológica?”
(O. Hobart Mowrer)
Profissionalização do Ministério de Aconselhamento

“O mais experiente conhecedor do gênero humano sabe infinitamente menos a respeito


do coração do que o mais simples cristão que vive sob a cruz de Cristo. O maior
conhecimento, talento e experiência da psicologia não serão capazes de compreender o
que é pecado. A psicologia conhece a miséria, a fraqueza e o fracasso da pessoa, mas
não conhece a impiedade humana. Por isso também não sabe que a pessoa se arruína
exclusivamente por causa do pecado e que poderá se curar só pelo perdão. Isso só o
cristão sabe. Perante o psicólogo, não passo de uma pessoa doente; perante o irmão,
posso ser um pecador. O psicólogo, primeiro, precisa sondar meu coração e, mesmo
assim, jamais descobre seu âmago. O irmão em Cristo, entretanto, sabe: aí vem um
pecador como eu, um ímpio que quer confessar e que anseia pelo perdão de Deus. O
psicólogo encara-me como se não existisse Deus; o irmão me vê à luz do Deus julgador
e misericordioso na cruz de Jesus Cristo. Se somos tão pobres e incapazes para a
confissão fraternal não é por falta de conhecimento psicológico, mas por falta de amor
a Jesus Cristo crucificado [...] Onde estiver viva a palavra da cruz, ali também se
praticará a confissão fraternal.” (Dietrich Bonhoeffer, Vida em comunhão )
Profissionalização do Ministério de Aconselhamento

 Durante os últimos trinta anos, têm surgido um grande número de psicólogos


cristãos e de clínicas psicológicas evangélicas que reivindicam oferecer
aconselhamento bíblico, mas oferecem psicologia secular camuflada com
terminologia espiritual. Estão tirando o aconselhamento bíblico de seu lugar próprio,
a igreja, condicionando os cristãos a se verem como incompetentes para aconselhar
(ver Rm 15.14; Cl 3.16; 1Ts 4.18; 5.12-14).
 Surge uma espécie de “neognosticismo” evangélico: somente os iluminados com o
conhecimento da psicologia é que podem aconselhar outros; pastores ou cristãos
piedosos não têm o conhecimento e método suficientes para aconselhar.
 Os integracionistas tentam casar a psicologia secular com o cristianismo
conservador porque acreditam que as Escrituras não são abrangentes o suficiente.
Elas são consideradas substancialmente deficientes para promover entendimento a
respeito dos problemas do homem e possibilitar sua mudança.
Profissionalização do Ministério de Aconselhamento

 Problema: certas técnicas de psicologia humana servem para minimizar o trauma ou a


dependência e para modificar o comportamento dos cristãos e dos não cristãos,
indistintamente.
 Nosso Senhor Jesus Cristo reagiu de forma perfeita e santa a todos os traumas,
tentações e provações da vida humana — e estes foram mais severos sobre Ele do que
sobre qualquer outro ser humano (Hb 4.15). Deve ficar claro que a vitória perfeita sobre
todas as dificuldades da vida é resultante de sermos como Cristo (Rm 8.29).
 Se alguém for um verdadeiro “psicólogo”, fará o trabalho da alma utilizando as coisas
profundas da Palavra e do Espírito e não perdendo tempo com modificações superficiais
do comportamento. Por que um crente deveria optar pelo caminho da modificação do
comportamento, quando ele possui as ferramentas próprias para a transformação
espiritual?
Inconsistências entre Bíblia e Psicologia

Pressupostos da Psicologia em geral:


 A natureza humana é basicamente boa ou neutra (cf. Jr 17.9; Mc 7.20-23).
 As pessoas possuem em si mesmas as respostas para seus problemas, não em Deus (cf.
Abraham Maslow versus Rm 7.24ss.).
 Os problemas de uma pessoa resultam de algo que alguém fez a ela (Mc 7.20ss.).
 Os problemas humanos podem ser meramente psicológicos quanto à sua natureza, não
vinculados a quaisquer condições espirituais ou físicas.
 Problemas profundos só podem ser resolvidos por conselheiros profissionais que usam
terapia (Cl 3.16; 1Ts 4.18).
 As Escrituras, a oração e o Espírito Santo são recursos simplistas e inadequados para a
resolução de certos tipos de problemas (Jo 14.16-17; Rm 8.1-2; 2Co 3.18; 2Tm 3.16-17).
Inconsistências entre Bíblia e Psicologia

“Cada um de nós tem uma natureza interior essencial com base biológica, que é
em certo grau [...] imutável ou, ao menos, constante.
[...] Essa natureza interior, até onde sabemos, parece não ser intrinsecamente má,
ao contrário, é neutra ou positivamente ‘boa’. O que chamamos de mau
comportamento parece ser, com mais frequência, uma reação secundária à
frustração dessa natureza intrínseca.
Como essa natureza interior é boa ou neutra, em vez de má, é melhor trazê-la à
tona e encorajá-la, em vez de reprimi-la. Se for permitido que ela guie nossa vida,
cresceremos saudáveis, produtivos e felizes.”
(Abraham Maslow, Toward a Psychology of being)
Inconsistências entre Bíblia e Psicologia

“A experiência é, para mim, a suprema autoridade. O critério de validação é a


minha própria experiência. A ideia de nenhuma outra pessoa, e de nenhuma de
minhas próprias ideias, têm tanta autoridade quanta minha experiência. É para a
experiência que eu tenho de me voltar, vez após vez, para descobrir uma maior
aproximação da verdade, uma vez em que ela está em processo de tornar-se o
próprio ‘eu’.
[...] Nem a Bíblia, nem os profetas, nem Freud, nem a investigação, nem as
revelações de Deus nem o homem podem ter precedência sobre minha própria
experiência.”
(Carl Rogers, On becoming a person: a therapist’s view of psychotherapy)
Inconsistências entre Bíblia e Psicologia

“Já falamos da hostilidade para com a civilização, produzida pela pressão que esta
exerce, pelas renúncias do instinto que exige. Se imaginarem suspensas as suas
proibições – se, então, se pudesse tomar a mulher que se quisesse como objeto
sexual; se fosse possível matar sem hesitação o rival ao amor dela ou qualquer
pessoa que se colocasse no caminho, e se, também, se pudesse levar consigo
qualquer dos pertences de outro homem sem pedir licença -, quão esplêndida, que
sucessão de satisfações seria a vida! É verdade que logo nos deparamos com a
primeira dificuldade: todos os outros têm exatamente os mesmos desejos que eu,
e não me tratarão com mais consideração do que eu os trato. Assim, na realidade,
só uma única pessoa se poderia tornar irrestritamente feliz através de uma tal
remoção das restrições da civilização, e essa pessoa seria um tirano, um ditador,
que se tivesse apoderado de todos os meios de poder . E mesmo ele teria todos os
motivos para desejar que os outros observassem pelo menos um mandamento
cultural: ‘não matarás’.” (S. Freud, O futuro de uma ilusão )
Inconsistências entre Bíblia e Psicologia

“Assim, a religião seria a neurose obsessiva universal da humanidade; tal como a


neurose obsessiva das crianças, ela surgiu do complexo de Édipo, do
relacionamento com o pai. A ser correta essa conceituação, o afastamento da
religião está fadado a ocorrer com a fatal inevitabilidade de um processo de
crescimento, e nos encontramos exatamente nessa junção, no meio dessa fase de
desenvolvimento. Nosso comportamento, portanto, deveria modelar-se no de um
professor sensato que não se opõe a um novo desenvolvimento iminente, mas que
procura facilitar-lhe o caminho e mitigar a violência de sua irrupção.”
(S. Freud,O futuro de uma ilusão)
Inconsistências entre Bíblia e Psicologia

“Tudo o que se pode dizer de Freud é que suas ideias encorajaram pessoas
irresponsáveis a persistirem em sua irresponsabilidade e a aumentá-la. Ele deu sua
aprovação à conduta irresponsável e a fez respeitável. [...] Freud não fez com que
as pessoas se tornassem irresponsáveis; mas forneceu uma fundamentação
racional, filosófica e pseudocientífica para as pessoas usarem a fim de se
justificarem” (Jay Adams, Conselheiro capaz)
Inconsistências entre Bíblia e Psicologia

“Na verdade, se considerarmos Deus como o criador onipotente, o problema


parece-me praticamente insolúvel. Essa é uma das minha principais razões para
rejeitar a ideia do Deus absoluto e substituí-la pela ideia de um deus que seja,
talvez, não absoluto, não idêntico ao universo, mas a razão de nossa razão,
coração do nosso coração [...] dependente de nós para a plena realização de si
mesmo e de seu propósito” (Anton Boisen, The exploration of inner world)
Inconsistências entre Bíblia e Psicologia

 A igreja está ingerindo doses maciças do dogma da psicologia, adotando a "sabedoria"


secular e tentando santificá-la, chamando-a de cristã. Os valores mais fundamentais do
evangelho, portanto, estão sendo redefinidos. "Saúde mental e emocional" é a nova
moda. Não se trata de um conceito bíblico, embora muitos pareçam equalizá-lo com a
integridade espiritual. O pecado recebe o nome de doença, de forma que as pessoas
acham que precisam de terapia e não de arrependimento. O pecado habitual recebe o
nome de vício ou de comportamento compulsivo, e muitos presumem que a solução está
no cuidado médico e não na correção moral.
 Quanto mais a psicologia secular influencia a igreja, tanto mais o povo se afasta de uma
perspectiva bíblica quanto a problemas e soluções. O terapeuta, com o seu
aconselhamento individual, está substituindo a pregação da Palavra, o principal meio da
graça de Deus (1 Co 1.21; Hb 4.12).
ACONSELHAI-VOS
UNS AOS OUTROS
AULA 2:
A REVELAÇÃO E O ACONSELHAMENTO
BÍBLICO
Pr. Tiago Abdalla T. Neto
INTRODUÇÃO

“Usar a psicologia para cuidar da alma é como tratar um câncer


com aspirina. Isso aliviará temporariamente a dor ou até
mascarará os sintomas, mas nunca penetrará nos assuntos do
coração, como, de fato, pode fazer a Palavra de Deus”
(John D. Street)
INTRODUÇÃO
“A amplitude de êxito em integrar a verdade empiricamente obtida e a verdade
revelada nas Escrituras [...] varia tanto nos círculos evangélicos que nenhuma
resposta exata à minha pergunta é possível. [...] Uma afirmativa retumbante
deveria ser possível: ‘A grande maioria dos estudiosos evangélicos das ciências
comportamentais fornece evidência consistente de investigações completas,
estando as Escrituras no controle’. Se essa declaração não puder ser feita com
confiança, corremos grande perigo por causa do poder persuasivo do pensamento
humanista de nossa sociedade e por causa da sutileza com a qual a autoridade
das Escrituras vem sendo minada.
Minha tese é que nas próximas duas décadas a maior ameaça à autoridade bíblica
será o cientista social [...] corremos grande perigo por causa da subversão em
larga escala da autoridade bíblica por aqueles que estão comprometidos com tal
autoridade apenas no que diz respeito no nível da consciência e da teoria, mas,
por meio do uso não crítico da metodologia científica do comportamento, tem
estado sob seu controle de modo inconsciente.” (J. Robertson McQuilkin)
ABORDAGENS INTEGRACIONISTAS

 Abordagem dos “Dois livros”

 Abordagem de “Nenhum Livro”

 Abordagem do “Livro Padrão” ou “Filtro”


ABORDAGENS DOS “DOIS LIVROS”

 Afirmação axiomática: Toda a Verdade é verdade de Deus.


 Formulação teológica: Deus Se tornou conhecido por dois meios: a
revelação especial e a revelação geral. A revelação especial é a
verdade proposicional registrada nas Escrituras. A revelação geral é
a verdade não proposicional estabelecida por Deus na ordem
criada das coisas. Ela precisa ser investigada e descoberta pela
humanidade.
 Conclusão epistemológica: Embora os dois meios de verdade sejam
distinguíveis, ambos são, na realidade, reveladores; dessa forma, a
verdade precisamente derivada com base na consideração da
ordem natural das coisas (revelação geral) é tão verdade quanto
aquela que é extraída das Escrituras.
ABORDAGENS DOS “DOIS LIVROS”
 Ramificação Integracionista:
 Qualquer verdade que possa ser obtida por meios de pesquisa
psicológica na ordem da humanidade origina-se da revelação geral,
portanto, provém de Deus e é tão confiável e revestida de autoridade
quanto a verdade obtida das Escrituras por meio da exegese. Para o
integracionista, a revelação natural confere sustentação a revelação
especial em lugar de se constituir em uma metodologia rival. Ou seja,
se Deus é consistente (isto é, imutável) como as Escrituras sugerem,
então, o conhecimento baseado na revelação deveria equiparar-se e
complementar aquele que provem do raciocínio.
 Subjacente a essa abordagem encontra-se uma declaração de Fé comum
a cientistas e teólogos: as leis que governam o funcionamento do
mundo são passiveis de serem descobertas.
ABORDAGENS DOS “DOIS LIVROS”
 Análise:

 O termo “revelação” é definido de forma errônea no movimento


integracionista. Esse argumento constitui-se em um vício de
forma porque o conceito bíblico de que a revelação é, por
definição, incapaz de ser descoberta pela investigação ou
cogitação humana.
A “revelação” significa que Deus tornou conhecidas certas
verdades à humanidade, verdades essas que jamais alguém seria
capaz de descobrir por si mesmo.
 Portanto, a “revelação geral” é distinta da descoberta ou
interpretação que o homem faz do mundo natural (cf. Rm
1.18ss.).
ABORDAGENS DOS “DOIS LIVROS”

 Análise:
 A teoria dos “dois livros”, é falha em sua definição errada do
termo geral. Na realidade, a forma como o termo “revelação
geral” é histórica e universalmente empregado na teologia, o
termo geral tem a intenção de caracterizar não o aspecto da
revelação que está sendo tratado, mas sim o público a quem a
revelação está sendo disponibilizada .
ABORDAGENS DE “NENHUM LIVRO”

 Afirmação axiomática: Toda fonte de verdade está propensa a


produzir erro desde que indivíduos falíveis e pré-condicionados
estejam envolvidos na abordagem dessa fonte.
 Formulação teológica: Independente da autenticidade e
consequente autoridade das Escrituras, qualquer aplicação
humana das Escrituras pressupõe o processo de interpretação.
 Conclusão epistemológica: Todo conhecimento humano é falho por
definição. Não há motivo para suspeitar mais da ciência do que da
teologia simplesmente porque as Escrituras não estão menos
expostas às limitações da participação humana do que qualquer
outra fonte de verdade.
ABORDAGENS DE “NENHUM LIVRO”

 Ramificação Integracionista:

 Em termos negativos, qualquer sugestão de que finalidade ou


certeza podem ser atribuídas a qualquer elemento de qualquer
modelo está equivocada.

 De modo positivo, os integracionistas precisam testar e refinar


constantemente todas as suas descobertas e convicções, na
esperança de criar um espiral ascendente de confiança e
eficiência.
ABORDAGENS DE “NENHUM LIVRO”
 Análise:
 A abordagem do “nenhum livro” é corrompida quanto ao
conceito de autoridade epistemológica. Isto é, as Escrituras
poderão possuir verdade intrínseca que, em um mundo
completamente transcendental, exercerá autoridade na luta
cósmica de alegações de verdade concorrentes.
 Como toda tentativa humana de compreender o significado
dessas Escrituras é pré-julgado como debilitante e
enfraquecedora e visto que, no debate de ideias, o apelo pode
ser feito somente à compreensão humana das Escrituras, então
as Escrituras não seriam capazes de julgar funcionalmente entre
as alegações de verdade concorrentes.
ABORDAGENS DE “NENHUM LIVRO”

 Análise:
 As pessoas são consideradas responsáveis por obedecer ou
desobedecer às Escrituras (Pv 13.13; Is 5.24; Tg 1.8; 2Tm 3.15,16).
 Jesus exorta seus contemporâneos a examinarem as Escrituras (Jo
5.39).
 A mensagem das Escrituras são tão claras que crianças podem
entendê-la (Dt 6.6-9).
 As Escrituras são “candeia que brilha em lugar tenebroso” (2Pe
1.19); são “lâmpada” para nossos pés e “luz” para nosso caminho
(Sl 119.105).
 É possível averiguar as Escrituras para avaliar se um ensino é
verdadeiro ou falso (At 17.11)
ACONSELHAI-VOS
UNS AOS OUTROS
AULA 3:
ASUFICIÊNCIA DAS ESCRITURAS E O
ACONSELHAMENTO BÍBLICO
Pr. Tiago Abdalla T. Neto
INTRODUÇÃO

O Deus suficiente revela-se em sua Palavra suficiente para


transformar meu coração.
INTRODUÇÃO

“[A Escritura] é completa como revelação da verdade divina;


é completa como regra de conduta [...] é absolutamente
verdadeira, alcançando com perfeita sabedoria as
necessidades do homem [...] Nada existe na Escritura que leve
os homens ao erro ou ao pecado. Tudo que é essencial para
o homem saber pode ser encontrado na Palavra de Deus.”
(Albert Barnes)
INTRODUÇÃO
 Perspectivas que depreciam a Palavra de Deus: questionam sua
origem divina, sua veracidade histórica e seu poder para
transformar.
 O resultado dessa abordagem não é uma palavra imbuída de
autoridade, mas uma interpretação imbuída de autoridade de um
indivíduo que se estabelece como juiz sobre Deus e sua Palavra.
 As Escrituras afirmam sua origem divina (2Tm 3.16) e sua
suficiência para nos tornar homens e mulheres perfeitamente
habilitados para “toda boa obra” (3.17).
 A Palavra de Deus é perfeita, em nada deficiente (Sl 19.7),
verdadeira e justa (19.9) e de valor imensurável (19.10)
DEFINIÇÃO DE INSPIRAÇÃO

Inspiração é o processo pelo qual Deus assegurou nas


palavras dos Escritos originais da Bíblia um registro
inerrante e imbuído de autoridade de Sua revelação por
meio da ação supervisora do Espírito Santo sobre os
escritores humanos, no pleno uso de suas faculdades.
INSPIRAÇÃO DAS ESCRITURAS
Origem divina da Bíblia . A primeira parte da definição
afirma que foi Deus quem assegurou o registro contido nas
Escrituras, por meio da ação supervisora do Espírito Santo .
O texto de 2 Timóteo 3.16 afirma que “toda Escritura é
‘soprada’ (qeopneustos) por Deus”, uma metáfora que
indica a autoria e origem divina das verdades bíblicas, pois
o “sopro” comunica a ideia de um ato pessoal e criativo de
Deus (ver Gn 2.7; Sl 33.6).
INSPIRAÇÃO DAS ESCRITURAS

Os escritores bíblicos são chamados de “homens impelidos


(ou conduzidos ) pelo Espírito Santo ” (2Pe 1.20-21), o que
aponta para a supervisão divina no processo de escrita (ver
2Sm 23.2; Jr 30.2; Ap 19.9; 22.6).
O verbo usado em 2Pedro 1.21 traduzido por “impelidos”,
ocorre também em Atos 27.17, na menção do navio sendo
“levado” pelo forte vento. Isso destaca o papel ativo do
Espírito Santo na condução soberana dos escritores
humanos, “levando-os” a registrarem Sua Palavra, conforme
sua vontade.
O PROCESSO DE INSPIRAÇÃO
Mateus 1.22-23

diá

Deus Profeta Escritura


INERRÂNCIA E AUTORIDADE
Inerrância e autoridade da Bíblia . O entendimento de que
a Bíblia é um registro inerrante da revelação divina
significa que as Escrituras não dizem nada contrário aos
fatos nem ensinam qualquer doutrina ou ética falsas.
Já que Deus é verdadeiro e incapaz de mentir ou enganar
(Nm 23.19; 2Sm 7.28; Sl 12.6; Tt 1.2; Hb 6.18) e sua Palavra
é o padrão de verdade (Sl 19.9; Jo 17.17), nenhum
conteúdo das Escrituras pode possuir algo que seja
mentiroso ou contrário à realidade.
INERRÂNCIA E AUTORIDADE
Como Palavra de Deus, a Escritura é a autoridade final em
todas as questões de fé e prática cristãs (Sl 119.9,105; Mt
4.1-11; Ap 22.18-19).
Assim, qualquer descrença para com a Bíblia ou
desobediência a ela, implicará em descrença ou
desobediência ao próprio Deus (Dt 18.19; 1Rs 20.35,36; 2Ts
3.14-15). Ela deve ser o juiz supremo na resolução de
discussões teológicas ou de questionamentos éticos.
SUFICIÊNCIAS DAS ESCRITURAS
Suficiência da Bíblia . As Escrituras não são apenas úteis, mas
suficientes para equipar os cristãos para toda boa obra (2Tm
3.17).
 A Palavra de Deus é o instrumento suficiente de Deus para
a santificação (Sl 119.9-11; Jo 17.17; 2Tm 3.15).
 Em Cristo, Deus nos concedeu tudo o que precisamos para
a vida e a piedade , tornando-nos participantes da natureza
divina (2Pe 1.3-4).
 Deus é apresentado como a fonte de sabedoria e
discernimento (Pv 2.4-6; cf. Sl 19.7) e essa sabedoria de
Deus está acessível em Cristo (Cl 2.3).
SUFICIÊNCIAS DAS ESCRITURAS
 As Escrituras estabelecem um contraste entre a sabedoria de Deus
e a sabedoria do mundo (1Co 1.18-21,24-25).
 Há duas fontes de conselho na busca de uma vida feliz: o
conselho de ímpios e pecadores (Sl 1.1) ou o conselho da Palavra
de Deus (1.2). Ambos trazem resultados totalmente opostos (1.3-4).
 “Devemos investir nosso tempo à procura de grãos de verdade
ou métodos que possam ser úteis para a tarefa de aconselhar? Se
nossa cultura não fosse tão psicologizada, essa abordagem
pareceria ridícula. Dentro dos escritos do mormonismo ou das
Testemunhas de Jeová, pode haver declarações verdadeiras e,
possivelmente algumas técnicas evangelísticas que poderiam ser
úteis, mas não gastamos nosso tempo para estudá-las.” (J. Babler)
SUFICIÊNCIAS DAS ESCRITURAS
 “Quando consideramos que Deus nos deu a sua Palavra imbuída de
autoridade, inspirada, útil e suficiente, nosso foco deve estar em nos
apropriarmos dela para a tarefa de aconselhar, e não em buscarmos a
sabedoria do mundo. [...] No que diz respeito ao uso da psicologia, [...] ao
contrário das ciências médicas ou de mecânica de automóveis, a psicologia
procura lidar com os mesmos problemas com os quais as Escrituras lidam [...] a
natureza básica do homem, a razão por que o homem age de determinada
maneira, o que há de errado quando alguém age fora das normas esperadas, o
que provoca mau comportamento, o que é um transtorno mental e como fazer
seu diagnóstico, e como tais problemas devem ser tratados. Nessas questões, a
psicologia é fundamentalmente falha, visto que sustenta quase de maneira
universal que o homem é basicamente bom, que ele possui em si as respostas
para seus problemas, que o ambiente é [...] a causa predominante dos
problemas do homem [...] e que alguma terapia em forma de conversa é
necessária para trazer alívio.” (John Babler)
ACONSELHAI-VOS
UNS AOS OUTROS
AULA 4:
O ACONSELHAMENTO BÍBLICO E A DOUTRINA DO
PECADO
Pr. Tiago Abdalla T. Neto
INTRODUÇÃO
“Crer que as pessoas são fundamentalmente boas depois de
Auschwitz, o Gulag e outros horrores é uma afirmação de fé
irracional [...] Sempre que encontro pessoas [...] que
persistem em crer na bondade essencial da humanidade, sei
que conheci pessoas para quem a evidência é irrelevante.
Quantos males os seres humanos cometeram para sacudir a
fé dos judeus na humanidade? Quantas pessoas inocentes
tiveram de ser torturadas? Quantas mulheres precisaram ser
estupradas?”
(Dennis Prager)
INTRODUÇÃO

... também o coração dos homens está cheio de maldade,


nele há desvarios enquanto vivem.
Não há homem justo sobre a terra que faça o bem e que não
peque.
(Qohelet 9.3; 7.20)

Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus


(Romanos 3.23)
INTRODUÇÃO
 A tendência no mundo atual é negar nossa natureza caída.
 Certas desculpas e comentários evidenciam essa teologia equivocada:
“Não sei por que fiz isso.”
“Eu agi deste modo, mas não sou assim, não.”
“A culpa não foi minha, Fulano é que me levou a fazer aquilo”.

 A consequência lógica desse pensamento é negar a necessidade


de um Salvador para os nossos pecados. Pois, se somos bons, por
que precisaríamos de salvação? Sem reconhecermos nossa
miséria, a graça salvadora de Deus não faz o menor sentido.
O TESTEMUNHO BÍBLICO SOBRE A NATUREZA
CAÍDA DA HUMANIDADE
As Escrituras apresentam um testemunho amplo de que a
condição da humanidade é de pecado, ruína e separação de
Deus:
“Não tornarei a amaldiçoar a terra por causa do homem, porque
é mau o desígnio íntimo do homem desde a sua mocidade ; nem
tornarei a ferir todo vivente, como fiz.” (Gn 8.21)
“Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe.”
(Sl 51.5)
“ A estultícia está ligada ao coração da criança , mas a vara da
disciplina a afastará dela” (Pv 22.15)
O TESTEMUNHO BÍBLICO SOBRE A NATUREZA
CAÍDA DA HUMANIDADE
“ Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e
desesperadamente corrupto ; quem o conhecerá?” (Jr 17.9)
“Ora, se vós, que sois maus , sabeis dar boas dádivas aos vossos
filhos, quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles
que lho pedirem?” (Lc 11.13)
“Que se conclui? Temos nós qualquer vantagem? Não, de forma
nenhuma; pois já temos demonstrado que todos, tanto judeus
como gregos, estão debaixo do pecado; como está escrito: Não
há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem
busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis;
não há quem faça o bem, não há nem um sequer .” (Rm 3.9-12)
O TESTEMUNHO BÍBLICO SOBRE A NATUREZA
CAÍDA DA HUMANIDADE
“Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e
pecados , nos quais andastes outrora, segundo o curso deste
mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que
agora atua nos filhos da desobediência, entre os quais também
todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa
carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos,
por natureza, filhos da ira , como também os demais.” (Ef 2.1-3)
“Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos
enganamos, e a verdade não está em nós. [...] Se dissermos que
não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso , e a sua
palavra não está em nós.” (1Jo 1.8,10)
O TESTEMUNHO BÍBLICO SOBRE A NATUREZA
CAÍDA DA HUMANIDADE
 Ao observarmos esses textos, fica evidente a condição decaída
humana, que resulta em atos de rebeldia contra Deus. Se
negarmos nossa inclinação para o mal ou defendermos uma
bondade inerente em nós, estaremos negando a própria realidade
e criando uma fantasia ilusória.

 Jesus elogia o publicano pecador que reconhece sua condição de


miséria e pecado, mas reprova a autoconfiança do fariseu, que se
considera superior àqueles que o cercavam (Lc 18.9-14).
O QUE SIGNIFICA A DEPRAVAÇÃO TOTAL?

 A depravação total não significa que os pecadores descrentes são


sempre tão ruins quanto poderiam ser (Lc 6.33; Rm 2.14-15) nem
que a expressão da natureza pecaminosa dos seres humanos é
sempre vivenciada em sua plenitude.
 A depravação não significa que os descrentes são incapazes de
atos de bondade, benevolência, boa vontade ou altruísmo nem que
os incrédulos não consigam apreciar a bondade, a beleza e a
justiça.
 Depravação total significa que o mal contaminou cada aspecto de
nossa humanidade: nossa mente, vontade e nossas emoções (Jr
17.9; Jo 8.44; Ef 4.22; Tt 1.15).
O QUE SIGNIFICA A DEPRAVAÇÃO TOTAL?

 Depravação total significa que os pecadores não redimidos são


incapazes de fazer algo para glorificar a Deus ou agradá-lo (Rm
3.23; Hb 11.6). Não conseguem obedecer a Deus com motivações
corretas nem entender a verdade espiritual (Ef 4.17-19).
 Depravação total significa que os pecadores não têm a capacidade
de fazer o bem espiritual ou de fazer algo em favor da própria
salvação. A humanidade descrente não tem capacidade de
desejar, entender, crer ou aplicar a verdade espiritual: “ Ora, o
homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe
são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem
espiritualmente” (1Co 2.14)
AS MÁS NOTÍCIAS PRECEDEM AS BOAS NOTÍCIAS

“mas assim, tendo completo conhecimento de nossa miséria, podemos


ser levados a Cristo, que é enviado para ser um médico aos doentes,
um libertador aos cativos, um confortador aos aflitos, um defensor aos
oprimidos (Is 61.1).”
(João Calvino)
ACONSELHAI-VOS
UNS AOS OUTROS
AULA 5:
O ACONSELHAMENTO BÍBLICO E O ESPÍRITO
SANTO
Pr. Tiago Abdalla T. Neto
INTRODUÇÃO
“O Espírito Santo de tal modo se une à sua verdade que expressou
nas Escrituras [...] que a própria Palavra não nos é absolutamente
certa, a não ser que seja confirmada pelo testemunho do Espírito.
Pois o Senhor ligou entre si, como que por mútuo laço, a certeza de
sua Palavra e a certeza de seu Espírito, de sorte que a sólida
religião da Palavra se implante em nossa alma quando brilha o
Espírito, que nos faz aí contemplar a face de Deus, assim como,
reciprocamente, abraçamos ao Espírito, sem nenhum temor de
engano, quando o reconhecemos em sua imagem, isto é, na
Palavra.”
(João Calvino)
INTRODUÇÃO
 A doutrina do Espírito Santo tem sido um ponto de intenso
debate e discussões entre evangélicos de tradição protestante
histórica e pentecostal.
 Por um lado, é perceptível muita confusão gerada por crenças
estranhas sobre o Espírito Santo: as novas revelações, profusão
de milagres, experiências místicas e afirmações sobre a visitação
do Espírito, o que entra em choque com o ensino bíblico.
 Ao mesmo tempo, a preocupação demasiada com os excessos
e distorções da doutrina do Espírito tem levado muitas igrejas e
pastores a darem pouca atenção à terceira pessoa de Trindade.
ESPÍRITO SANTO – UM SER PESSOAL

(1) Ele tem inteligência (At 15.28; Rm 8.27; 1Co 2.10-11);

(2) Ele sente emoções , como tristeza e zelo (Ef 4.30; Tg 4.5);

(3) Ele exerce vontade na concessão de dons à igreja (1Co


12.11; ver At 16.7)
ESPÍRITO SANTO – UM SER DIVINO
(1) Ele é identificado como Deus — a mentira ao Espírito é vista
como mentira ao próprio Deus (At 5.3-4).
(2) O Espírito Santo está associado às outras duas pessoas
divinas, como igual em essência e na relação da Trindade com os
salvos (Mt 28.19; 1Co 12.4-6; 2Co 13.14; Ef 4.4-6).
(3) Ele é onisciente (1Co 2.10-11), eterno (Hb 9.14) e onipresente
(Sl 139.7-10).
(4) Ele é reconhecido como o próprio Deus do AT em textos do
NT.
ESPÍRITO SANTO – UM SER DIVINO
“Depois , ouvi a voz do Senhor , que dizia... ‘Vai e diz a este povo:
Ouvindo, ouvireis, e nunca entendereis; e, vendo, vereis, e jamais
percebereis...’”
(Isaías 6.8-10)
“... Bem falou o Espírito Santo aos vossos pais pelo profeta Isaías,
dizendo : ‘Vai a este povo e diz: Ouvindo, ouvireis, e de maneira
nenhuma entendereis; e vendo, vereis, e de maneira nenhuma
percebereis...’”
(Atos 28.15-17)
A OBRA DO ESPÍRITO & O ACONSELHAMENTO
REGENERAÇÃO
 O Espírito Santo concede vida com Deus a uma pessoa que está
completamente longe dele e morta em seus pecados (Ez 36.25-27;
Jo 3.3,5; Ef 2.1-7; Tt 3.4-7).
 A regeneração possibilita e conduz à fé em Cristo, além de
conferir uma nova natureza ao crente (At 16.14; 1Co 12.3; 2Co
5.17).
 O novo nascimento é soberanamente operado pelo Espírito Santo
(Jo 3.8). A menos que o Espírito Santo esteja atuando no coração
do aconselhado, qualquer mudança aparente será ilusória,
superficial ou temporária; e os problemas reaparecerão.
A OBRA DO ESPÍRITO & O ACONSELHAMENTO
HABITAÇÃO
Quem crê em Cristo como Senhor e Salvador de sua vida tem o
Espírito de Deus habitando dentro de si (Rm 8.9; 1Co 6.19,20; Ef
1.13-14). Ao habitar nos crentes, o Espírito:
 (a) ensina-os acerca de Cristo e sua obra (Jo 14.26; 1Co 2.7-10,12);
 (b) testifica de que são filhos de Deus e amados por Ele (Rm 5.5;
8.16);
 (c) guia-os e aconselha-os na verdade do evangelho (Jo 15.26-27;
16.13; Rm 8.14);
 (d) leva-os a obedecer a Cristo e permanecer nele (1Jo 3.23-24).
A OBRA DO ESPÍRITO & O ACONSELHAMENTO
SANTIFICAÇÃO

Santificação é um processo operado pelo Espírito Santo na vida


do cristão através do estudo e prática da Palavra de Deus,
transformando o caráter do crente igual ao de Jesus Cristo (Gl
5.16-18,22-23,24-25; Sl 119.9-11; Jo 17.17; Rm 8.29; Ef 1.4).

Deixar-se encher pelo Espírito é uma ordem da Palavra de Deus e


é neste processo que somos santificados e moldados à imagem
de Cristo (2Co 3.17-18; Ef 5.18), produzindo atos de justiça e amor
visíveis como consequências inevitáveis (Gl 5.22-23).
A OBRA DO ESPÍRITO & O ACONSELHAMENTO
“O Espírito Santo é chamado ‘Santo’ por causa de sua natureza e
de sua obra. Toda santidade flui de sua atividade nas vidas
humanas. Todas as características da personalidade que poderiam
ser apresentadas aos aconselhados como alvos fundamentais
(amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade,
fidelidade, mansidão, domínio próprio), Deus as apresenta como o
‘fruto’ (isto é, resultado da obra) do Espírito. Não só é fútil tentar
gerar essas qualidades independentemente dele [...], como também
essa atitude é, no fundo, rebelião contra Deus, rebelião calcada
nas pretensões humanas quanto à autonomia do homem.”
(Jay E. Adams)
A OBRA DO ESPÍRITO & O ACONSELHAMENTO
SANTIFICAÇÃO
Em 1Pedro 1.14-16, o processo de santificação só é possível para
os filhos da obediência, que devem se tornar santos em todo o
seu modo de vida ( anastrophe ̄ ) , conformando-se ao caráter de
Deus. A santidade do Senhor é o fundamento e a motivação para
nosso processo de transformação (cf. Ef 2.1-10).
O início desse processo ocorre quando nos convertemos a Cristo
Jesus (2Co 5.17) e dura a vida inteira aqui na terra. Em 2Pe 3.18,
Pedro exorta aos destinatários de sua carta a crescerem utilizando
o verbo no tempo presente do grego, que revela um crescimento
contínuo (cf. Cl 3.10).
A OBRA DO ESPÍRITO & O ACONSELHAMENTO
INTRUMENTOS DE SANTIFICAÇÃO

 Palavra de Deus: Jo17:17; 2Tm 3:16,17

 Oração: Cl 4:2; 1Ts 5:17; Hb 4.15-16

 Comunhão: At 2:42; Hb 10:24,25

 Outros: “Cada atividade e circunstância de nossa vida deveria


servir para nos trazer para mais perto de Deus” – 1Co 10:31

.
A OBRA DO ESPÍRITO & O ACONSELHAMENTO
“Ser santificado é ter sua fé simplificada, esclarecida e
aprofundada. Você precisa de Deus. Você conhece a Deus. Você
ama a Deus. [...] Tornar-se mais santo não significa que você se
torna etéreo, fantasmagórico e alheio às tempestades da vida.
Significa que você está se tornando um ser humano mais sábio.
Você está aprendendo a lidar bem com seu dinheiro, sua
sexualidade, seu trabalho. Você está se tornando um melhor amigo
e membro da família. Quando você fala, suas palavras comunicam
mais bom senso, mais seriedade, mais alegria, mais realidade.
Você está aprendendo a orar honestamente, trazendo quem Deus
realmente é para a realidade da necessidade humana...
A OBRA DO ESPÍRITO & O ACONSELHAMENTO

“... E crescer em santidade não significa que você agora fala em


voz baixa e a cada três frases cita a Bíblia. Significa que você vive
em uma esperança mais clara. Você sabe o propósito de sua vida,
arregaça as mangas e faz o que precisa ser feito. Você é
sinceramente grato pelas coisas boas. Você enfrenta de maneira
honesta o desapontamento e a dor, a doença e a morte.”
(David Powlison, How Does Sanctification Work? , p. 14-15)
ACONSELHAI-VOS
UNS AOS OUTROS
AULA 6:
QUALIDADES DO CONSELHEIRO BÍBLICO
Pr. Tiago Abdalla T. Neto
INTRODUÇÃO

Um dos obstáculos à prática do aconselhamento ocorre quando


não cuidamos da maneira devida de nosso relacionamento com o
Senhor e, consequentemente, nos sentimos desqualificados para
aconselhar outra pessoa que necessita rever a prioridade de sua
vida espiritual.
Portanto, mais do que nunca, precisamos estar cientes do
desenvolvimento de virtudes que Deus espera de nós para sermos
hábeis em auxiliar outros . Cuidar de nossa conduta e convicções
fará um grande bem para a saúde espiritual daqueles que nos
ouvem (1Tm 4.16).
DESENVOLVENDO PIEDADE
DEFINIÇÕES

Atitude e conduta de uma pessoa que teme a Deus.


(C. C. Ryrie)

Piedade é devoção a Deus que resulta em uma vida que o agrada.


(Jerry Bridges)

Reverência, lealdade, temor a Deus.


(BDAG)
DESENVOLVENDO A PIEDADE
EUSEBEIA
 A palavra grega geralmente traduzida por piedade tem o sentido
básico de religiosidade, fidelidade a Deus, reverência e respeito.
 É usada pela primeira vez no NT em Atos 3.12 e indica uma
religiosidade fervorosa, capaz de curar um doente por si mesma. Essa
visão era, claramente, fruto do judaísmo da época de Pedro e João, que
considerava mérito a prática religiosa humana.
 Outras ocorrências da palavra são desenvolvidas pelos autores do
Novo Testamento, apresentando-nos um quadro de como Deus define
“piedade”.
DESENVOLVENDO A PIEDADE
TEXTOS DO NT SOBRE PIEDADE
 É fonte de lucro para a alma (1Tm 6.6). Pois, nos ensina a
estarmos contentes diante de todas as situações da vida,
entendendo que são dirigidas por Deus (1Tm 6.7,8).
 A piedade verdadeira é fundamentada na vida e obra de Cristo
(1Tm 3.16; cf. 2Tm 3.12).
 Sem Cristo é impossível desenvolver piedade genuína que
exalta a Deus. “Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive
em mim ” (Gl 2.20).
DESENVOLVENDO A PIEDADE
TEXTOS DO NT SOBRE PIEDADE
 Por meio da piedade vivemos a vida eterna no presente e
cultivamos essa vida mediante o estudo diligente das Escrituras
(1Tm 4.6-8; 6.3).
 Piedade não é apenas mudança exterior, mas uma transformação
do coração (2Tm 3.5).
 É consequência da ação da graça de Deus na vida do crente (Tt
2.11-12).
 Uma vida piedosa não se deixará dominar pela impiedade e
paixões deste mundo (Tt 2.12).
DESENVOLVENDO HUMILDADE

Humildade é a capacidade de olhar para as nossas vidas, à luz das


Escrituras, e reconhecer as fraquezas e limitações pessoais . O
apóstolo Paulo era alguém que percebia a grandeza do ministério
que lhe fora confiado, mas, ao mesmo tempo, tinha consciência de
sua pequenez, dependendo, assim, exclusivamente do poder de
Deus para eficácia de seu serviço (2Co 4.7-12; 12.7-10).
DESENVOLVENDO A HUMILDADE
DENSENVOLVENDO A H U M I L D A D E BÍBLICA
 Deus deseja que sejamos pessoas humildes diante dEle,
reconhecendo nossa pecaminosidade e completa dependência
dEle (Sf 3.12; Tg 4.6-10; 1Pe 5.6,7; cf Jr 9.24).
 Humildade perante outros implicará reconhecer que, como todo
crente, pecamos e cometemos falhas — ainda somos uma obra em
transformação (1Tm 1.15,16; cf. Fp 1.6).
 Humildade também envolve ser paciente e suportar as fraquezas
do irmão, amando-o, perdoando-o e buscando a paz sempre que
possível, sem deixar de exortá-lo a uma vida orientada na Palavra de
Cristo (Cl 3.12-17; cf. Ef 4.2-6; Fp 2.3-4).
DESENVOLVENDO A HUMILDADE
PERGUNTAS PARA AUTOAVALIAÇÃO
 Estou disposto a admitir fraquezas, limitações e erros?
 Busco ser modelo da transparência que faz parte da vida
cristã? Sou transparente com Deus? Sou transparente perante
outros?
 Consigo aprender com as pessoas a quem aconselho também?
 Tenho o hábito de ficar na defensiva, ser fechado, excessivamente
sensível e incapaz de admitir erros ou receber correção?
 Sou excessivamente transparente, no sentido de me entregar às
minhas limitações, erros e fraquezas?
DESENVOLVENDO A HUMILDADE
PERGUNTAS PARA AUTOAVALIAÇÃO
 Encaro honestamente as minhas fraquezas de acordo com
referenciais bíblicos? Há uma ênfase demasiada na minha fraqueza
e uma ênfase insuficiente no poder de Deus?
 Sou paciente em ajudar o aconselhado ao perceber o quanto Deus
tem sido paciente comigo?
 Sei perdoar o aconselhado quando este me ofende de modo verbal
ou de outra forma?
 Permito que a opinião de outros me persuadam ou me
controlem demasiadamente? Estou constantemente preocupado
com que os outros vão pensar se eu assumir certa postura?
DESENVOLVENDO AMOR

O amor é uma característica distintiva daqueles que são


discípulos de Cristo (Jo 13.34,35). Sem amor o aconselhamento
bíblico perde seu significado (1Co 13.1-7).
“Na noutétese [aconselhamento bíblico] ... O que sempre se tem
em mente é que a correção verbal visa beneficiar o interessado ...
é motivada pelo amor e profundo interesse, sendo que os
aconselhado são orientados e corrigidos por meios verbais, para
seu bem”. (Jay Adams)
DESENVOLVENDO AMOR

Como conselheiros bíblicos somos chamados a ser modelos de


amor para aqueles a quem aconselhamos. É importante que
vejam no conselheiro uma vida prática de amor que encarna os
princípios expostos pelas Escrituras. Ao buscar esperança,
Jeremias lembrou-se do amor leal de Deus (Lm 3.21-22) e,
quando o mesmo amor é refletido na vida daqueles que
aconselham, haverá a semeadura de encorajamento e esperança
na vida do aconselhado.
DESENVOLVENDO AMOR
PERGUNTAS PARA AUTOAVALIAÇÃO
 Sou capaz de amar o meu aconselhado com toda a sua história e
contexto?
 Sou capaz de exercer mansidão com aqueles que se opõem a mim ou
ao meu ensino?
 Sou capaz de amar aqueles que, visivelmente, tem sido hostis para
comigo? Sou um pacificador?
 Consigo ser paciente com pessoas que passam por tribulação e
sofrimento?
 Sou capaz de confrontar e admoestar sem irritabilidade ou ira, mas
com mansidão e amor?
 Consigo falar de assuntos delicados e difíceis de maneira amorosa?
DESENVOLVENDO AMOR
PERGUNTAS PARA AUTOAVALIAÇÃO
 Sou ingenuamente otimista quanto às pessoas? (Ainda que eu
creia no poder de Deus, é necessário reconhecer que o coração
humano é enganoso e mau – Jr 17.9).
 Tenho a tendência de minimizar a seriedade dos problemas ou
encobri-los, ao invés de enfrentá-los?
 Minha tendência é motivar as pessoas por meio da lisonja, em
lugar de incentivá-las pela confiança em Deus e Sua Palavra?
 Busco a paz a qualquer preço? Consigo ver o valor no conflito
construtivo?
DESENVOLVENDO AMOR
PERGUNTAS PARA AUTOAVALIAÇÃO
 Sou capaz de lidar com as pessoas no ponto em que elas se
encontram, atualmente, e, então, levá-las ao ponto em que Deus
as quer, sem dominá-las, controlá-las ou manipulá-las?
 Há um secreto anseio por glória pessoal enquanto aconselho, ou
uma autogratificação pelo sucesso de um aconselhamento?
 Estou confuso quanto à diferença entre ser escravo das pessoas
e amá-las biblicamente?
 Sou incapaz de confrontar em amor, insistir ou treinar o
aconselhado quando biblicamente é correto fazê-lo?
 Reluto ou tenho medo de chamar pecado de pecado?
DESENVOLVENDO FIDELIDADE

Fidelidade implica submissão e compromisso com Cristo em cada


área da vida cristã. É a decisão de cultivar uma consciência limpa
diante de Cristo em tudo o que fazemos (1Co 4.1-4; 2Co 4.1-2).
“Por isso procuro sempre conservar minha consciência limpa diante
de Deus e dos homens” (At 24.16).
Assim, o conselheiro bíblico precisa ser marcado por uma conduta
e serviço fiéis, antes de tudo, coram Deo , isto é, diante de Deus e,
por consequência, diante das pessoas. Paulo podia apelar a Deus e
às pessoas a quem servia como testemunhas de um ministério
íntegro, fiel a Deus e ao evangelho de Cristo (1Ts 2.1-6).
DESENVOLVENDO FIDELIDADE
PERGUNTAS PARA AUTOAVALIAÇÃO
 Procuro cumprir os compromissos assumidos com o aconselhado?
 Sou criterioso nas promessas que faço? Parte da fidelidade se
constitui em admitir e aceitar minhas limitações.
 Falo a verdade com confiança, firmeza e sem medo?
 Consigo pedir perdão sem me autojustificar?
 Sou capaz de manter um compartilhar ou confissão sob sigilo
prudente, preservando assim a reputação do aconselhado?
 Quando tenho uma compreensão clara dos princípios bíblicos, eu
os aplico à minha vida? Aplico esses princípios também nos meus
relacionamentos? Há coerência no meu aconselhamento?
ACONSELHAI-VOS
UNS AOS OUTROS
AULA 7:
A DINÂMICA DA MUDANÇA
Pr. Tiago Abdalla T. Neto
INTRODUÇÃO
 A Bíblia nos chama a viver à semelhança de Cristo. Mas como
fazer isso em meio aos desafios diários aparentemente impossíveis
de superar?
 Como é possível mudar? Como qualquer um de nós poderia até
mesmo tentar viver uma vida semelhante à de Cristo?
 Todos os dias pensamos em como nossas vidas seriam se as
coisas fossem diferentes. Avaliamos a nós mesmos e até procuramos
fazer mudanças. Planejamos mudanças. Tentamos inúmeras
estratégias para mudar, às vezes com algum sucesso. Mas nossas
melhores intenções para a mudança acabam em fracasso.
INTRODUÇÃO
“A Bíblia nos confronta com uma realidade difícil de aceitar: a mudança
mais necessária em nossas vidas não é uma mudança em nossas
situações, circunstâncias ou relacionamentos, mas em nós mesmos – em
nossos corações. Existe, porém, esperança. Apesar dos nossos
fracassos, Deus ainda tenciona nos resgatar de nós mesmos. Sua visão
de mudança é amplamente diferente da nossa. Nós queremos lidar
melhor com as situações, queremos nos divertir mais, ter
relacionamentos melhores, mais dinheiro, uma casa maior. Ele quer nos
transformar de pessoas que ‘vivem para si’ (2Co 5.15) em pessoas que
são como Ele. Essa é verdadeira mudança! Deus substitui nossa
natureza egoísta e pecaminosa pela Sua natureza divina! Deus nos
molda conforme a Sua imagem.” (LANE; TRIPP)
MUDANDO O CORAÇÃO
 Aconselhamento a partir do coração implica uma cosmovisão ou a
pressupõe. Essa cosmovisão diz respeito à perspectiva com a qual a
Bíblia aborda nossa humanidade. Tal perspectiva entende que a nossa
espiritualidade brota em nosso interior: o que pensamos, desejamos e
cremos determinará nossas ações diante das circunstâncias em que
vivemos.
 A sabedoria bíblica ensina: “Sobre tudo o que se deve guardar,
guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Pv
4.23).
MUDANDO O CORAÇÃO
 Jesus confirma este princípio, ao declarar: “o homem bom tira coisas boas
do bom tesouro que está em seu coração, e o homem mau tira coisas más
do mal que está em seu coração, porque a boca fala do que está cheio o
coração” (Lc 6.45).
 Nossas ações são fruto de nossas decisões pessoais deliberadas,
excluindo a responsabilidade (mas, não influência) de quaisquer fatores
externos.
 Nas Escrituras, o valor das decisões humanas é medido coram Deo,
isto é, diante de Deus (Ec 12.13-14). Como seres criados à imagem de
Deus (Gn 1.26-27), somos necessariamente adoradores, que se curvam
diante daquEle que os criou ou diante de ídolos e mentiras (Rm 1.18-
25).
COMO DEUS VÊ A VIDA E EFETUA A MUDANÇA

 As circunstâncias da vida muitas vezes nos deixam confusos e


exigem um mapa panorâmico: identificar onde estamos e o local
aonde queremos chegar.

 A Bíblia fornece os elementos essenciais que nos dão uma


visão panorâmica da vida como Deus a vê e da mudança que
Ele efetua. Quando você começa a enxergar esse quadro
panorâmico, é possível começar a perceber o que Deus está
fazendo nos detalhes da sua vida.
COMO DEUS VÊ A VIDA E EFETUA A MUDANÇA

 Um texto que nos ajuda a compreender o processo de


mudança: Jeremias 17.5-10.

 As metáforas dessa passagem compõem um modelo: o calor


do deserto, um espinheiro no ermo, os ribeiros de vida e uma
árvore frutífera. Podemos organizar nossos pensamentos
usando a figura que chamamos de "As Duas Árvores".
1. QUAL É A SITUAÇÃO: O CALOR

 O calor descreve a vida e tudo o que nos sobrevém no mundo


caído. Ele representa a situação atual de uma pessoa com
todas as suas dificuldades, tentações e bênçãos. Deus conhece
os detalhes de nossas vidas e vê como reagimos nessas
situações.

 As Escrituras sempre enquadram as pessoas em uma situação


de vida. A carta de Tiago começa dizendo: "Considerem motivo
de grande alegria o fato de passarem por diversas provações".
1. QUAL É A SITUAÇÃO: O CALOR

Para Tiago, uma provação é uma situação externa (calor) que


revela a intenção do coração. Uma provação pode conduzir a
um crescimento significativo no coração ou pode conduzir à
tentação e ao pecado. Em outras palavras, uma provação pode
produzir um fruto bom ou pode produzir espinhos.
2. COMO REAJO?: OS ESPINHOS

 O espinheiro no deserto representa as reações pecaminosas


diante das dificuldades, tentações e bênçãos. Deus não olha apenas
para o nosso comportamento e nossas reações diante das
provações. Ele vê as intenções, as crenças e os desejos que
controlam nossos corações.

 Todos os comportamentos pecaminosos brotam de um coração


que foi cativado por algo que não Cristo. Somos árvores frutíferas
pela graça de Deus, mas ainda reagimos às situações da vida como
espinheiros. Todos nós temos a tendência de reagir
pecaminosamente às circunstâncias da vida.
2. COMO REAJO?: OS ESPINHOS

 O cristão sábio trabalhará para compreender seus


pensamentos e propósitos à luz da Palavra de Deus (Pv 20.5; Hb
4.12).

 Como você reage? Que ações e sentimentos você expressa?


O que pensa nessa situação?
 O que você espera e deseja? Quais são suas exigências no
momento? O que você quer alcançar ao reagir desta forma?
 Quais as consequências de suas atitudes?
2. COMO REAJO?: OS ESPINHOS

 O que você ama? O que você odeia?


 O que você quer, anseia e cobiça? A que desejos obedece?
 Quais são seus alvos e expectativas?
 Sobre o que você alicerça a sua esperança?
 No que você sente prazer? Em que você encontra satisfação?
 Quais modelos você segue? Que tipo de pessoa você deseja ou quer ser?
 Qual pessoa cujo desempenho é importante para você? Sobre os ombros de
quem descansa o bem estar de seu mundo?
 Como você usa o seu tempo? Quais são as suas prioridades?
 Como você define sucesso ou fracasso em determinada situação?
3. A CRUZ DE CRISTO: O QUE DEUS REVELA

 A cruz de Cristo é a fonte de água viva. Ela representa a obra


redentora de Deus em nosso favor. Ela traz conforto,
purificação e poder para mudar em meio aos desafios da vida.

 “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas
Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na
fé no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo
por mim. Não faço nula a graça de Deus; porque, se a justiça
vem mediante a lei, logo Cristo morreu em vão” (Gl 2.20-21).
3. A CRUZ DE CRISTO: O QUE DEUS REVELA
 A cruz define nossa identidade e capacidade. Desde o nascimento,
estamos sob o controle e o domínio do pecado. Porém, em Sua morte,
Cristo quebrou o domínio espiritual do pecado sobre nós. A cruz altera
de forma permanente quem somos hoje e quem continuaremos a ser.
Não vivemos mais sob o domínio do pecado. Podemos viver de
maneira nova em meio às situações antigas.
 Baseamos nossas vidas no fato de que, por Cristo viver em nós,
podemos fazer o que é correto com relação aos desejos,
pensamentos, palavras e ações, independentemente de quão difícil a
provação possa ser.
 Precisamos então nos perguntar: O QUE DEUS, EM CRISTO, REVELA
SOBRE NOSSA SITUAÇÃO?
4. OS FRUTOS BONS
 A árvore frutífera representa a pessoa que confia no Senhor e
aprende a reagir de maneira piedosa aos seus problemas. O
poder redentor de Deus, atuante no coração renovado pela Sua
graça, capacita a pessoa a reagir de forma piedosa em todas as
circunstâncias.
 Ao dizermos "sim" ao Espírito Santo, que habita em nós, Sua
água viva produz frutos novos em nossos corações: o amor, o
gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a
fidelidade, a mansidão, o domínio próprio.
4. OS FRUTOS BONS
 Que crenças e desejos bíblicos deveriam governar você?
 Como você deveria reagir nesta situação à luz do que Cristo
fez por você? Que ações você deveria ter?
Que pensamentos deveria cultivar? Que emoções bíblicas deve
sentir?
Quais são os resultados ou consequências de sua nova
reação?
QUAL É A SITUAÇÃO?
Refeitório do seminário no horário de almoço, uma refeição que não me agrada. Estou com muita fome.

COMO VOCÊ REAGE?


Ações
Faço um comentário crítico e murmurador da comida. Demonstro no rosto minha insatisfação com a situação.
Pensamentos
Murmuro mentalmente a respeito da comida. Concentro-me no gosto ruim do alimento.
Emoções
Fico nervoso e com raiva.

O QUE VOCÊ ESPERA, EXIGE, ALMEJA OU CRÊ?


Creio que Deus não foi bondoso em me dar aquela comida (1Tm 4.1-5). Creio que tenho o direito de comer algo que agrada meu
paladar. Desejo fortemente uma comida que me agrada.
Exijo uma comida deliciosa. Exijo apenas a comida que me agrada. Espero que as pessoas realizem a minha exigência

QUAIS SÃO AS CONSEQUÊNCIAS?


Levo outros a reclamarem da comida comigo. Não consigo a comida que almejo. Fico com a consciência incomodada.
A CRUZ DE CRISTO: O QUE DEUS REVELA SOBRE A SUA SITUAÇÃO?
Deus é soberano e está por trás de situações como esta em minha vida (Gn 50.20; Jó 1.6-11; 2.1-6; 42.2). Tudo o que eu fizer seja
o comer ou o beber, deve glorificar a Deus (1 Co 10.31). Tudo o que eu fizer deve ser em nome de Jesus, dando graças a Deus
(Cl 3.17; 1 Ts 5.18). O alimento que recebo é uma dádiva bondosa de Deus (Jó 1.21; Sl 104.27-29; Mt 6.11; At 14.17). Todas as
situações que passam cooperam para que eu seja mais parecido com Jesus (Rm 8.28, 29)
QUE CRENÇAS E DESEJOS DEVERIAM GOVERNAR VOCÊ?
Crer que Deus está soberanamente cuidando e controlando esta situação em minha vida, com o propósito de me tornar mais
parecido com Cristo.
Desejar revelar o caráter amoroso e santo do Pai quando estou me alimentando (Mt 5.48; 1 Jo 1.5-7).
Estar satisfeito e grato a Deus pela dádiva bondosa do alimento.
COMO VOCÊ DEVERIA REAGIR NESTA SITUAÇÃO?
Ações
Inicialmente orar agradecendo a Deus pela dádiva que me confere naquele momento e reconhecer que se não fosse Ele, eu não
receberia aquela provisão. Procurar desenvolver conversas edificantes com as outras pessoas que estão à mesa, evitando qualquer
tipo de reclamação sobre o almoço ou jantar (Ef 4.29).
Pensamentos
Procurar ocupar meu pensamento com aquilo que é verdadeiro e amável. (Fp 4.8).
Emoções
Buscar alegrar-me com a situação que Deus proporciona (Fp 4.4).
QUAIS SÃO OS RESULTADOS?
Não levo outros a reclamarem da comida. Consigo desfrutar de verdadeira comunhão com meus irmãos em Cristo.
Desenvolvo piedade. Fico em paz com Deus.

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