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Alicate Amperímetro de Efeito Hall

Introdução

Este trabalho, foi elaborado no âmbito da disciplina de Introdução a Metrologia, do curso de


Licenciatura em Instrumentação e Metrologia, do Instituto Superior de Engenharia do Porto.

Abordamos o tema Alicate Amperímetro de Efeito Hall, um instrumento utilizado para


medição de altas correntes, nas indústrias de produção pesada nas quais se encontram
grandes correntes contínuas ou cabos que conduzem grandes correntes como nas minas,
redes eléctricas, marinas, trilhos e outras.

Consideramos na exposição deste trabalho organizar os tópicos de maneira que as


informações contidas possam ser assimiladas de maneira rápida e simplificada recorrendo ao
uso de imagens explicativas.

Este texto inicia com a apresentação da história dos instrumentos de medição de corrente
eléctrica utilizados no início do século XX.

De seguida introduzimos o conceito de amperímetro e os principais géneros de amperímetros


alicates com alguns pormenores sobre seu funcionamento.

Finalmente todo o estudo está aglutinado na explicação pormenorizada do que consiste o


efeito Hall e sua aplicação concreta no amperímetro alicate de Efeito Hall para medição de
correntes contínuas, sua resolução, erro de medição e factor de crista.

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Aspectos Históricos:

A relação entre corrente eléctrica, campos magnéticos e forças físicas foi notado pela primeira
vez por Hans Christian Oersted, que, em 1820, que observou o desvio do norte da agulha de
uma bússola, quando uma corrente flui em um fio adjacente.

O galvanómetro tangente foi usado para medir intensidade de correntes utilizando a relação
descoberta por Oersted, onde a força de restauração para retornar o indicador para a posição
zero é fornecida pelo campo magnético da Terra. Isso fez com que estes instrumentos fossem
utilizáveis apenas quando alinhado com o campo da Terra.

A sensibilidade do instrumento foi aumentada pela utilização de enrolamentos adicionais de


fio para multiplicar o efeito - os instrumentos eram chamados "multiplicadores".[6] Nas figuras
1,2 e 3 podemos observar os primeiros modelos de amperímetros.

Definição de Amperímetro:

O amperímetro é um instrumento utilizado para fazer a medida da intensidade do fluxo da


corrente eléctrica que passa através da seção transversal de um condutor.

Dado que a corrente eléctrica passa através dos condutores e dispositivos ligados a eles, para
aferir a corrente que passa por alguma região de algum circuito, deve-se colocar o
amperímetro em série com esta, sendo necessário abrir o circuito no local da medida. [1]

A unidade usada é o Ampére (A) daí o nome do instrumento.

Instrumentos usados para medir correntes muito pequenas, na gama de miliamperes ou micro
amperes, são designados miliamperímetros ou microamperímetros.

Os primeiros amperímetros eram instrumentos de laboratório que contavam com o campo


magnético da terra para operação.

No final do século 19, foram projectados instrumentos que podiam funcionar em qualquer
posição, o que permitiu medições precisas em sistemas eléctricos de potência. A figura 1
demonstra um modelo de amperímetro de êmbolo de ferro em movimento, a medida que
aumenta a corrente que passa através da bobina, o êmbolo é arrastado mais para dentro da
bobina e o ponteiro se desvia para a direita. O amperímetro de êmbolo de ferro foi inventado
pelo engenheiro austríaco Friedrich Drexler in 1884

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Figura 1 Amperímetro de embolo de ferro utiliza um pedaço de ferro (embolo) que se move quando a
força magnética actua sobre o enrolamento da bobina

Figura 2- Amperímetro do antigo terminal da Penn Station em Nova Iorque,1910.

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Na década de 1880 amperímetros deste tipo foram usados por usinas eléctricas para medições
rápidas de grandes correntes [7]

Figura 3- Medidor de ferro em movimento, a corrente a ser media atua no soleníde que arrasta a haste
de ferro curvo, a escala tinha que ser calibrada ou uma tabela de calibração tinha de ser fornecida . Este
medidor tem escala de leitura total de 132 amperes. Na capa de vidro que está rotulado " Edison Sistem
Aperemeter ."

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O Amperímetro Alicate:

Amperímetros Alicates são instrumentos de teste que permitem a medição da corrente


eléctrica num condutor sem a interrupção do circuito, como mostra a figura 4. Os
amperímetros alicates medem o efeito magnético da corrente eléctrica ao percorrer o
condutor. Graças ao fato de o núcleo de ferro ser divisível (tem a forma de alicate), é possível
abraçar o condutor ou a barra de tomada sem ter que interromper o circuito eléctrico. Outra
vantagem é o isolamento galvânico. O sinal de medição é, em comparação com o valor a
medir, completamente livre de potência.

Figura 4- Amperímetro Alicate medindo corrente contínua, A leitura é positiva quando a corrente flui do
lado de fora para o lado de dentro do amperímetro [2]

Tipos de Alicate Amperímetro :

Utilizando a mesma metodologia fundamental de medição os amperímetros alicate existem


em três categorias diferentes, Amperímetro alicate transformador de corrente (AC),
Amperímetro flexível (AC), Amperímetro alicate de Efeito Hall (AC e DC) conforma figura 5.

(b)
(a)

(c)

Figura 5-Diversos tipos de amperímetros: (a)-Amperímetro alicate (AC) Transformador de Corrente, (b)-
Amperímetro alicate (AC/DC) de Efeito Hall, (c)- Amperímetro flexível.

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Amperímetro alicate transformador de corrente (AC)

Em geral amperímetros alicate para medição de corrente alternada utilizam o princípio de um


transformador de corrente para medir o fluxo magnético gerado pela corrente a passar por um
condutor. Partindo do princípio que a corrente que flui através do condutor é a corrente
primária, podemos obter a corrente proporcional a primária por indução electromagnética do
enrolamento secundário da garra alicate transformador que está conectado a um circuito de
medição do amperímetro conforme figura 6

Figura 6- Diagrama de Blocos de um amperímetro alicate transformador [2]

Por exemplo, se o secundário tiver 1000 voltas, então a corrente no secundário é 1/1000 da
corrente que flui no primário. Logo 1A de corrente no condutor que está a ser medido irá
produzir 0,001 ampere ( 1mA ) de entrada no medidor. Esta técnica permite medir correntes
muito grandes.

Amperímetros alicate transformadores são equipados com garras rígidas feitas de ferrite. As
garras são enroladas por bobines de fios de cobre. Juntos formam um núcleo magnético
durante as medições, conforme figura 7. A corrente que passa através de um condutor gera
um campo magnético alternado que gira através deste condutor. Este campo é concentrado
pelo núcleo de ferro da garra, que induz a passagem de corrente no enrolamento secundário
do medidor

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Figura 7- Vista do interior de amperímetro alicate transformador

Amperímetro flexível

Amperímetros flexíveis são conhecidos como Bobinas Rogowski. Algumas vezes também
chamados de bobinas de núcleo de ar ou sonda de corrente flexível. As Bobinas Rogowski
evoluíram de solenóides simples e foram usadas pela primeira vez em 1912.

Ao contrário dos alicates de corrente transformadores e de efeito Hall, elas não possuem
núcleo de ferro, conforme figura 8.

Figura 8- Vista do interior de uma bobina Rogowski

Amperímetros flexíveis utilizam uma bobina em forma de hélice que responde a taxa de
mudança (conhecida como a primeira derivada) do campo magnético de um condutor em
volta do qual são colocadas,

Devido as bobinas Rogowski não dependerem de um núcleo de ferro rígido, elas podem ser
flexíveis e facilmente colocadas em espaços apertados, conforme figura 9.

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A ausência de um núcleo magnético permite uma larga resposta de frequência acima de


centenas de KHz elimina o efeito carga e preocupações com saturação.

Alguns modelos podem medir acima de 2500 A (AC). [4]

(a) (b)

Figura 9 – manuseio da sonda: a) rodar para destravar (b) puxar para abrir

(c ) grandes condutores dificultam a utilização das pinças de um alicate amperímetro [4]

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Amperímetro alicate de Efeito Hall

Para compreender como trabalha o alicate amperímetro de Efeito Hall, é relembramos alguns
conceitos:

1. Campo magnético e Forças:

Qualquer partícula carregada está rodeada por um campo eléctrico. Além de conter um campo
eléctrico a região do espaço que rodeia qualquer carga eléctrica em movimento também
contém um campo magnético. Os campos magnéticos também rodeiam substâncias
magnéticas como os ímanes permanentes.

Podemos definir o campo magnético B num ponto do espaço em termos da força magnética FB
que o campo exerce numa partícula carregada que se move a uma velocidade v.

A intensidade da FB exercida na partícula é proporcional a sua carga q e a velocidade v da


partícula.

• Quando o vector velocidade da partícula faz um ângulo θ ≠ 0 com o campo magnético,


a força magnética FB atua em direcção perpendicular a v e B; conforme figura 10 (a).
• A força magnética FB exercida na direcção de uma carga positiva é oposta a direcção
da força magnética FB exercida numa carga negativa movimentando-se na mesma
direcção; conforme figura 10 (b). [8]

Figura 10- Direcção da Força Magnética FB que atua numa partícula carregada em movimento na
presença de um campo magnético B [8]
Podemos sintetizar estas observações escrevendo a força magnética na forma:

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Podemos sintetizar estas observações escrevendo a força magnética na forma

No sistema internacional a unidade do campo magnético é o Tesla (T):

Devido a coulomb por segundo ser definido como ampere podemos ver que :

Outra unidade comummente usada que não pertence ao SI é chamada gauss (G), que está
relacionada com o tesla através da seguinte conversão:

2. Força magnética que atua num condutor

A força resultante exercida pelo campo magnético num fio condutor é o vector soma de todas
as forças individuais exercidas em todas as partículas carregadas que compõe a corrente. A
força exercida nas partículas é transmitida ao fio quando as partículas colidem com os átomos
que constituem o fio. Podemos demonstrar a força magnética que atua num condutor
carregado de corrente suspendendo um fio condutor entre os polos de um imane em forma de
ferradura, como demonstra a figura 11. [8]

Figura 11-Força magnética FB que atua num condutor: (a) Quando a corrente é nula o fio permanece
vertical,(c) quando a corrente é para cima o fio deflecte para a esquerda, (d) quando a corrente é para
baixo o fio deflecte para a direita. [8]

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Consideremos um segmento recto de um fio de comprimento L e área da secção A, carregado


com uma corrente I num campo magnético uniforme, conforme a figura 12.

Figura 12- Um segmento de um fio carregado num campo magnético B

A força magnética exercida numa carga q que se move a uma velocidade de impulso vd é :

Para encontrar a força total que atua num condutor, multiplicamos esta força pelo número de

cargas no segmento. Devido ao volume do segmento ser AL , o número de cargas no

segmento é nAL, onde n é o número de cargas por unidade de volume.

Deste modo, a força magnética total num condutor de comprimento L é :

Podemos escrever esta expressão numa notação mais conveniente, sabendo que a corrente
que percorre um condutor é dada pela expressão:

Então:

[8]

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3. O Efeito Hall

“Quando um condutor de corrente é colocado num campo magnético, uma diferença de


potencial é gerada na direcção perpendicular a corrente e a intensidade do campo
magnético.”[8]

Este fenómeno, que foi pela primeira vez observado por Edwim Hall (1855- 1938) em 1879 é
conhecido como Efeito Hall. (figura 13)

Figura 13 - Edwin Hall (1855-1938) leccionou física em Harvard de 1881 a 1921. Em 1879 descobriu o
efeito Hall relacionado com a direcção da corrente em um condutor [9]

Esta diferença de potencial surge da deflexão dos portadores de carga para um lado do
condutor como resultado da força magnética que eles experimentam.

O Efeito Hall dá-nos informação a respeito do sinal dos portadores de carga e da sua
densidade, e é também utilizado para medir a magnitude de campos magnéticos.

A experiência em que podemos observar o efeito Hall consiste de um condutor plano


transportando uma corrente I na direcção do eixo x, como mostra a figura 14. Um campo
magnético uniforme B é aplicado na direcção do eixo y.

Se os portadores de carga são electrões que se movem na direcção negativa de x com a


velocidade de deriva vd, eles experimentam uma força magnética perpendicular ao campo
magnetico FB=qvd x B, pela qual são deflectidos e se acumulam na borda superior do condutor
plano, deixando um excesso de cargas positivas na borda inferior, como mostra a figura 15(a).
Esta acumulação de cargas nas bordas, cria um campo eléctrico no condutor que irá aumentar
até a força eléctrica nos portadores de carga equilibrar a força magnética, esta condição de
equilíbrio faz os electrões deixarem de ser deflectidos para cima. Um voltímetro sensível ligado

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através da amostra, como mostra a figura 15, é capaz de medir a diferença de potencial
conhecida como Tensão de Hall (Δ VH) gerada através de um condutor. [8]

Se os portadores de carga são positivos se movem na direcção positiva de x, como mostram as


figuras 14 e 15(b), também experimentam uma força magnética perpendicular ao campo
magnético qvd x B, produzindo um acúmulo de cargas positivas na borda superior e deixando
um excesso de carga negativa na borda inferior.

Assim, o sinal da tensão de Hall gerada na amostra é oposto ao sinal da tensão de Hall
resultante da deflexão dos electrões. Logo, sinal dos portadores de carga pode ser
determinado com a medida da polaridade da tensão de Hall.

Para definir uma expressão para a tensão de Hall, é preciso notar que a força exercida nos
portadores de carga tem a intensidade qvdB. No equilíbrio, esta força é balanceada pela força
eléctrica qEH, onde EH é a intensidade do campo eléctrico devido a separação de cargas,
também chamado campo de Hall. Portanto:

Figura 14- Para observar o efeito Hall, um campo magnético é aplicado aos portadores de corrente num
condutor. Quando I está na direcção de x e B na direcção de y, ambos portadores de carga positivos e
negativos são deflectidos perpendicularmente ao campo magnético. A tensão de Hall é medida entre os
pontos a e c. [8]

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Figura 15- Sinal da tensão de Hall: (a) Quando os portadores de carga na experiência do efeito Hall são
negativos, a borda superior do condutor se torna negativamente carregada e c tem potencial eléctrico
menor que a. (b) Quando os portadores de carga são positivos, a borda superior se torna positivamente
carregada, e c está a um potencial maior que a. Em ambos os casos, as cargas não são mais deflectidas
quando as bordas se tornam suficientemente carregadas para que exista um equilíbrio entre a força
electrostática qEH e a deflexão magnética causada pela força qvB. [8]

Se d for a largura do condutor, a tensão de Hall é:

eq.1

Assim temos que a medição da tensão de Hall dá-nos um valor para a velocidade de deriva se d
e B forem conhecidos.

Podemos obter a densidade dos portadores de carga (n) pela medição da intensidade da
corrente na amostra. Temos que a velocidade de deriva dos portadores de carga é:

eq. 2

Onde A é a área da secção transversal do condutor. Susbtituindo a equação 2 na equação 1


obtemos:

eq. 3

Dado que A= td, onde t é a espessura do condutor também podemos expressar a equação 3
como:

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eq. 4 Tensão de Hall

Onde RH = 1/nq é o coeficiente de Hall.

Estas relações demonstram que um condutor devidamente calibrado pode ser utilizado para
medir a intensidade de um campo magnético desconhecido.

Devido a todas as quantidades na equação 4 poderem ser medidas, excepto nq, um valor para
o coeficiente de Hall pode facilmente ser obtido. O sinal e a intensidade de RH nos dão o sinal
dos portadores de carga e sua densidade. Na maioria dos metais, os portadores de carga são
electrões, e a determinação de sua densidade através da medição do efeito Hall está em boa
concordância com os valores calculados para metais como o Lítio (Li), Sódio (Na), Cobre (Cu) e
Prata (Ag), em que cada átomo doa um electrão como portador de corrente. Neste caso, n é
aproximadamente igual ao número de electrões conduzidos por unidade de volume. No
entanto, este modelo clássico não é valido apara metais como o Ferro (Fe), Bismuto (Bi) e o
Cadmio (Cd) ou para semicondutores. Estas discrepâncias podem ser explicadas apenas por
meio um modelo baseado na natureza quântica dos sólidos. [8]

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Amperímetro alicate de Efeito Hall

Este género de amperímetro alicate utiliza o efeito Hall como sensor para detectar corrente
contínua, porque esta não é possível de ser detectada ao empregar o método de indução
electromagnética utilizado nos amperímetros alicates transformadores de corrente alternada.
Um sensor de efeito Hall é um género de magnetómetro, que pode detectar a força de um
fluxo magnético aplicado. Ao contrário de um simples sensor indutivo, o sensor de efeito Hall
funcionará quando o fluxo magnético aplicado for estático e também para campos magnéticos
alternados. A figura 16 mostra o interior de um alicate amperímetro de efeito Hall.

Figura 16 – Vista interior de um amperímetro de efeito Hall [5]

Um sensor de efeito Hall é colocado entre o espaço criado nas garras do alicate amperímetro.
A passagem do fluxo magnético nas garras do alicate amperímetro é proporcional as correntes
primarias continua ou alternada, e o sensor de efeito Hall detecta o fluxo magnético e
transforma em tensão de saída, conforme ilustra a figura 17. [5]

O sensor de efeito Hall é um semicondutor que gera uma tensão proporcional ao produto da
corrente de polarização e o campo magnético no terminal de saída quando a corrente de
polarização é aplicada no terminal de entrada.[2]

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Figura 17– Diagrama de blocos de um amperímetro alicate de Efeito Hall.

Do mesmo modo que os amperímetros alicates transformadores, os amperímetros de efeito


Hall usam garras de ferro para concentrar o campo magnético que circula o fio condutor que
está a ser medido conforme ilustra a figura 18.

Figura 18- O campo magnético é perpendicular a corrente que circula no fio

No entanto, ao contrário do amperímetro transformador, as garras de ferro não são enroladas


por fios de cobre.

O campo magnético gerado pelo condutor é concentrado em um ou mais espaços no núcleo


após as garras serem apertadas em torno do condutor.

Podemos observar na figura 19 que o sensor de efeito Hall é colocado no espaço entre as
garras do amperímetro.

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Figura 19- Vista do sensor de efeito Hall nas garras do alicate amperímetro: A esquerda as garras do
amperímetro transformador de corrente AC com aperto justo. A direita o sensor situa-se no espaço de
ar entre as garras do amperímetro de Efeito Hall.
Existe um espaço onde as pontas das garras de um amperímetro de Efeito Hall se encontram,
criando uma bolsa de ar que o campo magnético deve saltar. Este espaço limita o fluxo
magnético de modo que o núcleo não pode saturar.

Neste espaço, coberto por um fino molde de plástico, está um semicondutor conhecido como
Sensor de Efeito Hall – um transdutor que varia sua tensão de saída em resposta aos campos
magnéticos do fio condutor que está a ser medido.

Sua função é medir o fluxo directamente.

A tensão de saída deste sensor é amplificada e dimensionada para representar a corrente que
passa através do fio condutor que está a ser medido dentro das garras do amperímetro.

Do mesmo modo que a corrente flui através do condutor que está a ser medido, o núcleo de
ferro formado pelas garras do amperímetro de efeito Hall permite ao campo magnético fluir
através dele mais facilmente que através do ar.

Como já foi dito acima, o campo magnético tem de saltar o pequeno intervalo de ar nas pontas
da garra, uma vez que a lacuna é pequena, o campo continua concentrado através da abertura
onde assenta o sensor de efeito Hall, este produz uma tensão proporcional ao fluxo magnético
que passa na lacuna da garra e que é traduzida na leitura do amperímetro. [5]

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Resolução:

A resolução refere-se à menor medida que o alicate amperímetro pode realizar. Se soubemos
qual é a resolução de um alicate amperimétrico, podemos determinar se é possível medir uma
pequena alteração no sinal. A figura 20 mostra as especificações de 3 modelos de
amperímetros alicates de Efeito Hall

Figura 20- Especificações de um alicate amperímetro de Efeito Hall modelos 374,375 3 376

Por exemplo:

Se o alicate amperimétrico tiver uma resolução de 0,1 A no intervalo de 600 A, é possível


observar uma alteração de 0,1 A ao efectuar uma leitura de 100 A.

Precisão:

A precisão corresponde ao maior erro admissível que ocorrerá em condições operacionais


específicas. Por outras palavras, é uma indicação da proximidade da medição apresentada pelo
alicate amperímetro do valor real do sinal a ser medido. A precisão de um alicate amperímetro
é habitualmente expressa numa percentagem de leitura.

Uma precisão de leitura de 2% significa que, para uma leitura de 100 A apresentada, o valor
real da corrente poderia estar entre os 98,0 e os 102,0 A.

As especificações também podem incluir um intervalo de dígitos adicionado à especificação de


precisão básica, como na figura 20, isto indica em quanto o dígito mais à direita no display
pode variar.

Assim, o anterior exemplo de precisão pode ser representado como ± (2% + 5). Sendo assim,
para uma leitura de 100,0 A apresentada, poderíamos estimar que a corrente real estaria entre
os 97,5 e os 102,5 A

100,0∗2
• Erro ABS = 100
+ 5 ∗ 0,1 = ± 2,5 A

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Factor de crista

O factor de crista é a simples relação do valor de pico de um sinal relativamente ao seu valor
de RMS. A especificação do factor de crista indica quanta distorção um sinal pode ter e ainda
assim ser medido dentro da especificação de precisão do alicate amperímetro

Com o aumento das fontes de alimentação electrónicas, a corrente utilizada a partir do


sistema de distribuição eléctrica actual já não é constituída por ondas sinusoidais puras de 60
ou 50 ciclos. Estas correntes tornaram-se bastante distorcidas, devido ao conteúdo harmónico
que estas fontes de alimentação geram. No entanto, os componentes do sistema de energia
eléctrica, como fusíveis, barras condutoras, condutores e elementos térmicos de disjuntores
são classificados em corrente RMS porque a sua principal limitação está relacionada com a
dissipação de calor.

Se pretendemos verificar um circuito eléctrico quanto a sobrecarga, temos de medir a corrente


RMS e comparar o valor medido com o valor de classificação do componente em questão.
Assim, o equipamento de teste actual deve ser capaz de medir de forma precisa o valor True
RMS de um sinal, independentemente do quão distorcido o sinal possa ser.

Para uma onda sinusoidal AC, o factor de crista seria de 1,414. No entanto, um sinal que tenha
um impulso muito nítido geraria uma relação, ou um factor de crista, elevado. Dependendo da
amplitude do impulso e da sua frequência, podemos observar factores de crista de 10:1 ou
superiores. Em sistemas de distribuição de energia reais, é raro observarem-se factores de
crista superiores a 3:1. A figura 21 apresenta especificações para sonda de corrente flexível
utilizada em conjunto com um amperímetro alicate.

Figura 21 Características técnicas de uma sonda de corrente flexível

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Conclusão:

Com este trabalho pretendemos analisar um instrumento de medida que utiliza o efeito Hall
para medição.

Nossa escolha recaiu sobre o amperímetro alicate de efeito Hall pela sua simplicidade de
manuseio. Por conseguinte, recorremos para exposição do assunto a um resumo histórico da
invenção do amperímetro, a análise dos tipos de amperímetro alicate, suas principais
vantagens e limitações tendo como foco central a explicação do efeito Hall.

Podemos concluir que nosso estudo foi bem-sucedido uma vez que consultamos
documentação suficiente para explicitar os temas com clareza e com o auxílio de imagens.

Uma limitação sentida foi o reduzido conteúdo dos fabricantes dos aparelhos de medidas,
disponibilizado em língua portuguesa.

Para projectos futuros na área das medidas com amperímetros de efeito Hall sugerimos os
módulos de medição remota para executar medidas que envolvam problemas intermitentes.

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Alicate Amperímetro de Efeito Hall

Bibliografia

1]https://pt.wikipedia.org/wiki/Amper%C3%ADmetro em 22/12/2015

[2]http://www.kew-ltd.co.jp/en/support/mame_02.html em 18/10/2015

[3]http://en-us.fluke.com/training/training-library/test-tools/clamp-meters/inside-current-
transformer-ac-clamp-meters.html em 22/12/2015

[4]http://en-us.fluke.com/training/training-library/test-tools/clamp-meters/inside-flexible-
coil-clamp-meters.html em 22/12/2015

[5]http://en-us.fluke.com/training/training-library/test-tools/clamp-meters/inside-hall-effect-
clamp-meters.html em 22/12/2015

[6]https://en.wikipedia.org/wiki/Ammeter em 22/12/2015

[7]http://www.unl.edu/physics/historical-scientific-instrument-gallery/electric-currents-and-
meters em 22/12/2015

[8] Serway and Jewett – Book - Phisics for scientis end engeneers 6ª ed.

[9]http://www.ssplprints.com/image/89387/edwin-hall-american-physicist-c-1920 em
22/12/2015

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