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Márcia Paulino
Nayara Henriques Fortunato
RIBEIRÃO PRETO
2019
Márcia Paulino
Nayara Henriques Fortunato
RIBEIRÃO PRETO
2019
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Relatório
Avaliação Psicopedagógico Clínico
1. IDENTIFICAÇÃO:
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2. DESCRIÇÃO DA QUEIXA:
Com a mãe:
Dados da entrevista:
ANTECEDENTES NATAIS:
Parto O parto de Bárbara . foi normal não demorou muito para nascer. Nasceu pesando 2
quilos e 900 gramas e com 47 centímetros.
Alimentação: Foi amamentada no seio materno até os sete meses de idade tinha boa sucção,
hoje se alimenta bem.
Sono: Seu sono atual é sono tranquilo. Ás vezes conversa. Tem quarto próprio. Sempre
dormiu na própria cama. Os pais se separaram quando ela tinha 5 anos.
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Doenças Infância: Como gagueja, consultou otorrinolaringologista , que após exames ,
solicitou acompanhamento com ofonoaudiologo, fez algumas sessões . Fez acompanhamento
também com psicóloga e psicopedagoga. Como perdeu o convênio, não deu continuidade ao
tratamento.
Fez também cirurgia para retirada das amídalas e adenóide. Tem rinite.
Comportamento: Mãe relata que Bárbara é muito distraída, não tem responsabilidade. Fica
com amigos do condomínio, o que para ela “não são boas companhias”. Bárbara só fica no
celular e esquece as tarefas escolares . Como a mãe tem que trabalhar, sempre chega tarde em
casa . Dificilmente fazem as refeições juntas. A mãe também conta que como chega em casa
e tem muitas coisas para fazer não tem tempo para verificar se a Bárbara fez as tarefas
escolares ou se está com alguma dificuldade e que só fica sabendo do seu desenvolvimento
escolar quando é chamanda na escola. Na escola a professora disse que a Bárbara tem notas
baixas, tem dificuldade de leitura , falta de interpretação e muita distração. Boletim
vermelho. Tem celular e a escola tem site e ela não acessa, deixando assim sem fazer as
tarefas solicitadadas pela escola. Nos finais de semana Bárbara fica com a avó materna, que
sempre a proteje e interfere nas condutas da mãe quando esta a corrige.
Observação da criança:
No primeiro contato que tivemos com a Bárbara, perguntamos se ela sabia o que
estava fazendo ali, ela disse que foi a escola que mandou. Estava tensa, apertando as mãos, e
conforme íamos fazendo as perguntas as respondia gaguejando.
Disse que gosta de de Matemática e desenhar, mas tem muita dificuldade em
Português. Que a professora fala muito rápido e ela não consegue acompanhar. E que os
colegas conversam do lado dela, e isso dificulta prestar atenção. Conforme íamos
conversando, ficou mais tranquila e quase não gaguejou. Começamos então o teste.
EOCA 28/09/2019
Para iniciar o EOCA deixamos sobre a mesa a caixa de lápis de cor, giz de cera, caneta
esferográfica, lápis sem ponta, apontador, borracha e livro de histórias, gibis, tesoura, cola,
régua, folhas sulfites e folhas pautadas.
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Primeiro perguntamos a Bárbara se ela sabia o porquê estava ali, ela respondeu que era
muito distraída, esquecia as coisas com facilidade e isso atrapalhava seu desempenho na
escola. Em seguida, pedimos que ela identificasse os materiais que estavam sobre a mesa,
Bárbara nomeou todos sem hesitar, não apresentou trocas na fala, apenas gagueira quando
tentava falar mais rápido.
Depois, pedimos para que ela mostrasse o que sabia fazer e que para isso poderia
utilizar o material da mesa.
Muito calmamente, pegou o lápis sem ponta, apontou e começou a desenhar na folha sulfite.
Desenhou uma flor com muitas pétalas, usou caneta hidrográfica de várias cores e
coloriu as quatro primeiras fileiras de pétalas, cada fileira de uma cor. Foi bem cuidadosa,
usava e já guardava o material.
Bárbara realizou a atividade sem pressa. Quando terminou nos contou que adorava
desenhar e que a flor significa que o dia está bom para ela.
Após a breve conversa sobre o significado do desenho, pedimos para que ela
mostrasse outra coisa que gostava de fazer e rapidamente a menina pegou um gibi, nos
contando que adora gibis. Iniciou a leitura silenciosamente e depois pedimos para que lesse
um trecho em voz alta, apresentou leitura fluente e por algumas vezes silabada, devido à
gagueira, depois de ler a história, explicou o que tinha lido.
Bárbara demonstrou tranquilidade para realizar as atividades, gaguejou quando era
perguntada sobre algo, acreditamos que seja pelo nervosismo por ter que pensar rápido e
responder. Não é uma criança falante, só falou quando foi perguntada.
No primeiro sistema de hipótese Bárbara mostrou-se tranquila e apresentou nível
cognitivo no operatório concreto, na área afetiva mostrou a necessidade de receber instruções
e saber o que deveria executar, demonstrou-se competente no desenvolvimento de sua
coordenação motora, na área pedagógica e de leitura tem boa compreensão do que lê e escrita
legível, estando no nível alfabético, apresentando erros ortográficos comuns à idade como a
troca do S pelo Z.
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Colocamos sobre a mesa 10 ficas laranjas e 10 fichas verdes.
Perguntamos o que ela podia dizer sobre estas fichas, respondeu que eram dez fichas verdes e
dez laranjas. Pedimos para escolher uma cor, a cor escolhida foi a laranja. Colocamos sete
fichas em frente a Bárbara e deixamos três de lado, pedimos que colocasse a mesma
quantidade que a nossa. Ela colocou sete fichas. Perguntamos se tinha a mesma quantidade de
ficha, e a resposta foi afirmativa.Fizemos duas fileiras, com a mesma quantidade de fichas,
sendo que umas delas estava mais comprida. Respondeu que enxergou círculos, disse que elas
tinham as mesmas quantidades, mas que a laranja aparentava ter mais por estar separada.
Conseguiu contar todas.
Colocamos as 10 fichas em círculo com as fichas verdes e pedimos que a Bárbara fizesse com
a laranja para ficarem idênticas. Perguntamos se tinha certeza que os círculos tinha a mesma
quantidade e como ela sabia? Conseguiu formar o círculo idêntico, percebeu que teria que
tirar a mesma quantidade que eu tirei para formar círculos iguais. Justificou quantificando.
Juntamos a ficha de um círculo e perguntamos se ainha havia a mesma quantidade de fichas
laranjas e verdes, e como ela sabia disso? Ela respondeu que percebeu que os círculos só
foram agrupados, mas que a quantidade ainda era a mesma.
Avaliação: Nível 3 conservador
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Contra argumentação:
CONSERVAÇÃO – Outro dia eu fizemos esta brincadeira com um menino do seu tamanho
e ele me disse que neste copo fino e alto havia mais água porque nele a água estava tão alta!
O que você acha, ele estava certo ou errado? Por quê?
R. Disse que estava errado, porque a quantidade de líquido é a mesma, salientou que a
diferença visual era por causa do formato do copo.
NÃO-CONSERVAÇÃO - Outro dia uma criança igual a você nos disse que nestes dois
copos tem a mesma quantidade de água porque ninguém colocou e nem tirou água. Você acha
que aquele menino estava certo ou errado? Por quê?
R. Está certo. A quantidade de líquido é a mesma.
RETORNO EMPÍRICO – Se colocarmos a água nos copos iguais terá a mesma
quantidade nos dois? Por quê?
R. Sim. Tem a mesma quantidade de líquido.
Nova Preparação:
Passamos o líquido para os dois copos menores e perguntamos sobre o líquido. Ela disse que
a quantidade não tinha mudado, que agora só estava em dois copos.
Fizemos então a 2ª manipulação: Ela colocou certa quantidade de líquido no copo fino e alto e
passou esse líquido para o copo largo e baixo. Perguntamos o que tinha acontecido com o
líquido. Ela passou o líquido para os dois copos menores e perguntamos sobre o líquido. A
resposta foi que a quantidade de líquido iria se manter. Ela também disse que os formatos dos
copos é o que faz o líquido parecer mudar: “os dois copinhos ficam mais cheios, no largo o
líquido parece diminuir”.
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mesma quantidade de massinha? Falou que tem a mesma quantidade, porque antes de virar
esfera eram iguais.
Fizemos a 1ª manipulação: Transformamos uma das bolinhas em salsicha e colocamos ao
lado da bolinha, horizontalmente na mesa, perguntamos: E agora onde tem mais massinha?
Como você sabe disso? Disse que tinha a mesma quantidade de massa, o que tinha mudado
era o formato. Insistiiu que a quantidade de massinha não mudou, apenas o formato.
Seguimos para a 2ª manipulação: Fizemos novamente duas bolinhas e perguntamos se
ambas tinham a mesma quantidade de massinha. Disse que sim. Após a confirmação,
apertamos uma das bolinhas e fizemos uma bolacha e perguntamos: E agora onde tem mais
massinha.? Disse que estava igual, só que uma era uma bolinha e a outra uma bolacha.
Afirmou que era a mesma quantidade de massa.
Fomos para a 3ª manipulação: Fizemos novamente duas bolinhas e perguntamos se ambas
tinham a mesma quantidade de massinha. A resposta foi sim. Dividimos uma das bolinhas
em cinco pedaços iguais fazendo com eles bolinhas menores, e perguntamos : E agora? Onde
tem mais massinha? Nesta bola grande ou em todas as pequenas juntas? Como você sabe? Ela
Afirmou que não foi acrescentado nenhuma massinha, que só foi feita a divisão, mas que
juntas ( 4 bolinhas) possuem a mesma quantidade.
Avaliação:
Nivel 3 ( conservador) – Segundo subestágio operatório concreto.
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Dando continuidade para a 2º manipulação: Fizemos curvas nas duas linhas, de modo que
fique uma diferença entre o começo e o final das linhas e perguntamos . E agora? Se as duas
formiguinhas forem caminhar uma em cada estrada, será que as duas vão andar a mesma
coisa? O comprimento da estrada é o mesmo? Como você sabe disso? Conseguiu perceber
qual o caminho levaria menos tempo. Justificou a resposta alegando que o caminho maior tem
mais curvas.
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diâmetro dos discos) e 1 folha de papel (ou cartolina) na qual há dois círculos em interseção,
um preto e outro amarelo, sendo que 5 discos devem poder entrar no setor da intersecção.
Procedimento usado: Colocamos a folha de papel com os dois círculos em e intersecção
sobre a mesa.
Colocamos os discos azuis e os quadrados vermelhos na parte exterior e os discos vermelhos
na intersecção. Perguntamos a Bárbara o que ela via? Se havia mais fichas azuis ou
vermelhas? Se havia mais fichas quadradas ou redondas? Conseguiu compreender que se
tratava de uma intersecção, contou o total corretamente, percebendo que havia mais círculos
que quadrado e mais figuras vermelhas que azuis.
Conservação
de líquido
Conservou Conservou Conservou 3
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Conservação
de
comprimentos Conservou Conservou Conservou 3
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Conclusões Finais:
Conclui-se que a criança se encontra no Estágio operatório concreto .
No estágio das operações concretas, dos sete aos 12 anos de idade, a criança pode resolver
problemas de maneira lógica se eles estiverem voltados ao aqui e agora. Nesta fase, as
crianças têm melhor compreensão da conservação, da diferença entre aparência e realidade, e
dos relacionamentos entre os objetos; elas são mais proficientes com os números e são
capazes de distinguir a fantasia da realidade. Porém, ainda não são capazes de pensar em
termos hipotéticos, sobre o que poderia ser em vez de sobre o que é.
Dupla educativa
Solicitamos que Bárbara desenhasse duas pessoas uma que aprende e outra que ensina.
Ela desenhou duas pessoas, uma menina a frente de um quando e com um giz na mão
e um menino sentado em uma cadeira com mesa à frente, distantes, lado a lado e sem
barreiras.
Quando perguntamos quem eram as pessoas do desenho B. contou que a menina era
sua prima Sofia de 4 anos e que o menino era Bruno, seu primo de 8 anos.
O título foi “Como estudar Matemática”, ela explica que gosta de Matemática, por isso
deu esse título. Na escrita sobre o desenho apresentou apenas um erro ortográfico
(troca do S do pelo Z na palavra desenho).
O tamanho do desenho é pequeno, o que nos leva a pensar que o vínculo com a
aprendizagem pode ser negativo, percebemos que a ensinante está maior que o
aprendente, representando a liderança que exerce, podendo sugerir sentimento de
perseguição. De acordo com o posicionamento, pode-se perceber que há um
distanciamento entre a pessoa que ensina e a que aprende.
Família
Pedimos que ela desenhasse sua família, indicando o que cada um sabe fazer.
O desenho de B. sobre os vínculos familiares nos chamou atenção, pois ela dividiu a
folha em 10 partes e desenhou a mãe, o pai, o irmão, a irmã, a irmã, a tia e o tio, cada
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um em uma parte. Escreveu o grau de parentesco e a profissão deles, um dos irmãos
ficou em branco, B nos falou que esse irmão ela não tem muito contato, por isso não
sabe o que ele faz.
Quando questionada sobre o que era o desenho, Bárbara falou sobre cada um,
enfatizando suas profissões, nesse desenho ela não retrata fisicamente ninguém,
apenas suas ocupações, por exemplo, no desenho da mãe ela escreveu “Minha mãe faz
bolo” e desenhou um bolo, no do pai “Trabalha como porteiro”, desenhou a frente de
um lugar.
Nesse desenho sobre a família B não retratou a avó, que segundo a mãe é muito
apegada à neta.
Figura humana
Pedimos que B. se desenhasse fazendo o que mais gosta. B. fez o desenho com
tranquilidade.
Ela se desenhou sozinha, do lado esquerdo da folha, quando perguntamos sobre o que
era a cena respondeu que “sempre quando estamos sozinhos pode aparecer alguém”.
Ao descrever a cena ela respondeu que estava em um lugar cheio de árvores (mas não
desenhou nenhuma), de repente apareceu à família e todos caminharam juntos (não
retratou ninguém além dela), percebemos que existe incoerência em relação ao
desenho e a descrição que ela fez. Mostrou se sentir sozinha e carente de modelos
significativos no âmbito familiar.
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Síntese Geral
Bárbara apresentou possíveis aspectos negativos em relação a escola, pois no primeiro
desenho (ensinante/aprendente), os vínculos retratados demonstram distanciamento entre o
ensinante e aprendente, já que o ensinante está em destaque e o aprendente de tamanho
menor, atrás da carteira.
No desenho sobre a sala de aula todas as crianças da turma foram retratadas como
números, desenhou apenas a professora, demonstrando a inferioridade que sente na escola
(vista como um número). Já com relação a família demonstra aspectos positivos e negativos,
desenhou os membros com os quais convive e até os irmãos por parte de pai que ela quase
não vê, a mãe está em primeiro lugar reforçando o vínculo positivo que existe entre as duas,
nos casou estranhamento a falta da avó, já que, segundo a mãe, as duas tem uma boa
convivência.
No desenho sobre a figura humana B. não se desenhou fazendo nada que gosta,
mostrou que se sente sozinha, mas que sempre acontece aparece alguém para ajudá-la.
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respeitada quanto a isso. Bárbara necessita de um plano de trabalho e um atendimento
específico envolvendo atividades de incentivo a leitura e a escrita, melhorando sua
compreensão e entendimento do que foi ensinado. É essencial trabalhar por meio de métodos
de ensino diferenciados nas disciplinas escolares, sendo assim ela terá uma melhor evolução
aprendizado.
DEVOLUTIVA
6. ENCAMINHAMENTOS
Ribeirão Preto, de de 2019.
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