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CÍRCULOS DE CONTROLE DE
QUALIDADE (CCQ) NA INDÚSTRIA DE
AUTOPEÇAS
Cleverson Moinhos (PUC)
cmoinhos@uol.com.br
Rosana Adami Mattioda (PUC)
mattioda@brturbo.com.br
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2. Introdução
Com o crescente aumento da competitividade no mercado automotivo, as montadoras buscam
cada vez mais aumentar a qualidade de seus produtos e cativando cada vez mais o público
alvo. Para que isso aconteça os fornecedores de autopeças para tais empresas necessitam
implantar em suas unidades programas que busquem a tão sonhada “falha zero”.
Inserido neste mercado encontra-se uma multinacional japonesa do ramo de ar condicionado,
a qual contém em seu comportamento toda a filosofia oriental necessária para comprovar
porque está entre as melhores no quesito qualidade. A visão oriental mostra que há uma
quantidade enorme de ferramentas que ajudam a manter o alto nível de qualidade de seus
produtos. Portanto, entre os vários programas de qualidade existentes há os chamados
“Círculos de Controle de Qualidade (CCQ)”, que são pequenos grupos formados por
colaboradores que se reúnem voluntariamente e com regularidade para analisar e propor
soluções para problemas de qualidade e de produção.
Os grupos de CCQ além de resolverem problemas ligados ao cotidiano do colaborador têm
como objetivo também o crescimento individual, já que cada atividade desenvolvida pelo
grupo requer um nível de conhecimento. Há a necessidade de conhecer e saber aplicar, por
exemplo, as ferramentas da qualidade no momento certo, com isso estimula-se o crescimento
pessoal do colaborador. Com o crescimento das habilidades individuais, cada colaborador
consegue analisar, planejar e efetuar as mudanças no seu local de trabalho participando
ativamente do processo produtivo.
O objetivo geral do presente trabalho consiste em avaliar se quando existir um problema na
linha de produção, pode-se tentar corrigi-lo utilizando-se de uma atividade em grupo onde
através de levantamento de dados, estudo da situação, planejamento de atividades, tomadas de
ações, checagem dos resultados e padronização é capaz de trazer benefícios para a empresa e
seus clientes.
3. Referencial Teórico
Os CCQ correspondem a uma das atividades de pequenos grupos que apareceram no Japão no
início da década de 60, destinadas à mobilização dos recursos humanos das empresas para a
melhoria da qualidade e produtividade. Eles foram introduzidos pela JUSE (Union of
Japanese Scientists and Engineers) como parte do Sistema de Controle de Qualidade
implantado nacionalmente nas empresas japonesas (ABREU, 1991).
No Brasil os CCQ foram introduzidos na década de 70. Mas, a exemplo do que ocorreu em
outros países, foi durante os anos 80 que um grande número de empresas em todo o país o
adotou (CHEVALIER, 1995). Eles ganharam destaque a ponto da JUSE ter considerado o
Brasil o “quarto país em termos de desenvolvimento de CCQ”.
A utilização de CCQ como meio de melhoria contínua (MESQUITA, 2003) pode ser bem
ampla, tanto em empresas japonesas de autopeças e montadoras (CORREIA, 2001), caso em
estudo, como em outros ramos, como é o caso, por exemplo, da AMBEV (MONACO, 2007),
tendo sempre a mesma finalidade, o desenvolvimento pessoal e eliminação de problemas.
Os CCQ implicam, muitas vezes, em mudanças profundas de valores nas organizações, pois
pressupõem que as pessoas têm condições de participar e dar sugestões para melhorar os
processos produtivos (FERRO, 1997).
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XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial
Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
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VÁLVULA
TUBOS E
DE
MANGUEIRAS
EXPANSÃO
1.1.1.1 BLOWER
CICLO DE EVAPORADOR TUBOS E
MANGUEIRAS
REFRIGERTERMOSTATO
PRESSOSTATO
AÇÃO
COMPRESSOR FILTRO SECADOR
CONDENSADOR
Com base nos itens anteriores, tomou-se por base uma equipe que desempenhou plenamente
os tópicos e representou a empresa no evento mundial de CCQ e o que será mostrado é um
resumo adaptado por questões de sigilo, mas que contém todos os principais tópicos do
desenvolvimento do trabalho.
1 - Apresentação da Equipe (P)
A equipe “Task Force” possui 6 seis membros que são integrantes de dois departamentos,
Engenharia de Produção (3 colaboradores) e Engenharia de Processo (3 colaboradores) e suas
funções são especificamente (SEXTETO, 2010): - 1 líder do grupo: colaborador da
Engenharia de Processo; - 1 secretário: colaborador da Engenharia de Processo; - 4 circulistas:
1 colaborador da Engenharia de Processo e 3 colaboradores da Engenharia de Produção.
2 - Local de Trabalho / Descrição do Processo (P)
O grupo formado devido à maioria de seus integrantes pertencerem à linha de produção do
estator modelo “A”, esta linha foi o foco para encontrar um tema que pudesse ser
desenvolvido um trabalho de CCQ.
A linha de produção do estator (Figura 2) consta com os seguintes processos: bobinamento,
montagem inicial, impregnação de resina, cura da resina e montagem final, como pode ser
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Bobinamento
do estator
Montagem
inicial
Impregnação
de Resina
Cura da
Resina
Montagem
Linha de Produção do Estator Final
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CUSTO QUALIDADE
2500,0 1,50%
M ETA
PORCENTAGEM
2000,0 1,25%
1700
M ETA 1,00%
1500,0
R$
1000,0 0,75%
1400 0,50%
500,0
0,0 0,00%
AGO SET OUT NOV AGO SET OUT NOV
Ano 2009 Ano 2009
(a) (b)
Figura 4 (a) Gráfico refugo gerado pela linha devido à confecção de peças não-conforme. (b) Gráfico
que mostra o percentual de peças não-conforme pela quantidade total fabricada.
Para tentar entender melhor o problema, foi utilizada a estratificação dos índices de refugo
para o modelo de estator “A”, a qual pertence os colaboradores do círculo de controle de
qualidade montado, chegando à conclusão que o modelo “A” era o maior índice de refugo
dentre os 3 estatores analisados, conforme pode ser visto na Figura 5.
2.500
Refugo Estator B+C
1.000
500
0
abr/09 mai/09 jun/09 jul/09 ago/09 set/09 out/09 nov/09 dez/09
Após constatação de que o modelo “A” do estator é o mais problemático no quesito refugo,
estratificaram-se novamente os dados do gráfico de refugo geral até chegar ao próximo
gráfico (Figura 6) onde mostra que duas causas principais são responsáveis por
aproximadamente 80% de todo o refugo gerado. As causas são: baixa resistência e isolação.
Portanto, estas causas podem ser tema e depois de consenso com o gestor da área de
produção, o tema para o trabalho do Círculo de Controle de Qualidade é ”Melhorar a
qualidade do Estator „A‟ através da eliminação de refugo de Resistência Elétrica.”
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0,60 100%
0,50 80%
Porcentagem (%)
0,40
% acumulada
60%
0,30 0,27
0,21 40%
0,20
0,10 20%
0,05 0,04 0,04
0,00 0%
BAIXA ISOLAÇÃO PROBLEMA 1 PROBLEMA 2 OUTROS
RESISTÊNCIA
Tipo de defeitos
PORCENTAGEM (%)
0,40
60% 0,3 60%
%ACC
0,30 0,27
0,21 40% 0,2 40%
0,20
(a) (b)
Figura 7 (a) Gráfico de Pareto que mostra os principais defeitos gerados na linha de produção do estator
(b) Meta estipulada para o trabalho que é eliminar a “Baixa Resistência” e “Isolação” do gráfico.
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Como a quantidade de causas apontadas pelo Gráfico de Ishikawa eram muitas, houve a
necessidade de tentar filtrá-las, para isso foi utilizado um Gráfico de Dificuldade X Impacto, o
que mostra quais as análises são mais fáceis e mais difíceis de serem implementadas e qual o
impacto que cada uma gera, por exemplo, se uma causa potencial gera um impacto alto na
linha se for atacada ou se o impacto dela é mínimo. As causas que gerariam baixo impacto e
que apresentariam alto grau de dificuldade foram eliminadas.
No início da análise haviam 15 causas potenciais a serem analisadas, passando pelo filtro de
Dificuldade vs. Impacto, 5 causas potenciais foram excluídas do trabalho, como pode ser visto
na Erro! Fonte de referência não encontrada.9a.
Com o intuito de procurar realmente as causas raízes do problema de baixa resistência, as
outras 10 causas potenciais foram analisadas em um Diagrama de Inter-relação, que mostra
qual item é causa e qual item é efeito dependendo da quantidade de entradas.
Após esta análise concluiu-se que apenas 2 causas potenciais eram relevantes para a
eliminação do problema de “Baixa Resistência”, tornando o trabalho do grupo mais dinâmico
para se resolver. A confecção do diagrama de Inter-relação está mostrada na (a)
(b)
Figura 9b.
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(a) (b)
Figura 09 (a) Análise de Dificuldade X Impacto. (b) Diagrama de Inter-relação
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Tabela 2 Plano de atividades (5W1H) para analisar as causas potenciais dos problemas de Baixa Resistência e
isolação.
Ao serem analisadas as causas potenciais restantes, foi verificado que apenas 3 causas
estavam fora de especificação e que deveriam ser tomadas ações para resolver os problemas
encontrados.
8 - Implementação das contramedidas (D)
Foram tomadas as seguintes ações corretivas para os problemas apontados anteriormente.
Três causas foram encontradas, porém tomadas quatro ações para resolver todos os
problemas.
Houve-se a necessidade de tomar uma segunda ação para a causa raiz número 2, como pode
Quantidade de Defeitos
% acumulada
BAIXA ISOLAÇÃO PROBLEMA 1 PROBLEMA 2 OUTROS
RESISTÊNCIA
Tipos de defeitos
ser visto na
Figura 10, onde a coluna de “Outros” defeitos aumentou.
Quantidade de Defeitos
% acumulada
Para que este problema fosse resolvido, “rodou-se” novamente o Ciclo PDCA e foi visto que
o pino guia instalado no dispositivo implantado possuía “canto vivo” e com o manuseio do
estator gerava um defeito chamado “Fio Quebrado”. Com esta constatação foi implantada a
segunda ação que foi trocar o pino com “canto vivo” por um que tivesse as arestas usinadas,
eliminando assim este defeito.
Com a implantação da ação 2.2 o problema foi resolvido e o defeito de “Fio Quebrado”
eliminado, como pode ser visto na Figura 11.
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Quantidade de Defeitos
Quantidade de Defeitos
% acumulada
% acumulada
BAIXA ISOLAÇÃO PROBLEMA 1 PROBLEMA 2 OUTROS BAIXA ISOLAÇÃO PROBLEMA 1 PROBLEMA 2 OUTROS
RESISTÊNCIA RESISTÊNCIA
Tipos de defeitos Tipos de defeitos
(a) (b)
Figura 11 (a) Resultados antes da ação 2.2. (b) Resultados após análises e implantação da ação 2.2
Figura 12 Gráfico que mostra o índice de refugo da linha do estator “A” após ações corretivas
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização de Círculos de Controle de Qualidade é muito importante para o
desenvolvimento tanto para o colaborador quanto para a empresa que apóia essas atividades.
O crescimento individual é proporcionado através do aprendizado de técnicas e ferramentas
de qualidade que serão úteis para o desenvolvimento do trabalho diário. O entendimento da
aplicação do Ciclo PDCA por parte dos colaboradores mostra o quão importante são as etapas
de Planejamento, Desenvolvimento, Checagem e Atuação, pois caso haja o mau planejamento
das atividades o resultado não será alcançado e a causa raiz do problema não será descoberta.
Além das ferramentas aprendidas, outro fator importante é a consciência de trabalho em grupo
que foi desenvolvido, pois os participantes do círculo conseguem se tornar mais próximos
devido às atividades propostas. Essa proximidade entre os membros traz benefícios, pois
promove um ambiente de trabalho mais agradável.
Foi gratificante para o grupo que desenvolveu o trabalho mostrado porque ao traçar as metas,
todos os objetivos foram alcançados e dentro do prazo, isto mostra que a organização do
trabalho foi bem elaborada.
Além das metas atingidas, o fato do grupo saber que contribuiu ativamente para eliminar um
problema na linha de produção e, que suas ações deram resultado, revela o quão importante
são as atividades do Círculo de Controle de Qualidade dentro de uma empresa.
A empresa também é beneficiada com essa parceria, pois os indicadores de custo e qualidade,
por exemplo, foram melhorados, o que possivelmente trará frutos aos próprios colaboradores
com o passar do tempo, pois gastando menos para se produzir, os incentivos dados aos
colaboradores podem ser melhorados. Outro ponto também é a satisfação do cliente final que
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tem a certeza de um produto com qualidade está chegando à sua linha de montagem.
Tendo em vista todo o exposto, o desenvolvimento de CCQ, de um modo geral, traz
benefícios a todos que se envolvem nas atividades realizadas durante o desenvolvimento do
trabalho, melhorando assim os índices de qualidade, para a empresa e aperfeiçoando o nível
técnico de seus colaboradores durante uma próxima análise para solução de problemas.
7. Referências
ABREU, R. C. L. CCQ. Círculos de Controle da Qualidade: a integração trabalho-homem-qualidade total
Edição 2 Editora Qualitymark, 1991;
CHEVALIER, F.; Os Círculos de Qualidade são ainda um tema atual?; RAE Executiva, v.35, n.4, p8-14,
Jul/Ago 1995;
CORREIA, L. C.; RIBAS, W. J.; GHINATO, P.; Uma proposta para disseminação dos dispositivos poka-yoke
através de CCQs; Anais do XXI Encontro Nacional de Engenharia de Produção - ENEGEP; p.1-7; 2001;
CHAVES, N. M. D. Soluções em equipe: como desenvolver equipes de melhoria contínua e obter resultados
com base na filosofia dos círculos de controle da qualidade - CCQ. 4. ed. Belo Horizonte: EDG, 2000. 193 p.;
FERRO, J. R.; GRANDE, M. M. CÍRCULOS DE CONTROLE DA QUALIDADE (CCQs) NO BRASIL:
SOBREVIVENDO AO "MODISMO". RAE – Revista de Administração de Empresas: Administração da
Produção e Sistemas de Informação, São Paulo, v. 37, n.4, p.78-88, Out/Dez, 1997;
FUKUI, R. et al ; Handbook of TQM and QCC – Volume I: What are TQM and QCC? - A Guide for Managers;
Inter-American Development Bank, 2003;
______________; Handbook of TQM and QCC – Volume II: How to Start QCC - A Guide for facilitators and
Circle Leaders; Inter-American Development Bank, 2003;
MESQUITA, M.; Competências essenciais para melhoria contínua da produção: Estudo de caso em empresas
da indústria de autopeças; GESTÃO & PRODUÇÃO, v.10, n.1, p.17-33, abr. 2003;
MONACO, F. F.; GUIMARÃES, V. N.; Creativity and Innovation in the Context of Team-work: an
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PEREIRA, C. B. et al. Análise da Aplicação do Ciclo PDCA de Melhoria no Processo de Produção do Ferro
Gusa de uma Usina Siderúrgica; Anais do XXIX Encontro Nacional de Engenharia de Produção; p.1-14; 2009;
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TOYOTA Group; TQM Committee; QC Circle Subcommittee; QC Circle Leader´s Guidebook for Level
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